resenha - clarice lispector - uma aprendizagem ou o livro dos prazeres
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Filipe Pereira
Márcia Medeiros1
I) OBRA
LISPECTOR, Clarice, 1920-1977. Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres.
Rio de Janeiro: Ed: Rocco, 1998. 159 p. 21 cm x 14 cm. R$ 27,50.2
II) CREDENCIAS DA AUTORIA
Clarice Lispector (1920-1977), foi escritora e jornalista brasileira, reconhecida como
uma das mais importantes escritoras do século XX. Filha de Pinkouss e Mania
Lispector, de origem judaica, Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik na Ucrânia, no
dia 10 de dezembro de 1920. Em 1925, os Lispector mudam-se para a cidade do Recife
onde Clarice passa sua infância, no Bairro da Boa Vista. Aprendeu a ler e escrever
muito nova. Estudou inglês e francês e cresceu ouvindo o iídiche, idioma dos seus pais.
Com 9 anos fica órfã de mãe.
Em 1937 muda-se com a família para o Rio de Janeiro, indo morar no Bairro da Tijuca.
Ingressa no Colégio Silva Jardim, onde era frequentadora assídua da biblioteca. Ingressa
no curso de Direito. Com 19 anos publica seu primeiro conto "Triunfo" no semanário
Pan. Em 1943 forma-se em Direito e casa-se com o amigo de turma Maury Gurgel
Valente. Nesse mesmo ano estreou na literatura com o romance "Perto do Coração
Selvagem", que retrata uma visão interiorizada do mundo da adolescência, e teve
calorosa acolhida da crítica, recebendo o Prêmio Graça Aranha. Clarice Lispector
acompanha seu marido em viagens, na carreira de Diplomata do Ministério das
Relações Exteriores. Também morou na Inglaterra, Estados Unidos e Suíça, sempre
acompanhando seu marido.
Em 1948 nasce na Suíça seu primeiro filho, Pedro, e em 1953 nasce nos Estados Unidos
o segundo, Paulo. Em 1959 Clarice se separa do marido e retorna ao Rio de Janeiro,
1 Resenha Solicitada pela Professora Maria Angélica Rocha como nota parcial da Disciplina: Estudo da Ficção Brasileira Contemporânea. 2 Graduandos do V Semestre 2014.1 de Letras Vernáculas Noturno, da Universidade do Estado da Bahia-UNEB Campus XX Brumado-Ba Maio/2014
com os filhos. Em 1960 trabalha no Diário da Noite com a coluna Só Para Mulheres, e
lança "Laços de Família", livro de contos, que recebe o Prêmio Jabuti da Câmara
Brasileira do Livro. Clarice Lispector sofre várias queimaduras no corpo e na mão
direita, quando dorme com um cigarro aceso, em 1966. Passa por várias cirurgias e vive
isolada, sempre escrevendo. No ano seguinte publica crônicas no Jornal do Brasil e
lança "O Mistério do Coelho Pensante". Passa a integrar o Conselho Consultivo do
Instituto Nacional do Livro. Em 1969 já tinha perto de doze volumes publicados.
Recebeu o prêmio do X Concurso Literário Nacional de Brasília. Falece em 09 de
dezembro de 1977, dia anterior ao seu 57º aniversário, "A Hora da Estrela" foi sua
última obra, publicada em vida.
III) CONCLUSÕES DA AUTORIA
“Este livro se pediu uma liberdade maior que tive medo de dar. Ele está muito acima de
mim. Humildemente tentei escrevê-lo. Eu sou mais forte do que eu.”
LISPECTOR, Clarice. Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres. Rio de
Janeiro: Ed: Rocco, 1998. (p.09)
C.L.
