rep aije pompeo burmann

Upload: ynara-fernandes

Post on 08-Jan-2016

223 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

aije

TRANSCRIPT

  • EXCELENTSSIMO SENHOR CORREGEDOR REGIONALTRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL

    Distribuio por dependncia ao processos cautelar n 16.2006 (Classe 04).Relator: Desembargador Marcelo Bandeira Pereira Corregedor Regional Eleitoral.Apensamento dos autos da supra-referida cautelar aos autos desta ao principal CPC arts. 796 c/c809.

    O MINISTRIO PBLICO ELEITORAL, peloProcurador Regional Eleitoral Substituto, no uso das suas atribuies legais, vemperante Vossa Excelncia, forte no art. 14, 9, da Constituio e nos arts. 19, 21, 22e 23 da Lei Complementar n 64/90, ajuizar

    AO DE INVESTIGAO JUDICIAL ELEITORAL(ao principal do processo cautelar n 16.2006 - classe 04)

    em face de

    (1) DARCI POMPEO DE MATTOS, Deputado Federal e candidato reeleito naseleies gerais do dia 1/10/2006, pelo Partido Democrtico Trabalhista (PDT), jdevidamente qualificado no Processo de Registro de Candidatura n. 258.2006(Classe 15); e

    (2) GERSON BURMANN, Deputado Estadual e candidato reeleito nas eleiesgerais do dia 1/10/2006, pelo Partido Democrtico Trabalhista (PDT), jdevidamente qualificado no Processo de Registro de Candidatura n. 318.2006(Classe 15), pelas razes e fundamentos e nos termos em que passa a expor:

  • IPRELIMINARES

    1. Ao principal. Ao cautelar. Apensamento dosautos. A presente inicial inaugura Ao de Investigao Judicial Eleitoral (AIJE) poruso indevido, desvio e abuso do poder econmico e de autoridade em benefcio decandidato, a afetar a normalidade e legitimidade das eleies, j referidos na aocautelar n 16.2006 (Classe 04), cujos autos devero ser apensados ao da presenteao principal, nos termos dos arts. 796 e 809 do Cdigo de Processo Civil (CPC).

    2. Representao pela infrao do art. 41-A da Lei n9.504/97. de se referir tambm que os fatos aqui narrados deram causa arepresentao do MPE pela infrao eleitoral do art. 41-A (captao de sufrgio) daLei n 9.504/97 (Processo 300.2006 Classe 16 Rel. Juza AuxiliarDesembargadora Federal Marga Inge Barth Tessler).

    3. Competncia e procedimento. A teor do art. 22 da LeiComplementar n 64/90, a instruo e relatoria da AIJE da competncia doCorregedor Regional Eleitoral, conforme o procedimento ali indicado.

    IIFATOS: OS ALBERGUES POUSADA PORTO ALEGRE E POUSADA IJU

    4. Os deputados e candidatos reeleio DARCIPOMPEO DE MATTOS e GERSON BURMANN, fato pblico, notrio, por elesdivulgado em suas propagandas eleitorais, criaram e mantm em funcionamento doisalbergues denominados Pousada Pompeo e Burmann, ou mais especificamente, (a)Pousada Porto Alegre e (b) Pousada Iju, onde oferecem, sem contraprestaopecuniria, estadia e outras vantagens, tais como alimentao ou equipamentos paracozinhar, a pessoas de outros municpios ou da zona rural que se dirigem a PortoAlegre ou Iju (centros de referncia em sade no Estado) para, entre outrosobjetivos, comparecerem a consultas mdicas ou prestarem exames clnicos nombito do Sistema nico de Sade.

  • 5. Alm de oferecerem e propiciarem vantagem em formade hospedagem aos eleitores em pleno perodo eleitoral atravs das referidas CasasSolidrias, os deputados veicularam nesses estabelecimentos ostensiva indicao deseus nomes e cargos, bem como propaganda eleitoral de suas candidaturas reeleio aos cargos que ocupam junto ao Poder Legislativo, no deixando nenhumadvida a vinculao que fizeram das vantagens concedidas aos eleitores com os seuscargos e, conseqentemente, com suas campanhas eleitorais.

    6. Na Pousada Porto Alegre, localizada na Rua SofiaVeloso, 80, os candidatos fixaram na fachada do albergue faixas e cartazes com aspropagandas tpicas de suas campanhas 2006, semelhantes as que aparecem nospanfletos distribudos ao eleitorado, contendo fotos, nmeros de campanha (1221 -Deputado Pompeo de Mattos e 12312 Deputado Gerson Burmann), os cargos paraos quais concorreram, conforme demonstram as fotos tiradas em 18 de setembro de2006 (fotos fls. 15-23 toda indicao de folhas constante nesta inicial refere-se numerao da apensa cautelar 16.2006).

    7. Naquela mesma data 18/09/2006 foi efetivadaligao telefnica desta Procuradoria Regional para o telefone (51) 9999.4635,indicado como sendo da Pousada Porto Alegre tanto no carto de visita como napropaganda eleitoral abaixo citados, sendo a ligao atendida pelo Sr. Edson (cujonome tambm consta no referido carto), que confirmou a prestao do servio dehospedagem, apenas ressaltando que no estava sendo oferecida alimentao e que,em decorrncia da campanha eleitoral, estava suspenso o servio de transporte darodoviria at a Pousada. (certido fl. 24.)

