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PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGAS DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS ATRAVÉS DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS.

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

    DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

    COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL

    RENATO ALVES FERREIRA

    PREVISO DA CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAES PROFUNDAS ATRAVS

    DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS.

    FEIRA DE SANTANA-BA

    2010

  • RENATO ALVES FERREIRA

    PREVISO DA CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAES PROFUNDAS ATRAVS

    DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS.

    FEIRA DE SANTANA-BA

    2010

    Orientador:

    Prof. Koji de Jesus Nagahama,

    D.Sc.

    Orientadora:

    Profa. Maria do Socorro Costa So

    Mateus, D.Sc.

    Monografia apresentada ao

    Colegiado do Curso de Engenharia

    Civil da Universidade Estadual de

    Feira de Santana como parte dos

    requisitos para a obteno do ttulo

    de Bacharel em Engenharia Civil.

  • RENATO ALVES FERREIRA

    PREVISO DA CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAES PROFUNDAS ATRAVS

    DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS.

    Monografia apresentada Universidade Estadual de Feira de Santana, como partes dos

    requisitos para obteno da graduao em Engenharia Civil.

    Feira de Santana-BA, 30 de Novembro de 2010.

    Aprovado por:

    ____________________________________________________________________

    Koji de Jesus Nagahama, D.Sc.

    Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS (ORIENTADOR)

    ____________________________________________________________________

    Maria do Socorro Costa So Mateus, D.Sc.

    Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS (ORIENTADORA)

    ____________________________________________________________________

    Anderson de Souza Matos Gada, D.Sc.

    Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS (EXAMINADOR)

    _____________________________________________________________________

    Juraci das Mercs Ramos

    Apoio Engenharia, Fundaes e Geotecnia Ltda

    (EXAMINADOR)

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, por permitir que eu cumprisse essa etapa to importante de minha vida com Sade,

    paz e acima de tudo com alegria.

    A toda minha famlia pelo apoio, pacincia, carinho e amor incondicional, em especial

    minha irm, Patricia.

    Ao professor orientador Dsc. Koji Nagahama pela proposta de trabalho, orientao, apoio,

    tranquilidade e amizade.

    Ao professor Dsc. Anderson Gdea pela sua preciosa ajuda com a parte computacional,

    principalmente nesses ltimos meses.

    A professora Dsc. Maria do Socorro pelas orientaes fornecidas mesmo estando de licena

    da instituio e por idealizar esse trabalho em conjunto com o professor Koji.

    A Tayn Freitas, pelo incentivo e ajuda durante todo o tempo em que estive desenvolvendo

    essa pesquisa.

    Aos meus colegas da UEFS, pelo auxilio e companheirismo ao longo de todo o curso.

    Aos amigos Nilda e Juracy da apoio Engenharia e Fundaes pela disponibilizao dos dados

    de ensaio de prova de carga realizados na cidade de Feira de Santana.

    Ao amigo Luis Carlos Fernandes, in memoriam.

  • RESUMO

    Considerando a contribuio das redes neurais artificiais (RNA) nas diversas reas da

    engenharia civil, na determinao do comportamento de vrios fenmenos fsicos, o presente

    trabalho objetiva verificar a viabilidade do uso das RNA na predio de capacidade de carga

    de dois tipos distintos de estacas: pr-moldada de concreto do tipo cravadas e hlice contnua

    escavada. As RNA iro relacionar s propriedades geomtricas das estacas (comprimento e

    seo transversal) e os valores do SPT standard penetration test da ponta e do fuste da

    estaca, com a capacidade de carga lateral, de ponta e total desse tipo de fundao. Com essas

    informaes e com os resultados obtidos em provas de carga estticas e dinmicas executadas

    em todo o territrio nacional, disponveis em publicaes, artigos do meio acadmico e

    disponibilizado por empresas especializadas, organizou-se um banco de dados de ensaios de

    prova de carga para as estacas escavadas do tipo hlice contnua e para a pr-moldada de

    concreto. Com esses dados organizados, as RNA foram treinadas e atravs dessas, foram

    obtidas equaes de predio, capazes de inferir a capacidade de carga lateral, de ponta e

    total. Os valores de capacidade de carga obtidos atravs da tcnica das RNA possuem maior

    preciso que os mtodos tradicionais de Aoki & Veloso e Dcourt e Quaresma, o que indica a

    viabilidade do uso das RNA como instrumento de previso da capacidade de carga de

    fundaes profundas.

    PALAVRAS CHAVE: Redes Neurais Provas de Carga Fundaes Profundas

  • ABSTRACT

    Considering the contribution of Artificial Neural Networks (ANN) in several areas of

    civil engineering, in determination the behavior of various phenomena, this study aims to

    verify the feasibility of using ANN in predicting the load capacity of two distinct types of

    piles: in concrete drive spiked and continuous flight auger excavated. These networks will

    relate the geometrical properties of the piles (length and cross section) and the values of the

    SPT (standard penetration test) of the tip and lateral of the pile, with the lateral load capacity,

    tip and total deep foundations. With this information and the results obtained in static and

    dynamic load tests performed on the entire national territory, available in publications, articles

    from academic and available by specialist companies, was organized organize a database of

    test load continuous flight auger excavated and for in concrete drive. With these data

    organized, the ANN were trained through these, prediction equations were obtained, capable

    of deduce the ability of lateral support, tip and full. The values of load capacity obtained

    through the technique of ANN presented higher accuracy than traditional methods of Aoki &

    Veloso and Dcourt & Quaresma, which demonstrates the feasibility of using ANN with a

    tool for predicting the load capacity of deep foundations.

    KEYWORDS : Neural Networks Load tests Deep Foundations

  • Lista de Figuras

    Figura 2. 1 - Amostrador padro para o ensaio de SPT (NBR 6484/2001) _____________________ 18 Figura 2. 2 - Conjunto para execuo da sondagem a Percusso (SCHNAID, 2000) ______________ 18 Figura 2.3 Soluo de Terzaghi (BARATA,1984). ________________________________________ 19 Figura 2. 4 - Sistema de Reao com Tirantes (HACHICH et al.,1998; apud SOARES, 2002) _______ 25 Figura 2. 5 - Sistema de Reao com Cargueiras (HACHICH et al.,1998; apud SOARES, 2002) ______ 25 Figura 2. 6 - Sistema de Reao com Estacas de Apoio (REESE O NEILL, 1988; apud SOARES, 2002) 26 Figura 2. 7 Critrio de Ruptura pelo mtodo de Van der Veen (1953) - (CAVASSANI, 2005) ______ 28 Figura 2.8 - Curva Carga x Recalque de Van Der Veen (1953) _______________________________ 29 Figura 2.9 - Carga de Ruptura Convencional NBR 6122 (ABNT, 1996) ________________________ 30 Figura 2.10 - Curva RMX x DMX (GEOMEC, 2010) ________________________________________ 31 Figura 2.11 Reflexes das ondas elsticas na ponta da estaca para: a) estacas flutuantes. b) estacas de ponta (DYMINSKI, 2000) _________________________________________________________ 32 Figura 2.12 - A esquerda um transdutor de acelerao e direita o de deformao (FO,2001). __ 33 Figura 2.13 Equipamento PDA (DYMINSKI, 2000). ______________________________________ 34 Figura 2.14- Perfurao do terreno pela hlice espiral (ANDRADE,2009) ______________________ 36 Figura 2.15- Clula neural biolgica com seqncia de propagao do sinal (CASTRO 1998) ______ 37 Figura 2.16 - Modelo no-linear de um neurnio (HAYKIN, 2001). ___________________________ 39 Figura 2.17- Representao das principais funes de transferncia usadas atualmente (SANTOS JR, 2006). __________________________________________________________________________ 40 Figura 2.18 Exemplos de arquiteturas de Redes Neurais Artificiais (BRAGA et al 2000). _________ 42 Figura 2.19 - Processo de treinamento atravs do algoritmo back-propagation (SOUSA, 2008). ___ 46

    Figura 3.1 Processo de extrapolao da curva carga Recalque (modificado Lobo (2005)) 53 Figura 4. 1- Redes Neurais utilizadas na previso da capacidade de carga das estacas hlice contnua. _________________________________________________________________ 60 Figura 4. 2 Redes Neurais utilizadas na previso da capacidade de carga das estacas Pr-moldadas de concreto. ______________________________________________________ 65

  • Lista de Tabelas

    Tabela 2.1 - Coeficientes F1 e F2 (AOKI & VELLOSO, 1975). _________________________ 21 Tabela 2.2 - Coeficientes K e (AOKI & VELLOSO, 1975). ___________________________ 22 Tabela 2.3 - Valores de C em funo do tipo de solo. (DCOURT & QUARESMA 1978). ____ 23 Tabela 2.4 - Parmetros obtidos no ensaio de carga dinmica atravs da anlise pelo mtodo CASE. ____________________________________________________________________ 34 Tabela 2.5 - Parmetros obtidos no ensaio de carga dinmica atravs da anlise pelo mtodo CAPWAP. _________________________________________________________________ 35 Tabela 2.6 - Tipologia e caractersticas das RNA utilizadas na previso de capacidade de carga de estacas. __________________________________________________________ 49 Tabela 3.1 - Parmetros utilizados como entradas das redes neurais. _________________ 51

    Tabela 3.2 - Parmetros utilizados como entradas das redes neurais. _________________ 54 Tabela 3.3 Resultado da anlise atravs do mtodo CAPWAP - viaduto do bairro Cidade Nova - Feira de Santana-Ba (ANDRADE, 2009). ___________________________________ 56 Tabela 3.4 - Mdia dos resultados da Provas de carga dinmica das estacas hlice contnua - viaduto do bairro Cidade Nova Feira de Santana-Ba - (ANDRADE, 2009). ______________ 56 Tabela 3.5 - Provas de carga dinmica em estacas pr-moldadas de concreto - obra de ampliao da Belgo Bekaert Feira de Santana-Ba - (GEOMEC, 2010). _________________ 57 Tabela 3.6 - Conjunto de Testes utilizado na validao das RNA das estacas hlice-contnua. ________________________________________________________________________ 57 Tabela 4. 1 - Coeficiente de correlao - estacas hlice contnua. ____________________ 59 Tabela 4.2 - Comparao entre os mtodos tradicionais e a RNA - estaca hlice contnua - capacidade de carga do fuste. ________________________________________________ 61 Tabela 4.3 - Comparao entre os mtodos tradicionais e a RNA - estaca hlice contnua - capacidade de carga da ponta. _______________________________________________ 62 Tabela 4.4 - Comparao entre os mtodos tradicionais e a RNA -estaca hlice contnua - capacidade de carga total. ___________________________________________________ 63 Tabela 4.5 - Coeficiente de correlao - estacas pr-moldadas de concreto. ____________ 64 Tabela 4.6 - Comparao entre os mtodos tradicionais e a RNA - estaca pr-moldada de concreto - capacidade de carga do fuste.________________________________________ 66 Tabela 4.7 - Comparao entre os mtodos tradicionais e a RNA - estaca pr-moldada de concreto - capacidade de carga da ponta. _______________________________________ 67 Tabela 4.8 - Comparao entre os mtodos tradicionais e a RNA - estaca pr-moldada de concreto - capacidade de carga total. __________________________________________ 68

  • Lista de Variveis

    A Coeficiente angular definido por regresso linear - Van der Veen (1953)

    ABNT Associao brasileira de normas tcnicas

    As rea de seo transversal da estaca

    B ponto de interseo da reta procurada - Van der Veen (1953)

    C Coeficiente tabelado que varia com o tipo de solo- mtodo de Dcourt &

    Quaresma (1978).

