resumo de direito ambiental

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DIREITO AMBIENTAL 23/08/12 Aula 01 EVOLUÇÃO DO DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL 1. Conferência mundial sobre meio ambiente humano (1972) A primeira conferência mundial sobre meio ambiente aconteceu em 1972, em Estocolmo, na Suécia. A preocupação à época era com questões demográficas, o aumento da população mundial. A partir de 1972, o Direito Ambiental entra na agenda global: agenda política, agenda econômica, agenda social... Aos términos dos trabalhos foi editada a Declaração de Estocolmo de 1972: é uma declaração com 26 princípios, que vão afirmar a importância e a relevância do meio ambiente. O princípio 1 fala da importância da proteção do meio ambiente para as presentes e futuras gerações: 1 - O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar e é portador solene de obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e futuras. A esse respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o “apartheid”, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação estrangeira permanecem condenadas e devem ser eliminadas.

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Resumo de Direito Ambiental

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LFG - INTENSIVO COMPLEMENTAR ESTADUAL - 2012 - DIREITO AMBIENTAL - Prof. Fabiano Melo

DIREITO AMBIENTAL

23/08/12Aula 01EVOLUO DO DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL1. Conferncia mundial sobre meio ambiente humano (1972)A primeira conferncia mundial sobre meio ambiente aconteceu em 1972, em Estocolmo, na Sucia.A preocupao poca era com questes demogrficas, o aumento da populao mundial.A partir de 1972, o Direito Ambiental entra na agenda global: agenda poltica, agenda econmica, agenda social...Aos trminos dos trabalhos foi editada a Declarao de Estocolmo de 1972: uma declarao com 26 princpios, que vo afirmar a importncia e a relevncia do meio ambiente.O princpio 1 fala da importncia da proteo do meio ambiente para as presentes e futuras geraes:1 - O homem tem o direito fundamental liberdade, igualdade e ao desfrute de condies de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar e portador solene de obrigao de proteger e melhorar o meio ambiente, para as geraes presentes e futuras. A esse respeito, as polticas que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregao racial, a discriminao, a opresso colonial e outras formas de opresso e de dominao estrangeira permanecem condenadas e devem ser eliminadas.

2. Relatrio Nosso Futuro Comum (1987) tambm chamado de Relatrio Brundtland.Em 1983 a ONU criou uma Comisso mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento. Essa Comisso era presidida pela Sra. Gro Hallem Brundtland (ex-Primeira Ministra da Noruega).Em 1987 essa Comisso edita o Relatrio Nosso Futuro Comum: so as concluses do trabalho dessa Comisso.Esse relatrio foi apelidado de Relatrio Brundtland, em homenagem Sra. Gro Hallem Brundtland.Esse relatrio traz um conceito clssico de desenvolvimento sustentvel: Desenvolvimento sustentvel aquele que atende as necessidades das presentes geraes sem comprometer as necessidades das geraes futuras.No ano seguinte, a CF/88 incorporou essa discusso.Art. 225, CF: corao da proteo ambiental.Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv- lo para as presentes e futuras geraes.

No nosso ordenamento jurdico, o meio ambiente um direito fundamental.Cuidado: a expresso presentes e futuras geraes, se for vinculada ao aspecto internacional, ao Relatrio Nosso Futuro Comum significa desenvolvimento sustentvel. No entanto, em muitas provas, a expresso presentes e futuras geraes vinculada ao caput do art. 225 da CF, pode ser o princpio da solidariedade intergerencial.A FGV faz essa diferenciao.3. Conferncia Mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento conhecido como Rio 92 ou Eco 92.Ocorreu no Rio de Janeiro, em 1992.3.1. Principais documentosI - Declarao do Rio/92;II - Agenda 21;III - Conveno-quadro sobre mudanas do clima;IV - Conveno sobre diversidade biolgica;V - Declarao de Florestas.A mais importante das Conferncias foi a Rio 92. Mais de uma centena de Chefes de Estado se reuniram nessa Conferncia. Dessa conferncia saram esses cinco documentos importantes.Obs.: A Rio +20 ocorreu h dois meses aqui no Brasil, mas foi um fracasso (foi editado apenas um documento).I - Declarao do Rio/92 uma declarao de princpios do Direito Ambiental, tem 27 princpios: princpio da preveno, precauo, informao entre outros.II - Agenda 21 um programa de ao com diretrizes para a implementao do desenvolvimento sustentvel. uma tentativa de promover, em escala planetria, um novo padro de desenvolvimento, conciliando mtodos de proteo ambiental, justia social e eficincia econmica. um documento programtico. poca, em 1992, o mundo pensava em quais seriam as diretrizes necessrias para o desenvolvimento sustentvel no sculo XXI.A Agenda 21 um documento no impositivo, adotado conforme as peculiaridades de cada pas. Vai da esfera global esfera local (certos Municpios tm a sua prpria Agenda 21). o que chamamos de soft law no Direito Internacional: direito flexvel, no cogente (as normas no so impositivas).III - Conveno-quadro sobre mudanas do clima de 09 de maio de 1992.Vinculado Conveno-quadro, temos o Protocolo de Kyoto ( um protocolo adicional).Protocolo de Kyoto (COP 03):- Objetivo: reduzir a emisso de G.E.E. (gases de efeito estufa).- Meta: reduzir (na mdia) 5% das emisses do ano de 1990.- Perodo: entre 2008 e 2012.A Conveno-quadro se preocupa com os efeitos negativos causados pela atividade humana.Obs.: O aquecimento global um fenmeno natural, mas est sendo potencializado pelas atividades humanas (com a indstria, o desmatamento...).A Conveno-quadro se preocupa em reduzir a emisso de gases antropognicos (gases causados pela atividade humana).Em 1997 foi editado o Protocolo de Kyoto na COP 03 (COP: Conferncia das Partes)[footnoteRef:1]. [1: Depois que assinado o documento, as partes se renem periodicamente.]

Esse protocolo estabelece metas. O objetivo reduzir a emisso de gases de efeito estufa, que esto potencializando as mudanas climticas.A meta reduzir 5% do que foi emitido em 1990.O primeiro perodo (2008-2012) do Protocolo de Kyoto vai vencer esse ano.OBS.: O Protocolo de Kyoto para os pases desenvolvidos. O Brasil, como era um pas em desenvolvimento, no tem metas percentuais no Protocolo de Kyoto. poca, o Brasil era um pas em desenvolvimento.Embora o Brasil no tenha metas percentuais, tem a Poltica Nacional de Mudanas do Clima (PNMC): Lei 12.187/09.As provas de concurso comearam a pedir questes sobre mudanas do clima.O Brasil, pela Lei 12.187, assumiu metas voluntrias muito superiores quela do Protocolo de Kyoto.Art. 12: Art. 12.Para alcanar os objetivos da PNMC, o Pas adotar, como compromisso nacional voluntrio, aes de mitigao das emisses de gases de efeito estufa, com vistas em reduzir entre 36,1% (trinta e seis inteiros e um dcimo por cento) e 38,9% (trinta e oito inteiros e nove dcimos por cento) suas emisses projetadas at 2020.

OBS.: O Protocolo de Kyoto hard law: impositivo, obrigatrio.IV - Conveno sobre diversidade biolgica o mais importante documento sobre biodiversidade.O Brasil foi o primeiro pas do mundo a ratificar essa Conveno.Objetivos da Conveno:1) A conservao da diversidade biolgica;2) Uso sustentvel dos recursos biolgicos;3) A distribuio justa e equitativa dos benefcios do uso dos recursos genticos.Poltica Nacional da Biodiversidade: Decreto 4.339/02.Biodiversidade: a fauna, a flora...OBS.: No conhecemos nem 10% da biodiversidade do planeta.O desequilbrio da biodiversidade traz algumas espcies invasoras, como o Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue).V - Declarao de FlorestasNo teve grande importncia, pois no teve muito consenso.Trata-se de soft law.4. Cpula Mundial sobre desenvolvimento sustentvel (Rio + 10)Ocorreu em Joanesburgo, frica do Sul, em 2002.Obs.: A mais importante das Conferncias foi a Rio 92 (a Rio + 10 ocorreu 10 anos depois da Rio 92).- Declarao Poltica: reafirma os princpios das declaraes anteriores.- Trouxe um Plano de Implementao: tem como objetivos:1) Erradicao da pobreza (h uma relao entre pobreza e degradao ambiental);2) Eliminao de padres insustentveis de produo e consumo (ns consumimos muito mais do que a capacidade do planeta);3) Proteo aos recursos naturais.5. Rio + 20Ocorreu no Brasil, em 2012.Foi editado o documento O futuro que queremos.Muitos lderes mundiais nem sequer compareceram.PRINCPIOS DO DIREITO AMBIENTAL1. Princpio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamentalEst previsto no caput do art. 225 da CF.Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado: significa que o meio ambiente um direito fundamental.Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.

Este o princpio matriz da proteo ambiental. A partir desse princpio que vai se irradiar a interpretao na esfera constitucional e infraconstitucional.Vincula os administradores, legisladores e julgadores. Toda interpretao do Direito Ambiental a partir do meio ambiente ecologicamente equilibrado: um vetor interpretativo.O constituinte associou o meio ambiente sadia qualidade de vida.O meio ambiente ecologicamente equilibrado um dos mais importantes direitos fundamentais hoje. Eu s consigo efetivar os direitos civis e polticos e os direitos econmicos e sociais com o meio ambiente ecologicamente equilibrado.Aproxima-se do fundamento axiolgico do nosso fundamento jurdico: a dignidade da pessoa humana. Quanto mais um direito fundamental se aproxima da dignidade da pessoa humana, mais essencial ele se torna. Essa argumentao nos leva a dizer que sem o meio ambiente ecologicamente equilibrado no conseguimos efetivar as outras dimenses dos direitos fundamentais.Meio ambiente ecologicamente equilibrado: o meio ambiente no poludo, com higidez e salubridade.Princpio 1 da Declarao do Rio/1992:Princpio 1Os seres humanos esto no centro das preocupaes com o desenvolvimento sustentvel. Tm direito a uma vida saudvel e produtiva, em harmonia com a natureza.

