resposta á acusação ismalem

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MARCELO SERAFIM DE SOUZA ADVOGADO - OAB/ES 18.472 ______________________________________________________ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE VITÓRIA/ES Bem-aventurados os que observam a justiça... (Salmos 106:3) Processo nº 0045194-35.2012.8.08.0024 ISMALEM MESCHIATTI DO CARMO, já devidamente qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério Público Estadual, por seu advogado constituído MARCELO SERAFIM DE SOUZA – OAB-ES 18.472, infra-assinado, vem respeitosamente, à honrada presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 396 – A e 397 do Código de Processo Penal, apresentar RESPOSTA Á ACUSAÇÃO, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: DOS FATOS Consta na Denúncia que, no dia 06 de Junho de 2012, por volta das 19h40min, a vítima HEBERT OLIVEIRA DO SANTÍSSIMO, Rua Pedro Palácios, nº 104/402 Centro www.marceloserafim.jud.adv.br Ed. Heitor Lugon (98859-6496) Vitória/ ES [email protected]

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MARCELO SERAFIM DE SOUZAADVOGADO - OAB/ES 18.472______________________________________________________

EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1 VARA CRIMINAL DA COMARCA DE VITRIA/ES

Bem-aventurados os que observam a justia... (Salmos 106:3)

Processo n 0045194-35.2012.8.08.0024

ISMALEM MESCHIATTI DO CARMO, j devidamente qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministrio Pblico Estadual, por seu advogado constitudo MARCELO SERAFIM DE SOUZA OAB-ES 18.472, infra-assinado, vem respeitosamente, honrada presena de Vossa Excelncia, com fulcro no art. 396 A e 397 do Cdigo de Processo Penal, apresentar RESPOSTA ACUSAO, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

DOS FATOSConsta na Denncia que, no dia 06 de Junho de 2012, por volta das 19h40min, a vtima HEBERT OLIVEIRA DO SANTSSIMO, encontrava-se prximo frente de sua casa, no bairro Jabour nesta capital, quando foi surpreendido por um veculo Volkswagen Gol, placa MRM-6147, os quais se encontravam a bordo: ISMALEM MESCHIATTI DO CARMO, WANDERSON DE ALMEIDA MEIRELLES, DANIEL NONATO VIANA E WESLEY MATOS FELICIANO, onde ISMALEM saiu do carro e a mando de VALDORI ADO, efetuou disparos de arma de fogo em desfavor da vtima, cujos ferimentos o levaram a bito, consumando o crime de homicdio.

O motivo do crime seria em razo da vtima ter sido vista com WANGLERSON PERONI GONALVES, vulgo NINO, em um chamado baile funk na casa de shows Twister.

VALDORI e NINO so de gangues rivais, que esto em constante conflito pelo controle do trfico de drogas de regio de Goiabeiras, como HEBERT, vulgo ACEROLA estava acompanhado de NINO na referida casa de shows, integrantes da gangue do VALDORI logo constataram que eram amigos e, supostamente a mando de VALDORI, a vtima foi executada com oito tiros de arma de fogo, segundo Laudo de Exame Cadavrico de fls.73/75.

Analisando detalhadamente cada passo tanto da investigao policial, como do andamento processual, possvel averiguar que os REAIS FATOS se passaram de forma diversa a descrita na exordial, seno, vejamos:

DOS DEPOIMENTOS DAS TESTEMUNHASNa denncia annima s fl. 23 aponta como ocupantes do veculo: WANDERSON vulgo VANDINHO, WESLEY vulgo ORELHA, MARCOS LUIZ ADO vulgo MARQUINHOS e FELIPE SILVA DA COSTA vulgo FELIPO, nada acrescentando a levar que ISMALEM sequer estava no carro, na mesma denncia annima ainda informa que quem efetuou os disparos foram MARQUINHOS e FELIPO.

Mais adiante, no depoimento do prprio NINO, fls. 86/87, quanto morte de ACEROLA, confirma que a vtima foi vista anteriormente com o mesmo na Twister, porm declara que tem conhecimento que os executores do crime foram: VANDINHO, ISMALEM, DANIEL NONATO VIANA vulgo BISCOITO e ORELHA, ou seja, seu depoimento foi com base no que falaram para o mesmo e que todos executaram o crime.

Outro declarante, de nome FELIPE SOUTO ALBERTO, fls. 92/93, j informa que ouviu dizer que quem matou ACEROLA foi VANDINHO.

Em depoimento posterior NINO j aponta ISMALEM e ORELHA como os autores do crime, onde j foi diferente da declarao anterior.

O declarante MARCOS ANTONIO ROSA DE SOUZA, s fls. 115/116, diz que ouviu comentrios que os autores foram VANDINHO, FELIPO e ORELHA.