    CAPWAP Case Pile Wave Analysis Program

    CASE Programa desenvolvido pelo Case institute

    CLT Cyclic load test

    CPT ensaio de penetrao de cone

    CRP Constant rate of penetration

    D Dimetro da estaca

    DMX Mximo Deslocamento medido ao nvel dos sensores

    E Mdulo de elasticidade do material da estaca

    EMX Mxima Energia Transferida, que passa ao nvel dos sensores

    F1 e F2 Coeficientes de Transformao que variam com o tipo de estaca mtodo de

    Aoki Veloso (1975)

    FMX Mxima Fora de Compresso originada quando do impacto do martelo,

    medido no nvel dos sensores

    Hq Altura de queda do martelo

    Hq Altura de Queda do Martelo

    IA Inteligncia Artificial

    J Fator de Amortecimento de CASE (depende do tipo de solo entre outros

    fatores);

    J Damping de Case - Fator de Amortecimento Dinmico de Case;

    k e Coeficientes tabelados que variam com o tipo de solo mtodo de Aoki

    Veloso (1975)

    L Comprimento

    MLP Multi Layer perceptron

  • N Resistncia a penetrao

    P Carga aplicada no ensaio de prova de carga esttica

    PDA Pile Driving Analyzer

    Pr Carga ltima calculada pelo mtodo de Van der Veen (1953)

    QAL Mximo Atrito Lateral Disponvel Capwap

    QML Quick maintaned load test

    QP Mxima Resistncia de Ponta Capwap

    R Carga de ruptura convencional Mtodo NBR 6122 de Extrapolao.

    RMX Mxima Capacidade de Carga, processada atravs do mtodo CASE;

    RNA Redes neurais Artificiais

    RU Carga ltima Anlise Capwap

    SCT swedish cyclic test

    SML Slow maintained load test

    SPT Standard Penetration Test

    SPTF Nmero de golpes na lateral da estaca (SPT) nas camadas atravessadas pela

    estaca

    SPTp Nmero de golpes na ponta da estaca

    SPT-T Standard Penetration Test com medida de torque

    U Permetro da estaca

    WS Velocidade de onda

    Recalque

    r Recalque de ruptura convencional Mtodo NBR 6122 de Extrapolao.

  • Sumrio

    1 INTRODUO __________________________________________________________________ 12

    1.2 OBJETIVOS ___________________________________________________________________ 13 1.2.1 OBJETIVO GERAL _______________________________________________________________ 13 1.2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS __________________________________________________________ 14 1.3 ESTRTEGIA METODOLGICA ____________________________________________________ 14 1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ___________________________________________________ 15

    2 REVISO BIBLIOGRFICA _________________________________________________________ 16

    2.1 GEOTECNIA ___________________________________________________________________ 16 2.1.1 INVESTIGAO GEOTCNICA _______________________________________________________ 16 2.1.2 SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO A PERCUSSO (SPT) _______________________________ 17 2.1.4.1 Aoki-Veloso (1975) __________________________________________________________ 20 2.1.4.2 Dcourt & Quaresma (1978) __________________________________________________ 22 2.1.4.3 Mtodo UFRS (2005) ________________________________________________________ 23 2.1.5 ENSAIOS DE PROVA DE CARGA ______________________________________________________ 24 2.1.5.1 Ensaio de Prova de Carga Esttica ______________________________________________ 24 2.1.5.2 Ensaio de prova de carga dinmica _____________________________________________ 30 2.1.6 FUNDAES PROFUNDAS EM ESTACAS PR-MOLDADAS E HLICE CONTNUA _______________________ 35 2.2 REDES NEURAIS _______________________________________________________________ 37 2.2.1 CONCEITO DE REDES NEURAIS ______________________________________________________ 37 2.2.2 O NEURNIO ARTIFICIAL __________________________________________________________ 38 2.2.3 FUNES DE ATIVAO ___________________________________________________________ 39 2.2.5 REDE NEURAL E SUA ARQUITETURA___________________________________________________ 41 2.2.6 TREINAMENTO_________________________________________________________________ 43 2.2.6.1 BACK-PROPAGATION ___________________________________________________________ 44 2.1.7 RNA NA ENGENHARIA GEOTCNICA __________________________________________________ 48 3. METODOLOGIA ________________________________________________________________ 50 3.1 LEVANTAMENTO DOS DADOS ____________________________________________________ 50 3.2 TRATAMENTO DOS DADOS _______________________________________________________ 50 3.3 REDES NEURAIS UTILIZADAS ______________________________________________________ 54 4. RESULTADOS E DISCUSSES ______________________________________________________ 59 4.1 ESTACAS HLICE CONTNUA ______________________________________________________ 59 4.2 ESTACAS PR-MOLDADAS DE CONCRETO ___________________________________________ 63

    5. CONCLUSES __________________________________________________________________ 69

    REFERNCIAS ____________________________________________________________________ 70

    ANEXO A BANCOS DE DADOS DE PROVA DE CARGA ESTTICA UTILIZADOS NO TREINAMENTO DAS RNA ________________________________________________________________________ 77

    A.1- BANCO1: PROVA DE CARGA ESTTICA DE COMPRESSO ESTACAS HLICE CONTINUA (MODIFICADO LOBO, 2005). _______________________________________________________ 77 A.2- BANCO2: PROVA DE CARGA ESTTICA DE COMPRESSO ESTACAS PR-MOLDADAS DE CONCRETO (MODIFICADO LOBO, 2005) ________________________________________________________ 79

  • ANEXO B RELATRIOS DE SONDAGEM A PERCUSSO __________________________________ 82

    B.1- ESTACAS HLICE CONTNUA _____________________________________________________ 82 B.2- ESTACAS PR-MOLDADAS DE CONCRETO ___________________________________________ 84

  • 12

    1 INTRODUO

    De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 1996), fundao profunda o elemento de

    fundao que transmite a carga ao terreno pela base (resistncia de ponta), por sua lateral

    (resistncia de fuste) ou por uma combinao das duas, e que est assente em profundidade

    superior ao dobro de sua menor dimenso, e no mnimo 3 m, salvo algumas excees. Neste

    tipo de fundao incluem-se as estacas, os tubules e os caixes. O dimensionamento desse

    tipo de fundao baseado na carga admissvel de ruptura do solo que determinada aps

    clculo ou por meio de verificao experimental atravs dos mtodos de prova de carga

    esttica ou dinmica.

    Segundo Dyminski (2000) o clculo da capacidade de carga de fundaes profundas

    feita atravs de equaes matemticas que levam em conta as propriedades geomtricas das

    estacas e as caractersticas geotcnicas do solo. O grande problema que tais formulaes tm

    apresentado resultados extremamente dispersos se comparados com os valores dos ensaios de

    prova de carga. Nesse contexto, a utilizao de ferramentas de inteligncia artificial (IA) tem

    viabilizado solues para problemas semelhantes aos descritos acima, nas mais diversas reas

    do conhecimento inclusive na engenharia geotcnica. Entre essas ferramentas destacam-se as

    redes neurais artificiais RNA.

    A tcnica das RNA permite que generalizaes sejam feitas a partir de um conjunto

    de dados que so devidamente treinados de acordo com o problema a ser estudado, essa

    capacidade de generalizao e treinamento possibilita a aplicao das RNA na anlise de

    problemas geotcnicos como a previso da capacidade de carga de fundaes profundas. Essa

    anlise realizada a partir de um conjunto de dados de entrada semelhantes a dos mtodos

    tradicionais.

    Alguns estudos, como o de Teh et al. (1997) comprovaram a viabilidade de se

    utilizar RNA como instrumento de predio da capacidade de carga de estacas. Pde se

    observar no trabalho desse autor, que o erro mximo de previso obtido atravs das RNA,

    para a carga total , pode ser inferior a 10%, apesar das dificuldades de se definir os parmetros

    geotcnicos provenientes da heterogeneidade natural da massa de solo e das imperfeies na

    execuo de ensaios (PACHECO & LIMA, 1996). Com base em estudos como o de Teh et al.

    (1997), foram obtidas nesse trabalho equaes que fazem a previso da capacidade de carga

    das estacas hlice contnua e pr-moldadas de concreto, com excelente grau de preciso.

  • 13

    1.1 JUSTIFICATIVA

    De acordo com Schnaid (2000) a previso da capacidade de carga das fundaes

    profundas calculada na maioria das vezes atravs de mtodos tradicionais como os de Aoki

    & Veloso (1975) e Dcourt & Quaresma (1978). Apesar desses mtodos constiturem-se

    como ferramentas valiosas engenharia de fundaes, importante reconhecer que, devido a

    sua natureza estatstica, a validade desses mtodos est limitada prtica construtiva regional

    e s condies especficas dos casos histricos utilizados em seu estabelecimento (SCHNAID,

    2000 apud LOBO, 2005). Um exemplo disso foi apresentado por Andrade (2009), que

    observou grande disperso nos resultados ao comparar os valores dos ensaios de prova de

    carga, realizados nas estacas do viaduto localizado no bairro Cidade Nova no municpio de

    Feira de Santana-BA, com os resultados obtidos por diversos mtodos semi-empricos de

    predio da capacidade de carga.

    Nesse contexto, torna-se necessrio o estudo da aplicao de tcnicas que minimizem

    essa disperso provocada por fatores como a prtica construtiva regional. Atendendo a essa

    necessidade, essa pesquisa vem propor um mtodo de previso de capacidade de carga, que

    utiliza os dados e condies reais de ensaios de prova de carga realizados em todo territrio

    nacional e a tcnica das Redes Neurais Artificiais para elaborar equaes de predio da

    capacidade de carga para dois tipos de estacas: hlice contnua e pr-moldadas de concreto.

    1.2 OBJETIVOS

    Baseado na reviso bibliogrfica e na modelagem computacional feita com Redes

    Neurais Artificiais pretende-se atingir os seguintes objetivos:

    1.2.1 Objetivo Geral

    Obter equaes atravs da tcnica das redes neurais artificiais que faam a previso

    da capacidade de carga lateral, ponta e total das estacas hlice contnua e pr-moldadas de

    concreto.

  • 14

    1.2.2 Objetivos Especficos

    a) Estudar as principais caractersticas das redes neurais artificiais;

    b) Estudar os mtodos tradicionais de previso da capacidade de carga de

    fundaes profundas;

    c) Organizar um banco de dados de ensaio de prova de carga para estacas do tipo

    hlice contnua e outro para as pr-moldadas de concreto, a fim de se realizar o treinamento e

    o teste das RNA;

    d) Coletar e organizar resultados de ensaios de provas de carga em estacas hlice

    contnua e pr-moldadas de concreto realizados na cidade de Feira de Santana;

    e) Comparar os resultados obtidos atravs das redes neurais com os mtodos

    tradicionais de Aoki & Veloso (1975) e Dcourt & Quaresma (1978).

