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História da ESE Resenha Histórica da "Casa Mãe" dos Sargentos A Escola de Sargento do Exército (ESE), foi criada formalmente em 01 de outubro de 1981 pelo DL 275/81, no quartel do extinto Regimento de Infantaria 5 (RI5), em Caldas da Rainha, onde passaram a ser ministrados os cursos de formação de Sargentos (CFS), com vista ao ingresso ao quadro permanente (QP), e os curos de progressão na carreira: Curso de Promoção a Sargento-Chefe (CPSC) e curso de promoção a Sargento-Ajudante (CPSA). Com uma infraestrutura fixa e dotada de um corpo docente permanente, a ESE veio por fim à lacuna do DL 920/76, que estruturou a carreira militar dos Sargentos e a sua formação, mas que não a dotou de organismo próprio, decorrendo entre 1976 e 1980 no Centro de Instrução de Operações Especiais em Lamego os CFS e o CPSA durante o mesmo período foi ministrado na Academia Militar em Amadora. A partir de 1981, a formação dos Sargentos sofre alterações, passando o CFS a dois anos letivos, o primeiro na ESE e o segundo nas Escolas Práticas (EP), formato que se mantém até ao ano letivo de 1994/95, data da publicação do Estatuto dos militares das Forças Armadas (EMFAR), que preconiza que o ingresso na carreira para os Sargentos deve ser feito com o nível 3 de formação equivalente ao12º ano de escolaridade, passando os cursos de dois para três anos letivos. A Escola de Sargentos obtém assim o estatuto de estabelecimento militar de ensino profissional, com a missão de assegurara a preparação cultural e técnico-profissional necessária ao ingresso e progressão na carreira dos Sargentos do Exército. Em 2001, as habilitações necessárias para a entrada no CFS passam do 9º ano de escolaridade para o 12º ano, regressando o modelo de dois anos letivos que ainda se mantém. O regulamento escolar dos Cursos de Formação de Sargentos, aprovado pela portaria 60/2014, reconhece o CFS com o nível 3 do Quadro Nacional de Qualificações, mas que a breve trecho sofrerá alterações prevendo-se que passe a nível 5, com o CFS a transitar para um Curso Técnico Superior Profissional, de acordo com DEC Lei 90/2015 EMFAR.

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História da ESE

Resenha Histórica da "Casa Mãe" dos Sargentos

A Escola de Sargento do Exército (ESE), foi criada formalmente em 01 de outubro de 1981 pelo DL 275/81, no quartel do extinto Regimento de Infantaria 5 (RI5), em Caldas da Rainha, onde passaram a ser ministrados os cursos de formação de Sargentos (CFS), com vista ao ingresso ao quadro permanente (QP), e os curos de progressão na carreira: Curso de Promoção a Sargento-Chefe (CPSC) e curso de promoção a Sargento-Ajudante (CPSA).

Com uma infraestrutura fixa e dotada de um corpo docente permanente, a ESE veio por fim à lacuna do DL 920/76, que estruturou a carreira militar dos Sargentos e a sua formação, mas que não a dotou de organismo próprio, decorrendo entre 1976 e 1980 no Centro de Instrução de Operações Especiais em Lamego os CFS e o CPSA durante o mesmo período foi ministrado na Academia Militar em Amadora.

A partir de 1981, a formação dos Sargentos sofre alterações, passando o CFS a dois anos letivos, o primeiro na ESE e o segundo nas Escolas Práticas (EP), formato que se mantém até ao ano letivo de 1994/95, data da publicação do Estatuto dos militares das Forças Armadas (EMFAR), que preconiza que o ingresso na carreira para os Sargentos deve ser feito com o nível 3 de formação equivalente ao12º ano de escolaridade, passando os cursos de dois para três anos letivos.

A Escola de Sargentos obtém assim o estatuto de estabelecimento militar de ensino profissional, com a missão de assegurara a preparação cultural e técnico-profissional necessária ao ingresso e progressão na carreira dos Sargentos do Exército.

Em 2001, as habilitações necessárias para a entrada no CFS passam do 9º ano de escolaridade para o 12º ano, regressando o modelo de dois anos letivos que ainda se mantém.

O regulamento escolar dos Cursos de Formação de Sargentos, aprovado pela portaria 60/2014, reconhece o CFS com o nível 3 do Quadro Nacional de Qualificações, mas que a breve trecho sofrerá alterações prevendo-se que passe a nível 5, com o CFS a transitar para um Curso Técnico Superior Profissional, de acordo com DEC Lei 90/2015 EMFAR.

