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SINGULAR ANGLO VESTIBULARES OUTUBRO/2017 01. UNICAMP o mineral e indique qual dos tipos listados acima possui o menor porcentual de carbono e qual possui o maior porcentual de carbono. o mineral. a) A formação de carvão mineral está relacionada ao soterramento de matéria orgânica vegetal oriunda de antigas áreas de florestas ou de pântanos. O aumento da pressão, as variações de temperatura e a passagem do tempo geológico contribuem para um acréscimo do nível de carbono desse material, originando diferentes tipos de carvão, sendo que os estágios de turfa e de antracito possuem, respectivamente, a menor e a maior porcentagem de carbono em sua composição. b) O carvão mineral é uma importante fonte de energia, gerando eletricidade a partir de usinas termoelétricas ou aquecimento de caldeiras industriais. Além disso, esse recurso é utilizado como matéria-prima para as indústrias siderúrgica (ferro e aço) e carboquímica. 02. FUVEST Considere o texto abaixo para responder à questão. O que houve em Canudos e continua a acontecer hoje, no campo como nas grandes cidades brasileiras, foi o choque do Brasil oficial e mais clarocom o Brasil real e mais escuro(...) . Euclides da Cunha, formado, como todos nós, pelo Brasil oficial, de repente, ao chegar ao sertão, viuse ofuscado pelo Brasil real de Antônio Conselheiro e seus seguidores. Sua intuição de escritor de gênio e seu nobre caráter de homem de bem colocaramno imediatamente ao lado do Conselheiro, para honra e glória do escritor. De modo que, entre outros erros e contradições, só lhe ocorreu, além da corajosa denúncia do crime, pregar uma ―zçãque consistiria, finalmente, em conformar o Brasil real pelos moldes do Brasil oficial. Isto é, uma modernização falsificadora e falsa, que, como a que estão tentando fazer agora, é talvez pior do que uma invasão declarada. Esta apenas destrói e assola, enquanto a falsa modernização, no campo como na cidade, descaracteriza, assola, destrói e avilta o povo do Brasil real. Ariano Suassuna. Folha de S. Paulo, 30/11/1999. Adaptado. a) Identifique e explique dois elementos da questão agrária brasileira contemporânea que justificam a expressão falsa modernização no campo‖. b) Descreva uma característica comum entre o movimento de Canudos e os movimentos sociais que atuam no campo brasileiro na atualidade. RESOLUÇÃO DO SIMULADO DISSERTATVIO PROVA D-4 GRUPO EXTN

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SINGULAR ANGLO VESTIBULARES OUTUBRO/2017

01. UNICAMP o mineral e indique qual dos tipos listados acima possui o menor porcentual de carbono e qual possui o maior porcentual de carbono. o mineral.

a) A formação de carvão mineral está relacionada ao soterramento de matéria orgânica vegetal oriunda de antigas áreas de florestas ou de pântanos. O aumento da pressão, as variações de temperatura e a passagem do tempo geológico contribuem para um acréscimo do nível de carbono desse material, originando diferentes tipos de carvão, sendo que os estágios de turfa e de antracito possuem, respectivamente, a menor e a maior porcentagem de carbono em sua composição. b) O carvão mineral é uma importante fonte de energia, gerando eletricidade a partir de usinas termoelétricas ou aquecimento de caldeiras industriais. Além disso, esse recurso é utilizado como matéria-prima para as indústrias siderúrgica (ferro e aço) e carboquímica. 02. FUVEST Considere o texto abaixo para responder à questão. O que houve em Canudos e continua a acontecer hoje, no campo como nas grandes cidades brasileiras, foi o choque do Brasil ―oficial e mais claro‖ com o Brasil ―real e mais escuro‖ (...) . Euclides da Cunha, formado, como todos nós,

pelo Brasil oficial, de repente, ao chegar ao sertão, viu‐se ofuscado pelo Brasil real de Antônio Conselheiro e seus