STF, MS 22.164. Meio ambiente

Direito Direitoseconmico humanos

O Direito Ambiental afeta diretamente o Direito Econmico, pois recursos ambientais se transformam em recursos econmicos.2. Princpio do desenvolvimento sustentvelDesenvolvimento sustentvel: compatibilizar as atividades econmicas com a proteo ao meio ambiente. conjugar o art. 170 com o art. 225.Art. 170. A ordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social, observados os seguintes princpios:VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seus processos de elaborao e prestao; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003)

A defesa do meio ambiente um dos princpios da atividade econmica.Segundo o STF, na ADI 3.540, necessrio compatibilizar a atividade econmica com o meio ambiente (no fala em prevalncia). Se no for possvel compatibilizar, prevalece o meio ambiente.MEIO AMBIENTE - DIREITO PRESERVAO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) - PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARTER DE METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO DE TERCEIRA GERAO (OU DE NOVSSIMA DIMENSO) QUE CONSAGRA O POSTULADO DA SOLIDARIEDADE - NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE A TRANSGRESSO A ESSE DIREITO FAA IRROMPER, NO SEIO DA COLETIVIDADE, CONFLITOS INTERGENERACIONAIS - ESPAOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS (CF, ART. 225, 1, III) - ALTERAO E SUPRESSO DO REGIME JURDICO A ELES PERTINENTE - MEDIDAS SUJEITAS AO PRINCPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE LEI - SUPRESSO DE VEGETAO EM REA DE PRESERVAO PERMANENTE - POSSIBILIDADE DE A ADMINISTRAO PBLICA, CUMPRIDAS AS EXIGNCIAS LEGAIS, AUTORIZAR, LICENCIAR OU PERMITIR OBRAS E/OU ATIVIDADES NOS ESPAOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS, DESDE QUE RESPEITADA, QUANTO A ESTES, A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS JUSTIFICADORES DO REGIME DE PROTEO ESPECIAL - RELAES ENTRE ECONOMIA (CF, ART. 3, II, C/C O ART. 170, VI) E ECOLOGIA (CF, ART. 225) - COLISO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS - CRITRIOS DE SUPERAO DESSE ESTADO DE TENSO ENTRE VALORES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES - OS DIREITOS BSICOS DA PESSOA HUMANA E AS SUCESSIVAS GERAES (FASES OU DIMENSES) DE DIREITOS (RTJ 164/158, 160-161) - A QUESTO DA PRECEDNCIA DO DIREITO PRESERVAO DO MEIO AMBIENTE: UMA LIMITAO CONSTITUCIONAL EXPLCITA ATIVIDADE ECONMICA (CF, ART. 170, VI) - DECISO NO REFERENDADA - CONSEQENTE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR. A PRESERVAO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE: EXPRESSO CONSTITUCIONAL DE UM DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE GENERALIDADE DAS PESSOAS. - Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-se de um tpico direito de terceira gerao (ou de novssima dimenso), que assiste a todo o gnero humano (RTJ 158/205-206). Incumbe, ao Estado e prpria coletividade, a especial obrigao de defender e preservar, em benefcio das presentes e futuras geraes, esse direito de titularidade coletiva e de carter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse encargo, que irrenuncivel, representa a garantia de que no se instauraro, no seio da coletividade, os graves conflitos intergeneracionais marcados pelo desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impe, na proteo desse bem essencial de uso comum das pessoas em geral. Doutrina. A ATIVIDADE ECONMICA NO PODE SER EXERCIDA EM DESARMONIA COM OS PRINCPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEO AO MEIO AMBIENTE. - A incolumidade do meio ambiente no pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de motivaes de ndole meramente econmica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econmica, considerada a disciplina constitucional que a rege, est subordinada, dentre outros princpios gerais, quele que privilegia a "defesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noes de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espao urbano) e de meio ambiente laboral. Doutrina. Os instrumentos jurdicos de carter legal e de natureza constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, para que no se alterem as propriedades e os atributos que lhe so inerentes, o que provocaria inaceitvel comprometimento da sade, segurana, cultura, trabalho e bem-estar da populao, alm de causar graves danos ecolgicos ao patrimnio ambiental, considerado este em seu aspecto fsico ou natural. A QUESTO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3, II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE (CF, ART. 225): O PRINCPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL COMO FATOR DE OBTENO DO JUSTO EQUILBRIO ENTRE AS EXIGNCIAS DA ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. - O princpio do desenvolvimento sustentvel, alm de impregnado de carter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obteno do justo equilbrio entre as exigncias da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocao desse postulado, quando ocorrente situao de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condio inafastvel, cuja observncia no comprometa nem esvazie o contedo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito preservao do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras geraes. O ART. 4 DO CDIGO FLORESTAL E A MEDIDA PROVISRIA N 2.166-67/2001: UM AVANO EXPRESSIVO NA TUTELA DAS REAS DE PRESERVAO PERMANENTE. - A Medida Provisria n 2.166-67, de 24/08/2001, na parte em que introduziu significativas alteraes no art. 4o do Cdigo Florestal, longe de comprometer os valores constitucionais consagrados no art. 225 da Lei Fundamental, estabeleceu, ao contrrio, mecanismos que permitem um real controle, pelo Estado, das atividades desenvolvidas no mbito das reas de preservao permanente, em ordem a impedir aes predatrias e lesivas ao patrimnio ambiental, cuja situao de maior vulnerabilidade reclama proteo mais intensa, agora propiciada, de modo adequado e compatvel com o texto constitucional, pelo diploma normativo em questo. - Somente a alterao e a supresso do regime jurdico pertinente aos espaos territoriais especialmente protegidos qualificam-se, por efeito da clusula inscrita no art. 225, 1, III, da Constituio, como matrias sujeitas ao princpio da reserva legal. - lcito ao Poder Pblico - qualquer que seja a dimenso institucional em que se posicione na estrutura federativa (Unio, Estados-membros, Distrito Federal e Municpios) - autorizar, licenciar ou permitir a execuo de obras e/ou a realizao de servios no mbito dos espaos territoriais especialmente protegidos, desde que, alm de observadas as restries, limitaes e exigncias abstratamente estabelecidas em lei, no resulte comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a tais territrios, a instituio de regime jurdico de proteo especial (CF, art. 225, 1, III). (ADI 3540 MC, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, j. 01/09/2005, DJ 03-02-2006). OBS.: Desenvolvimento durvel a mesma coisa que desenvolvimento sustentvel ( a leitura francesa).3. Princpio da solidariedade intergerencialArt. 225, caput, CF.- Sincrnica: presentes geraes.- Diacrnica: futuras geraes.A solidariedade intergerencial um dilogo da gerao presente com as geraes futuras.Solidariedade intergerencial um princpio muito recorrente nos julgados do STJ.Exemplos: 1) a ao civil de reparao de danos ambientais imprescritvel. No importa se o dano ocorreu h 05, 10 anos... Isso porque o meio ambiente para as presentes e futuras geraes. O bem ambiental, pela sua relevncia, imprescritvel.2) a mudana do clima est ligada s geraes futuras. um princpio ligado tica intergerencial.4. Princpio da funo scio ambiental da sociedadeFuno social ambiental da propriedade:- Rural (art. 186, CF);- Urbana (art. 182, 2, CF).No nosso ordenamento jurdico, a propriedade s se legitima quando atende a funo social e a coletividade.A CF/88 plubicizou o conceito de propriedade.Funo o contrrio de autonomia de vontade. A nossa autonomia de vontade tem um limite: o ilcito. Onde existe funo no h autonomia da vontade, h deveres. Portanto, estamos falando dos deveres jurdicos da propriedade.Funo social da propriedade1) A funo social no limita o direito de propriedade;2) A funo social elemento essencial interno da propriedade, um contedo do direito de propriedade. No h que se falar em limitao, mas sim no uso da propriedade conforme o Direito;3) Funo social no externa, elemento interno, integrante do conceito de propriedade;4) Onde h funo no h autonomia de vontade ou a busca de interesses prprios;5) Funo o poder de agir que se traduz em verdadeiro dever jurdico, que s se legitima quando dirigido ao atendimento da finalidade especfica, que gerou a atribuio ao gente (Celso Antonio Bandeira de Mello).Art. 186, CF:Art. 186. A funo social cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado (aspecto econmico da propriedade);II - utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente (aspecto ambiental da propriedade);III - observncia das disposies que regulam as relaes de trabalho;IV - explorao que favorea o bem-estar dos proprietrios e dos trabalhadores.

Exemplo: quem tem propriedade rural no nosso pas tem que manter a reserva legal (um percentual da sua propriedade destinado s questes ambientais), salvo determinadas excees. Ex.: 35% da propriedade se for cerrado na Amaznia e 80% da propriedade que tem floresta.A funo social da propriedade urbana cumprida quando se atende s exigncias estabelecidas no Plano Diretor (toda cidade com mais de 20.000 habitantes tem de ter Plano Diretor).Art. 182, 2, CF:Art. 182, 2 - A propriedade urbana cumpre sua funo social quando atende s exigncias fundamentais de ordenao da cidade expressas no plano diretor.

Cuidado: o Estatuto das Cidades (Lei 10.257/01), no seu art. 41, traz um rol maior de cidades que devem ter Plano Diretor.A questo da funo social tambm aparece no CC, no art. 1.228, 1.Funo se traduz em obrigaes:- Negativas (no fazer);- Positivas (fazer).Ex.: Eu sou proprietrio de um imvel, eu tenho o dever de no poluir, no degradar e no desmatar.Aquele que adquire um imvel desmatado, degradado responsvel pela recomposio do imvel, pela obrigao propter rem.5. Princpio da prevenoVem do verbo prevenir, que significa agir antecipadamente.Trabalha-se com o risco conhecido: eu s posso agir antecipadamente quando eu tenho dados, pesquisas e informaes ambientais.O que justifica o princpio :- a impossibilidade de retorno ao status quo;- a eliminao de uma espcie da fauna ou flora.Cuidado: No obstante preveno e precauo sejam sinnimos na lngua portuguesa, no Direito ambiental eles tm sentidos singulares, preciso diferenci-los.Preveno significa agir antecipadamente.Preveno = risco conhecido (risco que eu sei que pode ocorrer).Ex.: Todos sabem que a minerao causa degradao ambiental. um risco conhecido.H impossibilidade de retorno.Ex.: Em um acidente nuclear, eu no consigo voltar situao anterior.Princpios que vo materializar o princpio da preveno: Licenciamento ambiental (poder de polcia ambiental);Obras, atividades, empreendimentos que causam degradao precisam de licenciamento ambiental. O rgo ambiental vai analisar o projeto.O licenciamento ambiental uma manifestao do princpio da preveno.O poder de polcia ambiental a mesma coisa que o poder de polcia que estudamos no Direito Administrativo (est previsto no art. 178 do CTN).6. Princpio da precauo- Ele trabalha com um dano incerto, perigo in abstrato, dano desconhecido.- Trabalha-se com a incerteza cientfica.- Ausncia de pesquisas cientficas.- Adota-se o in dubio pro ambiente: na dvida, decida pelo meio ambiente (no faa intervenes que possam colocar em risco o meio ambiente).- Inverso do nus da prova- Prognose negativa.Enquanto preveno certeza, precauo incerteza. H ausncia de dados, de informao.Um exemplo o caso dos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs).No h pesquisas conclusivas sobre as consequncias dos alimentos transgnicos para a sade humana e para o meio ambiente.Lei de Biossegurana (Lei 11.105/05), art. 1:Art. 1o Esta Lei estabelece normas de segurana e mecanismos de fiscalizao sobre a construo, o cultivo, a produo, a manipulao, o transporte, a transferncia, a importao, a exportao, o armazenamento, a pesquisa, a comercializao, o consumo, a liberao no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estmulo ao avano cientfico na rea de biossegurana e biotecnologia, a proteo vida e sade humana, animal e vegetal, e a observncia do princpio da precauo para a proteo do meio ambiente.

