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SINGULAR ANGLO VESTIBULARES JUNHO/2017 01. (FUVEST) Considere o excerto em que Araripe Júnior, crítico associado ao Naturalismo, refere se ao estilopraticado “nesta terra”, isto é, no Brasil. O estilo, nesta terra, é como o sumo da pinha, que, quando viça, lasca, deforma-se, e, pelas fendas irregulares, poreja o mel dulcíssimo, que as aves vêm beijar; ou como o ácido do ananás do Amazonas, que desespera de sabor, deixando a língua a verter sangue, picada e dolorida. a) O modo pelo qual o crítico explica a feição que o estiloassume “nesta terra” indica que ele compartilha com o Naturalismo um postulado fundamental. Qual é esse postulado? Explique resumidamente. b) As características de estilo sugeridas pelo crítico, no excerto, aplicam se ao romance O cortiço, de Aluísio Azevedo? Justifique sucintamente sua resposta. a) O postulado fundamental do Naturalismo compartilhado pela explicação formulada pelo crítico é o determinismo de meio. Isso fica claro no texto, uma vez que as características mencionadas (o sumo da pinha que [...] lasca, deforma-se [...] poreja o mel dulcíssimo [...] ou como o ácido do ananás [...] que desespera de sabor) sugerem uma ligação entre o estilo e o ambiente. b) Sim. As características sugeridas pelo crítico estão presentes na obra de Aluísio Azevedo, uma vez que O cortiço faz uso de descrições marcadas pela sensorialidade, em que aspectos como paladar e tato, por exemplo, são enfatizados. Além disso, a obra veicula o que se chamava de belo horrível, por intermédio do qual o grotesco e o deformado (a que o crítico faz referência em expressões como deforma-see fendas irregulares) também podem gerar arte (o mel dulcíssimoque aparece no texto crítico). 02. (FUVEST) No capítulo CXIX das Memórias póstumas de Brás Cubas, o narrador declara: “Quero deixar aqui, entre parêntesis, meia dúzia de máximas* das muitas que escrevi por esse tempo.” Nos itens a) e b) encontram-se reproduzidas duas dessas máximas. Considerando-as no contexto da obra a que pertencem, responda ao que se pede. * “Máxima”: fórmula breve que enuncia uma observação de valor geral; provérbio. a) “Matamos o tempo; o tempo nos enterra.” Pode-se relacionar essa máxima à maneira de viver do próprio Brás Cubas? Justifique sucintamente. b) “Suporta-se com paciência a cólica do próximo.” A atitude diante do sofrimento alheio, expressa nessa máxima, pode ser associada a algum aspecto da filosofia do Humanitismo”, formulada pela personagem Quincas Borba? Justifique sua resposta. a) Brás Cubas era um membro da elite escravocrata que nunca trabalhou na vida. Sua existência foi toda entregue a ocupações fúteis ou a projetos megalômanos e egocêntricos. Essa postura pode ser associada à atitude de matar o tempo, referida na máxima. Por mais que essa existência pareça prazerosa, ela também está inserida na natural evolução do tempo e é submetida à inarredável presença da morte. Daí a noção de que o tempo nos enterraperspectiva melancólica que marca toda a obra. b) A máxima de Brás Cubas está perfeitamente adequada à teoria do Humanitismo, pois essa filosofia é a expressão de um individualismo que afirma explicitamente a necessidade de adorar-se a si próprioe que exalta a chamada lei do mais forte. Dessa forma, desde que o prazer subjetivo seja mantido, pouco importa a dor do próximo. Quincas Borba, o autor da filosofia, chega a afirmar que a dor “é uma pura ilusão. RESOLUÇÃO DO SIMULADO DISSERTATVIO PROVA D-2 GRUPO EXTN

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SINGULAR ANGLO VESTIBULARES JUNHO/2017

01. (FUVEST) Considere o excerto em que Araripe Júnior, crítico associado ao Naturalismo, refere se ao “estilo” praticado “nesta terra”, isto é, no Brasil. O estilo, nesta terra, é como o sumo da pinha, que, quando viça, lasca, deforma-se, e, pelas fendas irregulares, poreja o mel dulcíssimo, que as aves vêm beijar; ou como o ácido do ananás do Amazonas, que desespera de sabor, deixando a língua a verter sangue, picada e dolorida. a) O modo pelo qual o crítico explica a feição que o “estilo” assume “nesta terra” indica que ele compartilha com o Naturalismo um postulado fundamental. Qual é esse postulado? Explique resumidamente. b) As características de estilo sugeridas pelo crítico, no excerto, aplicam se ao romance O cortiço, de Aluísio Azevedo? Justifique sucintamente sua resposta.

