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ASSESSORIA DE IMPRENSA DO GABINETE Resumo da Seleção Diária de Notícias Nacionais Segunda-feira, 3 de agosto de 2009 ACORDO MILITAR ESTADOS UNIDOS - COLÔMBIA 3 Folha de S. Paulo - Documento sobre bases gera suspeitas do Brasil 3 Folha de S. Paulo - Mais equilíbrio/editorial 4 Correio Braziliense - EUA-Colômbia 4 Época - A guerra fria sul-americana 5 COLÔMBIA – VENEZUELA 5 O Estado de S. Paulo - Caracas faz novos ataques a Uribe 5 O Estado de S. Paulo - Venezuela ainda apoia Farc, revela documento 6 O Estado de S. Paulo - Arsenal das Farc vem de 27 países, indica estudo 7 Estado de Minas - Caracas e Bogotá às turras de novo 8 Carta Capital - Feridas abertas na região 8 TEMAS ECONÔMICOS E COMERCIAIS 9 Folha de S. Paulo - Acordos/Frases 9 Folha de S. Paulo - Crise traz de volta fantasma da pobreza nas Américas, diz ONU /entrevista 9 Folha de S. Paulo - Investimento chinês cresce 72% até abril 10 O Estado de S. Paulo - Mercosul está fora das prioridades da UE 11 O Estado de S. Paulo - Greenspan e Geithner já veem fim da recessão 13 O Estado de S. Paulo - A renda atraente dos papéis brasileiros/Editorial 13 Valor Econômico - Estudo analisa mudanças nas alíquotas de importação 14 Valor Econômico - Exportação para mais países ajuda superávit 15 AMÉRICA LATINA E CARIBE 18 Carta Capital - Os EUA voltam a pressionar Honduras 18 Valor Econômico - Paraguai quer rever acordo de usina com a Argentina 19 Folha de S. Paulo - Mãozinha/Vista grossa/Feira bolivariana/Painel 20 O Estado de S. Paulo - Correa nega laços com rebeldes 20 O Globo - Rádios denunciam ofensiva de Chávez 20 O Globo - Cuba anuncia corte de gastos em educação e saúde 22 O Globo - Ponte da amizade / coluna 22 Jornal do Brasil - Cresce contrabando de cigarros ''hermanos'’ 23 TEMAS POLÍTICOS 24 Época - 'O Brasil é parte das soluções globais'' /entrevista 24 Época - Esta relaçao causa ciúme 26 O Estado de S. Paulo - Cuba quer laços com EUA, mas sem deixar o socialismo 28 1

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ASSESSORIA DE IMPRENSA DO GABINETEResumo da Seleção Diária de Notícias Nacionais

Segunda-feira, 3 de agosto de 2009

ACORDO MILITAR ESTADOS UNIDOS - COLÔMBIA 3Folha de S. Paulo - Documento sobre bases gera suspeitas do Brasil 3Folha de S. Paulo - Mais equilíbrio/editorial 4Correio Braziliense - EUA-Colômbia 4Época - A guerra fria sul-americana 5

COLÔMBIA – VENEZUELA 5O Estado de S. Paulo - Caracas faz novos ataques a Uribe 5O Estado de S. Paulo - Venezuela ainda apoia Farc, revela documento 6O Estado de S. Paulo - Arsenal das Farc vem de 27 países, indica estudo 7Estado de Minas - Caracas e Bogotá às turras de novo 8Carta Capital - Feridas abertas na região 8

TEMAS ECONÔMICOS E COMERCIAIS 9Folha de S. Paulo - Acordos/Frases 9Folha de S. Paulo - Crise traz de volta fantasma da pobreza nas Américas, diz ONU /entrevista 9Folha de S. Paulo - Investimento chinês cresce 72% até abril 10O Estado de S. Paulo - Mercosul está fora das prioridades da UE 11O Estado de S. Paulo - Greenspan e Geithner já veem fim da recessão 13O Estado de S. Paulo - A renda atraente dos papéis brasileiros/Editorial 13Valor Econômico - Estudo analisa mudanças nas alíquotas de importação 14Valor Econômico - Exportação para mais países ajuda superávit 15

AMÉRICA LATINA E CARIBE 18Carta Capital - Os EUA voltam a pressionar Honduras 18Valor Econômico - Paraguai quer rever acordo de usina com a Argentina 19Folha de S. Paulo - Mãozinha/Vista grossa/Feira bolivariana/Painel 20O Estado de S. Paulo - Correa nega laços com rebeldes 20O Globo - Rádios denunciam ofensiva de Chávez 20O Globo - Cuba anuncia corte de gastos em educação e saúde 22O Globo - Ponte da amizade / coluna 22Jornal do Brasil - Cresce contrabando de cigarros ''hermanos'’ 23

TEMAS POLÍTICOS 24Época - 'O Brasil é parte das soluções globais'' /entrevista 24Época - Esta relaçao causa ciúme 26O Estado de S. Paulo - Cuba quer laços com EUA, mas sem deixar o socialismo 28O Estado de S. Paulo - Choques mataram 700 na Nigéria, diz Cruz Vermelha 29Época - A curva errada feita pelos EUA no Afeganistão 29

ACORDO ORTOGRÁFICO 31Folha de S. Paulo - O futuro do português no mundo/opinião 31

GRIPE A 32

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Jornal do Commercio - Ministros da América do Sul vão discutir vacina 32O Estado de S. Paulo - Argentina registra 400 mil casos e 270 mortes 33O Globo - No Rio Grande do Sul, mais 4 mortes 33Correio Braziliense - Acesso livre a antiviral 33Zero Hora - Reunião em Quito 35

ORIENTE MÉDIO 35O Estado de S. Paulo - Conservadores e oposição criticam julgamentos no Irã 35Zero Hora - Oposição chama de farsa julgamento no Irã 36O Estado de S. Paulo - 50 palestinos são expulsos de Jerusalém Oriental 36O Globo - Polícia de Israel pede indiciamento de chanceler 37Correio Braziliense - Mais um golpe 39Estado de Minas - Processo de paz sofre golpe de misericórdia 40

MEIO AMBIENTE 40Época - ''O futuro não virá dos carros''/entrevista 41

LIXO TÓXICO 43O Estado de S. Paulo - Retorno de lixo à Inglaterra é adiado 43Estado de Minas - Lixo tóxico inglês continua no Brasil 43

ENERGIA 44O Estado de S. Paulo - Produção brasileira de etanol deve cair/Notas 44Agência Brasil - Petrobras investirá mais de R$ 1 bi até 2011 para equipar parque tecnológico brasileiro 44Jornal de Brasília - Etanol responde por 90% 45Agência de Notícias Brasil-Árabe - ANP anuncia leilão de biodiesel para atender demanda 46

OUTROS TEMAS 47O Globo - Família de brasileiro desaparecido critica governo 47O Globo - Governo diz que ajuda a financiar as buscas 47O Globo - Ele merece 48Folha de S. Paulo - Toda Mídia 48

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ACORDO MILITAR ESTADOS UNIDOS - COLÔMBIA

Folha de S. Paulo - Documento sobre bases gera suspeitas do Brasil Eliane Cantanhêde, colunista da FolhaTexto da Força Aérea americana exalta autonomia de voos partindo da Colômbia

Governo brasileiro indagará o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, que visitará o país nesta semana, sobre o assuntoO governo brasileiro questionará o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jim Jones, que vem a Brasília nesta semana, sobre um documento da Força Aérea dos EUA apresentado em abril, num seminário militar, defendendo o uso de uma base no centro da Colômbia, como plataforma de operações de longo alcance.O documento põe em dúvida as versões preliminares dos EUA e da Colômbia de que a ampliação do acordo militar dos dois países visa exclusivamente o combate ao narcotráfico, sem nenhum objetivo estratégico militar.Pelo documento, operações a partir da base de Palanquero com o avião militar C-17 podem cobrir metade do continente sem necessidade de paradas técnicas de reabastecimento, o que reforça a desconfiança do Brasil e de países vizinhos de que o objetivo da ampliação militar americana na Colômbia não é interno, para combate à narcoguerrilha, mas externo, para aumentar a presença dissuasória no continente.A viagem protocolar de Jim Jones já estava marcada previamente, mas ganhou importância com as tensões Colômbia-Venezuela. Ele terá encontros na quarta com os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores) e Nelson Jobim (Defesa), além de se reunir amanhã com o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia.Amorim já cobrou publicamente "transparência" na ampliação da presença americana em bases colombianas. As embaixadas em Washington e em Bogotá já pediram informações oficiais aos dois governos.Uma das dúvidas brasileiras quanto ao avanço dos EUA sobre bases localizadas na Colômbia é que ele é justificado com o combate à guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), mas o próprio governo colombiano diz há tempos que elas já estão bastante fragilizadas.Ao contrário, o Brasil analisa duas hipóteses: a de que a intenção dos EUA seja transferir para a Colômbia os equipamentos, o efetivo e as operações da sua base de Manta, no Equador, depois que o presidente equatoriano, Rafael Correa, se recusou a renovar o acordo militar com os EUA.Além disso, Planalto e Itamaraty temem que a investida dos EUA tenha como meta neutralizar a aproximação da Venezuela com o Irã e com a Rússia.

Defesa de ChávezNa semana passada, a embaixadora Vera Machado, subsecretária de temas bilaterais do Itamaraty, fez três perguntas ao chefe do Comando Sul dos EUA, general Douglas Fraser, que esteve em Brasília: se as bases serão americanas ou continuarão sob controle da Colômbia; se haverá aumento de efetivo e qual é, efetivamente, a intenção da ampliação da presença americana no país.Fraser contra-atacou perguntando sobre o questionamento da Colômbia e da Suécia ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sobre armas suecas que foram vendidas aos venezuelanos e acabaram em mãos de guerrilheiros das Farc.Em entrevista publicada ontem pela Folha, Amorim disse que não dá para comparar a questão das armas suecas com o aumento da presença dos EUA em bases colombianas. "[A questão das armas] é desse tamanhinho comparada com as bases militares", disse.Segundo ele, as armas são de 1988 e ainda não se sabe se foram parar com as Farc antes ou depois de Chávez e como. "E se foram roubadas?"

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Amorim contou que, na conversa com Machado, Fraser disse que uma das preocupações, hoje em dia, é que há até "veículos submersíveis" que levam armas para os EUA e as trazem para a América do Sul.Concluiu o ministro: "Então, há armas de várias procedências e nem por isso você pode acusar os EUA de estar mandando essas armas para as Farc ou para favelas do Rio. Muitas armas chegam lá, nas Farc, como chegam nas favelas do Rio".

Folha de S. Paulo - Mais equilíbrio/editorial PRINCIPAL PONTO de tensão na América do Sul, as relações da Colômbia com seus vizinhos "bolivarianos" Venezuela e Equador passam por mais um momento delicado. O motivo da discórdia é o reforço da atuação militar norte-americana em território colombiano.O novo acordo entre os dois países está ligado ao fato de o Equador ter se recusado a renovar a permissão de uso da base de Manta pelos EUA. Já o governo colombiano considera que o apoio de Washington continua sendo indispensável para suplantar a guerrilha. Criticado por Hugo Chávez, o presidente Álvaro Uribe reagiu com a insinuação de que Caracas teria fornecido lança-foguetes para as Farc.Na semana passada, o presidente Lula manifestou descontentamento com a decisão colombiana e novamente criticou a reativação da Quarta Frota Naval dos EUA para atuar no Atlântico Sul. Ontem, em entrevista à Folha, o chanceler Celso Amorim reafirmou o desconforto do governo brasileiro com as movimentações norte-americanas.Está certo o Brasil em expressar apreensões sobre o que parece ser uma estratégia de aumento da presença militar da superpotência na região. Não é bom para o continente que se criem desequilíbrios e condições propícias a uma corrida militarista.É preciso entretanto que o Itamaraty supere a surrada retórica antiamericanista e deixe de tratar Chávez como uma espécie de líder folclórico e inimputável, sempre vítima de interpretações equivocadas, cujas ações nunca representam nenhum tipo de ameaça. Não é demais lembrar que o presidente venezuelano firmou acordos militares com a Rússia e ofereceu instalações para as forças daquele país. O governo brasileiro nada disse.O Brasil reúne condições de exercer papel relevante no cenário regional e internacional. Mas, sem equilíbrio, o risco é que perca a confiança e o respeito necessários para essa missão.

Correio Braziliense - EUA-Colômbia O presidente da Bolívia, Evo Morales, resolveu ontem sair em defesa dos colegas Hugo Chávez, da Venezuela, e Rafael Correa, do Equador, diante das denúncias de que os dois governos teriam vínculos com os rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Segundo Morales, “isso é uma campanha suja do império americano”. “No computador (de uma guerrilheira colombiana) encontraram (provas) que as Farc financiaram a campanha do presidente Correa. É uma armação para desprestigiar os presidentes revolucionários”, acusou o boliviano. Ontem, o jornal colombiano El Tiempo divulgou que várias armas apreendidas com as Farc, nos últimos 10 anos, vêm de pelo menos 27 países, entre eles a Venezuela e até o Brasil. Segundo a publicação, em 2009, o governo da Colômbia chegou a enviar 209 comunicados a esses países para que verifiquem a origem das armas apreendidas com os guerrilheiros. Para o ministro de Interior da Venezuela, Tareq El-Aissami, as últimas denúncias do governo colombiano só servem para “tirar a atenção do mundo” sobre a cessão de três bases em seu território à tropas dos Estados Unidos.

Época - A guerra fria sul-americana Leandro Loyola

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Os EUA ampliam sua presença na Colômbia. Armas da Venezuela são encontradas com a guerrilha. O clima entre Uribe e a dupla Chávez-Correa só piora

Há anos, o governo da Colômbia desconfia que seu maior adversário, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), recebe apoio militar da Venezuela e mantém relações próximas com o Equador. Na semana passada, surgiram evidências de que as suspeitas podem ser verdadeiras. A revista colombiana Semana afirmou que o Exército apreendeu armas da Venezuela em um acampamento das Farc. Dias antes, havia surgido um vídeo em que um líder das Farc falava de ajuda financeira à campanha eleitoral de Rafael Correa em 2006, quando ele foi eleito presidente do Equador. Divulgadas às vésperas da assinatura de um acordo para a ampliação da presença militar dos Estados Unidos na Colômbia, as informações esgarçaram mais as péssimas relações entre o país e seus vizinhos. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou um novo congelamento das relações diplomáticas e econômicas com a Colômbia. Correa já havia cortado relações com a Colômbia no ano passado, quando o Exército colombiano destruiu um acampamento das Farc no Equador. A questão das Farc pesou, mas Chávez e Correa estão preocupados é com o aumento da presença americana na região.

Pelo acordo, os Estados Unidos poderão aumentar o número de militares nas bases de Malambo, Palanquero e Apiay, na Colômbia. A medida lembra os tempos da Guerra Fria, entre Estados Unidos e Rússia. Enquanto os americanos aumentam seu espaço na Colômbia, a Venezuela amplia a compra de armas da Rússia para “se defender”. Chávez e Correa não são os únicos incomodados com a chegada de mais americanos. Brasil e Espanha questionaram os Estados Unidos sobre as bases. “Posso dizer que a mim não me agrada mais uma base (americana) na Colômbia”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Mas como eu não gostaria que o (presidente da Colômbia, Álvaro) Uribe desse palpite nas coisas que eu faço no Brasil, eu prefiro não dar palpite nas coisas do Uribe.”

Estados Unidos e Colômbia têm uma antiga parceria militar. As relações se estreitaram a partir de 2002, na gestão de Uribe. Graças à ajuda militar americana no Plano Colômbia, Uribe aumentou os gastos com defesa. Seu governo acumula significativas vitórias contra as Farc, em decadência após 40 anos de luta.

Por suas diferenças ideológicas, Equador e Venezuela vivem trombando diplomaticamente com a Colômbia. O colombiano Uribe é um político de direita, aliado dos Estados Unidos. Chávez e seu discípulo Correa são esquerdistas com um veio populista, que mantêm um radical discurso antiamericano. Nos últimos tempos, ambos se afastaram – pelo menos em público – das Farc. A descoberta das armas e do vídeo deixa Chávez e Correa numa posição ruim. Eles têm de explicar se ajudaram ou não um grupo terrorista e têm menos argumentos para se opor à chegada dos ianques a seu quintal.

COLÔMBIA – VENEZUELA

O Estado de S. Paulo - Caracas faz novos ataques a Uribe Roberto LameirinhasPara ministro de Chávez, acusação de laços com as Farc é um pretexto da Colômbia para ceder bases aos EUAO governo venezuelano acusou ontem o presidente colombiano, Álvaro Uribe, de estar utilizando o suposto fornecimento de armas da Venezuela para a guerrilha Forcas Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para justificar a concessão de uso pelos EUA de bases em território colombiano. Na semana passada, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, retirou

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seu embaixador da Colômbia e congelou, pela segunda vez em três anos, as relações entre os dois países por causa das denúncias de Bogotá. Segundo o governo colombiano, lança-foguetes de fabricação sueca, de um lote vendido à Venezuela nos anos 80, foram encontrados em poder dos guerrilheiros, após uma ofensiva do Exército da Colômbia."Centrar o debate (sobre as relações entre Colômbia e Venezuela) neste tema nada mais é do que arranjar um pretexto para justificar uma aberração internacional (a instalação das bases) e uma agressão por parte do governo colombiano, afirmou o ministro de Interior da Venezuela, Tareck el Aissami. "Uma grave acusação foi feita e (em razão disso) há uma grande repercussão nos meios de comunicação internacional, mas não apresentaram uma só prova (de que o governo de Chávez tenha entregado as armas aos guerrilheiros)." Aissami também acusou Bogotá de ser conivente com o narcotráfico.Para analistas venezuelanos, consultados pelo Estado, os dois governos vêm manejando os dois temas contrapondo-os um ao outro. "São dois assuntos delicados e a questão das armas pode ser a comprovação de algo que há muito tempo se comenta no país - ou seja, os estreitos vínculos de Chávez com as Farc", comenta o analista do centro de estudos independente Sieglo XXI, Ariovaldo Paredes. "Por outro lado, Chávez tenta obter o apoio dos demais países da região na condenação da instalação das bases."Segundo fontes colombianas, os EUA usariam cinco bases no território da Colômbia, que assumiriam as funções das operações antidrogas da Base de Manta, no Equador - cuja concessão não foi renovada pelo presidente equatoriano, Rafael Correa, aliado de Chávez.Na quinta-feira, Chávez ganhou força na disputa com a Colômbia, depois que os presidentes do Brasil e do Chile, Luiz Inácio Lula da Silva e Michelle Bachelet, disseram que pedirão a Bogotá esclarecimentos sobre o acordo de cooperação que pretende assinar com Washington ao Conselho de Defesa da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Chega hoje ao Brasil o assessor de Segurança Nacional do presidente Barack Obama, o general da reserva Jim Jones, para dar explicações sobre o acordo.No sábado, o assessor especial de política externa do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia, chegou a Caracas, onde deveria se reunir com Chávez. De acordo com a Embaixada do Brasil na Venezuela, o encontro já estava marcado antes da divulgação do caso das armas das Farc e do congelamento das relações com a Colômbia. Mas, diante do novo quadro, era certo que esses temas entrariam na pauta das conversações."Esta semana, conversei com vários chefes de Estado de nosso continente, a fim de alertá-los sobre o perigo representado pelas novas bases militares ?gringas? para a Venezuela. É evidente que esse será um tema central na próxima reunião da Unasul", diz Chávez, num artigo publicado ontem. A Unasul se reunirá dia 10, em Quito.Em meio a um fim de semana tenso, no qual o governo venezuelano tem enfrentado manifestações populares por causa da decisão de tirar do ar 34 emissoras de rádio - por supostas irregularidades em suas concessões -, Chávez cancelou ontem a transmissão de seu programa dominical Alô, Presidente! O líder venezuelano alegou ter sofrido uma lesão durante um jogo de beisebol na sexta-feira. Das 656 rádios na Venezuela, 360 estão ameaçadas.

