renata degasperi 2012
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UNIVERSIDADE DE SO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SO CARLOS
DEPARTAMENTO DE HIDRULICA E SANEAMENTO
Renata de Lima Pereira de Gasperi
CARACTERIZAO DE RESDUOS DE CAIXAS DE GORDURA E AVALIAO DA FLOTAO COMO
ALTERNATIVA PARA O PR-TRATAMENTO
SO CARLOS 2012
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UNIVERSIDADE DE SO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SO CARLOS
DEPARTAMENTO DE HIDRULICA E SANEAMENTO
CARACTERIZAO DE RESDUOS DE CAIXAS DE GORDURA E AVALIAO DA FLOTAO COMO
ALTERNATIVA PARA O PR-TRATAMENTO
Renata de Lima Pereira de Gasperi
Dissertao apresentada Escola de
Engenharia de So Carlos, da Universidade de So Paulo, como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Mestre em Cincias, Programa de Engenharia Hidrulica e Saneamento.
Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Penalva Reali
VERSO CORRIGIDA
SO CARLOS 2012
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Ao meu marido, Jos Adhemar,
e ao meu filho, Guilherme.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, que torna tudo possvel;
Ao meu pai, Luiz, que deve estar num lugar iluminado, sempre confiando em mim e me
dando fora;
A minha me, por seu amor incondicional;
Ao meu marido, Jos Adhemar, pelo amor e apoio, sempre ao meu lado, meu porto seguro;
Ao meu querido filho, Guilherme, que torna tudo mais alegre e simples;
Ao Renato Rossetto, Gerente de Operao de Esgoto da SANASA, idealizador deste
projeto, pelo apoio, pelo crdito e principalmente por no me deixar desistir;
Ao Srgio Grandin, por dividir sua experincia e por seu exemplo;
A SANASA Sociedade de Abastecimento de gua e Saneamento S/A, por apoiar e
contribuir com esta pesquisa;
A equipe do Laboratrio de guas Residurias da SANASA, Adriana, Nelson, Wilma, Gil,
Eduardo, Ednaldo, Paiva e Osias, que participaram com a realizao das anlises;
Ao Rafael Gulla, ao Andr e ao Joo Paulo pelo auxlio nos ensaios e em especial ao Paulo
por toda sua dedicao. Muito obrigada!
A equipe de manuteno da SANASA;
Aos meus amigos da Operao de Esgoto, Juliana, Natlia, Slvia, Uildson, Luis Gustavo,
Gabriel,..., que fizeram parte deste trabalho de alguma forma.
A S, por sua ajuda em todos os assuntos administrativos durante o mestrado, mas tambm
por sua amabilidade;
Aos professores Jurandyr Povinelli, Slvia Povinelli, Eduardo Mrio Mendiondo, Marcelo
Zaiat, Marco Antonio Penalva Reali, pelos ensinamentos nas disciplinas em que eu cursei;
A M Teresa do LATAR, pelo importante apoio nas anlises finais;
Aos alunos do Departamento de Hidrulica e Saneamento com quem eu mantive contato;
Ao Prof Jos Roberto Campos e a PROMINAS, pelo emprstimo da planta piloto;
Novamente, ao meu orientador, Prof Marco Antnio Penalva Reali, que muito me ajudou
com toda sua experincia e conhecimento durante todo desenvolvimento e concluso deste
trabalho. Obrigada!
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SUMRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................................. I
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................................ III
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...................................................................................................................... V
LISTA DE SMBOLOS ............................................................................................................................................ VII
RESUMO .............................................................................................................................................................. XI
ABSTRACT .......................................................................................................................................................... XIII
1. INTRODUO E JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 1
2. OBJETIVOS ............................................................................................................................................... 4
2.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................................................... 4
2.2. OBJETIVOS ESPECFICOS ...................................................................................................................................... 4
3. REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................................................................... 5
3.1. A OCORRNCIA DE LEOS E GRAXAS NO ESGOTO ...................................................................................................... 5
3.1.1 Definies ............................................................................................................................................... 5
3.1.2. Caractersticas fsicas e qumicas. ......................................................................................................... 5
3.2. PROBLEMAS OPERACIONAIS CAUSADOS POR LEOS E GRAXAS NOS SISTEMAS DE ESGOTAMENTO SANITRIOS - SES ................ 6
3.3. CAIXAS DE GORDURA ........................................................................................................................................ 11
3.3.1. Definies e funes ........................................................................................................................... 11
3.3.2 Dimensionamento ................................................................................................................................ 12
3.3.3. Caractersticas dos resduos acumulados em caixas de gordura ........................................................ 14
3.3.4. Manuteno das caixas de gordura .................................................................................................... 14
3.4. PR -TRATAMENTO DE EFLUENTES COM ALTOS TEORES DE LEOS E GRAXAS ................................................................. 15
3.5. OPERAES PARA O PR-TRATAMENTO DE RESDUOS PROVENIENTES DE CAIXAS DE GORDURAS ....................................... 15
3.5.1. Tratamento preliminar ....................................................................................................................... 15
3.5.2. Flotao .............................................................................................................................................. 16
3.6. REAPROVEITAMENTO DO RESDUO ...................................................................................................................... 20
3.7. DIGESTO CONJUNTA DE RESDUOS GORDUROSOS COM LODO DE ESGOTO .................................................................. 20
4. MATERIAIS E MTODOS..........................................................................................................................22
4.1. ETAPA 1 CARACTERIZAO DE RESDUOS DE CAIXAS DE GORDURA ........................................................................... 22
4.2. ETAPA 2 AVALIAO DA EFICINCIA DA FLOTAO NO PR-TRATAMENTO DOS RESDUOS DE CAIXAS DE GORDURA ............ 25
4.2.1. Equipamentos utilizados na Etapa 2 .................................................................................................. 25
4.2.2. Etapa 2 Fase 1 - avaliao da velocidade de flotao (Vfl) .............................................................. 26 4.2.2.1. Parmetros operacionais dos ensaios da Fase 1 ...........................................................................................26
4.2.3. Etapa 2 Fase 2 - variao de produtos qumicos ............................................................................. 27 4.2.3.1. Parmetros operacionais utilizados Fase 2 .................................................................................................27 4.2.3.2. Produtos qumicos .........................................................................................................................................27
4.2.4. Etapa 2 Fase 3 - ensaios com variao de pH e dosagens do agente coagulante ........................... 28 4.2.4.1 Parmetros operacionais dos ensaios da Fase 3 ............................................................................................29
4.2.5. Etapa 2 Fase 4 - variao das taxas de A/S (relao ar/slidos) ..................................................... 29 4.2.5.1. Parmetros operacionais utilizados nos ensaios da Fase 4 ...........................................................................30
4.3. ETAPA 3 - OPERAO DA PLANTA PILOTO ............................................................................................................. 30
4.3.1. Sistema piloto para pr-tratamento de resduos de caixas de gordura .............................................. 31
4.3.2. Descrio do funcionamento da unidade piloto ................................................................................. 32
4.3.4. Ensaios e determinaes da Etapa3 ................................................................................................... 37
4.4. ETAPA 4 - INVESTIGAES PRELIMINARES QUANTO AS CARACTERISTICAS DO MATERIAL FLOTADO E DO LEO INCORPORADO . 38
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4.4.1. Procedimentos adotados na desemulsificao e extrao do leo contido no material flotado ........ 38
5. RESULTADOS E DISCUSSES ................................................................................................................... 39
5.1. RESULTADOS DA ETAPA 1 - CARACTERIZAO DAS AMOSTRAS DE RESDUOS DE CAIXAS DE GORDURA ................................ 39
5.1.1. Descrio das fontes geradoras .......................................................................................................... 39
5.2. RESULTADOS DA ETAPA 2 .................................................................................................................................. 47
5.2.1. Fase 1 Velocidade de flotao .......................................................................................................... 47
5.2.2. Fase 2 - Ensaios em bancada para verificao do desempenho da flotao associada a diferentes
produtos qumicos ......................................................................................................................................... 47
5.2.3. Fase 3 Verificao do desempenho do polmero catinico em p aplicado em amostra com trs
valores de pH distintos .................................................................................................................................. 54
5.2.4. Fase 4 Verificao da flotao variando a relao ar- slido (A/S) .................................................. 59
5.3. ETAPA 3 - OPERAO DA PLANTA PILOTO ............................................................................................................. 61
5.4. ETAPA 4 CARACTERIZAO DO RESDUO FLOTADO E VERIFICAO DA RECUPERAO DO LEO ...................................... 64
6. CONCLUSO FINAL ................................................................................................................................. 66
7. RECOMENDAES .................................................................................................................................. 68
8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................................................... 69
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i
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 3.1 - Gordura acumulada no poo de suco de uma Estao Elevatria de Esgoto ................ 7
FIGURA 3.2 Corte esquemtico de reator com a visualizao dos pontos de acmulo de escuma .... 9
FIGURA 3.3 Problemas com a escuma na ETE Piarro Campinas SP .......................................... 10
FIGURA 3.4 Caixas de gordura cilndricas pr-moldadas produzidas segundo a NBR 8160/99 ......... 13
FIGURA 4.1 Limpeza de uma caixa de gordura .................................................................................. 23
FIGURA 4.2 Caminho utilizado na limpeza das caixas de gordura e no transporte do resduo ....... 24
