resumo de história

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Resumo completo de História Geral e da América Postagem relacionada: Resumo completo de História do Brasil História Geral e da América Sumário 1 O feudalismo e a crise do feudalismo na Europa ocidental 2 A Formação dos estados nacionais, enfoque sobre o caso de Portugal 3 O Estado moderno: absolutismo e mercantilismo 4 O Renascimento 5 A América précolombiana 6 A colonização da América 7 As reformas religiosas na Europa 8 As revoluções inglesas 9 A Revolução científica e o Iluminismo do século XVIII 10 O Despotismo esclarecido 11 A Independência dos Estados Unidos 12 A Revolução industrial: as causas da Revolução industrial 13 A Revolução industrial: a revolução e suas consequências 14 A Revolução francesa: causas da Revolução Francesa 15 A Revolução francesa: as eras das instituições e das antecipações 16 O Império napoleônico e a independência dos países latinoamericanos 17 As revoltas e revoluções, idéias e ideologias da Europa do século XIX 18 A industrialização da Europa continental e unificações italiana e alemã 19 A guerra de Secessão americana e expansionismo dos EUA 20 O imperialismo na África e na Ásia 21 A América Latina no século XIX e a Revolução Mexicana 22 A primeira guerra mundial 23 A revolução russa 24 A crise de 1929 e a depressão dos anos 30 25 Os fascismos e a segunda guerra mundial 26 A Guerra fria 27 A revolução chinesa 28 As lutas de libertação nacional na África e na Ásia 29 A América Latina contemporânea 30 O Oriente Médio contemporâneo e o mundo árabe 31 O fim da URSS e a nova ordem mundial História Geral e da América 1 O feudalismo e crise do feudalismo na Europa ocidental 1. O Feudalismo, conceito: . O que foi: Feudalismo foi o modo de organização da sociedade na Idade Média (séculos V ao XV) na Europa. Sua característica maior é a servidão, relação social de produção onde há dependência e exploração entre o senhor e o servo. Basicamente, o servo trabalhava nas terras do senhor e o senhor tinha que defender o servo. Vejamos outras características do feudalismo. . Descentralização política: Apesar de haver reis e reinos com grandes territórios, quem realmente tinha o controle das diversas regiões da Europa eram os senhores feudais, cada um tendo controle sobre o pequeno senhorio, estando a Europa dividida, portanto, em pequeníssimos estados, cada um com o seu senhor. . Produção para o consumo: Diferentemente do capitalismo, no regime feudal produziamse bens essencialmente para o consumo dos habitantes do próprio senhorio. Assim, produziase apenas o pão que iria ser consumido no senhorio e não mais do que isso, a produção não era feita em função do comércio, apenas o excedente de produção era vendido para o mercado. . Pequeno comércio e pouca movimentação de pessoas: O comércio entre as diversas regiões da Europa era pequeno assim como a movimentação das populações, principalmente na primeira parte da Idade Média, a Alta Idade Média (séculos V ao X). O comércio e a urbanização aumentaram na Baixa Idade Média (XIXV). . Três ordens sociais: A sociedade medieval poderia ser dividida em três ordens ou grupos. Os que

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Resumo completo de História Geral e da América

Postagem relacionada: Resumo completo de História do Brasil

História Geral e da AméricaSumário

1 ­ O feudalismo e a crise do feudalismo na Europa ocidental2 ­ A Formação dos estados nacionais, enfoque sobre o caso de Portugal3 ­ O Estado moderno: absolutismo e mercantilismo4 ­ O Renascimento5 ­ A América pré­colombiana6 ­ A colonização da América7 ­ As reformas religiosas na Europa8 ­ As revoluções inglesas9 ­ A Revolução científica e o Iluminismo do século XVIII10 ­ O Despotismo esclarecido11 ­ A Independência dos Estados Unidos12 ­ A Revolução industrial: as causas da Revolução industrial13 ­ A Revolução industrial: a revolução e suas consequências14 ­ A Revolução francesa: causas da Revolução Francesa15 ­ A Revolução francesa: as eras das instituições e das antecipações16 ­ O Império napoleônico e a independência dos países latino­americanos17 ­ As revoltas e revoluções, idéias e ideologias da Europa do século XIX18 ­ A industrialização da Europa continental e unificações italiana e alemã19 ­ A guerra de Secessão americana e expansionismo dos EUA20 ­ O imperialismo na África e na Ásia21 ­ A América Latina no século XIX e a Revolução Mexicana22 ­ A primeira guerra mundial23 ­ A revolução russa24 ­ A crise de 1929 e a depressão dos anos 3025 ­ Os fascismos e a segunda guerra mundial26 ­ A Guerra fria27 ­ A revolução chinesa28 ­ As lutas de libertação nacional na África e na Ásia29 ­ A América Latina contemporânea30 ­ O Oriente Médio contemporâneo e o mundo árabe31 ­ O fim da URSS e a nova ordem mundial

História Geral e da América ­ 1 ­ O feudalismo e crise do feudalismo na Europa ocidental

1. O Feudalismo, conceito:. O que foi: Feudalismo foi o modo de organização da sociedade na Idade Média (séculos V ao XV) naEuropa. Sua característica maior é a servidão, relação social de produção onde há dependência eexploração entre o senhor e o servo. Basicamente, o servo trabalhava nas terras do senhor e osenhor tinha que defender o servo. Vejamos outras características do feudalismo.. Descentralização política: Apesar de haver reis e reinos com grandes territórios, quem realmentetinha o controle das diversas regiões da Europa eram os senhores feudais, cada um tendo controlesobre o pequeno senhorio, estando a Europa dividida, portanto, em pequeníssimos estados, cadaum com o seu senhor.. Produção para o consumo: Diferentemente do capitalismo, no regime feudal produziam­se bensessencialmente para o consumo dos habitantes do próprio senhorio. Assim, produzia­se apenas opão que iria ser consumido no senhorio e não mais do que isso, a produção não era feita em funçãodo comércio, apenas o excedente de produção era vendido para o mercado.. Pequeno comércio e pouca movimentação de pessoas: O comércio entre as diversas regiões daEuropa era pequeno assim como a movimentação das populações, principalmente na primeira parteda Idade Média, a Alta Idade Média (séculos V ao X). O comércio e a urbanização aumentaram naBaixa Idade Média (XI­XV).. Três ordens sociais: A sociedade medieval poderia ser dividida em três ordens ou grupos. Os que

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lavram, os camponeses que eram servos; os que guerreiam, a nobreza feudal que lutava nasguerras; e os que oram, o clero, membros da Igreja que, nesse período tinham grande prestígio.Tanto a nobreza – os cavaleiros– como o clero eram proprietários de terra e, portanto, senhores feudais.. Predomínio da Igreja romana e teocentrismo: A Igreja católica era muito poderosa nesse tempo,podendo ser considerada a maior força da Idade Média, mais que os reis e senhores feudais. Tudonesse período era explicado através da religião, de Deus e a superstição era muito forte entre todasas pessoas.. Condenação do lucro e da usura (juros) pela Igreja: Um ponto importante da doutrina da Igrejanesse período era a condenação do lucro e da usura, que se tornaram empecilhos para o crescimentodo artesanato e comércio, tornando­se um ponto de conflito entre a Igreja e a burguesia que estavasurgindo na Baixa IdadeMédia. Essa condenação do lucro e o fato de a produção não ser voltada para o comércio eramempecilhos para o desenvolvimento da burguesia.

2. Crise e queda do feudalismo:. A Baixa Idade Média (XI­XV): Após o fim das invasões bárbaras da Alta Idade Média, a população naEuropa começa a crescer, levando em seguida à expansão do comércio e ao surgimento das cidades,o que iria trazer grandes mudanças para a Europa.. Expansão do feudalismo: As inovações técnicas, o aumento da mão­de­obra e o fim das invasõespermitiram a produção de um excedente da produção nos senhorios que era vendido. Isso cria umcerto comércio e uma classe mercantil, que transportava e comercializava essa produção. Novasterras começam a ser exploradas e o feudalismo se expande, surgindo grandes movimentosmercantis como o comércio marítimo e as Cruzadas, expansão do feudalismo europeu para o Oriente.. Feiras e burgos: Com o aumento do comércio, surgem as feiras, lugar onde se vendia o excedentede produção dos senhorios. Elas logo cresceram e deixaram de ser temporárias para serempermanentes, virando cidades – ou burgos. Os comerciantes e artesãos que se estabeleciam nessaregião compravam as terras dos senhores e faziam burgos livres dos senhores feudais. Para láfugiriam os servos, reforçando a produção dessas cidades.. Burguesia: O artesanato nas cidades se organizava através das corporações de ofício, que eram asuniões hierarquizadas de artesãos que faziam um mesmo produto. Os chefes dessas corporações,mestres de ofício, e os comerciantes se enquadram no perfil da nova classe que estava surgindo, aburguesia.. Crise do século XIV: Nesse século, uma grande crise de fome, peste e guerras assola a Europamatando um terço da sua população. Essa crise irá acentuar as modificações que já vinhamocorrendo no campo e, principalmente, irá acentuar a fuga de camponeses para as cidades.. Crise final do sistema: Com a fuga de servos para as cidades, a revolta de outros e a morte de maiscamponeses com a peste e a fome, os senhores feudais entram em crise e muitos vão perder seuspostos. As relações no campo na Europa Ocidental não vão mais se basear na servidão. Era adecadência do feudalismo e o fim da Idade Média.

História Geral e da América ­ 2 ­ A formação dos estados nacionais, enfoque sobrePortugal

1. A formação dos estados nacionais, características gerais:. Acordo entre nobreza, clero e burguesia: Com o enfraquecimento da classe feudal – os senhores deterra –, as monarquias vão conseguir se fortalecer no panorama europeu. As novas monarquias sãochamadas de absolutas, características da Era Moderna na Europa (séculos XV­XVIII). Essamonarquia onde aparentemente o rei tem todo o poder do Estado é, na verdade, um Estado com apreponderância do clero e da nobreza, tendo também a presença importante da burguesia.. Mercado nacional unificado: Interessa ao comércio e à produção dos burgos um estado nacionalonde não se precise pagar taxas para atravessar os senhorios (como acontecia na Idade Média), ondeos pesos e medidas sejam os mesmos em todo o território nacional e a moeda seja a mesma em todoo reino. Tudo isso é cumprido no novo estado que está surgindo. O mercado nacional é unificadopelos interesses do comércio e da produção da burguesia.. Língua nacional: É nesse mesmo período que surgem as línguas nacionais européias. Elas sãoimportantes para que todos no país se entendam na fala e na escrita e o Estado se faça presente emtodo o território com uma língua comum. O surgimento das línguas nacionais é marcado pelapublicação de grandes obras literárias nacionais.. Redução do poder da Igreja e do papa: Se durante a Idade Média, o poder do papa se faziapresente em toda a Europa fragmentada em pequenos senhorios, agora na Era Moderna, o poder

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papal encontrará dificuldade de se impor diante de poderosos estados nacionais. Há diversosconflitos entre a Igreja e os Estados recém­surgidos.. Casos particulares: Apesar de haver características gerais ao surgimento dessa nova forma deorganização política, o estado nacional, cada país se unificou em condições específicas: A Espanha seunificou pela luta de várias casas de nobreza contra os muçulmanos na península ibérica, é achamada guerra de Reconquista. No final do conflito, o rei de Aragão se casou com a rainha deCastela unificando o território; a França fortaleceu a sua monarquia e o seu exército com a guerrados cem anos contra a Inglaterra; a Inglaterra teve a especificidade de manter forte os poderesregionais através do parlamento durante a Idade Média, que não eracompletamente submisso ao rei; Itália e Alemanha não conseguiram se unificar, só o fazendo noséculo XIX,já no contexto das revoluções burguesas.

2. A unificação de Portugal:. Uma região voltada para o mar: Também dominada pelos mouros – muçulmanos ibéricos – assimcomo a Espanha, Portugal surgiu na luta de Reconquista contra os mouros, que chegaram napenínsula no século VIII. Desde cedo, Portugal mostrou uma forte tendência para a pesca e ocomércio, visto que era o entreposto marítimo entre as duas principais regiões de comércio daEuropa, as cidades italianas e Flandres. Assim, conseguiu se organizar facilmente para a expulsãodos mouros. No século XII, todos já tinham sido expulsos da região, diferentemente da Espanha quesó expulsou os últimos muçulmanos do seu território em 1492.. Feudalismo diferente, centralizado: O condado Portucalense surge como um estado vassalo deCastela, tornando­se independente em 1139. Portugal se caracterizava no início por ter umfeudalismo muito centralizado, diferente de outros feudalismos na Europa. O rei tinha mais poder doque em outras regiões da Europa, o feudalismo iria acabar no país com a Revolução de Avis de 1385.. Decadência do feudalismo em Portugal: O rei era forte em Portugal e, opondo­se aos senhoresfeudais, faz um amplo incentivo à fuga dos servos e também a criação das feiras de comércio. Ossenhores feudais vão se enfraquecer e desesperadamente tentam se aliar a Castela para manter opoder sobre os senhorios. Isso detona a guerra que trará a formação do moderno estadoportuguês,a chamada Revolução de Avis.. Revolução de Avis: Em uma disputa dinástica, dois postulantes ao trono se confrontam em umaguerra. A casa de Borgonha era aliada aos senhores feudais portugueses e ao poderoso reino deCastela. Do outro lado, Dom João da casa de Avis, aliado dos comerciantes portugueses, dospescadores e mestres de ofício. A vitória é de Dom João I e marca o fim do feudalismo em Portugal eo início do estado nacional monárquico português. Com essa unificação adiantada do país, oslusitanos serão o primeiro povo a navegar pelos oceanos em busca de riqueza. Nesse momento,Portugal é uma das regiões mais avançadas comercialmente da Europa, sendo o primeiro Estado a seunificar de fato.

História Geral e da América ­ 3 ­ O Estado moderno: absolutismo e mercantilismo

1. Apresentação:A época moderna é um período de transição entre o feudalismo medieval para o capitalismocontemporâneo. Apesar de formas de trabalho semelhantes à servidão continuarem comuns nocampo, existe uma burguesia mercantil e manufatureira com certo poder. Em função desse quadrosocial complexo em que coexistem burguesia e nobreza, existe uma forma própria de Estado, oestado absolutista e uma teoria e política econômica de forte intervenção do Estado também restritaa esse período histórico, o mercantilismo.

2. O Absolutismo:. Conceituação: O nome absolutismo dá a falsa idéia de que o rei tem poderes absolutos, totais. Naverdade, o rei serve como um ponto de equilíbrio entre os conflitos existentes entre as classes sociaisdaquela sociedade – burguesia, nobreza e campesinato. Em função desse quadro contrastante, o reirepresentava o poder que terminaria com todos os conflitos. Na verdade, o rei tinha que jogar comas pressões desses grupos sociais. A classe hegemônica daquele meio, no entanto, era a classe quese sustentava a partir do controle da terra, ou melhor, a nobreza e o clero..Antigo regime: É o nome dado ao regime absolutista pelos iluministas do século XVIII de uma formapejorativa. Na história é sinônimo de monarquia absoluta ou absolutismo.. Teóricos do absolutismo: O poder absoluto era legitimado através de discursos. Esses discursosforam importantíssimos para que o regime se consolidasse e fosse aceito por todos. As principaisteorias são:

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. O Direito divino dos reis: Le Bret, Bodin e Bossuet são teóricos franceses que afirmam que os reistêm uma origem divina e por isso têm a legitimidade para governar. Essa é a principal base desustentação teórica do regime absolutista. Portanto, a figura do rei nos tempos modernos é sagrada.. O Leviatã: Hobbes afirma que o homem é o lobo do homem e sem um governo forte e coercitivo, ohomem pode se destruir. Diante dessa animalidade humana, é necessário um governo forte na mãode um rei.. Maquiavel: Esse autor escreveu o livro O Príncipe mostrando como os reis italianos de seu tempoagiam, como eram anti­éticos e arbitrários, mostra como eram os regimes absolutistas de seu tempo.

3. Mercantilismo. O que é: É a teoria e a prática econômica dos estados modernos, das monarquias absolutas. Temcomo característica fundamental a intervenção do Estado na economia para o fomento da riquezanacional. Pressupõe que a riqueza não se reproduz, ela é limitada na natureza, por isso os estadoseuropeus vão ter longas e numerosas guerras para ter essa riqueza. Essas medidas têm o objetivotambém de fortalecer o poder dos ainda fracos Estados nascentes. Existem ainda aspectosespecíficos do mercantilismo:. Metalismo – ou bulionismo: É o fator maior do sistema mercantilista que vai explicar todas as outrascaracterísticas desse sistema. Pensava­se na época que toda a riqueza do mundo estava nas pedraspreciosas e outras riquezas naturais, principalmente o ouro e a prata. A riqueza de um país mediaem quanto ouro e prata havia em seu território. Diante disso, os países europeus restringem a saídade ouro e prata dos seus territórios, tentando trazer o máximo desses metais para dentro se suasfronteiras.. Balança comercial favorável: Os países europeus traçaram várias formas de se conseguir essariqueza em metais. Com a balança comercial favorável, exportando­se mais do que se importava, oreina adquiria metais de outros reinos. Todos os países europeus tentavam manter esse saldopositivo na balança.. Colonialismo: Consistia na aquisição matérias­primas de alto valor, ouro e prata nas colônias noultramar e a venda de produtos manufaturados para estas regiões. Era mais uma forma deenriquecimento.. Industrialismo: Era o fomento da produção de manufaturas, principalmente para exportação,objetivando uma balança favorável. Essa é uma característica mais tardia do mercantilismo, dosséculos XVII e XVIII. As unidades fabris desse período não são as mesmas da Revolução Industrial,são manufaturas.. Populacionismo: O poder de uma nação também era medido pela população que havia no reino.Isso porque a população mostrava o tamanho do exército que o país podia montar e a produção dealimentos e manufaturas que esse país podia ter, especialmente em períodos de guerra.. Contraste com o liberalismo: A teoria econômica que surge no final do século XVIII e consolida­senoséculo XIX, o liberalismo, nasce da crítica dessas práticas mercantilistas. O liberalismo defende a nãointervenção do Estado na economia, já que as leis naturais do mercado regulariam automaticamentea economia.

História Geral e da América ­ 4 ­ O Renascimento

1. Renascimento, conceituação:. O que foi: Foi a efervescência artística e cultural vivida nos séculos XV e XVI na Europa Ocidentalque marca o início da Era Moderna e o nascimento do universo burguês, especificamente em suaface cultural. No Renascimento, fica claro o rompimento com a Idade Média em grande parte de seuselementos. É, sobretudo, a exposição do universo e dos valores da nova classe emergente, aburguesia.. Quando e onde: O Renascimento foi um movimento restrito à Europa Ocidental católica. Seuepicentro foi certamente a Itália e de modo mais específico, a cidade de Florença. Desde o meio daBaixa Idade Média já se via um florescimento das artes e da cultura, mas isso tomou uma formaampla mesmo apenas no século XV. A partir deste momento ela sairá da Itália e ganhará todo oespaço da Europa Ocidental.

2. Elementos do Renascimento:. Estudo dos clássicos greco­romanos: Um dos elementos que sublinham o afastamento com a IdadeMédia é a visitação dos textos e livros clássicos da Antiga Grécia e do Império Romano. Reliam­se ostextos políticos, admirava­se a arte daqueles povos e os seus conhecimentos sobre a natureza e omundo. Inclusive a religião pagã desses povos antigos traz interesse, mas o catolicismo não chega a

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perder força diante disto.. Humanismo: Ao contrário do extremo peso que tinha a Igreja e Deus na cultura medieval, agora aatenção é voltada para o homem. Este, agora, constrói o seu mundo, o homem pode construir o seuconhecimento, conhecimento que pode modificar o mundo. O próprio conhecimento e as ações dohomem na Terra não se justificam mais unicamente por Deus. Fala­se de um antropocentrismo – ohomem no centro de tudo – moderno ante um teocentrismo medieval.. O indivíduo e a razão: A noção individual do mundo passa a ser valorizada contra uma visão maiscomunal ou religiosa, característica da Idade Média. E esse indivíduo usa a razão para compreender omundo. A razão, durante a Idade Média, era menos importante do que a fé, era submissa a esta.. Avanço do conhecimento e da técnica: Surge nesse período a origem do que depois será chamadode ciência. A razão agora será valorizada, mas ainda não será mais importante do que a fé. Oconhecimento racional das coisas começa a ganhar corpo para depois triunfar no Iluminismo noXVIII. Durante o Renascimento e os séculos seguintes, constata­se um grande avanço de todos oscampos do conhecimento e da técnica.. As artes: De forma bem ampla, as artes vão ser renovadas. Novas técnicas, novas formas de sefazer arte e também novos elementos artísticos serão introduzidos enriquecendo e diversificandobastante o campo das artes na Europa. As artes vão ser financiadas pelos mecenas, homens ricos –burgueses ou nobres – que patrocinavam os artistas para que estes fizessem as suas obras de arte.Com esse financiamento, surgem alguns artistas profissionais, o que antes não existia. Essa arte,porém, não é voltada para as massas, mas para uma pequena elite apenas.. A imprensa, as línguas e as grandes obras literárias: Um grande avanço técnico do período é ainvenção da imprensa. Com ela, as obras literárias serão difundidas mais rapidamente, haverá umpequeno impulso para a redução do analfabetismo, mas a maioria da população européia aindacontinuará analfabeta. Nesse momento surgirão as línguas nacionais, principalmente a partir degrandes obras literárias nacionais. Cada país que se unifica e ganha a sua língua própria, tendotambém a sua própria obra­mãe. Assim, Os Lusíadas de Luís de Camões é tido como a certidão denascimento da língua portuguesa, junto com outros escritos portugueses do mesmo período. O DomQuixote de Miguel de Cervantes é a principal obra espanhola do período e é um marco para afundação do idioma castelhano. A Utopia de Thomas Morus e as obras de Shakespeare são marcosfundantes da língua inglesa e assim por diante.. O elitismo do Renascimento: Vale lembrar que nessa época poucos eram os que sabiam ler etambém eram poucos os que tinham acesso à arte. Essa arte que surge no Renascimento erafortemente elitista, poucos tinham acesso a esta arte e poucos também podiam entendê­la.

