reprodução interpretativa w corsaro

Upload: rogeriocorreia

Post on 18-Jul-2015

172 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    1/22

    A REPRODU(:AOINTERPRETATIV A NO BRINCARAO "FAZ-DE-CONTA"

    DAS CRIAN

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    2/22

    ~UUCACA"oSOCIEDADE & CUL I URAS

    (Corsaro, 1992; e C o rs aro & Rizzo 1988) Vet tambem Ochs , E (1988), Schieffe-l in , B B (1990)1 levaram ao desenvo lvim ento de um a abo rdagem interpretativada so cializacao da infanc ia N esta perspec tiva, as c riancas co mecam a vida c om oseres so ciais in serido s num a rede s oc ial ji deflnida e , a tra ve s d o d es en vo lv im e ntoda comunicac ao e linguagem em interac cao com outro s , co nstro em o s seusm undo s so cia is

    C om efeito , e nes tes m ic ro pro cesses , envo lvendo a interaccao das c riancascom o s que cuidam delas e com o s seus pares que uma concepcao do desen-vo lvim ento so cia l co mo urn co mp1exo pro dutivo -repro dutivo (C oo k-G um perze C ors aro , 1986) se to rna m ais vis ivel Extrapo lando a perspec tiva de Piagetac erc a da no cao de es tadio s, a abo rdagem in terpretativa c ons ider a a so cia lizac aoco mo um pro cesso pro dutivo -repro dutivo de densidade c rescen te e de reo rga-nizac ;ao do co nhec im ento que m uda co m 0 d es en vo lv im en to c o gn itiv o e c om pe -tenc ias linguis tic as das c riancas e com as m udancas no s seus m undo s so c iaisU ma m udanca im po rtante nes tes m undo s e 0 m ovim ento das c riancas fo ra doseu meio fam ilial A traves da interaccao com o s co legas no contexto pre-esco -lar, as c riancas pro duzem a prim eira de um a serie de culturas de pares nas quaiso c onhec im ento infantil e as pratic as sao trans fo rrnadas gradualm ente em c onh e-c im ento e co mpetenc ias necessarias para partic ipar no m undo adulto

    N o entanto , a pro ducao da cultura de pales nao se fica nem po r um a questaode s imples im ita~ao nem po r uma apro priac ao direc ta do mundo adulto A sc riancas apro priam -se c riativam ente da info rm acao do m undo adulto para pro -duzir a sua pro pria cultu ra de pares Tal apro priacao e c riativa na m edida emque tanto expande a cultura de pares (trans fo rm a a info rm acao do m undo adultode aco rdo com as preo cupaco es do m undo do s pares) com o sim ultaneam entecontribui para a repro ducao da cultura adulta Este pro c esso de apro priac aoc ria tiva pode ser vis to c omo uma repro ducao interpretativa, de aco rdo com ano cao de dualidade da estrutura de G iddens (op cit) N a sua teo ria da es trutu-ra cao G id den s (1984:25) arg um en ta q ue

    "a s p ro prtedades estru turais dos sistem as so cia ls sa o tan to m eio com o resu lta -d o d as p ra tic as q ue r ecu rs io am en te o rg an iza m"

    1 V er tam bem O c hs , E (1 98 8), S ch ie ffe lin , B B (1 99 0)-

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    3/22

    1DllCA~AoSOCIEDADE & CUI IURAS

    As s im , a e stru tu ra e vis ta q uer c om o c ons trangendo quer c om o c apac itandoI al perspec tiva da es trutura so c ia l pode servir c om o base para advo gar que asocial izacao e m ais urn pro ces so repro dutivo do que urn pro cesso linear. a pro-cesso e repro dutivo no sentido em que as c rianc as nao s6 internalizam indiv i-dualm ente a cu ltu ra adulta que lhes e ex terna m as tam bem se to rnam parte dac u ltu ra a du lta , ie , co ntribuem para a sua repro duc ao atraves das nego ciaco escom adulto s e da pro ducao c riativa de urna serie de cu ltu ras de pares com aso u tra s c ria nc a s

