resumo de epistemologia

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1 EPISTEMOLOGIA: CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO episteme + logia = epistemologia ciência + estudo = estudo da ciência RESUMO DA AULA 01 CONCEITO DE EPISTEMOLOGIA De acordo com a etimologia (origem), a palavra epistemologia signica: A epistemologia é o estudo losóco da origem, natureza e limites do conhecimento. Também é conhecida como teoria do conhecimento, que estuda: estrutura, métodos, validade e as possibilidades do ser humano alcançar esse conhecimento. Tem duas vertentes: uma empirista, que diz que o conhecimento deve ser baseado em tudo o que for apreendido durante toda a vida; e a racionalista, que diz que a fonte do conhecimento se encontra na razão e não na experiência. A epistemologia surgiu com as ideias de Platão, lósofo grego que fundou a Academia e que foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. Na teoria de Platão o conhecimento é o conjunto de todas as informações que descrevem e explicam o mundo. Para chegar a isso, o lósofo grego trabalha com a oposição de ideias entre a crença, que diz respeito a um ponto de vista subjetivo, e o conhecimento, que deve representar uma crença verdadeira e justicada. As condições para a construção do conhecimento são: Para Platão, quando estamos perante as três condições necessárias - crença, verdade e justicação - é que podemos armar estar de posse de um efetivo conhecimento. Consideradas isoladamente, nenhuma condição é suciente para que haja conhecimento. Para entender esse conceito precisamos compreender o processo pelo qual construímos o conhecimento. Exemplo: Existe a crença de que uma determinada planta possa curar uma certa doença, então elabora-se uma receita. Por muito tempo as pessoas a usam, aparentemente com sucesso, até que alguém resolve estudar os efeitos dessa planta. Quando os efeitos são comprovados cienticamente chegamos ao conhecimento verdadeiro. CRENÇA • Primeira condição necessária para o conhecimento; • Pode ser verdadeira ou falsa; • Uma crença falsa não poderá conduzir a um conhecimento. Exemplo: Olha-se para o céu e acredita-se que ele é azul. VERDADE • Segunda condição: para que haja conhecimento, é necessário que uma pessoa acredite em algo que seja verdadeiro; • Nem sempre uma crença verdadeira se trata de um conhecimento. Exemplo: Se você perguntar as pessoas qual é a cor do céu, muitas responderão que ele é azul pois o estão vendo azul. JUSTIFICAÇÃO • Terceira condição necessária para que aconteça o conhecimento; • Consiste na razão que suporta a verdade da crença; • Só podemos conhecer aquilo que se pode justicar. Exemplo: A luz branca é formada por várias cores, cada uma com um comprimento de onda diferente. Isso é o que nos permite enxergar as cores quando a luz entra em contato com a atmosfera. O azul possui um menor comprimento de onda, o que faz com que ela se espalhe em todas as direções e dê ao céu essa tonalidade.

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Epistemologia

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  • 1EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    episteme + logia = epistemologia

    cincia + estudo = estudo da cincia

    RESUMO DA AULA 01

    CONCEITO DE EPISTEMOLOGIA

    De acordo com a etimologia (origem), a palavra epistemologia signifi ca:

    A epistemologia o estudo fi losfi co da origem, natureza e limites do conhecimento. Tambm conhecida como teoria do conhecimento, que estuda: estrutura, mtodos, validade e as possibilidades do ser humano alcanar esse conhecimento.

    Tem duas vertentes: uma empirista, que diz que o conhecimento deve ser baseado em tudo o que for apreendido durante toda a vida; e a racionalista, que diz que a fonte do conhecimento se encontra na razo e no na experincia.

    A epistemologia surgiu com as ideias de Plato, fi lsofo grego que fundou a Academia e que foi discpulo de Scrates e mestre de Aristteles.

    Na teoria de Plato o conhecimento o conjunto de todas as informaes que descrevem e explicam o mundo. Para chegar a isso, o fi lsofo grego trabalha com a oposio de ideias entre a crena, que diz respeito a um ponto de vista subjetivo, e o conhecimento, que deve representar uma crena verdadeira e justifi cada.

    As condies para a construo do conhecimento so:

    Para Plato, quando estamos perante as trs condies necessrias - crena, verdade e justifi cao - que podemos afi rmar estar de posse de um efetivo conhecimento. Consideradas isoladamente, nenhuma condio sufi ciente para que haja conhecimento.

    Para entender esse conceito precisamos compreender o processo pelo qual construmos o conhecimento. Exemplo: Existe a crena de que uma determinada planta possa curar uma certa doena, ento elabora-se uma receita. Por muito tempo as pessoas a usam, aparentemente com sucesso, at que algum resolve estudar os efeitos dessa planta. Quando os efeitos so comprovados cientifi camente chegamos ao conhecimento verdadeiro.

    CRENA Primeira condio necessria para o conhecimento;

    Pode ser verdadeira ou falsa;

    Uma crena falsa no poder conduzir a um conhecimento.

    Exemplo: Olha-se para o cu e acredita-se que ele azul.

    VERDADE Segunda condio: para que haja conhecimento, necessrio que uma pessoa acredite em algo que seja verdadeiro;

    Nem sempre uma crena verdadeira se trata de um conhecimento.

    Exemplo: Se voc perguntar as pessoas qual a cor do cu, muitas respondero que ele azul pois o esto vendo azul.

    JUSTIFICAO Terceira condio necessria para que acontea o conhecimento;

    Consiste na razo que suporta a verdade da crena;

    S podemos conhecer aquilo que se pode justifi car.

    Exemplo: A luz branca formada por vrias cores, cada uma com um comprimento de onda diferente. Isso o que nos permite enxergar as cores quando a luz entra em contato com a atmosfera. O azul possui um menor comprimento de onda, o que faz com que ela se espalhe em todas as direes e d ao cu essa tonalidade.

  • 2EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    TIPOS DE EPISTEMOLOGIA

    EPISTEMOLOGIA GLOBAL: trata do saber de forma geral; dos conhecimentos multidisciplinares, sejam especulativos ou cientfi cos, considerando os problemas do conjunto de sua organizao.

    Vamos pensar no aumento da temperatura na Terra de forma geral. Podemos abordar vrios aspectos relacionados a esse tema e sobre as consequncias que este aumento de temperatura causa ao planeta.

    EPISTEMOLOGIA ESPECFICA: trata dos conhecimentos especfi cos de uma disciplina, aprofundando seus estudos e considerando as possveis relaes que mantm com as demais disciplinas.

    Pensemos agora sobre as causas do aumento da temperatura da Terra. Ao nos delimitarmos a esse assunto, tratamos de conhecimento especfi co. Digamos que uma das causas o acumulo de lixo produzido pelas pessoas. Passamos a estudar a reduo necessria da produo de lixo para amenizar o aumento da temperatura, mas precisamos do auxlio de vrias disciplinas para analisar os dados da pesquisa.

    Realize uma pesquisa sobre os tipos de epistemologia. Voc encontrar a Epistemologia Particular, da qual no tratamos, mas interessante conhecer.

    EPISTEMOLOGIA NAS ORGANIZAES

    O conceito de epistemologia foi criado h muitos anos e at hoje utilizado em diversos segmentos da sociedade, principalmente nas organizaes.

    Estabelea agora uma relao entre o que foi visto at aqui e o que diz Riche e Monte Alto (2001, p. 37):

    As organizaes que aprendem so formadas por pessoas que expandem,

    continuamente, a sua capacidade de criar os resultados que desejam, onde se estimulam

    padres de comportamento novos e abrangentes, a aspirao coletiva ganha liberdade

    e as pessoas exercitam-se, continuamente, em aprender juntas. Essas organizaes

    s podem ser construdas quando entendemos que o mundo no feito de foras

    separadas e que, no mundo de hoje, a capacidade de apender contnua e rapidamente

    a nica vantagem competitiva sustentvel.

    Observem que a ampliao do conhecimento permeia todo o conceito descrito por Riche e Monte Alto. importante lembrar que existem dois tipos de conhecimento: o conhecimento tcito, que se refere ao conhecimento de mundo que cada um tem; e o conhecimento explcito, que o conhecimento cientfi co. Estes conhecimentos se completam e se relacionam.

    O conhecimento construdo ao longo da vida. As pessoas recebem as informaes relacionando-as com outras, construindo um repertrio de saberes. Esse processo acontece de diferentes maneiras de acordo com os interesses pessoais.