História Geral e da América ­ 5 ­ A América pré­colombiana e a colonização da América

1. A América Pré­colombiana:Diversidade: A América, antes da chegada dos europeus em 1492, era densamente habitada.Estima­se entre 80 a 100 milhões o número de habitantes do continente naquele período. Haviagrupos em vários estágios de desenvolvimento, desde grupos semi­nômades que usavam aagricultura de maneira não generalizada – como os índios encontrados no Brasil – até as grandescivilizações Inca, Asteca e Maia. Os maias tinham como organização a cidade­estado e desapareceramcomo civilização antes da chegada dos europeus. Os incas e astecas se organizavam em grandiososimpérios onde hoje ficam aproximadamente o Peru e o México. Ambas civilizações foram destruídaspelos espanhóis.

2. A conquista e a colonização:. O Genocídio: Se existiam por volta de 100 milhões de habitantes na América no final do século XV,no final do século XVI, os indígenas não passavam de 10 milhões devido à conquista européia. Foi omaior genocídio da História. As duas grandes civilizações foram dominadas e seus complexossistemas produtivo e político foram tomados pelos espanhóis. Milhões de índios foram escravizadospelos conquistadores. A violência da invasão fez também minguar e até fez desaparecer as culturasdesses povos.. Traços gerais das colonizações: Todas as dominações feitas pelos diversos povos europeus forammarcadas pela extrema violência dos brancos e pelo objetivo maior da colonização, o enriquecimentodos conquistadores e de seus países de origem.. O Colonialismo: A colonização da América se deu dentro do quadro do mercantilismo europeu, elabuscava o enriquecimento da nação de origem. A colônia deveria se especializar na produção deprodutos primários de alto valor no mercado europeu, como o ouro, a prata, o açúcar, o tabaco, oalgodão, o cacau, etc. Esses produtos só podiam ser vendidos para a metrópole colonizadora – é oexclusivo comercial – que revenderia os mesmos produtos no mercado europeu. A metrópole vendia

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também produtos manufaturados do reino para as colônias e estas eram proibidas de produzirqualquer artigo que concorresse com a produção metropolitana. Também importante era o comérciode mão­de­obra, o tráfico de escravos africanos e indígenas que davam tanto lucro aos comerciantesmetropolitanos e locais. Esses princípios norteavam todas as colonizações na América, com a exceçãode regiões conquistadas mas não colonizadas, como o Norte das treze colônias inglesas e outraspoucas regiões da América.. A colonização espanhola: Segundo o Tratado de Tordesilhas de 1494 – que em seguida não foirespeitado – a Espanha ficaria com a maior parte do continente americano. Os espanhóis foram oprimeiro povo europeu a chegar nas novas terras, o primeiro a achar grandes riquezas e a iniciar acolonização no início do XVI. Logo, foi descoberto ouro no México asteca e prata em grandequantidade no Império Inca, regiões do atual Peru e Bolívia. Fez­se uma grande empreitadamineradora, usando­se mão­de­obra compulsória (obrigatória) indígena, seguindo formas detrabalho que existiam na região antes da chegada dos europeus. Outras áreas da América hispânicase especializaram na pecuária, agricultura e atividade portuária em função daquelas áreasmineradoras.. Colonização portuguesa: Um pouco mais tardia que a espanhola, foi especializada na produção deprodutos agrícolas, como a cana­de­açúcar e derivados na costa Nordeste do Brasil atual, utilizando­se do trabalho escravo indígena e africano. No XVIII, houve forte mineração de ouro e diamante nointerior do território, com a utilização do mesmo tipo de mão­de­obra.. Colonização francesa: Mais atrasada, deu­se em regiões teoricamente já dominadas pelas potênciasibéricas, como Quebec (leste do Canadá atual), Louisiana (atual região dos EUA), na costaportuguesa fundando cidades como o Rio de Janeiro e São Luiz – depois reconquistadas pelosportugueses –, no Haiti e outras localidades. No século XVIII, desenvolveu uma poderosa produçãoescrava açucareira no Haiti.. Colonização inglesa: A mais tardia, deu­se apenas no século XVII, majoritariamente na costa Lesteda América do Norte. Na faixa Sul do território, desenvolveu­se a colonização de fato com grandespropriedades e trabalho escravo que produziam tabaco, açúcar e outros produtos para exportação.No Norte do território, não há colonialismo – ou pacto colonial –, há apenas uma faixa livre de terrapara onde perseguidos religiosos e políticos de toda a Europa fugiam. Lá, eles se estabeleciamgratuitamente em pequenas propriedades.. Colonização holandesa: De menor importância, estabeleceu territórios nas Antilhas e no Norte daAmérica do Sul – o atual Suriname – principalmente com produção de cana­de­açúcar. Muitoimportante também foi a ocupação holandesa no Nordeste da América portuguesa de 1630 a 1654.

História Geral e da América ­ 7 ­ Reformas religiosas

1. Introdução:. Conceituação e contextualização: As reformas religiosas ocorreram no século XVI na Europa e têmcerta diversidade. Trata­se de um grande movimento, múltiplo, de contestação da velha religiãocatólica em sua forma medieval. Este movimento adequou a religião aos novos tempos, à novasociedade que emergia nos tempos modernos com a marcada presença da burguesia. O velhocatolicismo feudal, do dízimo obrigatório, das missas em latim, da condenação da usura e do grandelucro não davam mais conta dos interesses e modo de vida dessa classe ascendente, a burguesia, ede toda nova vida material existente na Europa Ocidental.

2. A reforma protestante:. Críticas à Igreja: A primeira reforma e a detonante de todas as outras, a reforma luterana, parte deuma crítica interna na Igreja. As críticas de Martim Lutero se dirigiam à corrupção do clero, aoenriquecimento da Igreja, à venda de indulgências – uma forma de perdão religioso – e de outrosartigos religiosos diversos, inclusive terrenos no céu. Criticava­se também a condenação feita pelaIgreja aos juros, ao lucro e a outras práticas dos comerciantes e burgueses em geral.. O Luteranismo: Lutero, um monge alemão da Igreja, faz essa série de críticas a esta em 1517,tornando­ se logo um inimigo dela até ser excomungado. Ele defendia que a Bíblia fosse traduzidanas línguas nacionais e não fosse só em latim como era até então, defendia a salvação pela fé econdenava o excesso dos ritos católicos. Consegue uma legião de seguidores na Alemanha, dentrecamponeses, comerciantes e príncipes. Os camponeses alemães interpretam os ensinamentosluteranos como palavras de libertação contra a opressão senhorial e fazem uma revolta. Sãomassacrados pelos príncipes alemães com o apoio de Lutero.. Calvinismo: Calvino é um suíço seguidor de Lutero, ele reformula as palavras deste, dando origem aoutra seita protestante – em seguida, surgirão várias destas. Cria a teoria da predestinação, onde ohomem já nasce com um destino certo após a morte escolhido por Deus, é certo já se ele irá para o

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inferno ou o paraíso.. Expansão e guerras: O protestantismo rapidamente se expandiu a partir da Alemanha e da Suíça,passando a ser a religião dominante do Norte da Europa. Essa expansão levou a várias guerras entrecatólicos e protestantes entre os países europeus e também dentro desses países.

3. A Reforma Anglicana:. Uma religião nacional: O rei da Inglaterra nunca teve muito poder em seu país devido à força danobreza representada no parlamento, existente desde a Idade Média. Henrique VIII, rei inglês,resolve nacionalizar em nome da Coroa todas as propriedades da Igreja católica no país, sendoapoiado pelo Parlamento. Vários sacerdotes católicos foram mortos e a Igreja Católica passa a serIgreja Anglicana em1534, onde o rei era o chefe supremo da mesma. A Coroa fica com as enormes propriedades ruraiscatólicas em seu país, vendendo e alugando essas terras. Isso leva a um grande incremento dopoder real no país.

4. A Reforma Católica ou Contra­Reforma:. Planejamento do contra­ataque: A Igreja Católica não ficou parada ao ver seu poder sendo atacado.Convocou o Concílio de Trento (1545­1563) que reformulou a Igreja Católica, preparando o contra­ataque ao protestantismo. Várias são as mudanças e medidas desse Concílio.. Fatores da Contra­Reforma: A própria Igreja Católica se reformou, adequando­se aos novos tempose à nova sociedade européia. Muitas das críticas luteranas feitas à Igreja foram admitidas pelahierarquia católica e decisões foram tomadas a respeito. Criticava­se que muitos padres não estavampreparados para exercer afunção e só viravam padres as pessoas com maior projeção social. Foram criados então os seminários,onde ospadres iriam ser preparados para exercer a função. Foi instalado nos países majoritariamentecatólicos – Portugal, Espanha, Itália, França e outros – o Tribunal do Santo Ofício, a Inquisição, queperseguia os hereges, os judeus, protestantes e outros, condenando­os a punições diversas. Foicriado o Índice, lista de livros proibidos que deveriam ser queimados nos países católicos. Foi criada aOrdem dos Jesuítas que tinha o objetivo de propagar a fé católica pelo mundo. Estes foram muitoimportantes na América portuguesa e espanhola, sendo donos de fazendas, usavam largamente otrabalho compulsório indígena em missões e fazendas e tinham a função de educar os filhos da elitecolonial. A dureza das decisões do Concílio levou judeus estabelecidos em Portugal e Espanha afugirem para países com religião livre como os Países Baixos ou a virar cristãos novos nesses países.

História Geral e da América ­ 8 ­ As revoluções inglesas do século XVII

1. Conceituação da Revolução inglesa:. O que foi: A Revolução inglesa – ou revoluções – do século XVII se deu entre 1640 a 1688 e marcao fim do regime absolutista na Inglaterra. É o primeiro grande país europeu a dar fim à monarquiaabsoluta. Não à toa, será o primeiro país industrializado do mundo e a maior potência do século XIX.Vejamos através do desenvolvimento do país desde o fim da Idade Média porque isso ocorreuprimeiramente na Grã­Bretanha.

2. A mercantilização da sociedade, do século XIII ao século XVII:. A Magna Carta e o parlamento: Desde a Baixa Idade Média, a nobreza britânica não aceitafacilmente a centralização do poder na Coroa. Através da Magna Carta de 1215, os nobres inglesesexigem que se crie um parlamento – que, depois, no século XIV será dividido entre Câmara dosLordes e Câmara dos Comuns – para limitar o poder real.. A criação de ovelhas e os cercamentos: A partir do século XIV, a Inglaterra passa a ser um grandecriadouro de ovelhas para exportação de lã para a Holanda. Para tal, expulsam­se os camponeses desuas terrase transformam­se propriedades coletivas em privadas – pertencentes aos nobres –, são oscercamentos. Oscamponeses sem terra passam a trabalhar por salários ou a arrendar (alugar) terras de proprietários.Os camponeses perdem o controle das terras e estas passam a ser propriedades privadascomercializáveis. É importante ressaltar a violência desse processo com os camponeses. Estes fizeramvárias revoltas massacradas duramente pelo Estado. Muitos acabaram virando desocupados semterra.. As manufaturas: Aos poucos se desenvolveram também nessas áreas rurais manufaturas de lã e,em menor escala, de outros produtos. Utilizavam essa mão­de­obra ociosa do campo – expulsa pelos

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processos de cercamentos. Existiam, inclusive, leis que obrigavam essas pessoas desocupadas atrabalhar em regime semi­ escravo nas manufaturas dessa burguesia agrária – que tinha seusrendimentos principais do arrendamento da terra.. A Guerra das duas rosas e o absolutismo: Esta guerra (1455­85) foi a luta de duas casas de nobrespelo controle da monarquia, que estava sem herdeiros. Ao final da guerra, a nobreza estavaenfraquecida e o rei detinha grande poder, formando­se o absolutismo inglês com Henrique VIII,Elizabeth I e outros.. A reforma anglicana: Henrique VIII só pode dar o golpe da Reforma anglicana porque passava poruma conjuntura de centralização do poder no rei. Essa Reforma ajudou a introdução do capitalismono campo, com a venda e arrendamento das terras da Igreja confiscadas pelo Estado. Este processojá estava em curso com os cercamentos e arrendamentos. No entanto, o anglicanismo não foi a únicareligião que surgiu na Grã­Bretanha no período, várias seitas protestantes ­ chamados em conjuntode puritanos ­ surgem na ilha nesse instante, opondo­se aos anglicanos.

3. Etapas das Revoluções inglesas:. Revolução puritana (1642­49): O reinado de Carlos I (1625­49) foi de forte perseguição aospuritanos e acúmulo de poder real. O parlamento, os puritanos e a burguesia rural – os queexploravam a terra buscando lucro – juntaram­se contra o rei e seus cavaleiros e venceram.. Protetorado de Cromwell (1649­1658): O líder dos parlamentares, Oliver Cromwell, instaurou umaditadura marcada pelas práticas mercantilistas através dos Atos de Navegação. Colonizou­se aJamaica e incentivou­se a marinha mercante, dando grande força ao comércio britânico.. Período a restauração monárquica (1660­1688): Com a morte de Cromwell, os reis voltaram agovernar a Inglaterra convidados pelo Parlamento. No entanto, o rei Jaime II tentou novamente oabsolutismo e as Câmaras reagiram. O rei foi expulso do país sem ser preciso derramamento desangue. Nesse período, foi instituído o habeas corpus no país, instrumento jurídico que defende oindivíduo contra o poder arbitrário do Estado.. Revolução Gloriosa (1688): Jaime II foi expulso do país e Guilherme de Orange foi convidado a serrei da Inglaterra, tendo antes que assinar um juramento, a Declaração de Direitos, onde o poder dorei era quase nulo e o Parlamento governava..Conclusão: A partir de 1688 não há absolutismo na Inglaterra, o poder político está concentrado noParlamento e a sociedade, fortemente mercantilizada, faz seu rumo em direção à industrialização.

História Geral e da América ­ 9 ­ A Revolução Científica do século XVII e o Iluminismosetecentista

1. Introdução:. A ciência: Pode­se dizer que a Ciência como ela mais ou menos é hoje surgiu na Europa do séculoXVII, principalmente com os trabalhos de Galileu, Descartes e Newton. Trata­se de uma forma depensar nova, baseada na relação de conhecimento entre sujeito e objeto e tem como primadocentral o uso da razão.. O Iluminismo ou Ilustração: Foi um movimento de pensadores do XVIII herdeiros de Descartes eque defendiam a liberdade, o racionalismo, o progresso do homem, o fim do absolutismo e oanticlericalismo. O movimento iluminista mais conhecido é o francês, mas há iluministas em outrospaíses. Foi importantíssimo, pois deu embasamento teórico às revoluções burguesas e todo o mundoburguês do século XIX.

2. O surgimento da ciência moderna:. O método científico: O século XVII é marcado pelo surgimento do método científico e, porconsequência, da própria ciência. Condenava­se a tradição e todas as formas de conhecimento nãoracionais. Descartes foi o principal nome nesse assunto. Ele criou o modelo de ciência com a relaçãode sujeito com o objeto. Ainda, a nova ciência deveria ser experimental, ou melhor, comprovar­secom o experimento.. O avanço científico: Estudos feitos no século XVI e XVII ajudaram a institucionalizar essa novaforma de conhecimento. Importantíssimos são os estudos de Galileu sobre a astronomia e agravidade. A consolidação dessas teorias se dá com Newton e as leis da física.

3. A Ilustração:. Quadro geral: O Iluminismo pode ser considerado uma visão específica da burguesia sobre arealidade, ou melhor, trata­se de uma ideologia burguesa. Das obras dos autores da Ilustração,importantes são os escritos sobre política: falam do quadro político daquele período e sobre a formaideal de governo. O que se pregava para a França da época era a revolução para que se findasse o

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absolutismo no país como ele acabou na Inglaterra. Alguns filósofos ganharam grande destaquenesse período.. Locke e a Revolução Gloriosa: John Locke, que pode ser considerado um precursor da Ilustração dossetecentos, foi um pensador inglês do século XVII que escreveu seu principal livro, o Tratado doGovernoCivil, logo após a Revolução Gloriosa na Inglaterra de 1688, legitimando­a. Ele dizia que todo povotinha direito de escolher seu governante sendo a revolução seria legítima em casos de mau governo,dizia também que as principais funções do Estado deveriam ser a defesa da propriedade privada edas liberdades individuais. Este é o liberalismo político que influenciou bastante os iluministasfranceses.. Voltaire: Escreveu as Cartas Inglesas, obra que não pode ser chamada de um estudo teórico, masumpanfleto contra o absolutismo francês. Era profundamente anticlerical e anti­absolutista.. Montesquieu: Para este filósofo, cada povo tem o governo que lhe cabe, isto está claro em sua obraO Espírito das Leis. Dizia que o absolutismo na França não condizia com o anseio do povo francês,que queria um regime constitucional. Defendia, baseando­se em Locke, o Estado em três esferas:Executivo, Legislativo e Judiciário, cada poder limitaria o outro para que assim não houvesse tiraniade um desses poderes.. Rousseau: Diferente dos outros filósofos, não é consenso de que se trata de um pensadoriluminista, muitos o situam na corrente do Romantismo. Defendia a democracia total com votos detodos, diferentemente dos outros pensadores ilustrados. Dizia que a propriedade era a origem detoda a desigualdade e sofrimento dos homens no seu livro O Contrato Social. Esta propriedadeacabou com o estado de natureza humana onde reinaria a paz e a solidariedade.. Enciclopedistas: D´Alembert e Diderot com o auxílio de outros filósofos empreenderam esse grandeesforço, compilar todo o conhecimento racional humano em uma grande obra, a ‘Enciclopédia’.. Fisiocratas: São teóricos da economia que questionam o mercantilismo, defendendo a nãointerferência do Estado na economia – laissez­faire, laissez­passer. Para esses pensadores, sobretudofranceses, só gera valor que é produzido na agropecuária. Eles defendem que a economia é regidapor leis naturais.. Adam Smith e os liberais: Adam Smith é um iluminista, mas é também o pai fundador doliberalismo na economia. O liberalismo econômico será uma doutrina hegemônica no XIX. Assimcomo os fisiocratas, eleera crítico do mercantilismo e favorável à não­intervenção estatal na economia nacional. Todo ariqueza, paraSmith vinha do trabalho e não do ouro e prata ou da agricultura. Dizia que os homens em umímpeto individualista produziam para a sociedade e essa produção se auto­regulava pela mãoinvisível da economia, a lei a oferta e da demanda. Assim, a liberdade econômica geraria aprosperidade.

História Geral e da América ­ 10 ­ O Absolutismo ilustrado ou despotismo esclarecido

1. Aspectos gerais:. Conceituação: Foi a prática política de alguns reis da periferia européia na segunda metade doséculo XVIII de utilizar em seus governos idéias e ideais iluministas, com o objetivo de dinamizar emodernizar a estrutura do Estado além de dar uma imagem mais progressista ao reino.. Objetivos: O objetivo dessa prática é que estes países se tornassem tão desenvolvidos quanto aspotências européias do período: Inglaterra e França. Pretendia fomentar a burguesia nacional ereafirmar o poder monárquico. Apesar de esclarecido, o absolutismo persiste e os objetivos, em geral,não foram atingidos.. Como: O método para se atingir esse fim era o reforço do mercantilismo. Assim, fiscalismo, balançafavorável, metalismo, fomento do comércio são características das práticas dos déspotas esclarecidos.. Traços gerais: Apesar de se diferenciar razoavelmente de país para país, o absolutismo ilustradotinha certas características gerais, que eram: a racionalização da administração pública, os conflitoscom a Igreja Católica – no caso da Rússia com a Igreja ortodoxa –, a modernização do exército, ofomento da economia através de práticas mercantilistas e o aumento das liberdades individuais, commuitos limites.

