reputação e popularidade na internet

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE COMUNICAÇÃO DIGITAL PEDRO HENRIQUE MOSCHETTA REPUTAÇÃO E POPULARIDADE NA INTERNET: A influência de índices numéricos no comportamento online dos usuários a partir de um estudo exploratório do Klout SÃO LEOPOLDO 2012

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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Comunicação Digital da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.Orientadora: Prof. Dra. Adriana da Rosa Amaral---Este trabalho busca compreender a influência de índices numéricos nas redes sociais, como o número de amigos ou seguidores, no processo de construção da identidade online e na percepção das pessoas sobre a reputação e popularidade de cada usuário. Serão abordados conceitos sobre vigilância, visibilidade, popularidade, influência e reputação, além do processo de celebrificação e espetacularização da vida cotidiana. Como objeto de estudo, o Klout é analisado como exemplo de índice numérico que pode influenciar no comportamento online dos usuários. A partir de um estudo exploratório e de uma pesquisa qualitativa foi possível concluir que, de fato, os usuários se importam com valores quantitativos em suas redes sociais, já que podem fornecer indícios sobre a reputação ou popularidade da pessoa, além de influenciar na vida real dos indivíduos.---(English) This research aims to understand the influence of numerical markers within social networks, such as the number of friends and followers, in the process of identity construction and in people’s perception about the popularity and reputation of users. Several concepts about vigilance, visibility, popularity, influence and reputation will be approached, besides the process of celebrification and spetacularization of everyday life. As an object of study, Klout will be analyzed as example of numerical marker that can influence on online behavior of users. With an exploratory study and a qualitative research it was possible to conclude that, in fact, users care about quantitative values on their social networks, since it can provide indications about someone’s reputation or popularity and have influence in real life.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE COMUNICAÇÃO DIGITAL

PEDRO HENRIQUE MOSCHETTA

REPUTAÇÃO E POPULARIDADE NA INTERNET:

A influência de índices numéricos no comportamento online dos usuários a partir de

um estudo exploratório do Klout

SÃO LEOPOLDO

2012

2

Pedro Henrique Moschetta

REPUTAÇÃO E POPULARIDADE NA INTERNET:

A influência de índices numéricos no comportamento online dos usuários a partir de um

estudo exploratório do Klout

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como

requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em

Comunicação Social – Habilitação em Comunicação

Digital da Universidade do Vale do Rio dos Sinos –

UNISINOS.

Orientadora: Prof. Dra. Adriana da Rosa Amaral

São Leopoldo

2012

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço e dedico este trabalho especialmente aos meus pais, Pedro e Ana, por todo

o apoio e carinho que tive durante a trajetória do curso e pela compreensão nas escolhas e

decisões que fiz. Agradeço também a toda minha família (Duda, Eva, Gabi e Ane) pelos

mesmos motivos. Sei que posso contar com eles em todos os momentos e é meu papel deixá-

los orgulhosos.

Agradeço também a meus amigos por estarem sempre ao meu lado, nos momentos

bons e ruins. Nenhuma conquista teria graça se não pudesse ser compartilhada com vocês!

Agradeço especialmente ao meu amigo e colega Ricardo por toda a ajuda que tive e por ter

sido meu braço-direito em muitos momentos nos últimos anos. Dedico também este trabalho

ao meu amigo Charles, que infelizmente não está aqui para vê-lo, mas sei que gostaria de

dividir essa conquista comigo. Todos são parte da motivação que me fez chegar ao fim e

pensar duas vezes antes de desistir.

Agradeço a minha orientadora, Adriana, por ter acolhido meu trabalho e por ter dado

um direcionamento para ele. Foi um prazer tê-la como professora e inspiração para concluir

a pesquisa. Gostei muito de termos trabalhado juntos. Agradeço também a coordenadora do

curso, Cybeli, pelo empenho e ajuda em toda e qualquer questão relacionada ao curso e à

universidade.

Aos colegas, foi um prazer ter dividido a trajetória dos últimos anos com vocês. Apesar

de algumas desavenças, conheci pessoas fantásticas e muito talentosas, razões pelas quais

fizeram toda a experiência valer a pena.

4

“Toda atividade de pesquisa acadêmica no campo da comunicação só tem sentido se

estabelece uma relação direta com vivências e experiências. Especialmente se

considerarmos o contexto cibercultural como o mais instigante campo de experimentações

para sustentar nossas reflexões conceituais.”

(Elizabeth Saad)

5

RESUMO

Este trabalho busca compreender a influência de índices numéricos nas redes sociais, como

o número de amigos ou seguidores, no processo de construção da identidade online e na

percepção das pessoas sobre a reputação e popularidade de cada usuário. Serão abordados

conceitos sobre vigilância, visibilidade, popularidade, influência e reputação, além do

processo de celebrificação e espetacularização da vida cotidiana. Como objeto de estudo, o

Klout é analisado como exemplo de índice numérico que pode influenciar no comportamento

online dos usuários. A partir de um estudo exploratório e de uma pesquisa qualitativa foi

possível concluir que, de fato, os usuários se importam com valores quantitativos em suas

redes sociais, já que podem fornecer indícios sobre a reputação ou popularidade da pessoa,

além de influenciar na vida real dos indivíduos.

Palavras-chave: Reputação. Popularidade. Identidade online. Redes sociais. Klout.

6

ABSTRACT

This research aims to understand the influence of numerical markers within social networks,

such as the number of friends and followers, in the process of identity construction and in

people’s perception about the popularity and reputation of users. Several concepts about

vigilance, visibility, popularity, influence and reputation will be approached, besides the

process of celebrification and spetacularization of everyday life. As an object of study, Klout

will be analyzed as example of numerical marker that can influence on online behavior of users.

With an exploratory study and a qualitative research it was possible to conclude that, in fact,

users care about quantitative values on their social networks, since it can provide indications

about someone’s reputation or popularity and have influence in real life.

Keywords: Reputation. Popularity. Online identity. Social networks. Klout.

7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 8

2 PRESENÇA E IDENTIDADE ONLINE .............................................................................. 11

2.1 PRIVACIDADE E VIGILÂNCIA ................................................................................... 11

2.2 O PANÓPTICO DE BENTHAM .................................................................................. 14

2.3 REPUTAÇÃO E CAPITAL SOCIAL ............................................................................ 15

2.4 BUSCA PELA POPULARIDADE ................................................................................ 17

2.5 GERENCIAMENTO DA REPUTAÇÃO ....................................................................... 22

3 REDES SOCIAIS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES ............................................................. 26

3.1 REDES SOCIAIS NA INTERNET ............................................................................... 27

3.2 FACEBOOK ............................................................................................................... 31

3.3 TWITTER ................................................................................................................... 32

4 KLOUT E FERRAMENTAS DE MENSURAÇÃO ............................................................. 34

4.1 HISTÓRICO DO KLOUT ............................................................................................ 35

4.2 FUNCIONAMENTO DO KLOUT ................................................................................. 36

4.3 KLOUT PERKS .......................................................................................................... 38

4.4 USO DO KLOUT ........................................................................................................ 39

4.5 KLOUT E O PRINCÍPIO DO HANDICAP .................................................................... 40

4.6 POLÊMICAS E CONTROVÉRSIAS ........................................................................... 42

4.7 ALTERNATIVAS AO KLOUT ...................................................................................... 44

5 METODOLOGIA E ANÁLISE DE DADOS ....................................................................... 46

5.1 ESTUDO EXPLORATÓRIO ....................................................................................... 47

5.2 PESQUISA QUALITATIVA ......................................................................................... 49

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 59

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 62

APÊNDICE A – TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS ...................................................... 67

8

1 INTRODUÇÃO

Mais do que uma ferramenta de comunicação, a internet não apenas aumentou

a capacidade de conexão do ser humano, mas deu origem a espaços de interação

que hoje são conhecidos como redes sociais. São espaços que permitem aos

indivíduos a construção de representações virtuais de si mesmo através da

apropriação de perfis (RECUERO, 2009, p. 26-27) em plataformas como Facebook e

Twitter, utilizadas por centenas de milhões de usuários.

Com a internet, os processos de construção identitária vêm ganhando uma nova forma. Ao disponibilizar um lugar no ciberespaço, a rede possibilita a um número maior de pessoas a oportunidade de se relatar, garante maior liberdade de mostrar ou construir a própria identidade. (MATUCK; MEUCCI, 2005, p. 160).

Já que na internet não temos acesso às mesmas características físicas de um

indivíduo como temos na comunicação face a face, julgamos as pessoas através de

uma série de informações pessoais disponíveis na web. Índices numéricos como a

quantidade de amigos ou seguidores de um usuário são alguns dos exemplos de

indícios que levamos em consideração na hora de construirmos nossa percepção

sobre algo ou alguém, e podem estar diretamente ligados a valores como

popularidade, influência e reputação.

Existem dois tipos de dados e informações nas redes sociais: os quantificáveis

e os não quantificáveis. Os dados quantificáveis são as informações numéricas que

as próprias redes nos mostram: número de amigos e seguidores, quantidade de likes,

comentários, compartilhamentos, menções, retweets, etc. Já os dados não

quantificáveis são aqueles que não podem ser representados em números, por

exemplo, a qualidade de um conteúdo, o impacto que ela teve, ou a influência que a

pessoa quem compartilhou tem sobre outros perfis na rede.

Na verdade, sempre fui fascinado por estatísticas e mensurações. Tenho a

crença de que tudo na vida precisa ser mensurado e quantificado de alguma forma,

até mesmo o que, na maioria das vezes, é teoricamente imensurável. Neste contexto,

o Klout é uma ferramenta que analisa a atividade do usuário nas redes sociais (desde

seu número de amigos e seguidores até a quantidade de comentários nas

publicações) e calcula a influência online de determinado indivíduo, medida em uma

pontuação que vai de 0 a 100.

9

O serviço também faz uma análise do conteúdo publicado e determina em que

temas e assuntos o usuário é considerado influente, ou seja, tem bastante

conhecimento sobre. Muito polêmico e motivo de diversas controvérsias, o Klout atraiu

a atenção de empresas que utilizam a ferramenta para identificar usuários influentes

e oferecer "presentes" a eles, com a finalidade de gerar repercussão em torno da

marca e do produto. Isso se chama marketing de influência: quando uma campanha

é direcionada para indivíduos determinados ao invés de uma grande quantidade de

pessoas. Normalmente, indivíduos com grande poder de persuasão sobre outros - os

chamados hubs ou conectores (GLADWELL, 2002).

Posso dizer que o livro que serviu como inspiração para toda minha pesquisa

ao longo dos últimos meses chama-se Return on influence - the revolutionary power

of Klout, social scoring and influence marketing, de Mark Schaeffer (2012). Apesar de

ter uma abordagem focada no marketing, optei por mudar o direcionamento da

pesquisa ao perceber que tudo isso ia muito além de simples casos de uso por

empresas ou de mais uma ferramenta de monitoramento. O Klout estava associado a

algo bem maior, psicológico e humano: o ego.

O primeiro capítulo trata sobre como o constante desejo de auto-exposição das

pessoas e a crescente preocupação com a reputação na web caracterizam uma

sociedade marcada pela espetacularização do cotidiano, pelo narcisismo e pela

familiaridade com que se lida com a constante vigilância imposta pelas redes sociais.

Passamos a ser os protagonistas de algo que nós mesmos criamos,

microcelebridades dentro de nossos próprios círculos sociais. Expor o que antes era

considerado íntimo hoje é quase obrigação, e a obsessão com a imagem e a

popularidade de alguns é tão grande que é possível perceber a emergência de

estratégias de manipulação da reputação pessoal.

O segundo capítulo aborda alguns conceitos e teorias sobre redes sociais

dentro e fora do ambiente digital, assim como um estudo sobre o processo de

construção da identidade pessoal na web. Uma breve análise sobre a mecânica de

interação nos sites de redes sociais (SRS) - mais precisamente, Facebook e Twitter -

também é apresentada a fim de que possamos conhecer os recursos utilizados pelos

usuários neste processo.

O terceiro capítulo introduz o Klout como ferramenta de mensuração de perfis

pessoais na internet, apresentando um breve histórico do seu surgimento, seu

funcionamento, os critérios analisados para o cálculo da pontuação de cada usuário,

10

a mecânica de recompensas dadas por empresas aos usuários influentes e as

polêmicas em torno do seu uso. Além disso, é feita uma relação entre o conceito do

Klout e o princípio do handicap, teoria da biologia evolutiva.

No quarto capítulo serão apresentados os recursos metodológicos utilizados

para a realização da pesquisa qualitativa que buscou a explorar a problemática

proposta por este trabalho, assim como os resultados alcançados. O objetivo principal

desta pesquisa é compreender como os índices numéricos das redes sociais

influenciam na percepção da reputação das pessoas e no processo de construção da

identidade dos usuários nas redes sociais. Através de um estudo exploratório e de

entrevistas com diversos usuários, foi possível concluir que, de fato, as pessoas se

importam com valores quantitativos e que, em muitas vezes, isso pode influenciar em

seus comportamentos nas redes sociais.

Por fim, algumas considerações finais sobre a pesquisa e opiniões pessoais

sobre a utilização do Klout e de índices numéricos como critério de avaliação das

pessoas são apresentadas no último capítulo, assim como possíveis continuidades

para o estudo e previsões sobre o futuro deste tipo de ferramenta.

11

2 PRESENÇA E IDENTIDADE ONLINE

Construir uma identidade na web é uma atividade cada vez mais presente entre

os usuários. Sendo de extrema importância social, a internet possibilita um ambiente

onde qualquer pessoa pode observar e, ao mesmo tempo, ser observada. À medida

que a exposição cresce, a quantidade de informações pessoais presentes na web

também aumenta e se torna cada vez mais acessível, o que deixa nossa reputação

constantemente vulnerável.

Uma vez que a reputação exerce um papel central em nossas vidas,

influenciando deste atividades rotineiras até a percepção que a sociedade tem sobre

nós, a preocupação com relação ao controle das informações disponíveis e

compartilhadas é cada vez maior. Por outro lado, a web também possibilita formas de

obter mais visibilidade para quem almeja manipular sua reputação com base em seus

interesses pessoais.

2.1 PRIVACIDADE E VIGILÂNCIA

O uso crescente da internet faz com que a vida das pessoas se torne cada vez

mais exposta ao resto da comunidade. Redes sociais surgiram como espaços

“amigáveis, divertidos e úteis”1 (SCHAEFFER, 2012, p. 10) destinados ao

"compartilhamento, interação e troca de informações" (ZACARIAS; MARTINO, 2012,

p. 2) de todo o tipo, principalmente pessoais. Sites como Facebook, Twitter,

Foursquare e Instagram são cada vez mais utilizados e continuam em constante

ascensão, principalmente em dispositivos móveis.

A facilidade de compartilhar informações incentiva a comunicação e aumenta

a liberdade de expressão. Ao mesmo tempo, causa uma perda na privacidade (DAL

BELLO; ROCHA, 2012, p. 7) e deixa nossa reputação mais vulnerável. A web

democratizou o acesso à informação e "tornou-se um espaço onde pessoas podem

falar com outras sem receios, filtros ou censuras”2 (SCHAEFFER, 2012, p. 10).

Em seu livro The Future of Reputation, Daniel Solove (2007, p. 4) explica que

a quantidade de informações pessoais na internet é cada vez maior, e elas estão cada

vez mais fáceis de serem encontradas. Como exemplo, mais de 250 milhões de fotos

1 Tradução livre: "the emergence of user-friendly, enjoyable, and helpful sharing sites that collectively became known as social media." 2 Tradução livre: "The internet became a place where people could talk to other people without constraint. Without filters or censorship or official sanction".

12

são enviadas ao Facebook todos os dias, segundo dados do blog oficial3 do próprio

site. A cada minuto, 684.478 conteúdos são compartilhados na rede4.

Segundo um estudo com usuários do Facebook, 90.8% dos usuários da rede

possuem uma imagem de perfil, 87.9% revelam sua data de nascimento e 39.9%

revelam seu número de telefone (GROSS; ACQUISITI, 2005)5, sem contar conteúdos

compartilhados através de posts e outros detalhes sobre o indivíduo.

Tamanha quantidade de informação acaba sendo muito relevante para marcas,

que se utilizam de informações do usuário como páginas "curtidas", gostos e

interesses sobre diversos assuntos para construir estratégias de comunicação mais

eficientes. Tratarei com mais detalhes sobre a exploração comercial deste tipo de

informação nos próximos capítulos.

A questão da privacidade, aliás, tem se imposto em meio ao discurso mediático de que é preciso tornar o mundo “mais aberto” e “conectado” – e seu nível de complexidade parece aumentar conforme surgem novas possibilidades de exploração comercial dos dados depositados nas plataformas. (DAL BELLO; ROCHA, 2012, p. 3).

A informação sempre existiu, a diferença é que agora ela está mais acessível

e exposta a qualquer indivíduo ou instituição. Ao contrário de outros meios, a web

torna qualquer informação permanente, ou seja, uma simples consulta ao Google

pode revelar muito sobre alguém, sejam informações recentes ou não.

Segundo Solove (2007, p. 4), "estas transformações ameaçam o controle de

uma pessoa sobre sua reputação e seu desejo de ser quem quiser ser”6. Um estudo

da Pew internet & American Life Project7 em 2010 mostrou que "pessoas estão cada

vez mais buscando, na rede, informações e referências sobre outras" (ZACARIAS;

MARTINO, 2012, p. 6). Naquele ano, 46% dos usuários utilizavam ferramentas de

3 SCHAFFER, Justin. Bigger, Faster Photos. The Facebook Blog. 16 nov. 2011. Disponível em: <http://blog.facebook.com/blog.php?post=10150262684247131>. Acesso em: 9 jan. 2013. 4 BENNETT, Shea. Twitter, Facebook, Google, YouTube - What Happens On The internet Every 60 Seconds? AllTwitter. 25 jun. 2012. Disponível em: <http://www.mediabistro.com/alltwitter/data-never-sleeps_b24551>. Acesso em: 9. jan. 2013. 5 Estudos de Govani e Pashley (2005, p. 4) reforçam a veracidade dos resultados encontrados por Gross e Acquisiti no mesmo ano sobre o comportamento dos usuários no Facebook. 6 Tradução livre: "These transformations pose threats to people’s control over their reputations and their ability to be who they want to be". 7 SMITH, Aaron. Reputation Management and Social Media. Pew internet & American Life Project. 24

mai. 2010. Disponível em: <http://pewinternet.org/Reports/2010/Reputation-Management.aspx>.

Acesso em: 14 jan. 2013.

13

busca para encontrar informações sobre pessoas conhecidas do passado, e 38%,

informações sobre amigos.

Com a superexposição surge a sensação de que usuários estão sendo

constantemente vigiados "sem saber de onde parte o olhar, o que leva os indivíduos

a controlarem seus atos, opiniões e comportamentos na rede" (TÁRRIO, 2012, p. 5),

muitas vezes sem perceber. A auto-exposição na internet e a maior visibilidade

alcançada pelos usuários vêm acompanhadas da "possibilidade de ficar à mercê da

vigilância alheia" (DAL BELLO; ROCHA, 2012, p. 4), acarretando em uma perda de

privacidade, fazendo da plataforma uma grande vitrine social.

A web tornou-se o meio onde mostramos quem somos, ou quem pensam que

somos. "Hoje há a tentativa de levar às telas a vida particular com o objetivo de torná-

la de interesse coletivo" (ZACARIAS; MARTINO, 2012, p. 7). "Ocorre a exposição de

uma intimidade antes restrita à vida particular de cada indivíduo" (p. 16).

Este desejo da auto-exposição se reflete nas redes sociais, onde podemos

perceber a ocorrência de um fenômeno narcisista e de voyeurismo (BRUNO;

KANASHIRO; FIRMINO, 2010, p. 10) entre os usuários. Este fenômeno amplia "as

formas de celebração de si e a autopromoção" (PRIMO, 2009, p. 8), incentivando a

"vaidade e a competição" pela notoriedade (DAL BELLO; ROCHA, 2012, p. 10) e

transformando pessoas comuns em pequenas celebridades.

Sendo assim, pode-se dizer que há uma certa "desvalorização da privacidade"

(DAL BELLO; ROCHA, 2012, p. 7) onde "a confissão pública torna-se rotineira e

desejável" (p. 8), fazendo da auto-exposição constante algo completamente normal.

A vida privada torna-se cada vez mais pública. Este "processo de espetacularização

da vida cotidiana" (TÁRRIO, 2012, p. 1) tem suas origens ainda nos veículos de

comunicação em massa de décadas atrás, porém a internet foi responsável por

democratizá-lo.

O filósofo francês Guy Debord (1998) faz uma crítica ao que ele chama de

sociedade do espetáculo, onde as relações sociais acabam sendo trocadas por

representações delas mesmas. Para o autor, o "espetáculo não é um conjunto de

imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens". Há uma

degradação na vida social dos indivíduos em prol da valorização das aparências, onde

o ser significa ter.

Indivíduos que não se encaixam nesta nova configuração da sociedade digital

são considerados "estranhos" e fora dos padrões (TÁRRIO, 2012, p. 7), o que pode

14

trazer reflexos até mesmo na vida offline do usuário. Hoje é perfeitamente comum

estranharmos o fato de uma pessoa não possuir um perfil nas redes sociais, pelo

menos entre as gerações mais jovens. "Quem não está nas redes, de certa forma não

existe" (p. 2). Na era da visibilidade, "aquele que não é visto, exposto, muitas vezes é

deixado de lado" (GUIMARÃES, 2011, p. 56).

2.2 O PANÓPTICO DE BENTHAM

Podemos também relacionar o fenômeno da exposição com a ideia do

Panóptico de Bentham (TÁRRIO, 2012, p. 6), projeto de prisão circular do final do

século XVIII onde um observador central tem controle sobre todos os presos do local,

da mesma forma que os presos têm controle uns sobre os outros. Ou seja, todos os

presos tornam-se, ao mesmo tempo, observadores e observados.

O Panóptico, segundo Focault (1999, p. 167) "é uma máquina de dissociar o

par ver-ser visto: no anel periférico, se é totalmente visto, sem nunca ver; na torre

central, vê-se tudo, sem nunca ser visto". Cria-se uma autovigilância constante, que

induz no indivíduo "um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura

o funcionamento automático do poder" (p. 166), reduzindo "o número dos que o

exercem, ao mesmo tempo em que multiplica o número daqueles sobre os quais é

exercido" (p. 170).

Com as redes sociais, o usuário vira observador e passa a ser observado ao

mesmo tempo. Quando nos cadastramos em um site como o Facebook, por exemplo,

aceitamos voluntariamente esta condição ao concordarmos com os termos de serviço.

O indivíduo se põe, por conta própria, no sistema de vigilância. Ele almeja o olhar em si e alimenta, ao mesmo tempo, o desejo de espiar. Para controlar o outro, ele se põe em posição de controlado, se submete às regras imposta pelo jogo. (TÁRRIO, 2012, p. 6).

De um ponto de vista Focaultiano, as redes sociais não são apenas meios de

troca de informações, mas também de formação de identidade. Quando

compartilhamos algo nas redes sociais, fizemos isso na presença de uma "multidão",

como se estivéssemos expostos a uma espécie de Panóptico virtual.

Assim como atores em cena sabem que estão sendo assistidos pela audiência e manipulam seu comportamento para alcançar o melhor efeito, o uso efetivo das redes sociais consiste em selecionar e emoldurar o conteúdo

15

de forma que agrade e/ou impressione uma determinada plateia.8 (RAYNER, 2012).

Focault compreendeu como o fato de estar constantemente visível impacta o

ser humano psicologicamente. Segundo o filósofo, o modelo do Panóptico faz com

que os indivíduos regulem seu próprio comportamento, pois sabem que estão sendo

vigiados. "Quem está submetido a um campo de visibilidade, e sabe disso, retoma por

sua conta as limitações do poder" (1987, p. 167).

Apesar da maior quantidade de dados na mão de empresas e do constante

surgimento de algoritmos que vasculham a web procurando por informações pessoais,

a vigilância cuja nos afeta e influencia em nosso comportamento surge por parte das

pessoas com quem compartilhamos nosso conteúdo, mesmo que isso seja invisível.

Para Rayner (2012), não existem guardas ou prisioneiros no Panóptico virtual do

Facebook, pois "somos guardas e prisioneiros ao mesmo tempo, constantemente

vigiando e julgando uns aos outros à medida que compartilhamos informações"9.

O próprio mecanismo de moderação da maioria dos sites de redes sociais hoje

é baseado no panopticismo, pois são os próprios usuários que denunciam conteúdos

impróprios ou que violam regras, não existindo um controlador central em cada uma

das redes, já que seria impossível moderar tamanha quantidade de informações a

partir de um único ponto de observação central.

Alguns estudiosos contestam a noção de vigilância de Focault com relação à

sua desatualização, já que hoje ela “não estaria centralizada, mas operaria de forma

descentralizada e em rede, de forma que não haveria um poder vigilante central, mas

muitos agentes dispersos e heterogêneos de vigilância” (FUCHS, 2011, p. 119).

2.3 REPUTAÇÃO E CAPITAL SOCIAL

No dicionário10, a reputação pode ser simplesmente definida como fama,

celebridade, renome ou glória. Conceitualmente, "reputação corresponde ao que se

sabe sobre o caráter ou posição de um indivíduo perante a opinião de uma

8 Tradução livre: "Just as actors on stage know that they are being watched by the audience and tailor their behavior to find the best effect, effective use of social media implies selecting and framing content with a view to pleasing and/or impressing a certain crowd." 9 Tradução livre: "There are no guards and no prisoners in Facebook’s virtual Panopticon. We are both guards and prisoners, watching and implicitly judging one another as we share content." 10 Definição da palavra segundo o dicionário de português Michaelis, disponível para consulta em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php>.

16

comunidade” (CRUZ; MOTTA, 2006, p. 349). A reputação é parte da nossa identidade

e "reflete quem somos e influencia na forma como interagimos com outras pessoas"11

(SOLOVE, 2007, p. 33), mesmo não sendo fruto apenas da nossa própria criação.

Apesar de ser influenciada pelas nossas ações, depende da construção e da

impressão dos outros indivíduos perante nós (RECUERO, 2009, p. 109).

Solove (2007, p. 30-31) enfatiza a importância da reputação como sendo um

dos valores mais estimados pelas pessoas, interferindo diretamente em nossa

habilidade de se engajar em atividades básicas da sociedade. Dependemos de nossa

reputação para construir qualquer relação intersocial. É a partir dela que conseguimos

um emprego, fazemos amigos, ganhamos o respeito dos outros e garantimos nossa

liberdade de expressão, o que justifica uma preocupação dos usuários com

informações pessoais expostas na web.

Uma vez que a "reputação possui um papel tão importante em nossas vidas,

naturalmente desejamos ter um controle sobre ela”12 (p. 34). Temos interesse em

saber sobre a reputação alheia da mesma forma que os outros têm interesse sobre a

nossa. "Em diversas circunstâncias, nós observamos a reputação das pessoas para

decidir se confiamos nelas ou não” (p. 31). "Através da reputação é possível selecionar

em quem confiar e com quem transacionar" (RECUERO, 2009, p. 110).

A reputação é um dos pilares do chamado capital social, conceito construído

ao redor da ideia de que redes sociais possuem, de fato, um valor atribuído. Segundo

Recuero e Zago (2009, p. 3-4), o capital social representa um conjunto de recursos,

fruto das interações sociais e embutido nas relações de cada indivíduo.

Para Bourdieu (1981, apud ZACARIAS; MARTINO, 2012, p. 4), o capital social

é "uma compreensão qualitativa e quantitativa das relações sociais estabelecidas por

um determinado indivíduo em sua vida social" e se constrói a partir do estabelecimento

de relacionamentos e da criação de laços. Para Putnam (2001), o conceito está

"associado à ideia de virtude cívica, de moralidade e de seu fortalecimento através de

relações recíprocas". O capital social se manifesta através de valores como confiança,

reconhecimento e autoridade.

Recuero (2009, p. 107) diz que o grande diferencial das redes sociais é

justamente "a emergência de tipos de capital social que não são facilmente

11 Tradução livre: "it reflects who we are and shapes how we interact with others". 12 Tradução livre: "reputation plays such a dramatic role in our lives, we naturally desire to have some control over it."

17

acessíveis" fora do ambiente digital. Por exemplo, conseguir 200 amigos em questão

de dias não é tarefa simples fora do Facebook ou de qualquer outra rede social que

rotula as conexões como "amizades". A diferença é que as conexões que ocorrem

neste ambiente são mantidas pelo sistema, e não pelas interações, como ocorre na

vida offline de um indivíduo (p. 108).

A atenção que usuários dão aos conteúdos que consomem no ambiente digital

também está diretamente ligada ao capital social, já que a crescente quantidade de

informações a torna um patrimônio cada vez mais escasso. Para Davenport e Beck

(2001, p. 3), hoje "a atenção é a verdadeira moeda de empresas e indivíduos"13.

Compreender e gerenciar a atenção dos usuários tornou-se o fator determinante para

o sucesso. Apesar de as informações na web serem consumidas gratuitamente, "as

horas que passamos tentando dar sentido à explosão crescente de dados [...] tem alto

custo na nossa economia diária de tempo" (SAAD et al., 2012, p. 13).

Segundo Zacarias e Martino (2012, p. 5), o crescente uso de ferramentas

virtuais como fonte de produção e transferência do capital social é uma tendência

recente e vem sendo objeto de diversos estudos que tratam sobre a formação da

reputação nas redes sociais. "Há uma relação entre a lógica da construção de capital

social e a exposição da vida particular" (p. 7) de cada pessoa.

2.4 BUSCA PELA POPULARIDADE

A busca pela formação de uma reputação e de uma maior visibilidade está

diretamente relacionada às novas formas de interação que as redes sociais

proporcionam. Além de democratizar o acesso à informação, a web também tornou

mais acessível sua publicação e disseminação com relação aos outros meios de

comunicação massiva, colaborando com a emergência de "microcelebridades" no

ambiente digital (BRAGA, 2009, p. 42-43). Hoje, "é significativo o número de usuários

que utilizam as novas tecnologias para se exibirem de alguma forma, para fins

pessoais e/ou profissionais" (GUIMARÃES, 2011, p. 56), fazendo das mídias sociais

um arsenal de ferramentas de marketing pessoal.

