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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UFRPE

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM RECURSOS PESQUEIROS E AQICULTURA

Francisco Borges Morais

Sistema intensivo de incubao e manejo de cria de Acar Disco, Symphysodon spp

Recife 2005

II

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UFRPE

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM RECURSOS PESQUEIROS E AQICULTURA

Francisco Borges Morais

Sistema intensivo de incubao e manejo de cria de Acar Disco, Symphysodon spp

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao e em Recursos do

Pesqueiros

Aqicultura

Departamento de Pesca e Aqicultura da Universidade Federal Rural de

Pernambuco como requisito parcial para obteno do Ttulo de Mestre em Recursos Pesqueiros e Aqicultura.

Orientador: Prof. Dr. Athi Jorge Guerra Santos

Recife 2005

III

FOLHA DE APROVAO

Francisco Borges Morais

Sistema intensivo de incubao e manejo de cria de Acar Disco, Symphysodon spp

Data de aprovao: 07/07/2005

Dr.a Raquel Moura Coimbra Coordenao PPG Recursos Pesqueiros e Aqicultura

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Athi Jorge Guerra Santos (Orientador)

Prof. Dr. Eudes de Souza Correia

Prof. Dr. George Nilson Mendes

Prof. Dr. Jos Milton Barbosa

IV

Quando partimos de um retrato e buscamos, por meio de eliminaes sucessivas, encontrar a forma pura, o volume lquido e sem percalos, chegaremos fatalmente ao ovo. Pablo Picasso

V

Resumo

Etapas de incubao durante as fases de ovo e larva so tidas como gargalo produo de diversos organismos aquticos. A produo de acar disco, Symphysodon spp, pelo mtodo natural, com ovos e larvas junto ao casal reprodutor, apresenta dificuldades zootcnicas que influenciam negativamente a produtividade. O cultivo intensivo, em sistema isolado dos reprodutores, sob processos de controle abrangente de qualidade de gua, alimentao e profilaxia sanitria, foi avaliado em termos de sobrevivncia larval at quinze dias ps-ecloso. Sete casais produziram quarenta e uma desovas em um perodo de 1182 dias, totalizando 12906 ovos, dos quais 10379 eclodiram (80,42%). Das larvas eclodidas, 8543 (82,31%) foram a termo at os quinze dias de vida. A fecundidade mdia por desova foi 314,8 ovos com coeficiente de variao (CV) de 48%; a ecloso mdia por desova de 253,1 larvas com CV de 58%, e a mdia de larvas vivas 15 dias psecloso foi de 208,4 com CV de 65%. O intervalo mdio entre desovas da mesma estao reprodutiva foi de 12,14 dias com CV de 76% e desvio mdio (DM) de 6,66 dias, apresentando de 1 a 6 desovas em cada estao reprodutiva. O intervalo mdio entre desovas de estaes reprodutivas seqentes foi de 193 dias, com CV de 31% e DM de 45 dias. Os resultados relativos biologia reprodutiva tm aplicao prtica no planejamento e operao de pisciculturas de Symphysodon spp. A eficincia, em termos de sobrevivncia larval, do sistema de incubao foi considerada satisfatria. A anlise econmica e da taxa de crescimento larval do sistema de larvicultura, em relao ao mtodo natural de cria, balizariam uma avaliao ampla da eficincia do sistema de incubao.

Palavras-chave: fecundidade; incubao; UV; O3; sobrevivncia larval; alevinagem

VI

AbstractThe stages of incubation during the phases of egg and larva are taken as the of most difficult phases in the production of several aquatic organisms. The production of the disco fish, Symphysodon spp, by natural method, with eggs and larvae together with their parents, present zootechnical difficulties that influence the productivity negatively. The intensive raising, in the parent isolated system, under broad control process including water quality, feeding and sanitary prophylaxis was assessed in accordance with the larval survival up to the fifteenth day after larvae were born. Seven pairs laid eggs forty one times during the period of 1.182 days, adding up a total of 12.906 eggs, 10.379 of them were born (80,42%). 8.543 of the born larvae (82,31%) survived until the fifteenth day of life. The average fecundity per spawning was 314,8 eggs with Variation coefficient (CV) = 48%, the average number of births per spawning was 253,1 larvae with CV=58% and the average number of living larvae fifteen days after birth was 208,4 with CV=65%. The average interval between spawnings in the same reproduction station was 12,14 days with CV=76% and medium deviation (DM) = 6,6 days. The average interval between spawnings in the sequence reproduction station was 193 days with CV=31% and DM = 45 days. The results concerning the reproductive biology can be applied in the planning and operational. The efficiency, in accordance larval survival, of incubation system was considerate satisfactory. The economical and larval growth rate analysis of the system utilized, with traditional method comparison, should rout one large evaluation of the efficacy of incubation system.

Key words: fecundity; incubation; UV; O3; artificial raising; hatchery

VII

SUMRIOPgina

Resumo ............................................................................................. V Abstract ............................................................................................. VI Lista de Ilustraes ........................................................................ IX 1 Introduo ..................................................................................... 111.1 Biologia ................................................................................... 11 1.2 Piscicultura ............................................................................. 131.2.1 Abastecimento do mercado .............................................. 14 1.2.2 Melhoramento ................................................................. 15 1.2.3 Larvicultura ..................................................................... 16 1.2.4 Qualidade de gua e sanidade .......................................... 18

2 Metodologia .................................................................................. 212.1 Perodo e local ........................................................................ 21 2.2 Estrutura fsica ....................................................................... 212.2.1 Instalaes ..................................................................... 22 2.2.2 Pr-tratamento de gua .................................................... 22 2.2.3 Estrutura de acasalamento e de manuteno de casais ...... 23

2.3 Manejo de peixes adultos ...................................................... 242.3.1 Alimentao ................................................................... 25 2.3.2 Renovao de gua ........................................................ 26 2.3.3 Aquecimento .................................................................. 27 2.3.4 Separao de casais ....................................................... 27

2.4 Incubao .............................................................................. 30

VIII

2.4.Sistema de Incubao (SI) ................................................ 30 2.4.2 Adio de mistura para dureza ....................................... 33

2.5 Manejo de ovos e larvas ...................................................... 342.5.1 Translocao diria das larvas .......................................... 35 2.5.2 Limpeza diria e desinfeco da UI, cesto mvel e demais utenslios ......................................................................... 35 2.5.3 Alimentao das larvas ..................................................... 36

2.6 Contagem de bitos dirios ................................................ 39 2.7 Iluminao noturna .............................................................. 39 2.8 Manejo de cistos e nauplius de Artemia ............................ 39

3 Resultados ................................................................................... 42

4 Discusso ..................................................................................... 48

5 Concluses .................................................................................. 53

Referncias ....................................................................................... 54

Anexos

IX

Lista de Ilustraes

Figuras 1: Gnero Symphysodon 2: Interrelaes entre as variveis ambientais e larva 3: Diagrama esquemtico das instalaes utilizadas na piscicultura 4: Estrutura fsica da piscicultura 5: Descrio esquemtica do Sistema de Incubao (SI) 6: Desenvolvimento larval na Unidade de Incubao (UI) 7: Manejo alimentar 8: Manejo de nauplius de Artemia 9: Freqncia de desovas mensais durante o perodo de 1182 dias 10: Ovos, larvas eclodidas, bitos e larvas vivas 15 dias ps-ecloso acumulados por casal no perodo de 1182 dias em 41 desovas 11: bitos dirios acumulados por casal at 15 dias ps-ecloso, percentual relativo ao nmero de bitos total acumulado por casal 12: Total de bitos dirios acumulados at 15 dias ps-ecloso e valores percentuais relativos ao nmero de bitos total

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X

Tabelas 1: Grupos separados para acasalamento 2: Composio nutricional de ingredientes e rao oferecida 3: Temporizao da substituio de gua da Unidade de Incubao (UI) 4: ndices obtidos pelo trabalho 5: Datas, totais e valores relativos de ovos, larvas eclodidas e larvas vivas 15 dias ps-ecloso 6: Intervalo de tempo entre desovas

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1 Introduo

Espcies do gnero Symphysodon spp, vulgarmente chamados Acars Disco ou simplesmente Discos, pertencem famlia Cichlidae, so endmicos da Bacia Amaznica e tm grande importncia no mercado mundial de peixes ornamentais. Suas caractersticas morfolgicas, principalmente o formato do corpo discide e a variao de cores, os tornam muito atrativos aos aquaristas.

1.1 BiologiaDuas espcies e cinco subespcies so descritas (KOH et al 2003; SCHULTZ, 1978): Symphysodon discus Heckel, 1840. S. discus discus S. discus willischwartzi

Symphysodon aequifasciatus Pellegrin, 1904.

S.aequefasciatus aequefasciatus S.aequefasciatus haraldi S.aequefasciatus axelrodi

Ambas possuem caritipo 2n = 60 cromossomos (FELDBERG et al 2003). A distino visual feita pelo padro de colorao, baseando-se na presena, S. discus, ou ausncia, S. aequefaciatus, de faixa escura vertical na regio mdia, bilateral, destacada das demais pela maior largura e intensidade de pigmentao (KULLANDER, 1998), figura 1A e B. A filogenia do gnero um campo a ser mais estudado. Os hbitos sedentrios, a vastido da bacia de ocorrncia e o isolamento geogrfico so fatores que provavelmente geraram a diversidade de padres de cores encontradas no ambiente natural. Na natureza observam-se exemplares de caractersticas intermedirias s espcies. Animais de colorao atpica ou extremamente pronunciada so comercializados por altos valores a aquaristas e produtores interessados em melhoramento de plantis (MOTTA, 1996).