O Estado de S. Paulo - Venezuela ainda apoia Farc, revela documentoSimon RomeroMaterial apreendido com guerrilha nos últimos meses evidencia ajudaApesar das constantes negativas do presidente Hugo Chávez, autoridades venezuelanas continuaram auxiliando os comandantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), ajudando-os a comprar armas na Venezuela e a obter documentos para se movimentar sem problemas em solo venezuelano. É o que indica um material apreendido em computadores dos rebeldes que está sendo examinado por agências de inteligência ocidentais.Segundo os dados, os guerrilheiros ainda mantinham há algumas semanas uma estreita colaboração com membros do alto escalão do Exército e da inteligência venezuelanos,

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contrariando as frequentes declarações de Chávez de que seu governo não apoia as Farc. "Nós não os protegemos", afirmou o venezuelano no mês passado.Essas novas provas vêm à tona em um momento de grande tensão entre Venezuela e Colômbia. Chávez congelou as relações diplomáticas com seu vizinho no final de julho, irritado com afirmações de Bogotá de que lança-foguetes suecos vendidos a Caracas foram parar nas mãos das Farc. A reação de Caracas também foi impelida por planos da Colômbia de aumentar o número de soldados americanos em seu território."O governo da Colômbia tenta criar um caso na mídia contra nosso país que vai atender a seu próprio programa política", disse Bernardo Álvarez, embaixador da Venezuela em Washington, ao referir-se às recentes informações, que descreveu como "não confirmadas".Chávez vem contestando alegações de que colabora com os rebeldes desde que forças colombianas atacaram um acampamento das Farc no Equador, no ano passado. Durante essa incursão, foram apreendidos computadores das Farc, com e-mails que sugeriam uma estreita relação entre o governo de Chávez e a guerrilha. As mensagens entre sete membros do secretariado das Farc - as mais recentes obtidas em maio - sugerem que os venezuelanos seguem auxiliando os rebeldes desde o ataque no ano passado. O New York Times obteve uma cópia do material que uma agência de inteligência está analisando.Uma mensagem de Iván Márquez, comandante das Farc que parece operar em território venezuelano, falava de um plano da guerrilha de adquirir mísseis terra-ar, fuzis e rádios na Venezuela, no ano passado. Não está claro se essas armas chegaram às mãos das Farc. Mas Márquez escreve que a compra foi facilitada pelo general Henry Rangel Silva - diretor da agência de inteligência da polícia da Venezuela, destituído no mês passado - e por Ramón Rodríguez Chacín, ex-ministro do Interior venezuelano, que serviu como emissário de Chávez nas negociações para a libertação de reféns em poder das Farc, no ano passado.Na mensagem, Márquez discute um plano de Chacín para o negócio ser concluído perto do Rio Negro, em território venezuelano. Márquez continua explicando que o general Silva deu aos rebeldes encarregados do negócio documentos que podiam usar para se movimentar livremente na Venezuela. Caracas afirma que informações como essas são falsas e têm fins políticos. Já Bogotá alega os dados provam que as Farc sobrevivem em parte graças à possibilidade de operar em áreas fronteiriças à Venezuela.O novo material pode colocar o presidente dos EUA, Barack Obama, numa situação delicada, já que ele tentou recentemente reatar relações com a Venezuela, adotando uma posição de não confronto com Chávez, ao contrário da reação sempre agressiva do governo Bush.

O Estado de S. Paulo - Arsenal das Farc vem de 27 países, indica estudo A polêmica causada pelas armas encontradas com as Farc, que segundo a Colômbia seriam da Venezuela, ampliou-se ontem com a divulgação de que o arsenal da guerrilha vem de quase 30 países. Uma investigação feita por Bogotá - e divulgada pelo jornal ?El Tiempo? - concluiu que há munições e armas venezuelanas, russas, chinesas e brasileiras. Colômbia e Suécia pediram à Venezuela que explique como um lote de armas suecas vendido a Caracas foi parar nas mãos das Farc. Desde o início do ano, Bogotá enviou 209 comunicados a 27 países para pedir explicações sobre as armas confiscadas.

Estado de Minas - Caracas e Bogotá às turras de novo O ministro de Interior da Venezuela, Tareq El-Aissami, disse que Bogotá quer tirar a atenção do mundo sobre a cessão de seu território a tropas dos Estados Unidos com casos como o dos três lança-foguetes do Exército da Venezuela achados com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Há poucos dias, o governo colombiano disse que três lança-foguetes de

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fabricação sueca foram achados em mãos das Farc. Os armamentos seriam do Exército venezuelano. “Essa é uma desculpa para justificar tal perversidade”, disse Aissami num programa de TV. Para ele, a Colômbia usa o caso dos lança-foguetes para desviar a atenção da comunidade internacional das bases cedidas às tropas americanas.

Caracas admitiu que as armas encontradas com guerrilheiros colombianos foram compradas pelo Estado venezuelano no anos 1980. Mas assegurou que não existe nenhuma prova de que elas tenham caído nas mãos das Farc durante o atual governo. Aissami disse que é velha a “tentativa de vincular” o governo de Hugo Chávez a grupos ilegais. Segundo o ministro venezuelano, as denúncias feitas buscam “moldar opiniões” com a ajuda de “meios de comunicação internacionais”.

Por sua vez, o presidente do Equador, Rafael Correa, disse ontem que seu país está se preparando para melhorar sua capacidade de operação militar, mas não está numa corrida armamentista. Em Lima, Peru, o ministro de Defesa do Equador, Javier Ponce, afirmou que a Colômbia é uma ameaça para a América do Sul, já que representa, “no momento, um projeto político que é, em certo sentido, uma ameaça para a região”, por aplicar “essa concepção de extraterritorialidade, pela qual um país tem direito de invadir outro se está perseguindo terroristas”. O Equador rompeu laços diplomáticos com a Colômbia em março de 2008, depois de o Exército e a Força Aérea colombianos bombardearem um acampamento clandestino das Farc, em território equatoriano. Por sua vez, o presidente da Bolívia, Evo Morales, também condenou ontem as denúncias que vinculam os colegas Rafael Correa e Hugo Chávez, à guerrilha de esquerda da Colômbia Farc e classificou tudo como uma grande “montagem”.

Carta Capital - Feridas abertas na região A relação entre Hugo Chávez e Álvaro Uribe voltou a estremecer após um curto período de aparente trégua. Na terça-feira 28, o presidente venezuelano anunciou o rompimento dos contatos comerciais e diplomáticos com a Colômbia e ameaçou expropriar empresas do vizinho instaladas em seu território. Uribe ordenou a retirada imediata do embaixador da Venezuela de Bogotá.

A origem do novo conflito está na nova acusação da Colômbia de que Chávez forneceu armamentos às Farc. As suspeitas aumentaram depois de o governo da Suécia ter afirmado que armas apreendidas com guerrilheiros das Farc haviam sido vendidas à Venezuela no fim dos anos 80. “É absolutamente falso que demos armas a guerrilha alguma, movimento armado algum”, afirmou Chávez, ao anunciar que suspenderá as importações de produtos do vizinho. Segundo a Venezuela, as armas foram roubadas de um quartel.

O governo colombiano afirmou que só tornou público o assunto por não ter recebido uma resposta da Venezuela a um pedido reservado de informações. O Brasil e a Organização dos Estados Americanos (OEA) se dispuseram a mediar o novo conflito diplomático.

TEMAS ECONÔMICOS E COMERCIAIS

Folha de S. Paulo - Acordos/Frases Celso Amorim

"Graças a Deus não fechamos a Alca, porque senão, em vez de fechar o ano com um crescimento de 1%, estaríamos como o México, com uma recessão de uns 5%, 6%, sei lá..."CELSO AMORIMministro das Relações Exteriores, sobre as negociações comerciais, ontem na Folha.

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Folha de S. Paulo - Crise traz de volta fantasma da pobreza nas Américas, diz ONU /entrevistaJanaina Lage, de Nova York

Diretora do Pnud para a região teme ainda retrocesso em conquistas democráticasA diretora para América Latina e Caribe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Rebeca Grynspan, diz que a crise econômica mundial trará de volta um dos velhos problemas da região: o aumento da pobreza.Grynspan chega ao Brasil hoje para participar de um simpósio sobre desenvolvimento social. Especialista em políticas de desenvolvimento, ela já foi vice-presidente da Costa Rica.

FOLHA - Os bancos brasileiros disseram que a recessão acabou no Brasil. Isso é válido para a região também? REBECA GRYNSPAN - A informação que temos hoje é bem mais otimista do que no início do ano. Isso é verdade para o Brasil e para o resto do mundo. O Brasil é um exemplo de políticas contracíclicas. A pobreza caiu nas principais regiões metropolitanas mesmo com a crise. De março de 2008 a março deste ano, ela caiu 1,7% em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador.

FOLHA - O que explica a queda da pobreza? GRYNSPAN - Duas medidas: a expansão do Bolsa Família e o aumento do salário mínimo. Países que têm políticas de transferência de renda precisam fortalecer os benefícios e incluir mais pessoas vulneráveis à crise, você não deve esperar o empobrecimento delas.

FOLHA - Quais serão os efeitos sociais da crise para a América Latina? GRYNSPAN - A pobreza, em média, vai subir. Deve haver alguma reversão nas melhoras em mortalidade infantil, desnutrição e abandono escolar. É o que normalmente acontece em uma crise. Evitar esses fatores é o melhor investimento no longo prazo porque você não se recupera nunca destas coisas. Se um jovem abandona a escola, é muito difícil voltar e os efeitos disso para a economia se perpetuam por anos. As medidas adotadas no Brasil funcionam como estabilizadores automáticos.

FOLHA - E a desigualdade? GRYNSPAN - Tende a aumentar na região, em geral. Antes da crise, Brasil e Chile apresentaram os resultados mais sólidos de redução da desigualdade. Nesse caso, a reversão é menos provável. Isso mostra que quando você reduz a desigualdade, fortalece a performance econômica do país.

FOLHA - De que modo a crise afeta o perfil do desemprego? GRYNSPAN - Os grupos mais vulneráveis são mulheres e jovens. Na América Latina, dos jovens de 14 a 24 anos, 66% estão subempregados, desempregados ou fora do mercado de trabalho e da escola. Essas pessoas nasceram na década de 1980, a década perdida. Não podemos deixar que isso se repita, precisamos de políticas mais concentradas nos jovens. No caso das mulheres, ainda há um descasamento entre a realidade do mercado de trabalho e o bem-estar das famílias.

FOLHA - Quais países da região vão pagar de fato a conta da crise? GRYNSPAN - Os pequenos países mais dependentes do comércio foram os mais afetados. As economias do México e da Costa Rica foram bastante afetadas. No caso do México há ainda o efeito da gripe suína. Países onde as remessas têm peso significativo na economia também estão em um período difícil.

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FOLHA - A sra. diz que as crises econômicas na região estão ligadas a ciclos políticos. O golpe de Honduras é só o começo? GRYNSPAN - Espero que não, mas precisamos evitar isso. É muito importante a posição da comunidade internacional.

FOLHA - O que motivou as reações, como a suspensão do país pela Organização dos Estados Americanos? GRYNSPAN - Penso que nos tornamos intolerantes a golpes militares. O exercício da democracia criou novos valores, e somos hoje contra qualquer forma de ditadura e autoritarismo. É uma conquista importante.Muitos têm dito que as reformas econômicas foram o que aconteceu de mais importante na região na década de 1990, mas vejo que o mais relevante foi o fortalecimento da democracia e as melhoras em relação a direitos humanos e cidadania. Seria uma tragédia perder isso.

Folha de S. Paulo - Investimento chinês cresce 72% até abril Marta Salomon, da Scursal de BrasíliaPrevisões para o total a ser investido por chineses no Brasil oscilam de US$ 700 milhões a mais de R$ 1 bilhão por ano

Para que esses valores sejam alcançados, país não pode ser radical na defesa do ambiente, diz presidente da Câmara Brasil-ChinaInstalado recentemente em um prédio da avenida Paulista, o primeiro escritório do Bank of China na América Latina ajuda a explicar o salto nos investimentos chineses no Brasil neste ano. Apenas entre janeiro e abril, de acordo com os dados mais atualizados, o Banco Central registrou a entrada de US$ 66,1 milhões: 72% a mais de tudo o que a China investiu no Brasil em 2008.No mês em que se tornou o maior parceiro comercial do Brasil, posto ocupado pelos Estados Unidos havia décadas, a China também ganhou a 17ª posição entre os maiores investidores, pulando 19 posições no ranking do BC.Especialistas veem nos dados do BC sinais de um primeiro movimento, ainda tímido, da fatia brasileira na expansão chinesa no mundo, estimulada em tempos de crise econômica pela oferta de crédito e a urgência em ganhar mais competitividade em novos mercados, além da necessidade tradicional de parcerias em áreas consideradas estratégicas, como energia, biocombustíveis, minérios e alimentos.A divisão responsável pela Ásia do Ministério das Relações Exteriores trabalha com estimativas não oficiais de que o investimento possa chegar a US$ 700 milhões nos próximos anos. "É uma estimativa conservadora", afirma o chinês Charles Tang, presidente da Câmara Brasil-China.Ele avalia que os investimentos estão aumentando e poderão superar a marca de US$ 1 bilhão por ano.Mas haveria uma condição, segundo Tang: o Brasil não poderia ser "tão radical" na defesa do meio ambiente.Obstáculos ambientais teriam impedido até aqui o empreendimento bilionário planejado pela Shanghai Baosteel, de um complexo siderúrgico no Maranhão, em associação com a Vale."Muita gente prefere viver pobre e com a natureza intocável; a visão ambiental não enxerga o homem como bem da natureza, que também precisa ser preservado", disse.

Terras e pré-salOs números do Banco Central, que registram o fluxo de investimentos estrangeiros diretos, não traduzem completamente o movimento chinês.Eles não captam, por exemplo, o financiamento de US$ 10 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China à Petrobras anunciado em maio, já de olho na exploração de petróleo no pré-sal.O financiamento está combinado à entrada no Brasil da Sinopec, empresa chinesa de petróleo.

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No estudo intitulado "Os futuros donos do poder: as 200 maiores companhias da China", o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, cita a Sinopec entre os "dragões chineses" já instalados no Brasil, ao lado do Bank of China, da Baosteel e da Huawei.Estudioso da relação Brasil-China, Arruda reclama da falta de dados sobre a compra de terras por empresas chinesas.A aquisição de áreas para a produção de soja, por exemplo, é um dos grandes interesses chineses no país, confirma Charles Tang, que tampouco dispõe de dados sobre negócios no campo.A agropecuária é um dos setores de investimento destacados pelo Itamaraty.Nessa lista o Ministério das Relações Exteriores também ressalta investimentos em infraestrutura (ferrovias e portos), siderurgia, eletroeletrônicos, petróleo e biodiesel."O que aparece nos números do Banco Central ainda é muito pouco, quase nada", afirma Alessandro Teixeira, presidente da Apex (agência brasileira de promoção de exportações e investimentos) e da Waipa (World Association of Investment Promotion Agencies). Em setembro, ele viaja para a China. Vai participar de feira internacional de investimentos na cidade de Xiamen.Teixeira avalia que a expansão chinesa no Brasil está apenas começando e deve apenas se tornar expressiva em meados da próxima década.Arruda também vê os investimentos chineses no Brasil numa "fase embrionária", ainda centrada na expansão do comércio. Na fase seguinte, haveria aquisições de empresas, prevê ele.

O Estado de S. Paulo - Mercosul está fora das prioridades da UE Jamil ChadeEuropeus pretendem avançar em acordos comerciais no mundo, mas alertam que bloco sul-americano precisa antes resolver disputas internasO Mercosul não faz parte das prioridades da Europa e o bloco sul-americano sequer é citado no "plano de governo" da União Europeia para os próximos seis meses. Bruxelas decidiu se lançar em busca de acordos comerciais, diante do fracasso das discussões na Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas a cúpula da UE alerta que o Mercosul terá de modificar sua atitude em relação ao comércio e resolver suas disputas internas sobre a livre circulação de bens se quiser de fato fechar um acordo entre os blocos, que já vem sendo negociado há dez anos.

Na semana passada, o chanceler Celso Amorim deixou claro que estava jogando a toalha em relação à possibilidade de um acordo na OMC, diante das resistências impostas pelos americanos. Em suas declarações, indicou que o caminho seria o de buscar um acordo com os europeus em 2010, projeto que foi lançado em 1999 e que nunca conseguiu ser fechado. A realidade é que Bruxelas está de fato interessada em explorar a possibilidade de retomar o processo com o Mercosul, praticamente parado desde 2004. Mas sob certas condições.

O principal obstáculo agora, segundo os europeus, é o governo argentino, que se recusa a abrir seu mercado para bens industriais e não adota qualquer sinal positivo em defesa do livre comércio. Outro problema é a dificuldade para produtos circularem livremente dentro do bloco sul-americano, que deveria ser uma união aduaneira.

"A Europa não está fechada a acordos bilaterais de livre comércio. Muito pelo contrário. Estamos em busca de parceiros, mas que queiram também abrir seus mercados", garantiu um negociador, pedindo anonimato. No início de julho, a UE fechou um acordo com a Coreia, apesar dos protestos das montadoras, que dizem não ser esse o momento para um acordo de abertura de mercados. As vendas de carros na Europa já caíram 14% este ano. Para Fredrik Reinfeldt, primeiro-ministro da Suécia, que preside a UE até o fim do ano, o acordo "manda um sinal forte contra o protecionismo".

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Na lista de potenciais acordos, a União Europeia inclui Canadá, Ucrânia, Índia, Japão, Taiwan, Vietnã e Cingapura. Documentos da UE mostraram que acordos da Europa com a Ásia trariam ganhos cinco vezes maiores para os exportadores europeus que um acordo com o Mercosul.

No documento de prioridades da Suécia para a UE, a palavra "Mercosul" não é citada em nenhum lugar nas 45 páginas do informe considerado como "plano de governo" dos suecos. Mas os suecos, defensores do livre comércio, falam de outros projetos. Querem acordos com os países do Golfo Pérsico, com a Comunidade Andina e com os países da América Central, além dos projetos com países individuais citados.

PRIORIDADE BRASILSem citar o Mercosul, os suecos preferem insistir na relação estratégica com o Brasil e, de fato, colocam o País com destaque em sua agenda. O Brasil será um dos poucos que contará com uma cúpula dedicada exclusivamente ao País. As demais cúpulas da UE serão com Estados Unidos, Índia, China, Rússia, África do Sul e Ucrânia.

No início de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será recebido por chefes de Estado da UE em Estocolmo para a cúpula. "As relações entre a UE e o Brasil terão uma atenção especial", afirmou o plano de governo da Suécia.

Nas negociações da OMC, a realidade é que o Brasil já fechou seu acordo com a Europa para novas cotas para as exportações de carne, açúcar e outros bens de interesse. O Brasil, em contrapartida, aceitou um corte de tarifas industriais. O entendimento irritou os argentinos, que não aceitam a abertura de seu mercado.

O Estado apurou que funcionários de alto escalão da Comissão Europeia acreditam que será difícil retomar o processo se algumas coisas não forem modificadas no Mercosul. Um dos problemas seria de fato o comportamento do governo argentino. "Sem os Kirchners, seria bem mais fácil", ironizou um diplomata europeu. Outro ponto calculado é o impacto da adesão da Venezuela. Se o país representa um importante mercado para as exportações europeias, muitos temem que serão contrários a uma liberalização.