Thompson (1998) define este comportamento como uma das características da

chamada sociedade da autopromoção, em que "o homem comum passa a promover

e usufruir um novo momento de protagonismo público" (LIESENBERG, 2012, p. 74).

13 Tradução livre: "Today, attention is the real currency of businesses and individuals.”

18

Para Buffardi e Campbell (2008, p. 1303), as redes sociais estimulam a

autopromoção através de "autobiografias, da vaidade através do compartilhamento de

fotos e do grande número de relacionamentos superficiais, onde a quantidade de

amigos muitas vezes chegam aos milhares e são até mesmo classificados"14 (p.

1304). Comunidades virtuais como essas são "um terreno fértil para narcisistas se

autorregularem através das relações sociais" (p. 1304) com outros indivíduos, já que

há uma facilidade maior em manter relacionamentos e os usuários

possuem controle completo sobre sua auto-apresentação na web, o que não acontece em outros contextos sociais. Em particular, um indivíduo pode utilizar páginas pessoais na web para selecionar fotografias atrativas de si mesmo ou escrever autobiografias que lhe autopromovem.15 (p. 1304).

O mesmo estudo mostrou que, no geral, pessoas consideradas narcisistas

costumam ser marcadas em mais fotos e postar publicações com mais frequência (p.

1308). Especula-se que estes usuários tendem a chamar mais a atenção, pois

selecionam estrategicamente o conteúdo publicado para parecerem mais sexy e

atraentes (p. 1311), manipulando suas apresentações pessoais16 17.

Para Liesenberg (2012, p. 75), a web configura um ambiente onde o indivíduo

passa a ver e ser visto. Qualquer pessoa com acesso à internet pode usufruir da

visibilidade imediata, sem depender de veículos de comunicação em massa para

atingir níveis maiores de visibilidade. Deixamos de ser apenas espectadores e nos

tornamos protagonistas.

Muitas pessoas se tornaram celebridades unicamente pela notoriedade que

suas vidas particulares ganharam a partir do momento em que passam a ser

espetacularizadas nas redes sociais. Guimarães (2011, p. 116) diz que a façanha de

despertar curiosidade em outros indivíduos não se restringe mais apenas às

celebridades, mas aos cidadãos ordinários também.

14 Tradução livre: "these Web sites offer a gateway for self-promotion via self-descriptions, vanity via photos, and large numbers of shallow relationships (friends are counted—sometimes reaching the thousands—and in some cases ranked)". 15 Tradução livre: "Owners have complete power over self-presentation on Web pages, unlike most other social contexts. In particular, one can use personal Web pages to select attractive photographs of oneself or write self-descriptions that are self-promoting.” 16 FIRESTONE, Lisa. Is Social Media to Blame for the Rise in Narcissism? Huffington Post. 15 out. 2012. Disponível em: <http://www.huffingtonpost.com/lisa-firestone/facebook-narcissism_b_1905073. html>. Acesso em: 13 mar. 2013. 17 PARKER-POPE, Tara. Does Facebook Turn People Into Narcissists? New York Times. 17 mai. 2012. Disponível em: <http://well.blogs.nytimes.com/2012/05/17/does-facebook-turn-people-into-narcissists> Acesso em: 13 mar. 2013.

19

Lemos (2002, p. 11) nota que esta estetização da vida cotidiana não caracteriza

apenas um fenômeno de simples narcisismo, mas de busca por maior contato e

sociabilidade. "A vida comum transforma-se em algo espetacular, compartilhada por

milhões de olhos potenciais. E não se trata de nenhum evento emocionante" (p. 12).

Apesar disso, Recuero (2009, p. 6) observa que a busca pela reputação

"também pode ser construída por meio da difusão de informações". Ou seja, usuários

não utilizam redes sociais apenas como uma forma de exporem suas vidas. Além

disso, esta também não é a única estratégia utilizada para alcançar maior visibilidade.

Usuários preocupam-se, de fato, em publicar informações de qualidade e que tenham

relevância. Grande parte dos usuários são populares apenas por serem bons

curadores de conteúdo, o que está diretamente ligado à reputação construída na rede.

Curadores de conteúdo são indivíduos capazes de filtrar e selecionar

informações, organizando dados a partir de critérios ou recortes determinados (SAAD

et al., 2012, p. 29), como um assunto ou tema que domina. Cabe ao curador

"selecionar, organizar e apresentar" (p. 33) os materiais, agregando valor pessoal ao

conteúdo e os disseminando.

Hoje, qualquer pessoa pode iniciar uma epidemia de informação, colaboração ou inspiração. [...] para exercer influência no meio online, você precisa criar ou agregar conteúdo, fazer com que ele seja consumido e incentivar o seu compartilhamento para que a epidemia - e a sua influência - alcance o maior número de indivíduos18 (SCHAEFFER, 2012, p. 63).

A grande questão é a de que a reputação dos usuários não depende mais

apenas da qualidade ou relevância do conteúdo. Números importam muito quando se

trata da popularidade - ou, pelo menos, da percepção dela - nas redes sociais. Em um

dos capítulos do livro Return on Influence, Schaeffer (2012, p. 37) traz a ideia de que

pessoas são influenciadas por indicadores numéricos que hoje são muitas vezes

considerados sinônimos de reputação. A dúvida que existe é se a reputação pode ser

quantificável ou não, ou seja, medida em números.

Como a popularidade é um valor relacionado à audiência, ela é mais facilmente

medida, o que a torna mais fácil de ser percebida (RECUERO, 2009, p. 111). A

reputação muitas vezes emerge unicamente pelo grande volume de seguidores em

18 Tradução livre: "Today, anybody can be a hub, a connector, an igniter of a personal epidemic of information, collaboration, and inspiration. [...] to exert influence in the online world, you must create or aggregate content, have it consumed, and compel people to share it so that the epidemic - and your influence - moves to untold numbers of others."

20

uma rede social, por exemplo (PRIMO, 2009, p. 12). Segundo Schaeffer (2012, p. 95-

96), existe uma abundância de indicadores na web, como o número de seguidores no

Twitter ou de amigos no Facebook, que dão indícios iniciais sobre o status de um

indivíduo, principalmente quando a disponibilidade de informações é muito grande.

O número de vezes que um nome aparece no Google, a pontuação de um usuário no Ebay como comprador ou vendedor, o número de amigos no Facebook, ou seguidores no Twitter podem ser vistos como representações da reputação digital19 (HEARN, 2010).

O curioso é que, na maioria das vezes, o grande número de conexões em uma

rede social não significa necessariamente a existência de uma interação direta do

usuário com todos eles. Um estudo do Facebook, por exemplo, mostrou que a maior

parte dos usuários trocam mensagens apenas com uma pequena parcela das

pessoas consideradas "amigas" na rede (HUBERMAN; ROMERO; WU, 2008, p. 2).

No Twitter, a quantidade de amigos, isto é, usuários que se seguem mutualmente, é

geralmente menor que a quantidade de usuários seguidos pelos perfis (p. 5).

Algumas tentativas de analisar e quantificar a reputação das pessoas com base

nos dados encontrados nas redes sociais, ou seja, "juntando fragmentos das

informações pessoais” (SOLOVE, 2007, p. 32) estão sendo feitas. Medir a efetividade

e o impacto de diferentes conteúdos nas redes é o que empresas como Klout e

PeerIndex estão tentando fazer. Tais ferramentas são objetos de estudo nos próximos

capítulos e levantam questões sobre até que ponto indicadores numéricos influenciam

na percepção da reputação das outras pessoas e delas próprias.

Em sua pesquisa, Recuero (2009, p. 7) observou que "quanto maior o número

de seguidores que alguém tem, maior a sua visibilidade na rede" e "quanto mais

visível, maiores as chances de receber novas conexões e tornar-se mais popular". O

estudo revelou que, de fato, grande parte dos usuários possui uma preocupação com

relação ao número de conexões que mantém. Não apenas com o número de

seguidores, mas também com a proporção entre seguidores e pessoas seguidas.

Shirky (2008, p. 90) destaca que muitos indivíduos podem se tornar populares

apenas a partir do desequilíbrio que acontece entre a audiência recebida (inbound) e

a audiência dada (outbound), ou seja, usuários são reconhecidos pela quantidade

19 Tradução livre: “The number of times a name comes up in a Google search, an Ebay rating as a buyer or seller, the number of friends on Facebook, or followers on Twitter can all be seen as representations of digital reputation”.

21

maior de conexões de outras pessoas para eles do que deles para outras pessoas.

Por exemplo, "num determinado perfil ou conta de rede social, se alguém é seguido

por 180 mil pessoas e segue apenas 300, este alguém seria considerado, segundo os

critérios do autor, digitalmente famoso" (LIESENBERG, 2012, p. 79).

Para Zacarias e Martino (2012, p. 7), "a simples observação do número de

seguidores, embora forneça um índice inicial, é insuficiente para aferir o capital social

de um indivíduo". Apenas a popularidade - diferentemente do prestígio, que está

diretamente relacionado ao capital social do indivíduo - "pode ser avaliada de acordo

com o número de seguidores". Contudo, um grande número de seguidores não é a

garantia de "ser muito conhecido ou reconhecido dentro e fora da rede social". Além

disso, "ter muitos seguidores não significa ser uma pessoa influente na mídia" (p. 8).

Recuero (2009, p. 110) também concorda com o fato de que a reputação é uma

percepção qualitativa, relacionada a vários outros fatores além dos números, apesar

de o número de conexões dar indícios para compreendermos a reputação.

Sendo assim, é importante lembrar que, apesar de estarem diretamente

relacionados, a popularidade não é sinônimo de reputação, pois são valores

diferentes. "Este é um tempo em que popularidade se confunde com reputação; em

que confiabilidade e notoriedade parecem ser sinônimas; em que quantidade e

visibilidade se aproximam perigosamente de autoridade” (CHRISTOFOLETTI; LAUX,

2008, p. 47). A questão é que um possível indicador de autoridade pode influenciar as

pessoas e contribuir para a percepção sobre a reputação e a influência de outra,

mesmo que isso esteja completamente errado (SCHAEFFER, 2012, p. 52).

Para Schaeffer (2012, p.50), o fato de julgarmos alguém popular ou não apenas

pelo número de conexões pode ser explicado, em partes, pelo fenômeno da prova

social (social proof, em inglês), que ocorre quando um indivíduo assume que o

comportamento de outros é o correto para si mesmo também, na crença de que

pessoas que se encontram na mesma situação têm mais conhecimento sobre o que

é certo, popular ou ideal.

É como ficar na dúvida entre dois restaurantes na mesma rua e escolher o que

possui mais carros em seu estacionamento. Quando uma pessoa vê um perfil no

22

Facebook ou no Twitter com um grande número de seguidores, elas são mais

propícias a concluir que devem se tornar seguidoras também20.

2.5 GERENCIAMENTO DA REPUTAÇÃO

Sendo tão importante para a construção da nossa imagem, a internet também

mudou a forma como gerenciamos nossa reputação. Solove (2007, p. 34-35) lembra

como a reputação é uma imposição imprecisa e manipulável, podendo variar muito

dependendo da forma como as pessoas se apresentam. Pessoas boas podem ter uma

má reputação, assim como pessoas más podem ter uma boa reputação.

Para Madden e Smith (2010, p. 2), as redes sociais hoje exercem um papel

central na construção da reputação de um indivíduo na web, já que o usuário é julgado

e percebido por praticamente qualquer conteúdo que é publicado (GUIMARÃES,

2011, p. 61). Apesar de a reputação ser "um valor relacionado às impressões

construídas pelos demais atores, essas impressões estão diretamente relacionadas à

expressão pessoal" (RECUERO; ZAGO, 2009, p. 6). "Construir uma reputação é criar

uma imagem na percepção do público" (TERRA, 2008, p. 3).

Goffman (2002) traz a ideia de que existem duas formas de expressão do

indivíduo: afirmações verbais, que podem ser amplamente controladas; além das

expressões emitidas através de gestos e ações, que são menos controladas e mais

espontâneas (POLIVANOV, 2012, p. 77). O grande ponto-chave das redes sociais é

o fato de que os sistemas que as suportam permitem um maior controle das impressões que são emitidas e dadas, auxiliando na construção da reputação. Assim, uma das grandes mudanças [...] está no fato de que a reputação é mais facilmente construída através de um maior controle sobre as impressões deixadas pelos atores. Ou seja, as redes sociais [...] são extremamente efetivas para a construção de reputação. (RECUERO, 2009, p. 109-110)

Sendo assim, "cada indivíduo estabelece seu personagem através de seu perfil

e o alimenta criteriosamente de acordo com a imagem que deseja construir para si

próprio" (TÁRRIO, 2012, p. 2) e seus interesses pessoais. Para Goffman (2002), "uma

pessoa, ao se apresentar, pode agir de várias maneiras em uma antecipação ao que

os outros esperam dela." O ambiente da web

20 SERIO, Jean L. 5 Psychological Triggers to Increase Social Engagement. Social Media Today. 27 fev. 2013. Disponível em: <http://socialmediatoday.com/jeanls/1257441/5-psychological-triggers-increase-social-engagement>.

23

permite que se assuma uma persona aparentemente mais atrativa do

que se realmente é. Além disso, como os perfis online são construídos

a partir de textos autobiográficos e fotos, esses materiais são

selecionados cuidadosamente, buscando valorizar os melhores

aspectos. Em terceiro lugar, essas pessoas podem encontrar

audiências numerosas na rede, que satisfaçam o desejo por atenção.

(PRIMO, 2009, p. 8)

Primo (2009, p. 10), Recuero (2009, p. 7), Mazzocato (2010, p. 1), Zacarias e

Martino (2012, p.7) observam em seus estudos a utilização de estratégias por parte

dos usuários para formação de uma imagem que favorece sua popularidade em busca

de maior visibilidade. "A crescente prevalência do automonitoramento e da

observação dos outros cria um ambiente dinâmico onde pessoas promovem ou

mascaram elas mesmas dependendo de sua audiência ou das circunstâncias"21

(MADDEN; SMITH, 2010, p. 2-3).

A mesma hipótese é apresentada por Polivanov (2010, p. 29). Para a autora, a

auto-apresentação de um indivíduo no ambiente digital nunca é completa, pois ela é

construída de acordo com o que cada um opta por deixar à mostra, ressaltando ou

ocultando aspectos de acordo “com o que é valorizado ou desvalorizado pelos atores

com os quais se identifica e com os quais compartilha uma rede de contatos”. É como

se nossos perfis em sites de redes sociais fossem simulacros de nossos selves “reais”,

existindo como “um falso “eu” narcísico que criamos e desejamos promover, buscando

atrair os olhares dos outros indiscriminadamente” (p. 50).

Como forma de não ter sua reputação pessoal comprometida, alguns usuários

acabam se apropriando de perfis fakes nas redes sociais, ou seja, perfis que se

apresentam como sendo outra pessoa ou personagem, fingindo ter outra identidade.

“Esse ocultamento da identidade pode trazer benefícios como a expressão livre de

ideias e sentimentos” (SANTOS, 2011, p. 35). Para Mocellim (2007, p. 10), um perfil

fake serve para os casos em que “realmente busca-se ser outra pessoa, afirmando

ser outro, [...] se descrevendo ou agindo de uma maneira diferente do esperado pelas

pessoas que o conhecem pessoalmente”.

21 Tradução livre: "The increased prevalence of self-monitoring and observation of others creates a

dynamic environment where people promote themselves or shroud themselves depending on their

intended audience and circumstances."

24

Alguém não pode ser considerado fake de si mesmo; nos casos em que as pessoas expõem fatos, ou características, que não correspondem com ela na realidade, os usuários costumam dizer que a pessoa está criando outra identidade, criando um personagem, sendo falso, exagerando. (MOCELLIM, 2007, p. 10).

O estudo da Pew Internet & American Life Project22 mostra que usuários mais

jovens demonstram maior consciência com relação ao conteúdo que compartilham

nas redes, mostrando que possuem uma noção mais clara da relevância de cada

conteúdo e do impacto que ele exerce sobre suas reputações. Observa-se que postar

o que está fazendo ou publicar uma foto da festa em que se encontra pode atrair mais

atenção do que promover debates, por exemplo (ZACARIAS; MARTINO, 2012, p. 7).

Estratégias para ampliar artificialmente a popularidade na internet surgiram

ainda com os blogs. Autores incorporavam ao título dos posts palavras específicas,

com uma quantidade alta de pesquisas em mecanismos de busca, mesmo não tendo

relação nenhuma com seu conteúdo, a fim de que seu conteúdo ficasse bem

posicionado na lista de resultados (PRIMO, 2009, p. 10).

Primo (2009, p. 10) e Recuero (2009, p. 7) percebem que, no Twitter, o mesmo

acontece através de scripts que seguem milhares de pessoas de forma automática.

Consequentemente, espera-se que os usuários seguidos retribuam a ação do follow23

de forma recíproca (ANGER; KITTL, 2011, p. 4), tornando o processo da construção

de uma base de seguidores algo rápido e completamente artificial.

No Brasil, talvez o caso de uso de script mais conhecido tenha sido o da

publicitária Tessália Serighelli (@twittess), que em 2009 - ano em que o Twitter

percebeu um crescimento enorme em seu número de usuários - se utilizou do método

para ganhar milhares de seguidores em um curto espaço de tempo24, ainda que ela

não produzisse qualquer tipo de conteúdo original (PRIMO, 2009, p. 11). Mesmo tendo

sido modelo e assistente de fotógrafo, Tessália não ficou conhecida por isso, mas

apenas pelo grande número de seguidores na rede, o que lhe rendeu entrevistas em

revistas e uma participação no reality show Big Brother Brasil (p. 12).

22 SMITH, Aaron. Reputation Management and Social Media. Pew internet & American Life Project. 24 mai. 2010. Disponível em: <http://pewinternet.org/Reports/2010/Reputation-Management.aspx>. Acesso em: 14 jan. 2013. 23 No Twitter, os usuários podem "seguir" (follow) e serem "seguidos" pelos outros, não necessariamente de forma recíproca, o que significa que cada indivíduo escolhe as informações que deseja receber em sua página inicial. 24 LANG, Marina. Usuários do Twitter falam sobre os prós e contras de "anabolizar" perfil. Folha Online. 8 set. 2009. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u619657.shtml>. Acesso em: 9 jan. 2013.

25

A mesma estratégia para conseguir um grande número de seguidores é

utilizada na construção de contas fake (falsas) que depois são vendidas em sites como

o eBay. Muitos dos seguidores sequer são pessoas reais, porém isso parece não

importar quando o objetivo de aumentar a visibilidade gira apenas em torno do número

(SCHAEFFER, 2012, p. 115).

Outra prática muito comum observada no Twitter é a compra de seguidores

fake para uma conta determinada. Um estudo do Barracuda Labs25 mostrou que a

compra de 1000 seguidores custava, em média, 18 dólares em 2012. O mesmo estudo

mostrou que mais de 17% dos seguidores da conta de Mitt Romney, candidato à

presidência dos Estados Unidos nas eleições de 2012, eram falsos. No contexto do

Facebook, já existem sites no Brasil que vendem likes e até mesmo namorados fake

para usuários que querem se promover a qualquer custo. Um plano de 5000 likes, por

exemplo, custa R$70026.

No Facebook, outro fenômeno que vem acontecendo é o da troca de votos

entre usuários. Existem páginas especializadas que organizam a prática onde um

usuário "curte" o conteúdo de outro, e vice-versa. Essa estratégia é utilizada por

pessoas que burlam promoções em que o critério que determina o vencedor é a

quantidade de likes ou apenas para ganhar mais visibilidade.

A prática é tão organizada que o processo é dividido em dois fluxos de trabalho:

de um lado, os indivíduos que trabalham na criação de contas falsas, com poucas

informações e com perfis aparentemente verdadeiros; de outro, os indivíduos que

utilizam as mesmas contas para agir sobre um conteúdo, burlando promoções, por

exemplo.

Ainda que algoritmos sejam aprimorados para melhorar cada vez mais a

identificação de trapaceiros ou que as contas falsas sejam denunciadas por outros

usuários da rede, é absurdamente fácil criar outra com as mesmas informações,

apenas com outro endereço de e-mail associado (SCHAEFFER, 2012, p. 116-117). É

o mercado negro das redes sociais. Enquanto houver dinheiro em jogo, usuários mal-

intencionados sempre arranjarão uma forma de burlar ferramentas.

25 Twitter Underground: Buying and Selling Fake Followers (Politicians Do It, Too). 21 ago. 2012. Marketing Profs. Disponível em: <http://www.marketingprofs.com/charts/2012/8722/twitter-underground-buying-and-selling-fake-followers>. Acesso em: 28. fev. 2013. 26 MARINHO, Isabela. Sites vendem curtidas, seguidores e namorados 'falsos' nas redes sociais. G1. 14 mai. 2013. Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2013/05/sites-vendem-curtidas-seguidores-e-namorados-falsos-nas-redes-sociais.html>. Acesso em: 14 mai. 2013.

26

3 REDES SOCIAIS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Antes de analisarmos o conceito por trás das redes sociais na internet,

precisamos entender o que são, de fato, redes. Na essência, redes são conjuntos de

elementos interligados uns aos outros. Cada elemento constitui um nó e cada ligação

entre dois ou mais nós constitui um link. Para o físico Barabási, um dos principais

estudiosos no campo das teorias das redes, elas estão presentes em toda parte,

desde as células do corpo humano até as páginas da internet.

Somos todos parte de um grande aglomerado, a rede social mundial, da qual ninguém é excluído. Não conhecemos todas as pessoas deste planeta, mas existe um caminho entre qualquer um de nós dois nessa rede de indivíduos. (BARABÁSI, 2002, p. 16).

Ou seja, vivemos em um mundo hiperconectado, onde a quantidade de

elementos e ligações formam uma rede complexa. Barabási (2002, p. 11) diz que

"redes possuem propriedades, ocultas em sua construção, que limitam ou intensificam

nossa capacidade de lidar com elas". A partir de estudos, surgiram algumas teorias

que permitiram melhor compreendê-las.

Uma delas é a teoria dos seis graus de separação (GLADWELL, 2002, p. 38-

42; BARABÁSI, 2002, p. 25-27), que defende a ideia de que cada indivíduo no planeta

está vinculado a outro através de seis estágios intermediários de separação - ou seja,

links - diferentes.

Seis graus de separação intrigam porque sugerem que, apesar das enormes dimensões de nossa sociedade, esta pode ser facilmente navegada pelos links sociais de uma pessoa a outra - uma rede de 6 bilhões27 de nós em que qualquer par de nós encontra-se, em média, a seis links um do outro. (BARABÁSI, 2002, p. 27).

O conceito surgiu após um experimento realizado em 1967 por Stanley

Milgram, que consistia em observar por quantas pessoas uma carta passava antes de

chegar a um indivíduo-alvo que vivia do outro lado do país. O objetivo de cada

recipiente da carta era repassá-la a outra pessoa que poderia conhecê-lo. Milgram

constatou que a maioria das cartas alcançou seu destino após cinco ou seis etapas,

o que mais tarde chamou de "problema do pequeno mundo".

27 Estima-se que a população mundial já tenha passado dos 7 bilhões de habitantes, segundo dados do órgão responsável pelo censo do Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Disponível em: <http://www.census.gov/population/popclockworld.html>.

27

Barabási (2002, p. 27) diz que nosso mundo "é pequeno porque a sociedade é

uma rede bastante densa" e que "temos mais amigos do que o número crítico para

nos manter conectados". Gladwell (2002, p. 174) lembra que existe um limite natural

do cérebro humano que equivale a aproximadamente 150 indivíduos, que representa

a quantidade máxima de pessoas com quem podemos manter um relacionamento, de

fato. O número foi proposto após os estudos do antropólogo Robin Dunbar. Apesar

disso, grande parte das pessoas possui um número bem maior de amigos no

Facebook, por exemplo.

Outro conceito importante para entender a dinâmica das redes é o do princípio

80/20 (GLADWELL, 2002, p. 25; BARABÁSI, 2002, p. 59-60), ou lei de Pareto, que

defende a ideia de que, em qualquer situação, 80% dos efeitos é resultado de 20%

das suas causas (ou dos seus participantes).

Neste contexto, Gladwell reconhece a existência de indivíduos com níveis

extraordinários de sociabilidade, responsáveis por iniciar epidemias e conectar

pessoas. Com a chamada "regra dos eleitos", o autor classifica estes indivíduos

conectores - ou hubs - da seguinte maneira: os comunicadores, que conhecem uma

grande quantidade de pessoas e as introduzem umas às outras; os experts, que detêm

grande quantidade de informações e o conhecimento sobre a melhor forma de

transmiti-las; e os vendedores, que possuem a habilidade de persuasão.

Para Barabási (2002, p. 50-51), os indivíduos eleitos são "a tessitura da

sociedade, juntando facilmente diferentes raças, níveis de instrução e linhagens".

Muitas vezes, "a maioria dos nós tem apenas poucos links e esses numerosos nós

pequenos coexistem com poucos hubs, nós que possuem um número anomalamente

elevado de links" (p. 63). Com o surgimento da internet e, posteriormente, dos sites

de redes sociais, amplificou-se a capacidade de conexão (RECUERO, 2009, p. 16).

3.1 REDES SOCIAIS NA INTERNET

Desde seu surgimento, sites de redes sociais (SRS) como Friendster, MySpace

e Facebook atraíram milhões de usuários, conectando indivíduos através de redes

sociais já existentes ou com interesses e atividades em comum. Em poucas palavras,

redes sociais são serviços baseados na web que permitem seus usuários construírem

um perfil, articular uma lista de indivíduos com quem compartilham alguma conexão,

28

assim como visualizar e interagir com conexões as conexões da rede. A nomenclatura

de cada conexão varia de acordo com cada serviço (BOYD; ELLISON, 2008, p. 211).

O estudo das redes sociais busca compreender a relação que existe entre seus

elementos: os atores (cada um dos nós, sejam eles pessoas, instituições ou grupos)

e suas conexões (interações ou laços sociais que se estabelecem entre diferentes

atores). A rede acaba sendo, de certa forma, uma metáfora que representa a estrutura

social (RECUERO, 2009, p. 24).

Atores nem sempre são, necessariamente, representações associadas a

apenas um único indivíduo. Blogs, por exemplo, podem ter vários escritores e, ainda

assim, representam apenas um nó na rede. Da mesma forma, podemos dizer que

cada representação de um indivíduo constitui um nó na rede: blogs, perfis em redes

sociais e até mesmo usernames formam diferentes nós associados a um único

indivíduo (RECUERO, 2009, p. 28).

Existe um "um processo permanente de construção e expressão de

identidade28 por parte dos atores no ciberespaço" (RECUERO, 2009, p. 26). Para

Sibilia (2003, p. 8), os novos mecanismos de construção e consumo identitário no

ambiente digital "encenam uma espetacularização do eu por meio de recursos

performáticos, que visa ao reconhecimento nos olhos do outro e, sobretudo, ao

cobiçado fato de “ser visto”".

Para Rodden (2006, apud HEARN, 2010, p. 423), "construir uma reputação

envolve um processo constante de formação de imagem e gerenciamento da

percepção". Apesar de historicamente estar associada com méritos e qualidades da

pessoa, hoje a reputação parece emergir unicamente da visibilidade e atenção que

um indivíduo recebe. Para Hearn (2010), a cultura da autopromoção e da auto-

exposição está diretamente ligada às transformações culturais do último século,

marcadas pela intensificação da cultura do consumo e pela midiatização.

Polivanov (2012, p. 20-22) também acredita que, além da questão da

hipervisibilidade e da necessidade de exposição que antes se reservava a espaços

mais confinados, a dinâmica de construção da identidade e de apresentação na web

28 Identidade, para Matuck e Meucci (2005, p. 159), “diz respeito tanto a uma certa imagem que um indivíduo tem de si, como a que o outro faz dele; consiste no processo pelo qual os outros reconhecem as singularidades de uma pessoa, os traços distintivos objetivados em características físicas, emocionais, intelectuais, grupais e comunitárias”. Pode-se defini-la como “como um processo de apresentação e atribuição de qualidades a um sujeito, segundo sua cultura, atitudes, aparência e também com base na expressão de seus valores”.

29

está diretamente ligada às especificidades do período histórico em que vivemos, onde

escolhas feitas são atreladas à esfera do consumo e do materialismo, uma dimensão

simbólica que nos revela como indivíduos “sentem, pensam e se organizam” (p. 63).

“A aparência [...] torna-se elemento fundamental na interação social” (p. 79).

A autora também defende que a construção identitária nas redes sociais é um

jogo entre “diferenciar-se e singularizar-se no meio da multidão” (p. 55) ou ser apenas

mais um indivíduo no meio dela, onde “os sujeitos tendem a querer se apresentar de

modo favorável e buscando manter controle sobre sua expressividade” (p. 58).

Hall (2005, p. 12) fala sobre a ocorrência de uma espécie de crise de identidade

nos indivíduos, que antes era única e estável, e hoje está se tornando cada vez mais

fragmentada. Para o autor, o sujeito pós-moderno é "composto não de uma única,

mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não-resolvidas [...] não

tendo uma identidade fixa, essencial e permanente". O indivíduo hoje "assume

identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas

ao redor de um "eu" coerente" (p. 13).

“Os processos de autodefinição são um dos principais componentes dos

mecanismos de construção identitária, porém, não são os únicos” (MATUCK;

MEUCCI, 2005, p. 168). Grande parte do processo de sociabilidade gira em torno da

construção da identidade e da percepção que os atores têm sobre ela. Para Donath

(1999), a relação entre dois atores é baseada principalmente nas impressões que

construímos sobre um ator logo no primeiro contato, e é com base nelas que laços

sociais29 se formam. Ou seja, “quem uma pessoa é não depende apenas do que ela

pensa que é, ou quem ela gostaria de ser. Isso depende essencialmente da percepção

que as outras pessoas tem de você”30 (MILLER, 2011, p. 51).

A percepção sofre a influência de alguns aspectos característicos do ambiente

digital. O distanciamento entre os indivíduos envolvidos e a falta de indícios

tradicionais, como a linguagem não-verbal e outras características físicas, influenciam

na construção da relação entre atores, podendo alterar a forma como ela é

estabelecida. Apesar disso, a web proporciona uma maior liberdade ao remover

29 Laços, para Recuero (2009, p. 32), são "formas mais institucionalizadas de conexão entre atores, constituídos no tempo e através da interação social". 30 Tradução livre: “Who a person ultimately is does not depend just on what they think they are, or who they would like to be or wish themselves to be. It lies essentially in what others perceive you to be.”