    A reproducao Interpretativa no brincar ao "faz-de-conta" das crlancasN este artigo o bservo 0 pro ces so de repro duc ao in terpreta tiva atraves da

    analise do brinc ar ao faz-de-c on ta s oc to dram atic o das c rianc as pre-esc olaresQ uando falo em brinc ar so cio dram atic o, refiro -m e ao brinc ar no quaI as c rianc aspro duzem c olaho rativam ente ac tiv idades de "faz-de-c on ta" q ue es tao relac io -nadas co m experienc ias das suas v idas reais (po r exem plo , retinas fam iliares eo cupac io nais ), po t o po s icao ao s jo go s de fantas ia baseado em narra tivas deflc c ao (C orsaro , 1985)2 G rande parte do trabalho feito nes ta area cen tro u-sena co ntribuicao do brinc ar so cio -drarnatico para a aquis icao de c om petenc iasc om unic ac io nais e c onhec im ento so cial das c rianc as (C orsaro , 1979; G arvey;1977; e Pellegrin i, 1984) O utra inves tigacao am plio u es ta enfase no desenvo l-v imen to , ana lis ando 0brinc ar so cio dram atico co mo a ac tividade o u retina m aisvalo rizada na pro duc ao , o rgan izacao e m anutencao da cu ltu ra de pares"

    A pesar des tes es tudo s serem um a im po rtante c on tribu icao para a no ssa co m-preensao do lugar do brincar ao faz-de-co nta no s m undo s das c riancas e no seud es en vo lv imento s o c ia l, p re te nd o a la rg ar e ste tra ba lh o a na lis an do 0 b nn ca r s oc io -dramatic o c om o parte do pro c es so de reproducao interpretativa na vida dascriancas a meu o b je ctiv e e dem o ns trar c om o e que c rianc as pequenas na pro -duc ao do brinc ar so cio dram atic o usam sim ultaneam ente (ass im c om o refiname depo is desenvo lvem ) urn largo espec tro de co mpetenc ias co municac io nais e

    2 V el tam bem S ac hs , J , Goldman, J , C hailk , C (1 98 5), S m ila ns ki, S (1 98 5)l Cor s a ro (1985 ), o p cit, G oo dw in , M H (19 90 ), S chw artzm an, H (1 97 8)

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    4/22

    I 'UllCA

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    5/22

    r_UUCA

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    6/22

    I ' .UUCAC'AoSOCIEDADE & CUIIl)RAS

    balhar As criancas que frequentam es te JI espelham a populacao que vive nocentro desta c idade, pelo que a esm agado ra m aio ria das criancas que 0 frequen-tavam eram negras D e fac to , nas duas saIa es tudadas , apenas uma crianca naoo era (es ta excepcao era um a crianca hispanica) A l i a s , quase todo s o s func io -nario s des te JI (i e : pro fes so res , c onduto res do s auto carro s, adm inis trado res)eram tam bem negro s

    Dado 0 m eu envo lvim ento no s do is exem pIo s do brincar so c iodram aticoapresentado s na pro xim a seccao des te artigo , e nec es sario des crever a naturezada m inha partic ipacao nas ac tividades das c riancas com algum detalhe D epo isde alguns m eses de entrada cautelo sa e aceitacao no s m undo s das criancas co mou rn ad ulto atip ic o, in teg rei as ac tiv id ad es d e p ares c omo "p artic ip an te p eriferic o "A m inha ac tividade fo i perifenca na m edida em que m e abstive de a) inc iar o u ter-m inar urn episo dic , b) intervir num a ac tividade dis ruptiva, c ) reso lver disputas ,ou d) coo rdenar ou dirtgir uma ac tividade 0 que eu fiz, fo i tentar brincar, to r-nar-me parte da ac tividade sem afec tar dramaticamente a natureza ou 0 fluirdas ac tividades de pares Agindo po r vezes, mais como urn adulto do que comoum a crianca, po sso ter o casionalm ente afec tado a ac tividade. No s exem plo sapresentado s a seguir, algumas das m inhas respo stas podem ter conduzido ascriancas num a direc cao o po sta N o entanto , estas respo stas fo ram 0 res ultad o d asm inhas tentativas de co mpreender a interacc ao e de partic ipar m inim am ente