Outra queixa dos europeus é sobre a insistência do bloco sul-americano em falar prioritariamente no setor da agricultura. Os europeus deixam claro que apenas vão poder abrir seu mercado se sentirem que contam com vantagens no setor industrial no Mercosul.

O Estado de S. Paulo - Greenspan e Geithner já veem fim da recessãoAgências InternacionaisEx-presidente do Fed e secretário do Tesouro dos EUA disseram em programas diferentes da rede ABC que país vai crescer ainda este anoO fim da recessão nos Estados Unidos está próximo, disseram ontem o ex-presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) Alan Greenspan e o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, em entrevistas diferentes à rede de TV ABC. Para Greenspan, o pior da crise já passou e a saúde do sistema financeiro melhorou consideravelmente. "O colapso, na minha opinião, está agora atrás de nós." Ele diz estar "quase certo" de que a economia americana "chegou ao fundo do poço" e a recuperação começou em meados de julho. O ex-presidente do Fed até arrisca dizer que, no terceiro trimestre, o país pode crescer 2,5%. "A razão é que tem havido uma extraordinária eliminação de estoques de forma que o nível de produção já está abaixo do de consumo."

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No entanto, Greenspan acredita que o desemprego e a perda de postos de trabalho continuem, embora em ritmo mais lento. A taxa de desemprego nos Estados Unidos é de 9,5% e a expectativa é que chegue a dois dígitos nos próximos meses, Além disso, Greenspan teme que os sinais de estabilização e o aumento da confiança na economia possam ser afetados por uma nova queda do preço dos imóveis. Para ele, o preço das residências se estabilizou apenas temporariamente e é possível outra onda de baixas.

AUMENTO DE IMPOSTOSGeithner, secretário do Tesouro americano, também está confiante de que a economia americana crescerá no fim do ano, como indicaram os analistas. Mas ressaltou que a recuperação econômica não será sustentada sem a redução do déficit orçamentário. Para diminuir o déficit, antecipou, será preciso "fazer algumas escolhas difíceis", como aumentar impostos."O país precisa compreender que a administração fará o necessário" para que a economia se recupere, disse Geithner, durante a entrevista. "Temos de reduzir esse déficit de maneira espetacular." Em julho, o déficit do país superou US$ 1 trilhão.Outra grande preocupação é com o mercado de trabalho, cuja taxa de desemprego está no nível mais alto dos últimos 26 anos. Geithner destacou que a administração do presidente americano, Barack Obama, está fazendo tudo que é possível para ajudar na recuperação da economia e para aumentar o crescimento. "Precisamos primeiro de crescimento, para que as empresas comecem a gerar novos postos de trabalho", disse o secretário.No sábado, o presidente Barack Obama foi mais pessimista nas previsões. Para ele, vai demorar "muitos meses mais" para o país sair da recessão. Em comum, entre Greenspan, Geithner e Obama, está a preocupação com o mercado de trabalho. "Não teremos uma recuperação, enquanto continuarmos a perder empregos", disse Obama.

O Estado de S. Paulo - A renda atraente dos papéis brasileiros/Editorial Um total de US$ 525 milhões em títulos soberanos (Global 2037) foi posto no mercado internacional pelo Tesouro nessa semana. Reabriu-se, assim, o mercado externo para os papéis de prazo muito longo, o que, segundo o Ministério da Fazenda, comprovaria que os investidores estrangeiros estão menos preocupados do que os brasileiros com as contas fiscais do governo central, que registraram déficit primário de R$ 643 milhões, em junho. Em outros países, as contas são ainda piores.A remuneração, de 6,45% ao ano, atraiu os investidores externos e não deve ser considerada baixa, embora inferior à da colocação inicial dos papéis Global 2037, em 2006, a 7,5% ao ano, ou em 2007, com taxa de retorno de 6,63% ao ano, em conjuntura econômica mais favorável."Enquanto o Brasil vendeu a 6,45% ao ano, o título com mesmo prazo dos Estados Unidos tem taxa de 4,45% ao ano", notou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A diferença foi de "apenas dois pontos" de porcentagem entre os papéis dos dois países.Mas não se deve esquecer que a situação fiscal dos Estados Unidos piorou muito desde o ano passado, por causa das operações de socorro a bancos e grandes empresas. Além disso, já há modestos sinais de desconforto dos aplicadores com os papéis do Tesouro norte-americano.Para o governo brasileiro foi, sobretudo, um teste bem-sucedido. Mas ele foi também necessário, pois prepara o terreno para a colocação de outras emissões de empresas públicas ou de economia mista, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Petrobrás, e companhias privadas.Desde o início da crise, em setembro, o País fez duas captações de papéis Global 2019, mas com prazo menor, de 10 anos. Quanto mais longo o prazo, menores tendem a ser as pressões sobre a dívida pública.A procura pelos títulos brasileiros foi elevada: a emissão poderia ser até sete vezes maior, calculou o ministro da Fazenda. Os coordenadores da colocação, o JP Morgan e o Deutsche,

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deixaram de receber ordens já na manhã de quarta-feira. E o Brasil já estaria pensando em nova emissão neste trimestre.O total das emissões brasileiras no trimestre chegou a US$ 4,4 bilhões, ante US$ 4,3 bilhões, no segundo trimestre, e US$ 3,2 bilhões, no primeiro trimestre. No ponto mais alto do ano, o prêmio de risco pago pelo País foi de 370 pontos básicos e agora está em 200 pontos, mas esse prêmio poderia cair em caso de corte do gasto corrente.

Valor Econômico - Estudo analisa mudanças nas alíquotas de importaçãoIvo RibeiroDe São Paulo

Os efeitos do retorno da aplicação de impostos de importação de alguns tipos de aço a partir de junho, de zero para 12%, só vão ser vistos, de fato, na entrada de produtos no Brasil, a partir de setembro, mas a medida tomada pelo governo brasileiro já foi objeto de muita discussão. As siderúrgicas defendiam há mais de quatro anos a retirada desses produtos da lista de exceção da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. A maioria dos consumidores argumentava que tinha de ser mantida. Dizia que o aço nacional seria de 30% a 60% mais caro que no resto do mundo e que a volta das alíquotas seria mais um motivo para as usinas subirem seus preços.

Na avaliação do especialista Germano Mendes de Paula, professor-doutor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o governo agiu certo agora, quando trouxe as alíquotas aos níveis do início de 2005, e naquela época, quando baixou para zero os índices de uma cesta de produtos, tornando mais viável a importação. Mendes fala com conhecimento de causa desse tema que acirrou os ânimos de fabricantes, taxando de descabida a ação do governo, e de consumidores, temerosos de falta de produto e de uma onda altista de preços. A pressão foi liderada pelas indústrias automotiva e da construção civil, que respondem por cerca da metade do aço consumido no país.

O especialista participou em 2005 dos estudos que nortearam o Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio, o MDIC, a rebaixar as alíquotas, de 12% a 14%, para zero, de 15 tipos de aço. Na época, explica ele, os preços estavam elevados sim, mas não só no Brasil. Era no mundo todo e isso estimulava o comércio internacional. E havia temor no governo, com aquecimento da demanda interna, de que houvesse desabastecimento. A indústria local do aço contestou essa avaliação. Os consumidores aplaudiram.

Mendes acaba de fazer um estudo, passados quatro anos e meio das duas medidas, no qual tece considerações sobre os dois momentos e os fatos que levaram à decisão do governo. Ele aborda desde as "dificuldades envolvendo as comparações de preços e produtos siderúrgicos" até a "crise financeira global e a siderurgia" para explicar a "decisão do governo brasileiro". Segundo diz, o intuito do artigo é contribuir para o debate sobre a política comercial e produtos siderúrgicos no Brasil. Trata-se de tema sempre recheado de muita polêmica.

Para Mendes, contratado pelo MDIC ainda em 2004, os argumentos dos envolvidos - usinas e consumidores -, via de regra, não são técnicos. "Prevalecem mais o lado emocional e os interesses de cada um". Ele mostra que a comparação dos preços de aço entre diferentes países é bem mais complexa do que se imagina. Por isso, foram levantados seis problemas principais (e dez lições) que deveriam ser considerados na decisão. "Sem isso, o debate, como tem sido feito, torna-se improdutivo aos interesses do país".

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A seu ver, nos dois momentos as decisões do governo foram acertadas. "Foram coerentes, pois se havia motivos lá atrás, 2004/2005, para entrada de alguns aços na lista da TEC, agora, 2009, havia motivos para saírem", afirma. Na época, por conta do boom do mercado mundial de aço, a demanda estava aquecida. Desde outubro de 2008, com a crise, o consumo mundial passou a viver forte retração.

O especialista observa que a recente decisão do governo se deu em linha com a onda atual de políticas comerciais para o setor no mundo, o que ele denomina de contágios. Tanto em 2005 como agora, o Brasil tomou as medidas após várias nações. "Caracteriza-se uma postura predominantemente defensiva e visou, como nos diversos países, mitigar problemas locais; assim, à luz do contexto internacional, não é descabida", afirma.

Mendes observa que se enfrenta ainda um alto índice de ociosidade nas usinas, principalmente Europa e EUA. Estima-se algo acima de 30% da capacidade. Além disso, há dificuldades enormes para fechar fornos em muitos locais, as "steel towns". A demanda por aço no mundo, e no Brasil, continua muito retraída, com queda de 40% no fim de junho. E uma retomada da normalidade não é vista antes de 2011. "O contexto anterior era de exuberância; agora, é de crise", ilustra. (IR)

Valor Econômico - Exportação para mais países ajuda superávit Comércio exterior: Diversificação de mercado amenizou a queda de demanda dos clientes tradicionais

Marta Watanabe e Sérgio Bueno, de São Paulo e Porto Alegre

Uma diversificação maior nos destinos das exportações brasileiras deu aos embarques um fôlego adicional que ajudou a amenizar a queda nas vendas ao exterior. Mesmo com diminuição de 22,8% no valor das exportações de janeiro a junho, na comparação com o primeiro semestre de 2008, os embarques brasileiros apresentaram variação positiva para 70 países no mesmo período, segundo levantamento do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco. A diversificação amenizou a queda de demanda dos "clientes" tradicionais e é vista por alguns setores como uma estratégia para manter o volume de vendas ao exterior no segundo semestre, compensando a perspectiva de dólar abaixo de R$ 2 ao fim do ano.

Segundo cálculo do Bradesco, excluindo a China do total de exportações do Brasil, o índice de concentração nos destinos dos embarques caiu para 0,037 em junho de 2009. Esse indicador manteve-se em 0,055 em 2007 e 2008 e alcançou no fim do primeiro semestre o menor nível pelo menos desde janeiro de 2000. Quanto menor o índice de concentração, maior a diversificação das exportações (ver gráfico ao lado).

Octavio de Barros, diretor do departamento de pesquisas do Bradesco, lembra que as exportações de commodities para a China foi o fator que mais sustentou as exportações no primeiro semestre. Um segundo fator, porém, foi a diversificação de destino das exportações.

A variação de compradores no exterior, explica o economista, teve alvo principalmente nos países emergentes. Segundo seus cálculos, excluídas as vendas para a China, os países emergentes representaram 68,6% das exportações totais do primeiro semestre. Barros lembra que, dentro dos 70 países para os quais houve crescimento dos valores exportados nos primeiros seis meses do ano, há apenas quatro - Suíça, Áustria, Islândia e Irlanda - considerados desenvolvidos. Os demais 66 países são emergentes, com destaque para Índia, Iraque, Irã, Somália e Nepal. "Acredito que essa tendência de diversificação continuará no

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segundo semestre, dada a recuperação, ainda que moderada, da economia internacional", diz Barros.

Para alguns setores, a diversificação das exportações é considerada parte crucial de uma estratégia para elevar ou manter um nível de embarques sem maiores quedas no segundo semestre.

Heitor Klein, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), diz que a variação nos destinos dos embarques no primeiro semestre ajudou a impedir uma queda mais forte das exportações do setor. As vendas totais ao exterior do setor calçadista, segundo dados da Abicalçados, tiveram queda de 28,5% de janeiro a junho de 2009 na comparação com o primeiro semestre do ano passado. No mesmo período, cresceu a exportação de calçados para Angola, África do Sul e Egito, com aumentos respectivos de 52,2%, 6,7% e 18,6%. Para a Arábia Saudita, as vendas tiveram aumento de 18,9%.

Segundo Klein, o setor continuará apostando em novos destinos durante o segundo semestre. Para ele, a variação dos países compradores será importante para garantir o mesmo volume de exportação e até um crescimento em relação ao início do ano, mesmo com dólar a menos de R$ 2. "Nosso caminho é a exportação porque não podemos transferir toda a produção para o mercado interno", diz.

A Bibi Calçados diz que hoje exporta para 65 países e a diversificação foi importante no primeiro semestre. A empresa não quis revelar os valores, mas, entre os novos destinos, tem tentado contratos com países como Angola e Moçambique. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento (Mdic), o Brasil aumentou em 30% o valor das exportações de calçados, partes e componentes ao continente africano de janeiro a junho de 2009, na comparação com o mesmo período de 2008.

A fabricante de calçados Via Uno também diz que a diversificação de mercados permitiu à empresa manter os mesmos valores de exportação do ano passado. Segundo Fábio de Oliveira, gerente de exportação da Via Uno, a empresa remete ao exterior 50% do volume vendido. "Nós reduzimos o número de pares destinados ao exterior, mas conseguimos manter em faturamento." A expectativa, diz, é fechar 2009 com o mesmo valor de exportação de 2008. Para isso, a empresa tem tentado vender para mais países do Oriente Médio, Leste Europeu e Ásia. A Via Uno manteve para 2009 os planos de abrir no sistema de franquias mais de 40 lojas no exterior para ampliar seu mercado.

Também do setor de calçados, a gaúcha Bottero, de Parobé, exporta 15% da produção estimada em 4,5 milhões de pares em 2009 (20% a mais do que no ano passado) e também recorre às operações de "hedge", principalmente Adiantamentos de Contrato de Câmbio (ACC), e à ampliação dos mercados no exterior para suavizar os impactos das variações cambiais. "A diversificação de mercados torna a administração das vendas mais complicada, mas nos permite trabalhar com uma cesta mais equilibrada de moedas", disse o gerente-administrativo-financeiro, Marco Antônio Coutinho.

De acordo com ele, 35% das exportações destinam-se à América Latina, outros 35% à Europa e os 30% restantes para Estados Unidos, América Central e África. Há cerca de dez anos os EUA absorviam 70% dos volumes. A Argentina também tinha participação relevante, mas perdeu importância nos últimos quatro anos devido às dificuldades de exportar para o país, explicou Coutinho.

A diversificação também é considerada importante por outros setores. Com 30% do faturamento originado pelas exportações, considerando-se a receita bruta consolidada de R$ 374,5 milhões no ano passado, a Kepler Weber recorre às operações com derivativos e vem procurando aumentar o volume de insumos importados para enfrentar os efeitos das bruscas oscilações do câmbio. A fabricante de silos e equipamentos para armazenagem de grãos

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também pretende buscar novos mercados no exterior para dar mais estabilidade às vendas ao longo do ano.

"Temos que proteger nossas margens", diz o diretor-presidente da empresa, que tem sede em Porto Alegre e unidades industriais em Panambi (RS) e Campo Grande (MS), Anastácio Fernandes Filho.

Já a diversificação de mercados externos tem como objetivo preencher os períodos de baixa sazonalidade de vendas na América Latina, região que absorve hoje até 80% das exportações da empresa, explicou o executivo. Por isso a busca é por novos clientes no hemisfério norte, sobretudo na Europa Oriental, onde o período de safra agrícola é contrário ao do hemisfério sul, disse.

Durante o primeiro semestre, os países da África e do Oriente Médio estão entre os que ganharam participação nas exportações brasileiras. Para Octavio de Barros, o desempenho com os países africanos permite esperar para 2009 um superávit para a balança comercial entre o Brasil e o continente, resultado inédito desde 1995. Ele lembra que a queda no preço do petróleo contribuiu para reduzir os valores das importações originadas do bloco africano. Porém, mesmo excluindo o petróleo no comércio bilateral com o continente, calcula Barros, há um crescimento de US$ 900 milhões no superávit do primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado.

O Oriente Médio também apresenta situação semelhante. A participação do bloco nas exportações do Brasil cresceu de 3,75% para 4,77%, com superávit de US$ 2,05 bilhões no primeiro semestre, bem superior aos US$ 464,37 milhões de saldo do mesmo período de 2008.

Salim Taufic Schahin, presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, lembra que as exportações brasileiras aos 22 países árabes cresceram 4,1% no primeiro semestre, na comparação com janeiro a junho de 2008. No mesmo período as exportações brasileiras totais tiveram uma queda de 22%. Segundo Schahin, o que tem alavancado as vendas brasileiras aos árabes tem sido a ampliação da corrente de comércio com novos países. Também contribuiu o aumento da pauta de exportações. Cerca de 61% das vendas brasileiras aos países árabes ainda estão concentradas em produtos tradicionais como açúcar, carnes e minério de ferro. Ele destaca, porém, o maior comércio bilateral com Líbano e Egito e a venda de produtos novos como gado em pé, aeronaves e manufaturados, como calçados e roupas. Schain acredita que o ritmo de exportações para os países árabes deve continuar forte no segundo semestre.

Rabih Nasser, professor do GV Law, explica que os contratos com novos parceiros comerciais têm sido assinados pelas empresas com base em pagamento antecipado ou carta de crédito irrevogável com bancos de primeira linha. "Isso neutraliza o risco de não receber, mais alto quando se trata de uma nova relação comercial", diz. "Mas os importadores geralmente são grandes empresas que não têm tido dificuldade em conseguir as linhas de crédito junto aos bancos." Segundo Nasser, com compradores tradicionais as condições de pagamento costumam ser mais flexíveis, com recebimentos a prazo, por exemplo.

José Augusto Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), não acredita muito num movimento de diversificação de negócios em momentos de crise, em que a demanda por produtos no mercado internacional ainda está fraca. "A diversificação de mercados só é aplicada quando se fala em manufaturados", diz. Para ele, o raciocínio não se aplica às commodities. "A compra de uma commodity agrícola, por exemplo, depende exclusivamente da vontade do importador. O exportador não tem controle de preço ou da quantidade", defende. Castro acredita que haja um esforço de diversificação mas, para ele, é uma possibilidade ainda mais remota com a valorização do real.

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AMÉRICA LATINA E CARIBE

Carta Capital - Os EUA voltam a pressionar Honduras Aparentemente o governo Obama quer minimizar a impressão de ser leniente ou até mesmo convivente com o golpe em Honduras. Para pressionar os golpistas, os Estados Unidos anularam os vistos diplomáticos de autoridades hondurenhas que apoiaram a deposição de Manuel Zelaya. Perderam o privilégio, entre outros, Tomás Arita, juiz da Suprema Corte, e Adolfo Lionel Sevilla, ministro da Defesa.

Os EUA esperam, assim, empurrar os partidários de Roberto Micheletti, o chefe do gabinete golpista, para uma solução negociada. A proposta da Organização dos Estados Americanos (OEA), ainda de pé, prevê o retorno imediato de Zelaya ao cargo, mas com poderes limitados, a antecipação das eleições de novembro para outubro e a proibição ao presidente deposto de tentar mudar a legislação e concorrer a um segundo mandato. Na quarta-feira 29, grandes conglomerados norte-americanos como a Nike criticaram o golpe e pediram uma “saída democrática”.