    8. Na Pousada Iju, situada na Avenida 21 de Abril, n.63, ou prxima ao Hospital de Caridade (conforme consta na propaganda eleitoraldos candidatos), em Iju, os candidatos inscreveram na parte superior da fachada, emletras garrafais, os dizeres Pousada Iju Pompeo e Burmann PDT 12, sendo do

  • conhecimento dos l hospedados que o estabelecimento mantido pelos deputados,bem como que o mesmo administrado pela Sra. Soila, conforme certides e fotoem anexo da Promotoria Eleitoral de Iju (23 Zona Eleitoral) (fls.25-29).

    9. Para no restar dvidas sobre a utilizao ostensiva emsuas campanhas eleitorais das ajudas, vantagens e servios que prestamgratuitamente aos eleitores, os candidatos incluram em suas propagandas eleitorais conforme propaganda colhida em Iju pela Promotoria de Eleitoral daquela cidade,propaganda dos candidatos e um carto de visita de Assessora Poltica (DialuzDilamar Bernardi) do Deputado Pompeo de Mattos referncia expressa s duaspousadas, seus telefones e pessoas para contato. Consta em uma das propagandas afoto do candidato Pompeo de Mattos na frente da Pousada, como que convidando oseleitores a utilizarem seus servios gratuitos, e o seguinte texto (fls. 30-38):

    POUSADA POMPEO / BURMANNDesde o ano de 2003 o Deputado POMPEO DE MATTOSmantm em parceria com o Deputado Estadual GERSONBURMANN, uma pousada localizada na Av. 21 de Abril(prximo ao Hospital de Caridade) e que pode ser contatadapelo fone (51) 9971.8380 com a Sra. SOILA, com capacidade dealojamento para 50 vagas, com a finalidade de acomodar aspessoas e seus acompanhantes com dificuldades financeiras quevem at Iju em busca de atendimento mdico, de diversosmunicpios tais como, So Miguel das Misses, So Paulo dasMisses, Santo Antnio das Misses, Campina das Misses, SoLuiz Gonzaga, So Pedro do Buti, Palmeira das Misses,Panambi, Tenente Portela, Trs Passos,, Santa Rosa, Tiradentes doSul, Humait, Bom Progresso, Horizontina, Porto Xavier, Guaranidas Misses, Santo Augusto, So Valrio do Sul e outras tantascidades do nosso Estado.Tambm em Porto Alegre, o Deputado POMPEO DE MATTOSe o Deputado Estadual GERSON BURMANN, mantm umapousada com os mesmos objetivos situada na Rua Sofia Veloso,80 Bairro Cidade Baixa e que pode ser contatada pelo fone(51) 9999.4635 com o Sr. EDSON.(grifos do original) (fl.31)

    10. Ou seja, os candidatos no apenas prestaram vantagemaos eleitores na forma de hospedagem gratuita, tanto antes como depois do registrode suas candidaturas perante o TRE/RS, como tambm ofereceram o gozo de taisvantagens a todo o eleitorado atravs da divulgao ostensiva desses servios em

  • suas propagandas eleitorais distribudas populao, com o objetivo lgico deangariar votos, desequilibrando a corrida eleitoral em face dos outros candidatos queno lanaram mo de tais expedientes.

    IIIBUSCA E APREENSO EFETUADA NAS REFERIDAS POUSADAS(CAUTELAR 16.2006) EM 19/09/06 PRESENA DE HSPEDES NASCASAS PROPAGANDA ELEITORAL E OUTROS DOCUMENTOSAPREENDIDOS

    11. Em 19/09/06, em face de liminar (fls. 41-42) deferidanos autos da Ao Cautelar n 16.2006, foi cumprido mandado de busca e apreensonas duas pousadas dos investigados, cujos documentos anexos comprovam apresena naqueles locais de grande nmero de pessoas hospedadas (mesmo que s16h e na vspera do feriado do dia 20/09), quantidade significativa de propagandaeleitoral fixada na parte externa e interna (nas paredes, sobre as estantes) da pousada,inmera propaganda depositada para distribuio (panfletos, adesivos, jornais, etc.)aos eleitores, bem como listas e cadernos com nomes de hspedes, comprovantes degastos dos estabelecimentos em nome dos candidatos, cartazes, etc. (certides e fotosfls. 53-62, bem como nas fotos registradas pelo Ministrio Pblico e juntadas a partirda fl.).

    12. Especificamente na Pousada Porto Alegre, conformeanexa certido de cumprimento de referido mandado de busca e apreenso (fls. 56-62), certido desta PRE que acompanhou a diligncia (fl.), alm da propagandaexterna acima referida, foi certificada a existncia de 22 leitos, a presena de quatro(04) hspedes naquela tarde vspera de feriado, residentes em diferentes municpiosdo Estado, a apreenso de inumervel propaganda eleitoral dos deputados Pompeo deMattos e Gerson Burmann no interior do estabelecimento, tanto fixada nas paredes (1faixa, 2 quadros, 5 cartazes, adesivos, etc.) como em cima de estante paradistribuio (aproximadamente 2.000 impressos/panfletos, 2.000 santinhos, 20posters, 50 jornais, etc.), todos com as referncias eleitorais dos candidatos (nomes,nmeros, fotos, cargos almejados, legendas, slogans de campanha, etc), bem como

  • correspondncia e documentos relacionados hospedagem de pessoas no albergue(caderneta de endereos, listas de pessoas, agendamento de hospedagem,agradecimento de pessoas que passaram pela pousada, etc.), material impresso daAssemblia Legislativa (envelopes, folhas, cartes de visita, etc.), conformecertides e fotos (fls. 53 e ss).