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A

B

C

Figura 1: Gnero Symphysodon. A: S. discus, notar a faixa vertical escura destacada das demais. B: S. aequefasciatus. C: linhagem cultivada Pigeon Blood, o padro de colorao alaranjado e salpicado de preto (detalhe) tem origem em uma mutao.

Habitam igaraps, igaps, remansos de rios e lagoas. So locais que normalmente possuem guas muito pouco mineralizadas, com valores de pH entre 4 e 6,5. cidos orgnicos originados da intensa atividade bioqumica da floresta, grande pluviosidade e solos tpicos da bacia sedimentar so responsveis por tais caractersticas. No alto Amazonas, em regies restritas do territrio peruano, guas bastante mineralizadas e de pH alcalino no deixam de ser habitat do gnero (SAINT-PAUL, 1994). Possui comportamento territorialista, no realizando migraes reprodutivas. Seu corpo alto e delgado prprio natao lenta, para deslocamento entre obstculos verticais como folhas e galhos. O dimorfismo sexual em animais adultos feito pela anlise de comportamento e morfologia. Contudo, pode no ser aparente, principalmente entre espcimes de idades diferentes e origens distintas, ou ainda em animais de condio corporal dbil, sob estresse ou reprodutivamente imaturos. Normalmente os machos so agressivos, mais coloridos, maiores, com os primeiros raios da nadadeira dorsal mais grossos e longos, papila genital curta e fina alm de eventual proeminncia ceflica. A desova do tipo parcial e sazonal apresentando cuidado parental (CMARA, 2004). O casal formado aps cortejamento tpico escolhe uma superfcie lisa com inclinao vertical para postura. Aps limpeza do local com a boca os vulos adesivos so postos e sincronizadamente fertilizados pelo macho durante uma hora aproximadamente. Em cativeiro, normalmente, preparam o ninho durante o dia e

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desovam a noite. Fazem viglia constante, juntos ou alternadamente, at mais de um ms ps-ecloso, perodo que cessam ou diminuem a prpria alimentao (DEGEN, 1995). As larvas enquanto vitelnicas possuem rgo adesivo na cabea composto de trs pares de glndulas. Aps absoro do vitelo comeam a nadar livremente, vo superfcie, inflam suas bexigas e iniciam a alimentao exgena. Nesse momento medem cerca de 5 mm de comprimento total. Possuem fototropismo negativo, o que as leva, quando criadas junto ao casal, a formarem um cardume junto aos pais, que especialmente nesse momento, apresentam colorao escurecida e produzem muco sob toda superfcie corporal destinado s primeiras alimentaes da prognie (CMARA, VERANI, CHELLAPPA, 2002; WATTLEY, 1996; CAF FILHO, 1988; BREMER, WALTER, 1986). O muco produzido tem suas propriedades pouco estudadas e suspeita-se que alm da nutrio tambm desempenhe papel imunolgico. A melhor compreenso dos mecanismos de transmisso vertical de imunidade em diferentes espcies de peixes tem boas perspectivas de resultados aplicveis ao manejo vacinal (HANIF, A.; BAKOPOULOS, V.; DIMITRIADIS, G. J. , 2004).

1.2 PisciculturaO primeiro relato da reproduo em cativeiro remonta a 1934 por William. T. Innes. Na dcada de 50 quatro produtores foram precursores dos primeiros empreendimentos comerciais, Jack Wattley e Danny DiCocco nos EUA, Eduard Schimdt-Focke na Alemanha e Virachai da Tailndia. Wattley destacou-se por produzir a primeira linhagem pura diferenciada, chamada turquesa (AXELROD, 1978). 1.2.1 Abastecimento do mercado A produo atual resultado da captura no ambiente natural e da piscicultura, sendo que esta abastece quase a totalidade do comrcio internacional (DEGEN & WATTTLEY, 1996). Existem poucos dados relativos atividade extrativa. No mercado brasileiro a maioria dos discos oriundos da piscicultura importada do Sudeste Asitico (SUGAI, 1995). Hong Kong, Malsia, Taiwan e Singapura so

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pases que, juntos, dominam o mercado internacional. Singapura o maior produtor e exportador mundial de Discos (YO YOM DIN, ZUGMAN, DEGANI, 2002; SCHMIDT-FOCKE, 1993). O mercado brasileiro atualmente dependente da importao de discos. A produo nacional de linhagens selecionadas, ao contrrio da captura de selvagens, no atende a demanda existente. A composio do preo do peixe criado na sia que chega ao mercado varejista brasileiro, tem do frete grande participao. Tambm onerado pelas transaes seguidas; o nmero de intermedirios comerciais tende a ser maior quando a distancia do produtor aumenta em relao ao consumidor final. Nesse contexto o cultivo de Symphysodon spp aparece como oportunidade ao piscicultor. A viabilidade econmica dos empreendimentos deve ser criteriosamente avaliada. Em contraponto aos interessantes valores de comercializao tm-se a aquisio de matrizes, infraestrutura e custos fixos que se posicionam entre os de maior dispndio entre as espcies ornamentais. 1.2.2 Melhoramento Os cruzamentos entre S. discus e S. aequefaciatus e subespcies produzem descendentes to frteis quanto os cruzamentos intraespecficos (AXELROD, 1978). A piscicultura usa animais melhorados pelo cruzamento entre espcies e subespcies. Os programas de melhoramento so, na maioria das vezes, calcados na observao visual das respostas fenotpicas dos cruzamentos experimentais, no mtodo tentativa e erro/ acerto, restrito a uma ou poucas unidades produtivas. H limitado conhecimento sobre a estrutura gentica do estoque atual. A comparao da diversidade gentica entre as espcies selvagens e variedades cultivadas pela anlise de DNA polimrfico amplificado randomicamente RAPD, demonstrou que o

pool gnico das variedades cultivadas, como esperado, menor, sendo que S. aequefasciatus geneticamente, 3,18 vezes mais prximo das linhagens cultivadas que S. discus (KOH, et al 2003). Os mesmos autores concluram que na formao das linhagens comerciais utilizaram-se principalmente S. aequefaciatus; e recomendam o cruzamento com formas selvagens, especialmente S. discus para incrementar a variabilidade gentica dos estoques cativos.

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Os cruzamentos endogmicos so de fundamental importncia na estabilizao de linhagens, pois promovem a homozigoze necessria gerao de novas raas. uma prtica que reduz o potencial gentico pela diminuio da variabilidade e pode ter efeitos negativos, que muitas vezes no so percebidos de pronto. Decrscimo da taxa de fertilizao, desvios de coluna vertebral e demais defeitos do esqueleto podem revelar problemas de intensa endogamia (UNTERGASSER,1989). Porm, esses sintomas no so interpretados unicamente como problemas genticos, fatores infecciosos e nutricionais so to importantes quanto na gnese desses efeitos (AU, 1994). Entre piscicultores existe a prtica de cruzamentos endogmicos at a terceira gerao e aps a insero de sangue novo . Outra prtica emprica o descarte de casais cuja descendncia apresente mais de 25% dos indivduos com alguma excentricidade ao padro tais quais: proporcionalidade entre corpo e nadadeiras, nmero e forma de raios de nadadeira, integridade, simetria e formato de oprculos, rbitas oculares, boca e linhas laterais (FISHER, 1997; FEILLER, 1990). Uma mutao com traduo na pigmentao epidrmica, ocorrida em piscicultura tailandesa na dcada de 80, tambm foi aproveitada na formao de raas. So chamadas pigeon blood, figura 1C, tm cor alaranjada muito pronunciada e corpo salpicado de preto desde a idade juvenil. Atualmente tm participao na composio de boa parte das linhagens comerciais (WEISS,1993). O Brasil, assim como outros pases com reas de floresta amaznica, detm um importante patrimnio, de valor estratgico, no mbito da piscicultura de Symphysodon spp. O melhoramento do gnero praticado atualmente dependente de espcimes selvagens. possvel que no futuro o grau de dependncia diminua em funo do desenvolvimento biotecnolgico e do uso de programas de melhoramento mais abrangentes e eficientes (STICKNEY, 1994).

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1.2.3 Larvicultura Sob diversos aspectos, ovos e larvas so tidos como pontos chave nas questes relativas dinmica de populaes, manejo e cultivo de peixes (LASKER, 1987). As fases do desenvolvimento de ovo a alevino so crticas para inmeras espcies, devido a: 1. fragilidade, pelo prprio tamanho e dos mecanismos fisiolgicos de homeostase; 2. imaturidade imunolgica; 3. exigncias espcieespecfica relativas nutrio, figura 2, (UFRPE, 2003).

Variveis qumicasde m i ia e o to og og e a ol tas en si st i Fi Fi eo lvim v m m vo n ho en s se de

Variveis biolgicasEx ig n c es ias pe nu c tr fic ic as ion ai s

Im im atu un ri ol dad g e ic a

Variveis fsicas

Alimentos

Figura 2: Interrelaes entre as variveis ambientais e larva.