    As formas de conhecimento podem se transformar por meio das relaes entre elas, criando conhecimento tambm dentro das organizaes. Essas transformaes podem ocorrer de 4 modos:

    Socializao: conhecimento tcito para conhecimento tcito, por meio do compartilhamento de experincias ou da observao, em encontros e dilogos informais;

    Externalizao: conhecimento tcito para conhecimento explcito. Esse conhecimento cristalizado e pode ser compartilhado por meio de metforas, conceitos, hipteses, diagramas

  • 3EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    e modelos;

    Combinao: conhecimento explcito para explcito, onde o compartilhamento se d atravs de documentos, reunies e outras formas de comunicao;

    Internalizao: conhecimento explcito para tcito. o aprender fazendo, o know-how tcnico compartilhado em programas de treinamento, em experimentos e simulaes.

    Conhea a histria do Sr. Sandoval, que demonstra na prtica a valorizao do conhecimento nas organizaes (baseado em Grant, 1996):

    O Sr. Sandoval tem uma fbrica de televisores. De olho no mercado, ele decide ampliar seus negcios e abrir uma linha de monitores para computadores.

    A fbrica j dispe de mo de obra e insumos, mas no tem pessoal especializado para montar os monitores.

    Ento, o Sr. Sandoval tem uma ideia! Ele contrata o Sr. Fujiko, especialista em montagem de monitores.

    O Sr. Fujiko ensina a equipe do Sr. Sandoval a montar os monitores. Com esse aprendizado, a equipe adapta a sua linha de produo e melhora o desempenho da fbrica do Sr. Sandoval.

    A nova linha de montagem agrega novos valores e um sucesso de vendas, graas viso do Sr. Sandoval.

    Com o sucesso desse novo produto, o Sr. Sandoval decide abrir uma fbrica de foguetes, mas essa j uma outra histria...

  • 4EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    RESUMO DA AULA 02

    CONCEPO INATISTA

    O inatismo a teoria baseada na crena de que as caractersticas e capacidades bsicas de cada ser humano (personalidade, valores, comportamento, formas de pensar, etc.) so inatas, ou seja, j estariam praticamente prontas no momento do nascimento.

    Veja o DNA: uma molcula que existe dentro das clulas de todos os seres vivos, que traz todas as informaes biolgicas de um ser. Assim como no DNA, no inatismo o aprendizado no depende das infl uncias do meio e das interaes, o homem j nasce pronto, com todas as suas faculdades mentais, sua personalidade e seus valores.

    IDEALISMO DE PLATO

    Dentro dessa concepo, mesmo nascendo com algumas caractersticas inatas, nossas experincias infl uenciam nosso aprendizado.

    Plato acreditava que o homem j nascia com os modelos que concebem todas as coisas do mundo, que so os arqutipos necessrios para a compreenso do que real. como se o homem trouxesse gravado na alma esses modelos.

    A construo dos arqutipos se d ao longo das nossas vidas e quando morremos essas informaes fi cam registradas. Ao renascermos levamos essas informaes para a nova vida como lembranas distantes, que precisam ser reativadas.

    Um exemplo que pode ser utilizado para ilustrar a Teoria da Reminiscncia o Mito de Er. Ele nos mostra claramente o que Plato estava tentando explicar: que a alma aprende todas as vezes que se une ao corpo, recebendo informaes do mundo visvel; nas vezes que se separa do corpo, contempla as coisas do mundo inteligvel:

    O Pastor Er, da regio da Panflia, morreu e foi levado para o Reino dos Mortos. Ali chegando encontra a alma de heris gregos, de governantes, de artistas e inclusive de seus antepassados e de amigos.

    Ali as almas contemplam a verdade e possuem o conhecimento verdadeiro. Er fi ca sabendo que todas as almas renascem em outras vidas para se purifi carem de seus erros passados, para permanecerem na eternidade e no mais voltar Terra.

    Antes de voltar ao nosso mundo, as almas podem escolher a nova vida que tero. Algumas escolhem ter a vida de rei, outras de guerreiro, de comerciante rico, de artista ou de sbio.

    No caminho de retorno Terra, as almas atravessam o grande rio do esquecimento e bebem de suas guas.

    As que bebem muito esquecem toda a verdade que conheceram; as que bebem pouco quase no esquecem o que conheceram.

    As almas que escolhem a vida de rei, de guerreiro ou de comerciante, so as que mais bebem das guas do esquecimento.

    As almas que escolhem a sabedoria so as que menos bebem. Assim, na nova vida, as primeiras difi cilmente se lembraro da verdade que conheceram, enquanto as outras sero capazes de se lembrar, sendo sbios e usando a razo.

  • 5EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    A CONCEPO REALISTA DE DESCARTES

    Ren foi um grande fi lsofo, alm de fsico e matemtico, e um dos principais representantes do Racionalismo.

    A verso moderna do idealismo de Plato foi apresentada por Descartes no sculo XVII e fi cou conhecida como Racionalismo. Descartes concordava com Plato ao afi rmar que o homem j nascia com as ideias necessrias para aprender, mas para ele essas ideias so o bom senso.

    Como todos sabem, o bom senso nos permite, ou deveria permitir, que faamos nossas escolhas, uma vez que ele est intimamente ligado s noes de sabedoria e razo. Todos os homens so providos de razo e, para Descartes, por meio dela que chegamos ao conhecimento verdadeiro.

    Marcas do racionalismo: considerar a razo como fonte do conhecimento.

    Se todos somos dotados de conhecimento, porque nos equivocamos?

    Para Descartes, quando erramos estamos na verdade aplicando a razo de forma incorreta nas aes do nosso dia a dia.

    O racionalismo de Descartes considera a razo e o pensamento como fonte do conhecimento, assim todos os homens so providos de razo e por meio dela possvel chegar ao conhecimento verdadeiro.

    Para auxiliar as pessoas a evitarem o mau uso da razo, Descartes criou uma metodologia para chegar ao conhecimento:

    dividir o problema em partes menores;

    analisar as partes para resolver o problema;

    concluso do problema.

    Se observarmos, usamos o mtodo cartesiano o tempo todo sem nos darmos conta: em decises menores, como escolher o caminho para chegar ao trabalho; ou em grandes decises, como adquirir um imvel. Isto comprova que a metodologia fundamental na construo do conhecimento.

    Descartes acreditava que o que torna o homem um ser pensante a boa conduo da racionalidade, ou seja, quando faz uso da razo.

    As etapas do pensamento descritas pelo fi lsofo so:

    1 Argumentao Cartesiana, que nada mais do que colocar em dvida todas as nossas crenas construdas at hoje.

    2 Duvidar de todos os nossos sentidos, uma vez que nossos sentidos no so confi veis.

    3 Concluso, quando voc esgota todas as possibilidades.

    Para Descartes, pensamos quando refl etimos acerca do nosso conhecimento. Tambm usamos de pensamento quando nos propomos a duvidar de todas as coisas.

    Pensar o fundamento seguro para a construo do conhecimento.

    O pensar um aspecto do raciocnio que confi rma a existncia. A dvida o momento do raciocnio. A ao de raciocinar engloba a dvida e o pensar, por isso o resultado de tudo isso o existir.

    Podemos resumir esse pensamento de Descartes com sua clebre frase: penso logo existo.

  • 6EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    RESUMO DA AULA 03

    EMPIRISMO

    Durante sculos os estudiosos tentaram chegar a um consenso a respeito da origem dos princpios racionais, da capacidade para a intuio e de raciocnio do homem. Questionava-se se as pessoas j nascem com potencialidades, dons e aptides que seriam desenvolvidos de acordo com o amadurecimento biolgico ou se tudo isso desenvolvido por meio da experincia com o mundo externo.

    Voc j estudou sobre o inatismo que, resumidamente apresenta o ser humano como um agente esttico, sem a possibilidade de sofrer mudanas. Desta forma, quando o homem nasce, sua personalidade, valores, hbitos, crenas, pensamento, emoes e conduta social j esto defi nidos.

    J para os empiristas, o homem ao nascer uma folha em branco e a nica fonte de conhecimento humano a experincia adquirida em funo do meio fsico, mediada pelos sentidos. Assim, o empirismo destaca a importncia da educao e da instruo na formao do homem.

    O estudo do empirismo e do inatismo importante em razo das muitas questes polmicas que giram em torno destas duas teorias atualmente, como a homossexualidade, a formao de lderes e a superdotao.

    MTODO ARISTOTLICO SOBRE A CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Vrios fi lsofos adotaram a concepo empirista, dentre os quais destacamos Aristteles, um dos mais brilhantes discpulos de Plato. Tinham, porm, ideias divergentes: enquanto o mestre afi rmava haver dois mundos diferentes e separados, Aristteles acreditava que estes dois mundos estavam diretamente relacionados:

    mundo inteligvel: real, imutvel, eterno.

    mundo sensvel: mutvel, ilusrio.

