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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TECNOLOGIA AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO ANAERÓBIO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS JEFFERSON HENRIQUE BONFIM Recife – PE Setembro, 2006

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Page 1: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TECNOLOGIA AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO ANAERÓBIO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS

JEFFERSON HENRIQUE BONFIM

Recife – PE Setembro, 2006

Page 2: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS /ESCOLA DE ENGENHARIA

PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TECNOLOGIA AMBIENTAL E RECURSOS HIDRICOS

Jefferson Henrique Bonfim

REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO ANAERÓBIO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, área de concentração em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil.

Orientador: Profº Mário Takayuki Kato

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B713r Bonfim, Jefferson Henrique.

Remoção de surfactantes (LAS) no tratamento anaeróbio de esgotos domésticos / Jefferson Henrique Bonfim. - Recife: O Autor, 2006.

112 folhas, il : tabs.,grafs. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.

CTG. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, 2006. Inclui Referências e Apêndices. 1. Engenharia Civil. 2.Biodegradação Anaeróbica. 3.Reator UASB.

4.Lagoa de Polimento. 5.Surfactantes. 6.Esgoto Doméstico. I. Título. UFPE 624 BCTG/ 2009-094

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À minha mãe Angelita Henrique Bonfim e à minha avó Maria José Germano e à minha esposa Kataliny, pelo carinho e amor que me dão na vida.

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AGRADECIMENTOS À Deus, por me permitir esta oportunidade.

Ao professor Dr. Mario Takayuki Kato, pela confiança no meu trabalho, pelas diversas

oportunidades de aprendizado e incentivo nesta pesquisa.

Ao técnico Ronaldo Fonseca, pela grande ajuda e paciência no dia a dia do laboratório.

Aos membros da Equipe LAS: Diogo Santana, Clélio, Aluízio e Luiz.

Ao professor Alexandre Schüller pelo grande incentivo e prontidão quando solicitada sua

ajuda.

À professora Celmy Barbosa, por acreditar no meu trabalho e ajudar a obter a minha primeira

bolsa de iniciação científica.

À PETRESA pelo patrocínio e oportunidades de aprendizados através dos treinamentos e

reuniões, principalmente ao químico Ignácio Lopes, ao engenheiro Agenor Colla, ao Dr. José

Luiz Almeida e ao prof. José Luiz Sanz ( Universidade Autônoma de Madri).

Ao Geraldo Netto, amigo da graduação e de todas as horas.

Ao Douglas Santos, amigo da graduação e figura de grande importância na fase final deste

trabalho.

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RESUMO

A grande utilização doméstica e industrial do alquilbenzeno linear sulfonado (do

inglês Linear Alkylbenzene Sulfonate - LAS) provoca modificações ambientais, como a

contaminação das margens dos rios, acarretando na destruição dos importantes nichos

ecológicos e ainda prejudica o tratamento dos efluentes nas estações de tratamento, devido à

alta concentração deste composto em alguns corpos hídricos. Neste trabalho avaliou-se o

perfil de concentração e o comportamento do LAS em sistemas anaeróbios, em estudo

realizado na Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) da Mangueira (Recife-PE), formada

por um reator tipo UASB (reator anaeróbio de manta de lodo e fluxo ascendente) em 8 células

paralelas e uma lagoa de polimento, utilizando-se uma das células (C2) para esta pesquisa.

Em um primeiro experimento, estudou-se a concentração do LAS nas unidades da ETE, cujos

resultados foram: entrada na estação após a caixa de areia (P1) de 2,61 mg/L, entrada da

célula estudada de 2,01 mg/L, saída do reator de 1,88 mg/L e saída da lagoa de polimento de

1,39 mg/L. Verificou-se que houve uma redução da concentração de LAS no esgoto em cada

unidade de tratamento. Posteriormente, foi realizado um segundo experimento, mais extenso,

por meio da determinação das variações horárias e diárias da concentração do LAS em P1,

tanto na estiagem, como em período de chuvas. Num terceiro experimento, estudou-se a

remoção do LAS na célula 2 do reator UASB. Foi verificada uma remoção de 18,7 % da carga

inicial do LAS em P1 quando o reator célula 2 operou com um tempo de detenção hidráulica

(TDH) de 7 horas. Para o TDH de 18 horas, foi observada a remoção de 36% da carga de

LAS. Já para o TDH de 25 horas, foi verificada a remoção de 60% na carga de LAS na célula

2. Foram obtidas remoções de LAS acima de 90% para o efluente na saída da estação (P3),

indicando a boa eficiência do conjunto reator UASB e lagoa de polimento. Para concluir sobre

a ocorrência de biodegradabilidade do LAS, foi realizado o cálculo do balanço de massa na

célula 2 do reator UASB, entretanto os resultados do balanço de massa não foram coerentes

com o esperado, devido à dificuldade de amostragem do lodo da célula 2.

Palavras chave: LAS, biodegradação anaeróbia , reator UASB, lagoa de polimento

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ABSTRACT

The great domestic and industrial use of the Linear Alkylbenzene Sulfonate (LAS) starts

environmental modifications, like the contamination of the edges of the rivers, causing the

destruction of the important ecological niches and prejudices the effluent treatment in the

Waste Water Treatment Plant (WWTP), due to high concentration of LAS in some

hydrological bodies. In this work it was carried out an evaluation of the profile of

concentration and the behavior of the LAS in anaerobic systems through studies in the

Mangueira WWTP (Recife-PE), formed by a UASB reactor (Upflow Anaerobic Sludge

Blanket reactor) divided in 8 parallel cells and a polish pond, using one of its cells (C2) for

this research. In a first experiment, it was study the concentration of LAS in the units of the

WWTP, whose results had been: plant input after the sandbox (P1) 2,61 mg/L of LAS, C2

input 2,01 mg/L of LAS, reactor output 1,88 mg/L of LAS and polish pond output 1,39 mg/L

of LAS. Therefore it was verified that happen a reduction of the LAS concentration in each

unit of treatment. Later, an experiment more extensive was carried through by means of the

determination of the hourly and daily variations of the LAS concentration in P1, as much in

the dry period, as in raining period. In a third experiment, it was studied the removal of LAS

in cell 2 of reactor UASB. A removal of 18,7% by the initial load of the LAS in P1 was

verified when the reactor cell 2 operated with Hydraulic Retention Time (HRT) of 7 hours.

For the HRT 18 hours, the removal of 36% of the LAS load was observed. Already for the

HRT 25 hours, the removal of 60% in the load of LAS in cell 2 was verified. Removals of

LAS above 90% for the WWTP effluent had been gotten (P3), indicating a good efficiency of

the system UASB reactor / Polish Pond. To conclude about the occurrence of biodegradability

of the LAS in a real Anaerobic System, a shell balance around the cell 2 of reactor UASB was

carried out, but the results was not coherent with the waited one, due to difficulty in the

sampling of sludge on the cell 2.

Key words : LAS, anaerobic biodegradation, UASB reactor, polishing pond

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 18

2 OBJETIVOS 20

2.1 OBJETIVO GERAL 20

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 20

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21

3.1 CONTEXTO HISTÓRICO DOS SABÕES E DETERGENTES SINTÉTICOS 21

3.2 PROPRIEDADE DOS SURFACTANTES 23

3.2.1 Os Surfactantes ou tensioativos 23

3.2.2 Classificação dos surfactantes 25

3.2.3 Composição dos detergentes 27

3.3 POTENCIALIDADE DE BIODEGRADAÇÃO DO LAS 29

3.4 TOXICIDADE DO LAS 32

3.5 IMPACTOS AMBIENTAIS 33

3.6 MÉTODOS DE BIODEGRADAÇÃO DO LAS 35

3.6.1 Biodegradação aeróbia 36

3.6.2 Biodegradação anaeróbia 38

3.6.3 O LAS no lodo 39

3.6.3.1 A adsorção 39

3.7 MÉTODOS DE ANÁLISE DO LAS 41

4 MATERIAIS E MÉTODOS 48

4.1 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DA MANGUEIRA

(ETE-MANGUEIRA) 48

4.2 COLETA DE AMOSTRAS 49

4.2.1 Amostra líquida 49 4.2.1.1 Vazão 50

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4.2.2 Amostra sólida (lodo) 55

4.3 ANÁLISES 55

4.3.1 Materiais e equipamentos 55

4.3.2 Análise cromatográfica 56

4.4 EXPERIMENTOS 63

4.4.1 Experimento1 63

4.4.2 Experimento 2 64

4.4.3 Experimento 3 65

4.4.3.1 Coleta do líquido 65

4.4.3.2 Coleta do lodo 67

4.5 OBSERVAÇÕES NO PROCEDIMENTO DE COLETA DE AMOSTRAS67

4.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROCEDIMENTOS DE ANÁLISES

CROMATOGRÁFICAS 68

4.6.1 Calibração do cromatógrafo 68

4.6.2 Procedimentos analílicos 69

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 71

5.1 METODOLOGIA ANALÍTICA 71

5.2 EXPERIMENTO 1 72

5.3 EXPERIMENTO 2 73

5.3.1 Perfil da concentração de LAS em P1 75 5.3.2 Perfil da vazão, concentração e carga de LAS efluente à célula 2 (C2) - TDH 5,6 h 80

5.4 EXPERIMENTO 3 82 5.4.1 TDH 18 horas 82

5.4.1.1 Concentração de LAS nos pontos P1, C2, P2 e P3 82

5.4.1.2 Avaliação da massa de LAS afluente e efluente à célula 2 e ao reator UASB 83

5.4.1.3 Perfil da concentração e carga de LAS afluente e efluente à célula 2 (C2) 84

5.4.1.4 Balanço de massa de LAS na célula 2 86

5.4.2 TDH 25 horas 87

Page 11: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5.4.2.1 Concentração de LAS nos pontos P1, C2, P2 e P3 87

5.4.2.2 Avaliação da massa de LAS afluente e efluente à célula 2 e ao reator UASB 88

5.4.2.3 Perfil da concentração e carga de LAS afluente e efluente à Célula 2 91

5.4.2.4 Balanço de massa de LAS na célula 2 93 5.5 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS OBTIDOS NOS TDHS

ESTUDADOS 94

6 CONCLUSÕES 95 7 SUGESTÕES E PROJETOS FUTUROS 94 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 96 9 APÊNDICE A 107

Page 12: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21

Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno linear sulfonado (LAS) 22

Figura 3.3: Ação dos tensioativos sobre os óleos em solução promovendo a separação das duas fases

25

Figura 3.4: Exemplo de um surfactante catiônico 26

Figura 3.5: Exemplo de um surfactante aniônico 26

Figura 3.6: Exemplo de um surfactante anfotérico 27

Figura 3.7: Exemplo de um surfactante não-iônico 27

Figura 3.8: Sulfonação de LAB para produção de LAS 29

Figura 3.9: Cenas da invasão de blocos gigantes de espuma na cidade de Pirapora –SP

34

Figura 3.10: Biodegradação do alquilbenzeno sulfonado linear 36

Figura 4.1: Vista aérea da ETE-Mangueira 48

Figura 4.2: Esquema do sistema principal da ETE-MANGUEIRA 49

Figura 4.3: Amostrador automático 50

Figura 4.4: Calha Parshal 51

Figura 4.5: Desenho esquemático do vertedor em “V” com ângulo central de 90º 53

Figura 4.6: Calha Parshall 6” (P1) e vertedouro (C2). 54

Figura 4.7: Esquema simplificado da extração em fase sólida em cartucho SAX e C18 para a amostra líquida e para o extrato do lodo.

56

Figura 4.8: Esquema da preparação da amostra de Lodo e de esgoto líquido 58

Figura 4.9: Esquema simplificado da extração em fase sólida em cartucho C18 para a amostra líquida

60

Figura 4.10: Composição do gradiente empregado e parâmetros utilizados na análise do LAS via HPLC

62

Figura 4.11: Amostragem mista de 7 às 12 h e amostragem mista das 13 às 17 h 63

Page 13: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

Figura 4.12: Exemplificação da amostragem composta realizada no horário das 12:00h.

