requisito parcial a orientadora: prof. paula de moura · ligia moreira leite nercolini ateroma de...

38
Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA- ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada ao curso de Especializag80 em Radiologia Odontol6gica e Imaginologia da Universidade Tuiti do Parana como requisito parcial a obtencyao do titulo de Especialista em Radiologia Odontol6gica e Imaginologia. Orientadora: Prof. Paula de Moura Curitiba 2007

Upload: buicong

Post on 25-Apr-2019

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

Ligia Moreira Leite Nercolini

ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-

ORAlS CONVENCIONAIS

Monografia apresentada ao curso de

Especializag80 em Radiologia

Odontol6gica e Imaginologia da

Universidade Tuiti do Parana como

requisito parcial a obtencyao do titulo

de Especialista em Radiologia

Odontol6gica e Imaginologia.

Orientadora: Prof. Paula de Moura

Curitiba

2007

Page 2: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

TERMO DE APROVAI;AO

Ugia Moreira Leite Nercolini

ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRAFICOS EXTRA-

ORAlS CONVENCIONAIS

Esta monografia foi julgada e aprovada pela banca examinadora para

a obten~ao do titulo de Especialista em Radiologia Odontol6gica e

Imaginologia da Universidade Tuiti do Parana.

Curitiba,01 de junho de 2007.

Prof'. Paula de Moura

Prof '. Ana Claudia Galvao Aguiar Koubik

Prof a. Ligia Aracema Borsato

Page 3: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

Ao meu filho Joao Guilherme e ao meu

irmaa Henrique, par me ensinarem a

cada dia que 0 ser humano naG tern

limites.

Page 4: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

SUMARIO

LlSTA DE FIGURAS ..

RESUMO ...

ABSTRACT ...

1 INTRODUC;:AO ....

1.10BJETIVOS ..

2 FUNDAMENTAC;:AO TEORICA ..

2.1 RADIOGRAFIA PANORAMICA ..

VII

VIII

IX

10

13

14

14

2.2 CARACTERisTICAS RADIOGRAFICAS DOS ATE ROMAS CALCIFICADOS 16

2.3 ATEROMA OU PLACA ATEROMATOSA DE CAROTIDA .. 20

2.4 ETIOLOGIA E PREVAL~NCIA .. 22

2.5 DIAGNOSTICO DE ATEROMA EM RADIOGRAFIA PANORAMICA .. 24

3 DISCUSSAO ..

4 CONSIDERAC;:OES FINAlS ..

5 REFERENCIAS ..

. 34

37

38

Page 5: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

LlSTA DE FIGURAS

Figura 1 Diagramas de uma arteria muscular.

Figura 2 Radiografia Panoramica .

Figura 3 Desenho Esquematico de radiografia panoramica ...

Figura 4 Desenvolvimento de placa de aterosclerose ..

10

17

18

. 22

Figura 5 Desenho Esquematico dissociando a localiza~ao do ateroma da 26arteria car6tida .

Figura 6 Radiografia Panoramica cnde S8 visualiza imagem do osso hi6ide. 30

Figura 7 Imagem sugestiva do processo estil6ide alongado em radiografiapanoramica . 31

Figura 8 Imagem sugestiva do ligamento estilo-hi6ide calcificado naradiografia panoramica . 31

Figura 9 Radiografia Panoramica mostrando multiplas calcifical'oes 32unilaterais sugestivas de linfonodos calcificados .

Figura 10 Imagem sugestiva de calculo salivar (sialolito) na glandula 33submandibular, apresentando-se como calcifica90es irregulares .

Page 6: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

RESUMO

A placa ateromatosa e constituida de depositos circunscritos delipideos na intima dos vasos e e a causa mais comum de acidentevascular cerebral. Quando calcificadas, podem ser visualizadas emradiografias panoramicas, como massa radiopaca na re9io3o de tecidamole do pesco~o, no espayo intervertebral C3 eC4, acima ou abaixodo 0550 hi6ide. Os fatores de risco para a formagao do ateromaincluem obesidade, hipertensao arterial, tabagismo, diabetes mellitus,colesterol alto, sedentarismo, alcoolismo, idade avanc;ada. Homensapresentam maior predilegc30 para seu desenvolvimento quandocomparados as mulheres.Este estudo S8 propoe a analisar 0 ateromade car6tida em exames radiogrcHicos extra-orais convencionais. Noscasas em que a radiagrafia panoramica evidenciar a calcificac;;ao daarteria carotida, a Cirurgiaa dentista devera encaminhar a pacientepara uma avalia.yao adicianal para prevenc;;ao au tratamenta depossiveis problemas cardiacos e vasculares.

Palavras-chave: Radiografia panoramica; Ateroma; Arteria carotida;Aterasclerase de carotida.

Page 7: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

ABSTRACT

An atheromatous plaque is comprised of degenerative deposits of lipidin the arterial intima. It is reported as one of the most common causesof stroke - or cerebral vascular accident (CVA). When calcified,atheromatous plaques can be detected by panoramic radiography as asoft-tissue mass in the neck region - particularly in C3 and C4invertebral discs - above or below the hyoid bone. Risks of developingan atheroma include obesity, arterial hypertension, tabagism, mellitusdiabetes, high cholesterol levels, sedentarism, alcoholism and aging.Men present a higher relative risk of suffering from atheromas whencompared to women.The aim of this study is to analise the carotidatherome using conventional extra-oral radiograms.When identifyingpatients with calcification in carotid artery on a panoramicradiography, a dentist must forward such patients to additionaldiagnosis in order to prevent or treat cardio-vascular deseases.

Key-words: Panoramic Radiography; Atheroma; Carotid Artery; CarotidAtherosclerosis.

Page 8: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

10

INTRODU9Ao

A aterosclerose e uma doenc;:a caracterizada pelo

endurecimento da parede arterial pela presenc;:a de espessamento da

intima, denominado ateroma ou placa ateromatosa, cuja constituiyao

varia conforme a evoluc;:ao da doenc;:a e se inicia com deposito de

colesterol e esteres de colesterol nesta camada intima e e a causa

mais comum, de acidente vascular cerebral.

Na figura 1 e apresentado urn diagrama de uma arteria

muscular de urn preparado histologico corado par hematoxilina-eosina

(HE) (esquerda) e de uma arteria elastica corada pelo metoda de

Weigert para estruturas elasticas (direita). A tunica media de uma

arteria muscular contem predominantemente musculo liso, enquanto a

tunica media das arterias elasticas e formada par camadas de

musculo liso, intercaladas por laminas elasticas. A camada adventicia

e a por9ao externa da media possuem vasos sangOineos (JUNQUEIRA

E CARNEIRO,2006).

o.o

o\~ ..._~c

V,1S.!1 vasorom >.l

Figura 1 - Diagrama de uma arteria muscularFonte: Junqueira e Carneiro (2006)

Page 9: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

11

A medida que as placas ateromatosas tornam-se numerosas e

aumentam de tamanho, pelo acumulo de lipideo e hi:! Gicatriz fibrosa,

invade 0 lumen das arterias, diminuem 0 fluxo sanguineo, algumas

complicatyoes podem ser constatadas: hemorragia interna, ulcerac;oes,

formaC;8o de trombos subjacentes a placa e calcificac;ao. Estas

calcificayoes podem ser esparsas ou extensas e esse processo tern

evoluy80 lenta (20 a 40 anos), sem apresentar sintomas, ate a fase de

insuficiencia arterial (REBELLO et aI.2003).

Quando calcificadas, as placas podem ser visualizadas em

radiografias panoramicas. Os primeiros relatos de calcific8c;6es em

arterias facia is detectados par meio desta modalidade de radiografia

foram registrados em 1942.

