resenha: dialogando com o passado, construindo o futuro

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Disponível em www .scielo.br/p aideia . . RESENHA: Dialogando com o passado, construindo o futuro Marineide de Oliveira Gomes Amabille Silva Paschoim Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto-SP, Brasil OLIVEIRA-FORMOSINHO, Júlia; KISHIMOTO, Tizuko Morchida; PINAZZA, Mônica Apezzato (Orgs.). Pedagogias(s) da infância: dialogando ocm o passado: construindo o futuro. Porto Alegre: Artmed, 2007. Pedagogia(s) da Infância: dialogando com o passado: construindo o futuro, obra organizada por Júlia Oliveira-Formosinho, Tizuko Morchida Kishimoto e Mônica Appezzato Pinazza, traz contribuições relevantes e significativas para a história da educação e da educação infantil. Em tempos de reprodução de modelos e modismos assumidos acriticamente por muitos educadores e de busca por uma perspectiva de educação da infância, a obra se reveste de fundamental importância ao revisitar teorias e pensadores do passado, que estão presentes em muitas propostas e experiências pedagógicas para a infância no mundo e no Brasil, anunciando caminhos férteis para perspectivas futuras de Pedagogia(s) da Infância. O projeto de elaboração da obra surgiu do princípio de que a Pedagogia, sendo um produto de construção sócio-histórica, está em um contínuo processo de (re)construção. Sendo assim, para que essa (re)construção ocorra, é necessário fazermos uso da rica memória pedagógica para recriar e construir novas pedagogias para o presente e para o futuro. Partindo dessa idéia, o livro efetua um diálogo com grandes autores da primeira metade do século XIX e do século XX, procurando demonstrar “o movimento próprio da Pedagogia: desconstrução- reconstrução”. Os autores com os quais o livro dialoga são: Fröebel, Dewey, Montessori, Freinèt, Piaget, Vygotsky, Bruner e Malaguzzi. Esses autores trazem idéias e imagens novas de criança, de adulto, de professor, de desenvolvimento infantil e de ensino- aprendizagem. Suas idéias tornam-se, portanto, um campo fértil para a elaboração de uma Pedagogia ou de Pedagogias diferenciadas para o século XXI. Trata-se de uma coletânea de textos cujos autores brasileiros e portugueses dialogam com o passado e apresentam a vida, as principais idéias e as contribuições desses pensadores para a sinalização de novas Pedagogias da Infância. Para que o leitor possa ter uma maior visibilidade dessa importante obra, apresentamos as principais questões abordadas nos diferentes textos. O livro inicia com o capítulo: “Pedagogia(s) da Infância: reconstruindo uma práxis de parti- cipação”. Neste, Júlia Oliveira-Formosinho procura contribuir para a construção de uma Pedagogia baseada em uma práxis alicerçada em crenças, teorias e ações na forma de um movimento triangular que conduz a processos reflexivos contínuos. Para a autora “ser profissional reflexivo é fecundar antes, durante e depois a ação, as práticas nas teorias e nos valores, interrogar para ressignificar o já feito em nome da reflexão que constantemente o reconstitui” (p. 14). Além disso, a autora apresenta e compara dois modos de fazer Pedagogia: a Pedagogia da Participação que é valorizada pelo fato de estar fundamentada nessa práxis e em constante processo interativo de diálogo com a sociedade, com as crianças e suas famílias; e a Pedagogia da Transmissão baseada no modo tradicional de fazer Pedagogia e centrada no conhecimento que se deseja transmitir, ignorando os contextos e os sujeitos envolvidos no processo de veiculação de saberes.

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Page 1: RESENHA: Dialogando com o passado, construindo o futuro

273Gomes, M. O. & Paschoim, A. S. (2007). Pedagogia(s) da infância

Disponível em www.scielo.br/paideia .

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RESENHA: Dialogando com o passado, construindo o futuro

Marineide de Oliveira Gomes

Amabille Silva Paschoim

Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto-SP, Brasil

OLIVEIRA-FORMOSINHO, Júlia; KISHIMOTO, Tizuko Morchida; PINAZZA, Mônica Apezzato (Orgs.).Pedagogias(s) da infância: dialogando ocm o passado: construindo o futuro. Porto Alegre: Artmed, 2007.