2. Casos particulares:. A importância dos casos particulares: É importante conhecer os casos isolados, pois estas reformastrouxeram grandes mudanças a estes países e às suas colônias. Por exemplo, as reformasbourbônicas na Espanha vão ser importantíssimas para o processo de independência das colônias

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hispano­americanas e as reformas pombalinas em Portugal vão transformar a colonização na Américaportuguesa.. Prússia: As reformas ocorreram, sobretudo, com Frederico II (1740­1786) que impôs as seguintesmedidas: concedeu liberdade de expressão à população, liberdade religiosa e, principalmente,instituiu uma ampla rede escolar na Prússia, que fez do país um dos melhores do mundo em termosde educação básica. Essa escolarização vai ser muito importante no futuro, na industrialização alemã,pois o país vai ter disponível uma ampla mão­de­obra especializada. A escolarização também seráimportante para o exército prussiano – o mais organizado, eficiente e nacionalista da Europa – queao longo do século XIX irá unificar a Alemanha.Vale lembrar que as medidas de liberdade podiam ser e foram revogadas de acordo com o interessedo monarca. Portanto, os benefícios de liberdade individual não se estenderam por muito tempo.. Áustria: José II (1780­90) impôs uma forte centralização administrativa, acabou com a servidão emseu país, deu liberdade religiosa e igualdade jurídica aos cidadãos, expulsando ainda os jesuítas doterritório austríaco. O resultado disto tudo foi um enorme aumento do poder real. Novamente, asreformas eram revogáveis e não uma conquista perpétua da população, mas um simples exercícioprovisório do poder real.. Rússia: Pedro, o Grande na primeira metade do século XVIII já pode ser considerado um monarcaabsoluto ilustrado por suas reformas modernizantes, mas é Catarina II (1762­94) quem empreendeas maiores reformas iluministas bem à maneira particular russa. Ao contrário de José II, ela nãoacaba com a servidão, mas a reafirma, nacionaliza e doa as terras da Igreja ortodoxa russa aosnobres e incentiva­os a manter o trabalho servil, sobretaxa os servos e camponeses livres e expandeterritorialmente o Império Russo. Isso tudo vai criar o enorme e arcaico Império servil que chega a irda Polônia ao Alasca. A servidão se manterá até 1861.. Espanha: No reinado de Carlos III (1759­1788), o ministro Aranda teve grande peso no queficaram conhecidas como as reformas bourbônicas. Assim como Portugal, o grande foco das reformasfoi a colonização na América, esta foi completamente reformulada. Os jesuítas foram expulsos daEspanha e da América espanhola. Novas medidas fiscalistas conseguiram diminuir bastante ocontrabando, que era gigantesco antes das reformas. Isso atrapalhou a vida dos colonos que tinhamvantagens em comerciar ilegalmente com os britânicos e outras medidas endureceram a colonização,desagradando as elites criollas no Novo mundo. Isso vai levar a um caráter de revolta dessas elites,que começam a formular as independências.. Portugal: Durante o reinado de José I (1750­77) o ministro Marquês de Pombal ganha umaprojeção nacional muito forte e se torna uma figura central na administração do Estado,principalmente a partir da reconstrução de Lisboa, abalada pelo terremoto de 1755. Assim como aEspanha, ele vai reformular a colonização portuguesa no ultramar. A capital do Brasil muda em 1763de Salvador para o Rio de Janeiro, mais próximo das minas de ouro. Os jesuítas são expulsos dametrópole e da colônia em 1759. O fiscalismo aumenta de modo absurdo, instituindo­se a derrama,que vai ser o motivo maior para a Inconfidência mineira. Assim, os primeiros projetos deindependência na colônia vão surgir após esse enrijecimento do colonialismo.

História Geral e da América ­ 11 ­ A independência dos Estados Unidos da América

1. Apresentação:A primeira coisa a se refletir sobre esse assunto é a forma como ele geralmente é exposto. Chama­segeralmente esse tema de Revolução americana, há aí um erro. Não se trata de uma revolução, poiseste termo pressupõe que haja uma mudança profunda na estrutura social existente commodificações na economia, na política e cultura, o que não ocorre. O que há é a independência deuma região da América que se tinha tentado estabelecer um pacto colonial tardiamente. O novo paíscria uma forma relativamente nova de poder, baseada nos ideais iluministas. Tratava­se, porém, deuma democracia fortemente reduzida, com o predomínio dos grandes fazendeiros e sem o votofeminino e o voto dos escravos. Estes últimos continuaram a existir após a independência.

2. A situação da Inglaterra e das colônias inglesas na América:. A colonização inglesa na América: A Inglaterra só se estabelece no século XVII na América, depoisdas outras potências européias. São fundadas treze colônias na América do Norte, a colônia daJamaica e outras de menor importância. A Jamaica e a região Sul das treze colônias são colonizadosnos moldes do colonialismo moderno. O Norte das treze colônias ficou como um espaço livre paraperseguidos religiosos e políticos ingleses e europeus. Há terra livre para esses colonos e não háinterferência da Coroa britânica na região.. As treze colônias nos séculos XVII e XVIII: Enquanto o Sul do território era colonizado nos moldesdo colonialismo, com grandes plantations escravistas que produziam tabaco, arroz e açúcar para a

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exportação, o Norte recebia grande leva de perseguidos europeus. Essa região ia desenvolver umaforte ordem de pequenas propriedades policultoras com trabalho livre e com certa urbanização ecomércio. No início do século XVIII não havia mais terras para os imigrantes.. A ruptura do não­pacto: Não havia uma fiscalização muito rígida em relação à colônia por parte dametrópole e os impostos também eram poucos e baixos. No entanto, após a Guerra dos Sete anos(1756­1763) entre a Inglaterra e a França, a Coroa britânica, fortemente endividada, passa aarrochar a situação da colônia. Ela estabelece um aparato fiscalista digno do colonialismo no Norte eno Sul. Essa ruptura de um não­pacto colonial cria revolta em toda a colônia. Eram as leis coercitivascomo a lei do selo que previa o uso de selo real em todos os documentos que transitavam na colônia,a lei do açúcar que taxava o comércio de açúcar das treze colônias com colônias não­britânicas, leisque impediam o contrabando e a interdição do avanço das pequenas propriedades do Norte dacolônia para áreas mais adentro do território ou para o Canadá.

3. A independência e a organização do novo Estado:. A organização da resistência: Desde as primeiras décadas da colonização, as questões públicas doscidadãos – apenas os homens livres – da colônia eram decididas em assembléias, isso é um pontoimportantíssimo para a escolha posterior do regime republicano. A partir da década de 1760,organizam­se os Congressos continentais, reuniões com representantes de cada uma das trezecolônias. Com a consecução das diversas leis coercitivas, a situação se radicaliza e os colonos decidempela ruptura. Em 1776 é declarada a independência dos Estados Unidos da América, o que dá inícioà guerra de independência.. A guerra: A Inglaterra envia tropas às treze colônias, mas os colonos contavam com a ajuda de umacoalizão que reunia França, Espanha, Rússia, Holanda, Dinamarca e Suécia. As tropas rebeldes,então, vencem as tropas leais. É assinado o tratado de Paris em 1783, onde a Grã­Bretanha admite aindependência dos EUA.. A formação do novo governo: A independência não faz esconder os conflitos de idéias que existiamentre sulistas e nortistas. Os nortistas desejavam um governo mais centralizado e os sulistas umaconfederação, como nos tempos da guerra. Forma­se um pacto, cria­se uma federaçãopresidencialista, onde cada Estado tem a sua Constituição própria tendo que respeitar umaConstituição da União – criada em 1787 – com um líder máximo da nação, o presidente daRepública. A organização do poder se baseia nas idéias de Montesquieu. A escravidão é mantida. Noentanto, logo adiante o conflito entre Norte e Sul se tornará intolerável e será decidido em umaguerra civil (1861­5) onde dois modelos de país estarão em disputa.

História Geral e da América ­ 12 e 13 ­ A Revolução industrial inglesa

1. Introdução:. O que foi: A Revolução industrial foi a generalização do modelo fabril pela Inglaterra que ocorreu noperíodo de 1780 a 1840. Esse modelo fabril é caracterizado pela conjugação do trabalho humanocoletivo com o uso de máquinas. Diferentemente das manufaturas, onde as ferramentas pertenciamaos próprios trabalhadores, nas fábricas as máquinas pertencem ao industrial que emprega a mão­de­obra em regime assalariado. Mais importante que os avanços técnicos desta revolução são asconsequências sociais que ela trouxe.. Consequências: A principal consequência da Revolução Industrial é, talvez, o surgimento da classeoperária. Essa classe operária é formada por ex­camponeses expulsos do campo pelo processo decapitalização do campo inglês e também por ex­artesãos que não podem mais competir com aprodução dessas novas indústrias. Esses homens vão vender o único bem que lhes resta, sua forçade trabalho ficando dependente de quem possui a fábrica e as máquinas, o industrial. Existe umaparcela de trabalho que não é paga ao operário, é a mais­valia.. Expansão da Revolução Industrial: Em diferentes dimensões, a Revolução técnica e social que seinicia na indústria têxtil inglesa se estenderá a todos os campos. Primeiramente, outras indústrias eempresas na Inglaterra adotarão o modelo e a tecnologia das primeiras indústrias. A agriculturatambém passará por uma modernização em decorrência das mudanças nas fábricas. Ainda, aindustrialização não ficará restrita à Inglaterra, ela se espalha para outros países no século XIX.

2. Por que a Revolução Industrial correu na Inglaterra?. Transformações no campo: As mudanças no campo inglês ocorridas principalmente do século XVIao XVIII que levam à concentração das propriedades rurais em poucas mãos e à consolidação dasfiguras do arrendatário e do assalariado rural vão ser determinantes para a Revolução Industrial. Porum lado, aumenta­ se a produção agrícola permitindo o aumento da população. Ainda, gera­se umaclasse rural consumidora dos bens produzidos nas cidades e é liberada uma mão­de­obra do campo

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para as cidades no interior da Inglaterra.. Mercado interno e externo: Só se criariam máquinas que fazem muito mais produtos que aspessoas em um modo de produção artesanal podem consumir porque havia uma forte demanda. Ostecidos de algodão tinham uma grande procura tanto na sociedade inglesa como em toda Europa eAmérica. Montou­se uma poderosa produção de algodão no Sul dos Estados Unidos que serviram debase para essa indústria. Os produtos de algodão produzidos industrialmente eram baratos,podendo ser consumidos por qualquertrabalhador livre. Tanto o mercado interno como o externo foram importantes para criar essa enormedemanda.. Onde: As indústrias não surgem na cidade de Londres, mas no interior da Inglaterra, onde hádepósitos de carvão e ferro usados nas indústrias e onde há a população que sai do campo sememprego.. As máquinas: As máquinas da Revolução Industrial são muito simples, utilizando­se deconhecimentos adquiridos no século XVII. Apenas em meados do século XIX, a produção científicaserá voltada diretamente para a criação de técnicas e tecnologia industriais.. A energia: Inicialmente as fábricas vão utilizar energia da combustão do carvão e energia hidráulicaque, na verdade, não eram novidades. O carvão e o ferro serão explorados como nunca no interiordo país.

3. As consequências da Revolução Industrial:. As idéias: Em função de uma nova nação industrial, surgirá a escola clássica de economia quedefende a não­intervenção do Estado na economia e a liberalização do comércio através das baixastaxas de alfândega. São os liberais como Smith, Malthus e Ricardo. Ora, em um momento em que aInglaterra é a ‘oficina do mundo’, é muito favorável a este país uma política universal de nãointervenção na economia e baixas taxas alfandegárias, o que abriria todos os mercados para osprodutos industriais ingleses. Assim, a Grã­Bretanha permaneceria sendo a única naçãoindustrializada do planeta. De fato, neste momento toma forma a ‘DivisãoInternacional do Trabalho’, onde alguns países são especializados na produção de bens industriais –nestemomento apenas a Inglaterra – e outros se especializam na produção de bens primários.. A emergência do capital industrial: Com a consolidação das fábricas, fortalecem­se os industriais –também chamados de burguesia industrial –, logo superando em riqueza e poder as classesproprietárias de terras e os grandes comerciantes. Eles formarão a classe hegemônica da sociedadeinglesa e, logo, irão dominar a política daquele país.. As condições de trabalho: Os trabalhadores nas indústrias e minas viviam em condições desuperexploração. Não havia qualquer regulamentação por parte do governo, o que levava aotrabalho infantil, o trabalho com alta periculosidade, sem férias, nos sete dias por semana, por maisde dez horas diárias, com salários irrisórios etc. Alguns presos e ‘vagabundos’ – entenda­se,desempregados – eram obrigados a trabalhar nas fábricas.. A resistência operária, os luditas e cartistas: Os operários não aceitaram quietos essa situação.Reuniram­se e organizaram­se. Primeiramente, puseram a culpa nas máquinas, eram os luditas quequebravam máquinas e eram duramente perseguidos pela polícia. Para estes, as máquinas eram asculpadas por suas péssimas situações. Depois, houve uma mudança de estratégia e decidiu­se pelaparalisação do trabalho, as greves, com uma ‘carta’ com reivindicações trabalhistas e políticas, já queessas classes não tinham nenhum direito político. Eram os cartistas, que mostraram mais sucesso,apesar das sucessivas repressões patronais e da polícia. Este deu origem ao moderno sindicalismo.

História Geral e da América ­ 14 e 15 ­ A Revolução Francesa

1. Introdução:.O que foi: Foi a grande revolução que pôs fim ao Antigo Regime na França, destruindo as estruturassociais daquele regime e levando a burguesia ao poder. Apesar dos principais eventos terem ocorridoem Paris e no interior do país, ela se espalhou por toda a Europa e influenciou todo o mundo noséculo XIX.. A sociedade francesa: O estado monárquico francês dividia a sociedade em três estados, que naverdade não correspondiam à realidade sócio­econômica daquele país. O primeiro estado éconstituído por todos membros do clero. O segundo, pelos nobres, tanto do interior como da Corte.O terceiro estado era o resto da sociedade e era o único que pagava impostos, sendo que muitasvezes o 1o e 2o estados eram sustentados por esses tributos.. Subprodução e fome: Apesar de a economia francesa ter se desenvolvido bastante no século XVIII,nos anos imediatamente anteriores à Revolução, assistiu­se a uma grande seca no campo, que levou

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à fome no país. Isso vai ser um dos fatores imediatos para a Revolução.. Crise financeira da Coroa: As frequentes guerras e a extravagante corte tinham deixado o Estadofrancês extremamente endividado, levando a uma série crise financeira da Coroa. Luís XVI, o reifrancês do período, tentou fazer uma reforma tributária onde o 1o e 2o estado pagassem impostos,mas esta foi barrada por estes. Dá­se uma crise política que leva o Rei a convocar os Estados Gerais,órgão consultivo do rei que era dividido entre os três estados, com um voto para cada um. A decisãofinal, no entanto, seria sempre do monarca.. Divisão cronológica da Revolução: A Revolução Francesa é dividida geralmente em três períodos. AEra das Instituições (1789­92), onde a burguesia chega ao poder; a Era das Antecipações (1792­4),onde são antecipadas práticas políticas igualitárias; e a Era das Consolidações (1794­1815), onde aalta burguesia se consolida no Estado.

2. A Era das Instituições:. A Assembléia Constituinte: Em maio de 1789, são convocados os Estados Gerais. Tudo o que oterceiro estado propunha era barrado pelo clero e pela nobreza. O Terceiro Estado se isola e declara­se Assembléia Constituinte, dando um golpe no poder da nobreza e do clero, é a chamada Revoluçãodos Advogados.. A tomada da Bastilha: Como o rei e os dois primeiros estados, desconfiados, colocam o exército deprontidão, a população de Paris, apoiando a Assembléia, toma a prisão da Bastilha. Nessa prisãohavia armas, com as quais a população se armou para defender a Assembléia Constituinte.. O grande Medo: Enquanto isso, em algumas partes do interior da França, os camponeses ocupamas terras dos senhores (clero e nobreza) e queimam seus títulos de propriedade em um sentido dedestruir a ordem senhorial no campo. Eles fazem uma divisão da terra entre eles, é o Grande Medo.. Constituição jurada: Em agosto do mesmo ano, é promulgada a Declaração dos Direitos Humanos.Os bens da Igreja são confiscados e no final do ano, promulga­se uma Constituição que o Rei éobrigado a assinar. Institucionaliza­se uma monarquia constitucional.. Guerra: As monarquias vizinhas à França, preocupadas com a agitação no país, resolvem invadir opaís para restituir Luís XVI ao seu cargo. O exército francês, liderado por um general leal aoImperador, sofre sucessivas derrotas, deixando a população desconfiada. Descobre­se um acordoentre o rei e os exércitos estrangeiros, levando à condenação de Luís XVI à guilhotina em 1792. Temfim a monarquia constitucional, dá­se a República.

3. A Era das Antecipações:. A nova Assembléia: Uma nova assembléia é constituída por sufrágio universal com uma divisãoclara entre os girondinos – compostos pela alta burguesia – à direita e os jacobinos – compostos pelapopulação média e pobre de Paris – à esquerda, além da planície, no centro.. Golpe jacobino: Diante das tropas estrangeiras à porta de Paris, os jacobinos dão um golpe deEstado estabelecendo medidas emergenciais: tabelam os alimentos a preços baixos, empreendemuma ampla reforma agrária no campo, criam um novo exército composto por voluntários paracombater na frente, acabam com aescravidão nas colônias. Além disso, os jacobinos, para se manter no poder, perseguiam duramenteseus adversários políticos, mandando­os para a guilhotina, assim, morreram quase todos girondinos.É o chamado Terror.. Nove Termidor: Os exércitos revolucionários conseguem sucessivas vitórias e conseguem expulsaros invasores para além da fronteira original francesa. Com a reversão da situação de emergência, osjacobinos levam um golpe de Estado dado pelos termidorianos – compostos pela alta burguesia –sendo levados à guilhotina em sua maioria.

4. A Era das Consolidações:. O Diretório: Os termidorianos estabelecem o seu governo, revertendo as medidas dos jacobinos.Eles restabelecem o sufrágio censitário, liberalizam os preços dos alimentos – prejudicando as classespobres das cidades francesas – e fazem uma árdua proteção da propriedade, principalmente nocampo. Com a vitória inicial dos exércitos revolucionários, a França começa uma grande expansãomilitar com certa estabilidade interna.

História Geral e da América ­ 16 ­ O Império Napoleônico e o Congresso de Viena

1. O governo de Napoleão:. Dezoito Brumário: Mesmo com o sufrágio censitário, os termidorianos ainda sofrem com umaoposição dentro da Assembléia e decidem então pelo golpe militar. Chamam o jovem generalNapoleão Bonaparte para dar esse golpe. Em 1799 é dado o golpe, consolidando o governo da alta

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burguesia com uma ditadura.. O Império napoleônico, plano interno: O governo de Napoleão é dividido em dois períodos, oConsulado que vai até 1804 e o Império, até 1815. Internamente, Napoleão executou uma série dereformas que beneficiavam a burguesia: reformulou o sistema bancário criando uma moeda nacionalfrancesa, o franco, e o Banco da França; criou as escolas normais, com ensino laico por toda a França;criou o Código Civil; tentou retornar a escravidão nas colônias, não conseguindo e perdendo a colôniado Haiti; fez ainda um amplo incentivo à indústria e o comércio nacional da França.. O Império napoleônico, plano externo: Por volta de 1805, Napoleão tinha subjugado toda a Europacontinental, tendo reinos controlados por parentes seus e outros subordinados à França. Napoleão,no entanto, não conseguia vencer a Inglaterra por não ter uma marinha capaz de derrotar a frotabritânica.. Bloqueio Continental: Napoleão criou em 1806 o Bloqueio Continental que proibia qualquer país docontinente europeu de comerciar com a Grã­Bretanha. Isso visava fomentar a indústria francesa,provendo o continente de produtos industrializados e também visava liquidar o poderio industrial enaval inglês. Porém, a indústria francesa não dava conta de suprir todo o continente como aInglaterra supria. Além disso, as ilhas britânicas eram grandes compradoras de cereais e outrosprodutos primários da Europa continental, o que a França não era, pois era auto­suficiente naprodução agrícola. Isso desagrada fortemente os países que eramantigos exportadores de produtos primários para a Inglaterra. Alguns países vão renunciar aoBloqueio,sofrendo a consequente invasão francesa, é o caso de Portugal em 1807 e da Rússia em 1812.Afamília real portuguesa transfere a sede do Estado português para o Rio de Janeiro, fugindo dastropas francesas.. A campanha da Rússia: No entanto, na Rússia, Napoleão sofre sérias perdas humanas e militares,levando à quase total destruição do exército napoleônico devido às estratégias do exército russo e aorigoroso inverno daquele país. Em 1814, forma­se um exército conjunto europeu para destruir oexército francês, liquidando Napoleão e seu Império.. O restabelecimento do Antigo Regime na França: Em 1815, Luís XVIII é posto no trono francêspelas tropas vencedoras das guerras. A França ficará sob ocupação militar até 1820 e as questõesterritoriais européias serão resolvidas no Congresso de Viena. O Antigo Regime na França tem vidacurta, visto que suas bases sociais tinham sido destruídas.