64

Figura 4.13: Pontos de coleta do lodo 65

Figura 4.14: Gráfico da curva de calibração nas concentrações de 0,5 a 100 mg/L de LAS padrão ajustada para o método curto (coluna C8).

69

Figura 4.15: Análise de padrão 20 mg/L de LAS em meio líquido 70

Figura 5.1: Análise do LAS adsorvido no lodo da ETE Mangueira de 8 a 14 de setembro/03 – período seco.(1,29 mg de LAS/g de sólidos secos)

71

Figura 5.2: Média diária das concentrações nos pontos P1, C2, P2 e P3 no período de 7-12 julho 2003 (Dados Iniciais).

72

Figura 5.3: Valores pontuais e médios de concentração, vazão e carga de LAS no afluente e no efluente à célula 2 no período seco – 8 à 14 setembro de 2003.

74

Figura 5.4: Perfil da concentração horária de LAS na entrada da ETE (P1)em período seco - 12 a 19 de fevereiro de 2004.

75

Figura 5.5: Perfil da concentração horária de LAS na entrada da ETE (P1) em período chuvoso - 15 a 21 de abril/04.

76

Figura 5.6: 1/8 dos valores médios diários de vazão e carga de LAS (P1/8) e concentração do LAS no afluente da ETE (P1) no período seco - de 12 a 19 de fevereiro de 2004.

77

Figura 5.7: 1/8 dos valores médios diários de vazão e carga de LAS (P1/8) e concentração do LAS no afluente da ETE (P1) no período chuvoso - 15 a 22 de abril de 2004.

78

Figura 5.8: Radiação solar medida de 14/02/2004 a 17/02/2004. 79

Figura 5.9: Valores médios de dureza para amostras horárias (24 amostras diárias) no período seco e no chuvoso.

80

Figura 5.10: Vazão do esgoto, concentração e carga de LAS afluente e efluente à célula 2 (C2).

81

Figura 5.11: Concentrações nos pontos P1, C2, P2 e P3, com amostragem automática em C2, TDH 18 horas no período chuvoso - 23 de maio a 12 de junho de 2005

83

Figura 5.12: Massa de LAS afluente à Estação e à célula 2 (C2) e efluente à célula 2 (C2) e o reator UASB (P2) em TDH 18 horas no período chuvoso - 23 de maio a 05 de junho de 2005.

84

Page 14: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

Figura 5.13: Diferencial de cargas de LAS afluente e efluente à Célula 2 com TDH médio de 18 horas no período chuvoso - 23 de maio a 05 de junho de 2005 – período chuvoso.

85

Figura 5.14: Diferencial de concentrações de LAS afluente e efluente à Célula 2 com TDH médio de 18 h no período chuvoso - 23 de maio a 05 de junho de 2005 – período chuvoso.

85

Figura 5.15: Concentração de LAS em P1, C2, P2 e P3 com TDH 25 horas no período seco - 25 de outubro a 07 novembro de 2004.

87

Figura 5.16: Massa de LAS afluente à Estação (P1) e à célula 2 (C2) e efluente à célula 2 (C2) e ao reator UASB (P2) no período seco – 25 de outubro a 07 de novembro de 2004

88

Figura 5.17: Valores médios comparativos de concentração de LAS na célula 2 com TDH 25 h no período seco - 25 de outubro a 07 de novembro de 2004.

89

Figura 5.18: Valores médios comparativos da carga de LAS afluente à célula 2 com TDH 25h no período seco - 25 de outubro a 07 de novembro de 2004.

90

Figura 5.19: Comparação da carga e da massa de LAS afluente e efluente à célula 2 em cada TDH estudado..

94

Page 15: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

LISTA DE TABELAS Tabela 4.1 - Exemplificação do cálculo da composição em uma amostra (mistura)

66

Tabela 5.1 - Perfil de massa e concentração do LAS na célula 2 com TDH de 18 h – período chuvoso (23 de maio a 05 de junho de 2005).

86

Tabela 5.2 - Perfil de massa e concentração do LAS na célula 2 com TDH de 25 h – período seco (25 de outubro a 07 de novembro de 2004). 91

Tabela 5.3 - Dados gerais médios para o afluente e efluente à Célula 2 nos TDH’s de 5,6; 7;18 e 25 h

91

Tabela 5.4 - Valores de concentração de LAS no lodo nos TDH de 18h e 25 h, utilizando-se a centésima parte do extrato metanólico. 92

Tabela 5.5 - Dados gerais em amostras coletadas no início e final do Experimento 3 para os TDH’s de 18 e 25 h. 92

Page 16: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

LISTA DE ABREVIATURAS

ABS Alquilbenzeno Sulfonado ramificado

C10 Alquilbenzeno linear sulfonado com 10 carbonos na cadeia alquílica

C11 Alquilbenzeno linear sulfonado com 11 carbonos na cadeia alquílica

C12 Alquilbenzeno linear sulfonado com 12 carbonos na cadeia alquílica

C13 Alquilbenzeno linear sulfonado com 13 carbonos na cadeia alquílica

C14 Alquilbenzeno linear sulfonado com 14 carbonos na cadeia alquílica

C2 Saída da célula 2

CLER Conselho Para Pesquisas Ambientais do LAS/LAB

COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPRH Agência estadual de meio ambiente e recursos hídricos

CSTR Reator de mistura completa

CZE Eletroforese capilar por zona

EM Espectrômetro de massa

ETE Estação de tratamento de esgotos

FID Detector de ionização de chama

GC Cromatografia gasosa

GLC Cromatografia gás-líquido

HPLC Cromatografia líquida de alta performance

IUPAC União internacional da química pura e aplicada

Page 17: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

Koa Coeficiente de partição octanol-água

LAB Alquilbenzeno linear

LAS Alquilbenzeno linear sulfonado

LD Limite de detecção

LD50 Limite de mortandade de 50% da população

LSA Laboratório de saneamento ambiental

MBA Azul de metileno ativo

MS Spectometro de massa

P1 Ponto 1 (entrada da estação)

P2 Ponto 2 (saída do reator UASB)

P3 Ponto 3 (saída da estação)

PCB Bifenila policlorada

PCR Prefeitura da Cidade do Recife

PHA Hidrocarboneto policíclico aromático

RPLC Cromatografia líquida de fase reversa

SPE Extração de fase sólida

SPC Sulfofenilcarboxilato

SPME Micro extração em fase sólida

TDH Tempo de Detenção Hidráulica

UASB Reator Anaeróbio de Manta de Lodo e Fluxo Ascendente

UV Ultravioleta

YEPG Agar-glicose-peptona-extrato de levedura

Page 18: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

1. INTRODUÇÃO 18

1. INTRODUÇÃO

Produtos de limpeza de diversas origens vêm sendo utilizados pelo homem ao longo

dos tempos. Na composição da maioria destes agentes de limpeza estão substâncias que

possuem poder tensoativo ou surfactante, ou seja, que apresentam a característica de diminuir

a tensão superficial da água.

Com o crescente desenvolvimento industrial e a criação de diversos novos tipos de

materiais, observou-se uma mudança gradual de comportamento e hábitos de limpeza da

população mundial, fazendo que os sabões, ora empregados como principais agentes de

limpeza, cedessem espaço para seus modernos competidores - os detergentes sintéticos - cujo

desenvolvimento começou a partir da Segunda Guerra Mundial.

A maior popularização do uso das máquinas de lavar roupa e a maior freqüência de

lavagens, verificada após a II Guerra Mundial, provocou um aumento exponencial das

quantidades de detergentes sintéticos produzidos. Este fator permitiu o desenvolvimento de

processos alternativos e economicamente viáveis de formulação; alcançando, os detergentes

sintéticos, quotas majoritárias no mercado, isto é, em torno de 85% a 90%, comparativamente

com os sabões.

O alquilbenzeno linear sulfonado (LAS) é o tensoativo sintético de maior produção

mundial, dado o seu emprego na formulação de uma elevada percentagem de detergentes

sintéticos. Da produção mundial do alquilbenzeno linear (LAB), mais de 99% é transformado

em LAS, por meio do processo de sulfonação (BERNA et al., 2000). Por sua vez, as

formulações de detergentes consomem uma quota superior a 98% da produção mundial de

LAS.

Relativamente à aplicação do LAS nos detergentes, cerca de 70% da sua produção é

consumida na formulação de detergentes para lavagem de roupa, aproximadamente 15% em

detergentes de lavagem manual para louça, 12% em detergentes industriais e os restantes 3%

em produtos vários de limpeza caseira (CUNHA e LOBATO, 2002).

Page 19: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

1. INTRODUÇÃO 19

A ampla utilização de surfactantes (tensoativos) nos detergentes, bem como as

conseqüências de sua inadequada disposição no meio ambiente, tem proporcionado aumento

de preocupação mundial: a formação de espumas quando da descarga dos efluentes em meio

aquático, a quebra da estabilidade de flutuação de plantas e animais na superfície de rios e

lagos, a propagação de poluição através da facilitação da dissolução de compostos

hidrofóbicos que pode causar a toxidez da água, provocando desde reação alérgica ao contato

humano com a água à mortandade total dos seres que vivem no corpo hídrico. Por outro lado,

dependendo da sua estrutura físico-química, alguns destes produtos serão mais biodegradáveis

e/ou tóxicos que outros, afetando de forma direta o meio receptor.

Atualmente no Brasil os sistemas de tratamento de esgotos que vêm sendo muito

difundidos são os anaeróbios, devido ao seu baixo custo de implantação, manutenção e

operação, além de existir um clima altamente favorável à sua eficiência.

Há 10 anos foi firmado um convênio entre a Universidade Federal de Pernambuco

(UFPE), a Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) e a Prefeitura da Cidade

do Recife (PCR) através do seu órgão competente, a URB, para elaboração do projeto,

construção e monitoramento da Estação de Tratamento de Esgotos da Mangueira (ETE-

Mangueira), próximo à região central do Recife. Desde então o Laboratório de Saneamento

Ambiental (LSA) da UFPE vem obtendo dados sobre o funcionamento e operação de alguns

tipos diferentes de reatores, em escala piloto e real, que utilizam os processos anaeróbios de

tratamento.

O presente trabalho fundamenta-se no estudo do potencial de degradação do reator de

manta de lodo e fluxo ascendente (UASB) frente ao LAS, existente em significativa

quantidade no esgoto doméstico. Este estudo foi realizado nas unidades em escala real da ETE

Mangueira, composto por um reator UASB e uma lagoa de polimento, entre junho de 2003 e

dezembro de 2005, passando pelas etapas de: montagem e calibração analítica, montagem do

sistema de medição de vazão, perfil da concentração de LAS em período seco e em período

chuvoso, e estudo da remoção e degradabilidade de LAS no reator UASB, variando o tempo

de detenção hidráulica (TDH).

Page 20: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

2. OBJETIVO 20

2 OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Avaliar a biodegração anaeróbia do Alquilbenzeno linear sulfonado (LAS), através do

balanço de massa no reator de anaeróbio de leito fixo e fluxo ascendente (UASB) da estação

de tratamento de esgoto (ETE) do bairro da Mangueira.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Adaptar metodologia para analisar o LAS por cromatografia líquida de alta eficiência

(HPLC).

b) Obter o perfil de concentração do LAS na entrada da estação de tratamento (P1) e na

saída de uma das 8 células do reator UASB (célula 2) para o período seco (verão) e período

chuvoso (inverno) para THD normal (8 horas).

c) Avaliar a influência do TDH na biodegradação/adsorção do LAS em uma célula

específica, observando os fatores interferentes neste processo: concentração do LAS no

líquido afluente ao reator e diferentes períodos climáticos.

Page 21: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 CONTEXTO HISTÓRICO DOS SABÕES E DETERGENTES SINTÉTICOS

Durante séculos em todo o mundo, o homem empregou em seus processos de limpeza

e lavagem, sabões (Figura 3.1). Era sabido que os sabões eram capazes de limpar roupas e

outras superfícies, removendo as gorduras e impurezas biológicas. As substâncias

constituintes do sabão, na sua generalidade, eram obtidas a partir do tratamento de óleos ou

gorduras (ésteres), inclusive sebos de animais, com hidróxidos de metais alcalinos (WAITE et

al, 1984.). Uma desvantagem dos sabões, enquanto agentes de limpeza, é que formam sais

insolúveis com cátions divalentes, como o Ca2+ e Mg2+, comumente presente em águas duras.