FIGURA 4.3 Aparelho de Jar Test utilizado nos ensaios de bancada na Etapa 2 ................................ 25
FIGURA 4.4 Equipamento Flotatest desenvolvido por REALI (1991) utilizado nos ensaios da Etapa 2
............................................................................................................................................................... 26
FIGURA 4.5 - Foto do sistema de flotao utilizado, construdo por BORGES, 2009 ............................ 31
FIGURA 4.6 - Foto do sistema piloto: Vista geral ................................................................................. 32
FIGURA 4.7 - (a) tanque de equalizao (b) Bombas de alimentao da unidade de flotao (c)
Sistema de aplicao de produtos qumicos, (d) peneira, (e) detalhe da malha da peneira com furos
de 5 mm , (f) calha de coleta de material flotado, (g) sistema de saturao e recirculao, (h) sistema
de injeo de efluente saturado, (i) material flotado. .......................................................................... 35
FIGURA 4.8 Fluxograma simplificado do sistema piloto de pr-tratamento ..................................... 36
FIGURA 5.1 Caixa de gordura da lanchonete fast-food antes da limpeza ......................................... 39
FIGURA 5.2 Caixa de gordura da lanchonete fast-food durante a limpeza........................................ 39
FIGURA 5.3 Caixa de gordura da lanchonete fast food aps a limpeza ............................................. 39
FIGURA 5.4 Grficos estatsticos: caractersticas do resduo bruto das caixas de gordura ............... 44
FIGURA 5.5 Concentraes de OG nas amostras brutas e aps peneira ........................................... 45
FIGURA 5.6 Aspecto visual do resduo bruto contendo grnulos de gordura solidificada ................ 45
FIGURA 5.7 Material retido na peneira nos ensaios em bancada ...................................................... 46
FIGURA 5.8 Grfico da disperso dos resultados de anlise de pH nas amostras brutas .................. 46
FIGURA 5.9 Separao do material durante os ensaios de flotao com polmero catinico ........... 48
FIGURA 5.10 Eficincia na remoo e concentrao resdual de OG utilizando o cloreto frrico nos
ensaios de flotao com a amostra 11 .................................................................................................. 49
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FIGURA 5.11 Eficincia na remoo e concentrao residual de OG utilizando o PAC nos ensaios de
flotao com a amostra 11 .................................................................................................................... 49
FIGURA 5.12 Eficincia na remoo e concentrao residual de OG utilizando polmero catinico de
alta taxa nos ensaios de flotao com a amostra 11 ............................................................................ 50
FIGURA 5.13 Eficincia na remoo e concentrao residual de OG utilizando tanino nos ensaios de
flotao com a amostra 11 .................................................................................................................... 50
FIGURA 5.14 Eficincia na remoo e concentrao residual de OG utilizando cloreto frrico nos
ensaios de flotao com a amostra 13 .................................................................................................. 52
FIGURA 5.15 Eficincia na remoo e concentrao residual de OG utilizando PAC nos ensaios de
flotao com a amostra 13 .................................................................................................................... 52
FIGURA 5.16 Eficincia na remoo e concentrao residual de OG utilizando polmero catinico de
alta taxa em p nos ensaios de flotao com a amostra 13 ................................................................ 53
FIGURA 5.17 Eficincia na remoo e concentrao residual de OG utilizando o tanino nos ensaios
de flotao com a amostra 13 ............................................................................................................... 53
FIGURA 5.18 Concentraes residuais e eficincias na remoo de DQO- ........................................ 57
DQO inicial = 88000 mg/L ...................................................................................................................... 57
FIGURA 5.19 Concentraes residuais e eficincias na remoo de OG ............................................ 58
OG inicial = 16130mg/L ......................................................................................................................... 58
FIGURA 5.20 Concentraes residuais e eficincias na remoo de SST - SST inicial = 28720 mg/L . 58
FIGURA 5.21 Concentraes residuais e eficincias na remoo de ST - ST inicial = 29908 mg/L .... 59
FIGURA 5.22 Eficincias e concentraes residuais de OG, DQO, SST e ST, obtidas do ensaio com
variao da relao A/S ......................................................................................................................... 60
FIGURA 5.23 Gradeamento grosseiro do sistema piloto com resduos acumulados no ensaio ........ 63
FIGURA 5.24 Peneira do sistema piloto com resduos acumulados no ensaio .................................. 63
FIGURA 5.25 Material flotado - sistema de flotao piloto ................................................................ 63
FIGURA 5.26 Amostras de resduo bruto e de material flotado no ensaio em planta piloto ............. 64
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iii
LISTA DE TABELAS
TABELA 3.1 - Formas dos leos presentes no esgoto ............................................................................. 6
TABELA 3.2 - Manutenes devidas ao lanamento de efluentes de indstrias alimentcias
monitoradas de 2002 a 2004 .................................................................................................................. 7
TABELA 3.3 Dimenses de caixas de gordura .................................................................................... 12
TABELA 3.4 Parmetros de projeto para um sistema FAD para tratamento de gua residurias .... 20
TABELA 4.1 - Relao de parmetros analisados para caracterizao das amostras de resduos de
caixas de gordura .................................................................................................................................. 24
TABELA 4.2 Dimenses do Flotador ................................................................................................... 37
TABELA 4.3 Parmetros para caracterizao das amostras submetidas aos ensaios da Etapa 3. ..... 37
TABELA 5.1 Caracterizao das amostras de resduos de caixas de gordura - 1 a 5 ............................ 40
TABELA 5.2 Caracterizao das amostras de resduos de caixas de gordura - 6 a 10 .......................... 41
TABELA 5.3 Caracterizao das amostras de resduos de caixas de gordura - 11 a 15 ........................ 42
TABELA 5.4 Caracterizao das amostras de resduos de caixas de gordura - 16 a 18 ........................ 43
TABELA 5.5 - Eficincia com variao da velocidade de flotao. Psat = 6 kgf/cm2, ; Trec= 80%;
amostra de uma restaurante indstrial ................................................................................................ 47
TABELA 5.6 - Resultados referentes aos ensaios no Flotatest, com a amostra 11 coletada em um
lanchonete Fast-food. Caractersticas da amostra bruta aps peneira: pH = 4,4; DQO = 71300mg/L;
OG = 19424 mg/L; ST = 23762 mg/L; SST= 18320 mg/L; Vflot = 4m/h, Trec = 80%, Psat = 6 kgf/cm2 e
A/S=11/1000gar/gslido ....................................................................................................................... 48
TABELA 5.7. Resultados referentes aos ensaios no Flotatest, da amostra 13, coletada em uma
lanchonete Fast food . Caractersticas da amostra bruta aps peneira: pH = 4,4; DQO =44000mg/L;
OG =4505 mg/L; ST = 43840 mg/L; SST=29952 mg/L, Vflot = 4m/, Trec 80%, Psat = 6 kgf/cm2 e
A/S=6/1000gar/gslido ......................................................................................................................... 51
TABELA 5.8 Custos de aplicao de produtos qumicos. .................................................................... 54
TABELA 5.9 - Caractersticas das amostras e eficincias obtidas nos ensaios com a amostra 14,
coletada em uma lanchonete fast food - Vfl= 4cm/min, Trec=80%, Psat=6kgf/cm2 e pH= 4,3; A/S=
10/1000 gar/gslido .............................................................................................................................. 56
TABELA 5.10 Caractersticas das amostras e eficincias obtidas nos ensaios com a amostra 14,
coletada em uma lanchonete fast food - Vfl= 4cm/min, Trec=80%, Psat=6kgf/cm2 e pH= 6,0;
A/S=10/1000 gar/gslido ...................................................................................................................... 56
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TABELA 5.11 - Caractersticas das amostras e eficincias obtidas nos ensaios com a amostra 14,
coletada em uma lanchonete fast food - Vfl= 4cm/min, Trec=80%, Psat=6kgf/cm2 e pH=7,0;
A/S=10/1000 gar/gslido ...................................................................................................................... 56
TABELA 5.12 - Resultados e eficincias da Amostra 16 , coletada em uma lanchonete fast-food,
submetida a ensaios de flotao com variao A/S Parmetros fixados : Vfl= 4m/h, Dpoli=30mg/L,
Psat=6kgf/cm2 e pH= 4,6 ....................................................................................................................... 59
TABELA 5.13 - Taxas de recirculao utilizadas no ensaio de variao de A/S (gar/gSST) .................... 60
TABELA 5.14 - Caractersticas do Material Flotado da amostra 16 - Vfl= 4cm/min, Dpoli=30mg/L,
Psat=6kgf/cm2 e pH= 4,6 ....................................................................................................................... 61
TABELA 5.15 Eficincia do ensaio em sistema piloto ......................................................................... 62
TABELA 5. 16 Caractersticas dos materiais submetidos a procedimentos para extrao do leo ... 64
TABELA 5.17 Resultados da extrao do leo .................................................................................. 65
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v
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
OG leos e graxas
DBO Demanda bioqumica de oxignio
DQO Demanda qumica de oxignio
ST Slidos totais
STV Slidos totais volteis
STF Slidos totais fixos
SST Slidos suspensos totais
SSV Slidos suspensos volteis
SSF Slidos suspensos fixos
SDT Slidos dissolvidos totais
pH Potencial hidrogeninico
PAC Policloreto de alumnio
UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket
ABNT Associao Brasileira de Norma Tcnicas
NBR Norma Brasileira
SANASA Sociedade de Abastecimento de gua e Saneamento S/A
SNIS Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento
ETE Estao de Tratamento de Esgoto
MSH Materiais solveis em hexano
SES Sistema de esgotamento sanitrio
EPA Environment Protection Agency
SPES Sistema predial de esgoto sanitrio
WEF Water Environment Federation
FAD Flotao por ar dissolvido
ANP Agncia Nacional do Petrleo
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vii
LISTA DE SMBOLOS
A/S Relao ar/slido
V = Volume
DN Dimetro nominal
Dimetro
TAS Taxa de aplicao superficial
TCS Taxa de aplicao de slidos
Td Tempo de deteno hidrulico
Trec Taxa de recirculao
Car Concentrao de ar na recirculao pressurizada
Qrec Vazo de recirculao
Qafl Vazo afluente
Qar Vazo efetiva de ar fornecida ao sistema
Dar Densidade do ar
Vfl Velocidade de flotao
Sa - Solubilidade do ar
F Frao de ar dissolvido
Psat Presso de saturao
Dpoli Dosagem de polmero
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ix
Qualquer caminho apenas um caminho e no constitui insulto algum- para si mesmo ou para os outros abandon-lo quando assim ordena seu corao. Olhe cada caminho
com cuidado e ateno. Teste-o quantas vezes julgares
necessrio...Ento faa a si mesmo e apenas a si mesmo uma
pergunta: Possui este caminho um corao? Em caso
afirmativo, o caminho bom. Caso contrrio, esse caminho
no possui importncia alguma.