    13. J na Pousada Iju, tambm em cumprimento aoreferido mandado de busca e apreenso, alm da propaganda externa j referida, foicertificado a presena de oito (08) hspedes naquele momento (aproximadamente16h15min, em vspera de feriado), residentes em vrias localidades (devidamentequalificados), grande quantidade de propaganda eleitoral na rea interna da pousada(banners, cartazes, calendrios, cartes, bandeiras, etc.), material relativo hospedagem e s despesas do estabelecimento, material da Assemblia Legislativa(duas caixas com envelopes de correspondncia), conforme certido e fotos das fls.53-54 e documentos juntados pelo MPE a fls., bem como um cartaz manuscrito, comos seguintes dizeres (certificado na fl. 53):

    Senhores usrios (sic) desta casa contamos com oreconhecimento de cada um de vocs para continuarmosajudando a todos. Portanto, pedimos a colaborao de cadaum para chegarmos juntos a mais uma VITRIA, no dia 01 deoutubro. Contm (sic) conosco.Deputado Federal 1221Deputado Estadual 12312

    14. Eis a relao das 12 pessoas certificadas comohospedadas nas Casas Solidrias em 19/09/06, mesmo que, por bvio, considerandoque o mandado foi cumprido tarde (aproximadamente 16h30), de se concluir quegrande parte das pessoas l hospedadas no se encontravam no local no momento,haja vista a prpria natureza dos servios prestados em hotis, pousadas econgneres, onde as pessoas normalmente durante o dia cumprem as tarefas que asfizeram viajar e retornam ao estabelecimento para dormir apenas no fim do dia:Pessoas hospedadas nas Pousadas dos Deputados Darci Pompeo de Mattos e Gerson Burmannem 19/09/2006 (mandado cumprido aproximadamente s 16h30, em vspera de feriado estadual- 20/09, Revoluo Farroupilha):- Pousada Porto Alegre (Rua Sofia Veloso n 80): 22 leitos. 04 hspedes: 1. Lauderiano da Silva

    (Iju/RS), 2. Nenir Beatriz dos Santos da Silva (Iju/RS), 3. Dirceu Dallepiase (Catube/RS), 4.

  • Maristela Emlia Bracht Hahn (So Paulo das Misses) qualificados (RG, endereo) na certidodo oficial de justia das fl. 59.

    - Iju: (Rua Vinte e Um de Abril n 63): 50 leitos. 08 hspedes: 1. Eli Terezinha Berwanger, 2.Melita Cagliari (Salvador das Misses/RS), 3. Antonio Ereno Cagliari (Salvador dasMisses/RS), 4. Joaquim Moraes Gonalves (Santo Antnio/RS), 5. Irmi Terezinha Kern Hilgirt(So Pedro do Buti/RS), 6. Ana Eli Costa da Costa (Jacuizinho/RS), 7. Incio Gonalves (SantoAntonio das Misses/RS) e 8. Angela Vieira da Silva (Alvorada/RS) qualificados (RG, CPF,endereo) na certido do oficial de justia das fls. 53-54.

    IVABUSO DO PODER ECONMICO OU POLTICO EM DETRIMENTO DA

    LIBERDADE DE VOTO PROTEO DA NORMALIDADE ELEGITIMIDADE DAS ELEIES

    (CONSTITUIO, LC n 64/90 E L. n 9.504/97)

    15. A Constituio Brasileira define a Repblica Federativado Brasil Estado Democrtico de Direito (CF, art. 1, caput) onde todo poder emanado povo, que o exerce por meio de representantes eleitos (art. 1, pargrafo nico),sendo que a soberania popular ser exercida pelo sufrgio universal e pelo votodireto e secreto (art. 14, caput), bem como determinou ao legislador a edio desalvaguardas normalidade e legitimidade das eleies contra a influncia do podereconmico ou o abuso do exerccio de funo pblica, nestes termos:

    Constituio FederalArt. 14. A soberania popular ser exercida pelo sufrgio universale pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nostermos da lei, mediante:9 Lei complementar estabelecer outros casos de inelegibilidadee os prazos de sua cessao, a fim de proteger a probidadeadministrativa, a moralidade para o exerccio do mandato,considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade elegitimidade das eleies contra a influncia do poder econmicoou o abuso do exerccio de funo, cargo ou emprego naadministrao direta ou indireta.

    16. Concretizando a nvel legislativo o comandoconstitucional de preservar a normalidade e a legitimidade das eleies contra ainfluncia do poder econmico, a Lei Complementar n 64/90 estabeleceu,especialmente atravs da Ao de Investigao Judicial Eleitoral AIJE, prevista em

  • seu artigo 22, salvaguardas quanto ao abuso, uso indevido ou desvio de podereconmico, do poder de autoridade, ou utilizao indevida de meios de comunicaosocial, em benefcio de candidato ou partido:

    Lei Complementar n 64/90

    Art. 19. As transgresses pertinentes origem de valorespecunirios, abuso de poder econmico ou poltico, em detrimentoda liberdade de voto, sero apuradas mediante investigaesjurisdicionais realizadas pelo Corregedor-Geral e CorregedoresRegionais Eleitorais.Pargrafo nico. A apurao e a punio das transgressesmencionados no caput deste artigo tero o objetivo de proteger anormalidade e legitimidade das eleies contra a influncia dopoder econmico ou do abuso do exerccio de funo, cargo ouemprego na administrao direta, indireta e fundacional da Unio,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    Art. 22. Qualquer partido poltico, coligao, candidato ouMinistrio Pblico Eleitoral poder representar Justia Eleitoral,diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos eindicando provas, indcios e circunstncias e pedir abertura deinvestigao judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso depoder econmico ou do poder de autoridade, ou utilizaoindevida de veculos ou meios de comunicao social, embenefcio de candidato ou de partido poltico, obedecido o seguinterito:

