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AT\1135339PT.docx AP102.334v04-00 PT PT ASSEMBLEIA PARLAMENTAR EURO-LATINO-AMERICANA RESOLUÇÃO: O tráfico de armas ligeiras e de pequeno calibre com base no parecer da Comissão dos Assuntos Políticos, da Segurança e dos Direitos Humanos Correlatoras: Gabriela Cuevas (CPM UE-México) Ulrike Rodust (Parlamento Europeu) Quinta-feira, 21 de setembro de 2017 - São Salvador

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PT PT

ASSEMBLEIA PARLAMENTAREURO-LATINO-AMERICANA

RESOLUÇÃO:

O tráfico de armas ligeiras e de pequenocalibrecom base no parecer da Comissão dos Assuntos Políticos, da Segurança e dos DireitosHumanos

Correlatoras: Gabriela Cuevas (CPM UE-México)Ulrike Rodust (Parlamento Europeu)

Quinta-feira, 21 de setembro de 2017 - São Salvador

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EUROLAT - Resolução de 21 de setembro de 2017 - São Salvador[com base no parecer da Comissão dos Assuntos Políticos, da Segurança e dos DireitosHumanos]

O tráfico de armas ligeiras e de pequeno calibre

A Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana,

– Tendo em conta o Instrumento Internacional para permitir aos Estados Identificar eRastrear, de Forma Atempada e Fiável, as Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre Ilícitas,adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 8 de dezembro de 2005,

– Tendo em conta o Tratado sobre o Comércio de Armas, adotado pela Assembleia Geraldas Nações Unidas em 2 de abril de 2013 e em vigor desde 24 de dezembro de 2014,que procura regulamentar o comércio internacional de armas convencionais, desdearmas ligeiras a tanques de combate, aviões de combate e navios de guerra,

– Tendo em conta o Protocolo contra o fabrico e o tráfico ilícitos de armas de fogo, suaspartes, componentes e munições, que complementa a Convenção das Nações Unidascontra a Criminalidade Organizada Transnacional, adotado pela Assembleia Geral em2001, e em vigor desde 3 de junho de 2005,

– Tendo em conta o objetivo 16 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das NaçõesUnidas em prol de sociedades pacíficas e inclusivas, em particular a quarta metaespecífica que prevê, até 2030, a redução significativa dos fluxos ilegais financeiros e dearmas,

– Tendo em conta o Programa de Ação para Prevenir, Combater e Erradicar o ComércioIlícito de Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre em todos os seus Aspetos, adotado noâmbito da Conferência das Nações Unidas sobre o Tráfico de Armas Ligeiras e dePequeno Calibre, que teve lugar em Nova Iorque, em 2001,

– Tendo em conta os resultados da sexta reunião bienal dos Estados para analisar aexecução do Programa de Ação da Organização das Nações Unidas para Prevenir,Combater e Erradicar o Comércio Ilícito de Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre emtodos os seus Aspetos, que se realizou em Nova Iorque (Estados Unidos da América),em 10 de junho de 2016,

– Tendo em conta a Convenção Interamericana contra o Fabrico e o Tráfico Ilícitos deArmas de Fogo, Munições, Explosivos e outros Materiais conexos, adotada pelaAssembleia Geral da Organização dos Estados Americanos, em 13 de novembro de1997,

– Tendo em conta a Lei-Quadro das armas de fogo, munições e materiais correlatos,aprovada pela Assembleia Geral do Parlamento Latino-Americano e das Caraíbas em2008,

– Tendo em conta o Grupo de Trabalho sobre Armas de Fogo e Munições do Mercosul e

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Estados Associados,

– Tendo em conta a Decisão 552 da Comunidade Andina sobre o Plano Andino para aPrevenção, Combate e Erradicação do Tráfico Ilícito de Armas Ligeiras e de PequenoCalibre em todos os seus Aspetos, e o Programa Centro-Americano de Controlo deArmas Ligeiras e de Pequeno Calibre (CASAC) da Secretária-Geral do Sistema deIntegração Centro-Americana (SG-SICA),

– Tendo em conta a Posição Comum 2003/468/PESC do Conselho da União Europeia, dejunho de 2003, relativa ao controlo da intermediação de armamento, a fim de evitar apossibilidade de contornar os embargos da ONU, da UE ou da OSCE em matéria deexportação de armas, bem como os oito critérios enunciados na PosiçãoComum 2008/944/PESC da União Europeia relativa à Exportação de Armas,