seguidores. Sua intuição de escritor de gênio e seu nobre caráter de homem de bem colocaram‐no imediatamente ao lado do Conselheiro, para honra e glória do escritor. De modo que, entre outros erros e contradições, só lhe ocorreu, além da corajosa denúncia do crime, pregar uma ― z çã ‖ que consistiria, finalmente, em conformar o Brasil real pelos moldes do Brasil oficial. Isto é, uma modernização falsificadora e falsa, que, como a que estão tentando fazer agora, é talvez pior do que uma invasão declarada. Esta apenas destrói e assola, enquanto a falsa modernização, no campo como na cidade, descaracteriza, assola, destrói e avilta o povo do Brasil real.

Ariano Suassuna. Folha de S. Paulo, 30/11/1999. Adaptado.

a) Identifique e explique dois elementos da questão agrária brasileira contemporânea que justificam a expressão ―falsa modernização no campo‖. b) Descreva uma característica comum entre o movimento de Canudos e os movimentos sociais que atuam no campo brasileiro na atualidade.

RESOLUÇÃO DO SIMULADO DISSERTATVIO

PROVA D-4 GRUPO EXTN

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a) A expressão ―falsa modernização do campo‖ pode ser justificada nos dias atuais, entre outros elementos, pela concentração fundiária e por uma disputa pelo acesso à terra. Ambos os elementos são justificados como consequência do processo de modernização conservadora do campo que favoreceu os grandes produtores rurais relacionados ao setor do agronegócio e marginalizou pequenos proprietários e trabalhadores rurais. b) A característica comum que relaciona o movimento de Canudos aos atuais movimentos sociais presentes no campo brasileiro é a luta pela posse da terra. 03. UNESP O que os agrupamentos no mapa representam? Cite um de seus objetivos. Identifique os agrupamentos 1 e 2.

z micas. Objetivos: z o. Superar as barreiras rias. mico. o de capitais e investimentos. (1) NAFTA (Acordo norte-americano de livre rcio) o Europeia) 04. (PUC RJ) O Fascismo foi uma experiência política central para o século XX. Sua ascensão, como regime, inicia- ó G G M ― h R ‖ 19 italianos passaram a controlar as principais instâncias de poder no país. Considerando essa afirmação, faça o que se pede. a) Caracterize a conjuntura política e econômica europeia que permitiu a ascensão do fascismo entre as duas guerras. b) Cite dois elementos que caracterizam o fascismo.

a) No período entre guerras, a Europa liberal passou por grave recessão econômica caracterizada pelos gastos de guerra, pelo enfraquecimento imperialista e pela Quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Esse cenário proporcionou o nascimento de ideologias que defendiam que o Estado liberal deveria ser substituído pelo Estado centralizador e autoritário. b) Podemos citar (1) unipartidarismo, (2) antiliberalismo, (3) antidemocracia e (4) movimento político de massa.

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05. FUVEST O movimento político conhecido como ―Confederação do Equador‖, ocorrido em 1824 em Pernambuco e em províncias vizinhas, contou com a liderança de figuras como Manuel Carvalho Paes de Andrade e Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Relacione esse movimento com : a) o projeto político desenvolvido pela Corte do Rio de Janeiro, na mesma época; b) outros dois movimentos ocorridos em Pernambuco, em anos anteriores.

a) Ao outorgar a Primeira Constituição Brasileira em 1824, D. Pedro I e seus aliados consolidaram uma proposta de estado monárquico e centralista, que gerou reações em várias partes do país. Entre elas, a mais relevante foi a Confederação do Equador, de caráter liberal, republicano e separatista. b) Partindo da ideia de que a Confederação do Equador foi um levante contra o estado monárquico, centralista liderado pelo português D. Pedro I, os movimentos anteriores acontecidos em Pernambuco que podem ser relacionados a aspectos da Confederação em questão são:

1. Guerra dos Mascates — no século XVIII, em uma perspectiva nativista, confrontou as elites agrárias, predominantemente os senhores de engenho de Olinda, com as elites comerciais centradas em Recife e formadas em sua maioria por portugueses.