    Q uando trabalho c om m aterials deste tipo , no rm alm ente apresento um a m ic ro -analise m ultifacetada e centrada em 1) es trateg ias dis cursivas que as c rianc asusam para gerar retinas de pares que dem onstram a natureza nego c iada e co lee-tiva da m teraccao entre pares , 2) a slgnificanc ia da retina na cultura de pares paracaptar 0 po der das ac tividades das criancas no grupo de pares para 0 desenvolvi-mento continuo das suas competenc ias so c iais e conhec imento e 3) as retinasdas criancas como experienc ia de so c ializacao nas quais elas se apropriam decerto s elem ento s da cultura adulta para ltdar co m pro blem as pratico s da culturade par'es lo cal

    Es tarei aqui sobretudo preo cupado com esta ultima ques tao : como e queas criancas relac ionam ou articulam as carac teris ticas lo cais do desenro lar dobrincar ao "faz-de-co nta" co m as suas concepcoes do mundo adulto Esta arti-culacao perm ite as criancas apro priarem -se de aspec to s da cultura do s adulto sque depo ts usam , refinam e expandem De aco rdo com a nocao de reproducao-

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    7/22

    ' tUUCA~A:oSOCIEDADE & CUI I URAS

    interpretativa, argum ento que atraves de tal apropriacao, as criancas alargam acultura de pares e contribuem para reproducao do mundo adulto

    A fazer gelados no Infantario da UniversidadeA s criancas no JI da U nivers idade partic ipam frequentem ente em brincadei-

    ras sociodramaticas adop tando e ss en cia lmente papers fam ilia re s e o cupac ionaiscomo bombeiro s, po lic ias , pro fesso res , medico s e operar ios No exemplo queaqui co nsideram os, varias c riancas estabeleceram um entendim ento partilhadopara participarem numa ro tin a na q ua l " fa zem coisas" com 0ma te ria l p ara b rin ca rexis tente no contexto (areia, baldes , pas , etc) A dada altura houve uma refe-rencia para fazer gelados e mais tarde, atraves das acco es competentes de trescriancas (A nn, R uth e linda) esta ac tividade e transfo rm ada num brincar ao "faz--de-conta" na qual as criancas se to rnam donas de uma gelatatia

    D epo is das criancas dec idirem que via fazer gelado , rapidam ente relac io namesta ac tividade com valo res partilhados na cultura de pares Is to e feito atravesd a re fe re nc ia c riativ a a elaboracao de um tipo de gelado que e semelhante a urnbrinquedo (urn unicornio com as co res do arco-ins) qu e muitas c rianc as po ss uem(i e: urn gelado do uniccm io arco -iris , linhas 77-79):EXEMPLO 1: A fazer gelado

    SEGM ENTO 1 *

    N este e nas transcrico es que se seguem Io ram usadas as seguintes ano taco es : " as s inala auto -interrupcao el nt er rup cao par outro s ; ( ) quando s e a pr es en tam p ala vra s entre pa re nt es e s r ef er er n- se a no tas de transc nc ao p ro vaveis enquan to q ue paren teses vazio s d en otam d isc urs o ininteligivel; II a s si n al a s ob repo s ic o e sd a ta la