    Aristteles acreditava que podemos conhecer as coisas por meio dos sentidos e das sensaes, que nos oferecem um contato instantneo e direto com a realidade. Entretanto, como os sentidos e as sensaes no nos explica a realidade, o fi lsofo valorizava tambm outros fatores para a aquisio do conhecimento, como:

    MEMRIA: onde fi cam armazenados os dados oferecidos pelas sensaes;

    EXPERINCIA: os diferentes dados e informaes armazenados em nossa memria;

    RACIOCNIO: associaes e concluses a que chegamos por meio das relaes entre todos os dados obtidos pela memria;

    ARTE: o que nos permite conhecer o porqu e a causa de todas as coisas.

    Pode-se observar como cada fator considerado por Aristteles para aquisio do conhecimento esto interligados. A partir do momento que o homem compreende a estreita relao entre o mundo sensvel, que nos permite conhecer um determinado fato; e o mundo inteligvel, que nos permite conhecer o porqu e a causa de todas as coisas, que chegamos a etapa fi nal do processo de conhecer: a cincia.

  • 7EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Mas voc sabe qual a diferena entre cincia e tcnica segundo Aristteles?

    A TCNICA o saber prtico que leva ao saber terico.

    A CINCIA o saber terico, superior tcnica.

    Um exemplo: A professora trabalha o folclore nacional e, entre suas explicaes, fala do saci. Algum aluno pode relatar que a me lhe disse haver um saci-perer na mata prxima de sua casa.

    O aluno demonstra um saber prtico, infl uenciado por questes culturais. O conhecimento da professora cientfi co, pois sabe que a fi gura mitolgica no existe na vida real.

    A construo do conhecimento linear, ou seja, um processo no qual passo a passo progredimos da etapa anterior para a seguinte. Para Aristteles esse processo, alm de linear, cclico, uma vez que retorna ao estado inicial aps uma srie de transformaes.

    Para exemplifi car, vamos imaginar um mdico no exerccio de sua profi sso. O mdico examina o paciente: mede a temperatura, a presso arterial, o ritmo cardaco, o tnus muscular, etc.

    Os sentidos e as sensaes permitem ao mdico identifi car os sintomas do paciente, no entanto no mostram porque acontecem. A partir disso, a admirao desejo de conhecimento o impulsiona a buscar as causas, para que possa diagnosticar o paciente.

    O mdico armazena os sintomas do paciente na memria, formando uma nova experincia. Esta experincia relacionada com outros dados memorizados pelo mdico ao longo de sua carreira.

    Pela repetio e regularidade de acontecimentos oferecidos pelas percepes, o mdico realiza associaes e chega a concluses. Estabelece relaes entre os sintomas, suas causas e chega a um diagnstico.

    Na busca das possveis curas para a enfermidade do paciente, o mdico encontra a tcnica, ou seja, chega a um conhecimento de carter prtico, aplicvel cura do paciente.

    Contudo, no busca somente a cura da enfermidade, como tambm saciar sua curiosidade e descobrir os demais componentes do processo, como as causas, consequncias e peculiaridades da doena; praticando, assim, a cincia denominada medicina.

    DAVID HUME E A EXPERINCIA NA CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Hume foi considerado um dos mais radicais empiristas quanto ao problema da origem do conhecimento. Para o autor, as questes prprias do ser humano no podem ser resumidas pela racionalidade, pois o homem muito mais um ser prtico e sensvel do que racional.

    Teve como objeto de estudo o homem e o fl uxo de experincias que constitui sua vida; como o ser humano pensa e emocionalmente afetado em sua experincia.

    O ponto de partida de sua teoria a classifi cao de tudo aquilo que possvel conhecer em pensamentos ou ideias e impresses.

    Todas as ideias que formamos so resultados das impresses que temos sobre as coisas que os sentidos nos oferecem. A aquisio do conhecimento se d pelas experincias que temos com as coisas e pelos julgamentos que fazemos, que derivam dos sentimentos de aprovao ou desaprovao que experimentamos de certas aes e das consequncias prticas das avaliaes para o bom andamento da sociedade.

  • 8EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Dessa forma, as ideias que fazemos sobre o real se limitam s nossas experincias sensveis. Por exemplo: para construir a imagem do minotauro, fi gura mitolgica metade homem e metade touro, temos que ter em nossa mente a referncia de um homem e a de um touro para depois junt-las e assim construir a imagem.

    Portanto, ideias so representaes da memria, se referem a fatos experimentados anteriormente que se relacionam entre si porque h conexo entre os pensamentos e as ideias da mente. Essas conexes podem ser de trs tipos:

    Causa e efeito: um avio cai, ento penso porque este avio caiu. Isso uma conexo.

    Semelhana: uma foto da Ivete Sangalo remete a pessoa real. Aqui voc estabelece uma relao.

    Continuidade: nos permite relacionar ideias que so prximas umas das outras. Um exemplo: se algum fala rvore, voc automaticamente pensa em uma rvore.

    Para Hume os contedos do conhecimento podem ser divididos em dois tipos:

    Relaes de ideias: uma proposio que pode ser conhecida recorrendo unicamente ao pensamento. Refere-se s verdades, ou seja, assim por conveno; foram defi nidas pela razo humana. Um exemplo disso a operao 2 + 2 = 4

    Questes de fato: so aquelas em que so necessrias uma experincia prtica, no possvel conhec-las recorrendo unicamente ao pensamento. Vamos imaginar um prato de escarg: Sabemos que ele existe, como deve ser comido, porm nem todos conhecem o seu sabor. Para saber como este sabor temos que experimentar.

    A lei da causalidade diz que tudo tem de ter uma causa, porm Hume no acredita nessa ideia. Para o fi lsofo, a causalidade a forma como percebemos o real.

    Para entender a lei da causalidade:

    Se vemos uma pessoa mexendo em uma tomada, acreditamos que ir levar um choque antes mesmo que ela encoste o dedo. No uma deduo, chegamos a esse pensamento pela experincia e pelo hbito: mexer em uma tomada com a energia ligada provoca choque. Ento, ao observarmos que um evento (mexer na tomada) regularmente seguido por outro (levar um choque), sempre que nos depararmos com algum com a mo prxima a uma tomada, somos automaticamente levados a esperar a ocorrncia do choque.

  • 9EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    RESUMO DA AULA 04

    BEHAVIORISMO: CONDICIONAMENTO OPERANTE DE SKINNER

    Behaviorismo a cincia do comportamento e tem como pressuposto que o homem aprende pelas infl uncias do meio externo e constri seu conhecimento a partir de estmulos que recebe.

    Todas as experincias proporcionadas pelo ambiente e vivenciadas pelo indivduo so denominadas estmulos, que moldam o comportamento humano tornando as atividades condicionveis e condicionantes.

    Exemplo: No fi lme O Terminal (2004), Viktor Navorski encontra-se preso no terminal do aeroporto de Nova Iorque por no conseguir visto para entrar no pas. Sem dinheiro e com fome ele precisa encontrar uma forma de resolver essa situao. Navorski observa que as pessoas ao devolverem o carrinho no lugar correto recebem moedas por isso. A partir dessa observao ele conclui que se recolher os carrinhos de bagagem do aeroporto conseguir dinheiro para comprar lanches e resolver seu problema.

    A RELAO ESTMULO-RESPOSTA

    A teoria Behaviorista baseia-se na relao estmulo-resposta, com a proposio de que frente a um mesmo estmulo provocado pelo ambiente, o indivduo tender a dar uma mesma resposta, tornando seu comportamento condicionado.

    Burrhus Frederic Skinner foi um dos principais representantes do Behaviorismo. Acreditava que o comportamento do indivduo pode ser investigado como um fenmeno observvel e desenvolveu suas pesquisas em animais, pois julgava que os princpios desenvolvidos nesses estudos poderiam ser aplicados aos seres humanos.

    CONDICIONAMENTO OPERANTE

    O condicionamento operante um processo de aprendizagem do comportamento infl uenciado por seus resultados. Eles podem ser de reforo ou punio.

    REFORO: quando aumentam a probabilidade de ocorrer a resposta. Pode ser: POSITIVO: quando tem consequncias positivas aps um determinado comportamento.Ex.: se um aluno tiver boas notas, recebe um elogio. As boas notas so o reforo positivo e os elogios so as consequncias por esse comportamento. NEGATIVO: quando h a eliminao do reforo que permite evitar uma situao dolorosa.Ex.: se o doente tomar os comprimidos, deixar de ter dores. As dores so o reforo negativo para o doente e tomar os comprimidos a maneira de eliminar esse reforo.

    PUNIO: quando tende a inibir um comportamento. Pode ser: POSITIVA: quando apresenta uma consequncia desagradvel aps a realizao de um comportamento no desejvel.Ex.: se uma criana faz birra, leva uma repreenso. Levar uma repreenso uma punio positiva para o comportamento no desejado. NEGATIVA: quando h a remoo de um evento agradvel aps a realizao de um comportamento no desejado.Ex.: se uma criana quebra um copo fi car sem ver televiso. Ficar sem ver televiso a remoo de um evento agradvel aps quebrar o copo, que neste caso o comportamento no desejado.