Carlos Castaeda
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xi
RESUMO
Gasperi, R. L. P. (2012). Caracterizao de resduos de caixas de gordura e avaliao da flotao como alternativa para o pr-tratamento. So Carlos, 2012. Dissertao (Mestrado) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo. Caixas de gordura so dispositivos para reteno de material gorduroso, de origem animal e vegetal, proveniente de pias de cozinha. Sua instalao exigida por muitos municpios para liberao de ligaes de esgoto, visando reduzir as concentraes de leos e graxas (OG) lanadas no sistema pblico de coleta e tratamento. Um fator primordial para que estas caixas cumpram suas funes o estabelecimento de rotinas de manuteno envolvendo inspeo e limpeza peridica. A instalao de locais para recebimento e pr-tratamento dos resduos retirados das caixas de gordura pode incentivar boas prticas de operao e manuteno destes dispositivos. Diante disso, os objetivos desta pesquisa contemplam a caracterizao de resduos acumulados em caixas de gordura e a avaliao da flotao como alternativa para o seu pr- tratamento, seguido de caracterizao do leo extrado da escuma produzida no flotador. Para tanto, materiais acumulados em caixas de gorduras de fontes distintas foram caracterizados, possibilitando observar grande variao em sua composio, e elevadas concentraes de DBO, DQO, SST e OG. Para verificar o desempenho da flotao visando reduo de OG no efluente pr-tratado, foram realizados ensaios em bancadas e testados quatro produtos qumicos coagulantes, sendo eles o PAC, o cloreto frrico, o tanino e o polmero catinico. Todos apresentaram eficincias elevadas na remoo de OG, porm o produto que apresentou mais vantagens na aplicao foi o polmero. Utilizando o polmero, foram realizados ensaios para verificao do desempenho de vrias dosagens associadas a trs pH de coagulao diferentes e o melhor desempenho se deu com a aplicao de 30 mg/L de polmero combinada ao pH 4,3, natural da amostra. Foram tambm realizados ensaios utilizando diferentes relaes A/S (7,5/1000, 15/1000 e 22/1000 gar/gslidos),obtendo-se melhores remoes de OG com a utilizao da relao 22/1000gar/gslidos, Os materiais flotados obtidos nos ensaios de avaliao da relao A/S foram caracterizados e apresentaram concentraes de ST entre 9,7 e 10,6% e de OG entre 6,1 e 6,7%. Baseado nos resultados obtidos a flotao mostra-se como alternativa com bom desempenho para o pr- tratamento dos resduos estudados. Para avaliar a dificuldade do manuseio dos resduos provenientes de caixas de gordura, uma planta piloto foi operada, e entre as principias dificuldades observadas esto o odor intenso, a necessidade de remoo de slidos grosseiros e de homogeneizao do resduo no tanque de equalizao. Visando reaproveitamento do resduo flotado, foi realizada a extrao do leo com solvente de uma amostra deste material (com teor de slidos de 8,86%), obtendo a recuperao de 30gleo/Lresiduo com acidez de 13,76 mg KOH/L. A elevada acidez indica a necessidade de purificao, se o objetivo for a produo de biodiesel.
Palavras chave: resduos de caixas de gordura, flotao de resduos com leos e graxas, caracterizao de resduos de caixas de gordura.
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xiii
ABSTRACT
Gasperi, R. L. P. (2012). Grease trap waste characterization and evaluation of flotation as an alternative for pre-treatment. So Carlos, 2012. M. Sc. Dissertation Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo.
Grease traps are devices that retain animal and vegetal fatty material from kitchen sinks.
Many municipalities demand its installation in order to connect house wastewater to the
public network, aiming to reduce fat, oil and grease concentration in the collecting and
treatment systems. The establishment of maintenance schedule involving inspection and
periodic cleaning is a key factor to the right functioning of the device. The existence of
appropriated sites to receive and pretreat grease trap wastes may stimulate good practices
on maintenance and operation of these devices. In this direction, the objectives of this
research are the characterization of grease trap wastes and the evaluation of flotation as an
alternative for its pretreatment, followed by characterization of the oil extracted from the
scum formed at flotator. Therefore, grease trap wastes from different sources were collected
and characterized. It could be observed a wide variation on its composition and high
concentrations of BOD, COD, TSS and FOG. Lab scale tests were performed to assess
flotation performance to reduce pretreated effluent FOG using four chemical coagulants:
PAC, ferric chloride, tannin and cationic polymer. All of them achieved high efficiency on
FOG removal, however the product that presented more advantages on application was
polymer. More tests were performed using several dosages of polymer associated to three
pH coagulation conditions. The combination that resulted in the best efficiency was 30 mg/L
of polymer combined to pH 4.3, samples natural pH. Different A/S ratios were also tested
(7.5/1000, 15/1000, 22/1000 gair/gsolids), the ratio 22/1000 gair/gsolids presented the best FOG
removal efficiencies. Floated material from A/S ratio tests were characterized and presented
TS concentrations between 9.7% and 10.6% and FOG was from 6.1% to 6.7%. Based on the
obtained results, flotation appears as a high performance alternative for the pretreatment of
studied wastes. A pilot plant was operated to evaluate problems related to grease trap waste
handling. The main problems were: bad odor, the need of screening and waste
homogenization in equalization tank. Aiming to reuse the floated waste, oil was extracted
from a sample (8.86% solid content) using solvent, achieving the recovery of 30goil/Lwaste with
13.76 mgKOH/L acidity. The high acidity points to the need of purification if biodiesel
production is intended.
Key words: grease trap waste, oils and greases waste flotation, grease trap waste
characterization .
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1
1. INTRODUO E JUSTIFICATIVA
Embora a implantao de sistemas de coleta e tratamento de esgoto ainda seja um
desafio para muitos municpios, o controle das caractersticas dos efluentes que so
lanados nestes sistemas no deve ser esquecido, pois muitas vezes podem ocasionar
problemas fsicos e operacionais, e ainda, inviabilizar o processo de tratamento em estaes
convencionais, dimensionadas para o recebimento de esgoto domstico.
Compostos comumente encontrados em despejos, inclusive nos domsticos, como
os leos e graxas, causam problemas operacionais comuns em redes coletoras, tais como
extravasamentos devidos obstruo e reduo da seo das tubulaes. Nas estaes
de tratamento de esgoto o recebimento de efluente com altas concentraes de leos e
graxas, alm de obstrues, aderncia em equipamentos e em paredes dos tanques de
processo, e da gerao de odores, quando no submetidos ao pr-tratamento, podem
interferir na formao de escumas e at mesmo na inibio de processos biolgicos. Em
reatores anaerbios, em especial os do tipo UASB, a formao de escumas interfere no
caminhamento do biogs proporcionando escape para a zona de decantao, podendo
alterar a qualidade do efluente tratado e tambm causar flotao da biomassa, de acordo
com PONTES (2009) e SOUSA (2006).
O Decreto 8468/76 alterado pelo Decreto 15452/80, do estado de So Paulo, que
regulamenta a Lei 997/76, estabelece, para o lanamento de leos e graxas na rede
coletora, a concentrao limite de 150mg/L, fato que exige o pr-tratamento dos efluentes
com concentraes maiores. De acordo com DELATORRE & MORITA (2007), efluentes
com concentraes de leos e graxas inferiores aos limites impostos pela legislao j
causam srios problemas no sistema de esgotamento, o que indica que estes valores
devem ser revistos e reduzidos.
As caixas de gordura so dispositivos que permitem a separao de parte do
material graxo presente no meio lquido, por meio de flotao natural, reduzindo a
concentrao de OG que atingem as redes coletoras, ou mesmo o sistema de tratamento
individual, quando no h ligao com o sistema pblico de esgoto, conforme GNIPPER
(2008). Diante disso, e para preservar o sistema de esgoto de problemas devidos aos
resduos gordurosos, muitas concessionrias, baseadas nas recomendaes da norma
tcnica ABNT NBR 8160/99, para o dimensionamento, construo e limpeza das caixas de
gordura, exigem de seus consumidores, para liberar uma interligao de esgoto, a
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2
instalao de caixas de gordura. O esgoto exclusivamente de pias de cozinha e/ou de outras
fontes de gordura, deve passar por estas antes do lanamento na rede coletora.
Apenas a exigncia da instalao de tais dispositivos no garante a eficcia desta
ao, pois como a limpeza e destinao final do material acumulado de responsabilidade
do gerador e como no h, na maioria dos municpios, programas estabelecidos pelas
operadoras dos sistemas de saneamento, que monitorem estas operaes, recebam estes
materiais e proporcionem seu pr-tratamento, a manuteno destas caixas quase sempre
feita de forma precria e geralmente ocorre apenas quando h obstrues e vazamentos.
Quando estas caixas funcionam saturadas transformam-se em caixas de passagem,
perdendo sua funo e consequentemente permitindo que o resduo alcance a rede coletora
de esgoto em concentraes mais elevadas.
Uma alternativa para destinao correta destes resduos a instalao de unidades
de pr-tratamento, operadas e gerenciadas pelas empresas de saneamento. Oferecendo
este servio para a comunidade, podem incentivar a limpeza das caixas na frequencia
necessria por proporcionarem uma forma de tratamento e locais para o recebimento,
evitando que estes resduos alcancem as redes coletoras, que sejam lanados
irregularmente em galerias ou corpos dgua, ou mesmo que sejam destinadas aos aterros
sanitrios sem qualquer tratamento.