    1.3 ESTRTEGIA METODOLGICA

    a) Elaborao da reviso bibliogrfica com base em trabalhos e publicaes

    nacionais e internacionais;

    b) Levantamento e anlise dos dados de ensaios de prova de carga realizadas em

    todo Brasil;

    c) Tratamento dos dados de prova de carga a serem utilizados no treinamento e teste

    das RNA;

    d) Definio da arquitetura da rede neural com o maior coeficiente de correlao

    possvel em relao aos dados de prova de carga;

    e) Treinamento das rede neurais;

    f) Obter equaes que faam a previso da capacidade de carga da ponta, fuste e

    total para os dois tipos de estacas estudadas;

    g) Testar as equaes obtidas com os dados extrados dos dois bancos de dados e

    atravs dos dados coletados em ensaios de prova de carga realizados na cidade de Feira de

    Santana-Ba;

    h) Comparar os resultados obtidos com os mtodos tradicionais de previso de

    capacidade de carga.

  • 15

    1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

    CAPITULO 1 Apresenta a introduo, a justificativa para escolha do tema, os

    objetivos e o escopo desse trabalho.

    CAPITULO 2 Esse capitulo apresenta uma reviso bibliogrfica sobre geotecnia

    descrevendo o ensaio de sondagem a percusso, mtodos tradicionais de predio de

    capacidade de carga, ensaios de prova de carga dinmica e esttica e os principais mtodos de

    extrapolao da curva carga x recalque. A segunda parte desse capitulo, faz uma breve

    abordagem sobre redes neurais artificiais mostrando seus conceitos, algoritmos, assim como

    sua capacidade de aprendizado e de aplicao em engenharia geotcnica.

    CAPTULO 3 Esse capitulo descreve os procedimentos adotados para tratamento

    dos dados de prova de carga que foram utilizados no treinamento e teste das RNA. A segunda

    parte do capitulo, apresenta a metodologia adotada para definio das redes e equaes que

    iro fazer a previso da capacidade de carga das estacas hlice contnuas e pr-moldadas de

    concreto.

    CAPTULO 4 Apresenta o critrio utilizado para escolha das melhores RNA e a

    anlise comparativa entre os ensaios de prova de carga, mtodos tradicionais de previso de

    capacidade carga, e os valores estimados pela Rede Neural Artificial.

    CAPTULO 5 Concluses gerais, mostrando as principais concluses do trabalho

    com relao a utilizao de redes neurais artificiais na predio da capacidade de carga de

    fundaes profundas.

  • 16

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 GEOTECNIA

    2.1.1 Investigao Geotcnica

    A investigao geotcnica consiste na pesquisa que o engenheiro deve realizar para

    conhecer as caractersticas do solo. De acordo com Lima (1980) as caractersticas e

    informaes solicitadas a um programa de investigao do subsolo so geralmente as

    seguintes:

    Determinao da extenso, profundidade e espessura de cada horizonte de solo

    dentro de uma determinada profundidade que vai depender da dimenso e natureza da

    estrutura, alm de uma descrio do solo quanto a sua compacidade.

    Profundidade da superfcie da rocha e sua classificao.

    Informaes sobre a ocorrncia de gua no subsolo.

    Propriedades dos solos e rochas in situ, tais como, compressibilidade,

    resistncia ao cisalhamento e permeabilidade.

    Esse reconhecimento do solo pode ser feito por meio de ensaios de campo e/ou de

    laboratrio que permitem a identificao e classificao da estratigrafia do solo, assim como

    avaliao dos seus materiais constituintes, permitindo a elaborao de projetos geotcnicos e

    de fundaes.

    A NBR 6122 (1996) em seu item 4 descreve as investigaes geotcnicas, geolgicas

    e observaes locais, nesse item alguns ensaios destacam- se e esto abaixo relacionados:

    O ensaio de penetrao de cone CPT.

    O ensaio de palheta Vane Test.

    Os pressimetros (Mnard e auto-perfurantes).

    O dilatmetro de Marchetti.

    Os ensaios de prova de carga no terreno ou nos elementos de fundao.

    Os ensaios de laboratrio (caracterizao, resistncia, deformabilidade,

    permeabilidade, colapsibilidade e expansibilidade).

    Os ensaios geofsicos.

    O ensaio de Sondagem a trado.

    O Standard Penetration Test- SPT.

  • 17

    Esta pesquisa descreve o ensaio de SPT que a investigao que dispe de maior

    utilizao e tradio no Brasil. Alm disso, as informaes obtidas nesse ensaio sero

    utilizadas largamente na metodologia desse trabalho e nos clculos de capacidade de carga

    por mtodos semi-empricos como os de Aoki e Velloso (1975) e Dcourt e Quaresma (1978).

    2.1.2 Sondagem de Simples reconhecimento a percusso (SPT)

    O ensaio de Resistncia a Penetrao do Solo, mais conhecido no Brasil como ensaio

    de SPT, devido as iniciais em ingls Standard Penetration Test um procedimento

    geotcnico capaz de medir a resistncia e coletar amostras deformadas do solo ao longo da

    profundidade perfurada. O ensaio de SPT normalizado no Brasil pela Associao Brasileira

    de Normas Tcnicas atravs da norma brasileira NBR 6484 (2001).

    De acordo com Hachich et al. (1998), com a sondagem a percusso pretende-se

    conhecer:

    O tipo de solo e a espessura da camada atravessada, obtidos atravs de uma amostra

    deformada, a cada metro perfurado.

    A resistncia a penetrao (N) oferecida cravao do amostrador padro, a cada

    metro perfurado.

    A posio do nvel ou dos nveis dagua, quando encontrados durante a perfurao.

    O processo de perfurao iniciado com o trado concha, passando a ser utilizado o

    trado helicoidal at o nvel fretico ou at atingido o impenetrvel ao trado. Nesses dois

    ltimo casos, a NBR 6484 permite que o avano seja realizado com o auxilio do trpano de

    lavagem com circulao de gua. Quando essa ferramenta utilizada torna-se obrigatrio o

    uso de tubos de revestimento e em algumas situaes particulares de instabilidade das paredes

    do furo, o emprego de lamas de estabilizao.

    A sondagem a percusso consiste na penetrao de um amostrador padro (Figura

    2.1) no solo devido ao impacto da queda de um peso de 65 kg (martelo) caindo de uma altura

    determinada de 75 cm (HACHICH, 1998, p.120).

    O processo de penetrao do amostrador descrito anteriormente repetido

    sucessivamente a cada metro, anotando-se os nmeros de golpes necessrios para a cravao

    do amostrador no solo para a penetrao dos 45cm. A anotao dos nmeros de golpes

    realizada, separadamente, para cada segmento de 15cm cravado. O valor considerado como o

    ndice de resistncia penetrao (N ou NSPT) representado pelo nmero de golpes

  • 18

    necessrios cravao dos 30cm finais do amostrador. No decorrer do ensaio, amostras de

    solo so recolhidas e acondicionadas devidamente (FONTELES, 2003,p.8)

    Figura 2. 1 - Amostrador padro para o ensaio de SPT (NBR 6484/2001)

    Para iniciar uma sondagem a percusso monta-se sobre o terreno um cavalete

    chamado de forma incorreta de trip, um conjunto de roldanas e uma corda. Este conjunto

    trip, roldana que iro auxiliar no manuseio dos componentes da haste, e na movimentao

    do martelo.

    Figura 2. 2 - Conjunto para execuo da sondagem a Percusso (SCHNAID, 2000)

    Algumas empresas esto complementando o ensaio de SPT com a medida do torque

    (SPT-T) e a partir dessa informao adicional pode-se obter um parmetro geotcnico

    indicativo da adesividade do solo. De acordo com Quaresma et al. (1998), h uma tendncia

    de substituio do SPT pelo SPT-T, devido ao maior nmero de parmetros obtidos.

  • 19

    2.1.3 Mtodos de previso capacidade de Carga de Fundaes Profundas

    Segundo a NBR 6122 (1996) a carga admissvel de uma estaca isolada a fora que,

    aplicada sobre essa, provoca apenas recalques compatveis com a construo oferecendo

    simultaneamente segurana satisfatria contra a ruptura do solo e contra a ruptura do

    elemento de fundao.

    De acordo com Reese et al.(2006) apud Andros (2009), a capacidade de carga de

    uma fundao profunda definida como a soma das cargas mximas que podem ser

    suportadas pelo atrito lateral e pela ponta do elemento isolado de fundao

    A determinao da capacidade de carga de um elemento isolado de fundao pode

    ser feita atravs de mtodos tericos, semi-empricos, e por meio de provas de carga

    dinmicas e estticas.

    O mtodo terico foi estudado por Terzaghi (1943) e, mais tarde por Meyerhoff

    (1951) e vrios outros autores segundo Barata (1984).

    A teoria proposta por Terzaghi (1943), diz que a ruptura acontece quando a

    resistncia ao cisalhamento vencida ao longo do fuste da estaca (segmento Df), com um

    conseqente levantamento da superfcie do terreno em torno do elemento isolado de fundao

    (segmento ae), como ilustra a Figura 2.3 .

    Figura 2.3 Soluo de Terzaghi (BARATA,1984).

  • 20

    Segundo Alonso (1996) os mtodos tericos como o de Terzaghi (1943), no

    conduzem a resultados satisfatrios.

    Dcourt (1998) e Hachich et al. (1998) afirmam que os mtodos semi-empricos,

    descritos a seguir, definem correlaes atravs de ajustes estatsticos que levam em conta os

    princpios definidos nos mtodos tericos e/ou empricos, por isso apresentam boas

    probabilidades de acerto.

    Albiero & Cintra (1996) escrevem que os ensaios de prova de carga se constituem a

    forma mais confivel de se determinar o valor da carga ltima de uma fundao profunda.

    Essa confiabilidade dos ensaios de prova de carga tambm comprovada pela NBR 6122/96

    que admite uma reduo do fator de segurana de 2 para 1,6 quando a obra dispe de um

    nmero adequado de provas de cargas e os elementos ensaiados so representativos do

    conjunto da fundao.

    Devido a sua comprovada preciso e a confiabilidade dos resultados obtidos, sero

    detalhados na reviso bibliogrfica e utilizados na metodologia desse trabalho apenas os

    mtodos semi-empricos e os ensaios de prova de carga dinmica e esttica.

    2.1.4 Mtodos Semi-Empricos de Previso da Capacidade de Carga

    Os mtodos semi-empricos so desenvolvidos com o objetivo de correlacionar as

    dimenses do elemento isolado de fundao e os parmetros do solo de cada regio com os

    mtodos de prova de carga, gerando atravs de anlise estatstica, equaes que so capazes

    de prever a capacidade de suporte de uma fundao profunda.

    No Brasil, os mtodos de Aoki & Velloso (1975) e Dcourt & Quaresma (1978)

    tambm chamados de mtodos tradicionais, destacam-se entre os mais utilizados no

    dimensionamento de fundaes profundas. O terceiro mtodo abordado da UFRS, proposto

    por Lobo (2005) a ser utilizado como base metodolgica para este trabalho.

