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RENASCIMENTO E CIÊNCIA MODERNA

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Page 1: RENASCIMENTO E CIÊNCIA MODERNA. 1. O renascimento - Precursor do Nascimento da Ciência Moderna. Da mesma forma como a Idade Média foi por muitos considerada

RENASCIMENTO

E CIÊNCIA MODERNA

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1. O renascimento - Precursor do Nascimento da Ciência Moderna.

• Da mesma forma como a Idade Média foi por muitos considerada a idade das trevas, o Renascimento foi visto como uma reedição da antiguidade.

• Embora seus representantes tenham se inspirado nas obras antigas, seus esforços resultaram em projetos e realizações originais - seu ideal foi retornar ao antigo, para poder ultrapassá-lo.

• O renascentista foi um homem do seu tempo: possuindo o sentido da história, sabia que o mundo antigo era diferente do seu e que, pretendendo reviver a antiguidade, procurava viver uma vida diversa da Idade Média.

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• Esse movimento filosófico e literário, iniciado na Itália, na segunda metade do século XIV e, depois, difundido no resto da Europa, tem no humanismo sua característica principal.

• O aspecto primordial do Humanismo renascentista é a liberdade do homem, que o faz capaz de estabelecer e desenvolver seu projeto de vida.

• Ao contrário do conceito medieval de homem, inteiramente submetido à Igreja e ao Sacro Império Romano-Germânico, o Humanismo o vê livre, em relação à natureza e à sociedade.

• Restaurou a dignidade humana, pela admissão da liberdade e capacidade de interagir com o mundo.

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• O termo humanismo originou-se do latim humanitas, definida por Cícero como a cultura que distingue o homem civilizado da natureza e da barbárie.

• Assim, o retorno aos clássicos antigos, desenvolvendo a cultura, deveria permitir à humanidade a conquista de uma natureza humana mais de acordo com o ideal clássico greco-romano. 

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• O Humanismo e o Renascimento são apenas dois momentos do mesmo movimento, tendo, portanto, os mesmos fundamentos:

• 1) afirmação do valor e da dignidade da natureza humana;

• 2) livre investigação da natureza física, sem sujeição à autoridade de Aristóteles e à autoridade religiosa, em campos fora de sua alçada. 

• Esses dois fundamentos são o naturalismo do Humanismo - que tem como objeto a natureza humana e o naturalismo do Renascentismo que tem como objeto a natureza física.

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• A fé inabalável na natureza humana fez com que os renascentistas acreditassem que a inteligência e a liberdade do homem são ilimitadas e que a ele, sendo livre, para agir bem, basta seguir as leis da sua natureza.

• Leon Battista Alberti (1404-1472) ilustra muito bem essas idéias, quando diz ser o homem o artífice de seu próprio destino.

• Esse homem ideal, que procura realizar-se, reedita a idéia platônica de homem.

• Trata-se, sem dúvida, de um otimismo utópico, mas que propiciou grande progresso e fundamentou o surgimento da cultura moderna.

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• Acreditando que o mundo natural é o domínio do homem, o movimento renascentista apregoou um naturalismo, que, ao lado da afirmativa do valor intelectual do homem e da sua liberdade, acentuou, também, o valor do corpo humano e seus prazeres.

• Em contraste com o ascetismo medieval, a ética volta às idéias epicuristas antigas - o bem é o prazer e a virtude é uma organização de prazeres.

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• Na mesma época, procurou-se fundamentar o Estado em princípios universais, comuns à toda humanidade e não decorrentes de princípios religiosos: é o jusnaturalismo que organiza politicamente o Estado, a partir de princípios do direito natural ( imutável e eterno), que são a base do direito positivo (mutável conforme as circunstâncias históricas).

• O Estado nasceu do contrato social, segundo o qual os indivíduos concordam em limitar sua liberdade em prol do bem comum, para que o governante possa fazer valer as leis.

• Da doutrina do contrato social derivaram as teorias opostas do absolutismo e do liberalismo modernos.

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• 2 Filosofia e Ciência no Renascimento.• Nos séculos XV e XVI, o aristotelismo, com sua

dedução silogística e a indução por enumeração, ainda dominava o ambiente científico, que precisava de um método científico para suas elaborações. 

