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Page 1: RESUMO: Atualmente a “cultura da violência” está ...cia_carla... · RESUMO: Atualmente a “cultura da ... indivíduos a encontrar nas diferenças ... A mediação familiar

Anais Eletrônico IX EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar Nov. 2015, n. 9, p. 4-8 ISBN 978-85-8084-996-7

IX EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar

03 a 06 de novembro de 2015 Maringá – Paraná – Brasil

A MEDIAÇÃO COMO INSTRUMENTO EFICAZ NA COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS FAMILIARES

Andrea Carla de Moraes Pereira Lago1,Letícia Carla Baptista Rosa

2, Carlos Alexandre Moraes

3, Caio de Moraes

Lago4

RESUMO: Atualmente a “cultura da violência” está inserida na sociedade em geral, gerando ainda mais conflitos e agressões causadora de danos dentro do ambiente familiar. Diante desta cruel realidade, é primordial desenvolver uma educação para a convivência e para a gestão positiva dos conflitos, onde se estimule a cultura do diálogo, do respeito, da solidariedade, da cidadania e da paz. Nesse intuito surge a mediação familiar que tem a função de ensinar as pessoas envolvidas em um conflito familiar como administrá-los, estimulando a paz e possibilitar que o seu conhecimento seja levado para além da escola, bem como incentivar a compreensão mútua, auxiliar os indivíduos a encontrar nas diferenças os interesses em comum, fazendo com que ocorra uma mudança na concepção do conflito que deve deixar de ser entendido como algo prejudicial à sociedade, para receber uma conotação positiva. PALAVRAS-CHAVE: Mediação familiar; Conflitos familiares; Dignidade da pessoa humana. 1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento econômico e o crescimento industrial da sociedade atingiram profundamente a instituição familiar. Na maioria dos países a mulher passou a trabalhar fora de casa e a contribuir financeiramente para a manutenção do lar. Em consequência a convivência entre pais e filhos também foram modificadas, pois estes passaram a ficar mais tempo na escola e menos no lar. Ademais, os conflitos sociais gerados pelas novas posições dos cônjuges, a desatenção, as pressões econômicas, a dificuldade de adaptação do homem e da mulher a essas novas relações fizeram aumentar o número de divórcios.

Se não bastasse isso, as novas relações familiares estabelecidas entre mães ou pais solteiros, uniões estáveis, produções independentes, uniões entre casais do mesmo sexo, indivíduos vivenciando o segundo matrimônio com filhos de uniões anteriores, geraram novos e complexos conflitos entre os casais, pais e filhos, madrastas, padrastos, enteados, enfim, entre os membros dessas novas famílias que hoje se apresentam.

Nas mais diversas relações, quando surge um conflito, as pessoas têm grande dificuldade em resolvê-las de forma pacífica. Geralmente as relações são destruídas ou porque as pressões emocionais chegaram ao seu ápice ou por faltar ânimo as partes em solucionar o conflito por elas mesmas. Neste sentido o conflito é entendido como luta, briga, transtorno e dor, que levam o ser humano a repudiar esse momento e a optar que o Estado/Juiz, resolva seus problemas.

Entretanto, o conflito pode e deve ser compreendido como algo absolutamente natural, temporário, próprio da natureza humana e necessário ao aprimoramento das relações individuais e coletivas. Nesse sentido, o conflito passa a apresentar teor positivo, de construção, capacitação, até porque o ser humano necessita do contraditório, da contraposição para haver o progresso. Observa-se então, por meio deste raciocínio, que muitas demandas judiciais poderiam ser solucionadas extrajudicialmente se as partes tivessem pré-disposição para o diálogo. Assim, caberia ao Judiciário apenas àquelas controvérsias realmente complexas.

Com base neste cenário que envolve novas e complexas relações familiares, bem como relações de sentimentos como amor, ódio, raiva ou afeto, verifica-se à necessidade de se aplicar as melhores técnicas de administração de problemas desta natureza e os meios de solução mais adequados, que permitam sua manutenção após os conflitos. É imprescindível que o conflito seja compreendido como algo positivo e motivador.

A mediação é uma forma autocompositiva de resolução de conflitos, uma vez que as próprias partes constroem a solução para o seu conflito, apesar da figura de um terceiro, mediador.