Em 1968 Carrol Friswood, aquarista californiano, publicou um folheto de nove pginas cujo ttulo Anyone can raise discus tornou-se um marco pelo relato de procedimentos para manuteno de larvas de acars disco afastadas dos pais, dita cria artificial. Relatava uma sobrevivncia usual de 90%. Segundo Friswood, a

Ta m an ho

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higiene era fundamental; a rao utilizada, ovo em p, polua rapidamente a gua e, caso a troca de gua no fosse eficiente, as larvas pereciam nos dias seguintes. Piscicultores e aquaristas, apesar de seguirem os passos descritos na publicao, no conseguiam tanto sucesso (AXELROD, 1978). Em meados da dcada de 70, Wattley aperfeioou o mtodo de Friswood aplicando-o produo comercial (WATTLEY, 1978). Duas diferenas marcantes entre os dois mtodos: Wattley descreve o uso de um complexo antimicrobiano na gua de incubao (nitrofurazona, furazolidona e azul de metileno) e a incorporao de nauplius de Artemia e Spirulina seca rao inicial (WATTLEY, 1991). Tambm relata a utilizao de iluminao noturna de baixa intensidade durante a larvicultura. A escurido completa influencia negativamente a sobrevivncia larval em

Symphysodon spp durante a cria artificial (WATTLEY 1996, FEILLER, 1990). As larvas desorientam-se e nadam intensamente at a exausto quando no tm referncia visual. O comportamento normal a aglomerao densa, em margens superficiais, em faixas menos iluminadas ou de objetos de cor escura. Tradicionalmente a cria na produo de Symphysodon feita com a manuteno ovos e larvas junto ao casal. O comportamento natural de proteo e a produo de muco nutritivo s larvas tm justificado o procedimento em quase todas as pisciculturas nas ltimas 5 dcadas. (YO YOM DIN, ZUGMAN, DEGANI, 2002; SCHMIDT-FOCKE, 1993). Contudo, o sistema tradicional de cria possui aspectos negativos que zootcnicamente so indesejveis, tais quais: O tanque de manuteno do casal um ambiente contaminado. A infeco dos ovos por vrus, bactrias, fungos, e metazorios prejudica a taxa de ecloso. (RYCE, ZALE, MACCONNELL, 2004; MDSEN & PEDERSEN, 1999; DEGEN, 1995; FEILLER, 1990). Infeco ps-ecloso das larvas por parasitas gastroentricos e tissulares, dactilogiridae, Hexamita, Spironucleus e Criptobia, causando mortalidade larval e heterogeneidade de tamanho do lote criado (RYCE, ZALE, MACCONNELL, 2004; YANONG, et al 2004; STETTER, et al 2003).

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Risco de ocorrncia de auto-ovofagia (STICKNEY, 1994). Este comportamento canibal explicado parcialmente como uma estratgia de reciclagem de nutrientes, quando da desova em situaes no propcias cria. Sugere-se que esta seja uma caracterstica fenotpica com um importante componente gentico, pois descendentes de maus casais, via de regra, expressam-na e, quando acasalados com peixes sem tal histrico, mantm o comportamento sem influenciar o parceiro (FEILLER, 1990). Dbito nutricional dos reprodutores pela diminuio da alimentao e deslocamento do fluxo energtico para a produo de muco nutritivo. Aumento do intervalo de tempo entre desovas (FEILLER, 1990). O nmero de descendentes reduzido e a influncia ambiental maior sobre a expresso fenotpica, o que diminui o potencial de seleo e conseqentemente o retorno gentico. 1.2.4 Qualidade de gua e sanidade Caractersticas qumicas, fsicas e microbiolgicas da gua utilizada na incubao influenciam individual e simultaneamente variveis de interesse biolgico e zootcnico. Muitas espcies de peixes e crustceos, com notado potencial produtivo, tm na carncia cientfico-tecnolgica da larvicultura, o ponto de entrave para desenvolvimento das subseqentes fases do cultivo. Baixas taxas de sobrevivncia na larvicultura de espcies com importncia comercial e/ ou ecolgica so relacionadas a condies ambientais insalubres por diversos autores (MADSEN, MOLLER; DALSGAARD, 2005; CATTIN, P.; CROSIER, P, 2004; RYCE; ZALE; MACCONNELL, 2004; VERNER JEFFREYS, SHIELDS, BIRKBECK, 2003; MORAIS, 2003; KENNEDY, et al, 2000; PEDERSEN, AUSTIN, LARSEN, 1999; MANGOR-JENSEN, et al, 1998; MAJOROS, 1999). guas fluviais so usadas na piscicultura e variam consideravelmente em sua qualidade de forma crnica ou sazonal. Tambm possuem populaes residentes que podem transmitir doenas aos ovos e larvas estocados (STICKNEY, 1994).

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O meio aqutico propcio disperso e veiculao de doenas. Diversas situaes indesejveis surgem quando restos alimentares e fezes se acumulam nas unidades de cria. Estes materiais so substrato para colonizao de

microorganismos, inclusive patognicos. Tambm reduzem o oxignio dissolvido e liberaram produtos txicos pela decomposio. O eventual tratamento de doenas tambm prejudicado pela reao do medicamento com a matria orgnica, o que leva reduo da atividade teraputica e a necessidade de doses maiores e/ ou mais freqentes (PIPER et al, 1992). Agentes patognicos tambm so prontamente transferidos de uma unidade de cultivo a outra atravs das mos ou equipamentos. Por isso a recomendao para que as mos sejam bem limpas e que todos equipamentos usados no manuseio dos ovos e larvas sejam sanitizados. Sanitizao um cuidado imprescindvel na criao de todos os animais. Entende-se como sendo o conjunto de procedimentos que visam manuteno das condies de higiene indispensveis minimizao de riscos sanitrios. A lavagem simples seguida de enxge com desinfetante, como quaternrio de amnio ou hipoclorito de sdio, so procedimentos simples e de baixo custo (PIPER et al, 1992). Um suprimento de gua de alta qualidade , portanto, essencial para operaes de incubao. guas subterrneas geralmente so aconselhadas para incubao, pois normalmente tm vazo e temperatura constantes e so relativamente livres de poluio e doenas (PIPER et al, 1992). O sistema avaliado nesse trabalho teve as variveis de qualidade de gua utilizada na incubao de Symphysodon spp controladas por processos integrados de condicionamento e manuteno de parmetros fsicos, qumicos e

microbiolgicos (UFRPE, 2003; MORAIS, 2003; MANGOR-JENSEN, et al, 1998; PIPER et al, 1992). Aliaram-se ao sistema de incubao os protocolos de manejo de limpeza e alimentao (LEITRITZ, 1972), alm da estrutura para acasalamento e manuteno de casais. Como objetivo geral o trabalho buscou avaliar a eficincia zootcnica do Sistema estrutural de incubao com controle abrangente, para experimentao e produo de organismos aquticos, dita Incubadora Universal (UFRPE, 2003) at

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os quinze dias ps-ecloso. Tambm procurou obter valores numricos, de passvel traduo em ndices zootcnicos, da fase de cria de Symphysodon spp, em sistema de recirculao (formao e manuteno de casais) e sistema intensivo de incubao, tais como:

Freqncia de desovas durante os meses do ano; Nmero mdio de ovos por desova por casal; Nmero mdio anual de desovas por casal; Nmero mdio de larvas eclodidas por desova; Nmero mdio de larvas vivas 15 dias ps-ecloso por desova; Nmero mdio anual de larvas de 15 dias de idade por casal; Intervalo mdio entre desovas de mesma estao reprodutiva; Intervalo mdio entre desovas de estao reprodutiva seqentes; Mortalidade diria; Sobrevivncia acumulada at 15 dias ps-ecloso.

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2 Metodologia

2.1 Perodo e localOs dados numricos e os protocolos de manejo foram apurados dos registros zootcnicos da piscicultura Brasil Discus, localizada no municpio de Belo Horizonte MG. Um perodo de 1200 dias foi considerado, a partir de 20/09/1998 data da primeira desova utilizada, at 1/1/2002 data da ltima contagem de bitos. O intervalo de tempo entre a primeira e ltima desova foi de 1182 dias.

2.2 Estrutura fsicaA estrutura fsica, resumida esquematicamente na figura 3, era composta de: Estufa plstica 16m2. Aqurios com recirculao, filtragem mecnica e biolgica. Sistema de incubao (SI). Reservatrio externo de abastecimento e pr-tratamento de gua. Reservatrio externo de efluente. Instalao hidrulica Instalao eltrica. Freezer para conservao de raes. Incubadoras para cistos de Artemia. Reservatrio de gua salgada para Artemia.

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2.2.1 Instalaes Estufa 3,2m x 5,0m, 16m2 e 3m de p-direito. Piso em cimento com desnvel 2%. Estrutura em troncos de Eucalipto, coberta com lona plstica transparente 200 nas laterais e no teto lona plstica amarela semitranslcida, figura 4A. Quatorze tomadas eltricas 110V, sendo oito para aqurios, quatro para o SI, e duas livres para eventualidades. A iluminao era feita com lmpada incandescente (ligada excepcionalmente), luminria com lmpada fluorescente 15W usada nas operaes noturnas do SI, e lmpada incandescente 3W para iluminao noturna. Reservatrio de abastecimento com capacidade para 2300L, composto de 10 barris plsticos interligados em linha, figura 4A. Suprido pela rede pblica de abastecimento, com bia de nvel na entrada. No barril da extremidade contrria entrada uma bomba submersa centrfuga com vazo mxima de 2000L/ h, acionada por temporizador programvel para substituio de gua automtica, era ligada instalao hidrulica de distribuio, em PVC , interior estufa. Cada aqurio e o sistema de incubao possuam abastecimentos prprios e registros individuais, figura 4B. 2.2.2 Pr-tratamento de gua Preliminarmente instalao do sistema, foi realizada anlise de gua da rede pblica de abastecimento. As seguintes variveis foram consideradas: cloro livre, pH, alcalinidade total, dureza carbonatada, dureza de clcio e dureza de magnsio. O cloro livre residual encontrou-se em valores compatveis com os preconizados para o abastecimento pblico, de aproximadamente 0,5 ppm, concentrao intolervel aos peixes. O pH de 7,4 tambm no foi considerado ideal para a espcie. As durezas foram consideradas satisfatrias ainda que o teor de magnsio no tenha sido detectado (anexo 1). A gua era tratada no reservatrio de abastecimento com intuito de remover o cloro e diminuir o valor de pH. Para remoo do cloro usou-se aerao por meio de 3 compressores de ar do tipo diafragma de sada dupla em funcionamento ininterrupto suprindo ar para pedras porosas localizadas nos seis ltimos barris. O fluxo total de ar foi de 17 L/ min, aferido com fluxmetro de esfera. A diminuio do valor de pH foi