Pedagogia(s) da Infância: dialogando com

o passado: construindo o futuro, obra organizadapor Júlia Oliveira-Formosinho, Tizuko MorchidaKishimoto e Mônica Appezzato Pinazza, trazcontribuições relevantes e significativas para a históriada educação e da educação infantil.

Em tempos de reprodução de modelos emodismos assumidos acriticamente por muitoseducadores e de busca por uma perspectiva deeducação da infância, a obra se reveste defundamental importância ao revisitar teorias epensadores do passado, que estão presentes emmuitas propostas e experiências pedagógicas para ainfância no mundo e no Brasil, anunciando caminhosférteis para perspectivas futuras de Pedagogia(s) daInfância.

O projeto de elaboração da obra surgiu doprincípio de que a Pedagogia, sendo um produto deconstrução sócio-histórica, está em um contínuoprocesso de (re)construção. Sendo assim, para queessa (re)construção ocorra, é necessário fazermosuso da rica memória pedagógica para recriar econstruir novas pedagogias para o presente e para ofuturo. Partindo dessa idéia, o livro efetua um diálogocom grandes autores da primeira metade do séculoXIX e do século XX, procurando demonstrar “omovimento próprio da Pedagogia: desconstrução-reconstrução”.

Os autores com os quais o livro dialoga são:Fröebel, Dewey, Montessori, Freinèt, Piaget,Vygotsky, Bruner e Malaguzzi. Esses autores trazemidéias e imagens novas de criança, de adulto, deprofessor, de desenvolvimento infantil e de ensino-

aprendizagem. Suas idéias tornam-se, portanto, umcampo fértil para a elaboração de uma Pedagogiaou de Pedagogias diferenciadas para o século XXI.

Trata-se de uma coletânea de textos cujosautores brasileiros e portugueses dialogam com opassado e apresentam a vida, as principais idéias eas contribuições desses pensadores para a sinalizaçãode novas Pedagogias da Infância. Para que o leitorpossa ter uma maior visibilidade dessa importanteobra, apresentamos as principais questões abordadasnos diferentes textos.

O livro inicia com o capítulo: “Pedagogia(s)da Infância: reconstruindo uma práxis de parti-cipação”. Neste, Júlia Oliveira-Formosinho procuracontribuir para a construção de uma Pedagogiabaseada em uma práxis alicerçada em crenças,teorias e ações na forma de um movimento triangularque conduz a processos reflexivos contínuos. Para aautora “ser profissional reflexivo é fecundar antes,durante e depois a ação, as práticas nas teorias enos valores, interrogar para ressignificar o já feitoem nome da reflexão que constantemente oreconstitui” (p. 14).

Além disso, a autora apresenta e compara doismodos de fazer Pedagogia: a Pedagogia daParticipação que é valorizada pelo fato de estarfundamentada nessa práxis e em constante processointerativo de diálogo com a sociedade, com ascrianças e suas famílias; e a Pedagogia daTransmissão baseada no modo tradicional de fazerPedagogia e centrada no conhecimento que se desejatransmitir, ignorando os contextos e os sujeitosenvolvidos no processo de veiculação de saberes.

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No texto é apresentado também um confronto entreesses dois modos de fazer Pedagogia a partir de JohnDewey, com o objetivo de afastar qualquerincompreensão acerca do que é uma educação não-tradicional.

É importante ressaltar que a autora expõealgumas tarefas para os envolvidos com a educaçãoda infância, que segundo ela, são centrais naPedagogia de Participação, entre essas tarefas estáa escolha de gramáticas pedagógicas, um modo desaber-fazer para fundamentar a práxis que podeampliar/potencializar conhecimentos (janelas) oulimitá-los (muros). No decorrer do texto Oliveira-Formosinho argumenta sobre a importância doscontextos e, no caso da escola, um contexto socialde atores que partilham metas e memórias e queconstróem intencionalidades educativas. No decorrerdo texto discorre sobre cada uma dessas tarefas efinaliza afirmando a importância dos educadoresadotarem algum modelo pedagógico e a necessidadede pertencerem a um coletivo de educadores, comogarantias para sustentação da sua autonomia docente,constituídos em comunidade de aprendizagem, umamaneira de entender processos de formaçãocontinuada que permita recriar uma cultura profissionale uma epistemologia da prática congruentes.