Valor Econômico - Paraguai quer rever acordo de usina com a ArgentinaMercosul: País quer reduzir dívida da hidrelétrica binacional de Yacyretá

Rodrigo Uchoa, de São Paulo

Autoridades e políticos paraguaios querem aproveitar o "bom momento", após a renegociação dos preços pagos pelo Brasil pela energia de Itaipu, para centrar o foco na renegociação do acordo da hidrelétrica de Yacyretá. A usina foi construída com a Argentina em moldes semelhantes ao de Itaipu, com a constituição de uma empresa binacional e a venda para os argentinos de toda a energia não utilizada pelo Paraguai.

Os paraguaios querem uma redução de 60% da dívida de US$ 15 bilhões que a Entidade Binacional Yacyretá (EBY) tem com o governo argentino. Segundo o governo, a dívida leva em conta juros de mercado, o que seria proibido pelo acordo entre os dois países.

A EBY calcula que, assim que Yacyretá estiver produzindo com sua capacidade total, o Paraguai receberá cerca de US$ 800 milhões por ano pela energia elétrica que será enviada à Argentina. Entretanto esse valor não seria suficiente nem para pagar os juros sobre a dívida assumida para a construção da hidrelétrica.

No começo da semana passada, deputados do Partido Pátria Querida, de oposição ao presidente Fernando Lugo, pediram ao governo do Paraguai que inicie negociações com a Argentina. Em reunião com o ministro das Relações Exteriores paraguaio, Héctor Lacognata, os deputados pediram que o diálogo com a Argentina siga o exemplo do que foi estabelecido com o Brasil sobre Itaipu.

Lacognata afirma que os governos de Paraguai e Argentina já concordaram em constituir uma comissão para analisar a dívida da hidrelétrica. Entretanto o anúncio da comissão não serviu para acalmar nem mesmo os diretores de Yacyretá indicados pelo próprio governo paraguaio.

Carlos Cardozo, diretor paraguaio da EBY, concorda com a avaliação de que "o sucesso da negociação com o Brasil" deveria ser aproveitado para impulsionar uma negociação com a

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Argentina. "Não podemos esperar muito, inclusive porque há uma boa vontade por parte da Argentina", afirmou Cardozo.

"O tratado [para a construção da hidrelétrica] diz que não incidiriam juros sobre o investimento aportado por cada país. Do modo em que está hoje, com juros, a dívida é impagável apenas com a produção de Yacyretá. Sem os juros, poderíamos ir pagando a dívida com a produção."

No início do ano, o ministro de Planejamento da Argentina, Julio De Vido, disse que seu país estava pronto a negociar a questão, e que faltaria apenas um pedido oficial do Paraguai para iniciá-las, segundo Cardozo.

O diretor da EBY afirma que os preços que a Argentina paga pela energia da hidrelétrica são razoáveis, de cerca de US$ 10 por MW/h. Com a recente negociação de Itaipu, o Paraguai passará a receber mais ou menos isso pelo MW/h da binacional com o Brasil.

Yacyretá ainda não está produzindo em sua capacidade total, o que só deve ocorrer com o fim das obras remanescentes, em 2011.

O caso de Itaipu criou tamanho clima de excitação no Paraguai que o próprio presidente do país, Fernando Lugo, comparou a situação da hidrelétrica na fronteira com o Brasil à do Canal do Panamá, que após ter sido controlado pelos EUA durante quase um século voltou às mãos do governo local em 1999. "O Panamá nos serviu de inspiração, porque eles conseguiram sua soberania sobre o canal em relação aos Estados Unidos", disse Lugo.(Com agências internacionais)

Folha de S. Paulo - Mãozinha/Vista grossa/Feira bolivariana/Painel Vera MagalhãesMorales quer transformar a visita de Lula à região cocaleira do Chapare, seu berço político, em ato de campanha à reeleição -o país vai às urnas em dezembro.

O marketing do uso tradicional da coca, embutido pelo governo boliviano na visita, divide especialistas. A região é uma das que mais abastecem o Brasil de cocaína. A agenda, que teve aval do Itamaraty, não inclui o tema narcotráfico.

ContrapontoNa cúpula de chefes de Estado do Mercosul e países associados realizada no ano passado em Tucumã, na Argentina, o presidente Hugo Chávez (Venezuela) comentou ter ouvido de Evo Morales (Bolívia) elogios às laranjas "bastante doces" da cidade.-Na verdade, Tucumã é um polo produtor de limão -, corrigiu a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em sua vez de discursar.Ao ouvir a explicação, o presidente Lula rebateu na hora, levando os presentes às gargalhadas:- Chávez, estou decepcionado com a sua cultura cítrica. Você não consegue nem diferenciar laranja de limão...

O Estado de S. Paulo - Correa nega laços com rebeldes AFP e Reuters

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Em entrevista publicada ontem pelo jornal colombiano “El Tiempo”, o presidente do Equador, Rafael Correa, voltou a negar que tenha laços com as Farc. Ele assegurou que as acusações não passam de tentativas para desmoralizar seu governo. "Nunca conheci nenhum membro das Farc", disse, rebatendo acusações de que a guerrilha teria financiado sua campanha em 2006. "Para justificar aquele bombardeio traidor, querem que passemos como amigos das Farc", afirmou o presidente, referindo-se ao ataque colombiano a um acampamento da guerrilha no Equador, em 2008. "Os serviços de inteligência colombianos são muito bons, eles sabem que eu e meu governo não estamos ligados com as Farc. Mas se trata de uma questão de geopolítica, de tentar desmoralizar um governo de outra tendência", disse Correa a 'El Tiempo'. No sábado, Correa disse que seu governo "é o próximo que querem desestabilizar" depois do golpe em Honduras contra o presidente Manuel Zelaya. Ele denunciou que há "uma orquestração internacional" que está tentando prejudicar seu governo.

O Globo - Rádios denunciam ofensiva de Chávez Presidente de associação diz que líder venezuelano prepara pacote cubano

Janaína Figueiredo Correspondente

BUENOS AIRES. Depois de ter ordenado o fechamento de 34 estações de rádio na noite de sexta-feira passada, o governo do presidente Hugo Chávez dará impulso esta semana a um polêmico projeto de lei sobre “delitos midiáticos”, que começará a ser debatido na Assembleia Nacional amanhã. Durante todo o fim de semana, representantes das rádios que saíram do ar denunciaram uma ofensiva do governo chavista contra os meios de comunicação privados do país, que incluiria o fechamento de outras rádios e canais de TV, além da aprovação de projetos de lei que limitariam a liberdade de expressão.

Sábado passado, centenas de pessoas participaram de uma manifestação em Caracas, em repúdio à medida adotada pela Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), comandada pelo ministro de Obras Públicas, Diosdado Cabello, um dos funcionários mais poderosos do Gabinete chavista.

— O governo está preparando um pacote cubano, com medidas que buscam transformar nosso país em Cuba, onde existe apenas uma estação de rádio, um canal de TV e um jornal — denunciou ao GLOBO o presidente da Câmara Venezuelana de Radiodifusão (CVIR), Nelson Belfort.

Das dez rádios que integram o Circuito Nacional Belfort (CNB), cinco saíram do ar sexta passada. As emissoras, que continuam transmitindo via internet, tinham uma grande audiência em cidades como Caracas, Maracaibo (capital do estado de Zulia), Valencia, e no estado de Táchira, distritos nos quais o chavismo foi derrotado nas eleições legislativas de novembro.

— Estamos fazendo um alerta ao país e ao mundo, porque a luta está apenas começando — afirmou Belfort.

Segundo o presidente da CVIR, “é um absurdo dizer que existe latifúndio midiático na Venezuela, quando o próprio ministro Cabello confirmou que 27 famílias controlam 30% do espectro radioelétrico”.

— Nosso grupo tem 10 rádios, de um total de mais de mil, isso não é latifúndio — argumentou Belfort, que confirmou a decisão das emissoras de recorrerem ao Supremo Tribunal de Justiça, apesar “da escassa divisão de poderes que existe no país”.

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Ontem, militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela organizaram uma manifestação em frente à Conatel para defender a ofensiva do governo chavista. Durante o protesto, Cabello reiterou que “o espectro radioelétrico será democratizado, doa a quem doer”.

— O Estado está recuperando concessões que estavam sendo usadas de forma ilegal há mais de 30 anos — afirmou o ministro chavista.

A acusação do governo foi desmentida pelos donos das emissoras afetadas pela medida.

— Nossos contratos tinham sido renovados, em alguns casos até 2012. É inexplicável que tenham nos enviado uma carta simplesmente dizendo que nossas rádios deviam ser fechadas — questionou Belfort.

A Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), com sede em Montevidéu, condenou a ação do governo Chávez e exigiu o “restabelecimento do regime constitucional”.

A AIR pediu à comunidade internacional “a ativação dos mecanismos previstos na Carta Democrática Interamericana” e o “restabelecimento dos direitos humanos severamente alterados no país”.

O Globo - Cuba anuncia corte de gastos em educação e saúde Raúl Castro quer redefinir modelo econômico, mas dentro do socialismo

HAVANA. O presidente de Cuba, Raúl Castro, anunciou no fim de semana cortes de gastos em dois setores que estão entre os maiores orgulhos do governo comunista da ilha: saúde e educação.

Raúl, que substituiu o irmão Fidel Castro na Presidência no ano passado e desde então vem implementando reformas graduais no país, disse que os gastos estatais são “simplesmente insustentáveis” e que será necessário reorganizar as escolas rurais e reavaliar o sistema público de saúde para encontrar meios de economizar verbas. Mas o presidente cubano avisou que não haverá mudanças significativas no regime, mesmo depois que ele e Fidel morrerem. E alertou que, mesmo com mudanças no modelo econômico, o país se manterá socialista.

— Não fui eleito presidente para trazer de volta o capitalismo a Cuba ou para entregar a revolução — disse Raúl Castro no encerramento da sessão ordinária da Assembleia Nacional, anteontem. — Fui eleito para defender, construir e aperfeiçoar o socialismo, não para destruí-lo.

“Devemos respeitar mutuamente nossas diferenças” Os comentários foram uma resposta aos pedidos da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que solicitou mais reformas econômicas e sociais em Cuba antes que os dois países pudessem estreitar relações.

Raúl Castro admitiu que o novo governo dos Estados Unidos, liderado por Barack Obama, é menos agressivo do que o de George W. Bush e reforçou ser a favor de melhorar as relações com Washington. Mas Raúl garantiu que Cuba não caminha para voltar ao capitalismo e que manterá sua vocação socialista.

— Estamos prontos para falar de tudo, repito, tudo, mas daqui de Cuba e lá dos Estados Unidos, não a negociar nosso sistema político e social.

Não pedimos isso aos Estados Unidos, devemos respeitar mutuamente nossas diferenças — disse.

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As medidas anunciadas ontem fazem parte de um pacote mais amplo para reduzir os gastos do Orçamento.

Raúl não entrou em detalhes sobre as mudanças nos setores de saúde e transportes, mas anunciou que a partir de setembro haverá uma realocação de alunos de escolas rurais.

O Globo - Ponte da amizade / coluna Panorama Político

Ilimar Franco

Além do acordo sobre Itaipu, o presidente Lula fechou com o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, a regularização da atividade de sacoleiro. A cota por pessoa será de R$ 20 mil por mês de taxação, de 25. O Paraguai queria alíquota de 18% e a Receita Federal, 35%. A lei foi publicada no Diário Oficial da União em janeiro, mas não havia sido regulamentada até hoje. O projeto sofreu forte resistência do empresariado.

Jornal do Brasil - Cresce contrabando de cigarros ''hermanos'’ Luciana Abade, Jornal do BrasilBRASÍLIA - No primeiro trimestre deste ano, apenas nas regiões Oeste e Sudoeste do estado do Paraná – especialmente em Cascavel – foram apreendidos mais de 4,5 milhões de maços de cigarros contrabandeados do Paraguai. Para se ter uma ideia do aumento do crime, em ano passado o governo apreendeu, no total, 7,5 milhões de maços – levando-se em conta a caixa com 20 unidades, foram 150 milhões de cigarros.

Aproximadamente 45% dos cigarros consumidos no Brasil são oriundos do contrabando. E um fato chama atenção: boa parte dos insumos utilizados para a produção pela indústria paraguaia é importada do Brasil. Do total de fumo importado pelo Paraguai até junho deste ano, por exemplo, 60% foram provenientes do Brasil

O Paraguai produz atualmente aproximadamente 40 bilhões de cigarros por ano. Apenas três bilhões são para consumo interno e cerca de 19 bilhões são exportados ilegalmente para o Brasil. Mesmo com o recente aumento do PIS-Cofins e do IPI incidentes no cigarro brasileiro, a perda de arrecadação é de aproximadamente R$ 1,2 bilhão por ano. E não é possível precisar os prejuízos para o mercado de trabalho.

– O cigarro contrabandeado não gera empregos e não paga impostos. A concorrência tem sido muito desleal – afirma o diretor de Planejamento Estratégico da Souza Cruz, Paulo Ayres. – Com os impostos cobrados sobre o cigarro, que no Brasil chegam a 85% do produto, é impossível cobrar menos de R$ 2,20 por um maço. E você encontra cigarros de até R$ 1 por aí.

Segundo Ayres, o Brasil tem feito um bom trabalho de fiscalização, mas a longa fronteira entre os dois países dificulta a repressão aos criminosos.

O fundador da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), Fernando Ramazzini, concorda que a extensão da fronteira seja o principal entrave para o combate a esse crime:

– Se você pegar toda a polícia brasileira, não cobre 10% da fronteira – exagera. – Deveríamos reforçar as relações com o governo do Paraguai para que ele nos ajude a combater os contrabandistas. O problema é que teremos que ouvir que o contrabandista é o brasileiro que vai lá comprar o cigarro.

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Apesar da indústria brasileira ser uma das principais fornecedoras de matéria-prima para os fabricantes paraguaios, Ramazzini desconhece uma medida legal que possa ser tomada contra elas, uma vez que os produtos que saem daqui são legais e taxados.

Para o delegado da Polícia Federal em Cascavel, Algacyr Mikalovski, além da fronteira, existe um problema no sistema legal que favorece o contrabando de cigarros: a penalidade para quem comete o crime do contrabando – atravessar a fronteira com produto não permitido – é o mesmo para quem pratica descaminho – atravessar a fronteira com produtos permitidos, mas sem o pagamento de tributos. E, por isso, o delegado defende mudanças no artigo 334 do Código Penal para punir com mais rigor o contrabando de produtos que causem mal à saúde.

De maneira geral, o foco da discussão acerca do contrabando de cigarros no Brasil sempre esteve focada na questão tributária, deixando de lado os males que esse produto acarreta à saúde da população.

Laudo encaminhado pela Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) à Polícia Federal mostra que, na composição do cigarro paraguaio, estão presentes diversos componentes malignos à saúde do consumidor, dentre os quais bicho do fumo, plásticos e inseticidas proibidos no Brasil há mais de 20 anos, por serem cancerígenos.

TEMAS POLÍTICOS

Época - 'O Brasil é parte das soluções globais'' /entrevista Isabel Clemente e Paulo Moreira LeiteENTREVISTA – CLIFFORD SOBEL O embaixador dos EUA em Brasília diz que o país se tornou um interlocutor indispensável no mundo

Depois de três anos no Brasil, o embaixador dos Estados Unidos, Clifford Sobel, prepara-se para deixar o posto e, quem sabe, estabelecer residência no Brasil. Com português incipiente, o ex-executivo de empresas fala do Brasil com um tom apaixonado. A família pode vir a morar em São Paulo devido ao envolvimento da embaixatriz Barbara Sobel com um trabalho filantrópico que levanta dinheiro para a compra de mamógrafos doados à rede pública de saúde. “Não é preciso ser brasileiro para perceber quanto o Brasil é especial”, diz Sobel. Ele vê uma evolução importante na relação entre os dois países. Na semana passada, enquanto limpava as gavetas e se mobilizava para defender os interesses da fabricante Boeing na concorrência dos caças da Força Aérea Brasileira (FAB), Sobel recebeu ÉPOCA.

QUEM É Embaixador dos EUA no Brasil desde 2006, Sobel tem 60 anos, é casado e tem três filhos

ONDE ESTUDOU É formado em administração de empresas pela Universidade Nova York (Tisch School)

O QUE FEZFoi embaixador dos EUA na Holanda, nomeado por George W. Bush. Antes da carreira diplomática, presidiu a Net2Phone, uma das maiores provedoras de serviços telefônicos pela internet dos EUA

ÉPOCA – O que mudou em sua percepção sobre o Brasil depois de três anos como embaixador aqui?

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Clifford Sobel – O Brasil hoje é uma ilha de estabilidade financeira e política. Um país muito mais voltado para fora do que anos atrás. Não só porque abriu mais embaixadas, ou porque o presidente Lula viaja mais, ou por causa de suas relações mais próximas com a África. Mas por suas empresas multinacionais, por exportar sua cultura, música, arte, literatura. Isso se reflete na recepção do Brasil lá fora. O Brasil hoje tem de ser parte da solução de todas as questões que nos afetam globalmente. O Brasil tem um papel-chave a cumprir na crise financeira mundial. Como segundo maior exportador de alimentos do mundo, o Brasil tem de estar na discussão da segurança alimentar. Em energia também, por causa dos biocombustíveis, da matriz energética rica e limpa e das recentes descobertas de petróleo e gás natural. Na questão da mudança climática, o mundo não tem como enfrentar esse problema sem tratar das florestas, e o Brasil é um dos países mais bem preparados para liderar nessa área.

ÉPOCA – Somados todos esses papéis, há um lugar para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU? Sobel – Essa mudança é algo que terá de ser votado pela Assembleia-Geral da ONU, e não por um único país. Todos concordamos que o Conselho de Segurança precisa ser reformado e aumentado, sim. Como chegaremos lá é do que estamos tratando hoje. E o Brasil tem de participar dessa discussão.

ÉPOCA – Como resultado da crise econômica mundial, haverá o encolhimento da hegemonia americana e a ascensão de outras nações, como o Brasil? Sobel – Vamos dar um passo atrás para analisar dois episódios de sucesso. Primeiro, a Cúpula das Américas e o encontro da Organização dos Estados Americanos (OEA), que contou com a participação de Cuba, depois de 15 anos de exclusão, mostrando a eles um caminho para construir uma rota para a democracia e o respeito aos direitos humanos e reconquistar um lugar na OEA. Essa é tipicamente uma situação de interesse de todas as democracias da América. Outro ponto importante, que vem sendo enfatizado pela secretária Hillary Clinton (secretária de Estado dos EUA) em seus discursos, é que os Estados Unidos precisam de parcerias. Nenhum país tem o monopólio da sabedoria ou da habilidade de lidar com os problemas que afetam a todos nós. O presidente Obama disse o mesmo, que todo país pode e deve contribuir.

ÉPOCA – Esses três anos foram muito ricos em episódios que mudaram a forma de governar em muitos países da América Latina. O senhor vê ameaças à democracia na região? Sobel – Todos temos de estar eternamente vigilantes para garantir os fundamentos da democracia, que incluem educação, imprensa livre e a liberdade de expressão. Também temos de garantir que ninguém fique para trás porque essas são as sementes da instabilidade. Ficou em minha mente – porque foi um dos tópicos discutidos no primeiro encontro dos presidentes Lula e Obama – que é preciso trabalhar juntos para nenhum país ficar para trás por causa da crise financeira.

ÉPOCA – O senhor mencionou sementes de instabilidade. O senhor vê motivos para preocupação? Sobel – Sempre precisamos fazer mais. Há muita gente que não ganha o suficiente, daí a importância das parcerias público-privadas. Os governos não conseguem atuar sozinhos, embora eles devam liderar. Sem prosperidade, você cria as sementes da instabilidade. Por isso, é importante cuidar dos países em desenvolvimento.