23

feita com adio de cido fosfrico 85% grau alimentcio adicionado no primeiro barril. A dose padro era de 1mL/ 100L, variava conforme o pH e dureza da gua da rede pblica. Entre 2 e 3mL de cido fosfrico eram adicionados diariamente. Um peagmetro eletrnico, com preciso de duas casas decimais, tinha sensor no ltimo barril e console de leitura dentro da estufa. Ficava ligado permanentemente e subsidiava os ajustes para manuteno a 6,10 +/- 0,20. 2.2.3 Estrutura de acasalamento e de manuteno de casais Quatro aqurios de dois tamanhos foram utilizados, figura 4C: Tipo 1: aqurios 1,6m x 0,45m x 0,45m, com volume til de 275L. Tipo 2: aqurios 2,4m x 0,45m x 0,45m, com volume til de 410L. Tipo 1 e 2 montados com vidro incolor, liso de 10mm, colados com silicone e instalados sobre estantes de madeira com estrutura reforada. Foram equipados com tampas e cantoneiras para encaixe de divisrias mveis em vidro 3mm. Tipo 1 permitia at quatro divises e Tipo 2 at seis divises; cada diviso com volume til de 68L, figura 4D. Tubos de PVC 150mm brancos com 20cm de comprimento eram dispostos na posio vertical sob o fundo dos aqurios. Serviam de substrato para as desovas. Tambm funcionavam como abrigo e favoreciam a territorializao dos integrantes de cada grupo do acasalamento. A recirculao utilizou sistema de filtragem composto de calha de drenagem, filtro mecnico, filtro biolgico, recalque com bombas submersas, tubulao e dreno de nvel. O sistema de filtragem foi montado aproveitando as paredes laterais dos aqurios, figura 4E. Externamente foi revestido com pelcula adesiva preta. Seguem consideraes de cada componente: Calha de drenagem da gua superficial para o filtro mecnico. Construda em vidro e colada com silicone, figura 4B e 4E. Filtro mecnico de l de vidro, em bandeja mvel acima do filtro biolgico, figura 4B e E. Tipo 1 bandeja de polipropileno perfurado com 54 orifcios de 3mm dimetro e bordas de vidro (19cm x 14cm x 3,5cm). Tipo 2 bandeja de polipropileno perfurado com 72 orifcios de 3mm de dimetro e bordas em vidro (22cm x 17cm x 3,5cm).

24

Bombas submersas centrfugas, figura 4E. Vazes aferidas do recalque com a coluna de gua de 0,42 cm e tubulao e conexes PVC de : Tipo 1: uma bomba em cada: 530L/ h. Tipo 2: duas bombas em cada: 870L/ h. Com os valores de recalque aferidos obtiveram-se as seguintes taxas de recirculao: Tipo 1: 1,92/ h; e Tipo 2: 2,12/ h. Filtro biolgico de cascata com elemento filtrante Bio-Mate Rainbow Lifegard., (anexo2

2).

Cada

unidade

do

elemento

filtrante

possui

rea

de

1,94 m . Tipo 1: volume til do filtro 6 litros, 160 unidades de elemento filtrante, superfcie de filtragem 310m2. Tipo 2: volume til do filtro 7,5 litros, 200 unidades de elemento filtrante, superfcie de filtragem 388 m2. As razes entre superfcie de filtragem e volume foram 1,13m2/ L e 0,95m2/ L para Tipo 1 e Tipo 2 respectivamente. . Relacionando vazo do recalque obteviveram-se os volumes fludos horrios, sendo: Tipo 1: 1,70 L/ m2/ h; e, Tipo 2: 2,24L/ m2/ h.

2.3 Manejo de peixes adultosCinqenta e um peixes foram estocados para formao de casais. Destes, 34 com idade entre 1 e 2 anos provenientes de piscicultura comercial com controle zootcnico. O restante, sem idade definida, foi adquirido no comrcio varejista de peixes ornamentais. 9 grupos foram formados e mantidos separados pelas divisrias mveis. Cada grupo era composto de 4 a 10 indivduos. 6 grupos foram formados conforme a linhagem e comprimento total. Trs grupos foram formados considerando apenas o comprimento total. Trs tamanhos de seleo foram prestabelecidos: mdio, < 12cm (M), grande < 18cm (G) e muito grande > 18 cm (X), tabela 1. Considerando um peso mdio de 100g a densidade de estocagem inicial foi estimada em 3,72 Kg/ m3.

25

Tabela 1: Grupos separados para acasalamento.

Grupo

N de animais 4 7 4 6 1 5 5 10 4 1 2 2

o

Linhagens turquesa-vermelho pigeon blood marlboro azul slido selvagem S. aequefasciatus pele de cobra pele de cobra azul cobalto pigeon blood selvagem S. discus turquesa-vermelho turquesa-vermelho azul slido

Tamanho

1 2 3 4 5 6 7 8 9 Total

X M G G M M M X M

51

2.3.1 Alimentao A alimentao era fornecida duas vezes ao dia, s 7:30 e 17:00, desconsiderado o horrio de vero. A rao era composta de miocrdio bovino fresco mais rao em flocos Nutral na proporo peso por peso de 7 : 1, modos finamente em moedor industrial. Posteriormente era congelada em frmas de cubos de gelo. 15 minutos antes do arraoamento a rao era retirada do Freezer para descongelamento. A quantidade oferecida era suficiente para o consumo total durante 5 a 6 minutos. Uma pina cirrgica auxiliava o procedimento, no havendo contato direto das mos com o alimento. Amostra do miocrdio bovino foi enviada ao Laboratrio de Nutrio do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinria da UFMG para anlise bromatolgica. Considerando o resultado , os nveis de garantia nutricional da rao em flocos e a proporo entre os dois ingredientes obteve-se a composio da rao oferecida, tabela 2.

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Tabela 2: Composio nutricional de ingredientes e rao oferecida. Miocrdio bovino in natura; rao Nutral , rao obtida com os dois ingredientes na proporo 7:1, respectivamente. Matria natural (MN) e Matria seca (MS).

Rao composta oferecida Miocrdio in natura Umidade Protena Extrato etreo Fibra Minerais Clcio Fsforo 78,01 18,14 2,26 0,00 1,04 0,04 0,15 Rao Nutral 12 (mx) 40 (mn) 5 (mn) 3 (mx) 13 (mx) 5 (mn) 1,8 (mn)

% na MN 71,80 21,48 2,68 0,39 2,61 0,68 0,37

% na MS 76,17 9,50 1,37 9,25 2,41 1,30

2.3.2 Renovao de gua Uma troca de gua diria automtica, s 18:00, foi regulada em cada registro para 5% do volume de cada aqurio. 3 vezes por semana realizava-se sifonagem manual para limpeza do material sedimentado nos aqurios. A cada sifonagem aproximadamente 30% do volume era renovado. O efluente de troca automtica e de sifonagem seguiam por meio de calhas para reservatrio com lmina d`gua ao nvel do solo, exterior estufa, para posterior irrigao de horta e jardim. Estimou-se, dessa maneira, uma taxa de renovao semanal de 1,25, ou mdia diria de 0,179, que equivalem a um consumo mensal de cerca de 8 m3, considerando a evaporao de 10% durante o perodo. A evaporao era minimizada pela estufa com pouca circulao de ar, pela atmosfera interna muito mida e pelas tampas dos aqurios. 2.3.3 Aquecimento A situao climtica no permitia a operao sem um sistema de aquecimento auxiliar a estufa. A gua nos aqurios era mantida 28 C 1 C por termostatos

eletrnicos (anexo 3) individuais conectados a resistncias de 300w localizadas imediatamente abaixo dos filtros biolgicos, figura 4E. Permanentemente, um termmetro para monitoramento em cada aqurio.

27

2.3.4 Separao de casais Os casais formados eram isolados dos demais integrantes do grupo, figura 4F, logo que apresentavam comportamento tpico de corte e nidificao. A proeminncia e hiperemia da papila genital feminina, a limpeza com a boca de substrato vertical e contraes musculares com aspecto de tremor, so sinais de postura prxima (DEGEN, 1995). Para isolamento usavam-se as divisrias mveis. Esperava-se o casal ir a uma margem do aqurio e inseria-se a divisria. Um pu auxiliava o procedimento apenas para conduzir, sem tocar, o casal ou outro peixe para o lado do aqurio desejado. Desta maneira os peixes no eram capturados ou manipulados o que contribua para preveno do estresse e seus efeitos negativos. Essa operao, assim como outras que eram potencialmente estressantes, s ocorriam duas a trs horas aps o arraoamento, prevenindo problemas digestivos. Um casal formado que teve desova com taxa de fertilidade nula foi desconsiderado. A fmea, sexada visualmente no momento da desova, foi reencaminhada para acasalamento. O pressuposto macho foi descartado. Essa fmea acasalou-se novamente e produziu desovas frteis, que tambm no foram consideradas no registro de dados para o trabalho.