Outro exemplo so as mudanas climticas. O aquecimento global uma realidade, mas so sabemos ainda a sua intensidade.Princpio 15 da Declarao do Rio 1992:Princpio 15Com o fim de proteger o meio ambiente, o princpio da precauo dever ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaa de danos graves ou irreversveis, a ausncia de certeza cientfica absoluta no ser utilizada como razo para o adiamento de medidas economicamente viveis para prevenir a degradao ambiental.

possvel a inverso do nus da prova em matria ambiental? Sim, a inverso do nus da prova em matria ambiental tem como referncia o art. 6, VIII do CDC e o princpio ambiental da precauo.Ex.: O MP ajuza uma ao civil publica e pede a inverso do nus da prova, ou seja, que o empresrio demonstre que a sua atividade econmica no vai colocar em risco a sade humana e o meio ambiente.Prognose[footnoteRef:2] negativa: um exerccio de probabilidade. [2: Gnose = conhecimento; pro = antecipado.]

O magistrado no pode deixar de julgar porque faltam elementos, porque faltam certezas cientficas. J que tem ausncia de informaes, ele deve invocar a prognose negativa: faz um exerccio de antecipao de forma negativa (ex.: no libera a atividade).7. Princpio do poluidor pagadorTem aspectos:- Preventivo- ReparadorTem previso no art. 4, VII da Lei 6.938/81. um princpio econmico de proteo ambiental. um princpio cautelar e preventivo.Aspecto preventivo- Internalizao das externalidades negativasInternalizao: o processo produtivo.Externalidade: tudo o que est fora do processo produtivo.O empresrio tem que internalizar os custos de preveno e monitoramento dos impactos de sua atividade.Toda atividade econmica produz externalidades. Ex.: Poluio (gases, poluentes...).Ex.: Fabiano tem uma fbrica de queijos, prxima a um rio. Ele lana um lquido diretamente no rio. Assim, ele est socializando os riscos. Na verdade, ele deveria primeiro tratar o lquido antes de despej-lo no rio.O empreendedor deve internalizar os custos de preveno, monitoramento e reparao dos impactos causados ao meio ambiente.O PPP (princpio do poluidor pagador) procura internalizar nos custos da produo as externalidades negativas.No justo que toda a poluio que sai da atividade econmica seja lanada na natureza, para que a sociedade resolva. O empresrio tem que tratar a poluio (ainda que fique mais caro o seu produto).Princpio 16 da Declarao do Rio:Princpio 16As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalizao dos custos ambientais e o uso de instrumentos econmicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princpio, arcar com o custo da poluio, com a devida ateno ao interesse pblico e sem provocar distores no comrcio e nos investimentos internacionais.

Aspecto reparadorSe acontecer o dano ambiental, o empresrio responsvel, pois a responsabilidade em matria ambiental OBJETIVA (art. 14, 1, Lei 6.938/81). Pergunta de concurso: A responsabilidade civil em matria ambiental objetiva desde a CF/1988.R.: Errado, desde 1981.8. Princpio do usurio pagadorArt. 4, VII, Lei 6.938/81.Art. 4 - A Poltica Nacional do Meio Ambiente visar: VII - imposio, ao poluidor e ao predador, da obrigao de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usurio, da contribuio pela utilizao de recursos ambientais com fins econmicos.

Procura quantificar os recursos naturais (colocar preo), para evitar o custo zero.O custo zero leva hiperexplorao e escassez.Ex.: gua um bem dotado de valor econmico (art. 19, I, Lei 9.433/97).Se voc no quantificar a gua, a pessoa tomar um banho de cinco horas etc.STF, ADI 3.378: versa sobre o princpio do usurio pagador.9. Princpio da informaoS pode haver Estado democrtico se houver acesso s informaes disponveis.- Direito do Consumidor;Quando se vai comprar um produto, muitos deles sinalizam os riscos sade.- Lei 11.105/05, art. 40; um direito ser informado se os alimentos possuem ou no OGMs.Art. 40. Os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ou derivados devero conter informao nesse sentido em seus rtulos, conforme regulamento.

- Lei 10.650/03;Alm do art. 5, XXXIII da CF, essa lei garante o acesso aos bancos pblicos ambientais.Qualquer pessoa pode ter acesso s informaes.- SINIMA (Sistema Nacional de Informaes Ambientais). uma rede de computadores que vai conjugar as informaes de todos os rgos responsveis pela proteo do ambiente.10. Princpio da participao comunitriaA participao comunitria se d em trs esferas:Esfera administrativaA populao vai poder participar da formulao das polticas pblicas ambientais.- Audincias pblicasVai ouvir a populao em um ambiente fsico e colher apontamentos (ex.: h uma obra de grande impacto ambiental, como a Usina de Belo Monte, p. ex.).- Consulta pblica; mais ampla.Ex.: Pode ser feita uma consulta populao pela Internet, que pode fazer questionamentos.- Participao em Conselhos de Meio Ambiente;O particular ou representante de uma entidade pode fazer parte de um conselho de meio ambiente (municipal, estadual ou federal).Para realizar o licenciamento ambiental, o ente federativo (Unio, Estados, DF e Municpios) deve possuir Conselho de Meio Ambiente.- Direito de petio.Esfera legislativaSo os instrumentos do art. 14 da CF: plebiscito, referendo, iniciativa popular.At hoje nunca tivemos plebiscito, referendo ou iniciativa popular sobre matria ambiental.Esfera judicialExemplo: ao popular ambiental ( o instrumento mais comum).05/09/12Aula 0211. Princpio da ubiquidade tambm chamado de varivel ambiental no processo decisrio das polticas de desenvolvimento.Ex.: PAC (Programa de Acelerao do Crescimento).Ubiquidade colocar o meio ambiente no epicentro dos direitos humanos, no centro das polticas de desenvolvimento.Tudo hoje, todos os projetos, todas as polticas pblicas, devem contemplar as questes ambientais.Ex.: As leis oramentrias, o PPA (Plano Plurianual) tm que contemplar as questes ambientais.Princpio 17 da Declarao do Rio.Ex.: EIA/RIMA (estudo prvio de impacto ambiental) (art. 225, 1, IV, CF): toda obra que causa significativa degradao ambiental demanda o estudo prvio de impacto ambiental.Ex. 2: A.A.E. (Avaliao ambiental estratgica): anlise de planos, programas, polticas governamentais.O EIA/RIMA analisa uma obra, um empreendimento. Ex.: a construo de uma hidreltrica (como a usina de Belo Monte), a transposio do Rio So Francisco.A A.A.E. avalia todo o conjunto dos planos governamentais. Ex.: Vrias obras esto sendo realizadas, ao invs de analisar cada uma singularmente, analisado o impacto de todas essas obras conjuntamente. Ex.: Onde tem obras do PAC, est sendo feita avaliao ambiental.12. Princpio do controle do poluidor pelo poder pblicoO poder pblico deve exercer um controle sobre o poluidor.Art. 225, 1, V, CF.Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes. 1 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:V - controlar a produo, a comercializao e o emprego de tcnicas, mtodos e substncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

possvel controlar a produo, p. ex., de agrotxicos, energia nuclear...Controle do emprego de tcnicas: Ex.: a Lei 11.105/05 (Lei de Biossegurana) trata das atividades que envolvem OGMs (organismos geneticamente modificados); pesquisas com clulas-tronco...Exemplos de controle: - Poder de polcia ambiental;Poder de Polcia ambiental: segue a mesma sistemtica do poder de polcia administrativo (art. 78, CTN).- Licenciamento ambiental;- Auditorias florestais.13. Princpio da cooperaoCooperar agir conjuntamente.Boa parte da doutrina utiliza a seguinte nomenclatura: princpio da cooperao entre os povos.Os danos ambientais hoje so transnacionais, transfronteirios. As atividades desenvolvidas no Brasil podem prejudicar os pases vizinhos.Deve haver uma cooperao entre os povos para lidar com os danos ambientais.Princpios 2, 5 e 7, da Declarao do Rio.Lei 9.605/98, art. 77: exemplo de cooperao internacional.Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes, o Governo brasileiro prestar, no que concerne ao meio ambiente, a necessria cooperao a outro pas, sem qualquer nus, quando solicitado para:I - produo de prova;II - exame de objetos e lugares;III - informaes sobre pessoas e coisas;IV - presena temporria da pessoa presa, cujas declaraes tenham relevncia para a deciso de uma causa;V - outras formas de assistncia permitidas pela legislao em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.

Efeito sinrgico: a soma, potencializa os danos ambientais.14. Princpio da proibio do retrocesso ecolgico Proibio da retrogradao socioambiental; Canotilho: uma espcie de clusula rebus sic stantibus.No podemos retroceder no nvel de proteo ambiental que temos hoje. uma garantia contra o legislador. No pode haver nveis inferiores de proteo em relao aos direitos j realizados, efetivados. O ncleo de direitos sociais deve ser protegido de retrocessos na legislao.Ex.: Novo Cdigo Florestal; Cdigo Florestal de Santa Catarina (so alvos de ADI).A proteo ambiental no s para ns, mas tambm para as geraes futuras. Clusula rebus sic stantibus: a no ser que a situao se altere significativamente, eu no posso retroceder. Situaes excepcionais que podem flexibilizar: situaes de calamidade, estado de stio ou estado de emergncia grave.15. Princpio do progresso ecolgico Clusula de progressividade ou dever de progressiva realizao..Art. 2, pargrafo I do Pacto Internacional de Direitos Econmicos, Sociais e Culturais (PIDESC).O dever de progressiva realizao melhorar, ampliar a legislao ambiental, para melhorar a proteo ambiental.Quem adota o Pacto tem o dever de progressiva realizao.J se fala em mnimo existencial ecolgico ou socioambiental.

