resposta para hawking

Upload: alexandre-choi

Post on 11-Jul-2015

56 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

OErrodeStephenHawking: RespostaparaolivroTheGrandDesignAlexandreChoi 2010 Resumo CHOI,Alexandre.OErrodeStephenHawking:RespostaparaolivroTheGrandDesign.Artigo paraarevistadeIColquioProtestantismoBrasileiro:AvaliaoePerspectivas&IMostradeProduo CientficaemTeologiaeCinciasdaReligiodaESTEscolaSuperiordeTeologiaedaProgramaDe PsGraduaoemCinciasDaReligio,SoPaulo,2010. OnovolivrodeStephenHawkingdesafiaaFilosofiaeaTeologia.NabuscadeumaTeoriade Tudo,opta porRededeTeoriasTeoriaMedoPrincpioAntrpicoconcluindoqueasLeisda Fsica j tem elementos que justifica criao espontnea do Universo e declara que no mais necessrioinvocarDeuscomocriadordoUniverso.Identificandoosconceitos,queHawkingrepetepor 30anosnoslivros,compararemoscomosexemplosdapocadeReformaedonascimentodaCincia ModernaparadepoisusandoaTeoriadoErrojustificaroerroedirecionarumapossvelsuperaopara oerrodeHawking. Palavraschave:Deus,LeiUiversaldaNatureza,Singularidade,Nada,MatemticaeTeologia. Abstract CHOI, Alexandre. The Error of Stephen Hawking: Response to the book The Grand Design. ArticletothemagazineofIBrazilianProtestantismColloquy:EvaluationandPerspectives&IWorkshop

2 ofScientificProductioninTheologyandSciencesoftheReligionofESTSuperiorSchoolofTheology andtheProgramofMastersdegreeinSciencesoftheReligion,SoPaulo,2010. TheStephenHawkingsnewbookchallengesthePhilosophyandtheTheology.Inthesearchofa TheoryofEverything hechooses forNetwork of TheoriesMTheoryandtheAnthropic Principle concluding that the Physical Laws already have elements that it justifies spontaneous creation of the Universe and hedeclaresthat it is notmore necessary to invoke God as creator of the Universe. The article identifies the concepts that Hawking repeats for 30 years in the books and compares with the examplesofProtestantReformandthebirthoftheModernScienceandthentrytoapproachwithError TheorytoErrorofHawking. Keywords:God,UniversalLawofNature,Singularity,Nothingness,MathematicandTheology Sumrio Introduo .......................................................................................................................................2 . OqueHawkingestdizendo...........................................................................................................6 OndeHawkingerrou?....................................................................................................................10 ComosuperarHawking?................................................................................................................16 ConsideraesFinais......................................................................................................................19 RefernciasBibliogrficas..............................................................................................................20

IntroduoNonovolivrodeStephenHawkingcomacoautoriadeLeonardMlodinow,TheGrandDesign, argumentamqueinvocarDeusparaexplicarasorigensdoUniversodesnecessrio.Levantamdenovo

3 umapolmicamilenar.AntespareciaqueHawkingdeixavaumalacunadapossibilidadedeDeus.Agora eleafirmaqueateoriajestsuficientementecompletaquenoprecisariamaisdaexistnciadeDeus. Muitos j arriscaram dizer alguma coisa. Antes mesmo de ser lanado no mercado editorial, quasetodososjornaisdomundointeirojhaviamreferenciadoestapartedolivrocriandoumenorme discusso nas comunidades virtuais da rede social. Muitos comentrios, milhares de discusses e opiniesapareceramatravsdainternetempoucosdias.Emmenosdeummsolivrojsefiguravanos primeiroslugaresdemaisvendidos. ConsiderandoqueHawkingtemescritosobreomesmoassuntodaFsicapormaisde30anos, parecequeaspessoasqueoleemsomuitomaisatradasparaasquestesqueenvolvemodestinode Deus.AlgunsdizemqueadiscussosobreaexistnciadeDeusseriaterminada.Eoutrosjcriticamos pastores por isso. Chamam os de estelionatrios, pois estelionatrio quem vende o que no tem. Outrosignoramtotalmenteoassunto,enquantooutrosvotentarajustardiscursosparasemantersuas posies. MesmoquealgunssaibamaFsica,outrosaTeologiaeoutrostantospossamentenderarelao entreacinciaeareligio,muitosnovoarriscaradesafiarumadasmaioresautoridadesmximasda cincia moderna. Todos querem ver para onde vai a discusso e as suas consequencias antes de palpitaremalgumacoisasriopararebater,criticandoouaprovando,oargumentodeHawking,nonvel dadiscussoqueeleprope.Tambmporque,altimavezqueprof.Hawkingexplicouasuareviravolta sobreodestinodainformaodentrodosBuracosNegros,osfsicoseospesquisadoresdemorarama entender a sua teoria, se que entenderam. Ele tinha negado a teoria que propusera nos anos 70, aquelaquediziaqueasinformaesseperdiamnosBuracosNegros.Assimtinhaperdido,tambm,uma apostaparaumcolega. Porisso,aindacedoparaosprofissionaisdainterdisciplinaridade,datransdisciplinaridadeou damultidisciplinaridadeassumiralgumaposioemrelaoaodeclarado.Ningumvaiquererarriscara dizeralgumacoisasobreestasquestestosensveis. Portanto para este pequeno artigo no temos presuno de refletir suficientemente as consequenciaseasreaesaessenovolivrodeHawking.ParaasCinciasdaReligioseriasuficiente analisar o fenomeno social em torno dessa situao criada pelo livro de Hawking que envolve tantas