– Tendo em conta a Decisão 2011/428/PESC do Conselho da Europa, de julho de 2011,em apoio das atividades do Gabinete para os Assuntos de Desarmamento das NaçõesUnidas sobre a aplicação do Programa de Ação para Prevenir, Combater e Erradicar oComércio Ilícito de Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre em todos os seus Aspetos, afim de apoiar a preparação da conferência de revisão do Programa de Ação nestamatéria,

– Tendo em conta a Diretiva 2008/51/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de maiode 2008, relativa ao controlo da aquisição e da detenção de armas para continuar acombinar o compromisso de assegurar uma certa liberdade de circulação paradeterminadas armas de fogo no espaço intracomunitário e a necessidade de limitar essaliberdade com determinadas garantias de segurança, adaptadas a este tipo de produtos,

– Tendo em conta a Diretiva 91/477/CEE do Conselho, relativa ao controlo da aquisição eda detenção de armas,

– Tendo em conta a Decisão 2017/633/PESC do Conselho da União Europeia, em apoiodo Programa de Ação das Nações Unidas para Prevenir, Combater e Erradicar oComércio Ilícito de Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre em todos os seus Aspetos,

A. Considerando que a proliferação, a utilização e o tráfico ilícito de armas ligeiras e depequeno calibre representam um risco grave para a comunidade internacional que violaos direitos humanos, e constituem obstáculos que impedem o desenvolvimentosustentável dos nossos países;

B. Reconhecendo o importante contributo que pode ser prestado pela sociedade civil,incluindo as organizações não-governamentais e a indústria, nomeadamente, em termosde cooperação com os governos na prevenção, no combate e na erradicação do comércioilícito de armas ligeiras e de pequeno calibre em todos os seus aspetos;

C. Considerando que a presença deste tipo de armas aumenta de forma exponencial aprobabilidade de uma escalada nos conflitos ou as dificuldades em processos de pósconflito;

D. Considerando, em conformidade com o objetivo 16 da Agenda 2030, a relação diretaexistente entre segurança e desenvolvimento, e recordando a importância do controlo do

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tráfico de armas ligeiras e de pequeno calibre para o desenvolvimento de sociedades maisresilientes, que garantam a segurança das pessoas, reforcem o Estado de Direito e deemresposta aos complexos desafios de insegurança;

E. Considerando que as armas ligeiras e de pequeno calibre constituem a categoria dearmas responsável pelo maior número de mortes diretas em conflitos armados em todo omundo;

F. Considerando que a proliferação de armas ilícitas ligeiras e de pequeno calibre afeta odesenvolvimento económico e social de cada país e que é um instrumento muito presenteno contexto da violência doméstica e baseada no género;

G. Considerando que o volume médio anual do comércio de armas, nos últimos 10 anos, seestima em 100 000 milhões de dólares e que 70 % do comércio tem origem nos cincomembros permanentes do Conselho de Segurança da ONU: Estados Unidos da América,China, França, Reino Unido e Rússia;

H. Considerando que a violência relacionada com as armas ligeiras e de pequeno calibretem diferentes origens e repercussões, e que, apesar do controlo rigoroso, o simplesfacto de as armas se encontrarem disponíveis multiplica as possibilidades de ocorrênciade ferimentos e mortes;

I. Considerando que o reforço dos mecanismos existentes em matéria de controlo,desarmamento, acompanhamento, registo, marcação, armazenagem e destruição dearmas ligeiras e de pequeno calibre e respetivas munições previne o tráfico das mesmas;

J. Considerando que existe uma forte correlação entre o tráfico de armas ligeiras e depequeno calibre e a criminalidade organizada, e que, em conjunto, armas e drogasrepresentam a maior parte do comércio ilícito no mundo;

K. Considerando que a violência relacionada com as armas ligeiras e de pequeno calibre nãoé exclusiva de zonas de conflito, países devastados pela guerra ou regiões com um baixonível de desenvolvimento, ocorrendo igualmente em países desenvolvidos e em contextosdomésticos;

L. Considerando imperativo envidar esforços globais em prol da limitação das armas einiciar ações concretas para fomentar alianças importantes entre a União Europeia e aAmérica Latina; que, por isso, há que criar um instrumento que obrigue os fabricantes eexportadores a respeitar normas precisas para prevenir e erradicar o tráfico de armasconvencionais, evitando igualmente o seu desvio para o mercado negro ou para outrasutilizações e utilizadores finais não autorizados, em especial organizações criminosas ecivis e grupos terroristas que as adquirem de forma ilícita; considerando que os Estadossão obrigados a cumprir as obrigações de informação estabelecidas pelo Tratado sobre oComércio de Armas e pelo Programa de Ação da ONU sobre armas ligeiras e depequeno calibre, que são cruciais para aumentar a transparência e responsabilizar osgovernos pelas suas decisões em matéria de armas ligeiras e de pequeno calibre;