  • 10

    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    A CONCEPO CONSTRUTIVISTA DE JEAN PIAGET

    Jean Piaget se interessou por pesquisar a inteligncia das crianas. Investigou como o conhecimento se origina e se desenvolve, alm de como o indivduo passa por estgios de gradao do conhecimento. Concluiu que o indivduo nasce com estruturas cognitivas que lhe permitem construir seu conhecimento pela interao com o meio e com os objetos.

    Para Piaget, a construo do conhecimento acontece quando existe um sujeito que tem uma atitude investigativa diante do objeto; e um objeto que, devido suas propriedades fsicas, culturais e sociais, estimula o sujeito a querer conhec-lo. Isso signifi ca que parte do conhecimento vem do objeto, que a experincia, e parte vem do sujeito, atravs da sua inveno refl exiva. Portanto, o indivduo adquire o conhecimento por meio da relao entre suas estruturas mentais e as experincias que tem.

    Essa relao acontece atravs de aes fsicas ou mentais. Na medida em que agimos sobre os objetos, vamos construindo nosso conhecimento e produzindo esquemas que se adaptam s nossas estruturas mentais.

    Quando adquirimos um conhecimento novo, somos modifi cados por ele, ao mesmo tempo em que esse conhecimento modifi cado em nosso pensamento.

    Existem processos pelos quais aprendemos e desenvolvemos nossa inteligncia:

    ASSIMILAO: Quando uma pessoa passa por novas experincias e tenta adaptar esses novos estmulos estrutura cognitiva que possui.

    Por exemplo: Uma criana est aprendendo a reconhecer animais e, at o momento, o nico animal que ela conhece o cachorro. Podemos dizer que a criana possui em sua estrutura cognitiva um esquema do cachorro. Pois bem, quando apresentam a esta criana um outro animal que possua alguma semelhana, como um cavalo, ela o associar a um cachorro (marrom, quadrpede, um rabo, pescoo, nariz molhado, etc.).

    ACOMODAO: Corresponde a toda modifi cao dos esquemas de assimilao sob a infl uncia de situaes exteriores as quais se aplicam. Corresponde a uma alterao na estrutura mental para que um novo conhecimento seja assimilado. A acomodao proporciona uma nova forma de pensar e neste processo que se percebe a aprendizagem.

    Continuando com o exemplo do cavalo: a criana apontar para o cavalo e dir cachorro. Neste momento, um adulto intervm e corrige, no, aquilo no um cachorro, um cavalo. Quando corrigida, defi nindo que se trata de um cavalo e no mais de um cachorro, a criana ento acomodar aquele estmulo a uma nova estrutura cognitiva, criando assim um novo esquema. Esta criana tem agora um esquema para o conceito de cachorro e outro para o conceito de cavalo.

    A acomodao est relacionada s difi culdades do ambiente e pode ocorrer o que Piaget chama de DESEQULBRIO. quando no temos estruturas mentais sufi cientes para ancorar um novo conhecimento. Nesse caso temos duas opes: ou descartamos esse novo estmulo, porque no conseguimos estabelecer relaes com conhecimentos adquiridos anteriormente; ou buscamos novas relaes e construmos um novo conhecimento.

    EQUILIBRAO: a passagem contnua de um estado de menor equilbrio para um estado de equilbrio superior. o equilbrio entre a assimilao e a acomodao que assegura a interao do indivduo com o meio.

  • 11

    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Para Piaget, a construo do conhecimento um processo contnuo. Para que ele acontea, importante identifi car o estgio em que a pessoa se encontra para muni-la de materiais adequados a ele e, ao mesmo tempo, deve-se apresentar situaes problemas que o desafi em para que ocorra novos processos de aprendizagem.

    Para compreender melhor, pense em uma criana que est aprendendo a andar de bicicleta: Incialmente ganha um velocpede. Depois que aprende a usar os pedais e a controlar o guido, ela j est apta a trocar de bicicleta. Apesar de j saber andar no triciclo, agora precisar aprender a andar na bicicleta com duas rodas.

    Utilizam-se as rodinhas auxiliares para facilitar o equilbrio. Quando a criana aprende a andar com a nova bicicleta, tira-se uma das rodinhas auxiliares e posteriormente a outra at o momento em que a criana aprende a se equilibrar na bicicleta sem a utilizao das rodinhas.

    A CONCEPO SCIO-HISTRICA DE VYGOTSKY

    Vygotsky foi um dos principais representantes da teoria scio-histrica, a qual prope que a construo do conhecimento se inicia aps o nascimento, no momento em que o sujeito passa a se relacionar com o meio; ocorre pela interao dialtica entre o ser humano e o meio social e cultural ao qual est inserido.

    TRABALHO COMO AO TRANSFORMADORA

    As diferentes produes humanas so realizadas por meio do trabalho, que a ao transformadora que o homem realiza para adaptar-se.

    O homem sempre transformado ao mesmo tempo em que transforma o ambiente, nunca permanecendo o mesmo ao fi m de uma atividade, qualquer que seja.

    NVEIS DE DESENVOLVIMENTO

    Compreender os nveis de desenvolvimento descritos por Vygotsky muito fcil: Se pedir a uma criana de 4 anos para que amarre seu tnis. Ela provavelmente ir precisar da ajuda de outra pessoa para faz-lo. Chamamos esta fase de potencial.

    Como a criana ainda no consegue realizar essa atividade sozinha, precisa conhecer e treinar as etapas para amarrar o cadaro. A esta fase de treino chamamos de zona de desenvolvimento proximal, ou seja, o processo de construo do conhecimento: tentativas, erros, acertos, ns...

    A partir do momento que a criana consegue amarrar o cadaro sem difi culdade, de forma correta e sozinha, encontra-se no nvel que chamamos de real.

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    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    RESUMO DA AULA 05

    CONCEPO HUMANISTA: HIERARQUIA DE NECESSIDADES DE MASLOW

    Maslow foi um psiclogo que teve como principal interesse compreender e explicar o que estimula, conduz e sustenta o comportamento.

    Se pararmos para conhecer um pouco sobre ele, perceberemos que sua prpria vida pode ter servido como inspirao para seus estudos. Maslow foi um garoto extremamente infeliz, que julgava sua me uma pessoa horrvel. Para satisfazer seus pais iniciou seus estudos em Direito e posteriormente largou o curso para estudar psicologia, antropologia e Gestalt. Outro fato interessante de sua vida foi casar-se com a mulher que amava, apesar de seus pais no aprovarem a unio.

    Muitos achavam seus atos uma forma de rebeldia, mas o que Maslow queria era se tornar uma pessoa realizada.

    Para o psiclogo americano, cada um de ns possui uma natureza interna de base biolgica. Essa natureza em parte individual e em parte semelhante. No entanto, essa natureza no se desenvolve arbitrariamente, depende da nossa vontade em descobri-la e desenvolv-la.

    Esse estudo recebeu o nome Teoria das motivaes, uma vez que para ele, o comportamento motivado por necessidades a que ele deu o nome de necessidades fundamentais.

    As necessidades so baseadas em dois agrupamentos:

    De defi cincia: as fi siolgicas, de segurana, de afeto e as de estima.

    De crescimento: relacionadas ao autodesenvolvimento e a autorrealizao dos seres humanos.

    A primeira necessidade citada por Maslow a FISIOLGICA.

    So as necessidades biolgicas do indivduo, que dominam fortemente a direo do comportamento. Exemplo: quando uma pessoa inicia um regime sente fome. Como est de regime e no pode comer, em alguns casos, no consegue dormir s pensando que est com fome.

    medida que as necessidades fi siolgicas esto razoavelmente satisfeitas, surgem as necessidades de SEGURANA.

    So as necessidades de proteo que surgem no indivduo. Elas podem ser reais, imaginrias, fsicas ou abstratas. Assim como as necessidades fi siolgicas, o organismo pode ser fortemente dominado por tal necessidade. Exemplo: se uma pessoa levar um choque ao trocar uma lmpada, toda vez que ela for trocar uma lmpada ter medo de levar choque.

    Tendo as necessidades de segurana satisfeitas, surgem as necessidades SOCIAIS.

    As necessidades pessoais esto presentes em todo ser humano: amor, afeio e participao. A frustrao de no suprir essa necessidade pode levar a alguma psicopatologia. Exemplo: uma mulher que no pode ter um beb, ou que perdeu seu beb, pode vir a sequestrar uma criana de outra pessoa em uma maternidade.