4 discusses e tantas pessoas com suas reaoes e da defesa das suas prprias posies, idias e de afirmaesdeteorreligioso. Mas para o que propomos para a dissertao do mestrado em Cincias da Religio pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pretendemos analisar e descrever a contribuio de Stephen Hawking para o Dilogo entre a Cincia e a Religio. Nas prximas linhas vamos localizar alguns conceitosquefaamsentidoparanossadiscussodoDilogoentreaCinciaeaReligio. Masafilosofiaestmorta.AssimHawkingignoratodahistriadopensamentohumano. Como ns podemos entender o mundo no qual ns nos achamos? Como o universo se comporta? O que a natureza da realidade? De onde tudo isso veio? O universo precisou de um criador?SoperguntasqueHawkingcomeanaprimeirapgina.Esoinmerasperguntasgenricas queaspessoascostumamfazer.Etradicionalmentesoperguntasparaafilosofia.Masafilosofiaest morta.Elediz. Eoscientistassetornaramosportadoresdatochadedescobertaemnossaindagaoparao conhecimento.AssimHawkingdesafia. Realmente,Hawkingtemestudadoepesquisado,nosltimos40anos,em todososlados das teorias da Fsica em busca de uma teoria que possa nos dar a resposta final. Hawking pesquisou, estudouecontinuaavaliandotodotipodeteorias,monografiasetesesparapoderfalarcomofalouno livro.Easexperinciastemmostradoqueestaavaliaoestcadavezmaisrefinado.Esperouatalguns resultados iniciais do LHC, grande acelerador de partculas da Europa, para poder dizer que ele est completamente correto. O mtodo cientfico est correto. As hipteses esto corretas. As pesquisas esto no caminho certo das previses. E as teorias que sobraram realmente muito elegante. Concordamcomtodasasobservaeseexperinciasjfeitaspelohomem.Etudosefazsentidopara crerqueasimagensmentais,dasexperinciasmentais,quesassimconseguemchegarscondies iniciaisdouniverso,estocorretas. MasconcluirquenoexisteDeusjdemais.ComoafsicadosculoXXpodetercertezado que est falando sobre Deus? Pode ser que a cincia tenha atingido uma compreenso profunda do universo, mas como isso pode ser aplicada para dizer definitivamente sobre Deus? Os cientistas tem confundido o conceito de Deus neste ltimo sculo. Pode ser que eles tenham expressado metaforicamentecomofuncionaouniverso.

5 Aperguntasobrearazodanossaexistncianouniversopersistia:porqueexistealgoemvez de nada? Este era a pergunta central da questo cosmolgica do prof. Hawking desde aquele livro milionrio de 1988: Se realmente descobrirmos uma teoria completa, seus princpios gerais devero acabarsendocompreendidosportodos,noapenasporumpunhadodecientistas.Ento,todosns filsofos,cientistasepessoascomunspoderemosparticipardadiscussodeporquenseouniverso existimos.Descobrirarespostadestaperguntaseriaotriunfodefinitivodarazohumana,pois,ento, realmente conheceramos a mente de Deus1E isso que ele responde no novo livro The Grand Design. FicaclaroqueHawkingusaconceitosdiferentesdeDeusnassuasobras.Quandosefalavaa mentedeDeusofocoeracomofuncionaouniverso.NolivroUmaBreveHistriadoTempoeleusa conceito de Deus metaforicamente para dizer o Universo em si. Quando ele parodiando dizia contrariandoaidiadeEinsteindoqueDeusfariaounofaria:Deusnosjogadados[...]algumas vezes,confundenosatirandoosparaondenopodemservistoseaindatemalgunstruquesguardados na manga2, ele est ainda usando a mesma metfora do conceito de Deus de Einstein: Deus de Espinosa. Estava se referindo as leis do universo que eram difceis de serem precisadas. A mente de Deus,paraHawking,aindanaquelemomentoqueriadizeramentedanatureza,oumentedouniverso ouaindaasleisdouniversocompleto.TantoqueCarlSaganironizadizendoquepoderiamosfalarcomo universo,masseriaestranhopediremoraoparaasleisdagravitao. Mas agora esta lei universal completa est nos levando a concluir que no realmente necessria a presena da mo de Deus. O universo em si teria condies de se autocriar do nada: a criaoespontanea. AquijserefereparaumconceitodeDeustotalmenteteolgico:oDeusquecriadonada.J noserefereparaasleisuniversaisdanatureza.AquiDeusmesmo.EesteDeusmesmonomais necessrioparacriardonadatodouniverso.Porqueanaturezatemaprprialeicompletaparafazer

1

HAWKING, Stephen. Uma Breve Histria do Tempo: Do Big Bang aos Buracos Negros. Com Introduo de Carl Sagan. Rio de Janeiro: Ed. Rocco., 1988. (A Brief History of Time: From the Big Bang to Black Holes, 1988).

2

HAWKING, Stephen. e PENROSE, Roger. A Natureza do Espao e do Tempo. Campinas: Papirus Editora, 1997. (The Nature of Space and Time. Princeton University Press, 1996) pgs. 37 e 76.

6 isso: MTheory, Teoria M. De diversas teorias possveis dos possveis universos da Teoria M o nosso universotemvidaporcausadoPrincpioAntrpico,esclareceHawking. Anossaleituradouniversopassapelasdiversasmaneirasdeolhar.AleituradeHawkingpela matemtica e pela fsica. E Hawking ironiza: uma questo de assumir ou no. Quando achamos a matemticaeafsicatericamuitodifceis,voltamonosparaomisticismo.IssocomoWittgenstein diria:nsdevemosnoscalardiantedecoisasquenopodemosfalar. Ento,querdizerquejnoconseguimosnoscomunicarmais,porquenosabemosacincia, pornosabermatemticanemfsica?MasaFsicatambmFilosofia.ATeologiatambmFilosofia. TudoFilosofia,masaFilosofianotudo. Argumentarassim,paraHawkingnointeressante.Elenoquersaberdasrespostasdotipo de42quebracabeasdeTheHitchhikersGuidetotheGalaxy.Querrealmentesabercomoouniverso funciona,fisicamente.Nopelateologiaquequersaber,jquenoexisteDeus,entoirrelevante falaremteologia.Nemfilosoficamente,poisafilosofiaestmorta.Masquersabersobreouniversoto somentepelafsica. Mas para alm das dificuldades da fsica de Hawking que no fcil at para os fsicos e especialistasaindatemosquetrilhardeondevemasintrigascomareligio. PrimeirodevemosentenderoqueHawkingestdizendo,fsicamente.Masusandoargumentos, assim como ele consegue nos mostrar em linguagem fcil para todas as pessoas. Depois tentar identificaroerrodeHawkingparasugerircomosuperarsupostateoriadefinitivaqueHawkingconsidera maiscorreta.