Em 1981, FRIEDLANDER e LANDE sugeriram pela primeira vez

que as radiografias panoramicas seriam urn recurso valida na

detec9ao de pacientes com risco de acidente vascular cerebral, pois a

calcificacyao da arteria car6tida pade ser vista nos cantos inferiores da

radiografia panoramica, adjacentes a vertebra cervical ao nivel da

jun9ao intervertebral C3-C4 (TANAKA, 2006). Autores como

KAMIKAWK et al. (2006) indicam a predile9ao do ateroma na regiao de

bifurca9ao da arteria car6tida.

Uma radiografia panoramica feita a pedido do cirurgiao dentista

pade mostrar mais do que problemas de saude oral: a dentista

tambem pade ajudar a detectar uma doenc;a silenciosa do corac;:ao au

ate mesma, risco de acidente vascular cerebral (MANZI et al. 2001).

A doenc;a cardiovascular destaca-se, nos dias atuais, como a

mais freqOente causa de 6bito. A patogenia mais encontrada das

doenc;as cardiovasculares e, indisGutivelmente, a aterosclerose

coronaria, que pade acometer inclusive pacientes jovens

(FRIEDLANDER et al. 1991).

No Brasil 0 acidente vascular cerebral e uma das principais

causas de morte e os pacientes que a ele sobrevivem podem

apresentar incapacitac;oes e debilidades fisicas importantes, assim

como interna90es hospitalares prolongadas.(MANZI et aI.2001).

Page 10: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

12

Os ateromas, quando calcificados, podem ser observados em

radiografias panoramicas e depend end a da localiz8c;8.0 e morfologia

surgem os diagnosticos diferenciais. Esses achados sao considerados

acidentais e constituern-se em recurso adicional na prevenC;Elo de

eventos cardiovasculares e vasculocerebrais (FRIEDLANDER,

FREYMILLER, 2003).

Com iS50 a radiografia panoramica de rotina tornou-se urn

instrumento importante na identific8C;:c30 de pacientes assintomaticos.

Uma vez identificado, 0 ateroma requer exames especificos para

confirmac;8.o e determina<;ao do grau de oclusao dos vasas

sanguineos, bern como 0 encaminhamento do paciente para urn

tratamento preventiv~, contribuindo para a diminuiC;:8o do numero de

casos de acidentes vasculares cerebrais (REBELLO et aI.2003).

Esta pesquisa tem como objetivo analisar 0 ateroma de

car6tida em exames panoramicos extra-orals convenclonals.

Especificamente por meio de uma revisao da literatura pertinente

avaliar as caracteristicas clinlcas e radlograficas, as implicagoes e 0

dlagnostlco diferenclal do Ateroma de car6tida.

Page 11: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

13

1.1 OBJETIVOS

- Geral

Analisar 0 ateroma de carotida em exames radiografico extra-orais

convencionais.

- Especifico

Par meio de uma revisao de literatura avaliar as caracteristicas

clinicas radiograficas, implicaQoes e diagnostico diferencial de

ateroma de carotida.

Page 12: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

14

2 FUNDAMENTA<;:AO TEORICA

2.1 RADIOGRAFIA PANORAMICA

A Radiologia e a ciencia que, com a utilizar;8.o dos Raios-X e

dos filmes radiograficos, procura fornecer uma imagem "interna" que

pode se chamar de imagem "historradiogratica", po is fornece imagens

dos constituintes e da estrutura de uma regiao anatomica, invisiveis

ao olho nu (FREITAS, 2004).

Os raios X foram descobertos no dia 08 de novembro de 1895,

numa tarde de sexta-feira, por Wilhelm Conrad Roentgen, professor de

Fisica e diretor do Instituto de Fisica da Universidade de WOrszburg,

na Alemanha. Com essa descoberta, aos 50 anos de idade, Roentgen

revolucionou a historia da Medicina e da Odontologia. Hoje eextremamente difiei! imaginar 0 exercicio dessas duas profiss6es sem

o auxilio do exame radiogrilfico (CHILVARQUER; MANSINI, 2001).

Mas foi em abril de 1896 que C. Edmund Kells, de Nova

Orleans, EUA, realizou a primeira radiografia odontol6gica, tendo

publicado seu trabalho somente em agosto 1899, na Dental Cosmos

(CHILVARQUER; MANSINI, 2001).

Desde as primeiras radiografias dentais, hit uma preocupar;c30

cada vez maior em desenvolver novas tecnicas, dentro dos padr6es

exigidos, para uma radiografia ser considerada tecnicamente boa, isto

e, grau medio de contraste e densidade, minima de distorc;ao e

maximo de detalhe (FREITAS, 2004). Os dentistas que pod em

determinar hoje a amplidao das possibilidades de diagnostico

radiografico em suas clinicas tern em suas rna os uma am pia variedade

de possibilidades de diagnostico radiografico de extraordinaria

qualidade, que ha poucos anos era completamente inimaginavel

(PASLER; VISSER, 2001).

Dentre as inovac;oes obtidas, esta 0 desenvolvimento por

Paatero, em 1949, do metodo denominado PANTOMOGRAFIA -

contral'ao das palavras Panoramica e Tomografia (FREITAS, 2004).

Mais conhecida atualmente simples mente por Radiografia Panoramica,

Page 13: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

15

ela possibilita, ao mesma tempo, como unico procedimento de

imagem, a completa reproduc;:ao dos dentes e dos maxilares. com

inclusao da articulac;:ao temporomandibular e da cripta 6ssea alveolar

dos seios maxilares (PASLER; VISSER, 2001).

o paciente 58 posiciona de frente para 0 aparell10 que eajustado para sua altura. A sustentac;:ao da cabec;:a do paciente e feita

atraves de dais suportes laterais, urn na regiao do mento e Dutro na

altura da glabela que auxilia na manutenyao do plano oclusal paralelo

ao solo. Urn bleeD de mordida coloca os incisivos superiores e

inferiores em relac;:ao topa a topa, a lingua contra a palata, coluna

vertebral mantida ereta durante teda a exposic;:ao, momento em que 0

tubo de raios X e 0 porta-filmes giram ao redor da cabeya do paciente,

imprimindo assim a imagem no filme (TAVANO; ALVARES, 2000).

Este metoda de exame comprovado pela prcitica, de radiayao

reduzida e confortavel para a paciente e nitidamente superior ao

tradicional metoda trabalhoso e incompleto de representa-;:ao dos

dentes. Aliado ao antiquado metodo de levantamento do estado

intrabucal, no fornecimento das informa-;:oes basicas e suporte para

uma estrategia mais ampla de exames, e da aos dentistas uma maior

seguranya no planejamento da terapia e nas radiografias de controles

subsequentes. Somente onde for necessaria fazer radiografias

adicionais, por questoes especificas, de alguns dentes isolados ou

se((oes de maxilares, devem ser feitas radiografias intra e extra-

bucais primarias individualizadas (PASLER; VISSER, 2001).

