resenha antropológica do espelho_semiosfera

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  • 8/9/2019 resenha antropolgica do espelho_semiosfera

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    IntroduoQuem tiver olhos de ver e ouvidosde ouvirJesus Cristo

    O livro uma pedrada. Denso, pesado. Tijolo de concreto. Mas um tijolocom estilo, nada tosco. Talvez uma pedra fundamental, os alicerces de

    uma construo orgnica em torno do que se convencionou chamar

    COMUNICAO. Alicerces feitos de uma mistura concreta de Filosofia,

    Sociologia, Antropologia, Psicanlise, Poesia. Orgnica porque lida com

    razes, as razes da lngua, trazendo de volta sentidos perdidos no

    olvido, ouvidos com novos olhos.

    Comea com bios, mais que zoe, vida maior que a vida. Passa pelahexis, educao como axis mundi. Entra em virtus, potncia do novo

    no plo positivo, o mesmo diferente no plo negativo. Passa pela

    communitas, um comum que se partilha em eqidade um vendo

    que nem vendar nem vender, mas ver o mundo no presente em

    diversa perspectiva ethike. E termina com communicatio, um saber

    que se coloca em comum para agir a vida, como se diz por aqui.

    E tem mais, o primeiro captulo descreve, o segundo discute, o terceiroespecula, o quarto apresenta e o quinto sugere.

    Um belo livro. A louvao do ensaio como forma um incentivo para

    tentar. Haroldo de Campos quem dizia que o ensaio teoria em

    forma potica. Ento, aqui vo algumas pontuaes.

    Tvida ou bios meditico

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    Mediasc(o/a)pe

    truthliesfull of beauty

    in every mirror

    life is itsbrakeable formcalledreality(G. Dudus/nectar)

    Na dcada de 70 foi lanado em So Paulo um jogo que era um

    espelho preparado, modificado. O tamanho era de mais ou menos

    30x30cm. Duas pessoas por vez jogavam. Colocava-se o espelho num

    anteparo sobre uma mesa. Era necessrio que ficasse na altura do

    queixo dos participantes. Ento, apagavam-se as luzes e duas velas

    eram acendidas. Uma ficava coma a pessoa na frente do espelho, outra

    com a pessoa atrs do espelho. Movimentando as velas, os jogadores

    tinham que encontrar o ponto onde os rostos se fundiam.

    O espelho misturava caractersticas de um e outro e o que se via

    era um novo rosto, o mestio. Havia jogadores que no suportavam o

    que viam. Achavam grotesco, e crispavam. A sensao provocada tinha

    uma grande intensidade, como uma perda momentnea de identidade,

    uma alucinao lcida. O jogo, chamado Persona, tornava-se, para

    outros, um exerccio de aceitao do outro em si mesmo, uma

    aproximao solidarizante, uma reflexo sobre o eu. Nosso

    envolvimento terico ou existencial - com a mdia e as novas

    tecnologias da comunicao mais ou menos assim.

    Nicolau Sevcenko afirma, enquanto conta a histria do sculo vinte e

    discute o sculo vinte e um, afirma que

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    Aps a segunda guerra, a TV se torna o centro da vidacultural(...)operando como grandes mquinas de engenharia doimaginrio coletivo, por meio dos quais se massificam simultaneamenteos valores da Guerra Fria e do consumo1

    Muniz Sodr acompanha este raciocnio, incluindo as neotecnologias da

    comunicao neste quadro, mesmo entendendo que o virtual e as redes

    podem apontar caminhos ainda no claramente definidos. Quando

    afirma que o medium televisivo(...)permanece ainda hoje como fulcro

    da mdia tradicional2, onde medium significa canalizao e ambincia

    estruturados com cdigos prprios, fluxo comunicacional, acoplado a

    um dispositivo tcnico(...)e socialmente produzido pelo mercado

    capitalista, em tal extenso que o cdigo produtivo pode tornar-se

    ambincia existencial3, ele agrega as novas tecnologias ao mesmo

    funcionamento das mdias j tradicionais impressa, rdio, tv.