    Quanto mais experimentamos esta satisfao, maior ser nosso desejo de obt-la.

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    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Outra necessidade citada por Maslow referente ESTIMA.

    Diz respeito aos desejos de uma autoavaliao estvel, bem como uma autoestima fi rme. A frustrao dessa necessidade leva a sentimentos de inferioridade, fraqueza e desamparo. Exemplo: uma pessoa anorxica, ao olhar-se no espelho se v gorda apesar de estar magra.

    A ltima necessidade descrita por Maslow a de AUTORREALIZAO. O aparecimento desta necessidade supe que as anteriores estejam satisfeitas.

    So as necessidades de crescimento que revelam uma tendncia em todo ser humano de realizar plenamente seu potencial.

    Posteriormente, Maslow acrescentou mais duas necessidades sua teoria: a cognitiva e a transcendente.

    A necessidade COGNITIVA refere-se aos desejos de saber e compreender, sistematizar, organizar, analisar e procurar relaes e sentidos.

    A necessidade TRANSCENDENTE diz respeito a necessidade de ajudar os outros a realizar seu potencial.

    Mas onde essas necessidades entrariam na pirmide de Maslow?

    A necessidade cognitiva viria antes da autorrealizao, enquanto a necessidade transcendente viria posteriormente a de autorrealizao.

    Apesar de ter criado a teoria motivacional, Maslow sabia que ela no a nica que explica o comportamento humano, j que nem todo comportamento determinado pelas necessidades. Ele tambm afi rmava que as necessidades fundamentais em sua maioria so inconscientes.

    Para sermos uma pessoa autorrealizada, precisamos ter todas as necessidades minimamente supridas. Esse processo faz com que as pessoas se tornem melhores para si e para os outros.

    CONCEPO SOBRE AS INTELIGNCIAS MLTIPLAS DE GARDNER

    Howard Gardner tambm foi uma das pessoas preocupadas em estudar o pensamento humano. O foco de seus estudos baseava-se no desenvolvimento das capacidades intelectuais. Acreditava que a inteligncia ia muito alm do que se dizia at ento e que, portanto, no poderia ser classifi cada com a utilizao de um nico tipo de teste.

    Este tipo de teste mencionado por Gardner eram os testes de Q.I., utilizados inicialmente para medir a inteligncia dos soldados aps a primeira grande guerra mundial e posteriormente para separar e classifi car as crianas de acordo com sua capacidade. Esses testes tinham um enfoque nas abordagens lingusticas e lgico-matemtica.

    Era justamente esse tipo de abordagem que Gardner contestava. O psiclogo e pesquisador acreditava que as reais capacidades de algumas pessoas no eram vistas ao se analisar apenas esses dois campos do saber.

    Ao identifi car as limitaes existentes nos testes de Q.I., Gardner prope a Teoria das Inteligncias Mltiplas como uma forma de solucionar esses problemas.

    A pretenso do autor ao apresentar essa teoria que a viso limitada com relao inteligncia fosse deixada de lado. Era fundamental que se reconhecesse a pluralidade das inteligncias e as mltiplas maneiras pelas quais os seres humanos podem apresent-las.

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    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    importante lembrar que, de acordo com Gardner, todo o indivduo tem inteligncia, que recebe pela herana gentica ou que a desenvolve devido aos estmulos culturais que recebe.

    Inicialmente Gardner (2001) considerou sete tipos de inteligncias:

    INTELIGNCIA LINGUSTICA: a que envolve sensibilidade para a lngua falada e escrita, habilidade para aprender lnguas e a capacidade de usar a lngua para atingir certos objetivos.

    INTELIGNCIA LGICO-MATEMTICA: envolve a capacidade de analisar problemas com lgica, de realizar operaes matemticas e investigar questes cientifi camente.

    INTELIGNCIA MUSICAL: acarreta habilidade na atuao, na composio e na apreciao de padres musicais.

    INTELIGNCIA FSICO-CINESTSICA: acarreta o potencial de usar o corpo para resolver problemas ou fabricar produtos.

    INTELIGNCIA ESPACIAL: tem o potencial de reconhecer e manipular padres do espao, como os usados por navegadores e pilotos, bem como os padres de reas mais confi nadas, como os utilizados por jogadores de xadrez ou arquitetos.

    INTELIGNCIA INTERPESSOAL: denota a capacidade de entender as intenes, as motivaes e os desejos do prximo e, consequentemente, de trabalhar de modo efi ciente com terceiros.

    INTELIGNCIA INTRAPESSOAL: envolve a capacidade de a pessoa se conhecer, de ter um modelo individual de trabalho efi ciente incluindo a os prprios desejos, medos e capacidades e de usar essas informaes com efi cincia para regular a prpria vida.

    Posteriormente uma nova inteligncia entrou no rol das Inteligncias Mltiplas:

    INTELIGNCIA NATURALISTA: se refere capacidade de reconhecer e classifi car espcies do meio ambiente.

    A inteligncia EXISTENCIALISTA ainda est em processo de investigao. Abrange a capacidade de refl etir sobre as questes fundamentais da existncia. Seria caracterstica de lderes espirituais e pensadores fi losfi cos.

    Essas inteligncias descritas por Gardner, apesar de serem independentes, so usadas por um indivduo de forma combinada. Isso acontece porque uma pessoa pode desenvolver vrias inteligncias para resolver um problema.

    Um maestro, alm da inteligncia musical, deve desenvolver a inteligncia cinestsica, por causa dos movimentos com a batuta; e a interpessoal para saber como interagir com os membros que est regendo.

    APRENDIZAGEM TRANSFORMADORA DE OSULLIVAN

    Edmund OSullivan um professor dedicado a vrios estudos, dentre eles, a forma com que o homem est se relacionando com os demais componentes do planeta e as consequncias que esse tipo de convivncia est resultando.

    Sabemos que ningum capaz de viver sozinho, porm, se pararmos para observar o relacionamento dos homens entre si e destes com a natureza, perceberemos uma situao catica, de total falta de respeito.

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    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Se as pessoas so conscientes desse fato, o que elas devem fazer? Se essa pergunta fosse feita a OSullivan, o professor nos responderia que deveramos utilizar o conhecimento construdo a partir de aes transformadoras.

    Vamos pensar em uma situao bem simples: jogar papel na rua. Muitas pessoas jogam papel ou lixo na rua. Se questionarmos o porqu de fazerem isso, muitas delas no sabem o motivo, ou respondem simplesmente: por que todo mundo joga.

    Elas no pensam nas consequncias dos seus atos e na relao que estabelecem com a natureza. Neste caso: o lixo entope os bueiros, que em dias de chuva no conseguem escoar a gua, tendo como consequncia as enchentes.

    nesse momento que devemos pensar em uma ao transformadora a fi m de mudar essa situao.

    Infelizmente, vivemos um momento delicado. Contrumos uma histria na qual nosso comportamento foi o de subjulgar a natureza utilizando despreocupadamente seus recursos.

    uma realidade confl itante, pois ao mesmo tempo em que esperam que pensemos em solues para cuidar do planeta, nos bombardeiam com recursos inadequados, o que muitas vezes nos leva a pensar: e agora o que devo fazer?

    Exemplifi cando: todos sabemos que o isopor polui o ambiente. Porm, a carne que compramos no supermercado costuma vir em embalagens de isopor. nesse momento que surge o questionamento.

    Temos que ter uma atitude transformadora. Entretanto, essa atitude precisa acontecer em diversos aspectos e em todos os setores da sociedade, considerando desde as pessoas que produzem esse material, at as que adquirem seus produtos.

    Estamos na era da nova ordem econmica global, que de uma ambiguidade desafi adora: ao mesmo tempo em que h incentivo para novas invenes tecnolgicas que interferem na natureza, h a orientao para evitar danos a essa mesma natureza.

    Exemplo: lmpada fria reduo do consumo de energia. Quando elas queimam, o descarte incorreto gera danos a natureza.

    Observe que nessa perspectiva, o homem tambm assume um papel de ambiguidade, uma vez que ora visto como predador, ora visto como conservador.

    CONSERVADOR: quando apresenta uma preocupao com a preservao do mundo.

    Predador: quando retira da natureza recursos para a produo dos materiais.

    Essa ambiguidade de ao convive lado a lado no mundo em que vivemos, hoje conhecido como mundo globalizado.

    Para OSullivan o discurso utilizado para o processo de globalizao menciona que a integrao proporcionada por esse processo reduzir as desigualdades e a pobreza. Isso no passa de uma forma de camufl ar a real inteno do discurso globalizador, que criar uma forma de manipular as necessidades das pessoas, ou seja, fazer com que elas acreditem que realmente precisam daquilo que produzido.