Como qualquer tecnica radiografica, a Radiografia Panoramica

apresenta suas vantagens e desvantagens. Como vantagens, temos

amplo e completo exame odontol6gico pela representa-;:ao panoramica

do sistema mastigat6rio, com inclusao da articula-;:ao e dos seios

maxi lares; reconhecimento das relac;oes funcionais e patol6gicas e

suas conseqOencias no sistema mastigat6rio; documentac;ao sin6ptica

para planejamento e controle do tratamento e diminuiyao da carga de

radiac;ao pelo usa de uma estrategia racional de exames. Ja como

desvantagens destacam-se: em posic;oes extremas dos dentes

anteriores, a maxilar superior e inferior nao podem ser reproduzidos

Page 14: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

16

ao mesma tempo de forma otimizada; a disHincia foco-objeto ao

receptor de imagens nao e uniforme em todos as pontes, de ande

surgem fatores de ampliac;ao diferentes; medidas exatas nao sao

passive is e as estruturas localizadas fora da camada sobrepoem-se

ao maxilar radiografado, simulando altera,oes patol6gicas (PASLER;

VISSER,2001).

Radiografias panoramicas pod em detectar depositos de calcio

que estreitam a arteria car6tida no pescocyo. Esta condicyao e chamada

de calcifica9ao de arteria car6tida. Embora ela nae indique sempre S8

a arteria carotida esta bloqueada, pode indicar urn risco mais elevado

dos derrames com evento cardiaco serio (FRIEDLANDER et

al.,1994;FRIEDLANDER, FRIEDLANDER, 1996,1998).

Friedlander e Lande (1981) foram os primeiros a descrever 0

usa da radiografia panoramica como meio auxiliar na identificacyao de

pacientes com risco de acidente vascular cerebral. Em 1994 tambem

utilizaram radiografias panoramicas na detec,ao da presen,a de

ateromas em pacientes hospitalizados para tratamento de acidente

vascular cerebral.

Para tanto, e exigida habilidade para detectar a aterosclerose

em radiografias panoramicas, exames comumente solicitados, e

buscar a confirma9ao par meio de outros exames como a ultra-

sonografia. Por meio dela se consegue distinguir a ateromatose de

carotid a das demais entidades arroladas no seu diagnostico

diferencial (MANZI et al. 2001).

A doen9a cardiovascular se destaca, nos dias atuais, como a

mais freqOente causa de 6bito. A patogenia mais encontrada das

doen9as cardiovasculares e, indiscutivelmente, a aterosclerose

coronaria, que pode acometer, inclu~ive, pacientes jovens (CARTER

et al. 1997).

2.2 CARACTERisTICAS RADIOGRAFRICAS DOS ATEROMAS

CALCIFICADOS

Page 15: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

17

As calcifica90es na arteria carotid a podem, dependendo do

grau, ser visualizadas em radiografias panoramicas. A arteria carotida

comum ascende dentro do espaC;D orofaringeano, pr6ximo a regiao

cervical media, em direy80 a margem superior da cartilagem tireoidea,

onde S8 encontra a bifurca980 da arteria em carotida externa e

carotida interna. A localizaC;8o desta bifurcac;ao e variavel, podendo

ocorrer abaixo deste ponto 8, nesta situayao, sair da regiao que pade

ser visualizada nas radiografias panoramicas, nestes casas, as placas

calcificadas na arteria car6tida nao sao detectadas nessas imagens

(FRIEDLANDER, 1994).

As placas de ateroma calcificada pod em ser vistas nas

radiografias panoramicas como uma ou mais imagens radiopacas

nodulares adjacentes, nao continuas, na altura da junr;ao

intervertebral C3 e C4, diferenciando-se das estruturas radiopacas

dessa regiao, localizada na regiao posterior e inferior ao angulo da

mandibula, em um angulo de aproximadamente 45°. Na figura 2

apresenta-se uma radiografia panoramica com imagens sugestivas de

calcifica9ao da arteria carotida bilateralmente, na altura da jun9ao

intervertebral C3 e C4, formando um angulo de 45° com 0 angulo da

mandibula( ALBUQUERQUE et al. 2005).

Figura 2 - Radiografia panoramicaFonte: Albuquerque et al (2005)

Page 16: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

18

AS ateromas observados em radiografias panoramicas

aparecem como massas radiopacas au duas linhas verticais na regiao

de tecido mole do pesco90, no nivel da borda inferior da terceira

vertebra cervical (C3). Essas radiopacidades podem, segundo

FRIEDLANDER (1996) e FRIEDLANDER (1998), estar localizadas

acima au abaixo do osso hi6ide, mas sempre separados dele. Porem,

a radiografia panoramica limita-se somente a identificaC;8o dos

ateromas, naD podendo avaliar sua exata localiza98o e seu passive!

grau de obliteray8o. A figura 3 representa urn desenho esquematico

da radiografia panoramica com calcificag80 presente do lado direito;

regiao correspondente a bifurcay80 da arteria car6tida.

Figura 3 - Desenho esquematico de radiografia panoramicaFonte: Gonr;alves et al. (2004)

Segundo LEWIS e BROOKS (1999), nas radiografias

calcificados localizam-se

da mandibula, num

posterior e

angulo de

panoramicas os ateromas

inferiormente ao angulo

aproximadamente 45°. Essas radiopacidades estao separadas e

distintas do osso hi6ide e, variavelmente aparecem acima ou abaixo

dele. Podem aparecer como uma massa radiopaca nodular ou como

duas linhas radiopacas verticais dentro das paredes da arteria, ao

Page 17: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

19

nivel da terceira vertebra cervical (FRIEDLANDER, 1998). LEWIS e

BROOKS (1999) acrescentam que a aparencia tipica do ateroma

calcificado de carotida e de uma au mais massas nodulares

radiopacas adjacentes, mas nao contiguas, as terceira e quarta

vertebras cervicais.

Nas radiografias panoramicas, as placas ateromatosas

calcificadas da bifurcat;:ao da arteria carotida possuem localizar;80 e

aparencia caracteristica que as distinguem das demais radiopacidades

da regiao. A aparencia desses ateromas calcificados e irregular,

heterogenia podendo ser (lnica ou com varios nodulos linea res

verticais difusos, localizados freqOentemente entre as vertebras

cervicais C3 e C4 (CARTER et ai, 2000; FRIEDLANDER et ai, 2001).

As les5es ateromatosas em radiografias panoramicas tern side

descritas como uma massa nodular radiopaca vertico-linear podendo

variar de simples a multiplas calcificac;:oes discretas, de forma

alongada ou quase triangular, de tamanho variado, localizando-se a

aproximadamente 2,5 cm, p6stero inferiormente ao angulo da

mandibula, adjacente ao espayo intervertebral entre C3 e C4, uni ou

bilateral (ARTER et al. 1998; FRIEDLANDER e BAKER, 1994).

A calcificac;:ao do bulbo da arteria car6tida varia de uma a

multiplas radiopacidades mais lateralmente na radiografia panoramica,

nos espac;:os intervertebrais da terceira e quarta vertebra cervical

(MANZI; TUJI, 2001).

A partir do momento em que as lesoes ateroscler6ticas estao

parcialmente calcificadas, podem ser observadas em radiografias

panoriimicas (CARTER et al. 1997). A imagem do ateroma nessa

tomada apresenta-se como uma massa radiopaca na regiao de tecido

mole do pescoc;:o, no espac;:o intervertebral C3 e C4, distinta, das

estruturas radiopacas dessa regiao. No entanto, a radiografia

panoramica nao avalia 0 grau de obliterac;:ao da arteria, nem a sua

exata localizayao (FRIEDLANDER; GRATT, 1994).

Calcificac;:oes nas arterias carotidas cervicais podem aparecer

como massas nodulares radiopacas au linhas verticais radiapacas,

Page 18: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

20

localizadas inferior ou posteriormente ao angulo da mandibula

(COHEN et al. 2002).

Entretanto, a radiografia panoramica detecta apenas placas

calcificadas (ALMONG et al. 2002), au seja, a nao visualiza9aO das

areas radiopacas na regiao da car6tida nao exclui a possibilidade de

se apresentar placas de gordura nao calcificadas (FRIEDLANDER e

FREYMILLER, 2003).