IV) DIGESTO
Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres é mais uma, dentre tantas outras obras de
autoria de Clarice Lispector, alvo de inúmeras criticas e em contra partida muito
requisitada na área da literatura. A linguagem predominantemente utilizada por Clarice
Lispector é uma linguagem subjetiva, em que ela se aproveita principalmente das
metáforas e anáforas para criar uma atmosfera de autoanálise. Na obra, ela descreve
uma aventura amorosa vivida entre a complexa personagem Loreley, mulher viajada,
órfã de mãe e a única filha dos cinco filhos de uma família abastada, que fugindo dos
protocolos socias da vida interiorana do Rio de Janeiro, vai viver na capital como
professora de primário. E Ulisses, aplicado professor universitário de filosofia, bastante
ocupado pelo prazer da docência. Dois jovens, vítimas de crises existenciais, em
confrontos internos alicerçados aos questionamentos quanto ao viver plenamente, num 1 Resenha Solicitada pela Professora Maria Angélica Rocha como nota parcial da Disciplina: Estudo da Ficção Brasileira Contemporânea. 2 Graduandos do V Semestre 2014.1 de Letras Vernáculas Noturno, da Universidade do Estado da Bahia-UNEB Campus XX Brumado-Ba Maio/2014
plano em que o conflito situa-se entre a realidade e o surreal e as formas de amar que,
aliás, são esses os pontos marcantes nas obras de Clarice Lispector. Loreley é bem mais
irresoluta, por se tratar da personagem central e por sua vez muito mais trabalhada pela
autora. Ulisses, que assim se revela somente ao final da trama, passa a ser utilizado no
seu papel de personagem secundário para atuar como um ponto fixo do qual Loreley, testa
suas emoções e sensações numa relação que a princípio não passa de mártir para ambos, no
entanto surpreendente ao final.
V) METODOLOGIA DA AUTORIA
Diante do discurso desenrolado na obra, de modalidade literária, a cerca da personagem
central “Loreley”, verifica-se grande predominância de silogismo como método
utilizado por Clarice Lispector. Visto que toda trama está voltada para o conflito de
Loreley diante de suas proposições ao seu próprio “EU” e também a Ulisses, a fim de
compreender a própria existência e descobrir-se viva, na compreensão que o outro a
quem ama existe, assim descobrir amor como vida e por conseguinte passar a existir. O
procedimento empregado é o monográfico, pela exposição de “Loreley e Ulisses”,
personagens mergulhados na descoberta do “EU”, ao serem autoanalisados.
VI) QUADRO DE REFERÊNCIA DA AUTORIA
A autora é fortemente influenciada pelo feminismo e também pelo modernismo
brasileiro, ambos sinônimos de busca pela libertação dos moldes, aos quais o
comportamento e a linguagem estão preestabelecidos nos meados do século XX, em
uma sociedade patriarcal. O Modernismo Brasileiro é logo percebido ao início da trama,
quando Clarice Lispector rompe como os padrões de linguagem escrita e começa seu
texto com uma vírgula. O feminismo se faz presente no anseio da personagem de
escapar da vida interiorana com uma família composta por quatro irmãos e o pai. Como
se já não bastasse os protocolos socias para aquela que era a única mulher entre cinco
homens.
VII) QUADRO DE REFERÊNCIA DO RESENHISTA1 Resenha Solicitada pela Professora Maria Angélica Rocha como nota parcial da Disciplina: Estudo da Ficção Brasileira Contemporânea. 2 Graduandos do V Semestre 2014.1 de Letras Vernáculas Noturno, da Universidade do Estado da Bahia-UNEB Campus XX Brumado-Ba Maio/2014
A referência do resenhista é a leitura de conceituação dos movimentos Feminista e do
Modernismo Brasileiro, a partir das abordagens em torno do discurso libertador em cada
um dos movimentos, que se fazem presente no livro “Uma Aprendizagem ou O Livro
dos Prazeres” no discurso Lispectoriano.
VIII) CRÍTICA DO RESENHISTA
Obra carregada de princípios e ideologias que influenciaram a autora, esta se divide
entre o devaneio dos questionamentos e descobertas, e a insurgência dos elementos que
compõe os personagens de Loreley e Ulisses. A narrativa tem um estilo caótico com
discurso livre intercalado por monólogos e diálogos dos personagens.
Clarice Lispector com sutileza deixa em entrelinhas um pouco da sua personalidade e
experiências de vida, que atrelado a isto exige do leitor uma reflexão a cerca dos
personagens e suas psiques. Misturando uma realidade intrínseca, vasculha o imaginário
de quem o lê, faz de cada página um deleite com a exposição de uma ficcionalidade não
tão longe da real. Um fim excepcional
IX) INDICAÇÕES DO RESENHISTA
Literatura indicada para alunos do ensino médio e ensino superior, das áreas da
humanidade, para vestibulandos e leitores em geral, em especial leitores de romance.
1 Resenha Solicitada pela Professora Maria Angélica Rocha como nota parcial da Disciplina: Estudo da Ficção Brasileira Contemporânea. 2 Graduandos do V Semestre 2014.1 de Letras Vernáculas Noturno, da Universidade do Estado da Bahia-UNEB Campus XX Brumado-Ba Maio/2014