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A esta Escola foi entretanto atribuída a missão da formação dos Cursos de Formação dos Sargentos em regime de Contrato e de Voluntariado do Exército, recuperando a tradição da formação dos Sargentos milicianos que ocorreu durante vários anos no RI5, unidade da qual a ESE é fiel depositária das tradições e valores.

A ESE guardiã de memórias

Quando se entra na Escola dos Sargentos, faz-se uma viagem na história nacional militar longínqua de mais de três séculos e meio, que começou no Terço de Elvas, constituído em 1641 durante a remodelação do exército após a restauração da independência e da qual a ESE e herdeira das suas tradições e valores.

Esta unidade, que foi a primeira nos moldes de um exército permanente, esteve presente nos momentos mais cruciais da nossa história e na luta pela nossa independência e liberdade.

Adotando a configuração de Regimento no reinado de D. João V, vai tomar parte nas campanhas de 1762-63, durante a Guerra Fantástica, sob o comando superior do Conde de Lippe.

O nome de Regimento de Infantaria 5 surge pela primeira vez no século XIX, durante a Guerra Peninsular, onde participou na defesa da praça de Elvas e combateu junto de Espanhóis e Ingleses na batalha de Albuera em 16 de Maio de 1811, onde os seus soldados tiveram um papel decisivo pela sua impetuosidade, energia e bravura.

Após as guerras liberais em Portugal de 1832-34, o RI 5 é dissolvido, tendo sido reabilitado em 1891 e sediado no Porto onde se manteve até 1871, passando para Lisboa, de onde enviou no âmbito das campanhas de Ocupação e Pacificação de África duas companhias de infantaria em 1898.

Em 1916 após declaração de guerra pela Alemanha, Portugal entra formalmente na Grande Guerra e o RI 5 constitui o 3º Batalhão da 6ª Brigada do Corpo Expedicionário Português, tomando parte na batalha do Lys em 09 de Abril de 1918.

É durante a Grande Guerra que o RI5 se instala em Caldas da Rainha, nos pavilhões do Parque D. Carlos, de onde sai em 1953, para se instalar no Quartel que hoje em dia alberga a ESE.

Durante a Guerra Colonial, além de ter contribuído com unidades escalão companhia para o esforço de guerra, o RI5 teve como missão principal a formação de instruendos que frequentavam o 1º ciclo do

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Curso de Sargentos Milicianos, que durou treze anos, formando cerca de 62400 Sargentos milicianos, materializando a génese da vocação da unidade para o desígnio da formação de sargentos.

Entretanto no início dos anos 70 a situação política do País degradou-se, gerando-se o movimento de 16 Março de 1974, com vista ao derrube do regime Marcelista, em que os militares do RI 5 foram os protagonistas, não obtendo no entanto êxito, (tendo sido presos todos os Oficiais e Sargentos aderentes ao movimento), acalentou-se a esperança na mudança, que surgiu em 25 de abril de 1974.

Em 30 de Março de 1975 foi extinto o RI 5 e em 01 de Abril de 1975 passou a designar-se Centro de Instrução do Quadro Complemento, surgindo a hipótese de todos os Cursos de Oficiais e Sargentos milicianos ali serem ministrados, mas por despacho do Chefe do Estado-maior do Exército em 31 de Dezembro de 1975, é extinto o Centro de Instrução, e criado em 01Jan76 o Regimento de Infantaria de Caldas da Rainha, que ficou fiel depositário das tradições do extinto RI 5 e Centro de Instrução do Quadro Complemento, até 1981, data da criação da Escola de Sargentos do Exército, que ficou com a honra de perpetuar a memória histórica de tão distintas unidades, enquanto sua herdeira e fiel depositária.

Condecorações atribuídas à Escola de Sargentos do Exército

Por Alvará de 24Abr94 da Chancelaria das Ordens Honoríficas Portuguesas, foi agraciado o antigo RI 5 com o título de Membro Honorário da Ordem da Liberdade, como reconhecimento do carácter eminentemente coletivo da ação realizada em “16Mar74", sendo esta condecoração atribuída à ESE enquanto herdeira e fiel depositária dos seus feitos e tradições, em cerimónia presidida pelo então Presidente da República, Dr. Mário Soares, em 24Abr94.

Por Alvará de 24Jun05 da Chancelaria das Ordens Honoríficas Portuguesas, foi agraciada a ESE com o título de Membro Honorário da Ordem Militar de Avis.

Vontade e Saber.