Segundo WUST (2004), os resduos provenientes de caixas de gordura, com altas
concentraes de leos e graxas, apresentam lenta degradao microbiolgica e seu
depsito em aterros sanitrios constitui um problema ambiental.
No tratamento de efluentes gordurosos, para obter melhores resultados na
separao de leos e graxas, a adio de produtos qumicos como sulfato de alumnio e o
cloreto frrico, aliados ao processo de flotao, promovem a quebra das emulses lipdicas,
auxiliando na flotao da gordura (PONTES, 2009).
Baseado nestes fatos, com o objetivo de buscar subsdios para implantao de
sistemas de pr-tratamento para estes resduos, item importantssimo na implantao de um
programa de recebimento, nesta pesquisa os resduos de caixas de gordura instaladas no
municpio de Campinas - SP foram caracterizados e o processo de flotao associado a
processos fsico-qumicos foi avaliado em escala de bancada, como alternativa para o pr-
tratamento, verificando redues das concentraes de leo e graxas e do teor de slidos
no efluente tratado.
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3
Nesta pesquisa tambm foram realizados ensaios em uma instalao piloto apenas
para verificar as dificuldades operacionais no manuseio dos resduos estudados, alm de
verificar de forma preliminar o rendimento da extrao do leo contido no resduo flotado.
Esta pesquisa foi realizada em parceria com a SANASA Sociedade de
Abastecimento de gua e Saneamento S/A, empresa responsvel pelos servios de
saneamento no municpio de Campinas SP. Campinas conta com 24 Estaes de
Tratamento de Esgoto, que garantem capacidade instalada para o tratamento de
aproximadamente 80% do esgoto gerado no municpio, possuindo ainda obras previstas
para atingirem a capacidade instalada de 100%. O ndice da SANASA para tratamento de
esgoto est bem acima da mdia nacional, segundo levantamento do Sistema Nacional de
Informaes sobre Saneamento - SNIS (2010), que de 37,9% de tratamento dos esgotos
coletados. Reatores tipo UASB com ps-tratamento fazem parte da concepo adotada para
o tratamento da maior parte do esgoto coletado no municpio.
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4
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL O objetivo deste projeto caracterizar o resduo acumulado em caixas de gordura de
cozinhas e restaurantes instalados no municpio de Campinas SP, e avaliar o processo de
flotao como alternativa para o pr-tratamento destes resduos, visando reduo das
concentraes de leos e graxas nos efluentes destinados s Estaes de Tratamento de
Esgoto - ETE.
2.2. OBJETIVOS ESPECFICOS
Caracterizar o resduo de caixas de gordura, instaladas a jusante de pias de
cozinha onde alimentos so manipulados;
Verificar o desempenho da flotao associada a processos fsico-qumicos,
em ensaios de bancada, no pr-tratamento de resduos de caixas de gordura;
Avaliar, de forma expedita, as dificuldades no manuseio dos resduos de
caixas de gordura atravs da operao de uma planta de flotao piloto,
incluindo a caracterizao do resduo flotado e a verificao do rendimento da
extrao do leo nele contido.
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5
3. REVISO BIBLIOGRFICA
3.1. A OCORRNCIA DE LEOS E GRAXAS NO ESGOTO
3.1.1 DEFINIES
De acordo com JORDO & PESSOA (2005), a gordura um termo genrico que
normalmente usado para se referir matria graxa, aos leos e s substncias
semelhantes encontradas no esgoto. leos e graxas esto sempre presentes no esgoto
domstico, provenientes da preparao e do uso de alimentos (leos vegetais, manteiga,
carne, etc). Podem estar presentes tambm sob a forma de leos minerais derivados do
petrleo (querosene, leo lubrificante), e neste caso tm origem em postos de gasolina ou
indstrias.
leos e graxas podem ser definidos, segundo PIVELI & KATO (2006), como o
conjunto de substncias que um determinado solvente consegue extrair da amostra e que
no se volatiliza durante a evaporao do solvente a 100C. So chamados de substncias
solveis em n-hexano ou MSH - material solvel em hexano, os cidos graxos, gorduras
animais, sabes, graxas, leos vegetais, ceras, leos minerais, etc.
3.1.2. CARACTERSTICAS FSICAS E QUMICAS.
O leo e a gordura podem ser diferenciados num primeiro momento pela forma
fsica, sendo o leo lquido temperatura ambiente enquanto que a gordura uma
substncia slida, de acordo com METCALF & EDDY (1979). Tais substncias de origem
vegetal, animal ou microbiana, so insolveis em gua e solveis em solventes orgnicos.
Segundo LAGO1 et al., apud WUST 2004 os leos e gorduras so, quimicamente,
muito semelhantes, formados principalmente, por triglicerdeos ou triacilgliceris, resultantes
da combinao cidos graxos e glicerol. Pra ALLINGER2 apud SOUZA (2003) as gorduras
so slidas e os leos lquidos e podem ser definidos como steres de alto peso molecular,
que so formados por cidos graxos superiores e glicerol, os denominados glicerdeos.
A tabela 3.1 apresenta as formas em que estes compostos podem estar presentes
no esgoto.
1 LAGO, R. C. A. et. al. (1997). Tcnicas Cromatogrficas aplicadas anlise e identificao de leos e gorduras. Rio de Janeiro, Embrapa.
Trabalho no publicado.
2 ALLINGER, N. L. (1978). Qumica Orgnica, 2a edio, Rio de Janeiro, Editora Guanabara.
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6
TABELA 3.1 - Formas dos leos presentes no esgoto
Tipo Definio
leo livre leo presente na gua com pouco ou
nenhuma associao com gua. Separao
por gravidade.
Emulses fsicas leo disperso na gua na forma de gotculas
com 5 a 2 m. Formado na mistura atravs do
bombeamento, tubulaes e vlvulas.
Emulses qumicas leos dispersos na gua na forma de
gotculas < 5 m. Formada por detergentes,
fluidos alcalinos, agentes quelantes ou
protenas.
leo dissolvido leos solubilizados no lquido.
Slido molhado com leo leos que esto aderidos na superfcie de
slidos dos esgotos
Fonte: Water Environment Federation (WEF,2008) adaptado de Arizona Department Environmental Quality, 1996
3.2. PROBLEMAS OPERACIONAIS CAUSADOS POR LEOS E GRAXAS NOS
SISTEMAS DE ESGOTAMENTO SANITRIOS - SES
A presena de leos e graxas no esgoto pode causar vrios problemas operacionais
nos sistema de coleta e tratamento de esgoto, como mostra a figura 3.1 e 3.2. Segundo
WATER ENVIRONMENT FEDERATION (WEF,2008), os principais problemas incluem:
Bloqueio das redes de esgoto, causando extravasamentos;
Flotao de slidos nos poos de suco de estaes elevatrias de esgoto;
Ocorrncia de altas concentraes de escumas no decantador primrio, que
causam o arraste para outras etapas do processo de tratamento;
Aderncia em superfcies e equipamentos e instrumentos;
Dificuldades no manuseio e desaguamento do lodo;
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7
Reduo do desempenho dos processos biolgicos de tratamentos, podendo
inclusive ocasionar a violao dos limites autorizados para o lanamento do
efluente final tratado.
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FIGURA 3.1 - Gordura acumulada no poo de suco de uma Estao Elevatria de Esgoto
Dados apresentados por DELATORRE & MORITA (2007), no monitoramento de 4
empresas do ramo de alimentos, so apresentados na Tabela 3.2 mostrando o nmero de
intervenes causadas nas redes coletoras pelos efluentes lanados.
TABELA 3.2 - Manutenes devidas ao lanamento de efluentes de indstrias alimentcias monitoradas de 2002 a 2004
Empresa Concentrao de OG
no efluente (mg/L)
Concentrao de
Slidos
Sedimentveis
(mg/L)
Nmero de intervenes
realizadas por semestre
1 543 4,5 1 a 5
2 3500 7 4 a 11
3 210 905 2 a 13
4 25 5 4 a 14
Adaptado de DELATORRE & MORITA (2007)
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Segundo informaes apresentadas por EPA (2004)3 apud EPA (2007) gorduras
provenientes de restaurantes, residncias e indstrias so as causas mais comuns de
obstrues no sistema de coletas, sendo responsveis por 47% dos extravasamentos de
esgoto. Estes compostos se solidificam reduzindo a capacidade de transporte, bloqueando o
fluxo.
MOEN (2003)4 apud SOUZA (2006) relatou que os leos e graxas contidos no
afluente aos reatores, sendo insolveis, de difcil degradao e menos densos que a gua,
em situaes de mistura inadequada, acumulam nas camadas superficiais das unidades de
tratamento. Em sistemas de tratamento aerbio a escuma interfere na transferncia do
oxignio por criar uma camada sobre a biomassa, e em sistemas anaerbios, em especial
reatores de fluxo ascendente, tipo UASB, ocupa volume no reator, alm de interferir no fluxo
de biogs, proporcionando o seu escape para a zona de decantao gerando perturbaes
e arraste de slidos pelo efluente.
Segundo SANTOS (2003)5 apud SOUZA (2006), nos reatores so acumulados
3,00cm/ms, de sua altura til, com escuma, proveniente do esgoto domstico. Na figura
3.2, pode ser observado o corte esquemtico de um reator UASB, com detalhes dos pontos
de reteno de escuma.