• A hipótese heliocêntrica (o sol no centro do universo), de Nicolau Copérnico (1473-1543), comprovada científicamente por Kepler (1571-1630) e por Galileu (1564-1642), foi a grande conquista científica do século, porque contestou, com base científica, a cosmologia aristotélico-ptolomaica, que era geocêntrica ( a terra no centro do cosmos).

• Giordano Bruno (1584-1600) alargou o universo ao infinito.

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• A razão é exaltada como única autoridade para reconhecer as realidades religiosas, jurídicas, políticas e científicas.

• A confirmação científica da hipótese de Copérnico por Kepler e Galileu, as grandes descobertas de Galileu e sua teorização e aplicação do método experimental fundaram a ciência moderna.

• Do ponto de vista filosófico, sua metodologia, isto é, o método experimental, constituiu-se em sua maior contribuição ao pensamento humano.

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• Podemos resumir o método de Galileu assim: 1- Observação do fenômeno;

• 2- Análise dos seus elementos;

• 3- Indução ou relação entre os elementos e elaboração de hipótese explicativa do fenômeno;

• 4- Dedução ou verificação da hipótese com o cálculo e o experimento.

• Se o resultado do cálculo concordar com o do experimento, a hipótese poderá ser considerada lei científica.

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• A física de Galileu é a física da quantidade, como a moderna, enquanto que a de Francis Bacon é uma física da qualidade, porque procura a essência ou qualidade, como faziam os escolásticos, só que não do ponto de vista metafísico, senão que de uma ótica puramente física.

• O problema do método caracterizou o pensamento moderno, como poderemos ver com Bacon, que se valeu da indução experimental e com René Descartes, que tomou o caminho da dedução matemática.

• Começa nesse ponto a discussão entre o empirismo e o racionalismo - ambos preocupados em solucionar o problema do conhecimento, ou seja, em responder as questões da epistemologia ou gnosiologia.

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• Francis Bacon nasceu em Londres (1561-1626) e ocupou altos cargos nos reinados de Elizabeth I e James I.

• Sua frase saber é poder sintetiza muito bem seu pensamento: o homem é capaz de dominar a natureza através do progresso da ciência.

• A ele interessaram mais as aplicações práticas da ciência, a que chamamos técnica, que o saber teórico.

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• Para ele, o método silogístico ou dedutivo de Aristóteles não se presta à descoberta das coisas; somente a indução, que parte da observação dos fatos particulares e concretos, pode levar à verdade e ao estabelecimento de leis gerais.

• Preconiza o uso da observação e da experimentação para conhecermos as causas das coisas e, assim, dominarmos a natureza em proveito dos homens - o fim da ciência é, portanto, segundo ele, pragmático e instrumental.

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• Em sua obra mais importante o Novum Organum, Bacon, além de expor sua teoria sobre como destruir as falsas idéias que temos da realidade, para, depois, através da indução, chegar as causas e leis das coisas, demonstrou sua fé na técnica, quando afirmou que as descobertas da pólvora, da bússula e da imprensa mudaram o aspecto das coisas em todo mundo.

• Em 1626, Bacon fez experiências para saber quanto tempo a carne fica preservada pelo frio, recheando uma galinha com neve; já velho e fraco, expôs-se ao frio do inverno. Teve uma bronquite e morreu.

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• Em seus últimos anos de vida, Bacon escreveu uma utopia sobre um Estado imaginário, onde todos são felizes porque os sábios que a governam se preocupam mais com a técnica e a ciência, que podem oferecer vida boa aos cidadãos, do que com os problemas econômicos e sociais.

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• A Nova Atlântida - que recebeu esse nome para se contrapor à Atlântida mencionada por Platão na República (contrapondo ainda o rei-cientista ao rei-filósofo de Platão), como o Novo Organum, se contrapôs ao Organum de Aristóteles - é um clássico da língua inglesa e oferece uma visão profética: a ciência é uma obra coletiva, necessitando de muitos pesquisadores que recolham material para ser analisado pelos especialistas; a ciência não pode ser feita a priori, a partir de afirmações teóricas, mas sim, a partir de contato com os fenômenos reais, através da investigação empírica; a ciência tem finalidade essencialmente prática, como curar doenças e aumentar a longevidade e fabricar máquinas de vários tipos, inclusive para voar e navegar sob a água.