A Pedagogia da Infância insere-se, segundoOliveira-Formosinho, num mundo de interaçõesorientadas para projetos colaborativos em um contextopromotor da participação, entendendo que sujeito econtexto unificam-se no âmbito da cultura. Salientaque os processos principais de uma Pedagogia daParticipação são: a observação, a escuta e a negocia-ção, que conduzem à diferenciação pedagógica: “umabase para desenvolver um fazer e um pensar peda-gógico que fogem à fatalidade” (pg.29).

Em: “Fröebel uma Pedagogia do brincar paraa infância”, Tizuko Morchida Kishimoto e MônicaAppezzato Pinazza apresentam ao leitor umsignificativo panorama da vida e da obra do filósofoe educador alemão Friederich Fröebel, o fundadordo primeiro jardim-de-infância na Alemanha etambém o primeiro educador a enfatizar o brinquedoe a atividade lúdica como instrumentos essenciais nodesenvolvimento da criança pequena e da linguagem.

As autoras analisam a Pedagogia de Fröebelque está fundamentada em sua Lei de De-senvolvimento Humano: a lei das conexões internas(unidade entre Deus, Homem e natureza). Aessência dessa Pedagogia é a idéia de auto-atividade e liberdade, a educação deve basear-sena evolução natural das atividades da criança eestar, necessariamente, relacionada à vida.Kishimoto e Pinazza destacam também a educaçãoe o cuidado para crianças menores de três anosde idade e a formação do professor que Fröebelpropõe com ênfase nas linguagens do brincar, alémda consideração da palavra e do desenho comoformas de representação. Alertam ainda para aimportância da relação adulto-criança, e anecessária crítica por parte dos educadores arespeito de práticas e de interpretações, por vezes,equivocadas da Teoria Froebeliana.

Em: “John Dewey: inspirações para umaPedagogia da Infância”, de Mônica AppezzatoPinazza, realiza um encontro com a obra do filósofoamericano Dewey e apresenta o conceito deexperiência no qual a Pedagogia Deweyana estáassentada, o conceito de pensamento reflexivo, noqual o filósofo propõe a formação reflexiva tanto dacriança como do professor e o conceito de educaçãocomo processo social e democrático. A autorademonstra que, o filósofo defende uma educaçãoprogressiva assentada na conexão entre a experiênciaprimária e a experiência mais elaborada e defendeuma educação baseada na investigação protagonizadapela própria criança, tornando-a sujeito de seu próprioconhecimento (o aprender-fazendo). Finaliza o textoafirmando que é necessário reconhecermos as “fontesinspiradoras” do passado para que realmentevenhamos construir novas Pedagogias da Infânciacom as grandes contribuições deixadas por Dewey.Nesse aspecto as concepções sobre reflexão einvestigação na formação do professor têm nesseautor uma fonte inspiradora.

Em: “Maria Montessori: uma mulher que ousouviver transgressões”, por Maristela Angotti, apresentaa vida e as sofridas conquistas alcançadas pelaprimeira mulher da Itália a obter o diploma de médicae que, com muita ousadia enfrentou o fascismo e lutoua favor dos direitos das mulheres e das crianças.

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A autora apresenta também alguns conceitosda Pedagogia Científica de Montessori. O princípiobásico que sustenta essa Pedagogia está naorganização de um ambiente adequado e motivador,que possibilita à criança educar os sentidos, adespertar para a vida intelectual e se preparar para avida prática. O desenvolvimento dos sentidos é vistocomo sendo a base para toda educação. Angotticonclui afirmando que é inegável a riqueza e acontribuição educacional deixada por Montessori, poisela estabelece elementos, principalmente a respeitoda criança, que devem ser utilizados para a elaboraçãode uma nova educação para as crianças pequenas.