A precipitação dos sabões com estes íons dificulta o processo de formação de espuma e

compromete o processo de limpeza.

Figura 3.1- Estrutura típica do sabão

Este composto de longa cadeia é facilmente degradado pelas bactérias e tem um tempo

de residência ambiental menor que um dia. Assim sendo, a sua ocorrência nos sistemas

aquáticos raramente corresponde a um problema ambiental.

Durante a I Guerra Mundial, as gorduras eram difíceis de se obter na Alemanha, dado

o seu uso para fins de nutrição, sendo assim, os cientistas iniciaram uma procura de

detergentes sintéticos e Fritz Gunther desenvolveu o primeiro sabão artificial em 1916

(WAITE et al., 1984). Tratava-se do composto diisopropilnaftaleno sulfonato, o qual obtinha

bons resultados em substituição aos sabões naturais.

Em 1932, o primeiro detergente doméstico, comercializado nos Estados Unidos da

América, foi desenvolvido como resposta à necessidade de obter um substituto do sabão nas

áreas de água dura do país. Tais detergentes na realidade foram sais de sódio de um ácido

orgânico sulfonado, R-SO3H, ao invés de um ácido carboxílico como os sabões. Estes novos

Page 22: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 22

compostos se mostraram mais solúveis do que os sabões e, portanto, mais eficientes, aliado à

vantagem de não formar compostos insolúveis com íons divalentes (BAIRD, 1995).

Assim, com o avanço da ciência, de alguma forma também impulsionado pelas duas

Grandes Guerras Mundiais, foi permitido, na década de 50, o desenvolvimento dos

alquilbenzenos ramificados, obtidos através da sulfonação do propileno tetramérico e do

benzeno, obtendo, desta forma, excelentes propriedades de limpeza. No entanto, dada a sua

estrutura ramificada, dificilmente biodegradável e geradora de camadas de espuma intensas

nas superfícies aquáticas, verificou-se um desenvolvimento acelerado, logo no início da

década seguinte, dos alquilbenzenos lineares.

Nesta linha de surfactantes sintéticos, o tensioativo de maior produção mundial é em

disparado, o alquilbenzeno linear sulfonado (LAS), dado o seu emprego na produção de uma

elevada percentagem de detergentes (Figura 3.2). Estes compostos, sulfonados, apresentam as

mesmas características de limpeza dos seus antecessores, com a vantagem de uma maior

biodegradabilidade, quando comparado ao alquilbenzeno sulfonado não linear (ABS),

composto de baixa biodegradabilidade.

Figura 3.2 - Estrutura molecular do alquilbenzeno linear sulfonado (LAS)

A escolha do tensioativo, ou tensioativos utilizados por parte dos fabricantes na

formulação dos detergentes resulta da ponderação dos custos e propriedades individuais de

cada um deles disponíveis, de modo a alcançar os menores custos possíveis para determinado

desempenho de limpeza exigida. Assim sendo, o LAS corresponde à primeira opção, em

situação de mercado estável, dadas as suas características.

A vantagem principal deste surfactante é o seu alto grau de biodegradabilidade, e a

rapidez com que este processo ocorre, por exemplo, de 3 a 4 horas em estação depuradora

aeróbia.

Adicionalmente o LAS apresenta outra série de vantagens (PETRESA, 2006):

Page 23: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 23

a. Propriedades de tensioativo excelentes;

b. Compatibilidade com todo tipo de fórmulas e ingredientes. Pode ser usado na

formulação de lixívia, pós-regulares e concentrados, e líquidos para a lavagem de

roupa, utilizando quaisquer enzimas, branqueadores e complexantes;

c. Versatilidade para o seu uso em líquidos, pós, géis, pastas e barras, podendo-se

formular estas últimas com a mesma dureza que com o alquilbenzeno ramificado

sulfonado (ABS);

d. Sinergismo com algum dos ingredientes habituais das formulações;

e. Baixíssima relação custo/rendimento;

f. Facilidade de processamento, tanto na sulfonação com qualquer equipamento ou

agente sulfonante, como na elaboração do produto final em torres de atomização ou em

processos de aglomeração;

g. Características de solubilidade favoráveis para utilizações em formulações de

detergentes líquidos e em pó;

h. Estabilidade do produto sulfonado e neutralizado sem alteração do pH com o tempo

(não hidrolisável);

i. Em resultado do fator anterior, pode ser utilizado em soluções ácidas ou alcalinas;

j. Compatibilidade com outros agentes tensoativos para constituição de sistemas ativos

mistos;

k. Enorme facilidade e seletividade analítica, mesmo em concentrações muito baixas (da

ordem de ppb). Daí a sua grande precisão e facilidade para ser estudado em condições

reais de meio ambiente.

3.2 PROPRIEDADE DOS SURFACTANTES

3.2.1 Os Surfactantes ou Tensioativos

Para finalidade deste estudo, os surfactantes são entendidos como agentes de

superfície, também denominados de tensoativos. São compostos orgânicos que modificam as

Page 24: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 24

propriedades da água e segundo a IUPAC (União Internacional da Química Pura e Aplicada)

são definidos, como “qualquer composto químico orgânico ou inorgânico que reduza a tensão

superficial de um líquido para produzir um ou mais dos seguintes efeitos:

a. Aumentar a adesão a uma superfície sólida quando dissolvida em água ou em soluções

com água;

b. Reduzir a tensão interfacial entre dois líquidos;

c. Reduzir a tensão interfacial entre um líquido e um sólido;

d. Eliminar a tensão interfacial entre dois fluidos imiscíveis como óleo e água criando

uma emulsão”.

Surfactantes são usados, portanto, como emulsificantes e dispersantes por possuir a

capacidade de reduzir a tensão interfacial entre materiais aquosos e não-aquosos (PORTER et

al., 1994). Dependendo dos efeitos específicos produzidos, os surfactantes são classificados

em três grupos: detergentes, agentes umidificantes e emulsionadores. Porém, para qualquer

um dos efeitos que estes possam exibir, todas as moléculas de surfactante incluem em uma

extremidade uma porção hidrofílica (que atrai água) e na outra extremidade uma porção

lipofílica (que atrai óleo).

Em uma mistura de água-óleo, a “cauda”, ou extremidade longa de hidrocarbonetos

(lipofílica) de uma molécula típica de surfactante se orienta no sentido da fase óleo.

Concorrentemente, a “cabeça” hidrófila tem uma forte tendência para se dissolver em água.

Assim, muitas moléculas de surfactante podem formar uma única camada na superfície da

água. Quando esta camada de surfactante estiver completa, qualquer molécula de surfactante

restante na água tende a se formar em agregados sub-microscópicos (ou micelas) cercando as

gotas de óleo suspenso (Figura 3.3).

Page 25: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 25

Figura 3.3 - Ação dos tensioativos sobre os óleos em solução promovendo a separação das duas fases.

O tamanho da molécula de surfactante é particularmente significante: se a cadeia de

hidrocarboneto contiver menos que 8 átomos de carbono a molécula se torna bastante solúvel

em água; por outro, à medida que o número de átomos de carbono aumenta, o grau de

solubilidade decresce, tornando-se bastante significativo com cadeias acima de 18 átomos de

carbono (LOMAX, 1996).

3.2.2 Classificação dos Surfactantes

As partes hidrofílicas das moléculas de surfactante regularmente alcançam a

solubilidade de água por meio de ligações iônicas ou pontes de hidrogênio. Isto provê a base

de classificação dos surfactantes em quatro subgrupos. Três destes subgrupos exibem ligações

iônicas: aniônicas (carregada negativamente); catiônicas (carregada positivamente) e

anfotéricos (esses que podem atuar tanto em sítios com cargas positivas quanto negativas). O

quarto subgrupo inclui surfactantes de não-iônicos.

a. Catiônicos: Compostos que quando em dissolução, o grupo ativo fica carregado

positivamente (cátion). Não são compatíveis com os surfactantes aniônicos, com

os quais formam precipitados insolúveis (ECKENFELDER, 1989). São bastante

utilizados como amaciantes de roupas, alguns grupos como os quaternários de

amônio têm grande poder microbicida e são utilizados como aditivos em produtos

de limpeza doméstica e industrial (Figura 3.4).

Óleo

Água

Moléculas de Surfactantes

Page 26: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 26

Cloreto de dodeciltrimetilbenzilamônio

Figura 3.4 – Exemplo de um surfactante catiônico

b. Aniônicos - Compostos que em dissolução, o grupo ativo fica carregado

negativamente (ânion). A utilização dos tensioativos é majoritariamente verificada

no setor de detergentes de limpeza e lavagem (50%), correspondendo, ainda, uma

elevada fração para a indústria de têxteis e fibras (10%). São usados como

estabilizadores na indústria alimentar e em tinturarias, e são utilizados no processo

de biorremediação de solos contaminados, mas, neste caso, em pequena escala

(CUNHA e LOBATO., 2000) (Figura 3.5) .

Dodecil sulfato de sódio (SDS)

Figura 3.5 – Exemplo de um surfactante aniônico

c. Anfotéricos: Desenvolvem uma carga de negativa ou positiva dependendo do pH

da solução, se alcalina ou ácida. Eles contêm em cada molécula grupos ácidos e

básicos, e podem agir como detergentes aniônicos ou de catiônicos. Eles tendem a

trabalhar melhor a pH neutro, e são aplicados em xampus e limpadores de pele.

Eles são muito estáveis em condições ácidas fortes, (Figura 2.6).

Page 27: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 27

Cocoaminopropil betaína

Figura 3.6 – Exemplo de um surfactante anfótero

d. Não-iônicos: Não se ionizam na água. Para se tornarem solúveis precisam da

presença, em suas moléculas, de polímeros de óxido de etileno. São bons

emulsificantes, porém não espumam, por isso a sua aceitação no mercado está

mais restrita ao uso de lavanderias, e como amaciantes; têm algum poder

germicida. São mais caros e representam apenas 10% do volume dos agentes

tensoativos consumidos (AMIGO, 1998) (Figura 3.7).

Surfactante silicone

Figura 3.7 – Exemplo de um surfactante não-iônico

3.2.3 Composição dos Detergentes

Os detergentes modernos concentrados contêm cerca de até 20% por peso de

tensioativos. Assim sendo, uma dosagem de detergente doméstico de 5 g/L, originará uma

água de lavagem com 1g tensioativo, isto é 0.1% por peso (BASF., 2004). Tais detergentes

serão abordados neste trabalho, tendo em vista o foco da pesquisa. Eles são constituídos

essencialmente por três compostos base: tensioativos (agente umedecedor), um agente

Page 28: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 28

complexante e uma base para reagir e neutralizar os ácidos presentes na solução (WAITE et

al., 1984).

O agente complexante realça ou mantém a eficiência de limpeza do tensoativo. A sua

função primária consiste em reduzir a dureza da água. Este processo ocorre quer por seqüestro

ou quelação (mantendo os minerais de cálcio e magnésio em solução), por precipitação

(formando uma substância insolúvel), ou por permuta iônica (através da troca elétrica de

partículas carregadas). Como agentes sequestrantes mais comuns temos os fosfatos complexos

e os citratos de sódio (SDIA , 1998). Os carbonatos de sódio e silicatos de sódio são exemplos

de agentes de precipitação. Um exemplo comum de permutador iônico é o aluminosilicato de

sódio (zeólito).

O agente complexante tem ainda como funções, promover ou manter a alcalinidade

necessária durante os processos de limpeza, especialmente para sujidade ácida; evitar, como

auxiliar, a re-disposição da sujeira removida durante a ação de limpeza; e emulsionar óleos e

sujidades engorduradas.

A presença de alquilbenzeno linear sulfonado (LAS) em muitos detergentes

comumente usados em residências têm resultado no aumento de possíveis efeitos nos

consumidores, em conseqüência da elevação de cenários de contato com a pele, inalação e

ingestão. A ingestão é causada, possivelmente por resíduos do surfactante em pratos, talheres

e recipientes que possam ser usados na manipulação de alimentos.