OqueHawkingestdizendoRecentemente o fsico brasileiro, Mrio Novello, esclarece no seu novo livro as mudanas ocorridasnosanos80:Somentenofinaldadcadade1970descobriuseaprimeirasoluoanaltica das equaes da teoria da relatividade geral de Einstein, representando uma cosmologia sem singularidade. Essa soluo descreve um Universo eterno espacialmente homegneo, colapsando a partirdovazio.Seuvolumetotaldiminuicomopassardotempocsmico,atatingirumvalormnimo,a partirda,entranaatualfasedeexpanso.Paraenfatizareleescreveaindanoprefcio:Acosmologia temcomotarefaarefundaodafsica.Nestelivro[...]apresenta[...]comobigbangaperderocarter

7 hegemnico que ostentou desde os anos iniciais da dcada de 1970 [...] examina [...] o modelo cosmolgico que, nosltimos anos, vem atraindo a ateno dos cientistas: o cenrio deum Universo eternodinmico.3 IssomostraqualapreocupaodeHawking. QuandooVaticanoconvocouosfsicos,em1981,numaconfernciasobreacosmologiaatual, sobreaTeoriadeBigBang,StephanHawkingestavalpensandojalgumacoisacontrriaateoriaque asautoridadesdoVaticanoaceitavam,aquelateoriaqueparaelesseriaacomprovaofinaldacriao deDeusdouniverso. Duranteadcadade1970euestudeisobretudoosburacosnegros,masem1981meu interesseporquestessobreaorigemeodestinodouniversofoidespertadoquandoassistiaa uma conferncia sobre cosmologia, organizada pelos jesutas no Vaticano. A igreja Catlica cometeu um grande erro com Galileu ao tentar derrubar a lei sobre uma questo cientfica, declarando que o Sol girava em torno da Terra, Agora, sculos depois, decidira convidar um nmerodeespecialistasparadeliberarcosmologicamentesobreofato.Aofinaldaconferncia os participantes tinham direito a uma audincia com o Papa. Ele nos disse que no havia qualquerproblemaemseestudaraevoluodouniversodepoisdagrandeexploso,masque no deveramos questionar a grande exploso em si porque fora o momento da Criao e, portanto,otrabalhodeDeus.Fiqueicontentequeeledesconhecesseoassuntodapalestraque euacabaradefazer:apossibilidadedequeoespaotempofossefinitomassemlimites,oque significaquenotemcomeo;noincluiomomentodaCriao.Eunotinhaqualquerdesejo de compartilhar o destino de Galileu, com quem sinto forte identidade, em parte devido coincidnciadeternascidoexatamentetrezentosanosdepoisdesuamorte!4 QuandoHawkingcalculouapossibilidadedomomentoinicialdoBigBangsemsingularidadej tinhacriadopolmicacomareligiocrist:apossibilidadedequeoespaotempofossefinito,massem limites,oquesignificaquenoteriacomeo;noincluiriaomomentodaCriao.

3

NOVELLO, Mrio. Do Big Bang ao Universo Eterno. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010. HAWKING, pg 164.

4

8 Naquele primeiromomentodo conflitomuitoscompreenderam assim,usandoosargumentos deHawking,quetendolimitesentoprovariaqueDeusexiste:Seouniversotemlimitesparaoespao tempo,devehaverumDeus,eentoprecisoinvocarDeus. Estavam falando da singularidade. A singularidade seria o ponto inicial da Criao. Este o ponto inicial do interesse de Hawking e a resposta em torno disso que ele pesquisou, avaliou e escolheudetodasasteoriasoquecondizessemaisprximoasuaidiadeDeus. Emtornodessapreocupaodesenvolveramsemuitasperguntas,teorias,exercciosesolues, muitasconjecturasemuitasdiscussesquejsetornaramhistricasnaFilosofiadaCinciadosltimos decnios.Acrescentandonestasdiscusses,claro,sempreenvolvendoasquestesacercadeDeus. Porexemplo,enquantomuitosfsicostemsugeridoqueDeusumgemetra,ummatemtico, ofsicoWeinberg,laureadocompremioNobelem1979,replicounocompreenderporquedeveramos nos interessar por um Deus que parece to pouco interessado em ns, por melhor que seja o seu conhecimentodegeometria. Enquanto outro fsico Paul Davies agraciado com um prmio de 1 milho de dlares da FundaoJohnTempleton,em1995,porincentivarcompreensopblicadeDeusedaespiritualidade, sugerindoqueasleisdafsicarevelamumplanosubjacentenatureza,Weinbergtratatodaconversa de planos divinos em que a conscincia humana talvez desempenhe um papel central propondo a questodosofrimentohumano:QueplanoessequepermiteaocorrnciadoHolocaustoeinmeros outrosmales?Queplanejadoresse?5Eaindaironiza:[...]estavapensandoemmandarumtelegrama a Davies dizendo se Conhecia alguma organizao que esteja disposto a oferecer um prmio de 1 milhodedlaresporumtrabalhoquemostrenohavernenhumplanodivino?6 Outros cientistas de outras reas, por exemplo, Richard Dawkins, bilogo, fortalecido por Weinbergassim,criticaosreligiososdomesmojeito.AgoraomesmoDawkinsagradeceaHawkingque fortificaaprovafinaldasupostacertezadele. 5

WEINBERG, Steven. Sonhos de uma Teoria Final: A busca das leis fundamentais da natureza. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. pgs. 196-197.