2. O Congresso de Viena e a Santa Aliança:. O Congresso de Viena: Os líderes europeus se reuniram em 1815 em Viena para decidir o que fazerdo mapa geopolítico europeu. Quem dava as cartas no encontro eram a Áustria, a Prússia, a Rússia eInglaterra, os vencedores das guerras napoleônicas. Todos esses quatro países vão anexar territóriose crescer no cenário europeu. A Rússia que tinha o maior exército da Europa e vários planosexpansionistas para o Ocidente, anexa vários territórios na Europa Oriental. Também, a Áustria e aPrússia vão anexar amplas regiões, criando a semente para os grandes impérios centrais, o Alemão eo Austro­Húngaro, existentes na Europa no final do século XIX.. A Santa Aliança: É uma aliança militar constituída inicialmente por Áustria, Prússia e Rússia edepois, por Inglaterra e França que visa a repressão de movimentos radicais tais como a RevoluçãoFrancesa. Essa aliança foi ativa nas revoluções de 1820, porém teve fim durante as revoluções de1830 devido a discordâncias entre seus membros, não atingindo seus objetivos.

História Geral e da América ­ 16 ­ Independência das colônias da América Latina

1. Introdução:As colônias da América espanhola chegaram às suas independências na mesma época e no mesmocontexto histórico, com poucas exceções – como Cuba, por exemplo. No entanto, nesse início doséculo XIX não se pode falar ainda das nações latino­americanas, estas se formam ao longo do séculoXIX e apesar da emancipação política, esses países recém­surgidos não são independenteseconomicamente da Europa.A independência do Haiti: A colônia francesa do Haiti teve uma independência diferente de todas asoutras regiões da América. Lá, houve um processo revolucionário, uma independência que surge deuma revolta escrava que pôs fim à escravidão. A revolta e o processo de independência começam em1791 e esta se consolida em 1804, com aa aceitação da independência pela França.

2. As reformas bourbônicas:. Quadro geral: As reformas bourbônicas de fins do século XVIII são análogas às reformas de Pombalno Império português, apesar de haver pequenas diferenças entre as duas. Trata­se de uma ampla

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mudança no Estado espanhol no sentido de dinamizar e modernizar esse Estado. Elas eram,sobretudo, dirigidas às colônias e reforçavam o colonialismo com uma exploração maior das áreascoloniais. Enquadram­se no chamado absolutismo ilustrado que é um recrudescimento das práticasmercantilistas e absolutistas.. Pontos fundamentais da reforma: As reformas bourbônicas visavam, sobretudo, fortalecer o Estadoespanhol e aumentar a arrecadação através da racionalização da administração e do endurecimentofiscal. Algumas medidas importantes foram a expulsão dos jesuítas das colônias – o que leva a umsério problema educacional na região –, a fiscalização ostensiva que fez diminuir significativamente ocontrabando e ainda o incentivo às manufaturas do reino, para que a Espanha não precisasse maisimportar manufaturados inglesas e francesas e pudesse sozinha abastecer de manufaturados aAmérica. As medidas tiveram certo êxito para o Estado espanhol e os grandes comerciantes, masferiu fortemente os interesses das elites coloniais.. Contestação da colonização: A partir da implementação das reformas, surgem os movimentos decontestação da colonização espanhola – e não apenas das reformas bourbônicas – defendendo aindependência de regiões na América. É o caso, por exemplo, do movimento indigenista de TupacAmaru no Peru.. Os criollos: A elite colonial era formada pelos criollos, filhos de espanhóis nascidos na América queeram ou grandes comerciantes ou grandes fazendeiros, tendo interesses a defender. Esse criollosforam feridos em seus interesses com a política bourbônica. Eles queriam o livre comércio com outrospaíses europeus e serão muito importantes para os processos de independência na Américahispânica, sendo os principais interessados na emancipação.

3. O processo de independência:. A deposição de Fernando VII: Napoleão invadiu a península ibérica em 1807 e destronou o reiespanhol Fernando VII, colocando outro rei em seu lugar. As colônias espanholas se auto­organizaram a partir dos cabildos – as câmaras municipais da Hispano­América – e rejeitaram o reiescolhido por Napoleão como o novo rei espanhol. Pôs­se em prática o livre comércio com os outrospaíses europeus, sobretudo a Inglaterra.. O interesse inglês: Os capitalistas ingleses, muito prejudicados com o Bloqueio Continental,estavam interessados na aplicação do livre comércio na América ibérica e o Estado inglês passou aapoiar os movimentos de independência desses países a partir de 1810.. A retomada do colonialismo e as guerras de independência: Em uma região periférica da Espanha,criou­se uma resistência à invasão francesa. Essa resistência pretendia manter ainda os laços com aAmérica espanhola. Após o fim das guerras napoleônicas e com a volta do absolutismo na Espanha,tenta­se repor em prática o antigo colonialismo. As elites criollas que estavam desfrutando do livrecomércio e da auto­ organização rejeitam essa tentativa de recolonização. Os generais San Martin eSimon Bolívar lideram as tropas que libertarão quase toda a América do Sul espanhola até 1824.. A organização dos estados: Diversas repúblicas foram criadas ao contrário do sonho do líder Bolívar,que idealizava uma grande confederação unindo toda a antiga Hispano­América. O projeto não foiadiante pela inexistência de um poderoso grupo capaz de fazê­lo e também pela antipatia daInglaterra ao projeto.. A América para os americanos: No início dos anos vinte do XIX, os EUA adotaram a chamadadoutrina Monroe, que era o apoio às independências dos países latino­americanos, o que eraconveniente para os comerciantes norte­americanos que poderia comercializar livremente com ospaíses nascentes.

História Geral e da América ­ 17 ­ Doutrinas sociais do século XIX

1. A base material para o surgimento das idéias:Surgiram na Europa do século XIX diversas doutrinas sociais, idéias e ideologias. Por que tantassurgiram naquele contexto? Não existiam condições materiais que faziam o homem pensar váriascoisas novas? Havia. Essas novas idéias têm tudo a ver com o novo contexto vivido na Europa ealgumas partes do mundo. A industrialização, a urbanização, a grande desigualdade social, a misériaem meio a abundância e outras novidades trazidas pela sociedade capitalista – ou sociedadeburguesa – fizeram nascer algumas formas de pensar que legitimassem as mudanças e outras queconfrontassem essas mudanças. Essas idéias não se restringem ao pensamento político, mastambém a todo o pensamento científico, social, econômico, artístico e filosófico.

2. As doutrinas sociais:. Liberalismo: Pensamento essencialmente burguês, existe em várias vertentes: política, econômica eoutras, mas todas têm características comuns. Defende a propriedade privada e sua permanência

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como um direito absoluto e reformas sociais graduais que nunca interfiram no regime depropriedade. Defende ardorosamente as liberdades civis e de mercado, como a livre iniciativa.Condena a interferência forte do Estado na vida das pessoas e na economia. Associa­se aodarwinismo, afirmando uma natureza humana desigual, o que explica a desigualdade napropriedade.. Romantismo: Ponto de oposição ao Iluminismo e ao Liberalismo, não se restringe apenas às artes. Éum movimento muito heterogêneo que critica a nova sociedade capitalista e louva características dasociedade do Antigo Regime e da Idade Média como a vida rural. Condena o racionalismo iluminista etende para um sentimentalismo, em oposição ao racionalismo crescente daquelas sociedades.. Nacionalismo: Princípio burguês de defesa dos interesses de uma elite local sobre uma dada região– nação –, revestida de traços de união de um povo comum. Muitas vezes vem associado aoromantismo na crítica do liberalismo. Defende que para cada povo haja uma nação. A nação seriaconstituída por uma língua, uma religião e cultura comuns. Defende os interesses do comércio e daindústria nacionais – protecionismo – e louva os símbolos e a cultura nacional frente aos das outrasnações.. Socialismo utópico: De caráter romântico, defende a transformação da sociedade em uma maisigualitária e solidária, mudando o regime de propriedade. Fizeram­se diversas experiências decomunidades socialistas que nunca deram completamente certo e não tinham possibilidade demudar toda a sociedade. Não há uma elaboração muito profunda nem uma crítica sistemática àsociedade capitalista.. Socialismo científico: Muitas vezes usado como sinônimo de marxismo e comunismo, foi criado pelosfilósofos alemães Karl Marx e Friederich Engels, vai ser o mais importante movimento anti­capitalista.Ao contrário do socialismo utópico, não defendia uma sociedade ideal baseada em temas medievais.Tentava entender as contradições da sociedade capitalista para superá­la, constituindo umasociedade socialista moderna, posterior ao capitalismo, com o primado da igualdade. Uma filosofiaextremamente complexa que via as sociedades constituídas por classes sociais e as idéias vinculadasintimamente à vida social. Foi deextrema importância para as revoluções do século XX.. Sindicalismo: Tem, de certa forma, como origem o cartismo dos operários ingleses. Visa a união dostrabalhadores para aquisição de direitos políticos, trabalhistas e também a transformação dasociedade e do regime de propriedade. Há diferenças em seu seio. Há os reformistas que defendem anegociação e a mudança gradual e há os radicais, que defendem a mudança rápida, com o uso daviolência em última instância.. Anarquismo: Uma radicalização total do liberalismo, defende o fim do Estado, da propriedade e detoda forma de poder. Afirma que todos os males sociais vêm dessas formas de poder. A sociedadedeveria se organizar através da livre iniciativa e da livre associação. Alguns grupos anarquistasdefendem atos extremos contra o Estado, como atentados.. Doutrina social da Igreja: Diante das mudanças sociais na Europa, das péssimas condições de vidados trabalhadores e da radicalização dos movimentos sociais, a Igreja também se posicionou emrelação às questões sociais, criando uma doutrina, o catolicismo social. Não defendia a luta, mas oentendimento entre os grupos opostos, a união entre as classes sociais, a melhoria das condições dostrabalhadores e a caridade. Não questionava o sistema de propriedade vigente.

História Geral e da América ­ 17 ­ Revoltas e revoluções na Europa do século XIX

1. Terreno comum:. Burguesia almejando o poder: Apesar de as revoltas e revoluções na Europa do século XIX seremmuitas, elas têm características comuns. Trata­se da tentativa de tomada de poder pela burguesia eda reação das forças do Antigo Regime. Assim, os grupos sociais do progresso, a burguesia, medemforças contra o grupo social antigo, da reação, a nobreza e o clero, classes dirigentes no Estadoabsolutista.. Crises de fome e crises econômicas: Apesar do motivo essencial nessas revoluções ser a mudançade poder da antiga nobreza para a burguesia emergente, fatores imediatos também foramimportantes para se entender esses movimentos, como as constantes fomes e as crises econômicas.As fomes, por exemplo, levavam a população pobre a se rebelar, o que era usado muitas vezes pelaburguesia, culpando o velho regime pela fome, para se fazer uma tomada de poder.. A industrialização e as lutas operárias: Se a industrialização vai fortalecer as burguesias nacionaispara que essas possam tomar o poder, também vai criar um operariado que, em péssimas condiçõesde trabalho, vai lutar pelos seus direitos contra a burguesia. Assim, em várias revoltas, o proletariadotambém vai fazer suas reivindicações à parte. Se em alguns momentos, haverá uma aliança entre ooperariado e a burguesia contra a nobreza e o clero, essa aliança não vai ser duradoura.

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. Socialismo: É um elemento novo que surge nas últimas revoltas do século, nas revoluções de 1848e na Comuna de Paris, de 1871. O socialismo não é uma ideologia burguesa, mas é operária. Oumelhor, não caracteriza mais a vontade da burguesia, mas a vontade do proletariado, de igualdade emudança no regime de propriedade.

2. As revoluções:. Revoluções de 1820: Em 1820, dá­se o primeiro ciclo de revoltas e revoluções burguesas na Europaque atingem Portugal, Espanha e outras regiões da Europa. A maioria delas é massacrada pela SantaAliança.. Revoluções de 1830: Começaram na França e se espalharam por toda a Europa, o liberalismo e onacionalismo guiaram essas revoltas. Assim, as lutas centrais eram pelas liberdades individuais e porgovernos eleitos, mesmo que não por voto universal. Na França, instaurou­se uma monarquiaconstitucional. A Bélgica ficou independente da Holanda, a Grécia também conseguiu suaindependência do Império Otomano e outras revoltas nacionalistas explodiram na Itália, Alemanha ePolônia, mas foram todas massacradas.. Revoluções de 1848: As revoluções de 1848 foram mais marcadas ainda pelo nacionalismo. Cadapovo lutava pela sua independência frente aos grandes impérios europeus. Ainda, surge pelaprimeira vez e de forma ainda tímida o socialismo, com destaque para a publicação do Manifesto doPartido Comunista de Marx e Engels neste ano. A dinastia Bourbon teve fim na França com aproclamação da República. No Império austríaco, eclodiram diversos movimentos nacionalistas, todosesmagados pelo exército austríaco com a ajuda do exército russo. Ainda, revoltas nacionalistas naItália e na Alemanha demonstraram o que iria acontecer logo, a unificação das duas regiões emEstados Nacionais.. Comuna de Paris: Durante dois meses de 1871 em Paris ocorreu a primeira experiência socialista daHistória. Depois da derrota do exército francês na guerra franco­prussiana, guardas locais seorganizam para a resistência nas cidades francesas. O governo francês assina um armistício e aguarda de Paris, composta pela população pobre urbana, passa a governar a cidade. Instaurou­seum novo governo, popular, onde o exército seria composto pelas camadas pobres da população, oEstado seria separado da Igreja, o sufrágio seria universal e as indústrias teriam como donos eadministradores os próprios operários. A comuna foimassacrada pelo exército prussiano a pedido do governo francês. Trinta mil pessoas foram mortas,muitasoutras presas e deportadas.. Lutas operárias na Inglaterra: Apesar de a Inglaterra já não ter um antigo regime na políticanacional, a história nacional do país no século XIX também foi bem violenta. Prevaleciam os conflitosentre os numerosos operários ingleses contra os industriais do país. A legislação liberal proibiagreves, sindicatos, reuniões etc. Com bastante luta e insistência, as organizações – clandestinasinicialmente – desses operários foram conquistando direitos trabalhistas básicos e políticos, já queesses operários não tinham direito de voto ou de se eleger. Os sindicatos serviram, portanto,também para as exigências políticas dos trabalhadores, que queriam direito ao voto, assalariamentodos cargos políticos e liberdade para formar seus próprios partidos.

História Geral e da América ­ 18 ­ A industrialização européia no século XIX

1. As mudanças na indústria:. Segunda Revolução Industrial ou revolução tecnológica: Um conceito muito utilizado para definir otema desta aula é o de Segunda revolução industrial, porém ele não é correto. A Revolução industrial(inglesa de fins do século XVIII) teve como inovação maior a generalização da relação assalariadaentre os empresários e os trabalhadores. Na chamada segunda revolução industrial do século XIXnão houve mudança nessa relação de produção, houve sim um número tremendo de inovaçõestecnológicas, uma nova organização do capital com a sua concentração e a diversificação geográficadessa indústria. Assim, o que temos é uma inovação tecnológica, puxada por novas formas deprodução e novas fontes de energia.. As ferrovias, uma grande mudança: O invento da locomotiva e das estradas de ferro no início doséculo XIX trouxe uma grande mudança tanto para o mundo como para a própria organização docapitalismo. A construção dessas ferrovias necessitava um grande montante de dinheiro, o que fazconcentrar o capital, aproxima mercados distantes, dinamiza a produção, dentre outrasconsequências.. A nova organização do capital: A concentração dos capitais em poucas mãos é uma característica docapitalismo nesse período. Os bancos ganharam uma importância decisiva, visto que eles eram osgrandes

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investidores nos grandes empreendimentos, como as ferrovias. A união entre o capital bancário e ocapitalindustrial forma o capital financeiro, onde os bancos têm preponderância sobre a indústria. Surgemainda grandes complexos empresarias dominados pelo capital financeiro – ou capital monopolista –como os trustes, cartéis, holdings.. Novas fontes de energia: O carvão e a força hidráulica simples, fontes de energia da ‘PrimeiraRevolução Industrial’ vão passar a conviver com novas fontes de energia. A força hidráulica passa aser usada de forma extensa, como nas grandes hidrelétricas. A eletricidade, descoberta há poucotempo, passa a ser utilizada industrialmente. E o petróleo vai ser utilizado largamente para a geraçãode força por combustão.. Inovações tecnológicas e invenções: O período é conhecido pelas inovações na indústria, nosurgimento de novos ramos industriais e nas invenções. Assim, alguns exemplos são os novosmétodos para se fazer o aço, agora produzido industrialmente. A indústria química surge com osseus sintéticos, dispensando o uso de algumas matérias­primas outrora usadas, como o anil, oaçúcar de cana, a seda do bicho­da­seda, etc. As invenções são muitas, como o automóvel, alâmpada, o dirigível e a máquina de escrever. Os transportes também ganham um grande impulsocom navios mais rápidos e os grandes canais de Suez (1869) e Panamá (1915).

2. A diversificação geográfica da indústria e as crises de superprodução:. Novas áreas industrializadas: Se no início do século XIX, a única nação do mundo industrializada é aInglaterra, durante o XIX, alguns países vão entrar nesse clube privilegiado. Assim, a Bélgica seindustrializará a partir de 1830, a França a partir de 1860, a Alemanha no mesmo período eprincipalmente depois de sua unificação (1871), os EUA após a guerra civil (1865), a Rússia noúltimo quartel do século XIX, o Japão a partir da Revolução Meiji (1868) e a Itália precariamente apartir da sua unificação (1870).. Origens da industrialização da Europa continental: Alguns fatores importantes, mas não decisivos,para a criação da uma pequena indústria em algumas regiões da Europa continental foram asreformas napoleônicas e o Bloqueio Continental. Este último travando o acesso desses países aosprodutos ingleses fez nascer uma pequena indústria. Assim, surgiram as sementes para estesprocessos de industrialização.. Protecionismo: O ponto decisivo para a criação de uma indústria nesses países foi a atitude anti­liberal do protecionismo econômico, adotado por estes países. O protecionismo era a defesa daprodução nacional ante os produtos importados – especialmente da Inglaterra industrial – atravésdas altas taxas de importação.Assim, na segunda metade do século XIX, todos os países mencionados acima impuseram altas taxasde importação aos produtos industrializados vindos do exterior, incentivando a indústria nacional.Sem essa ajuda do Estado, não poderia haver a industrialização. Em alguns países, como a Prússia, oEstado não só fez altas taxas como participou ativamente da industrialização, comprando produtos eeducando os operários.. As crises de superprodução: Com toda essa industrialização, não havia um mercado forte paraabsorver uma produção tão alta, visto que os operários não ganhavam o suficiente para consumir oque produziam. Assim, havia as crises de superprodução de mercadorias – ou melhor, a produçãoalém da capacidade de consumo –, como a grandiosa de 1873, que levou os países europeus abuscarem mercados em outros lugares do mundo no que ficou conhecido como Imperialismo.

História Geral e da América ­ 18 ­ As unificações italiana e alemã

1. Aspecto comum e unificação italiana:. Uma dominação: Na verdade, as chamadas unificações não passaram de dominações de umaregião interessada em ter sob seu domínio outras regiões e mercados. Assim, foi o maisindustrializado Piemonte que unificou a Itália e, principalmente, foi a poderosa Prússia queconquistou os pequenos reinos alemães. Ambas as unificações se deram com o uso do discursonacionalista, onde os ‘ocupados’ apoiavam a unificação.. Caráter da união italiana: A unificação italiana foi menos autoritária do que a alemã , também, foifeita com maior dificuldade do que aquela. Em todas as regiões anexadas por Piemonte, houveplebiscitos de aceitação ou não da anexação, ganhas facilmente a favor, visto que havia um fortediscurso nacionalista que lembrava os tempos do Império Romano. Paralelo ao processo deunificação, houve também lutas populares pela melhoria das condições de vida do povo pobre.. A situação em 1815: O que viria a ser a Itália era dividida em vários reinos. No Norte havia o reinolivre de Piemonte­Sardenha e outros pequenos reinos subordinados ao Império austríaco. No centro,havia reinos ligados ao papa e no Sul o reino das duas Sicílias, de caráter francamente absolutista.

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. As revoluções de 1830 e 1848: Nessas duas revoluções, o líder Mazzini lutou pela união da Itália.Em ambas revoltas, a Áustria interviu sufocando o movimento.. Guerra de Piemonte com a Áustria: Em 1859, o reino de Piemonte se alia à França conta a Áustria,anexando um território no Norte e no Centro do país e entregando uma parte do território dePiemonte para a França. É o início do processo de unificação, sendo que Veneza continuava nas mãosda Áustria.. Campanha de Garibaldi: O republicano Garibaldi, líder dos camisas vermelhas inicia uma marcha noSul em 1860 e derrota a monarquia da região, unindo o Sul ao território de Piemonte.. Fim da unificação: Em 1866 com a guerra austro­prussiana, a Itália se alia à Prússia e toma Venezae em 1870 invade Roma, que era posse da Igreja, concluindo o processo. O papa não aceita ainvasão e estabelece­ se a questão romana resolvida apenas em 1929 com a criação do Estado doVaticano.. Consequências da unificação: O norte do país se industrializou depois da unificação e o Sulcontinuou miserável, com grandes crises de fome, criando levas de imigração para a América edando origem às máfias.