ÉPOCA – Nos EUA, há mapas que apresentam a Amazônia como uma zona internacional, como se não fosse parte do Brasil. Muitos americanos ainda pensam que a Amazônia não deveria pertencer ao Brasil? Sobel – Não, pelo contrário. Assim como os EUA não querem ser tutelados sobre o que fazer a respeito do Mississippi, respeitamos o fato de o Brasil ter a mesma posição. A Amazônia é um tesouro, todos querem ajudar, mas só um país é dono da Amazônia.

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ÉPOCA – A preservação da Amazônia é um tema que deve ser tratado pela comunidade internacional? Sobel – Essa é uma questão que nos afeta a todos, e todos temos de ser parte da solução. O Brasil é um dos líderes das nações emergentes e, de longe, o dono da maior fatia da Amazônia. A Amazônia é território brasileiro, e o Brasil é uma nação soberana. No entanto, coletivamente precisamos trabalhar juntos para estabelecer metas, reduzir emissões de gases do efeito estufa, fazer negociações no mercado de carbono. Esse é um debate político nos Estados Unidos, como aqui. Tanto o Brasil como os Estados Unidos desenvolveram suas próprias visões sobre o clima e as emissões de gases, e é muito importante que façamos isso de forma orquestrada. Esse foi um dos temas tratados pela ministra Dilma Rousseff em sua última visita aos Estados Unidos.

ÉPOCA – Depois de três anos no Brasil, o senhor mudou a forma de encarar esse tema? Sobel – Com certeza, ele é muito mais complexo do que eu poderia imaginar. Essa discussão envolve os povos da floresta, as muitas ONGs e os governos com seus variados planos e programas. O mais importante é que os grandes grupos econômicos se tornaram também uma referência com propostas que todos podemos discutir.

ÉPOCA – Como será o futuro da relação entre Brasil e EUA? Sobel – Já tivemos no passado grandes momentos de cooperação como no tempo da Aliança para o Progresso (programa de cooperação com a América Latina lançado pelo governo John Kennedy nos EUA). Mas na época o Brasil era um país muito diferente deste que vemos hoje. Em vários sentidos, tornou-se um parceiro mais igualitário. Para ser um parceiro real, só estabelecendo relações mais paritárias. Os EUA mantêm relações especiais com muitos países, mas sempre teve um país específico muito importante como interlocutor de uma determinada região. Quando você olha para a América Central e do Sul, apenas o Brasil é capaz de ser nosso parceiro natural não só porque somos países construídos por imigrantes ou de dimensões continentais. Somos do novo mundo, amamos a cultura e a sociedade um do outro. Somos países que gostam de correr risco, de gente empreendedora. Depois de passar três anos aqui, estou tão seguro de que os dois países têm muito em comum e mais ainda a dividir no futuro. Essa é uma relação que só tende a melhorar.

Época - Esta relaçao causa ciúme Murilo RamosA relação Brasil-França causa polêmica

A proximidade de Lula com o francês Nicolas Sarkozy poderá ser decisiva na escolha do fabricante que vai fornecer 36 caças supersônicos para o Brasil

A cantora Carla Bruni deixou de ser a única companhia do presidente da França, Nicolas Sarkozy, a provocar inveja em seus pares. Nos próximos dias, o Brasil deverá anunciar um investimento de pelo menos US$ 4 bilhões na compra de 36 caças supersônicos. A disputa envolve a francesa Dassault, a americana Boeing e a sueca Saab. Às vésperas da decisão, Sarkozy provoca suspiros de admiração por sua proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora o nome do eventual vencedor seja um segredo de valor incalculável, quem convive nos bastidores dos grandes negócios de Brasília tem a impressão de que o governo brasileiro já se decidiu pela Dassault. Isso explicaria o esforço notável de suecos e americanos para recuperar o terreno perdido nos últimos dias. Nesta semana, o general americano James Jones desembarca no país para uma série de conversas com autoridades civis e militares. Jones é o principal assessor do presidente Barack Obama para assuntos de segurança nacional.

Ainda que a Força Aérea Brasileira (FAB) sustente que está fazendo uma escolha técnica, alguns componentes políticos trabalham a favor dos franceses. Um deles seria o apoio de Paris

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ao esforço de Brasília para ganhar assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Outro sinal foi a compra de helicópteros e submarinos franceses, numa disputa na qual, conforme vários analistas, os alemães fizeram uma oferta considerada melhor em vários aspectos.

Até agora, a disputa entre o americano F-18 (Boeing), o francês Rafale F-3 (Dassault) e o sueco Gripen NG (Saab) vinha sendo travada de forma serena. A temperatura esquentou na semana passada. Um mês depois de as empresas terem encaminhado suas ofertas finais à FAB, o governo americano partiu para o ataque. Em conversas com autoridades brasileiras, passou a sustentar que o F-18 dispõe de tecnologias que estão em um patamar “significativamente superior” ao que é oferecido pelos concorrentes.

ÉPOCA teve acesso a um documento da Embaixada dos Estados Unidos em que ela afirma que seu governo tem condições de comparar as ofertas dos três países porque parte da tecnologia usada por suecos e franceses é americana. Conforme o documento, “o governo americano aprovou a transferência de tecnologia americana existente nas propostas da Suécia e da França”. Ou seja: embora se apresentem como fornecedores de um produto próprio, suecos e franceses estariam, em determinados aspectos, servindo de intermediários da tecnologia americana. O diretor da Gripen no Brasil, Bengt Jáner, disse que há componentes americanos no avião sueco, mas ressaltou que seu caça será mais avançado que o produzido pela Boeing. “Nossa aeronave não está ‘congelada’. Em pouco mais de um ano, será a mais moderna do mercado. O F-18 já ‘congelou’ sua configuração há algum tempo. Também temos interesse em substituir tecnologias americanas por brasileiras”, disse. A Dassault afirma que todos os componentes militares do Rafale são desenvolvidos pela França. Afirmou ainda que outros componentes americanos usados no Rafale não precisam do aval americano para ser vendidos.

O governo americano rebate: diz que há, sim, tecnologia americana em sistemas eletrônicos e de segurança e em componentes de navegação do Rafale. Afirma que o Rafale só pode ser vendido por causa de autorizações já despachadas pelo Congresso americano. “Isso é uma novidade mundial”, diz uma autoridade envolvida na negociação. “Os franceses não gostam de admitir o uso de certa tecnologia americana em seus aviões.”

Principal porta-voz dos interesses americanos na matéria, o general James Jones desembarca em Brasília para uma conversa que vai muito além dos aviões. Jones pretende agradar a seus interlocutores ao lembrar o reconhecimento de Barack Obama pela liderança do Brasil no continente. (Seria mais fácil se Obama fosse a favor do assento brasileiro no Conselho de Segurança.) Jones vai defender a construção de uma aliança militar entre o Brasil e os Estados Unidos.

Um ponto crítico dessas negociações é a transferência de tecnologia. Vários países fazem compras em Washington, mas sem condições de aproveitá-las para ampliar seu conhecimento. Os americanos dizem que essa fase foi superada. Numa conversa recente com Lula, Obama deixou claro que a transferência de tecnologia estará assegurada. Jones vai dizer o mesmo.

Apontado como o mais animado defensor da opção francesa, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, chegou a fazer um teste em velocidade moderada em um Rafale. Ele também visitou a Boeing nos EUA. Com a sintonia fina dos diplomatas, funcionários do governo americano se queixam que, de uns tempos para cá, Jobim tem se mostrado frio no tratamento.

Para Expedito Bastos, especialista em assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, os 36 caças são insuficientes para suprir as necessidades brasileiras, mas a compra levará o país a outro estágio de tecnologia. “A última vez em que tivemos caças modernos foi no início dos anos 70, quando compramos os Mirages III da França. Os caças que usamos hoje, com tecnologia do fim dos anos 80, não estão aptos a defender o Brasil”, diz.

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O Estado de S. Paulo - Cuba quer laços com EUA, mas sem deixar o socialismoAFP, AP e Reuters

O presidente cubano, Raúl Castro, afirmou que não vai mudar o sistema comunista da ilha para reatar relações com os EUA, mas deixou claro que está disposto a discutir todos os problemas com o governo americano. Durante um discurso na Assembleia Nacional Cubana, no sábado à noite, Raúl afirmou que os EUA sob o comando de Barack Obama são menos agressivos em relação à Cuba, mas criticou secretária de Estado Hillary Clinton por ter dito que Washington esperava que Havana realizasse mudanças para que os laços fossem restabelecidos. "Tenho de dizer, com todo o respeito à senhora Clinton: não me elegeram presidente para restaurar o capitalismo em Cuba e nem para desistir da revolução. Fui eleito para defender, manter e dar continuidade ao socialismo, não para destruí-lo", disse, arrancando aplausos dos políticos que estavam no local. "Estamos prontos para conversar sobre qualquer assunto, mas não vamos negociar nosso sistema político e social."Defensor da retomada do diálogo com Cuba, Obama já aliviou o embargo contra a ilha, que já dura 47 anos, ao permitir que cubano-americanos viajem e enviem dinheiro para a ilha. Washington também voltou a discutir com Havana questões sobre imigração - suspensas durante o governo do presidente George W. Bush. No entanto, Obama e Hillary já afirmaram que novas melhorias na relação entre os dois países só seriam feitas após Havana avançar em questões como direitos humanos e política para presos."É verdade que estamos presenciando uma redução no nível de agressão e na retórica anti-Cuba no governo americano", disse Raúl para, em seguida, lembrar que o embargo de 47 anos contra seu país continua em vigor.

CORTES DE GASTOSAlém de tratar da relação com os EUA, Raúl também usou seu discurso para dar péssimas notícias econômicas. Por causa da crise - a pior desde 1990 - seu governo cortou gastos em educação e saúde. Para isso, o sistema de escolas rurais será revisto e outras medidas serão tomadas para economizar no sistema de saúde.Raúl também lembrou que as exportações de produtos essenciais para Cuba, como o níquel, caíram significantemente este ano e afirmou que o turismo enfrenta um paradoxo, com um aumento no número de visitantes, mas também com uma receita menor.Entre os planos para 2010 anunciados por Raúl estão balancear os pagamentos de funcionários sem criar déficits e priorizar a produção de bens e serviços no país para atrair moeda forte. Raúl também fez uma menção pouco comum sobre o futuro de Cuba sem seu irmão Fidel - algo que funcionários do governo raramente fazem -, ao ironizar "os que pensam que o sistema político cubano vai entrar em colapso após a morte de Fidel". "Se é assim que eles pensam, estão fadados ao fracasso", disse. Fidel tem 82 anos e está afastado do governo desde que foi operado do intestino, há três anos. O ministro da Economia e Planejamento Marino Murillo Jorge, afirmou, em entrevista ao jornal Granma, que haverá mais descentralização na área econômica. A maior reforma de Raúl desde que assumiu o poder foi descentralizar as decisões sobre a agricultura. Ele também alterou o sistema de pagamento de salário, para incentivar os cubanos a trabalhar mais.

O Estado de S. Paulo - Choques mataram 700 na Nigéria, diz Cruz VermelhaAP e Reuters

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Mais de 3.500 foram feridos em conflito entre governo e seita radicalOs cinco dias de confrontos entre as forças de segurança da Nigéria e os membros de uma seita radical islâmica na cidade de Maiduguri, no norte da Nigéria, deixaram mais de 700 mortos e 3.500 feridos, segundo a Cruz Vermelha local. O grupo radical denominado Boko Haram defende a imposição da sharia (lei islâmica) na Nigéria, o país mais populoso do continente africano. Os problemas intensificaram-se em 26 de julho no Estado de Bauchi, quando os membros da seita foram presos após atacar uma delegacia de polícia na cidade de Maiduguri, capital do estado. Em resposta, seguidores do Boko Haram, armados com machetes, facas, fuzis e bombas caseiras, atacaram diversas cidades da região.Na quinta-feira, a morte do líder da seita, Mohamed Yusuf, foi anunciada pela polícia. Primeiro policiais alegaram que Yusuf havia sido morto durante sua captura. Em seguida, modificaram a versão inicial e informaram que ele tinha sido morto a tiros, durante uma tentativa de fuga da prisão, na cidade de Maiduguri. No dia seguinte, centenas de pessoas se reuniram para ver o corpo de Yusuf, que estava exposto diante da delegacia com corpos de outros membros da seita Boko Haram. Na ocasião, vários grupos de direitos humanos condenaram a morte de Yusuf, alegando que as condições se assemelhavam a um crime de execução. Ampliando as suspeitas que recaem sobre a polícia, a rede britânica BBC divulgou ontem uma foto que mostra Yusuf vivo durante a captura pelo Exército nigeriano. A imagem seria a prova que derruba as versões apresentadas pela polícia de que o líder teria sido morto em combate ou durante uma tentativa de fuga.Na foto, Yusuf está com um ferimento na região superior do braço esquerdo, fato que foi confirmado pelo comandante da operação contra o grupo Boko Haram, o general Ben Ahanoto. A ONG Human Rights Watch na Nigéria convocou uma investigação imediata para apurar a causa da morte de Yusuf.

CALMANo sábado, as pessoas voltaram a circular livremente pelas ruas da cidade, sem medo de novos atos de violência. Os bancos reabriram e os soldados começaram a retirar os bloqueios das ruas. Mas as autoridades reafirmam que as buscas pelos seguidores da seita continuam.Durante os confrontos, foi encontrado um grupo de mulheres e crianças que estava sendo mantido refém pelos membros da seita, em Maiduguri. Oficiais informaram que as 140 pessoas em cativeiro estavam em condições deploráveis, com suspeitas de pneumonia, febre, alergias e outras doenças.Mesmo a população muçulmana da Nigéria rejeita a visão radical do Boko Haram. Até mesmo o grupo muçulmano Jama?atu Nadril Islam condenou a ascensão da seita e manifestou apoio à polícia nigeriana.

Época - A curva errada feita pelos EUA no Afeganistão Rory Stewart foi um dos mais engajados na liberação do Afeganistão. Quando ele escreve sobre o assunto, deve-se prestar muita atenção. Cito sua exposição do problema: “Os responsáveis pelas políticas veem o Afeganistão por meio das categorias de contraterrorismo, contrainsurgência, estabelecimento de um Estado e desenvolvimento econômico. Essas categorias são tão ligadas que se pode pô-las em qualquer sequência ou combinação. É preciso derrotar o Taleban para estabelecer um Estado e é preciso estabelecer um Estado para derrotar o Taleban. Não pode haver segurança sem desenvolvimento nem desenvolvimento sem segurança. Se houver Taleban, haverá terroristas, se não houver desenvolvimento, haverá terroristas, e, como diz Obama, “se você tem espaços não governados, eles se tornam portos seguros para terroristas”.

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Faz algum tempo que não vou ao Afeganistão, mas está ficando mais difícil evitar a impressão de que uma curva errada foi feita em algum ponto da estrada lá atrás. Ou talvez uma série de curvas erradas: alguma combinação de perder a “guerra das drogas”; confiar demais em ataques aéreos que prejudicam a população civil; ceder regiões de fronteira ao Taleban e seus patrocinadores paquistaneses; e fracassar no combate à corrupção, ao empreguismo e à apatia no governo de Hamid Karzai.

Stewart aponta para a improbabilidade de que um “reforço” seja capaz de reverter essa situação. Não há grupos políticos de massa no Afeganistão, e Cabul não possui a força relativa e a legitimidade de Bagdá. Grupos tribais afegãos não são abordáveis do mesmo modo que os sunitas iraquianos, e eles não exibem o mesmo nível de coesão e legitimidade. É nessas circunstâncias que o Taleban foi capaz de emular alguns dos sucessos dos mujahedins antissoviéticos, posando como defensor do islã e inimigo da intervenção estrangeira e tornando-se um governo virtual em algumas províncias e aldeias.

No entanto, o quadro não é tão escuro. O Taleban enfrenta uma desvantagem que os mujahedins anteriores não enfrentaram: eles já foram o governo do Afeganistão, e não foram amados por isso. Um número incontável de pessoas, especialmente mulheres e habitantes de cidades, tem horríveis lembranças de seu governo cruel e burro. Muitos afegãos fugiram do país e só voltaram quando o Taleban foi derrubado. É pouco provável que várias minorias étnicas e religiosas que também sofreram cruelmente se submetam a um novo controle taleban. Stewart nota isso:

“As populações hazara, tadjique e uzbeque são mais ricas e poderosas do que eram em 1996 e resistiriam com força a tentativas do Taleban de ocupar suas regiões. O Exército Nacional Afegão é razoavelmente eficaz. O Paquistão não está em posição de apoiar o Taleban como antes. Seriam necessários menos soldados e aviões para tornar difícil para o Taleban montar um exército como fez em 1996.”

Isso me lembra do que o grande radical galês Aneurin Bevan disse aos conservadores britânicos durante a crise de Chipre no fim dos anos 1950. O governo não parecia saber, ele ressaltou, se queria manter uma base em Chipre ou ter a ilha toda como uma base. Estendendo a analogia, os americanos não podem moldar os acontecimentos no Afeganistão sem se tornar responsáveis pela administração do país e da sociedade inteiros?

Novamente Stewart: “Uma redução no número de soldados e um afastamento em relação à meta de um Estado não significam retirada total: bons projetos podem ser realizados em eletricidade, água, irrigação, saúde, educação, agricultura, desenvolvimento rural...” Na frente militar, a Al Qaeda pode ser mantida fora do Afeganistão – mesmo ao preço de empurrá-la para o Paquistão – por meio de tropas especiais e vigilância aérea. Se outro porto seguro for concedido a ela pelo Taleban, forças estacionadas em países vizinhos poderão atacá-la.

O problema é que, na ansiedade de se defender de acusações de fraqueza em relação ao Iraque, Obama pode ter prometido mais do que pode entregar no Afeganistão. Do jeito que está, os americanos estão agora comprometidos com um enorme aparato de segurança afegão a um custo que continua a crescer todo dia, enquanto os aliados da Otan ficam cada vez mais irritados. Por fim, diferentemente do Iraque, o Afeganistão não tem uma economia (exceto a “informal” que os EUA estupidamente se comprometeram a extirpar). Mas há muitas opções antes do desespero, e deve-se pensar sobre elas.