2.3 ATEROMA OU PLACA ATEROMATOSA DE CAR6TIDA

A primeira descric;ao cientifica de uma placa de ateromatose

coronariana foi feita par volta de 1790, par Edward Jenner, que assim

relatau:

[ ... ] depois de examinar as partes mais importantes docorayao, sem encontrar nada que justificasse a mOTte subitado paciente au as sintomas que a precederam, eu estavafazendo urn corte transversa pr6ximo da base do coragao,quando a faca se deparou com alguma coisa dura, como sefossem pequenas pedras. Lembro que olhei para 0 velho tetopensando que algo tivesse caido de la. Examinando melhor,a verdadeira causa apareceu: as coronarias tin ham setransfarmado em canais 6sseos (http://www.drauziovarella.com. br/a rtig asia rte rosclerose. asp)

o ateroma e caracterizado pelo espessamento e perda de

elasticidade das paredes arteriais, devido a forma9ao de placas

ateromatosas na intima dos vasos, preferencialmente das arterias,

dentre elas a car6tida, send a mais comum na sua bifurca9ao. As

lipoproteinas do sangue penetram atraves do endotelio e se instalam

na camada mais intima e as derivados das plaquetas estimulam 0

crescimento para prolifera9ao de celulas musculares lisas. Quando

estas placas engrossam, inicia-se a deposi9ao de sa is de calcio.

(SOUZA, 2006).

LUSIS (2000) define aterosclerose como uma doen9a

inflamat6ria progressiva, que pode levar a um derrame, doen9as de

arterias de coronarias ou doen9as de arterias perifericas. Para

Page 19: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

21

ROBBINS et al. (1996), e urna patologia variante da aterosclerose

Essas placas, tam bern chamadas ateromas, constituem a lesao

fundamental da aterosclerose.

Basicamente, sao placas focais elevadas, com numero lipidico

(colesterol e 0 principal representante), recobertas par uma capa

fibrosa, depositada no interior da intima do vasa sangOineo (HAAGA,

et al. 1996).

o ateroma au placa fibrosa consiste de uma placa que tern urn

nucleo central de lipidio e uma capa fibrosa. A medida que as placas

aumentam, comprometem a luz dos vasas, acarretando uma serie de

complic8c;oes como calcificayao, formayao de trombo e dilatac;ao

aneurisrnatica (ALMONG; ILLIG; KHIN; GREEN, 2000).

o termo aterosclerose e usado para definir urn endurecimento

continuo, induzido pel0 espessamento e pela percta da elasticidade da

parede das arterias; a formayao de uma placa fibrosa (placa de

ateroma) na intima vascular, com uma area central grumosa rica em

lipidios, caracteriza 0 padrao mais comum da aterosclerose (COTRAN

et al. 1991).

o trombo inicia sua formayao com injurias na parede da arteria,

possibilitando que as lipoproteinas do sangue penetrem atraves do

endotelio e se alojem na camada intima. Enquanto isso, as derivados

de plaquetas estimulam 0 fator de crescimento para a proliferayao de

celulas musculares lisas, provocando um endurecimento arterial.

Quando estas pia cas ateroscler6ticas engrossam, inicia-se a

incrustayao pelos sais de calcio, sendo denominadas de ateromas

(DEMPSEY et al. 1990; FRIEDLANDER et al. 1994; MITCHELL e

SIDAWY, 1998; LEWIS e BROOKS, 1999).

Em nivel tecidual, a ateroma e causado pel a acumulo anormal

de lipideos nas paredes das arterias. Estes acumulos au placas

ateroscler6ticas (ateromas) sao les5es elevadas que abstruem a luz

vascular. A medida que a vasa se estreita a suprimento sanguineo

distal fica comprometido, ocasionando, em consequencia, a privayaa

de oxigenio ou isquernia (SONIS; FAZIO; FAMG; 1996).

Page 20: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

22

00"0"0'". •. \" ... .. •. •. •. ~ •.. 0 .• . •.

Figura 4 - Desenvolvimento da placa de ateroscleroseFonte: Haddad e Silveira (2007)

Aterosclerose e uma doeng8 que acamete as arterias elasticas

e arterias musculares calibrosas e medias. A entidade patol6gica

prima ria na doenC(a vascula-cerebral e contituida par ateromas, que

sao depositos de gordura, principalmente colesterol, na camada intima

da arteria. Essas placas iniciarn sua formayao par injurias do

endotE~lio decorrentes dos fatores de risco aos quais a individuo esta

exposto. Em seguida, ocorre uma resposta inflamatoria resultante da

proliferac;:ao de fibroblastos, causando aumento da espessura da

camada intima. Inieia-se a deposiC;:80 de sais de calcio, produzindo

diferentes graus de calcificayao distr6fica que recebem 0 nome de

ateromas (MANZI e TUJI, 2001; FRIEDLANDER, 2004).

2.4 ETIOLOGIA E PREVALENCIA

As lipoproteinas sao a classe mais significativa de subsHincias

que se acumulam no intimo dos vasos e, por isso, se constituem no

elemento mais diretamente relacionado a etiologia da aterosclerose

(HAAGA et al. 1996).

Para FRIEDLANDER e AUGUST (1998), a presumivel

etiopatogenia da ateroselerose pode ser dividido em tres fases:

• Fase aguda - oeorre a ruptura da superficie endotelial da

car6tida, permitindo a circulayao de lipidios dentro do espayo

subendotelial. Nos locais das injurias, plaquetas e fibrina

fieam depositadas.

Page 21: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

23

• Fase intermediaria - 0 epitedio da car6tida e repovoado com

celulas aberrantes, a camada media perde celulas

musculares, a camada mais externa comey8 a inflamar e a

sofrer hemorragias, e a membrana elastica interna degenera-

se.

• Terceira fase - caracteriza-se pelo espessamento progressivo

das paredes do vasa com a formay8o das placas de ateroma.

o ateroma e urn processo multifatorial, e quanta maior 0

numero de fatores de risco, maior 0 grau de gravidade da doenY8.

Este processo inicia-se na infancia e as manifestac;:6es clinicas

ocorrem mais tarde, na vida adulta.

CARTER et al. (1997) verificaram a incidencia de ateromas na

arteria carotid a em 1 175 radiografias panoramicas, e correlacionaram

esses achados com os seguintes fatores de risco para 0

desenvolvimento do acidente vascular cerebral: idade avanyada, sexo

masculino, obesidade, hipertensao, colesterol alto, triglicerideos

elevado, fumantes e diabetes mellitus.

Pesquisas apontam que 0 predominio de ateromas se da mais

no sexo masculino do que no feminin~, podem ser uni ou bilaterais;

quando unilaterais 0 lade direito e 0 mais acometido. Na populayao

negra a prevalencia de ateroma e baixa. Fato este confirmado por

HUSAR (1999), ao avaliar radiografias panoramicas de 700 negros do

Hospital da Louisiana, tendo observado a presenga dessa patologia

em apenas 3 pacientes (0,43%) da amostra.

Varios trabalhos relatam 0 achado acidental de calcificayao na

regiao da bifurcayao da arteria carotida em radiografia panoramica.

Esses estudos sugerem uma prevalencia que varia de 2% a 5%. Esses

valores sao maiores quando em mulheres na menopausa, em

individuos com apneia obstrutiva do sono, em pacientes que se

submeteram ao tratamento com radioterapia na regiao do pescoyo,

pacientes com doenyas renais, em individuos com idade avanyada e

com diabetes tipo 2 (FRIEDLANDER et al. 1999, 2001, 2003).