6

Entrevista com Weinberg. pg. 102. HORGAN, John. O Fim da Cincia: Uma Discusso sobre os Limites do Conhecimento Cientfico. So Paulo: Companhia das Letras, 1998. (The End of Science: Facing the Limits of Knowledge in the Twilight of the Scientific Age, 1996)

9 Hawkingescreveseunovolivro incluindotodasessas novasidias,ilustraesetantas outras releiturasfeitasmesmodepoisdolivrodeleparareforar,agora,olivrofinal.Nesteltimolivrousando conclusesdaTeoriaMedoPrincpioAntrpicoargumentaqueouniversoautocriativo.Enoprecisa deDeusparaisso. Mas,paraasurpresadetodos,Hawkingaindanotinhaexplicadomaisclaramenteoqueseriaa Fsicadas Cordas nemcomo funciona Teoria M.O que Teoria M? Comoelafunciona? Ateoriaest certa?Asrespostassobreessasperguntasseriamolivrodele. No livro Hawking pergunta o que a realidade: Mas como ns sabemos que ns temos a verdadeiraenodistorcidaimagemdarealidade?DoexemplodocasodacosmologiadePtolomeue do Copernico mostra que a fsica chegou numa fase em que usam modelos para avaliar se vemos a realidadecorretamente:ArealvantagemdosistemadeCopernicoqueamatemticausadamuito mais simples. Da generaliza um bom modelo para as teorias fsicas mais interessantes: primeiro tem queserelegante,conterpoucoselementosarbitrriosouajustveis,concordareexplicarcomtodasas observaesexistentesepoderfazerprediesdetalhadassobreasobservaesfuturasquepodemser contestadas.Argumenta comisso queemrelao sleisque governamouniverso,umnicomodelo matemticoouteorianopoderiadescrevertodoaspectodouniverso.Aoinvsdisso,humaredede teorias com as quais nossos conceitos da realidade sobre os componentes fundamentais do universo mudariamparaumacompreensomelhor. Parece que Hawking est justificando por que ns devemos mudar da teoria do Big Bang, da buscadaTeoriadeTudoparaumaTeoriaM.Antes,abuscaeradeprocurarumanicateoriafinal que possa ser chamada de Teoria de Tudo. Haveria, porm, outra maneira, pelos modelos, de identificaroselementosdedoisoumaisconjuntosdeteoriaseabstrairdalirelaesentreeles.Hawking chama isso de redede teorias para explicar as origensdo Universo. No ltimo livro a Teoria M (M Theory)eoPrincpioAntrpico(segundooqualasleisdanaturezasoassimparaqueavidafuncione) soprivilegiadoscomoumdessarededeteoriasparaafirmaratsobreDeus.PoisaTeoriaMabraa todasasoutrasteoriasparciaispossibilitandotodasaspossibilidadesdehistriasetodososuniversos queFeynmanmostroucomseuIntegraldasTrajetriaspossveis. Aleituradouniversodamatemticaedafsica,ento,comesteartifcioderededeteorias fazdescobriramentedeDeus,asleisdanatureza.Edescobrese,assim,quenohmaisnecessidade deDeus.Seriaotriunfodefinitivodarazohumana.

10 Elecitaojogodavida,criadaporJohnConwaynoanode1970,paramostrarquecomregras simplesesuficientespodemanteravidanouniverso,esteseriaocasodoPrincpioAntrpicoquede diversos possbilidades dos universos o nosso universo mantem a vida: embora ns somos fracos e insignificantes na balana do cosmo, isto nos faz de certo modo os senhores da criao. Este o siginificadodoporqueemvezdecomoqueolivrolevanta:Porqueexistealgoemvezdenada?Por quensexistimos?Porqueestasleisenooutras? Ento,seHawkingestivercerto,oqueacontececomtodaateologiaefilosofia?Paraencurtara conversa,Hawkingesterradoteologicamente,esterradofilosoficamente.Mas,comoelenoaceita osargumentosdeteologianemdafilosofia,porque,segundoele,estesnotemajudadoaentendero universo,entotemosquedizerqueeleesterradofsicamentetambm.Onicoacerto,pelomenos, foinamatemtica. E ainda bem que errou! Pois se tivesse acertado os militares dos governos que investiram bilhes para os fsicos estudarem e pesquisarem as teorias das cordas j teriam criado uma nova aplicaodanovateoriacorreta:ABombaM,muitomaispoderosaemuitomaisdevastadora.Masisso novaiacontecer. ATeoriaMqueHawkingavaliacomoteoriaqueabraatodasasoutrasteorias,ento,serpara justificartantosinvestimentosefinanciamentosque,assimcomoosbilhesdeeurosinvestidosnaLHC daEuropaquenofuncionounocomeoemesmofuncionandonotraznovidadesnemosdadosmais esperadosdostericosedosengenheiros,emvezdeesclarecercriaramtantasteoriasquantosnmeros defsicosquetrabalharamsobreisso. SonhosdeumaTeoria Final aindaso sonhos.Querem maisinvestimentos, nessarea quej no d resultados teis nem resultados esperados e nem inesperados. Mas precisam ainda justificar seusexcessivosgastoscomotantoqueriaWeinbergnosanos80a90.

OndeHawkingerrou?Muitos poderiam facilmente indicar o erro de Hawking. Alm do erro de dizer que a filosofia estejamorta,dizerqueDeusnoexisteouquenonecessitamaisdeDeusparaacriaodouniversoj seriam includos. Mas como dizer o erro, da maneira como ele e tantos outros fsicos que esto em buscadasexplicaesfsicasqueremouvir?