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    8/22

    I'.\.lUCA~40SOCIEDADE & CUIIURAS

    D ep ois , u ma d as c rian cas , linda, pro po e nas linhas 80-82 do segm ento 2, queas quatro cnancas sejam as donas da lo ja e 0 adulto , 0 c liente Co m certezaque as condic o es so c io econom icas das c riancas sao impo rtantes na sua defi-nicao com o donas em vez de em pregadas (caso m ais frquente nas c riancas do IlHead Start) o u no alinhamento mais comum em tal brinc ar ao 'faz-de-co nta"o cupac io nal co mo patro es o u do no s e em pregado s A qui, as c riancas inspitam -senas s uas pro prias ex perienc ias e concepcoes do m undo ad ulto , alargando a retinada c ultura de paresSEGM ENro 2

    -

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    9/22

    ' 1.UUCAC:AoSOCIEDADE & CUI I URAS

    Es ta a rtic u la c ao nao e ap en as u ma questao d e c la ss ific ac ao o u s imp le s im ita

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    10/22

    ~I)UCA

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    11/22

    ~U1JCA{: .{OSOC IEDADE & CU I I URA S

    N o U ltim o segm ento (243-273), as c riancas vo ltam a no cao de trabaIho devoluntariadoSEGMENIO 4

    A sequenc ia come~a com a dec laracao de linda que trabalha dia e no iteEu responde a is to com a pergunta "Vocestrabalbam 24h por dia?", a qual

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    12/22

    I 'UUCA{:AoSOC IEDADE & CUIIURAS

    lin da re sp on de "N ita , n o s tr ab alb amo s 2 4b de dia e de noi te" Um a vez m aiso bservam os que detalhes particulares acerca do m undo adulto sao m ais im po r-tantes p ara 0 adulto do que para as c riancas De qualquer modo , es ta discussaoacerca de longas ho ras e trabalho arduo , serve a Ruth para regres sar a ideia dodinheiro para o s menino s do entes M as des ta vez, a ideia e mais de senvo lvida ,sendo a essenc ia das tro cas , a seguinte: trabalho arduo e investim ento de tem porende dinheiro (o u luc ro s) que sao necessaries para ajudar c riancas que estao ,tanto do entes , co mo , alem dis so , eco no micam ente ern desvantagem , devido asdespesas do ho spital (linhas 262-263} T odavia, m esm o desenvo lvendo es ta ani-lise altarnente so fis tic ada, a R uth retem ainda elem ento s im po rtantes da c ulturade pares lo cal: o s menino s do entes nao receberao apenas dinheiro , m as (se sepo rtarem bern) tam bem receberao balo es

    A cim a de tudo , es ta seq uenc ia dem o ns tra, lindam ente, c om o e q ue as c rianc asartic ulam as s uas concepcoes em desenvo lvim ento acerca do m undo adulto pararefinar e expandir retinas bas icas na cultura de pares N este pro cesso hi duasco nquis tas im po rtantes Prim eiro , a seguranca das ro tinas da cultura de pares em antida e o s seus aspec to s c tiativo s sao frequentem ente enriquec ido s Segundo ,as retinas da cultura de pares sao com paradas e contras tadas com as ac tivida-des das futuras culturas de pares e, des te modo , servem de janelas atraves dasquais 0 futuro e previs to Como tal, as pro duco es das proprias retinas contri-buem para a eventual repro ducao de aspec to s da cultura adulta m ais vas ta

    Conversa telef6nica no J I Head StartA sernelhanca do JI da Univers idade, as c riancas no JI Head Start tam bem

    pro duzem frequentem ente brincadeiras so ciodram aticas que representam o stem as da fam ilia e das suas ocupaco es Co nsideram os aqui um a situacao na qualduas meninas (Zena e D ebra) "fazem de conta" que sao maes a conversar aotelefo ne na area da cas inha exis tente na saia Com o verem os , a conversa telefo -nica abarca temas gerais acerca das dificuldades de ser pal/m ae A conversa ep artic ularm ente im pres sio nan te p orq ue e , na sua natureza, duplam ente m eta-co municativa A s criancas pro duzem as suas pro prias Interpretaco es acerca dasco nversas telef6nicas das suas m aes , em relacao as exigenc ias e pro blem as (das-