    Para Sodr, a mdia cria um novo bios, uma nova forma de vida,

    que vm se juntar (talvez sobrepr-se, eu diria) aos trs outros

    apontados por Aristteles: bios theoretikos (vida contemplativa), bios

    politikos (vida poltica) e bios apolaustikos (vida prazerosa, do corpo).

    O espelho miditico no simples cpia, reproduo ou reflexo, porque

    implica uma forma nova de vida, com um novo espao e modo deinterpelao coletiva dos indivduos, portanto, outros parmetros para aconstituio de identidades pessoais.4

    Sodr descreve o encolhimento do espao pblico e sua

    substituio pela tela, a estetizao da poltica e sua midiatizao

    emocionalista, a ecloso de um moralismo mercadolgico, de discurso

    proftico-religioso.

    Ao analisar o capitalismo cristo dos Estados Unidos, mostrando

    as relaes entre tele-evangelismo eletrnico, terrorismo moral e o caso

    Clinton, impossvel no referir o modo como Bush Jr. fala hoje em

    1 Sevcenko, Nicolau. A corrida para o sculo XXI pg1252 pg.203 pg.204 pg.23

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    nome de Deus, sobre o eixo do Mal e a nova guerra na verdade, uma

    invaso, contra todas as diretrizes do direito internacional e da opinio

    mundial que se mostrou contra o conflito armado. Bush acredita ser a

    boca de Deus, the burning Bush, onde Deus se revela atravs do fogo.

    impossvel desvincular esse discurso religioso (da direita

    americana) da Teologia do Destino Manifesto - que implica na eleio

    por Deus do povo americano para espalhar a palavra de Deus por todo o

    mundo. O deus mudou de in God we trust para in gold we trust,

    mas uma diferena sutil. O prprio Cristo j avisara que era impossvel

    servir a Deus e s riquezas, mas quando voc transforma o Mercado

    livre no Deus que com seus movimentos controla o bem da humanidade,

    voc livra a cara:

    o capital mercantil pode configurar-se como o deus cuja teodicia (ajustificativa da ao divina) a mdia. Pela sua ubiqidade e pelamultiplicidade de lnguas que falam(...)a televiso e seus sucedneostecnolgicos impem-se como um Pentecostes laico5

    Tambm no h como no ver nas igrejas neo-pentecostais, em

    seu domnio do estilo miditico e em sua teologia da prosperidade, os

    reflexos de todo esse movimento de religiosidade secularizada

    neoliberal.Da a decorrncia de raciocnio de Sodr ao considerar o medium o

    aggelos (mensageiro em grego, de onde se origina anjo). Outro

    pensador, Michel Serres, j havia referido essa percepo, ampliando-a:

    Olhe o cu aqui mesmo acima de ns, atravessado por avies, satlitesartificiais, ondas eletromagnticas, televiso, rdio, fax, correioeletrnico. O mundo no qual nos banhamos um espao-tempo dacomunicao. Por que no falaria de espao dos anjos, j que estaexpresso significa os mensageiros, os conjuntos de fatores, detransmisses prestes a passar, ou os espaos dos passes?6

    Para Serres, a comunicao o espao-tempo do entre, das

    preposies. E as preposies ligam lugares diferentes do saber. Serres

    5 pg.726 SERRES, Michel Luzes pg.157

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    chega a dizer que cincia no tem a ver com contedo, mas com um

    modo de circulao.

    preciso conceber ou imaginar como(...)viajam os anjos. E, para tanto,descrever os objetos que se situam entre as coisas j observadas,espaos de interferncia (...)esses anjos passam no tempo dobrado, dasurgindo milhes de conexes.7

    Os anjos so as mensagens, seu corpo uma mensagem(...)Imaginoque a cada anjo corresponda uma preposio. Mas uma preposio notransporta mensagens, ela indica um conjunto de caminhos possveis, noespao ou no tempo.8

    Em Serres, no livro A Lenda dos Anjos, h toda uma angelologia da

    comunicao. Ela comportaAnjos como mensagens; Querubins como

    centrais distribuidoras/mquinas sociais e tcnicas; Potncias, Tronos

    e Dominaes como os poderes; Serafins como os afetos;Arcanjos

    como os excludos.