11 ComoidentificaroerrodeumdosgniosdaFsica?NoseriamelhorperguntaroqueHawking acertou?Umdia vai acertar de verdade?Equando acertar vai acreditar de verdadeemDeusqueele tantoquernegar?Eoutrosvoaceitar?IroacreditaremDeus? HawkingimitaWeinbergquandodizqueafilosofiaestmorta.Weinbergnoseulivro,Sonhos de uma Teoria Final, j tinha declarado que a filosofia no ajuda: a incompreensvel ineficcia da filosofiaemcomparaoaaincompreensveleficciadamatemtica.7 Mas a filosofia sempre d voltas por cima e renova em torno das coisas inteis e dos desencantos.umafnix. A fnix acaba de salvar mais 33 chilenos presos dentro da terra depois de 69 dias de confinamento.Afnixsimbolizaaesperanaderenascimento.Assimtambmafilosofiatinhapassado por uma renovao nos anos 90. O livro, Digital Phoenix, explicava os motivos do revigoramento da filosofianosmoldesdodesenvolvimentodocomputadoredeinternet,docrescimentodaredesocialna internet.Mas,namesmapocaquecoincidiucomatecnologiaavanadadainformao,ocrescimento dointeressepelafilosofiafoipelasprovocaesqueosfsicoslevantaramcontraafilosofia. Mas,maisqueafilosofia,ateologiatemseussegredosespirituaisqueosmortaisnoconhecem. VamoscompararcomumasituaoinusitadanahistriadaIgrejareformada. NocomeodascinciasmodernasalgunsseguidoresprofundamenteinfluenciadosporCalvino, como Girolamo Zanchi e Lambertus Danaeus escreveram uma Fsica Crist baseada na Bblia e em Aristteles, utilizando a interpretao literal. Em suas obras, a cosmologia heliocntrica de Coprnico nofoiaceita.Pelocontrrio,atacaramfortementeporquecontradiziaaBblia.EmmeioaosculoXVII, Voetius,ofamosochefedopartidoortodoxoreformadoholands,criticavaaquelesque,confiandoem suasprpriasobservaes,noserestringiramfsicamosaicadaEscrituraSagrada,ditadapeloEsprito Santo. Ateologiareformadascomeoua aceitara cinciamodernapelainflunciadeDescartes.O filsofofrancsapoiouacosmologiaheliocntricacomsuafsicamodernaealgunstelogosdaReforma introduziram pela primeira vez a nova ideia nas universidades nos Pases Baixos. Telogos como

7

WEINBERG. pg. 135.

12 JohannesClaubergeChristophWittichforamosprimeirosaaceitaracinciamodernaesuacosmologia, talcomoapresentadasporDescartes. Wittich, que ensinava na Universidade de Leiden, elaborou um tratadoresposta criticando o mauusodaEscrituraSagradaemfsicafeitoporJacobduBois,umministroReformadoemLeiden,que usouoseuDialogusTheologicoAstronomicusem1653,paradefenderacosmologiageocntricacomo sendo a nica apoiada pela Bblia. Neste tratado, Wittich combinou, pela primeira vez, a defesa da cosmologia heliocntrica ensinada por Descartes com a teoria da acomodao de Calvino, ou seja, semprequeacosmologiageocntricaestevepressuposta,oautordaBblia,oEspritoSanto,acomodou secompreensodosantigosleitores.Wittichdefendeusuateoriacomumprincpiohermenutico:a inteno do Esprito Santo, inspirando os autores a escrever a Bblia, no era ensinar fsica ou cosmologia,masdizernosoquefazerparaalcanarocu. EsteseriaofimdaFsicaCristdeDanaeus,Zanchi,Voetius,emuitosoutros.Vivendoemum contexto completamente diferente, essa cosmologia de Calvino, geocntrica, j no teria qualquer relevncia,emborasejapressupostapelaBblia. Aconseqnciadissofoi,ento,queaimagemdouniversoanunciadanaBbliajnoseriato autnticaeautorizadaequepodia,agora,sercriticada. Essasinformaesvaliosas8sobreasituaododilogoentreacinciaeareligionosdorazo paraidentificaroserrosdeHawking. Assim como no pode existir a Fsica Crist tambm poderia dizer que no exista Fsica dos Ateus.Masaquestonoessa.Domesmomododaqualamatemticafoiusadaintensamentepara criticarcontraateologiareformada,acinciamodernafoiconstrudausandoaformalidadedaprpria matemtica.ParaamesmaquestoalgunsvodizerDeusexisteeoutrosvoinsistiremdizerDeus noexiste.Paraamesmamatemticaalgunsdizemohomemconseguiusuperareoutrosvodizerfoi Deusquenoscapacita.

8

ROHLS, Jan. Reformed Theology and Modern Culture. pg. 45-59. In GERRISH, Brian. (ed.). Reformed Theology for the Third Christian Millennium: The 2001 Sprunt Lectures. Louisville, London: Westminster John Knox Press, 2003.

13 WolfhartPannenbergperguntaemseulivroFeRealidade,9nocaptuloNossaVidaestnas MosdeDeus?:ArealidadedanossavidatemalgumacoisaavercomDeus?edizqueessauma questoquesetornouaflitivamenteurgenteaoscristosdehoje.Paraele, Ohomemmedievalachavaoprocessodanaturezaincompreensvel,salvoseelelevasse emcontaumacausaprimeira,aqualera,napoca,imutvel;seelafossemutvel,deveriater umacausaparasuamutabilidade.Aconclusoaquesechegava,quantonaturezaimutvel dessa causa primeira, era que essa causa deveria ter sido uma realidade espiritual e que essa concluso inevitavelmente trouxe o pensamento sobre um Deus pessoal. Essa primeira causa, entretanto, necessariamente tem de ser considerada como um primeiro comeo de todo processo natural. Embora exista, ao mnimo, uma necessidade para uma causa mantenedora primeiraqueimpedeoprocessonaturaldeuminciomenoseficaz.Haviaumaconcepodeque todo movimento exigiaestmulos contnuosparaqueno viesse acessar. Essanecessidade de aceitaocontnuadaatividadedivina,semaqualtodomovimentonanaturezaestariaprestes a cessar, eventualmente tornouse suprflua quando o princpio de inrcia foi introduzido durante o sculo XVII. Esta idia teve uma parte importante no processo pelo qual Deus foi eliminado da natureza. De acordo com a lei da inrcia, todo corpo em movimento tinha a tendncia de continuar em seu prprio movimento, contanto que no fosse retardado ou aceleradoporinflunciasexteriores.Aqui,parans,essaleidosculoXVIImuitoimportante, porquesuaaceitaoimplicouemnohavernecessidadedeexplicaroprocessodomovimento contnuodanaturezaatravsdorecursodeumpoderdivino,infinitoeenvolvente.Omovimento da natureza se mantm atravs de seu prprio acordo. O princpio da inrcia foi o primeiro e talvez o exemplo mais contundente que explicava como a compreenso de mundo do homem desassociousedaspressuposiesreligiosastradicionais,eaidiadequeomundopoderiaser entendidopuramenteatravsdesimesmocomeouadesenvolverse.10

9

PANNENBERG, Wolfhart. F e Realidade. So Paulo: Ed. Crist Novo Sculo, 2004. (Glaube und Wirklichkeit. Klein Beitrge zum christlichen Denken, 1975. Trad. Inglesa, Faith and Reality, Philadelphia: The Westminster Press, 1977.)