    Cria-se um ciclo vicioso no processo de produo, no qual sempre h a necessidade de criar novos produtos para suprir as necessidades. A indstria da moda um timo exemplo: todos os anos so criados novos estilos e tecidos para as roupas que sero usadas em cada estao. As roupas usadas na mesma estao do ano anterior so consideradas fora da moda.

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    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Observem que o objetivo da globalizao assume uma vertente oposta, ao invs de unir, divide. Essa diviso acontece da seguinte maneira:

    Grupo que determina o mercado;

    Grupo que consome no mercado;

    Grupo que no pode consumir.

    Problemas gerados por essa diviso:

    Segregao entre classes;

    Sobreposio entre os grupos;

    Problemas sociais.

    Formas de violncias;

    Para o autor, somos todos responsveis nesse processo e devemos estar atentos a postura que iremos assumir: predador ou conservador, cuidando para no cair na inatividade e nem na negao.

    Precisamos ter o que OSullivan chama de VISO TRANSFORMADORA, aplicando nossos conhecimentos para a recuperao e preservao do planeta.

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    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    RESUMO DA AULA 06

    A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

    Atualmente, diversas terminologias, com signifi cados diferentes so aplicadas sociedade do conhecimento. Elas foram surgindo com as mudanas ocorridas ao longo do tempo e com as mudanas na sociedade.

    Sociedade do conhecimento ou da informao?

    As discusses entre os termos sociedade do conhecimento e sociedade da informao so constantes, vrios autores divergem sobre essas duas terminologias. Por esse motivo, faz-se necessrio realizar uma reviso conceitual de: conhecimento, informao e dado.

    Se leio em um jornal a seguinte manchete: Choveu muito durante o jogo.

    Com esses dados no possvel saber em qual jogo, nem quando foi; se a chuva causou algum transtorno ou qualquer outra informao relevante. Sabemos apenas que choveu muito durante o jogo.

    DADO: descreve apenas parte do que aconteceu, no fornece julgamento nem interpretao. Considera-se a matria-prima para a criao de informaes.

    Se a manchete daquele jornal fosse: Choveu muito durante o jogo do Brasil, ontem na cidade de So Paulo. Observe como essa manchete apresentou informaes sobre a chuva durante o jogo do Brasil.

    INFORMAO: possui relevncia e propsito, ou seja, possui signifi cado. A informao deriva dos dados.

    Se algum lhe perguntar: -Voc viu a chuva ontem durante o jogo?

    Voc tem conhecimento sobre este fato, mediante as informaes obtidas anteriormente.

    CONHECIMENTO: so as informaes organizadas e processadas que transmitem informaes aplicveis a uma determinada situao. O conhecimento deriva da informao.

    Apesar de existir diferenas entre os termos, eles se completam. Quando conhecemos essas diferenas, sabemos aplic-los corretamente quando nos referimos a sociedade da informao ou a sociedade do conhecimento.

    A sociedade da informao est vinculada a ideia de inovao tecnolgica, enquanto a sociedade do conhecimento inclui uma dimenso de transformao social.

    A sociedade da informao o alicerce para a sociedade do conhecimento. Quando pensamos em um alicerce sabemos que deve ter bases slidas para sustentar toda uma estrutura. Com a informao no diferente, ela deve ser valiosa queles que tomam decises. Portanto devem ser:

    Acessvel Verifi cvel Simples Pontual

    Relevante Confi vel Flexvel Econmica Completa Precisa

  • 18

    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    A informao gera conhecimento, por esse motivo, necessrio que o aprendizado seja contnuo. Atualmente, a facilidade ao acesso das informaes nos permite que esse aprendizado acontea em redes de aprendizagem, onde vrias pessoas disponibilizam seus conhecimentos; sendo possvel que se estabelea uma reestruturao nos processos organizacionais, alm do estabelecimento de novos padres de qualidade, competitividade, criao de novos produtos e servios e recontextualizao dos produtos j existentes.

    O MODERNO, O PS-MODERNO E A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

    Se estabelecermos uma comparao entre a sociedade atual e a sociedade industrial, percebemos que muitos fatores usados anteriormente deixaram de ser utilizados por no atenderem as demandas da sociedade atual; outros precisaram passar por transformaes sociais e de produo.

    TRANSFORMAO DOS FATORES DE PRODUO: referem-se aos aspectos necessrios para a produo.

    TRANSFORMAES SOCIAIS: quando ocorrem mudanas na sociedade.

    Para compreender melhor essas transformaes, observe o quadro abaixo com as caractersticas referentes as duas sociedades:

    SOCIEDADE INDUSTRIAL SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

    AMBIVALNCIA no havia espao. natural.

    CONTINGNCIA E FLUIDEZ

    eram negadas em virtude da ordenao, a categorizao, a solidez e as certezas.

    eram resultantes das incertezas a que todos devem ter.

    NOO DE TEMPO favorecia o planejamento a mdio e longo prazo.

    desfavorece o planejamento, tudo imediato, efmero, virtual.

    PRODUO DE BENS atendia as demandas e necessidades da sociedade, o capital era investido a partir das demandas.

    no atende as demandas mas as cria a partir das inovaes tecnolgicas e pela fora da mdia.

    OBSOLESCNCIAS DOS PRODUTOS

    era garantida por meio de produo de bens com vida til reduzida.

    garantida pela inovao e pela promoo cultural do consumo. Os bens, ainda que dentro de sua vida til, so substitudos por outros mais modernos.

    COMPOSIO DA SOCIEDADE

    classe dominante: detentora dos meios de produo; classe dominada: aqueles que vendiam sua fora de trabalho.

    classe dominante: administram o conhecimento e as informaes; classe dominada: embora tenham acesso a informao, no tem, necessariamente, os subsdios para transform-las em conhecimento.

    MOBILIDADE SOCIAL estava relacionada ao acesso a educao.

    no garantida pela educao.

    CRESCIMENTO ECONMICO

    resultava da acumulao de capital.

    resulta tanto da acumulao de capital, como de fatores relacionados ao conhecimento cientfi co e tecnolgico.

  • 19

    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    iluso pensar que apesar de toda a evoluo e potencialidade desenvolvida, uma sociedade no apresenta fragilidade. A seguir, apresentamos uma lista de potencialidades e fragilidades na viso de diferentes autores:

    Uso intensivo de conhecimentos produz simultaneamente fenmenos de mais igualdade e de mais desigualdade, de maior homogeneidade e de maior diferenciao;

    O conhecimento considerado infi nitamente amplivel, ou seja, quanto mais aprendo mais quero aprender;

    A distribuio do conhecimento democrtica, porm impossvel que acontea a todos uma vez que existem diferenas socioeconmicas;

    Conhecimento transmitido com rapidez e baixos custos;

    Acesso a informao no acontece para todos;

    Necessidade de incluso digital.

    GLOBALIZAO E NEOLIBERALISMO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

    Estamos vivenciando uma era de transformaes impulsionadas pela globalizao. Ao contrrio do que muitas pessoas acreditam, o processo de globalizao surgiu com a primeira troca de mercadorias e se intensifi cou favorecido pelas novas tecnologias de informao e comunicao.

    Este processo estabeleceu um cenrio competitivo com aspectos positivos e negativos.

    ASPECTOS POSITIVOS: inovaes, rapidez, efi cincia e menores custos dos produtos.

    As empresas automotivas so um exemplo que caracterizam bem essa situao.

    ASPECTOS NEGATIVOS: incertezas, mudanas constantes e competitividade.

    Para exemplifi car, podemos continuar pensando nas empresas automotivas, que a cada dia lanam modelos com tecnologias cada vez mais desenvolvidas.

    Observem o ciclo que se forma: mudanas constantes, competitividade e incertezas.

    As organizaes devem estar atentas, para poderem acompanhar essas mudanas e se manterem no mercado.

    Outro fator que intensifi cou o processo de globalizao foi a tecnologia associada as telecomunicaes.

    Alm dos avanos em termos tecnolgicos, temos o surgimento do pensamento neoliberal ou neoliberalismo.

    Neoliberalismo o conjunto de ideias polticas e econmicas capitalistas que defende a no participao do estado na economia. De acordo com esta doutrina, deve haver total liberdade de comrcio (livre mercado), pois este princpio garante o crescimento econmico e o desenvolvimento social de um pas.

    O modelo neoliberal espalhou-se por todo o globo, porm essa expanso foi percebida como o fenmeno global de cunho especialmente ideolgico.

  • 20

    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Efeitos do neoliberalismo:

    Economicamente: fracassou, no conseguiu nenhuma revitalizao bsica do capitalismo avanado.

    Socialmente: conseguiu alcanar muitos objetivos, criando uma sociedade marcadamente mais desigual, embora no to desestatizada como queria.