Page 22: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

24

Deve-se levar em considerac;ao que as mulheres que ja

entraram na menopausa, apresentam alterac;oes fisiol6gicas, que as

tornam propensas a aterosclerose. Esse processo e aplicado pela

reduc;:;ao dos indices de 85tr6geno, que ocasiona a diminuic;:;ao da

quebra de moleculas "do mau colesterol" (LDL) e reduyao dos indices

circulantes do chamado "bom colesterol" (HDL), aumentando as

chances de se lormarem os ateromas (FRIEDLANDER et al. 2001).

De acordo com Carvalho Filho et al. (1996), os latores de risco

pod em ser classificados de varias maneiras, porem a classificac;:;ao

baseada em sua origem e a mais adequada:

1) Fatores end6genos ou intrinsecos: idade, sexo,

hereditariedade;

2) Fatores ex6genos au extrinsecos: dieta, tabagismo,

sedentarismo;

3) Fatores mistos: obesidade, hipertensao arterial,

dislipidemia, fibrinogenio, Oiabete mellitus, fatores

psicossociais, hipertrofia ventricular esquerda.

o principal fator de risco de aterosclerose e segundo Carvalho

Filho et al. (1996), 0 envelhecimento. Isto nao signilica

necessariamente, que ele seja a causa direta, pois a idade pode se

constituir num indice de exposiyao aumentada aos fatores de risco.

2.5 DIAGN6STICO DE ATEROMA EM RADIOGRAFIA PANORAMICA

A literatura tem dado especial atenyao a presenya de imagens

radiopacas nas radiografias panoramicas, adjacentes a espinha

cervical, indicativos de calcificayoes na bifurcayao da arteria car6tida,

representando sinais da presenya de ateromas (KAMIKAWA et al.

2006).

Calcificayoes nas arterias car6tidas cervicais foram

encontradas nas radiografias panoramicas de 3% a 4% de pacientes

sem sintomas neuro16gicos com idade acima de 55 anos. Elas podem

Page 23: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

25

aparecer como massas nodulares radiopacas au linhas verticals

radiopacas, localizadas inferior e posteriormente ao angulo da

mandfbula. Essas calcifica96es devem ser distinguidas de outras

radiopacidades que podem S8 apresentar nessa area, como 0 sialolito

da glandula submandibular (COHEN et ai, 2002).

o eliniee geral deve ser capaz de realizar diagnostico

diferencial entre as calcificaC(oes de car6tida e estruturas radiopacas

anatomicas normals como 0 osso hi6ide, a epiglote e a processo

estil6ide au as que S8 encontram em estado patologicQ, como a

glandula submandibular ou tireoide calcificadas, os nodulos de

calcificay;3o linfaticos e as calcificat;:oes nos ligamentos estilo-hi6ideo

e estilo-mandibular (BARKER et a1.1994; FRIEDLANDER et a1.1995;

CARTER et al. 1998; ALMONG et al. 2000).

De acordo com CARTER (2002) 0 Cirurgiao dentista devera ser

capaz de diferenciar as ateromas calcificados da car6tida das

radiopacidades anatomicas e patol6gicas localizadas na regiao

cervical. As estruturas anatomicas radiopacas localizadas pr6ximas Ii

regiao cervical incluem 0 osso hi6ide, a epiglote

estilo-mandibular e estilo-hioide. As patologias

aparecem nessa regiao, segundo FRIEDLANDER

sialolitos, flebolitos e linfonodos calcificados.

e os ligamentos

radiopacas que

(1998), incluem

CARTER (2000)

acrescenta as glandulas tire6ide e submandibular calcificadas, as

quais, afirma que, baseando-se na localizac;ao e morfologia das

entidades supracitadas, raramente havera dificuldades para distingui-

las dos ateromas calcificados. Ainda CARTER (2000) afirma que a

cartilagem triticia calcificada ou, menos frequentemente, 0 corno

superior de uma cartilagem tire6ide calcificada, podem ser

confundidos com 0 ateroma calcificado.

Os ateromas devem ser diferenciados das radiopacidades

anatomicas localizadas pr6ximas Ii regiao da arteria car6tida, fazendo

parte 0 processo estil6ide, osso hi6ide, epiglote, calcificar;:oes do

ligamento estilo-hi6ideo e estilo-mandibular, a cartilagem tric6ide e 0

corno superior da cartilagern tire6ide. A seguir, na figura 5, urn

desenho esquematico dissociando a localizac;ao do ateroma da arteria

Page 24: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

26

carotida (C) em rela,80 a cartilagem tricoide (T), corno superior da

cartilagem tireoide calcificada (S), epiglote (E) e corno superior do

ossa hioide (H)(LASKIN, 1997).

Figura 5 - Oesenho esquematico dissociando a localiza.-;~o do ateroma 08

arteria car6tida

Fonte: Gonyalves et al. (2004)

o clinico deve ser capaz de realizar di8gnostico diferencial

entre as calcificac;:6es da car6tida e estruturas radiopacas anatomicas

normais como 0 osso hi6ide, a epiglote e 0 processo estil6ide ou as

que se encontram em estado patol6gico, como a glandula

submandibular ou tire6ide calcificadas, os nodules de calcificac;:ao

linfaticos e as calcificac;6es nos ligamentos estilo-hi6ideo e estilo-

mandibular (BAKER et al. 1994; FRIEDLANDER et al. 1995; CARTER,

et al. 1998; ALMONG et al. 2000).

A regiao pre-vertebral par Dutro lado apresenta uma variedade

de tecidos moles que podem sofrer calcificac;ao e reparos anat6micos,

como a ossa hi6ide, que podem confundir 0 diagnostico final de

aterosclerose (FRIEDLANDER, 1994).

Page 25: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

27

Estruturas ou variac;6es anatomicas 6sseas de forma alongada

e tamanhos variados. em raras situac;6es, podem suscitar duvidas

quanto a sua observal'ao. 0 processo estil6ide alongado, por

exemplo, estrutura bilateral que se ori9ina no OSso temporal, aparece

na imagem panoramica como uma faixa radiopaca que afila

progressivamente, e projeta-se para baixo e para medial, entre 0 ramo

eo processo mast6ide (FRIEDLANDER et al. 1994).

o ligamenta estilo-hi6ideo, que tern a sua origem neste

processo, descreve trajet6ria ate a osso hi6ide; enquanto 0 ligamenta

estilo-mandibular se estende inferior e anteriormente, paralelo ao

bordo posterior do ramo da mandibula, inserindo-se no angulo

mandibular. Ambos podem ser vistos radiograficamente quando

mineralizados(FRIEDLANDER et al. 2004).

o osso hi6ide e visualizado, em radiografias panoramicas,

como uma estrutura bilateral de duplo segmento (imagem dupla real),

que aparece abaixo ou mesmo sobreposta ao corpo da mandibula. Os

ateromas normalmente estao separados do ossa hi6ide e aparecem

abaixo ou ao lado dele (FRIEDLANDER et al. 1994, 1995).

Calcificac;oes nas cartilagens triticeas podem ser confundidas,

mais frequentemente, com imagens de ateromas carotideanos do que

as calcificac;oes da tire6ide, em radiografias panoramicas, pais

geralmente sao representadas como radiopacidades ovais medindo

aproximadamente 2 a 4 mm de largura e 7 a 9 mm de comprimento,

dentro do espac;o aereo adjacente a porC;ao superior da C4. 0 corno

superior da cartilagem tire6ide, quando calcificado, apresenta-se

como uma radiopacidade vertical em tecido mole, de aproximadamente

4 mm de largura por 15 mm de comprimento, medialmente a imagem

C4 (CARTER, 2000).