A escuma endurecida, que fica acumulada nos separadores trifsicos, aprisiona o
biogs gerado no processo e ainda exerce uma grande presso nas camadas inferiores, fato
que j causou acidentes com o a toro e rompimento das campnulas de coleta, conforme
relatado por MIKI (2010). Este acidente ocorreu na ETE Lajeado de Botucatu - SP e na ETE
Piracicamirim em Piracicaba - SP. Problemas de mesmo tipo ocorreram na ETE Piarro,
em Campinas SP, como pode ser visto na figura 3.3.
Diante dos problemas operacionais expostos e na tentativa de reduzir o lanamento
de leos e graxas nas redes coletoras, assim como Campinas - SP, muitos municpios
exigem a instalao de caixas para acmulo de gorduras, nos ramais prediais jusante de
pias onde so manuseados alimentos.
3 ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA). Report to congresso on combined sewer overflows (CSOs)
and sanitary sewer overflows (SSOs), EPA 833-R-04-001, August 2004. 4 MOEN, G. Anaerobic digester foaming: causes and solutions. Water Environ Technol, V.15, n. 8, p. 70-73,
2003. 5 SANTOS, S.E. (2003). Avaliao do desempenho operacional de um sistema reator UASB Lagoa de
polimento, estudo de caso da ETE Juramento MG. Belo Horizonte. 133p. Dissertao (Mestrado) Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais.
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9
Nos postos de combustveis, oficinas mecnicas, entre outras atividades, potenciais
geradores de efluentes com concentraes de leos minerais, so tambm exigidas
implantao de dispositivos para reteno de tais leos, derivados do petrleo.
FIGURA 3.2 Corte esquemtico de reator com a visualizao dos pontos de acmulo de escuma
Fonte: Adaptado Souza (2006)
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(a) Escuma acumulada no separador
trifsico
(b) Tubulao de escape de biogs do defletor
obstruda pelo acmulo de escuma
(c) Detalhe do defletor do UASB rompido pelo
acmulo de escuma
(d) Limpeza da escuma acumulada no separador trifsico
do UASB atravs da tampa de inspeo
(e) Separador trifsico torcido pela presso causada pela reteno do biogs aprisionado pela camada de
escuma
FIGURA 3.3 Problemas com a escuma na ETE Piarro Campinas SP
Fonte: SANASA
rompimento
o
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11
3.3. CAIXAS DE GORDURA
3.3.1. DEFINIES E FUNES
A Norma 8160, ABNT (1999), traz a seguinte definio para caixas de gordura,
caixa destinada a reter, na sua parte superior as gorduras, graxas e leos contidos no
esgoto, formando camadas que devem ser removidas periodicamente, evitando que estes
componentes escoem livremente pela rede, obstruindo a mesma.
A caixa de gordura um sistema para o pr-tratamento de resduos provenientes de
pias de cozinha fazendo parte da instalao predial de esgoto. So responsveis pela
remoo de parte do material graxo presente nos referidos despejos. So dispositivos
simples e que acumulam resduos com altssimos teores de leos e graxas.
A ABNT (1999), apenas recomenda a instalao de caixas de gordura, quando os
efluentes forem gordurosos, porm Legislao do Estado de So Paulo, decreto 8468/76,
que aprova o regulamento da Lei 997/76, que dispes sobre a Preveno e o Controle da
Poluio do meio Ambiente, estabelece em seu artigo 19A, como parte das limitaes para
o descarte de efluente de qualquer fonte poluidora em rede coletora provida de tratamento,
os itens transcritos na sequencia.
IV - ausncia de leos e graxas visveis, e concentraes mximas de 150 mg/L de
substncias solveis em hexano.
VI- ausncia de despejos que causem ou possam causar obstrues das
canalizaes ou qualquer interferncia na operao do sistema de esgoto;
Para muitos estabelecimentos comerciais que manipulam alimentos como
restaurantes, padarias, supermercados, aougues, e ainda indstrias alimentcias a caixa de
gordura necessria para garantir o atendimento legislao. De acordo com dados
apresentados por DELATORRE, (2007), empreendimento do ramo alimentcio apresentam
efluentes com concentraes de MSH, acima dos limites impostos pela legislao. Quanto
aos efluentes domsticos mesmo com as faixa tpica de concentrao de leos e graxas
entre 50 e 100 mg/L, (PIVELI & KATO, 2006), muitos municpio entendem que necessria
a exigncia de dispositivos para reteno e acmulo de material graxo, e como exemplo
Campinas SP pode ser citada.
Ainda nos levantamentos de DELATORRE (2007), foi destacada a necessidade das
prestadoras dos servios de saneamento, antes de permitirem a ligao de esgoto,
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12
verificarem as condies da rede coletora, principalmente declividade e dimetro, visto que,
efluentes mesmo que contendo concentraes de OG dentro dos limites da lei, podem
causar obstrues nas tubulaes receptoras.
Em muitos pases constata-se a existncia de caixas de gordura, como exemplo
Estados Unidos, Austrlia, China, Tailndia com o objetivo de reter o material graxo gerado
em atividades alimentcias, objetivando a proteo do SES. Nestes pases os resduos so
reaproveitados, principalmente para fins energticos, PARNELL (2006), DELATORRE &
MORITA, (2007), HAMKINS, (2006) e STOLL & GUPTA, (1995).
3.3.2 DIMENSIONAMENTO
A Norma 8160 (ABNT, 1999), prescreve um critrio de dimensionamento de caixas
retentoras de gordura para sistemas prediais de esgoto sanitrio (SPES) com base no
nmero de cozinhas contribuintes para instalaes at 12 cozinhas e, para instalaes
acima desse limite, na quantidade de pessoas servidas pelas cozinhas no turno de maior
afluxo, figura 3.4. As dimenses e volume indicados pela normativa citada so citados na
Tabela 3.3.
TABELA 3.3 Dimenses de caixas de gordura
N de
cozinhas Formato
Dimenses
DN sada
(mm)
Tipo da
caixa
(m)
Comprimento
submerso do
septo
(m)
V
(L)
Pequena 1 Cilndrica 0,30 0,20 18 75
Simples 2 Cilndrica 0,40 0,20 31 75
Dupla At 12 Cilndrica 0,60 0,35 120 100
Especial Acima de 12 Prismtica - 0,40 2N+20 100
Fonte: Adaptado NBR 8160 (1999)
O princpio do funcionamento da caixa de gordura baseado na diferena de massa
especfica entre as gorduras e a gua, ou seja, por serem mais leves que a gua, a gordura
tende a acumular na superfcie. O efluente ao entrar na caixa no deve ter velocidade
elevada em direo sada, para que haja tempo necessrio para que a gordura flutue
sobre a gua.
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13
O volume em litros da caixa de gordura, para que seu correto funcionamento,
calculado conforme a Equao (1):
V = 20 + 2N (1)
Onde N o nmero de pessoas da residncia. No processo construtivo, a caixa de
gordura passa a ter dupla funo, porque ao mesmo tempo em que evita que a gordura v
para a rede coletora, veda o retorno dos gases. Ela subdividida internamente em duas
cmaras, a de entrada, com 2/3 do volume total da caixa, e a de sada, com 1/3 restante
(SOUZA, 2003). Detalhes de caixas confeccionadas segundo a ABNT (1999) so mostrados
na Figura 3.4.
FIGURA 3.4 Caixas de gordura cilndricas pr-moldadas produzidas segundo a NBR 8160/99
Fonte: GNIPPER (2008)
Medidas em mm Desenho sem escala
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14
3.3.3. CARACTERSTICAS DOS RESDUOS ACUMULADOS EM CAIXAS DE GORDURA
Os resduos de caixas de gordura apresentam concentraes elevadas de leos e
graxas e quase sempre esto presentes em sua composio, restos de alimentos, plsticos,
panos, utenslio domsticos, entre outros.
Os resduos na caixa de gordura se encontram emulsificados devido ao uso de
detergentes, que agem como tensoativos, formando uma pelcula protetora na superfcie
das gotculas de leo, e das prprias condies fsicas e qumicas existentes na caixa, tais
como reaes qumicas e biolgicas, temperatura, pH, que favorecem a emulsificao. A
desemulsificao alcanada por mtodos fsicos ou qumicos. Os mtodos fsicos
aumentam a freqncia de contato das gotculas dispersas, enquanto que os qumicos
afetam as propriedades interfaciais das camadas adsorvidas nas superfcies das gotculas e
aumentam a taxa de coalescncia dos dispersados. O uso de calor ou campo eltrico
classificado como mtodo fsico, enquanto que a utilizao de um desemulsificador cido ou
bsico constitui um mtodo qumico SOUZA (2003).
De acordo com dados levantados por WIMMER et al. (2010), a concentrao gordura
nos resduos de caixas de gordura em torno de 1,3% dos slidos totais. E ainda segundo
Hesseische Landesanstalt fr Umwelt (1992)6, apud STOLL & GUPTA (1995), a
concentrao de slidos secos de 16%, sendo que apenas 4% gordura.
3.3.4. MANUTENO DAS CAIXAS DE GORDURA
Segundo DELATORRE & MORITA (2007) a capacidade insuficiente ou falhas nas
limpezas, comprometem a eficincias dos dispositivos de reteno, implicando na passagem
direta de leos e graxas para rede coletora. A manuteno das caixas de gordura consiste
principalmente na limpeza, removendo o seu contedo evitando que os materiais graxos
atinjam as redes coletoras.
Segundo recomendaes da Sydney Water Corporation (2004)7 apud DELATORRE
& MORITA, (2007), a limpeza das caixas de gordura deve ocorrer antes que alguma das
seguintes condies ocorra:
- A espessura da camada superficial, composta de leos, graxas e material
flutuantes, seja maior ou igual a 10% da profundidade total da caixa;
6 HESSEISCHE LANDESANSTALT FUR UMWELT (1982). Konzept der Beseitigung von Fettabscheiderruck-
standen in Hessen. Wiesbaden, December, 1982. 7 SYDNEY WATER CORPORATION. Trade Waste Policy. Sydney, 2004. Disponvel em http://
www.sydneywater.com.au/Publications/ 2004.