    Poltica e ideologicamente: alcanou xito em um grau nunca sonhado, disseminando a ideia de que no h alternativas para seus princpios, todos tm de se adaptar as normas.

    As questes do neoliberalismo passaram a ser tratadas com mais profundidade nas ltimas duas dcadas. O domnio das ideias neoliberais foi um atributo importante do estgio do capitalismo contemporneo globalizado.

    Alguns autores afi rmam que o neoliberalismo se constituiu como uma corrente terico-prtica, que tinha como pressuposto que o Estado deveria transferir os servios bsicos estatais para as empresas particulares, deixando a sociedade amparada pela efi cincia e livre concorrncia entre os servios oferecidos por essas empresas.

    O capitalismo, por sua vez, assume uma postura extremamente dinmica com relao s estratgias de poder e dominao para manter-se como modo de produo vigente.

    Diante dessa situao, criou-se uma dura realidade, principalmente para os que atuam na gesto do conhecimento: os impactos neoliberais tornam as organizaes focadas nas inovaes visando o lucro e gerando problemas de adequao realidade social, tornando-a cada vez mais excludente.

    Apesar das tentativas de tornar a sociedade igualitria e democrtica, isso ainda no aconteceu. Mas importante no desistir de lutar pela to sonhada hegemonia social.

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    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    RESUMO DA AULA 07

    GESTO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL

    O conhecimento organizacional se baseia em trs aspectos:

    em como gerir o conhecimento;

    conduo das pessoas, setores e estratgias para o desenvolvimento da gesto do conhecimento;

    prticas para otimizar o conhecimento organizacional.

    Comearemos abordando sobre como devemos gerir o conhecimento. Alguns autores acreditam que a alta direo um setor fundamental para facilitar a criao do conhecimento organizacional, pois conhecem a empresa e seus objetivos. Com os dados fornecidos pela direo da empresa possvel criar o conhecimento organizacional. Com isso surgem os ativistas do conhecimento, ou seja, uma espcie de empreendedor que tem como objetivo principal conseguir dos colaboradores atitudes e posturas de comprometimento, participao e aceitao.

    Sabe-se que no possvel gerenciar conhecimento e sim criar ambientes favorveis que estimulem o gerenciamento do conhecimento. Veja algumas orientaes para a criao desses ambientes:

    produzir solues e servios ricos em conhecimento;

    ser capaz de inovar de forma contnua;

    investir no capital intelectual;

    proteger o capital intelectual.

    importante tambm criar aes que possam ser usadas para estimular as pessoas a compartilharem e registrarem seus conhecimentos, tais como:

    fortalecer as relaes de confi ana;

    priorizar a realizao pessoal;

    propiciar o auto desenvolvimento;

    fortalecer a autoestima;

    melhorar a qualidade de vida das pessoas;

    possuir diretrizes, polticas, procedimentos e normas bem defi nidas.

    Ao criar ambientes favorveis e estratgias para estimular o gerenciamento do conhecimento, percebe-se que a empresa est consciente e reconhece a importncia do conhecimento para o sucesso da organizao.

    O conhecimento adquirido em uma organizao pode ser utilizado tanto internamente quanto externamente, sendo assim aproveitado ao mximo.

    importante compreender a gesto do conhecimento como: seleo, captura, armazenamento, disponibilizao e manuteno do conhecimento. Para que isso acontea necessrio utilizar processos que incluam o desenvolvimento, a preservao, a utilizao e o compartilhamento desse conhecimento.

  • 22

    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Em uma organizao tambm importante adotar uma gesto de recursos para capturar e representar os conhecimentos, visando facilitar seu acesso, compartilhamento e reutilizao.

    A gesto do conhecimento deve ser vista de uma forma sistmica na qual o processo de criao desse conhecimento faa parte do todo.

    A criao do conhecimento nas organizaes ocorre na interao entre os aspectos relevantes do conhecimento, abordados nos diferentes nveis de interaes sociais.

    As quatro formas de converso do conhecimento propostas por Nonaka e Takeuchi (1997) so:

    SOCIALIZAO: compartilhamento de experincias atravs da observao, encontros e dilogos informais. Transformao de conhecimento tcito em conhecimento tcito.

    EXTERNALIZAO: o conhecimento cristalizado e pode ser compartilhado atravs do uso de metforas, conceitos, hipteses, diagramas e modelos. Transformao de conhecimento tcito em conhecimento explcito.

    COMBINAO: indivduos trocam conhecimento atravs de documentos, reunies, conversas telefnicas e comunicao computadorizada. Transformao de conhecimento explcito em conhecimento explcito.

    INTERNALIZAO: Aprender fazendo, know how tcnico compartilhado em programas de treinamento, experimentos e simulaes. Transformao de conhecimento explcito em conhecimento tcito.

    Aps observarmos as quatros formas de converso do conhecimento, percebemos que o conhecimento criado baseando-se em conhecimentos j existentes na prpria organizao.

    Um novo conhecimento acontece por meios externos e, por melhor que seja, precisa agregar conhecimentos j existentes na empresa para que sejam efi cientes e obtenham sucesso.

    Grant apresenta alguns mecanismos para que a integrao do conhecimento acontea, so eles:

    REGRAS E INSTRUES: so os padres que proporcionam os meios pelos quais o conhecimento tcito pode ser convertido em explcito;

    SEQUENCIAMENTO: a organizao de uma sequncia para a realizao da produo de atividades;

    ROTINA: padres de comportamentos;

    GRUPOS DE SOLUES DE PROBLEMAS E TOMADAS DE DECISES: pressupem formas de integrao pessoal e comunicao intensiva.

    CATALOGAO E ATUALIZAO DO CONHECIMENTO

    Todos os conhecimentos produzidos devem estar organizados possibilitando seu fcil acesso, priorizando a qualidade, relevncia e segurana dos dados. Esse armazenamento deve seguir trs etapas fundamentais: codifi cao, catalogao e atualizao.

    A codifi cao a representao do conhecimento tcito e explcito, para que possa ser acessado e distribudo. O resultado desse contedo chamado de memria organizacional.

  • 23

    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Os contedos resultantes desse processo podem ser armazenados das seguintes formas:

    banco de conhecimento;

    banco de competncias;

    sistema de biblioteca;

    dicionrios;

    armazm de dados;

    banco de mensagem;

    contedos mltiplos.

    A catalogao o armazenamento dos dados; importante e deve ser realizado por especialistas capazes de compreender o signifi cado e a importncia desses contedos.

    A atualizao acontece aps o armazenamento, levando em conta se os dados ainda atendem s necessidades da empresa.

    CIRCULAO E ATUALIZAO DOS CONHECIMENTOS E AVALIAO DO DESEMPENHO

    A troca de experincias e os dilogos so importantes e necessrios, pois possibilitam que o conhecimento seja compartilhado entre uma comunidade.

    Para que haja a circulao desse conhecimento, importante a criao de espaos e que a participao seja voluntria, por meio de incentivos. Se a participao dos envolvidos for ativa, pode-se criar redes de colaborao entre a comunidade.

    A utilizao das tecnologias da informao e comunicao auxilia, facilita e agiliza esse processo. O conhecimento pode ser compartilhado por: intranets, salas de bate papo, fruns, reunies virtuais, videoconferncias, etc.

    Atualmente o modelo e-learning est sendo muito utilizado na transmissoo do conhecimento. Corresponde a um modelo no presencial suportado por tecnologia. Esse curso de ps-graduao que voc est fazendo um exemplo de curso educacional desenvolvido no modelo e-learning.

    Para que toda essa troca seja efetiva, preciso que se faa uma avaliao de desempenho que tem por objetivo verifi car os resultados obtidos nas organizaes. Conhecer os indicadores para mensurar o processo de gesto do conhecimento, com os resultados obtidos possvel analisar e corrigir eventuais problemas, bem como aprimorar aqueles que esto dando certo.

    ABORDAGEM BASEADA NO CONHECIMENTO PARA GESTO ORGANIZACIONAL

    Quando focamos nossas ideias no conhecimento organizacional e no signifi cado, percebemos como as organizaes funcionam e como podem ser gerenciadas.

    Um trabalho baseado no conhecimento necessita de estudos para se saber de que forma ele produzido e como est relacionado com as atividades individuais e coletivas.

    O conhecimento pode estar presente e exercer infl uncias nos processos sociais no nvel organizacional, considerando trs aspectos:

    DEFINIO DO GRAU DA INCORPORAO: vai alm do conhecimento incorporado em artefatos. Deve abranger o ato de conhecer que surge da resoluo de problemas e das prticas de produo individual.

  • 24

    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Defi nio das fronteiras: o foco na anlise do processo produtivo e como estes so mensurados.

    Natureza do conhecimento dos bens pblicos: a necessidade de refl etir a relao existente entre as semelhanas e diferenas; entre os conhecimentos individuais e coletivos.