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    13/22

    tUi.JCA

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    14/22

    ~pUCA{.:AoSOCIEDADE & CUl I URAS

    EXEMPIO 2: Conversa telef6nicaSEGM ENIO 1

    s intactico s o u semantico s da es trutura superfic ial do discurso para o rdenarsequenc iaIm ente a co nversa info rm al? N o segm ento 1, vem os que em respo sta apergunta da D ebra em 78, Z ena refere que esta a co zinhar m as necess ita if a mer-cearia D ebra, liga a sua respo sta a replica anterio r de Z ena em 80, ass inaIandoque ela tinha de levar o s seus filho s a p arty s to re (uma pequena Io ja para com-prar co isas como leite, pao e petisco s) Zena, pega entao , na introducao daD ebra, acerca do s m iudo s (82), usando , precisam ente a mesm a frase - os m eusm iudo s - e salientando que estes queriam ser levado s ao parque Zena amplia asua descricao na linha 84, intro duzindo a info rmacao de que o s mnido s teriamq ue apanhar 0 auto carro po t'que eta multo longe para if a pe ao parque Nalinha 87, D ebra c ontinua a seq uenc ia o rdenadam ente, atraves da liga

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    15/22

    ~~UCA

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    16/22

    ~DUCACJOSOCIEDADE & CUlIURAS

    len a in tro duz 0 as sun to "dis ciplin ar as c rianc as " (linhas 13 6-138 ) c om u maconstrucao que tern a m esm a es trutura de tres partes da sua replic a an terio r nalinha 90 (segm ento 1) lena co me

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    17/22

    ~UUCACA:OSOC IEDADE & CU i I URAS

    salientem a disc ip lina das c rianc as nas s uas apro priac oes das narrativas das suasm aes no brinc ar so cto dram atic o N um elO SO S es tudo s ac erc a do "faz-de-c onta"das c riancas m os tram que tanto as c riancas am eric anas da c las se m edia com oda c 1asse baixa, rec orrem am iude a urn es tilo de Iinguagem auto ritario quandoas sumem papeis de chefia como maes , pais o u patroes" E nq uanto as c rian casnes tes es tudo s revelam c laram ente es tilo s de cuidar, quer alim entares quer decontro lo , e ev id en te q ue ao enfatizarern a d is cip lin a aa b rinc ar ao " faz-d e-c o nta",partilham urn sentido de co ntro lo so bre as suas vidas". V em os aqui a im po r-tanc ia da c ultura de pares na dec is ao das m eninas para afirm ar (e pro vavelm entedis to rcer, em grande m edida) a discus sao da disc ip lina, quando se apropriamdas narrativas telefo nic as das s uas m aes

    o segmento 3 do exem plo 2 com eca brevem ente depo is de Zena pedir parafalar com igo Eu tinha es tado sentado perto de D ebra e apo s 0 pedido de Z ena,D ebr a p as s o u-me 0 telefoneSEGMENro 3

    10 A nde rs en , E S (1 98 6), C o rs aro (19 79 ), (1 98 5), G o odw in (19 90 ), M c Lo yd V C (19 84 )11 V er C o rs aro (1 97 9, 1 98 5)

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    18/22

    ~"OUCA~ .{OSOCIEDADE & CUI IURAS

    D epo is de o uvir a discussao inic ial acerca do m au co mportam ento , pergunteise elas tinham filho s maus (l89) Zena respondeu que o s seus filho s eram eram uito m aus (190) e depo is prosseguiu, dando diversos exemplos de desobedien-c ia (190-191, 193-194) Debra relatou entao uma situacao em que os seus mho snao s6 foram maus , mas a colocaram numa po sic ao emba ra co s a po r serem mal-criados it frente da sua mae (linha 197) Em respo sta a s m inhas questo es ac erc ade quem ens inou ao s seus filho s as asneiras (199), D ebra exibiu urn intrtncadoconhec imento da estrutura complexa da sua fam ilia e de como isso influenc iaa interaccao fam iliar e a tarefa de educar 0 filhoso segm ento 4, revela a natureza com plexa das vidas fam iliares destas m eni-nas e da sua aguda.consc ienc ia da dura realidade da tarefa de educar o s filho sn a p obre zaSEG MEN IO 4