30

barreiras de limitações físicas do indivíduo, por exemplo, criando mais oportunidades

de conexão (RECUERO, 2009, p. 37-38; SCHAEFFER, 2012, p. 44). Em ambientes

nos quais os indivíduos não podem contar com a materialidade dos seus corpos para se apresentarem [...], outros materiais (como fotos, vídeos e textos considerados de cunho “íntimo”) serão acionados mais fortemente de modo que eles possam construir suas narrativas de vida. (POLIVANOV, 2012, p. 21)

Como vimos no primeiro capítulo, a constante exposição faz com que esse

processo se caracterize como performances dos atores sociais, onde cada ação

individual nas redes sociais é feita na presença de um grupo determinado de

observadores (POLIVANOV, 2012, p. 22).

Para Primo (2000, p. 86-88), as interações podem ser classificadas em mútuas

ou reativas. Interações mútuas se caracterizam por trocas constantes entre os

agentes envolvidos, onde ambas as partes são interdependentes (uma depende da

outra). Já nas interações reativas, as relações são unilaterais e seguem uma

linearidade pré-determinada (normalmente pela programação do sistema), ao

contrário das interações mútuas.

As interações também podem se dar através de laços associativos, baseados

na sensação de “pertencimento e na intenção de pertencer a um grupo” (RECUERO,

2009, p. 39). Laços associativos são construídos através da “identificação dos atores

com um elemento, como um objeto, lugar, ideia” e “com base na vinculação do ator

com este elemento” (p. 161-162).

Nesse caso, seguindo a classificação de Primo (2009), adicionar alguém como

amigo no Facebook ou "curtir" uma publicação são exemplos de interações reativas,

enquanto conversar com outro usuário através de mensagens ou responder um tweet

são exemplos de interações mútuas, pois existe uma reciprocidade e não seguem

uma linearidade pré-determinada pelo sistema.

De fato, cada serviço de rede social na web possui sua própria dinâmica de

interação. Neste capítulo serão abordados os mecanismos de interação de duas redes

sociais: Facebook e Twitter. A escolha destes serviços se dá pelo fato de serem os

dois serviços com maior ubiquidade entre os usuários de redes sociais na web,

servindo de plataforma para a construção da identidade pessoal de cada usuário.

31

3.2 FACEBOOK

O Facebook é um serviço lançado em 2004. Foi criado por Mark Zuckerberg e

seus colegas de quarto na Universidade de Harvard. Hoje, conta com mais de 1 bilhão

de usuários31, sendo que boa parte acessa a rede através de celulares e

smartphones32. No Brasil, hoje existem aproximadamente 70 milhões de usuários do

serviço33. Após o registro da conta no serviço, os usuários podem criar um perfil

pessoal, adicionar outros usuários à lista de amigos, trocar mensagens, compartilhar

fotos e vídeos, entre dezenas de outras funções.

No perfil pessoal de cada indivíduo, chamado de timeline (ou linha do tempo),

é possível compartilhar imagens, histórias e experiências que contam a história e

fazem parte da “construção do eu” (GUIMARÃES, 2011, p. 115) de cada usuário, além

de informações sobre interesses, atividades e dados para contato. Os conteúdos

compartilhados pelo indivíduo aparecem como itens dispostos em ordem cronológica.

Através dela,

o usuário pode postar links, fotos, vídeos, [...] comentários a respeito de algo pessoal, como uma viagem de férias, desentendimento com alguém, ou impessoal, como uma notícia sobre economia, política ou qualquer outro tema. (GUIMARÃES, 2011, p. 56)

Apesar de o Facebook não oferecer a possibilidade de alterar o layout da

página pessoal, o usuário pode personalizá-la através de vários recursos

(POLIVANOV, 2012, p. 71), como a imagem de “capa”, a imagem de perfil, ou até

mesmo “abas” que levam a conteúdos de aplicativos, muitos deles com informações

externas de outras redes sociais.

A interação com o conteúdo de outros usuários se dá através de ações como

“curtir” (like), “comentar” (comment) ou “compartilhar” (share) um post. O botão “curtir”

é uma das ferramentas mais populares do Facebook, utilizado quando alguém indica

que “gosta, apoia, acha interessante aquele conteúdo” (GUIMARÃES, 2001, p. 57). A

ação de “comentário” permite que o usuário faça um comentário verbal sobre um post,

31 FOWLER, Geofrey. Facebook: One Billion and Counting. The Wall Street Journal. 4 out. 2012. Disponível em: <http://online.wsj.com/article/SB10000872396390443635404578036164027386112. html>. Acesso em: 5 abr. 2013. 32 EVANS, Benedict. Facebook's 470m mobile app users. Forbes. 2 jan. 2013. Disponível em: <http://www.forbes.com/sites/benedictevans/2013/01/02/facebooks-470m-mobile-app-users/>. Acesso em: 5 abr. 2013. 33 Segundo estatísticas do mês de abril de 2013 do serviço de análise Socialbakers, disponível em: <http://www.socialbakers.com/facebook-statistics/>.

32

enquanto o botão de “compartilhar” permite que o indivíduo republique o conteúdo de

outro usuário entre sua própria lista de contatos.

As atualizações da rede são mostradas no chamado feed de notícias, que

mostra o conteúdo dos posts publicados por outros usuários na lista de contatos, não

necessariamente em ordem cronológica, mas em ordem de relevância. A relevância

dos conteúdos é determinada por um algoritmo chamado EdgeRank, que classifica

cada conteúdo de acordo com a afinidade do usuário com o autor do post, o tipo de

conteúdo (fotos e links são mais relevantes que textos, por exemplo) e há quanto

tempo atrás a publicação foi feita, além da quantidade de comentários e “curtidas”34.

Usuários também podem “curtir” fan pages (ou páginas), que funcionam de

forma semelhante aos perfis pessoais, porém representam uma marca, celebridade,

estabelecimento ou alguma outra instituição. Ao “curtir” uma página, o usuário

imediatamente passa a receber atualizações sobre conteúdos postados através dela

em seu feed de notícias, podendo interagir com os posts da mesma forma que interage

com as publicações de outros usuários. Além disso, também é possível fazer parte de

grupos, que são espaços fechados dentro da rede para pequenos círculo de pessoas

se comunicarem sobre interesses em comum.

3.3 TWITTER

O Twitter é um serviço chamado por muitos de “microblog” (MAZZOCATO,

2010, p. 4; GUIMARÃES, 2011, p. 47; ZACARIAS; MARTINO, 2012, p. 3) devido às

suas características. Criado em 2006 por Jack Dorsey, a ferramenta popularizou

rapidamente e hoje conta com mais de 500 milhões de usuários35. Nela, os usuários

podem publicar tweets, mensagens de até 140 caracteres, que podem conter textos

ou links (para imagens, vídeos ou qualquer outro tipo de conteúdo na web).

O Twitter também pode ser considerado uma rede social pelo fato de que

permite aos usuários criar um perfil público, interagir com outras pessoas por meio das mensagens publicadas e mostrar sua rede de contatos. [...] O perfil dos usuários também permite personalizações diversas, como mudar a imagem de fundo, as cores, e preencher dados, tornando o espaço de

34 Understanding & Increasing Facebook EdgeRank. Socialbakers. 29 jan. 2013. Disponível em: <http://www.socialbakers.com/blog/1304-understanding-increasing-facebook-edgerank>. Acesso em: 5 abr. 2013. 35 KOETSIER, John. Twitter reaches 500M users, 140M in the U.S. VentureBeat. 30 jul. 2012. Disponível em: <http://venturebeat.com/2012/07/30/twitter-reaches-500-million-users-140-million-in-the-u-s/>. Acesso em: 6 abr. 2013.

33

representação do “eu” semelhante a páginas pessoais. (RECUERO; ZAGO, 2009, p. 82-83)

O indivíduo seleciona os usuário pelos quais se interessa e os “segue” (ou

follow), recebendo passivamente suas publicações à medida que são postadas novas

mensagens. Um usuário que é seguido por outro não necessariamente precisa segui-

lo de volta (HUBERMAN; ROMERO; WU, 2008, p. 2).

O conteúdo enviado pelos usuários seguidos são apresentadas em ordem

cronológica na timeline, uma lista em tempo real dos tweets publicados. A partir dela,

é possível interagir com cada tweet ou usuário através das ações como a de retweet

e a de reply (ou resposta). Através do retweet, o usuário pode replicar um tweet de

um usuário que segue para seus próprios seguidores (ou followers).

A ação de reply permite ao usuário direcionar um tweet especificamente a outro

usuário, engajando-o em uma conversação (RECUERO; ZAGO, 2009, p. 82). Isso

acontece pelo uso do sinal “@” antes do nome do usuário no texto do tweet, o que faz

com que a mensagem seja direcionada especificamente à ele. Além disso, os usuários

também podem trocar mensagens entre si através de direct messages (ou mensagens

diretas), que só são visíveis para quem envia e recebe.

34

4 KLOUT E FERRAMENTAS DE MENSURAÇÃO

É no contexto da grande quantidade de informações pessoais na web e do

crescente uso de redes sociais como espaços de expressão e construção da

identidade pessoal que surgiram ferramentas como o Klout, capazes de filtrar uma

quantidade gigantesca de informações, aplicar complexos algoritmos matemáticos e

classificar os indivíduos de acordo com a influência que exercem na web em uma

pontuação que varia de 0 a 100 (SCHAEFFER, 2012).

Como vimos nos capítulos anteriores, existem indicadores (numéricos ou não)

que estão diretamente ligados a reputação e que refletem características como

popularidade e autoridade, influenciando na percepção que outros indivíduos

constroem sobre o sujeito. Estes indicadores são utilizados no cálculo que determina

a pontuação associada a cada usuário no Klout.

Este fenômeno faz parte de uma tendência curiosa que consiste em reduzir a

complexidade de diferentes contextos sociais em sinais inequívocos e binários, como

o número de retweets, likes, seguidores e amigos (GAFFNEY; PUSHMANN, 2012, p.

1; SCHAEFFER, 2012, p. 39). Para Schaeffer (2012, p. 37), emblemas como o número

de seguidores no Twitter ou a pontuação no Klout "podem estar associados à

autoridade, assim como pessoas vestindo jalecos podem parecer autoritativas,

mesmo não sendo médicos"36, por exemplo.

O que o Klout faz, basicamente, é "mensurar a influência de um indivíduo

através da agregação de informações de diversas plataformas de redes sociais"

(GAFFNEY; PUSCHMANN, 2012, p. 1), interpretando os números e classificando a

performance dos usuários utilizando um algoritmo específico (ANGER; KITTL, 2011,

p. 1). A performance é representada por uma pontuação que vai de 0 até 100, sendo

100 o índice mais alto de influência.

Ainda que seja uma prática frequentemente associada ao gerenciamento da

reputação de marcas na web, o monitoramento nas redes sociais é o uso de

metodologias e softwares diversos com a finalidade de acompanhar, avaliar e

compreender o que se fala sobre determinado alguém ou algo (SILVA, 2012). Silva

(2010, p. 43) define o processo do monitoramento como a “coleta, armazenamento,

classificação, categorização, adição de informações e análise de menções online

36 Tradução livre: "well-known online badges of status such as the number of Twitter followers or a Klout score may be associated with authority, just as people wearing lab coats may be seen as authoritative even though they are not actually doctors."

35

públicas a determinado(s) termo(s) previamente definido(s) e seus emissores”. A

mensuração dessa informação obtida é justamente uma das diversas etapas do

processo de monitoramento, como descrito pelo autor.

Para Cerqueira (2010, p. 38), a mensuração ajuda a identificar, por exemplo,

“quem são os usuários mais influentes em determinado meio, qual o alcance obtido

por determinados conteúdos”, ou “qual o grau de adequação de determinado usuário

à certa temática”. A prática se dá através da análise de indicadores como a

relevância, que é a capacidade de influência do canal ou da pessoa e de links cruzados; repercussão, pelos comentários associados a uma dada publicação; e a popularidade, pela quantidade de pessoas que estão engajadas na leitura ou visualização dos conteúdos (TERRA, 2010, p. 140).

Para Etlinger (2012, p. 4-5), a mensuração de dados nas redes sociais acaba

sendo, entretanto, um processo complexo. Um dos motivos pelo qual analisar fatores

como a influência das pessoas se torna um desafio é o de que os dados a serem

mensurados estão espalhados em diversos meios e plataformas (online e offline),

fragmentando a coleta das informações. Além disso, as plataformas onde as

informações se encontram estão constantemente em transformação e normalmente

são de propriedade de alguma empresa, como Google e Facebook, fazendo com que

a análise e a coleta dos dados dependa muitas vezes de ferramentas criadas por estas

organizações. Cada plataforma possui suas próprias métricas e suas próprias formas

de mensuração, fazendo com que a estratégia criada para mensurar dados em uma

rede social não necessariamente funcione em outra.

4.1 HISTÓRICO DO KLOUT

A ideia do Klout surgiu em 2007, quando o criador Joe Fernandez precisou

passar por uma cirurgia que o fez passar alguns meses com a boca completamente

fechada. O único jeito que encontrou para comunicar-se com as outras pessoas foi

através das redes sociais, onde percebeu diversas oportunidades que poderiam surgir

com o uso das APIs37 abertas que plataformas como Twitter e Facebook tinham. A

37 API, ou Application Programming Interface, é um conjunto de funções e instruções estabelecidos por um software para outros aplicativos acessarem seus serviços. É constantemente utilizada por sites de redes sociais, que liberam suas APIs para que outros desenvolvedores possam criar aplicações que se utilizam de recursos e informações das plataformas. O Klout, por exemplo, utiliza as APIs de serviços como Twitter e Facebook para coletar os dados e atividades dos usuários. Em 2012, mais de 6000 desenvolvedores utilizavam a API do Klout em seus próprios aplicativos, segundo o site Mashable.

36

partir disso, começou a identificar padrões nas atividades dos usuários destas

plataformas, transformando conexões em equações (SCHAEFFER, 2012, p. 99).

Com a ideia na cabeça, mudou-se para Cingapura em 2008, onde contratou

uma equipe de desenvolvimento para construir a primeira versão da ferramenta,

lançada no fim do mesmo ano. As primeiras pontuações eram calculadas

manualmente (p. 103). Em 2009, o interesse pela ferramenta começou a crescer,

porém o dinheiro estava acabando e investidores eram necessários para financiar o

desenvolvimento das próximas versões (p. 104).

Eventualmente, Fernandez conseguiu alguns investidores após sua

apresentação no SXSW (South by Southwest), famoso evento de tecnologia (p. 105).

Com isso, a empresa conseguiu levar adiante o desenvolvimento da ferramenta e

conseguir um escritório no mesmo prédio da sede do Twitter, que na época ainda era

um sucesso incerto. Foi no mesmo ano em que Twitter e Facebook tiveram um surto

de popularidade que o Klout começou a despertar um grande interesse por parte dos

usuários, principalmente celebridades (p. 106). Até mesmo o empresário de Britney

Spears procurou o fundador da empresa para saber como aumentar a pontuação da

cantora, já que era menor que a de outros artistas (p. 107).

Em 2010, além dos investidores, o Klout já contava com diversas empresas

parceiras utilizando a API da ferramenta para incorporar a pontuação em outros

serviços (p. 108), à medida que o algoritmo ficava cada vez mais preciso. Iniciava-se

também uma série de polêmicas ao redor do seu uso.

4.2 FUNCIONAMENTO DO KLOUT

O Klout é uma ferramenta online que mensura a influência de cada indivíduo

ou marca nas redes sociais, ou seja, a capacidade que cada indivíduo tem de mobilizar

outras pessoas. Para cada usuário do Klout, uma pontuação que varia de 0 a 100 é

atribuída. Chamado de Klout Score, este índice numérico é a representação de toda

a influência exercida pelo usuário nas plataformas de redes sociais que estão

conectadas ao perfil do indivíduo. A média global deste número no momento é 4038.

O índice é calculado diariamente por um algoritmo que analisa centenas de

variáveis (mais de 400, segundo a página da empresa) de diversas plataformas.

38 Segundo a página oficial da empresa, disponível em: <http://klout.com/#/corp/faq>.

37

Abaixo estão alguns dos critérios analisados pelo algoritmo para o cálculo da

pontuação do usuário, segundo a página oficial da ferramenta:

a) Facebook: menções, likes, comentários em publicações, número de

seguidores, número de amigos, publicações no mural;

b) Twitter: menções (com o sinal de "@"), respostas, retweets, inclusões em

listas, número de seguidores, engajamento dos seguidores;

c) Google+: comentários em publicações, compartilhamentos, +1's;

d) LinkedIn: conexões, recomendações, comentários em publicações;

e) Instagram: número de seguidores, likes, comentários;

f) Foursquare: número de dicas marcadas como feitas por outros usuários.

g) Wikipédia: número de links que referenciam a página, importância da página

(determinado por outro algoritmo).

É importante ressaltar que cada variável não é analisada individualmente. O

cálculo é feito com base na combinação de vários atributos, como a proporção entre

a quantidade de conteúdos compartilhados e a quantidades de reações geradas. Por

exemplo, 100 retweets gerados a partir de 10 tweets contam mais para a influência do

usuário do que 100 retweets gerados a partir de 1000 tweets, ou então, 100 retweets

de 100 pessoas diferentes contam mais do que 100 retweets de um único usuário. A

página da empresa deixa claro que o algoritmo valoriza mais uma audiência menor,

porém mais engajada, do que uma audiência grande e pouco engajada.

Além de mensurar a influência dos usuários, o Klout também faz uma análise

semântica do conteúdo publicado para determinar os tópicos e assuntos em que o

usuário é influente, o que também depende da interação da audiência. Nesse caso,

outros usuários podem concordar ou não com os tópicos determinados pelo sistema

a partir do botão +K, uma "forma de reconhecer que alguém é influente para você em

um determinado assunto ou tópico"39 (SCHAEFFER, 2012, p. 167). O próprio usuário

também pode remover ou adicionar tópicos em que ele se considera influente.

A página principal da ferramenta, chamada de Dashboard, funciona como o

painel de controle do usuário, mostrando estatísticas sobre o Klout Score e um breve

resumo das atividades nas redes sociais que interferiram no cálculo do nível de

39 Tradução livre: "a way to acknowledge that somebody is influential to you in a certain subject or topic."

38

influência do indivíduo. A página de perfil (Profile) do usuário mostra, em forma de

feed, suas publicações (Moments) mais influentes dos últimos 90 dias, assim como as

redes sociais em que está presente, os indivíduos que mais o influenciam e os tópicos

sobre os quais é considerado influente.

Figura 1 – Página de Dashboard do Klout

Fonte: Elaborado pelo autor (2013)

4.3 KLOUT PERKS

No final de 2010, a empresa lançou um novo recurso chamado de Klout Perks,

que "permite às empresas oferecerem presentes, descontos, upgrades, além de

outros benefícios para influenciadores de determinado tópico"40 (SCHAEFFER, 2012,

p. 108). O programa é o ponto principal do modelo de negócios do Klout, dando a

possibilidade para patrocinadores de oferecer aos usuários recompensas que "variam

de acordo com suas pontuações e áreas de influência"41 (p. 132). Marcas famosas

que aderiram ao programa incluem Audi, Universal Pictures, Hewlett-Packard, Nike,

Walt Disney Pictures, BlackBerry, Chevrolet e Procter & Gamble. As estratégias

variam, mas a maioria das estratégias gira em torno de convidar usuários influentes

40 Tradução livre: "allowed client companies to offer free gifts, discounts, upgrades, and other benefits to influencers by topic." 41 Tradução livre: "sponsors have the ability to offer Klout users exclusive perk packages that vary with their scores and areas of influence."

39

do segmento de mercado da marca a testar um produto ou recebê-lo de graça antes

de lançar ao público. Dessa forma, a marca pode receber opiniões de usuários

especialistas e disseminá-las ao público, criando uma repercussão (p. 132-133).

A estratégia parece dar certo, já que para cada usuário que recebe um Perk,

mais de trinta conteúdos diferentes são criados nas redes sociais. Além disso, mais

de 80% das marcas que aderem ao programa participam dele por uma segunda vez.42

Inclusive, há quem diga43 também que a pontuação do Klout pode dar início a uma

nova forma de monetização, onde o valor de cada pessoa depende da atividade dela

nas redes sociais e a influência pode ser trocada por bens materiais.

4.4 USO DO KLOUT

Segundo o dicionário44, influência é definida como o poder que algo ou alguém

exerce sobre outro, provocando um efeito. Como consta na página oficial da empresa,

o Klout surgiu com a missão de democratizar, potencializado pelas redes sociais, o

poder de influência, que por muito tempo esteve concentrado nas mãos de uma

minoria da sociedade. "A plataforma tem o poder de trazer o status de celebridade e

todos os benefícios associados para quem está disposto a trabalhar por isso"45

(SCHAEFFER, 2012, p. 6).

Hoje, todo e qualquer indivíduo exerce influência sobre outro, seja em menor

ou maior escala. Grande parte da informação nas redes sociais gira em torno dos

usuários considerados hubs, que atingem e engajam uma grande audiência (ANGER;

KITTL, 2012, p. 1), como vimos no segundo capítulo. Entretanto, "identificar e conectar

com estas pessoas era difícil e caro"46 (SCHAEFFER, 2012, p. 19) até então. O

principal benefício que o Klout traz é o de que a ferramenta filtra e processa uma

grande quantidade de informações a fim de mensurar a efetividade de determinado

conteúdo, monitorando sua atividade e seu impacto em outros usuários (p. 65).

42 SCHAEFFER, Mark. 10 Things You Didn’t Know About Klout. Mashable. 8 mai. 2012. Disponível em:

<http://mashable.com/2012/05/08/klout-joe-fernandez-business/>. Acesso em: 8 mai. 2012. 43 COHEN, Reuven. Social Media Clout: The Rise of Micro Celebrity Endorsements. Forbes. 11 mai.

2012. Disponível em: <http://www.forbes.com/sites/reuvencohen/2012/05/11/social-media-clout-the-rise-of-micro-celebrity-endorsements/>. Acesso em: 13 mai. 2012. 44 Definição da palavra segundo o dicionário de português Michaelis, disponível para consulta em:

<http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php>. 45 Tradução livre: "The platform has the potential to bring true celebrity status and all the associated perks to anyone who is willing to work for it." 46 Tradução livre: "finding and connecting with these folks has been difficult and expensive."

40

Entretanto, Schaeffer (2012, p. 154) explica que, mesmo após décadas de

estudo e formulação de teorias sobre influência em diversas áreas, não existe

nenhuma forma de mensurar algo tão intangível. Ainda que o Klout não mensure e

nem nunca mensurará toda a influência pessoal de um indivíduo, a ferramenta é um

"grande passo para entender a formação de redes e o movimento de ideias na

sociedade"47. Na teoria, o Klout

quantifica o quão bem as pessoas estão interagindo com a cultura. Utilizando critérios como a regularidade de conversações e alcance na rede, o usuário recebe uma pontuação maior dependendo da frequência em que está envolvido em discussões e da distância que essas discussões estão percorrendo.48 (FAWKES, 2012).

Enquanto essa redução da influência em números é de "óbvia importância

quando se busca estabelecer um padrão comercial, isso [...] inevitavelmente levanta

questões a respeito da credibilidade e legitimidade"49 (GAFFNEY; PUSCHMANN,

2011, p. 1), já que a pontuação do Klout pode ser algo facilmente manipulado.

4.5 KLOUT E O PRINCÍPIO DO HANDICAP

Donath (1999), vendo o sistema de comunicação em uma comunidade virtual

como um conjunto de indivíduos que emitem e recebem sinais, relaciona o processo

de construção de identidade na web com algumas teorias da biologia evolutiva, em

especial, o princípio do handicap, proposto pelo biólogo Ahmotz Zahavi.

Handicap é um termo em inglês utilizado geralmente no esporte, principalmente

em corridas de cavalo. O sistema de handicap é usado para diminuir as disparidades

entre competidores, deixando a corrida mais competitiva. Cavalos mais rápidos

normalmente carregam mais peso para se equipararem aos cavalos de categoria

inferior. Sendo assim, uma pessoa que não conhece os cavalos poderia simplesmente

supor que o animal com mais chances de vencer a corrida é o que carrega mais peso.

47 Tradução livre: "a huge step towards understanding networks and the movement of ideas in our society." 48 Tradução livre: “it quantifies how well people are engaging with culture. Using criteria such as regularity of online conversation and network reach, a user gets a higher score based on how frequently they are involved in discussions and how far those discussions are traveling.” 49 Tradução livre: "While this totalization is of obvious importance when seeking to establish a commercial standard, it simplifies the meaning of these signs and inevitably raises questions of agency and legitimacy."

41

No mundo animal, cada sinal emitido é um atributo que pertence ao ser. Estes

sinais podem ser emitidos de forma honesta ou enganosa em diferentes contextos,

como na atração sexual ou na defesa contra predadores. Para Zahavi (1993), sinais

autênticos e verdadeiros permitem diferenciar um ser honesto de um ser enganoso.

Jogar dinheiro fora é um sinal autêntico para riqueza, pois uma pessoa pobre que

finge ser rica não teria dinheiro suficiente para desperdiçá-lo, por exemplo. Um sinal

autêntico geralmente representa um custo para o ser que o emite, pois sinaliza aos

outros indivíduos um atributo que não pertence aos demais, apenas à ele. “Quanto

maior o investimento, mais autêntico é o sinal”50 (ZAHAVI, 1993, p. 227).

Nesse caso, sinais que seguem o princípio do handicap são chamados de

sinais avaliativos (assessment signals) e estão diretamente ligados com o atributo que

se anuncia. Sinais como esse são autênticos e verdadeiros, pois requerem que o ser

tenha necessariamente os atributos anunciados. “Chifres grandes em um veado são

um sinal de força, pois o animal precisa ser forte e saudável para suportar a grande

estrutura”51 (DONATH, 1999).

Sinais que não seguem o princípio do handicap são chamados de sinais

convencionais (conventional signals) e não requerem que o ser tenha os atributos

anunciados para emitir o sinal, muito menos representam um custo para ele. Vestir

uma camiseta que identifique o indivíduo como campeão de levantamento de peso

não é um sinal autêntico de força, pois não significa necessariamente que o indivíduo

é forte, já que qualquer pessoa pode vestir uma camiseta deste tipo (DONATH, 1999).

Donath (1999) explica que sinais convencionais custam menos, tanto para

quem o emite como para quem o recebe. A autora dá o exemplo de um candidato a

uma vaga de emprego, que pode colocar em seu currículo uma experiência

profissional invejável, mesmo que não tenha tido essa experiência, ou seja, ele está

emitindo sinais convencionais. Durante uma entrevista ou dinâmica de grupo, no

entanto, ele provavelmente terá que demonstrar seu conhecimento e experiência

anunciados no currículo, ou seja, ele estará emitindo sinais avaliativos. Apesar disso,

o custo e tempo gastos para avaliar apenas o currículo é muito menor. Em situações

onde a quantidade de informação é muito grande, isso se torna inevitável.

50 Tradução livre: “The larger the investment, the more reliable the signal”. 51 Tradução livre: “Big horns on a stag are an assessment signal for strength, for the animal must be quite strong and healthy to support these massive growths.”

42

Para empregos em que a tarefa gira em torno de criar e disseminar cultura, o

Klout pode ser usado para medir a eficiência do profissional, por exemplo (FAWKES,

2012). Para Schaeffer (2012, p. 53), diversos índices numéricos na web servem como

“atalhos para avaliações mais demoradas da verdadeira experiência”52, sendo um

importante critério para a percepção da influência. Certos

emblemas [...] na internet como o número de seguidores no Twitter ou de amigos no Facebook podem dar uma rápida indicação do status de uma pessoa, principalmente quando a quantidade de informações é muito grande. A implicação é que um índice numérico como a pontuação no Klout pode legitimamente ter um impacto na opinião das pessoas sobre status e influência, mesmo se a pontuação não refletir, necessariamente, a realidade offline ou se o sistema puder ser manipulado.53 (p. 95-96)

4.6 POLÊMICAS E CONTROVÉRSIAS

Apesar do rápido sucesso, o Klout tornou-se tema de diversas polêmicas desde

seu início. Além da credibilidade questionável do método utilizado para analisar as

informações e quantificar a influência de cada usuário, as primeiras versões da

ferramenta tinham falhas graves, como atribuir pontuações altíssimas para usuários

fakes, variar absurdamente de uma semana para outra a pontuação de um mesmo

usuário, ou atribuir tópicos irrelevantes e fora de contexto. A invasão de privacidade

também era questionada, pois a ferramenta estava utilizando informações de milhões

de contas públicas de usuários sem dar à eles uma opção de desinscrever-se do

serviço (SCHAEFFER, 2012, p. 111).

Ou seja, o Klout não apenas mensura a influência das pessoas que estão

cadastradas no serviço, mas também das outras milhões de contas e perfis em redes

sociais. A pontuação do Klout pode influenciar na vida das pessoas, mesmo que elas

nem saibam o que é isso. “Seja lá o que você teme que Google e Facebook fazem

com todas as informações que eles coletam sobre você, o Klout está fazendo, e isso

traz consequências na vida real” (CHURCHWELL, 2012).

Talvez a maior repercussão envolvendo o Klout tenha se dado quando a

empresa fez uma revisão completa em seu algoritmo a fim de torná-lo mais preciso

52 Tradução livre: “shortcuts to more time-consuming assessments of actual experience.” 53 Tradução livre: "badges of social proof on the internet such as the number of Twitter followers or Facebook friends can provide a shorthand indicator of a person's status, especially when the amount of available information is overwhelming. The implication is that a numerical marker of authority such as a Klout score can have a legitimate impact on people's opinions about status and influence even if the score doesn't necessarily reflect offline reality or the system can be gamed."

43

em meados de 201154. Muitos indivíduos tiveram um declínio enorme em suas

pontuações (assim como outros aumentaram consideravelmente), o que levou à uma

grande polêmica e críticas por parte dos usuários.