A epiglote, quando identificada como limite do espac;o aereo,

aparece como uma estrutura opaca vertical acima do ossa hi6ide e

posterior ao angulo da mandibula (FRIEDLANDER et al. 2004).

Sialolitos sao processos patol6gicos quase sempre unilaterais

e aparecem nas panoramicas abaixo do bordo da mandibula, na regiao

do terceiro molar. Apresentam forma irregular e calcifica980 difusa.

Page 26: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

28

Estas entidades podem ser cuidadosamente examinadas pela tecnica

da palpa~ao bimanual, direcionando melhor 0 diagnostico. Jafleb61itos sao usualmente menores que sialoiitos e freqOentemente

apresentam radiopacidade no centro e radiolucidez contornando

(FRIEDLANDER e BAKER, 1994).

Cartilagem triticea, corno superior da tire6ide calcificada, osso

hi6ideo, epiglote e ligamenta estilo-hi6ideo sao as estruturas

anat6micas da regiao cervical mais comumente visualizadas em uma

radiografia panoramica. A cartilagem triticea e constituida de

pequenas estruturas aos pares, aeirna da cartilagem ariten6ide.

Apresenta tendencia de calcificar-se com a avanc;o da idade, sendo

observada ao exame radiograficQ, como uma radiopacidade ov6ide de

aproximadamente 2 a 4 milimetros de largura e 7 a 9 milimetros de

comprimento. Em uma radiografia panoramica, a cartilagem triticea

encontra-se geralmente projetada dentro do espayo aereo faringeo,

adjacente a porc;:ao superior da quarta vertebra cervical (CARTER et

al. 1988).

Inferiormente a cartilagem triticea observa-se 0 corno superior

da cartilagem tire6ide. Ainda na radiografia panoramica, observa-se 0

corno superior da cartilagem tire6ide medial mente a quarta vertebra

cervical como uma imagem radiopaca de aproximadamente 4

milimetros de largura e 2 a 3 milimetros de comprimento (CARTER et

al. 1998).

Ja 0 0550 hi6ideo localiza-se mais superiormente ao corno

superior da cartilagem tire6ide, sendo projetado no esparyo aereo

faringeo, como trabeculado osseo e c6rtex definidos. Acima desta

estrutura, a epiglote apresenta-se como uma opacidade de tecido

mole orientada verticalmente e de forma crescente (ALMONG et al.

2000).

Dentre as estruturas anatomicas localizadas no camplexo

estilo-hi6ideo comumente visualizadas quando calcificadas, destaca-

se a ligamenta estilo-hioideo, que pode contribuir para a aspecto

radiografico de processo estilo-hioideo alongado. Essa calcifica~ao eexplicada pelo ligamenta e pracesso estil6ide serem derivados do

Page 27: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

29

segundo arco branquial (cartilagem Reichert). A mineraliza9ao pode

apresentar-se em ted a a sua extensao, que vai da porc;ao inferior do

processo estil6ide ao corno menor do osso hi6ide, sendo

freqOentemente bilateral. Radiograficamente, 85sa calcificac;ao foi

classificada por como tendo tres possiveis formatas: alongado,

segmentado au pseudo-articulado. as mesmas autores ainda

relataram que pode haver quatro padr6es de calcifica9ao: total,

parcial, externa au nodular. Sua importancia estomatol6gica reside na

associac;ao com sintomas da sind rome de Eagle. 0 paciente

sindromico geralmente refere ter enxaqueca, dor de Quvido, zumbido,

dor na deglutic;ao, dor ao rotacionar a cabec;a e dor na distribuic;ao da

arteria carotid a interna e externa (LANGLAIS et al. 1986).

Alern dessas estruturas anat6micas descritas anteriormente,

deve-s8 tambem saber identificar a lingua, 0 lobo da orelha e 0

tubercula anterior da primeira vertebra cervical (atlas) como estruturas

que podem ser encontradas na regiao anatomica no diagn6stico

diferencial das calcificayoes patol6gicas que podem ocorrer nessa

regiao (FRIEDLANDER, 1995).

o diagn6stico diferencial da imagem do ateroma inclui as

estruturas anatomicas da regiao do pescoyo, como osso hi6ide, uvula,

lingua e epiglote, e les5es, como rinolitos, antrolitos, alongamento do

processo estil6ide, calcificayao dos ligamentos estilo-mandibulares e

estilo-hi6ideo, sialulitos, tonsialulitos, fleb6litos e n6dulos linfaticos

calcificados (PONTUAL et al.2003).

Como estruturas anatomicas da regiao do pescoyo e de lesoes

calcificadas encontram-se:

• Cartilagens triticeas: N6dulos pequenos localizados na

margem posterior da membrana tireo-hi6idea. Apresentam-

se como radiopacidades ov6ides de aproximadamente 2 a 4

mm de largura e 7 a 9 mm de comprimento, observadas

geralmente dentro do espayo aereo faring eo, adjacente apor9ao superior da quarta vertebra cervical (CARTER et al.

1988).

Page 28: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

30

• Osso hi6ide: Consiste de urn corpo com urn corno maior e

Dutro menor de cada lado. Apresenta como imagem

radiopaca bilateral, horizontal, localizada abaixo da

mandibula. 0 corno maior do osso hi6ide estende-se para

cima e para tras, formando urn angulo de 1350 e

atravessando a area radiolucida form ada pela passagem de

ar da faringe, com cortex bern definido e urn padrao

trabecular (FRIEDLANDER e BAKER, 1994).

Figura 6 - Radiografia panoramica onde 5e visualiza imagem do 0550hi6ideFonte: Albuquerque et al. (2005)

• Epiglote: Cartilagem que funciona como uma valvula da

laringe, controlando a fluxo de ar ou de alimentos que

passam pela faringe. Assim como 0 OS so hi6ide, sua imagem

na radiografia e bilateral, com formata vertical crescente,

borrada, localizada no angulo posterior da mandibula, acima

do corno maior do hioide (FRIEDLANDER et al. 1998).

• Processo estil6ide: Localizado na poryEio petrosa do osso

temporal, que inclui 0 processo mast6ide, pode ser visto na

radiografia panoramica como uma imagem cilindrica e

radiopaca, que se projeta para frente e para baixo entre 0

ramo da mandibula e 0 processo mastoide (FRIEDLANDER

et al. 1998).

Page 29: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

31

Figura 7 - Imagem sugestiva do process a estil6ide along ado emradiografia panoramicaFonte: Albuquerque et al. (2005)

• ligamenta estilo-mandibular: Estende-se para anterior e

inferior, paralelamente a borda posterior do ramo da

mandibula e insere-se no angulo da mandibula, podendo ser

visualizado quando calcificado (FRIEDLANDER et al. 1998).

• Ligamenta estilo-hi6ide: Com diferentes graus de

calcificac;ao, pade ser vista estendendo-se posteriormente

ao processo estil6ide, surgindo da parte mais inferior.

Insere-se no corno menor do osso hi6ide e e freqOentemente

vista como uma estrutura radiopaca localizada na regiao

posterior a mandibula (FRIEDLANDER et al. 2003).

Figura 8 - Imagem sugestiva do ligamenta estilo-hi6ide calcifieado naradiografia panoramicaFonte: Albuquerque et ai, (2005)

Page 30: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

32

• Nodulos linfaticos calcificados: Imagens normalmente

unilaterais que podem ser unicas, multiplas ou ordenar-se

em fileiras de acordo com a cadeia cervical. Sua imagem

radiogrcHica e descrita na literatura como tendo "aspecto de

couve-flor" (FRIEDLANDER et aI.2003).