    17. Com o mesmo desiderato constitucional de afastar adeturpadora influncia do poder econmico das eleies, a legislao eleitoral probeos candidatos de oferecerem ou prestarem ajuda ou vantagem de qualquer natureza apessoas fsicas ou jurdicas:

    Lei n 9.504/97

    Art. 23. (...) 5 Ficam vedadas quaisquer doaes em dinheiro, bem como detrofus, prmios, ajudas de qualquer espcie feitas por candidato,entre o registro e a eleio, a pessoas fsicas ou jurdicas.(pargrafo acrescentado pela Lei n 11.300/06)

    Art. 24. vedado, a partido e candidato, receber direta ouindiretamente doao em dinheiro ou estimvel em dinheiro,inclusive por meio de publicidade de qualquer espcie, procedentede:(enumera onze incisos com entidades vedadas de contribuir paraas campanhas, alguns acrescidos pela Lei n 11.300/06)

  • Art. 39. (...) 6 vedada na campanha eleitoral a confeco, utilizao,distribuio por comit, candidato, ou com a sua autorizao, decamisetas, chaveiros, bons, canetas, brindes, cestas bsicas ouquaisquer outros bens ou materiais que possam proporcionarvantagem ao eleitor.(pargrafo acrescentado pela Lei n 11.300/06)

    Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos,constitui captao de sufrgio, vedada por esta Lei, o candidatodoar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim deobter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza,inclusive emprego ou funo pblica, desde o registro dacandidatura at o dia da eleio, inclusive, sob pena de multa demil a cinqenta mil UFIR, e cassao do registro ou do diploma,observado o procedimento previsto no art. 22 da LeiComplementar no 64, de 18 de maio de 1990.(artigo acrescentado pela Lei n 9.840/99)

    Cdigo Eleitoral (Lei 4.737/65)

    Art. 237. A interferncia do poder econmico e o desvio ou abusodo poder de autoridade, em desfavor da liberdade do voto, serotolhidos e punidos.

    Art. 243. No ser tolerada propaganda:V que implique oferecimento, promessa ou solicitao dedinheiro, ddiva, rifa, sorteio ou vantagem de qualquer natureza.

    18. A Constituio e a legislao que rege o processoeleitoral no possuem um preceito normativo que conceitue in abstracto condutasque caracterizem abuso de poder econmico ou poltico. No obstante, aConstituio, no art. 14, 9 e 10, e a LC n. 64/90, nos seus arts. 19 e 22,estabelecem que a coibio destas formas de abuso devero observar as seguintesfinalidades: (a) a proteo da normalidade e legitimidade das eleies, (b) daliberdade do voto, (c) da probidade administrativa e (d) da moralidade para oexerccio do mandato.

    19. Desta forma, a identificao dos atos queconsubstanciem abuso de poder econmico dever ser realizada a partir do casoconcreto e no de condutas previamente tipificadas , tarefa esta que, luz dasnormas legais e constitucionais que regem a matria, dever ser norteada sempre

  • pelas finalidades mencionadas, que derivam, em ltima anlise, dos princpiosdemocrtico e republicano.

    20. O abuso de poder na seara eleitoral pode, a princpio,apresentar-se de duas formas: (a) ele pode consistir no uso indevido ou exorbitantede um direito que conferido ao candidato; ou ento (b) apresentar-se sob a forma deatos que, desde a origem, esto em desconformidade com o ordenamento jurdico.

    21. No caso dos autos, a conduta dos investigadoscaracteriza abuso de poder econmico na medida em que apta para afetar anormalidade e legitimidade das eleies, pois praticada de forma permanente, poratos que desde a origem esto em desconformidade com o ordenamento jurdico, ealcanando expressivo contingente de eleitores, violando dispositivos expressos dalegislao eleitoral.

    22. Primeiro, ao disponibilizar as Pousadas Porto Alegre eIju a eleitores durante o perodo eleitoral, os investigados violaram o supratranscrito 5 do art. 23 da Lei n. 9.504/97 que veda quaisquer doaes em dinheiro, bemcomo de trofus, ajudas de qualquer espcie feitas por candidato, entre o registro ea eleio, a pessoas fsicas ou jurdicas.

    23. Possivelmente tambm tenham infringido algum dosincisos do art. 24 da mesma lei, caso as referidas pousadas sejam vinculadas, mesmoque pro forma, a entidade beneficente ou religiosa ou organizao civil de interessepblico, instituies impedidas de direta ou indiretamente fazerem doao emdinheiro ou estimvel em dinheiro a partido ou candidato, e, com muito mais razo,de servirem de instrumento de campanha eleitoral.

    25. Infringiram com certeza o art. 41-A da Lei dasEleies, que estabelece que constitui captao de sufrgio o candidato doar,oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ouvantagem pessoal de qualquer natureza inclusive emprego ou funo pblica, desdeo registro da candidatura at o dia da eleio, fato objeto do j referido processo300.2006 Classe 16.

  • 26. Ao oferecerem aos eleitores hospedagem gratuita nasreferidas pousadas atravs de suas propagandas pessoais e eleitorais, como acimasobejamente demonstrado, violaram tambm o art. 243 do Cdigo Eleitoral quedetermina que no ser tolerada propaganda que implique oferecimento devantagem de qualquer natureza.