O LAS é uma substância orgânica, se comporta como um sólido quando puro em

condições normais de temperatura e pressão. Sua pureza, quando sólido, se estabelece em

torno de 87 a 98%, e depende apenas da qualidade do processo reativo do alquilbenzeno

linear derivado da parafina com o catalisador empregado na sulfonação. Em média possui de

10 a 13 carbonos na cadeia orgânica. Na verdade, o LAS é uma mistura de isômeros e

homólogos, que contem um anel aromático sulfonado na posição para e conectado a uma

cadeia alquil linear, (Figura 3.8).

Page 29: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 29

Figura 3.8 - Sulfonação de LAB para produção de LAS (BERNA et al.,2000).

O LAS é irritante para pele e olhos. A potencial irritação das soluções aquosas de LAS

depende de sua concentração em solução. Não são percebidos efeitos locais quando do uso de

soluções diluídas de LAS, desde que estas concentrações não ultrapassem 1% e não haja

contato com os olhos.

O mecanismo de ação dos surfactantes não é bem entendido. O que se sabe é que há

interações destes compostos químicos com membranas lipídicas (ABEL, 1974; TALMAGE,

1994). A elevadas doses, os surfactantes destroem o tecido biológico por ruptura da

membrana biológica e da integridade protéica da célula. Este é um efeito físico devido à

redução da tensão superficial do tecido (ABEL, 1974).

As interações do surfactante com as membranas protéicas podem ser um efeito

indireto das mudanças na fluidez da membrana (VAN WEZEL et al, 1995). A mudança na

fluidez destas membranas poderia explicar a permeabilidade de membranas biológicas a

alguns pesticidas e íons metálicos na presença de surfactantes (SOLON e NAIR, 1970; PÄRT

et al., 1985).

3.3 POTENCIALIDADE DE BIODEGRADAÇÃO DO LAS

A sociedade está sempre ampliando a utilização de novos materiais, energia e espaço.

Este fluxo é acompanhado por um crescente acúmulo de resíduos de substâncias químicas

orgânicas antropogênicas no meio ambiente. E uma das formas de remover tais compostos

orgânicos residuais do meio ambiente é a utilização dos processos bioquímicos, ou

biodegradação. Considera-se que o fator mais importante na avaliação toxicológica dos

diferentes tensoativos é a diferença de biodegradabilidade entre eles.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 30

Estes processos de biodegradação modificam as estruturas químicas em questão,

transformando-as em um ou mais produtos com propriedades químicas e físicas particulares

(SALES et al., 1999). A biodegradação primária implica um grau de biodegradação do

substrato que permita a perda das propriedades características da molécula intacta. No caso

dos tensoativos, esta é medida quando da perda da sua capacidade de agente espumante ou

como redutor da tensão superficial. A biodegradabilidade avançada (secundária) alcança-se

quando a molécula de substrato se divide em segmentos menores. A biodegradação final, ou

última, é a que, através de uma seqüência de ataques enzimáticos, reduz o substrato à

estrutura mais simples possível (mineralização).

Entretanto, deve ser notado que quando se refere ao termo "produtos biodegradados",

isto não implica, necessariamente, em produtos mineralizados. A mineralização geralmente

envolve sucessivas transformações biológicas e resulta na completa degradação de um

composto químico orgânico à formas inorgânicas estáveis de C, H, N, e P.

A biodegradação dos surfactantes ocorre por meio da atividade metabólica de

microorganismos, tais como bactérias que utilizam o surfactante como fonte de carbono,

enxofre, etc. Alguns autores (STEBER e BERGER, 1995; BALSON e FÉLIX 1995)

discutiram rotas de biodegradação de surfactantes aniônicos e não-aniônicos detalhadamente.

Esses pesquisadores detectaram que a biodegradabilidade de surfactantes, bem como a

taxa de degradação e a toxicidade dos produtos metabolizados da degradação variavam

dependendo do tipo de surfactante que era alvo do trabalho. Um exemplo disto, é o LAS, cuja

natureza linear implica em uma grande toxicidade, mesmo possuindo uma biodegradação

relativamente rápida. Alguns autores, entretanto, têm descrito a biodegradação de surfactantes

aniônicos resultando em produtos de degradação menos tóxicos (TURNER et al., 1985;

PATOCZKA e PULLIAM, 1990).

A biodegradabilidade é função da estrutura dos tensoativos, sendo os catiônicos

aqueles que apresentam biodegradabilidade última (mineralização) mais baixa e os

anfotéricos, os de maior biodegradabilidade. Os tensioativos não-iônicos e aniônicos têm, de

uma forma geral, valores de biodegradabilidade aceitáveis (>80%), apesar de alguns

apresentarem valores baixos de biodegradação. Sendo os aniônicos, os tensioativos mais

utilizados (cerca de 52%), é importante identificar quais as estruturas moleculares que

originam maiores impactos ao meio ambiente, considerando a sua ramificação, comprimento

da cadeia e massa molecular.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 31

Em meados da década de 90, alguns autores publicaram estudos de caracterização da

taxa da mineralização do LAS em ambientes aquáticos e terrestres (LARSON et al., 1995). As

medidas de degradação foram baseadas na mineralização do anel benzênico, última etapa de

metabolização do LAS no processo de biodegradação. Suportado nos resultados destes

estudos, diversos pontos chaves emergiram:

a. As taxas de degradação dos homólogos do LAS (C10-C14) são comparáveis, e

os valores observados são equivalentes ao dos tensoativos provenientes de

açúcares e ácidos graxos;

b. O tempo de meia vida para mineralização do LAS em lodo de esgotos, águas

fluviais e sedimentos varia entre 0,5 e 1 dia, enquanto que em superfícies e

subsuperfícies terrestres e em estuários varia entre 1 e 3 dias;

c. A degradação completa do LAS ocorre em condições anaeróbicas quando

precedida por um período de exposição aeróbica.

Todavia, observando-se o crescimento do mercado de produtos de limpeza, em

específico daqueles que possuem a presença de tensoativos catiônicos na sua formulação

(amaciantes), considera-se uma lacuna grave a não obrigatoriedade de controle da sua

mineralização, já que os resultados elevados de biodegradabilidade a que lhes estão

associados não resultam de biodegradação, mas sim de complexação (CUNHA e LOBATO,

2002).

É importante ter em conta a mineralização dos tensioativos, dada a possibilidade de

formação de metabólitos secundários, que se podem caracterizar por taxas de

biodegradabilidade baixas ou toxicidade superior a do tensoativo original.

Nos anos 50 foi observado que a introdução dos novos detergentes de uso doméstico

(alquilbenzeno ramificado sulfonado) provocava excessiva formação de espuma nas estações

de tratamento de esgotos (ETEs) e nos rios (HAGER, 2002), além de provocar uma drástica

mudança de ambiente para os seres aquáticos.

Braile (1993) cita que, embora os detergentes sejam largamente empregados na

indústria - em relação ao consumo total - o consumo doméstico supera o industrial; e que os

detergentes domésticos são geralmente mais difíceis de serem biodegradados, uma vez que a

concorrência de mercado, leva o fabricante a procurar lançar produtos com preços

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 32

competitivos, o que nem sempre é feito respeitando a biodegradabilidade. Os produtos

domissanitários, de higiene e limpeza, onde são empregados surfactantes, como nos

detergentes, clareadores de superfícies, xampus e outros, estão também neste caso.

Com o intuito de corrigir este problema e consolidar o uso dos novos surfactantes,

iniciou-se, por volta de 1960, o estudo dos efeitos ambientais dos alquilbenzenos sulfonados.

Neste estudo empresas e centros de pesquisas iniciaram pesquisas na área de degradação

biológica dos surfactantes, com a finalidade de evitar sérios impactos ao meio ambiente.

Os primeiros resultados positivos foram obtidos com a degradação aeróbia, bastante

difundida na Europa e Estados Unidos, onde se concentravam a maior produção e consumo

destes compostos. Nos últimos anos os estudos da degradação anaeróbia do LAS têm ocupado

bastante os cientistas, devido à grande divergência dos resultados obtidos, resultando na não

comprovação desta biodegradabilidade.

De um modo geral, pode-se considerar que:

a. A biodegradabilidade decresce quando aumenta a hidrofobicidade dos

tensioativos e diminui a sua solubilidade, independentemente das suas

características iônicas;

b. Os tensioativos aniônicos, como por exemplo, o LAS, são geralmente menos

tóxicos que os não-iônicos, devido ao seu menor caráter hidrófobo;

c. Pequenas quantidades de tensioativos em sistemas aquáticos podem causar

danos na cadeia alimentar;

d. Os tensioativos catiônicos e aniônicos podem reagir formando complexos

rapidamente biodegradáveis e muito menos tóxicos que a molécula-mãe.

3.4 TOXICIDADE DO LAS

Em analogia com a biodegradabilidade observa-se uma dependência clara entre a

estrutura do tensoativo e a sua toxicidade. Em parte, o efeito tóxico dos tensioativos é devido

à sua propriedade de perturbar o transporte de oxigênio através das membranas dos

organismos aquáticos. Quanto mais espaço a molécula de tensoativo precisar para isto

ocorrer, como por exemplo, no caso de uma molécula com volumosos substituintes, mais

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 33

dificilmente se realizará o processo. Simultaneamente, no entanto, a capacidade de

degradação biológica diminui.

A biodegradabilidade e a toxicidade nos tensioativos iônicos – caso do LAS - são

contraditórias (CEPIS et al., 1998): Quanto maior for a cadeia carbônica, maior será a

toxicidade aquática; quanto mais larga e menos ramificada for a cadeia carbônica, melhor é a

sua biodegradabilidade;

Ao introduzir num meio aeróbico tensioativos com diferente estrutura molecular,

inicia-se o processo de biodegradação, e aqueles com maior grau de toxicidade são

degradados primeiro e de uma forma mais rápida que os de menor toxicidade. De qualquer

forma, é favorável o processo em que a degradação primária origina uma rápida redução do

grau de toxicidade aquática.

O tensoativo mais usado na produção de detergentes, o LAS, apresenta

biodegradabilidade aeróbica elevada (97,67%), mas a toxicidade aquática aguda é

considerável (superior a 1mg/L). Waite et al. (1984) e Cepis et al. (1998) descreveram para o

LAS uma biodegradabilidade de 90 a 95% com uma concentração para mortalidade de 50%

da população em 96h de teste (LD50 – 96h) de 0,6 a 3 mg/L.

3.5 IMPACTOS AMBIENTAIS

Impactos ambientais importantes podem ser provocados pelo descarte indiscriminado

de tensioativos, inclusive o LAS, nos mananciais das cidades e mesmo no mar,

acompanhando o esgoto doméstico e industrial sem tratamento. Em conseqüência disto

podem existir: formação de espuma, diminuição da absorção do oxigênio da atmosfera pelos

meios aquosos e biota, além de sua dissolução e aumento do conteúdo em fosfatos no meio

aquático.

Fato atribuído ao lançamento de LAS (e outros tipos de tensioativos), e principalmente

à ausência de tratamento adequado dos esgotos domésticos e industriais, é o fenômeno da

invasão dos gigantescos blocos de espuma na cidade de Pirapora do Bom Jesus, a 54 km de

São Paulo, que todos os anos repete-se.

Imensos blocos de espuma invadem a cidade (Figura 3.9), que chega a paralisar todas

as atividades devido à má condição do tráfego e ao grande surgimento de alergias. Relata-se

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 34

que o surgimento da espuma se dá pela agitação da água com alta concentração de esgoto

doméstico e supostamente com alta concentração de surfactantes, após passar por um desnível

de 25 metros na barragem de Pirapora. Há controvérsia sobre a causa efetiva, uma vez que,

em geral, a contração de LAS no rio Tietê, exatamente no trecho compreendido no domínio

da cidade de Pirapora, é baixa, menor que 2 mg/L (0,63 a 1,94 mg /L), onde as espumas

podem ser causadas por outros constituintes dos esgotos domésticos e industriais não tratados.