Figura 9 - Radiografia panoramica mostrando multiplas calcificByoesunilaterais sugestivas de linfonodos calcificadosFonte: Albuquerque et al (2005)

• 8ialolit05: sao deposic;oes calcareas encontradas no interior

dos ductos ou das glandulas salivares maiores e menores

(12). Localizados na glandula submandibular ou no seu

ducta, apresenta-se com formata irregular au com

calcificac;oes difusas (4), algumas vezes sintomaticos e

quase sempre unilaterais. Na imagem panoramica podem ser

vistas na regH3a de terceiras malares inferiares e no ramo da

mandibula, lacalizanda-se anteriarmente as calcificac;:6es da

arteria carotida (FRIEDLANDER et al. 2003).

Page 31: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

33

Figura 10 - Imagem sugestiva de calculo salivar (sialolito) na glandulasubmandibular, apresentando-se como calcifica~oes irregularesFonte: Albuquerque et al (2005)

• Fleb6litos: calcificayoes no interior de veias, de pequenas

dimensoes, comumente menores que as sialolitos podem

apresentar radiopacidade concentrica com aneis

radiolucidos (FRIEDLANDER et al. 1999) .

• Tonsilolitos: pequenas calcificac;6es que se formam nas

criptas das amidalas palatinas, observadas, na maiaria dos

casas, em exames radiograficos de ratina, como imagens

radiopacas (ALBUQUERQUE et al. 2005).

Page 32: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

34

3 DISCUSSAO

Desde que FRIELANDER e LANDE (1981) detectaram a

primeira calcifica9cio da arteria carotida em radiografia panoramica,

varios estudos mencionaram a utilidade desta descoberta na

identifica9aO do risco de doen9as cerebrovasculares e

cardiovascu lares.

Os acidentes vasculares cerebrais e enfartes sao as principais

causas de marte nao violenta em varios paises. Constituem urn

problema de saude publica, po is alern de serem responsc3veis pel a

marte de milhoes de pessoas, muito S8 gasta com os efeitos deixados

nos sobreviventes (SOUZA et al. 2004). Os incidentes sao fortemente

associ ados a idade, uma vez que, apos as 55 anos as chances de 5e

ter uma dessas altera90es cardiovasculares dobram a cad a decada

(HOBSON et al. 1993; AMERICAN HEART ASSOCIATION, 1995).

Para ALMONG et al. (2000); CARTER (2000); FRIEDLANDER

(1995, 1998); GONt;ALVES et al. (2004). os ateromas calcificados

apresentam 0 aspecto radiografico de imagens radiopacas, cilindricas

e tortuosas, seguindo trajeto de uma arteria. Na bifurcayao da arteria

car6tida, as calcificayoes podem se apresentar sob a forma de massa

modular radiopaca adjacente, estando de 1,5 a 4 cm.de distancia das

vertebras C3 eC4, mas nao continuas, sobrepostas ao tecido mole

pre-vertebral, num Angulo de aproximadamente 450 posterior e

inferiormente ao Angulo da mandibula e acima ou abaixo do ossa

hi6ide, aparecendo mais lateralmente do que a cartilagem triticea.

CARTER et al. (1997) acrescentam que os pacientes com alto

risco para 0 desenvolvimento de acidentes vasculares cerebrais sao

candidatos nao s6 ao controle dos fatores de risco da doeny8, mas ao

uso de farmacoterapia mais agressiva nos casas que apresentam de

35 a 60% de estenose, ou ainda it intervenyao cirurgica profilatica

quando a obliteray2l0 dos vasos for superior a 60%.

Segundo FRIEDLANDER (1995), hii associa9ao entre

presenya de ateromas calcificados e as fatores de risco associ ados

com 0 desenvolvimento do acidente vascular cerebral.

Page 33: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

35

As manifestayoes clinicas iniciais dessas alterayoes na arteria

carotida pod em caracterizar-se par modifica96es unilaterais na visao,

nos sistemas motor e sensitiv~, com durayao de poucos minutos. A

evoluy80 da doenc;:a pade levar aD acidente vascular cerebral dentro

de 3 anos ap6s os sintomas iniciais e na falta de tratamento

preventivo (FRIEDLANDER; BAKER, 1994).

Os pacientes acometidos par pia cas ateromatosas apresentam

com freqUencia historia medica positiva para fatores de risco

associ ados ao desenvolvimento dessa patologia. A induc;ao ou

acelerayao tem side observadas por diabetes (20,4%) e por

radioterapia (21%) (COHEN et al. 2007).

FRIEDLANDER e LANDE (1981) descreveram a identificayao

de calcificac;:6es na re9iao da bifurcac;:ao da arteria carotida nas

radiografias panoramicas em 2% de uma amostra de 1.000 homens.

Tres anos depois, FRIEDLANDER e BAKER (1984) examinaram

radiografias panoramicas de 304 individuos assintomaticos com idade

acima de 55 anos, e encontraram 3% da amostra afetada par essa

patologia, sendo a maio ria homens, com historico de hipertensao,

fumantes passados, obesidade, hiperglicemia e colesterol alto. No

entanto, FRIEDLANDER (1995) afirmou que 0 percentual de

individuos que apresentaram essa patologia detectavel na radiografia

panoramica era muito maior. Cerca de 4,5 % de 145 pacientes tinham

ateromas em carotida e apresentavam as fatores de risco associ ados

ao acidente vascular cerebral.

SCHARTZ et al. (1991) acreditam que 0 estagio mais precoce

da forma':(ao da placa ateromatosa seja caracterizado pelo acumulo

localizado no espayo subendotelial do vase de macr6fagos, alem de

residuos de colesterol. Desta forma, este macr6fago cheio de lipideos

passa a chamar-se "celula espumosa"

De acordo com STEINBERG et al. (1989), 0 colesterol

plasmatico, chegando a regiao da intima arterial, se oxidaria em

can sequencia de radicais livres gerados neste local. 0 colesterol

oxidado, atraves de substancias quimiotaxicas, induziria a migragao

de mon6citos e consequente fagocitose e formagc3o das celulas

Page 34: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

36

espumosas. Uma resposta inflamat6ria ocasionaria proliferaC;flo

fibroblastica e, posteriormente, areas de calcificayoes.

Em geral todas as teorias da patogenese da aterosclerose

estabelecem que 0 desenvolvimento da placa ateromatosa inieia-se

precocemente na vida, sendo que 0 processQ continua durante urn

periodo de muitos anos, ate que a doeny8 atinja urn ponto no qual se

torne clinicamente importante. Fatores admitidos como associados ao

desenvolvimento do ateroma de carotida sao: idade avanc;ada,

hipertensao arterial, elev8yao do coiesterol, tabagismo, obesidade,

diabetes mellitus, estresse, sedentarismo, menopausa (mulheres

acima de 55 anos), sexo masculino (mais de 45 anos),

hereditariedade (doen~as cardiovasculares na familia)

(FRIEDLANDER el al. 2004).

o reportar de todos esses achados nos peri6dicos

odontol6gicos, e sua relay80 com a importancia clinica do curso da

doenty8, geraram urn "rnodismo" entre as profissionais que

diagnosticavam cad a e toda calcificac;ao observada na area

correspondente a bifurC8C;80 das car6tidas nas radiografias

panoramicas como sendo aleromas (KAMIKAWA el al. 2006).