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• Galileu havia descrito as duas etapas do método experimental: indução e dedução;

• Bacon dedicou-se à indução subordinando à ela a dedução - a ciência deve ser feita pela observação e pela experimentação, isto é, deve partir de casos particulares para chegar às generalizações;

• Descartes considera a dedução superior à indução, buscando na razão a certeza científica. O que nada mais era do que dois momentos do método experimental, foi visto como dois métodos, duas fontes de conhecimento.

• Encontramos aí a origem das duas correntes do pensamento moderno: o empirismo inglês (Hobbes, Locke, Berkeley e Hume) e o racionalismo (Dercartes, Malebranche, Espinosa e Leibniz). 

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• René Descartes (1596-1650) nasceu na França e iniciou o racionalismo moderno. O século XVII foi um século de incertezas - urgia que se encontrasse um método que levasse a certezas científicas, isto é, o método para a ciência.

• Descartes voltou-se para a matemática, porque as humanidades não traziam certezas e, ainda pautadas nos comentários dos antigos, especialmente Aristóteles, não ofereciam utilidade prática.

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• As propostas da matemática lhe pareceram estar acima do ceticismo, porque tratavam de resultados que se mantinham válidos através do espaço e do tempo.

• Constatou, porém, que se aplicavam mais à mecânica e não traziam nada de fundamental para a vida humana.

• Resolveu, então, como Demócrito, dedicar-se a submeter o universo aos números, porque acreditava existir uma correspondência entre as leis do universo e as da matemática

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• Utilizou-se do método dedutivo, para, através da razão, construir a ciência: como descreveu em seu Discurso sobre o Método, começou por duvidar de tudo, mesmo das idéias que nos parecem evidentes, as idéias claras e distintas, aquelas que são iguais para todos - é a dúvida metódica: todos os conhecimentos são considerados provisoriamente falsos.

• Daí nasce uma certeza cintilante: se eu não existisse, não poderia estar enganado sobre tudo; eu penso, me engano e duvido - se duvido, penso e, se penso, existo - Cogito, ergo sum - penso, logo existo.

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• Tenho a intuição clara e distinta do meu ser, este ser que existe separado do meu ato de pensar. O pensar, ou cogito, me dá o critério da evidência, isto é, que é verdadeiro tudo aquilo de que eu tenho um conhecimento claro e distinto como o conhecimento do meu eu. Não se deduz a existência pelo raciocínio, mas ela é captada imediatamente no pensar.

• Como nos diz Descartes ...enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa.

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• E notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa, que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava. 

• A dúvida inicial e metódica, que invalida todo conhecimento não investigado pela razão, é a marca do racionalismo moderno.

• Para entender todo o desenvolvimento ulterior do pensamento europeu é fundamental que entendamos seu ponto de cisão com o pensamento anterior: a filosofia deixa de ser a ciência do ser (metafísica) e se transforma na ciência do pensar e do conhecer (gnosiologia ou epistemologia). 

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• Do cogito, Descartes parte para a idéia de Deus, que, para o autor, é inata, é como uma marca que Deus gravou na consciência do homem. Se sou imperfeito e limitado, não posso ser a causa do meu ser, ou teria dado a ele todas as perfeições - se tenho a idéia de um ser perfeitíssimo, infinito e criador, não O posso ter criado eu, ser finito e imperfeito, nem mesmo posso ter criado a idéia que tenho dele: foi Ele quem a gravou em mim; donde, Deus existe. Se temos a idéia de um Deus perfeitíssimo é porque Ele existe, uma vez que a idéia de perfeição absoluta inclui a existência, como perfeição. Quando penso num ser perfeitíssimo, automaticamente, penso nele como existente.

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• Além da idéia de Deus, Descartes considera inatas todas as idéias originárias, como os princípios lógico-matemáticos, as noções morais, etc. Quando o homem erra, é porque sua vontade livre o leva a emitir julgamentos, quando o que está sendo julgado não é racionalmente evidente. Assim, o erro nunca deriva de Deus ou do intelecto humano.

• Para provar a realidade do mundo físico, Descartes torna a apelar para Deus: se vejo a realidade sensível é porque ela existe, porque Deus não iria me enganar, uma vez que Ele é a verdade e a bondade (le bon Dieu). Isso não quer dizer, porém, que as coisas são tal e qual eu as percebo pelos sentidos; estes só têm utilidade prática, dando a conhecer o que é útil e prático e não, necessariamente, o que é real; as idéias das coisas devem ser captadas pelo intelecto - além de por suas qualidades sensíveis, por suas qualidades inteligíveis.