Figura 3.9 - Cenas da invasão de blocos gigantes de espuma na cidade de Pirapora –SP Fonte : Agencia Estado (http://www.webcentral.com.br/pirapora/) 10/02/06

Cserháti (2002) descreveu sobre a bioatividade e impactos ambientais dos surfactantes

aniônicos, afirmando que os mesmos podem se ligar a macromoléculas como amido,

proteínas e peptídeos, modificando sua estrutura e podendo causar mudança nas suas

propriedades biológicas, vindo a afetar na toxidez destes produtos ao homem, provocando,

principalmente, irritações nos olhos e na pele.

Além disto, estes compostos sob determinadas concentrações podem inibir a

respiração dos microrganismos, a ação de enzimas a nitrificação e a mineralização,

impossibilitando a completa biodegração dos efluentes (DALZELL et al.,2001; FIELD, 2002;

SHCHERBAKJOVA et al. ,1999; UTSUNOMIYA et al, 1997).

Mösch e Meyer (2002) descreveram uma inibição de 50% da degradação do acetato e

do propianato com concentrações de 14 mg/L e 27mg/L de LAS respectivamente, e com o

acréscimo de cada 12 mg/L de LAS a inibição do acetato aumenta por um fator de 10.

Tools et al (2000)e Verge et al (2001) observaram que com o aumento da dureza da

água, principalmente a dureza de Ca+2, inicia-se um processo de precipitação do LAS, por

formação da molécula Ca(LAS)2, com conseqüente redução da toxidez do LAS para a biota

local.

Page 35: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 35

3.6 MÉTODOS DE BIODEGRADAÇÃO DO LAS

Testes de biodegradação são corriqueiramente utilizados para prever a velocidade e

extensão da degradação de produtos químicos no meio ambiente. É extremamente importante

que as condições de testes de biodegradação, sejam a mais próxima possível das condições do

ambiente natural, pois os mesmos podem subestimar a capacidade de biodegradação das

substâncias ou compostos caso não sejam considerados fatores tais como, a existência de

estações de tratamento e a aclimatação de microorganismos (ALMEIDA, 2006).

A biodegradabilidade dos alquilbenzenos sulfonados tem sido determinada pelo "The

Standard Test Method For Biodegradability of Alkylbenzenes Sulphonates", ASTM-D-2667-

82 e o OECD/76-Organisation for Economic Co-operation and Development. O primeiro

determina o grau de biodegradabilidade e também um índice de adequação do sulfonato para

a utilização geral como detergente. Este método distingue-se dentre os demais métodos para

sulfonados ramificados e lineares pela velocidade de biodegradação (ASTM, 2006).

Ambos os métodos determinam a biodegradabilidade primária, usando testes analíticos

específicos dos tensoativos aniônicos (azul de metileno) e dos não iônicos (iodo bismuto ou

cobaltotiocianato), enquanto os métodos OECD/80 têm suas condições previstas para a

determinação da biodegradabilidade total, medida por carbono orgânico solúvel ou evoluído

como CO2 e, assim, aplicam-se a qualquer tensoativo ou substância orgânica solúvel em água

(LEITE, 1994).

Na década de 90 foi estabelecido no Brasil, o método para determinação da

biodegradabilidade de tensoativos aniônicos estabelecido pela portaria n°120 de 24 de

novembro de 1995 pela Secretaria de Vigilância Sanitária. Este método utiliza como

referências o OECD/71 e o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater

(APHA et al., 1995).

3.6.1 Biodegradação Aeróbia

A biodegradação primária do LAS é a transformação induzida por microorganismos,

com a formação de carboxilatos sulfofenílicos como intermediários da biodegradação,

conforme a Figura 3.10. Este estágio da biodegradação corresponde ao desaparecimento da

molécula-mãe e a perda de atividade interfacial e de toxicidade em organismos presentes no

meio ambiente (KIMERLE, 1989), a biodegradação prossegue com a clivagem (quebra) do

anel aromático e a completa conversão do LAS e intermediários em substâncias inorgânicas

Page 36: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 36

(mineralização: H2O, CO2, Na2SO4) e a incorporação de seus constituintes à biomassa dos

microorganismos (KARSA e PORTER, 1995).

Figura 3.10 – Biodegradação do alquilbenzeno sulfonado linear (BERNA et al., 2000).

A primeira evidência que as porções alquil e aromáticas do LAS poderiam ser

extensivamente biodegradadas e convertidas à CO2 no meio ambiente veio com uma

simulação de tratamento de esgoto marcado com C-14 (comercial) realizada por Nielsen e

Huddleston, em 1981.

Willetts e Cain (1972) utilizando um meio mineral e o undecilbenzeno como fonte de

carbono e enxofre para a espécie A. Bacilus, conseguiram uma rápida oxidação de todos os

isômeros alquilbenzenos (tolueno-p-sulfonado e octadecilbenzeno-p-sulfonado) com injeção

de oxigênio de 20 a 60 nmol/min/ mg de células secas de A. Bacilus .

Cavalli et al (1993) trabalhando para a EniChem Augusta Industriale, Torino (Itália),

monitoraram a degradação aeróbia do LAS em uma ETE, baseada no sistema de lodos

ativados, com tempo de detenção hidráulica (TDH) de 4 horas e observaram uma remoção de

98% a 99% do LAS, onde 80% fora degradado a intermediários (Sulfofenil Carboxilatos –

SPC´s) e 18 a 19% pemaneceu precipatado no sistema ou adsorvido no lodo, concluindo que

o LAS tem fácil biodegração, perdendo sua propriedade tensoativa rapidamente no primeiro

estágio do processo.

Fauser et al (2002) também monitoram uma ETE operando em sistema de lodos

ativados, com 4 horas de TDH, em Roskild (Dinamarca), onde verificaram remoção e

biodegradação similares às descritas por Cavalli et al (1993).

Page 37: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 37

Vários trabalhos fundamentam bem a biodegradação aeróbia do LAS inclusive sobre

os compostos intermediários originados neste processo, descrevendo rotas de biodegradação,

sedimentando os conceitos e desfazendo os mitos sobre este assunto (CAVALLI et al., 1996;

SCHULTZ et al., 2000; ALMEIDA, 2002).

O passo limitante da degradação microbiana aeróbia desses detergentes é a separação

do radical alquila do anel benzeno sulfonado, pois a reação de degradação dos ácidos graxos

resultantes ocorre pela via glicólise e ciclo de Krebs. O anel aromático sulfonado é degradado

posteriormente a dióxido de carbono, água e sulfato.

Jiménes et al. (1991) conseguiram isolar um grupo de bactérias aeróbias degradadoras

do LAS em um meio LAS/ Agar-glicose-peptona-extrato de levedura (LAS/YEPG) afirmando

a habilidade destas para mineralizar o anel aromático marcado com 14C.

O CLER (Conselho para Pesquisas Ambientais do LAS/LAB) publicou em seus

boletins que em um estudo realizado em 50 estações depuradoras dos Estados Unidos foi

obtida uma degradação de até 99% do LAS com um mínimo de 77% em estações menos

eficientes. Nos ambientes aquáticos (principalmente nos rios), esta degradação também se

processa de forma rápida e completa observando-se um tempo de meia vida de 0,15 a 0,5 dia

sem nenhum tipo de acúmulo no ambiente. Isto vem comprovar a completa degradabilidade

do LAS em meio aeróbio (CLER, 2006).

3.6.2 Biodegradação Anaeróbia A literatura ainda é contraditória em relação a biodegradação do LAS sob condições

anaeróbias. Alguns trabalhos mostram que o LAS não exibe qualquer biodegradação

significativa, mesmo após dois meses de incubação em laboratório (STEBER et al., 1979;

STEBER, 1995; FEDERLE et al., 1992). O potencial de oxidação é muito baixo (-400 mv)

não propiciando condições adequadas para promover a oxidação.

Entretanto, em condições de oxigênio limitado, que ocorre no ambiente natural, a

biodegradação aeróbia do LAS pode ser iniciada e daí então ser continuada em condições

anaeróbias (LARSON et al, 1995; LEON et al., 2001).

Em se tratando de sistemas anaeróbios, muitos compostos são de difícil degradação

para os microrganismos como alguns hidrocarbonetos, compostos ramificados, aminas

aromáticas, sulfonatos aromáticos (classe na qual se enquadra o LAS). Esta dificuldade pode

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 38

ser reduzida ou eliminada, pela existência de agentes receptores e doadores de elétrons,

enzimas e pelo ajuste de pH entre outros fatores (FIELD, 2002).

Nos últimos anos vários pesquisadores têm se dedicado ao estudo da biodegradação

anaeróbia do LAS, e ainda não se tem uma conclusão definitiva sobre esta degradação.

Em grande parte destes estudos, verificou-se dificuldade na obtenção da mineralização

do LAS quando em concentração maior que 15 mg/L (SANZ et al, 1995; SHCHERBAKOVA

et al, 1999; HAGGENSEN et al, 2002; MÖSCHE & MEYER, 2002). Apesar da grande

discordância quantitativa entre os pesquisadores, todos os trabalhos dão indício da

biodregadabilidade anaeróbia parcial do LAS, ou seja , ocorre formação de intermediários

mas não a mineralização, além de indicar a utilização do LAS como fonte de enxofre(S) para

as γ-proctobacteria, em condições anóxicas, (DENGER e COOK, 1999).

O experimento realizado por Garcia et al (2006) mostrou que ocorre uma pobre

degradação primária do LAS (4 a 22%), além de verificar uma significativa inibição da

produção do biogás devido à adição do LAS no reator e da origem do lodo inoculado. A

diferença de produção de biogás entre inóculos variou de 4 a 26% .

A completa mineralização do LAS foi obtida em um período de 48 a 72 horas pela

utilização de um consórcio Pantoea agglomerans e Serratia odorifera 2, através do

crescimento em um meio mínimo e caldo nutriente utilizando LAS (200 mg/L) como única

fonte de carbono (KHLEIFAT, 2006).

3.6.3 O LAS no Lodo Grande parte dos lodos orgânicos é formada por compostos lipofílicos que adsorvem

para a matriz do lodo grande parte da carga dos surfactantes, limitando as perdas potenciais

para a fase aquosa no efluente final. A fração de orgânicos voláteis no lodo, incluindo

benzeno, tolueno e diclorobenzenos, é perdida por volatilização durante o tratamento do

esgoto e do lodo, particularmente se o lodo é aerado, ou agitado e desidratado.

No tratamento do esgoto (doméstico ou industrial) pelo processo de lodos ativados,

uma considerável proporção do LAS é removida por meio de adsorção durante a

sedimentação primária do lodo e não sofrerá um tratamento aeróbio normal, uma vez que esse

fluxo de lodo não alcançará o tanque de aeração adequadamente. Ou seja, o LAS adsorvido

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 39

permanece junto ao lodo até que este possa atingir a região adequadamente aerada do sistema

de tratamento ou seguir como lodo de descarte para o tratamento anaeróbio.

3.6.3.1 A Adsorção

Observa-se que a adsorção é um importante mecanismo que influencia e afeta o

comportamento dos surfactantes nos meios aquáticos e terrestres. A adsorção de compostos

orgânicos no lodo é determinada pelos processos físico-químicos e pode ser predito para

compostos individuais pelo coeficiente de partição octanol-água (Koa).

Durante a sedimentação primária, contaminantes hidrofóbicos podem particionar no

lodo primário sedimentado e os compostos podem ser agrupados de acordo com seu

comportamento adsortivo, baseado no conhecimento do coeficiente Koa como se segue:

• Log Koa < 2,5 (baixa adsorção potencial) • Log 2,5 < Koa < 4,0 (média adsorção potencial) • Log Koa > 4,0 (alta adsorção potencial)

Assim, por meio da adsorção no lodo, o LAS pode entrar nos ambientes terrestres e

contaminá-lo (WOLF e FEIJTEL, 1998). Valores para os coeficientes de adsorção têm sido

investigados e disponibilizados na literatura por alguns autores (KNAEBEL et al., 1990;

LARSON et al., 1989).

Uma correlação negativa entre o coeficiente de adsorção, a taxa de biodegradação e a

extensão total da mineralização, foi reportada por Knaebel et al. (1990), indicando que uma

grande afinidade do contaminante pela matriz ambiental conduz a baixas taxas de

biodisponibilidade para a degradação.

