responsabilidade do transportador

4
Faculdade Redentor Responsabilidade Civil Responsabilidade do transportador Gilmara do Amaral Guimarães Samuel Angélica Responsabilidade do transportador No Brasil, a responsabilidade dos transportes sofreu mudanças significativas a partir da promulgação da Constituição da República de 1988, do Código de Defesa do Consumidor e, finalmente, a partir do Código Civil de 2002, que trouxe regulamentação geral ao contrato de transporte. Conforme o atual Código Civil Brasileiro, a responsabilidade contratual encontra-se disposto no art. 389 em diante, e, entre diversas espécies de contratos. A responsabilidade do transportador pode ser quanto aos seus empregados, em relação a terceiros ou em relação aos passageiros. Responsabilidade em relação a terceiro A responsabilidade será extracontratual, visto que não há vínculo contratual entre os envolvidos, sendo, portanto, responsabilidade objetiva, podendo ser afastada somente no caso do transportador demonstrar ter ocorrido fato exclusivo de terceiros, caso fortuito, força maior ou culpa exclusiva da vítima. Responsabilidade em relação aos empregados Em relação aos empregados, a responsabilidade do transportador é fundada no acidente do trabalho, caso em que a indenização deverá ser exigida do INSS. Responsabilidade em relação aos passageiros Apenas aqui a responsabilidade será contratual, fundada no contrato de transporte, assim, a responsabilidade do transportador será objetiva caso haja o inadimplemento contratual. Este contrato de transporte, um contrato de adesão, existe uma cláusula muito importante, que nele está implícito. É a cláusula de incolumidade, ou seja, é a obrigação que tem o transportador

Upload: mari-souza

Post on 24-Sep-2015

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Faculdade RedentorResponsabilidade Civil Responsabilidade do transportador Gilmara do Amaral GuimaresSamuelAnglica

Responsabilidade do transportadorNo Brasil, a responsabilidade dos transportes sofreu mudanas significativas a partir da promulgao da Constituio da Repblica de 1988, do Cdigo de Defesa do Consumidor e, finalmente, a partir do Cdigo Civil de 2002, que trouxe regulamentao geral ao contrato de transporte. Conforme o atual Cdigo Civil Brasileiro, a responsabilidade contratual encontra-se disposto no art. 389 em diante, e, entre diversas espcies de contratos.A responsabilidade do transportador pode ser quanto aos seus empregados, em relao a terceiros ou em relao aos passageiros.

Responsabilidade em relao a terceiroA responsabilidade ser extracontratual, visto que no h vnculo contratual entre os envolvidos, sendo, portanto, responsabilidade objetiva, podendo ser afastada somente no caso do transportador demonstrar ter ocorrido fato exclusivo de terceiros, caso fortuito, fora maior ou culpa exclusiva da vtima. Responsabilidade em relao aos empregadosEm relao aos empregados, a responsabilidade do transportador fundada no acidente do trabalho, caso em que a indenizao dever ser exigida do INSS.Responsabilidade em relao aos passageirosApenas aqui a responsabilidade ser contratual, fundada no contrato de transporte, assim, a responsabilidade do transportador ser objetiva caso haja o inadimplemento contratual.Este contrato de transporte, um contrato de adeso, existe uma clusula muito importante, que nele est implcito. a clusula de incolumidade, ou seja, a obrigao que tem o transportador de conduzir o passageiro so e salvo ao lugar de destino. Ou seja, obriga-se pelo fim, garante o bom xito. O transporte de bagagemNo momento em que o passageiro se locomove em um meio de transporte, o contrato de transporte envolve a obrigao do transporte de bagagem do passageiro, seja no compartimento em que o passageiro ir viajar, ou em local apropriado para o devido despacho da bagagem, devendo o transportador fornecer uma nota de bagagem, para que ao chegar so e salvo, em seu destino o passageiro possa retir-la.

Assim, o art. 734 do Cdigo Civil, afirma que:O transportador responde pelos danos causados s pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de fora maior, sendo nula qualquer clusula excludente da responsabilidade.

Quando ser excluda a responsabilidade do transportadorExiste o caso fortuito interno e o fortuito externo. O fortuito interno no afasta a responsabilidade do transportador, porque apesar de ser inevitvel, se liga organizao da empresa, se relaciona com os riscos da atividade desenvolvida pelo transportador. EX.: incndio do veculo, mal sbito do motorista. Somente o fortuito externo, isto , o fato estranho organizao da empresa sem ligao alguma com a organizao do negcio, exclui a responsabilidade do transportador. EX.: Fenmeno da natureza, caso de fora maior. O fato exclusivo do passageiro tambm afasta a responsabilidade do transportador, caso tenha sido a causa nica e determinante do evento.O fato exclusivo de terceiro (estranho ao binmio transportador- passageiro), no exclui a responsabilidade do transportador apenas lhe d direito de regresso contra o causador do dano, conforme art. 735 CC. Lembrando que, o fato culposo de terceiro est ligado ao fortuito interno, que no afasta a responsabilidade. Porm o fato doloso de terceiro, no pode ser considerado fortuito, porque fato estranho organizao do negcio pelo qual no pode responder o transportador. Quando ser o incio e o trmino da responsabilidade do transportadorEntendimento jurisprudencial que o inicio se configura deis do momento em que o passageiro iniciou o embarque.E o trmino at a sada do passageiro da estao do desembarque.Transporte puramente gratuitoEm relao ao transporte puramente gratuito, ele se caracteriza como sendo aquele que feito no exclusivo interesse do transportado, como no caso de algum que d uma carona para um amigo, socorre uma pessoa que est ferida na estrada ou sem meio de conduo. Neste caso, os entendimentos divergem, defendendo o Professor Caio Mrio da Silva Pereira que o transportador no pode ser questionado pelo que venha a ocorrer com a pessoa transportada ou compelido a pagar indenizao por dano sofrido, durante o trajeto. J o Professor Silvio Rodrigues entende que se o transportador agiu com culpa grave como, por exemplo, o motorista que faz a travessia de rua principal em alta velocidade, ou o condutor que se arriscou a atravessar a rua quando o sinal se encontrava fechado, esta culpa grave equipara-se ao dolo, e deve o motorista ser compelido a reparar o dano sofrido pelo passageiro, embora o transporte fosse desinteressado.O art. 736 do atual Cdigo Civil afirma que:No se subordina s normas do contrato de transporte o feito gratuitamente, por amizade ou cortesia.

A smula 145 STJ diz que o transportador s ser responsvel civilmente por danos ao transportador quando incorrer em dolo ou culpa grave. No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador s ser civilmente responsvel por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave. ConclusesO transporte de pessoas assunto de suma importncia, porquanto, se constitui em um fato corriqueiro do cotidiano, atingindo todas as pessoas da sociedade, que utilizam meios de transporte para a sua locomoo.Assim, o ordenamento jurdico buscou abranger a responsabilidade decorrente dos acidentes envolvendo transporte de pessoas, bem como, a responsabilidade atinente ao transporte de bagagem.Como pde ser visto no desenvolvimento do trabalho, a responsabilidade civil do transportador objetiva, podendo haver a excluso da responsabilidade de indenizar no caso fortuito e de fora maior, por fato de terceiro e por fato exclusivo do passageiro.