resenha pedagogia da autonomia(joão pedro braga s. santos)

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Universidade Federal da Bahia João Pedro Braga Santana Santos Resenha sobre a obra “A pedagogia da autonomia” de Paulo Freire. Apresentada à disciplina: Oficina de textos em humanidades, Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades, ministrada pela professora Agnes Mariano.

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Resenha crítica da obra Pedagogia da autonomia, do autor Paulo Freire, realizada pelo aluno da Universidade Federal da Bahia, João Pedro Braga Santana Santos.

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Page 1: Resenha Pedagogia Da Autonomia(João Pedro Braga S. Santos)

Universidade Federal da Bahia

João Pedro Braga Santana Santos

Resenha sobre a obra “A pedagogia da autonomia” de Paulo Freire. Apresentada à disciplina: Oficina de textos em humanidades, Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades, ministrada pela professora Agnes Mariano.

2015

Page 2: Resenha Pedagogia Da Autonomia(João Pedro Braga S. Santos)

RESENHA

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo. Paz e Terra. 25ª Edição.

1. Apresentação

Seguindo a lógica de suas obras anteriores que versam sobre questões relacionadas ao tema da educação e da prática pedagógica - os quais trazem consigo uma preocupação com conotações de natureza socioeconômica, sociocultural e sociopolítica -, o autor busca direcionar que tipo de saberes se fazem necessários para a vida dos docentes o tanto o quanto são para a vida dos discentes. Desse modo, permitindo aos educadores investidos de uma eticidade universalista, auxiliar o mútuo aprendizado durante a prática educativa, formando assim aquilo o que o autor chama de prática educativo-crítica.

“[...] São saberes necessários demandados pela prática educativa em si mesma, qualquer que seja a posição política do educador ou educadora.”(FREIRE, 1996, pág 12).

Paulo Freire constrói uma obra à maneira de um curso para formação de educadores, não só orientando seu diálogo aos trabalhadores na educação formal como àqueles que se esforçam nos espaços não formais. Todavia, ao discorrer sobre suas idéias, o próprio Freire se deixa levar distraído(ou não) em uma torrente de autocontradições, posto que, ao longo do livro, seus exemplos deixam implícita sua posição ideológica– despida de qualquer relação com o princípio de eticidade proferido pelo mesmo –,assim constituindo alguns entraves sobre seu manual de princípios éticos para a prática educativa. A exemplificação da sua idéia sobre o “pensar certo” esclarece a objeção:

“Que podem pensar alunos sérios de um professor que há dois semestres falava com quase ardor sobre a necessidade da luta pela autonomia das classes populares e hoje, dizendo que não mudou, faz discurso pragmático contra os sonhos e pratica a transferência de saber do professor para o aluno!? Que dizer da professora que, de esquerda ontem, defendia a formação da classe trabalhadora e que, pragmática hoje, se satisfaz, curvada ao fatalismo neoliberal, com o puro treinamento operário, insistindo, porém, que é progressista?”(FREIRE, 1996, pág 16)

Page 3: Resenha Pedagogia Da Autonomia(João Pedro Braga S. Santos)

Constatada a ordem em que fora construído o corpo desse tópico 1 e o seu desenvolvimento argumentativo, fica implícita a metonímia que substitui o “Pensar certo” pelo pensamento progressista de esquerda que, uma vez abandonado pela professora, constitui um distanciamento do preceito freiriano condizente ao “pensar certo-fazer certo”, os quais são indissociáveis à eticidade e aos princípios norteadores de uma educação não politicamente ideologizada.

Apesar dessa aparente incoerência formal, algumas impressões pessoais são de grande valia para o desenvolvimento de uma práxis pedagógica que apresente uma variedade de características junto ao educador comprometido com a ética, com a verdade, com os conteúdos, com o respeito, com a humildade e, acima de tudo, com a liberdade ao processo de completude da razão de ser do conhecimento, em uma atitude gnosiológica e dialética sempre visando uma integração entre a vida circundante e o conteúdo ensinado.

A educação, para o autor, é um dispositivo auxiliador e conciliador entre o assunto transferido pelo professor, o aluno e a intimidade desse processo mediador entre o formador e o formando. Distinto do ultrapassado método de transferência de conteúdos desgarrados da relação humana entre os sujeitos protagonistas da aprendizagem, Paulo Freire aborda a aquisição de saberes como uma oportunidade de trazer do universo das possibilidades, a capacidade criativa do discente-docente(ou vice-versa) para a construção de novos saberes concretos.

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. (FREIRE, 1996, pág 12).

1 Ver FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia; in Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo, São Paulo, Paz e Terra, 1996.