resumo das décadas de 20 a 40 (século xx)
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Décadas de 20 a 40 (século XX)
Política
Conhecido como o período entre-guerras, foi uma época de excepcional
prosperidade econômica, na qual os Estados Unidos da América se
consolidaram definitivamente como potência mundial entretanto a Inglaterra
ainda era o mandachuva do mundo - prosperidade essa que teve uma forte
queda em 1929 com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. A Europa,
contudo, sofria as consequências da Primeira Guerra Mundial, o que permitiria
a ascensão do Nazismo, após a Crise de 29, o surgimento do Fascismo italiano
e aínda o Salazarismo em Portugal.
Comunicação
No final dos anos 20 e sobretudo na década de 1930, uma série de
manifestações culturais – vinculadas a uma nascente indústria de lazer –
emergia poderosamente, atingindo todos os segmentos sociais do mundo
urbanizado. O rádio, o cinema e a música popular avançavam a grandes saltos.
Começava-se a viver, então, a chamada Era da cultura de massas. Este novo
fenômeno, a utilização dos novos meios de informação, capazes de atingir
simultaneamente grandes camadas da população, para divulgar cultura e
anúncios, mereceu sérios estudos, a escola de Frankfurt foi responsável por
formular o conceito de Indústria cultural, que seria o modo como a sociedade
capitalista manipularia os indivíduos, através dos meios de comunicação de
massa, para anular-lhes as individualidades e a capacidade crítica, formando
uma massa homogênea que consumiria com mais facilidade poucos produtos
culturais, produzidos em larga escala como na indústria tradicional. O fato é
que, enquanto a intelectualidade estava preocupada em discutir como utilizar
essas novas mídias, governos, empresários e anunciantes, festejavam o
espantoso crescimento do setor.
Artes
A partir de 1920, a atmosfera para a ruptura com o passado estava bem
preparada no Brasil. A oportunidade da comemoração dos 100 anos da
independência política do país, parecia a melhor maneira de provar, que uma
outra independência cultural estava para ser conquistada. Um momento de
aparente ruptura na década de 20 se transforma, em 1930, em crise e
acomodação. A queda da República e a subida de Getúlio Vargas ao poder,
abrem o país para uma era de profunda transformação econômica, social e
política.
Mas foi em meados da década de 30 que se enraizou uma das pedras
angulares do nosso modernismo: a Integração das Artes em torno da
arquitetura: o paisagismo, a escultura, a pintura, o design, o mobiliário e a
decoração de interiores, buscaram abordar o "habitat" como totalidade, capaz
de propiciar plenitude à existência humana.
Em meados da década de 40, ergueram-se duas pioneiras iniciativas
fundamentais do nosso modernismo: no Rio de Janeiro, o prédio do MEC e o
conjunto da Pampulha em Belo Horizonte. Essa arquitetura, ainda que marcada
pela presença de Le Corbusier, não tinha por norma exclusiva o funcionalismo,
mas visava igualmente à beleza.
Música
Com o crescimento e popularização do rádio nas décadas de 1920 e
1930, a música popular brasileira cresce ainda mais. Nesta época inicial do
rádio brasileiro, destacam-se os seguintes cantores e compositores: Ary
Barroso, Lamartine Babo, Dorival Caymmi, Lupicínio Rodrigues e Noel Rosa.
Surgem também os grandes intérpretes da música popular brasileira: Carmen
Miranda, Mário Reis e Francisco Alves.
Na década de 1940 destaca-se, no cenário musical brasileiro, Luis
Gonzaga, o "rei do Baião". Falando do cenário da seca nordestina, Luis
Gonzaga faz sucesso com músicas como, por exemplo, Asa Branca e Assum
Preto.
Enquanto o baião continuava a fazer sucesso com Luis Gonzaga e com
os novos sucessos de Jackson do Pandeiro e Alvarenga e Ranchinho, ganhava
corpo um novo estilo musical: o samba-canção. Com um ritmo mais calmo e
orquestrado, as canções falavam principalmente de amor. Destacam-se neste
contexto musical : Dolores Duran, Antônio Maria, Marlene, Emilinha Borba,
Dalva de Oliveira, Angela Maria e Caubi Peixoto.
Moda
Uma década de prosperidade e liberdade, animada pelo som das
bandas de jazz e pelo charme das melindrosas - mulheres modernas da época,
que frequentavam os salões e traduziam em seu comportamento e modo de
vestir o espírito da também chamada Era do Jazz. A sociedade dos anos 20,
além da ópera ou do teatro, também frequentava os cinematógrafos, que
exibiam os filmes de Hollywood e seus astros, como Rodolfo Valentino e
Douglas Fairbanks. As mulheres copiavam as roupas e os trejeitos das atrizes
famosas, como Gloria Swanson e Mary Pickford. Livre dos espartilhos, usados
até o final do século 19, a mulher começava a ter mais liberdade e já se
permitia mostrar as pernas, o colo e usar maquilagem. A boca era carmim,
pintada para parecer um arco de cupido ou um coração; os olhos eram bem
marcados, as sobrancelhas tiradas e delineadas a lápis; a pele era branca, o
que acentuava os tons escuros da maquilagem. A silhueta dos anos 20 era
tubular, com os vestidos mais curtos, leves e elegantes, geralmente em seda,
deixando braços e costas à mostra, o que facilitava os movimentos frenéticos
exigidos pelo Charleston - dança vigorosa, com movimentos para os lados a
partir dos joelhos. Em 1927, Jacques Doucet (1853-1929), figurinista francês,
subiu as saias ao ponto de mostrar as ligas rendadas das mulheres - um
verdadeiro escândalo aos mais conservadores.