a) O postulado fundamental do Naturalismo compartilhado pela explicação formulada pelo crítico é o “determinismo de meio”. Isso fica claro no texto, uma vez que as características mencionadas (“o sumo da pinha que [...] lasca, deforma-se [...] poreja o mel dulcíssimo [...] ou como o ácido do ananás [...] que desespera de sabor”) sugerem uma ligação entre o estilo e o ambiente. b) Sim. As características sugeridas pelo crítico estão presentes na obra de Aluísio Azevedo, uma vez que O cortiço faz uso de descrições marcadas pela sensorialidade, em que aspectos como paladar e tato, por exemplo, são enfatizados. Além disso, a obra veicula o que se chamava de belo horrível, por intermédio do qual o grotesco e o deformado (a que o crítico faz referência em expressões como “deforma-se” e “fendas irregulares”) também podem gerar arte (o “mel dulcíssimo” que aparece no texto crítico). 02. (FUVEST) No capítulo CXIX das Memórias póstumas de Brás Cubas, o narrador declara: “Quero deixar aqui, entre parêntesis, meia dúzia de máximas* das muitas que escrevi por esse tempo.” Nos itens a) e b) encontram-se reproduzidas duas dessas máximas. Considerando-as no contexto da obra a que pertencem, responda ao que se pede. * “Máxima”: fórmula breve que enuncia uma observação de valor geral; provérbio.

a) “Matamos o tempo; o tempo nos enterra.” Pode-se relacionar essa máxima à maneira de viver do próprio Brás Cubas? Justifique sucintamente. b) “Suporta-se com paciência a cólica do próximo.” A atitude diante do sofrimento alheio, expressa nessa máxima, pode ser associada a algum aspecto da filosofia do “Humanitismo”, formulada pela personagem Quincas Borba? Justifique sua resposta.

a) Brás Cubas era um membro da elite escravocrata que nunca trabalhou na vida. Sua existência foi toda entregue a ocupações fúteis ou a projetos megalômanos e egocêntricos. Essa postura pode ser associada à atitude de “matar o tempo”, referida na máxima. Por mais que essa existência pareça prazerosa, ela também está inserida na natural evolução do tempo e é submetida à inarredável presença da morte. Daí a noção de que “o tempo nos enterra” − perspectiva melancólica que marca toda a obra. b) A máxima de Brás Cubas está perfeitamente adequada à teoria do Humanitismo, pois essa filosofia é a expressão de um individualismo que afirma explicitamente a necessidade de “adorar-se a si próprio” e que exalta a chamada “lei do mais forte”. Dessa forma, desde que o prazer subjetivo seja mantido, pouco importa a dor do próximo. Quincas Borba, o autor da filosofia, chega a afirmar que a dor “é uma pura ilusão”.

RESOLUÇÃO DO SIMULADO DISSERTATVIO

PROVA D-2 GRUPO EXTN

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03. (UNICAMP) Leia o soneto abaixo, de Luís de Camões. “ Enquanto quis Fortuna que tivesse esperança de algum contentamento, o gosto de um suave pensamento me fez que seus efeitos escrevesse. Porém, temendo Amor que aviso desse minha escritura a algum juízo isento, escureceu-me o engenho com tormento, Ó vós, que Amor obriga a ser sujeitos a diversas vontades! Quando lerdes num breve livro casos tão diversos, verdades puras são, e não defeitos… E sabei que, segundo o amor tiverdes, Tereis o entendimento de meus versos!” para que seus enganos não dissesse.

(Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000164.pdf. Acessado em 02/08/2016.)

a) Nos dois quartetos do soneto acima, duas divindades são contrapostas por exercerem um poder sobre o eu lírico. Identifique as duas divindades e explique o poder que elas exercem sobre a experiencia amorosa do eu lírico. b) Um soneto é uma composição poética composta de 14 versos. Sua forma é fixa e seus últimos versos encerram o núcleo temático ou a ideia principal do poema. Qual é a ideia formulada nos dois últimos versos desse soneto de Camões, levando-se em consideração o conjunto do poema?

a) Neste soneto camoniano, as duas divindades que se opõem são Fortuna e Amor. Fortuna é a deusa romana da esperança e da sorte. No primeiro quarteto, nota-se a influência desta sobre o eu lírico, que passa a escrever os versos na perspectiva de experimentar alguma alegria. O contraponto a essa alegria surge no segundo quarteto, com a presença do Amor, também conhecido na mitologia romana por Cupido. O poder que ele exerce sobre as pessoas é o de submeter os indivíduos à sua vontade ou aos seus caprichos, o que, nesse caso, se traduz na ação de atormentar o poeta, escurecendo o seu raciocínio, impedindo-o de revelar aos leitores os enganos do Amor. b) Nos dois últimos versos, formula-se a ideia de que a compreensão do sentido da obra poética do autor dependerá da experiência amorosa do leitor. 04. (FUVEST) 05