    No existe restrio com relao ao tipo de empresa para o uso do conhecimento organizacional. O importante que os membros envolvidos no processo saibam como explicar esse conhecimento.

    Exemplo: Voc pode conhecer todas as teorias sobre administrao, mas se no souber como coloc-las em prtica o conhecimento fi ca limitado.

    O inverso tambm acontece. Voc pode saber administrar uma empresa e no conhecer as teorias que embasam esse conhecimento.

    necessrio buscar o conhecimento como um todo para que haja efi ccia no processo de aprendizado, pois, em cada situao o conhecimento est limitado.

  • 25

    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    RESUMO DA AULA 08

    PERSPECTIVAS ATUAIS: P&D E MODELOS DE ADMINISTRAO PARA CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    A P&D, ou a I&D, o que produz o conhecimento e a inovao nas organizaes.

    P&D signifi ca Pesquisa e Desenvolvimento.

    I&D signifi ca Investigao e Desenvolvimento Experimental.

    A funo da Pesquisa e Desenvolvimento foi sendo modifi cada paralelamente s mudanas na maneira pela qual a sociedade produz seus bens e servios, como os utiliza e os distribui, ou seja, no modo de produo.

    A P&D, ou I&D, engloba trs atividades:

    INVESTIGAO OU PESQUISA BSICA: estabelece objetivos e hipteses, a execuo preocupa-se em testar hipteses e o modelo avalia e representa os resultados.

    INVESTIGAO OU PESQUISA APLICADA: determina as possveis utilizaes dos resultados da Investigao Bsica, para determinar novos mtodos ou formas de alcanar os objetivos predeterminados.

    DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL: estabelece metas e considera especifi caes do modelo obtido na pesquisa aplicada. Na etapa de construo o objetivo cumprir metas e na fase do prottipo avaliamos e demonstramos os resultados a partir dos quais o processo de construo do modelo pode ser otimizado.

    MODOS DE EXECUO DA P&D

    CENTRALIZADA - A P&D ser efi caz para a pesquisa bsica e para a pesquisa aplicada s competncias centrais associadas a toda a gama dos produtos da organizao. Utiliza-se esse tipo de pesquisa quando sua natureza for de ordem estratgica. Em termos de lucros, no se espera que os resultados sejam imediatos em relao aos recursos investidos.

    DISPERSA - Neste modo de produo o foco ser principalmente no desenvolvimento de produtos e processos. Os investimentos sero diretamente motivados pelo mercado, com resultados em termos de lucros previstos para horizontes de tempo predefi nidos.

    UNIDADE DE NEGCIO - Concentra a tecnologia no desenvolvimento e no apoio tcnico aos processos de produo. A maioria dos projetos tem escala de tempo limitada, da ordem de um ano.

    MODELOS DE ADMINISTRAO PARA A GESTO DO CONHECIMENTO

    Administrao para a Efi cincia Econmica

    No modelo de administrao para a efi cincia econmica o conhecimento concebido, estruturado, discutido e operacionalizado sob a gide da lgica econmica, da produtividade operacional e da racionalidade instrumental.

    As organizaes que optam por este modelo so concebidas e organizadas como sistemas fechados em que a mediao administrativa est apoiada, principalmente, na ideia de efi cincia.

    EFICINCIA ou RENDIMENTO refere-se relao entre os resultados obtidos e os recursos empregados.

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    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    ADMINISTRAO PARA A EFICCIA PEDAGGICA

    O modelo administrativo focado na efi ccia pedaggica, ressalta os atributos e os processos das prticas organizacionais que possibilitam o conhecimento ser discutido, armazenado, resgatado, compartilhado, ressignifi cado e construdo coletivamente:

    Web avaliao;

    Gerenciamento de projeto;

    Sistema de apoio deciso;

    Tecnologia da informao e da comunicao;

    Trabalho em equipe;

    Gerncia de documentos ;

    Extranet;

    Intranet.

    ADMINISTRAO PARA A EFETIVIDADE POLTICA

    Essa concepo percebe a organizao como um sistema aberto e adaptativo, por meio do qual a interao administrativa aborda elementos do ambiente externo tomando como base a ideia de efetividade.

    Efetividade a capacidade de produzir um efeito, que pode ser positivo ou negativo.

    Diferenciando os conceitos:

    EFICCIA EFICINCIA EFETIVIDADE

    Metas e objetivos Recursos Impactos

    importante salientar que o que efetivo no necessariamente efi ciente ou efi caz.

    A ideia de efetividade est vinculada ao conceito de responsabilidade social, onde a administrao organizacional conhece suas responsabilidades em relao s polticas e a comunidade e principalmente, onde est inserida.

    As prticas administrativas inquietam-se e buscam estratgias para contemplar as necessidades polticas e educacionais da comunidade como ponto relevante.

    A ADMINISTRAO PARA A RELEVNCIA CULTURAL

    SISTEMA: aberto e multicultural, tendo a relevncia como critrio organizador da mediao administrativa.

    GESTO DO CONHECIMENTO: contribui para o desenvolvimento humano sustentvel, promovendo a qualidade de vida por intermdio da participao cidad.

    MODELO DE ADMINISTRATIVO: diz respeito a uma derivao das atuais formulaes interacionistas na rea da teoria da administrao e nas fi losofi as organizacionais.

    FOCO: nos sentidos culturais e valores ticos que determinam o desenvolvimento humano sustentvel e a qualidade de vida nas organizaes e na sociedade como um todo.

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    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    O CONHECIMENTO COMO BASE DE UM MODELO DE GESTO

    Neste modelo a Gesto do Conhecimento deve construir seus prprios elementos. Para isso ela se fundamenta em quatro conceitos:

    Estratgia;

    Estrutura;

    Processos;

    Pessoas.

    ESTRATGIA

    Todas as empresas precisam de estratgia. Ela est intimamente relacionada a aspectos do ambiente externo organizao:

    Emergncia: impactos para/nos negcios;

    Globalizao e criao de perspectivas de novos negcios: tecnologias como diferencial competitivo;

    Nova postura dos consumidores: valor agregado aos produtos e servios.

    ESTRUTURA

    A estrutura considera o conhecimento como vantagem competitiva na tomada de decises estratgicas, na formulao e implementao de aes. Observe alguns modelos de propostas de gesto:

    Adhocrtico: os gerentes raramente do ordens, costumam fazer a ligao entre diferentes equipes. Organizao horizontal e a constituio de equipes pequenas melhoram a comunicao; h comprometimento dos envolvidos e resultam em um ambiente inovador e interativo.

    Corporao visual: utiliza intensamente as TICs, redes internas integradas a diferentes processos. A estrutura gerencial fl exvel, os processos so horizontais e favorecem parcerias.

    Biolgicos - Organizaes consideradas como organismos vivos, capazes de se autopreservarem, autodesenvolverem e autogerarem. A criao de conhecimentos novos um objetivo permanente. As tarefas a serem desenvolvidas por indivduos e grupos so estabelecidas de forma autnoma.

    Middle-up-down - Enfatiza o papel do gerente de nvel mdio, pois este se encontra no centro da gesto do conhecimento, envolvendo, portanto, tanto a alta gerencia quanto os funcionrios.

    PROCESSOS/TECNOLOGIA

    So funes ou atividades inter-relacionadas que visam um resultado comum:

    Identifi cao: foco nas questes estratgicas, como identifi cao das competncias.

    Captura: a aquisio de conhecimentos, habilidades, experincias necessrias e competncias que so selecionadas e mapeadas.

    Seleo e validao: devem passar por um processo de fi ltragem, avaliao de qualidade e de sntese antes de ser armazenado para utilizao futura.

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    EPISTEMOLOGIA: CONSTRUO DO CONHECIMENTO

    Organizao e armazenagem: realizadas de forma efetiva garantem que o conhecimento possa ser recuperado de maneira rpida, fcil e correta.

    Compartilhamento, acesso e distribuio: garantir que informaes e conhecimentos estejam disponveis e que sejam de fcil compartilhamento, destaca-se o uso das tecnologias da informao e comunicao.

    Aplicao: o conhecimento, as informaes e os relatos de experincias devem ser aplicados adequadamente gerando benefcios para a organizao. fundamental que se tenha conscincia de quais conhecimentos foram utilizados, em que situaes, e quais seus resultados.

    Criao do conhecimento: aprendizagem, externalizao do conhecimento, lies aprendidas, pensamento criativo, pesquisa, experimentao, descoberta e inovao.

    PESSOAS

    Sem pessoas no h conhecimento, por isso a necessidade de se dar nfase aos recursos humanos nas organizaes. Isso porque o poder econmico e de produo das organizaes tem relao com as capacidades intelectuais do que com outros aspectos.