    2.1.4.1 Aoki-Veloso (1975)

    O mtodo de Aoki & Veloso (1975), permite obteno da capacidade de carga ltima

    da estaca utilizando os dados obtidos no ensaio do cone de penetrao (CPT). Posteriormente

    a frmula foi adaptada para utilizar os dados do ensaio de SPT. O clculo da carga ltima

    feito considerando o tipo de solo e estaca, como mostra a equao a seguir:

  • 21

    Onde:

    Adotando um coeficiente de segurana igual a 2 como indica a NBR 6122 (ABNT,

    1996), assim a carga admissvel (Qadm) dada por:

    Foram considerados pelos autores os coeficientes F1 e F2, sendo estes definidos para se

    ponderar as diferenas de comportamento entre a estaca (prottipo) e o cone (modelo)

    (MAGALHES, 2005).

    As= rea de seo transversal da estaca;

    F1 e F2= Coeficientes de Transformao que variam com o tipo de estaca (Tabela 2.1);

    k e = Coeficientes tabelados que variam com o tipo de solo (Tabela 2.2);

    SPTP= Nmero de golpes na ponta da estaca (SPT);

    SPTF= Nmero de golpes na lateral da estaca (SPT) nas camadas atravessadas pela estaca;

    D= Dimetro da estaca;

    l= Comprimento de cada uma das camadas atravessadas pelo fuste da estaca.

    Tabela 2.1 - Coeficientes F1 e F2 (AOKI & VELLOSO, 1975).

    Tipo de Estaca F1 F2

    Franki 2,5 5

    Pr- moldada 1,75 3,5

    Metlica 1,75 3,5

    Escavada com lama 3 6

  • 22

    Segundo Velloso & Alonso (2000), o mtodo de Aoki & Veloso foi apresentado h

    mais de 30 anos e desenvolvido para uma determinada regio geotcnica, devendo ser

    utilizado com cautela em outras regies com o objetivo de se obter resultados mais confiveis.

    Alm disso, o mtodo foi originalmente desenvolvido para as estacas tipo Franki, pr-

    moldadas e metlicas, posteriormente expandido para estacas escavadas com lama

    bentontica.

    2.1.4.2 Dcourt & Quaresma (1978)

    De acordo com Lobo (2005), esse mtodo utiliza os valores obtidos no ensaio de SPT

    para estimar a capacidade de carga de uma fundao profunda. Originalmente desenvolvido

    para estacas pr-moldadas de concreto e mais tarde estendido a estacas escavadas, hlice

    contnua e injetadas por Dcourt (1996).

    Nesse contexto, a capacidade de carga da estaca o resultado da soma das parcelas

    do atrito lateral e de ponta:

    Onde:

    Tabela 2.2 - Coeficientes K e (AOKI & VELLOSO, 1975). Tipo de Solo K (Kpa) (%)

    Areia 1000 1,4

    Areia Siltosa 800 2

    Areia Silto-Argilosa 700 2,4

    Areia Argilosa 600 3

    Areia Argilo-Siltosa 500 2,8

    Silte 400 3

    Silte Arenoso 550 2,2

    Silte Areno-Argiloso 450 2,8

    Silte Argiloso 230 3,4

    Site Argilo-Arenoso 250 3

    Argila 200 6

    Argila Arenosa 350 2,4

    Argila Areno-Siltosa 300 2,8

    Argila Siltosa 220 4

    Argila Silto-Arenosa 330 3

  • 23

    As= rea de seo transversal da estaca;

    C = Coeficiente tabelado que varia com o tipo de solo (Tabela 2.3);

    U= Permetro da estaca;

    SPTp= SPT mdio da ponta da estaca;

    SPTF= SPT mdio ao longo do fuste da estaca;

    l= Comprimento da estaca

    Presa (2001), salienta que na determinao do SPTp e do SPTF, os valores menores que 3

    devem ser considerados igual 3 e os maiores que 50 devem ser considerados igual 50.

    2.1.4.3 Mtodo UFRS (2005)

    O mtodo UFRS desenvolvido por Lobo (2005) procura relacionar os resultados do

    ensaio de SPT com os valores obtidos no ensaio de prova de prova de carga esttica. A

    metodologia proposta busca estimar a capacidade de carga da fundao profunda comparando

    a reao do solo, de cravao ao amostrador padro com o da estaca.

    Para validao do estudo Lobo (2005), organizou um banco de dados com 325 provas

    de carga compresso e 43 a trao, executadas em todo o pas. Das provas de carga

    compresso, 132 casos so de estacas cravadas pr-moldadas de concreto, 28 de estacas

    metlicas, 95 de estacas hlice-contnua e 70 casos de estacas escavadas. J nas provas de

    carga trao, 3 casos so de estacas cravadas pr-moldadas, 31 de estacas hlice contnua e

    9 casos de estacas escavadas (LOBO, 2005).

    Lobo (2005) disponibilizou informaes sobre caractersticas das estacas como seo

    transversal e comprimento, valores mximos de carga e recalque atingidos pela prova de

    carga, carga de ruptura total, lateral e de ponta extrapoladas atravs dos mtodos de Van der

    Veen (1975) e da NBR 6122/1996. Alm disso, apresentada a referncia bibliogrfica de

    cada elemento e a localizao da prova de carga.

    Tabela 2.3 - Valores de C em funo do tipo

    de solo. (DCOURT & QUARESMA 1978).

    Tipo de Solo Valores de C (KPa)

    Argila 120

    Siltes argilosos 200

    Siltes arenosos 250

    Areias 400

  • 24

    2.1.5 Ensaios de Prova de Carga

    Os ensaios de prova de carga tm como objetivo avaliar o comportamento mecnico

    das fundaes profundas depois de executadas, garantindo o controle de qualidade e o bom

    funcionamento das mesmas. As normas brasileiras que regulamentam os ensaios de prova de

    carga em fundaes profundas so:

    Estacas prova de carga esttica NBR 12131 (ABNT, 2006).

    Estacas ensaio de carregamento dinmico NBR 13208 (ABNT, 2007).

    2.1.5.1 Ensaio de Prova de Carga Esttica

    Segundo Fo (2001) o ensaio de carregamento esttico possui uma metodologia j

    bem definida. O seu principal objetivo de conhecer o comportamento da fundao, para

    nveis de cargas crescentes, at um certo limite de carga ou completa ruptura do sistema

    estaca-solo.

    Nesse ensaio a estaca ensaiada de forma incremental, e seu deslocamento na

    direo vertical monitorado atravs de intervalos de tempo previamente definidos. A NBR

    12131, (ABNT, 2006) permite que os esforos aplicados aos elementos isolados sejam axiais,

    de trao, compresso ou transversais.

    O dispositivo de aplicao de carga constitudo por macaco hidrulico alimentado

    por bombas, atuando contra um sistema de reao NBR 12131 (ABNT, 2006).

    Essa mesma norma tcnica recomenda que a medio dos deslocamentos verticais

    deve ser feita atravs de quatro deflectmetros mecnicos instalados em dois eixos ortogonais,

    sendo que esses medidores devem ficar apoiados ou fixados em uma viga de referncia do

    topo da estaca.

    De acordo com Soares (2002) existem trs tipos possveis de montagem para o

    sistema de reao constitudo de uma viga metlica de reao fixada ao solo por meio de

    tirantes (Figura 2.4), cargueiras (Figuras 2.5) ou estacas de apoio (Figuras 2.6).

  • 25

    Figura 2. 5 - Sistema de Reao com Cargueiras (HACHICH et al.,1998; apud SOARES,

    2002)

    Figura 2. 4 - Sistema de Reao com Tirantes (HACHICH et al.,1998; apud SOARES,

    2002)

  • 26

    Fo (2001) escreve sobre as diversas metodologias existentes de ensaio de

    carregamento esttico e salienta que essa diversificao conduz a diferentes resultados de

    capacidade de carga esttica.

    De acordo Soares (2002) os mtodos de ensaio existentes e suas interpretaes

    dividem-se nas seguintes modalidades:

    Carregamento lento com carga mantida ou SML (slow maintained load test). Esse

    ensaio efetuado em estgios de cargas crescentes de incrementos iguais, mantendo-se, em

    cada estgio, a carga constante at o recalque se estabilizar;

    Carregamento rpido com carga mantida ou QML (quick maintaned load test).

    Efetuado em 30 a 40 estgios de carga crescentes, de incrementos iguais, mantidos por 5 a 15

    minutos por estgio de carregamento;

    Carregamento cclico sob velocidade constante de penetrao ou CRP (constant

    rate of penetration). Nesse ensaio a estaca forada a se deslocar, penetrando no solo com

    uma velocidade constante de 0,5 mm/min;

    Carregamento cclico CLT ou SCT (cyclic load test ou swedish cyclic test). O

    carregamento ciclico crescente podendo-se ou no aguardar que o recalque se estabilize,

    antes de proceder a descarga de cada ciclo.

    Apesar de existirem quatro formas diferentes de ensaios de prova de carga, a NBR

    12131 (ABNT, 2006) permite a utilizao apenas das tcnicas de carregamento rpido (QML)

    e de carregamento lento (SML) na determinao da capacidade de carga e, alm disso, obriga

    a existncia de estabilizao dos deslocamentos para cada estgio de carga.

    Figura 2. 6 - Sistema de Reao com Estacas de Apoio (REESE O NEILL, 1988; apud SOARES, 2002)

  • 27

    A estabilizao dos deslocamentos ocorre quando em duas leituras consecutivas o

    recalque no exceder 5 % do recalque total observado no mesmo estgio de carregamento

    NBR 12131(ABNT, 2006).

    De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 1996) a capacidade de carga de estaca ou

    tubulo de prova deve ser considerada definida quando ocorrer ruptura ntida, entretanto o

    carregamento da estaca ou tubulo de prova pode no indicar uma carga de ruptura ntida. Isto

    ocorre quando no se pretende levar a estaca ou o tubulo ruptura ou a estaca ou tubulo

    tem capacidade de resistir a uma carga maior o que aquela que se pode aplicar na prova (por

    exemplo, por limitao de reao), ou quando a estaca carregada at apresentar um recalque

    considervel, mas a curva carga-recalque no indica uma carga de ruptura, mas um

    crescimento contnuo do recalque com a carga.

    Nos dois primeiros casos, deve-se extrapolar a curva carga-recalque para se avaliar a

    carga de ruptura, o que deve ser feito por critrios consagrados na Mecnica dos Solos sobre

    uma curva de primeiro carregamento. No terceiro caso, a carga de ruptura pode ser

    convencionada como aquela que corresponde, na curva carga x deslocamento como, a um

    dado recalque calculado pelo mtodo da NBR 6122/1996 apresentando abaixo.

    A Seguir sero apresentados o mtodos de Van der Ven (1953) que o mais utlizado

    no Brasil na extrapolao da curva carga x recalque de acordo com Cintra & Aoki (1999) e da

    NBR 6122 (ABNT, 1996) recomendado fundaes profundas carregadas at apresentarem um

    recalque considervel.

    2.1.5.1.1 Mtodo De Van Der Veen (1953)

    De acordo com Velloso & Lopes (2002) o mtodo de Van Der Veen (1953) o mais

    utilizado no Brasil. Este mtodo prope que a carga ltima Pr seja definida por tentativas

    atravs da equao ln (1-P/Pr) plotada em um grfico em funo do recalque r. Vrios

    grficos so obtidos para os diferentes valores de Pr arbitrados e atravs da anlise destes,

    define-se o valor da carga de ruptura Pr, escolhida de acordo com a representao que mais

    se aproximar de uma linha reta, como mostra a figura 2.7.