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a) A dificuldade explicitada no último quadrinho verifica se apenas na redação de cartas ou ocorre também na redação dos gêneros textuais romance e conto? Justifique sua resposta. b) O texto que compõe as falas dos quadrinhos pertence inteiramente à modalidade escrita da língua portuguesa? Justifique sua resposta, com base em elementos presentes no texto.

a) O personagem da tirinha confessa, no último quadrinho, que sua maior dificuldade com a escrita de cartas é enfrentar o descompasso entre a linguagem escrita e a falada. Em outros termos, sua dificuldade não é com o gênero de escrita (carta tradicional ou e-mail, por exemplo), mas com o registro de linguagem. Tomando esse comentário como princípio, pode-se afirmar que a dificuldade do personagem também ocorre na redação de gêneros textuais, como o romance e o conto, uma vez que eles são tradicionalmente caracterizados pela modalidade escrita da língua (não a falada). É preciso considerar, porém, que esses dois gêneros destacados não são tão estáveis e podem, por exemplo, simular, na escrita, elementos da modalidade falada e/ou informal. Nessa linha, aquilo que o personagem da tirinha expressa como dificuldade seria, na verdade, fundamento do trabalho com a linguagem: a escrita simularia elementos coloquiais da fala, em vez de aquela ser “uma coisa” e esta, “outra”. b) Não há, nas falas dos quadrinhos, marcas características da modalidade oral da língua, como hesitações, truncamentos de ideias, constantes reiterações, anacolutos etc. Logo, é plausível afirmar que o texto das falas pertence inteiramente à modalidade escrita da língua portuguesa – a virgulação, a seleção de palavras ou a ordem dos termos na frase são elementos que confirmam essa característica. Mesmo construções informais como “com toda essa coisa de” (2º quadrinho) ou expressões como “coisa” (4º quadrinho) podem ser encontradas em textos escritos em que a linguagem coloquial é reproduzida na escrita. O que não se pode afirmar é que o texto das falas seja inteiramente pertencente ao registro formal, erudito. (UNESP) Leia atentamente o texto para responder as questões 5 e 6. Escrever Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva. Não estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada. Que pena que só sei escrever quando espontaneamente a “coisa” vem. Fico assim à mercê do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos. Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros.

(Clarice Lispector. A descoberta do mundo, 1999.)

05. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. Ao empregar na frase apresentada o advérbio eventualmente, o que revela Clarice Lispector sobre a criação de um conto ou romance?

No trecho “aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance”, o termo “eventualmente” é fundamental para revelar parte da gênese do texto literário de Clarice Lispector: a escritora sugere que, motivada por uma inspiração inicial, começava por redigir algo menos pretensioso, que nem sempre chegava a culminar em um conto ou em um romance. O advérbio “eventualmente” participa da construção desse significado por estabelecer o pressuposto de que a transformação desse texto inicial em um texto literário era algo casual, eventual, que não ocorria com regularidade.

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06. Clarice Lispector coloca inicialmente o processo da criação literária como uma maldição. Em seguida, ressalva que é também uma salvação. Com base no texto da crônica, explique como a autora resolve essa diferença de conceitos sobre a criação literária.

Embora Clarice Lispector afirme que o ato de escrever é, contraditoriamente, maldição e salvação, ao final do primeiro parágrafo a diferença entre os dois conceitos acaba diluída com a definição do processo de criação como uma “maldição que salva”. A maldição se explica pelo entendimento da escrita “como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar”, e a salvação pela ideia de que, por meio da escrita, uma “alma presa” pode se libertar e também compreender dias que não seriam entendidos, se os deixássemos passar sem escrever. Assim, o paradoxo resolve-se pela associação de características complementares da escrita, que podem ser consideradas transformadoras para o sujeito que se submete a elas. 07. (FUVEST) Esta planta foi elaborada no contexto da nova política estabelecida pela Coroa portuguesa para suas possessões na América, durante o chamado período pombalino (1750 1777). a) A partir dela, identifique dois elementos que contrastam a organização espacial das comunidades indígenas com a organização espacial proposta pelos poderes coloniais; b) descreva as principais diretrizes políticas e culturais do projeto pombalino para a população indígena da América.