28

Horta e jardim Rede de abastecimento H3PO4 R Reservatrio de efluente Compressores de ar Exterior estufa Interior estufa Peagmetro Filtro 10 R AQ1 R R R Filtro 10 e Carvo Ativado Filtro 1 R R R AQ4 R AQ3 AQ2 Mistura de sais Ca++ e Mg++ Condutivmetro/ TDS Peagmetro O3 e UV Termostato/ Aquecimento Termmetro Bomba d`gua

Reservatrio de abastecimento

T

Deionizao

TSistema de incubao RR RR RR

Legenda Fluxo de abastecimento Fluxo de efluente Fluxo de recirculao R Registros / torneiras

Fluxo de sifonagem

T TemporizadorFiltros mecnico, biolgico, recalque e ladro

Figura 3: Diagrama esquemtico das instalaes utilizadas na piscicultura.

29

3

1

A

2

B

1

3

1

D E2 4 2 1

C

5 6 3 4

F

Figura 4: Estrutura fsica da piscicultura. A: Reservatrio de abastecimento, local do pr- tratamento. Estufa em segundo plano. B: 1. calha de drenagem superficial. 2. Filtro mecnico. 3. Tubulao do recalque. C: Interior da estufa. 1 e 2: aqurios de 275 L; 3 e 4: aqurios de 410 L. 4. D: seta: divisria mvel encaixada; 1: cantoneira para divisria; 2: registro de abastecimento. E: 1. calha de drenagem superficial. 2. Filtro mecnico. 3. bomba de recalque. 4. Tubulao do recalque. 5. Sensor termostato/ aquecedor. 6. Dreno de nvel. F: acasalamento; esquerda: casal azul slido formado; direita: grupo 2 pigeon blood marlboro.

30

2.4 IncubaoTodas desovas obtidas dos casais selecionados eram submetidas cria artificial no Sistema de Incubao (SI). O SI utilizado foi o segundo prottipo, dos trs construdos at o presente. A figura 5 apresenta um diagrama esquemtico e layout do SI utilizado. A montagem do SI foi baseada nos princpios de funcionamento descritos no Pedido de Registro de Patente protocolado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial INPI, pela UFRPE (PI 0302617-5).

2.4.1 Sistema de Incubao (SI) (UFRPE, 2003; MORAIS, 2003) O controle de qualidade da gua de chegada iniciava-se atravs de adsoro por carvo ativado, filtragem micromtrica (10 e 1 m em linha, elemento filtrante em celulose impregnado com carvo ativado no filtro 10 m), e deionizao com resinas cati-aninicas bsicas (anexo 4). O condicionamento trmico da gua do RI foi feito com termostato eletrnico e aquecedor (anexo 3). O controle trmico da gua nas UI`s pela substituio peridica com gua termicamente condicionada e pela disposio parcialmente submersa dessas no RI, dito banho Maria . Temperatura, Slidos Dissolvidos Totais (TDS) e pH foram monitorados constantemente atravs de sensores dispostos no RI de maneira permanente. A manuteno da qualidade microbiolgica da gua do RI foi realizado com lmpada UV, ozonizao e bombeamento de recirculao. Seis UI`s eram contidas no Reservatrio de Incubao (RI) de 0,90m x 0,40m x 0,45m com 150L teis. As UI`s foram feitas com baldes plsticos e conexes de drenagem de cor branca. Os cestos mveis (LEITRITZ, 1972) respectivos foram feitos a partir de frascos cilndricos de polietileno de cor leitosa, 14cm de dimetro com fundo recortado e tampa vazada preenchida com tela 100 . A manuteno da qualidade da gua nas UI`s e respectivos cestos mveis processou-se pela substituio peridica programada por temporizador em linha com bombeamento, distribuio, controle de fluxo, fluxo descendente e drenagem de sedimentos (TIMMONS, SUMMERFELT & VINCI, 1998).

31

O SI era abastecido por uma derivao por gravidade do reservatrio externo estufa. Como apresentado na figura 5, a gua de abastecimento (1) segue pelo filtro de carvo ativado (2), pela filtragem micromtrica 10 e 1 m em seqncia (3) e pela coluna de deionizao (5). Neste ponto, h uma passagem paralela e registros (4) que permitem o desvio da deionizao. A gua liberada no RI (7) por bia de nvel com regulagem vertical (6) responsvel pela manuteno do nvel de gua desejado do RI (23). A gua no RI foi termicamente condicionada por aquecimento (8) regulado por termostato eletrnico (9) e respectivo sensor trmico (8). A temperatura era mantida 29 C +/- 0,3 aferida diariamente. Um termmetro digital, ligado permanentemente, tinha sensor imerso no RI. A recirculao no RI foi feita da seguinte maneira: injeo de ar com oznio (10), produzido no gerador prprio com fluxo regulado (11). O ar com oznio era injetado por difusor em cmara contendo uma bomba submersa 400 L/ h (12a) que por sua vez elevava a gua at a calha contendo lmpada ultravioleta. Com 6W de potncia e comprimento de onda nominal de 254 nm (12b) era ligada a reator eltrico prprio (13). A lmina d`gua formada sobre a calha possuia 0,7cm de profundidade, com vazo aferida de 396 L/ h. A dose mnima de radiao estimada, 12660 W.s/ cm2, foi o produto da intensidade e do tempo de exposio pela rea, considerando-se o aproveitamento de 1/3 das ondas luminosas, 6W/ 3 = 2000mW. A calha da UV era totalmente opaca no permitindo extravasamento de qualquer luminosidade (ROTHE, 1991). Aps a calha, a gua ia ao habitculo da bomba d`gua (14), vazado em seu fundo e mantido afastado da base do RI. A bomba, com vazo mxima de 400L/ h era acionada conforme a programao do temporizador (15). Utilizaram-se duas programaes de temporizao, conforme tabela 3. A gua teve seu fluxo regulado e aferido (16) individualmente para cada Unidade de Incubao (UI) em 0,3L/ min.

32

Tabela 3: Temporizao da substituio de gua da Unidade de Incubao (UI). Programao A, usada do 1 ao 7 dia ps-ecloso. Programao B, usada a partir do 8 dia ps-ecloso.

Programao A Horrio liga 07:30 09:40 12:00 13:40 15:20 17:00 18:20 19:40 desliga 07:45 10:00 12:20 14:05 15:45 17:25 18:45 19:55 Totais intervalo ligado 0:15:00 0:20:00 0:20:00 0:25:00 0:25:00 0:25:00 0:25:00 0:15:00 2:50:00 volume reposto (L) 4,50 6,00 6,00 7,50 7,50 7,50 7,50 4,50 51,00 Horrio liga 12:10 16:40

Programao B

desliga 12:35 17:05

intervalo ligado 0:25:00 0:25:00

volume reposto (L) 7,5 7,5

Totais

0:50:00

15,00

Os volumes de reposio das programaes A e B somaram 477L durante 15 dias de incubao. Adicionado do volume usado nos primeiros trs dias (10,2L), e da limpeza e desinfeco diria, (91,8 L), resultou em 579L, ou seja, um consumo por desova de aproximadamente 1,34L/ h durante 18 dias de incubao (3 dias pr e 15 ps-ecloso). Internamente UI`s (17) era acoplado o cesto mvel (18). O cesto recebia aerao (19), com fluxo regulado (21) em 0,05L/ min, aferido com bquer 20ml submerso captando as bolhas. Um compressor de diafragma fornecia o ar necessrio (20). A drenagem da UI era feita por orifcio central em sua base que se ligava ao dreno articulado (22). O nvel de gua nas UI`s (24) era controlado pela altura da parte externa ao RI dos drenos articulados (22), que possuam nessa poro conexo que permitia a mobilidade para controle de altura.

33

6

Figura 5: Descrio esquemtica do Sistema de Incubao (SI). 1: Abastecimento. 2: Filtro carvo ativado. 3: Filtro mecnico 1m e 10m. 4: Salto opcional pela filtragem/ deionizao. 5: Deionizao. 6: Bia de nvel. 7: Reservatrio de Incubao (RI). 8: Sensor trmico e resistncia eltrica. 9: Termostato eletrnico. 10: Cmara ozonizao. 11: Gerador de ar com O3. 12a: Bomba submersa. 12b: Calha UV. 13: Reator UV. 14: Bomba submersa em habitculo. 15: Temporizador eletrnico. 16: Regulagem fina de fluxo. 17: Unidade incubadora (UI). 18: Cesto mvel. 19: Difuso de ar. 20: Compressor de ar. 21: Regulagem fluxo de ar. 22: Dreno articulado. 23: Nvel d`gua do RI. 24: Nvel d`gua da UI. Detalhe: layout de Sistema com seis unidades incubadoras.

2.4.2 Adio de mistura para dureza A gua do RI era adicionada de mistura de sais de clcio e magnsio diariamente. 150g/ L Carbonato de Clcio, 50g/ L Carbonato de Magnsio e gua deionizada compunham a mistura estocada em recipiente de 5L. O sobrenadante, aps decantao, era utilizado diretamente no RI, o sedimentado era descartado.

34

Diariamente cerca de 0,4L da mistura era adicionada ao RI, um sensor condutivmetro/ TDS balizava o ajuste para 150 200mg/ L de TDS.