CONSTITUIO FEDERAL E MEIO AMBIENTE1. Conceito legal de meio ambienteConceito legal de meio ambiente (art. 3, I, Lei 6.938/81 - Lei da Poltica Nacional do Meio Ambiente): conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica e biolgica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.Esse conceito traz elementos:a) Biticos: tudo o que tem vida. fauna; flora.b) Abiticos: ar; atmosfera.O conceito legal amplo e aborda todas as formas de vida. Alm disso, aborda elementos abiticos.Palavras que aparecem em concursos:- Biota: seres vivos em determinado local. - Bitopo: lugar;- Biocenose: seres vivos.2. Classificao de meio ambiente2.1. Meio ambiente natural (art. 225, CF)- elementos bitipos;- elementos abitipos. a fauna e a flora.2.2. Meio ambiente cultural (arts. 225 e 226, CF) o patrimnio cultural brasileiro.- Bens materiais (ex.: cidades histricas);- Bens imateriais: patrimnio incorpreo, no fsico.Ex.: Danas (capoeira, frevo...); comidas.Formas de proteo do patrimnio cultural (art. 216, 1, CF):- Tombamento;- Registro;OBS.: O registro a forma de proteo ao patrimnio cultural imaterial (ex.: samba, frevo).- Inventrio;OBS. 2: Inventrio tanto para bens materiais, como imateriais. Inventariar relacionar os bens que guarnecem determinado local.- Vigilncia;Vigilncia = fiscalizao.Ex.: H uma obra tombada. Para evitar que o imvel seja descaracterizado, o poder pblico tem de exercer a vigilncia.Dec.-lei 25/37, art. 20: consta a vigilncia.- Desapropriao;Ex.: o imvel to relevante que ser desapropriado para integrar os bens da Administrao Pblica.Cuidado: Retrocesso no uma forma de proteo do patrimnio cultural, um instituto jurdico do Direito Administrativo.- Outras formas de acautelamento e preservao.Art. 216, CF:Art. 216. Constituem patrimnio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referncia identidade, ao, memria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expresso;II - os modos de criar, fazer e viver;III - as criaes cientficas, artsticas e tecnolgicas;IV - as obras, objetos, documentos, edificaes e demais espaos destinados s manifestaes artstico-culturais;V - os conjuntos urbanos e stios de valor histrico, paisagstico, artstico, arqueolgico, paleontolgico, ecolgico e cientfico.

2.3. Meio ambiente artificial (art. 182, CF);So os espaos abertos e fechados.Alguns doutrinadores denominam de ambiente construdo.H uma interveno antrpica, interveno humana.- Espaos abertos: ruas, praas, parques, reas verdes...- Espaos fechados: edificaes, construes.Lei 6.766/79 (Lei de parcelamento do solo): conceito de equipamentos urbanos (art. 5, nico) e comunitrios (art. 4, 2): equipamentos comunitrios: de sade, educao, lazer equipamentos urbanos: energia eltrica, gua, esgoto, telefonia.Cuidado: a edificao meio ambiente artificial, mas se ganhar uma qualificao especial, pode se transformar em ambiente cultural.Art. 216, IV e V, CF:Art. 216. Constituem patrimnio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referncia identidade, ao, memria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:IV - as obras, objetos, documentos, edificaes e demais espaos destinados s manifestaes artstico-culturais;V - os conjuntos urbanos e stios de valor histrico, paisagstico, artstico, arqueolgico, paleontolgico, ecolgico e cientfico.

2.4. Meio ambiente do trabalho (art. 200, VIII, CF)Preocupa-se com a sade e a segurana do trabalhador.O SUS deve, entre outras atribuies, colaborar com a proteo do meio ambiente do trabalho.REsp 725.257/MG.Art. 200, VIII, CF:Art. 200. Ao sistema nico de sade compete, alm de outras atribuies, nos termos da lei:VIII - colaborar na proteo do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

3. Anlise do art. 225 da CF- norma-matriz (caput);Art. 225- instrumentos de garantia de efetividade da norma-matriz ( 1);- determinaes particulares (normas especficas).3.1. Norma-matriz (caput) o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. A CF/88 a primeira Constituio a tratar das questes ambientais, ela dedica um Captulo ao meio ambiente.Art. 225, CF:Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.

TodosSignifica os brasileiros e os estrangeiros residentes no pas. Contudo, a doutrina diz que, alm dos brasileiros e estrangeiros residentes, preciso incluir as futuras geraes.Concepes ticas de meio ambiente:- Antropocentrismo o homem no centro de todas as relaes jurdicas. O homem a medida de todas as coisas. Toda a proteo ambiental para o homem. Estabelece deveres morais positivos e negativos, tendo em vista os seres humanos, colocados no centro e acima dos outros seres vivos.No antropocentrismo tradicional, no se reconhece valor intrnseco aos outros seres vivos.- BiocentrismoColoca no centro os seres vivos. Todas as formas de vida so igualmente importantes. integrador.Se reconhece valor intrnseco a outras formas de vida.O art. 225 da CF de leitura antropocntrica.Em que pese o art. 225 ser antropocntrico, h manifestaes biocntricas no prprio art. 225.O 1 traz as obrigaes do poder pblico nas questes ambientais:Art. 225, 1, VII, CF:Art. 225, 1 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prticas que coloquem em risco sua funo ecolgica, provoquem a extino de espcies ou submetam os animais a crueldade.

Exemplos: - Rinha de galo considerada inconstitucional.- O STF tambm j julgou que a farra do boi uma prtica inconstitucional (no confronto entre direitos culturais e a proteo ao meio ambiente, prevalece a proteo contra os maus tratos a animais).- Pescas com explosivos tambm so vedadas.- Os rodeios tm uma regulamentao prpria.O conceito legal de meio ambiente (art. 3, I, Lei 6.938/81) biocntrico:Art. 3 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica e biolgica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

Decreto 4.339/02: traz a Poltica Nacional da Biodiversidade.2.A Poltica Nacional da Biodiversidade reger-se- pelos seguintes princpios:I-a diversidade biolgica tem valor intrnseco, merecendo respeito independentemente de seu valor para o homem ou potencial para uso humano;

- Ecocentrismo (Ecologia profunda)Ao invs de s os animais, toda a ecologia, todo o meio ambiente no centro.H os que dizem que o Planeta Terra, chamado de Gaia, um ser vivo e tudo est interligado.Cuidado: s vezes o examinar utiliza como sinnimos biocentrismo e ecocentrismo.Hoje, h uma nova concepo de antropocentrismo, que chamamos de antropocentrismo alargado: considera no s o homem, mas tambm os seres vivos. Todos tm direitoCria um direito subjetivo oponvel erga omnes. Cria um direito no s em face do Estado, mas tambm em face de outros particulares. Ex.: O seu vizinho est poluindo. Bem de uso comum do povoCuidado: no no sentido da conceituao do art. 99 do CC.Se fosse conforme o CC, esse bem seria da Unio, Estados, DF e Municpios. No entanto, o Estado um gestor do meio ambiente, no proprietrio.A natureza jurdica do meio ambiente difusa. Trata-se de direito indisponvel, patrimnio de todos.Embora o Estado no seja dono, seja gestor do meio ambiente, se na prova aparece o meio ambiente um patrimnio pblico, est correto, no no sentido da disponibilidade, tendo em vista o uso coletivo.Art. 2, I, Lei 6.938:Art. 2 - A Poltica Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservao, melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia vida, visando assegurar, no Pas, condies ao desenvolvimento socioeconmico, aos interesses da segurana nacional e proteo da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princpios: I - ao governamental na manuteno do equilbrio ecolgico, considerando o meio ambiente como um patrimnio pblico a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

O bem ambiental pode ser dividido em:- Macrobem: meio ambiente em sentido amplo; incorpreo; imaterial; inaproprivel; indivisvel; etc.- Microbens: constituem a parte corprea do meio ambiente (fauna, flora, guas). como se os microbens fossem o corpo do meio ambiente e o macrobem a alma do meio ambiente.A tutela ambiental pode ser do macrobem ou dos microbens ambientais. Sadia qualidade de vidaS h sadia vida quando h um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Poder PblicoSo as trs funes (Executivo, Legislativo e Judicirio).Cabe ao Poder Pblico garantir a incolumidade do meio ambiente (a obrigao de no poluir, de no degradar, de no fazer intervenes que coloquem em risco o meio ambiente). ColetividadeDeve 1) Cumprir a legislao ambiental; e 2) Cobrar do Estado o cumprimento. Presentes e futuras geraesSujeito de direito indeterminado, ainda no nasceu, mas j h essa tutela.3.2. Instrumentos de garantia de efetividade da norma-matriz ( 1)Art. 225, 1, CF:Art. 225, 1 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:I - preservar e restaurar os processos ecolgicos essenciais e prover o manejo ecolgico das espcies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimnio gentico do Pas e fiscalizar as entidades dedicadas pesquisa e manipulao de material gentico;III - definir, em todas as unidades da Federao, espaos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alterao e a supresso permitidas somente atravs de lei, vedada qualquer utilizao que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteo;IV - exigir, na forma da lei, para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio ambiente, estudo prvio de impacto ambiental, a que se dar publicidade;V - controlar a produo, a comercializao e o emprego de tcnicas, mtodos e substncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente;VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prticas que coloquem em risco sua funo ecolgica, provoquem a extino de espcies ou submetam os animais a crueldade.

Inciso I: Processos ecolgicos essenciais: so aqueles que garantem o funcionamento dos ecossistemas e contribuem para a salubridade e higidez do meio ambiente.Processos ecolgicos essenciais: garantir a proteo dos processos vitais que tornam possveis as inter-relaes entre os seres vivos e o meio ambiente. (Heline Sivine).So essenciais para a manuteno da vida.Manejo ecolgico: manejo a interveno humana no meio ambiente. fazer as intervenes adequadas no meio ambiente, para garantir as espcies, garantir os ecossistemas...Inciso II:Biodiversidade: a variedade de seres que compe a vida na Terra.Patrimnio gentico: o conjunto de seres que habitam o planeta, incluindo os seres humanos, os animais, os vegetais e os micro-organismos (Lus Paulo Sirvinskas).O Estado deve fiscalizar as empresas que manipulam material gentico.Inciso III:Espaos territoriais especialmente protegidos:a) Unidades de conservao (Lei 9.985/00) sentido estritob) reas de preservao permanente - APP (Lei 12.651/12);c) Reserva legal (Lei 12.651/12); latod) Servido ambiental (art. 9-A, Lei 6.938/81);sensue) Tombamento ambiental.Quando falvamos em espaos territoriais especialmente protegidos, estvamos falando basicamente das unidades de conservao. A partir da ADI 3.540, o STF ampliou o rol e colocou tambm as APPs como espaos territoriais especialmente protegidos.Espaos territoriais em sentido estrito: unidades de Inciso IV:Quando a obra causa degradao ambiental, necessrio o EIA-RIMA.Inciso VI: preciso promover a educao ambiental e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente.3.3. Determinaes particulares ( 2 ao 6)Art. 225, 2, CF:Art. 225, 2 - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com soluo tcnica exigida pelo rgo pblico competente, na forma da lei.

H o reconhecimento constitucional de que a minerao causa degradao ambiental. Aquele que explorar obrigado a recuperar a rea degradada.Art. 225, 3, CF: trplice responsabilidade em matria ambiental (civil, administrativa e penal).Art. 225, 3 - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados.