    Z en a c om ec a 0 segm ento em pregando , de novo , a construcao tripartida: 1)pergunta de reto rica, 2) relata do mau comportamento do s filho s, 3) reaccaoao mau compo rtamento (234-236) Nes ta s ituacao , ela embeleza a desc ricao domau compo rtamento do s seus mho s com a frase 'it to da a bo ra e todo 0 dia"que capta a pers is tenc ia das exigenc ias do s seus filho s D ebra sugere entao , acabara conversa telefonica e it vi sitar Zena a casa (237) Ao princ iple, Zena dec linaesta suges tao (238), mas depo is muda de opiniao (240) Debra, afirma entao-

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    19/22

    \ ' .UUCA{:AoSOCIEDADE & CUIIURAS

    que "0 m eu bom em anda -m e a cba tea r" (linlia 241) A pesar de ter s ido dific ilpara no s, transc rever es ta replic a, a res po sta de lena (242) e 0 desenvolvimentode D ebra (243), fo ram c lara e fac ilm ente transc rito s Tam bem a identificacaodes tes pro blem as co m 0 seu ho mem pO I D ebra, podem es tar relac io nado s coma suges tao de que e1a iria vis itar lena

    Em to do 0 caso , 0 desenvo lvim ento de D ebra em 243, af i rma claramente 0problem a e a sua m odificacao tem po ral, im plica que ele e continuado Apesarde nao dispo rm o s de dado s ac erca do abuso do m arido ou do companheiro nafam ilia de D ebra, m uitas c riancas no JI, co n taram -m e a mim e a os pro fes so res ,ao lo ngo do ano e vo lun tarim ente, esses abuso s Iais relatos Ievam-me a c rerq ue pro vave lm ente eles o co rrem mesmo" A respo sta de lena (245) q ue D eb ra,pelo m eno s tern "urn hom em " enquanto o s seus filho s es tao cons tantem ente acham ar pelo pai, dem ons tra c laram ente a com preensao da grav idade do s pro -blem as da sua m ae (e outro s pais so zinho s) em tais s ituaco es de necess idadeo desafio de enfrentar essas c irc uns tanc ias fam iliares so zinha, po de, ao m esm otem po , set tao into lerivel que m esm o urn co rnpanheiro que po de set fis icam enteabus ivo e m elho r que nao ter nenhum

    ConclusaoApesar da grande diferenca no conteiido des tes do is exem plo s do brinc at

    so cio dram atico , envo lvendo c riancas da c lasse m edia alta e c riancas eco no mi-cam ente em desvantagem , ser ev iden te, elas partilham urn co njunto de carac -te ris tic as q ue s ao ilu stra tiv as d a re pro du ca o in te rp re ta tiv a

    Prim eiro , em am bo s o s exem plo s, as c riancas apro priaram -se ac tivam entede info rm aco es do m undo adulto para c riar retinas interac tivas es taveis e co e-ren tes na cultura de pares

    12 D ev o referir q ue en qu an to as c rian cas s e referiram it punic ao fis ic a no brinc ar ao 'faz-de-conta",n en hu m d ela s a lg um a v ez c o nto u te r s id o a bu sa da o u a bu sa da s ex ua lm e nte p or irm ao s. O b sev am o salguns exem plo s de punic ao fis ic a nas c asas de um a sub am os tra de c riancas do JI H ead Start em u ito s p ais c o nta ra m re co rre r it p un ic ao fis ic a em res po sta a p ro blem as s erio s d e d is cip lin a, eme ntre vis ta s q u e d ec o rr er am n as s na s c as as