2. A unificação alemã:. Caráter geral: Diferentemente da Itália, a união alemã foi mais autoritária e deu­se através de trêsguerras, dando origem a um forte e industrializado país. Um personagem importante para unificaçãofoi o primeiro­ministro Otto von Binsmarck que articulou a política externa da unificação, forjando asguerras.. Origens: No Congresso de Viena, ficou decidida a criação da Confederação Alemã, formada pelaÁustria, a Prússia e uma série de pequenos reinos que existiam na região do atual território alemão.Ainda, a Prússia anexa a rica região do Reno e começa a disputa com a Áustria pela anexação dospequenos reinos.. A Prússia: O estado prussiano era centralizado e tinha um poderoso exército. Há uma aliança entreuma classe de proprietários, os junkers com a burguesia nacional, aliança esta em proveito dodesenvolvimento do país.. O Zollverein e as ferrovias: Em 1834, a Prússia e os pequenos estados alemães fazem um pactocriando um mercado comum, o Zollverein. Esse mercado seria consolidado com uma ampla rede deferrovias ligando suas regiões, o que facilitará a integração econômica e a movimentação das tropasnas guerras de unificação.. Guerra com a Dinamarca: Sob desculpa de que o Sul da Dinamarca continha uma populaçãogermânica, em 1864, Prússia e Áustria invadem o país e dividem o tal território em dois, um pedaçopara cada.. Guerra contra a Áustria: Alegando que a administração austríaca na região dinamarquesa ocupadaera mal feita, a Prússia declara guerra à Áustria, tomando a região dinamarquesa e os reinos doNorte.. Guerra com a França: Como a França não permitia a anexação prussiana de reinos independentesda Confederação Germânica, a Prússia inventa outro argumento estapafúrdio para fazer a guerracom aquele país, obtendo outra fácil e rápida vitória. Toma os reinos ao Sul da Alemanha, a Alsácia ea Lorena da França e ainda uma pesada indenização de guerra, trazendo a humilhação da naçãofrancesa.. Consequências: Em 1871 a Alemanha é totalmente unificada pela Prússia. Tem continuação umprocesso extremamente rápido de industrialização, a mais rápida e voraz da Europa. Porém, aAlemanha não dispõe de uma poderosa marinha, o que atrapalhará sua expansão no Imperialismo efica temendo o revanchismo francês, fazendo diversas alianças contra aquele país. A guerra franco­prussiana vai ser uma das mais importantes causas da Primeira Guerra Mundial.

História Geral e da América ­ 19 ­ A Guerra de Secessão e o expansionismo norte­americano

1. Quadro geral dos EUA antes da guerra:. Herança colonial: Até 1861, início da guerra civil, a sociedade norte­americana não tinha modificadomuito as suas estruturas sociais da época da colonização, apesar do grande desenvolvimento do paísdesde então. Ficava ainda nítida a diferença entre as sociedades do Norte e do Sul.. Norte: A colonização nesta região se deu com pequenas propriedades usando trabalho livre deforma geral. Isso criou um mercado na região que foi se dinamizando com o tempo. Antes da guerracivil, tratava­se de uma economia quase industrial, com muitas manufaturas e ferrovias ligando assuas diversas localidades.. Sul: Essa região teve uma colonização diferente, com grandes propriedades usando mão­de­obra

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escrava produzindo produtos para exportação. Isso teve continuidade após a independência com acultura do algodão, em que a maior parte era exportada para a Inglaterra, suprindo as fábricasbritânicas desde o início da Revolução Industrial, e também uma certa parte ia para as manufaturasdo Norte.. Oeste: As terras conseguidas a Oeste dos treze estados originais através de guerras e compraseram disputados por grandes proprietários sulistas e capitalistas nortistas. Cada um defendia ummodelo de colonização da região. Os nortistas desejavam um regime de terra livre ou barata quelevasse imigrantes para a região suprindo o Norte de produtos básicos e comprando dos mesmos osseus produtos manufaturados. O Sul defendia que as terras tivessem preço alto para que só grandesproprietários pudessem comprar e que fosse permitido o trabalho escravo na região. Aconteceu quediferentes estados do Oeste seguiram os modelos do Norte e do Sul. O Texas, por exemplo, segue omodelo do Sul e o estado de Michigan o modelo do Norte.

2. Causas da guerra:. A escravidão: São várias as causas da guerra diretas ou indiretas, mas uma diferença fundamentalentre as sociedades do Norte e do Sul explica todas essas causas: a escravidão. Tratava­se de duassociedades diferentes, uma escravista e outra capitalista, por causa dessa contradição fundamentalhouve a guerra.. A balança comercial: O Norte desejava defender a sua indústria, por isso defendia altas taxas deimportação. Enquanto isso, o Sul defendia baixas taxas de importação, pois queriam comprar osmanufaturados ingleses por um preço baixo, já que não há indústrias no Sul.. Terras no Oeste e equilíbrio no Congresso: As brigas pelo trabalho livre ou escravo no Oeste criaramgrandes discussões no Senado e na Câmara, que geralmente tinham em certa igualdade derepresentação entre nortistas e sulistas. Esse equilíbrio, às vésperas da guerra, estava se desfazendoem favor do Norte, o que criou a ira do Sul.. Arrecadação e investimentos: O Sul se dizia preterido nos investimentos da União, já que aexportação de algodão era uma das maiores receitas do Estado norte­americano. Eles queriam queesses recursos ficassem preferencialmente nos estados sulistas, por isso defendiam umaConfederação onde as arrecadações locais ficassem majoritariamente nos Estados.

3. A guerra e o pós­guerra:. A criação da Confederação: Devido a todos os motivos acima expostos, os estados escravistas dosEUA em 1860 se declararam uma Confederação livre da União. Como resposta, os estados nortistasdeclaram guerra à Confederação. Deu­se início à guerra de secessão.. A vitória do Norte: A estratégia da Confederação era de apenas defender a sua independência doNorte. A União, mais equipada e adiantada, vence com relativa facilidade. Morreram 620 mil pessoasna guerra que dura até 1865. O presidente Lincoln é assassinado por um radical cinco dias após otérmino da guerra.. A vitória de um modelo: O modelo nortista de sociedade foi imposto a todo o território nacional. Apartir desse momento, os EUA dão sua arrancada para a industrialização. Ferrovias seriamconstruídas no país ligando costa a costa, iriam emergir os grandes grupos financeiros e as terraspassariam a se concentrar cada vez mais. As taxas de importação passam a ser protetoras daindústria nacional, passando de 20% para 47%.. A situação dos libertos: Em 1863, Lincoln decretou o fim da escravidão no país, o que só ocorreu defato com o fim da guerra. Um grupo de congressistas radicais defendia a reforma agrária, dando asterras dos grandes senhores escravistas para os libertos, mas essa reforma foi barrada no Congresso.Poucos libertos ganham terra e muitos fogem para o Norte, fugindo do regime de exclusão social queeles iriam viver em seguida no Sul, sem direito a voto e com discriminações legais, era o apartheid.

História Geral e da América ­ 20 ­ O Imperialismo na África

1. Imperialismo (1870­1914), uma definição:É o movimento do grande capital financeiro europeu em busca de novos mercados tanto na Ásia,África e na América Latina. Os Estados europeus eram o grande instrumento desse movimento, emque em alguns casos, houve ocupação militar e em outros, apenas entrada de capitais. OImperialismo teve a sua arrancada com a crise e superprodução de 1873, que leva o grande capitaleuropeu a buscar novos mercados, matérias­ primas e escoadouros para o excesso de capital naEuropa. Não é à toa que a presença das empresas é maior que a dos governos nas colôniasimperialistas.

2. O Imperialismo na África:

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. Quadro geral da África antes do Imperialismo: O continente é diverso antes das incursõeseuropéias. Na região mediterrânea, existia o grande e decadente Império turco­otomano. Outrasregiões litorâneas da África foram colonizadas desde os tempos do velho colonialismo, como Angola eÁfrica do Sul. Mas a maior parte da África não tinha qualquer dominação estrangeira, tendo a sualógica geopolítica e social própria.. Justificativa ideológica do Imperialismo: Os países europeus davam várias desculpas para legitimare explicar a invasão dessas regiões. As principais eram: a missão civilizatória feita por povoscivilizados sobre os povos bárbaros, a divisão das riquezas materiais do mundo, a evangelizaçãocristã de povos que não conheciam a verdadeira religião e a superioridade racial dos povos brancossobre os povos preto e amarelo.. A divisão da África: Na colonização da África, feita antes da asiática, apenas os povos europeusparticiparam. Os principais certamente eram Inglaterra e França, que dominavam a maior parte docontinente. A Alemanha, também importante, chegou atrasada na corrida imperialista, por isso, nãoconseguiu muitos e bons territórios. Portugal e Itália foram convidados pela Inglaterra a participar dacorrida para que a França não dominasse regiões muito vastas e para constituírem estados­tampõesentre territórios britânicos e franceses, grandes rivais na corrida imperialista.. Rivalidades entre europeus na conquista: Apesar do constante diálogo, dos estados­tampões e doscongressos – como o de Berlim em 1885 que tentava resolver os problemas na dominação na Áfricasubsaariana –, houve uma série de pontos de confronto entre os europeus na África e na Ásiatambém, o que constitui a principal causa da Primeira Grande Guerra. Alguns deles são: a Inglaterradesejava construir uma ferrovia ligando a sua colônia do Egito à África do Sul, o que era barrado pelaAlemanha; a França queria construir uma ferrovia cortando todo o Saara, o que foi barrado pelaInglaterra que dominava o Egito e o Sudão; França e Inglaterra brigavam pelo controle do canal deSuez e pelo controle do Egito e do Sudão.

3. Consequências e resistências à dominação:. Consequências da dominação para os africanos: Os povos da África foram deslocados de suas terraspara dar lugar a minas e plantations exportadoras, onde ainda tinham que trabalhar em condiçõeslastimáveis e, muitas vezes, em regimes compulsórios. A produção de alimentos em todo ocontinente foi completamente desorganizada, dando início aos sérios problemas de fome queremetem às fomes vividas hoje em dia. Os europeus ainda cobravam impostos em dinheiro dosafricanos em economias não­monetárias, obrigando os africanos a trabalharem, muitas vezes para oseuropeus, para poderem pagar os impostos. As culturas africanas foram consideradas inferiores ecultura e línguas européias foram impostas aos povos dominados. Havia, ainda, em muitas regiõesum sistema de discriminação racial, o apartheid – como na África do Sul – que considerava osafricanos seres humanos de segunda classe.. Resistências e revoltas: Em todo o continente, durante e depois da ocupação, explodiram revoltas emovimentos de resistência contra a invasão e as medidas colonizatórias. Houve revoltas à própriachegada dos europeus como a revolta zulu no Sul da África ou revoltas acontecidas depois dainstalação dos europeus, como a sudanesa e a etíope, que conseguiram criar por determinadosperíodos países livres do jugo europeu.

4. O Imperialismo na América Latina:Além da África e da Ásia, onde houve colonização com invasão militar, houve também presençaimperialista na América Latina, só que sem uso de forças militares. Eram exportações de capitaispara esta região, que transformavam aquelas economias em dependentes das economias européias.As economias latino­americanas eram especializadas na produção e exportação de artigos primários eimportavam produtos industrializados e capitais europeus, sob a forma de empréstimos, construçãode ferrovias, telégrafos etc.

História Geral e da América ­ 20 ­ O Imperialismo na Ásia

1. Parâmetros do Imperialismo na Ásia:Assim como na África, o Imperialismo na Ásia tinha o mesmo motivo e objetivo. Era oextravasamento dos grandes capitais saturados do mercado europeu. Diferentemente da dominaçãoeconômica na América Latina na mesma época, aquela dominação na Ásia acontecia muitas vezesacompanhada de dominação político­militar. Mais do que a África ­ que não tinha um grandemercado consumidor, mas sim muitas matérias­primas –, a Ásia era o principal objetivo da expansãoeuropéia, já que lá havia um grande mercado consumidor, com uma população muito grande eeconomias mais complexas do que as africanas.

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2. A presença na Ásia:. Os países imperialistas na Ásia: As principais potências européias que se encontravam na Áfricaestavam também presentes na Ásia, como Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha. Mas outraspotências também estavam lá: é o caso da Holanda, que desde tempos do antigo colonialismo,domina a Indonésia; o Japão, que a partir da Guerra russo­japonesa de 1905 inicia a sua expansãoimperialista; os EUA, que chegaram atrasados no Imperialismo em 1898 e só tinham territórios naÁsia; e ainda a Rússia, que exercia uma dominação que não se caracterizava muito bem comoimperialista.. Japão: Na primeira metade do XIX, a impressão que se tinha era que o Japão poderia ser mais umafutura colônia imperialista dos europeus na Ásia. Sua sociedade era feudal e o país era em geral maisatrasado do que a China. Os norte­americanos fizeram uma forte intimidação no país, fazendo oschamados acordos desiguais de comércio. A partir de 1868, inicia­se o fim do feudalismo no país coma unificação do país sob a liderança do imperador, que inicia um processo de modernização do país, éa chamada Era Meiji – era iluminada. As reformas que visam a ocidentalização incluem uma reformamonetária, militar, o envio de jovens japoneses aos centros de estudo do Ocidente e um incentivomuito forte à educação e à industrialização. O Japão se moderniza e industrializa­se, ficando imune àdominação ocidental. Em 1904­5, o Japão vence a guerra contra a Rússia e passa a dominar a Coréiae o Sul da Manchúria, na China, dando início à sua expansão imperialista.. Imperialismo norte­americano: Desde as primeiras décadas do século XIX, os EUA mostravaminteresse pela região do Pacífico. Acabaram sendo os principais responsáveis pela não divisão daChina em protetorados, deixando­a livre para a penetração de qualquer país. A partir da vitória naguerra contra a Espanha em 1898, os EUA passam a dominar as Filipinas, tendo então uma fortepenetração na Ásia.. Imperialismo russo: A dominação russa na Ásia é bem anterior a das outras nações européias. Adominação russa na China, no Afeganistão, Coréia, Pérsia não caracterizam o Imperialismo praticadopelos outros países. A Rússia era um país mais atrasado e não tinha capitais para exportar paraoutras regiões, ela mesmo era um escoadouro dos capitais da Europa Ocidental, principalmente ocapital francês. Trata­se, portanto, de um Imperialismo menos sofisticado que os exercidos porInglaterra, França, EUA e outros.. A Índia: A dominação inglesa na Ásia tem como principal colônia o continente indiano. Era essa naverdade, a principal colônia inglesa. Os ingleses para dominar essa vasta região, antes dominadapelo frágil Império Mogol, aliando­se aos chefes locais. A dominação não foi feita de uma vez, mas foifruto de um longo processo. A agricultura no país, que antes era muito bem organizada, com altograu de produtividade, foi desorganizada pelos colonizadores ingleses, com a introdução, porexemplo, de plantações de ópio com produção voltada para a China. Deram­se, por isso, as grandescrises de fome no país.. A China: Antes da chegada dos europeus, os chineses viviam sob jugo da dinastia estrangeiraManchu. O fato de o país viver sob o domínio de uma dinastia estrangeira explica em grande parte afragilidade do país à dominação estrangeira. O Sul do país, onde estão Macau, Cantão e Hong Kongsempre foi ma região mais aberta aos ocidentais, os quais os chineses em geral desprezavam,achando­os inferiores à cultura chinesa. A abertura do país se dá à força com as duas guerras doópio, que opuseram o Império Celestial à Inglaterra. A primeira (1839­42), com vitória inglesa,obriga os chineses a abrir os portos ao Ocidente e doar Hong Kong para os ingleses por algo como150 anos. O país deve pagar uma indenização de guerra e os ingleses detêm o controle dasexportações e importações locais. A partir disso, todos os países ocidentais vão investir e exportarprodutos para a China. Há a construção de várias ferrovias, que desorganizam o espaço chinês,destruindo a agricultura de alguns lugares. Várias são as revoltas contra os ocidentais e a dinastiaestrangeira.

História Geral e da América ­ 21 ­ A América Latina no século XIX

1. Introdução:A América Latina no século XIX não teve uma história feliz. Apesar do que acreditavam os latino­americanos, a independência não trouxe um mundo de prosperidade e auto­determinação para osrecém­ criados países. As fronteiras não eram certas e logo vieram guerras civis, guerras entre paísesdo subcontinente e ainda invasões estrangeiras. Os novos estados há pouco criados também nãopassaram por bons momentos logo após a independência. A situação da economia da região eradramática, com a perda momentânea da produção e do comércio de exportação devido às guerrasde independência.

2. Miséria, dependência e guerras civis:

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. Separações e guerras civis: Logo após as independências, formaram­se grandes países na regiãocomo a Grã­Colômbia – que inclui o que hoje é o Panamá, a Colômbia e a Venezuela – e o México –que ia do Oregon, estado norte­americano, até a fronteira Norte da Grã­Colômbia. Esses grandespaíses não conseguiram sobreviver devido à falta de grupos internos poderosos que pudesse unificartodo o território. Ainda, outros países também enfrentaram guerras civis com desmembramento doseu território.. Dependência econômica: As economias coloniais da América Latina eram especializadas naprodução para exportações e dependiam da produção européia para conseguir os produtosmanufaturados, já que poucas manufaturas existiam na Ibero­América. Com as guerras deindependência, essas produções para exportação se desorganizaram e, muitas vezes, suasexportações foram barradas pela marinha espanhola. Isso levou à pobreza dessas regiões e àescassez dos manufaturados, inclusive os mais básicos. A economia desses países surgiu já em crisedevido à dependência criada pelos mais de trezentos anos de colonização.. Crise política: Junto às crises econômicas e de legitimidade do novo Estado no território, vêm ascrises políticas nacionais. Havia grande discussão sobre que estado seria formado, qual o seu caráter.Havia uma oposição básica entre conservadores e liberais em todos países latino­americanos.Conservadores eram geralmente ligados à Igreja e defendiam um unitarismo e centralização.Enquanto isso, os liberais defendiam a autonomia local federalista. Ocorreram grande embates entreesses grupos e até guerras como no caso da Argentina em que as províncias se separaram deBuenos Aires por anos formando uma confederação.. Caudilhismo: Essa resistência de uma localidade ante os interesses de uma área central levou onome de caudilhismo. O caudilho é uma figura­símbolo dessa defesa da autonomia local.

3. Guerras e a consolidação dos países latino­americanos:. Guerras externas: Além das guerras civis internas desses países, ocorreram também guerras entrepaíses latino­americanos como a Guerra do Paraguai e as Guerras do Pacífico e ainda a guerra queopôs o México aos EUA. A partir de meados do século, os países latino­americanos começaram a seconsolidar como países independentes através da exportação de um produto valioso para o mercadointernacional.. Guerra do Paraguai: Essa guerra opôs o Paraguai à Tríplice Aliança, formada por Argentina, Brasil eUruguai. Foi a disputa pelo controle fluvial do rio do Prata, que era pretendido pelo Paraguai paraescoar sua produção para o mercado internacional. Trouxe grande miséria para o Paraguai.. Guerras do Pacífico: As guerras do Pacífico opuseram o Chile à Bolívia e ao Peru com a luta pelocontrole da região do Atacama. As duas guerras foram vencidas pelo Chile, que acabou anexandoparte dos territórios dos dois países, a região do deserto do Atacama, muito rica em prata, guano ecobre. Com esse resultado, a Bolívia perdeu o seu acesso ao mar.. Guerra mexicano­americana: A região do Texas, que pertencia ao México, vinha sendo ocupadadesde os anos 1820 por pecuaristas americanos ligados aos grandes produtores de algodão do Suldos EUA. Esses pecuaristas usavam mão­de­obra escrava. O México tinha abolido a escravidão naépoca de sua emancipação. Para poder ter escravidão em seu território, os grandes pecuaristascriaram um movimento de independência do Texas, destacando­se do México em 1836. Em 1845, oTexas se anexa aos EUA criando a ira mexicana, que declara guerra aos EUA. Os mexicanos perdema guerra e grande parte de seu território no Pacífico.. Consolidação das economias hispano­americanas: As economias latino­americanas só seestabilizaram a partir da metade do século XIX com a venda maciça de produtos de exportação nomercado internacional.Cada país teve seus próprios produtos e exportação e, com isso, essas economias mantiveram suadependência da economia européia oriunda do período colonial. Assim, Argentina e Uruguai seestabilizam economicamente com as exportações de produtos da pecuária, o Brasil com o café e oChile com o guano.

História Geral e da América ­ 21 ­ A Revolução Mexicana

1. Introdução:Acontecida em 1910, a Revolução mexicana talvez seja a primeira grande revolução amplamentepopular dos tempos contemporâneos. Foi uma revolução basicamente rural e camponesa, compoucos focos de lutas nas cidades. Apesar de todo o ambiente progressista, um grupo nadarevolucionário que se dizia parte da revolução chegou ao poder e instaurou uma longa ditaduraunipartidária que só teve fim em 2000.