Outra mudança em 2012 aprimorou ainda mais a ferramenta. O algoritmo agora

passaria a analisar mais de 400 variáveis, inclusive a influência offline dos indivíduos

através de critérios como menções no Wikipédia. O cantor Justin Bieber, que antes

era o único usuário a ter uma pontuação de 100, agora passara a ter uma pontuação

menor que o do presidente norte-americano Barrack Obama55.

Outro episódio muito comentado a respeito do assunto foi o de Sam Fiorella,

candidato a uma vaga de emprego em uma grande agência de marketing que foi

desqualificado por causa de sua pontuação no Klout56. Apesar dos 15 anos de

experiência no mercado e empresas como AOL, Ford e Kraft em seu currículo,

Fiorella, que tinha um Klout Score de 34, foi eliminado da seleção pelo fato de sua

pontuação ser muito baixa, porém ele sequer sabia o que era o Klout. Nos seis meses

seguintes, Fiorella trabalhou suas redes sociais até atingir uma pontuação de 72,

muito acima da que tinha anteriormente.

Várias outras empresas também estão usando a ferramenta para dar prioridade

e privilégios aos clientes com maior pontuação no Klout. Um hotel em Las Vegas

oferece quartos melhores e outros benefícios dependendo da pontuação dos

hóspedes (SCHAEFFER, 2012, p. 2-3). Ferramentas de monitoramento permitem

classificar elogios e reclamações de consumidores nas redes sociais para que

usuários mais influentes sejam respondidos com prioridade57. Companhias aéreas

oferecem espaços em aeroportos reservados apenas para viajantes com uma

pontuação relativamente alta58.

Houve até mesmo o caso de um professor da Universidade do Estado da

Flórida que utilizou a pontuação do Klout como critério para dar nota aos seus

54 INGRAM, Mathew. Should You Care How High Your Klout Score Is? Bloomberg BusinessWeek. 27 out. 2011. Disponível em: <http://www.businessweek.com/technology/should-you-care-how-high-your-klout-score-is-10272011.html>. Acesso em: 21 abr. 2013. 55 SHIH, Gerry. Obama finally beats Bieber as Klout score admits real world. Reuters. 15 ago. 2012. Disponível em: <http://www.reuters.com/article/2012/08/15/us-startup-klout-idUSBRE87E05D2012 0815>. Acesso em: 21 abr. 2013. 56 Idem 55. 57 Idem 55. 58 STEVENSON, Seth. What Your Klout Score Really Means. Wired. 24 abr. 2012. Disponível em: http://www.wired.com/business/2012/04/ff_klout/. Acesso em: 30 abr. 2012.

44

alunos59, em um projeto experimental onde os alunos deveriam aplicar os conceitos e

estratégias de marketing aprendidos em aula em suas redes sociais. O resultado

impressionou: a média de pontuação da turma, que antes era de 16.7, chegou a 39.1

ao final do projeto.

Para Gabriel (2012), é inegável que o Klout “representa, em algum grau, o nível

de influência de um perfil”, porém é preciso ter cuidado com índices numéricos como

critério de julgamento. É importante que “se conheça o modo como foram obtidos e o

que eles realmente significam”. Como a pontuação do Klout é uma redução, o

fenômeno da “kloutificação” vem sendo criticado justamente por reduzir complexas

interações sociais em um número, não sendo “representativo de todas as dimensões

de influência” que um indivíduo possui. Para Gaffney e Puschmann (2011, p. 1-2), a

atribuição de uma pontuação aos usuários encorajam uma comparação entre eles

mesmos, criando uma espécie de jogo dentro da plataforma. A pontuação acaba

tornando-se mais uma moeda do que uma métrica.

A transparência das informações também é algo muito criticado no Klout.

Nenhum usuário sabe ao certo o quanto cada atividade sua na rede social contribui

para o cálculo da sua pontuação, o que é relevante para um serviço que mensura algo

tão subjetivo e mutável como a influência (GAFFNEY; PUSCHMANN, 2011, p.1). O

algoritmo atribui tópicos sobre os quais cada usuário é influente, porém não mostra

nenhum indício que justifica a relação do usuário com o assunto (WAGSTAFF, 2012).

4.7 ALTERNATIVAS AO KLOUT

Apesar de o Klout ter se consolidado como o padrão em ferramentas de

mensuração de influência, como é possível perceber pelo seu slogan “The Standard

for Influence”, outras ferramentas como PeerIndex (www.peerindex.com) e Kred

(www.kred.com) também alcançaram uma posição de destaque no mercado.

O PeerIndex, lançado em 2009, também atribui uma pontuação que varia de 0

a 100, representando a influência do usuário e calculada através do próprio algoritmo

(SCHAEFFER, 2012, p. 190). O serviço classifica a influência do indivíduo em

diferentes assuntos e áreas de interesse. Assim, para cada tema ou assunto, o usuário

tem uma pontuação diferente atribuída, que também varia de 0 a 100 (p. 91-92). Além

59 Profesor universitario utiliza Klout para determinar la nota de sus alumnos. Clases de periodismo. 27 ago. 2012. Disponível em: <http://www.clasesdeperiodismo.com/2012/08/27/profesor-universitario-utiliza-klout-para-determinar-la-nota-de-sus-alumnos/>. Acesso em: 29 ago. 2012.

45

disso, o serviço identifica com quem você mais interagiu nos últimos tempos,

mostrando quem você influi e por quem você é influenciado. Os usuários podem aderir

a promoções e descontos em produtos dependendo da sua pontuação.

Figura 2 – Página do usuário no Kred

Fonte: Elaborado pelo autor (2013)

O Kred, diferentemente dos outros serviços, atribui uma pontuação que varia

de 0 a 1000, representando a capacidade de um usuário mobilizar outros através de

respostas, retweets e outras ações. O grande diferencial do serviço é o de que ele

fornece uma análise mais transparente das informações do usuário (p. 190),

mostrando detalhadamente quanto cada conteúdo publicado contribuiu para o cálculo

do índice. O usuário também pode aderir a promoções que garantem descontos,

brindes ou algum outro benefício. Apesar disso, a ferramenta analisa informações de

poucas plataformas de redes sociais quando comparada ao Klout, coletando dados

apenas do Twitter, Facebook e LinkedIn.

46

5 METODOLOGIA E ANÁLISE DE DADOS

A internet constitui uma representação de nossas práticas sociais e demanda novas formas de observação, que requerem que os cientistas sociais voltem a fabricar suas próprias lentes, procurando instrumentos e métodos que viabilizem novas maneiras de enxergar. (HALAVAIS, 2010, apud FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2011, p. 13-14).

A internet não deu início a uma nova metodologia de pesquisas apenas pela

grande disponibilidade de informações, mas também por ser um objeto de estudo que

se relaciona com diversas culturas e atua como uma representação virtual das

interações sociais do mundo real. Os estudos sobre identidades na web buscam

analisar os fenômenos que ocorrem nas comunidades virtuais. Antes vista como um

espaço completamente distinto do offline, a perspectiva sobre a internet mudou com

o passar dos anos e com o surgimento das redes sociais (FRAGOSO; RECUERO;

AMARAL, 2011, p. 41).

O estudo da identidade pessoal pode estar vinculado a ambos tipos de

abordagem propostos por Hine (2000, apud FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2011,

p. 42): a internet como cultura e como artefato cultural. Na primeira perspectiva,

observa-se as redes sociais como um ambiente onde os indivíduos interagem entre si

de forma distinta e única, apesar de serem representações de interações reais. Na

segunda, observa-se a forma como os sujeitos utilizam a internet para construir uma

identidade que reflete diretamente em suas ações e interações fora do ambiente

digital, como se fossem partes complementares de um mesmo self.

Para Halavais (2010, apud FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2011, p. 14), um

dos principais desafios deste tipo de pesquisa é o de que “a interação social em ampla

escala é muito difícil de observar”, pois “a grande quantidade de coisas que acontecem

a cada momento torna a previsão difícil”. Apesar disso, através da generalização

torna-se possível prever o comportamento humano em grande escala com base em

padrões e teorias já consolidadas.

A análise e observação das redes sociais na internet vem sendo uma boa forma

de compreender uma comunidade, já que as representações virtuais das estruturas

sociais permitem uma observação macroscópica das interações que ocorrem entre os

indivíduos. Entretanto, é importante que o pesquisador tenha uma certa sensibilidade

que o permita observar os sujeitos de outras perspectivas que não sejam apenas do

seu próprio ponto de vista (p. 15).

47

Sendo assim, após o estudo teórico dos conceitos discutidos até agora, neste

capítulo serão abordados os processos metodológicos utilizados na realização desta

pesquisa. Serão apresentados os objetivos, procedimentos, justificativas e resultados

de cada uma das etapas do processo de concepção deste trabalho, que busca a

explicar e estudar um determinado problema.

5.1 ESTUDO EXPLORATÓRIO

Inicialmente, optei por realizar um estudo exploratório para compreender

melhor o tema da pesquisa, até então ainda pouco explorado. Para Santos e

Candeloro (2009, p. 73), os estudos exploratórios proporcionam uma "ampla visão

sobre o tema selecionado" e normalmente se utilizam de um instrumento de

levantamento de dados, como um questionário ou entrevistas.

Através do estudo exploratório é possível criar uma aproximação maior com o

tema e levantar dados ainda não expostos na pesquisa. Para Siqueira (2005, p. 81),

a técnica procura "tornar o problema mais explícito, aprimorar as ideias ou a

descoberta de intuições" e geralmente "representa o primeiro estágio de qualquer

pesquisa, sendo, portanto, bastante flexível".

O estudo exploratório também permitiu um ajuste no direcionamento da

pesquisa, que a partir de agora teria seu foco voltado às implicações pessoais do uso

do Klout ao invés do seu uso como ferramenta de marketing para empresas, até então

a abordagem inicial deste trabalho. Com isso, novas problemáticas surgiram a fim de

compreender melhor a relação das pessoas com os processos de construção de

identidade descritos durante o trabalho.

Sendo assim, uma breve pesquisa de opinião (survey) foi realizada com oito

pessoas entre a faixa etária dos 17 aos 27 anos entre o período de 28 de novembro e

30 de novembro de 2012. O critério de seleção para a escolha dos participantes era

ter uma pontuação relativamente elevada no Klout (acima de 50). A pesquisa foi feita

durante um intervalo curto de três dias, onde as pessoas recebiam um questionário

online com perguntas sobre o comportamento delas nas redes sociais:

a) Você se considera influente ou popular nas redes sociais? Por que?

b) Você se preocupa com a repercussão do seu conteúdo nas redes sociais?

48

c) Você alguma vez já fez publicou algo nas redes sociais apenas por causa da

repercussão que este conteúdo daria?

d) Você já viu ou participou de alguma promoção acontecendo nas redes

sociais que envolvia receber o maior número de likes possível para ganhar?

e) Você acha que muitas pessoas postam determinados conteúdos nas redes

sociais apenas para "se mostrar" para os outros?

Quando questionados se nas redes sociais se consideram influentes ou

populares, ou até que ponto se importam com a repercussão do conteúdo que postam,

a maioria dos participantes afirmou que não liga muito para a quantidade de

seguidores ou de amigos, apesar de terem uma certa noção da relevância destes

números. Apesar de todos os selecionados para a pesquisa terem uma pontuação

bem acima da média global no Klout, nenhum deles se considerou influente ou popular

explicitamente. Boa parte dos participantes disse que utiliza as redes sociais

predominantemente pra manter contato com amigos ou conhecidos, e que muitas

vezes estas pessoas compartilham do mesmo interesse.

Uma das hipóteses levantadas foi a de que estas pessoas podem não se

considerar influentes fora do seu círculo social, mas dentro dele seus níveis de

influência podem ser bem elevados. Vários deles também acreditam que a

repercussão depende muito mais do conteúdo do que da própria pessoa que o

compartilha. Uma das participantes chegou até́ a falar sobre suas duas identidades

nas redes sociais: seu perfil fake é mais popular do que seu próprio perfil pessoal.

Quanto ao conteúdo e sua repercussão, praticamente todos os participantes

falaram sobre uma preocupação natural e inevitável com o que as pessoas vão achar

sobre o que foi publicado, o que indica que existe prudência antes de compartilhar

algum conteúdo. Percebe-se também uma preocupação com relação à reputação

entre colegas de trabalho, já que muitas vezes são seus amigos nas redes sociais.

Além disso, em entrevistas de emprego, sabe-se que muitos empregadores verificam

os perfis dos candidatos nas redes sociais.

Entretanto, nenhum dos participantes afirmou explicitamente que compartilha

conteúdos motivados unicamente pelo fato de acreditarem que o conteúdo vai

repercutir. Percebe-se que existe uma certa noção sobre quais tipos de conteúdo

repercutem mais ou menos, porém não é uma regra. A grande maioria confessou que

em alguma vez já publicou algum conteúdo motivado pela visibilidade que ele traria.

49

Todos os participantes já viram um ou mais casos de promoções que usam

como critério o número de likes para determinar o vencedor, inclusive casos em que

participantes trapaceavam de alguma forma. A maioria deles condenou os usuários

que adotam este tipo de estratégia, enquanto alguns acham esse tipo de promoção

muito apelativa, podendo prejudicar até mesmo a imagem da empresa. Na maioria

das vezes, as pessoas acabam se envolvendo em promoções como essas através de

amigos que pedem para “curtir” o conteúdo como uma forma de apoio.

Além disso, todos os participantes reconhecem que hoje muitas pessoas

publicam conteúdos em suas redes apenas como forma de exibir sua boa condição

financeira ou social para as outras. Alguns deles acham que isso é uma forma de

apelação, outros acham que é apenas uma característica do estilo de vida de cada

pessoa. Algumas pessoas fazem, outras não.

No final da pesquisa, os participantes também eram questionados sobre seu

conhecimento com relação ao Klout e outras ferramentas de mensuração nas redes

sociais. A maioria respondeu que já ouviram falar algo sobre isso alguma vez,

principalmente sobre o Klout, já que praticamente todos são usuários da ferramenta.

Outras ferramentas como o PeerIndex e TweetLevel são familiares para algumas

delas também. Já o Kred e o EmpireAvenue não são conhecidos por nenhum deles.

5.2 PESQUISA QUALITATIVA

Dando continuidade à pesquisa, um levantamento de informações de caráter

qualitativo foi realizado para validar os objetivos iniciais deste trabalho. Para Santos e

Candeloro (2006, p. 57-58), a pesquisa qualitativa busca interpretar e dar sentido aos

fenômenos analisados através do ambiente natural como fonte de dados, não sendo

possível traduzi-los em números. Entrevistas foram utilizadas como instrumento de

levantamento de dados.

Segundo Duarte (2008, p. 62), a entrevista é uma “técnica qualitativa que

explora um assunto a partir da busca de informações, percepções e experiências de

informantes para analisá-las e apresentá-las de forma estruturada”, permitindo que o

informante tenha uma liberdade maior na escolha das palavras e que o entrevistador

adapte as perguntas conforme a necessidade. Os dados são resultado da

“interpretação e reconstrução pelo pesquisador, em diálogo inteligente com a

realidade” (p. 63).

50

Optei pela o modelo de entrevista semiaberta para a realização da pesquisa,

onde o pesquisador segue um roteiro de questões definidas. Duarte (2008, p. 66)

explica que “a lista de questões desse modelo tem origem no problema de pesquisa

e busca tratar da amplitude do tema, apresentando cada pergunta da forma mais

aberta possível”, podendo ser “adaptada e alterada no decorrer das entrevistas”.

No total, onze pessoas foram selecionadas para participar das entrevistas. O

critério básico de seleção era possuir uma conta em ambas as plataformas de redes

sociais estudadas neste trabalho, Facebook e Twitter, e ser um usuário ativo em pelo

menos uma delas. Das onze entrevistas, nove delas foram feitas através do chat pela

internet, uma delas através do e-mail, e outra presencialmente.

Apesar de a entrevista através da internet não permitir ao entrevistador analisar

características como tom de voz ou expressão corporal, as entrevistas feitas através

de uma conversa em tempo real em um chat permitiram uma naturalidade maior em

comparação com a entrevista feita por e-mail. Ao final deste trabalho encontram-se

anexadas as transcrições de todas as entrevistas.

A entrevista seguia o seguinte roteiro de perguntas:

a) Em quais redes sociais você é tem conta e é ativo no momento? Você sabe

quantos amigos ou seguidores possui em cada uma delas?

b) Que tipo de conteúdo você costuma publicar? Links, fotos, vídeos,

atualizações de status? Você posta conteúdos diferentes em cada uma delas?

c) A maior parte do conteúdo é produzido por você mesmo ou apenas

compartilhado de outros canais?

d) Você se importa com o número de likes, comentários ou retweets dos

conteúdos que você publica nas redes sociais?

e) Você acha que as pessoas se importam demais com isso?

f) Você acha que há pessoas que publicam conteúdos apenas para receber

interações como likes, comentários ou retweets das pessoas?

g) Você consegue identificar quando alguém faz isso? Lembra de alguém que

fez algo parecido nos últimos tempos? Que tipo de conteúdo normalmente é?

h) Você consegue prever se um conteúdo que você publicou vai gerar vários

likes ou comentários? Isso já passou pela sua cabeça antes de publicar algo?

51

i) Você alguma vez já publicou algo apenas pensando na repercussão que isso

traria em termos de likes, comentários, compartilhamentos ou retweets?

Lembra que tipo de conteúdo era?

j) Você costuma prestar atenção na quantidade de amigos ou seguidores que

as pessoas possuem nas redes sociais? Você acha isso importante para

determinar a popularidade de alguém?

l) Você julga ou alguma vez já julgou alguém pela quantidade de likes,

comentários ou até mesmo pela repercussão que o conteúdo da pessoa recebe

nas redes sociais? O que levou você a fazer isso?

m) A quantidade de likes, comentários e retweets é relativo ao conteúdo em si,

mas e com relação ao número de conexões do usuário? Você julga ou alguma

vez já julgou alguém pela quantidade de amigos ou seguidores que essa

pessoa tem nas redes sociais?

n) Você acha que a popularidade de alguém na internet está ligada diretamente

com a popularidade dela fora da internet, ou seja, no mundo real/offline?

o) O que você pensa sobre medir a popularidade de uma pessoa com base na

quantidade de amigos ou seguidores que ela possui nas redes sociais? Acha

que isso é possível ou correto?

p) Você já ouviu falar no Klout?

Durante a entrevista, caso o informante não conhecesse o Klout, uma breve

explicação sobre a finalidade e o funcionamento da ferramenta era dada. Caso o

entrevistado já fosse usuário do Klout, o seguinte roteiro de perguntas era aplicado:

a) Como você descobriu ou ficou sabendo do Klout? Você lembra quais foram

os motivos que levaram você a se cadastrar e utilizar o serviço?

b) Você ainda utiliza a ferramenta atualmente? Costuma utilizá-la

frequentemente? Lembra qual foi a última vez que acessou o serviço para

verificar como estava sua pontuação?

c) Você já fez algum tipo de esforço para aumentar sua pontuação ou publicou

algum conteúdo pensando no impacto que ele traria para sua pontuação?

d) Uma vez que a pontuação dada pelo Klout representa o nível de influência

de 0 a 100 de um indivíduo nas redes sociais, o que você pensa sobre a sua

pontuação? Ela está acima ou abaixo do que você esperava?

52

e) Considerando a pontuação de outros usuários dentro do seu círculo social,

você acha que sua pontuação está de acordo com suas expectativas?

f) Você se preocupa com a privacidade das suas informações? Você percebe

algum tipo de risco ao expor seus conteúdos nas redes sociais ou ao conectar

suas contas com ferramentas como o Klout?

g) O Klout também faz uma análise do conteúdo que você posta e diz em que

tópicos é assuntos você é considerado influente, ou seja, tem bastante

conhecimento sobre. Você sabe quais os assuntos que a ferramenta atribuiu a

você? Você concorda com os assuntos a que lhe foram atribuídos?

h) Algumas empresas oferecem benefícios ou regalias (chamados de Perks)

para usuários considerados influentes em determinado tema ou assunto. Você

já recebeu algum desses benefícios? Se sim, você utilizou eles?

Ao final da entrevista, todos os entrevistados eram questionados sobre sua

opinião a respeito da utilização do Klout, dando exemplos de casos em que a

ferramenta era utilizada na vida real:

a) Como você acha que um índice como o do Klout pode ser útil para as

pessoas? Imagine o contexto sendo utilizado para classificar candidatos a uma

entrevista de emprego ou dar melhores quartos de hotel a hóspedes mais

influentes, por exemplo. Você concorda com isso?

Todos os onze entrevistados possuem um perfil no Facebook e no Twitter.

Apesar disso, alguns usuários afirmaram estar inativos no Twitter há algum tempo. O

Instagram, rede social para compartilhamento de fotos, também foi muito mencionado

nas entrevistas: oito pessoas afirmaram ter conta no serviço e costumam usá-lo

regularmente. Também foram mencionados serviços como Foursquare, LinkedIn,

Last.fm, Tumblr e Vine, porém com menos frequência. A maioria das pessoas soube

informar, sem hesitar, a quantidade aproximada de amigos e seguidores que possuía,

no momento da entrevista, em cada uma das redes sociais, o que demonstra que o

número de conexões é uma variável em que os usuários prestam atenção.

Durante a observação e as entrevistas, foi possível constatar que os usuários

publicam informações de diferentes características em cada uma das redes sociais,

dificilmente replicando o mesmo conteúdo em mais de um local. Como cada um dos

53

serviços possui suas próprias particularidades e o círculo social dos usuários não é o

mesmo em todos eles, parece natural que os usuários adaptem seus conteúdos

dependendo de fatores como a audiência e as características técnicas da plataforma.

É possível perceber certos padrões no conteúdo publicado no Facebook e no

Twitter. No Facebook, a maior parte dos usuários costuma publicar fotos (sejam elas

retratos pessoais ou com amigos) e vídeos, principalmente. Boa parte dos

entrevistados afirmou ter o costume de publicar frequentemente vídeos de músicas

que refletem seus gostos. Já no Twitter, muitos dos entrevistados descreveram seu

uso como algo mais livre e cotidiano, com atualizações sobre o dia-a-dia, opiniões,

críticas, reclamações e até mesmo desabafos. Muitos, inclusive, utilizam o Twitter

para publicar, na maioria das vezes, conteúdos humorísticos e engraçados, não

levando muito a sério as informações publicadas lá ou não se importando com o

julgamento das outras pessoas. Sendo assim, no Facebook acaba havendo um

cuidado maior com o conteúdo publicado pelos usuários, enquanto o Twitter aparenta

ser um ambiente com mais liberdade com relação ao que é compartilhado. Também

é possível perceber o exercício da curadoria entre os usuários, que compartilham

notícias (geralmente com algum comentário), vídeos, citações e outros conteúdos que

geralmente são o reflexo dos seus gostos pessoais.

Praticamente todos os entrevistados mostraram que se importam, de alguma

forma, com os likes, comentários ou retweets dos conteúdos que publicam. A maioria

afirmou que não se importa especificamente com a quantidade, mas frequentemente

observa quem interagiu com o conteúdo como uma forma de saber que tipo de

conteúdo normalmente ganha mais atenção dos usuários ou até mesmo saber quais

pessoas compartilham dos mesmos gostos. Ainda assim, muitos entrevistados

confessaram que a sensação de receber várias interações em um conteúdo é boa e

gratificante, apesar de não utilizarem isso como único critério antes de publicar algo

ou de não se sentirem frustrados por uma publicação não ter a repercussão esperada.

Para muitos, dizer que não se importa com isso é uma forma de negação.

“Eu percebo um padrão de pessoas que curtem minhas postagens e normalmente são pessoas que tem os mesmos gostos que eu. Acho que sim, eu me importo com essa questão porque pra mim é uma forma de ver se tem alguém que “presta atenção” no que eu posto. [...] Eu acho que todos se importam, sem exceções. Mas alguns se importam mais e outros se importam menos. Acho que varia de acordo com a necessidade de

54

satisfazer o ego e saber que tem alguém que fica de olho no que tu posta.” (T.C.)

Na opinião dos entrevistados, todos concordaram com o fato de as pessoas,

no geral, se importarem demasiadamente com a quantidade de likes, comentários e

retweets que suas publicações ganham, levando alguns usuários a postarem

determinados conteúdos unicamente com o objetivo de receber um grande volume de

interações. Muitos acreditam que essa preocupação tenha virado uma obsessão por

parte dos indivíduos, e que a necessidade de atenção é cada vez maior, apesar de

variar de usuário para usuário. Para C.B., o gerenciamento do comportamento online

passou a ser exagerado, e a internet muitas vezes acaba sendo um “suporte à baixa

auto-estima das pessoas”. Outro entrevistado levantou, inclusive, a hipótese de que

mulheres tendem a se importar mais com isso quando comparadas aos homens.

A maioria dos entrevistados afirmou, também, que é possível perceber quando

uma pessoa publica algo motivada unicamente pelo número de interações que o

conteúdo pode receber, geralmente apelativo. Alguns afirmaram ser comum ver

usuários compartilhando fotos de viagens, carros ou presentes para causar inveja, ou

mulheres publicando fotos suas apenas de biquíni, por exemplo. Muitos deles também

percebem também que, frequentemente, muitos usuários opinam sobre assuntos

polêmicos ou que estão repercutindo no momento, inclusive sobre assuntos que não

dominam, apenas para se sentirem inseridos ou fazer parte da discussão. São estes

tipos de conteúdo que normalmente recebem um grande volume de interações. É

possível perceber uma tendência das pessoas em publicar conteúdos relacionados a

modismos, geralmente esperando um maior reconhecimento.

“Normalmente é conteúdo que recém foi descoberto ou que virou modismo [...] e por gerarem algum buzz fazem a pessoa querer se enturmar no assunto e ser especialista naquilo. Do dia pra noite a pessoa passa a ter uma opinião agressiva e certeira sobre acerca de todo o contexto que envolve aquele conteúdo” (C.B.)

Com relação aos conteúdos publicados, dez dos onze entrevistados afirmaram

que em alguma vez já pensaram na repercussão que um conteúdo teria antes de

postá-lo. Quando se trata de um assunto polêmico, principalmente, espera-se uma

maior repercussão e debate ao redor do tema. Muitos dos usuários não criam uma

expectativa unicamente com relação à quantidade de interações, mas já imaginam as

55

pessoas que potencialmente vão interagir com aquele conteúdo, geralmente quem

compartilha do mesmo gosto ou opinião. Alguns entrevistados sabem, inclusive, os

tipos de conteúdo com que seus amigos normalmente interagem: fotos em situações

engraçadas e inusitadas, vídeos de músicas populares ou notícias sobre animais

foram alguns dos exemplos levantados durante a pesquisa.

“quando eu posto alguma coisa ja imagino quem pode ou deve curtir, até pq os amigos tem um gosto parecido [...] e quando tem algum tema polemico tbm, é certo que vai ter comentario” (C.T.)

“tipo a minha foto de cabeça para baixo eu postei ja sabendo que ia ter curtidas Mas não foi só por esse motivo que botei, pq eu gostei dela [...] e achei engraçada mas sabia que ia dar umas 30 curtidas.” (G.B)

Dos onze entrevistados, nove confessaram já ter publicado algo motivados

unicamente pela quantidade de interações que o conteúdo poderia render. Na maioria

das vezes, os conteúdos se tratavam de uma foto engraçada ou sobre um tema

polêmico no momento.

Com relação ao número de amigos ou seguidores, as opiniões foram variadas.

Pouco mais de metade dos entrevistados diz que costuma reparar no número de

conexões dos usuários, muitas vezes sendo inevitável, apesar de a maioria não

considerar isso um critério para julgar uma pessoa, pois reparam mais em seu

conteúdo. Cada usuário pode ter critérios diferentes para adicionar um amigo: há

quem adicione qualquer pessoa, mesmo que não a conheça, e há quem só adicione

pessoas mais próximas ou conhecidas.

A quantidade de conexões chama a atenção principalmente quando é muito

grande ou muito pequena, servindo de critério para muitas pessoas avaliarem se um

determinado perfil é fake ou não. Alguns dos entrevistados também afirmaram que

não prestam muita atenção na quantidade de conexões pois acreditam que pode ser

facilmente manipulada.

Boa parte dos entrevistados também acredita que o número de interações

como likes, comentários e retweets que uma pessoa recebe está mais diretamente

ligado a popularidade do que o próprio número de amigos ou seguidores. Quem é

mais popular tende a receber um engajamento maior em seus conteúdos.

“muita gente que é popular na internet pode não ter muitos amigos na vida real [...] eu posso ser popular, postar fots legais, frases legais, vídeos

56

engraçados, e todos curtirem [...] ser popular pelo o que eu posto na intenet mas não sou popular por quem realmente eu sou” (M.T.)

Além disso, foi levantada a hipótese de que o número de seguidores pode

representar mais a popularidade de uma pessoa do que o número de amigos, apesar

de representar laços mais fracos que existem entre dois indivíduos (RECUERO, 2009,

p. 41), pois a relação depende apenas de um dos sujeitos. Um usuário com um

número maior de seguidores do que de amigos pode indicar que ele é bem conhecido.

Quando perguntados sobre a ligação da popularidade de uma pessoa na

internet e fora dela, ou seja, na vida real, as opiniões se dividiram. Apesar de a maioria

achar que existe, de fato, alguma ligação entre a popularidade online e offline, existem

muitos outros fatores que devem ser considerados. Critérios como o número de

amigos, seguidores ou até mesmo de likes recebidos podem dar indícios sobre a

popularidade e autoridade de alguém, porém possuem uma margem de erro muito

grande e não devem ser levados em conta isoladamente, já que podem ser facilmente

manipulados. Para L.R., as pessoas criam uma imagem de quem elas gostariam de

ser nas redes sociais.

Desconsiderando celebridades, boa parte dos entrevistados acredita que a

relação entre a popularidade online e offline vai depender de cada pessoa: existem

indivíduos muito conhecidos fora da internet, porém são reservados e não muito ativos

dentro dela, assim como existem usuários muito populares na internet e fora dela não

possuem a mesma notoriedade. Apesar disso, muitos deles acreditam que há uma

tendência entre pessoas que são bastante conhecidas na vida real de alcançarem

uma popularidade maior na internet, assim como algumas pessoas só ficaram

famosas após obter grande sucesso na web.