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    20/22

    1.UUCA(:JOSOCIEDADE & CUI IURAS

    S eg un do ; e sta s ro tin as in clu em 0 em belezam ento das criancas" do s m ode-lo s adulto s, para realcar tanto as preo cupacoes co lec tivas co mo pesso ais na cui-tura de pares

    T erc eiro , n as p alav ra s d o s oc i6 1o go P ie rre B ou rd ieu , a " invem;f1o n a o intencio-nat da im pro vis ac ao regu lada" (B ourdieu , 199 7: 79 )14 das c rianc as nas s uas brin -c ad eira s s oc io dramatic as c on trib uem p ara 0 desenvo lvim ento de um c onjunto depredisposicoes (ibid: 7 2-8 7), atra ve s d as q ua is ela s c on fro ntam a s estruturas objec-tiv as o u as c irc uns tan cias da s uas v id as qu otid ianas E nqu an to 0 desenvolvimentode predis po sic oes (o u habitus) d as c rian cas das c las ses m ed ias altas no exem plo1 , parecem ser carac terizado s pela seguranca do contro lo so bre as suas vidas ,a o rientacao em ergente das criancas em desvantagem do exem plo 2, parece set,em larga m edida, urn so brio reconhec im ento das dificuldades das suas circuns-tanc ias Todavia, em ambo s o s caso s , es tas predispo s ico es nao es tao determ i-nadas a partida, nem sao s im ples m ente inculc adas c om o B ourdieu sugere (ibid:85-86) EIas sao producoes inovado ras e criativas que po r seu lado contribuempara a repro duc ao da c ultura do minante c om to das as suas fo rc as e im perfeic oesMuda r ta lv ez 0 in ev it:iv e1 , a s tra jec to rias s oc ia is in ju sta s d as c rian ca s n es tes d oisexem plo s , requer nao s6 um a m udanca das es tru turas so c iais atraves das quaiso s s eu s d ife re nte s habitus sao c ons tru ido s, m as tam bem um a aprec iacao da c om -plex idade e poder das suas com petenc ias co mo ac to res so c iais

    Agradec imentos

    Esta pesquisa fo i apo iada com fundo s da Spencer and W illiam T GratFo undatio ns Q ueria agradec er K atherine B ro wn R osier pela sua ajuda na analisedo s dado s e pelo s seus iiteis co mentario s no s prim eiro s esbo co s des te artigo

    Correspondencia: W illiam C orsaro , Ind iana U nivers ity, D epartm ent o f So cio lo gy, 1020 EK irk wo o d A ve - B H 7 44, B lo o min gto n, In dia na 4 74 05-7 10 3

    C o rs aro eind ia na e du

    13 Corsaro (1992) o p cit Corsaro (1990)" ~nfase no o riginal -

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    21/22

    ~' j )UCACA:oSOC IEDADE & CU I IURA S

    Referencias bibliograficasAN DERSEN , E S (1986) "Ihe ac quis itio n o f regis ter variatio ns by A nglo -A merican c hildren ', in

    B B Schieffelin e E O chs (O rgs) L an gu ag e s oc ia liz atio n a cr os s c ultu re s, N ova Io rq ue :C amb rid ge U niv ers ity P res s, 153161

    BOU RD IE U, P (1977) Ou tlin e a th eo ry c f practice , Cambr id ge : C ambr id ge Un iv eris ty Pr es sC ICO UREl, A V (1974) Cogn i ti ve soc io logy , N ova Io rque: Free Pres sC OO K-G UM PERZ ,J, e C OR SA RO , W A (1986) "Intro duc tio n, in J C oo k-G um perz, W A C orsaro

    e J S tre ec k (O rg s) , Children's wo rld s a n d cbildren's language , Ber lim : Mou to n , 1-11CORSARO , W A (1979) 'Y oung children's co nceptio n o f s tatus ro le", Soc io log y o j Educa ti on,52,46-59