2. Revolução Pernambucana de 1817, reação ao poder de intervenção da corte, situada no Rio de Janeiro, liderada por D. João VI quando da presença da família real no Brasil.

06. UNESP - O movimento sufragista teve início no final do século XIX, no Reino Unido.

O que foi o movimento sufragista? Como tal movimento atuava? Relacione o movimento sufragista às mudanças provocadas pelo surgimento e expansão das fábricas.

M h . es em prol G mio da Inglaterra, tendo morrido pisoteada. h stria propo - h z o a respeito de seu papel na sociedade, levando-as a reivindicar o direito de opinar politicamente. Para responder às questões 7 e 8, leia o segundo capítulo do romance Iracema, do escritor José de Alencar (1829-1877), publicado em 1865. Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna1, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati2 não era doce como seu sorriso, nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica3, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.

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Iracema saiu do banho: o alj 4 ’ gua ainda a roreja5, como à doce mangaba6 que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará7 as flechas de seu arco e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. A graciosa ará8, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras, remexe o uru9 de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá10, as agulhas da juçara11 com que tece a renda e as tintas de que matiza o algodão. Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar, nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas12 armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta13 caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida. O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba14 e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara. A mão que rápida ferira estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha15 homicida; deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada. O guerreiro falou: – Quebras comigo a flecha da paz? – Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro guerreiro como tu? – Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram e hoje têm os meus. – Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de Iracema.

(Iracema, 2006.) 1 graúna: pássaro de cor negra. 2 jati: pequena abelha que fabrica delicioso mel. 3 oiticica: árvore frondosa. 4 aljôfar: pérola; por extensão: gota. 5 rorejar: banhar. 6 mangaba: fruto da mangabeira. 7 gará: ave de cor vermelha. 8 ará: periquito. 9 uru: pequeno cesto. 10 crautá: bromélia. 11 juçara: palmeira de grandes espinhos. 12 ignoto: que ou o que é desconhecido. 13 lesto: ágil, veloz. 14 uiraçaba: estojo em que se guardavam e transportavam as flechas. 15 quebrar a flecha: maneira simbólica de se estabelecer a paz entre os indígenas.

07. O modo como o narrador descreve a personagem Iracema está de acordo com os preceitos da estética romântica? Justifique sua resposta, valendo-se de três expressões retiradas do texto.

h ncias idealiza R . z a ― bios de mel‖ caracterizada pelos ―cabelos mais negros que a asa da na, e mais longos que seu talhe de palmeira‖, pelo sorriso mais doce do que o favo da jati, por ser ― pida que a ema selvagem‖ e por ter ― cil e nu‖ deslizando suavemente pela ― guas‖. calcada no mito do Bom Selvagem de R z . z rias passagens do fragmento que vai grafo.

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08. Examine o seguinte trecho: ―O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu.‖ 1 o parágrafo) A quem se refere o pronome ―eu‖? Reescreva este trecho em ordem direta, substituindo o pronome ― ‖ pelo seu referente.

O pronome ―eu‖ refere-se ao narrador, que no romance aparece, eventualmente, em primeira pessoa, ainda que, ao longo da narrativa, o foco seja de terceira pessoa. Em ordem direta, substituindo-se o pronome ―o‖ pelo seu referente ―sentimento‖, tem-se: ― s nos olhos e no rosto.‖ 09. UNESP Leia o poema ―Sonetilho do falso Fernando Pessoa‖, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que integra o livro Claro enigma, publicado em 1951. Onde nasci, morri. Onde morri, existo. E das peles que visto muitas há que não vi. Sem mim como sem ti posso durar. Desisto de tudo quanto é misto e que odiei ou senti. Nem Fausto1 nem Mefisto2, à deusa que se ri deste nosso oaristo3, eis-me a dizer: assisto além, nenhum, aqui, mas não sou eu, nem isto.