2. O México pré­revolucionário:

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. A dolorosa consolidação nacional: Após ter encarado guerras civis, lutas regionais pelaindependência, guerra com os EUA e invasão francesa, o México, sem 2/3 do território original,consegue consolidar o seu estado e sua economia através da exportação de petróleo, metaispreciosos e produtos tropicais.. Porfiriato (1876­1910): Os golpes de estado e as ditaduras não eram novidade na história nacionalmexicana, mas a ditadura de Porfírio Diaz foi a maior experimentada no país até então. Fruto de umgolpe de estado de 1876, ela só terminou com a Revolução mexicana. Trata­se de um governofortemente liberal, ligado aos capitais nacionais com vínculos com o capital estrangeiro, sobretudoinglês. Há um incentivo à uma industrialização dependente dos capitais de exportação e de capitaisestrangeiros, criando uma urbanização no país e também uma grande pobreza nas cidades. Ainda, ogoverno construiu algumas ferrovias ligando o país. As terras dos indígenas e da Igreja, terrascoletivas, eram vendidas pelo governo para dar lugar a latifúndios exportadores, causando grandesdanos sociais para a população rural que iriam levar a revoltas.. Quadro geral do México no fim do Porfiriato: O governo de Diaz fez a economia mexicana crescer deforma dependente e piorou muito a situação das classes pobres rurais do país. No Norte do país,havia grandes latifúndios pecuaristas, minas de metais, além de indústrias. As cidades, como acidade do México, cresceram muito nesse período com operários que ganhavam muito mal e nãotinham direitos trabalhistas. Havia ainda alguns intelectuais liberais e de esquerda nas cidades queeram críticos de Diaz. No Sul do país se encontravam as terras coletivas, que se transformavam emlatifúndios para o capital exportador.

3. A Revolução Mexicana:. Palavras iniciais: Por ser uma ditadura há 35 anos no poder que oprimia a população pobre do paíse também era criticada por uma parte da elite por se vincular excessivamente aos capitais ingleses,quando ela é derrubada, uma série de movimentos antes calados se mostram e reivindicam seusdireitos. Por isso, a Revolução acontece em quatro frentes: no Norte rural, no Sul rural, nas cidades –principalmente a capital – e com os liberais radicais – mais tardios –, que triunfarão sobre todos osoutros no final.. O golpe no México: Porfirio Diaz leva um golpe em 1910 do grande proprietário ligado aoscapitalistasnorte­americanos, Madero, que é eleito presidente em 1911. Segue­se uma série de golpes deestado até chegarem no poder os constitucionalistas, ligados a Villa e Zapata. Faz­se a constituiçãocom Carranza eleito presidente em 1917. Carranza é assassinado pelos liberais radicais, queempossam Óbregon.. Sul: Em uma região indígena densamente povoada chamada Morelos, onde o porfiriato fora cruelcom a instalação de grandes fazendas de cana­de­açúcar, inicia­se um movimento pela reformaagrária. Emiliano Zapata é eleito líder desses indigenistas e uma invasão de uma dessascomunidades por hacienderos – grandes fazendeiros – é dado como estopim para o início da lutarevolucionária. O grupo segue marchando tomando as grandes propriedades e transformando­as emterras comunais dos indo­descendentes. Chegam em 1914 à cidade do México onde são saudadospela classe intelectual urbana.. Norte: A região de Chihuahua no Norte do país é terra de grandes pecuaristas. Vaqueiros dessesproprietários criam um movimento para tomar as suas terras tendo como líder Pancho Villa. Elesconfiscam as terras e dão ao Estado revolucionário, no caso os ‘generais’ de Villa. Esses generaisdepois serão contra o prosseguimento da luta, defendendo suas terras ganhas na Revolução.. PRI: Surge um terceiro grupo ‘revolucionário’ no Noroeste do país, ligado às firmas norte­americanas, são os liberais radicais. Eles tomam regiões exportadoras do país, conseguindo comprararmas no exterior com dinheiro das exportações. Vencem os exércitos de Villa e Zapata, matam osdois e tomam o poder. Fundam o Partido Revolucionário Institucional que se manterá no poder até ofinal dos anos 90.. Após a revolução: O PRI se diz herdeiro da Revolução mexicana, de Villa e de Zapata. Em algunsmomentos do século XX, de maneira populista, toma posições progressistas, fazendo a reformaagrária e implantando um direito trabalhista, mas nunca permite participação popular e democráticano seu governo.

História Geral e da América ­ 22 ­ A primeira guerra mundial

1. Apresentação:A guerra mundial de 1914 a 1918 foi a maior guerra vivida pelo mundo até então. Após 100 anos derelativa paz na Europa, essa guerra chegou a matar quase 20 milhões de pessoas. Esses númerosnunca antes vistos se devem, sobretudo, ao fato de essa guerra ser a primeira grande guerra entre

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sociedades industriais. A guerra se deu majoritariamente na Europa, mas chegou a envolver todos oscontinentes do mundo.

2. As causas da guerra:. Uma guerra imperialista: A divisão do mundo nos grandes impérios que havia não dizia maisrespeito ao real poder econômico dos países industrializados em 1914. A produção industrial inglesajá tinha sido ultrapassada pelas economias alemã e norte­americana. Entretanto, Inglaterra e Françatinham quase o total controle sobre os territórios colonizados na África e na Ásia, enquanto os doispaíses emergentes tinham pouquíssimos territórios no ultramar. Isso era um entrave para aexpansão das grandes empresas alemãs e, em menor escala, das norte­americanas. Esse vai ser ofator decisivo da guerra.. Conflitos europeus e imperialistas: Não só o conflito de interesses entre Inglaterra e Alemanhalevaram à guerra. Entre os países europeus, existiam uma série de disputas de interesses, territóriose áreas de influência na Europa e nas áreas coloniais. Isso vai levar a Europa a se dividir em duasgrandes alianças.. O sistema de alianças e a paz armada: Duas alianças se formaram. A primeira era a Tríplice Aliança,que juntava a Alemanha, o Império Áustro­húngaro, a Itália, o Império Turco­Otomano e a Bulgária.A Tríplice Entente unia eminentemente a Inglaterra, a França e o Império Russo. Todos já estavamcertos de que haveria guerra, levando à grande produção de armamentos e o destacamento desoldados. Faltava apenas uma faísca para explodir aquele conflito.. O nacionalismo vence o internacionalismo: Em 1914, com o assassinato do herdeiro do trono doImpério austro­húngaro, inicia­se a guerra. Os grupos socialistas, anarquistas e comunistas apelampara os soldados trabalhadores não lutarem contra outros soldados trabalhadores. O apelo não surteo efeito esperado.

3. A guerra:. Frente ocidental: A Alemanha, principal potência da guerra, decide primeiro vencer a França edepois a Rússia. Eles, porém, ficam presos toda a guerra dentro do território francês na guerra detrincheiras, lutando contra franceses e ingleses. Os alemães tentaram diversas ofensivas quechegaram a beirar Paris, mas nunca conseguiram avançar por muito tempo.. Frente oriental: Com a frente ocidental paralisada, os alemães invadem a Rússia e obtêm seguidase fáceis vitórias. Os soldados russos morrem aos montes, não tendo a tecnologia de guerra quetinham osalemães. Em 1917, os bolcheviques – grupo revolucionário socialista russo – tomam o poder e fazemuma paz em separado com a Alemanha, retirando a Rússia da guerra.. Decisão norte­americana: Os EUA, neutros desde o início da guerra, resolvem entrar na guerra paraauxiliar os principais endividados de seus banqueiros, os aliados ingleses e franceses. Suaparticipação é decisiva e eles derrotam o exército alemão.

4. Os tratados de paz e o pós­guerra:. Um tratado por país e o novo mapa europeu: Cada país europeu derrotado teve um tratado de pazespecífico, impondo as condições da rendição incondicional às potências centrais. Criou­se um novomapa europeu, com o fim dos quatro grandes impérios, o russo, o alemão, o austro­húngaro e oTurco­Otomano. Todos derrotados tiveram seus territórios bem reduzidos, além das duras condiçõesimpostas pelos tratados.. O Tratado de Versalhes: Esse tratado é o tratado específico da Alemanha. Vieram dos franceses osmais importantes elementos da construção desse tratado. O texto do tratado afirmava que aAlemanha era “a única culpada pela guerra”. Impunha à Alemanha perdas territoriais, a perda detodas as colônias, estrandosas indenizações de guerra, ocupação militar provisória e restrição quasetotal à formação de um exército, marinha e aeronáutica. Este tratado, impossível de sercompletamente cumprido, tem em si os principais motivos que levaram à segunda guerra mundial,como muitos já previam mesmo em 1918.. Liga das Nações: Foi criada a Liga das Nações, uma prévia da ONU, onde só participavam os paísesvencedores. Não teve grande importância e, principalmente, não conseguiu atingir o seu principalfim, evitar outras guerras. Por isso, foi desfeita com a eclosão da Segunda Grande Guerra.

História Geral e da América ­ 23 ­ A Revolução Russa

1. Introdução:No meio da Grande Guerra, estoura na Rússia a mais importante revolução do século XX, que iriamarcar profundamente esse século. Essa Revolução comunista mundial que inicia em 1917 tende a

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se espalhar para todo o mundo, levando um terço da Humanidade a viver em países de governosocialista no início da década de 50, apenas trinta anos apenas depois da Revolução na Rússia. Trata­se da primeira grande revolução operária da história, que iria dar lugar ao primeiro regime socialistasólido do mundo.

2. A Rússia antes da Revolução e 1917:. A industrialização russa e a situação econômico­social do país: Após o fim da servidão no país em1861, o governo russo investe na industrialização do país. Feita de forma dependente, aindustrialização aloca uma grande população do campo para a cidade. Mesmo assim, às vésperas daprimeira grande guerra, 80% da população do país vivia no campo. A situação dos camponeses erapéssima e, na prática, algumas práticas da servidão continuavam existindo. Nas cidades, a situaçãodos trabalhadores urbanos e operários também era lastimável. Isso levava à criação de diversosmovimentos sociais reivindicatórios e utópicos no país.. Movimentos sociais e partidos na Rússia: O país tinha uma gama extensa de movimentos sociais epartidos das mais variadas tendências. Havia liberais ocidentalizantes, socialistas utópicos,anarquistas dos mais diversos tipos e marxistas. Um partido importante que surge nos últimos anosdo XIX é o PSDOR – Partido Social Democrata Operário Russo –, que depois se divide entremencheviques e bolcheviques, esses últimos dominam o partido que iria organizar a Revolução deoutubro.. O ensaio geral para a revolução: Em 1905, durante uma guerra desastrosa com o Japão, a situaçãoda população russa piorava. Faz­se em um domingo uma grande marcha pacífica na capital SãoPetesburgo pedindo pão, paz, trabalho e terra. A manifestação é violentamente massacrada pelasforças do czar, o que leva o povo a fazer diversas greves e revoltas. O czar, último rei absolutista daEuropa, vê­se encurralado e abre o regime, permitindo a constituição de um Parlamento – a Duma.Com a melhora da situação da economia do país nos anos seguintes, o czar suprime a assembléia,voltando o regime a ser absolutista.. A guerra e a revolução de fevereiro: Com a guerra mundial, novamente a situação geral dapopulação e dos militares piora e muito. As tropas não tinham armas suficientes, nem mantimentos,fazendo soldados morrerem aos montes na frente de combate. Para a população urbana faltavacomida em função do envio de mantimentos para a frente de guerra. Em 1917, diversas grevesparalisam as cidades do país e o rei manda a sua guarda real – os cossacos – suprimir as greves emanifestações. Os cossacos se recusam a abrir novamente fogo contra a população e o czar abdicado trono. Liberais, liderados por Kerensky, tomam o poder em fevereiro e mantêm a Rússia naguerra.. Os sovietes, os bolchevique e Outubro: Com o vazio de poder criado pela abdicação do monarca e aainda não afirmação em todo o território do poder provisório, criam­se em todo o país os sovietes. Ossovietes eram assembléias democráticas e populares que administravam uma certa região ou eramorganização de um certo grupo social. Os bolcheviques, bem reduzidos nesse momento, crescemrapidamente ao defender o fim imediato da guerra e que o poder fosse dado aos sovietes. Comoesses eram os grandes anseios da maioria da população, principalmente a urbana, eles se tornamum grande partido e tomam facilmente o poder em outubro – ou novembro no calendário ocidental.

3. A consolidação e a expansão da Revolução:. Os primeiros movimentos: As primeiras medidas do novo governo são a paz em separado com aAlemanha e o reconhecimento dos sovietes como poder local. No país, organiza­se um grupo deoposição ao novo regime, os russos brancos, que tinham auxílio dos países capitalistas e quedeclaram guerra aos bolcheviques. Inicia­se a guerra civil entre russos brancos e os vermelhos pelopoder, que dura de 1918 a1920. A guerra foi extremamente maléfica para a população com racionamento de alimentos eprodutos básicos. Teve no final a vitória do Exército Vermelho, apoiado pela grande massa decamponeses do país. Em 1922 é criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS.. As revoluções pelo mundo: Por todo o mundo, diversas organizações operárias e trabalhadorassaúdam a Revolução Russa. Com o fim da guerra na Europa no ano seguinte, explodem em váriospontos dos países derrotados, revoluções socialistas massacradas pelos governos locais e tropasestrangeiras. Cria­se em Moscou a III Internacional Socialista – o Komintern, uma espécie de partidocomunista mundial – que iria organizar as revoluções pelo mundo.. A NEP: Com o fim da guerra civil, a economia do país está completamente destruída. Não restanenhuma indústria do período imperial e a produção de alimentos e produtos básicos está reduzida edesorganizada. Lenin bola a NEP, a Nova Política Econômica, onde os camponeses produziriam umaparcela para o Estado e outra para o mercado, um misto de capitalismo e socialismo. O plano dácerto e a produção se estabiliza, voltando as cidades a serem normalmente abastecidas. Dá­se uma

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pequena e curta prosperidade no campo. Lenin morre em 1924.. A disputa pelo poder: Com a morte de Lenin, figura centralizadora da política nacional, começam asdisputas para ver quem lideraria o PCUS – o Partido Comunista da União Soviética – que funcionacomo o Parlamento nacional. Trotsky, um dos principais nomes da Revolução de outubro, é um doscandidatos e defende a Revolução mundial imediata. Stalin defende a revolução primeiramente naRússia e depois no resto do mundo. Stalin vence e transformará o sonho socialista em uma duríssimaditadura.. Os planos quinquenais: Stalin estabelece um plano de desenvolvimento industrial e econômico parao país, utilizando­se de planejamentos econômicos quinquenais – de cinco em cinco anos. Houveuma coletivização forçada do campo, que levou a uma forte crise na produção agropecuária e amilhões de mortes pela perseguição do governo aos camponeses que não aceitavam a coletivização.Deu­se a industrialização no país, de uma forma autoritária e com grande exploração dostrabalhadores. O êxito da rápida industrialização é, entretanto, inegável.. O terror dos anos 30: Stalin faz ainda diversas perseguições políticas, levando antigosrevolucionários, políticos e pessoas comuns para os campos de concentração, a deportação e a morte.Milhões morreram e a marca ditatorial do regime permaneceu até os anos 1980. Trotsky é deportadoe assassinado em 1941.

História Geral e da América ­ 24 ­ A crise de 1929 e depressão dos anos 30

1. Apresentação:A crise de 29, ou Grande depressão dos anos 30, foi a maior crise econômica vivida pelo capitalismoem todos os tempos. Iniciou com a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929 e se espalhou por todoo mundo nos anos seguintes, tendo quebrado milhares de empresas e levado milhões aodesemprego em todo o mundo capitalista. A crise representa a mudança da não intervenção doEstado na economia para um capitalismo com intervencionismo do Estado na economia.

2. Causas profundas e imediatas da crise:. A economia americana no pós­1ª Guerra: Após a 1ª Guerra Mundial, a economia norte­americanafoi importantíssima para garantir a recuperação da economia européia, fazendo diversosempréstimos a estas e entrando com investimentos na Europa. Também, a economia norte­americana supria as colônias européias na África e na Ásia, visto que Inglaterra e França nãoconseguiam suprir suas colônias após a guerra. Isso tudo leva a um grande crescimento da economianorte­americana, que passa a sair de seu relativo isolamento e vira uma economia internacionalizada.. A recuperação das economias européias: Com a própria ajuda dos EUA, as economias da EuropaOcidental conseguem se reerguer e suas indústrias conseguem atender a demanda interna. Com otempo, as economias européias também conseguem atender as necessidades de suas colônias,passando a rejeitar a ajuda americana neste quesito. O problema é que a produção da economiaamericana era voltada antes para a demanda dos norte­americanos, dos europeus e das colônias.. A causa imediata da crise: Esse fechamento dos mercados coloniais pelas metrópoles em vista darecuperação daquelas economias é a causa imediata da crise. Havia um hiperprodução nos EUA queatendia ao mundo inteiro e de um momento para o outro, é rejeitada pelos europeus.. As causas profundas da crise: O capitalismo é um sistema econômico que vive de crises cíclicas.Nunca há um crescimento econômico para sempre porque não há a distribuição da riqueza geradana produção. Parte da riqueza é tirada do trabalhador e reinvestida no aumento da produção. Atendência da produção capitalistaé de aumentar sempre. Acaba chegando uma hora em que a produção é maior do que a demanda.Isso leva à crise econômica.. A crise: A crise tem início com a quebra de algumas empresas americanas em 1929 na Bolsa deNova Iorque. Dá­se em seguida um quebra­quebra de empresas em todos os EUA e em todo omundo capitalista. A verdadeira depressão econômica se dá nos anos 30 e não em 1929 e a principalexpressão dessa crise é o desemprego generalizado.

3. Consequências da crise:. O New Deal: Em 1929, ocupava a presidência americana um republicano liberal. Ele não tomounenhuma medida para tentar resolver a crise, crendo que a economia se arrumaria por ela mesma.Isso só agravou a crise. Em 32, elegeu­se presidente o democrata Franklin Roosevelt defendendo aatuação do Estado na economia para resolver a crise. Ele pôs em prática o New Deal, plano deintervenção na economia com o objetivo central de reverter os problemas do desemprego nasociedade. Vários são os traços desse programa: planejamento da produção agrícola, grandes obraspúblicas, direitos e assistência trabalhista e outros.

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. Países primário­exportadores: Os países que tinham como núcleo da economia as suas exportações,tendo como exemplo todos os países latino­americanos – duramente atingidos pela crise – já que ospaíses ricos passaram a comprar bem menos seus produtos. A crise econômica desses países vai sera causa imediata para golpes de estado.. Europa: As economias européias estavam fortemente endividadas dos americanos e com umgrande montante de investimento desses. Isso levou a que essas economias sofressem seriamentetambém os efeitos da crise que se iniciou nos EUA. Isso foi mais grave na Alemanha, que tinha tidouma ligeira recuperação econômica de 1925 a 1929 com a ajuda norte­americana. Isso leva o país àmaior hiperinflação de todos os tempos e um enorme desemprego, terreno fértil para a ascensãonazista.. A União Soviética: Esse país foi o que menos sofreu no mundo os efeitos da crise. Como odesenvolvimento planejado daquela economia tinha poucas relações com outras economias, quasenão houve efeitos da crise de 29 nesse país. Os planos quinquenais continuaram e uma série decientistas e técnicos ocidentais desempregados por causa da crise foram trabalhar na URSS noperíodo.

História Geral e da América ­ 25 ­ O Fascismo e o Nazismo

1. A queda do liberalismo:. A descrença no liberalismo: A 1ª Guerra Mundial e a Depressão dos anos 30 são dois golpes noliberalismo. A primeira acabou com a ilusão de que as democracias liberais, por serem decididas pelopovo, evitariam qualquer tipo de guerra e a segunda abalou essas democracias e também a doutrinado liberalismo econômico. O que se vê no período entre­guerras (1918­1939) é a queda dasdemocracias liberais em várias partes do mundo. Há uma descrença generalizada na democracialiberal e no liberalismo econômico. Parte das populações ainda aclamava líderes autoritários quediziam que iriam resolver os problemas do país. Assim foi com Hitler e Mussolini, por exemplo.. A criação de um modelo de fascismo com Mussolini: A Itália foi duramente humilhada com ostratados de paz de 1918. O que lhe fora prometido não foi cumprido em termos territoriais. Issolevou a um grande apelo nacionalista no país que, junto com a crise econômica do pós­guerra, foium terreno favorável para a ascensão do radical de direita Benito Mussolini ao poder. Ele implantouno país, a partir de 1922, o primeiro modelo de governo fascista do mundo, que em algumascaracterísticas ou de forma generalizada, foi imitado depois por muitos governos direitistas nomundo inteiro.. A ascensão de Hitler e a expansão dos fascismos: Se em algumas características, as práticaspolíticas de Mussolini foram imitadas, o fascismo só ganhará projeção mundial com a ascensão deAdolf Hitler na Alemanha em 1933 por via eleitoral. Depois, o nomeado primeiro­ministro Hitler iriatransformar a democracia alemã em uma duríssima ditadura. Hitler modificou alguns traços dofascismo de Mussolini, criando o nazismo, que tinha como grande inovação e relação às teses deMussolini o racismo. É a partir da Crise de 29 e da ascensão do nazismo na Alemanha que o fascismoe o nazismo ganharão uma projeção internacional maior.