    CORSARO , W A (1985) F rie ndship a nd p eer c ultu res in th e ea rly yea t~ , Norwood , N T : AblexC OR SA RO , W A (1988) "Routines in the peer culture o f american and italian nursery scho o l

    c hild ren ", in Soc io l og y o j Educa ti on , 61,1-14CORSARO, W A (1992) "Interpretative repro duc tio n in children s peer cultures" Soci a l P s y-

    c hol ogy Quar te r ly , 55, 160..177CORSARO , W A , e RIZZO, I A (1988) 'Discissione and friends hip: s oc ializatio n pro cess in the

    peer c ulture o f Italian nursery sc ho ol children", Ame ric a n S o ci olo g ic al R e vu e , 53, 879S94CORSARO , W A , e HEISE, D (1990) "Event struc ture m odels fro m ethno graphic data', Soc io-l og ica l Me thodo logy , 20 , 1--57

    DIl lARD, J 1 (1972) B lack eng lish its histo ry and usage in the U nited Sta te .s ,N ova Io rq ue :Vintage

    GARVE Y , C (1977) Play, Cambridge , MA: H arv ard U niv ers ity P res sG EERIZ , C (1973) The in te rp re ta ti on o f c ul tu re s, N ova Io rque: B as ic B oo ksG ID D EN S, A (1984) The c o ns tr uc tio n o j s oc ie ty , O xfo rd : P olity P res sGOFFMAN, E (1974) Prame ana ly s is , N ova Io rque: Harper and Ro wGOODW IN , M H (1990) He -s aid -s he -s aid . ta lk a s s oc ia l o rg an iz atio n am on g b la ck c bild re n;

    B lo o ming to n, In dia na U niv ers ity P res sGUMPERZ , J J (1982) Discourse s t ra t egi e s, N ova Io rque: C am bridge U nivers ity PressMCLOYD , V C , RAY , SA , ETT EReIEW IS, G (1984) 'Being and becom ing: the interface o f

    language and fam ily ro le know ledge in the pretend play o f yo ung A frican Am erican girls ",in L Galda, A Pellegrini (O rgs ) T he effec t o j dra ma tic p la y o n children ~s g en era tio n o jc ohe si ve t ex t, in Di sc ou rs e Proce s s

    MIlLER P l, e M oo re, B . B , "Narrative co njunc tio ns o f caregiver and child: a co mparativepers pec tive o n s ocializatio n thro ugh s to ries", Btbos , 17, 428-449

    O CH S, E (1988) C ultu re a nd la ng ua ge deve lo pm en t la ng ua ge a cqu is itio n a nd la ng ua ge so cia -liza tio n in a Sa mo an villa ge, Nova Iorque: C am bridg e U niv ers ity Pres sPE llE GR IN I, A (1984)' Ihe effec t o f dram atic play on children'S generation o f co hes ive text",

    in Discourse Proce ss , 6, 5767

  • 5/16/2018 reproduo interpretativa W Corsaro

    22/22

    'CUUCA{:,{oSOCIEDADE & CUi IURAS

    SACHS, J ,GOlDMAN, J ,e CHAlIlE , C (1985) "N arratives in preschoo lers so c io dramatic play:the ro le o f kno wledge and co municative co mpetence", in I Gaida, A Pellegrini (O rgs ), Thed e ve lo pmen t o j c hi ld re n 's l it er at e b eh a vi ou r, Norwood, N J : Ablex

    SCH IEFFEIIN , B B (1990) T he g ive a nd ta ke o j e veryda y life la ng ua ge so cia liza tio n o j K alu lichi ldren, Nova Iorque: C am brid ge U niv ers ity P res s

    SCHWARTZMAN, H (1978) T r an sfo rma ti on s .. th e a n th ro p ol og y o j c hi ld re n 's p la y , Nova I or qu e:Plenum

    SMIIANSKI, S (19 85) T Ile e ffe cts o j s od od ramatic p la y o n d is ad va nta ge d p re sc ho ol c hild re n,N ova Io rque: W iley

    -