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15
- A espessura da camada de slidos no fundo da caixa seja maior ou igual a 20% da
profundidade total da caixa;
- O fundo da caixa apresente uma camada de slidos maior que 400 mm;
- A somatria das espessuras das camadas superficiais e de fundo seja maior que
25% da profundidade da caixa.
Na Flrida, no municpio de Jacksonville, conforme PARNELL, (2006) a
concessionria responsvel pelo sistema de coleta de esgoto, exige limpezas caso o volume
til da unidade receptadora de gordura atinja 25% de sua capacidade ou a cada 90 dias, o
que ocorrer primeiro. Ao menos uma vez ao ano o esgotamento completo da caixa deve ser
realizado. As caixas de gordura so exigidas apenas para instalaes que servem mais de
18 refeies por dia, dispensando as demais. A limpeza das caixas feita atravs de
caminhes tipo limpa fossa que so providos de tanque para acmulo do resduo e bomba
para suco.
3.4. PR -TRATAMENTO DE EFLUENTES COM ALTOS TEORES DE LEOS E
GRAXAS
Os dispositivos para remoo de leos e graxas devem ter condies favorveis para
reter e remover os resduos, possuindo capacidade para acumulao suficiente para
suportar a quantidade acumulada de resduos entre as operaes de limpeza,
proporcionando condies de tranquilidade para permitir a flutuao do material, seus
dispositivos de entrada e sada devem permitir o perfeito escoamento do fluxo hidrulico,
alm de reterem o material gorduroso evitando seu arraste.
Como exemplos de pr-tratamento de resduos gordurosos, citados por JORDO &
PESSOA (2005), PIVELI & KATO (2006) e PONTES (2009): caixas de gordura; tanques
aerados por ar comprimido; separadores gravitacionais; eletrocoagulao; flotao;
tratamentos enzimticos e processos fsico-qumicos.
3.5. OPERAES PARA O PR-TRATAMENTO DE RESDUOS
PROVENIENTES DE CAIXAS DE GORDURAS
3.5.1. TRATAMENTO PRELIMINAR
O tratamento preliminar funciona como uma barreira, ele constitudo por
equipamentos e unidades como peneiras, trituradores, desarenadores, medidores de vazo,
-
16
removedores de leos e graxas, tanques de equalizao e removedores de odor. Segundo a
WEF- Water Environment Federation (1998), os equipamentos e unidades do tratamento
preliminar devem atender a quesitos bsicos tais como remover os slidos grosseiros para
proteo de equipamentos e tubulaes contra entupimentos e obstrues e melhorar o
desempenho das unidades subsequentes atenuando cargas, picos e de vazo ou ambos
(PRADO8 apud BORGES 2009).
A remoo de slidos grosseiros pode ser feita por meio de grades, peneiras
rotativas, estticas ou trituradores. O tamanho do material retido funo do espao livre
destinado passagem do efluente e a limpeza dos resduos pode ser manual ou
mecanizada (Von Sperling, 2005).
Os resduos de caixas de gorduras possuem caractersticas distintas do esgoto
bruto, devido sua origem, apresentam concentraes baixas de slidos fixos, no
necessitando de passagem por desarenadores.
3.5.2. FLOTAO
A flotao um processo de separao de partculas suspensas (slidas ou lquidas)
em meio lquido, atravs da utilizao de bolhas de gs, normalmente o ar. Quando estas
bolhas aderem superfcie das partculas, aumentam seu empuxo, provocando seu
direcionamento para a superfcie da fase lquida, de onde, ao atingirem concentraes
adequadas so devidamente coletadas (REALI, 1991).
Existem vrias modalidades de flotao e o que as diferencia o mtodo em que as
bolhas de gs so produzidas, (ZABEL9 apud BORGES, 2009), so elas:
Flotao por ar disperso: as bolhas, geralmente grandes, so geradas por turbinas
e rotores atravs da disperso, aerao e agitao da suspenso (dimetro superior a 1
mm);
Flotao eletroltica: atravs da passagem de corrente contnua entre dois eletrodos
localizados na cmara de flotao provocando a eletrlise da gua, bolhas de hidrognio e
8 PRADO, M. (2006). Concepo e Estudo de uma Unidade Compacta Para Tratamento Preliminar de Esgoto Sanitrio
Composta por Separador Hidrodinmico por Vrtice e Grade Fina De Fluxo Tangencial. 268p. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos, 2006.
9 ZABEL, T. (1984). Flotation in water treatment. In: IVES, K.J. ED. THE SCIENTIFIC BASIS OF FLOTATION. Proceedings of the
NATO Advanced Science Institute on the Scientific Basis of Flotation, Cambridge, England, Jul, Martinus Nijhoff Publishers, The Hague, p.349-77.
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17
oxignio so geradas. As bolhas geradas possuem dimetros menores do que os obtidos
com a flotao por ar disperso ou por ar dissolvido;
Flotao por ar dissolvido: as bolhas so geradas pela despressurizao de um
lquido supersaturado com ar. O ar precipitado na forma de pequenas bolhas, geralmente
com dimetro menor que 100 m, e com pouca agitao do lquido.
O tamanho das bolhas essencial para o bom desempenho da flotao, sendo o
tamanho do desejado entre 10 e 100 m. Recentemente dispositivos especiais como
bombas multifsicas esto sendo utilizadas para gerao de microbolhas, caracterizando a
flotao por microbolhas. Estes dispositivos esto sendo utilizados em substituio s
cmaras de saturao apresentando muitas vantagens.
As vantagens das bombas multifsicas em relao s bombas tradicionais
associadas a compressores de ar e cmara de saturao so: (i) alta eficincia, fornecendo
uma grande massa de ar por unidade de volume por recirculao; (ii) eliminao da
necessidade do uso de cmaras de saturao; (iii) suprimento do ar pode ser mediante
compressores de baixa presso ou a partir do prprio ar atmosfrico (no necessita de
compressores). Em contrapartida, as desvantagens so: (i) podem resultar bolhas com
dimenses maiores causado pelo possvel excesso de ar fornecido; (ii) maior requerimento
de potncia devido s altas presses de operao; (iii) pode reduzir a efetividade da bomba
com o tempo, devido ao possvel desgaste causado por partculas slidas (ROSS, SMITH e
VALENTINE10 apud BORGES ,2009, p. 43)
Com o objetivo de avaliar o desempenho de uma bomba (DAF 40 Shin Shin Pump
Inc. Korea) na gerao de microbolhas de ar, LEE et al. (2007), realizaram estudo em uma
unidade flotao por ar dissolvido - FAD com capacidade de 150 m3h-1, aplicada
clarificao de gua para abastecimento. Utilizando presso de 5,1 kgf/cm, vazo de
recirculao entre 20 e 40% e obtiveram eficincia de remoo de turbidez da ordem de
80%.Os autores ainda concluram que: (i) em condies de operao otimizadas, a relao
ar/gua deve ser de 8% a 10%, a taxa de recirculao de 30% para uma presso de 5,1
atm; (ii) a perda de gs na bomba, devido ao menor tempo de contato entre a gua e ar,
menor que a cmara de saturao; (iii) 97% das bolhas medidas eram menores que 70 m ;
(iv) a bomba apresenta controles simplificados, dispensando o uso de compressor de ar e
cmara de saturao.
10
ROSS, C. C.; SMITH, B. M.; VALENTINE, G. E. (2000). Rethinking Dissolved Air Flotation (DAF) Design for Industrial Pretreatment. In: WATER ENVIRONMENT FEDERATION AND PURDUE UNIVERSITY INDUSTRIAL WASTES TECHNICAL CONFERENCE, St. Louis, Missouri.
-
18
Utilizando uma bomba multifsica em um sistema de FAD, PIOLTINE (2009), obteve
os melhores resultados na operao de uma unidade piloto tratando efluente de uma
indstria txtil, quando associou a taxa de recirculao de 30% ao fornecimento de ar de
13%. A relao A/S utilizada ficou em torno de 0,015 gar/gslido, e a taxa de aplicao
superficial variou na faixa de (129 10) m.d-1.
Os principais parmetros para projetos de sistemas de flotao so: TAS - taxa de
aplicao superficial, TCS - taxa de aplicao de slidos; A/S relao entre a massa de ar
fornecido para a flotao e fluxo de slido suspensos totais, Td Tempo de deteno
hidrulica, Trec taxa de recirculao, dentre outros.
A eficincia de um sistema de flotao por ar dissolvido, depende da razo entre a
massa de ar e a massa de partculas em suspenso (relao A/S). Num sistema de flotao
com microbolhas, a relao ar-slidos (A/S) TOTAL fornecida ao sistema de flotao
diferente da relao ar-slidos (A/S) TERICO, calculada pela lei de Henry. Pois o A no
sistema de microbolhas a concentrao mssica total efetivamente fornecida ao processo,
envolvendo as fraes de ar dissolvido e no dissolvido. Enquanto o A, pela Lei de Henry,
a concentrao mssica terica de ar capaz de ser dissolvido na gua para uma
determinada presso e temperatura (PIOLTINI, 2009).
Assim:
AFL
REC
ARQSST
QC
S
A
(2)
A/S: relao ar-slidos (mgAR/ mgslidos)
CAR: concentrao de ar na recirculao pressurizada (mgAR/Lefl)
QREC: vazo de recirculao (m3/h)
QAFL: vazo afluente (m3/h)
SST: slidos suspensos totais (mg/L)
-
19
Onde a concentrao de ar na recirculao pressurizada, com a utilizao da bomba
multifsica foi calculada a partir da equao (2) utilizada por PIOLTINE, 2009.
