resenha do liro "o direito humano à comunicação"

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"Este livro é um grito por mais liberdade e respeito a toda população brasileira. Segundo o autor herdamos da experiência grega a democracia e cidadania. Eles se reuniam na ágora para discutir o tipo de cidade que queriam. A praça da polis era o espaço da política e da liberdade. A comunicação, especificamente os meios de comunicação, são hoje essa nova praça. Uma das questões mais sérias do Brasil hoje – se não a mais séria – é que alguns se apoderaram da praça, são os únicos que falam e impedem que a maioria da população exerça seu Direito à Comunicação."

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Resenha

Rio de Janeiro, 2015

Trabalho sobre o livro O Direito Humano Comunicao

Nenhuma sociedade pode se manter, muito menos se transformar, sem que haja algo que a sustente e a reproduza. E esse o papel dos meios de comunicao

O fenmeno da comunicao assume essa aparncia misteriosa e intocvel principalmente porque, em geral, o tomamos como algo dado, natural. Dificilmente nos perguntamos sobre a razo de ser, do seu significado e as consequncias de sua ao.

As emissoras de rdio e televiso servem-se, ento, para suas transmisses, de um espao pblico pertencente ao povo.

Os servios de rdio e televiso no existem para satisfao dos interesses prprios dos que os desempenham, governantes ou particulares, mas exclusivamente visando ao interesse pblico, para realizao do bem comum do povo(...)

E a partir do fenmeno social da mdia que nas sociedades modernas consegue-se formar uma opinio pblica, define-se o que real, definem-se os valores, coloca-se a pauta de discusso e influencia-se poderosamente na construo da identidade das pessoas.

Se o monoplio econmico j um crime, muito mais o o monoplio dos valores, das crenas e dos smbolos, no podendo, por esta razo, permanecer nas mos de apenas alguns.

A sociedade tem que ter o direito de construir mecanismos regulatrios que tentem colocar a mdia numa perspectiva educativa, pblica, social, e no simplesmente mercadolgica.

(...) a comunicao no uma entidade isolada, com vida prpria, mas est inserida dentro de um contexto especfico que, se no a determina totalmente, a condiciona significativamente.

(...) o que significa o desenvolvimento capitalista no interior da prpria imprensa para a posio sociolgica da imprensa em geral, para o papel que desempenha na formao da opinio pblica?

(...) os meios de comunicao transformaram-se tambm em meios de produo da comunicao. A comunicao se transforma em mercadoria, com finalidade de conseguir lucro(...)

a reproduo social vai contribuir para que determinada sociedade se reproduza materialmente de determinado modo.

quando os meios de comunicao se transformam em grandes conglomerados e agem como se estivessem descolados de seus donos, considerados como uma entidade neutra, natural, eles passam a obscurecer sua dimenso poltica, de poder.

quando h apenas alguns que falam e podem dizer sua palavra, com o consequente silenciamento da maioria da populao, corremos o risco de acabarmos tendo uma massificao generalizada da sociedade.

As pessoas, em uma sociedade assim, podem se transformar em peas manipuladas, robs dirigidos de fora, executores de tarefas.

o termmetro que mede a democracia em uma sociedade o mesmo que mede a participao da populao na comunicao.

No existe liberdade onde no houver a possibilidade de falar e ser ouvido. (...) fundamentalmente na ao e no discurso onde se constri o espao da liberdade

Para eles (os polticos), a mdia um apndice da poltica, no a verdadeira poltica, o espao do discurso e da fala livres(...)

Os meios de comunicao deixaram de se constituir em um contrapoder e passaram a aliar-se a esses poderes.

a frase liberdade de imprensa enganosa na medida em que ela inclui uma ideia ilusria de que o privilgio dos direitos humanos estendido mdia, seus proprietrios e seus gerentes, ao invs de ao povo para expressar sua voz atravs da mdia.

preciso ver a histria desses meios. Se so meios, precisaria ver quem os usa e a que fins.

Pois tica no nada mais que o estabelecimento de um jeito de como as coisas devem ser.

(...) a prtica comunicacional no apenas diz como as coisas foram, ou so, mas como as coisas devem ser.

(...) a dominao no campo do saber constitua a origem de todas as outras dominaes.

Uma notcia muito mais que uma notcia: ela contm inmeras informaes, valores, ideologias etc. Implicitamente ligadas a ela. No levar isso em considerao produzir uma comunicao restrita, parcial, deficiente, incompleta, quando no falsa.

(...) Os meios de comunicao podem aparentar e professar explicitamente estarem prestando um servio pblico, afirmando ser sua misso propiciar uma informao imparcial e neutra, servir aos cidados. Porm, damo-nos conta da existncia da busca indisfarvel pelo lucro adotada por esses meios.