Ward e Larson et al. (1989) conduziram investigações de degradabilidade do LAS na

matriz solo, e afirmaram que a taxa de biodegradação do LAS não é influenciada pelo tipo de

solo, deduzido através do uso de diferentes modelos cinéticos para ajuste de curvas

experimentais.

A adsorção também tem papel importante na determinação do tempo de residência do

produto químico no solo ou mesmo no lodo. Assim, ao se elevar à capacidade de adsorção da

matriz, o tempo de residência também aumenta, demandando maior tempo para o processo de

biodegradação ocorrer (LARSON et al., 1995).

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 40

Quando não há interação entre as moléculas de adsorbato e quando a adsorção está

localizada na monocamada, os dados de adsorção podem ser ajustados pela isoterma de

Langmuir, matematicamente representada pela Eq. 1.

NmC

KNmNC

+=1 (1)

Onde, C - Concentração da substância na solução final em equilíbrio. N - Número de moles da substância adsorvida por grama de sólido. Nm - Número de moles do soluto por grama de sólido necessários para formar uma

monocamada sobre a superfície. K – coeficiente de sorção.

Entretanto, a literatura freqüentemente aplica a isoterma de Freundlich, apresentada

na Eq. 2, que também pode ser usada para adsorções multicamadas. Uma dificuldade na

comparação dos coeficientes de adsorção é que freqüentemente estes coeficientes são

determinados como uma razão da fração de adsorbato fixado no lodo e a fração dissolvida no

meio aquoso. Neste caso, a quantidade do sedimento (lodo) e o teste de concentração química

deveriam ser mencionados (MATTHIJS e De HENAU, 1985).

nCeKdMX /1.= (2)

Onde, X – Quantidade da substância adsorvida (g) M – Massa do adsorvente (g) Kd – Coeficiente de Sorção Ce – Concentração da substância na solução final em equilíbrio (µg/mL) De forma geral, o processo de adsorção do LAS no lodo parece ser fortemente

decisivo para o entendimento do fenômeno da biodegradação anaeróbia do surfactante. Esta

etapa parece ser altamente influenciada pela composição do sedimento (lodo) e da

hidrofobicidade da molécula de LAS, considerando-se os diferentes isômeros e homólogos do

LAS no lodo (HAND e WILLIAMS, 1987).

Para melhor ilustrar como o processo adsortivo pode influenciar no tratamento

anaeróbio do LAS, expõem-se os resultados do trabalho realizado por Wagener e Schink

(1987) e confirmado por Federle e Schwab (1992). No experimento os autores compararam a

mineralização de moléculas de LAS marcadas com radioisótopos de 14C em sedimentos

anaeróbios de uma estação de tratamento de esgotos.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 41

Parte da conclusão desse estudo mostra que algumas condições climáticas como a

temperatura e a pressão atmosférica - que interferem diretamente nos modelos de adsorção -

não possibilitaram as melhores condições para que o LAS dessorvesse do lodo e se

apresentasse apropriadamente em condições biológicas de degradação. Uma degradação

inicial por uma fonte de oxigênio molecular é sugerida como iniciador do processo.

No lodo, principal agente da degradação, a adsorção representa uma parcela muito

importante quando se verifica o balanço de massa em um sistema anaeróbio. O

comportamento adsorção - dessorção do LAS foi estudado em sedimentos marinhos do Golfo

Thermaikos, Grécia, onde se verificou que a sorção pode ser descrita pela isoterma de

Freundlich enquanto a dessorção é dada por uma equação linear com o termo 1/n igual a 1

(FYTIANOS et al., 1997).

O mesmo comportamento foi observado para sedimento de água fresca (MATTHIJS e

DE HENAU, 1985). TEMMINK e KLAPWIJK (2004) estudaram a adsorção do LAS em lodo

ativado de uma estação, verificando um equilíbrio de adsorção quase instantâneo (K = 3,21/g

de sólidos suspensos voláteis) cuja relação linear do gráfico experimental (R2=0,991),

mostrou a obtenção de excelente modelagem numérica do fenômeno.

Já no solo a análise é mais complexa, pois depende do conteúdo de argila no solo. A

adsorção neste caso é fraca e pode ser dividida em 2 fases: a primeira linear com concentração

de LAS < 90 μg/mL e a segunda fase seguindo a isoterma de Freundlich (OU et al, 1995).

3.7 MÉTODOS DE ANÁLISE DO LAS Os detergentes são, geralmente, uma mistura de vários alquil homólogos (C10 a C14) e

isômeros fenil com uma cadeia carbônica longa, uma média de aproximadamente 11,8

carbonos na cadeia alquílica.

Os mais importantes parâmetros de qualidade para a análise do LAS são: o limite de

detecção (LD) e a seletividade da análise. Relevantes limites de detecção variam de uma

matriz ambiental para outra. Em lodos produzidos em estações de tratamento de efluentes

domésticos, o limite de detecção de 50-100 mg/kg de matéria seca provavelmente será

suficiente para a análise, enquanto que em sedimentos o limite de detecção deve estar abaixo

de 1 mg/kg de matéria seca, ou mesmo 0.1 mg/kg de matéria seca.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 42

A busca por alta seletividade é importantíssima para a seleção de uma técnica analítica

que se molde à realidade do trabalho. Como alternativas há a cromatografia gasosa e a

cromatografia líquida. Alguns dos detectores, tais como o espectrômetro de massa (EM) tem a

alta seletividade intrínseca ao seu processo de análise, enquanto que no geral, detectores como

o detector de ultravioleta (UV) para HPLC, apresenta menor seletividade na análise devido a

algumas substâncias apresentarem o mesmo tempo de retenção devido à similar interação com

o solvente e a coluna utilizada.

A descrição dos métodos de análise do LAS pode ser separada em passos analíticos:

Extração, limpeza total, derivação (se necessário) e análise cromatográfica.

a. Extração

Sendo o LAS um surfactante aplicado a detergentes de características aniônicas, este

possui um terminal molecular hidrófobo e outro hidrófilo. Isto implica que embora o LAS seja

muito hidrossolúvel, pode ser extraído da água por um solvente orgânico ou mesmo através de

extração de fase sólida (SPE). Isto também significa que o SPE pode ser usado como um

procedimento de limpeza total (clean-up) para o LAS na amostra.

A seleção de técnicas de extração por solvente depende da matriz. Para matrizes como

o lodo, o LAS se adsorve a parte orgânica do lodo ou até nas partículas de terra contidas na

mesmo, uma vez que o LAS tem uma terminação de não-polar na sua molécula. Devido ao

grupo sulfona presente no LAS ser polar, a ligação com as partículas é menor do que em

contaminantes clássicos não-polares como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAH) e

bifenilas policloradas (PCB). Isto também implica que o LAS é mais facilmente extraído em

amostras de solo ou lodo ricos em sedimentos de argila, onde os contaminantes de ordem não-

polar podem estar ligados dentro dos agregados e então dificilmente extraíveis dos materiais

sólidos.

Como a extremidade polar da molécula de LAS é um ácido de sulfônico, a adição de

bases como hidróxido de sódio pode em alguns casos facilitar a extração com um solvente

orgânico (metanol, por exemplo). A adição de base produz o efeito converter o LAS em sua

forma ionizada, daí então teoricamente mais fácil de se extrair da matéria seca. Porém, muitas

referências reportam a obtenção de boas recuperações de LAS a partir do lodo e sedimento

com e sem a adição de base (DING e FANN , 2000; LI et al., 2001). Desta forma torna-se

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 43

necessário conduzir testes comparativos de forma a ter a certeza do melhor método de

recuperação do LAS a partir de amostras secas.

b. Limpeza total (Clean-up)

Geralmente, o passo de limpeza total só será usado quando necessário para obter uma

boa seletividade do método de extração. Em um padrão horizontal para o LAS a necessidade

do uso de uma etapa de limpeza total depende da matriz, do limite de detecção (LD), e do

método analítico a ser usado.

Para limites de detecção muito elevados (>50mg/kg de matéria seca), o passo de

limpeza total da amostra deve ser realizado com o auxílio do HPLC-UV, podendo-se utilizar

também para uma efetiva separação de isômeros e homólogos do LAS outros detectores como

o de fluorescência.

c. Derivatização

A derivatização é a reação química que provoca modificação previsível numa

substância, geralmente a fim de torná-la mais adequada a algum tipo de análise química.

Este processo é importante quando é necessário analisar separadamente enantiômeros

(UNL, 2006), para transformar um composto em forma mais estável, evitando, desta forma, a

quebra da molécula pela temperatura utilizada no procedimento analítico da CG ou ainda

quando se deseja analisar via CG um composto não volátil (ponto de ebulição acima de 250

°C) (PEREIRA et al, 2002);

d. Análise cromatográfica

A análise clássica de detergentes aniônicos é a determinação do azul de metileno ativo

(MBA), um procedimento colorimétrico que determina o LAS junto com outras combinações

aniônicas ativas e presentes à amostra. Para uma determinação específica do LAS, deve ser

usado um procedimento cromatográfico. Outros métodos analíticos, tais como eletroforese

capilar, podem ser usados, mas não tem nenhuma importância prática.

Hoje a cromatografia gasosa (GC), bem como a cromatografia líquida de alta

performance (HPLC), são utilizados para determinação de LAS em diversas matrizes. Porém,

a maioria das análises é conduzida a cabo pelo HPLC e só poucos casos por GC. A razão disto

é que o LAS não é bem interpretado pela análise de GC devido basicamente à baixa

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 44

volatilidade do LAS. Como uma conseqüência direta, a derivatização é necessária quando a

GC é usada. Por outro lado, vários métodos com HPLC foram desenvolvidos para aplicação

na detecção do LAS, mostrando-se com potencial elevado por separar e quantificar diferentes

isômeros e homólogos do LAS.

Pela análise por HPLC, uma separação completa dos homólogos e dos isômeros do

LAS pode ser obtida aplicando-se uma coluna longa de C18 com partículas pequenas e

aperfeiçoando o gradiente de eluição. Porém se a necessidade é identificar e quantificar

apenas os isômeros, uma separação mais simples é usual.

É possível eluir todos os isômeros de todos os homólogos em um único pico, o que

pode ser uma vantagem à determinação quantitativa, quando a concentração de todos os

homólogos é determinada. Por HPLC é também possível determinar os produtos de

degradação, os sulfofenilcarboxilatos (SPCs); porém uma análise alternativa provavelmente

será necessária. Com o HPLC, torna-se possível utilizar diferentes detectores.

Para o caso específico do LAS, os detectores mais pertinentes são UV, fluorescência e

detectores de espectrometria de massa. O detector de UV é o detector mais difundido, mas

também o detector menos específico. LAS é medido nos seguintes comprimentos de onda:

225 nm (APHA et al., 1995; COMELLAS et al., 1993); ou 230 nm (MATTHIJS e DE

HENAU, 1987). O detector de fluorescência é mais específico; nele o LAS é tipicamente

medido nos seguintes comprimentos de onda: 225 nm/295 nm (excitação/emissão). O detector

de MS (espectroscopia de massa) é o detector mais específico de todos para o LAS.

O uso do detector de fluorescência melhora a seletividade da análise para o lodo de

esgoto e será suficiente para a maioria das amostras (FOLKE., 2003). Outros lodos também

podem ser analisados por HPLC-UV, contudo o melhor é através de HPLC-fluorescência.

Métodos específicos foram desenvolvidos para a determinação de LAS em amostras

aquosas, como a microdessulfonação do LAS, seguida da cromatografia gás–líquido

(SULLIVAN e SWISHER, 1969). Esta técnica também foi estudada e melhorada por

WARTERS e GARRIGAN (1983), quando determinou LAS em amostras de esgoto e águas

superficiais.

A derivação do LAS pela dessulfonação em ácido fosfórico quente foi o primeiro

método de preparação do LAS para análise via cromatografia gasosa (OSBURN, 1986 e

SWISHER, 1987).