    27. Ao manterem, inclusive aps o registro decandidaturas, albergues em Porto Alegre e Iju, nos quais era oferecida hospedagemgratuita a pessoas que se dirigiam a estas cidades via de regra, para realizao detratamento de sade , os investigados indiscutivelmente entregaram benesses aeleitores, o que desequilibrou a igualdade entre os candidatos e afetou a liberdade desufrgio.

    28. Ressalte-se, e isto merece destaque, que as hospedagensprestadas nas Pousadas Pompeo e Burmann comearam a desequilibrar a igualdadeentre os candidatos j em 2003, ano em que os investigados criaram as PousadasPorto Alegre e Iju e passaram a oferecer gratuitamente a referida vantagem, situaoque exponencializou seu nefasto potencial influidor nas eleies realizadas em1.10.2006.

    29. ilustrativo desse desequilbrio o fato do MinistrioPblico j ter nestas eleies, at o presente momento, representado contra novedeputados em face da manuteno desses albergues. Como fcil perceber que oscandidatos patrocinadores de albergues geralmente se elegem entre os mais votados,o vcio parece vir multiplicando-se no Rio Grande do Sul, situao que torna urgentea devida represso da conduta por parte do Estado-Juiz, sob pena de restarcomprometida no s a normalidade e a legitimidade dessas eleies de 2006 mastambm as dos prximos pleitos. Em sua edio de 04/10/06 o Jornal Zero Hora(p.04 Reportagem Especial A nova Assemblia, Times Reforados) ao repercutira formao da Assemblia Legislativa eleita em 1/10/2006 a divide em vriostimes, denominando um deles como ALBERGUEIROS, entre eles includo odeputado investigado reeleito Gerson Burmann, com o seguinte texto: Os alberguesmantidos pelos oito deputados estaduais que tentavam a reeleio renderam a eles

  • 72.047 votos a mais neste ano do que em 2002. As instituies acolhem pacientesque precisam se deslocar para tratamento em outra cidade e seus familiares. (doc.anexo).

    30. As Pousadas Porto Alegre e Iju possuem capacidadepara atender at 72 pessoas diariamente, onde recebem gratuitamente hospedagem.Tais estabelecimentos esto localizados em Porto Alegre e Iju, capital e cidade-plode sua regio (indstria, comrcio e servios), centros universitrios e de refernciamdica. O custo de tais imveis (aluguel, compra), ressaltado pela sua rea (percebe-se pela foto da fl. 29 que a Pousada Iju est instalada em amplo sobrado construdoem terreno de grandes dimenses) e localizao, sua manuteno (impostos, pintura,servios, limpeza, materiais, etc.), seus custos com gua, luz, telefone, gs, etc., suamoblia e equipamentos (camas, colches, eletrodomsticos), salrios de seuscolaboradores (administradores, empregados, etc.), no deixam dvidas sobre o altocusto mensal do empreendimento, suportado exclusivamente pelos deputados, quedestacam esse fato em suas propagandas eleitorais impressa distribudas aos eleitoresna campanha eleitoral de 2006 (fl. 31) e tambm transmitido aos usurios das casas eao pblico em geral pela ostensiva colocao do nome dos Deputados na fachadadesses estabelecimentos (fls. 15-23/Porto Alegre e fl. 28/Iju).

    31. Para a configurao do abuso e uso indevido do podereconmico bastaria a comprovao de que, mesmo que de uma forma mais discreta esutil, fosse dado conhecer aos usurios das pousadas os nomes de seus benfeitores,ou seja, permaneceria a conduta desequilibradora do pleito mesmo que os Deputados,ad argumentandum tantum, no tivessem levado cabo a acima referida ecomprovada ostensiva utilizao das mesmas para as suas promoes pessoais eeleitorais, situaes que no caso concreto se confundem.

    32. Assim, no resta dvida que os servios prestados pelosDeputados aos eleitores nesses estabelecimentos, tanto antes como depois deregistradas suas candidaturas, teve como objetivo principal a obteno de votos emseus benefcios, de modo a desequilibrar a corrida eleitoral em face dos candidatosque no lanam mo de tais expedientes, afetando dessa forma, sobremaneira, anormalidade e legitimidade dessas eleies de 2006, situao a ser devidamente

  • tolhida e punida (Cdigo Eleitoral, art. 237), sob pena de se legitimar a conduta,ratificar o desequilbrio do pleito em prejuzo aos candidatos que no praticaram esseabuso, bem como desautorizar o cumprimento das regras eleitorais para os prximospleitos no Rio Grande do Sul.

    33. A potencialidade da conduta influir no resultado dopleito. Um dos elementos para a caracterizao do abuso de poder econmico apotencialidade do ilcito afetar a normalidade e legitimidade das eleies. No setrata de nexo de causalidade a exigir a demonstrao de causa e efeito entre a ao eo resultado das urnas. Basta que o ato, tomando-se em considerao as circunstnciase a conjuntura em que foi praticado, seja apto a influir sobre a livre vontade popular.Da falar-se em potencialidade e no em nexo de causalidade.

    34. No caso, a potencialidade da conduta dos investigadoster desequilibrado a igualdade de oportunidades entre os candidatos manifestadiante da magnitude do empreendimento, duas pousadas em duas das cidades maisimportantes do Estado, capacidade de atendimento de 72 pessoas diariamente,milhares de hospedagens mensais, devendo ainda ser somado a esses nmeros oefeito multiplicador de familiares e amigos e a potencializao pelo fato da ajudaser prestada a pessoas em momento de especial fragilidade pessoal: quando em buscade atendimento na rede pblica de sade. O efeito eleitoral causado nos usurios doservio de hospedagem e alimentao ofertados pelos candidatos nas Pousadas PortoAlegre e Iju to intenso quanto bvio.