Art. 225, 4, CF: trata das macrorregies.Art. 225, 4 - A Floresta Amaznica brasileira, a Mata Atlntica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira so patrimnio nacional, e sua utilizao far-se-, na forma da lei, dentro de condies que assegurem a preservao do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

Esses cinco biomas so considerados patrimnio nacional. Isso significa a importncia, a relevncia desses biomas.Cuidado: o fato de ser patrimnio nacional no tem nenhuma relao com a titularidade dos bens! No significa que os bens nessas macrorregies so da Unio.Cuidado: nas provas o examinador costuma inserir outros biomas, como cerrado, caatinga.Lei 11.428/06: Lei da Mata Atlntica.Art. 225, 5, CF:Art. 225, 5 - So indisponveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por aes discriminatrias, necessrias proteo dos ecossistemas naturais.

Art. 225, 6, CF:Art. 225: 6 - As usinas que operem com reator nuclear devero ter sua localizao definida em lei federal, sem o que no podero ser instaladas.

OBS.: A simples lei federal no basta, precisa de licenciamento.Ex.: Usina de Angra.10/10/12Aula 034. Competncias constitucionais em matria ambientalArts. 21 a 25, bem como art. 30, CF.4.1. Competncia administrativa (art. 23, CF)Competncia comum. tambm chamada de competncia material ou executria/executiva.A competncia administrativa do art. 23 da CF trata-se do poder de polcia ambiental, de fiscalizao, de licenciamento ambiental.Essa competncia comum entre todos os entes federativos: Unio, Estados, DF e Municpios.O poder de polcia ambiental tem a mesma concepo do poder de polcia no Direito Administrativo (art. 78 do CTN).Art. 23, III, VI, VII e XII, CF:Art. 23. competncia comum da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios:I - zelar pela guarda da Constituio, das leis e das instituies democrticas e conservar o patrimnio pblico;II - cuidar da sade e assistncia pblica, da proteo e garantia das pessoas portadoras de deficincia;III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histrico, artstico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notveis e os stios arqueolgicos; IV - impedir a evaso, a destruio e a descaracterizao de obras de arte e de outros bens de valor histrico, artstico ou cultural;V - proporcionar os meios de acesso cultura, educao e cincia;VI - proteger o meio ambiente e combater a poluio em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;VIII - fomentar a produo agropecuria e organizar o abastecimento alimentar;IX - promover programas de construo de moradias e a melhoria das condies habitacionais e de saneamento bsico;X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizao, promovendo a integrao social dos setores desfavorecidos;XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concesses de direitos de pesquisa e explorao de recursos hdricos e minerais em seus territrios;XII - estabelecer e implantar poltica de educao para a segurana do trnsito.Pargrafo nico. Leis complementares fixaro normas para a cooperao entre a Unio e os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, tendo em vista o equilbrio do desenvolvimento e do bem-estar em mbito nacional. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 53, de 2006)

O pargrafo nico prev a edio de leis complementares para regular a cooperao e evitar a sobreposio de um ente sobre outro, afinal de contas a competncia comum: todos podem fiscalizar, todos podem exercer o poder de polcia.A LC 140/11*, de dezembro de 2011, regulamentou o art. 23, incisos III, VI, VII e o pargrafo nico da CF. * Algo a ser estudado em detalhes.Essa LC vai dizer quais so as atribuies da Unio, dos Estados, do DF e dos Municpios no que se refere ao licenciamento ambiental e s aes administrativas.Se a competncia comum, no pode ocorrer a sobreposio dos rgos ambientais. Ex.: Est tendo um Congresso sobre meio ambiente, h um fiscal do IBAMA (rgo federal) que constata que algum est ateando fogo e lavra um auto de infrao. Passados alguns minutos, um fiscal do rgo estadual constata a mesma coisa e lavra um auto de infrao, aplicando outra multa. Horas depois aparece um fiscal do rgo municipal, lavra outro auto de infrao e aplica outra multa. possvel isso? Sim, tecnicamente isso pode acontecer, pois a competncia administrativa comum: cada rgo ambiental (federal, estadual e ambiental) pode lavrar auto de infrao. E o non bis idem?Art. 76 da Lei 9.605/98:Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municpios, Distrito Federal ou Territrios substitui a multa federal na mesma hiptese de incidncia.

No caso da lavratura de dois autos de infrao, se voc paga a multa aplicada pelo rgo estadual, substitui a multa aplicada pelo rgo federal na mesma hiptese de incidncia.Para o Prof. Fabiano, esse art. 76 no mais aplicvel.Desde 8 de dezembro de 2011 ns temos uma nova sistemtica. Com a LC 140/11, agora temos essa definio de competncias.Pela LC 140, quem licencia uma obra, atividade ou empreendimento deve fiscalizar. Ex.: Se a obra foi licenciada pelo Estado do Paran, quem deve fiscalizar o Estado do Paran.Ex.: Uma obra foi licenciada pelo Estado do Rio Grande do Sul. Quem deve fiscalizar o Estado do Rio Grande do Sul. Ocorre que est na iminncia de ocorrer um dano ambiental. O fiscal do rgo federal constata que est ocorrendo um dano ambiental. Ele pode lavrar um auto de infrao suspendendo o dano? Sim, a competncia comum. Em que pese a obra ter sido licenciada pelo rgo estadual, nada impede que o rgo federal ou municipal faa cessar a degradao ambiental, mas ele deve comunicar imediatamente o rgo estadual, que tem a competncia. Se o fiscal do rgo estadual confirma a degradao e igualmente lavra o auto de infrao, qual auto prevalece? Prevalece o auto de infrao de quem tem a competncia para licenciar (nesse exemplo, o rgo ambiental estadual).Art. 17, LC 140/11:Art. 17. Compete ao rgo responsvel pelo licenciamento ou autorizao, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infrao ambiental e instaurar processo administrativo para a apurao de infraes legislao ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada. 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infrao ambiental decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir representao ao rgo a que se refere o caput, para efeito do exerccio de seu poder de polcia. 2o Nos casos de iminncia ou ocorrncia de degradao da qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato dever determinar medidas para evit-la, fazer cess-la ou mitig-la, comunicando imediatamente ao rgo competente para as providncias cabveis. 3o O disposto no caput deste artigo no impede o exerccio pelos entes federativos da atribuio comum de fiscalizao da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislao ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infrao ambiental lavrado por rgo que detenha a atribuio de licenciamento ou autorizao a que se refere o caput.

Art. 17, caput: Significa que quem licencia, fiscaliza. 3: prevalece o auto de infrao ambiental lavrado por rgo que detenha a atribuio de licenciamento.O professor entende que o art. 76 da Lei 9.605/98 estaria revogado pela LC 140.Federao: competncia comum: proteo do patrimnio comum, includo o dos stios de valor arqueolgico (CF, arts. 23, III, e 216, V): encargo que no comporta demisso unilateral. Lei estadual 11.380, de 1999, do Estado do Rio Grande do Sul, confere aos Municpios em que se localizam a proteo, a guarda e a responsabilidade pelos stios arqueolgicos e seus acervos, no Estado, o que vale por excluir, a propsito de tais bens do patrimnio cultural brasileiro (CF, art. 216, V), o dever de proteo e guarda e a consequente responsabilidade no apenas do Estado, mas tambm da prpria Unio, includas na competncia comum dos entes da Federao, que substantiva incumbncia de natureza qualificadamente irrenuncivel. A incluso de determinada funo administrativa no mbito da competncia comum no impe que cada tarefa compreendida no seu domnio, por menos expressiva que seja, haja de ser objeto de aes simultneas das trs entidades federativas: donde, a previso, no pargrafo nico do art. 23, CF, de lei complementar que fixe normas de cooperao (v. sobre monumentos arqueolgicos e pr-histricos, a Lei 3.924/1961), cuja edio, porm, da competncia da Unio e, de qualquer modo, no abrange o poder de demitirem-se a Unio ou os Estados dos encargos constitucionais de proteo dos bens de valor arqueolgico para descarreg-los ilimitadamente sobre os Municpios." (ADI 2.544, Rel. Min. Seplveda Pertence, j. 28-6-2006, Plenrio, DJ de 17-11-2006).4.2. Competncia legislativa (art. 24, CF)Competncia concorrente. concorrente entre a Unio, Estados e DF (os Municpios no esto mencionados no art. 24 da CF). tambm chamada de competncia legiferante ou competncia formal. Tem competncia legislativa pelo art. 24 da CF a Unio, os Estados e o DF.R.: Certo. Tem competncia legislativa em matria ambiental a Unio, os Estados, o DF e os Municpios.R.: Certo.Cuidado: Se a questo no fizer meno ao art. 24, devemos incluir o Municpio, pois ele tem competncia legislativa pelo art. 30, II, CF.Art. 30. Compete aos Municpios:II - suplementar a legislao federal e a estadual no que couber;

Art. 24, CF:Art. 24. Compete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:I - direito tributrio, financeiro, penitencirio, econmico e urbanstico;II - oramento; III - juntas comerciais;IV - custas dos servios forenses;V - produo e consumo;VI - florestas, caa, pesca, fauna, conservao da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteo do meio ambiente e controle da poluio;VII - proteo ao patrimnio histrico, cultural, artstico, turstico e paisagstico;VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico;IX - educao, cultura, ensino e desporto;X - criao, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;XI - procedimentos em matria processual;XII - previdncia social, proteo e defesa da sade;XIII - assistncia jurdica e Defensoria pblica;XIV - proteo e integrao social das pessoas portadoras de deficincia;XV - proteo infncia e juventude;XVI - organizao, garantias, direitos e deveres das polcias civis.

- Cabe Unio editar as normas gerais;Isso significa que a Unio tem o papel de uniformizar, de padronizar, coordenar a legislao.A norma geral traz os princpios gerais. Uma norma geral no pode detalhar, pormenorizar.- Estados: normas suplementares;Vo suplementar a norma geral, detalhar.Pode ocorre a hiptese de a Unio no editar as normas gerais. OS Estados passam a ter competncia legislativa plena, para atender s suas peculiaridades.Uma vez editada uma norma estadual exercendo a competncia legislativa plena, pode acontecer de a Unio editar a norma geral. Esta suspende a eficcia da lei estadual, no que lhe for contrrio (no h revogao).Art. 24, 3 - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercero a competncia legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 4 - A supervenincia de lei federal sobre normas gerais suspende a eficcia da lei estadual, no que lhe for contrrio.