2.5 Manejo de ovos e larvasAlm dos aspectos estruturais, aqueles relacionados ao manejo foram preponderantes. Todos os procedimentos operacionais buscaram a maior limpeza e a menor contaminao da gua, equipamentos, utenslios e alimentao. A linha de manejo geral obedecia a seguinte ordem de execuo: primeiramente todos procedimentos da incubao e; aps, todos procedimentos do acasalamento e manuteno de casais, incluindo a retirada do suporte de desova (LEITRITZ, 1972). O suporte de desova com os ovos aderidos era transferido para o SI logo aps a postura, figura 6A. Era posto em uma UI de 3,4L teis, equipada com aerao por difusor tipo pedra porosa e fluxo de ar regulado para 0,3L/ min, aferido com fluxmetro de esfera. A primeira contagem, que fornecia o nmero de ovos da desova, realizava-se nesse momento. A UI recebia, ento, 0,5 mL de Azul de Metileno 1% para fins de desinfeco profiltica. Vinte e quatro e quarenta e oito horas aps, os ovos de cor esbranquiada e/ ou cobertos com camada de aspecto tpico de mofo, presumidamente inviveis, eram retirados com auxlio de pipeta e pina (LEITRITZ, 1972). Eram armazenados em frasco com formalina tamponada 10% para posterior contagem do nmero de ovos no eclodidos. Ovos viveis desgarrados, sedimentados no fundo da Unidade de Incubao (UI) durante o primeiro e segundo dias eram transferidos com auxlio de pipeta desinfetada para o cesto mvel acoplado UI. As larvas eclodiam durante o terceiro dia, figura 6B, quando os ovos no eclodidos, parcialmente eclodidos, aderidos ao suporte ou soltos, eram recolhidos. A contagem dos ovos acumulados no frasco com formalina nos trs dias pr ecloso era realizada em seqncia. O valor encontrado subtrado do total de ovos da desova, resultando o nmero de larvas eclodidas. Aps, o suporte de desova era retirado; auxiliava um suave fluxo de gua, produzido com a pipeta, para remover larvas ainda nele aderidas. Todas as larvas eram translocadas com a pipeta para cesto mvel em outra UI equipada com aerao e sem Azul de Metileno.

35

Um dia ps-ecloso, as larvas vitelnicas, com movimentao intensa da cauda, aderem-se s superfcies internas da UI e entre si, formando aglomerados circulares, unidas pela extremidade anterior do corpo, local das glndulas adesivas, figura 6C. 2.5.1 Translocao diria das larvas para cesto mvel devidamente desinfetado Diariamente, s 20:00, as larvas eram transferidas de uma UI a outra previamente limpa, desinfetada e com gua de incubao. Uma luminria com lmpada fluorescente 15W permanecia acesa durante essa operao. O procedimento era realizado com pipeta e pu de malha rgida 150 - 170. A pipeta era adaptada com uma pra para facilitar a suco, e o pu era preso internamente a UI que continha as larvas. Aps cada suco as larvas eram descarregadas suavemente dentro do pu. Com todas as larvas no pu, despejava-as no cesto mvel da prxima UI; auxiliava fluxo de gua, produzido com a pipeta, sobre o pu virado acima do cesto mvel. 2.5.2 Limpeza e desinfeco da UI, cesto mvel e demais utenslios. Os procedimentos de limpeza e desinfeco foram dirios e realizados imediatamente aps o procedimento de transferncia do suporte com desova ou translocao de larvas. Para limpeza da UI e cesto mvel eram utilizados esponja de l de vidro, escova de cerdas de nylon e gua clorada (Hipoclorito de sdio 0,002 mL/ L). Aps a limpeza, a UI era enchida com gua superclorada (Hipoclorito de sdio 0,02mL/ L) e o cesto mvel imerso na mesma por cerca de 10 horas, finalizando com a drenagem total, enxge com gua do RI e enchimento com gua de incubao. Este procedimento foi executado sem respingos que poderiam contaminar o RI e outras UI com cepas de microorganismos ou mesmo com a soluo de hipoclorito, de alta toxicidade. 2.5.3 Alimentao das larvas As larvas comeavam a alimentar a partir do terceiro ou quarto dias psecloso. O parmetro para deciso do incio do arraoamento entre um dos dias era a ausncia visual do vitelo e a natao no sentido horizontal (WATTLEY, 1991), figura 6D e E. A rao mida utilizada (LEITRITZ, 1972) tinha os seguintes

36

ingredientes: gemas de ovos de galinha, cozida e crua, clara de ovo crua, plen de abelha e Spirulina em p, figura 7A. De consistncia pastosa temperatura ambiente, era congelada em sacos plsticos formando placas de 3 a 4mm de espessura, figura 7B. Diariamente uma frao de 1 a 2g era quebrada, descongelada, adicionada de nauplius de Artmia recm eclodidos na proporo de, aproximadamente, 1:3 do volume da rao (WATTLEY, 1996), figura 7C. A mistura formada, figura 7D, era aplicada sobre o alimentador, com o dedo indicador envolto em plstico para fins de minimizao de contaminao, formando uma fina camada, figura 7E. O alimentador, feito em vidro 3mm de cor escura, com uma superfcie til de 48 cm2, depois da aplicao era descansado por alguns minutos at a secagem da camada aplicada. Aps, era apoiado com suas abas no cesto mvel da UI, figura 7F. No terceiro ou quarto dia as larvas comeavam a apresentar capacidade de apreenso e deglutio de presas mveis, figura 6G. Ento recebiam nauplius vivos de Artemia recm eclodidos, alm do arraoamento sobre o alimentador. A rao pastosa adicionada de nauplius era administrada at o stimo dia ps-ecloso. A aerao era regulada para 0,2L/ min a partir da translocao das larvas no fim do stimo dia ps-ecloso. A partir do oitavo dia, at os 30 dias ps-ecloso, a nica alimentao era constituda exclusivamente de nauplius de Artemia (CHONG, et al, 2002), oferecidos trs vezes ao dia, s 7:10, 12:40 e 17:30, de maneira que houvesse sobra de aproximadamente de 1/10 da quantidade fornecida no momento da alimentao seguinte, ou seja, ad libtum. A renovao de gua tambm era modificada a partir do oitavo dia, como j mencionado, foi programada para trs trocas dirias durante os minutos anteriores administrao de nauplius.

37

A

B

C

D

E

F

G

Figura 6: Desenvolvimento larval na Unidade de Incubao (UI). A: tubo de PVC 150mm de dimetro, substrato com desova a durante a tranferncia do aqurio para a UI. B: larvas recmeclodidas ainda aderidas ao substrato de desova apresentando grande quantidade de vitelo, momento anterior translocao para o cesto mvel da UI. C: segundo dia ps-ecloso, larvas j no cesto mvel, notar a diminuio do vitelo e a formao radial tpica provocada pela adesividade da cabea. D: terceiro dia ps-ecloso, larvas com vitelo quase totalmente absorvido, sem adesividade e comeando a nadar verticalmente. E: primeira alimentao no terceiro ou quarto dia, nem todas as larvas comeam a se alimentar simultaneamente. F: quarto dia ps-ecloso noite, notar a aglomerao sobre o alimentador sem rao. G: quinto dia ps-ecloso, alm da rao as larvas recebem nauplius de artmia, notar a colorao alaranjada do ventre indicando o incio de consumo direto do crustceo.

38

A

B

C

D

E

F

Figura 7: Manejo alimentar. A: ingredientes da rao: gemas de ovos de galinha crua e cozida, clara de ovo, plen de abelha Apis e Spirulina em p. B: rao congelada em forma de placa acondicionada em embalagem plstica. C: adio de nauplius de Artemia recm eclodidos rao descongelada. D: mistura adicionada de nauplius de Artemia recm eclodidos para aplicao no alimentador. E: aplicao da mistura no alimentador. Notar o dedo aplicador envolvido em plstico. F: disposio do alimentador no cesto mvel da Unidade de Incubao (UI).

39

2.6 Contagem de bitos diriosDurante qualquer inspeo de rotina e aps a translocao diria das larvas, os cadveres eram recolhidos. Usava-se pipeta 5mL para retir-los da UI e deposit-los em frasco com formalina tamponada 10%. Os bitos eram contados e anotados diariamente em ficha individual fixada em prancheta junto ao SI (anexo 5).

2.7 Iluminao noturnaUma lmpada incandescente de 3W era acesa no interior da estufa das 17:00 s 06:45 horas do dia seguinte. O alimentador era mantido sem rao no cesto mvel durante o perodo noturno do terceiro ao nono dia ps-ecloso, com a finalidade de ser referncia visual para as larvas, figura 6F.

2.8 Manejo de incubao de cistos e nauplius de ArtemiaA soluo para ecloso era preparada e estocada em recipiente plstico com volume de 50L. Aproximadamente 48L de gua do abastecimento publico, 1,1Kg de Cloreto de Sdio, 10g de Bicarbonato de Sdio, 5g de Sulfato de Clcio e 5g de Sulfato de Magnsio eram usados na mistura. A salinidade era ajustada e aferida indiretamente com densmetro em 1,025. Aps estocagem era adicionada de 1mL de Hipoclorito de Sdio 2,5%. Diariamente 1g de cistos era incubado em recipiente cnico com 1,5L de gua salgada equipado com aerao e drenagem por via comum no vrtice da parte baixa, figura 8A. Iniciando-se no primeiro dia ps-ecloso, de maneira que no terceiro dia, incio da alimentao exgena, era garantido o suprimento de nauplius frescos para incorporao na rao. Os cistos utilizados, Saltcreek de Utah, EUA, eclodiam em 36h-48h temperatura de 22 3 C e densidade 1,025.

Os nauplius eram recolhidos aps aerao desligada por 10 minutos, figura 8A. Para adicionar rao usavam-se apenas os nauplius sedimentados, com at 6 horas de ecloso. Eram recolhidos atravs da drenagem inferior em filtro de nylon tipo coador de caf, figura 8B. O contedo do filtro era lavado com gua clorada, figura 8C. Aps, o excesso de gua era drenado com auxlio de toalha de papel, figura 8D, e recolhido com colher de ch para mistura pasta, figura 8E. Todo

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excedente do preparo da mistura assim como nauplius de idade mais avanada, com 1 ou 2 dias de ecloso eram fornecidos aos alevinos de 20 ou mais dias. As incubadoras de Artemia eram lavadas com detergente neutro e esponja de l de vidro e enxaguadas antes de serem novamente utilizadas.