    35. Quanto desnecessidade de comprovao do nexo decausalidade entre a conduta abusiva e o resultado do pleito em favor do conceito depotencialidade, trazemos exemplificativamente as seguintes decises do TSE:

    RECURSO ORDINRIO. ELEIO 2002. AO DEINVESTIGAO JUDICIAL ELEITORAL. ABUSO DOPODER ECONMICO E USO INDEVIDO DOS MEIOS DECOMUNICAO. POTENCIALIDADE. NO-CARACTERIZAO. NEGADO PROVIMENTO.I - Segundo a jurisprudncia desta Corte, alterada desde ojulgamento do REspe n 19.571/AC, rel. Min. SeplvedaPertence, DJ de 16.8.2002, na ao de investigao judicialeleitoral, deixou de se exigir que fosse demonstrado o nexo decausalidade entre o abuso praticado e o resultado do pleito,

  • bastando para a procedncia da ao a "indispensveldemonstrao - posto que indiciria - da provvel influncia doilcito no resultado eleitoral (...)".II - O TSE admite que os jornais e os demais meios impressos decomunicao possam assumir posio em relao determinadacandidatura, sendo punvel, nos termos do art. 22 da LC n 64/90,os excessos praticados. Precedente.1(destaquei)

    Recurso Especial. Investigao Judicial(LC 64/90, arts. 1, "d", 19, nico, 22, XIV e XV e 24 c/c L. 9.504/97, art. 41-A) - Ausnciade prova e de nexo de causalidade.I. certo bastar a potencialidade de influncia no resultado dopleito para a procedncia da investigao judicial: averificao dessa probabilidade, no entanto, pressupe provacabal da existncia dos fatos abusivos ou de captao ilcita desufrgios delatados.II. Impossibilidade de reexame e valorao do conjunto probatriona via do recurso especial (Smula 279 -STF).III. Fortes indcios de configurao, em tese, do crime decorrupo (Cd. El. art. 299): extrao e remessa de cpia dosautos ao MPE para as providncias cabveis.IV. Recurso no conhecido.2(destaquei)

    36. Dessa forma, para a configurao do abuso de podereconmico no necessrio que a conduta ilcita alcance o resultado eleitoralpretendido, bastando que a mesma tenha potencialidade para influir no pleito. O bemprotegido a legitimidade e a moralidade das eleies e o que se pune a utilizaoindevida ou abusiva do poder econmico que afete esses valores com o objetivo defavorecer determinada candidatura. Ou seja, a ao resta cometida mesmo que noconsiga atingir seu objetivo, mesmo que o candidato no se eleja (restando, nessecaso, a punio de inelegibilidade), ou mesmo que obtenha votao inferior obtidaem pleito anterior. Tal concluso fica clara diante da possibilidade, perfeitamentevivel, da Justia Eleitoral condenar candidato por abuso do poder econmicomesmo antes da realizao do pleito, hiptese em que ser cassado o registro de suacandidatura (LC n 64/90, art. 22, XIV e XV).

    1 RO n. 758, rel. Min. Francisco Peanha Martins, j. 12.08.2004, DJ 03.09.2004, p. 108.

    2 RESPE n. 19.553, rel. Min. Jos Paulo Seplveda Pertence, j. 21.03.2002, DJ 21.06.2002, p. 244.

  • 37. Entretanto, mesmo assim, de ressaltar que no caso doDeputado Gerson Burmann os indcios demonstram que os servios prestadosgratuitamente aos eleitores nas Pousadas repercutiram positivamente nas eleies de2006, onde obteve 40.050 votos, o que importou em um acrscimo de 44% emrelao aos 27.812 votos obtidos para o mesmo cargo nas eleies de 2002, sem comisso, por bvio, estar se afirmando que esses nmeros decorrem prioritariamente daprtica aqui combatida, at mesmo porque tal avaliao imensurvel face natureza do voto e, como j dito, irrelevante para a imputao jurdica aqui referida(docs. anexos).

    38. Num tempo em que se probe a doao de qualquerbrinde feito por candidato a eleitor, quando a lei, de modo a no deixar dvida,estabelece que ficam vedadas quaisquer doaes em dinheiro, bem como de trofus,prmios, ajudas de qualquer espcie feitas por candidato, entre o registro e aeleio, a pessoas fsicas ou jurdicas, parece-nos antes de tudo ofensivo prpriaadministrao da justia eleitoral, que mobiliza todo um universo de juzes,servidores, equipamentos e recursos pblicos de toda espcie para garantir a lisura dopleito, que candidatos mantenham, inclusive durante a campanha eleitoral, alberguespara oferecerem e prestarem hospedagem gratuita a centenas ou at mesmo milharesde eleitores todo ms, e que, alm de tudo, de tais fatos faam ostensiva publicidade comunidade Rio-Grandense.

    39. Impressiona a sofisticao do sistema criado. Aspessoas so atendidas/visitadas nas pousadas pelos parlamentares e/ou por seusassessores, que, por vezes l residem, como o caso do assessor Edson Beltro, quereside na Pousada Porto Alegre, na Rua Sofia Veloso n 80 (Relatrio de Dilignciasacostado aos autos pelo MPE fl.). Os nomes e endereo dos usurios sodevidamente cadastrados para, obviamente, terem sua memria reativada sobre advida de gratido que fica pelo servio prestado. Durante a campanha eleitoral, oservio prossegue normalmente, com a diferena que nesse perodo h largo materialde propaganda dos candidatos nos albergues, como demonstra o material lapreendido, ficando os usurios hospedados como que dentro de um comit decampanha.