1000 ARREC
ARAR d
Q
QC
(3)
CAR: concentrao total (dissolvido ou no) de ar efetivamente presente na
recirculao (mgAR/Lefl)
QAR: vazo efetiva de ar fornecida ao sistema (L/h), igual diferena entre a vazo
de ar injetada na suco da bomba multifsica e a vazo de ar expulsa pela ventosa da
cmara seletiva de bolhas.
QREC: vazo de recirculao (L/h)
dAR: densidade do ar (igual a 1,17g/L para T = 25oC)
No tratamento de efluentes gordurosos, para obter melhores resultados na
separao de leos e graxas, a adio de produtos qumicos coagulantes, aliados ao
processo de flotao, promove a quebra das emulses lipdicas, auxiliando na flotao da
gordura (PONTES, 2009).
BENSADOK et al, 2006, estudou a combinao de processos qumicos com a
flotao por ar dissolvido para o tratamento de efluentes emulsionados. O mtodo consiste
na desestabilizao do estado coloidal da emulso, reduzindo a resultante das foras
existentes entre as partculas e o meio de disperso. Ele concluiu que quando a flotao por
ar dissolvido associada, ocorre melhora na separao, e reduo no tempo necessrio
para a separao. Atravs de ensaios em Jar-test, comparou o desempenho do Al2(SO4)3 e
CaCl2 e verificou que para emulses com concentraes de leos e graxas em torno de 6%
o primeiro produto apresentou melhores resultados enquanto que para concentraes entre
2 e 4% as redues de OG mais significativas ocorreram com a utilizao do segundo
produto. Para a flotao o melhor desempenho ocorreu para taxas A/S de 37/1000
gar/gemulso. A Tabela 3.4 apresenta os valores usuais para projetos de sistemas de flotao
por dissolvido.
-
20
TABELA 3.4 Parmetros de projeto para um sistema FAD para tratamento de gua residurias
Parmetro Faixa de variao
Presso (kPa) 2001,2 a 4803
Razo de recirculao (%) 154 a 3001
Relao ar-slido (kg ar/kg SS) 0,0053 a 0,1001
Taxa de escoamento superficial (m3/m2.h) 0,484 a 9,761
Carga de slidos (kg/m2.h) 2,03 a 24,41
Tempo de deteno no flotador (min) 301,2
Eficincia na remoo de slido (%) 703 a 98,61
Fonte: 1 DICK (1972)
11;
2 RAMALHO (1977)
12;
3 EPA (1975)
13;
4 METCALF & EDDY (1991)
14APUD PROSAB (2001)
3.6. REAPROVEITAMENTO DO RESDUO Estudos realizados por WUST(2008), mostraram a viabilidade da produo de
biodiesel a partir de resduos gordurosos. Gonalves (2009), prope, baseado em estudos
realizados por Arajo (2007)15, que o ndice de acidez de leos residuais, objetivando a
produo de biodiesel, apresente valores mximos de 1mgKOH/g para atendimento aos
limites da Agncia Nacional do Petrleo ANP, que de 0,5 mgKOH/g, pois 90% da acidez
removida nos processos de transesterificao e purificao com steres, processo aos
quais o leo residual ser submetido para a seu reaproveitamento como biodiesel.
3.7. DIGESTO CONJUNTA DE RESDUOS GORDUROSOS COM LODO DE
ESGOTO
A digesto de resduos provenientes de caixas gordura juntamente com lodo de
esgoto em digestores anaerbios foi realizada com sucesso tanto em ensaios em bancada
como em testes em escala piloto por DAVIDSSON, et al, 2007. Eles observaram o aumento
na produo do metano quando misturas do lodo contendo de 10-30% de resduo de caixas
de gordura, foram submetidas a digesto anaerbia, sem que houvesse o aumento da
produo de lodo. A produo de metano no foi estvel quando foi estudada apenas a
degradao simples do resduo, sem a mistura com o lodo.
11
DICK, R. I. Sludge treatment In: WEBER, W.J. Physicochemical Process for Water Quality Control, New York, John Wiley, 1972. Cap. 12, p. 533-596.
12 RAMALHO, R. S. Introduction to Wastewater Treatment Process. New York, Academic Press, 1977. 409p.
13 EPA ENVIRONMENTAL AGENCY PROTECTION Process Design Manual for Suspended Solids Removal,
USEPA Technology Transfer, 1975. 14
METCALF & EDDY. Wastewater Engineering: Treatment, Disposal, Reuse. 3. Ed. New York, Mc Graw Hill, 1991. 1334p.
15 ARAJO, J. M. A. (2008). Qumica de alimentos: teoria e prtica. 4. ed. Viosa, MG, Editora Viosa.
-
21
Segundo BORGES, 2009, em estudos com lodo contendo altos teores de leos e
graxas a digesto aerbia apresentou elevada degradao de leos e graxas e remoo de
DQO, alcanando bons resultados, desde que seja aplicado inculo. Para perodo de
aerao de 19 dias a remoo de DQO e leos e graxas alcanou ndices de 88,3% e 90%,
respectivamente. Quando o inculo no foi adicionado, os resultados no foram
satisfatrios.
-
22
4. MATERIAIS E MTODOS
Os estudos consistem em caracterizar os resduos provenientes de caixas de
gorduras e atravs de ensaios de flotao, encontrar condies operacionais, produtos
qumicos e dosagens que proporcionem melhores eficincias, visando o pr-tratamento
destes resduos de forma que as concentraes de substncias solveis em hexano sejam
reduzidas na fase lquida.
4.1. ETAPA 1 CARACTERIZAO DE RESDUOS DE CAIXAS DE GORDURA
Com o objetivo de caracterizar os resduos gerados em diferentes fontes geradoras,
foram coletados materiais acumulados em caixas de gordura da cidade de Campinas SP,
com origens distintas, especificadas a seguir:
- 2 restaurantes industriais;
- 1 fast food, com refeies baseadas em sanduches e batatas fritas;
- 1 hotel com restaurantes de vrias especialidades
- 2 condomnios residenciais.
Todas as caixas de gordura, que foram limpas para a caracterizao dos resduos,
tinham volumes de acmulo superiores a 200L e estavam instaladas em locais que
possibilitaram a limpeza atravs de caminhes tipo limpa fossa.
Os resduos foram recolhidos sempre entre as 8:00 e 9:00h da manh, durante a
limpeza completa de caixas de gordura feitas atravs de caminhes tanque, tipo limpa
fossa, providos de bomba de suco conforme pode ser observado na figura 4.1. Aps o
procedimento de limpeza, o material de cada gerador, separadamente, foi transportado e
descarregado em uma estao de tratamento de esgoto operada pela SANASA. As
amostras em volume suficiente para as anlises e para os ensaios foram coletadas durante
a descarga do material em trs alquotas, a primeira coletada no incio das descargas, a
segunda aproximadamente no meio e a ltima no final do descarte, este procedimento foi
adotado com o objetivo de obter uma amostra mais representativa de todo contedo do
caminho.
-
23
Os caminhes utilizados nas coletas tiveram seus tanques previamente limpos antes
do recolhimento do material em estudo, para evitar a alterao das amostras. Um caminho
similar ao utilizado na limpeza das caixas pode ser visto na figura4.2.
As amostras foram caracterizadas tambm, aps passarem por peneira. Para os
ensaios em bancada foi necessria uma peneira com malha de 2 mm de abertura, utilizada
com o objetivo de preservar o flotatest de obstrues.
FIGURA 4.1 Limpeza de uma caixa de gordura
-
24
FIGURA 4.2 Caminho utilizado na limpeza das caixas de gordura e no transporte do resduo
Para caracterizao das amostras, as anlises foram realizadas pelo Laboratrio de
guas Residurias da SANASA, seguindo procedimentos e mtodo de anlise baseados no
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 2005. Os parmetros
analisados nos resduos brutos, e aps peneira constam na tabela 4.1.
TABELA 4.1 - Relao de parmetros analisados para caracterizao das amostras de resduos de caixas de gordura
Variveis Unidade Mtodo Nmero do
Mtodo Referncia
pH Potenciomtrico 4500 H+ APHA, 2005
Temperatura C 2550 B APHA, 2005
DBO mg/L Eletromtrico 5210 B APHA, 2005
DQO mg/L Colorimtrico por refluxo
fechado 5220 D. APHA, 2005
Slidos Totais mg/L Gravimtrico 2540 B APHA, 2005
Slidos Suspensos mg/L Gravimtrico 2540 D. APHA, 2005
Slidos Fixos e
Volteis mg/L Gravimtrico 2540 E. APHA, 2005
leos e Graxas mg/L Gravimtrico 5520 D. APHA, 2005
-
25
4.2. ETAPA 2 AVALIAO DA EFICINCIA DA FLOTAO NO PR-
TRATAMENTO DOS RESDUOS DE CAIXAS DE GORDURA
Para avaliao da flotao como alternativa para o pr-tratamento dos resduos
estudados nesta etapa foram realizados ensaios em bancada, divididos em quatro fases, em
que foram verificadas as eficincias da flotao sob as seguintes condies:
Fase 1 Flotao submetida a 2 velocidades de flotao;
Fase 2 Flotao associada a 4 diferentes produtos qumicos utilizados como
agentes de coagulao;
Fase 3 Flotao variando o pH da amostra bruta e a dosagem do agente
coagulante que proporcionou melhor desempenho na fase 2;
Fase 4 Com a variao da relao A/S (g ar/ g slidos).
4.2.1. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA ETAPA 2
Para a avaliao da flotao, como alternativa para o pr-tratamento dos resduos,
foram realizados ensaios em bancada utilizando equipamento de Jar-test, para mistura
rpida, e um Flotatest, desenvolvido por REALI (1991), para os ensaios de flotao. Nas
figuras 4.3 e 4.4 so mostrados os equipamentos utilizados nos ensaios desta etapa.