    Ambos, Sodr e Serres, de modos diferentes, mostram que a

    utopia da comunicao como um espao democrtico, horizontal, de

    troca, compartilhamento, comunho, est comprometida pelo problema

    do mal, pelos valores que a globalizao escolheu para represent-la.

    Mas ambos sugerem a possibilidade de uma diferena, de mudana.

    Coolture Creatures

    Sodr sugere que para educar preciso ir alm do ethos, da

    socializao, da etiqueta, da repetio contingente de um costume, e

    7 idem, pg. 888 idem, pg. 156

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    chegar aceitao dos impulsos de liberdade humana. Hexis a

    possibilidade de instalao da diferena na imposio estaticamente

    identitria do ethos9, afirma. E continua discutindo as mudanas scio-

    culturais contemporneas, mostrando a necessria redefinio de

    escola, que seja capaz de abarcar a revoluo informacional utilizando

    todo o aparato hipermdia - e comportar outros atores sociais para a

    tarefa da educao. E da configurao de uma tica.

    Muniz afirma o potencial das neotecnologias - amparadas por uma

    pedagogia da autonomia - para uma aprendizagem ativa de

    conhecimento, unindo o jogo ao aprendizado, propiciando singularizao

    humana. Cita, inclusive, as trs transmutaes do Zaratustra de

    Nietzsche, para exemplificar as passagens da aceitao do ethos, para o

    desejo do novo e a criao do novo: Camelo, Leo, Criana10.

    Nessa idia de nova escola, est implcita a necessidade daquilo

    que est se chamando de educomunicao, em seus vrios momentos

    a utilizao dos mdia e neotecnologias da comunicao no ensino, a

    educao para a crtica dos mdia e a produo de veculos de

    comunicao democrtica em jornais experimentais, programas de

    rdio na escola, blogs, sites, etc.

    Virtus ou a potncia das foras

    Era briluz. As lesmolisas touvasroldavam e relviam nos gramilvos.Estavam mimsicais as pintalouvase os momirratos davam grilvos

    9 pg. 84,8510 H alguns anos eu havia criado um poema visual, onde a expresso coolture creatures aparecia sobre oscontornos de cada um dos seres nietzchianos. A idia de uma cultura que pudesse ser cool, maneira, bacana,

    interessante e nova e que expressasse nossa humanidade estava embutida ali.

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    Foi esse poema que Alice encontrou do outro lado do espelho. Ela no

    entendeu nada. Mas Humpty Dumpty a ajudou a descobrir o sentido.

    Depois de traduzi-lo, Humpty demonstra como pode fazer o que quiser

    com as palavras, mesmo sendo Alice algum que acredita que as

    palavras significam aquilo que nos disseram:

    -Quando uso uma palavra ela significa aquilo que eu quero quesignifique...nem mais nem menos-A questo saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisasdiferentes, ponderou AliceA questo replicou Humpty Dumpty saber quem que manda. sisso.

    Pierre Levy diz que o texto , desde suas origens mesopotmicas, um

    objeto virtual. O texto que Alice encontra assim, at que Humpty o

    atualize para ela interpretao, trabalho hermenutico. Humpty

    tambm mostra para Alice, que acreditava na iluso representacional da

    linguagem, que existe uma poltica por trs da sua utilizao: algum

    impe significado e outros acatam.

    Do outro lado do espelho, interpretar, criticar e criar so atitudes

    fundamentais. Ainda mais quando se leva em considerao o nmero de

    dimenses do mundo, que a fsica contempornea discute. Baudrillard,

    em seu livro Crime Perfeito, evoca a mentira confortante de dizer-nos

    materialistas, com uma cincia calcada na afirmao disso, quando os

    cientistas j descobriram a existncia da anti-matria. A matria, nosso

    mundo , portanto, apenas e no mximo, metade da realidade. Vivemos

    como se a outra metade no existisse, ou no fizesse diferena.