  • 28

    Figura 2. 7 Critrio de Ruptura pelo mtodo de Van der Veen (1953) - (CAVASSANI, 2005)

    Van der Veen a partir de uma serie de provas de carga props uma relao emprica

    para a curva carga x recalque, definida pela expresso matemtica abaixo:

    P = Pr (1 e- ) (2.4)

    Onde:

    = Recalque.

    P= Carga correspondente ao recalque .

    Pr = carga de ruptura escolhida atravs de tentativas .

    a = coeficiente angular definido por regresso linear escolhida a partir da representao que

    mais se aproximar de uma reta.

    Na aplicao do mtodo de Van der Veen, Aoki (1976) observou que a reta obtida

    (correspondente carga de ruptura) no passava pela origem, mas apresentava um intercepto.

    Deste modo, Aoki props a incluso de um intercepto b, dando origem ao mtodo de Van

    der Veen generalizado. Com base na expresso generalizada obtm-se a curva ajustada,

    arbitrando-se valores para e calculando os valores correspondentes para P (LOBO, 2005,

    p.45).

  • 29

    Pi = Pr (1 e-(b-)) (2.5)

    Onde: b = ponto de interseo da reta procurada no mtodo, com o eixo das abscissas.

    A equao (2.5) define uma curva assinttica em relao ao eixo vertical, esta

    estabelece o valor da carga de Ruptura Pr, como mostra figura 2.8.

    Figura 2.8 - Curva Carga x Recalque de Van Der Veen (1953)

    .

    2.1.5.1.2 Mtodo Abnt Nbr 6122

    Esse mtodo utilizado quando o elemento de fundao carregado at apresentar

    um recalque considervel, mas a carga x recalque no indica ruptura:

    = Recalque de ruptura convencional

    R = Carga de ruptura convencional

    l = Comprimento da estaca

    As = rea da seo transversal da estaca

    E = Mdulo de elasticidade do material da estaca

    D = Dimetro do circulo circunscrito a estaca.

  • 30

    Figura 2.9 - Carga de Ruptura Convencional NBR 6122 (ABNT, 1996)

    De acordo com Dyminski (2000) a realizao de uma prova de carga esttica

    dispendiosa, pois necessita da montagem de todo um aparato de estacas de reao que devem

    ser construdas no local da obra e equipamentos de aplicao de carga (viga, macaco

    hidrulico e outros), que so equipamentos pesados e volumosos. Se a estaca a ser testada for

    de grande porte e conseqentemente receber grandes carregamentos, este problema fica ainda

    mais agravado e o ensaio que j considerado demorado poder demandar semanas.

    Nesse contexto, o ensaio de prova de carga dinmica torna-se uma tima alternativa

    para avaliar a capacidade de suporte de um elemento de fundao isolado.

    2.1.5.2 Ensaio de prova de carga dinmica

    De acordo com Niyama et al. (1996) a prova de carga dinmica de um elemento de

    fundao, em geral uma estaca, um ensaio em que se aplica um carregamento dinmico

    axial com o objetivo de obter principalmente uma avaliao de sua capacidade de carga, com

    a utilizao de uma instrumentao adequada e da aplicao da teoria de equao da onda.

    O ensaio de carregamento dinmico pode ser realizado de forma tradicional quando a

    energia do impacto mantida constante, ou seja, a altura de queda do martelo mantida

  • 31

    sempre a mesma. Existe tambm a metodologia da energia crescente desenvolvida por Aoki,

    em que a altura da queda do martelo crescente, com esse segundo mtodo pode-se obter os

    parmetros de resistncia esttica mobilizada (RMX) e de deslocamento mximo descendente

    que (DMX), que tem como objetivo simular a curva carga x recalque obtido na prova de carga

    esttica atravs da curva RMX x DMX, como mostra a figura 2.10.

    Figura 2.10 - Curva RMX x DMX (GEOMEC, 2010)

    A prova de carga dinmica um ensaio em que, um carregamento dinmico axial

    provocado pela queda de um martelo convencional de cravao de estacas ou dispositivo

    similar que tenha massa suficiente para mobilizar a resistncia das camadas do solo

    atravessadas pela estaca. Esse procedimento visa estimar a capacidade de carga esttica do

    sistema estaca-solo e a anlise desse processo feita com base nos fundamentos da teoria da

    equao da onda, aplicada cravao ou recravao de uma estaca.

    A teoria da equao da onda pode ser representada por modelos matemticos

    complexos, entretanto esse trabalho busca apresentar apenas os aspectos mais importantes,

    ressaltando as aplicaes de teorias e conhecimentos envolvidos sobre o assunto (NIYAMA et

    al, 1996). Segundo esse mesmo autor, no processo de cravao de uma estaca, sua parte

    superior comprimida e as partculas do material da estaca so aceleradas, gerando uma onda

    de compresso que se propaga com uma velocidade c, que depende do material da estaca

    ensaida.

  • 32

    De acordo Andraos (2009), pode-se considerar o equilbrio dinmico de um

    segmento da estaca em qualquer instante e as leis bsicas de Newton e Hook para se chegar a

    soluo conhecida como equao geral da onda.

    u(x, t) = f (x ct) + g(x + ct) = u + +u (2.7)

    As setas representam o sentido de deslocamento das ondas f e g que apesar de

    possurem a mesma velocidade deslocam-se em sentidos contrrios. Nesse contexto, o

    entendimento do fenmeno de reflexo de ondas no interior da estaca torna-se muito

    importante, pois no instante do impacto entre o martelo e a estaca so geradas ondas

    compressivas que iro se propagar ao longo do fuste e sero refletidas ao encontrar a ponta da

    estaca. A resistncia da ponta da estaca pode ser nula (estaca flutuante) e gerar uma onda

    ascendente de trao ou a ponta pode estar engastada gerando uma onda ascende de

    compresso.

    Figura 2.11 Reflexes das ondas elsticas na ponta da estaca para: a) estacas flutuantes. b) estacas de ponta (DYMINSKI, 2000)

    2.1.5.2.2 Aquisio de dados

    O ensaio de carregamento dinmico baseado no registro e processamento dos sinais

    de fora e velocidade que so captados por transdutores de acelerao e deformao

    instalados no topo da estaca.

    Os transdutores de deformao especfica so constitudos por quatro strain gages

    (extensometros eltricos), que so fixados no elemento de fundao geralmente por

    chumbadores. O fabricante recomenda que esses equipamentos sejam instalados em posies

  • 33

    diametralmente opostas no topo da estaca, a fim de diminuir os efeitos de excentricidade ou

    flexo durante o golpe de martelo.

    Os transdutores de acelerao so equipamentos de aquisio de dados que podem

    ser instalados sozinhos ou aos pares no topo da estaca a fim de medir a acelerao da onda

    mecnica que se propaga ao longo do fuste, na figura 2.12 pode ser observado um transdutor

    de deformao e outro de acelerao afixados no topo de uma estaca.

    2.1.5.2.3 Registro e Processamento

    Os instrumentos de aquisio de dados (transdutores) transmitem as informaes

    atravs de cabos de conexo ao PDA (Pile Driving Analyzer) que responsvel por converter

    esses sinais obtidos pelos transdutores em fora e velocidade mdias, para posteriormente

    serem processados pelos programas computacionais CASE e/ou CAPWAP (Case Pile Wave

    Analysis Program), como ser visto a seguir.

    Figura 2.12 - A esquerda um transdutor de acelerao e direita o de deformao

    (FO,2001).

  • 34

    2.1.5.2.4 Anlise e Interpretao

    Segundo NIYAMA et al (1996) a cravao de uma estaca pode ser analisada atravs

    de dois modelos: O primeiro simplificado, do tipo representado pelo impacto de duas barras,

    onde se enquadram, por exemplo o mtodo CASE e o Repique; e o segundo, mais elaborado e

    base para o mtodo CAPWAP, proposto inicialmente por Smith (1960), onde a estaca

    modelada atravs de elementos de massas e molas.

    De acordo com a NBR 13208 (ABNT, 2007) a avaliao da capacidade de carga de

    uma estaca pode ser feita de forma simplificada atravs do mtodo CASE ou de uma forma

    mais completa atravs da anlise numrica do tipo CAPWAP.

    Os mtodos de avaliao da capacidade de carga so utilizados para calcular vrios

    parmetros de interesse. A tabela 2.4 mostra os principais parmetros obtidos no ensaio de

    prova de carga dinmica analisado atravs mtodo CASE.

    Tabela 2.4 - Parmetros obtidos no ensaio de carga dinmica atravs da anlise pelo mtodo

    CASE.

    RMX Mxima Capacidade de Carga, processada atravs do mtodo CASE;

    DMX Mximo Deslocamento medido ao nvel dos sensores;

    EMX Mxima Energia Transferida, que passa ao nvel dos sensores;

    FMX Mxima Fora de Compresso originada quando do impacto do martelo, medido no nvel dos sensores;

    J Fator de Amortecimento de CASE (depende do tipo de solo entre outros fatores);

    Hq Altura de queda do martelo.

    A NBR 13208 (ABNT, 2007) prescreve que para que haja maior confiabilidade nos

    resultados obtidos pelo mtodo simplificado, para cada lote de estacas de mesmas

    Figura 2.13 Equipamento PDA (DYMINSKI, 2000).

  • 35

    caractersticas na obra, devem ser aferidos por pelo menos uma anlise do tipo CAPWAP ou

    por uma nova carga esttica, conforme NBR 12131, alm disso, a avaliao por meio do

    CAPWAP permite a obteno da capacidade de carga do fuste e da ponta separados, alm de

    outros parmetros, como mostra a tabela 2.5.

    2.1.6 Fundaes Profundas em Estacas Pr-moldadas e Hlice Contnua

    Segundo Joppert (2007) as estacas so elementos esbeltos, implantados no solo por

    percusso ou via perfurao do solo com posterior concretagem. Podendo assim, serem

    classificadas como estacas cravadas e estacas escavadas.

    Como exemplo de estacas cravadas ou de deslocamento, tem-se as pr-moldadas de

    concreto, que tem se mostrado uma tima opo de fundao devido ao seu severo controle de

    qualidade de fabricao e cravao. Esse tipo de estaca pode ser fabricada em concreto

    armado ou protendido e sua seo pode assumir diversas formas geomtricas. Seu

    comprimento varia entre 4 e 12 metros, mas quando existe a necessidade de comprimentos

    maiores que 12 metros, as estacas podem ser emendadas, desde que sejam observadas as

    recomendaes da NBR 6122/1996.

    As estacas pr-moldadas de concreto so cravadas no solo por um martelo. Este

    deve possuir energia suficiente para implantar a estaca no solo com o comprimento desejado

    ou at que ela atinja terreno impenetrvel a cravao. Para que isso ocorra, o martelo deve

    possuir peso igual ou maior ao peso da estaca a ser cravada (JOPPERT, 2007).

