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RESPONSABILIDADE CIVILRESPONSABILIDADE CIVIL

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DIREITO CIVILDIREITO CIVIL

Sílvio de Salvo Venosa

Sílvio de Salvo Venosa

8. RESPONSABILIDADE CIVIL NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

V. IV 22

8.1. Introdução. O atual direito:

– o Código de Defesa do Consumidor, Lei no 8.078/90, como revolução

na responsabilidade civil e um divisor de águas do próprio direito brasileiro, consagrando-se como microssistema jurídico das atividades negociais;


V. IV 33

– a promulgação do Código de Defesa do Consumidor com lastro nos termos dos arts. 5o, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição de 1988, e no art. 48 do ADTC;

– segundo o art. 2o deste microssistema, “consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”;


V. IV 44

– a abrangente definição de fornecedor, no art. 3o:

“Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”;


V. IV 55

– a responsabilidade pelo fato do produto, no art. 12, referindo-se ao fabricante, produtor, construtor e importador;

– a responsabilidade subsidiária do comerciante no art. 13 do CDC;

– a transgressão aos direitos do consumidor, quando mais de um for autor da ofensa (art. 7o, parágrafo único);


V. IV 66

– a compreensão de serviço na lei consumerista: “Art. 3o, § 2o. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”;


V. IV 77

– o art. 4o, III, menciona a harmonização e compatibilização das relações de consumo: “de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores”;


V. IV 88

– entre os princípios do art. 4o, há o reconhecimento da referida vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo (inciso I) e a coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo (inciso VI);

– o art. 6o e incisos definem o que a lei entende como direitos básicos do consumidor;


V. IV 99

– para a inversão do ônus da prova, presente no art. 6o, o magistrado levará em conta a hipossuficiência do consumidor ou a verossimilhança de suas alegações;

– o princípio da boa-fé nas relações de consumo que deve orientar o juiz nas decisões;

– o dever de informação inerente a todas relações de consumo, realçado na lei do consumidor.


V. IV 1010

8.2. Relação de consumo e responsabilidade civil:

– anteriormente à lei de defesa do consumidor, a responsabilidade do fabricante, produtor (também importador e construtor) ou comerciante era regida pelo art. 186 (antigo, art. 159) do Código Civil;

– o comprador de produtos ficava sujeito ao exíguo prazo dos vícios redibitórios,

de 15 dias a contar da tradição, para as coisas móveis (arts. 441 ss; antigo, art. 178, § 2o);


V. IV 1111

– anteriormente ao CDC, seguia-se as regras ordinárias de processo, a vítima deveria mover a ação contra o fabricante no local de sua sede;

– o caráter interdisciplinar do Código de Defesa do Consumidor criando um microssistema jurídico;


V. IV 1212

– a responsabilidade do fabricante surge expressa no art. 12 da lei, independentemente de culpa;

– nas relações de consumo não se admite na doutrina, como regra geral e segundo corrente majoritária, a culpa concorrente do consumidor;


V. IV 1313

– o STJ reconheceu a culpa concorrente, permitindo a redução da indenização (RE 287.849-SP, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar);

– o fato externo que não guarda relação alguma com o produto exclui a responsabilidade do fornecedor;


V. IV 1414

– a responsabilidade do fornecedor de serviço é descrita no art. 14:

“O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”;


V. IV 1515

– técnicas mais modernas utilizadas posteriormente não tornam defeituoso o serviço anteriormente prestado (art. 14, § 2o);

– o acidente de consumo do consumidor por equiparação, reconhecido no Código de Defesa do Consumidor (art. 17).


V. IV 1616

8.3. Reparação de danos:

– a responsabilidade por vício do produto e do serviço estabelecida nos arts. 18 a 20 do CDC;

– a obrigação complementar do fornecedor de serviço em utilizar componentes originais de reposição (art. 21), sob pena de caracterização

do crime previsto no artigo 70, da Lei Consumerista;


V. IV 1717

– o fornecedor não pode alegar em sua defesa o desconhecimento ou ignorância dos vícios de qualidade dos produtos e serviços (art. 23);

– a ação de regresso, em sede de direitos do consumidor, deve ser autônoma, porque o art. 88 do Código de Defesa do Consumidor veda a denunciação da lide;

– a obrigação legal de garantia pela adequação do produto e do serviço decorrente do ordenamento (art. 24);


V. IV 1818

– a cláusula de não indenizar é ineficaz no campo dos direitos do consumidor (art. 25);

– os arts. 26 e 27 da lei estabelecem os prazos decadenciais e prescricionais para o direito de reclamar pelos vícios nos produtos ou serviços;

– o art. 28 trata da desconsideração da pessoa jurídica sempre que esta for um obstáculo à satisfação dos direitos do consumidor.

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