Trata-se de um processo que se utiliza da comunicação, principalmente a verbal, o diálogo entre as partes, para a solução do conflito. E esta comunicação é conduzida por um terceiro, por isso, processo de negociação indireta, onde ele tem como função auxiliar a comunicação entre as partes, aliviar as pressões

1 Professora do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar. Mestre em Ciências Jurídicas pelo Centro Universitário Cesumar - UniCesumar.

Endereço eletrônico: < [email protected]>. 2 Professora do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar e da Faculdade Metropolitana de Maringá - FAMMA. Mestre em Ciências Jurídicas

pelo Centro Universitário Cesumar - UniCesumar. Endereço eletrônico: < [email protected]>. 3 Coordenador do curso de graduação em Direito do Centro Universitário Cesumar – UNICESUMAR. Mestre em Direito Programa de Mestrado

em Direito com ênfase em Direitos da Personalidade do Centro Universitário Cesumar – UNICESUMAR. Doutorando em Função Social do Direito – FADISP. Endereço eletrônico: < [email protected]>. 4 Acadêmico da graduação em Direito da Universidade Estadual de Maringá.

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Anais Eletrônico IX EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar Nov. 2015, n. 9, p. 4-8 ISBN 978-85-8084-996-7

IX EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar

03 a 06 de novembro de 2015 Maringá – Paraná – Brasil

emocionais, proporcionar maior harmonia no relacionamento das partes, a fim de que elas próprias construam a solução dos conflitos.

Portanto, a mediação explora o sentido positivo do conflito, buscando a compreensão exata do problema, evitando sua superdimensão. Incentiva a compreensão mútua, auxilia os indivíduos a encontrar nas diferenças os interesses em comum. Muda a concepção do conflito que deixa de ser entendido como algo prejudicial à sociedade para receber uma conotação positiva. 2 MATERIAL E MÉTODOS

Com relação a metodologia, será utilizado neste trabalho o método teórico que consiste na consulta da bibliografia existente acerca do tema/problema da pesquisa e sua finalidade é colocar o pesquisador em contato com o que já foi produzido e registrado acerca do assunto (tema/problema), de obras doutrinárias, legislação, jurisprudência e documentos eletrônicos de vários ordenamentos jurídicos. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O mundo globalizado começou a considerar o ser humano e a reconhecer a necessidade de se criar formas comunitárias de realização da Justiça. Uma forma que não reivindica o acesso do cidadão a justiça estatal, mas propugna por um tipo diferente de justiça que passa a vigorar a margem e de forma paralela a justiça do Estado.

Neste sentido, surge a mediação como um instrumento eficaz e que encontra respaldo em um amplo projeto nacional de humanização da justiça e da cidadania, vez que visa implementar um programa de justiça cidadã que se preocupa em conscientizar a comunidade a uma reflexão acerca dos conflitos familiares.

Não se pode esquecer que o ambiente familiar é onde o indivíduo se reconhece enquanto ser humano, portanto, há a necessidade de que o mesmo seja o mais saudável possível para a consecução desse objetivo.

Ocorre que com a modernidade e com os novos modelos familiares e de organizações sociais, a figura do mediador, pessoa de bom senso, que aconselha as partes e cria condições de diálogo entre os envolvidos, se tornou vazia. Logo, diante da grande quantidade de conflitos e desentendimentos levados aos tribunais na seara familiar, países como os Estados Unidos da América, Canadá, China, França, México, Inglaterra, Noruega, Espanha, Portugal e Argentina, nos últimos 30 (trinta) anos, têm utilizado a mediação, como recurso técnico para a resolução de conflitos, sendo por vezes obrigatório nos processos judiciais, principalmente em causas que envolvam conflitos familiares.

No Brasil, embora ainda não exista uma legislação específica que regulamenta o instituto, existe uma forte tendência doutrinária de utilizar este meio de resolução de conflitos, porque sua metodologia efetivamente reduz o tempo do tratamento do conflito, traz a pacificação social e porque se coaduna com o suporte de vários princípios constitucionais, como o da dignidade da pessoa humana, do acesso à justiça e da igualdade.