    Um exemplo de estaca escavada a hlice continua. O sistema hlice continua

    consiste em perfurar o terreno com uma hlice de comprimento maior ou igual ao da estaca a

    ser construda. A haste de perfurao composta por uma hlice espiral que dotada de um

    Tabela 2.5 - Parmetros obtidos no ensaio de carga dinmica atravs da anlise pelo mtodo

    CAPWAP.

    J Damping de Case - Fator de Amortecimento Dinmico de Case;

    RU Carga ltima Anlise Capwap;

    QAL Mximo Atrito Lateral Disponvel Capwap;

    QP Mxima Resistncia de Ponta Capwap;

    Hq Altura de Queda do Martelo;

    WS Velocidade de onda.

  • 36

    tubo central, com dimetro varivel entre 10 e 13 cm, dispondo em sua extremidade inferior

    de uma tampa removvel, que permite sua recuperao no fim da execuo (PRESA, 2001).

    Presa (2001) escreve ainda sobre a introduo da hlice no terreno que feita com

    um torque apropriado para vencer a resistncia do solo atravessado at que se alcance a

    profundidade requerida. Nessa profundidade inicia-se o bombeamento do concreto atravs do

    tubo central, de modo que esse preencha a cavidade deixada pela hlice medida que ela vai

    sendo retirada do solo. Aps a concretagem a armadura introduzida na estaca por gravidade

    ou com o auxilio de um pilo. A figura mostra 2.14 mostra a perfurao do terreno pelo

    sistema hlice contnua.

    Figura 2.14- Perfurao do terreno pela hlice espiral (ANDRADE,2009)

  • 37

    2.2 REDES NEURAIS

    Este item apresenta uma breve reviso bibliogrfica sobre redes neurais artificiais ou

    simplesmente RNA. Por ser um assunto amplo, foi imprescindvel focar esse estudo apenas

    nos aspectos que sero utilizados nessa pesquisa.

    2.2.1 Conceito de Redes Neurais

    Segundo Haykin (2001), uma rede neural artificial, ou simplesmente RNA, um

    processador macio distribudo de forma paralela constitudo de unidades de processamento

    simples, que tm a propenso natural para armazenar conhecimento experimental e torn-lo

    disponvel para uso. As RNA devem ser capazes de realizar trs tarefas: a) armazenar

    conhecimento; b) aplicar o conhecimento armazenado para resolver problemas; c) adquirir

    novos conhecimentos atravs de experincia.

    Uma RNA um sistema de processamento de informao que possui algumas

    caractersticas de desempenho em comum com as redes neurais biolgicas. Os modelos

    artificiais tm como principal fonte de inspirao as redes neurais biolgicas. A Figura 2.15

    apresenta um modelo de neurnio biolgico com a seqncia de propagao dos sinais pela

    clula (CASTRO, 1998).

    Figura 2.15- Clula neural biolgica com seqncia de propagao do sinal (CASTRO 1998)

    De acordo com Braga et al (2000), RNA so sistemas paralelos distribudos

    compostos por unidades de processamento simples (neurnios artificiais) que calculam

    determinadas funes matemticas (normalmente no lineares). Tais unidades so dispostas

    em uma ou mais camadas interligadas por um grande nmero de conexes, geralmente

  • 38

    unidirecionais. Na maioria dos modelos essas conexes esto associadas a pesos, os quais

    armazenam o conhecimento adquirido pelo modelo e servem para ponderar a entrada recebida

    por cada neurnio da rede.

    2.2.2 O Neurnio Artificial

    Para explicar os princpios bsicos de uma unidade de processamento Haykin (2001)

    utilizou o modelo apresentando na Figura 2.16, que divide o neurnio artificial em trs partes:

    Conjunto de Sinapses, somador e a funo de ativao. Esse mesmo modelo pode ser

    utilizado para descrever a operao de sua unidade de processamento da seguinte forma:

    Entrada: O estimulo representando por n terminais de entrada (dntritos) que

    recebem os valores x1, x2,..., xn (essas informaes de entrada so aquelas que sero

    apresentadas a rede);

    Pesos: O comportamento das sinapses simbolizado pelos pesos wk,1, wk,2,...

    wk,n, acoplados aos terminais de entrada, cujos valores podem ser positivos ou negativos,

    dependendo de as sinapses serem inibitrias ou excitatrias;

    Combinao Linear: Na seqncia os valores de entrada so multiplicados por seus

    respectivos pesos caracterizando uma combinao linear, tambm chamada de sada linear uk;

    Funes de Ativao: Essa sada linear uk deve ser submetida a uma funo de

    ativao que serve para limitar os valores de entrada a um determinado intervalo.

    Sada: A unidade ir processar o valor de entrada, produzindo uma determinada

    sada que poder ser enviada para a camada seguinte ou ser o resultado na camada de sada da

    rede.

  • 39

    O modelo neural da Figura 2.16 inclui tambm um bias aplicado externamente,

    representado por bk. O bias tm o efeito de aumentar ou diminuir a entrada liquida da funo

    de ativao, dependendo se este positivo ou negativo respectivamente (HAYKIN, 2001).

    Alm disso, o bias possibilita que a rede possa considerar valores no relacionados entre os

    parmetros de entrada.

    2.2.3 Funes de ativao

    A funo de ativao tambm chamada de squashing function, visa limitar os

    sinais de entrada a um determinado intervalo, normalmente entre 0 e 1 ou -1 e 1 (DYMINSKI,

    2000). A squashing function capaz de assumir diversas formas, podendo ser linear,

    sigmoidal, tangente hiperblica, entre outras. A figura 2.17 apresenta os grficos das trs

    principais funes de ativao, as equaes que regulam essas funes e o intervalo de valores

    de sua imagem.

    Figura 2.16 - Modelo no-linear de um neurnio (HAYKIN, 2001).

  • 40

    2.2.4 Aprendizado

    De acordo com Haykin (2001), aprendizagem um processo pelo qual os parmetros

    livres de uma rede neural so adaptados (ajuste dos pesos) atravs de um processo de

    estimulao pelo ambiente no qual a rede est inserida. O tipo de aprendizagem determinado

    pela maneira pela qual a modificao dos parmetros ocorre. A forma como so ajustados os

    pesos ir determinar os dois tipos de aprendizado: no-supervisionado e supervisionado.

    No aprendizado no- supervisionado no so conhecidos os valores das sadas. O

    processo de aprendizado s possvel quando existe regularidade e repetio nos dados de

    entrada. Geralmente so utilizados em redes recorrentes e quando se quer descobrir

    caractersticas estatsticas dos dados de entrada, como por exemplo, a descoberta de

    agrupamento.

    O aprendizado supervisionado utilizado quando so conhecidos os valores das

    entradas e sadas por um supervisor externo. Os pesos devem ser ajustados para que as

    correlaes entre os valores de entrada e sada sejam determinadas.

    Braga et al (2000) afirmam que o aprendizado supervisionado pode ser

    implementado de duas formas: off-line e on-line. Para o treinamento off-line, os dados do

    conjunto de treinamento no mudam, e, uma vez obtida uma soluo para a rede, esta deve

    permanecer fixa. Caso novos dados sejam adicionados, um novo treinamento, envolvendo

    tambm os dados anteriores, deve ser realizado para se evitar interferncia no treinamento

    anterior. Por sua vez, no aprendizado on-line o conjunto de dados muda continuamente, e a

    rede deve estar em um continuo processo de adaptao.

    Figura 2.17- Representao das principais funes de transferncia usadas atualmente

    (SANTOS JR, 2006).

  • 41

    2.2.5 Rede Neural e sua Arquitetura

    De acordo com Braga et al. (2000), os paramtros que definem uma RNA so:

    nmero de camadas de rede, nmero de ns em cada camada, tipo de conexo entre os nodos

    e a topologia da rede.

    Segundo Santos (2006), no existe uma regra bem definida para a definio do

    nmero de camadas numa RNA. Aconselha-se a definio de uma srie de arquiteturas de

    acordo com nmero de dados de entrada e sada. Essas diferentes topologias devero ser

    treinadas e testadas. Aps esses treinamentos e testes, utiliza-se a rede que se ajustou melhor

    aos dados, gerando os menores erros tanto na fase de testes quanto de treinamento.

    Hecht-Nielsen (1987) baseados no teorema de Kolmogorov (1957) props a seguinte

    regra para auxiliar na definio da arquitetura de uma RNA: uma rede neural de trs

    camadas, com n neurnios na camada de entrada, poder ter 2n+1 neurnios na camada

    intermediria ou oculta. As redes com essa arquitetura podem ser utilizadas para resolver

    com sucesso problemas com caractersticas no lineares.

    A arquitetura definida nesse trabalho foi aprimorada a partir da comparao desse

    estudo com outras aplicaes bem sucedidas de RNA, na rea da engenharia geotcnica. A

    figura 2.18 apresenta alguns exemplos de arquiteturas de redes neurais.

  • 42

    Figura 2.18 Exemplos de arquiteturas de Redes Neurais Artificiais (BRAGA et al 2000).

    Alm disso, Braga et al. (2000) classificam as RNA de acordo com o nmero de

    camadas, tipos de conexes dos ns e sua conectividade:

    Nmero de camadas:

    o redes de camada nica: Existe um nico n entre a entrada e a sada da rede

    (Figura 2.18 a, e).

    o de mltiplas camadas (MLP): Existe mais de um neurnio entre as camadas de

    entradas e sadas da rede (Figura 2.18 b, c, d).

  • 43

    Tipo de conexes dos Nodos:

    o feedforward, ou acclica: A sada de um neurnio no pode ser utilizada como

    entrada de nodos em camadas de ndice menor ou igual a (Figura 2.18 a, b, c);

    o feedback ou cclica: A sada de um neurnio qualquer localizado na camada

    usada como entrada de nodos em camadas de ndice menor ou igual a (Figura

    2.18 d, e).

    Tipo de conectividade:

    o rede fracamente (ou parcialmente) conectada (Figura 2.18 b, c, d).

    o rede completamente conectada (Figura 2.18 a, e).

    2.2.6 Treinamento

    Depois de coletar e selecionar os dados, deve-se dividi-los de forma que uma parte

    desses seja utilizada para o treinamento da rede, e outra parte para o teste. Haykin (2001) e

    Braga et al. (2000) recomendam a diviso de cerca de 70 a 90% para o treinamento e o

    restante para a validao.

    De acordo Dyminski (2000), o treinamento consiste na apresentao dos exemplos

    do conjunto de treinamento ao sistema. A rede processar os parmetros de entrada relativos a

    estes exemplos atravs da multiplicao dos mesmos pelos pesos sinpticos e da posterior

    aplicao destes valores s funes de ativao dos neurnios, fornecendo ento as respostas

    (sadas da rede) a este estmulo. Estas sadas das RNA devero ser comparadas com os

    valores reais dos parmetros de sada correspondentes aos exemplos do conjunto de

    treinamento, e desta comparao ser obtido um valor de erro da fase de treinamento.

    Procura-se ento ajustar os valores dos pesos sinpticos, atravs de um algoritmo matemtico,

    visando a diminuio do erro de treinamento.

    Haykin (2001) afirma que existem diversos algoritmos para se treinar RNA, sendo os

    mais comumente utilizados o de error back-propagation (retro-propagao do erro) e o de

    Levenberg-Marquardt (tambm abreviado por LM), que uma variao do algoritmo de retro-

    propagao.