Artigo Publicado na Folha da Manhã, sábado, 1º de janeiro de 1927
ANNO NOVO!
“Senhor Deus! Fonte inexgotavel de misericordia infinita! Permitti, na vossa clemencia e na vossa bondade, que a aurora da esperança, que o Anno Novo desperta, não se transmude para logo no crepusculo sombrio do desengano, no qual a luz agoniza e o sonho faz noite!Permitti, Deus increado e creador, que o doce arrulho da pomba branca, que tatala alegremente as azas na Torre de Marfim da alma brasileira, não se faça o agourento crocitar do corvo festejando a carniça que vae bicar!Basta, Senhor! de pesadelos e de trevas! Que a noite, quatro vezes secular, de
que acabamos de sahir, - noite sem estrellas e sem luar - não mais envolva esta patria, collaboradora gloriosa da historia da liberdade humana, no manto funebre em que tão duramente lhe foram asphyxiadas as mais bellas tentativas de Amor e de Concordia!Que o horoscopo luminoso, com que assignalastes o nosso ingresso no patrimonio territorial do planeta, ó Deus de piedade! seja-nos o signal da vossa bençam, e que jamais, no céo dos nossos ideaes supremos, falte a palpitação gloriosa do Cruzeiro do Sul!Senhor! anciamos pela paz, desejamos o amor, queremos a concordia, para que a familia brasileira, esquecida das luctas de hontem, tenha os olhos fitos no radioso amanhã, que se annuncia como um deslumbramento!Só de almas irmanadas pelo affecto, Senhor! os brasileiros poderão fazer do Brasil a officina do trabalho, a escola do civismo, o templo da justiça, o laboratorio da producção, a fonte da riqueza, o asylo da bondade, o abrigo do direito, o paradigma da honra!Que o rio da nossa vida retome o rythmo perdido, e claro e sonoro vá confundir os seus cantos com o canto messianico da vida universal!Que os sinos de prata repiquem festivamente na torre dos nossos ideaes, enchendo a terra da musica das suas preces!Marchemos para Deus."Quem é Deus? Ideal perfeito realizado, vida infinita, infinito amor. Os grandes homens avançam para Deus, não isolando-se e afastando os olhos das miserias da terra, mas levando piedosamente no coração todos os gemidos da humanidade e todas as angustias da natureza. Os seus passos de luz, conduzem como um rebanho, na viagem eterna, a caravana infinda.O sacrificio ao Bem, na acção e pela acção, eis a norma do heróe. Sacrificio da alma, recolhendo com ardor continuo as dores alheias, o sacrificio do corpo, immolando-lhe, para as consolar, a propria vida. Os soluços sem termo das miserias do mundo ecôam-lhe no coração como ais de filhos. Dá a vida pela vida dos outros, mas a morte da carne em holocausto ao Bem accresce-lhe a vida verdadeira, augmenta-lhe a vida espiritual. O grau de amor é o grau de heroismo. O heróe maximo, é o santo, e S. Francisco de Assis é o super-homem.O grande artista não eguala o santo, mas approxima-se delle. O artista, creando a belleza, crêa amor, porque a belleza é a expressão rythmica do Bem, é o amor a cantar na fórma e no som, no verbo e na luz. A arte idealiza; portanto gera amor. O heróe tambem. Mas o heróe dá-nos o amor em acções, converte-os em pão espiritual, que vae dividindo pela terra. O artista faz delle um diamante chimerico de luz e de som, que é o amor a vibrar, amor em symphonia, amor no estado de belleza. Mas, se o universo é amor infinito, a arte suprema, que o abrange, é a arte cosmica religiosa. E então a arte ideal define-se deste modo: a natureza traduzida em cantico, Deus, que se ouve e que se vê, revelado em musica.A philosophia é a sociologia do universo, a historia ordenada dos
encadeamentos da existencia, da evolução do amor. E, como a vida natureza só chega á synthese na idéa de Deus, é claro que o santo ou o grande poeta conhecem melhor a vida que o philosopho, pois que elles mesmos são a vida espontanea e creadora, na escala mais alta e no estado nascente.A vida vertiginosa, tumultuosa, entrelaçada, continua, pathetica, infinitiforme, a vida latejante de seiva, incubada de sonho, fulva de luz, céga de espantos, ébria de beijos, tremula de morte e gravida de amor, a vida eterna, divina e formidavel, que nasce da vontade e da emoção, apparece na obra do philosopho descripta por calculos, ordenada por argumentos e por idéas. A virtude do santo sublima-se no extase e na bençam, e a inspiração do poeta magnifica-a na musica e no symbolo. Um reza, outro canta. O philosopho observa e medita. É um espelho que pensa. E a philosophia integral, como a arte suprema, será tambem religiosa, porque só em Deus, Infinito-Amor, a vida encontra a sua unidade e a clara explicação do seu mysterio. Todas as grandes almas, bussolas radiantes, se polarizam em Deus."Pois que, voltada para Deus, a alma do Brasil entre o 1927, e nelle, como numa Paschoa symbolica, seja o sol do nosso céo a hostia de ouro consagrada ao amor entre irmãos, - finalidade augusta para a qual se conjugam o coração do santo, a alma do poeta e o cerebro do philosopho, encarnados num homem, - que será o glorioso porta estandarte do labaro immaculado da Paz e da Concordia!”