    Assim sendo, penso que a realidade virtual no signifique apenas

    uma clonagem proprioceptiva, que simula outro mundo. Ela pertence a

    esse novo paradigma do real, que inventa um espao novo, onde nada

    existia o ciberespao, um no-lugar. Ela simula outro mundo porque

    ainda no sabemos como habitar no no-lugar, e ento, o enchemos

    com aquilo que se parece com este mundo: perspectiva tridimensional,

    cores, volumes, objetos, paisagens. A realidade virtual responde nossa

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    limitao. Assim sendo, faz muito sentido que a realidade virtual se

    configure como um novo dispositivo de conscincia11.

    A noosfera, de Chardin e Morin se adaptam perfeitamente ao

    ciberespao e realidade virtual. Percebo tambm uma grande

    semelhana da noosfera com a idia de conscincia em Peirce. Lcia

    Santaella, numa palestra na Puc, na dcada de 80, falava sobre o poo

    sem fundo, onde as idias tomavam forma enquanto iam subindo, at

    chegar tona, quando se tornavam pensveis, e podamos ento

    utiliz-las. Esse lugar, onde uma multido de potencialidades circulam

    do fundo para a superfcie, e vice-versa, eu chamei, num poema, de

    poo cartesiano para brincar com a questo da racionalidade

    cartesiana, transformando-a nesse espao fundo, escuro, desconhecido,

    surpreendente.

    Quando Sodr comea a nos falar de matria inteligente, biochip,

    do esgarar da fronteira entre orgnico e inorgnico, no h como no

    lembrar de Deleuze, em seu posfcio ao livro dedicado Foucault.

    Deleuze nos conta das trs idades do humano: 1)quando lidvamos com

    as foras do infinito e inventamos Deus referncia de tudo no mximo;

    2)quando lidamos com as foras do finito e inventamos o homem e a

    cincia (fsica,biologia...); 3)quando lidamos com as foras do finito

    ilimitado (as quatro bases do DNA que do conta da multiplicidade do

    vivo em seus rearranjos; o zero e um que digitalizam e transformam o

    mundo) e comeamos a inventar o bbermensch, o alm-do-homem.

    Talvez, como nos diz Deleuze, o tempo das bodas do carbono com o

    silcio.

    Num tempo como este da terceira idade, se seguirmos a intuio

    deleuziana, no h que se estranhar a multiplicidade do eu, seus

    devires, suas linhas-de-fuga, suas desterritorializaes e

    reterritorializaes. E por vezes, acontece, na nossa convivncia com o

    11 Pg.125

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    virtual, o que Sodr considera uma individualidade sem

    singularidade12, um empobrecimento, como o uso de identidades novas

    nos chats apresentar-se como diferente do que se fisicamente ou

    socialmente. Mas tambm acontecem processos de singularizao, e

    processos de comunho, formao de comunidades virtuais que atuam

    no socius, para mudar o real usando o virtual como travessia e

    possibilitao.

    Comunidades de base ou a base das comunidades

    Neste acontecimento, que o que est se convencionando chamar

    de movimento anti-globalizao, os grupos de protesto anarquistas,

    socialistas, sem-terra, sem-teto, partidos polticos de esquerda,

    agricultores contra os transgnicos se associam e trocam informao e

    organizam sua ao (como as manifestaes recentes contra a invaso

    do Iraque orquestradas por este movimento) via Internet.

    H uma tica, advinda dos movimentos sociais, das lutas pelos

    direitos dos negros, mulheres, advinda do movimento ecolgico, que

    infunde fora e coeso ao movimento que est sendo considerado o

    primeiro grande acontecimento social global deste sculo. E ele est

    alinhado visceralmente contra os valores neoliberais.