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• A alma distingue o homem dos animais; apenas ele possue corpo e alma. A alma é capaz de ações e paixões - o homem deve aprender a superar as paixões pela razão (sabedoria) para ser dono de sua liberdade.

• Embora a idéia de uma matemática universal supusesse o ideal de uma sabedoria racional, que pudesse orientar a vida, Descartes achou necessário propor uma moral provisória, que ensinasse a ser feliz.

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• Assim, apresenta três regras para o bom comportamento:

• 1) Obedecer às leis e costumes do país, conservar a religião tradicional e vincular-se às opiniões mais moderadas;

• 2) ser firmes e resolutos na ação, mantendo sua opinião, desde que resolvidos a tanto;

• 3) esforçar-se por vencer-se a si mesmo mais do que submeter-se ao destino e por modificar seus próprios pensamentos mais do que a ordem do mundo.

• Somos livres, quando, para afirmar ou negar, seguir ou fugir das coisas que o intelecto nos propõe, agimos de modo a não seguir nenhuma força exterior que nos obriga. É fácil notar a influência estoica na moral cartesiana.

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• Descartes abraça o dualismo metafísico que levanta problemas de difícil resolução: de como espírito e matéria, duas substâncias heterogêneas, se relacionam e interagem e de como as substâncias finitas têm realidade frente a Deus, que é substância infinita.

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• No que diz respeito à metafísica, Descartes, supondo a existência das idéias inatas, inclina-se para o idealismo e, em consequência, aproxima-se de Platão e Santo Agostinho; por isso, muitos autores de influência agostiniana se dizem cartesianos. Quanto ao método dedutivo, é inegável sua herança aristotélica.

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• A Difusão do Cartesianismo: Malebranche e Pascal e Espinosa.

• As idéias de Descartes, ainda durante sua vida, suscitaram muita polêmica. Seu pensamento foi o mais importante do século: repercutiu por toda Europa e transformou-se em moda na alta sociedade da França.

• Apesar da oposição dos jesuítas e dos protestantes, que acreditavam ser a liberdade de investigação perigosa para a religião, o cartesianismo influenciou o desenvolvimento do pensamento subsequente, destacadamente com Malebranche, Pascal e Espinosa.

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• O francês Nicolas Malebranche (1638-1715) foi o sistematizador do chamado ocasionalismo - o corpo e a alma não interagem - o corpo, nas sensações, não age sobre a alma, assim como ela, nos atos de vontade (volições), não age sobre o corpo; ambos não produzem a sensação e a volição, mas são ocasiões para que Deus (única causa eficiente) as produza.

• Uma bola em movimento, que bate noutra, não é a causa do movimento da primeira (seria preciso algo que lhe tivesse imprimido movimento e assim por diante), mas apenas ocasião para que Deus faça acontecer sua vontade.

• Em sua obra principal - Recherche de la Verité - ensina que não há comunicação entre a mente e o corpo e que, portanto, a mente não pode conhecer diretamente o mundo.

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• Em Deus existem as idéias de todos os seres; como estamos diretamente unidos a Ele pela nossa alma, é através da intuição da mente de Deus que vemos os modelos das coisas criadas por Ele, que se ordenam por leis. Como nos diz Malebranche, se não víssemos Deus, não veríamos nada.

• Blaise Pascal, (1623-1662), filósofo e cientista, (descobridor do vácuo físico) fez a primeira crítica ao conceito de razão cartesiano, que a supunha infinita e absoluta.

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• Para ele o conhecimento humano não pode ser perfeito, porque a verdade, infinita, ultrapassa a capacidade finita da razão humana.

• Para ele, o esprit de finesse, a razão do coração, é uma intuição direta que não é racional e que permite conhecer muito além do que a dedução pode ensinar.

• O homem deve ser humilde em reconhecer seus limites racionais e, com Agostinho, ensinou que nessa consciência dos limites da razão está a nobreza do homem.