“eu vejo pessoas comuns nos lugares que eu frequento e fico imaginando como elas são online, se elas “bombam” mais e etc. mas ali, fisicamente, são meros estudantes e frequentadores de um bar [...] metade dos meus seguidores, os que eu conheço, nem me olham na cara se me vêem na rua, mas chegam em casa e me favoritam” (R.W.)

Ao final da entrevista, dos onze entrevistados, quatro já possuíam suas contas

de redes sociais conectadas ao Klout, quatro nunca ouviram falar a respeito, e três já

ouviram alguma menção da ferramenta, porém não sabiam do que se tratava. Das

quatro pessoas que já conheciam o Klout, todas elas não utilizavam a ferramenta há

57

um bom tempo, porém acessaram o serviço para verificar como estava sua pontuação

durante a entrevista. Outros três entrevistados que não conheciam a ferramenta

realizaram o cadastro e conectaram suas redes sociais ao serviço após a entrevista.

Mesmo após passarem bastante tempo sem acessá-lo, nenhum dos quatro

entrevistados que já utilizavam o Klout discordou da pontuação atribuída a cada um

deles, ficando de acordo com as expectativas ou com a atividade de cada usuário nas

redes sociais, inclusive quando comparado a pontuação dos amigos que também

utilizam a ferramenta. Dois dos entrevistados se mostraram confusos com relação à

forma como o Klout mede seus níveis de influência, que muitas vezes aumentava e

diminuía sem motivos aparentes.

Dois dos usuários do Klout tiveram tópicos de influência atribuídos

automaticamente pela ferramenta aos seus perfis. Em ambos os casos, os tópicos

eram condizentes com os temas que cada um dos usuários costumava publicar nas

redes sociais. Apenas um usuário já recebeu um Perk como recompensa pelo seu

nível de influência em determinado assunto, porém não foi possível utilizá-lo devido a

promoção ser válida apenas para residentes dos Estados Unidos.

Quando questionados sobre sua opinião com relação ao uso do Klout como

ferramenta de avaliação da influência e da popularidade, dois dos entrevistados não

concordaram de forma alguma com o uso do Klout para beneficiar usuários influentes,

já que a realidade da pessoa fora da internet pode ser bem diferente da retratada nas

redes sociais. Entretanto, a maioria dos entrevistados acredita que o serviço pode ser

uma excelente ferramenta para empresas, que podem usá-lo para identificar

potenciais consumidores e divulgar seus produtos de uma forma barata e eficaz. Os

usuários também acabam se beneficiando, já que são recompensados pela influência

que exercem sobre outras pessoas, consequência da atividade que exercem nas

redes sociais. Para R.W.B., oferecer uma pontuação só pelo fato de ela existir não

agrega valor a ninguém. Ela se torna relevante a partir do momento em que os

usuários podem receber algo em troca por isso.

Apesar de seu uso comercial, quando confrontados com as implicações

pessoais que o Klout pode trazer na vida offline, como influenciar em entrevistas de

emprego, a maioria dos entrevistados se mostrou contra o uso da ferramenta em

casos como este. O Klout pode ser muito útil e recompensador, desde que seu uso

ofereça apenas benefícios e não prejudique quem não o utiliza. A ferramenta pode

servir como um critério adicional de avaliação, facilitando a análise quando a

58

quantidade de informações é muito grande, porém não deve ser o único fator a ser

considerado. Em entrevistas de emprego, por exemplo, a pontuação pode servir como

indício, mas não deve ser critério decisivo.

“minha opinião é que essa ferramenta seria de bom uso para uma espécie de 'tira teima', algo extra, mas não que seja ponto principal para uma escolha de importancia alta” (R.C.)

Para G.B., assim como a quantidade de interações nos conteúdos publicados

nas redes sociais, o Klout interfere na satisfação das pessoas com relação ao

reconhecimento, e pode diminuir a auto-estima das pessoas menos populares quando

a pontuação for baixa.

59

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A quantidade de informações aumenta e o controle que temos sobre elas

diminui, ameaçando diretamente nossa reputação e exigindo um cuidado cada vez

maior com as informações que publicamos. Apesar disso, parece que as pessoas se

acostumaram, de certa forma, com a constante exposição na internet. A sensação de

estar sendo vigiado faz com que este controle aconteça de forma natural por parte

dos usuários, muitas vezes até inconscientemente. Acredito que o Panóptico de

Bentham dos dias de hoje não tenha um único observador central, pois todos os

indivíduos são observadores uns dos outros.

Por outro lado, a exposição que a internet proporciona tem um papel importante

no processo de sociabilidade dos indivíduos, satisfazendo a necessidade de atenção

que é inerente ao ser humano. A tendência de transformar a vida cotidiana em um

espetáculo, potencializada pelas redes sociais, mostra que a vida privada se torna

cada vez mais pública e a privacidade está perdendo seu valor. Hoje é preciso ser

visível para existir.

Talvez parte dessa vontade do ser humano de celebrar a si mesmo seja

herança do mundo das celebridades a que somos expostos desde o surgimento dos

meios de comunicação em massa. Talvez essa seja uma forma de nos sentirmos

como elas, de sermos os protagonistas da narrativa, mesmo que seja do nosso próprio

círculo social. O fato é que espetacularizar e transformar absolutamente tudo em

produto de entretenimento são tendências de uma sociedade contemporânea que

valoriza exageradamente as imagens e as aparências. Existe um complexo fenômeno

psicológico por trás da necessidade que temos de nos sentirmos objetos de interesse

de outros indivíduos. Entretanto, existem outras áreas da ciência, como a psicologia,

que já desenvolvem estudos sobre esta problemática.

A internet, acima de tudo, redefiniu a forma como construímos nossa

identidade, possibilitando que as pessoas criem representações de si mesmos da

forma como lhes convém, muitas vezes distorcidas da realidade. A própria sensação

de estar sendo vigiado já faz com que as pessoas modelem seu comportamento,

principalmente pelo fato de a reputação ser tão importante em nossas vidas, já que

muitas das interações sociais dependem dela. Os diversos recursos das redes sociais

tornam cada vez mais fácil a manipulação da nossa identidade. As pessoas criam na

internet a vida que gostariam de ter.

60

Muito mais do que uma ferramenta de análise ou de marketing, o Klout - e todas

as outras ferramentas do gênero - trouxe à tona uma questão que diz respeito a todos

os usuários de redes sociais: afinal, nossa reputação pode ser reduzida a um simples

número? Com um input de informações cada vez maior e nossa atenção cada vez

mais escassa, surge a necessidade de encontrar atalhos para lidar com grandes

quantidades de dados. Ferramentas como o Klout são uma tentativa de criar uma

unidade de medida única e padrão para representar o que nosso cérebro

automaticamente faz quando somos influenciados por números de amigos,

seguidores, likes, comentários, etc. É um processo biológico, de certa forma, assim

como o princípio do handicap propõe.

A tentativa de quantificar o que até então era imensurável vem acompanhada

de uma série de controvérsias, no entanto, pois estamos reduzindo toda a

complexidade das interações sociais em uma simples contagem de interações com

nossos perfis. Este é o momento em que nossa representação virtual passa a

influenciar em nossa reputação na vida real.

A pesquisa procurou compreender como os índices numéricos das redes

sociais influenciam na percepção da reputação das pessoas e o quanto isso influencia

no processo de construção da identidade dos usuários na internet. Através dela, foi

possível perceber que, de fato, existe uma certa preocupação com relação aos

números, já que estas informações são indícios que representam valores como

popularidade, autoridade e influência de uma forma que contribuem para formação da

impressão sobre algo ou alguém. Diversos outros fatos como o uso de ferramentas

para aumentar artificialmente o número de seguidores, as comunidades que

promoviam a competição por número de amigos entre usuários no Orkut e a venda de

likes pela internet comprovam que essa questão é muito presente entre os usuários,

apesar de muitas vezes ser despercebida.

Cabe agora aos futuros pesquisadores entender como se dá a relação entre a

preocupação com a reputação online e a auto-estima das pessoas. Assim como

Schaeffer (2012, p. 112), acredito que "para muitos, toda essa tendência está

começando a parecer muito com o colégio. As pessoas com pontuações altas no Klout

61

são as crianças legais, e a reação é querer estar com as crianças legais também, ou

ressentir toda a ideia"60.

De qualquer forma, acredito que o Klout tenha um grande potencial como

ferramenta, principalmente para empresas, desde que seu uso seja justo e racional,

dentro do âmbito da internet. Um usuário pode se beneficiar de diversas formas

utilizando o serviço, desde monitorar o alcance de seu conteúdo entre seus círculos

sociais, até ganhar recompensas de marcas que reconhecem seu poder de conexão

e seu conhecimento sobre determinado assunto.

Arrisco em dizer que ferramentas como o Klout podem, inclusive, dar origem a

uma nova forma de monetização na internet, onde bens materiais poderão ser

trocados não apenas por dinheiro, mas por informações. Dados possuem um valor

cada vez maior para empresas e organizações, e o crescente volume torna a tarefa

de analisá-los e filtrá-los um desafio cada vez maior. É neste contexto que serviços

como o Klout podem ganhar destaque e ter grande utilidade para diversos fins.

sistemas de mensuração e gerenciamento da reputação online são os novos sites de produção cultural; eles são espaços onde a expressão pessoal é ostensivamente constituída como ‘reputação’61 (HEARN, 2010, p. 422).

60 Tradução livre: "To many, this whole trend is starting to feel a lot like high school. The people with high Klout scores are the cool kids, and the reaction is that either we want to be with cool kids too or we resent the whole idea." 61 Tradução livre: “online reputation measurement and management systems are new sites of cultural production; they are places where the expression of feeling is ostensibly constituted as ‘reputation’”.

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APÊNDICE A – TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS

Entrevistado(a): T.C.F. Data da entrevista: 13/05/2013 Tipo de entrevista: Internet (chat) 9:43pm - Entrevistador beleza, então só deixa eu te explicar mais ou menos qual é o objetivo da pesquisa. meu TCC é pra tentar analisar qual é a percepção das pessoas sobre a popularidade e a reputação das outras nas redes sociais. por exemplo, até que ponto o número de seguidores de alguém importa, como nós julgamos cada um desses números, essas coisas. a partir disso tenho algumas perguntas... 9:43pm - T.C.F. ok 9:44pm - Entrevistador a primeira delas: em quais redes sociais tu tem conta e é ativa no momento? tu sabe quantos amigos ou seguidores possui em cada uma delas? (não precisa olhar, é mais pra ver se tu sabe de cabeça mesmo) 9:46pm - T.C.F. nãão enviou?? Twitter e Facebook. NO twitter sigo 91 e tenho 302 seguidores e eu fiz face novo, daí tenho só 256 amigos 9:47pm - Entrevistador ah, agora chegou e que tipo de conteúdo tu costuma postar nessas redes? links, fotos, vídeos, atualizações de status? 9:48pm - T.C.F. mais fotos e links, e as vezes status 9:49pm - Entrevistador e a maior parte desse conteúdo que tu posta é produzido por ti mesmo ou é só compartilhado de outros canais? 9:49pm - T.C.F. no facebook a maioria é compartilhado, no twitter mais coisas que eu penso e etc 9:50pm - Entrevistador aham, entendi. então normalmente o conteúdo que tu posta no Twitter é diferente do que tu posta no Facebook e vice-versa, né? 9:51pm - T.C.F. sim, não publico muitas coisas no facebook. mais fotos mesmo. ah e uso instagram, mas não sou muito ativa lá haha 9:51pm - Entrevistador entendi

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e tu se importa com o número de likes ou retweets dos conteúdos que tu publica nas redes sociais? 9:52pm - T.C.F. claro que sim, acho que todo mundo que utiliza as redes sociais se importa com isso. likes e principalmente comentários e respostas. 9:53pm - Entrevistador mas tu acha que as pessoas se importam demais com isso? 9:53pm - T.C.F. se a pessoa publica algo é por que ela espera uma reação dos outros. depende de cada um, alguns se importam mais e outros menos. alguns publicam tanta besteira e coisa desnecessária que não devem esperar isso. hahaha 9:54pm - Entrevistador hahaha e tu acha que algumas pessoas publicam conteúdos apenas pra ganhar likes? 9:55pm - T.C.F. sim 9:56pm - Entrevistador e de que forma tu acha que elas fazem isso? tu consegue identificar quando uma pessoa faz isso ou lembra de alguém que fez algo parecido nos últimos tempos? que tipo de conteúdo normalmente é? 9:57pm - T.C.F. publicando coisas que não entende muito, ou só por que o assunto está em alta. isso responde a primeira e a ultima né? e a segunda pergunta, dá pra identificar quando conhecemos a pessoa melhor, se não não. 9:58pm - Entrevistador sim, é verdade e o que tu pensa sobre isso que elas fazem? 9:59pm - T.C.F. cada um cada um né... hahahahaha 9:59pm - Entrevistador haha, mas tu acha que é só uma forma de chamar a atenção ou que elas buscam algo a mais fazendo isso? 10:00pm - T.C.F. normalmente para chamar a atenção de um determinado grupo ou pessoa, ou para se mostrar mais 'cool' 10:00pm - Entrevistador entendi... e com relação ao teu conteúdo... tu consegue prever se um conteúdo que tu publicou vai gerar vários likes ou comentários? isso já passou pela tua cabeça antes de publicar algo? 10:02pm - T.C.F.

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as vezes sim, depende o estilo de conteúdo. quando são opiniões ou algum acontecimento importante sim. 10:03pm - Entrevistador então tu costuma se posicionar com relação a assuntos importantes que estão rolando e tal? 10:04pm - T.C.F. se tenho algum conhecimento sobre o assunto sim, se não no máximo questiono o por que do assunto estar tão comentado e no twitter questiono daí 10:05pm - Entrevistador aham, entendi e tu alguma vez já publicou algo apenas pensando na repercussão que isso traria em termos de likes, comentários, compartilhamentos ou retweets? lembra que tipo de conteúdo era? 10:06pm - T.C.F. já deve ter acontecido, mas não lembro e não tenho como ver pq apaguei total meu outro perfil 10:06pm - Entrevistador ah, é verdade. e tu costuma prestar atenção na quantidade de amigos ou seguidores que tem na rede social? tu acha isso importante pra determinar a popularidade de alguém? 10:06pm - T.C.F. se não dando uma olhadinha podia responder melhor essa 10:07pm - Entrevistador não tem problema recebeu a outra pergunta? 10:09pm - T.C.F. então, de 'amigos' não tanto. Na verdade, acho que popularidade é mais definida por seguidores. Amigos também, mas no caso a gente só sabe se nós mesmos daí, pois seriam quem nos adiciona, algumas pessoas tem muitos amigos, mas que são adicionados por elas, então não define realmente a popularidade da pessoa 10:09pm - T.C.F. não sei se ficou claro, ajuda aí! hehe 10:10pm - Entrevistador aham, entendi. mas tu acha que só vendo o número de amigos de alguém já dá pra saber se ela é popular ou isso não quer dizer nada? 10:11pm - T.C.F. se a pessoa tem muitos amigos no facebook não quer dizer que ela é popular por isso q te disse aí em cima 10:11pm - Entrevistador aham. e tu julga ou alguma vez já julgou alguém pela quantidade de likes, comentários ou pela repercussão em geral que o conteúdo dessa pessoa recebe nas redes sociais? o que te levou a fazer isso? 10:12pm - T.C.F.

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uma vez eu até pensava 'nossa tem mtos amigos' e tall só que pensando sobre o assunto vejo dessa forma. 10:13pm - Entrevistador aham 10:13pm - T.C.F. sim. se aparece fulano de tal e outros cinco amigos curtiram tal status, daí eu olho e tem muitos likes normalmente vou ver a página da pessoa 10:15pm - Entrevistador aham, entendi. e tu acha que a popularidade de alguém na internet tá ligada diretamente a popularidade dela fora da internet, ou seja, no mundo real/offline? 10:16pm - T.C.F. para algumas pessoas sim, e outras não algumas pessoas são conhecidas apenas no twitter por exemplo mesmo em cidade pequena como a nossa 10:17pm - Entrevistador tu acha que em cidade pequena isso dá pra se perceber melhor? 10:17pm - T.C.F. simmmm 10:18pm - Entrevistador e o que tu pensa sobre medir a popularidade de uma pessoa com base *apenas* na quantidade de amigos ou seguidores que ela possui nas redes sociais? tu acha que isso é possível ou correto? 10:18pm - T.C.F. no twitter até é possível, mas não acho correto. tô falando de pessoas 'normais' não de famosos e tal... pessoas como nós tipo 10:19pm - Entrevistador sim, isso... o foco são pessoas normais mesmo com celebridades a gente sabe que é diferente 10:20pm - T.C.F. isso mesmo! 10:20pm - Entrevistador e tu já ouviu falar no Klout, né? como tu descobriu ou ficou sabendo do Klout? lembra quais foram os motivos que te levaram a se cadastrar e utilizar o serviço? 10:20pm - T.C.F. Já, o motivo foi o teu TCC. hahaha 10:21pm - Entrevistador hahaha, que bom saber... mas tu sabia do que se tratava ou se cadastrou sem saber direito o que ele fazia? 10:21pm - T.C.F.

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Mas achei muito legal ver assim a influência que eu e meus amigos q são cadastrados tem nas redes sociais tu me falou do que se tratava, daí me cadastrei e adorei. agora não uso mais, tava conectado com a outra conta (até vou tentar conectar agora! ) 10:23pm - Entrevistador então tu não usou mais recentemente? tu lembra qual foi a última vez que acessou o serviço pra verificar como estava tua pontuação? tá quase terminando, tá! 10:23pm - T.C.F. faz um três meses que acessei pela última vez tava em 59 se não me engano daí exclui a página e entrei agora, tá pedindo para reconectar o facebook 10:24pm - Entrevistador entendi... isso, ele pede pra autorizar novamente toda vez que tu faz alguma alteração na conta e tu já fez algum tipo de esforço pra aumentar tua pontuação ou publicou algum conteúdo pensando no impacto que ele traria pra tua pontuação? 10:25pm - T.C.F. não, por que acho muito doida a forma que o klout avalia e aumenta ou diminui a pontuação 10:26pm - Entrevistador mas porque tu não consegue entender direito como é feita essa avaliação ou por algum outro motivo? 10:27pm - T.C.F. pq as vezes diminuia sem motivos, ou quando tinha muitas interações não aumentava 10:28pm - Entrevistador e tomando como base a pontuação da última vez que tu entrou no Klout. tu acha que ela tá acima ou abaixo do que tu esperava? 10:28pm - T.C.F. comparando aos amigos muito boa, só o teu é maior que o meu! hehehe 10:29pm - Entrevistador hahaha. então tu tava satisfeita com a tua pontuação? 10:29pm - T.C.F. sim na verdade agora entrei e tá mais baixa :((((((( é a pontuação mais baixa que já tive. 10:30pm - Entrevistador ah, mas provavelmente seja porque tu tenha conectado agora, ou porque tu tá com esse novo perfil há pouco tempo 10:30pm - T.C.F. é, tá em 54 10:31pm - Entrevistador

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e com relação a privacidade... tu se preocupa com a privacidade das tuas informações? tu percebe algum tipo de risco ao expor teus conteúdos nas redes sociais ou ao conectar tuas contas com ferramentas como o Klout? 10:32pm - T.C.F. não, por que cuido muito com o publico, não costumo publicar algo muito pessoal que possa me trazer alguma 'preocupação' o que publico* 10:33pm - Entrevistador aham, certo... então tu costuma pensar duas vezes antes de postar alguma coisa pra não se expor muito. é isso? 10:33pm - T.C.F. sim 10:34pm - Entrevistador beleza, vamos às últimas perguntas... o Klout também faz uma análise do conteúdo que tu posta e diz em que tópicos tu é considerada influente. tu sabe quais os assuntos que ele atribuiu pra ti? 10:35pm - T.C.F. eu sabiaa não lembro 10:36pm - Entrevistador haha, não tem problema. mas tu lembra se tu achava aqueles assuntos certos ou se tu concordava com os assuntos que ele atribuia? 10:38pm - T.C.F. acho que concordava sim 10:38pm - Entrevistador nada muito absurdo? haha 10:38pm - T.C.F. onde vejooo? 10:39pm - Entrevistador é lá na página do teu perfil. lá em baixo aparecem os "Tópicos" mas nem vem ao caso, era mais se tu lembrava mesmo 10:39pm - T.C.F. ok nao tem nada 10:40pm - Entrevistador ah, no Klout algumas empresas oferecem presentes (chamados de Perks) pra usuários considerados influentes em determinado tema. tu sabia desse recurso? já recebeu algum desses benefícios? 10:40pm - T.C.F. sempre teve essa mensgaem mas eu não entendia o pq Interested in receiving Perks?

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Before we can reward you with a Perk, we need to verify your age and location. HAHAH tu acaba de esclarecer 10:41pm - Entrevistador ah, sim... são presentes que algumas marcas oferecem pra pessoas "influentes", só que a maioria deles é só pro público dos EUA 10:41pm - T.C.F. que massa, acabei de responder as perguntas ai hahaha as perguntas dos perks no caso 10:42pm - Entrevistador ah, sim... daí talvez tu comece a receber os convites pros Perks 10:42pm - T.C.F. uhuuuu 10:42pm - Entrevistador bom, na última pergunta agora queria saber tua opinião. como tu acha que um índice como o do Klout pode ser útil para as pessoas? imagina o contexto da pontuação sendo utilizada pra classificar candidatos a uma entrevista de emprego ou dar melhores quartos de hotel a hóspedes mais influentes. tu concorda com isso? 10:44pm - T.C.F. sabemos que muitas empresas utilizam as redes sociais para conhecer melhor alguns candidatos, e que o conteúdo publicado pode ser bastante decisivo, com isso, acho que o Klout pode influenciar sim nesses casos 10:45pm - Entrevistador aham... mas tu acha isso certo? concorda com isso? 10:50pm - T.C.F. concordo e acho certíssimo, lamento que algumas pessoas não percebam a importância e oportunidades que as redes sociais podem oferecer. (tô falando de quem publica e compartilha besteira o dia inteiro) 10:52pm - Entrevistador haha, entendo. mas tu acha que pessoas que não tem muito conhecimento sobre isso ou que não estão nas redes sociais poderiam sair prejudicadas de alguma forma? 10:54pm - T.C.F. talvez um pouco prejudicadas. para uma vaga de emprego talvez seja aplicado um teste extra, se os contratantes analisam as redes sociais e a pessoa não possui perfil em nenhuma das redes 10:54pm - Entrevistador aham, entendi... bom, acho que era isso Entrevistado(a): R.C. Data da entrevista: 14/05/2013 Tipo de entrevista: Internet (chat)

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7:14pm - Entrevistador só explicando por cima qual é o objetivo da pesquisa... o tema é mais ou menos o mesmo daquele do ano passado. é pra tentar entender como funciona a percepção das pessoas com relação a popularidade/reputação nas redes sociais, o quanto número de likes, amigos, essas coisas, influem 7:15pm - Entrevistador bom, em quais redes sociais tu tem conta e é ativo no momento? sabe quantos amigos ou seguidores possui em cada uma delas? (não precisa ver, é mais pra saber se tu lembra) 7:18pm - R.C. Tá, as que eu sou mais ativo mesmo é no Facebook, Twitter e Instagram. Mas saber números exatos eu não sei de cabeça... Sei que no Facebook tenho pouco mais que 1000 adicionados, no twitter tenho 400 e poucos seguidores e no Instagram acho que é 200 7:18pm - Entrevistador aham. e que tipo de conteúdo tu costuma postar nessas redes? links, fotos, vídeos, atualizações de status? tu posta conteúdos diferentes em cada uma delas? 7:22pm - R.C. Ah, depende muito... O Facebook eu uso mais mesmo é pra conversar, trocar ideias e ver o que as pessoas tão comentando. Já o twitter eu sou mais ativo, porque fico twittando mais coisas do dia a dia, o que acontece comigo, seja lances mais sérios quanto coisas mais voltadas ao humor, assim como no instagram, que eu posto fotos do que acho interessante, que acho legal de ser compartilhadas 7:22pm - Entrevistador saquei e a maior parte do conteúdo é produzido por ti mesmo ou só compartilhado de outros canais? 7:24pm - R.C. creio que a maior parte do conteudo é de minha autoria sim 7:25pm - Entrevistador e quanto se importa com o número de likes, comentários ou retweets desses conteúdos que tu publica nas redes sociais? 7:28pm - R.C. bom, como uso o twitter mais pra falar sobre minhas coisas acho dificil receber retweets, então nem me apego muito a isso, já no fb ou no intagram meio que vejo o numero de likes pra ver do que os outros gostam mais ou menos, mas não pra saber e controlar o que eu vou postar. Só pra saber mesmo o que eles gostam e se familiarizam... 7:28pm - R.C. não sei se deu bem pra entender, fico meio confuso HAHAH 7:29pm - Entrevistador haha, entendi... faz bastante sentido e tu acha que as pessoas se importam demais com esse negócio de número de amigos, likes, seguidores, etc.? 7:32pm - R.C. Acho que isso difere muito da pessoa, ao meu ver as mulheres são as que mais se importam em ter tal numero de likes numa foto, pra meio que poder se mostrar para as outras

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indiretamente, já os homens que usam as redes sociais acho que se importam menos com isso 7:33pm - Entrevistador e tu acha que algumas pessoas publicam conteúdos apenas pra ganhar likes? sejam elas mulheres ou homens... 7:34pm - R.C. postar algo que ela não se interesse, só para ganhar likes eu até acho que não. Acho que essas pessoas gostam de ganhar like, mas mostrando algo, não por nada ... 7:36pm - Entrevistador entendi... tu lembra de alguém que possa ter postado algo que pra ti pareceu só ter sido publicado pra ganhar likes ou pra dar repercussão? (nao precisa de nomes, só pra saber se tu lembra. haha) 7:40pm - R.C. não sei se foi com essa intenção, mas no verão ainda tinha uma guria que tiro uma foto no espelho, normal, como todas as fotos na frente do espelho só que de biquini e eu vi que tinham 200 e poucos likes, se não me engano, dai isso me intrigo e eu fui ver as outras fotos dela e todas as outras nao passavam de 20~30 likes... Não vou acusá-la de ter feito isso com a intenção de se mostrar, ou ganhar likes né, mas foi um fato que me chamo atenção 7:40pm - Entrevistador haha, entendi é, parece bastante comum isso e com relação ao que tu posta... tu consegue prever se um conteúdo que tu publicou vai gerar vários likes ou comentários? isso já passou pela tua cabeça antes de publicar algo? 7:44pm - R.C. já passo sim, porque até mesmo antes de postar alguma coisa eu penso antes nas pessoas que vão ver, faço meio que uma avaliação pra ver se não estou ofendendo alguém por nada, ou o que e já tenho meio que em mente quem que vai se identificar, ou gostar, ou odiar, o que eu vou postar... mas acho que isso é meio que normal de quem usa bastante essas redes sociais, porque querendo ou não tu vai assimilando as coisas e se ligando nas coisas que alguns gostam mais e outros não... 7:46pm - Entrevistador aham, claro... mas e alguma vez tu já publicou algo SÓ pensando na repercussão que isso traria em termos de likes, comentários, compartilhamentos ou retweets? algo do tipo "vou postar isso porque sei que o pessoal vai curtir" 7:47pm - R.C. hum... acho que se postei foi uma ou duas vezes 7:48pm - Entrevistador lembra que tipo de conteúdo que era? 7:49pm - R.C. provavelmente foi uma foto, ou algum texto 7:50pm - Entrevistador

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aham. e tu costuma prestar bastante atenção na quantidade de amigos ou seguidores que as pessoas tem na rede social? tu acha isso importante pra determinar a popularidade de alguém? 7:52pm - R.C. bá, eu não me importo com isso, acho que isso são apenas números, que não significam nada, tanto é que podem ser alterados com sites de seguidores e não sei mais o que... Por isso não dou valor a isso 7:52pm - Entrevistador verdade, tem bastante formas de burlar isso e tu julga ou alguma vez já julgou alguém pela quantidade de likes, comentários ou pela repercussão em geral que o conteúdo dessa pessoa recebe nas redes sociais? o que te levou a fazer isso? ou até mesmo pelo número de amigos mesmo 7:55pm - R.C. já sim, mas mais pelo fato da atitude que ela teve, por exemplo de ter metido a cara e falado alguma coisa que muitas pessoas se identificaram, ou gostaram disso 7:55pm - Entrevistador aham, entendi... e pelo número de amigos ou de seguidores? já julgou alguma vez? 7:55pm - R.C. não não, isso nunca 7:56pm - Entrevistador e tu acha que a popularidade de alguém na internet tá ligada diretamente a popularidade dela fora da internet, ou seja, no mundo real/offline? 8:00pm - R.C. eu acho que tem uma ligação sim 8:01pm - Entrevistador mas tu acha que é possível medir a popularidade de alguém só com base em quantos amigos ela tem, seguidores, comentários que recebe, essas coisas...? 8:03pm - R.C. aaah tá, não acho que não! Porque muita gente é de um jeito atrás da tela do computador e pessoalmente é totalmente diferente. Acho que isso não é relevante pra medir a popularidade dela no mundo real 8:04pm - Entrevistador entendi bom, quase terminando agora... tu já ouviu falar no Klout? 8:04pm - R.C. Klout? pra ser sincero não posso ter visto algo, mas nao lembro agora 8:05pm - Entrevistador bom, explicando bem por cima, ele é uma ferramenta onde tu conecta as tuas redes sociais e ele "mede" tua influência nas redes sociais em uma pontuação que varia de 0 a 100 mesmo que tu não conheça, ele analisa tua conta do Twitter (por ela ser aberta) e ele calcula uma pontuação pra ti. a tua, no momento, é de 38, se tu quiser verificar...