Em: “Maria Montessori: infância, educaçãoe paz”, Joaquim Machado de Araújo e Alberto FilipeAraújo analisam, de maneira específica, asprincipais idéias da perspectiva educacional deMontessori, os princípios que as sustentam comoa individualidade, o conceito de auto-educação,fundamentado na liberdade e no conceito denormalização e a contradição que ela estabeleceentre o mundo do adulto e da criança. Além disso,fazem uma análise da natureza mitológica dodiscurso educativo e da concepção de criança daPedagogia de Montessori, afirmando que ela émarcada pela visão cristã de infância.

Em: “Freinèt e a Pedagogia – uma velhahistória muito atual”, Marisa Del Cioppo Elias e EmíliaCipriano Sanches, apontam o contexto político,cultural e social em que viveu o educador francêsCeléstin Freinèt e sua formação e engajamentopolíticos. Apresentam a proposta inovadora daPedagogia de Freinèt: uma nova organização deescola e um novo modelo de gestão, de espaço e detempo, com a abolição da seriação, das divisões dasdisciplinas e de um programa anual. Analisam aindaa questão do trabalho na Pedagogia Freinetiana, queé apresentado como uma atividade séria que sedistingue do jogo e das brincadeiras. São elencadostambém os princípios da filosofia educacional deFreinet sintetizados no “Código de Educação”. Eliase Sanches reconhecem que a reflexão sobre aPedagogia Freinetiana da infância promoveu umadesconstrução crítica acerca da dimensão social daeducação, lançando luzes sobre os processos de

aprendizagem pela criança, sobretudo devido àimportância do trabalho criativo.

Em: “Celéstin Freinèt: trabalho, cooperação eaprendizagem” novamente os autores JoaquimMachado de Araújo e Alberto Filipe Araújo analisam,por outro ângulo, a obra de Freinèt, no contextoeducacional da época, apresentando o movimento derenovação pedagógica desenvolvido por sua propostaeducacional na valorização das técnicas educativase na proposição de uma nova escola para o povotrabalhador: a Escola-Oficina. Relevam nessa teoriaa importância do trabalho escolar como práxis docente,da expressão livre e a imprensa escolar. Para osautores, a grande contribuição de Freinèt para aeducação “está na sua proposta de metodologia daescola e das aulas e no compromisso do professorcom o contexto social” (p.188).

Em: “As contribuições da teoria de Piaget paraa Pedagogia da Infância”, de Fátima Vieira e DalilaLino, analisa a obra do biólogo e psicólogo suíço JeanPiaget, destacando os seus principais conceitos deepistemologia genética, os processos de construçãodo conhecimento e a teoria do desenvolvimento damoral na criança. Vieira e Lino enfatizam que o autornunca foi e nem pretendeu ser pedagogo, masreconhecem que sua teoria apresenta importantesconceitos para a Pedagogia da Infância como, porexemplo, a noção de construção de conhecimento eo papel ativo da criança nessa construção.

Em: “Vygotsky: uma abordagem histórico-cultural da educação infantil”, Alessandra Pimentelfaz uma análise da teoria histórico-cultural desen-volvida por este autor e seus companheiros Luria eLeontiev. Vygotsky buscava por meio dessa teoria acompreensão do desenvolvimento do psiquismohumano e tentava articular informações dos diferentescomponentes que integram os processos mentais:neurológico, psicológico, lingüístico e cultural. Nodecorrer do texto, Pimentel apresenta algumasimplicações do jogo no desenvolvimento cognitivo dacriança, focando a sua análise nas relações existentesentre aprendizagem e desenvolvimento, procurandodemonstrar a importância da brincadeira lúdica nodesenvolvimento da linguagem, na criação de Zonasde Desenvolvimento Proximal e, principalmente, narelação ensino-aprendizagem.