• Reconhecer essa limitação, oriunda do pecado original, e saber que apenas a graça divina poderá, com auxílio do sobrenatural e com o concurso da vontade humana, nos restituir a grandeza anterior ao pecado, depende do esprit de finesse, que deve ser adaptado a cada indivíduo, uma vez que, como ele acentuou, somos uns diferentes dos outros. 

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• Como diz Sciacca, Descartes fornece as regras do método para construir a ciência e a filosofia racional, o sistema da razão que, separada da fé, se e quando pode, não cogita de Deus; Pascal procura as regras do método para esclarecer o homem a si mesmo e construir uma filosofia cristã, fundamento racional da fé.

• Dois homens e dois métodos no limiar do pensamento moderno: a antítese nos ocupa ainda hoje. Ele foi o primeiro pensador que, nos seus Pensées, nos primórdios do modernismo, tentou fazer, através do método do coração, uma nova síntese entre fé e ciência.

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• Baruch Espinosa, (Amsterdam, 1631-1677), filho de judeus portugueses, mesmo aceitando o método da dedução matemática de Descartes, considerou toda a filosofia como ética, como forma de agir, como religião racional e não como ciência.

• Para ele, Deus e a natureza se identificam; não existem vários seres, mas apenas uma única Substância, Deus, que não existe separado do mundo (monismo) - todo modo (forma individual dos seres) sai da Substância necessariamente, como os lados do quadrado saem do próprio quadrado: Deus é causa nos seus efeitos (causalidade imanente); não é, portanto, causa externa do mundo, porém causa imanente. Deus é a própria ordem necessária e geométrica.

• Como em Plotino e nos néo-platônicos, liberdade e necessidade se identificam: a liberdade de Deus consiste na necessidade que Ele tem de se desenvolver espontaneamente e não em poder escolher um modo ou outro de se determinar. Não há finalidade na sua causalidade, a não ser seu próprio absoluto desenvolvimento.

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•Sua visão da filosofia como ética pode ser entendida a partir dos três estágios do processo prático-cognitivo que ele distinguiu:

• a) conhecimento sensitivo, pelo qual o homem conhece as coisas individuais - é imperfeito e seu aspecto prático é a paixão: o homem quer dominar as coisas como se as possuísse - é o estado da escravidão;

• b) conhecimento racional, que entende as coisas em suas ligações de causalidade - é a ciência, que livra da paixão e contempla e aceita a ordem universal, passiva e imperturbavelmente (apatia estóica).

• c) conhecimento intuitivo, grau supremo do conhecimento, além da razão, que intui os seres emanando de Deus - livres do tempo, quantidade e número, chega-se ao amor intelectual de Deus- do processo geométrico descendente da Substância Absoluta à multiplicidade, faz-se o processo ascendente inverso da multiplicidade ao Absoluto, onde todas as coisas se anulam no mar infinito do ser. A unidade é encontrada além da razão, na intuição, que é supra-racional.

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• Ambos, Pascal e Espinosa, procuraram resolver pela teologia os problemas deixados por Descartes: a proposta de Pascal foi teísta, isto é, admitiu a transcendência de Deus; a de Espinosa foi panteísta, negando a revelação divina e a transcendência de Deus, resolvendo a religião na filosofia, situando-se, assim, como um filósofo racional perfeito.

• Para ele, Deus é a natureza e o anseio dos homens de eternidade, nada mais é que o desejo de se dissolver na Substância.

• As idéias de liberdade e de pessoa são vistas por ele como ignorância - pensamos que somos livres porque não conhecemos as causas de nossas ações; acreditamos ser pessoas reais porque não sabemos nos ver como emanações da Substância Absoluta.

• O Deus de Espinosa, como em Plotino e nos estóicos, não é o Deus da religião: é a razão divinizada, o que faz de Espinosa um teórico da religião natural. Seu panteísmo influencia, até hoje, os que pretendem uma religião absolutamente racional, que não se baseie em dogmas e revelações divinas

 

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• Quanto ao aspecto político, acreditou que o direito de natureza se identifica com o direito natural; nem todos chegam ao estágio de conhecimento natural que permite fazer o que é de interesse comum - nasce, então a necessidade do governo para impor a obediência às leis - passa-se, assim, do direito natural ao direito positivo.

• O governo deve ser constitucional, com representantes eleitos, para que o governante não sobreponha seus interesses ao interesse público. Como vemos, Espinosa foi um teórico do liberalismo político.