A mediação familiar é um processo que utiliza a comunicação e o diálogo entre as partes para a solução do conflito, e que tem no mediador, uma pessoa hábil e capaz de auxiliar a comunicação entre as partes, aliviar as pressões emocionais e proporcionar maior harmonia no relacionamento destas dentro do seio familiar, a fim de que elas próprias construam a solução dos conflitos. Ademais, a mediação familiar explora o sentido positivo desse conflito, buscando a compreensão exata do problema, evitando seu superdimensionamento, bem como incentiva a compreensão mútua, auxiliando os indivíduos a encontrar nas diferenças os interesses em comum. Logo, muda a concepção do conflito familiar, que deixa de ser entendido como algo prejudicial à sociedade e a própria família para receber uma conotação positiva, como algo natural, próprio e oriundo das relações humanas, necessário para o aprimoramento e transformações das atitudes dos indivíduos em prol de uma convivência pacífica e solidária no âmbito familiar.

A comunicação e a solidariedade humana são os fundamentos da mediação, posto que somente uma comunicação solidária, honesta, sem manipulações de discursos ou ameaças, é capaz de produzir o diálogo pacífico entre as partes e permitir a busca consciente e pacífica da solução de um problema inserido dentro da família.

Por fim, pode-se acreditar que a mediação familiar é, na verdade, uma nova forma de resgatar dentro das relações familiares os espaços de aprendizagem de antigos valores. Valores essenciais ao bem-estar, à felicidade e à harmonia da família. O conflito familiar é realidade dentro da diversidade da convivência dentro do lar, e se faz necessária a tomada de consciência da realidade desses conflitos e criar meios de abordá-los como modo de aprendizado para o crescimento pessoal e social daquela família.

4 CONCLUSÃO

Hodiernamente as sociedades contemporâneas apresentam um sistema normativo baseado na regulamentação jurídica da atividade social, econômica, política, familiar e ambiental, que reflete a ideia de um direito positivo indispensável e plenamente capaz de proporcionar o bem estar e a justiça social.

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Anais Eletrônico IX EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar Nov. 2015, n. 9, p. 4-8 ISBN 978-85-8084-996-7

IX EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar

03 a 06 de novembro de 2015 Maringá – Paraná – Brasil

Por outro lado, na dinâmica social atual, principalmente em âmbito familiar, onde as relações interpessoais são inúmeras e variadas, e onde vislumbra-se uma sociedade impiedosa, intolerante e marcada pela violência que vai refletir diretamente na família, muitas vezes a solução tradicional que o sistema normativo apresenta, mostra-se ineficiente por tratar apenas dos aspectos formais do processo judicial, sem tratar dos motivos determinantes que levaram aos conflitos familiares.

Para tanto, a sociedade pós-moderna requer novos instrumentos de pacificação social, capaz de proporcionar não somente o amplo acesso do cidadão à justiça, mas também de proteger de forma eficaz à pessoa humana em todos os seus atributos e assegurar sua dignidade como valor fundamental.

É nesta seara que surge a mediação familiar enquanto método alternativo de resolução de conflitos familiares, que possibilita às partes envolvidas a solução do conflito de forma integral e efetiva, de modo a não restar ressentimento entre as partes, vez que oferece aos conflitantes, participação ativa na resolução daqueles, resultando no crescimento do sentimento de responsabilidade civil, de cidadania e de controle sobre os problemas vivenciados dentro do seio familiar. REFERÊNCIAS AGUIRRE, Perez Luiz. Educar para os direitos humanos: O grande desafio contemporâneo. Disponível em: <http://wwwpsicopedagogiaonlineeducação e saudemental>. Acesso em 30 de novembro de 2009. AMARAL, Lídia Miranda de Lima. Mediação e arbitragem: uma solução para os conflitos trabalhistas no Brasil, São Paulo: LTr, 1994. ANDRIGHI, Fátima Nancy. O instituto da conciliação e as inovações introduzidas no Código de Processo Civil Brasileiro, Revista dos Tribunais, v. 727, p. 29-32, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, ano 85, v. 727, maio de 1996. CALMON, Petrônio. Fundamentos da mediação de conflitos. Rio de Janeiro: Forense, 2007. CAPPELLETTI, Mauro e GARTH, Bryant, colab. Acesso à Justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet, Porto Alegre: Fabris, 1988.