  • 40. Os albergues, a concesso de hospedagem, e por vezeso transporte de eleitores da rodoviria at esses locais, a utilizao de servidorespblicos na administrao das casas, j uma ao por si s notvel a revelar umaaposta temerria na impunidade da conduta, ou, o que talvez seja ainda maispreocupante, um completo descaso pelas supracitadas normas constitucionais e legaisque regulam o processo eleitoral, bem como pelos poderes pblicos constitudos parazelar pela sua regularidade.

    41. Conforme antes referido, denotando a real finalidadedestas casas de apoio, a manchete de capa da edio Maio 2005 (Ano 10, nmero91) do Jornal Extra Classe, do SINPRO-RS (Sindicado dos Professores do EnsinoPrivado do RS), cuja edio eletrnica foi antes citada, ao se referir s casas depassagem mantidas por deputados em Porto Alegre, foi precisa ao captar afinalidade de tais estabelecimentos: Trocam-se votos por favores Oassistencialismo praticado nos albergues mantidos por deputados estaduais umacampanha eleitoral permanente. A matria jornalstica apreende bem a situaoquando ressalta que o assistencialismo uma prtica medieval que sobrevive at osdias de hoje e funciona, na prtica, como uma campanha eleitoral permanente comuma relao custo-benefcio comprovada. Os deputados que utilizam ou utilizaramessa ferramenta poltica no casualmente so ou foram tambm os mais votados nospleitos em que participaram (doc. anexo).

    42. O Jornal Zero Hora, na edio de 19/09/2006 (ColunaPgina 10 Rosane de Oliveira), ao se referir pousada congnere mantida pelodeputado estadual Vilson Covatti (PP), tambm objeto de representao por estaPRE, nominou tais estabelecimentos como albergues eleitorais (doc. anexo).

    43. O Tribunal Superior Eleitoral, julgado em 23/05/2006,dando provimento a recurso do Ministrio Pblico Eleitoral, invalidou diplomaexpedido em nome de candidato eleito para o cargo de deputado estadual em virtudede abuso do poder econmico consubstanciado na apreenso de quinze cestas bsicasna residncia de um cabo eleitoral do candidato e que seriam distribudas a eleitores,ou seja, por fato que, embora relevante, muito menos expressivo e lesivo legitimidade e normalidade das eleies do que a manuteno confessa pelos

  • deputados investigados, durante os 03 anos que separam as eleies de 2006 do anode 2003, quando foram criadas as Pousadas Pompeo e Burmann, de dois alberguesatravs dos quais ofereceram a todo o eleitorado e prestaram efetivamentehospedagem gratuita a milhares de cidados, sendo do amplo conhecimento dosusurios e do pblico em geral que tais estabelecimentos so por eles mantidos, fatoensejador de incomensurvel desequilbrio entre os candidatos:

    RECURSO CONTRA EXPEDIO DE DIPLOMA.PRELIMINARES. AFASTADAS. MRITO. ABUSO DOPODER ECONMICO. POTENCIALIDADE. PROVIMENTO.1. Apontamento pelo Ministrio Pblico do fato de terem

    sido apreendidas quinze cestas bsicas na residncia de umcabo eleitoral do candidato, que seriam distribudas aeleitores.

    2. Apreenso ocorrida no Municpio de rio Branco, onde ocandidato obteve alta concentrao de votos (77,30%), de umtotal de 3.304 votos.

    3. O abuso de poder econmico foi reconhecido por decisodeste Tribunal (RO n 741, rel. Min. Gomes de Barros,julgado em 22.2.2005).

    4. Verifica-se a potencialidade da conduta e o conseqentecomprometimento do processo eleitoral.

    5. Recurso provido para, nos termos do art. 262, IV, do CdigoEleitoral, invalidar o diploma expedido em nome de RobertoBarros filho.3

    (destaquei)

    44. No mesmo sentido a seguinte deciso do TribunalSuperior Eleitoral:

    RECURSO ORDINRIO. Eleies 2002. Abuso do podereconmico. Captao ilegal de sufrgio. Configurao. Provimentonegado.Configurado o abuso do poder econmico, decorrente daprtica de assistencialismo voltado captao ilegal desufrgios, impe-se a declarao da inelegibilidade, nos termos doart. 22, VI, da LC n 64/90.4(destaquei)

    45. Por fim, destacamos o disposto no artigo 23 da LeiComplementar n 75/93:

    3 RCEd n 616, rel. Ministro Jos Delgado, j.23.05.2006, DJ 23.082006, p. 107.

    4 RO n 741, rel. Ministro Humberto Gomes de Barros, j. 22.02.2005, DJ 06.05.2005, p. 151.

  • Art. 23. O Tribunal formar sua convico pela livre apreciaodos fatos pblicos e notrios, dos indcios e presunes e provaproduzida, atentando para circunstncias ou fatos, ainda que noindicados ou alegados pelas partes, mas que preservem ointeresse pblico de lisura eleitoral(destaquei)

    46. Diante do exposto, configurada e comprovada a prticade abuso de poder econmico dos investigados pelos fatos acima narrados, de serao fim julgada procedente a presente ao de investigao judicial eleitoral, comaplicao das penas referidas no inciso XIV do art. 22 da LC n 64/90.