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 45

Kirkland (1960) analisou LAS pela GC com uso do detector de ionização de chama

(FID) após esterificação com diazometano. A metilação de vários sulfonatos e disulfonatos foi

descrita por Heywood et al (1970), pela análise de compostos puros utilizando espectrometria

de massa (MS), empregando diazometano ou o cátion tetrametilamônio como agente

metilador. Field et al (1992) descreveram a esterificação pelo cátion tetrametilamônio para a

derivatização do LAS.

Taylor e Nickless (1979) foram um dos primeiros a empregar o íon par na

cromatografia líquida de alta eficiência em fase reversa (RPLC) para a separação dos produtos

da biodegradação do LAS.

A determinação dos homólogos individuais do LAS, além de todos os isômeros de

posição fenil, foi possível pela utilização da cromatografia gás líquido (GLC). Após a

dessulfonação do LAS, o qual foi extraído de sedimentos e lodo pela extração sólido – líquido

e líquido – líquido, foi aplicada a técnica do GC. As amostras submetidas a essa técnica

necessitaram de um pré–tratamento e uma conversão do LAS em derivados voláteis dos alquil

benzeno, o que faz desta técnica um processo analítico demorado (OSBURN, 1986).

O LAS e o amino benzeno sulfonado foram identificados pela ressonância magnética

nuclear (13C – NMR) em água extraída de solos (THURMAN et al, 1987). FIELD et al

(1992) empregando espectrometria no infravermelho (RI), 1H – NMR e 13C – NMR para a

identificação do LAS em amostras de águas arenosas, sinalizaram a identificação baseado em

comparações com padrões puros, sendo necessária uma quantidade de 5 mg de LAS para o

registro no espectro do 13C – NMR.

Hon – Nami e Hanya (1981) combinando as técnicas da GLC com MS, detectaram

baixas concentrações de LAS em águas de rios e sedimentos; o LAS foi extraído dos

sedimentos com metanol. Trabalhos também foram desenvolvidos com o objetivo de

determinar e quantificar o LAS em amostras de lodo pela utilização da GLC. O LAS foi

extraído do lodo pela extração líquido – líquido e isolado pela cromatografia em coluna fina

(McEVOY, 1985 e 1986).

Hellmann (1991) desenvolveu uma metodologia para a determinação e quantificação

do LAS em águas superficiais baseado em uma segunda derivação e espectroscopia IR, após

extração e concentração do LAS pela cromatografia em camada fina.

Page 46: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 46

Utilizando a eletroforese capilar por zona (CZE), Desbene et al.(1992), conseguiu

separar o LAS e o alquil benzeno sulfonado, utilizando acetronitrila e um modificador

orgânico, todos os fenil isômeros do LAS migraram simultaneamente, mas os alquil

homólogos (C10 a C12) foram basicamente separados em 4 minutos.

Ventura et al (1981), identificou LAS e outros surfactantes derivados, em águas, pelo

forte bombardeamento atômico (FAB) – MS, após um pré–fracionamento por HPLC.

A RPLC com detecção de fluorescência foi utilizada pela primeira vez por Nakae et

al.(1980), para análise de LAS em águas de rios pela injeção direta, sem uma pré-

concentração da amostra. Isto foi possível devido aos altos níveis de LAS que eram de 0,1 –

0,5 mg . L-1.

As condições analíticas necessárias para a análise do LAS e os produtos da sua

biodegradação foram descritos por Linder e Allen (1982); Smedes et al.(1982); Nakae et

al.(1981) e Saito et al.(1982). A técnica do HPLC não é especificamente superior a GLC, mas

é essencial por separar os homólogos do LAS sem a necessidade da derivação.

Trattles (1980) utilizou cartuchos “Sep Pack” C18 para a limpeza das amostras aquosas

e só depois injetou as amostras no HPLC.

Matthijs e De Henau (1987), desenvolveram avanços na pré-limpeza das amostras para

serem analisadas via HPLC, além da extração em fase sólida (SPE) para a purificação e

concentração do LAS, também obteve avanços nos gradientes de eluição. Com a combinação

desses procedimentos foi possível analisar LAS em uma extensa série de matrizes, como

sedimentos e águas de rios.

Nas últimas décadas a SPE foi desenvolvida como método padrão para extração de

LAS de águas residuárias e superficiais com a fase C18 sendo comumente empregada.

(KIKUCHI et al.(1986) e MARCOMINI et al.(1993). Contudo Matthijis e De Henau(1987)

descreveram sobre a utilização da SPE com a fase C18 para extração de LAS.

Fugita et al. (1990), ao empregar gradiente de eluição para extração em cartucho C18

ordenou a remoção de muitos interferentes polares antes da eluição do LAS. A extração em

discos C18 foi superior a extração em cartuchos C18, em termos de velocidade de extração

(BORGERDING e HITES ,1992; FIELD et al., 1994).

Page 47: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 47

Angelidaki et al 2004. , estudou a biodegradação do LAS em reatores de tanque

agitado e estágio contínuo (CSTR) e reatores de manta de lodo e fluxo ascendente (UASB).

Para avaliar se de fato ocorria a biodegradação, foi utilizado LAS com marcador radioativo

(14C - LAS); o estudo compara determinação e quantificação através das técnicas do HPLC e

da GC – FID.

Page 48: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 48

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DA MANGUEIRA

O local das coletas de amostras foi a Estação de Tratamento de Esgotos situada no

bairro da Mangueira, Recife-PE (Figura 4.1) que recebe as águas residuárias produzidas por

18 mil habitantes dos bairros da Mangueira, San Martin e Mustardinha.

P3

Lagoa de

Polimento

Reator P2 UASB P1 C2

Figura 4.1 - Vista aérea ETE-Mangueira: Afluente da estação (ponto P1), célula 2 (C2), saída

do reator UASB (ponto P2), a lagoa de polimento e o efluente da estação (ponto P3)

O sistema principal da ETE Mangueira (Figura 4.2) é composto de elevatória de

esgoto bruto, grade e caixa de areia, reator UASB com 800 m³ formado por 8 células

independentes (tempo de detenção hidráulica de 8 horas) e uma lagoa de polimento (TDH 3,5

dias).

Page 49: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 49

Figura 4.2 - Esquema do sistema principal da ETE-MANGUEIRA

4.2 COLETA DE AMOSTRAS

4.2.1 Amostra líquida

A coleta da parte líquida inicialmente foi manual na entrada do reator UASB – P1, na

saída da célula 2 – C2 (Célula utilizada para o estudo), na saída do reator UASB – P2 e na

saída da lagoa de polimento – P3 (Fig. 4.1e 4.2). Posteriormente utilizou-se um coletor

automático para o ponto C2.

Na amostragem foram utilizados: provetas de 1 L,frascos de polietileno de 1L régua de

1 m, calha Parshall, com uma garganta de 15,2 cm (instalada na entrada da ETE, após a caixa

de areia: Ponto P1), vertedor com ângulo de 90° (instalado na saída da célula 2: Ponto C2) e

amostrador automático da ISCO 6712 FR (Figura 4.3) dotado de refrigerador e medidor de

vazão ultrassônico (Ponto C2).

Foi utilizado o seguinte procedimento para a amostragem manual:

1. Foi coletado 950 mL de amostra nos pontos P1, C2, P2 e C3 com auxílio de uma

proveta de 1L;

P3

C2

Elevatória

Reator UASB

Grade

Caixas de areia

Calha Parshal

P1

P2

Lagoa de Estabilização

Célula 2

Leitos de secagem

Fluxo de lodo

Fluxo de líquido

Page 50: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 50

2. Após aferição, o volume foi transferido para um frasco de polietileno de 1L;

3. Em seguida foi adicionado 50 mL de formaldeído 40%;

4. Fechou-se o recipiente e agitou-se o mesmo durante 10 segundos;

5. Acondicionaram-se os fracos em freezer até o momento da análise.

4.2.1.1 Vazão

Os cálculos das medidas de vazão manual e automática foram realizados com o auxílio

da calha Parshall (ponto P1), geralmente utilizada em estações de tratamento de água e esgoto

por permitir a passagem da vazão de modo fácil e dificultando que os materiais flutuantes ou

em suspensão provoquem alterações ou se depositem, e do vertedouro 90° (ponto C2),

equipamento recomendado para medição de vazões abaixo dos 30 L/s (PORTO, 1999) . As

medições foram calculadas a partir da Eq. (3) para a calha Parshall (Figura 4.4) e da Eq. (4)

para o vertedouro triangular 90° (Figura 4.5).

Calha Parshall - Modelo simplificado da

Equação da energia

Q = 2,2 W H3/2

Para o experimento:

W = 15,2 cm

(3)

Figura 4.3 – Amostrador automático

Page 51: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 51

Onde: Q = vazão em m³/s; W= largura da garganta (m); H = altura da lâmina d’água

(m)

Vertedor “V” - Modelo de Thomson

Q = 1,4 H 5/2 (4)

Onde: Q = vazão em m³/s; H = altura da lâmina d’água medida a partir do vértice do

triangulo (m)

a)

Page 52: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 52

b)

Figura 4.4 - Calha Parshall: (a) Vista em perspectiva; (b) Dimensões Padronizadas.

As seguintes condições foram consideradas quando da utilização do medidor Parshall:

a. O medidor estava instalado em canal reto com paredes perfeitamente verticais;

b. Observou-se que o tamanho do vertedor foi determinado em função da vazão

estimada, de modo a não provocar inundação no canal de aproximação a

montante da garganta (Figura 4.4 b e Figura 4.6a);

c. O fundo do canal de saída inferior ao do canal de aproximação;

d. O canal de aproximação possuía um trecho reto superior à 20H, a montante da

garganta de medição.

Obedecidas às condições acima, experimentalmente tem-se precisão de 1% nas

determinações de vazão (CPRH, 2005).

H

Page 53: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 53

Figura 4.5 - Desenho esquemático do vertedor em “V” com ângulo central de 90º

As seguintes condições foram consideradas quando da utilização do vertedor

triangular (Figura 4.6 b):

a. A altura H (0,07 m) medida a partir do vértice do triangulo, estava

compreendida entre 0,05 m e 0,38 m;

b. A altura do vértice do triangulo (0,5 m), a partir do fundo do canal, era

maior que 0,45 m;

c. A relação H/P não excedeu 0,4;

d. A largura do canal B (0,40 m) não excedeu 0,9 m;

e. A relação H/B < 0,20;

Obedecidas às condições acima, experimentalmente tem-se precisão de 1% nas

determinações de vazão (CPRH, 2005).

b

H

P

B

Page 54: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 54

a) b)

Figura 4.6 - (a) Calha Parshall 6” (P1); (b) Vertedouro (C2).

4.2.2 Amostra Sólida (lodo)

A coleta do lodo foi realizada de forma manual nas tubulações de descarga do reator

UASB para o leito de secagem e para a mesma foram utilizados os seguiontes materiais: balde

de 10 L, funil de 0,5 L, frascos de polietileno de 1L, luvas de borracha e de látex .

A amostragem foi efetuada através dos pontos de coleta de acordo com o seguinte

procedimento:

f. Abrir a válvula até iniciar a saída de lodo;

g. Iniciada a saída do lodo, aguardar 1 minuto, para que o lodo estagnado na

tubulação possa sair;

h. Posicionar o balde na saída do lodo para armazenar o mesmo;

i. Após encher o balde com o material para amostra, fechar a válvula,

bloqueando, desta forma, a passagem do lodo;

j. Recolher 950 mL deste lodo para um frasco de polietileno com tampa;

k. Adicionar 50 mL de formol (40%) utilizado apenas para conservar a

amostra, e fechar o frasco;

l. Armazenar o frasco em freezer até o momento da análise.