Em muitas situ8c;oes 0 paciente torna-S8 apreensivD devido apreocupac;ao gerada par uma suspeita. Urn fator complicador em

relac;ao ao diagnostico diferencial dessa \esao e que a faixa de idade

de maior prevalencia do ateroma coincide com a ocorrencia de

mineraliz8c;oes e/au calcific8c;oes que sao reportadas par serem

responsaveis par urn diagnostico erroneo, como ossific8c;ao do

cricoide, cartilagem tireoide, sialolitos e mineralizayEio dos ligamentos

eslilo-mandibular e eslilo-hi6ideo (KAMIKAWA el al. 2006).

Page 35: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

37

4 CONSIDERACOES FINAlS

Com base nos resultados encontrados na revisao de literatura,

pede-se concluir que:

A radiografia panoramica e urn exame complementar

importante, que e capaz de detectar a presenc;a dos

ateromas calcificados da car6tida;

2. Individuos do genera masculino e de idade avanc;ada

apresentam maior risco para apresentarem as ateromas

calcificados da car6tida;

3. as individuos que apresentam ateromas calcificados de

carotid a detectados radiograficamente deverao ser

orientados e encaminhados para avalia<;ao medica.

4. a Cirurgiao-dentista esta ern posi<;ao privilegiada para

detectar precocemente essas alterac;6es patol6gicas e

encaminhar 0 paciente para tratamento especializado,

contribuindo na preven98.0 de doen9as mais graves que

podem levar 0 individuo a diferentes condi90es de invalidez

e ate mesmo ao 6bito.

Page 36: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

38

5 REFERENCIAS

ALBUQUERQUE, D. F. DE, et al. Detec9ao de Calcifica90es na arteriacarotida em radiografias panoramicas: revisao da morfologia epatologia. Clinica de Pesquisa Odontol6gica. Curitiba, v. 2, n. 2, p.129-136, out.ldez. 2005.

ALMONG, D. M.; ILLIG, K. A., GREEN, R. M. Unrecognized carotidartery stenosis. JAM Denlistas Associados. v. 131, n. 11, p. 1593-1597,2000.

CARTER, L. C. et al. Carotid calcifications on panoramic forradiography, identify, an asymptomatic male patient at risk stroke - acase report. Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology. Freiburg, v.85, n. 1, p. 119-122, 1988.

COHEN, S. N. et al. Carotid calcification on panoramic radiographs: animportant marker for vascular risk. St. Louis, Oct. 2002. Disponivelem: www.pubmed.gov - <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd= Retrieve&db=PubMed&dopt=Abstract&list_uids= 12374929>Acesso em: Mar. 2007.

ERTEN, H. Films and radiovisiography to detect approximal lesions.Dental Abstracts. v. 50, n. 5. p. 316-317, 2005.

FERNANDES, A. et al. Importancia da Radiografia panoramica nadetecy2lo de ateromas calcificados da arteria carotida. RBG. v. 2, n. 6,p. 79-83, 2004.

FREITAS, A.; ROSA, J. E.; FARIA E SOUZA, I. RadiologiaOdontol6gica. 6. ed. Sao Paulo: Artes Medicas, 2004.

FRIEDLANDER, A. H. Doppler Ultrasound studies validate stroke riskof carotid atheromas discovered on panoramic radiographs. AAOMS p.31, 2004.

FRIEDLANDER, A. H.; AUGUST, M. The role of panoramic radiographyin determining the increased risk of cervical atheromas in irradiatedpatients. Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology. Freiburg, v. 85,n. 3, p. 339-344, 1998.

FRIEDLANDER, A. H., BAKER, D. Panoramic radiography: an aid indetecting patients at risk of cerebrovascular accident. JADA. v. 125, p.1598-1603,1994.

FRIEDLANDER, A. H.; FREYMILLER, E. G. Detection of radiationaccelerated atherosclerosis of the carotid artery by panoramicradiography - A new opportunity for dentists. JADA. v. 134, n. 10, p.1361-1365,2003.

Page 37: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

39

FRIEDLANDER, A. H.; LANDE, A. H. Panoramic radiographicidentification of carotid arterial. Oral Surgery Oral Medicine OralPathology. v. 52, n. 1, p. 102-104, 1981.

GON<;:ALVES, A. et al. Identificag80 de pacientes com risco deacidente vascular cerebral pela radiografia panoramica. JornalBrasileiro de Clinica Odonto/6gica Integrada. v. 8, n. 44, p. 162-164,2004.

HAAGA, J. R. et al. Tomografia Computadorizada e RessonanciaMagnetica do Corpo Humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1996.

HADDAD, D. C.; SILVEIRA, H. E. D. da. A Inter-relagao das cirurgiasdentais e problemas cardiovasculares - Revisao da literatura.Dispon ivel em: <http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id~697>Acesso em: 18 Mar. 2007.

HUBAR, J. S. Carotid artery calcification in the black population: aretrospective study on panoramic radiographs. Dento Maxilla FacialRadiology. New Orleans, v. 28, n. 6, p. 348-350, 1999.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Basica. 10. ed. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 2004.

KAMIKAWA, R. S. et al. Study of the localization of radiopatientiessimilar to calcified carotid atheroma by means of panoramicradiography. Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology Oral RadiologyEndod, St. Louis, v. 101, no. 3, p. 374-378, Mar. 2006.

MANZI, F. R. et al. Radiografia panoramica como meio auxiliar naidentificac;ao de pacientes com risco de AVe. Revista da Associag8oPaulista de Cirurgia Dentaria. Sao Paulo, v. 55, n. 2, p. 131-133,2001

PANELLA, J. Fundamentos de Odontologia, Radiologia Odontol6gica eImaginologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

PONTUAL, M. L. DOS A. et al. Diagn6stico diferencial dascalcific8c;oes da regiao cervical - revisao da literatura. Revista daAssociagao Paulista de Cirurgia Dentaria. Sao Paulo, v. 57, n. 6, p.429-433, 2003.

REBELLO, I. M. C. et al. Ateromatose carotideana - um achado emradiografia panoramica. Revista da ABRO. Salvador, v. 4, n. 1,jan.ljun. 2003.

SOUSA, A. V. et al. Ateromas calcificados: aspecto na radiografiapanoramica. Revista da Associagao Paulista de Cirurgia Dentaria. SaoPaulo, v. 60, n. 6, p. 454-456, 2006.

Page 38: requisito parcial a Orientadora: Prof. Paula de Moura · Ligia Moreira Leite Nercolini ATEROMA DE CAROTIDA EM EXAMES RADIOGRP.FICOS EXTRA-ORAlS CONVENCIONAIS Monografia apresentada

40

SOUZA, A. E. de. et al. Contribui9ao da Radiografia Panoramica nadetecc9ao de ateromas em arteria car6tida. RGO. Porto Alegre, v. 52,n. 2, p. 83-85, abr.ljun. 2004.

SUAREZ-CUNQUEIRO, M. M. et al. Calcification of the branches of theexternal carotid artery detected by panoramic radiography: A casereport. Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology. Freiburg, v. 94, n.5, p. 636-640, nov. 2002.

TANAKA, R. A. et al. Cartilagens laringeas em radiografiasodontol6gicas. Revista da Associag80 Paulista de Cirurgia Oent8ria.Sao Paulo, v. 58, n. 6, p. 437-440, 2004.

TANAKA, T. et al. Can the presence of carotid artery calcification onpanoramic radiography predict the risk of vascular diseases among 80-year-olds? Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology. Japao, v. 101,n. 6, p. 777-783, jun. 2006.

WHAITES, E. Principios de Radiologia Odontol6gica. 3. ed. PortoAlegre: Artmed, 2003.