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• O Desenvolvimento do Empirismo: Hobbes e Locke (sécs.XVII-XVIII)

• Thomas Hobbes (1588-1679) nasceu na Inglaterra e foi influenciado pelo racionalismo de Descartes, com quem polemizou e pelo empirismo de Bacon, de quem foi secretário, além de Galileu, com quem se encontrou na Itália.

• As idéias de Descartes e Bacon, opostas e conflitantes, foram fundamentais para a superação da escolástica medieval e para uma nova visão da natureza e do homem.

• A obra de Hobbes se constituiu num ponto de contato entre o racionalismo e o empirismo, algo como uma síntese de ambos. 

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•Embora racionalista, Hobbes discordou de Descartes, afirmando que a frase penso, logo existo supõe algo que pense e que uma coisa que pensa é uma coisa corporal.

• Contra o dualismo de Descartes, que afirma existirem duas substâncias, a material e a espiritual, Hobbes externa seu materialismo dizendo que o sujeito que pensa é corporal.

• E acrescenta: que diremos agora, se talvez o raciocínio não for outra coisa senão uma reunião e encadeamento de nomes, pela palavra é? De onde se segue que, pela razão, nada concluímos quanto à natureza das coisas, mas só quanto às suas denominações, isto é, pela razão vemos apenas se reunimos bem ou mal os nomes das coisas, segundo as convenções que, de acordo com nossa fantasia, tenhamos feito quanto aos seus significados.

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• Esse texto bem demonstra o nominalismo de Hobbes, que reduziu os conceitos a meras palavras.

• E ainda continua: Se isso é assim, como parece ser, o raciocínio depende de nomes, os nomes dependem da imaginação e a imaginação, talvez, (e isso segundo o que sinto), dependerá dos órgãos corporais; e, assim, o espírito não será outra coisa senão um movimento em certas partes do corpo orgânico.

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• Para Descartes, o movimento explica as substâncias, suas propriedades e as transformações da matéria - esse mecanicismo explica, porém, somente o mundo material, mas não o mundo espiritual (intelectual, psicológico, etc.).

• Para Hobbes, o mecanicismo explica tudo: as modificações se devem ao movimento de corpos modificados - existir é existir no espaço, é ser um corpo em movimento.

• E ele estende o mecanicismo ao espírito - os sentidos, afetados pelo movimento de corpos exteriores, transmitem-no ao cérebro e daí ao coração, onde se iniciaria um movimento de reação em sentido inverso - o início dessa reação seria a sensação: a sensação é o princípio do conhecimento dos próprios princípios, e a ciência dela deriva inteiramente.

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• A ciência seria feita a partir de nomes dados aos elementos percebidos pelas sensações, que se somam - essa soma levaria à ciência que seria o conhecimento das consequências de uma palavra à outra.

• Resumindo, Hobbes acreditou que o conhecimento humano se origina dos entrechoques de corpos que vêm de movimentos exteriores e que, através dos sentidos chegam ao espírito (que é um corpo tênue e sutil); esses movimentos associam-se uns aos outros e se organizam como ciência. 

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• John Locke, (1632-1704), também inglês, foi um dos maiores representantes da cultura inglesa de seu tempo - a época do Iluminismo.

• Foi um pensador liberal, racionalista em religião e, como foi comum entre os pensadores ingleses (o metafísico de vida solitária se encontra mais na França, na Itália e, principalmente, na Alemanha, mas não na Inglaterra), um homem de ação preocupado com sua profissão (medicina), com a política, a fisiologia e a educação. 

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• Sua filosofia investigou o campo da gnosiologia (epistemologia) abordando o problema crítico do conhecimento.

• Ele partiu da crítica do intelecto humano, que é a fonte de todo conhecimento, para conhecer seus limites e a sua extensão.

• Então, nessa filosofia que pretende, longe das indagações metafísicas, conhecer o processo cognoscitivo, ele indagou, basicamente, sobre 1) a origem e 2) o valor do conhecimento - essas são as duas linhas mestras do seu pensamento.

• Em sua obra, Ensaio sobre o Entendimento Humano, ele criticou a doutrina das idéias inatas, admitida na época por Descartes, pelos cartesianos e pelos néo-platônicos ingleses.