10

PANNENBERG. pgs. 14-15.

14 amesmasituaoqueHawkingestnostrazendoparaosculoXXI.Emvezdeusarproblemas da Mecnica Clssica est usando s a Teoria da Relatividade, Mecnica Quntica, Teoria das Cordas, TeoriadosCaos,etc. Masnaquelaspocasiniciaisdafsicajestavapairandooutrasituaoemtornodamatemtica e da fsica. Recentemente, pesquisadores afirmaram que a Mecnica no implicou na rejeio da teologia,masrepresentouumavanonadireodasconvicesteolgicas,manifestadaspelaprimeira vezentreosnominalistasmedievais,assimcomonaDoutrinadaSoberaniadeDeusnopensamentoda Reforma, especialmente em Martinho Lutero e Joo Calvino. Ao contrrio da teoria medieval de cooperao, que afirmava que a natureza coopera com Deus, a Reforma acreditava que uma compreensoadequadadasoberaniaexcluaqualquercontribuiodesereshumanosoudanatureza para a providncia divina. Os filsofos da mecnica voltaramse para a doutrina protestante da soberaniadeDeusconvictosdequeamatrianopoderiapossuirpoderesativossendoDeussoberano. Emcontraposioopiniogeralmenteaceitadeumdilogoentreoprotestantismoeanova cincia,o prof.Deason11afirmaqueo protestantismoda Reformapossuaqualidadessignificativas de pensamentoedeprticasquetinhamafinidadescomacinciamodernainsurgente. A matemtica perigosa. Agostinho j dizia nos seus dias que a matemtica e o raciocnio matemticoeramperigosos:Obomcristodevetercuidadodematemticos...Operigoexistejque osmatemticostemfeitoumpactocomoDiaboparaobscureceroespritoeparalimitarasobrigaes do homem no Inferno12Agostinho estava referindose as pessoas que combinavam a cincia e o horscopo. Mesmo assim, nas primeiras Universidades ensinavam matemtica para qualquer um que aventurassempelosconhecimentosliberais.Eoschamadosmsticosmedievaiserammatemticos.

11

DEASON, Gary B. "Reformation Theology and the Mechanistic Conception of Nature". In LINDBERG, David C. and NUMBERS, Ronald L. (ed.). God and Nature: Historical Essays on the Encounter Between Christianity and Science. Berkeley: University of California Press, 1986. pgs. 167-191.

12

Augustine of Hippo, The Literal Meaning of Genesis, 2:18:37

15 MassegundoaanlisedoretratodosculoXVI,Osmodernossistemasdearitmticasimples,+, ,, e=, ainda notinhamnascidos. Como elesentenderiamk1,k2,k3, k4...?13E comonotinham instrumentos,acincianotinhalinguagem.Notinhamatemticacomonsaconhecemos. Calvino neste sentido no estava preocupado com rigor matemtico como fsicos modernos, comoDescartesouNewton.NemCopernicotinharigormatemtico.Enoporissoquepodiamdizer queacinciamodernaqueacabaradenascerestavaerradaouno.Poisissonoeraaquesto. Agora que ele provocou os filsofos e telogos, os pensadores iro refinar mais uma vez, mesmo usando a linguagem matemtica ou no, a universalidade das leis da natureza que Hawking tantofala. O quejustifica quea cinciaestsempreemdilogocom a teologia atmesmoparaeste casodonovolivrodeHawking.SvamossaberondeHawkingerrou,assim,quandonsrefinarmoso conhecimentoqueissovaigerar. Masmesmoassim,aindapodemosanalisaroerrodeHawking.Ejnolivrohumindciodesse erro. Ele mesmo nos d a dica: Se o Einstein estiver certo [...]. A teoria e a pesquisa de Hawking comeamcomEinstein,comotodaaFsicaModernacomeacomEinstein. OnicoerrodeHawkingEinstein.EnoporissoquetodaaFsicamodernaestejaerrada. No.Aquestonoessa. Para uma proposta de mtodos e modelos de avaliar uma teoria, de ser elegante, de conter poucos elementos arbitrrios ou ajustveis, de concordar e explicar com todas as observaes existentes e de poder fazer predies detalhadas sobre as observaes futuras que podem ser contestadas, as explicaes de Hawking so muito corretas. O mtodo cientfico est correto. As hiptesesestocorretas.Aspesquisasestonocaminhocertodasprevises.Easteoriasquesobraram realmentemuitoelegante.Concordamcomtodasasobservaeseexperinciasjfeitaspelohomem. E tudo se faz sentido para crer que as imagens mentais, das experincias mentais, que s assim conseguemchegarscondiesiniciasdouniverso,estocorretas. Muito correto demais. Para algum chegar numa teoria to correta de esperar que alguma coisadeveestarerradatambm.oprincpiodefalsificabilidade,dePopper.Eaindadparaaplicaro 13

FEBVRE, Lucien. O Problema da Incredulidade no Sculo XVI: A Religio de Rabelais. So Paulo: Companhia das Letras, 2009. (Problme de lIncroyance au XVIe Sicle: La Religion de Rabelais. Paris: Albin Michel Ed., 1942. Traduo da edio francesa de 2003.) pgs. 334-338. No orginal x, x2, x3...

16 teoremadeincompletudedeGodel.MasmelhoraplicaranavalhadeOccam.complicadademaisa idiaderededeteorias. De tudo isso, o melhor mesmo dizer se Hawking errou porque Einstein est errado. Por enquanto, as experincias feitas com as teorias de Einstein deram resultados positivos para a teoria. Mas valer a teoria nas condies inicias? Nos momentos do nada? Ai que as teorias devem ser testadas?Mascomotestar?EstassooutrasperguntasqueHawkingjhaviatrilhado. Einstein tinha dito que a a imaginao era mais importante do que o conhecimento. Ento, toda teoria de Einstein pode ser imaginao? Considerando ainda o que Einstein disse em relao ao conhecimento o mais incompreensvel do universo que ele compreensvel at que podemos confiarnele.Eestaoutraindagaodoscientistas:comonscompreendemos? Mesmo que as teorias estivessem corretas, ainda mais outras imaginaes que os fsicos inventaram ao longo dos anos, no parecem to reais. Parecem, antes, muito mais invenes do que descobertas. Parecem mais matemticas do que fsicas. O mundo fsico. E no das possibilidades matemticas.matemticademais. EsteoerrodeHawking.Deusarafilosofiaerrada.Deusarateologiaerrada.Deusarafsica errada.Deusaramatemticaerrada.Deusaraconclusoerrada.Estrepetindoosmesmoserrosde Weinberg.HawkingumamarionetedeWeinberg? ComodizerqueHawkingesterrado?ComodizerqueEinsteinerrou?