ACORDO ORTOGRÁFICO

Folha de S. Paulo - O futuro do português no mundo/opinião João Caetano e Mônica Villela Grayley

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TENDÊNCIAS/DEBATES

SEGUNDO O filósofo alemão Peter Sloterdijk, "quando uma língua morta não quer expirar, mas manter-se em vigor como língua mundial, mostra-se assim com que poder os espíritos do império atuam".Em 1989, Francisco Moraes Sarmento escreveu, na revista "Leonardo", que "a língua portuguesa morreu e está transformada numa língua de escravos, servos e bárbaros", discordando da proposta do Acordo Ortográfico, na qual via a perda de poder e influência de Portugal em relação ao Brasil.Vinte anos depois, o Acordo Ortográfico continua a despertar discussões calorosas, não só em Portugal mas também na ex-colônia portuguesa das Américas.Num artigo publicado na "Gazeta do Povo", em 2007, Carlos Alberto Faraco defendeu o Acordo de forma apaixonada, prevendo o processo de internacionalização da língua, considerando inaceitável que o dicionário "Houaiss", para poder circular em todos os países de língua portuguesa, tivesse de ser editado em duas versões ortográficas.Muitos, no maior país de língua portuguesa do mundo, veem no Acordo a chance de se adaptarem às mudanças e à dinâmica de uma língua falada todos os dias, do Ocidente ao Oriente, por oito nações diferentes.A política da língua moderna é uma política de mapeamento contra condições políticas e econômicas mutativas, o que significa que é preciso compreender como a língua se relaciona com os novos fluxos de capital, mídia, tecnologia, cultura e pessoas numa esfera globalizada.Este é o ponto-chave: as razões econômicas, sociais e culturais, outrora consideradas "baixa política", são hoje fulcrais para se perceber de que modo o mundo muda e, assim, se afirmar, no plano político, a cooperação.No seu livro "O Português no Brasil", Antonio Houaiss estabelece as "diferenças" entre o português brasileiro e as demais variantes dos países de língua portuguesa, principalmente a variante de Portugal. Sem utilizar a expressão "política da língua", ele defende a criação de medidas "em prol da nossa língua" (itálico nosso).No último capítulo do livro, lançado em 1985, Houaiss advoga a concretização de "uma língua comum" como fator de incremento da convivência humana, em que o português desempenha, estrategicamente, um papel importante.Mas o português não tem ainda suficiente peso internacional, ao contrário do que se passa com outros idiomas, por ausência de uma política eficiente para a língua.No estudo "Internacionalização da Língua Portuguesa", coordenado por Carlos Reis, afirma-se que "a projeção internacional da língua portuguesa não corresponde, neste momento, à dimensão do seu universo de falantes", definindo-se a internacionalização como um "processo eminentemente político de afirmação", capaz de "garantir e reforçar o prestígio de uma grande língua de cultura".A declaração da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, proferida em 1999, de que, na sua vida, "todos os problemas da Grã-Bretanha foram originados pela Europa continental, mas [que] todas as soluções partiram dos países de língua inglesa", é clara alusão ao papel da língua de Shakespeare nas relações de poder e à influência daí decorrente.Língua e poder relacionam-se. O reconhecimento do estatuto de uma língua é medido não só pelo número de falantes mas também pelo espaço que ela ocupa no cenário internacional, contando as transações comerciais que são realizadas nessa língua (incluindo os eventos culturais e todas as boas ideias -não nos esqueçamos da magistral invenção americana do show business: nada como uma boa ideia bem concretizada, mas, se essa ideia der dinheiro para investir em novos projetos, melhor ainda) e a sua utilização nas diversas organizações internacionais.O fa(c)to de o português ser uma língua comum a vários países tem facilitado o comércio do Brasil e de Portugal, e este mostra um interesse especial no Brasil, visando fortalecer as suas relações com a União Europeia.O Brasil antecipou-se ao apoio à internacionalização do português pela CPLP, em julho passado, ao anunciar um plano para a criação de uma universidade da comunidade dos países de língua portuguesa, o que foi feito pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante uma visita à Guiné-Bissau.

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Na mesma altura, em Portugal, o Conselho de Ministros aprovou uma nova estratégia para a promoção do português, que teve o apoio do presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.E agora? Nos países onde se fala português, sejam eles grandes ou pequenos, não faltam pessoas de grande mérito, à escala mundial. Essa é a certeza de que faz sentido promover inteligentemente a língua portuguesa, mesmo se essas pessoas falam bem outras línguas. O português defende-se com bons argumentos, onde quer que seja falado.

JOÃO CAETANO , 39, professor de direito e ciência política, é pró-reitor para o Reordenamento Institucional da Universidade Aberta, Portugal. MÔNICA VILLELA GRAYLEY , 40, é mestre em linguística e ciência política e doutoranda em ciência política.

GRIPE A

Jornal do Commercio - Ministros da América do Sul vão discutir vacina BRASÍLIA – Ministros da Saúde de países sul-americanos e do México se reunirão no próximo sábado, em Quito, para definir a posição da região quanto às futuras vacinas contra a gripe A(H1N1). Os ministros deverão alinhavar uma proposta de resolução para ser assinada pelos chefes de Estado da região na Cúpula da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), marcada para domingo e segunda-feira, também em Quito. “Vamos discutir de que maneira os países podem estar juntos trabalhando no sentido de, através da Organização Mundial da Saúde, garantir o acesso das populações da América do Sul a uma futura vacina, que está sendo desenvolvida e possivelmente vai estar disponível ainda neste semestre, explicou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, após audiência com o chanceler Celso Amorim, na quinta-feira, em Brasília.

O encontro sobre a influenza A(H1N1) foi proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 24, durante a Cúpula do Mercosul. Lula sugeriu que governos e laboratórios sentassem com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para discutir a flexibilização das patentes de medicamentos, kits de diagnóstico e vacinas contra a nova gripe.

MORTES

Mais cinco mortes causadas pelo vírus H1N1 foi confirmada no País. No Rio Grande do Sul, foram mais quatro, elevando o número de óbitos no Estado para 25. Em São Paulo, outra morte foi registrada. Ao todo, são 81 mortes no País.

O Estado de S. Paulo - Argentina registra 400 mil casos e 270 mortes Ariel PaláciosA Argentina, país de 36 milhões de habitantes, já conta com quase 400 mil pessoas contagiadas pela gripe suína. Os números são de informações fornecidas pelas secretarias de Saúde das províncias e da capital, cujos dados são considerados por especialistas como mais confiáveis do que os do governo federal. A estatística indica uma disparada nos casos de contágios ao longo do último mês. No dia 2 de julho, o ministro da Saúde, Juan Manzur, afirmou que a estimativa era de 100 mil a 110 mil pessoas contaminadas desde o dia 7 de maio, quando foi registrado o primeiro caso. No entanto, nas semanas seguintes, foram notificados outros 280 mil registros.

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De acordo com dados dos governos provinciais, o país acumulou até ontem 270 mortes provocadas pela gripe suína. Há ainda 200 casos de mortes suspeitos. Caso sejam confirmados, o país teria pelo menos 470 vítimas da doença, número que o colocaria na liderança do ranking mundial de mortes provocadas pelo vírus. Atualmente, a Argentina está em segundo lugar, atrás dos EUA. Mesmo assim, em quase todas as províncias argentinas as férias escolares, que já foram prorrogadas por três semanas justamente para tentar evitar o aumento do contágio, terminam hoje. Só cinco províncias haviam retornado às aulas na semana passada.

O Globo - No Rio Grande do Sul, mais 4 mortes Alessandra de Paula, Elenilce Bottari e Carlos Souza

PORTO ALEGRE E RIO. A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul confirmou ontem mais quatro mortes por gripe suína. Com isso, já são 25 óbitos em decorrência da doença no estado.Duas mortes ocorreram no dia 19 de julho. Em Vacaria, a vítima foi uma gestante de 23 anos. Em Nova Petrópolis, morreu um soldador que tinha pneumopatia. A terceira morte, no dia 20, em São Borja, foi de uma mulher de 21 anos que tinha diabetes. Um homem de 37 anos morreu dia 25 em Caxias do Sul.Por ordem da secretaria, estão suspensas as internações e cirurgias eletivas na rede pública.O objetivo é ter mais leitos para vítimas da gripe. Em Uruguaiana, nove bancos e seis supermercados decidiram distribuir máscaras de proteção a funcionários e clientes. Em Porto Alegre, o reinício das aulas na rede pública, que seria hoje, foi adiado para dia 17.No Rio, o epidemiologista Edmilson Migowski pediu à Defensoria Pública que processe a União, porque o Ministério da Saúde não oferece vacina contra a gripe a integrantes de grupo de risco, como grávidas e crianças a partir de 6 meses.Segundo ele, uma vez com gripe — de qualquer tipo —, grávidas e crianças têm mais chances de ficar em estado grave.Na rede municipal de saúde, há 37 grávidas internadas com sintomas de gripe suína.Ontem, na comemoração da Semana Mundial da Amamentação, no Zoo, a presidente da Sociedade de Pediatria do Rio, Fátima Coutinho, disse que grávidas com gripe suína devem continuar amamentando, porque o leite materno protege o bebê.A prorrogação das férias escolares até o dia 10 já foi anunciada por colégios tradicionais da cidade, como Escola Parque, Santo Inácio, Andrews, Cruzeiro e Corcovado, entre outros.

Correio Braziliense - Acesso livre a antiviral Defensor público da União prepara ação para permitir que médicos prescrevam medicamentos contra a doença sem restrição do Ministério da Saúde

Ricardo Brito

O defensor público da União no Rio de Janeiro André da Silva Ordacgy vai ajuizar amanhã uma ação civil pública em que busca liberar o acesso livre ao antiviral usado no tratamento da influenza A (H1N1). O Ministério da Saúde tem controlado há quatro meses a distribuição do Tamiflu (fosfato de oseltamivir) para pessoas que se encaixam no grupo de risco (1)ou nos casos graves de contaminação pelo vírus da chamada gripe suína. Depois de ter consultado especialistas, Ordacgy decidiu propor a ação por entender que não é “compatível com o estado de democrático” o monopólio do estado na liberação do medicamento.

“É necessário que esse medicamento esteja acessível em toda a rede pública de saúde e na rede privada também, por uma questão de vida ou morte”, afirmou ontem Ordacgy ao Correio.

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“O número de óbitos tem crescido muito.” Se julgada procedente, a ação terá validade em todo o país.

O defensor público elenca três principais razões permitir que quaisquer médicos possam prescrever o Tamiflu em qualquer estágio da doença. O primeiro deles é que o remédio tem eficácia reduzida quando ministrado após as primeiras 48 horas de contaminação pelo vírus. Isso depõe contra o entendimento do Ministério da Saúde de que a medicação só pode ser passada para pacientes graves, cujas complicações se manifestam geralmente após esse período. Em segundo lugar, tanto os casos graves como os grupos de risco, segundo o defensor público, são as pessoas mais suscetíveis a desenvolver resistência ao medicamento. Não seria o caso das pessoas saudáveis, segundo Ordacgy. Por último, as pessoas que desenvolverem resistência podem usar outro medicamento, o Relenza, ou ser colocadas em quarentena para não contaminar outras.

O Ministério da Saúde segue as recomendações feitas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para tratamento e prevenção da influenza A ao recolher das farmácias e controlar a distribuição do Tamiflu. O governo conta com 9,5 milhões de kits para tratamento da doença. Até o sábado, 76 pessoas morreram em decorrência de complicações do H1N1. Países como a Argentina, a Inglaterra e os Estados Unidos têm tido uma política mais flexível de acesso ao medicamento. Na Inglaterra, o remédio é prescrito preventivamente pela autoridade de saúde local a familiares do infectado. Nos EUA e na Argentina, podem ser comprados em farmácias. Duas cidades do Rio Grande do Sul atingidas pela doença, Foz do Iguaçu e Passo Fundo, quebraram a recomendação do Ministério da Saúde e estão prescrevendo o Tamiflu para casos suspeitos.

Para o infectologista Edimilson Migowski, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), muitas das 76 mortes por gripe suína poderiam ter sido evitadas. “Se déssemos o remédio em até 48 horas, poderíamos modificar a evolução da doença para não levar a todos esses óbitos”, avalia Migowski, um dos estudiosos consultados pelo defensor público. O médico sanitarista Pedro Tauil, da Universidade de Brasília (UnB), discorda da tentativa de se liberar a medicação do Tamiflu. “É um absurdo a interferência da Justiça”, critica.

Segundo Tauil, o Ministério da Saúde tem agido com prudência, porque, principalmente, não há em escala mundial medicamento para consumo em massa. Os laboratórios, diz, não dispõem de estoques do remédio. “Vejo que a liberalização desse medicamento pode resultar em mais malefícios do que benefícios”, afirmou Tauil. (leia mais no ponto crítico)

O médico sanitarista da UnB afirma que já foram registrados casos de resistência do vírus em países que adotaram uma política liberal de acesso ao medicamento, como Japão, Dinamarca e a Inglaterra. “Temos que discutir bem, pois o momento é de escassez (do medicamento). Precisamos trabalhar com prioridades”, destacou.

O temor da gripe suína fez cinco estados adiarem a volta às aulas dos estudantes da rede pública, marcada para hoje. Minas Gerais e Paraná começam o semestre letivo na próxima segunda. Os alunos de São Paulo e do Rio Grande do Sul retornam apenas daqui a duas semanas.

Zero Hora - Reunião em Quito TEMOR DA EPIDEMIAMinistros da Saúde de países sul-americanos e do México se reunirão no próximo sábado, em Quito, no Equador, para definir a posição da região quanto às futuras vacinas contra a gripe A. Os ministros deverão alinhavar uma proposta de resolução para ser assinada pelos chefes de Estado da região na Cúpula da União das Nações Sul-americanas (Unasul), marcada para domingo e segunda-feira, também em Quito. O encontro foi proposto pelo presidente Lula.

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ORIENTE MÉDIO

O Estado de S. Paulo - Conservadores e oposição criticam julgamentos no IrãAFP, AP e ReutersAudiência contra manifestantes presos foi qualificada como show do governo e violação da ConstituiçãoOpositores e até políticos de linha dura no Irã criticaram ontem o julgamento dos manifestantes que foram às ruas protestar contra o resultado da eleição de 12 de junho, que reelegeu o presidente Mahmoud Ahmadinejad, que assume quarta-feira seu segundo mandato. Mais de 100 pessoas começaram a ser julgadas no fim de semana, em uma audiência vista pela oposição como ilegal. "O julgamento foi um show do governo e todas as confissões são inválidas", disse o ex-presidente Mohammad Khatami, que integra a oposição. "Esses espetáculos minam o sistema e a confiança da população nas autoridades. O que se chamou de julgamento foi uma verdadeira violação da Constituição iraniana."Mais surpreendente foi a crítica feita pelo conservador Mohsen Rezaei, um ex-comandante da poderosa Guarda Revolucionária, que controla diversas áreas do governo iraniano e foi responsável pela violenta repressão dos protestos pós-eleição. Em uma carta dirigida ao Judiciário, Rezaei disse que as pessoas responsáveis pelos violentos ataques nas ruas ou pela tortura de prisioneiros é que deveriam ser levadas a julgamento. "Se não for assim, a justiça não será alcançada e é possível que a crise nunca termine."O governo afirma que 30 pessoas foram mortas durante as manifestações, mas acredita-se que o número de vítimas seja bem maior.O opositor Mir Hossein Mousavi, candidato derrotado por Ahmadinejad, inflamou as críticas, declarando que muitos dos acusados foram submetidos a "torturas medievais". O Tribunal Revolucionário ameaçou ontem prender os que estão criticando o julgamento.As audiências foram a última cartada do governo para sufocar as acusações de que as eleições foram fraudadas. É a primeira vez desde a Revolução Islâmica de 1979 que dezenas de funcionários de alto escalão - entre eles, ministros, vice-presidentes e parlamentares - vão parar no banco dos réus. Imagens de TV mostraram, entre os jovens, políticos conhecidos, como o vice-presidente Mohammad Ali Abtahi (o Irã tem vários vices).Segundo a agência oficial Irna, as acusações contra os manifestantes vão de atentar contra a segurança nacional a planejar protestos, passando por conspiração, ataques a prédios do governo e a forças militares. Na tarde de ontem, o assessor de imprensa da presidência, Ali Akbar Javanfekr, anunciou sua renúncia, em mais um golpe para Ahmadinejad.

Zero Hora - Oposição chama de farsa julgamento no Irã Teerã - Manifestantes que tomaram ruas da capital enfrentam até a pena de morteFarsa. Fraude. Julgamento-espetáculo. Com palavras como essas, a oposição do Irã atacou duramente ontem o processo no país contra cerca de cem manifestantes detidos pelos protestos contra as supostas fraudes nas eleições de 12 de junho, que deram ao presidente Mahmoud Ahmadinejad um segundo mandato.Ojulgamento começou sábado em Teerã. Não foi anunciado um prazo para sua conclusão ou uma data para o anúncio do veredicto e das eventuais sentenças. No primeiro dia de audiências – sem a presença da imprensa estrangeira, proibida de acompanhar o caso –, os réus foram acusados de ter tentado, sem sucesso, derrubar a República Islâmica. Segundo a lei

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iraniana, ameaçar a segurança nacional, acusação normalmente feita a dissidentes no país, pode ser punida com a pena de morte.Um dos que partiram para o ataque foi o oposicionista Mir Hossein Mousavi, derrotado por Ahmadinejad nas eleições de junho, conforme os resultados oficiais. Em artigo divulgado em seu site, Mousavi denunciou que as confissões feitas pelos réus foram obtidas por meio de “torturas medievais”. Ele afirmou que, ao ouvir as declarações feitas por alguns dos detidos, “só escutou prantos de dor que confirmam a horrível situação que viveram na prisão”. “Dizem que os filhos da Revolução confessaram ter colaborado com os estrangeiros para derrubar a República Islâmica do Irã, mas teriam confessado qualquer coisa”, escreveu Mousavi, que foi primeiro-ministro do Irã de 1981 a 1989.

Turistas americanos foram presos em território iranianoO ex-presidente do Irã Mohammad Khatami (1997-2005), por sua vez, afirmou que o julgamento é uma farsa que pode deteriorar a confiança nas decisões tomadas pelos governos islâmicos. Ele criticou o tribunal por não permitir que os advogados de defesa tivessem acesso à sala de audiência ou aos documentos do caso.– Até onde eu sei, o que aconteceu foi contrário à Constituição e à lei, assim como aos direitos dos cidadãos – disse Khatami.Entre os réus, estão alguns reformistas conhecidos, incluindo o vice-presidente iraniano no governo Khatami, Mohammad Ali Abtahi. A imprensa estatal afirmou que Abtahi e outros confessaram ter trabalhado em conjunto para incentivar o descontentamento popular. Mas, segundo grupos de defesa dos direitos humanos, tudo indica que as confissões foram obtidas sob coação.Em meio a essa situação, a embaixada da Suíça em Teerã – que representa os interesses dos EUA no Irã, já que os dois países não mantêm relações diplomáticas – buscava ontem informações sobre três turistas americanos presos em território iraniano na sexta-feira, depois de cruzar por engano a fronteira com o Iraque. Os três foram identificados como Shane Bower, Sara Short e Joshua Fattal.

O Estado de S. Paulo - 50 palestinos são expulsos de Jerusalém OrientalAPIsrael retira várias famílias e transfere casas para judeusA polícia israelense expulsou ontem mais de 50 palestinos de suas casas em Jerusalém Oriental, para permitir que elas fossem ocupadas por judeus, provocando críticas tanto de autoridades palestinas, como da ONU e do Departamento de Estado americano. Os palestinos haviam perdido uma longa batalha legal para permanecer nas disputadas propriedades.A polícia chegou antes do alvorecer e isolou parte do bairro árabe de Sheikh Jarrah, para em seguida retirar à força as famílias de palestinos de suas casas, segundo relatou Chris Gunnes, porta-voz da agência da ONU responsável pelos refugiados palestinos. Segundo Khawla Hanoun, que foi despejada de uma das casas, quando as famílias se recusaram a sair, policiais armados forçaram a retirada. Outro funcionário da ONU, que não quis ser identificado, disse que viu veículos trazendo os colonos judeus para as casas. A polícia israelense defendeu a medida, citando uma decisão da Suprema Corte de Israel estabelecendo que essas casas pertenciam aos judeus e as famílias árabes moravam na região ilegalmente. Segundo Gunness, essas famílias viviam nas casas havia mais de 50 anos. A situação de Jerusalém Oriental é um dos problemas mais graves no conflito entre israelenses e palestinos. Israel assumiu o controle da área após a Guerra dos Seis Dias, 1967, anexando Jerusalém Oriental a seu território, ato que nenhum país reconheceu. Desde então, a presença judaica na região vem aumentando, com a criação de bairros onde vivem hoje 180 mil pessoas. Mas os palestinos querem que Jerusalém Oriental seja a capital do seu futuro Estado - algo rejeitado pelos israelenses.