Confronto entre lei estadual e lei federal uma das mais complexas questes no Direito hoje.O STF tem vrios critrios interpretativos:- Prevalncia da norma federal;- Prevalncia da norma mais favorvel ao meio ambiente (ADI 3.937).A Lei 9.055/95 (lei federal) permite o amianto no pas.O Estado do MS criou uma lei proibindo o uso do amianto.O STF decidiu que a lei do MS inconstitucional. Portanto, prevaleceu a lei federal, pois isso competncia da Unio.Em 2007, o Estado de So Paulo editou a Lei 12.684/07, proibindo o uso do amianto no Estado de So Paulo.A ADI 3.937, contra a lei estadual, chegou ao STF. A petio inicial fazia remisso ao caso do Estado do Mato Grosso do Sul. Teve uma medida cautelar, que foi julgada em 2008, e, destoando do entendimento anterior, o STF, por 7 votos a 3, manteve a lei paulista, dizendo que est em maior conformidade com a CF do que a lei federal, j que ela fala no s da questo do meio ambiente, mas tambm da sade dos trabalhadores (o amianto altamente cancergeno):Acontece que esse caso me parece peculiar, e muito peculiar se o superlativo for admitido eu diria peculiarssimo , porque a lei federal faz remisso Conveno da Organizao Internacional do Trabalho (OIT) 162, art. 3, que, por versar tema que no Brasil tido como de direito fundamental (sade), tem o status de norma supralegal. Estaria, portanto, acima da prpria lei federal que dispe sobre a comercializao, produo, transporte, etc., do amianto. (...) De maneira que, retomando o discurso do Min. Joaquim Barbosa, a norma estadual, no caso, cumpre muito mais a CF nesse plano da proteo sade ou de evitar riscos sade humana, sade da populao em geral, dos trabalhadores em particular e do meio ambiente. A legislao estadual est muito mais prxima dos desgnios constitucionais, e, portanto, realiza melhor esse sumo princpio da eficacidade mxima da Constituio em matria de direitos fundamentais, e muito mais prxima da OIT, tambm, do que a legislao federal. Ento, parece-me um caso muito interessante de contraposio de norma suplementar com a norma geral, levando-nos a reconhecer a superioridade da norma suplementar sobre a norma geral. E, como estamos em sede de cautelar, h dois princpios que desaconselham o referendum cautelar: o princpio da precauo, que busca evitar riscos ou danos sade e ao meio ambiente para geraes presentes; e o princpio da preveno, que tem a mesma finalidade para geraes futuras. Nesse caso, portanto, o periculum in mora invertido e a plausibilidade do direito tambm contraindica o referendum a cautelar. Senhor Presidente, portanto, pedindo todas as vnias, acompanho a dissidncia e tambm no referendo a cautelar (ADI 3.937-MC, Rel. Min. Marco Aurlio, voto do Min. Ayres Britto, j. 4-6-2008, Plenrio, DJE de 10-10-2008).H uma Conveno da OIT (Conveno 162) da qual o Brasil signatrio que diz que deve-se eliminar os riscos no ambiente de trabalho. Segundo o Min. Joaquim Barbosa, a Conveno tem o status de norma supralegal.Esse entendimento absolutamente revolucionrio.A ADI 3.937 adotou a prevalncia da norma mais favorvel ao meio ambiente (a maioria defende a prevalncia da norma federal).OBS.: Nessa ADI, o mrito no foi julgado ainda.O que aconteceu que o Estado de SP comeou a por nas rodovias fiscais do trabalho para fiscalizar os caminhes e, se encontravam amianto, faziam a apreenso. Desse modo, os caminhes com amianto no podiam passar pelas rodovias paulistas.Isso deu origem ADPF 234 com a fundamentao de que So Paulo no podia impedir a passagem de caminhes, pois a competncia para regular o transporte interestadual e internacional compete Unio. Portanto, So Paulo estaria invadindo a competncia da Unio. A ADPF, liminarmente, conseguiu a suspenso da lei paulista no que se refere ao transporte. Pergunta de concurso (magistratura - fase oral): possvel uma norma estadual em sentido diverso lei federal se manter?Esse o nico caso.

SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente)Lei 6.938/81.O SISNAMA composto pelos seguintes rgos:- rgo superior: Conselho de Governo.- rgo consultivo e deliberativo: CONAMA.- rgo central: Ministrio do Meio Ambiente.- rgo executor: IBAMA.- rgo seccional: rgo ambiental estadual.- rgo local: rgo ambiental municipal.SISNAMA: so os rgos e os entes responsveis pela proteo da qualidade ambiental no Brasil. Cabe a eles a proteo, a fiscalizao da qualidade ambiental.Art. 6, Lei 6.938: Os rgos e entidades da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territrios e dos Municpios, bem como as fundaes institudas pelo Poder Pblico, responsveis pela proteo e melhoria da qualidade ambiental, constituiro o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: I - rgo superior: o Conselho de Governo, com a funo de assessorar o Presidente da Repblica na formulao da poltica nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais;II - rgo consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de polticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no mbito de sua competncia, sobre normas e padres compatveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial sadia qualidade de vida;III - rgo central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidncia da Repblica, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como rgo federal, a poltica nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;IV - rgo executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como rgo federal, a poltica e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;V - rgos Seccionais: os rgos ou entidades estaduais responsveis pela execuo de programas, projetos e pelo controle e fiscalizao de atividades capazes de provocar a degradao ambiental;VI - rgos Locais: os rgos ou entidades municipais, responsveis pelo controle e fiscalizao dessas atividades, nas suas respectivas jurisdies;

1. Conselho de GovernoTrata-se de rgo de assessoramento da Presidncia da Repblica. composto pelos Ministros de Estado (e aqueles Secretrios que tm status de Ministro).Tem como finalidade assessorar o Presidente da Repblica nas questes ambientais.2. CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente)Previso: art. 6, Lei 6.938/81 (Lei da Poltica Nacional do Meio Ambiente).O CONAMA tem duas funes, quais sejam: funo consultiva e funo deliberativa.Aspecto consultivo: consultivo do Conselho de Governo.O CONAMA assessora, estuda e prope medidas ao Conselho de Governo.Aspecto deliberativo: o CONAMA delibera, no seu mbito de competncia, sobre normas e padres compatveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial sadia qualidade de vida.O CONAMA, para deliberar sobre alguma coisa, vai deliberar por meio de uma Resoluo.Exemplos: Resoluo sobre licenciamento ambiental, sobre audincia pblica...Obs.: O STJ j decidiu que as Resolues do CONAMA so absolutamente legais e devem ser cumpridas (no extrapolam a funo regulamentar).3. Ministrio do Meio AmbienteArt. 6, III, Lei n. 6.938/81: consta Secretaria do Meio Ambiente da Presidncia da Repblica e no Ministrio do Meio Ambiente, mas a Secretaria foi extinta em 1992 e substituda pelo Ministrio do Meio Ambiente.Esse Ministrio tem como finalidade planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como rgo federal, a poltica nacional e as diretrizes governamentais para o meio ambiente.4. IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis) uma autarquia federal que executa a poltica ambiental.O IBAMA detm, por exemplo, o poder de polcia ambiental, licenciamento ambiental de obras com impacto nacional ou regional, dentre outros.Art. 6, Lei 6.938/81: como rgo executor, consta apenas o IBAMA. Art. 6, IV - rgo executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como rgo federal, a poltica e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;

No entanto, h outro rgo executor: ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade). tambm uma autarquia federal, criada em 2007. Cuida das unidades de conservao (Lei 9.985/2000) criadas no mbito federal.Cuidado: se na prova for pedido a Lei 6.938, a resposta IBAMA. Contudo, se no fizer meno Lei 6.938, voc pode inserir o Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade tambm como rgo executor.Art. 3, IV, Decreto 99.274/90: prev o Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade como rgo executor.Art. 3 O Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), constitudo pelos rgos e entidades da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios e pelas fundaes institudas pelo Poder Pblico, responsveis pela proteo e melhoria da qualidade ambiental, tem a seguinte estrutura: IV-rgos Executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes; (Redao dada pelo Decreto n 6.792, de 2009)

5. rgo ambiental estadualTem Estados que tm apenas um rgo ambiental, outros dividem as atribuies.6. rgo ambiental municipal o rgo do Municpio.

RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL1. Previso legal- Art. 225, 3, CF;- Art. 14, 1 e art. 3, IV, ambos da Lei 6.938/81.Art. 225, 3, CF: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados.Art. 14, 1, Lei 6.938/81: Sem obstar a aplicao das penalidades previstas neste artigo, o poluidor obrigado, independentemente da existncia de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministrio Pblico da Unio e dos Estados ter legitimidade para propor ao de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.Art. 3: Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: IV - poluidor, a pessoa fsica ou jurdica, de direito pblico ou privado, responsvel, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradao ambiental;

Temos pelo texto constitucional a trplice responsabilidade em matria ambiental: responsabilidade civil, responsabilidade administrativa e responsabilidade criminal (so esferas, em regra, independentes). O que nos interessa nesse momento a esfera civil.A essncia do Direito Ambiental preventiva: preveno agir antecipadamente. Contudo, ocorrendo o dano, surge a responsabilidade civil em matria ambiental.2. Dano ambiental2.1. ConceitoO conceito de dano ambiental no est previsto na lei, o nosso ordenamento jurdico no conceitua dano ambiental.Dois conceitos doutrinrios sobre dano ambiental: Dano ambiental deve ser compreendido como toda leso intolervel causada por qualquer ao humana (culposa ou no) ao meio ambiente, diretamente, como macro bem de interesse da coletividade, em uma concepo totalizante, e indiretamente a terceiros, tendo em vista interesses prprios e individualizveis e que refletem no macro bem (Jos Rubens Morato Leite).Obs.: O macro bem ambiental o bem difuso, o meio ambiente em sentido amplo. Mas o dano pode afetar tambm interesses individualizados.O dano ambiental possui, em regra, uma dupla face: abrange a natureza e o homem. Dano ambiental a leso aos recursos ambientais, com consequente degradao (alterao adversa) do equilbrio ecolgico e da qualidade de vida (Edis Milar).Embora no tenhamos conceito legal sobre dano ambiental, o legislador traz conceitos jurdicos de degradao ambiental e poluio.Art. 3, Lei 6.938/81:Art. 3 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: II - degradao da qualidade ambiental, a alterao adversa das caractersticas do meio ambiente;

Degradao pode ser causada por atividades antrpicas (humanas) ou no (eventos da natureza, como terremoto, erupo vulcnica).Art. 3: Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: III - poluio, a degradao da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a sade, a segurana e o bem-estar da populao; b) criem condies adversas s atividades sociais e econmicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condies estticas ou sanitrias do meio ambiente; e) lancem matrias ou energia em desacordo com os padres ambientais estabelecidos;