    O que o movimento antiglobalizao est demonstrando que as lutas sociaisvoltaram cena internacional como fonte de presso por mudanas que levem atransformaes do modelo civilizatrio em curso. Ele foi gerado pelo prpriosistema a que se contrape: a globalizao capitalista.(...)A novidade nomovimento antiglobalizao que ele est unindo, sem apagar as diferenas, numcampo de ao comum, grupos polticos e tribos culturais que at ento nemsequer se sentavam juntos para dialogar, ou seja, o movimento antiglobalizao ,

    em si, um novo ator sociopoltico13

    Sloterdjik, em seu livro No Mesmo Barco, nos leva a pensar a

    poltica para aqum da polis grega. Para ele, o comeo de tudo est na

    horda, de l parte a paleopoltica, que inclui na histria aquilo que o

    12 pg.16013 Gohn, Maria da Glria in Folha de So Paulo Caderno Mais! Maro/2002

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    Ocidente denega as centenas de milhares de anos da histria da

    espcie e no apenas estes parcos cinco/seis mil anos da histria oficial

    contada para todos pelo Ocidente. Se resgatarmos a horda como

    princpio socializador, que produz o homem, perceberemos o que ele

    chama de a arte do possvel em pequeno: permanecer pequeno para

    alcanar o grande bem, isto , o da vida com nimo14

    Este pensar pequeno, em minha intuio, estaria tomando como

    base da poltica no a polis, mas o oikos , a casa, a morada. E certas

    palavras encenam o novo movimento social anti-globalizao:

    Oiko umene a humanidade toda numa mesma casa;

    Oiko logos uma fala/ao sobre a casa que a terra e sua

    preservao(as trs ecologias: social, ambiental, cultural).

    Oiko nomos novas regras para a casa e seus bens, uma nova

    disposio do rebanho no espao, lembrando que apascentar trazer

    a paz. Este ativismo contemporneo mostra a possibilidade de uma

    nova participao poltica, de uma cidadania global:

    uma atividade positiva, construtiva e inovadora(...)a resistncia est

    imediatamente ligada a uma participao vital e inevitvel no conjunto das

    estruturas sociais e formao de aparatos cooperativos de produo e

    comunidade. Essa militncia faz da resistncia um contrapoder e da rebelio um

    projeto de amor.15

    Ao Comum e Comunicao

    Sodr coloca a Comunicao operando com uma banda larga (em

    aes e prticas) em trs nveis: veiculao, vinculao e cognio.

    A veiculao a midiatizao em torno do que tem sido gerada a

    maior parte dos estudos ou anlises da comunicao. A vinculao so

    prticas de promoo/manuteno do vnculo social , aes

    14

    Sloterdjik, pg2815 Hardt, Michael e Negri, Toni Imprio pg. 437

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    comunitrias, animao cultural, atividade sindical (onde a reciprocidade

    dialgica e afetiva da comunicao aparece) para alm da mdia ela

    aparece em obras de socilogos, filsofos e pensadores. A cognio faz

    da comunicao o campo do trans, maneira de colocar em perspectiva o

    saber tradicional sobre a sociedade atravs de um hipertexto mestio,

    hbrido. Aqui aparecem pensadores como Michel Serres que defendem a

    comunicao como o veculo para uma abordagem mais sistmica sobre

    o conhecimento (episteme), utilizando personagens conceituais como

    Hermes e os anjos:

    Metfora significa, justamente: transporte. Esse o mtodo deHermes: ele exporta e importa, portanto atravessa; ele inventa e podese enganar, devido analogia; perigosa e mesmo, a rigor, proibida, nose conhece contudo outra via de inveno16

    Com isso, ele assegura para o conhecimento a experincia do risco, da

    criao, da inveno. O que Muniz Sodr tambm enfoca, dizendo da

    necessidade de privilegiar (analogicamente, metaforicamente) as

    conexes primeiro entre as teorias e depois entre estas e os

    fenmenos observados17. E isso, para Sodr acontece atravs da forma

    ensaio.

    Publicado em Semiosfera(ISSN 1679-0995) no 4-5 julho 2003 seo Leiturashttp://www.eco.ufrj.br/semiosfera/

    16 Serres, Michel Luzes pg.9017 pg.243