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• Segundo ele, não existem tais idéias (princípios morais, a idéia de Deus, etc.), uma vez que as crianças, os selvagens e os ignorantes não as possuem; além disso, em culturas, épocas e lugares diversos, elas são também diversas, donde, não são universais e, se o fossem, não teriam serventia, pois se pode chegar a um bom conhecimento das coisas pela experiência (por ex., saber que doce não é amargo). 

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• Locke comparou a alma humana, na hora do nascimento, a uma tabula rasa, algo como uma folha de papel em branco, onde nada ainda foi escrito.

• Através da experiência, essa página, gradualmente, vai sendo escrita, isto é, a mente humana vai acumulando conhecimentos, idéias, todas originárias da experiência.

• Assim, todo nosso conhecimento tem origem na experiência. Há dois tipos de experiência:

• 1) a sensação (percepção externa), que dá as idéias dos objetos externos, como cor, som, cheiro etc., isto é, as idéias das coisas.

• 2) A reflexão ( percepção interna) que nos dá as idéias dos nossos atos espirituais (julgamentos, crenças etc., isto é, as idéias do eu).

• Esses dois tipos de idéias, que o intelecto recebe passivamente, são chamadas por Locke de idéias simples, que vêm de experiências concretas, como frio, quente, doce, amargo, branco, azul, etc.

 

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• O indivíduo, então, pela atividade do seu intelecto, une essas idéias formando idéias conjuntas, como as de substância (várias idéias simples que levam à noção do substrato de uma coisa, por ex. ouro: duro, amarelo, etc.), de modos (propriedades das coisas), e de relações (distinção entre duas idéias: maior-menor, causa-efeito etc.).

• O intelecto também é responsável pelas idéias gerais, formadas por abstração e pelas idéias da reflexão, ou do sentido interno.

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• Tendo discutido a origem das idéias, Locke se empenhou em estabelecer o valor do conhecimento: O que podemos conhecer? Quando o conhecimento é verdadeiro? 

• Vamos entender seu pensamento a partir do que ele diz no Ensaio: É evidente que o espírito não conhece as coisas imediatamente, mas apenas por intermédio das idéias que delas tem.

• A idéia é intermediária entre nós e as coisas. As idéias não são verdadeiras nem falsas - sua verdade ou falsidade dependerá do acordo ou desacordo entre as idéias, o que pode ocorrer de dois modos:

• 1) esse acordo ou desacordo é percebido imediatamente com evidência, e teremos a verdade intuitiva, que não precisa ser demonstrada (ex.: 2+2 = 4, ou alto não é baixo),ou

• 2) o acordo ou desacordo entre as idéias não é percebido imediatamente - embora baseado em conhecimentos intuitivos, nesse caso, nosso intelecto recorre a idéias intermédias e temos, então, a verdade por demonstração (as idéias matemáticas, as morais etc.), que são construídas pela nossa mente.

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• Mas, perguntou Locke, se apenas conhecemos as idéias, será que elas correspondem à verdade das coisas ? Responde afirmativamente, apenas para a certeza (intuitiva) de nossa própria existência, para a certeza (demonstrativa) da existência de Deus e para a certeza da sensação relativa às idéias simples e, mesmo assim, apenas enquanto dura a sensação - se me queimo, só tenho certeza da existência do fogo, enquanto durar o ardor; depois, o fogo existirá ou não.

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• As idéias conjuntas, sendo formadas pelo intelecto, não têm valor objetivo. São apenas nomes que usamos para dar nome e classificar as coisas; assim, o autor deixou claro que, para ele, as proposições universais da ciência têm apenas valor prático e nada têm a ver com a verdade das coisas - são invenções da nossa mente que se referem apenas a palavras ou idéias e não às próprias coisas. Vemos aí, bem evidente, o nominalismo de Locke.

• Quanto às substâncias, o autor admitiu sua existência, mas assinalou que não podemos conhecê-las - apenas suas qualidades poderão ser conhecidas através da pesquisa experimental. 

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• Para Locke, as idéias são imagens que se originam na sensação, não sendo exemplares inteligíveis (como no idealismo ontológico platônico-agostiniano).

• Assim, só conhecemos da realidade essas idéias ou imagens que os sentidos nos oferecem (empirismo); a realidade é o conteúdo de nossa consciência subjetiva ou empírica cuja ligação com as coisas em si desconhecemos.