ComosuperarHawking?Quando dizemos alguem errou isso arrasta para todo trabalho srio daquela pessoa. Podese desculpartentandomostrarquenobemassim,masjtardedemais.Einsteinnoerrou,maserrou. Issonoquerdizerqueeleerrouporcompleto.Querdizerqueeleerrouemalgumaparte.Entono podemosdizerqueeleerrou,masdevedizerondeeleerrouempartes. Ateoriadoerronosdizisso. Os magos do oriente vieram adorar o Messias. Eles viram uma estrela diferente, a estrela do menino que nasceu para ser rei dos judeus. E fizeram clculos antes. E comeou fazer a viagem logo depois. O rei Herodes tambm mandou fazer os clculos. E perguntou qual o tempo exato em que a estrela havia aparecido. E mandou matar todos os meninos de menos de dois anos, em Belm e nas

17 vizinhanas.Elefezissodeacordocomainformaoquehaviarecebidosobreotempoexatoemquea estrelahaviaaparecido.ExatosignificouparaHerodes,perodoeintervaloestipuladocomerrode1 ano.Osmeninosdemenosdedoisanosforammortosassim. Quais eram as tolerncias desse erro? Para os mestres de astronomia do oriente foi exato o tempodeencontraroMessiaseadorlo.MasparaoreiHerodesoexatosignificoumuitasmortes semnecessidade. Cada clculo tem margem de erros: rudos que so perdas de informao. Mesmo na maior perfeiodeclculoenmerosemedidasexatasaparecemperdasdeinformao.Ametareduziras perdas,minimizaraenergiagastaparaainformao. Poderia ser isso indicativo para o aparecimento do mal no mundo, um rudo, a perda de informao.Osnmeroseasprobabilidadespodemsermanipuladoseusadosparajustificarqualquer aocomessesrudos. Isso explica porque tantas polmicas. O clculo no a explicao. especulao. A forma espetacular de explicao. representao daquilo que quer ver. Ver como funciona. Para controlar. Esteobjetofinal,ocontroletotal.algicaportrsdoclculo.Amatematizaoeageometrizao soparavisualizar.Masosnmerossofortessuficientesparaprovocarabusca.Nodifcil.Sa outralnguaaserapreendida. obrigao dos telogos definirem as linguagens para que possa identificar o problema teolgico.EabuscaseidentificacomainvejaeocimedohomemporDeus.TodostminvejaporDeus. TeminvejadeDeusporquequerserDeus.BrincardeDeus.Nopecadoisso.Porquefoifabricado assim. Para ter a inveja. Como a mentira que serve para testar a veracidade da inveno do rob inteligentequepensaporsis.DeveseralgoassimqueDeusnosfabricou.Fazersaberqueelepossa sentirseDeus. Foi por isso que Jesus morreu. Falava que era Filho de Deus. O Filho do Homem tornouse o FilhodeDeus,doDeusvivo.OFilhovivoDeus.Oshomensnosabiamsersincerosconsigomesmos quetinhamestaambioescondidaprconfiguradanafabricao,dequererserDeus. Jesus d algumas pistas e ningum percebeu: por exemplo, perdoar, amar, ser justo, ter esperanas.Issotambmserdivino!

18 s vezes saem com defeito. Ou tornase defeituoso no teste de qualidade. Foi quando Deus proibiudecomerdarvoreproibida.Esteaplicvelnateoriadoserros.Elesjtinhamopoderdeser Deus. Mas queriam ser Deus de outro jeito. Ser totalmente igual a Deus. Ento quer dizer que os homensjtinhampecadoantesdepecarnaqueda?No,noprecisaqueaqueledesejoerapecado!O pecadoeraqueaspessoasesquecerameignoraramqueosdireitosautoraiseramdEle. NopodeesquecerqueosdireitosautoraisdavidasodEle.Elenoquerproibir.Elesquer reconhecimento.Deussquerreconhecimentodasuaautoria!PoisdtudodeGraa,Grtis!Estea MentedeDeus!EsCristotemamentedeDeus. Porenquanto,onveldeexplicaoestnafasedenomearascoisas.Amargemdeerrosainda muito grande, e por isso pode errar. E pode errar muito. At de destruio completa. Mesmo que queiramserDeus,noentendemosmotivosdeDeus.porcausadesseserros. A evoluo da explicao muito lenta. Mesmo tendo explicado tudo, torna parbola que ningum entende. s para os escolhidos. Cristo a nica explicao, at hoje. Cristo era a nica explicao to bem ajustvelmente sem erros. Muitos tentam substituir isso, mas difcil. Por isso, Cristo ser a nica explicao, ainda. Ele vai entregar o controle para ns. Este a mente de Deus. (Romanos11:3336)EsCristotemamentedeDeus.(Joo5:1920)Quempodeconheceramentede Deus? Quem capaz de lhe dar conselhos? Ns, porm, temos a mente de Cristo! (Isaas 40:13, 1 Corintios2:16) EntocomosuperarHawking? Para minimizar oerrodeavaliaoprecisater a prpia TeoriadeTudoparareavaliar. Masse errarnaTeoriadoTudotudoficanublado,denovo.EntoprecisadenovoreveraprpriaTeoriade Tudo. UmasugestofsicaparaoprofessorHawking:EmvezdeEinstein,doespaotempo,edepois em vez de Teoria das Cordas, ento agora a vez de Teoria do Tempo. Assim poderia completar de verdadeareflexoiniciadaepossibilitadanosculoXIXcomprofessorPlanck. Querodizer:volteparaosculoXIX,Sr.Hawking!Oumelhor,volteparaasquestesdotempo! asoluoqueJesusnosmostrou:venceramorte,vencerotempo,vencerouniverso.aressureio. Nalinguagemdosmilitares,paraqueelescompreendammelhor,talvezissoseriaumaBombaT:Bomba doTempo.