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com certeza, se tu conectar Facebook, Instagram, e outras coisas, esse número aumentaria bastante 8:08pm - R.C. porque tu acha que aumentaria mais? 8:09pm - Entrevistador é porque ele passaria a analisar também tua conta do Facebook, que pelo que tu me falou no início, tem mais amigos então ele te consideraria mais "influente", e assim por diante mas se tu tiver interesse daí tu pode ver como ela funciona e tal http://klout.com/ 8:09pm - R.C. ah entendi depois vou dar uma olhada sim 8:11pm - Entrevistador ele analisa vários critérios, desde número de amigos até quantidade de likes. ele também faz uma análise do que tu fala e diz em que assuntos tu é considerado "influente". algumas empresas usam a ferramenta pra dar "presentes" pra usuários considerados influentes em determinado assunto (cerveja, por exemplo), esperando que esses usuários criem uma repercussão em volta desse produto que ganharam pra outros usuários 8:12pm - Entrevistador mas, de qualquer forma, mesmo que tu não conheça, queria tua opinião nessa última pergunta: como você acha que um índice como o esse do Klout pode ser útil para as pessoas? imagina o contexto de ele ser utilizado para classificar candidatos a uma entrevista de emprego, por exemplo, ou dar melhores quartos de hotel a hóspedes mais influentes. tu concorda com isso? 8:15pm - R.C. bom, eu acho que a ideia é boa e que poderia sim ser muito útil, contanto que a vida online dessa pessoa reflita bem o que ela é fora da internet, para que não haja esse 'desencontro' de informações... 8:16pm - Entrevistador útil é uma boa palavra. mas tu acha que poderia prejudicar a pessoa de alguma forma? caso ela não seja muito ligada nisso, essas coisas... 8:18pm - R.C. é, olhando por esse outro lado da moeda já é diferente, porque caso a pessoa não seja muito ligada poderia 'prejudicá-la'. Então minha opinião é que essa ferramente seria de bom uso para uma espécie de 'tira teima', algo extra, mas não que seja ponto principal para uma escolha de importancia alta 8:19pm - Entrevistador saquei excelente, cara! acho que era isso Entrevistado(a): G.A.L. Data da entrevista: 14/05/2013 Tipo de entrevista: Internet (chat) 9:15pm - Entrevistador

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ah, entao beleza... bom, só pra explicar por cima qual é o objetivo da pesquisa: é compreender como é a percepção das pessoas sobre popularidade/reputação nas redes sociais, o quanto número de amigos, likes importam, essas coisas... 9:15pm - G.A.L. Ok 9:15pm - Entrevistador vamos lá... em quais redes sociais tu tem conta e é ativo no momento? tu sabe quantos amigos ou seguidores possui em cada uma delas? (não precisa olhar, é só pra ver se tu lembra mesmo) 9:17pm - G.A.L. Facebook, twitter e instagram Não sei dizer bem ao certo quantos seguidores tenho em cada rede social 9:18pm - Entrevistador e que tipo de conteúdo você costuma postar nessas redes? links, fotos, vídeos, atualizações de status...? tu posta conteúdos diferentes em cada uma delas? 9:21pm - G.A.L. No FB costumo postar musicas, fotos do meu cotidiano e frases com conteúdo sério e outras engraçado. Twitter não uso com muita freqüência mas quando uso é só pra diversão 9:22pm - Entrevistador e a maior parte do conteúdo é produzido por ti mesmo ou só compartilhado de outros canais? 9:24pm - G.A.L. Musicas e vídeos uso youtube como canal e as outras atualizações digamos que seja 50% a 50% 9:26pm - Entrevistador entendi... e tu se importa bastante com o número de likes, comentários ou retweets, essas coisas, dos conteúdos que tu publica nas redes sociais? 9:28pm - G.A.L. Posto mais com intuito de informação e tal. Mas é bom ver que teve bastante likes pra saber que o conteúdo foi bom ou ruim 9:29pm - Entrevistador aham... mas tu acha que as pessoas se importam demais com essas coisas como número de amigos, likes, etc? 9:31pm - G.A.L. Depende a idade. Quando era menor, no tempo de orkut me importava por tentar ser popular e etc. Mas agora isso não faz mais diferença. 9:32pm - Entrevistador ah, sim... no Orkut mostrava número de visualizações e etc mesmo assim, tu acha que tem pessoas que publicam conteúdos só pensando na repercussão que isso vai ter? em ganhar likes, etc? 9:33pm - G.A.L.

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Acredito que sim. Que existem pessoas que ficam de minuto em minuto dando f5 e esperando likes hehe 9:34pm - Entrevistador haha verdade. e tu consegue identificar quando uma pessoa faz isso ou lembra de alguém que fez algo parecido nos últimos tempos? (não precisa de nomes) 9:36pm - G.A.L. Hum, não me vem ninguém na memória que seja assim. Mas as vezes se vê aquelas pessoas que não largam o celular. 9:38pm - Entrevistador e com relação ao teu conteúdo... tu consegue prever se um conteúdo que tu publicou vai gerar vários likes ou comentários? isso já passou pela tua cabeça antes de publicar algo? 9:39pm - G.A.L. Não posso negar que ja pensei nisso em algumas vezes. Haha 9:40pm - Entrevistador haha mas alguma vez tu já publicou algo SÓ pensando na repercussão que isso traria em termos de likes, comentários, compartilhamentos ou retweets? algo do tipo "vou postar isso porque sei que o pessoal vai curtir". 9:43pm - G.A.L. Aham, ja ocorreu esse tipo de situação 9:44pm - Entrevistador lembra que tipo de conteúdo que era? 9:46pm - G.A.L. Era um vídeo sobre um gordinho que sofria bulling e se rebelou contra 9:46pm - Entrevistador hahaha, acho que lembro desse vídeo 9:47pm - G.A.L. Sim. Hehaehah 9:47pm - Entrevistador e tu costuma prestar bastante atenção na quantidade de amigos ou seguidores que as pessoas tem na rede social? tu acha que isso é importante pra determinar a popularidade de alguém? 9:48pm - G.A.L. Não, nunca me passou pela cabeca olhar o número de amigos que um pessoa tem e sim, o conteúdo 9:49pm - Entrevistador então tu nunca julgou alguém pela quantidade de likes, comentários do conteúdo dessa pessoa ou até pelo número de amigos que ela tinha nas redes sociais? 9:51pm - G.A.L. Não, nunca serviu como parâmetro 9:52pm - Entrevistador

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saquei... bom, estamos quase no fim tu acha que a popularidade de alguém na internet está ligada diretamente a popularidade dela fora da internet, ou seja, no mundo real/offline? 9:52pm - G.A.L. Manda aí que to indo pro escritório e já respondo:) 9:54pm - Entrevistador ta, beleza! recebeu a última, né? 9:59pm - G.A.L. Ajam Aham Acredito que possa sim estar ligada a vida real. 10:01pm - Entrevistador tu acha que medir a popularidade de uma pessoa só com base nesses dados tipo número de amigos, seguidores, likes, comentários recebidos etc. é possível? tu concorda com isso? 10:07pm - G.A.L. Acho que tem muitos amigos que não postam muita coisa e tem muito mais capacidade de comunicação que vários que enchem a timeline, mas são quietos pessoalmente Tem isso tb 10:11pm - Entrevistador mas tu acha certo determinar se alguém é popular ou não só por causa desses dados? 10:12pm - G.A.L. Não, não é certo 10:13pm - Entrevistador beleza, saquei. bom, tá quase terminando... só queria te perguntar agora: tu já ouviu falar no Klout? 10:14pm - G.A.L. Ainda não Pedro 10:16pm - Entrevistador explicando bem por cima, o Klout é um site que "mede" tua influência nas redes sociais em uma pontuação que vai de 0 a 100. ele analisa várias coisas, de número de amigos a número de comentários nas coisas que tu posta, etc. ele também diz em que assuntos tu é considerado influente (música eletrônica, por exemplo). algumas marcas se aproveitam disso pra oferecer "presentes" a esses usuários influentes em determinados assuntos pra que eles criem repercussão sobre esse produto. se tu tiver interesse, pode dar uma olhada depois... 10:17pm - G.A.L. Que massa. Vou sim dar uma olhada depois 10:17pm - Entrevistador mas, de qualquer forma, na última pergunta queria tua opinião... como tu acha que um índice como esse do Klout pode ser útil pra as pessoas? imagina o contexto sendo utilizado pra classificar candidatos a uma entrevista de emprego, por exemplo, ou então dar melhores quartos de hotel a hóspedes mais influentes e com pontuação mais alta. tu concorda com isso?

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10:20pm - G.A.L. Bah, não concordo de maneira alguma, pois esses dados não condizem com a realidade na maioria das vezes. Bem pelo o que disse anteriormente. Tu pode ser uma pessoa nas redes sócias e outra totalmente diferente na vida real. Sociais 10:22pm - Entrevistador aham, entendi. então isso poderia prejudicar alguém que não é muito ligado nisso, né? 10:22pm - G.A.L. Com toda a certeza 10:22pm - Entrevistador entendi bom, acho que é isso, gui! Entrevistado(a): C.T. Data da entrevista: 14/05/2013 Tipo de entrevista: Internet (chat) 9:43pm - Entrevistador bom, só pra explicar por cima qual é o objetivo da pesquisa: é compreender como é a percepção das pessoas com relação a popularidade/reputação nas redes sociais. o quanto número de likes e amigos e essas coisas importam, etc pra começar... em quais redes sociais tu tem conta e é ativo no momento? tu sabe quantos amigos ou seguidores tu possui em cada uma delas? (não precisa olhar, é mais pra saber se tu lembra) 9:43pm - C.T. tá, facebook (claro), 1000 quase certo, completei semana passada haha twitter, com uns 250 followers lastfm, acho que 15 amigos mas não uso com frequencia isso 9:45pm - Entrevistador legal... e que tipo de conteúdo tu costuma postar nessas redes? links, fotos, vídeos, atualizações de status...? tu posta conteúdos diferentes em cada uma delas? 9:47pm - C.T. posto pouca coisa no facebook, geralmente musica, posto pouca foto na real no twitter eu nem penso muito antes de postar até pq lá eu nem levo ele muito a sério, ai coloco desde comentário de zuera até protesto/reclamação ah, e as indireta, claro kk 9:48pm - Entrevistador então no Facebook a maioria do conteúdo não é criado por ti, mas compartilhado de outros, né? hahaha claro, uma das funções do Twitter 9:49pm - C.T. isso, no facebook o maximo eu coloco alguma foto do fds ou da faculdade e tal mas na maioria eu posto conteudo alheio

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9:50pm - Entrevistador entendi... e tu se importa com o número de likes ou retweets dos conteúdos que tu publica nas redes sociais? 9:52pm - C.T. se eu disser que não vou estar mentindo haha não que eu poste pensando em likes ou rt's, mas eu me sinto bem quando rola uns like especialmente das gatas né 9:53pm - Entrevistador hahaha claro... e tu acha que as pessoas se importam demais com isso? 9:56pm - C.T. acho que sim cara, as vezes eu vejo alguma postagem e penso "isso é muito pra ganhar like", seguido 9:57pm - Entrevistador então tu acha que tem gente que posta coisas "só pra ganhar like"? tu lembra de alguém que fez isso nos últimos tempos? lembra que tipo de conteúdo que era? (não precisa citar nomes, haha) 10:01pm - C.T. cara, eram situações daquelas de foto com mendigo e tal sabe? ou de um cara assim bem babaca colocando frase bonita romantica e tal, que tu lê aquilo com cara de "wtf?" 10:02pm - Entrevistador aham, lembro de quando postaram isso e com relação ao que tu posta... tu consegue prever se um conteúdo que tu publicou vai gerar vários likes ou comentários? isso já passou pela tua cabeça antes de publicar algo? 10:12pm - C.T. ah sim quando eu posto alguma coias ja imagino quem pode ou deve curtir, até pq os amigos tem um gosto parecido e quando tem algum tema polemico tbm, é certo que vai ter comentario 10:13pm - Entrevistador aham, entendi. mas alguma vez tu já publicou algo só pensando na repercussão que isso traria em termos de likes, comentários, compartilhamentos ou retweets? algo do tipo "vou postar isso porque sei que o pessoal vai curtir bastante". 10:15pm - C.T. não, isso nunca 10:18pm - Entrevistador e tu costuma prestar atenção na quantidade de amigos ou seguidores que as pessoas tem na rede social? tu acha que isso é importante pra determinar a popularidade de alguém? 10:20pm - C.T. não que isso mude alguma coisa no que eu penso da pessoa e tal mas é inevitavel né, acabo observendo sim observando* 10:21pm - Entrevistador

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e alguma vez tu já julgou alguém pela quantidade de amigos ou até mesmo likes e comentários que o conteúdo dela recebe? o que te levou a fazer isso? 10:24pm - C.T. não, acho muito mais importante o conteudo e tal né, juro q não to sendo hipócrita haha mas já aconteceu de postarem alguma coisa muito massa e ter pouca gente dando like ou comentando (o contrario tbm, algo muito podre e com muita repercussão), que eu não entendo 10:26pm - Entrevistador entendi... e sobre isso, tu acha que a popularidade de alguém na internet tá ligada diretamente a popularidade dela fora da internet, ou seja, no mundo real/offline? 10:28pm - C.T. acho que sim, até pq se a pessoa tem conhece mais gente, tem mais amigos na vida real, acaba tendo tbm na internet e mais gente vê o que ele posta 10:29pm - Entrevistador mas e ao contrário? tu acha que uma pessoa que é bem pop na internet necessariamente vai ser popular também na vida real ou não necessariamente? 10:31pm - C.T. não necessariamente, pode ser que a pessoa consiga se relacionar com mais facilidade pela internet e pessoalmente não consegue agir do mesmo jeito 10:31pm - Entrevistador aham, verdade... bom, tá quase terminando, só faltam algumas perguntas 10:33pm - C.T. blzz 10:33pm - Entrevistador falando ainda sobre aquilo... o que tu pensa sobre medir a popularidade de uma pessoa com base só na quantidade de amigos nas redes sociais e na atividade dela nas internet? tu acha que isso é possível ou correto? 10:36pm - C.T. acho que dá pra ter uma ideia, mas não reflete a realidade 10:37pm - Entrevistador show... e tu já ouviu falar no Klout? 10:38pm - C.T. ja ouvi algumas pessoas comentando, mas nada mais tenho uma ideia só 10:40pm - Entrevistador é, explicando bem por cima, o Klout é "mede" tua influência nas redes sociais em uma pontuação que vai de 0 a 100. ele analisa várias coisas, desde número de amigos até número de comentários nas coisas que tu posta, etc. ele também diz em que assuntos tu é considerado influente (cerveja, por exemplo), e algumas marcas se aproveitam disso pra oferecer "presentes" a esses usuários influentes em determinados assuntos pra que eles criem repercussão sobre esse produto (uma cervejaria lançando uma nova cerveja, por exemplo). 10:41pm - Entrevistador

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mas, de qualquer forma, queria tua opinião nessa última pergunta... 10:41pm - Entrevistador como você acha que um índice como esse o do Klout pode ser útil pra as pessoas? imagina o contexto sendo utilizado pra classificar candidatos a uma entrevista de emprego, por exemplo, ou pra dar melhores quartos de hotel a hóspedes mais influentes e com maior pontuação. tu concorda com isso? 10:45pm - C.T. hmm, acho que pra essas marcas/empresas é interessante recompensar/dar facilidades pra quem acaba divulgando elas de alguma forma, e até acaba gerando uma propaganda de um jeito mais barato e que atinge bastante gente tipo o quje acontece como foursquare 10:47pm - Entrevistador aham, legal! mas e tu acha que pode prejudicar pessoas que não são tão ligadas a isso, de certa forma? 10:49pm - C.T. acho que quem não ta ligado a isso nem sabe o que ta acontecendo, ai não deve se importar (no caso eu não sabia dessa parada do klout) 10:50pm - Entrevistador é, por isso que ele é bem polêmico até. tem pessoas que nem sabem que ele existe, mas ele já mede a influência dessas pessoas pegando a conta delas do Twitter (que é aberta, na maioria das vezes) haha daí depois tu pode conectar tua conta do Facebook, Instagram, e assim vai 10:51pm - Entrevistador se tu tiver interesse em ver como funciona depois... http://klout.com Klout | The Standard for Influence klout.com Klout is the Standard for Influence. Join Klout to discover your influence and compare with others you may know. 10:51pm - Entrevistador bom, acho que era isso! Entrevistado(a): G.B. Data da entrevista: 15/05/2013 Tipo de entrevista: Internet (chat) 10:53pm - Entrevistador beleza bom, só pra te explicar por cima sobre o que é a pesquisa: é pra compreender como é a percepção das pessoas sobre reputação/popularidade nas redes sociais. o quanto número de likes, amigos, etc. importa, essas coisas. 10:53pm - G.B. beleza 10:53pm - Entrevistador pra começar... em quais redes sociais tu tem conta e é ativo no momento? sabe quantos amigos ou seguidores tu possui em cada uma delas? (não precisa olhar, é mais pra ver se tu lembra)

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10:55pm - G.B. Aham, lembro! No momento facebook e twitter, respectivamente cerca de 1800 amigos e quase 600 seguidores, sendo mais 120 seguidores no próprio facebook. Muitas vezes utilizo o instagram, mas não sei se enquadra como rede social. 10:55pm - Entrevistador aham. e que tipo de conteúdo tu costuma postar nessas redes? links, fotos, vídeos, atualizações de status...? tu posta conteúdos diferentes em cada uma delas? 10:57pm - G.B. No twitter, normalmente posto fatos do meu cotidiano, não leio muito o que as outras pessoas postam e nem para o que elas acham das minhas postagens.. Já no facebook, eu particularmente assisto muitos vídeos no youtube, muitas vezes o que eu mais posto são vídeos e músicas que eu gostei.. Poucas vezes posto somente algo escrito, quando opto por escrever sempre é acompanhado por uma foto. 10:58pm - Entrevistador saquei... e tu se importa com o número de likes, retweets e comentários dos conteúdos que tu publica nas redes sociais? a quantidade em si 10:58pm - G.B. retweets até não mas em questão de facebook eu gosto de ter likes, ou que minhas postagens repercutam. Acho meio vago postar algo sabendo que ngm vai gostar ou que não vai acrescentar nada para ninguém. 11:00pm - Entrevistador e tu acha que as pessoas se importam demais com isso? 11:02pm - G.B. Depende a pessoa, eu acho que ngm sabe quando vai ter algo curtido ou não, eu tenho a mania de ver até quem foram as pessoas que curtiram. Tenho amigos que não estão nem aí para suas fotos ou para quem curtiu. Tenho um ex. de uma foto que postei da ACBF, que deu +100 curtidas e também compartilhamentos, fiquei muito feliz quando vi, a foto no mural de todo mundo.. 11:03pm - Entrevistador aham, saquei... e tu acha que algumas pessoas publicam conteúdos *só* para ganhar likes? 11:04pm - G.B. Acho que as pessoas que se enquadram nisso são aquelas que compartilham todo o tipo de bobagens, ou que ficam postando o que comem todos os dias, sendo algo repetitivo e cansativo ao mesmo tempo para quem usa essas redes. 11:05pm - Entrevistador então tu acha que dá pra perceber quando a pessoa quer só ganhar like? haha 11:07pm - G.B. É dificil dizer isso, até pq muitas vezes eu posto algo que eu gostei, e já sabendo qeu aquilo vai da uma pa de curtidas, mas o propósito principal não foram as curtitas e sim por eu ter gostado... Eu vejo as publicações fúteis (normalmente compartilhamentos daquelas correntes) como tentativas de conseguir likes

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11:07pm - G.B. Não sei se era isso que tu queria ouvir 11:09pm - Entrevistador sim, entendi até era isso mesmo que eu ia te perguntar na próxima pergunta... então tu consegue prever quando algo que tu posta vai dar bastante curtidas, por exemplo? 11:11pm - G.B. Normalmente sim, quando eu vejo que é algo curiosa, interessante, empolgante já sei que as pessoas com o mesmo perfil que o meu irão curtir. 11:12pm - Entrevistador e teve alguma vez que tu publicou algo só por causa da repercussão que isso iria ter? algo do tipo "vou postar isso porque sei que o pessoal vai curtir bastante"...? 11:14pm - G.B. Acho que sim até 11:15pm - Entrevistador lembra que tipo de conteúdo era? 11:15pm - G.B. Bá pior que não A tipo a minha foto de cabeça para baixo eu postei ja sabendo que ia ter curtidas Mas não foi só por esse motivo que botei pq eu gostei dela ahhaha e achei engraçada mas sabia que ia dar uams 30 curtidas ou teve uma outra foto minha lá que eu fiz a montagem da novela 11:17pm - Entrevistador hahaha, boa! saquei e tu costuma prestar atenção na quantidade de amigos ou seguidores que as pessoas tem nas redes? tu acha isso importante pra determinar a popularidade de alguém? 11:20pm - G.B. As vezes olho alguma coisa, mais com gente de fora por ex. porto alegre, mais considerando meninas até para saber se são fakes ou não Mas não é algo determinante, uma regra... 11:21pm - Entrevistador haha ta certo. e tu julga ou alguma vez já julgou alguém pela quantidade de amigos/seguidores que a pessoa tem ou até pela repercussão que ela recebe nos posts dela? 11:24pm - G.B. As vezes, ah tem vários curtir, essa pessoa é popular, é influente... E tal 11:24pm - Entrevistador entendi... e tu acha que a popularidade de alguém na internet tá ligada diretamente a popularidade dela fora da internet, ou seja, no mundo real/offline? (tá quase no fim das perguntas, rs) 11:25pm - G.B. Sim!

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Na maioria das vezes, ou pelo menos a rede social auxilia para essa pessoa ser popular.. Exemplo aquela bianca anchieta, a popularidade dela começou no facebook e agora foi para a vida real.. Onde ela ta pousando em revista e tal.. tudo por causa das fotos que ela postava.. 11:27pm - Entrevistador aham, legal... e o que tu acha sobre medir a popularidade de uma pessoa só com base na quantidade de amigos/seguidores que ela possui ou até mesmo os likes que ela recebe? tu acha que isso é possível ou correto? 11:29pm - G.B. Acho que é possível, correto não pq não se emprega para todos, até pq nem todo mundo tem redes sociais.. Ou podem ser na rede social algo que não são na vida real... É uma questão que tem que ser analisada 11:29pm - Entrevistador beleza. tu já ouviu falar no Klout? 11:30pm - G.B. não agor asim o google me falou ahha vou me inscrever 11:32pm - Entrevistador haha, bom... explicando por cima, ele "mede" a tua influência em uma pontuação que vai de 0 a 100. ele analisa desde número de amigos até likes, comentários, etc. ele também diz em que tópicos tu é influente (cerveja, por exemplo). algumas marcas se aproveitam disso pra dar presentes pra usuários influentes em determinado assunto pra causar uma repercussão em um novo produto (uma cervejaria lançando uma nova cerveja, por exemplo). 11:33pm - G.B. aham to ligado por enquanto ta 100% hahahaa ou 44 não sei se é isso 11:34pm - Entrevistador isso mas é mais preciso depois que tu conectar todas tuas redes 11:34pm - G.B. ta twitter e facebok 11:34pm - Entrevistador mas de qualquer forma, nessa última pergunta queria saber tua opinião: como tu acha que um índice como esse do Klout pode ser útil pra as pessoas? imagina o contexto dele sendo utilizado pra classificar candidatos a uma entrevista de emprego, por exemplo, ou pra dar melhores quartos de hotel a hóspedes mais influentes. tu concorda com isso? 11:35pm - G.B. Sim, é bem interessante, curti esse site.. Como tu falou empresas podem usar dele para atingir o público certo.. Acho muito viável a utilização dele e até para saciar a vontade das pessoas (curiosidade) tu tem 65 de 'popularidade'

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ahhaha 11:36pm - Entrevistador isso hahaha é, tem esse lado comercial mesmo, mas tu acha que prejudicaria as pessoas que não são muito ligadas a isso? 11:38pm - G.B. Acho que não Talvez baixa a autoestima das pessoas menos 'populares' supostamente 11:39pm - Entrevistador hm, é um bom ponto cara, acho que é isso! Entrevistado(a): R.W. Data da entrevista: 15/05/2013 Tipo de entrevista: Internet (chat) 11:39pm - Entrevistador show bom, só pra te explicar um pouco sobre o que é a pesquisa: é pra compreender como é a percepção das pessoas sobre reputação/popularidade nas redes sociais. o quanto número de likes, amigos, etc. importa, essas coisas. é parecido com aquele questionário que tu respondeu no fim do ano passado 11:39pm - R.W. beleza 11:40pm - Entrevistador pra começar... em quais redes sociais você tu tem conta e é ativo no momento? sabe quantos amigos ou seguidores tu possui em cada uma delas? (não precisa olhar, é mais pra ver se tu lembra. haha) 11:41pm - R.W. eu sou mais ativo no twitter, não sei exatamente o numero de seguidores que eu tenho, mas beira os 340, por ai e no facebook tenho quase 400 amigos 11:42pm - Entrevistador e que tipo de conteúdo tu costuma postar nessas redes? links, fotos, vídeos, atualizações de status...? tu posta conteúdos diferentes em cada uma delas? 11:46pm - R.W. sim, é diferente. no twitter é algo mais cotidiano, alguns tipos de criticas, ou simples ideias que me passam pela cabeça, algumas coisas até bem estupidas mas que as pessoas acabam gostando (fav e rt), no facebook já eu esponho mais a minha vida com os amigos e os meus gostos, compartilho links de musicas ou de assuntos do meu interesse, é algo mais meu. 11:46pm - Entrevistador entendi. então a maior parte do conteúdo é produzido por ti mesmo ou só compartilhado de outros canais? 11:48pm - R.W.

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no twitter é mais produzido por mim, no facebook é mais compartilhado. mas se for juntar todo o conteudo em si, irrelevando a ferramenta que em uso, então a maioria é produzida por mim, visto que me comunico mais pelo twitter 11:49pm - Entrevistador e tu se importa com o número de likes/retweets/comentários desses conteúdos que tu publica? 11:50pm - R.W. me importo, mas nao exatamente com a quantidade, se nao passar depercebido ja é ótimo 11:51pm - Entrevistador tu acha que as pessoas se importam demais com isso? 11:52pm - R.W. eu acho que sim, baseado na apelação que se ve diariamente, as pessoas se importam demais sim, ao meu ver 11:53pm - Entrevistador então tu acha que algumas pessoas publicam conteúdos apenas pra ganhar likes? tu consegue identificar quando alguém faz isso? lembra de alguém que fez isso nos últimos tempos? (não precisa citar nomes) 12:00am - R.W. totalmente. e consigo identificar, geralmente é algo muito sensacionalista, extremista, polemico. e na maior parte dos casos, são coisas que tocam ou revoltam muito as pessoas no geral, que nem ligam pra fonte da informação, só largam comentarios sem fundamento na legenda do link (pra ganhar likes), e tem os que chegam a ser baixos ou muito inconvenientes, falando certas coisas, mas também não parecem se importar desde que isso gere impacto e uns likes/rts provenientes de gente que também nao se importa com o senso de ridiculo. e sim, eu lembro de muita gente que fez isso nos ultimos tempos 12:02am - Entrevistador saquei... e com relação ao teu conteúdo: tu consegue prever se um conteúdo que tu publicou vai gerar vários likes/comentários/etc? isso já passou pela tua cabeça antes de publicar algo? 12:03am - R.W. consigo, e sempre passa pela minha cabeça, hahahaha. mas às vezes falha, concepções discernem bastante né 12:04am - Entrevistador haha, verdade e alguma vez tu já publicou algo apenas pensando na repercussão que isso traria em termos de likes, comentários, compartilhamentos ou retweets? 12:07am - R.W. não lembro com exatidão, mas é provavel que sim. lembro que quando eu escrevia pra um blog, os assuntos mais visualizados eram os cujo titulo passava a sensação de um conteudo melodramatico no texto, daí me vi começando a escrever coisas meio forçadas, mas que me rendessem visualizações, não cheguei a publicar pq me liguei a tempo sobre o quanto isso quebraria a autenticidade do que eu escrevia, mas foi um quase 12:08am - Entrevistador aham, saquei... e tu costuma prestar atenção na quantidade de amigos/seguidores que as pessoas na rede social? tu acha isso importante pra determinar a popularidade de alguém?