1. Congratula-se com a aprovação do Tratado sobre o Comércio de Armas (TCA), em2013, e sua entrada em vigor em 24 de dezembro de 2014, tendo sido assinado por 130países, e constituindo o primeiro instrumento mundial juridicamente vinculativo que

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regula a transferência internacional da maioria das armas convencionais, bem como dasmunições e dos componentes; salienta que a sua aplicação contribuirá para transformaro comércio internacional de armas e para mostrar quem são os utilizadores finais;

2. Considera que o Tratado sobre o Comércio de Armas só pode ser eficaz se impedir ocomércio ilícito de armas à escala internacional; está persuadida de que as incoerênciasexpostas devem desencadear investigações e, se for caso disso, sanções pelasautoridades nacionais pertinentes;

3. Insta os Estados a concentrar os esforços nacionais e em matéria de cooperaçãointernacional no controlo e na eliminação das armas ligeiras e de pequeno calibre, nasrespetivas munições e nos respetivos explosivos; observa que, mesmo quando asreferidas armas tenham sido obtidas de forma legal, estas devem ser submetidas arigorosos procedimentos e a processos de autorização, na medida em que constituem umelemento de desestabilização; salienta que as armas exacerbam os conflitos, alimentamo terrorismo, a criminalidade organizada e os tiroteios, ameaçam o Estado de Direito,contribuem para a violação dos direitos humanos e do direito humanitário internacionale promovem a violência doméstica e com base no género;

4. Sublinha a necessidade de reforçar a rastreabilidade das armas ligeiras e de pequenocalibre em situações de conflito e pós-conflito; destaca, neste sentido, a importância deprestar ajuda ao desenvolvimento de capacidades, a fim de identificar e conter o fluxode armas ligeiras e de pequeno calibre ilícitas;

5. Reitera o seu compromisso de promover e garantir o respeito pelo Direito Internacionalem cada jurisdição nacional e, nesse sentido, a sua responsabilidade de incitar osgovernos a assinar, ratificar e aplicar os instrumentos jurídicos internacionais existentesa nível global e regional, em matéria de tráfico de armas ligeiras e de pequeno calibre,munições e explosivos, incluindo o Tratado sobre o Comércio de Armas; considera queé igualmente necessário estabelecer diretrizes internacionais vinculativas para reforçaros instrumentos jurídicos internacionais;

6. Reitera, além disso, a sua responsabilidade de dar seguimento atempado à aplicação emtodos os países membros do Programa de Ação para Prevenir, Combater e Erradicar oComércio de Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre em todos os seus Aspetos, navéspera da Terceira Conferência de Revisão de 2018, bem como do InstrumentoInternacional de Rastreio; recorda a necessidade de ter em conta as implicações para oPrograma de Ação dos mais recentes progressos no fabrico, desenvolvimentotecnológico e na conceção das armas ligeiras e de pequeno calibre;

7. Reafirma a necessidade de promover em cada jurisdição nacional a conceção e aaplicação de políticas públicas e ações legislativas destinadas a reduzir a existência e aproliferação de armas ligeiras e de pequeno calibre, respetivas munições e explosivos,nas nossas sociedades, e assegurar um controlo eficaz sobre a sua exportação, o seutrânsito e a sua importação;

8. Salienta a importância das ações de coordenação entre os parlamentares, o poderexecutivo, a sociedade civil e a indústria na aplicação efetiva de mecanismos decontrolo nacionais, regionais e internacionais do tráfico de armas ligeiras e de pequenocalibre, respetivas munições e componentes;

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9. Salienta a importância dos programas de entrega voluntária de armas, nomeadamenteem situações pós-conflito;

10. Congratula-se com o projeto de organizar conferências regionais entre a UE e oCARICOM, bem como entre a UE, a OEA e a UNASUL, no intuito de apoiar osgovernos e as referidas organizações regionais na preparação da Terceira Conferênciade Revisão de 2018;

* * *

11. Encarrega os seus copresidentes de transmitir a presente resolução ao Conselho daUnião Europeia e à Comissão Europeia, aos parlamentos dos Estados-Membros daUnião Europeia e de todos os países da América Latina e das Caraíbas, ao ParlamentoLatino-Americano, ao Parlamento Centro-Americano, ao Parlamento Andino e aoParlamento do Mercosul, ao Secretariado da Comunidade Andina, à Comissão deRepresentantes Permanentes do Mercosul, à Comunidade de Estados Latino-Americanos, à Presidência interina e aos países integrantes da Troica da CELAC e aossecretários-gerais da Organização dos Estados Americanos, da União das Nações Sul-Americanas e das Nações Unidas.