Com a referida anlise, observando que para elucidar uma ao penal necessrio indcios de autoria e materialidade devidamente comprovados, ntido o emaranhado de suposies de nomes de diversas pessoas, que ao contrrio da materialidade que restou comprovada por meio de Laudo de Exame Cadavrico, a autoria se diverge e muito se acompanhada pelos depoimentos com base no eu ouvi comentrios ou eu fiquei sabendo, que, insta frisar, de assaz sabena, so provas de cunho duvidoso que podem interferir em at condenar pessoa que no teve participao com o fato tpico.

DO DIREITOOra, bem como se pode averiguar, a presente ao penal trata-se de apurao de crime descrito no art. 121, 2, I e IV do Cdigo Penal Brasileiro, tendo como vtima Hebert Oliveira do Santssimo. Consta por vrias vezes aos autos, que foram identificados 04 ocupantes do Gol, e que h fortes indcios da participao de ISMALEM e DANIEL pelo simples fato de que em depoimento se ouviu dizer ou fiquei sabendo.

At mesmo quando nica prova depoimento da prpria vtima, existe o seguinte entendimento:

RECURSO DA ACUSAO - ESTELIONATO - PROVA BASEADA EXCLUSIVAMENTE NOS DEPOIMENTOS DA VTIMA - AUSNCIA DE SUPORTE NO CONJUNTO PROBATRIO - CONDENAO - IMPOSSIBILIDADE - SENTENA ABSOLUTRIA MANTIDA.(TJ-MG 200000044357540001 MG 2.0000.00.443575-4/000(1), Relator: MARIA CELESTE PORTO, Data de Julgamento: 21/12/2004, Data de Publicao: 19/02/2005) (grifo para destaque)

Diferentemente da materialidade, que foi demonstrada pelo Laudo de Exame Cadavrico de fls. 73/75, no h indcios plausveis em desfavor do acusado ISMALEM. Quanto defesa dos rus, leciona NUCCI:O que se busca aos acusados em geral a mais aberta possibilidade de defesa, valendo-se dos instrumentos e recursos previstos em lei e evitando-se qualquer forma de cerceamento. Aos rus, no Tribunal do Jri, quer-se a defesa perfeita, dentro, obviamente, das limitaes naturais dos seres humanos.1

Tambm se observa que a cada depoimento colhido mais nomes so apontados como suspeitos, onde os depoentes no oculares citam todo aquele prximo a VALDORI como coautor do crime. Com isto, toda investigao se transformou em um emaranhado de suspeitos que gera dvidas quanto autoria.

O direito penal brasileiro adota o princpio do in dbio pro reo, ou seja, na dvida, interpreta-se a favor do acusado, pois a garantia de liberdade deve prevalecer sobre a pretenso punitiva do Estado. Tal princpio visvel no art. 386, VII, do Cdigo Penal:Art. 386.O juiz absolver o ru, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconhea:(...)VII no existir prova suficiente para a condenao.

_______________________________________________________________________________________________1-NUCCI, Guilherme de Souza. Tribunal do Jri 5. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro : Forense, 2014.Neste mesmo diapaso, foi juntado aos autos anteriormente, tanto a cpia da carteira profissional assinada (fl. 335), como a folha de ponto (fl. 333) que revela que no dia 06 de Junho de 2012, o acusado fez a escala de servio no perodo de 18h s 06h do dia seguinte e como consta aos autos, o fato tpico ocorreu por volta das 19h40min, comprovando que o mesmo no se encontrava nem prximo ao local dos fatos, pois seu posto de trabalho como Porteiro no municpio de Serra.

Tambm fato que o acusado jamais se furtou de contribuir com as investigaes, tanto que s ficou sabendo que havia mandado de priso em seu desfavor quando foi prestar depoimento em sede policial, onde declarou os crimes que j foi incurso, demonstrando que atualmente sua conduta no condiz como a de um membro de uma gangue.

Na prpria deciso de fls. 446/447, o mm. Juiz aponta que os acusados ISMALEM e DANIEL no alcanam graduao suficiente para priso preventiva, onde fez pedido de REVOGAO da mesma.

DOS PEDIDOSDiante do exposto requer:

A absolvio sumria do acusado com supedneo no artigo 397, IV c/c art. 386, IV ambos do Cdigo de Processo Penal.

Se assim no for o entendimento de Vossa Excelncia, que seja imputado o ru apenas nos delitos para o qual concorreu, conforme art. 29 do CP, qual seja participe material mediante auxlio, o qual no detm o domnio do fato, valendo-se da diminuio da pena constante no 2 do mesmo artigo.

Termos em que,Pede e espera deferimento.

Vitria, 02 de Maro de 2015

__________________________ MARCELO SERAFIM DE SOUZA ADVOGADO - OAB/ES 18.472

Rua Pedro Palcios, n 104/402 Centro www.marceloserafim.jud.adv.br Ed. Heitor Lugon (98859-6496) Vitria/ ES [email protected]