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12:11am - R.W. eu até presto atenção, mas não acho que signifique popularidade. é claro que tem aqueles que tu só olha e ja identifica que é meio pop, mas tem tanta galera com muito amigo e seguidor por aí, que tu bate o olho no conteudo da pessoa e ja sabe que ou usou big follow, ou adiciona todo mundo. 12:12am - Entrevistador e tu julga ou alguma vez já julgou alguém por isso? seja pela quantidade de amigos/seguidores ou até de likes, etc. 12:18am - R.W. já julguei, já deixei de seguir alguém que eu nao conhecia pq tinha poucos seguidores, por exemplo. mas de uns tempos pra cá, eu vejo cada dia mais o quanto isso nao diz nada sobre a qualidade do que a pessoa fala, tenho provas vivas disso, galera que não é muito popular, nem influente, mas que fala muita coisa legal, e tem ideias interessantes. já julguei e até julgo pessoas por likes, geralmente eles provém de galera que ou sinceramente curtiu aquilo, ou que por alguma razão, é "puxa-saco" da pessoa, e existem N razões que todo mundo conhece né, a própria possivel popularidade é uma delas. 12:19am - Entrevistador boa! e tu acha que a popularidade de alguém na internet tá ligada diretamente com a popularidade dela fora da internet, ou seja, no mundo real/offline? (estamos quase no fim) 12:24am - R.W. acho que não, não a curto prazo, claro que se tu tiver muito seguidor, as pessoas comentarem sobre ti, e tu for no Jô, a tua popularidade virtual vai se ligar com a tua popularidade da vida real, mas eu vejo pessoas comuns nos lugares que eu frequento e fico imaginando como elas sao online, se elas "bombam" e etc. mas ali, fisicamente, são meros estudantes e frequentadores de um bar 12:27am - Entrevistador é, tem os que "bombam" na internet e na vida real são seres comuns e vice-versa também, pelo menos é o que me parece às vezes 12:27am - R.W. verdade 12:27am - Entrevistador e o que tu acha sobre medir a popularidade de uma pessoa só com base na quantidade de amigos/seguidores ou até mesmo dos likes, etc? acha que isso é possível ou correto? 12:30am - R.W. acho possível se for numa situação como a que eu falei antes, de tu ir a nível nacional, enfim estar na boca do povo. mas se for usando pessoas comuns como a gente, nao julgo correto, até porque metade dos meu seguidores, os que eu conheço, nem me olham na cara se me veem na rua, mas chegam em casa e me favoritam 12:31am - Entrevistador hahahaha, entendi bom, quase no fim agora... tu já ouviu falar no Klout? 12:32am - R.W. não me soa estranho, mas não saberia te explicar exatamente o que é

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mas ja vi algo sobre isso 12:33am - Entrevistador explicando bem por cima, ele é uma ferramenta que "mede" a tua influência em uma pontuação que vai de 0 a 100. ele analisa desde número de amigos/seguidores até likes, comentários e etc. ele também diz em que tópicos e assuntos tu é influente (cerveja, por exemplo). algumas marcas se aproveitam disso pra dar "presentes" pra usuários influentes em determinado assunto pra causar uma repercussão em um novo produto (uma cervejaria lançando uma nova cerveja, por exemplo). 12:33am - Entrevistador se tu tiver interesse, pode dar uma olhada depois http://klout.com 12:34am - R.W. beleza 12:34am - Entrevistador mas, de qualquer forma, nessa última pergunta queria saber tua opinião: como tu acha que um índice como esse do Klout pode ser útil pras pessoas? imagina o contexto sendo utilizado pra classificar candidatos a uma entrevista de emprego, por exemplo, ou pra dar melhores quartos de hotel a hóspedes mais influentes e com maior pontuação. tu concorda com isso? 12:42am - R.W. bom, pra ti ter uma "pontuação" tu vai precisar ser influente, e ninguém fica influente porque quer, quem força a barra tentanto isso acaba sendo um chato, apenas. eu acho que quem consegue tirar um proveito disso, é porque uniu o fato de ja ter sua popularidade, com a oportunidade de conseguir algo a mais com isso. e eu concordo por exemplo, com isso de tu ganhar coisas, até porque de certo modo tu ajudou a marca a se divulgar, então soa justo. foi uma ideia e tanto esse klout, por razoes que tu mesmo deve conhecer, afinal, a propaganda hoje em dia funciona melhor com o pc siqueira falando que comprou um sIV do que um comercial da samsung na globo. nao que o pc siqueira faça uso desses metodos, disso eu nao sei, mas usei como exemplo... 12:43am - Entrevistador isso, é exatamente esse tipo de marketing que eles querem explorar mas tu acha que isso poderia prejudicar quem não é muito ligado a isso? afinal, querendo ou não, a internet é bem "democrática" com relação a tudo e tal... 12:46am - R.W. tu diz, por exemplo, como se tu conseguisse tirar proveito da tua popularidade através do klout, se isso prejudicaria a mim, sendo eu menos popular? ou tu se refere ao fato de que tem gente que não usa tanto a internet e que se o marketing se voltasse muito pra cá eles acabariam "perdendo informação?" (isso na real ja acontece muito né) 12:49am - Entrevistador acho que os dois... digamos que numa entrevista de emprego um candidato pode se prejudicar por ter uma pontuação menor sem nem saber que o Klout exista (porque ele analisa as contas abertas dos usuários, como a do Twitter, mesmo sem eles saberem). isso poderia ser ruim, de certa forma? 12:52am - R.W. ah, com certeza, deve existir tanta gente mais genial e capaz fora desses meios... nesse ponto da entrevista, é injusto, mas quando se trata dos premios, eu acho justo, ahhaha. até porque vai ser um premio e nao uma oportunidade perdida, entende? e também, acho que nao funcionaria muito numa entrevista de emprego, a nao ser que o necessrio do curriculo seja

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popularidade, fora isso, vence o melhor né? seria meio besta usar SÓ isso pra selecionar alguem, se o que o contratante procura nao é restrita ou principalmente alguem popular virtualmente 12:53am - Entrevistador aham, entendi! cara, demais! acho que é isso... ficou excelente, bem completo. Entrevistado(a): T.C. Data da entrevista: 15/05/2013 Tipo de entrevista: Internet (chat) 8:24pm - Entrevistador bom, então... só pra explicar um pouco do objetivo da pesquisa: é compreender como é a percepção das pessoas com relação a popularidade/reputação nas redes sociais. o quanto número de likes, amigos, seguirores, essas coisas, importam... fica bem livre pra responder pra começar... em quais redes sociais tu tem conta e é ativa no momento? tu sabe quantos amigos ou seguidores possui em cada uma delas? (não precisa olhar, é só pra ver se tu lembra mesmo) 8:27pm - T.C. Eu tenho o facebook ativo, que eu devo ter uns 500 e poucos amigos, e o twitter, onde eu tenho 318 seguidores, ou tinha até ontem, pelo menos. 8:29pm - Entrevistador aham. e que tipo de conteúdo tu costuma postar nessas redes? links, fotos, vídeos, status...? tu posta coisas diferentes em cada uma delas? 8:32pm - T.C. Ah tem o instagram também, tinha esquecido disso. Tem 77 seguidores, se eu não me engano. 8:34pm - Entrevistador tu ta recebendo de boa as mensagens? é que minha internet tá ruim 8:35pm - T.C. No facebook eu posto mais links de notícias relevantes, músicas que eu gosto e ultimamente tenho compartilhado bastante imagens com frases de livros, ou de algumas páginas que eu sigo. Já no twitter é mais pessoal, lá eu posto coisas diferentes, mais descontraídas e mais pessoais. Lá eu expresso bem mais a minha opinião do que no facebook, desabafo, comento coisas que não dá pra comentar no facebook e interajo mais com o pessoal de lá. E no instagram eu posto tanto fotos pessoais, quanto fotos "clichê" com frases bonitinhas e tal. 8:35pm - T.C. Sim, to recebendo tranquilo. 8:36pm - Entrevistador que bom haha. e tu diria que a maior parte do conteúdo é produzido por ti mesmo ou só compartilhado de outros canais? 8:39pm - T.C. No twitter, a maioria do conteúdo vem de mim. Lá eu falo o que dá na telha. No facebook, é mais compartilhado de outros canais e as vezes eu coloco minha opinião em cima, mas nem sempre, já que muitas vezes eu percebo uma diferença enorme entre os interesses meus e os das pessoas do meu feed de notícias. Por isso, as vezes eu só compartilho mesmo e coloco

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uma frase do texto, caso for uma matéria, pra chamar atenção pro assunto do compartilhamento. 8:40pm - Entrevistador entendi. e tu se importa com o número de likes, retweets ou comentários (essas coisas) desses conteúdos que tu publica nas redes sociais? 8:43pm - T.C. Ah, todo mundo se importa. Tem vezes que eu fico meio assim quando eu posto algum link que eu julgo interessante e ninguém dá bola, e aí vai outra pessoa e compartilha a mesma coisa várias pessoas curtem, comentam e compartilham. Eu percebo um padrão de pessoas que curtem minhas postagens e normalmente são pessoas que tem os mesmo gostos que eu. Acho que sim, eu me importo com essa questão porque pra mim é uma forma de ver se tem alguém que "presta atenção" no que eu posto. 8:44pm - Entrevistador aham, ta certo... e tu acha que as pessoas se importam demais com isso? 8:46pm - T.C. Eu acho que todos se importam, sem exceções. Mas alguns se importam mais e outros se importam menos. Acho que varia de acordo com a necessidade de satisfazer o ego e saber que tem alguém que fica de olho no que tu posta. 8:48pm - Entrevistador legal e sobre esse negócio de "satisfazer o ego", tu acha que algumas pessoas publicam conteúdos apenas pra ganhar likes ou gerar repercussão no geral? 8:52pm - T.C. Sim, eu acho que muitas pessoas fazem isso. Eu, muitas vezes, já postei links de notícias "polêmicas" pra gerar uma repercussão, como por exemplo aquela do "bolsa crack". E vejo várias pessoas, principalmente páginas grandes ou pessoas com muitos seguidores, fazendo o mesmo pra ganhar likes, porque muitas vezes eles demonstram uma total falta de conhecimento sobre o que estão falando. 8:54pm - Entrevistador e tu consegue identificar quando uma pessoa faz isso ou lembra de alguém que fez algo parecido nos últimos tempos? (não precisa de nomes, haha) 8:56pm - T.C. sim, eu vi vários. Até mesmo nessa história do bolsa crack. Muitos do meu feed que só leram o título da matéria e julgaram a torto e a direito, sem mesmo ter lido o conteúdo. E os que leram, tipo eu, pecaram na interpretação de texto, até que um amigo meu veio falar isso nos comentários. 8:57pm - Entrevistador e tu lembra que tipo de conteúdo que é normalmente quando as pessoas fazem isso? 8:59pm - T.C. Ah, normalmente são conteúdos polêmicos como projetos de lei que envolvem muito mais coisas do que são expostos nas matérias ou até mesmo alguma coisa que vai contra os gostos das pessoas que postam, e aí elas normalmente se acham no direito de criticar porque não agrada elas. 9:00pm - Entrevistador

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saquei e com relação ao que tu posta? tu consegue prever se um conteúdo que tu publicou vai gerar vários likes ou comentários? isso já passou pela tua cabeça antes de publicar algo? 9:03pm - T.C. Passa sempre. Eu tento sempre postar coisas diferentes pra não ficar repetitiva demais e eu me limito a no máximo 2 post por dia. Normalmente é uma música, o que sempre ganha um link, nem que seja de uma pessoa que tu nunca esperava que fosse curtir, ou notícias sobre animais, que normalmente mexem muito com as pessoas. Essas duas coisas tu pode ter certeza que em algum momento, elas vão ser curtidas. Mas comentários eu não espero muitos. Mas quando vem, sempre são de pessoas que eu sei que tem opinião e argumentos pra comentar e discutir o assunto. 9:04pm - Entrevistador e alguma vez tu já publicou algo apenas pensando na repercussão que isso traria em termos de likes, comentários, compartilhamentos ou retweets? tipo "vou postar isso porque sei que o pessoal vai curtir" 9:06pm - T.C. Já te falei que quando eu fico carente de likes eu posto música do Oasis porque as pessoas sempre curtem, né? HAHA então, já fiz isso sim. 9:06pm - Entrevistador hahaha lembro, sim 9:07pm - T.C. é, já postei pensando só nos likes. 9:07pm - Entrevistador e tu costuma prestar atenção na quantidade de amigos ou seguidores que as pessoas tem na rede social? tu acha que isso é importante pra determinar a popularidade de alguém? 9:10pm - T.C. Se alguma pessoa me segue e tem bastante seguidores, eu costumo reparar sim. Porque é estranho uma pessoa que tem várias opções seguir um perfil comum que nem o meu. Mas não acho que isso determine popularidade. Eu percebo que muitos seguidores de perfis grandes no twitter estão desativados, ou são provenientes daqueles big follow, etc. Então acho que quantidade de seguidores não significa a popularidade. Eu me baseio mais no conteúdo que a pessoa posta. 9:12pm - Entrevistador e tu julga ou alguma vez já julgou alguém pela quantidade de amigos, likes, comentários ou pela repercussão em geral que o conteúdo dela recebe nas redes sociais? o que te levou a fazer isso? 9:14pm - T.C. Normalmente eu só julgo algumas gurias que postam 15 mil fotos por dia no facebook/instagram, na mesma posição, só pra chamar atenção. E é por isso mesmo, por essa necessidade exagerada de "ser lembrada" e de "chamar atenção". E porque acaba sendo chato tu abrir teu facebook e encontrar sempre a mesma pessoa postando sempre a mesma coisa, com a mesma finalidade. 9:15pm - Entrevistador hahaha entendi. e tu acha que a popularidade de alguém na internet tá ligada diretamente a popularidade dela fora da internet, ou seja, no mundo real/offline?

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9:17pm - T.C. As vezes a popularidade na internet é ligada sim a popularidade fora dela. Mas conheço muita gente que é super conhecida na internet, mas fora dela não é tão reconhecida assim. Principalmente porque eu conheci muitas pessoas em por exemplo, comunidades que sairam do orkut e vieram pro facebook, e eu sei de pessoas que são amadas na internet, mas fora dela elas são uma pessoa qualquer. 9:18pm - Entrevistador e o que tu acha sobre medir a popularidade de uma pessoa com base apenas na quantidade de amigos ou seguidores, por exemplo, que ela possui? acha que isso é possível ou correto? 9:21pm - T.C. Acho que é possível, mas não acho que seja correto pelos motivos que eu falei antes: muitas vezes, metade dos seguidores estão inativos e metade dos amigos, a pessoa nem conheçe. 9:22pm - Entrevistador aham, entendi bom, tá quase no fim... tu já ouviu falar no Klout, né? lembra como tu conheceu ele ou o que te levou a se cadastrar nele? 9:24pm - T.C. Tu HAHAH 9:25pm - Entrevistador hahaha, verdade 9:25pm - T.C. Acho que sim que foi por tu falar tanto dele no twitter que eu fui ver o que era. 9:26pm - Entrevistador pode ser, eu não parava de falar nisso. e tu ainda utiliza a ferramenta atualmente? costuma usar frequentemente? lembra qual foi a última vez que tu acessou? 9:29pm - T.C. Bah, nem acesso mais muito. Acho que a última vez que eu olhei, foi quando te mostrei o link da empresa que dava o benefício pra quem tinha o klout alto. Mas o meu decaiu muito. Acho que foi um pouco por eu ter parado de usar diariamente o twitter. 9:30pm - Entrevistador e como tu acha que tava tua pontuação? abaixo, acima ou de acordo com tuas expectativas? 9:33pm - T.C. Eu achei que ela tinha decaído, mas depois de um reajuste nos cálculos que eles faziam, o meu klout tinha passado de 53/54 pra uns 47, 48. Agora ele tá entre 44 e 45. Então tá dentro do esperado por eu não usar mais o twitter, o que me ajudava a manter a pontuação alta. 9:35pm - Entrevistador e alguma vez tu já fez algum tipo de esforço pra aumentar tua pontuação ou publicou algum conteúdo pensando no impacto que ele traria para tua pontuação? 9:36pm - T.C. Não, nunca dei muita bola pra aumentar o klout ou manter ele alto. Eu postava normal. Até percebia que quando eu postava menos, o klout aumentava haha 9:38pm - Entrevistador

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comparando com a pontuação dos teus amigos, como tu acha que tá tua pontuação? 9:39pm - T.C. Ah, agora ela ta baixa. 9:40pm - Entrevistador e tu se preocupa com a privacidade das tuas informações? tu percebe algum tipo de risco ao expor seus conteúdos nas redes sociais ou ao conectar tuas contas com ferramentas como o Klout? 9:43pm - T.C. Não, eu sempre cuido o que eu posto nas redes sociais. Ultimamente, principalmente. Antes que era mais liberal, mas agora eu cuido bastante sobre as informações minhas que eu libero na internet. Mas não vejo nenhum problema de ter contas conectadas no Klout. Também tenho contas conectadas no about.me e até acho que isso ajuda bastante em situações que tu precisa de informações sobre a pessoa, para por exemplo, contratar pra um emprego. 9:44pm - Entrevistador entendi vamos voltar a essa questão da entrevista de emprego depois. agora, as últimas perguntinhas (juro)... o Klout também faz aquela análise do conteúdo que tu posta e diz em que tópicos é assuntos tu é considerado influente. tu sabe quais os assuntos que a ferramente atribuiu a ti? tu concorda com os assuntos que o Klout atribuiu? 9:47pm - T.C. Lembro que ele tinha me atribuído "música" e eu concordo totalmente, porque eu vivo falando de músicas tanto no twitter quanto no facebook 9:48pm - Entrevistador lembra de mais algum? nenhum muito absurdo? haha 9:49pm - T.C. não, que eu lembro é só esse. 9:50pm - Entrevistador bom, e algumas empresas oferecem aqueles benefícios (Perks) pra usuários considerados influentes em determinado tema. tu já recebeu algum desses benefícios? utilizou algum deles? 9:51pm - T.C. A unica que eu fiquei sabendo foi aquela da empresa aérea que eu não lembro o nome, mas eu nunca recebi nenhum benefício por isso. 9:52pm - Entrevistador na última pergunta agora queria saber tua opinião... como tu acha que um índice como esse do Klout pode ser útil pras pessoas? imagina o contexto dele sendo utilizado pra classificar candidatos a uma entrevista de emprego, por exemplo, ou pra dar melhores quartos de hotel a hóspedes mais influentes. tu concorda com isso? 9:55pm - T.C. Concordo totalmente. Como eles mostram a popularidade das pessoas nas redes sociais, isso pode ajudar muito na divulgação dos serviços do hotel, por exemplo, ou ajudar em uma campanha do trabalho, divulgar um produto, etc. Se a pessoa é influente e tem esse reconhecimento no Klout, isso pode ajudar tanto ela quanto a empresa. Então eu concordo.

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9:55pm - Entrevistador mas e com relação a quem não é muito ligado a isso... tu acha que pode prejudicar de alguma forma essas pessoas? 9:58pm - T.C. Se for um pré requisito pra ser contratado, acho que prejudicaria sim. Mas é como eu falei antes, tudo depende da fonte de tanta popularidade. Eu seria a favor de selecionar tanto as pessoas influentes no klout como as não influentes, e fazer elas passarem por uma semana de testes, envolvendo popularidade e outras habilidades, pra ser justo. Mas no final, eu acho que ser popular nas redes sociais pode ajudar em muito pra conseguir o emprego, porque já reflete a possibilidade de divulgação do mesmo. 9:59pm - Entrevistador hum, entendi bom, acho que é isso! Entrevistado(a): R.W.B. Data da entrevista: 19/05/2013 Tipo de entrevista: Internet (chat) 5:55pm - Entrevistador bom, só pra te explicar mais ou menos qual é o objetivo da pesquisa: é entender como é a percepção das pessoas sobre reputação/popularidade nas redes sociais. o quanto número de likes, amigos importam, essas coisas pra começar... em quais redes sociais tu tem conta e é ativo no momento? tu sabe quantos amigos ou seguidores possui em cada uma delas? (não precisa ver, é mais pra ver se tu lembra mesmo) 5:57pm - R.W.B. sou ativo no facebook, twitter e tumblr tenho uns 930 amigos no facebook quase 300 seguidores no twitter e no tumblr não faço ideia de quantos me seguem 5:58pm - Entrevistador e que tipo de conteúdo tu costuma postar nessas redes? links, fotos, vídeos, atualizações de status...? tu posta conteúdos diferentes em cada uma delas? 5:59pm - R.W.B. sim, conteúdos diferentes normalmente no facebook são matérias ou links pro youtube de vídeos que gosto no twitter o conteúdo é totalmente livre, mas sempre pende pro lado da zoeira, sem muito pudor tb no tumblr são basicamente imagens e gifs, muita coisa fazendo referência a outros tipos de mídia, como desenhos, filmes e séries 6:01pm - Entrevistador e a maior parte desse conteúdo é produzido por ti mesmo ou só compartilhado de outros canais? 6:02pm - R.W.B. no twitter é basicamente meu conteúdo no facebook é proveniente de outros canais quase sempre no tumblr já produzi muita coisa mas, por falta de tempo, eu só costumo reblogar hoje

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até tenho uns tumblrs q nem divulgo q uso pra armazenar algumas letras que eu componho, por exemplo 6:04pm - Entrevistador aham, entendi. e tu se importa com o número de likes, retweets dos conteúdos que tu publica nas redes sociais? com a quantidade em si 6:05pm - R.W.B. não me importo em não ter likes, rt's ou interações no tumblr mas acho muito legal quando consigo um número alto disso pois aí mostra que de alguma forma tô sendo útil pras pessoas 6:06pm - Entrevistador e tu acha que as pessoas se importam demais com isso? 6:06pm - R.W.B. na questão de tweets eu acredito que já foi pior a busca por respaldo de outros usuários até eu já me importei mais no facebook eu acho q é mais crítico "attention whores" 6:08pm - Entrevistador haha. tu acha que algumas pessoas publicam conteúdos apenas pra ganhar likes? 6:10pm - R.W.B. com certeza inclusive tem chegado a mim mais vezes imagens de páginas pessoais com legendas do tipo: "Curti aí quem gostou" "quantas curtidas merece?" coisa que não via tanto na mesma época em 201w 2012 6:12pm - Entrevistador hahaha verdade, tem dessas e tu consegue identificar quando uma pessoa faz isso ou lembra de alguém que fez algo parecido nos últimos tempos? que tipo de conteúdo normalmente é? (nao precisa citar nomes) 6:19pm - R.W.B. se percebe de longe agora mesmo: Dor. Dores. Domingo. Dormindo [...] Curtir · · há 17 minutos · 6:20pm - Entrevistador hahahaha e com relação ao que tu posta... tu consegue prever se um conteúdo que tu publicou vai gerar vários likes ou comentários? tsso já passou pela tua cabeça antes de publicar algo? 6:23pm - R.W.B. claro, claro um exemplo disso é quando eu posto algum vídeo de músicas se eu postar alguma banda mais mainstream é bem comum ter vários likes até de pessoas q, as vezes, tu nem lembra q têm facebook

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acredito que isso acontece porque as pessoas antes mesmo de clicarem pra ver do que se trata, já curtem a publicação 6:25pm - Entrevistador hm, verdade... e alguma vez tu já publicou algo apenas pensando na repercussão que isso traria em termos de likes, comentários, compartilhamentos ou retweets? lembra que tipo de conteúdo era? 6:26pm - R.W.B. sim, já normalmente quando o conteúdo é bobagem por exemplo no dia que decidiram o novo papa https://www.facebook.com/photo.php?fbid=514421448620785&set=pb.100001588047029.-2207520000.1368998839.&type=3&theater acho q postei isso uns 5min depois q anunciaram que o papa era argentino 6:29pm - Entrevistador então normalmente tu faz isso quando tem algum "assunto do momento"? tipo, nesse caso, era a escolha do papa 6:29pm - R.W.B. isso mas não é a quantidade de likes q me interessa sempre é o buzz q gera acho legal de ver a galera comentando um assunto polêmico por causa de algum post meu 6:30pm - Entrevistador aham, saquei... mas nesses casos é mais fácil prever quando vai dar repercussão, né? porque tá todo mundo falando sobre isso 6:31pm - R.W.B. isso mas aí se repete o q te falei 6:31pm - Entrevistador aham 6:31pm - R.W.B. as vezes acontece de entederem erradi errado* por exemplo outro dia que postei notícia falsa de que a Richtoffen ganharia cargo de confiança no governo era uma notícia VISIVELMENTE falsa e eu ainda escrevi tudo errado só pra deixar mais tosco ainda teve gente que achou que eu tava falando sério 6:33pm - Entrevistador hahahaha sempre tem, n[e e tu costuma prestar atenção na quantidade de amigos ou seguidores (ou até mesmo likes) que as pessoas tem? tu acha isso importante para determinar a popularidade de alguém? 6:34pm - R.W.B. não fico dando muita bola pros likes mas sempre tem quem se sobressai(tu sabe de quem eu falo)

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hahaha 6:35pm - Entrevistador as raissa bartelle da vida? hahaha 6:35pm - R.W.B. isso 6:35pm - Entrevistador e com número de amigos/seguidores? 6:35pm - R.W.B. eu observo mais seguidores amigos nem olho sobre os seguidores a única coisa q me deixa um pouco incomodado é o fato de umas pessoas muito sem graça terem mais seguidores que pessoas que realmente falam coisas interessantes/engraçadas/originais 6:37pm - Entrevistador e tu julga ou já julgou alguém por isso? 6:37pm - R.W.B. não, não até porque eu acho q o twitter não serve pra isso eu já fui julgado erroneamente 6:38pm - Entrevistador nem pelo numero de amigos no Facebook? 6:38pm - R.W.B. não, porque nunca olho isso 6:39pm - Entrevistador e tu acha que a popularidade de alguém na internet tá ligada diretamente a popularidade dela fora da internet, ou seja, no mundo real/offline? 6:40pm - R.W.B. não dá pra generalizar, mas principalmente no facebook isso acontece sempre tem aqueles que se destacam apenas pelo que expoem na internet 6:42pm - Entrevistador e o que tu pensa sobre medir a popularidade de uma pessoa com base na quantidade de amigos ou seguidores que ela possui nas redes sociais? acha que isso é possível ou correto? 6:42pm - R.W.B. mas eu vejo que pessoas que possuem mais "contatos" fora do ambiente virtual acabam tendo maior feedback quando fazem algo online claro, sem levar em conta celebridades em geral 6:44pm - Entrevistador mas tu acha isso correto? 6:45pm - R.W.B. acho correto, desde que não seja levado em conta apenas estes fatores

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6:45pm - Entrevistador tu conhece o Klout? 6:46pm - R.W.B. conheço até abria ele com mais frequência uma vez 6:47pm - Entrevistador lembra como tu descobriu ele e os motivos que te levaram a se cadastrar e utilizar o serviço? 6:47pm - R.W.B. não lembro como conheci AH SIM lembro um amigo me mostrou mas depois de muito tempo eu fui usar por causa de um tweet meu q teve muitos rts aí fui ver como realmente funcionava 6:48pm - Entrevistador faz muito tempo que tu não usa? 6:50pm - R.W.B. faz meio ano, eu acho até abri agora que tu falou 6:50pm - Entrevistador e o que tu achou da tua pontuação? acima, abaixo ou dentro das expectativas? haha 6:53pm - R.W.B. dentro das expectativas não mudou muito desde aquela vez 6:54pm - Entrevistador alguma vez tu já fez algum tipo de "esforço" pra tentar fazer ele subir? 6:54pm - R.W.B. não, não eu realmente só olhei ele quando eu tive aqueles rt's e daí pra frente só quando tinha algo ocm maior repercussão mas nunca tentei subir nem nada 6:56pm - Entrevistador ele também faz aquela análise do conteúdo que tu posta e diz em que tópicos tu é considerado influente. tu sabe quais os assuntos que ele atribuiu a ti? tu concorda com os assuntos que ele atribuiu? 6:57pm - R.W.B. na verdade o q eu tenho nesses assuntos foi o q eu escolhi quando criei 6:58pm - Entrevistador ah ta...

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algumas empresas também oferecem "presentes" (chamados de Perks) pra usuários considerados influentes em determinado tema ou assunto. tu já recebeu algum desses presentes? 6:59pm - R.W.B. já recebi si mas era de empresas dos EUA 6:59pm - Entrevistador então tu nem chegou a usar 6:59pm - R.W.B. não nã eu acho isso aí interessantíssimo pq na verdade é a única coisa que ele pode te trazer de legal, caso tu não se importe com a pontuação haha 7:00pm - Entrevistador é, é bem interessante 7:01pm - Entrevistador na real na última pergunta agora queria saber tua opinião mesmo como tu acha que um índice como esse do Klout pode ser útil pras pessoas? imagine o contexto sendo utilizado pra classificar candidatos a uma entrevista de emprego, por exemplo, ou pra dar melhores quartos de hotel a hóspedes mais influentes. tu concorda com isso? 7:02pm - R.W.B. acho legal, porque de alguma forma essa análise que ele faz PRECISA te levar a algum lugar ter pontuação só pelo fato de ela existir não faz diferença pra ninguém a partir de quando tu recebe algo em troca, ela se torna relevante 7:03pm - Entrevistador mas tu acha que ele pode prejudicar quem não é muito ligado nisso? 7:04pm - R.W.B. sim, se ele não for utilizado como bônus nos moldes do 4square q te dá bonificações por usar mas quem não usa não está perdendo nada tb 7:05pm - Entrevistador entendi cara, acho que é isso Entrevistado(a): M.T. Data da entrevista: 19/05/2013 Tipo de entrevista: Internet (chat) 8:38pm - Entrevistador bom, só pra te explicar mais ou menos qual é o objetivo da pesquisa: é entender como é a percepção das pessoas com relação a popularidade/reputação nas redes sociais. o quanto número de likes/amigos importam, essas coisas pode ficar bem livre pra responder as perguntas

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8:40pm - M.T. 8:40pm - Entrevistador pra começar... em quais redes sociais tu tem conta e é ativa no momento? sabe quantos amigos ou seguidores tu tem em cada uma delas? (não precisa olhar, é só pra ver se tu lembra) 8:41pm - M.T. ok só face einsta conta ativa facebook e insta twitter mas não uso o twitter 8:42pm - Entrevistador sabe de cabeça mais ou menos quantos amigos tu tem em cada uma? 8:47pm - M.T. no insta +- uns 120 seguidores e sigo +- uns 80 no face tenho uns 3000 amigos e mais uns 250 que me seguem que eu não aceitei 8:48pm - Entrevistador beleza e que tipo de conteúdo tu costuma postar no Facebook? links, fotos, vídeos, atualizações de status...? no Insta são fotos, claro... haha 8:49pm - M.T. hahahah no face fotos, videos não atualizações de status e frases sim links muito poucos 8:50pm - Entrevistador aham... e a maioria desse conteúdo que tu posta é produzida por ti mesmo ou só compartilhada de outros canais? 8:50pm - M.T. compartilho grande parte de status mas fotos são minhas não compartilhamentos 8:51pm - Entrevistador e tu se importa com o número de likes dos conteúdos que tu publica nas redes? 8:52pm - M.T. não sempre olho quem curtiu, mas não me deprimo caso tenha poucas curtidas 8:53pm - Entrevistador e tu acha que as pessoas se importam demais com isso?