a) A maioria das sociedades indígenas organizava-se em aldeias, cuja forma circular conferia uma ocupação espacial mais igualitária, contrapondo-se à planta apresentada na imagem, que sugere uma hierarquia explícita da ocupação do espaço, principalmente quando analisamos o local da igreja e da sacristia, da casa do padre e da casa do diretor. Outro elemento que contrasta é a organização do espaço para atividades econômicas, evidenciadas na presença do engenho para açúcar e seus pertences. Pode-se também identificar o conceito de planejamento pela presença de uma planta, além de uma organização espacial específica para a construção das missões, o que não era explícito nas organizações indígenas. b) As Reformas Pombalinas (1750-1777) aplicadas em Portugal e suas colônias procuraram ampliar ao máximo os lucros provenientes da exploração colonial e, nesse cenário, ocorreram mudanças políticas e culturais referentes às sociedades indígenas, tais quais: a proibição da escravidão indígena; a expulsão dos jesuítas, transferindo a tutela

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educacional das instituições religiosas para o Estado; o direito ao casamento com luso-brasileiros, buscando uma miscigenação para assegurar um crescimento populacional que permitiria o controle do interior nas fronteiras; e a proibição da língua geral e a oficialização exclusiva do português. Ademais, vale destacar que diretórios indígenas foram criados para a administração dos aldeamentos, antes controladas pelos padres jesuítas. Todo esse processo de aculturação do indígena buscava incorporar tais sociedades (indivíduos) ao controle político da Coroa. 08. (FUVEST) O papel da imprensa, como agente histórico, foi decisivo para a Independência do Brasil na medida em que significou e ampliou espaços de liberdade de expressão e de debate político, que formaram e interferiram no quadro da separação de Portugal e de início da edificação da ordem nacional. A palavra impressa no próprio território do Brasil era então uma novidade que circulava e ajudava a delinear identidades culturais e políticas e constituiu se em significativo mecanismo de interferência, com suas singularidades e interligada a outras dimensões daquela sociedade que aliava permanências e mutações.

Marco Morel, Independência no papel: a imprensa periódica. I. Jancsó (org.). Independência: história e historiografia. Adaptado.

a) Explique por que a imprensa pode ser considerada “uma novidade” no Brasil à época da Independência. b) O texto se refere a “outras dimensões daquela sociedade que aliava permanências e mutações”. Dê dois exemplos dessas dimensões, relacionando as com o “início da edificação da ordem nacional” no Brasil da época da Independência.

a) Porque foi somente com a chegada da Família Real ao Brasil em 1808 e a subsequente criação da Imprensa Régia que ocorreu a implantação da imprensa na colônia, visto que essa poderia servir de meio restrito às elites coloniais ou possível ameaça ao predomínio metropolitano. b) O processo da independência transcorreu no quadro de uma sociedade escravocrata e sob um estado monárquico. A ruptura com Portugal apontava para a edificação da ordem nacional nas dimensões da manutenção ou não tanto da monarquia quanto da escravidão. Além disso, adquiriu particular relevância a questão da unidade territorial ou da fragmentação da colônia, vista na época como um "arquipélago" socioeconômico e cultural. Nesse aspecto, as ideias republicanas apareciam associadas aos exemplos do federalismo estadunidense e da quebra da unidade política onipresente na América espanhola. 09. (UNICAMP)

Adriaen van de Venne. A pesca de almas , Holanda. Detalhe.

a imagem representa a disputa entre calvinistas e cat licos. omo est o representados os calvinistas na o ra do artista holand s xplique a import ncia econ mica da olanda como pot ncia marítima no contexto europeu do século XVII.

a) A questão exigia do candidato a leitura da imagem, identificando os calvinistas, no primeiro plano à esquerda, com suas vestes negras e com livros em mãos. A representação sugere a sobriedade individual, o rigor religioso e a utilização da Bíblia como elementos que fazem parte do ideário calvinista utilizado pelo artista.

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b) O século XVII é o período do apogeu comercial holandês, que pode ser explicado a partir de aspectos como a constituição das companhias marítimas de comércio, o predomínio batavo no refino e comercialização do açúcar produzido no Brasil e nas Antilhas, e a utilização de capitais holandeses nas áreas coloniais da Asia, da Africa e da América. Os lucros obtidos nas atividades manufatureiras e a condição de potência marítima tornaram a Holanda um dos principais centros econômicos europeus, ao mesmo tempo em que os holandeses enfrentaram a concorrência com Portugal, Espanha e Inglaterra no comércio marítimo. 10. (UNESP) O entendimento dos processos sociais envolvidos nos fluxos de pessoas entre países, regiões e continentes passa pelo reconhecimento de que sob a rubrica migração internacional estão envolvidos fenômenos distintos, com grupos sociais e implicações diversas. A migração internacional, no contexto da globalização, é inevitável e deve ser entendida como parte das estratégias de sobrevivência, de impulso para alcançar novos horizontes, e a globalização, nesse contexto, age como fator de estímulo.