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Em: “Brincadeiras e narrativas infantis:contribuições de J. Bruner para a Pedagogia daInfância”, Tizuko Morchida Kishimoto, além de traçaralgumas concepções principais da teoria do autor,apresenta uma das grandes contribuições de Brunerpara a educação infantil que é o desenvolvimento darepresentação da mente narrativa pela brincadeira,apresentando o valor que Bruner atribui às históriasde contos de fadas que auxiliam a criança naorganização do pensamento por meio da “categoriza-ção” e a sua proposta de educação para a eqüidade.Conclui afirmando que Bruner é um dos gigantes doséculo XX que, ao desenvolver uma Pedagogia sócio-construtivista, propôs mudança nos conceitoseducacionais, em especial, pela importância queatribuiu à escuta das múltiplas vozes da criança.

Em: “Loris Malaguzzi e os direitos das criançaspequenas”, Ana Lúcia Goulart de Faria analisa aPedagogia da Infância do italiano Malaguzzi,levadaa efeito na região da Reggio Emilia (situada ao norteda Itália). Segundo a autora, a Pedagogia deMalaguzzi é uma Pedagogia inovadora, criativa quevaloriza as múltiplas relações e as diferenteslinguagens da criança e que tem na arte, o seufundamento e na eqüidade, sua finalidade. Para Faria:“o trabalho coletivo na rede pública, com professoresespecializados “em normalidade”, garante para ascrianças, parafraseando Marx, as “condições dadas”para elas fazerem história.” (p. 286). A autorareproduz também “Uma carta dos três direitos”,redigida por Malaguzzi, que apresenta direitosdiversos, mas complementares, da criança, dos paise dos educadores e que fundamentam a gestão social,participativa e ativa em instituições de educaçãoinfantil daquela região, acentuando que os direitos dascrianças não estão dissociados dos direitos da famíliae da efetiva cidadania.

Em: “Anônimo do século XXI: a construçãoda Pedagogia Burocrática”, João Formosinho eJoaquim Machado Araújo apresentam a “PedagogiaBurocrática” pensada como “Pedagogia Ótima”fundamentando-se no caráter legal das normas eregulamentos oficiais que serviram e servem paradespersonalizar as atividades dos professores e otrabalho pedagógico desenvolvidos na instituiçãoescolar. Segundo os autores não é possível identificarum autor como personagem individual para essaPedagogia, mas afirmam que o “autor anônimo” está

presente nos níveis centrais de administração daeducação e nas diferentes formas de controle dotrabalho pedagógico. Além desses aspectos, elesapresentam a burocracia inspirada em Max Weber,a decisão do sistema de ação burocrática e a imagemde criança, professor e de escola que a “PedagogiaBurocrática” apresenta, lançando às margens aspropostas e práticas pedagógicas alternativas.

A obra sinaliza perspectivas e orientaeducadores e pesquisadores interessados em revisitaras inspirações teóricas dos autores analisados.Parafraseando Horckeimer (1978) “não se trata deconservar o passado, mas de resgatar as esperançasdo passado”. Tempos e esperanças históricos que seentrecruzam nos princípios e concepções que têmem comum o respeito e a valorização dos direitosdas crianças como produtoras de cultura e sujeitoscapazes, desde o nascimento. Consideramos que maisdo que o “dom”, condições preexistentes que aconcepção inatista apregoou para o desenvolvimentoinfantil, trata-se hoje de criar o “dão” (o dar, o criar,o construir condições) para a efetiva possibilidadede fruição e recriação dos direitos da infância e doseducadores que se dedicam a esse segmento etário,condições essas fundamentais para a emergência denovas Pedagogias.

Recebido em 29/03/2007.

Aceito para publicação em 29/08/2007.

Endereço para correspondência:

Profa. Dra. Marineide de Oliveira Gomes.FFCLRP/USP - Depto. de Psicologia e Educação.Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre. CEP 14040-901. Ribeirão Preto-SP, Brasil. E-mail:[email protected]

Marineide de Oliveira Gomes é Doutora emEducação e Professora Doutora do Departamentode Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia,Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidadede São Paulo.

Amabille Silva Paschoim é estudante do cursode graduação em Pedagogia da Faculdade deFilosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto daUniversidade de São Paulo e bolsista do Programa“Ensinar com Pesquisa” desta mesma universidade.