resenha bacia hidrografica gestao ambiental

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Leandro Coelho Araújo - Gestão Ambiental - Prof: Josias Comitês de Bacia Hidrográfica Os Comitês de Bacia Hidrográfica são organismos colegiados que fazem parte do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e existem no Brasil desde 1988. A composição diversificada e democrática dos Comitês contribui para que todos os setores da sociedade com interesse sobre a água na bacia tenham representação e poder de decisão sobre sua gestão. Os membros que compõem o colegiado são escolhidos entre seus pares, sejam eles dos diversos setores usuários de água, das organizações da sociedade civil ou dos poderes públicos. Suas principais competências são: aprovar o Plano de Recursos Hídricos da Bacia; arbitrar conflitos pelo uso da água, em primeira instância administrativa; estabelecer mecanismos e sugerir os valores da cobrança pelo uso da água; entre outros. Legislação se baseia em federal e estadual, sendo elas: Federal - Leis :: Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 - Lei das Águas; Resoluções do CNRH :: Resolução nº 005 CNRH - Estabelece diretrizes para a formação e o funcionamento de comitês de bacias hidrográficas; :: Resolução nº 017 CNRH - Estabelece diretrizes para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos de Bacias Hidrográficas; :: Resolução nº 018 CNRH - Possibilita a prorrogação do mandato de Diretoria Provisória dos comitês de bacias hidrográficas; :: Resolução nº 024 CNRH - Altera a redação dos artigos 8ª e 14 da Resolução nº 5. :: Resolução nº 109 CNRH - Estabelece procedimentos complementares para a criação e acompanhamento dos comitês de bacia. Estadual - Minas Gerais

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resenha gestão ambiental CBHSF

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Page 1: Resenha Bacia Hidrografica Gestao Ambiental

Leandro Coelho Araújo - Gestão Ambiental - Prof: Josias

Comitês de Bacia Hidrográfica

Os Comitês de Bacia Hidrográfica são organismos colegiados que fazem parte do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e existem no Brasil desde 1988. A composição diversificada e democrática dos Comitês contribui para que todos os setores da sociedade com interesse sobre a água na bacia tenham representação e poder de decisão sobre sua gestão. Os membros que compõem o colegiado são escolhidos entre seus pares, sejam eles dos diversos setores usuários de água, das organizações da sociedade civil ou dos poderes públicos. Suas principais competências são: aprovar o Plano de Recursos Hídricos da Bacia; arbitrar conflitos pelo uso da água, em primeira instância administrativa; estabelecer mecanismos e sugerir os valores da cobrança pelo uso da água; entre outros.

Legislação se baseia em federal e estadual, sendo elas:Federal - Leis:: Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 - Lei das Águas;Resoluções do CNRH:: Resolução nº 005 CNRH - Estabelece diretrizes para a formação e o funcionamento de comitês de bacias hidrográficas;:: Resolução nº 017 CNRH - Estabelece diretrizes para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos de Bacias Hidrográficas;:: Resolução nº 018 CNRH - Possibilita a prorrogação do mandato de Diretoria Provisória dos comitês de bacias hidrográficas;:: Resolução nº 024 CNRH - Altera a redação dos artigos 8ª e 14 da Resolução nº 5.:: Resolução nº 109 CNRH - Estabelece procedimentos complementares para a criação e acompanhamento dos comitês de bacia.Estadual - Minas Gerais:: Lei nº 13.199, de 29/01/1999, publicada em 30 de janeiro de 1999. Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e dá outras providências.:: Lei nº 13.194, de 29/01/1999, publicada em 30 de janeiro de 1999. Cria o Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais e dá outras providências.

Cada bacia conta com seu Comitê que é a base da gestão participativa e integrada da água. A sua composição contribui para que todos os setores da sociedade com interesse sobre a água na bacia tenham representação e poder de decisão sobre sua gestão: estão ali representantes do Poder Público (das esferas municipal e estadual), da sociedade civil (ONGs, universidades, associações) e de usuários de água. Existem comitês federais e comitês de bacias de rios estaduais, definidos por sistemas e leis específicas.