A atividade sempre praticada pelo homem que, direta ou indiretamente, vai afetar a sade, segurana e bem estar da populao (ex.: poluio sonora, poluio visual).Os conceitos doutrinrios de dano ambiental tm origem nesses conceitos legais de degradao da qualidade ambiental e poluio.2.2. Classificao de dano ambientalH duas principais classificaes:- Dano ambiental (em sentido amplo);- Dano ambiental individual (reflexo/em ricochete);* Alguns autores incluem o dano ecolgico.- Dano patrimonial- Dano extrapatrimonial (moral ambiental).a) Dano ambiental em sentido amploAtinge o bem difuso.Ex.: Um navio est chegando no Porto de Santos, trazendo substncias txicas. Esse navio tem um vazamento e contamina toda a fauna marinha. Se com esse derramamento a pesca foi proibida durante 90 dias, o pescador teve a sua atividade prejudicada, houve tambm um dano individual (afetou o pescador).OBS.: O dano ambiental afeta o meio ambiente ou o indivduo. No confundir com o dano ecolgico!Dano ecolgico: dano que afta os recursos naturais: gua, solo, fauna... (micro bens).b) Dano ambiental individual (ou reflexo)Ex.: A pessoa capta gua do rio para irrigar a sua plantao. No entanto, uma fbrica est jogando material txico no rio e est contaminando o rio. Se a pessoa depende da gua para a sua atividade econmica, est configurado o dano ambiental individual.Ex.: H dois anos tivemos no Golfo do Mxico o pior acidente ambiental, um vazamento de petrleo em todo o Golfo do Mxico. Esse vazamento chegou s cidades norte-americanas tursticas, que foram prejudicadas (dano ambiental individual).Dano ambiental individual afeta:1) uma atividade econmica;2) causa leses sade e integridade fsica das pessoas;Ex.: Uma fbrica joga substancias txicas na atmosfera, causando problemas respiratrios nas pessoas que moram naquele local.3) danos a seus bens.Desvalorizao de bens mveis e imveis.Ex.: Em uma cidade no interior de So Paulo houve contaminao do solo e o bairro todo foi contaminado. O proprietrio de um imvel desse bairro que quer vend-lo no conseguir um preo justo.c) Dano patrimonialTrata da perda ou deteriorao dos bens materiais da vtima. o dano material, o dano fsico.d) Dano extrapatrimonial a leso que configure uma diminuio na qualidade de vida da populao, afeta valores extrapatrimoniais (bem estar, qualidade de vida etc.).Ex.: Em Florianpolis h a praa da figueira centenria (smbolo da cidade). Determinado dia, um sujeito corta aquela figueira centenria. H um dano patrimonial (corte da rvore), alm de afetar a populao que mora naquele local, ou seja, dano extrapatrimonial.A doutrina divide o dano extrapatrimonial em:- subjetivo: o interesse afetado individual, reflete-se sobre pessoas;- objetivo: o bem afetado difuso, afeta toda a coletividade.Os Tribunais reconhecem a possibilidade de dano moral ambiental individual.A polmica est na possibilidade ou no de se configurar dano moral coletivo. Existe dano moral ambiental coletivo?No STJ, cada uma das Turmas tem uma leitura diferente para o dano moral coletivo ambiental.Leitura do STJ para o dano moral coletivo ambiental1 Turma: no admite o dano moral coletivo;A argumentao que dano moral est ligado dor psquica, ao sofrimento, que no so conceitos coletivos, so individuais. incompatvel a noo de dor psquica com a transindividualidade.2 Turma: admitiu indiretamente a possibilidade do dano moral coletivo ambiental;A discusso no era sobre dano ambiental, mas durante o julgamento o Min. Herman Benjamin reconheceu a possibilidade de dano moral coletivo ambiental.3 Turma: admite o dano moral coletivo nas relaes de consumo (em especial no que se refere s instituies bancrias).At o presente momento ns no temos uma deciso reconhecendo o dano moral coletivo ambiental. A expectativa que a 1 Turma possa rever o seu posicionamento.2.3. PoluidorArt. 3, IV, Lei da Poltica Nacional do Meio Ambiente.Poluidor a pessoa fsica ou jurdica de direito pblico ou privado responsvel direta ou indiretamente pela atividade causadora de degradao ambiental.Poluidor direto X poluidor indiretoO poluidor pode ser direto ou indireto.Poluidor direto aquele que causou o dano ambiental. O poluidor indireto no causou efetivamente o dano, mas contribuiu para a sua ocorrncia.Ex.: Instituio financeira que vai financiar um empreendimento. O banco poder estar no polo passivo de uma ao civil pblica, pois sem o dinheiro no haveria a obra e cabe a ele exigir garantias.Quando o poder pblico vai emprestar dinheiro, dar incentivos fiscais, ele tem exigncias a serem feitas ao empreendedor.Art. 12, Lei 6.938:Art. 12 - As entidades e rgos de financiamento e incentivos governamentais condicionaro a aprovao de projetos habilitados a esses benefcios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao cumprimento das normas, dos critrios e dos padres expedidos pelo CONAMA. Pargrafo nico - As entidades e rgos referidos no caput deste artigo devero fazer constar dos projetos a realizao de obras e aquisio de equipamentos destinados ao controle de degradao ambiental e melhoria da qualidade do meio ambiente.

Ex.: BNDES: empresta dinheiro pblico, mas deve cumprir as exigncias. O dinheiro pblico no pode causar problemas sade da populao.O Estado pode ser configurado como poluidor indireto.Ateno: entre poluidor direto e poluidor indireto h solidariedade.2.4. Reparao do dano ambientalH basicamente duas formas de reparao:- reparao in natura;- indenizao pecuniria.Ateno: elas no esto em p de igualdade.Primeiro deve ser feita a reparao in natura, a reparao do bem lesado.Se no for possvel reparar o bem lesado, haver a indenizao pecuniria (em dinheiro).A reparao ser SEMPRE integral.A ao civil de reparao de danos ambientais IMPRESCTIRVEL.Cuidado: quando se fala de crimes ambientais e infraes administrativas ambientais, h prescrio.A prescrio est ligada relevncia do bem (quanto mais relevante, maior o prazo da prescrio). O bem ambiental to importante, imprescindvel, que pela sua relevncia, pela sua essencialidade, a ao de reparao imprescritvel.Objeto de uma ao civil pblica (pedidos que podem ser formulados): art. 3 da Lei n. 7.347/85 (Lei da Ao Civil Pblica).Art. 3: A ao civil poder ter por objeto condenao em dinheiro ou o cumprimento de obrigao de fazer ou no fazer.

possvel a cumulao de pedidos em uma ao civil pblica?Em um caso de desmatamento em MG, o MP-MG ajuizou uma ao pedindo obrigao de fazer (recompor a rea desmatada) e uma reparao em dinheiro. Foi julgada procedente na 1 instncia. O TJ alegou que deveria ser um pedido OU outro (no pode cumular). Essa discusso chegou ao STJ.O STJ considerou que a conjuno ou deve ser entendida no sentido de adio. Em outras palavras, possvel sim cumular os pedidos em uma ao civil pblica. possvel a inverso do nus da prova em matria ambiental?O STJ tem dito que sim, com base no CDC (art. 6, VIII) e no princpio ambiental da precauo. muito difcil para cada um de ns fazer prova contra a empresa. Assim, o MP pode pedir que o empresrio demonstre que o seu empreendimento no coloca em risco a sade humana e o meio ambiente.17/10/12Aula 043. Teoria do risco

- busca e identificao da causa adequadaTeoria do risco criado - teoria da causalidade adequada - admite excludentesTeoria do risco - existncia da atividade equiparada causa do danoTeoria do risco integral - teoria da equivalncia das condies - no admite excludentes3.1. Teoria do risco criadoBusca a identificao da causa adequada, qual foi a causa que gerou o dano ambiental.H possibilidade de admitir causa excludente, como um fato externo, imprevisvel e irresistvel (ex.: um terremoto).3.2. Teoria do risco integralA simples existncia da atividade equiparada causa do dano.Ex.: Fabiano quer ter uma empresa prxima ao mar. No entanto, uma atividade txica. Certo dia cai um raio, rompe os containers e o material txico cai no mar, contaminando tudo. O simples fato de existir essa atividade causa do dano, pois se aquela empresa no existisse naquele local no teria ocorrido esse dano ambiental.Adota-se a teoria da equivalncia das condies: qualquer um que contribuiu pode ser responsabilizado.A noo de nexo de causalidade flexvel no Direito Ambiental.OBS.: O litisconsrcio facultativo.No admite excludente.STJ, REsp 1114398/PR:AO DE INDENIZAO - DANOS MATERIAIS E MORAIS A PESCADORES CAUSADOS POR POLUIO AMBIENTAL POR VAZAMENTO DE NAFTA, EM DECORRNCIA DE COLISO DO NAVIO N-T NORMA NO PORTO DE PARANAGU - 1) PROCESSOS DIVERSOS DECORRENTES DO MESMO FATO, POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO COMO RECURSO REPETITIVO DE TEMAS DESTACADOS PELO PRESIDENTE DO TRIBUNAL, CONVENINCIA DE FORNECIMENTO DE ORIENTAO JURISPRUDENCIAL UNIFORME SOBRE CONSEQUNCIAS JURDICAS DO FATO, QUANTO A MATRIAS REPETITIVAS; 2) TEMAS: a) CERCEAMENTO DE DEFESA INEXISTENTE NO JULGAMENTO ANTECIPADO, ANTE OS ELEMENTOS DOCUMENTAIS SUFICIENTES; b) LEGITIMIDADE DE PARTE DA PROPRIETRIA DO NAVIO TRANSPORTADOR DE CARGA PERIGOSA, DEVIDO A RESPONSABILIDADE OBJETIVA. PRINCPIO DO POLUIDOR-PAGADOR; c) INADMISSVEL A EXCLUSO DE RESPONSABILIDADE POR FATO DE TERCEIRO; d) DANOS MORAL E MATERIAL CARACTERIZADOS; e) JUROS MORATRIOS: INCIDNCIA A PARTIR DA DATA DO EVENTO DANOSO - SMULA 54/STJ; f) SUCUMBNCIA. 3) IMPROVIMENTO DO RECURSO, COM OBSERVAO.1 - admissvel, no sistema dos Recursos Repetitivos (CPC, art. 543-C e Resoluo STJ 08/08) definir, para vtimas do mesmo fato, em condies idnticas, teses jurdicas uniformes para as mesmas consequncias jurdicas.2 - Teses firmadas: a) No cerceamento de defesa ao julgamento antecipado da lide.- No configura cerceamento de defesa o julgamento antecipado da lide (CPC, art. 330, I e II) de processo de ao de indenizao por danos materiais e morais, movida por pescador profissional artesanal contra a Petrobrs, decorrente de impossibilidade de exerccio da profisso, em virtude de poluio ambiental causada por derramamento de nafta devido a avaria do Navio "N-T Norma", a 18.10.2001, no Porto de Paranagu, pelo perodo em que suspensa a pesca pelo IBAMA (da data do fato at 14.11.2001); b) Legitimidade ativa ad causam.- parte legtima para ao de indenizao supra referida o pescador profissional artesanal, com incio de atividade profissional registrada no Departamento de Pesca e Aquicultura do Ministrio da Agricultura, e do Abastecimento anteriormente ao fato, ainda que a emisso da carteira de pescador profissional tenha ocorrido posteriormente, no havendo a r alegado e provado falsidade dos dados constantes do registro e provado haver recebido ateno do poder pblico devido a consequncias profissionais do acidente; c) Inviabilidade de alegao de culpa exclusiva de terceiro, ante a responsabilidade objetiva. A alegao de culpa exclusiva de terceiro pelo acidente em causa, como excludente de responsabilidade, deve ser afastada, ante a incidncia da teoria do risco integral e da responsabilidade objetiva nsita ao dano ambiental (art. 225, 3, da CF e do art. 14, 1, da Lei n 6.938/81), responsabilizando o degradador em decorrncia do princpio do poluidor-pagador. d) Configurao de dano moral.- Patente o sofrimento intenso de pescador profissional artesanal, causado pela privao das condies de trabalho, em consequncia do dano ambiental, tambm devida a indenizao por dano moral, fixada, por equidade, em valor equivalente a um salrio-mnimo. e) termo inicial de incidncia dos juros moratrios na data do evento danoso.- Nos termos da Smula 54/STJ, os juros moratrios incidem a partir da data do fato, no tocante aos valores devidos a ttulo de dano material e moral; f) nus da sucumbncia.- Prevalecendo os termos da Smula 326/STJ, a condenao em montante inferior ao postulado na inicial no afasta a sucumbncia mnima, de modo que no se redistribuem os nus da sucumbncia.3 - Recurso Especial improvido, com observao de que julgamento das teses ora firmadas visa a equalizar especificamente o julgamento das aes de indenizao efetivamente movidas diante do acidente ocorrido com o Navio N-T Norma, no Porto de Paranagu, no dia 18.10.2001, mas, naquilo que encerram teses gerais, aplicveis a consequncias de danos ambientais causados em outros acidentes semelhantes, sero, como natural, evidentemente considerados nos julgamentos a se realizarem (REsp 1114398/PR, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, SEGUNDA SEO, j. 08/02/2012, DJe 16/02/2012).