41

1

2

B

A

D

C

E

Figura 8: Manejo de nauplius de Artemia. A: incubadoras de Artemia. 1. incubadora com nauplius eclodidos aps aerao desligada por 10 minutos. Nauplius, cor alaranjada, sedimentados e acumulados na mangueira de aerao e drenagem. 2 incubadora com cistos para fornecimento no dia seguinte. B: drenagem de nauplius da incubadora para filtro de nylon. C: lavagem dos nauplius com gua clorada da rede pblica de abastecimento. D: retirada do excesso de gua com papel toalha. E: colheita dos nauplius prontos para mistura rao.

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3 Resultados

Durante o perodo de 1182 dias sete casais produziram 12906 ovos em 41 desovas. O nmero de ovos por desova variou de 111 620. A mdia de ovos por desova foi de 314,78 com CV = 48%. A mdia de larvas eclodidas por desova foi de 253,15 e CV = 58%. A mdia de larvas vivas aos 15 dias ps-ecloso por desova foi de 208,37 e CV = 65%, tabela 4. O percentual de sobrevivncia aos 15 dias psecloso, relativo ao total de larvas eclodidas, foi de 82,31%. Os percentuais, mximo e mnimo, de sobrevivncia aos 15 dias ps-ecloso por desova, foram, respectivamente de 91,98 e 53,97%. As desovas variaram de 3 a 9 por casal durante o perodo. O nmero mdio de desovas/ casal/ ano foi de 1,88. Apenas trs desovas ocorreram entre os meses de abril e agosto, sendo que nenhuma desova foi registrada nos meses de abril, junho e agosto, conforme figura 9.

Tabela 4: ndices obtidos pelo trabalho.

ndice Intervalo mdio entre desovas de mesma estao reprodutiva (dias) Intervalo mdio entre desovas de estaes reprodutivas sequentes (dias) Mdia de ovos por desova Mdia de larvas eclodidas por desova Mdia de larvas vivas 15 dias ps-ecloso Mdia de desovas/ ano/ casal Mdia de larvas vivas/ ano/ casal

Valor 12,14 193 314,78 253,15 208,37 1,88 391,97

Os valores acumulados por casal so resumidos na figura 10. Datas, totais e valores relativos de ovos produzidos, larvas eclodidas e larvas vivas 15 dias psecloso para cada desova so apresentados na tabela 5.

43

9 8

Nmero de desovas

7 6 5 4 3 2 1 0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

ms

Figura 9: Freqncia de desovas mensais durante o perodo de 1182 dias.

3000 2500 2000 1500 bitos 1000 500 0 Casal 1 Casal 2 Casal 3 Casal 4 Casal 5 Casal 6 Casal 7 Sobrevivncia 15 dias ps-ecloso Ovos

Larvas eclodidas

Figura 10: Ovos, larvas eclodidas, bitos e larvas vivas 15 dias ps-ecloso acumulados por casal no perodo de 1182 dias em 41 desovas.

Considerou-se para os dados analisados o valor de 126 dias, do intervalo entre a primeira e segunda desovas do casal 4, como limite inferior de intervalo entre desovas de estao reprodutiva seqente, portanto, o valor imediatamente inferior,

44

41 dias, do intervalo entre a segunda e terceira desovas do casal 3, foi considerado limite superior para intervalo entre desovas de uma mesma estao reprodutiva. Desta forma o perodo entre desovas da mesma estao reprodutiva mnimo foi de 4 dias e mximo de 41 dias, O perodo entre desovas de estaes reprodutivas seqentes, mnimo e mximo, de 126 e 292 dias, respectivamente. Os casais 1, 5 e 6 apresentaram apenas uma estao reprodutiva no perodo, tabela 6. A mdia e o desvio mdio (DM) para os perodos entre desova da mesma estao reprodutiva e desova de estaes reprodutivas seqentes foram, respectivamente, X = 12,14 dias e DM = 6,66; e X =193 dias e DM = 45.

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Tabela 5: Datas, totais e valores relativos de ovos, larvas eclodidas e larvas vivas 15 dias ps-ecloso.Data 20/09/1998 28/09/1998 05/10/1998 11/10/1998 20/10/1998 28/10/1998 20/01/1999 26/01/1999 03/02/1999 14/02/1999 22/02/1999 01/03/1999 10/03/1999 20/07/1999 30/12/1999 02/01/2000 02/02/2000 13/03/2000 09/07/2000 15/11/2000 13/12/2000 28/12/2000 07/01/2001 18/01/2001 26/01/2001 04/02/2001 13/02/2001 22/02/2001 01/03/2001 07/03/2001 15/03/2001 19/03/2001 27/03/2001 21/05/2001 05/09/2001 22/09/2001 01/10/2001 03/10/2001 10/10/2001 28/10/2001 14/12/2001 Casal 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 3 3 2 3 3 4 4 4 7 7 7 7 7 7 5 5 5 5 5 5 4 6 7 7 6 7 6 4 Desova 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 7 1 2 8 3 4 1 2 3 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 4 1 7 8 2 9 3 5 Totais X CV Ovos 430 384 393 266 305 253 261 309 277 198 206 160 132 509 436 446 434 322 613 472 303 221 187 193 142 140 111 219 341 202 187 143 179 514 721 299 243 509 202 424 620 12906 314,78 0,48 Larvas eclodidas 374 299 290 215 244 164 186 284 210 170 125 105 69 482 349 386 388 277 549 431 218 162 130 126 109 78 66 176 310 149 148 112 98 362 678 235 194 421 129 366 515 10379 (%) (86,98) (77,86) (73,79) (80,83) (80,00) (64,82) (71,26) (91,91) (75,81) (85,86) (60,68) (65,63) (52,27) (94,70) (80,05) (86,55) (89,40) (86,02) (89,56) (91,31) (71,95) (73,30) (69,52) (65,28) (76,76) (55,71) (59,46) (80,37) (90,91) (73,76) (79,14) (78,32) (54,75) (70,43) (94,04) (78,60) (79,84) (82,71) (63,86) (86,32) (83,06) (80,42) Larvas vivas 15 dias ps-ecloso 344 258 244 179 199 122 151 250 169 118 89 74 44 440 305 327 339 217 488 387 161 130 104 68 69 49 39 142 262 102 111 93 64 261 591 210 166 351 78 294 454 8543 208,37 0,65 (%) (91,98) (86,29) (84,14) (83,26) (81,56) (74,39) (81,18) (88,03) (80,48) (69,41) (71,20) (70,48) (63,77) (91,29) (87,39) (84,72) (87,37) (78,34) (88,89) (89,79) (73,85) (80,25) (80,00) (53,97) (63,30) (62,82) (59,09) (80,68) (84,52) (68,46) (75,00) (83,04) (65,31) (72,10) (87,17) (89,36) (85,57) (83,37) (60,47) (80,33) (88,16) (82,31)

253,15 0,58

X: Mdia; CV: Coeficiente de variao.

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Tabela 6: Intervalo de tempo entre desovas.Tempo/ dias Intervalo entre desovas 1-2 2-3 3-4 4-5 5-6 6-7 7-8 8-9 Casal 1 8 7 6 9 8 2 6 7 11 8 9 9 292* 3 32 41 160* 4 126* 28 158* 203* 5 9 6 8 4 8 6 28 25 7 9 11 8 8 9 219* 9 9

* Considerados intervalos relativos a desovas entre estaes reprodutivas seqentes.

O nmero de bitos dirios por desova variou de 0 a 28 (0 a 28%) do nmero de larvas eclodidas na respectiva desova. O percentual dirio de bitos, relativo ao nmero de bitos acumulados por casal at os 15 dias ps-ecloso, variou de 0,42 a 22,36%. Aps o oitavo dia psecloso o percentual dirio de bitos acumulados por casal manteve-se menor que 5%, figura 11. A totalizao do nmero de bitos revelou que 74,4% dos bitos ocorreram durante os seis primeiros dias ps-ecloso. Os maiores nmeros de bitos aconteceram no 1, 4 e 5 dias ps-ecloso, 14, 15 e 16,7%, respectivamente, figura 12.

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25,00

20,00 Casal 1 Casal 2

% bitos

15,00

Casal 3 Casal 4 Casal 5 Casal 6 Casal 7

10,00

5,00

0,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Dias ps-ecloso

Figura 11: bitos dirios acumulados por casal at 15 dias ps-ecloso, percentual relativo ao nmero de bitos total acumulado por casal.

350 30014 ,0 16 ,7

20,00

15 ,0

25011 ,4

15,00

bitos

2007, 1

bitos (%)

10 ,2

10,006, 4

total de bitos %

150 100 50 0 1 2

4, 4

3, 1

5,002, 3 2, 2 2, 1 1, 8 1, 9 1, 4

0,00 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Dias ps-ecloso

Figura 12: Total de bitos dirios acumulados at 15 dias ps-ecloso e valores percentuais relativos ao nmero de bitos total.