(Neide L. Patarra. “M g açõ internacionais: teorias, políticas e movimentos oc a ” Estudos Avançados, 2006. Adaptado.)

Explique por que a globalização é um estímulo à migração internacional. Cite dois aspectos ou “fenômenos distintos” motivadores das migrações.

O fortalecimento da globalização está associado à evolução de novas tecnologias de transporte (redes materiais) que baratearam e facilitaram o deslocamento não apenas de mercadorias, mas de pessoas entre diferentes países. Outro ponto importante é o aprimoramento das tecnologias de comunicação (redes imateriais) que viabilizam a maior difusão de informações sobre as crescentes desigualdades socioeconômicas entre as diversas regiões do mundo, o que favorece um maior fluxo migratório. Dentre os aspectos motivadores das migrações, podemos destacar: busca por melhores condições socioeconômicas (maior renda, serviços de saúde, educação e moradia); procura por estabilidade política e liberdade cultural. 11. (UNESP) Origem das peças do Boeing 787 – Empresa (país)

(www.businessinsider.com. Adaptado.)

Considerando o exemplo apresentado e a expansão das multinacionais no contexto da globalização, identifique e caracterize o que ocorre com o processo produtivo das multinacionais. Cite dois fatores que levam as empresas a adotar essa nova estratégia.

A evolução dos sistemas de transporte e comunicação intensificou na economia global o processo de descentralização da produção em busca de benefícios produtivos. A produção em rede aloca os diferentes

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segmentos, considerando as vantagens locacionais de cada etapa, a saber: mão de obra, matéria-prima, infraestrutura de escoamento, proximidade do mercado consumidor, etc. No caso da indústria aeronáutica, a alta intensidade tecnológica requer a busca de fornecedores capazes de garantir o elevado padrão de qualidade exigido nesse competitivo setor. Com isso, a formação da rede de fornecedores deve apresentar como vantagens locacionais a capacidade de inovação tecnológica e a redução dos custos, mantendo o padrão de qualidade. Dessa forma, os fornecedores de componentes para as aeronaves projetadas pela Boeing são formados, sobretudo, por empresas sediadas em países desenvolvidos, onde a especialização e a capacidade de inovação tecnológica em determinados ramos permitem a manutenção da qualidade dos produtos e a redução dos custos de produção. 12. (FUVEST) O gráfico mostra a progressão da população humana ao longo do tempo em relação aos sistemas agrários no mundo. A partir do gráfico, a) compare o crescimento demográfico ocorrido após a Revolução agrícola neolítica com o crescimento demográfico da Revolução agrícola da Idade Média e explique a diferença entre ambos; b) comente os dados do gráfico segundo os princípios da teoria demográfica malthusiana.

a) O crescimento demográfico da Revolução agrícola da Idade Média foi bem mais acelerado do que no período neolítico. No caso da Revolução agrícola do neolítico, trata-se de nada menos que a invenção da agricultura, enquanto na Revolução agrícola medieval ocorreram avanços técnicos notáveis, que possibilitaram o surto demográfico da Baixa Idade Média. Entre esses avanços incluem-se: aperfeiçoamento dos moinhos, rotação de culturas, charruas e aterro de pântanos. b) O gráfico apresentado na questão retrata um acelerado crescimento da população mundial nos últimos mil anos. No ano um da era cristã, habitavam o planeta cerca de 200 milhões de pessoas; no ano mil éramos aproximadamente 250 milhões. Agora o salto expressivo ocorreu nos últimos mil anos, com a população elevando-se para a casa de sete bilhões de pessoas. No fim do século XVIII, analisando esse crescimento populacional cada vez mais intenso, o demógrafo Thomas Malthus desenvolveu uma teoria que apontava para um colapso social. Segundo sua tese o crescimento populacional ocorreria em progressão geométrica (PG), enquanto a produção de alimentos evoluiria de forma aritmética (PA). O resultado dessa combinação seria a falta de alimentos, o que levaria à fome, à miséria e a convulsões sociais. O que Malthus não previu é que, com o processo de urbanização, o ritmo de natalidade cairia, e as revoluções agrícolas – destacadas no gráfico – trariam um extraordinário ganho de produtividade.