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Organizações ligadas à comunidade judaica na Cisjordânia também adquiriram propriedades em áreas palestinas de Jerusalém, para onde muitos judeus estão se transferindo. Cerca de 270 mil palestinos vivem em Jerusalém Oriental e constituem 35% da população da cidade, de 760 mil habitantes. A comunidade internacional pressiona Israel a interromper as expulsões de palestinos e a construção de residências para judeus em Jerusalém Oriental, que prejudicam os esforços de paz. Segundo a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Megan Mattson, essas novas medidas em Jerusalém Oriental são uma violação por Israel do chamado "Mapa da Estrada" - plano de paz apoiado pelos EUA. Para Robert Serry, coordenador da ONU para o processo de paz na região, as expulsões de ontem são "totalmente inaceitáveis".

O Globo - Polícia de Israel pede indiciamento de chanceler Procuradoria-Geral decidirá se aceita denúncias de fraude e corrupção contra Avigdor Lieberman, aliado do governo

JERUSALÉM. A polícia de Israel recomendou à ProcuradoriaGeral do país o indiciamento do ministro de Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, por crimes como fraude, corrupção e lavagem de dinheiro. As autoridades policiais consideraram que existem provas suficientes contra o líder ultranacionalista após investigações cobrindo um período de nove anos. A Procuradoria-Geral de Israel precisa agora decidir se aprova o pedido de indiciamento do chanceler — cujo partido Yisrael Beitenu é aliado-chave do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu — antes que Lieberman possa ser formalmente acusado. A decisão pode levar semanas ou até meses para sair.

Lieberman negou todas as irregularidades e disse ser alvo de perseguições da polícia há 13 anos.

“Não havia razão séria para abrir a investigação contra mim e, se as suspeitas tivessem algum fundamento, a investigação não teria durado mais de uma década”, disse Lieberman, em uma declaração.

“Quanto mais poder político o Yisrael Beitenu ganhou, maiores foram as tentativas de me tirar da vida pública.

Condenações poderiam somar 31 anos de prisão A polícia informou que os detetives encerraram as investigações e acreditam existirem provas suficientes também para acusações de apropriação indevida do dinheiro público, recebimento de propina e obstrução da Justiça. A sentença máxima para todos os crimes juntos seria de 31 anos de prisão.

A declaração da polícia diz que a investigação começou em 2006, cobrindo acontecimentos ocorridos desde 2000.

A prova-chave contra Lieberman, desta vez, veio de uma fonte política que descobriu evidências de que o agora chanceler poderia ter se envolvido em esquemas ilegais — embolsando US$ 2,64 milhões e posteriormente esquentado o dinheiro com empresas fantasmas — durante sua passagem pelos ministérios do Transporte, da Infraestrutura e de Assuntos Estratégicos.

Lieberman, que se tornou chanceler em março depois que seu partido, o ultranacionalista Yisrael Beitenu, ficou em terceiro lugar nas eleições, seria o último de uma série de políticos israelenses alvo de questionamentos por corrupção.

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Há um ano, Ehud Olmert foi forçado a renunciar ao cargo de primeiro-ministro por uma investigação sobre corrupção, apesar de ter negado participação em fraudes.

O partido Yisrael Beitenu é alvo de críticas por suas posições consideradas discriminatórias contra a minoria árabe residente em Israel.

Ontem, a polícia de Israel expulsou cerca de 50 palestinos de um bairro árabe em Jerusalém Oriental e depois autorizou que judeus se mudassem para as casas desocupadas, numa medida que gerou críticas de palestinos, das Nações Unidas e do Departamento de Estado americano

Polícia alega cumprir ordem da Suprema Corte A polícia chegou antes do amanhecer e cercou parte do bairro de Sheikh Jarrah, segundo informou Chris Gunness, porta-voz da agência da ONU para refugiados palestinos. Os palestinos pertenciam a duas famílias e tiveram que deixar seus lares sob a mira de armas. Funcionários da ONU relataram terem visto logo em seguida veículos chegando nas casas com a mudança de judeus israelenses.

A polícia israelense alegou estar cumprindo uma decisão da Suprema Corte de que as casas pertenciam originalmente a judeus e que, portanto, as famílias árabes moravam lá ilegalmente. Segundo Gunness, elas estavam lá há mais de 50 anos.

Jerusalém Oriental é uma das áreas mais explosivas do conflito árabe-israelense. A região foi anexada por Israel em 1967, embora a anexação não tenha sido reconhecida por outros países. A comunidade internacional pressiona Israel para cessar o despejo de palestinos, alegando que isso compromete as negociações e viola planos de paz acordados internacionalmente.

— Agora nossos futuro está nas ruas — disse Khawla Hanoun, uma das moradoras expulsas, de 35 anos.

Correio Braziliense - Mais um golpe ISRAELPolícia recomenda abertura de processo contra o ministro das Relações ExterioresA já abalada reputação do chanceler israelense, Avigdor Lieberman, sofreu ontem mais um duro golpe. A polícia local recomendou à Procuradoria-Geral do Estado a abertura de um processo contra o chefe da diplomacia de Israel, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. As investigações contra o líder do partido ultradireitista Yisrael Beiteinu já duram 13 anos, mas agora a polícia garante ter “indícios suficientes” para provar o envolvimento de Lieberman em todas as acusações. A conclusão do inquérito policial e seu encaminhamento à Justiça vêm no momento em que o chanceler não só tem seu posto questionado, como tem sido estrategicamente afastado da discussão sobre o processo de paz.

Lieberman é suspeito de ter estabelecido várias companhias para lavagem de dinheiro, que, depois, ia para sua própria conta e de seus “sócios”. As investigações também tentaram determinar se o político continuou sendo uma peça-chave nessas supostas operações, após se tornar um funcionário público.

O ministro ainda é acusado de tentar obstruir a investigação policial em pelo menos três instâncias diferentes, alterando os nomes das empresas envolvidas no esquema. Depois de receber oficialmente o inquérito policial, o procurador-geral, Menahem Mazuz, decidirá se cabe a abertura de um processo contra Lieberman — o que pode durar semanas ou meses. Uma sentença combinada dos crimes ligados ao chanceler pode chegar a 31 anos de prisão, pela legislação israelense.

“Perseguição” 37

A notícia foi encarada pelo político como mais um desdobramento de uma “campanha de perseguição”. “Por 13 anos, a polícia tem conduzido uma campanha de perseguição contra mim. Mas, à medida que crescem a minha força política e a do meu partido, essa campanha também se intensifica”, disse. Lieberman argumentou ainda que, se as acusações contra ele tivessem “algum fundamento”, as investigações não teriam se estendido “por mais de uma década”.

O histórico e as posições polêmicas do político já motivaram críticas de diversos governos. A mais incisiva delas certamente foi a do francês Nicolas Sarkozy, que pediu, durante visita do premiê Benjamin Netanyahu a Paris, a saída de Lieberman do posto. Nas duas últimas semanas, ficou ainda evidente o afastamento do chanceler, que possui duras posições em relação aos palestinos, de importantes discussões sobre o processo de paz. Enquanto o enviado dos Estados Unidos para a região, George Mitchell, e o secretário de Defesa, Robert Gates, conversavam com autoridades de Israel sobre o tema, Lieberman percorria a América do Sul, alertando sobre a ameaça do Irã — assunto no qual sua posição não é tão divergente da do governo de Barack Obama.

Espetáculo O ex-presidente iraniano Mohammad Khatami condenou ontem o que chamou de “julgamento-espetáculo” dos 100 manifestantes presos acusados de instigar uma “revolução de veludo” . Segundo Khatami, o julgamento vai “contra a Constituição, a lei e os direitos dos cidadãos e piora os danos à confiança pública”. O líder da oposição e candidato derrotado, Mir Hossein Mousavi, denunciou que as confissões feitas pelos reformistas foram obtidas por meio de “torturas medievais”.

Estado de Minas - Processo de paz sofre golpe de misericórdia Oriente MédioAutoridade Nacional Palestina afirma que despejo de duas famílias de suas casas por Israel em Jerusalém Oriental anula possibilidade de negociação entre as duas partes

A Autoridade Nacional Palestina (ANP) afirmou neste domingo que, ao despejar duas famílias palestinas de suas casas em Jerusalém Oriental, Israel acabou com qualquer possibilidade da retomada das negociações de paz. “Este passo é o golpe de misericórdia no processo de paz”, declarou Rafik al Hosseini, chefe de gabinete do presidente da ANP, Mahmoud Abbas. As declarações de Hosseini foram uma referência às 53 pessoas de duas famílias palestinas que, por ordem da Justiça israelense, foram expulsas das casas que tinham num bairro de Jerusalém Oriental. “Todos os documentos demonstravam que as famílias de Jerusalém eram proprietárias dos imóveis há mais de 50 anos, ao contrário do que alega a ocupação israelense”, acrescentou o funcionário da ANP. O chefe de gabinete de Abbas disse ainda que Israel continua empenhado em construir assentamentos judaicos nos territórios palestinos, apesar de a comunidade internacional ser contra.

Durante a desocupação dos imóveis habitados pelas famílias palestinas, houve confronto entre os moradores e a polícia. Agentes arrombaram as portas de ambas as casas e tiraram à força todos que estavam nelas. A expulsão, que também foi condenada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Reino Unido, foi determinada pela Suprema Corte israelense numa decisão emitida na semana passada e que concede a famílias judaicas o direito de propriedade sobre os imóveis. A ANP se recusa a retomar o processo de paz com Israel, suspenso no começo do ano, enquanto o país não interromper todas as atividades nos assentamentos judaicos.

O negociador palestino Saeb Erekat também afirmou que Israel “mostra seu categórico fracasso em respeitar a legislação internacional, o Mapa de Caminho e a moral mais básica, assim como os direitos humanos”. “As autoridades israelenses prometeram ao governo dos Estados Unidos que suspenderiam as demolições de casas, as desocupações e outras

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provocações contra os palestinos de Jerusalém. Mas o que vemos no local é completamente o contrário”, disse Erekat em nota distribuída à imprensa.

Richard Miron, coordenador especial da ONU para o processo de paz, deplorou “totalmente as ações inaceitáveis de Israel, que expulsa de suas casas famílias palestinas. Para ele, a decisão é “inaceitável, deplorável e com efeitos desastrosos”. O consulado britânico em Jerusalém considerou a expulsão é “incompatível com o desejo de paz que professa Israel”. Em julho, Estados Unidos, União Europeia (UE) e Rússia denunciaram o projeto de construção de cerca de 20 apartamentos destinados a israelenses em Cheikh Jarrah. Israel considera que a totalidade de Jerusalém é sua capital, algo rejeitado pela comunidade internacional. Pelo menos 200 mil israelenses já se instalaram em bairros de Jerus além Oriental, onde vivem cerca de 270 mil palestinos.

TRÁFEGO O governo de Israel diminuiu ontem as restrições de viagens aos palestinos de uma grande cidade da Cisjordânia, abrindo uma estrada ao tráfego pela primeira vez em nove anos. As autoridades israelenses disseram que a rota, conhecida pelos palestinos como Estrada Jaber e pelos israelenses como Tsir Hebron, seria aberta somente a motoristas palestinos que moram na área de Hebron. Israel fechou a estrada em 2000.

MEIO AMBIENTE

Época - ''O futuro não virá dos carros''/entrevista Alexandre Mansur

O diretor das Nações Unidas para o meio ambiente diz que os novos empregos estarão nas indústrias limpas

O mundo vive hoje duas crises. Uma financeira, outra ambiental. Para o economista alemão (nascido no Brasil) Achim Steiner, diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a saída para ambas passa pelo mesmo caminho: investimento em tecnologias limpas e eficiência energética que nos ajudem a reduzir as emissões de poluentes causadores do aquecimento global. O plano proposto por Steiner foi batizado de New Green Deal (Novo Pacto Verde), em alusão ao New Deal dos anos 30 nos Estados Unidos. Em entrevista a ÉPOCA, ele diz que a energia renovável já emprega mais gente hoje que a indústria de petróleo e gás. E que o Brasil, que reduz o imposto dos automóveis para estimular a economia, precisa avaliar se o transporte individual tem reais perspectivas de gerar empregos, desenvolvimento e competitividade para o país nos próximos anos.ENTREVISTA – ACHIM STEINER

QUEM É Nasceu em Carazinho, Rio Grande do Sul, onde viveu até os 10 anos. É alemão, casado e tem dois filhos, de 8 e 6 anos

O QUE FAZ Diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Foi diretor do IUCN, a maior organização científica ligada a conservação

ONDE ESTUDOU Estudou economia nas universidades de Oxford e de Londres. Leciona na Escola de Negócios Harvard, nos EUA, e no Instituto Alemão de Desenvolvimento, em Berlim

ÉPOCA – O senhor lançou, no ano passado, a iniciativa por um Novo Pacto Verde global. Que país o senhor apontaria como líder nesse movimento?

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Achim Steiner – Nenhum país serviria de modelo agora. Mas vários oferecem bons exemplos. O Brasil se beneficiou das mudanças climáticas porque seu programa de etanol, desenvolvido para atender a demandas domésticas, ganhou potencial de exportação. A Alemanha, que há dez anos criou taxas para estimular a produção independente de energia, virou o maior produtor de energia dos ventos do mundo. A Coreia do Norte, em plena crise econômica, empenhou 1% do PIB em investimentos verdes. Nos EUA, o pacote de estímulo econômico de Barack Obama destina US$ 80 bilhões para gerar empregos verdes. A China está empenhando US$ 60 bilhões nisso. Mas é pouco. Os governos ainda gastam US$ 300 bilhões por ano em subsídios a atividades poluentes, ligadas ao consumo de combustíveis fósseis, como os carros. Você não pode pegar US$ 2 trilhões a US$ 3 trilhões emprestados da próxima geração para montar pacotes contra a crise e investir em tecnologias de ontem. Precisa apostar nas de amanhã, como técnicas modernas de construção, eficiência energética, transporte público e agricultura sustentável. A indústria das células fotovoltaicas (que geram eletricidade pela luz do sol) acredita que em dois ou três anos poderá competir em preço com as usinas termoelétricas. É daí que surgirão os empregos das próximas décadas.

ÉPOCA – Um dos pontos importantes do pacote brasileiro de estímulo econômico foi o incentivo fiscal à indústria automobilística porque ela gera muito emprego. Steiner – O auge de choque da crise financeira não é um bom momento para planejar a economia do futuro. É inquestionável que devemos estabilizar a economia, apoiando os setores existentes. Mas a economia verde já é uma grande empregadora. Segundo nossos levantamentos, em 2008 já há mais gente empregada no setor de energia renovável que na indústria de petróleo e gás. A Alemanha, o maior exportador do mundo, prevê que em dez anos terá mais empregos em tecnologias limpas que na indústria automobilística. A Siemens, uma das maiores multinacionais do país, diz que cerca de 20% de seu mercado global vem dos produtos de tecnologias limpas. Há seis anos, uma indústria têxtil na Índia percebeu a oportunidade de fazer geradores eólicos por causa dos blecautes. Virou a Suzlon, uma das maiores empresas de energia eólica do mundo. Na China, a Sun Tech virou, em seis anos, a terceira maior produtora de células fotovoltaicas do mundo. Sim, o Brasil tem seus automóveis. Mas precisa se perguntar como eles sobreviverão à transição que faremos à força para uma economia com menores emissões e menos transporte individual.

ÉPOCA – Em dezembro, representantes de todos os países vão se encontrar em Copenhague para tentar fechar um acordo global para as mudanças climáticas. O senhor está otimista? Steiner – Não sabemos se os políticos conseguirão criar as condições necessárias para fazer o que os cientistas recomendam. Segundo os pesquisadores, precisamos parar de aumentar nossas emissões de gases poluentes entre 2015 e 2020. Nos últimos meses, vimos representantes de alguns países assumindo, em encontros internacionais, compromissos de longo prazo para reduzir as emissões até 2050. Mas o que conseguirmos em Copenhague será mais definido pela negociação política que pela necessidade científica. Isso me preocupa. Porque até agora não há acordo real entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre como trabalharão juntos para conseguir as reduções. Também não há definição sobre o financiamento internacional aos projetos de redução de emissões das nações em desenvolvimento. Além disso, países como os EUA e o Japão estão ainda propondo metas de reduções de curto prazo, para 2020, bem abaixo das propostas pela Europa.

ÉPOCA – Por que esse acordo de Copenhague é tão importante? Steiner – Com base no que sabemos hoje sobre as mudanças climáticas, nossa civilização não está pronta para arcar com as consequências de um aquecimento maior que cerca de 2 graus célsius. Os custos seriam o equivalente a uma falência econômica global. Pesquisas brasileiras sugerem que esse grau de aquecimento tornaria impossível a manutenção da floresta amazônica. Não é apenas uma questão de ecossistemas e biodiversidade. A evaporação da floresta é uma bomba de água que alimenta boa parte do ciclo de chuvas em todo o continente. É apenas um exemplo dos sistemas naturais que seriam destruídos pelo grau de aquecimento para o qual estamos rumando hoje. Não podemos deixar essa herança para a próxima geração.

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ÉPOCA – Poucas nações cumpriram as metas acertadas em Kyoto, em 1997, e ninguém foi punido por isso. Por que seria diferente agora? Steiner – À medida que as mudanças ficarem mais graves, as pressões entre os países vão aumentar. Já tivemos um debate quando o presidente Jacques Chirac, da França, sugeriu taxar as importações americanas porque os EUA não cumpriam as mesmas exigências ambientais que os europeus. Era uma desvantagem competitiva. A Organização Mundial do Comércio já indicou a possibilidade de aceitar tarifas para compensar os países que têm maiores restrições a emissões.

ÉPOCA – E se não houver consenso? Steiner – Na pior das hipóteses, eles podem decidir concluir as negociações em uma reunião subsequente. Também vai depender em parte da pressão do público sobre seus representantes. Além disso, o desempenho dos países para um acordo do clima também vai ser julgado nas urnas dos países democráticos.

ÉPOCA – Será? Algum líder político já foi avaliado por sua atuação em relação a mudanças climáticas? Steiner – Ninguém perde uma eleição apenas por causa de uma questão isolada. Mas há exemplos. O primeiro-ministro da Austrália, John Howard, foi derrotado em 2007, depois de quatro mandatos consecutivos. Uma das razões apontadas para a derrota foi sua posição muito conservadora nas negociações internacionais sobre o clima e nas medidas internas. Na França, o Partido Verde virou a segunda maior força no Congresso. Além disso, as mudanças climáticas são um fenômeno com várias consequências, e as pessoas avaliam se o governo oferece segurança, empregos, alimentos ou energia. Estou em Nairóbi, no Quênia, em uma região que terá de se adaptar à possível escassez de água. Isso pode ameaçar nossa produção de comida e de energia baseada em hidrelétricas.

ÉPOCA – Que limite de emissões evitaria o pior cenário das mudanças climáticas? Steiner – Segundo os cientistas, devemos reduzir as emissões em 50% até 2050 para estabilizar o aquecimento em 2 graus célsius. É um tremendo desafio se você considerar que vários países ainda estão aumentando suas emissões. Para atingir essa meta global, o mundo precisa parar de aumentar suas emissões entre 2015 e 2020. Como ajudar países como a África do Sul ou a China a aumentar a oferta de energia para seus cidadãos sem ter de queimar mais carvão ou gás? Em Copenhague, os países ricos terão de estabelecer fundos para financiar a transição tecnológica e os investimentos em infraestrutura dos países em desenvolvimento. Mas, em última instância, acredito que teremos um acordo. Porque as consequências de não interrompermos o aquecimento são intoleráveis para a humanidade.