48

4 DiscussoOs processos de condicionamento e manuteno da qualidade de gua foram satisfatrios paras as variveis fsicas e qumicas. Anlises microbiolgicas, em termos de unidades formadoras de colnia - UFC, da gua do Reservatrio de Incubao (RI), Unidade de Incubao (UI) e efluente substanciariam a mensurao da eficincia do Sistema de Incubao (SI) em relao s condies spticas. Contudo, os registros zootcnicos que subsidiam esse trabalho no contemplavam anlises desse tipo. A utilizao de diferentes programaes para renovao de gua buscando correlaes entre volumes de substituio, condies

microbiolgicas e densidade de estocagem devem ser avaliadas futuramente. A dose estimada de radiao ultravioleta empregada, 12660 W.s/cm2, foi superior a dose letal para boa parte das bactrias patognicas, excetuando-se os esporos; mas menor que as doses letais para fungos, boa parte das leveduras e maioria dos vrus (LILTVED, HEKTOEN, EFRAIMSEN, 1995) (anexo 6). Como a gua do RI era livre de material particulado a eficincia da UV na reduo da concentrao microbiana foi limitada apenas pela radiao incidida, pelo tempo de exposio, pela profundidade da lmina d`gua exposta e pela taxa de recirculao no RI (LILTVED, HEKTOEN, EFRAIMSEN, 1995). Equipamentos comerciais normalmente tm nveis de radiao entre 10000 e 30000 W.s/cm2 (anexo 6), sendo que a Associao de Empresas Tecnolgicas de gua e Gs da Alemanha FIGAWA recomenda que a dose mnima no tratamento de potabilizao seja de 25000 W.s/ cm2 (ROTHE, 1991), ou seja, quase duas vezes o valor da dose utilizada. uma recomendao para sistema de desinfeco de nica passagem, sem recirculao, ao contrrio do utilizado. A dose de oznio no foi mensurada, o volume fludo de ar com oznio foi o bastante para fazer-se sentir pelo olfato. A cria artificial, ainda que no praticada pela maioria dos piscicultores, o mtodo que apresenta maior produtividade. A necessidade de manejo constante, o maior nmero de operaes dirias e os custos de implementao devem ser os fatores que afastam os produtores desse sistema de produo, alm dos aspectos etolgicos e nutricionais citados. A aplicao do SI em produes comerciais deve

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ser avaliada economicamente. O aumento da produtividade pode no se relacionar ao incremento da economicidade. A implementao de um sistema de incubao intensivo, tal qual apresentado, alm dos custos de instalao, possui custos fixos a serem contabilizados na anlise de viabilidade. O emprego da cria artificial pode trazer em longo prazo a descaracterizao do comportamento natural de cuidado parental. Nesse sistema de cria a presso de seleo para indivduos que apresentem hbitos no benvolos prole eliminada. Dessa maneira casais de boa ou m ndole geram descendentes da mesma forma, ao contrrio do sistema natural cuja descendncia s vai a termo caso os pais sejam cuidadosos. O percentual de sobrevivncia larval de 82,31% prximo dos valores citados para a cria artificial de Symphysodon spp; (FEILLER 1991; WATTLEY; GAN, 1998). As metodologias utilizadas nessas referncias diferem entre si, mas regem-se por alguns aspectos comuns: renovao de gua freqente, primeira alimentao feita com rao tendo como principal ingrediente gema de ovo e posteriormente nauplius de Artmia recm eclodidos. Os mesmos tambm citam a viabilidade da alimentao com rotferos e nematdeo Panagrellus sp, porm no se aprofundam na descrio da tcnica. A praticidade e eficincia do manejo alimentar trabalhado em relao alimentao com rotferos, Panagrellus sp, ou outros alimentos devem ser mais investigados. A substituio do uso de Artemia por outros produtos menos dispendiosos vem sendo alvo de diversas pesquisas (BROMAGE e ROBERTS, 1995). A necessidade de nauplius de Artemia at os 20 - 30 dias ps-ecloso parece distante de ser suplantada por alimentos processados haja vista, a imaturidade do sistema digestivo das larvas, especialmente em relao produo de proteases (CHONG et al, 2002). O manejo de cistos de Artmia utilizado foi satisfatrio, mas poderia ter sido melhor j que no foi empregada iluminao para incrementar a taxa de ecloso nem enriquecimento nutricional dos nauplius (BROMAGE e ROBERTS, 1995). O grande valor nutricional do ovo reconhecido. Contudo trs aspectos de ressalva sua utilizao so inerentes: 1. A avidina, glicoprotena presente na clara

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de ovo crua, possui atividade antinutricional pela inibio da absoro de biotina no intestino (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1993). 2. A necessidade de enzimas prprias de organismos zooplnctnicos para a digesto eficiente dos componentes peptdicos (CHONG et al, 2002). 3. Torna-se um excelente meio de cultura, especialmente quando hidratado, promovendo o crescimento microbiano e seus conseqentes efeitos negativos. Os volumes de rao utilizados em larvicultura so relativamente pequenos, por isso a aplicao de ingredientes nobres em dietas iniciais (LEITRITZ, 1972), como os utilizados no presente trabalho, justificada. A necessidade do congelamento para conservao um ponto negativo a ser minimizado. O uso de processos de desidratao, que proporcionem baixo nus qualidade nutritiva, aumentem o shelf life e simplifiquem a conservao devem ser estimulados (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1993). Considerando que a temperatura, pH e TDS foram relativamente constantes ao longo do ano, a distribuio das desovas pelos meses aponta para uma relao com a varivel fotoperiodo. Por tal, o controle do mesmo apresenta-se como uma potencial ferramenta de planejamento na produo de Symphysodon spp a exemplo do que praticado em Salmonidae, Ciprinidae e Sparidae (BROMAGE e ROBERTS, 1995). A fecundidade mdia encontrada foi 41,27% menor que aquela descrita por CMARA, 2004. A mesma utilizou metodologia distinta da empregada no presente trabalho, estimando a fecundidade pelo dimetro dos ovcitos vitelognicos extrados diretamente do ovrio aps necrpsia. Uma varivel que deve ter contribudo para a divergncia dos resultados a origem dos animais, pois naquele foram utilizados exclusivamente espcimes capturados no ambiente natural. O cativeiro por si, os espcimes selecionados artificialmente e a modificao advinda do sistema de cria artificial tornam a comparao simples e direta dos resultados no conclusiva. No foram encontrados na literatura consultada parmetros de comparao para os valores de intervalo entre desovas e nmero de desovas/ tempo para Symphysodon spp. Duas citaes do conta que: 1. quando praticada a cria artificial,

51

o casal com desova segregada tem nova postura na semana seguinte e; 2. fmeas com intervalo mais curto entre desovas tm menores fecundidades absoluta por desova (FEILLER, 1991; DEGEN, 1996). A tendncia marcante do maior nmero de bitos nos primeiros dias aps a ecloso foi uma constatao esperada dado ao desenvolvimento da resistncia larval com a idade (HRUBEC et al, 2004; BROMAGE e ROBERTS, 1995). As deformidades fsicas e/ ou deficincias metablicas se expressam fortemente nos momentos de mudana ambiental. Dois eventos so considerados drsticos s larvas e devem se relacionar aos picos de mortalidade larval encontrados. So eles: 1. ecloso, o estgio de embrio final evolui para o estgio larval vitelnico deixando de ter a proteo prpria do ovo e passando a ter contato direto com o meio. 2. alimentao exgena, no momento em que o animal infla a bexiga natatria, deve nadar horizontalmente, buscar alimento e ainda digeri-lo. A definio de manejos zootcnicos ideais passa por testes sob diferentes condies, onde interagem aspectos intrnsecos e extrnsecos aos ovos e larvas. A experimentao sob diferentes condies ambientais, especialmente das que influenciem diretamente o metabolismo e taxa de crescimento devem resultar no aperfeioamento das tcnicas de manejo atuais. Dentre as variveis fsicas a de se destacar o fotoperodo e a temperatura que podem ser ajustados no sentido de aumentar o tempo de alimentao e o consumo alimentar, indiretamente favorecendo a diminuio do tempo crtico de incubao. Estudos objetivando a diminuio do numero de bitos, ou seja, o aumento da produtividade na larvicultura de Symphysodon spp devem ser concentrados nos 6 primeiros dias ps-ecloso, conforme demonstraram os resultados. De encontro busca de manejos mais produtivos um relato de caso (GARGAS, 1991), traz uma importante indicao sobre condicionamento qumico: a recria de juvenis Symphysodon spp em guas com TDS = 480mg/ L e pH=8,0 proporcionou uma taxa de crescimento quatro vezes maior que guas com TDS = 60mg/ L e pH=6,0.

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5 Concluses

A utilizao do alimentador mostrou-se eficiente. A despeito da simplicidade de construo e operao no foi encontrada qualquer referncia sobre algum artefato similar. Por isso o uso do mesmo parece ser uma inovao tecnolgica de possvel aplicao em larviculturas de espcies com comportamento larval semelhante a Symphysodom spp. A quantificao do rendimento animal na unidade produtiva de forma estimativa ou factual predisposio ao controle. Os ndices obtidos so por si comparativos e de passvel aplicao no planejamento e operao nas pisciculturas de Symphysodon spp. Aspectos dimensionais, estruturais e produtivos, assim como parmetros de seleo em programas de melhoramento, ou simples descarte, com base em aspectos reprodutivos tais quais fecundidade e fertilidade podem ser subsidiados a partir dos valores mdios obtidos no trabalho. Novos trabalhos, em sistemas semelhantes e distintos, so necessrios na definio de mtodos mais produtivos e como arcabouo de comparao. A repetio em experimentos de larvicultura muitas vezes comprometida j que as caractersticas da gua de cultivo no so constantes. Caractersticas da gua devem ser amplamente controladas com intuito de assegurar que diferenas encontradas entre diferentes tratamentos experimentais s se devem (s) varivel (eis) manipulada(s). Da mesma maneira, a manuteno dos parmetros de qualidade de gua predisponente garantia de nveis de produtividade constantes (UFRPE, 2003). Nesse sentido o Sistema de Incubao (SI) apresentado e avaliado uma ferramenta de considervel valor.

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ANEXOS

ANEXO 1

ANEXO 2

ANEXO 3

ANEXO 4

ANEXO 5

ANEXO 6

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