Cada CBH tem seu próprio estatuto, no qual são definidas as regras e procedimentos para realização das assembléias deliberativas, formas de participação, eleição e competências. No entanto, todos têm as mesmas atribuições, definidas pela Política Nacional de Recursos Hídricos: (1) de natureza deliberativa (decisória): arbitrar em primeira instância administrativa os conflitos pelo uso da água; aprovar o Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica (metas de racionalização de uso, aumento da

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quantidade e melhoria da qualidade; prioridades para outorga de direito de uso de recursos hídricos; diretrizes e critérios gerais para cobrança,etc.

(2) de natureza propositiva: acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; propor os usos não outorgáveis ou de pouca expressão ao Conselho de Recursos Hídricos competente,etc. (3) de natureza consultiva: Promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes.

Através da página Comitês de Bacias Hidrográficas da Agência Nacional de Águas – ANA, é possível obter informações sobre todos os comitês atualmente existentes, sejam eles estaduais, como o CBH do Alto Tietê, em São Paulo, ou interestaduais como o CBH do Rio São Francisco. Nesta estão presentes 504 municípios e sete Unidades da Federação Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe, onde vivem cerca de 16 milhões de pessoas.

Os Comitês de Bacia Hidrográfica têm como objetivo a gestão participativa e descentralizada dos recursos hídricos naquele território, utilizando-se da implementação dos instrumentos técnicos de gestão, harmonizando os conflitos e promovendo a multiplicidade dos usos da água, respeitando a dominialidade das águas, integrando as ações de todos os governos, no âmbito dos Municípios, dos Estados e da União, propiciando o respeito aos diversos ecossistemas naturais, promovendo a conservação e recuperação dos corpos d'água, garantindo a utilização racional e sustentável dos recursos para a manutenção da boa qualidade de vida da sociedade local.

Os desafios hoje enfrentados pelos Comitês de Bacias Hidrográficas são tão grandes quanto suas potencialidades. O processo político próprio que vem sendo construído, evidentemente, vem carregado de velhos vícios, entretanto, sua própria dinâmica traz novos ares. Não cabe dúvida que os comitês já estão contribuindo para fortalecer o papel dos diversos atores sociais na discussão e criação de políticas públicas que contemplem os interesses de uma camada maior da população. O que seria inadmissível é que reforcem as elites políticas e ampliem as desigualdades. Creio que cabe a todos – gestores e acadêmicos – estar atentos para os rumos que venham a tomar.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF é um órgão colegiado, integrado pelo poder público, sociedade civil e empresas usuárias de água, que tem por finalidade realizar a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos da bacia, na perspectiva de proteger os seus mananciais e contribuir para o seu desenvolvimento sustentável. Para tanto, o governo federal lhe conferiu atribuições normativas, deliberativas e consultivas.

Criado por decreto presidencial em 5 de junho de 2001, o comitê tem 62 membros titulares e expressa, na sua composição tripartite, os interesses dos principais atores envolvidos na gestão dos recursos hídricos da bacia. Em termos numéricos, os usuários somam 38,7% do total de membros, o poder público (federal, estadual e municipal) representa 32,2%, a sociedade civil detém 25,8% e as comunidades tradicionais 3,3%.

O surgimento do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco se deu no contexto histórico da redemocratização do país, quando a sociedade brasileira, sob a égide da Constituição Federal de 1988, chamou a si o direito e a responsabilidade de participar da construção e implementação de políticas públicas. Lançando mão dos

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recém-conquistados mecanismos de controle social, a sociedade civil passou a exercer a co-autoria da institucionalidade democrática, inaugurando uma nova forma de relação com o Estado.

Discutir sobre comitês de bacia hidrográfica no Brasil é adentrar e compreender a complexidade desse universo. É falar de algo que está em movimento e que, apesar de ter um desenho inicial, se modifica constantemente conforme a conjuntura da política de gestão dos recursos hídricos. A prática do comitê de bacia é um dos exemplos da grande mudança no contexto das políticas públicas no País.

Figura 1 – Matriz institucional do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh).

Figura 2 - Evolução da criação de comitês de bacias hidrográficas no Brasil.