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8:53pm - M.T. muitas sim jávi gente excluindo fotos por ter poucas curtidas 8:54pm - Entrevistador hahaha tu acha que algumas pessoas publicam conteúdos apenas pra ganhar likes? 8:55pm - M.T. sem dúvida acho que a maioria só posta exatamente para ter curtidas se não não postaria hahaha 8:56pm - Entrevistador e tu consegue identificar quando uma pessoa faz isso ou lembra de alguém que fez algo parecido nos últimos tempos? tipo, algo que a pessoa postou e que ficou na cara que foi só pra ganhar curtidas (não precisa citar nomes haha) 8:56pm - M.T. siiiiim vejo sempre coisas do tipo 'quero causar inveja, vou postar' viagem, carros, presentes 8:57pm - Entrevistador fotos, na maioria das vezes, né? 8:58pm - M.T. sim 9:00pm - Entrevistador e com relação ao que tu posta... tu consegue prever se um conteúdo que tu publicou vai gerar vários likes ou comentários? isso já passou pela tua cabeça antes de publicar algo? 9:02pm - M.T. já passou sim. geralmente espero likes... mas não me importo caso não tenha muitos não posto pra ter muitas curtidas 9:04pm - Entrevistador e alguma vez tu ja postou alguma coisa pensando só na quantidade de likes ou comentários que teria? algo do tipo "ah, vou postar isso porque sei que o pessoal vai curtir" 9:04pm - M.T. já foto 9:12pm - Entrevistador opa, desculpa... tava na estrada antes, acabei de chegar aqui em POA haha e tu costuma prestar atenção na quantidade de amigos/seguidores que as pessoas tem? 9:21pm - M.T. sim, eu presto atenção sempre reparo hehehe

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9:21pm - Entrevistador e tu acha que isso é importante pra determinar a popularidade de uma pessoa? 9:23pm - M.T. nem sempre,... pq tem pessoas que aceitam todo mundo que adiciona nem conhece e aceita mas geralmente quem tem um certo num de seguidores é pq não aceita qualquer um então pode influenciar no grau de popularidade sim só tem que saber analisar e avaliar 9:24pm - Entrevistador hm, bem observado essa questão dos seguidores e tu julga ou já julgou alguém pela quantidade de amigos/seguidores ou até mesmo pela quantidade de likes que ela recebe? 9:25pm - M.T. não julgo por isso aceito quando eu conheço, ou já vi ou já ouvi falar mas não cuido se tem muitos likes ou muitos amigos 9:26pm - Entrevistador então tu repara nesses números, mas tu acha que não significa muita coisa. é isso, né? 9:27pm - M.T. isso representa a popularidade sim não na verdade achoque vale alguma coisa 9:27pm - Entrevistador aham, de certa forma 9:27pm - M.T. mas não que eu me importe com a popularidade da pessoa 9:28pm - Entrevistador e tu acha que a popularidade de alguém na internet tá ligada diretamente com a popularidade dela fora da internet, ou seja, no mundo real/offline? 9:32pm - M.T. não acho que não tem nada a ver na internet é sempre uma coisa e na vida real é outra sempre assim 9:33pm - Entrevistador entendi bom, tá quase no fim... 9:33pm - M.T. tá vamos lá ehehe

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9:34pm - Entrevistador o que tu pensa sobre medir a popularidade de uma pessoa só com base na quantidade de amigos/seguidores que ela possui nas redes sociais? tu acha que isso é possível ou correto? ou até pela quantidade de likes, comentários que ela recebe 9:35pm - M.T. acho que não da pra medir a popularidade dela na vida real pela da internet muita gente que é popular na internet pode não ter muitos amigos na vida real as pessoas podem conhecer pelo facebook, ou outra rede mas nunca falaram com a pessoa na vida então eu posso ser popular, postar fots legais, frases legais, vídeos engraçados, e todos curtirem ser popular pelo o que eu posto na intenet mas não sou popular por quem realmente eu sou 9:37pm - Entrevistador aham, legal e o contrário pode acontecer também, né? alguém ser bem popular fora da internet e não muito ativo nas redes sociais 9:37pm - M.T. as pessoas nem sempre postam oque realmente queriam postar exatamente 9:38pm - Entrevistador legal isso que tu falou tu já ouviu falar no Klout? 9:38pm - M.T. não o que é? 9:40pm - Entrevistador bom, explicando bem por cima, o Klout é um site onde tu conecta tuas contas nele e ele "mede" o quão influente tu é nas redes sociais em uma pontuação que vai de 0 a 100. ele também faz uma análise do que tu posta e diz em que assuntos tu é influente (cerveja, por exemplo). algumas marcas se aproveitam disso pra dar "presentes" pra usuários influentes em determinado assunto (uma cervejaria lançando uma nova cerveja, por exemplo), pra que eles criem uma repercussão ao redor desse produto. 9:41pm - Entrevistador se tu quiser dar uma olhada depois, fica a vontade... http://klout.com ele é meu objeto de estudo 9:41pm - M.T. ó,legal 9:42pm - Entrevistador mas, de qualquer forma, nessa última pergunta queria saber tua opinião... como tu acha que um índice como esse do Klout pode ser útil pras pessoas? imagina o contexto dele sendo utilizado pra classificar candidatos a uma entrevista de emprego, por exemplo, ou pra dar melhores quartos de hotel a hóspedes mais influentes e com pontuações mais altas. tu concorda com isso? 9:42pm - M.T. vou ver sim

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não concordo, pq foi oq disse ainternet nãopode medir muita coisa pra ser popular pela intenet só épreciso criatividade tu não precisa ser popular na vida real, só precisa ter riatividade criatividade* 9:45pm - Entrevistador então tu acha que isso poderia prejudicar quem não é muito ligado em redes sociais e essas coisas...? 9:45pm - M.T. éo que eu penso né posso estar enganada heheh 9:46pm - Entrevistador haha claro, mas é mesmo tua opinião que eu queria saber mas tu acha que ele pode ser útil, de alguma forma? 9:50pm - M.T. achei legal a parte de medir a popularidade e tal mas que seja NA INTENET não carregue isso pra vida real tipo os hotéis e empregos que tu comentou e tal 9:51pm - Entrevistador aham, entendi bom, acho que era isso! ficou ótimo Entrevistado(a): C.B. Data da entrevista: 14/05/2013 Tipo de entrevista: Internet (e-mail) Entrevistador: Em quais redes sociais você tem conta e é ativo no momento? Você sabe quantos amigos ou seguidores possui em cada uma delas? C.B.: Facebook - 426 amigos | Followed by 121 pessoas | Following 26 people Twitter - 139 following | 301 followers LinkedIn - 388 connections Instagram - 115 seguidores | 53 seguindo Vine - 7 followers | 19 following Foursquare - 134 amigos Entrevistador: Que tipo de conteúdo você costuma postar nessas redes? C.B.: Links sobre notícias diárias ou conteúdo relacionado ao meu trabalho Fotos de viagens ou instantâneas tiradas via mobile Vídeos de músicas (artistas favoritos), lançamentos ou curta-metragem de animações, como da Gobelins http://www.youtube.com/user/gobelins Atualizações de status (viés mais pessoal, como desabafos ou momentos de felicidade) Entrevistador: Você posta conteúdos diferentes em cada uma delas? C.B.: Sim.

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Facebook - mais pessoal e descontraído, com gostos íntimos e próximo ao dia a dia Twitter - mais opinativo, mensagens curtas com informções mais acadêmicas e dicas de leitura, um pouco de reclamação e auto-crítica LinkedIn - profissional, com um histório de experiências e conhecimentos anteriores Instagram - pessoal, fotos e momentos privados (é fechado, somente visível sob autorização) Vine - acho muito legal mas compartilho pouco-quase-nada porque ainda não peguei o hábito de usar a rede Foursquare - não dou checkin mas abro uma vez por dia para saber o ranking dos lugares próximos, descobrir novos estabelecimentos, ler recomendações, dicas e saber onde os meus amigos estão indo Entrevistador: A maior parte do conteúdo é produzido por você mesmo ou só compartilhado de outros canais? C.B.: A maior parte é compartilhamento. Pouco de produção (mais no Instagram). Entrevistador: Você se importa com o número de likes ou retweets dos conteúdos que você publica nas redes sociais? C.B.: Me importo mais com os comentários, dão um feedback mais claro sobre o que as pessoas acharam do conteúdo. Os likes são superficiais, no meu ponto de vista. Portanto, não. Só na fanpage da minha empresa, porque pelo post ser público o like tem alcance maior e gera visualizações por viral. Entrevistador: Você acha que as pessoas se importam demais com isso? C.B.: Sim. Acho que passou a ser exagerado o quanto as pessoas filtram/gerenciam o comportamento online, extramamento diferente do que pensam e agem no seu íntimo. Com a ideia de ganhar audiência e fidelizar seguidores. Devemos falar conforme a rede e o público que está ali, mas não perder o foco dos ideias e discursos que temos no mais pessoal dos lados, o ativo diariamente, 24 horas. Entrevistador: Você acha que algumas pessoas publicam conteúdos apenas para ganhar likes? C.B.: Sim. Internet consegue ser suporte à baixa autoestima das pessoas. Entrevistador: Você consegue identificar quando uma pessoa faz isso ou lembra de alguém que fez algo parecido nos últimos tempos? Que tipo de conteúdo normalmente é? C.B.: Consigo lembrar de vários amigos, todos na faixa 18-25 anos, mais ainda no Facebook. Normalmente é conteúdo que recém foi descoberto ou que virou modismo. Como bandas ou artistas, que antes não eram conhecidos ou não estavam no repertório de referências da pessoa, nem próximo, e por gerarem algum buzz fazem a pessoa querer se enturmar no assunto e ser especialista naquilo. Do dia pra noite a pessoa passa a ter uma opinião agressiva e certeira sobre acerca de todo o contexto que envolve aquele conteúdo ou pessoa Entrevistador: Você consegue prever se um conteúdo que você publicou vai gerar vários likes ou comentários? Isso já passou pela sua cabeça antes de publicar algo? C.B.: Não, na verdade a média de likes dos meus posts é bem baixa, normalmente até 10, mas muita gente que eu encontro na rua ou converso durante o dia comenta sobre “ah, vi a notícia no teu Facebook, muito legal” mesmo que não tenha dado um curtir. Não penso em postar/não postar pelo retorno. Mas é óbvio que quando tu entende de um assunto e faz um post polêmico a normalidade é que ele dê mais comentários e debate.

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Entrevistador: Você alguma vez já publicou algo apenas pensando na repercussão que isso traria em termos de likes, comentários, compartilhamentos ou retweets? Que tipo de conteúdo era? C.B.: Não. Não lembro de alguma situação pessoal em que possa ter feito isso. Entrevistador: Você costuma prestar atenção na quantidade de amigos ou seguidores que tem na rede social? Você acha isso importante para determinar a popularidade de alguém? C.B.: Não presto atenção diariamente, mas frequentemente dou unfollow, excluo amigos e mudo a privacidade dos meus posts. Acho importante para determinar popularidade, mas não grau de influência. A pessoa popular pode conhecer muita gente, mas pode não ter poder verbal e de construir parceria com ninguém. Entrevistador: Você julga ou alguma vez já julgou alguém pela quantidade de likes, comentários ou pela repercussão em geral que o conteúdo dela recebe nas redes sociais? O que levou você a fazer isso? C.B.: Não. Nem sequer cuido do likes comentários e shares do que eu sou audiência. Acho legal quando algo sai de um user normal e cresce por ser bom ou engraçado, mas é só nesse momento de boom que acompanho, não fico cuidando o que vai chamar atenção nos meus círculos de amigos, faço isso no meu trabalho, com os perfis que monitoro. Entrevistador: A quantidade de likes, comentários e retweets é relativo ao conteúdo em si, mas e com relação ao número de conexões do usuário? Você julga ou alguma vez já julgou alguém pela quantidade de amigos ou seguidores que essa pessoa tem nas redes sociais? C.B.: Já. Acho impossível a pessoa não alimentar relações negativas e não saudáveis tendo 3 mil amigos no Facebook. Mas é uma crença pessoal, que devo me poupar de gente anti-ética e com energia ruim, não julgo os outros por maldade. No Twitter é diferente, pois o contato é outro. Entrevistador: E você acha que a popularidade de alguém na internet está ligada diretamente a popularidade dela fora da internet, ou seja, no mundo real/offline? C.B.: Os dois casos existem com a mesma intensidade. Alguém que é host de uma festa famosa e conhece muita gente pode querer estreitar os laços via internet e adicionar todo mundo ao seu perfil, diferente de alguém que não se relaciona pessoalmente com ninguém e usa as possibilidades virtuais para ter amigos. Entrevistador: O que você pensa sobre medir a popularidade de uma pessoa com base na quantidade de amigos ou seguidores que ela possui nas redes sociais? Acha que isso é possível ou correto? C.B.: Acho que é possível, não é incorreto, porém tende a ter uma margem de erro muito grande fazer essa avaliação isolada, sem profundidade. Entrevistador: Você já ouviu falar no Klout? C.B.: Já. Tenho conta porém não entro e não acompanho, acho, inclusive, que não conectei todas as minhas redes ao Klout. Entrevistador: Como você descobriu ou ficou sabendo do Klout? Você lembra quais foram os motivos que levaram você a se cadastrar e utilizar o serviço?

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C.B.: Na universidade. Me cadastrei para um trabalho que exigia o score total. Entrevistador: Você ainda utiliza a ferramenta atualmente? Costuma utilizá-la frequentemente? Lembra qual foi a última vez que acessou o serviço verificou como estava sua pontuação? C.B.: Não utilizo mais, não acesso e não lembro qual foi a última vez. Procurei agora pelo meu Klout e a pontuação é de 46. Entrevistador: Você já fez algum tipo de esforço para aumentar sua pontuação ou publicou algum conteúdo pensando no impacto que ele traria para sua pontuação? C.B.: Não. Entrevistador: Uma vez que a pontuação dada pelo Klout representa o nível de influência de 0 a 100 de um indivíduo nas redes sociais, o que você pensa sobre a sua pontuação? Ela está acima ou abaixo do que você esperava? C.B.: Não tenho expectativas quanto a minha pontuação no Klout. Entrevistador: Considerando a pontuação de outros usuários dentro do seu círculo social, você acha que sua pontuação está de acordo com suas expectativas? C.B.: Acho que minha pontuação não foge da minha frequencia de postagem e padrão de publicação online. Estou colocando aqui um print com as pontuações mais altas dos meus amigos: Entrevistador: Você se preocupa com a privacidade das suas informações? Você percebe algum tipo de risco ao expor seus conteúdos nas redes sociais ou ao conectar suas contas com ferramentas como o Klout? C.B.: Sim, me preocupo com a privacidade das minhas informações e postagens, mas não acredito em algum risco sério por usar redes sociais e nem ferramentas como o Klout. Entrevistador: O Klout também faz uma análise do conteúdo que você posta e diz em que tópicos é assuntos você é considerado influente, ou seja, tem bastante conhecimento sobre. Você sabe quais os assuntos que a ferramente atribuiu a você? Você concorda com os assuntos a que lhe foram atribuídos? C.B.: Social media. Business. Books. Concordo, mas foi em outro momento da minha vida profissional em que ‘social media’ ficou em primeiro lugar. Entrevistador: Algumas empresas oferecem benefícios ou regalias (chamados de Perks) para usuários considerados influentes em determinado tema ou assunto. Você já recebeu algum desses benefícios? Se sim, você utilizou eles? C.B.: Nunca ganhei, nunca utilizei. Entrevistador: Como você acha que um índice como o do Klout pode ser útil para as pessoas? Imagine o contexto sendo utilizado para classificar candidatos a uma entrevista de emprego ou dar melhores quartos de hotel a hóspedes mais influentes. Você concorda com isso? C.B.: Concordo e acho que não seja uma política ruim, desde que ninguém seja excluído por isso, apenas ganhe privilégios extras. E que haja outras possibilidades de avaliação, como

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frequencia hospedagem e fidelidade internacional nos hotéis/rede, para o caso citado. Quanto à entrevista, acho que se o trabalho necessitar de influência grande em social media, é muito interessnte implementar a técnica para a escolha. Entrevistado(a): L.R. Data da entrevista: 18/05/2013 Tipo de entrevista: Presencial Entrevistador: Tá, então só pra explicar mais ou menos, por cima, o que que é a pesquisa. Assim... Tipo, é pra entender como é que é a percepção das pessoas nas... Sobre popularidade e reputação nas redes sociais. Tipo, ah, quanto que interessa número de likes, número de amigos da pessoa, se tu julga a pessoa por isso e tal. L.R.: Aaah, tá. Entendi. Entrevistador: Tá, então... Começando, tu sabe em quais redes sociais tu tem conta? L.R.: Sim. Entrevistador: Quais? L.R.: Tá. Que eu uso mais: Facebook, LinkedIn, e o Skype também eu uso bastante. E que eu tenho conta: no MSN, no Twitter, no Foursquare. Ah, o Foursquare também uso bastante. O Instagram também uso. Entrevistador: Mas tu é mais ativa nas três primeiras? L.R.: É. E no Instagram também agora. Entrevistador: No Instagram também? L.R.: É. E no orkut também tenho. (risos) Entrevistador: É? Ainda tem? (risos) L.R.: Sim (risos), eu não excluí. Valor sentimental. Entrevistador: Ah, sim. Os depoimentos, os recados... L.R.: Exatamente. Entrevistador: Tu sabe quantos amigos, seguidores tu tem em cada uma delas? Tu lembra? L.R.: Bah, no Face acho que eu tenho uns mil e novecentos. No Instagram acho que eu devo ter uns duzentos, eu acho. No Messenger eu tinha, sei lá, trezentos contatos. No Skype eu devo ter uns cinquenta. Ah, eu uso WhatsApp, não sei se conta também. Entrevistador: Acho que não muito né, não é muito rede social. L.R.: Não muito, né. E só, eu acho, que eu me lembre. Entrevistador: Tá, e que tipo de conteúdo tu costuma postar nessas redes? L.R.: Ah, no Facebook, é o que eu mais uso, eu posto tudo. Eu posto onde eu vou, eu posto... Ai, sei lá, eu achei uma frase interessante e que tem a ver com o que eu tô pensando, eu posto. Posto quando eu tô na faculdade. Se eu vejo um bicho legal eu posto. (risos) Eu posto várias coisas, mas eu posto o que eu curto, tipo "ah, eu achei legal", eu posto. Entrevistador: Tá, e... Mas tu costuma postar coisas diferentes nas redes sociais? Tipo, no Instagram tu posta uma coisa e no Facebook outra... L.R.: E no Facebook outra... Entrevistador: Tá, e a maior parte do conteúdo que tu posta é tua, produzida por ti, ou é compartilhada de outros lugares? L.R.: A maioria é o que eu, o que eu... Entrevistador: É o que tu produz. L.R.: É... O que eu produzo. Entrevistador: Tipo, tua foto, tuas coisas? L.R.: Sim, isso, minhas coisas. Não curto muito compartilhar aquelas fotinhos que tem mensagem. Não gosto. Entrevistador: Que se vê muito, né? L.R.: É, eu acho que se vê muito, muito. Entrevistador: Sim. E tu se importa com o número de likes, retweets que tu ganha, comentários, essas coisas? L.R.: Hummm, sei lá, eu posto porque eu gosto, mas claro que quando tu recebe vários likes é legal, né?

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Entrevistador: É bom? L.R.: É bom, é bom (risos). Entrevistador: E tu acha que as pessoas se importam demais com isso? L.R.: Acho que sim. Entrevistador: Sim? L.R.: Eu acho que se ela vê que o amigo dela curtiu, ela vai curtir também. Entrevistador: É? L.R.: Ah, eu acho. Entrevistador: Tu acha que é... Tipo, as pessoas fazem isso pra se sentirem "in", assim? L.R.: "In", exatamente, se sentir cool, que todo mundo tá e eu também tô. Entrevistador: Sim... Tu consegue identificar quando uma pessoa faz isso? Quando ela... Tu acha que as pessoas postam só pra ganhar likes? L.R.: Algumas pessoas sim, mas algumas não. Acho que, tipo, eu olho mais o que os meus amigos postam e, na maioria das vezes que eles postam, eu sei que numa outra conversa ou no chat, eles tão me falando sobre alguma coisa que tá acontecendo no momento. Tipo, a gente faz uma foto numa festa, [incompreensível] feliz ou coisa assim, ou uma mensagem, se tão meio tristes, ou coisa assim. Entrevistador: Sim, mas e tu consegue identificar quando a pessoa posta só... Que tu vê que é só pra ganhar likes? L.R.: Sim. Entrevistador: Tu consegue identificar? Tu consegue saber, mais ou menos, que tipo de conteúdo é normalmente? L.R.: Sim, é o que tá todo mundo falando. Ah, sei lá, tipo esse negocinho do poema, todo mundo fica curtindo, comentando por causa disso, sabe? Pra tentar ganhar uns likes porque acha que é legal. Quer ser cool, sabe? Entrevistador: E tu consegue prever quando um conteúdo que tu posta vai dar bastante like ou comentário? L.R.: Não. Entrevistador: Não? L.R.: Eu acho que não. Entrevistador: Não passa pela tua cabeça antes de postar alguma coisa se vai dar bastante like ou repercussão? L.R.: Não, eu penso que as pessoas não vão gostar (risos) das coisas que eu posto, mas daí eu posto igual. Entrevistador: Mesmo que não... Tu tem medo de não receber nenhum like, assim? L.R.: Não. Entrevistador: Não? Pra ti não tem problema? L.R.: Não. Entrevistador: E tu alguma vez já publicou algo pensando só na repercussão que isso traria em número de likes e comentários? L.R.: Ah, eu acho que sim. Entrevistador: Já? L.R.: Acho que sim. Acho que todo mundo já pensou alguma vez "ah, vou postar isso aqui porque acho que é legal e espero que as pessoas curtam", alguma coisa assim. Entrevistador: Aham. Tu lembra que que era? L.R.: Ah. Sim, eu lembro! (risos) Foi numa festa de aniversário da [M.T.] que a gente fez uma foto MUITO cômica e a gente esperava, assim, que muitas pessoas pelo menos falassem "que ridículo" ou que curtissem, porque, tipo, pagar um mico de um jeito que a gente pagou e ninguém curtiu. Entrevistador: Ninguém curtiu? (risos) L.R.: Só nós, tipo... (risos) Foi um negócio muito frustrante no final. Entrevistador: E, deixa eu ver... Tu costuma prestar muita atenção na quantidade de amigos que as pessoas têm, ou de seguidores, ou até mesmo de likes que elas recebem nas coisas? L.R.: Eu presto atenção se eu não conheço a pessoa, eu vou olhar pra ver se não é fake. Tipo, se tem dez amigos, vinte amigos eu desconfio.

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Entrevistador: É? L.R.: Mas é isso. Tipo, não olho, sei lá, se tem mil, sei lá, quinhentos, trezentos. Acho que cada pessoa, tipo, tem pessoas que são mais reservadas, que não adicionam colega de faculdade, colega de trabalho, só adicionam os amigos mesmo. Tipo, se eu tiver colegas eu vou adicionar, pela intenção de ter mais redes, tipo, mais rede pra quando eu precisar ou se alguém precisar de alguma ajuda minha, tenho contato mais fácil, né? Que nem às vezes no Face, ah, tem uma dúvida, meu colega faltou e ele precisa saber, daí ele consegue falar comigo pelo Face. Tipo, que ele já vai saber que ele é meu colega. Entrevistador: Entendi. E... Me perdi. (risos) L.R.: Eu falo bastante. (risos) Entrevistador: Então tu não julga a pessoa pela quantidade de amigos que ela tem. Isso pra ti não interessa? L.R.: Não, porque eu sei de gente que é, tipo, bem conhecido e não tem muitas pessoas no Facebook, porque ele não usa também, a pessoa não usa. Entrevistador: Ou até o contrário, a pessoa pode ter vários amigos no Facebook e ninguém sabe dela. L.R.: Ninguém conhece, exatamente. Já aconteceu isso de eu pedir "tá, fulano, tu é amigo?", "não, não conheço", "tá, mas tu é amigo dela no Facebook", "aaaaah", tipo, "ah, nem sabia". Aí tu vai pedir pra dois, três e ninguém conhece a pessoa, mas são amigos no Facebook. Entrevistador: Ninguém nunca viu mas é amigo no Facebook. L.R.: É. É amigo no Facebook. Entrevistador: E tu acha que ser popular no Facebook, ser popular no Twitter, ter vários amigos tem relação com a popularidade dela fora da Internet? L.R.: Não. Entrevistador: Não? L.R.: Acho que não. É, depende. É que nem eu te falei, sabe? Tem pessoas que adicionam todo mundo e vão aceitando todo mundo, não tão nem aí. Querem adicionar todo mundo. Aí ela passa na rua e não cumprimenta ninguém, ela não fala com ninguém, tipo muito anti-social. E eu acho que ao contrário também, tem gente, sei lá, tem cem amigos no Facebook mas fora dali conhece todo mundo. Entrevistador: Sim. E o que tu pensa sobre medir a popularidade da pessoa com base só na quantidade de amigos que ela tem no Facebook ou de seguidores no Twitter ou até mesmo os likes que ela recebe? Tu acha isso possível ou correto? L.R.: É possível. Eu acho que é possível, porque, tipo assim, ó, se ela tem vários amigos que normalmente é o que as pessoas curtem, né, ou que seus amigos gostaram, comentaram. Então acho que pelos likes é mais fácil do que pela quantidade de amigos em si. E pode, sei lá, tem pessoas que tem mil, dois mil amigos e daí vai olhar e... Entrevistador: Ninguém curte nada. L.R.: Ninguém curte nada, ninguém comenta nada, ninguém... Ou até curte, mas não comenta, não faz nada, sabe? Entrevistador: Aham. E tu acha isso correto? Fazer essa medição? L.R.: Não. (risos) Não é que seja sempre correto ou não-correto, mas pode ser que não seja a veracidade do dia-a-dia, tipo, na realidade. Porque eu penso que no Facebook muitas pessoas se fazem tanto de coitatinhos, como se fazem as pessoas mais felizes do mundo. Acho que as pessoas criam uma imagem que elas gostariam de ser na rede. E, sei lá... Entrevistador: Muitas vezes não é o que elas são na vida real. L.R.: Não é real, exatamente. Tipo, vai numa loja e troca uma roupa, bate uma foto pra dizer que tem aquele óculos, tem aquela roupa, mas na verdade não tem. Ou vai, sei lá, em outro lugar e bate uma foto com uma galera. A pessoa nem conhece quem tá na foto, mas bateu uma foto com todo mundo pra dizer que a pessoa é popular, sabe? Entrevistador: É meio que um narcisismo, assim, uma foto... L.R.: É, querer se aparecer. Entrevistador: Tá, então... Quase no fim. Tu já ouviu falar no Klout? L.R.: Não.

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Entrevistador: Não? Deixa eu te mostrar. Explicando bem por cima, ele é uma ferramenta onde tu conecta tuas redes sociais e ele faz uma análise do que tu posta, de quantos amigos tu tem e ele te dá uma pontuação de 0 a 100 dizendo quão influente tu é nas redes sociais. Ele também faz uma análise do que tu fala e te diz em que assuntos tu é influente, então, tipo, dependendo do que tu fala vai te dar, tipo "ah, tu é influente em tal assunto". Então, sei lá, tu é influente em roupas, por exemplo. Daí as marcas podem se utilizar disso pra quando elas tiverem lançando um produto, por exemplo, elas vão escolher pessoas influentes em determinado assunto e divulgar, dar presentes pra esses usuários influentes, pra que essas pessoas façam a propaganda pra outras pessoas amigas delas. L.R.: Tu é muito influente, 67 de 100. Entrevistador: 64, mas eu caí, já fui mais. L.R.: Sério? (risos) Entrevistador: Então se tu quiser conhecer depois, pra cadastrar é só conectar o Facebook, Twitter, LinkedIn, o que tu quiser aí que ele vai medir. Tu se preocupa com a privacidade das informações que tu posta nas redes sociais? L.R.: Sim. Quando eu trabalhava na [empresa], eu tirava algumas pessoas. Tipo, quando eu postava uma foto numa festa, alguma coisa assim, eu ia lá em "Customizar", né, e eu não deixava as pessoas verem. E eu começo a rever meus conceitos porque eu fui numa palestra que um RP que falou que ele avalia o Facebook da pessoa. Isso me fez repensar meu Facebook. Entrevistador: Ah, é bem comum isso. Até essa questão tem a ver com a próxima pergunta, até é a última pergunta, vou querer tua opinião. Esse Klout tá sendo bem polêmico porque ele tá sendo usado em casos, tipo, a pessoa fez uma entrevista de emprego e a pessoa olha quanto é o Klout da pessoa, quanto é essa pontuação da pessoa. Então teve casos que a pessoa não conseguiu um emprego, foi desqualificada porque o Klout dela era muito baixo, mas ela nem sabia que existia o Klout, porque o Klout, mesmo que tu não conecte tuas redes sociais nele, ele pega as redes tuas que tão abertas, tipo Twitter, que qualquer um pode acessar, e ele já faz uma medição. Então tu pode nem saber que ele existe, mas ele vai tá medindo já. Ou então, tem hotéis já também que tão começando a dar melhores quartos pra hóspedes que são mais influentes. L.R.: Bah! Entrevistador: Tu acha que é correto isso, que tu acha? Como é que tu acha que pode ser útil pras pessoas esse índice do Klout? L.R.: É bem complicado. Porque assim, ó, Facebook pode ser uma, que nem eu tinha falado antes, a pessoa tá montando a vida dela, mas muitas pessoas acreditam no que ela tá... Até semana passada eu tava conversando com uma amiga minha e daí ela falou assim "ah, mas fulano isso, isso e aquilo", depois eu falei "mas tu não sabe a realidade dele", se tu olhar o Facebook da pessoa tu pensa "nossa, é o cara", né, só que eu conheço a realidade da pessoa e sei que ela não é nada. Tipo tudo que ela tem, ela tem emprestado, ou... Enfim, n coisas pra conseguir ter aquilo que ela tem aparente no Facebook. Mas essa pessoa influencia várias outras pessoas, tu me entende? Então talvez não seja ela, mas ela consegue influenciar muita gente. E em questão de ser correto ou não, eu acho que é mais uma ferramenta do marketing que se utiliza, sabe? Não que seja legal ou não legal, sei lá como explicar, mas pode influenciar muita gente, sim. Pode ser um... Entrevistador: Sim, podem ter consequências. L.R.: Isso, pode ser a favor desse hotel ou dessa empresa que vai dar o presente pra pessoa. Entrevistador: Ou até pelas pessoas que vão ganhar, né. L.R.: Pelas pessoas que vão ganhar, isso. Entrevistador: Mas então tu acha que pode ter gente que pode se prejudicar com isso? L.R.: Sim, quem não é muito ligado a redes sociais ou que não expõem tanto sua vida. Tem gente também que é super legal e tal, mas não fica postando toda hora no Facebook, não fica... Ah, tá indo em todas as festas, mas tu nunca vê nada no Facebook, entendeu? Uma pessoa mais privada, que não comenta muito a opinião dela, o máximo que ela faz é curtir algumas coisas, mas ela não expõem a opinião dela, porque ela não é muito ligada, e isso vai prejudicar ela talvez, sim.

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Entrevistador: Então tu acha que pode ser útil mas em determinados casos? L.R.: Exatamente. Pode ser bom pra empresa e pra quem for receber o presente, enfim, porque vai poder influenciar muitas outras pessoas que estão ligadas a ela na rede, mas pode prejudicar gente também que não é muito ligada. Entrevistador: Sim. Então tá, isso aí.