(Claro enigma, 2012.)

1 Fausto: personagem alemão que fez um pacto com o diabo. 2 Mefisto: personagem alemão considerado a personificação do diabo. 3 oaristo: conversa carinhosa e familiar.

Carlos Drummond de Andrade intitulou seu poema de ―Sonetilho do falso Fernando Pessoa‖. Por que razão o poeta refere-se a seu poema como ―sonetilho‖? Transcreva um verso em que a referência aos heterônimos do escritor português Fernando Pessoa se mostra evidente. Justifique sua resposta.

h h . ssico, renasce - . tulo. z h ltimo (― o sou eu, nem isto‖ h . h z o de Fernando Pessoa (― o sou eu‖ ógica (―nem isto‖).Enfim, ― um fingidor‖. 10. FUVEST Leia o trecho do conto ―A hora e vez de Augusto Matraga‖, de Sagarana , de João Guimarães Rosa, para responder ao que se pede. E aí o povo encheu a rua, à distância, para ver. Porque não havia mais balas, e seu Joãozinho BemBem mais o Homem do Jumento tinham rodado cá para fora da casa, só em sangue e em molambos de roupas pendentes. E eles negaceavam e pulavam, numa dança ligeira, de sorriso na boca e de faca na mão. -Se entregue, mano velho, que eu não quero lhe matar... -Joga a faca fora, dá viva a Deus, e corre, seu Joãozinho BemBem... -Mano velho! Agora é que tu vai dizer: quantos palmos é que tem, do calcanhar ao cotovelo!... -Se arrepende dos pecados, que senão vai sem contrição, e vai direitinho p’ra o inferno, meu parente seu Joãozinho BemBem!... -xÚi, estou morto...

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a) Nesse trecho, em que se narra a luta entre Nhô Augusto e seu Joãozinho Bem Bem, os combatentes, ao mesmo tempo em que se agridem, dispensam, um ao outro, um tratamento que demonstra estima e consideração. No âmbito dos valores que são postos em jogo no conto, como se explica esse tratamento? b) No trecho, Nhô Augusto é designado como ―o Homem do Jumento‖. Considerando se essa designação no intertexto religioso, muito presente no conto, como se pode interpretá-la? Justifique sua resposta.

a) O conto ―A hora e vez de Augusto Matraga‖ narra a história de um homem violento e prepotente que tem a oportunidade de refazer sua trajetória moral, redimindo-se dos pecados cometidos. Essa oportunidade surge quando ele liberta uma família, ameaçada pelo cangaceiro Joãozinho Bem-Bem. Os dois oponentes se distanciam nos propósitos que regem suas vidas: Augusto, movido pela redenção e pelo bem; e Joãozinho, pelo exercício da maldade e da vingança. Mas ambos se aproximam pelo seguimento a um código de conduta ditado pela honra sertaneja, pautado pelo elogio à valentia e pela eficiência no combate. Essa identidade é que permite que surja entre eles um tratamento cortês e respeitoso, como se observa no trecho. b) O conto ―A hora e vez de Augusto Matraga‖ pode ser submetido a um número razoável de leituras, entre as quais se pode destacar a interpretação religiosa, de acordo com a qual a trajetória do protagonista se aproxima da paixão cristã, marcada pelo sofrimento e pelo esforço de redenção (no caso do Cristo, da espécie humana; no caso de Augusto, dele próprio). Quando Augusto parte para cumprir seu destino, deixa-se guiar por um jumento, concebido como instrumento cósmico de ordenação do mundo. No trecho transcrito, a designação que lhe é dada pela multidão, ―Homem do Jumento‖, permite associá-lo à imagem do Cristo em sua entrada em Jerusalém. Assim, Augusto sintetiza a imagem do Salvador, do Redentor – epítetos convencionalmente cristãos. 11. UNICAMP Leia a seguir a crônica adaptada ―O crítico teatral vai ao casamento‖, de Millôr Fernandes. Como espetáculo, o casamento da Senhorita Lídia Teles de Souza com o Sr. Herval Nogueira foi realmente um dos mais irregulares a que temos assistido nos últimos tempos. A noiva parecia muito nervosa, nervosismo justificado por estar estreando em casamentos (o que não se podia dizer do noivo, que tem muita experiência de altar) de modo que até sua dicção foi prejudicada. O noivo representou o seu papel com firmeza, embora um tanto frio. Disse ― ‖ ou ―aceito‖ ão ouvimos bem porque a acústica da abadia é péssima). Fora os pequenos senões notados, teremos que chamar a atenção, naturalmente, para o coroinha, que a todo momento coçava a cabeça, completamente indiferente à representação, como se não participasse dela. A música também foi mal escolhida, numa prova de terrível mau-gosto. O fato de a noiva chegar atrasada também deixou altamente impacientes os espectadores, que mostraram evidentes sinais de nervosismo. A sua entrada, porém, foi espetacular, e rendeu-lhe os melhores parabéns ao fim do espetáculo. Lamentamos apenas – e tomamos como um deplorável sinal dos tempos – a qualidade do arroz jogado sobre os noivos.