LIXO TÓXICO

O Estado de S. Paulo - Retorno de lixo à Inglaterra é adiado O mau tempo atrasou a viagem do navio que fará o transporte dos contêineres de lixo importado da Inglaterra. O navio MSC Oriane deixaria o Porto de Rio Grande ontem, com destino a Santos (SP), e depois iria para Felixstowe, no Reino Unido. Ondas de mais de três metros de altura e ventos de 70 km/h prejudicaram o retorno da embarcação.

Estado de Minas - Lixo tóxico inglês continua no Brasil Mau tempo no Rio Grande do Sul adia retorno de navio com materiais plásticos usados, entre eles seringas e camisinhas

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São Paulo – Temporais e fortes rajadas de vento que atingiram o Rio Grande do Sul no fim de semana impediram a saída do navio que levará de volta à Inglaterra um lote de 40 contêineres de lixo tóxico exportado ilegalmente para o Brasil. A previsão inicial era de que o navio MSC Oriane deixasse o Porto de Rio Grande (RS) às 11h30 de ontem e chegasse ao Porto de Santos (SP) hoje, por volta das 19 horas. Porém, ondas de mais de três metros de altura e ventos de 70km/h prejudicam a entrada e a saída de embarcações no porto de Rio Grande.O tempo de viagem entre as duas cidades é estimado em 33 horas. Antes de partir para a Inglaterra, o navio deveria passar ainda no Porto de Santos, em São Paulo, para recolher mais 41 contêineres com 950 toneladas de lixo ilegal. Com o atraso, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos, estima que o navio deva chegar à cidade entre amanhã e quarta-feira. Os contêineres serão devolvidos ao porto de origem, na cidade de Felixstowe, na Inglaterra.O lixo foi embarcado no navio MSC Oriane na manhã de sábado, na presença do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Na ocasião, Minc declarou que “o Brasil não será a lata de lixo do planeta”. “Teremos um papel de protagonista nesta questão, exigindo mudança neste tipo de comportamento por parte dos países ricos”, comentou o ministro.O aviso de mau tempo divulgado pelo Centro de Hidrografia da Marinha vale até meia-noite de amanhã, mas pode ser suspenso ou prorrogado de acordo com as condições climáticas. Funcionários do porto informaram que, até o início da noite de ontem, a navegabilidade na região era impraticável.HISTÓRICO A polêmica sobre o caso começou em junho, depois que fiscais da Receita Federal encontraram 750 toneladas de lixo no porto do Rio Grande. O material tinha sido transportado por navios da Inglaterra e teria sido enviado no lugar de produtos importados por uma empresa gaúcha.Nos contêineres trazidos ao Brasil pelos ingleses estavam toneladas de plástico, papel e vidro, além de seringas e preservativos usados. Um dos reservatórios levava brinquedos, com bilhetes informando: “Entregue estes brinquedos para as crianças pobres do Brasil. Lavar antes de usar”.Investigações apontaram que os contêineres com lixo saíram da Inglaterra, fizeram escala na Bélgica e atracaram em Santos e Rio Grande.No início de junho, o Ibama já havia encontrado 290 toneladas de lixo, em 16 contêineres, também vindo do Reino Unido, no porto de Santos. No mês passado, a polêmica chegou ao Palácio do Planalto e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou o envio ilegal de lixo do Reino Unido ao Brasil. “Não queremos exportar nosso lixo, e não vamos importar o lixo dos outros”, afirmou em discurso.JUSTIÇA Na quinta-feira, o juiz federal Antonio André Muniz Mascarenhas de Souza, da 6ª Vara da Justiça Federal de Santos, havia determinado ao inspetor da alfândega que viabilizasse o embarque dos contêineres na sexta-feira, mas a empresa Mediterranean Shipping do Brasil, responsável pelo navio, solicitou um prazo maior devido à necessidade das operações de atracamento.

ENERGIA

O Estado de S. Paulo - Produção brasileira de etanol deve cair/Notas A produção de etanol na safra 2009/10 pode ficar abaixo da safra passada, quando atingiu cerca de 27 bilhões de litros. De acordo com Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria, o menor rendimento da cana em função do excesso de chuvas, aliado ao fato de o mercado de açúcar estar remunerando mais, já está fazendo com que a produção de açúcar seja priorizada. A menor oferta de etanol deve fazer com que os preços fiquem mais elevados no segundo semestre.

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Agência Brasil - Petrobras investirá mais de R$ 1 bi até 2011 para equipar parque tecnológico brasileiro Nielmar de Oliveira Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - De 2009 a 2011, a Petrobras planeja investir mais de R$ 1 bilhão em universidades e institutos de pesquisa para transformar o parque tecnológico brasileiro em um dos mais bem equipados do mundo no setor de energia. Convênios vão permitir a implantação de 250 laboratórios com padrão de excelência. Entre 2006 e 2008 a empresa aplicou cerca de R$ 790 milhões na construção e modernização de instalações experimentais por intermédio de convênios com instituições acadêmicas e de pesquisa em vários estados. Somente em 2008 foram investidos R$ 440 milhões nesse segmento.Após a promulgação da Lei do Petróleo, em 1997, que inseriu nos contratos entre as concessionárias e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) uma cláusula de investimentos obrigatórios em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) vem aumentando significativamente a parceria da estatal com o parque tecnológico do país.Regulamentada em 2005, a cláusula estipula que pelo menos 1% da receita bruta gerada pelos campos de petróleo, onde é devida a Participação Especial deve ser investido em P&D. Desse valor, 50% irão obrigatoriamente para instituições nacionais de ciência e tecnologia. Foram criadas no período 38 redes temáticas tendo sido convidadas para cada uma delas as instituições nacionais de maior competência no seu segmento. Segundo a Petrobras, as redes abrangem temas como aumento da produção de óleo pesado, estudo de novos materiais no processo de refino e nanotecnologia aplicada à indústria de energia ao desenvolvimento de bioprodutos.Na fase de implantação das redes e núcleos, cerca de 80% dos projetos são investimentos em infraestrutura – construção de instalações físicas e colocação de equipamentos. Os convênios já assinados, que tiveram como objeto a construção ou a modernização de instalações experimentais, vão propiciar a implantação de 250 laboratórios de padrão de excelência pelo país, com um total de mais de 250.000 metros quadrados de área construída. A Petrobras informou que alguns laboratórios construídos e equipados por este grande programa já foram inaugurados, estando entre eles o Laboratório de Ensaios Não Destrutivos, Corrosão e Soldagem (LNDC), da UFRJ, localizado na Cidade Universitária da Ilha do Fundão, no Rio, inaugurado no dia 30 de abril deste ano. Para a empresa, esse laboratório terá “papel fundamental nas pesquisas para a produção no pré-sal”. Somente nele foram investidos cerca de R$ 20 milhões, tornando-o um dos mais avançados do mundo para testes de corrosão e inspeção de materiais. O gerente executivo do Cenpes, Carlos Tadeu, lembra que um exemplo desse tipo de parceria é o tanque oceânico, instalado na UFRJ, construído antes mesmo de ter sido criado o conceito de redes temáticas, mas o princípio é o mesmo. "Para fazer ensaios em tanques deste porte, era necessário ir até o Japão ou à Noruega. Hoje os testes podem ser feitos aqui mesmo no Brasil. Com as redes temáticas, estamos replicando exemplos como este em todo país”.Segundo Tadeu, hoje o Brasil já está no mesmo nível dos demais países construtores de plataformas e de todos os tipos de instalações e equipamentos para o setor petróleo.

Jornal de Brasília - Etanol responde por 90% Investimentos estrangeiros em derivados de petróleo chegaram a US$ 3,5 bilhões

De janeiro de 2007 a junho deste ano, o Brasil recebeu mais de US$ 3,5 bilhões de investimentos estrangeiros diretos para produção de derivados de petróleo e

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de biocombustíveis. Segundo o Banco Central, a maior parte dos recursos (US$ 3,1 bilhões, 90% do total) foi aplicada em investimentos na indústria do etanol.Desde meados desta década, os estrangeiros estão investindo na construção de usinas e aquisição de indústrias para produção de etanol e na compra de terras para plantio de cana- de- açúcar. De acordo com a professora Míriam Piedade Bacchi, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, ligada à USP), isso ocorreu num momento de euforia, de preços muito bons para o setor. "Isso atraiu o capital estrangeiro diretamente comprando usinas ou parte delas ou através de fundos que também são acionistas de algumas usinas." "Muitas empresas, por falta de capital de giro, de recurso e de financiamento, estão vendendo álcoola preço muito baixo. Isso vai se transformando em uma bola de neve, com as indústrias entrando em um circuito de endividamento. Vai chegar um momento em que vão ficar sem capital e sem ter como funcionar. Quem está tendo dinheiro hoje são as empresas internacionais", afirmou. Ele ressalta que o capital estrangeiro prefere comprar usinas a investir na montagem de novas unidades.Severo considera positiva a entrada de capital, mas teme que a presença estrangeira afete a competitividade nacional. O processo de internacionalização guarda relação com a tendência à concentração do setor, observa. o assessor da CNA. Grupos estrangeiros como Bunge, Cargil, Dreiffus, ADM e Geres estão comprando usinas brasileiras com problemas de crédito. "As usinas que estão bem estão comprando outras, e as que estão quebradas têm dificuldade de tocar a vida para a frente e serão vendidas ou quebrarão", afirma o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que preside o Conselho do Agronegócio da Fiesp (Federação das Indústria do Estado de São Paulo). O diretor de Imprensa e Comunicação da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Carlos Rogério de Carvalho Nunes, destaca que o fenômeno de concentração do setor de álcool e açúcar "é histórico". Nunes disse temer que a concentração diminua postos de trabalho, com uso mais intenso de maquinário, e liquide os pequenosprodutores sem competitividade da indústria de grande escala. "A escala é um fator determinante da renda. A pequena indústria de etanol não é rentável como a grande indústria", ressalta Rodrigues. No entanto, o ex-ministro admitiu que "tem havido melhorias de tecnologia, permitindo avanços na área de destilarias, que são mais rentáveis para pequenos produtores, que podem se organizar em cooperativas".

Saiba MaisA falta de crédito causada pela crise financeira mundial acentuou a tendência deinternacionalização, aponta José Ricardo Severo, assessor técnico da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Severo disse que 50 usinas (em um universo de 417 unidades) estão em negociação para venda a estrangeiros. A participação estrangeira no setor cresceu em cinco anos de 5% a 13%.

Agência de Notícias Brasil-Árabe - ANP anuncia leilão de biodiesel para atender demandaAgência BrasilO pregão será realizado em agosto e tem como objetivo atingir a meta de mistura de 4% do biocombustível no diesel comum. A produção nacional tem que passar de 1,2 bilhão de litros para 1,8 bilhão.Brasília - O 15º Leilão de Compra de Biodiesel vai leiloar 460 mil metros cúbicos de combustível, que serão entregues de 1º de outubro a 31 de dezembro de 2009, com possibilidade de antecipação. O leilão será realizado para atender à necessidade de aumentar para 4% o percentual de biodiesel misturado ao diesel mineral.O leilão será promovido em agosto pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que vai definir em edital a data do pregão e o preço máximo de referência.

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As diretrizes para o leilão foram publicadas na sexta-feira (31) no Diário Oficial da União. O montante leiloado será dividido em dois lotes: um com 92 mil metros cúbicos e outro destinado aos produtores detentores do selo Combustível Social, com 368 mil metros cúbicos.Desde o dia 1º de julho deste ano está em vigor a mistura de 4% de biodiesel no diesel mineral, denominada de B4. A previsão do governo é que, com isso, para suprir o aumento do consumo, a produção de biodiesel no país deverá subir de 1,2 bilhão de litros em 2008, para 1,8 bilhão de litros em 2009.De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a ampliação da produção e do uso do biodiesel no país contribui para agregar valor às matérias-primas oleaginosas de origem nacional, com enfoque na inclusão da agricultura familiar. Além disso, diminui o uso do diesel importado, que é um combustível fóssil e mais poluente.

OUTROS TEMAS

O Globo - Família de brasileiro desaparecido critica governo Mãe de jovem diz que Itamaraty não atende a seus pedidos para aumentar grupo de buscas em Malawi, na África

A família de Gabriel Buchmann — brasileiro que está desaparecido há 11 dias no Malawi, no Sudeste da África — criticou ontem o Itamaraty porque o órgão estaria se re-cusando a custear todos os re-cursos necessários para as buscas ao economista.

Segundo a mãe de Gabriel, Maria de Fátima Buchmann, o Ministério das Relações Exteriores não atende a seus pedidos para aumentar o grupo de salvamento e fretar um novo helicóptero (um primeiro já sobrevoou a área por dois dias na semana passada).

Família paga viagem de equipe de resgate— Nós temos certeza de que Gabriel está vivo. Ele é um estudioso importante para o Brasil, e o governo não pode deixar de socorrê-lo — reclamou Fátima.Uma equipe canadense de sete voluntários deve reforçar as buscas a partir da tarde de amanhã. Seis deles partiram na noite de ontem de Calgary (Canadá) rumo a Blantyre, maior cidade de Malawi. As passagens do grupo — que só cobrou transporte e hospedagem — custaram US$ 22 mil e foram compradas por parentes e amigos de Gabriel. Em 2001, o mesmo grupo resgatou vítimas dos ataques às Torres Gémeas em Nova York.

A equipe vai se juntar às 55 pessoas que já fazem as buscas ao economista desde a semana passada. Num blog, amigos e familiares pé-ciem doações para iniciativas independentes, como o envio da equipe canadense.

Gabriel desapareceu dia 17, quando fazia uma trilha

Gabriel Buchmann, de 28 anos, desapareceu no último dia 17, durante uma trilha no Monte Mulanje. Sua visita ao Malawi era parte de uma via-gem por 28 países para estudai a pobreza ao redor do mundo O assunto seria o tema do dou torado que Gabriel começarií em setembro na Universidade da Califórnia (Ucla), nos Esta dos Unidos. Sua volta estavj marcada para hoje.

De acordo com a família, ai buscas se concentram agora nas áreas de floresta e savana. A suspeita é a de que pesquisador tenha se perdido da trilha durante a descida por causa da neblina. H; verá hoje, às 7h, na Praia de Ipanema, um ato de solidaridade ao economista.

O Globo - Governo diz que ajuda a financiar as buscas Itamaraty informa que 20 pessoas foram contratadas pelo Brasil para procurar Gabriel

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BRASÍLIA. O Itamaraty informou que, a pedido do governo brasileiro, a África do Sul está ajudando nas buscas do brasileiro Gabriel Buchman, desaparecido há onze dias, quando iniciava a subida do Pico Sapi-tawa. A África do Sul enviou um helicóptero para a montanha, na Reserva Florestal do Monte Mulanje, no Malawi.

O governo brasileiro inicialmente pediu que o Zimbábue enviasse um helicóptero para o local, mas um problema técnico com o aparelho levou o Brasil a pedir então a ajuda da África do Sul. As buscas aéreas realizadas na semana passada não resultaram em nenhuma pista sobre o destino do brasileiro; assim, a equipe de resgate achou mais produtivo continuar por terra a procura por Gabriel.O governo brasileiro, segundo o Itamaraty, também está financiando a contratação de 20 pessoas, que se somaram a cerca de outras 40 que já tinham iniciado os trabalhos para encontrar o brasileiro. Chuvas, neblina e baixa temperatura estariam dificultando as buscas. Na semana passada o Pico Sapitwa chegou a registrar a temperatura de menos dez graus, durante a madrugada.

O Globo - Ele merece Gente Boa :: Joaquim Ferreira dos Santos

Lula vai receber 485 assinaturas, de intelectuais e diplomatas, pedindo que Vinicius de Moraes seja promovido post mortem a embaixador. O poeta foi cassado em 1969 como conselheiro do Itamaraty. Amigos querem dar o nome de Embaixador Vinicius de Moraes à praça rm frente ao Itamaraty, no centro.

Folha de S. Paulo - Toda Mídia Nelson de Sá

A entrevista do chanceler Celso Amorim a Eliane Cantanhêde, ontem na Folha, ecoou pelas diversas agências internacionais com enunciados como "Brasil quer pôr limites às bases dos EUA na Colômbia" ou "Desavenças entre Brasil e EUA estão aumentando por causa da Colômbia".

Por outro lado, a manchete on-line do fim de semana na "Foreign Policy", que ecoa o Departamento de Estado de Hillary Clinton, pressionou que, apesar dos balanços que dão até como "trabalho de gênio" os seis meses de Obama pelo mundo, acumulam-se os países supostamente irritados com o presidente. Em destaque, a Colômbia, porque ele nada fez para aprovar o acordo bilateral de comércio.

"MATERIAL NOVO"Confirmando que o confronto regional cresce, a manchete on-line do "New York Times", à noite, dizia que a "Venezuela ainda ajuda rebeldes da Colômbia, mostra novo material". Seria um "material de computador capturado há alguns meses, que está sob revisão de agências de inteligências ocidentais".

CHEVRON & PRÉ-SALNo "Wall Street Journal", a Chevron, segundo maior petroleira dos EUA, anunciou queda de 71% nos lucros, no trimestre. "Mas o sucesso em novos projetos levou a elevar a produção prevista para 2009", citando "êxitos operacionais como o início de grandes projetos no México e no mar do Brasil".

PÓS-RACIAL, NÃO

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Na página "mais popular" do "NYT" de domingo, o colunista Frank Rich avalia a "cúpula da cerveja" que reuniu Obama, um professor negro e o policial branco que o prendeu. O episódio mostra que "a América não transcendeu raça, não é pós-racial", e que alguns "não aceitam a realidade de que o perfil racial da América não mais reflete o deles". Falava da histeria dos republicanos e da Fox News, por sinais como a eleição e reeleição da prefeita "latina lésbica" de Dallas, Texas.O republicano John McCain, que passou o fim de semana em entrevistas de jornal e TV, falou à CNN que o partido está num "buraco", sem o voto "latino".

"PARANOIA LITE"Na ilustração da coluna de Frank Rich, garrafas com marcas como "Medo". No Brasil, Exame e outros sites saudaram como Obama bebeu "cerveja da belgo-brasileira ABInBev"

RECESSÃO O "Financial Times" ressaltou no fim de semana que Obama prevê "muitos meses até os EUA saírem da recessão", que é "mais profunda do que se pensava".E a "Economist" avisa que os números de desemprego, esta semana, podem indicar "recuperação fraca" e até recessão em "W".

RECUPERAÇÃO O "WSJ" não avalia assim e amontoava reportagens, ontem na home page, sobre a "recuperação" que já é percebida nas vendas da Ford e que reanima empresas que cortavam investimento.Até o republicano John McCain, adversário de Obama, afirma que "o estímulo teve algum efeito".

CLASSE C E O FIM DA CRISEA rede McClatchy, de jornais como "Miami Herald", produziu ontem a longa reportagem "Classe média crescente do Brasil sustenta recuperação". Ouvindo Moody's, FGV e Ipea, entre outros, afirma que mais de 20 milhões entraram na "economia de consumo nos últimos anos" e são eles que estão tirando o país da crise, "não a soja, a carne ou o minério de ferro".

A AGENDAO domingo seguia arrastado, com a agenda do Senado pós-recesso, nas manchetes da Folha Online ao Congresso em Foco, sendo dominada pelas "ações contra Sarney". Até que o site do PMDB, em nota assinada por Michel Temer, "pede para os dissidentes deixarem o partido o quanto antes", manchete da mesma Folha Online e de outros, em "recado para Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon". A nota sumiu do link, depois.Por outro lado, Simon reagiu de imediato no alto do G1, portal da Globo, e do site da "Veja", dizendo que só deixa a legenda "se for expulso".

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