  • 44

    2.2.6.1 Back-propagation

    O algoritmo back-propagation um algoritmo supervisionado que utiliza pares

    (entrada, sada desejada) para, por meio de um mecanismo de correo. O treinamento ocorre

    em duas fases, em que cada fase percorre a rede em um sentido. Estas duas fases so

    chamadas de fase forward e fase backward. A fase forward utilizada para definir a sada da

    rede para um dado padro de entrada. A fase backward utiliza a sada desejada e a sada

    fornecida pela rede para atualizar os pesos de suas conexes (BRAGA, 2000, p.59).

    O funcionamento desse algoritmo se baseia no clculo dos erros encontrados nas

    camadas de sada e intermedirias, possibilitando que os pesos sejam ajustados atravs do

    mtodo do gradiente.

    Se a camada for de sada, o erro definido pela equao a seguir, caso a camada

    seja intermediria utiliza-se a equao subsequente:

    (2.8)

    Onde y sada obtida pela rede e z a sada desejada.

    (2.9)

    Onde:

    = peso entre o neurnio calculado e o neurnio da camada posterior,

    = erro referente a cada neurnio da camada posterior.

    Aps o clculo dos erros necessrio corrigir os pesos das ligaes entre os

    neurnios. O clculo de correo do peso dado pela equao a seguir:

    (2.10)

    Onde:

    =peso da conexo;

    = taxa de aprendizagem;

    = erro relativo calculado para determinado neurnio ;

    = derivada da funo de transferncia.

  • 45

    A Figura 2.19 sintetiza o processo de treinamento com o algoritmo Back-propagation.

    a) as entradas x1, x2,...,x n do banco de dados so apresentadas a rede

    b) As entradas so multiplicadas pelos pesos e posteriormente somadas. Por fim

    aplicada uma funo de ativao que ir fornecer sadas para as entradas apresentadas em

    cada neurnio.

    c) As entradas fornecidas pela rede so comparadas com os valores reais do banco de

    dados permitindo o clculo do erro.

  • 46

    d) O erro obtido na camada de sada retro-propagado at a entrada.

    e) Atravs da equao 2.10, os pesos so corrigidos.

    e) Os pesos corrigidos chegam a camada de sada onde reiniciada a retro-propagao.

    Figura 2.19 - Processo de treinamento atravs do algoritmo back-propagation

    (SOUSA, 2008).

  • 47

    Segundo Braga et al (2000), o algoritmo back-propagation utiliza a primeira

    derivada parcial do erro total referente a cada peso para ajustar cada um dos pesos. Esta

    informao possibilita realizar um gradiente descendente no espao de pesos. A descida do

    gradiente utilizando passos infinitesimais garante a chegada a um mnimo local que, para

    vrios problemas, pode ser um mnimo global ou uma soluo aceitvel. O problema o

    tempo que o treinamento pode levar para convergir, por isso foram criadas vrias alteraes

    no algoritmo de retro-propagao que diminuem o tempo de treinamento e melhora seu

    desempenho na classificao de padres. Dessas variaes as mais utilizadas so: back-

    propagation com momentum de Rumelhart (1986), Quickprop de Fahlman (1988), Levenberg

    Marquardt de Hagan (1994), momentum de segunda ordem de Pearlmutter (1992), Newton de

    Battiti (1991) e o Rprop de Riedmiller (1994).

  • 48

    2.1.7 RNA na Engenharia Geotcnica

    As redes neurais tm sido aplicadas com sucesso em praticamente todos os

    problemas de engenharia geotcnica. Caractersticas particulares de uma srie de dados

    podem ser aprendidas por uma RNA, possibilitando assim, a realizao de previses.

    De acordo com Jaksa (2008), as RNA tm demonstrado desempenho preditivo

    satisfatrio na rea geotcnica, apesar de seus materiais apresentarem variaes extremas de

    comportamento. De acordo com Jaksa (2008), as RNA tm sido aplicadas em diversas reas

    da geotecnia entre estas: jateamento, barragens, estruturas de conteno de terra, geotecnia

    ambiental, fundaes em estacas, mecnica das rochas, ensaios de caracterizao, fundaes

    rasas, comportamento e propriedades do solo, tneis e aberturas subterrneas.

    No Brasil, as RNA tm sido utilizadas com sucesso na rea de geotecnia. Dyminski

    (2000) as utilizou em trs aplicaes diferentes: na primeira, foram simulados os resultados de

    prova de carga dinmica, analisadas pelo CAPWAP viabilizando uma pr-anlise do

    comportamento da estaca ainda em campo. na segunda, foi analisado o comportamento

    mecnico de dois tipos de solo: a areia de ipanema e o solo residual gnissico do Rio de

    Janeiro. Para tal, foram utilizados resultados de ensaios de cisalhamento direto, submersos e

    no submersos, e ensaios de compresso triaxial, drenados e no drenados. Por ltimo, a

    pesquisadora simulou atravs de informaes obtidas no boletim de sondagem a percusso, o

    comportamento do subsolo da usina angra 2, localizada no litoral do Rio de Janeiro.

    Santos JR. (2006) analisou os efeitos da escavao nas linhas 1 e 2 do metr de So

    Paulo atravs de RNA. Viana (2007) desenvolveu RNA para relacionar o mdulo de

    resilincia com as propriedades do solo e Lisboa (1998) utilizou essa tcnica para obter a

    capacidade de carga de fundaes submetidas a esforos de trao.

    Teh et al. (1997), Kiefa (1998), Dyminski (2000) e Lee and Lee (1996) utilizaram

    redes neurais como instrumento de predio da capacidade de carga de fundaes profundas.

    A tabela 2.6 apresenta as principais caractersticas dessas RNA.

  • Tabela 2.6 - Tipologia e caractersticas das RNA utilizadas na previso de capacidade de carga de estacas.

    REFERNCIA Quantidade dados Algoritmo

    Nmero de neurnios nas camadas

    Parmetros de entrada e sada

    Treinamento Testes Entrada Ocultas Sada

    Teh et al. (1997) 27 10 Back-

    propagation 200 15 2

    Foram utilizados 200 parmetros de entrada (coordenadas de fora e

    velocidade no tempo de aquisio de dados) e como sadas,

    capacidade de carga do fuste e da ponta e em alguns casos s a

    capacidade de carga total.

    Abu-Kiefa (1998) 40 General

    regression

    neural networks

    5 40 2 Como entrada adota os ngulos de atrito do solo de ponta e fuste,

    caractersticas geomtricas da estaca e tenso limite do solo e como

    sadas, capacidade de carga do fuste e da ponta.

    59 5 59 1 Nesse segundo caso ele apresenta apenas a capacidade carga total

    como sada.

    Dyminski (2000) 51 9

    Levenberg-

    Marquardt 4 a 7 1 a 15 1

    Foram utilizados parmetros relacionados a geometria da estaca, ao

    ensaio de carga dinmica de SPT, totalizando 7 entradas diferentes

    que foram organizadas em 9 conjuntos diferentes e como sadas da

    capacidade de carga total da estaca. 94 30

    Lee and Lee (1996) 28 Back-

    propagation 3 30 10 1

    Utilizou-se na entrada a relao profundidade de penetrao, a tenso

    normal mdia e o nmero de golpes SPT, e a sada apresenta apenas a

    capacidade de carga total das estacas

  • 50

    3. METODOLOGIA

    3.1 LEVANTAMENTO DOS DADOS

    Este trabalho utilizou dois bancos de dados de provas de carga esttica, com o

    objetivo de verificar a viabilidade do uso das RNA na predio de capacidade de carga de

    dois tipos distintos de estacas: as pr-moldadas de concreto do tipo cravadas e a hlice

    contnua escavada.

    O primeiro banco de dados, chamado de BANCO1, utilizado no treinamento e

    teste das RNA das estacas hlice continua, foi elaborado a partir dos dados de Alonso (2000)

    que organizou os resultados de 95 provas de carga esttica, realizadas em todo o territrio do

    Brasil. Alm disso, o autor disponibilizou em seu trabalho informaes do ensaio de

    sondagem a percusso, cargas e recalques do ensaio de prova de carga, rea de seo

    transversal e comprimento, para cada uma das 95 estacas.

    O segundo banco de dados, chamado de BANCO2, foi utilizado no treinamento e

    teste das RNA das estacas pr-moldadas de concreto, foi elaborado a partir dos organizados

    por Lobo (2005). Esta reuniu o resultado de 131 provas de carga esttica, realizadas ao longo

    de todo o pas, alm disso, a pesquisadora disponibilizou informaes detalhadas do ensaio de

    SPT e da geometria das estacas, assim como fez Alonso (2000) no BANCO1.

    Os anexos A1 e A2 apresentam os dados do BANCO1 e 2, respectivamente,

    utilizados no treinamento das RNA, alm disso, so apresentadas a referncia de onde foram

    extrados os dados e as cidades onde as estacas foram ensaiadas. No foram feitas

    modificaes considerveis, em relao aos bancos de dados originais, apenas foi

    acrescentando a esses os valores do SPTP e SPTF.

    3.2 TRATAMENTO DOS DADOS

    Com base nos resultados satisfatrios obtidos em outras pesquisas como mostrado no

    capitulo 2 (tabela 2.6) que utilizaram as RNA como instrumento de predio da capacidade de

    carga das estacas, foi possvel determinar os parmetros a serem utilizados como entradas das

    RNA que vo se correlacionar com as sadas: Resistncia de ponta QP, de fuste QF e total

    QT, como mostra a tabela 3.1.

  • 51

    O clculo do SPT F foi obtido atravs da mdia aritmtica dos SPTs ao longo do

    fuste da estaca, desconsiderando o primeiro metro de sondagem como recomenda a NBR 6484

    (ABNT, 2001). Para o SPT P foi adotado o valor sob a cota de apoio da estaca.

    Para que a capacidade de carga total QT da estaca seja realista e represente a

    dificuldade da estaca de se transpor camadas muito resistentes, foram utilizados valores

    limites para o SPTP e do SPTF sendo adotados para a ponta, o limite mximo de 40 em

    qualquer tipo de estaca e para o fuste o limite de 22 se a estaca for cravada e de 30 se for do

    tipo hlice contnua (LOBO, 2005).

    Como j visto no Capitulo 2, a capacidade de carga de estaca ou tubulo de prova

    deve ser considerada definida quando ocorrer ruptura ntida. A metodologia utilizada nesse

    trabalho foi baseada em Lobo (2005) que utilizou o mtodo da NBR 6122/1996 para obter a

    carga de ruptura das estacas. Porm, esse mtodo possui a limitao de no poder ser aplicado

    em casos que a carga mxima aplicada na prova de carga se apresentar distante da carga de

    ruptura, no gerando recalques considerveis na estaca. Nesses casos, a definio da carga de

    ruptura obtida com o auxlio da extrapolao da curva carga recalque atravs do mtodo de

    Van der Veen, adaptado por Aoki (1996), com a posterior aplicao do mtodo da NBR 6122.