    VI PEDIDO

    47. ANTE O EXPOSTO, o Ministrio Pblico Eleitoralrequer:

    (a) que a presente ao de investigao judicialeleitoral seja recebida e processada;

    (b) seja a mesma distribuda por dependncia aoprocesso cautelar n 16.2006 (Classe 04), ao preparatria desta AIJE, sendoaqueles autos apensados aos desta ao, at julgamento final, conforme arts. 796 e809 do CPC, haja vista constar naqueles autos toda a prova formada em virtude dabusca e apreenso autorizada por Vossa Excelncia, e, cujo objetivo, instruir apresente ao principal;

    (c) que sejam notificados os investigados para,querendo, oferecerem defesa no prazo legal;

    (d) seja determinado aos investigados (d.1)apresentarem demonstrativos das receitas e despesas em 2006, bem como osrespectivos livros fiscais, referentes aos dois estabelecimentos; (d.2) apresentaremcpia da matrcula dos imveis onde esto localizadas os dois estabelecimentos, bem

  • como os respectivos contratos de locao;(e) os depoimentos pessoais dos investigados, na

    forma do art. 343 do CPC, constando do instrumento de intimao o disposto no seu 1; quando da designao da audincia referida no inciso V do art. 22 da LC n64/90;

    (f) as seguintes diligncias (art. 22, VI):(f.1) sejam intimados o Presidente da Assemblia

    Legislativa do Rio Grande do Sul, na Praa Marechal Deodoro, n. 101, CEP 90010-300, nesta Capital, e o Presidente da Cmara dos Deputados, na Praa dos TrsPoderes, CEP 70160-900, em Braslia, para que informem, respectivamente, osnomes de todos os assessores parlamentares do Deputado Estadual Gerson Burmanne do Deputado Federal Darci Pompeo de Mattos nos ltimos 12 (doze) meses;

    (f.2) seja requisitado empresa NOVOGRAF ME,CNPJ n. 95.123.956/0001-97, com sede Rua Oswaldo Arthur Hartz n 811, BairroCanudos, em Novo Hamburgo, RS, para que remeta cpia de todo impressoproduzido para Darci Pompeo de Mattos no ano de 2006, inclusive dos impressojuntados nas fls. 31-38 da cautelar em anexo, apresentando, ainda, cpia dasrespectivas notas fiscais e informando o nmero de exemplares produzido de cadaimpresso;

    (f.3) seja requisitado s Prefeituras dos municpios dePorto Alegre e Iju cpia do alvar de funcionamento das pousadas/alberguesdenominadas Pousada Porto Alegre e Pousada Iju instaladas nos seguintesendereos:

    Porto Alegre: Rua Sofia Veloso, 80;

    Iju: Rua 21 de Abril, 63;

    (f.4) seja certificado nos autos pelo setor competente doTRE a data do requerimento e do deferimento do registro de candidatura a deputadoestadual de Gerson Burmann (Processo 318.2006 Classe 15), bem como do registro

  • de candidatura a deputado federal de Darci Pompeo de Mattos (Processo 258.2006Classe 15);

    (f.5) seja certificado nos autos, pelo setor competentedo TRE, juntando-se cpia das certides eleitorais (Nome, endereo, CPF e Ttulode Eleitor) das 08 pessoas (hspedes em Porto Alegre e Iju) nominadas no item 14desta representao;

    (g) que sejam consideradas como desta ao todasas provas juntadas na referida ao cautelar preparatria deste AIJE, com especialdestaque para o cartaz referido no item 13 desta representao, propagandaseleitorais, listas de hspedes, documentos das pousadas, agendas, etc.;

    (h) que sejam ouvidas as testemunhas abaixoarroladas, sendo facultado ao Ministrio Pblico, caso no as apresente emaudincia, juntar seus depoimentos que venham a ser proferidos no Processo Classe16 n. 300.2006, que cuida de Representao Eleitoral por Captao Ilcita deSufrgio ajuizada pelo Ministrio Pblico Eleitoral contra os investigados, comoprova emprestada, juntando-se aos presentes autos cpias autenticadas:- ANANIAS VANDERLEI OURIQUES, Oficial de Justia (Iju/RS);- CLEONICE RIBEIRO DE OLIVEIRA, Servidora do Ministrio Pblico Eleitoral (Iju fl. 88);- DEN PAULA DE PAULA, Servidor do Poder Judicirio (Oficial de Justia ad hoc fl. 56);- JEANE MACHADO PETRUCCI, Servidora do Ministrio Pblico Eleitoral (Porto Alegre);- LUSA MARIA PILAU, Servidor do Poder Judicirio (Oficial de Justia ad hoc fl. 55);- SHAIANE TASSI MOUSQUER, Servidora do Ministrio Pblico Federal (fl. 63).

    (i) que, ao final, seja julgada inteiramenteprocedente a presente Ao de Investigao Judicial Eleitoral, reconhecendo-se aresponsabilidade dos investigados por abuso de poder econmico e cominando-lhes asano de inelegibilidade para as eleies a se realizarem nos 3 (trs) anossubseqentes eleio em que se verificaram os fatos, bem como para as demaispenas e providncias previstas nos incisos XIV e XV do art. 22 da LC n 64/90;

    Protesta, por fim, pela produo de todos os meios de

  • prova em direito admitidos.

    Nestes termos, pede e espera deferimento.

    Porto Alegre, 18 de outubro de 2006.

    Vitor Hugo Gomes da CunhaProcurador Regional Eleitoral Substituto