Cuidado: alguns Tribunais de Justia mitigam a teoria do risco integral.Os grandes doutrinadores defendem a teoria do risco integral, a teoria dominante.OBS.: A lei de resduos slidos defende o risco criado.3.3. Responsabilidade civil do Estado (art. 37, 6, CF e art. 3, IV, Lei 6.938/81)Art. 37, 6, CF - As pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privado prestadoras de servios pblicos respondero pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsvel nos casos de dolo ou culpa.Art. 3 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: IV - poluidor, a pessoa fsica ou jurdica, de direito pblico ou privado, responsvel, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradao ambiental;

Quando o Estado o causador do dano ambiental, a responsabilidade objetiva. H discusso no caso do dano ambiental oriundo de omisso do poder pblico no exerccio do poder de polcia.1 corrente: responsabilidade objetiva.2 corrente: responsabilidade subjetiva.At 2010 essa discusso era meramente doutrinria, pois o STJ sempre decidiu que a responsabilidade do Estado por omisso no exerccio do poder de polcia, na fiscalizao, era subjetiva.A posio majoritria entende que, nesse caso, a responsabilidade ser subjetiva.Contudo, em 2010, em um julgado do Min. Herman Benjamin, REsp 1071741, o STJ decidiu que mesmo em se tratando de omisso, a responsabilidade objetiva quando se trata de dano ambiental.REsp 1071741/SP:AMBIENTAL. UNIDADE DE CONSERVAO DE PROTEO INTEGRAL (LEI 9.985/00). OCUPAO E CONSTRUO ILEGAL POR PARTICULAR NO PARQUE ESTADUAL DE JACUPIRANGA. TURBAO E ESBULHO DE BEM PBLICO. DEVER-PODER DE CONTROLE E FISCALIZAO AMBIENTAL DO ESTADO. OMISSO. ART. 70, 1, DA LEI 9.605/1998. DESFORO IMEDIATO. ART. 1.210, 1, DO CDIGO CIVIL. ARTIGOS 2, I E V, 3, IV, 6 E 14, 1, DA LEI 6.938/1981 (LEI DA POLTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE). CONCEITO DE POLUIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DE NATUREZA SOLIDRIA, OBJETIVA, ILIMITADA E DE EXECUO SUBSIDIRIA. LITISCONSRCIO FACULTATIVO. 1. J no se duvida, sobretudo luz da Constituio Federal de 1988, que ao Estado a ordem jurdica abona, mais na frmula de dever do que de direito ou faculdade, a funo de implementar a letra e o esprito das determinaes legais, inclusive contra si prprio ou interesses imediatos ou pessoais do Administrador. Seria mesmo um despropsito que o ordenamento constrangesse os particulares a cumprir a lei e atribusse ao servidor a possibilidade, conforme a convenincia ou oportunidade do momento, de por ela zelar ou abandon-la prpria sorte, de nela se inspirar ou, frontal ou indiretamente, contradiz-la, de buscar realizar as suas finalidades pblicas ou ignor-las em prol de interesses outros.2. Na sua misso de proteger o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras geraes, como patrono que da preservao e restaurao dos processos ecolgicos essenciais, incumbe ao Estado definir, em todas as unidades da Federao, espaos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alterao e a supresso permitidas somente atravs de lei, vedada qualquer utilizao que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteo (Constituio Federal, art. 225, 1, III).3. A criao de Unidades de Conservao no um fim em si mesmo, vinculada que se encontra a claros objetivos constitucionais e legais de proteo da Natureza. Por isso, em nada resolve, freia ou mitiga a crise da biodiversidade diretamente associada insustentvel e veloz destruio de habitat natural , se no vier acompanhada do compromisso estatal de, sincera e eficazmente, zelar pela sua integridade fsico-ecolgica e providenciar os meios para sua gesto tcnica, transparente e democrtica. A ser diferente, nada alm de um sistema de reas protegidas de papel ou de fachada existir, espaos de ningum, onde a omisso das autoridades compreendida pelos degradadores de planto como autorizao implcita para o desmatamento, a explorao predatria e a ocupao ilcita.4. Qualquer que seja a qualificao jurdica do degradador, pblico ou privado, no Direito brasileiro a responsabilidade civil pelo dano ambiental de natureza objetiva, solidria e ilimitada, sendo regida pelos princpios do poluidor-pagador, da reparao in integrum, da prioridade da reparao in natura, e do favor debilis, este ltimo a legitimar uma srie de tcnicas de facilitao do acesso Justia, entre as quais se inclui a inverso do nus da prova em favor da vtima ambiental. Precedentes do STJ.5. Ordinariamente, a responsabilidade civil do Estado, por omisso, subjetiva ou por culpa, regime comum ou geral esse que, assentado no art. 37 da Constituio Federal, enfrenta duas excees principais. Primeiro, quando a responsabilizao objetiva do ente pblico decorrer de expressa previso legal, em microssistema especial, como na proteo do meio ambiente (Lei 6.938/1981, art. 3, IV, c/c o art. 14, 1). Segundo, quando as circunstncias indicarem a presena de um standard ou dever de ao estatal mais rigoroso do que aquele que jorra, consoante a construo doutrinria e jurisprudencial, do texto constitucional.6. O dever-poder de controle e fiscalizao ambiental (= dever-poder de implementao), alm de inerente ao exerccio do poder de polcia do Estado, provm diretamente do marco constitucional de garantia dos processos ecolgicos essenciais (em especial os arts. 225, 23, VI e VII, e 170, VI) e da legislao, sobretudo da Lei da Poltica Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981, arts. 2, I e V, e 6) e da Lei 9.605/1998 (Lei dos Crimes e Ilcitos Administrativos contra o Meio Ambiente).7. Nos termos do art. 70, 1, da Lei 9.605/1998, so titulares do dever-poder de implementao os funcionrios de rgos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente SISNAMA, designados para as atividades de fiscalizao, alm de outros a que seconfira tal atribuio.8. Quando a autoridade ambiental tiver conhecimento de infrao ambiental obrigada a promover a sua apurao imediata, mediante processo administrativo prprio, sob pena de coresponsabilidade (art. 70, 3, da Lei 9.605/1998, grifo acrescentado).9. Diante de ocupao ou utilizao ilegal de espaos ou bens pblicos, no se desincumbe do dever-poder de fiscalizao ambiental (e tambm urbanstica) o Administrador que se limita a embargar obra ou atividade irregular e a denunci-la ao Ministrio Pblico ou Polcia, ignorando ou desprezando outras medidas, inclusive possessrias, que a lei pe sua disposio para eficazmente fazer valer a ordem administrativa e, assim, impedir, no local, a turbao ou o esbulho do patrimnio estatal e dos bens de uso comum do povo, resultante de desmatamento, construo, explorao ou presena humana ilcitos.10. A turbao e o esbulho ambiental-urbanstico podem e no caso do Estado, devem ser combatidos pelo desforo imediato, medida prevista atualmente no art. 1.210, 1, do Cdigo Civil de 2002 e imprescindvel manuteno da autoridade e da credibilidade da Administrao, da integridade do patrimnio estatal, da legalidade, da ordem pblica e da conservao de bens intangveis e indisponveis associados qualidade de vida das presentes e futuras geraes.11. O conceito de poluidor, no Direito Ambiental brasileiro, amplssimo, confundindo-se, por expressa disposio legal, com o de degradador da qualidade ambiental, isto , toda e qualquer pessoa fsica ou jurdica, de direito pblico ou privado, responsvel, direta ou indiretamente,por atividade causadora de degradao ambiental (art. 3, IV, da Lei 6.938/1981, grifo adicionado).12. Para o fim de apurao do nexo de causalidade no dano urbanstico-ambiental e de eventual solidariedade passiva, equiparam-se quem faz, quem no faz quando deveria fazer, quem no se importa que faam, quem cala quando lhe cabe denunciar, quem financia para que faam e quem se beneficia quando outros fazem.13. A Administrao solidria, objetiva e ilimitadamente responsvel, nos termos da Lei 6.938/1981, por danos urbanstico-ambientais decorrentes da omisso do seu dever de controlar e fiscalizar, na medida em que contribua, direta ou indiretamente, tanto para a degradao ambiental em si mesma, como para o seu agravamento, consolidao ou perpetuao, tudo sem prejuzo da adoo, contra o agente pblico relapso ou desidioso, de medidas disciplinares, penais, civis e no campo da improbidade administrativa.14. No caso de omisso de dever de controle e fiscalizao, a responsabilidade ambiental solidria da Administrao de execuo subsidiria (ou com ordem de preferncia).15. A responsabilidade solidria e de execuo subsidiria significa que o Estado integra o ttulo executivo sob a condio de, como devedor-reserva, s ser convocado a quitar a dvida se o degradador original, direto ou material (= devedor principal) no o fizer, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvncia, seja por impossibilidade ou incapacidade, inclusive tcnica, de cumprimento da prestao judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito de regresso (art. 934 do Cdigo Civil), com a desconsiderao da personalidade jurdica (art. 50 do C