    A figura 3.1 mostra um caso em que reta do mtodo da NBR 6122/1996 no toca a

    curva carga x recalque, pois a carga aplicada no ensaio de prova de carga distante do valor

    carga de ruptura (figura 3.1 a), por isso torna-se necessrio a extrapolao da curva carga x

    recalque para que o mtodo da NBR 6122 possa ser aplicado (figura 3.1 b). De acordo com

    Lobo (2005), possvel definir o valor a parcela de capacidade de carga lateral da estaca

    quando a curva carga x recalque apresentar pequenos acrscimos de recalque com o

    incremento do carregamento. Nesses casos, considera-se que somente a carga lateral da estaca

    mobilizada e assim, pode-se estimar o valor da parcela de carga lateral pelo trecho elstico

    da curva carga recalque atravs de uma reta (figura 3.1 d). A capacidade de carga da ponta

    Tabela 3.1 - Parmetros utilizados como entradas das redes neurais.

    Sigla Parmetro

    As rea da seo transversal da estaca (m2).

    LE Comprimento da estaca (m).

    SPTP Nmero de golpes do amostrador SPT na profundidade correspondente ponta da estaca.

    SPTF Nmero mdio de golpes do amostrador SPT ao longo do fuste da estaca.

  • 52

    definida pela subtrao da carga total pela carga lateral. A seguir a figura 3.1 ilustra o

    processo de extrapolao da estaca 1 do BANCO1.

    Ruptura - NBR 6122

    fck(MPa) = 20

    E (Mpa) = 25043,961

    D (mm) = 350

    A (m) = 0,0962120

    L (m) = 11,55

    r mm) P (kN)

    11,67 0,00

    13,58 400,00

    1454 600,00

    16,46 1000,00

    19,82 1700,00

    Carga x recalque

    S (mm) P (kN)

    0,000 0,00

    0,250 330,00

    1,420 660,00

    2,000 792,00

    2,430 924,00

    3,380 1056,00

    4,090 1188,00

    4,930 1320,00

    Extrapolao

    PR = 1710

    a = 0,2781

    b = 0,0728

    S (mm) P kN)

    0,00 0,00

    1,00 506,07

    2,00 798,6

    3,00 1019,68

    400 1187,28

    5,00 1314,1

    10,00 1611

    15,00 685,47

    25,00 1708,48

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000

    Recalq

    ue (

    mm

    )

    Carga (kN)

    Prova de Carga - Estaca 1

    Ruptura (NBR 6122) Prova de Carga

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000

    Recalq

    ue (

    mm

    )

    Carga (kN)

    Prova de Carga - Estaca 1

    Van der Veen Ruptura (NBR 6122) Prova de Carga

    Carga Ruptura = 1700 kN

    a)

    b)

  • 53

    Figura 3.1 Processo de extrapolao da curva carga Recalque (modificado Lobo (2005))

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000

    Recalq

    ue (

    mm

    )

    Carga (kN)

    Prova de Carga - Estaca 1

    Van der Veen Ruptura (NBR 6122) Prova de Carga

    PR = 1700 kN

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    0 250 500 750 1000 1250 1500

    Re

    ca

    lqu

    e (

    mm

    )

    Carga (kN)

    c)

    d)

    PR = 1700 KN

    Ql = 750 KN

  • 54

    3.3 REDES NEURAIS UTILIZADAS

    Esse trabalho buscou, por meio do treinamento, obter RNA capazes de predizer a

    capacidade suporte da ponta, lateral e total das estacas hlice contnua e pr-moldada de

    concreto a partir dos dados de entrada apresentados na tabela 3.1.

    Para isso, foram criadas cinco RNA para cada um dos dois bancos de dados

    estudados, sendo a diferena entre essas redes a sada adotada no conjunto de treinamento. A

    primeira rede denominada RNA1 foi treinada tomando como sada a capacidade de carga da

    ponta, na segunda rede, RNA2, utilizou-se como sada a capacidade de carga lateral, a

    terceira rede, RNA3, foi treinada com as duas sadas: capacidade de carga da ponta e

    lateral. J a rede de nmero quatro, RNA4, teve como sada o somatrio das capacidades

    de carga da ponta e lateral e na quinta rede neural, RNA5, as sadas adotadas foram a as

    capacidades de carga lateral, de ponta e o somatrio da parcela da ponta e lateral. A tabela 3.2

    apresenta as cinco redes utilizadas, bem como a sadas adotada no treinamento.

    Tabela 3.2 - Parmetros utilizados

    como entradas das redes neurais.

    Rede Sada Adotada

    RNA1 QP

    RNA2 QL

    RNA3 QL

    QP

    RNA4 QT

    RNA5

    QL

    QP

    QT

    O treinamento dessas redes com sadas diferentes permitiu que fossem obtidas:

    Trs redes capazes de calcular a resistncia de ponta;

    Trs redes capazes de obter a resistncia de fuste

    Duas redes aptas para obter a resistncia total.

    . As redes utilizadas nesse estudo foram do tipo MLP (multicamadas), treinadas com o

    algoritmo backpropagation programadas com o software MATLAB. A rede foi composta por

    uma nica camada oculta que foi treinada e testada com 1, 2, 3, 5, 8, 10 e 15 neurnios, a fim

  • 55

    de se avaliar qual a topologia mais adequada. Ficou definida ainda para essa camada, como

    funo de ativao, a tangente hiperblica. A camada de sada foi composta por um neurnio

    nas redes RNA1, RNA2 e RNA4, dois neurnios na rede RNA3 e trs na RNA5,

    sendo utilizada a funo de ativao linear em todos os casos. Essa arquitetura proposta

    baseou-se no trabalho de Diminsky (2000).

    Para cada banco de dados foram treinadas e testadas 35 RNA, e seus resultados

    avaliados atravs do coeficiente de correlao r de Pearson. Esse parmetro permite que

    seja analisada a correlao entre duas variveis, nesse caso o valor obtido pela rede neural e o

    encontrado atravs do ensaio de prova de carga. Espera-se que o valor do coeficiente de

    correlao seja prximo da unidade, entretanto valores acima de 0,7 indicam j uma forte

    correlao estatstica entre duas variveis.

    Depois que a rede treinada, fica determinado o peso e o bias relacionado a cada

    neurnio e a partir da possvel gerar equaes que representem as parcelas de capacidades

    de carga da estaca. Tais formulaes obtidas foram submetidas posteriormente a etapa de teste

    tendo seus resultados comparados com os do ensaio de prova de carga e com os mtodos

    semi-empricos de Aoki & Veloso (1975) e Dcourt & Quaresma (1978).

    Outro critrio que influenciou na escolha da rede neural a ser utilizada foi o nmero

    de neurnios da camada oculta. Pois, quanto menor o nmero de neurnios dessa camada,

    mais simples sero as equaes obtidas para representar as capacidades de carga lateral, ponta

    e total das estacas.

    A rede neural e a equao so geradas atravs do conjunto de treinamento, e a

    conferncia dos resultados feita por meio do conjunto de teste. Para compor esse ltimo,

    foram extradas 10 amostras do banco de dados das estacas hlice-contnua e 13 das estacas

    pr-moldadas.

    Para testar a viabilidade e capacidade de generalizao das equaes geradas, na

    regio de Feira de Santana-Ba, acrescentou-se ao conjunto de validao ou teste os resultados

    de ensaios de prova de carga dinmica realizados em duas obras desse municpio, descritas a

    seguir:

    Obra do viaduto do bairro Cidade Nova, onde foram ensaiadas oito estacas do tipo

    hlice-contnua que serviram como dados adicionais para a validao do BANCO1.

    Devido a discrepncia entre os valores de capacidade de carga obtidos para estacas

    inseridas em um mesmo bloco de coroamento, utilizou-se a mdia desses resultados

    para as estacas pertencentes a um mesmo bloco, o que reduziu o nmero de estacas

    testadas para quatro, como mostram as tabelas 3.3 e 3.4.

  • 56

    Obra de ampliao da empresa Belgo Bekaert Nordeste no bairro C.I.S., onde foram

    ensaiadas trs estacas pr-moldadas de concreto, sendo somente uma dessas, analisada

    pelo mtodo CAPWAP. Por isso, somente essa estaca foi analisada por todas as RNA

    treinadas. Como as demais estacas foram avaliadas pelo mtodo CASE no foram

    obtidas as resistncias de ponta e lateral de forma separada.

    Tabela 3.3 Resultado da anlise atravs do mtodo CAPWAP - viaduto do bairro Cidade Nova - Feira de Santana-Ba (ANDRADE, 2009).

    Bloco Estaca Carga de Trabalho

    (KN) Golpe

    WS (m/s)

    QT (kN)

    QF (kN)

    % QF QP

    (kN) % QP J

    1 E03 900 6 3500 3160 1952 61,8 1208 38,2 0,56

    E08 900 8 3900 6681 2559 38,3 4121 61,7 0,43

    2 E07 900 9 3500 3117 2022 64,9 1096 35,2 0,76

    E011 900 10 3500 2109 1162 55,1 947 44,9 0,7

    5 E02 900 4 3500 4740 3444 72,7 1296 27,3 0,88

    E06 900 2 3500 3541 2867 81 674 19 0,59

    6 E09 900 5 3500 5500 3612 65,7 1888 34,3 0,64

    E17 900 6 3500 4800 2368 49,3 2432 50,7 0,84

    Tabela 3.4 - Mdia dos resultados da Provas de carga dinmica das estacas hlice contnua -

    viaduto do bairro Cidade Nova Feira de Santana-Ba - (ANDRADE, 2009).

    Bloco D(cm) As (m2) LE (m) SPTP SPTF QT ( kN) QF(kN) QP(kN)

    1 60 0,283 16 35,00 9,00 4920 2255,5 2664,5

    2 60 0,283 17 40,00 10,63 2613,5 1592 1021,5

    5 60 0,283 9 40,00 17,63 4140,5 3155,5 985

    6 60 0,283 6 40,00 20,40 5150 2990 2160

  • 57

    Tabela 3.5 - Provas de carga dinmica em estacas pr-moldadas de concreto - obra de

    ampliao da Belgo Bekaert Feira de Santana-Ba - (GEOMEC, 2010).

    ESTACAS DIMENSO (cm) As (m2) LE (m) SPTP SPTF QT QF QP

    E2-L2 27,5X27,5 0,075625 16 19 6,1 99,8 38,6 61,2

    E4-L2 27,5X27,5 0,075625 20 30 15,8 119 - -

    E1-L2 27,5X27,5 0,075625 21 32 18,8 101 - -

    Com a adio dos dados de ensaios de prova de carga dinmica realizados em Feira

    de Santana-Ba, os conjuntos de validao das estacas hlice-contnua e pr-moldadas de

    concreto ficaram com 14 e 16 amostras, respectivamente.

    Tabela 3.6 - Conjunto de Testes utilizado na validao das RNA das estacas hlice-contnua.

    D (cm) As (m2) LE (m) SPTP SPTF

    QT

    EXTRAPOLADA KN

    QF

    KN

    QP KN

    Referncia LOCAL

    40 0,1257 10,5 40 15,9 1700 500 1200 Alonso (2000) So Jos dos Pinhais, PR 40 0,1257 7,8 40 12,1 620 360 260 Alonso (2000) So Jos dos Pinhais, PR 40 0,1257 14,5 29 16,3 1780 600 1180 Alonso (2000) So Jos dos Pinhais, PR 50 0,1963 19 40 14,4 1940 1000 940 Alonso (200