(...)A comunicao fundamentalmente educao; (...)o comunicador, o jornalista, possui um papel crucial e estratgico, absolutamente indispensvel, se estivermos decididos, de fato, a progredir na busca da materializao do Direito Humano Comunicao atravs da construo de uma comunicao verdadeiramente democrtica, participativa, humanizadora.

O Direito Humano Comunicao, de Pedrinho A. Guareshi, define a mdia brasileira como um monoplio hegemnico que j deixou de servir sociedade h muito tempo. Ao se tornar o oligoplio que hoje, a mdia brasileira deixou de ser uma ferramenta de vigilncia da populao sobre os trs poderes e passou a atuar ao lado deles, como mais uma forma de dominao e preservao da sociedade como a conhecemos hoje: desigual, injusta e a servio da elite.Guareshi contextualiza a histria miditica brasileira dentro da lgica capitalista em que nos encontramos, desmembra os principais fatores que a levaram ao atual estgio e quais os perigos que uma mdia hegemnica traz sociedade civil. Ao concentrar todo o capital simblico acumulado pela sociedade, a mdia ganha um poder de autoridade indescritvel. A partir deste ponto, ela tem a autoridade de definir o que importante o suficiente para ocupar um lugar em seus canais de comunicao sempre, claro, dentro dos interesses do veculo e de acordo com a lgica capitalista do lucro (patrocnio, audincia, cliques e etc). Dentro deste contexto, os meios de comunicao deixam de ser uma ferramente de contrapoder e passam a ser considerados como meios de produo de comunicao a servio de um pequeno grupo que gera lucro em cima do desservio feito e que, muitas vezes, supera o valor gerado pelos prprios meios de produo materiais.Tendo em vista todos os prejuzos que essas aes causam, seria normal a indignao de todo o povo frente a este monoplio. Porm, assim como a lgica capitalista foi construda aos poucos, durante anos, a ideia de que a mdia como conhecemos hoje sempre foi assim, tambm vem sendo implantada h tempos. Quando interiorizamos essa ideia de que atemporal a forma como a mdia se organiza hoje, perdemos a capacidade de questionar com quais fins determinada notcia publicada ou a quais interesses servem. Entramos em um ciclo vicioso, em que os meios de comunicao se organizam dessa forma e ns aceitamos, repetindo seus padres e eternizando o modelo atual. Isso afeta o prprio jornalista e sua formao. Antes de assumir a funo jornalstica, h um cidado que desde sempre esteve inserido neste sistema, foi criado dentro desta lgica mercantil da notcia e assumir uma funo de reproduzir o discurso miditico sem nem questionar, como se fosse um valor que ele prprio, por espontnea vontade, assumiu.Como reprodutor deste discurso, o comunicador se insere como engrenagem e toma para si que ele tambm um ser superior, detentor de um saber maior e melhor que o resto da populao que no tem voz e acesso aos meios de comunicao. Desta forma, a mdia massifica a opinio pblica e faz de todos apenas pees dentro deste jogo poltico, onde poucos conseguem entender as regras e ser um participante ativo dentro desta compreenso de comunicao.Ainda dentro dessa lgica de negcios, onde a mdia define o que existe e o que bom e atrai, pode haver uma perigosa inverso de valores, onde determinado agente se apropria desse poder da mdia e faz falso juzo sobre uma determinada situao. Podemos exemplificar com as ltimas aparies do candidato a Governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. Mesmo tendo um passado manchado e marcado por administraes obscuras e tendo uma vida poltica absolutamente questionvel, o atual candidato do PR para ocupar o Palcio Guanabara, usa indiscriminadamente do juzo de valor da mdia como alicerce de sua candidatura. Garotinho no responde a nenhuma das perguntas acusatrias e simplesmente discursa sobre um Rio de Janeiro ilusrio e ideal, que teria acontecido durante o seu governo. Com isso, consegue uma auto promoo to grande que supera todo o seu passado duvidoso e entra como um dos grandes favoritos nas eleies de 2014.Ele utiliza da antiga poltica da plis, ou seja, da prpria comunicao como poltica, para proclamar um discurso de melhorias feitas por ele, quando sabemos que no foi bem assim. Guareshi cita uma de suas pesquisas, onde chegou ao resultado de que, independente da posio poltica que tenha, o candidato que estiver mais na mdia, que mais bom uso saiba fazer dela, invariavelmente ganhar. a lgica miditica do aparecer para existir.A mdia como conhecemos no algo natural e no pode ser encarado como um cidado nico. Precisamos entender como essas ideias foram construdas e no esquecer jamais que a mdia um canal de comunicao usado, infelizmente, para fins prprios sem levar em considerao a sua real funo, que dar voz sociedade e servir como mediador entre o pblico (sociedade) e o privado (poltica).