3. Elementos do fascismo e do nazismo:. Geral: Os fascismos são vários. Cada governo ou partido fez uma nova forma de fascismo ou pegoucaracterísticas esparsas de governos fascistas e pôs em prática. As características fundamentais dosfascismos é que eles são anti­liberais, anti­comunistas e extremamente autoritários. Crêem em uma‘terceira via’ além do liberalismo e do socialismo.. Mobilização das massas: Como crítica à organização individualista das sociedades liberais, o fascismofaz através de um líder, uma grande mobilização das massas. Essa mobilização é feita de formaautoritária e com um discurso demagógico e falacioso. Por exemplo, o nazismo criticava os judeus edizia que eles eram os culpados por todos os problemas da Alemanha, direcionando a raiva dosalemães para os judeus.. Racismo e anti­semitismo: Essas características são exclusivas do nazismo, não dizem respeito aofascismo italiano. Hitler condenava como raça inferior vários povos, religiões e condições sociais,como os judeus, as testemunhas de Jeová, os eslavos, os ciganos, os homossexuais, os deficientesmentais e outros.. Nacionalismo extremo: Essa é uma característica geral dos fascismos. Todos vêem os interesses danação acima de qualquer outra coisa. Criticam culturas estrangeiras e o internacionalismo comunista.No nazismo, o nacionalismo se une ao racismo, fala­se de uma raça alemã superior às outras.. Tradicionalismo anti­modernista: Junto com o nacionalismo, vem uma exploração da memórianacional. Mussolini explorava o tema do Império Romano, Hitler o das tradições germânicas. Adota­sea arte clássica em oposição à arte moderna, esta vista como arte degenerada ou bolchevique.

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. Revanchismo: Um dos motivos da ascensão de Mussolini e de Hitler e elemento de seus discursosera o revanchismo da 1ª Guerra. Ambos prometiam reverter os resultados daquela guerra emproveito de suas nações. Dentro do discurso desses dois líderes está clara a Segunda Guerra Mundial.. Estado intervencionista: Todos os regimes fascistas, como anti­liberais que são, intervêmduramente na economia. Hitler fez praticamente uma economia de guerra desde 1933 e Mussoliniestatizou vários ramos da economia italiana.. Repressão às demandas trabalhistas: Há uma forte repressão dos movimentos reivindicativos demelhorias trabalhistas. O que se vê na Alemanha, por exemplo, é uma regressão dos direitos dostrabalhadores e de suas condições, além do uso de trabalho escravo de judeus, comunistas e outrosnos campos de concentração.

História Geral e da América ­ 25 ­ A Segunda Guerra Mundial

1. Apresentação:A Segunda Guerra Mundial foi a maior guerra vivida pela Humanidade. Morreram nelaaproximadamente 50 milhões de pessoas. Esse número gigantesco se explica porque se tratou deuma guerra entre sociedades industriais, agora não tão limitada à Europa como na Primeira GrandeGuerra, trata­se verdadeiramente de uma guerra mundial. As máquinas das indústrias queproduziam produtos para o consumo humano são direcionadas para produzir a morte, cada vez deforma mais eficiente.

2. As causas da guerra e a guerra:. As causas indiretas: O Tratado de Versalhes em suas cláusulas, impossíveis de seremcompletamente cumpridas, semeou outra guerra. A Crise de 29 piorou ainda mais a difícil situaçãoda Europa, especialmente a da Alemanha, levando à ascensão do nazismo naquele país. Essas são asreais causas da guerra.. A consecução dos fatos de 1933 até a guerra: Itália, Alemanha e Japão insatisfeitos com a situaçãogeopolítica do pós­guerra, partem em uma empreitada expansionista de 33 a 39, levando à guerra.Eles estabelecem um pacto militar entre eles, o Eixo Roma­Berlim­Tóquio. A Itália invade a Etiópia ea Albânia. O Japão, a Manchúria e depois toda a China em 1937. A Alemanha toma a Áustria, aTchecoslováquia e a Polônia em 1939, fazendo estourar a guerra. Com essa última invasão, França eInglaterra declaram guerra à Alemanha e um tratado de não­agressão é assinado entre os alemães esoviéticos no mesmo ano. A invasão da URSS pela Alemanha e o ataque a Pearl Harbor pelosjaponeses em 1941 mundializariam a guerra.. A frente ocidental: Os alemães vencem a França em 1940 e fazem com eles um acordo de paz,tomando ainda vários pequenos países da Europa Ocidental. A Inglaterra não é invadida e não faz apaz com Hitler.. A frente oriental: Os Bálcãs são tomados por Hitler e em 1941 a URSS é invadida. Há sucessivasderrotas soviéticas, visto que os principais líderes militares soviéticos tinham sido presos por Stalinnos anos 30. As tropas soviéticas lutam de forma muito desordenada. Em 1942, Stalin solta daprisão esses militares, que passam a liderar as tropas russas. A partir da vitória russa na batalha deStalingrado em 1943, os russos obtêm sucessivas vitórias até chegar a Berlim em 1945.. Guerra no Pacífico: O Japão luta contra a China a partir de 1937 e contra as colônias francesas einglesas a partir de 1939. Domina amplas áreas do Sudeste asiático e ataca o Havaí norte­americanoem 1941. Os EUA vencem com certa facilidade o Japão e entram na guerra na Europa, sendodecisivos na frente ocidental contra os alemães. Com a desculpa de que os japoneses não queriam serender, os norte­americanos, querendo intimidar os soviéticos, soltam bombas atômicas sobre oJapão. Este se rende logo em seguida.

3. O pós­guerra:. Os vitoriosos: Os grandes vitoriosos da guerra são os EUA e a URSS e, em bem menor escala, aGrã­ Bretanha. A diferença é que a União Soviética foi sistematicamente invadida ao longo da guerra,perdendo grande parte de sua população, sua organização agrícola e suas indústrias. Os soviéticossó tinham ganhado força política e militar com a guerra. Já os EUA vão ser completamente vitoriososcom a guerra. Perderam relativamente poucos homens e enriqueceram­se muito com a guerra,tendo a economia do país se beneficiado bastante com a ampla produção de armamentos,recuperando­se de fato da depressão dos anos 30.. Os encontros dos vitoriosos: Houve quatro encontros dos líderes dos vitoriosos desde 1943 –quando a derrota do Eixo já estava clara – até 1945 para resolver o futuro dos países derrotados edas áreas ocupadas. Houve reuniões em Teerã, Cairo, Yalta, Potsdam e outras localidades, váriasforam as decisões. A URSS declararia guerra ao Japão e retomaria a ilha de Sacalina perdida na

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guerra russo­japonesa de 1905. A Coréia seria dividida em duas regiões, uma sob influênciasoviética, outra sob a influência norte­americana. A Alemanha e a capital Berlim seria dividida emquatro regiões de acordo com os vitoriosos na Europa: soviéticos, americanos, ingleses e franceses.As áreas da Europa oriental libertadas pelo Exército Vermelho teriam o destino decidido pela UniãoSoviética e a Europa Ocidental seria guardada pelos EUA. Todas essas decisões criariam diversosconflitos durante a Guerra Fria (1945­91). Ainda, seria criada a Organização das Nações Unidas –ONU –, um fórum para discussão entre as nações e prevenção de outra guerra mundial.. As origens da guerra fria: A aliança entre a Inglaterra, EUA e a URSS durante a guerra eracondicional, dizia respeito apenas à luta contra o nazismo. Durante esses encontros, ficaram claros osatritos entre os EUA e a União Soviética que levariam à guerra fria e o medo de uma outra guerramundial.

História Geral e da América ­ 26 ­ A Guerra Fria

1. Introdução:Logo depois do fim da 2ª Guerra, o antagonismo entre a União Soviética e os EUA criaram o medo deuma terceira guerra mundial. Em 1945, apenas os EUA tinham a tecnologia da produção da bombanuclear. Em 1949, a União Soviética desenvolve a sua bomba atômica e em 1954, EUA e URSSdesenvolvem a bomba de hidrogênio, uma bomba atômica bem mais poderosa do que a bomba deHiroshima. Ficava o medo de uma guerra nuclear que poderia levar as superpotências a umadestruição total. Ao medo dessa guerra nuclear entre os dois países e à disputa pela hegemoniamundial dá­se o nome de Guerra Fria.

2. Origens e características gerais da Guerra Fria:. Questões na Europa: Após a Segunda Guerra, a Europa foi dividida em duas, uma sob a influêncianorte­americana, outra sob a influência soviética. Uma série de pequenos conflitos existiram emfunção da disputa por territórios. Por exemplo, a briga por Berlim Ocidental, um território daAlemanha Ocidental no meio da Alemanha Oriental. A Europa Ocidental recebeu a ajuda financeirados EUA, no que ficou conhecido como Plano Marshall. Assim, os EUA ajudavam aquelas economias ase reerguerem e afugentar o ‘perigo comunista’.. Disputa ideológica e perseguições internas: Havia uma disputa ideológica entre as duassuperpotências sobre qual seria o melhor sistema, o socialismo ou o capitalismo. Essa competição semostrava em várias áreas como na disputa em qual economia era mais dinâmica, como até nos jogosolímpicos e na corrida espacial, uma briga pela tecnologia mais avançada. Dentro dos dois países, emalguns momentos, perseguiram­se os supostos inimigos do regime. Nos EUA, o senador MacArthurfez uma caça aos comunistas na sociedade americana nos anos 50. Na URSS a perseguição aossupostos ‘contra­ revolucionários’ aconteceu até 1985, mas mais agudamente até a morte de Stalinem 1953.. O armamentismo, uma provocação americana: Havia uma acentuada corrida armamentista entreos dois países, principalmente na tecnologia das ogivas nucleares. Os recursos destinados aosarmamentos eram gigantescos e afetavam duramente o orçamento das duas economias, mas maisainda a da União Soviética, que era mais fraca. Os EUA faziam provocações à União Soviética,levando­a a gastar cada vez mais com armamentos. Assim, os EUA criaram a aliança militar OTAN em1949 e a URSS o Pacto de Varsóvia depois.. Déficits americanos: As duas superpotências tinham gastos estrondosos com armamentos,atrapalhando o desenvolvimento econômico de ambos. A situação dos trabalhadores americanos noperíodo era a melhor já vivida no país. Isso acontecia para afugentar o ‘perigo comunista’ dosmovimentos de trabalhadores. Como a economia americana era mais robusta, aguentou melhor osgastos com armas e com a seguridade social.. Apoio aos movimentos de libertação nacional: Ambos países apoiavam grupos opostos nas colôniasdos antigos Impérios coloniais que estavam se desfazendo. Isso levou a uma série de guerras noTerceiro mundo.

3. Principais confrontos e conflitos da Guerra Fria:. Períodos quentes e convivência pacífica: Soviéticos e norte­americanos nunca se enfrentaram emum campo de batalha, mas vários conflitos opunham aliados dos dois lados. Além disso, houvealguns sérios desentendimentos entre os dois países que criaram um medo real de conflito.Existiram, portanto, períodos quentes e frios na Guerra Fria. De 1945 a 1962, foi um período quentecom vários confrontos. De 1962 a 1975 houve o que foi chamado de convivência pacífica. De 1975a1985, a chamada Segunda Guerra Fria.. Guerra da Coréia: Além do já citado desentendimento sobre Berlim Ocidental, houve no início da

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Guerra Fria a guerra das Coréias. De 1950 a 53, coreanos do Sul e do Norte, apoiados por EUA eURSS, respectivamente, entraram em guerra pelo controle da península. A guerra acabou empatada.. Cuba e a crise dos mísseis: Em 1959, ocorre uma revolução na semi­colônia americana Cuba contraseu ditador, liderada por Castro e Guevara. A revolução de libertação nacional resiste a umaemboscada da CIA e, para sobreviver, declara­se socialista e alia­se à URSS em 1961. No anoseguinte, os soviéticos põem mísseis com ogivas atômicas na ilha. Cria­se um ponto de confrontoentre EUA e URSS resolvido diplomaticamente.. Guerra do Vietnã: A colônia francesa da Indochina declara independência em 1945, sofrendo ainvasão das tropas francesas. Os vietnamitas vencem parcialmente a guerra e em 1954 divide­se opaís em Vietnã do Norte, comunista e do Sul, apoiado pelos EUA. Os EUA entram com suas tropas naregião nos anos 60, reacendendo a guerra. Os vietnamitas do Norte vencem mesmo assim a guerrae os americanos fogem do país em 1972. Em 1975, o país se unifica sob controle do antigo Vietnã doNorte.

. Afeganistão: A União Soviética também perde uma guerra. Invade o Afeganistão nos anos 80, masé impelido pelas tropas locais, a milícia Talibã, que contava com armamentos norte­americanos.

4. Questões internas dos Estados Unidos:. O pós­guerra norte­americano: A economia norte­americana havia se recuperado de fato da crisede 1929 apenas com a imensa produção bélica durante a 2a Guerra Mundial. A partir de então, aeconomia daquele país necessitará fazer muitos gastos em armamentos, com guerras periódicas,para não cair em uma grave crise econômica de superprodução. Por isso, logo após a guerra, sãoconstruídas várias bases norte­ americanas pelo mundo e muitos recursos são investidos naprodução de armas atômicas. Há na década de 1950 grandes perseguições políticas no país, é omacarthismo.. O Governo Kennedy: Apesar de ter sido um governo curto, a gestão John Kennedy teve momentose efeitos muito importantes. Ele acabou com o regime de apartheid no Sul do país, fez uma políticade confronto com a URSS, levando o mundo à crise dos mísseis e planejou golpes militares naAmérica Latina, temendo a expansão do comunismo na região após a Revolução Cubana.. Reagan e a 2a Guerra Fria: O republicano Ronald Reagan fica oito anos no poder dos EUA nadécada de 1980 e reacende a Guerra Fria com a URSS, a qual ele chama de ‘Império do Mal’. Eleimpõe reformas neoliberais na economia norte­americana e propõe o projeto Guerra nas Estrelas,segundo o qual criar­se­ia um escudo anti­mísseis para defender os EUA de ataques atômicossoviéticos. Isso é uma grande provocação à URSS, apesar de o projeto ser tecnicamente inviável.Essa e outras medidas armamentistas suas ajudam a derrubar a União Soviética em 1991.

5. Questões internas da União Soviética:. Os últimos anos de Stalin na URSS: Antes de morrer em 1953, Josef Stalin promove mais uma desuas ondas de perseguições políticas com várias vítimas. Os anos pós­guerra também sãocaracterizados pelo aumento estupendo do poder geopolítico e do imenso gasto militar da URSS,obcecada em conseguir produzir a bomba atômica.. Kruschev e a desestalinização: Com a morte de Stalin, seu pupilo Nikita Kruschev emerge comolíder no país. Em 1956 no XX Congresso do PCUS, Kruschev denuncia os ‘crimes de Stalin’,denunciando todas as perseguições políticas e os campos de concentração. Tem início um limitadoprocesso de desestalinização do regime, com abertura política, melhora das relações com os EUA euma pequena democratização do país. Ele vira vítima da própria abertura que promoveu e édestituído por outro grupo no PCUS em 1964.. Os anos Brejnev: Outro pupilo de Stalin, Lionid Brejnev, vira líder do Estado soviético após adestituição de Kruschev. Esse muito mais rígido, autoritário e militarista do que Kruschev. Ele traz devolta características autoritárias dos tempos de Stalin, investe pesadamente em armamentos e deixaa produção de bens de consumo em segundo plano. A economia soviética entra, então, emestagnação.

História Geral e da América ­ 27 ­ A Revolução Chinesa

1. Apresentação, para entender a China atual:A China atualmente é o país que tem a economia que mais cresce no mundo, ajudando inclusive ocrescimento da economia brasileira nos últimos anos. Trata­se também da única potência do mundoque pode se confrontar com os EUA no século XXI. Entretanto, trata­se de uma grande ditaduraresponsável por 90% das penas de morte do mundo, de uma repressão e violência à livre expressãode seus cidadãos.

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2. O período imperialista (1840­1911):. As guerras do ópio: As duas guerras do ópio, de 1839 a 1842 e de 1856 a 1860 defrontam oantigo Império chinês com o Império britânico e marcam o início do Imperialismo na China. O motivodas duas guerras parte do desejo britânico de vender livremente o ópio (uma droga) na China e datentativa do governo chinês de barrar essa ação. Ambas guerras têm a Inglaterra como vencedora etem diversos benefícios a este país e as potências européias. Hong Kong, por exemplo, virou colôniainglesa após a primeira guerra do ópio.. Áreas de influência: A China nunca virou de fato colônia, a não ser algumas localidades de seuterritório nos momentos de guerra com as invasões estrangeiras. Isso se deve por um lado aorespeito que se tinha pelo país e por outro pelo desejo norte­americano de manter o país livre paraquem quisesse explorá­lo. O país foi dividido em áreas de influência das potências imperialistas nofinal do século XIX.. Resistência: O imperialismo causa grandes transtornos para a população chinesa. A produçãoagrícola é desorganizada e os investimentos transformam a vida no país. Diversos movimentos decontestação do Imperialismo e do debilitado Império chinês surgem no país. Ficaram conhecidos osTaiping, os Boxers e as revoltas rurais. O movimento mais organizado e exitoso é o Kuomintang, opartido nacionalista chinês.

3. O período republicano e a guerra revolucionária (1921­1949):. A queda do Império: Os republicanos chineses, liderados pelo partido nacionalista, tomam o poderem 1921 e põem fim ao Império. Sun Yat Sen é o presidente da república chinesa, mas seu podernão é levado a sério. De 1921 a 1945 dominam as diferentes áreas do país os senhores da guerra.. A fundação do Partido Comunista Chinês (PCC): Em 1921 é fundado o PCC por alguns membros doKuomintang. O PCC na verdade é inicialmente uma vertente do partido nacionalista. Com a morte deSun Yat Sen em 1925, o partido nacionalista perde seu ponto de união. Em 1927, o novo líder doKuomintang, Chiang Kai Chek massacra uma revolta operária em Xangai. Os comunistas repudiam oato e saem do partido nacionalista. Kai Chek os persegue e os comunistas fogem pelo territóriochinês no que ficou conhecido como a Grande Marcha.. A Grande Marcha: Durante a grande marcha, Mao Tse Tung se torna um líder do PCC e põe emprática as suas idéias sobre o comunismo. Mao privilegia os camponeses e a formação de umexército. Assim, em toda comunidade rural que os comunistas chegavam, eles faziam uma reformaagrária, auxiliavam a produção agrícola e chamavam jovens para a causa da Revolução. O apoio aoscomunistas no campo foi maciço. Apesar de os comunistas terem perdido muita gente na marcha,eles ganham uma boa imagem junto à população do país.. A invasão japonesa: Em 1937 os japoneses invadem a China. Os comunistas e nacionalistas fazemuma trégua e os comunistas conseguem juntar muita gente contra os japoneses na Manchúria, nonorte do país. Os comunistas saem muito fortalecidos dessa guerra.. A guerra civil (1945­9): Nesse período, o país entra em uma ampla guerra civil entre comunistas enacionalistas. Os comunistas vencem a guerra devido ao amplo apoio da população e os nacionalistasfogem para a ilha de Taiwan, fundando ali a China nacionalista enquanto todo o continente seproclama em 1949 República popular da China, ou China comunista.

4. A difícil construção do comunismo de 1949 até os dias atuais:. A aliança com a URSS: Em um primeiro momento, a China é aliada fiel à URSS de Stalin, sendoauxiliada por aquele país com tecnologia, investimentos e técnicos soviéticos que passam a trabalharna China, ajudando o desenvolvimento chinês. Esse apoio foi eminente para a China se reorganizarapós a guerra contra o Japão.A Guerra da Coréia: A China intervém na Guerra da Coréia, quando a Coréia do Norte comunistaestava quase sendo derrotada pelas tropas sul­coreanas e norte­americanas. Mais de cem milsoldados chineses

voluntários vão lutar no país junto com os norte­coreanos. A guerra é maléfica para a China pelasperdas humanas e econômicas.. O rompimento com a URSS: Em 1957, a China corta relações com a URSS, desapontada com adesestalinização de Kruschev e com a política de convivência pacífica daquele país com os EUA. Todosos técnicos soviéticos vão embora, assim como os investimentos e o auxílio tecnológico soviético,trazendo grande prejuízo para o país.. O Grande Salto: Mao Tse Tung defende o Grande Salto para Frente em 1958, uma tentativaautoritária de industrialização e desenvolvimento rápido da China através da criação de pequenosfornos siderúrgicos em áreas rurais e uma reorganização total da agricultura e da economia do país.