(Adaptado de Millôr Fernandes, Trinta anos de mim mesmo. São Paulo: Círculo do livro, 1972, p. 78.)

a) O cronista recorre à analogia para construir uma aproximação entre o casamento e uma peça teatral. Mostre, com trechos do texto, dois usos desse recurso: um com referência à noiva e outro com referência ao noivo. b) Identifique duas expressões adverbiais que foram usadas pelo cronista para acentuar sua crítica humorística ao casamento como espetáculo.

a) Em relação à noiva, afirma-se que ela estava ―estreando em casamentos‖ e que ela teve a dicção ―prejudicada‖. No caso do noivo, ressalta-se que ele ―tem muita experiência de altar‖ e que ―representou o seu papel com firmeza, embora um tanto frio‖. Em todos esses trechos, o narrador do texto comporta-se como um crítico teatral que avalia os noivos como se fossem atores no palco. b) Podem-se citar ―realmente‖, ―naturalmente‖, ―completamente‖, ―altamente‖ ou ―apenas‖.

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12. FUVEST Leia este texto. O tempo personalizou minha forma de falar com Deus, mas sempre termino a conversa com um pai-nosso e uma ave-maria. (...) Metade da ave-maria é uma saudação floreada para, só no final, pedir que ela rogue por nós. No pai nosso sempre será um mistério para mim o ― ‖ do ― ão nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal‖. Me parece que, a princípio, se o Pai não nos deixa cair em tentação, já estará nos livrando do mal.

Denise Fraga, www1.folha.uol.com.br, 07/07/2015. Adaptado.

a) Mantendo se a relação de sentido existente entre os segmentos ― ão nos deixeis cair em tentaçã ‖ / ―mas livrai-nos do mal‖, a conjunção ― ‖ poderia ser substituída pela conjunção e, de modo a dissipar o ― ério‖ que se refere a autora? Justifique. b) Sem alterar seu sentido, reescreva o trecho da oração citado pela autora, colocando os verbos ―deixeis‖ ―livrai‖ na terceira pessoa do singular.

a) Sim, a conjunção ―mas‖ poderia ser substituída por ―e‖ de modo a dissipar o mistério a que se refere Denise Fraga. O uso de ―mas‖ lhe causou estranhamento porque não há, no contexto, a relação de adversidade comumente estabelecida por essa palavra. Por isso, ela afirma: ―se o Pai não nos deixa cair em tentação, já estará nos livrando do mal‖. Com o uso da conjunção ―e‖, aditiva, esse estranhamento desapareceria. b) Não nos deixe cair em tentação, mas livre-nos do mal.