FIGURA 4.3 Aparelho de Jar Test utilizado nos ensaios de bancada na Etapa 2
O aparelho de Jar Test utilizado, possua 6 jarros e era equipado com hastes para
mistura com controle digital de rotao x gradiente. Cada jarro possua 2L de capacidade.
-
26
FIGURA 4.4 Equipamento Flotatest desenvolvido por REALI (1991) utilizado nos ensaios da Etapa 2
O Flotatest era composto por 4 colunas com 2 litros de capacidade cada, providas
de misturadores com hastes removveis, controle de rotao e uma cmara de saturao de
ar que atingia at 8 Bar. A alimentao desta cmara com ar foi feita a partir de um
compressor.
O tempo e gradiente de floculao foram considerados em todos os ensaios desta
fase, como a transferncia do material do jarro do Jar-test para as colunas de flotao,
simulando a pior situao, que seria a aplicao de produtos qumicos em linha, montante
de um misturador esttico, antes da entrada do sistema de flotao.
4.2.2. ETAPA 2 FASE 1 - AVALIAO DA VELOCIDADE DE FLOTAO (VFL) Verificar o desempenho do ensaio da flotao para duas velocidades de flotao
distintas.
4.2.2.1. Parmetros operacionais dos ensaios da Fase 1
Velocidades de flotao avaliadas:
Vflot (1) = 4 m/h
Vflot (2) = 6 m/h
-
27
Parmetros utilizados:
- Gradiente de mistura rpida: 1000s-1
- Tempo de mistura rpida:10s
- Presso de saturao: 6 kgf/cm2
- Taxa de recirculao: 80%
- Produto qumico: no foi utilizado
A velocidade de flotao adotada para as prximas fases desta etapa, foi a que
proporcionou efluente com maior reduo das substncias solveis em hexano.
Parmetros analticos monitorados nesta fase: ST e OG.
4.2.3. ETAPA 2 FASE 2 - VARIAO DE PRODUTOS QUMICOS Os ensaios desta etapa visam avaliar o desempenho de 4 produtos qumicos com a
variao das dosagens aplicadas.
4.2.3.1. Parmetros operacionais utilizados Fase 2
- Gradiente de mistura rpida: 1000s-1
- Tempo de mistura rpida:10s
- Presso de saturao: 6 kgf/cm2
- Taxa de recirculao: 80%
- Velocidade de flotao: 4m/h
4.2.3.2. Produtos qumicos
Foram avaliados nesta fase o desempenho dos seguintes produtos qumicos e
dosagens:
- Cloreto Frrico Lquido Teor de FeCl3 - 38,5%
Fornecedor: Indstrias Qumicas Cataguases Ltda.
Dosagem 1: 80 mg/L
Dosagem 2: 120 mg/L
Dosagem 3: 160 mg/L
-
28
- PAC- Cloreto do Polialumnio Lquido Teor de Al2O3 10,24%
Fornecedor: Nheel Qumica Ltda.
Dosagem 1: 80 mg/L
Dosagem 2: 120 mg/L
Dosagem 3: 160 mg/L
- Polmero Catinico em p Tipo: Superfloc 8396
Marca: Kemira.
Dosagem 1: 8 mg/L
Dosagem 2: 12 mg/L
Dosagem 3: 16 mg/L
- Tanino Lquido Tipo: Tanfloc SG
Fornecedor: Tanac S.A.
Dosagem 1: 80 mg/L
Dosagem 2: 120 mg/L
Dosagem 3: 160 mg/L
O melhor resultado foi considerado baseado nos seguintes critrios:
- menores residuais de substncias solveis em hexano;
- menores custos de aplicao, em funo dos valores contratados pela SANASA em
maro de 2012.
De posse dos resultados desta etapa foi possvel determinar o produto a ser utilizado
nas demais fases desta etapa.
Parmetros analticos monitorados nesta fase: pH, DQO, ST, SST e OG.
4.2.4. ETAPA 2 FASE 3 - ENSAIOS COM VARIAO DE PH E DOSAGENS DO AGENTE
COAGULANTE
Para avaliar a eficincia na remoo de OG no processo de flotao, variando o pH
de coagulao x dosagem do produto que foi considerado o mais vantajoso na fase 2 desta
etapa, nesta fase foram . realizados ensaios em bancada associando 3 valores de pH a 6
dosagens distintas do agente coagulante. A variao do pH foi proporcionada pela aplicao
de Hidrxido de Sdio (soluo comercial).
-
29
Nos ensaios desta fase foram testados:
pH : 4,3 ( natural da amostra); 6,0 e 7,0;
Dosagens do agente coagulante - polmero catinico e p (mg/L): 0; 5; 10; 15; 20; 25
e 30.
Parmetros analticos monitorados na fase lquida desta fase: pH, DQO, ST, SST e
OG.
4.2.4.1 Parmetros operacionais dos ensaios da Fase 3
Parmetros fixos utilizados nesta fase:
- Gradiente de mistura rpida: 1000s-1
- Tempo de mistura rpida:10s
- Presso de saturao: 6 kgf/cm2
- Taxa de recirculao: 80%
- Produto qumico: obtido na fase 2
- Velocidade de Flotao: obtida na fase 1
4.2.5. ETAPA 2 FASE 4 - VARIAO DAS TAXAS DE A/S (RELAO AR/SLIDOS) Utilizando o melhor par pH x dosagem obtido na etapa anterior, os ensaios foram
realizados nesta etapa variando a taxa A/S, consequentemente a vazo de recirculao.
Foram testadas as seguintes relaes:
A/S (1) = 7,5/1000 kg ar/ kg SST
A/S (2) = 15/1000 kg ar/ kg SST
A/S (3) = 22/1000 kg ar/kg SST
A taxa de recirculao (R/Q) foi calculada atravs da frmula:
QaflSs
QrecPfSar
S
A
)1(3.1 (4)
-
30
Em que:
A/S: razo ar/slidos (kg ar/ kg slidos suspensos);
Sa: solubilidade do ar na temperatura do efluente (igual a 18,7 mL ar /L gua para T =
20C)
f: frao de ar dissolvido presso P, fator de eficincia da cmara de saturao
(igual a 1 para cmara do flotatest);
P: presso de operao (absoluta) (atm);
SS: slidos suspensos no afluente (mg.L-1);
Qrec: vazo de recirculao da gua saturada (m3.dia-1);
Qafl: vazo do lquido afluente (m3.dia-1);
Parmetros analticos monitorados no efluente desta fase: pH, DQO, ST, SST e OG.
Parmetros analticos monitorados no material flotado: ST e OG
4.2.5.1. Parmetros operacionais utilizados nos ensaios da Fase 4
Parmetros fixos utilizados nesta etapa:
- Gradiente de mistura rpida: 1000s-1
- Tempo de mistura rpida:10s
- Presso de saturao: 6 kgf/cm2
- Produto qumico: obtido na fase 2
- Velocidade de Flotao: obtida na etapa 1
- Dosagem x pH: obtido na etapa 3
4.3. ETAPA 3 - OPERAO DA PLANTA PILOTO
Com o objetivo avaliar a dificuldade no manuseio do material em estudo, uma
unidade piloto de flotao, construda por BORGES (2009), foi utilizada, figura 4.5.
A dosagem e o produto utilizados nesta etapa foram os que obtiveram os melhores
resultados na etapa 2. Os parmetros operacionais foram definidos em funo das
caractersticas dos equipamentos existentes na planta piloto existente.
-
31
FIGURA 4.5 - Foto do sistema de flotao utilizado, construdo por BORGES, 2009
4.3.1. SISTEMA PILOTO PARA PR-TRATAMENTO DE RESDUOS DE CAIXAS DE GORDURA
A unidade de pr-tratamento piloto, mostrada nas figuras 4.6 e 4.7, foi instalada para
promover a flotao de slidos suspensos, leos e graxas, e a remoo de materiais
sedimentveis. Assim ela foi concebida com uma zona para sedimentao e uma zona de
flotao.
O sistema piloto foi montado contemplando as seguintes unidades:
Caixa de chegada com cesto para gradeamento preliminar, confeccionado com
malha de 12 mm, tanque de equalizao, bombas de alimentao providas de inversores de
frequncia, sistema de aplicao e dosagem de produtos qumicos em linha, misturador
esttico, peneira fina com abertura de 5 mm, tanque de flotao composto por zona de
sedimentao e zona de flotao, medidores de vazo, bomba multifsica para gerao de
microbolhas e recirculao da emulso gua/ ar e manmetros. Os detalhes da instalao
completa podem ser vistos na figura 4.7.
-
32
FIGURA 4.6 - Foto do sistema piloto: Vista geral
4.3.2. DESCRIO DO FUNCIONAMENTO DA UNIDADE PILOTO
O material que chegou de caminho foi descarregado em um cesto confeccionado
em tela metlica, com malha 12 mm. O cesto foi instalado para reter material grosseiro, e
sua limpeza foi feita manualmente.
Do cesto de resduo o efluente seguiu para um tanque de equalizao com
capacidade para armazenamento de 15 m. Na lateral deste tanque foram instalados pontos
para coletas de amostras ao longo da altura. O controle do nvel era feito atravs de uma
mangueira transparente colocada na lateral do tanque.
Para transferncia do material equalizado at a entrada do sistema de flotao foram
instaladas duas bombas centrfugas providas de inversores de frequncia permitindo a
variao da vazo. As mesmas bombas, atravs de manobras de vlvulas instaladas na
linha de recalque, possibilitavam a retorno do resduo para o tanque de equalizao,
proporcionando a homogeneizao do material, antes do acionamento do sistema de
flotao, que funcionou por batelada.
O retorno do resduo ao tanque de equalizao com objetivo de homogeneizao foi
acionado 1,0 hora antes do incio do ensaio, sendo mantido at sua finalizao.com o
mesmo propsito.
Peneira
Cmara de
flotao
Zona de sedimentao Qumicos
Tan