Page 33: Resumo de História

É um grande desastre que acaba por desorganizar toda a produção chinesa e leva milhões à fome eà morte.. A Revolução Cultural: Em 1965, Mao defende junto aos estudantes chineses a Revolução Cultural,movimento que leva a um extremismo político no país com várias perseguições políticas e muitasmortes. Trata­se de outro desastre.. As Quatro modernizações: Mao morre em 1976 junto com a Revolução Cultural. O PCC, quasedestruído por aquela revolução, reestrutura­se e em 1978 elege Deng Xiaoping para sua liderança.Ele defende as Quatro Modernizações, onde se promove o desenvolvimento econômico do paísmesclando práticas capitalistas e socialistas e abrindo algumas cidades costeiras ao investimentoestrangeiro. De certa forma, este modelo é até hoje implantado. Desde então, o país não para decrescer e abrir­se economicamente, mantendo todos os traços de uma ditadura, com pouca aberturapolítica.

História Geral e da América ­ 28 ­ Descolonização da África e da Ásia

1. Apresentação:A África e todo o Sul da Ásia – principalmente o continente indiano – são hoje as regiões mais pobresdo mundo. Há sérias epidemias de SIDA (AIDS), tuberculose, lepra e outras várias doenças jácontroladas nos países desenvolvidos. Há os maiores índices de miséria do mundo nessas regiões esérios problemas de fome. Como se os problemas sociais desses países não fossem enormes, osgovernos investem pesado em armas, como os países africanos em guerra civil e o Paquistão e aÍndia que têm projetos avançados de produção de armas atômicas. Mas a causa maior para as crisesde miséria e fome na região está no século XIX e na primeira metade do século XX, no períodoimperialista.

2. No contexto da Guerra Fria:. A causa externa das independências: Após a Segunda Guerra Mundial, as antigas potênciasimperialistas do século XIX, principalmente Inglaterra e França, vão entrar em franca decadência eperder poder no cenário internacional, agora dominado por Estados Unidos e União Soviética. Alémdas antigas potências se enfraquecerem, tornando mais fácil o processo de independência, as novaspotências da guerra fria vão incentivar grupos ideológicos a fazerem a independência. Assim, grupospró­independência socialistas receberão apoio da URSS e grupos ligados ao capital internacional,receberão apoio direto norte­americano.. A causa interna das libertações nacionais: Se o peso da dominação se tornava cada vez maior, osgrupos nacionais dispostos a por fim à exploração estrangeira se amadureciam e fortaleciam­se. Porexemplo, o grupo de Gandhi e Nehru na Índia ganha grande apoio dos indianos no período logoanterior à Segunda Guerra. Isso torna a colonização inglesa mais complicada, visto que a populaçãolocal já apóia um grupo definido disposto a se separar do Império britânico.. Os conflitos pós­independência: Não há como generalizar como se deu a independência dos paísesna África e na Ásia, mas grande parte desses processos foi marcado em algum momento por umaforte violência. Além da luta contra a metrópole, os grupos locais entraram em conflito entre si emquase todos os países independentes. Isso porque os imperialistas não respeitaram as fronteiras dosgrupos locais e porque a Guerra Fria fortalecia grupos opostos que lutavam pela independência.. A difícil construção da nação: A construção de uma prosperidade nesses países foi muito difícil,tanto é que nenhum desses países hoje tem riqueza ou igualdade. Os novos governos tinham quereverter a herança imperialista, findar as lutas contra a metrópole e as lutas locais e criar um certoconsenso sobre o rumo desses países. É importante lembrar que o Imperialismo deixou marcasfortes nesses países. O campo, por exemplo, na época imperialista foi invadido por plantations quasemonocultoras para exportação com a terra controlada por estrangeiros. Essas plantations desgastammais o solo do que o normal e levam a pragas e desastres naturais, como a reproduçãodescontrolada de gafanhotos e a seca e, consequentemente, a fome.

3. Um caso específico, a Índia:A independência “pacífica” da Índia: O grupo do partido do Congresso, liderado por Gandhi e Nehru,lidera a partir dos anos 20 um processo pacífico de independência da Inglaterra. Ganham grandeapoio da população, duramente castigada pela dominação imperialista, com sua política de não­cooperação pacífica. A Inglaterra, durante a Segunda Guerra, propõe um acordo. Se os indianoslutassem na guerra na Ásia, os ingleses dariam a independência ao país após a guerra. Os líderes doPartido do Congresso aceitam e os indianos participam da guerra. Após a guerra, os ingleses insistemem não dar a independência ao país apesar do acordo, mas acabam sob pressão tendo que aceitar aindependência do país em 1947. O partido do Congresso organiza uma grande democracia no país,

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mas muçulmanos e hindus entram em diversos confrontos pelo país e os muçulmanos exigem acriação de um Estado para eles. É criado o Paquistão, com territórios a Leste e a Oeste da Índia. Osmuçulmanos indianos têm que fugir para o Paquistão para não serem massacrados pelos hindus e oshindus que estão no território do Paquistão têm que fugir para a Índia para não serem massacradospelos muçulmanos. Segue uma ampla violência entre os dois grupos e logo os países entram emguerra. Desde então, os dois países entram em guerra três vezes e desenvolvem armamentosnucleares para uma possível nova guerra. Obviamente, a guerra é extremamente maléfica paraambos governos e para suas populações, extremamente miseráveis. Ainda, o conflito entre os doistem a ver com a guerra fria até 1991. A Índia é aliada da União Soviética e o Paquistão, dos EUA. Nadécada de 70, o Paquistão oriental vira um país independente sob o nome de Bangladesh.

História Geral e da América ­ 29 ­ A América Latina contemporânea

1. Apresentação:Quase toda a América Latina hoje goza de democracias liberais como regimes políticos nacionais, pelomenos nos grandes países, como Brasil, México, Argentina, Chile, Venezuela e outros. Apesar doregime político livre, a situação econômica da região de uma forma geral não vai bem. Enquantopaíses emergentes na Ásia não param de receber investimentos estrangeiros e crescereconomicamente, a situação da América Latina é de uma grande recessão desde a crise da dívidaexterna no início da década de 80. Vejamos o porquê de tanta recessão econômica.

2. Período populista, 1930­1970:. Queda das oligarquias: Logo após a crise de 1929, houve diversos golpes na América Latina. Issoporque acabava o poderio supremo que as elites regionais primário­exportadoras tinham no cenáriopolítico nacional. Novos regimes, muitas vezes autoritários, iriam surgir nos países latino­americanos.. O populismo: O populismo, em sua face histórica, tem como características a existência de líderescarismáticos, o autoritarismo, o apelo junto às massas populares, a “concessão” de direitostrabalhistas aos trabalhadores – conseguidos na verdade com ampla pressão da classe trabalhadora–, a manipulação dos trabalhadores com esses direitos e outros agrados e também um fortenacionalismo. Esse modelo vai ficar explícito no Brasil, Argentina e México até os golpes militares nosdois primeiros países.. Industrialização e direitos trabalhistas: O período em que prevaleceu o populismo na AméricaLatina é diferente de país para país, mas dura até mais ou menos as décadas de 60 e 70. No Brasil,por exemplo, o populismo foi interrompido em 1964 pelo golpe civil­militar. Esse período para os trêspaíses em questão foi um período de grande desenvolvimento industrial e econômico­social emgeral. No Brasil, por exemplo, os trabalhadores conseguiram através da pressão diversos direitostrabalhistas, esse avanço na aquisição de direitos no Brasil vai se interromper em 1964. Os trêspaíses – Brasil, México e Argentina – conseguiram montar uma indústria de base no período e aindanacionalizaram várias indústrias de setores estratégicos da economia. Os três grandes da AméricaLatina vão ganhar autonomia econômica com a diversificação industrial adquirida neste período.. Multinacionais: Se os países ganham um parque industrial completo nesse período, recebemtambém as multinacionais. O período a partir de 1945 é caracterizado pela instalação de fábricaspelas multinacionais em vários países, inclusive nos subdesenvolvidos. É o caso da Volkswagen quechega ao Brasil durante o governo Juscelino Kubischek. Se essas multinacionais ajudam nadiversificação econômica desses países, elas vão enviar remessas de lucros às suas matrizes e vão sercontra as reformas sociais profundas defendidas nesses países, ajudando a instauração de ditadurasna região.. Guerra Fria: A partir de 1945 também tem início a Guerra Fria. E a partir de 1961 com a adoção dosocialismo por Cuba e a aliança desse país à União Soviética, a América Latina será centro decombate. O governo cubano e revolucionários como Che Guevara tentam revoluções socialistas emoutras regiões da América Latina e os EUA temem essa difusão do comunismo na região. Temendopor governos populistas de esquerda e socialistas, os EUA vão incentivar golpes militares na AméricaLatina nas décadas de 60 e 70.. Golpes militares: Os golpes militares no Brasil, Argentina, Chile e outros são dados por membros daelite industrial e financeira nacional, ligados ao capital multinacional e com o apoio do governo norte­americano. Em todos os casos, há um plano do que fazer com esses países após o golpe. No Brasil,por exemplo, um grupo de industriais e economistas bolam juntos os planos econômicos que serãoimpostos a partir de 1964. No Chile, depois do golpe de 1973, são impostas reformas neoliberaisnaquele país.

3. Ditaduras e período democrático (década de 80 até hoje):

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. As ditaduras e a dívida externa: As ditaduras foram planejadas pelas elites de cada país, portantovisavam melhorar as condições econômicas dessas elites e não do povo em geral. Para isso, osgovernos e empresas privadas latino­americanas pegaram diversos empréstimos no mercadointernacional e com a crise do petróleo de 1973, os juros desses empréstimos aumentamextraordinariamente. Esse é o momento em que a dívida externa desses países vai dar um grandesalto. A repressão também é violentíssima em todos países.. Crise econômica: Com a imensa dívida externa e interna, esses países limitam as contasgovernamentais para pagar as dívidas. A dívida causou hiperinflação, recessão e menor investimentonas áreas sociais. Alguns países ainda tentaram resolver o problema dolarizando a economia,tornando­a mais dependente ainda.

História Geral e da América ­ 30 ­ O Oriente Médio contemporâneo e o mundo árabe

1. Apresentação:Segundo o discurso imperialista atual, o Oriente Médio e o mundo islâmico não têm jeito. Diversospolíticos e analistas afirmam que o Ocidente é superior culturalmente ao mundo muçulmano e opresidente dos EUA diz que tem que fazer uma missão no local para acabar com as ditadurassanguinárias e impor a democracia na região. Vejamos se os árabes são realmente inferiores a nós ouse foi culpa do próprio Imperialismo e da ganância capitalista pelo petróleo que faz com que a regiãonão tenha democracias.

2. O conflito árabe­israelense na Palestina:. A região da Palestina: Até o final da Primeira Guerra Mundial, a região da Palestina, onde vivem ospalestinos que são árabes e em franca maioria muçulmanos, mas com alguns católicos – como era ocaso de Yasser Arafat – era território do Império turco­otomano. A partir de então até a criação dosestados de Israel e Palestina pela ONU em 1947, a região será colônia britânica. A região foi até 1880habitada quase que unicamente pelos palestinos locais que, apesar de terem religiões diferentes,não tinham conflitos internos.. O sionismo, uma primeira colonização: A partir de 1880 surge na Europa Central o movimento dosionismo. Esse movimento defende a volta dos judeus para a ‘terra santa’ ou Canaã. Isso acontecedevido aos massacres que os judeus recebiam na Europa Central e Oriental e ao anti­semitismoamplamente difundido pela Europa inteira. Banqueiros ingleses judeus financiam as viagens dejudeus da Europa Central e Oriental para a Palestina. Até 1933, os judeus convivem tranquilamentecom os palestinos.. A fuga do nazismo e os primeiros conflitos (1933­39): Com a ascensão de Hitler na Alemanha,vários judeus de uma só vez fogem para a Palestina. Como o número de judeus tinha ficado grandedemais, começam a surgir os primeiros conflitos, com grande violência por parte dos judeus contraos palestinos.. A decisão da ONU e a guerra de independência (1948­9): A ONU decide, após o fim da SegundaGuerra e com os horrores do Holocausto publicados, criar um Estado judeu e um Estado palestinoindependentes. A divisão feita pela ONU beneficiava os judeus. Os britânicos se recusam a organizara estruturação dos dois estados e Israel declara independência. Os países árabes saem em socorrodos palestinos, ocupam a faixa de Gaza e a Cisjordânia, mas perdem a guerra diante do exércitoisraelense financiado por poderosos judeus de Nova York e Londres.. Guerra dos seis dias (1967): Nessa guerra que novamente opôs Egito, Jordânia e Síria contraIsrael, a vitória foi rápida e humilhante para os israelenses. Entretanto, o Egito conseguiunacionalizar o canal de Suez. Nessa guerra, os israelenses tomam os territórios palestinos da faixa deGaza e da Cisjordânia. Desde então, essas regiões de grande maioria palestina estão sob o controleisraelense.. Guerra do Yom Kippur (1973): Outra guerra de vitória humilhante dos israelenses, mas onde osárabes mostraram organização e cortaram o fornecimento de petróleo para Israel e aumentaramquatro vezes o preço do petróleo no mercado internacional, levando a uma grande crise nocapitalismo mundial.. Um confronto entre desiguais: Enquanto Israel é uma potência bélica que tem até bombasatômicas e tem amplo apoio dos EUA, os palestinos nem uma organização estatal têm. Os israelensesexpulsaram os palestinos da região Norte do país para o Líbano e forçaram a fuga de vários outrospalestinos da Faixa de Gaza e Cisjordânia. Muitos palestinos estão presos por atividades políticassubversivas. Uma política que os israelenses fazem há muito tempo é fundação de colônias judiasdentro dos territórios palestinos e o controle sistemático das escassas fontes de água da região. Umatentativa de paz quase chegou a concretizar o sonho de um Estado palestino em 1993, mas oprimeiro­ministro israelense Isaac Rabin foi morto por um extremista israelense. A última política do

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Estado de Israel é a construção de um muro que diminui o tamanho do território palestino e isola­osdo território ampliado dos israelenses.

3. Outros casos emblemáticos no mundo árabe. O Nasserismo, o socialismo árabe: O oficial militar Abdul Nasser emerge como presidente do Egitoem1953 após o golpe de Estado de 1952 que pôs fim à monarquia no país. Ele ficaria como presidentedo país até 1970. Nasser lidera amplas reformas no país, tirando o poder da antiga classe dosgrandes proprietários de terra exportadores de algodão que sustentavam a antiga monarquia. Elefaz uma ampla reforma agrária limitando o tamanho da terra e dando terra a um grande grupo delavradores sem terra. Isso diminui imensamente a pobreza no país. Nasser faz ainda nacionalizações,como do canal do Suez britânico em 1967 e constrói, com a ajuda soviética, diversas indústriaspesadas dando autonomia à economia do país. Vira um modelo no mundo árabe, sendo o seguidormais conhecido Muamar Kadafi, ditador da Líbia.. A Revolução Iraniana: Até 1979, imperava no Irã uma dura ditadura de direita liderada pelo xáReza Pahlevi, que era fielmente alinhada aos interesses norte­americanos. Neste ano, dá­se aRevolução islâmica no país com a derrubada de Pahlevi, a tomada da embaixada dos EUA em Teerã ea instituição de uma‘democracia islâmica’, onde sobre a democracia existe um poder superior religioso, que fica nas mãosdo aiatolá. O primeiro e mais importante aiatolá, símbolo da Revolução Iraniana foi Khomeini. Desdeentão, EUA e Israel – os quais os líderes políticos e religiosos iranianos chamam respectivamente degrande e pequeno satã – tem sérios desentendimentos com o país. Primeiramente, os norte­americanos armaram o seu então aliado, o ditador iraquiano Saddam Hussein, contra o país naGuerra Irã­Iraque (1980­1988). Hoje em dia, o Irã faz parte do chamado Eixo do Mal, grupo depaíses antipatizados por Bush.. Iraque: O país foi aliado dos EUA durante a guerra Irã­Iraque, mas com a tomada do Kuwait peloIraque em 1991, o governo norte­americano cria uma coalizão internacional para conter a invasãoiraquiana ao Kuwait, é a Primeira Guerra do Golfo. Em uma segunda guerra, em 2003, os EUAinvadem o país sob a falsa desculpa de que o ditador iraquiano guardava armas de destruição emmassa. A intenção de dominar a produção de petróleo iraquiano nesta guerra é clara.. Afeganistão: Os norte­americanos também foram aliados da milícia extremista islâmica talibã,quando da invasão soviética ao país, de 1980 a 1989. Com o fim dessa guerra, estabelece­se umregime extremistareligioso no país com graves desrespeitos às liberdades individuais e às igualdades básicas. Os EUAinvadem o país em 2001, como resposta aos ataques de 11/09/2001, afirmando que o Afeganistãoera base do terrorismo internacional. O país é rico em petróleo e gás natural.

História Geral e da América ­ 31 ­ A queda da URSS e a nova ordem mundial

1. Apresentação:Após o colapso da União Soviética, um discurso conservador emergiu no mundo afirmando que só ocapitalismo era possível e que o socialismo na prática não funcionava. Esse pensamento vinha aliadode outros que afirmam que pagar a dívida externa é mais importante do que alimentar a populaçãoou dar escola e saúde às crianças. São os novos tempos, de uma hiperpotência, do neoliberalismo edo terrorismo.

2. A queda da União Soviética:. A limitação econômica do país: Os Estados Unidos, desde o final da Segunda Guerra, lideram umaforte corrida armamentista contra a União Soviética. Essa sempre tentou responder à mesma altura,o que foi muito difícil e prejudicial ao país. A economia soviética tinha sérios problemas dedesabastecimento de alguns produtos básicos para consumo de sua população, mas tinha umespetacular sistema de mísseis intercontinentais, alguns com várias ogivas nucleares. Isso leva o paísa partir da década de 70, começar a parar de crescer economicamente e tentar fazer tratados com osEUA para diminuir o número de armasnucleares.. Os tempos Gorbatchev: Mikhail Gorbatchev emerge como líder do PCUS em 1985 propondo aperestroika, reestruturação econômica do país e a glasnost, transparência política. A reestruturaçãoeconômica do país se mostra extremamente difícil e a glasnost anda muito rapidamente, os gruposlocais começam a reivindicar autonomia. São fundadas as 15 repúblicas dentro da URSS, das quais aprincipal é a Rússia. Diante de várias manifestações populares, Gorbatchev renuncia e põe fim àURSS em 1991, emergindo as ex­ repúblicas soviéticas e a Comunidade dos Estados Independentes

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(CEI), que não tem nenhum poder especial.. As ex­repúblicas pós­1991: Todas ex­repúblicas aparecem em um cenário terrível. Uma ampla criseeconômica abate estes países e há privatizações em massa por parte do Estado. Surge a máfia russaque vende armamentos do exército e da indústria armamentista russa para grupos ilícitos no mundointeiro e a corrupção aumenta tremendamente nesses países. A democracia ainda está longe deestar consolidada nesses países, como mostra o exemplo recente da Ucrânia.

3. A nova ordem mundial:. A hiperpotência: Diante do fim da URSS, os EUA emergem como a única hiperpotência do mundo,pelo menos por enquanto. Isso permite ao país invadir quase qualquer país do mundo sem levar emconta nenhum outro país ou a ONU, que perdeu a centralidade que tinha como fórum mundialdurante a guerra fria. A economia norte­americana também respirou aliviada com a reduçãosistemática dos gastos militares no país, principalmente durante a era Clinton (1993­2000).. Neoliberalismo: Essa doutrina econômica já existia antes da queda do muro de Berlim. Foi posta emprática na Grã­Bretanha e no Chile nos anos 70. Alguns elementos dela são: o Estado mínimo, oumelhor, a crença de que o Estado deve prover apenas as mínimas exigências da população e nãonecessariamente com qualidade; a perda dos direitos trabalhistas pelos trabalhadores, que é acaracterística dos novos tempos em que não há o perigo vermelho tão forte dentro do movimentooperário; a responsabilidade fiscal, onde o Estado deve gastar apenas o que arrecada, não importase pessoas vão passar fome, ficar sem escola ou hospitais, não se deve ser irresponsável com ascontas do governo e todas as dívidas do Estado devem ser pagas em dia, a dívida social é menosimportante que as dívidas com os banqueiros; mercantilização de todas as coisas, todos os serviços edeveres do Estado são vistos como mercadorias, por exemplo, a educação e a saúde são, segundo alógica neoliberal, mercadorias; abertura econômica, as economias devem ser plenamente abertas,setores estratégicos não podem ser protegidos. Essa última cláusula da cartilha neoliberal só vigorana verdade em alguns países subdesenvolvidos submissos como o Brasil. Os EUA, os países europeuse a China não adotam essas medidas, visto que defendem diversos setores­chave das suaseconomias. O neoliberalismo é pronunciado como se fosse o único modelo possível, o único modo dese conduzir a economia.. Doutrina Bush: É exatamente a doutrina da hiperpotência intolerante. Segundo essa doutrina, osEUA podem fazer o que quiserem, não mediar o conflito árabe­israelense, não assinar o tratadoambiental de Kioto, nem prestar contas à ONU. A realização dessa doutrina levou grupos terroristasmuçulmanos a atacar os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, o que acirrou mais ainda aradicalização da doutrina Bush, inclusive com perda de direitos individuais básicos dos cidadãostirando, em geral, muitas características democráticas do país.