19

ConsideraesFinaisEntenderoqueHawkingestdizendo,fsicamente.DepoistentaridentificaroerrodeHawking paradepoissugerircomosuperarsupostateoriadefinitivaqueHawkingconsideramaiscorreta.Estfoi apropostadesteartigo. Chegamos identificar a singularidade o grande desafio que Einstein deixou para os fsicos que segundoofsicoNovellonosdizqueafsicajasuperounosanos80.Masassim,perdetodosignificado dadiscussoabertapelateoriadoBigBang.Poisnoterialugarcomumparateologiaefsicacomoas autoridades do Vaticano a entenderam no comeo. As questes polticas, ideolgicas, sociais e econmicasdeveroaindaserlevantadasparaacontinuidadedoscientistasenodoFimdasCincias. O que parece que Hawking e tantas outras pessoas, tanto Weinberg quanto Dawkins, de divulgao cientficaconseguemprovocarcommaestriaparatalobjetivo. IdentificaroerrodeHawkingtrouxetonaasmesmassituaesqueforamcriadasnossculos da Reforma Protestante e do nascimento da Cincia Moderna. Ao tentar, de novo, explicar metaforicamenteHawkingchega,semquerer,mostrarquenouniversonohDeus.Enouniversono h necessidade dele. O universo no Deus. Agora j no panteismo de Espinosa. Parece ser panentesmodetelogosmodernos.OuniversoestemDeus.Entoseexplicatudo:Deusnadaedo nadaapareceuniverso.NossoDeusmuitomaisinteligentedoquenspensamos. Chegarei assim, para concluir este artigo, para o que propomos para a dissertao do mestrado14em Cincias da Religio pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pretendi analisar e descrever a contribuio de Stephen Hawking para o Dilogo entre a Cincia e a Religio. Nossa discussodoDilogoentreaCinciaeaReligiovoltaagoraparaosculoXXInoqualnovasidiasdo tempoedouniversoestosurgindo.Porexemplo,aidiadeprogramarouniverso15doscientistasda informao e ciberntica. Estes fazem, de novo, rever Hawking do sculo XX, Einstein do comeo do 14

Como Representar o Tempo de Deus em Calvino? Contribuio de Seth Lloyd: Capacidade Computacional do Universo.

15

Seth Lloyd, prof. e engenheiro de MIT publicou alguns artigos que contribuem para este dilogo. A idia de capacidade computacional do universo que ele calcula delimita toda questo que Hawking levanta: a possibilidade de que o espao-tempo fosse finito mas sem limites. Pois fazendo assim, Seth Lloyd demarca o limite mesmo para aquela situao de Hawking.

20 sculo XX e Planck no sculo XIX. Talvez precise voltar para reflexes sobre o tempo dos gregos e os demaisqueprocedemdaemdiante. Talvez quando finalmente chegar ao trmino de apresentar dissertao para mestre e a tese paradoutor,eupossaserhumildesuficienteparadizer:Jnoseimaisnada.Sseiquenadasei. Alias,sseiquenadanosei.Jquenoseisobreoquenada. EsperoqueatlHawkingpossareveroseunada.

RefernciasBibliogrficasAUGUSTINEofHippo.TheLiteralMeaningofGenesis. DEASON, Gary B. "Reformation Theology and the Mechanistic Conception of Nature". In LINDBERG,DavidC.andNUMBERS,RonaldL.(ed.).GodandNature:HistoricalEssaysontheEncounter BetweenChristianityandScience.Berkeley:UniversityofCaliforniaPress,1986. FEBVRE,Lucien.OProblemadaIncredulidadenoSculoXVI:AReligiodeRabelais.SoPaulo: Companhia das Letras, 2009. (Problme de lIncroyance au XVIe Sicle: La Religion de Rabelais. Paris: AlbinMichelEd.,1942.Traduodaediofrancesade2003.) HAWKING, Stephen. Uma Breve Histria do Tempo: Do Big Bang aos Buracos Negros. Com IntroduodeCarlSagan.RiodeJaneiro:Ed.Rocco,1988.(ABriefHistoryofTime:FromtheBigBangto BlackHoles,1988). HAWKING, Stephen. O Universo numa Casca de Noz. So Paulo: Ed. Mandarin, 2001. (The UniverseinaNutshell,2001). HAWKING, Stephen. and MLODINOW, Leonard. The Grand Design. New York: Bantam Books, 2010. HORGAN,John.OFimdaCincia:UmaDiscussosobreosLimitesdoConhecimentoCientfico. So Paulo: Companhia das Letras, 1998. (The End of Science: Facing the Limits of Knowledge in the TwilightoftheScientificAge,1996) NOVELLO,Mrio.DoBigBangaoUniversoEterno.RiodeJaneiro:JorgeZaharEd.,2010.

21 PANNENBERG,Wolfhart.FeRealidade.SoPaulo:Ed.CristNovoSculo,2004.(Glaubeund Wirklichkeit.KleinBeitrgezumchristlichenDenken,1975.Trad.Inglesa,FaithandReality,Philadelphia: TheWestminsterPress,1977.) ROHLS, Jan. Reformed Theology and Modern Culture. pg. 4559. In GERRISH, Brian. (ed.). Reformed Theology for the Third Christian Millennium: The 2001 Sprunt Lectures. Louisville, London: WestminsterJohnKnoxPress,2003. WEINBERG,Steven.SonhosdeumaTeoriaFinal:Abuscadasleisfundamentaisdanatureza.Rio deJaneiro:Rocco,1996. HAWKING,Stephen.ePENROSE,Roger.ANaturezadoEspaoedoTempo.Campinas:Papirus Editora,1997.(TheNatureofSpaceandTime.PrincetonUniversityPress,1996)