Page 55: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 55

4.3 ANÁLISES

4.3.1 Materiais e Equipamentos

Para os procedimentos analíticos foram utilizados os seguintes materiais e

equipamentos principais: balança analítica (Sartorius); bomba de vácuo; béquer de 100 mL;

coluna analítica hypersil ODS C18 (2,0 x 150 mm - 5μm); coluna analítica C8 Zorbax eclipse

XDB (4,6 x 150 mm - 5μm); cadinho de porcelana; cartucho spe Lichrocart C18 (Merck);

cartucho SAX (Merck); centrífuga; dessecadores; equipamento de cromatografia líquida de

alta performance (HPLC) (Agilent série 1100 com injetor automático, detectores de

fluorescência e UV, e microcomputador); aparelho soxleth; estufa; freezer; funil de Büchner;

geladeira; kitassato; membrana filtrante; papel de filtro qualitativo; pipeta automática; pistilo;

purificador de água UHQ (Elga); seringa plástica; ultrassom; vácuo manifold (Supelco). Os

principais reagentes utilizados foram: acetonitrila HPLC (Merk); ácido acético P.A (Sigma);

álcool isopropílico P.A; formaldeído 40%; HCl P.A (Sigma); hidróxido de sódio P.A

(Sigma); LAS padrão 10,04% (Petresa); metanol HPLC (Merk); trietilamina (Merck);

tetrametilamônio hidrogeno sulfato (TEHS) (Merck)

4.3.2 Análise Cromatográfica

Para a análise cromatográfica do LAS, as etapas necessárias foram: preparação de

amostras aquosas para análise, extração em fase sólida para a parte líquida do esgoto, extração

de LAS do lodo, extração em fase sólida para o extrato de lodo.

Os procedimentos abaixo foram adaptados do trabalho realizado por SANZ-MARTIN

et al. (1995) e CAVALLI et al. (1992) e estão apresentados nos trabalhos de FOLKE et al.

(2003) e de BONFIM et al. (2004), apresentado no Congresso Brasileiro de Engenharia

Química (COBEQ) em 2004.

Procedimento 1: Preparação das amostras aquosas para análise.

Seguiram-se as seguintes etapas:

Page 56: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 56

a. Centrifugou-se 70 mL da amostra acondicionada no freezer a 3000 rpm por 10

min;

b. Coletou-se o volume sobrenadante (aproximadamente 65 mL) em um frasco de

polietileno de 150 mL;

c. Filtrou-se a amostra em membrana de nylon de 0,22 µm, montada sobre um

suporte em uma seringa de 100 mL;

d. É obtida a amostra filtrada.

Procedimento 2: Concentração de LAS em cartucho C18

A extração em fase sólida foi efetuada com cartucho C18 e teve como objetivo

concentrar e purificar o LAS contido nas amostras aquosas, por meio da retenção do mesmo

naquele cartucho C18 , enquanto que as substâncias mais polares são eliminadas da amostra

(Figura 4.7).

Figura 4.7 - Esquema simplificado da extração em fase sólida em cartucho C18 para a amostra líquida.

O procedimento foi realizado da seguinte forma:

Acondicionamento do cartucho C18

5 mL de MeOH5 mL de H2O

5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOH

5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólico5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOHColetar em um balão

ESGOTO

5 mL de MeOH5 mL de H2O

5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOH

5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólico5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOHColetar em um balão

ESGOTO

5 mL de MeOH5 mL de H2O

5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOH

5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólico5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOHColetar em um balão

5 mL de MeOH5 mL de H2O

5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOH

5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólico5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOHColetar em um balão

5 mL de MeOH5 mL de H2O

5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOH

5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólico5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOHColetar em um balão

ESGOTOAmostra filtrada

Amostra purificada e concentrada

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4. MATERIAIS E MÉTODOS 57

a. Passou-se 5mL de metanol através do cartucho C18 (fluxo - 1 gota/min), sem

deixar o cartucho secar por completo;

b. Repetiu-se a operação para 5 mL de água purificada (deionizada, resistividade ≥

10 mΩ);

Limpeza e concentração

c. Passou-se pelo cartucho C18 já acondicionado, 52,4 mL da amostra filtrada (volume

de formaldeído corrigido) (Fig. 4.7), não deixando o cartucho secar por completo.

Este procedimento separa parte das impurezas da amostra e o material de interesse

fica retido no cartucho C18;

d. Lavou-se o cartucho com 5 mL CH2OH (metanol)/H2O (35:65, v/v) a fim de retirar

outra parte das impurezas do mesmo, deixando o cartucho secar por completo;

e. Extraiu-se o analito (LAS) utilizando 5 mL de CH2OH para um balão volumétrico

calibrado de 10 mL completando o balão com água purificada;

f. Colocou-se aproximadamente 1,5 mL da amostra da etapa “e” em uma ampola de 2

mL própria para acondicionamento de amostras a serem analisadas no HPLC;

g. Injetou-se 100 µL de amostra da etapa anterior (f) no HPLC.

A correção foi necessária devido à adição de 50 mL de formaldeído a cada garrafa no

ato da coleta. Desta forma, o volume real da amostra em cada garrafa foi de 950 mL. Para

passar 50 mL da amostra real (amostra sem formaldeído) no cartucho C18, seria necessário

52,4 mL da amostra com formaldeído.

Procedimento 3: Preparação de amostras sólidas (lodo) para análise

Neste procedimento foi aplicada a metodologia soxleth, resultando em uma amostra

aquosa extraída para a análise em HPLC.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS 58

Figura 4.8 - Esquema simplificado da análise de LAS em HPLC Figura 4.8 – Esquema da preparação da amostra de Lodo e de esgoto líquido.

Transferência do LAS adsorvido no lodo para uma solução de metanol.

A seguinte seqüência de procedimentos foi realizada:

Page 59: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 59

a. Pesou-se 100 g de lodo num cadinho de porcelana, que em seguida, foi levado à

estufa por 24 horas na temperatura de 105°C;

b. Pesou-se em um béquer, 1,00g dos sólidos secos obtidos da etapa anterior,

transferindo-os para uma cápsula de vidro sinterizado;

c. Colocou-se a cápsula de vidro sinterizado com o sólido pesado na etapa anterior

dentro do equipamento de extração Soxleth;

d. Colocou-se 200 mL de metanol no balão de fundo chato do Soxleth;

e. Ligou-se o aquecimento, mantendo a temperatura de 80°C no sistema ou a

suficiente para permitir 3 extrações por hora;

f. Manter a extração do LAS durante 8 horas de forma a recuperar ao máximo o

LAS do lodo;

g. Evaporou-se o extrato metanólico da etapa anterior em uma chapa de

aquecimento (80°C) até obter volume final de 20 mL do extrato;

h. Filtrou-se o extrato metanólico em membrana de nylon de 0.22 µm;

i. Colocou-se o extrato metanólico filtrado em um balão volumétrico de 100 ml

completando balão com água purificada;

j. Retirou-se com uma pipeta volumétrica automática, uma fração de 10 mL da

amostra do último procedimento e transferiu-se a alíquota para um balão

volumétrico, completando com água purificada até o volume final de 50 mL

(Extrato metanólico diluído). Fonte: (LOPEZ, 2004)

Procedimento 4: Extração de outros compostos

A extração em fase sólida com cartucho SAX visou extrair os outros compostos

iônicos e íons metálicos presentes na amostra de lodo que poderiam interferir no

funcionamento da coluna do HPLC (Figura 4.8).

Page 60: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 60

Figura 4.9 - Esquema simplificado da extração em fase sólida em cartucho C18 para a amostra líquida.

a. Passaram-se, através do cartucho SAX, exatos 5 mL de n-hexano com o fluxo de

uma gota por segundo. Succionou-se e desprezou-se todo o n-hexano presente no

cartucho e deixando o mesmo totalmente seco;

b. Passou-se 5 mL de metanol através do cartucho (fluxo de 1 gota/s) sob vácuo,

succionando o metanol, sem deixar o cartucho secar por completo;

c. Em seguida, passou-se 5 mL de água purificada através do cartucho (fluxo de 1

gota/s), sem deixar o cartucho secar por completo;

d. Após ter lavado o cartucho com 5 mL de água, passou-se os 50 mL do extrato

metanólico diluído (produto do procedimento 3) no cartucho SAX, utilizando o

5 mL de MeOH5 mL de H2O

5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOH

5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólico5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOHColetar em um balão

5 mL de Hexano5 mL de MeOH5 mL de H2O

Desprezar o “filtrado”

5 mL de HCl 4N emMeOH

Neutralizar comNaOH (

5 mL de Hexano5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólicoDesprezar o “filtrado”

5 mL de HCl 4N emMeOHColetar em um erlenmeyerNeutralizar comNaOH (Fenolftaleína)

5 mL de MeOH5 mL de MeOH/H2O (35:65)

Cartucho C18

Cartucho SAXSOMENTE

PARA AMOSTRA DE

LODO

LodoEXTRATO DE LODO

APÓS CARTUCHO

SAX

e

AMOSTRA DE ESGOTO

(direto)

ESGOTO

EXTRATO DE LODO

5 mL de MeOH5 mL de H2O

5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOH

5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólico5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOHColetar em um balão

5 mL de Hexano5 mL de MeOH5 mL de H2O

Desprezar o “filtrado”

5 mL de HCl 4N emMeOH

Neutralizar comNaOH (

5 mL de Hexano5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólicoDesprezar o “filtrado”

5 mL de HCl 4N emMeOHColetar em um erlenmeyerNeutralizar comNaOH (Fenolftaleína)

5 mL de MeOH5 mL de MeOH/H2O (35:65)

Cartucho C18

Cartucho SAXSOMENTE

PARA AMOSTRA DE

LODO

LodoEXTRATO DE LODO

APÓS CARTUCHO

SAX

e

AMOSTRA DE ESGOTO

(direto)

ESGOTO

5 mL de MeOH5 mL de H2O

5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOH

5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólico5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOHColetar em um balão

5 mL de Hexano5 mL de MeOH5 mL de H2O

Desprezar o “filtrado”

5 mL de HCl 4N emMeOH

Neutralizar comNaOH (

5 mL de Hexano5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólicoDesprezar o “filtrado”

5 mL de HCl 4N emMeOHColetar em um erlenmeyerNeutralizar comNaOH (Fenolftaleína)

5 mL de MeOH5 mL de MeOH/H2O (35:65)

5 mL de MeOH5 mL de H2O

5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOH

5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólico5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOHColetar em um balão

5 mL de MeOH5 mL de H2O

5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOH

5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólico5 mL de MeOH :H 2O (35:65)5 mL de MeOHColetar em um balão

5 mL de Hexano5 mL de MeOH5 mL de H2O

Desprezar o “filtrado”

5 mL de HCl 4N emMeOH

Neutralizar comNaOH (

5 mL de Hexano5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólicoDesprezar o “filtrado”

5 mL de HCl 4N emMeOHColetar em um erlenmeyerNeutralizar comNaOH (Fenolftaleína)

5 mL de MeOH5 mL de MeOH/H2O (35:65)

5 mL de Hexano5 mL de MeOH5 mL de H2O

Desprezar o “filtrado”

5 mL de HCl 4N emMeOH

Neutralizar comNaOH (

5 mL de Hexano5 mL de MeOH5 mL de H2O Extrato metanólicoDesprezar o “filtrado”

5 mL de HCl 4N emMeOHColetar em um erlenmeyerNeutralizar comNaOH (Fenolftaleína)

5 mL de MeOH5 mL de MeOH/H2O (35:65)

Cartucho C18

Cartucho SAXSOMENTE

PARA AMOSTRA DE

LODO

LodoEXTRATO DE LODO

APÓS CARTUCHO

SAX

e

AMOSTRA DE ESGOTO

(direto)

Cartucho C18

Cartucho SAXSOMENTE

PARA AMOSTRA DE

LODO

LodoEXTRATO DE LODO

APÓS CARTUCHO

SAX

e

AMOSTRA DE ESGOTO

(direto)

ESGOTO

EXTRATO DE LODO

Page 61: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 61

vácuo manifold com um fluxo de 1 gota por segundo. Ficam retidos no cartucho

tos os compostos de caráter iônico como o LAS ;

e. Lavou-se o cartucho com 5 mL de solução metanol/água (35:65, v/v),

desprezando o filtrado;

f. Eluiu-se o analito com 5 mL de HCl 4N em metanol, e com mais 1 mL de

metanol, coletando o eluído em um balão de 50 mL;

g. Posteriormente neutralizou-se o eluído com NaOH 4 N, usando uma gota de

fenolftaleína como indicador e adicionando-se 25 mL de água;

h. Passou-se, enfim, o eluído neutralizado no cartucho C18 conforme procedimento

2, obtendo-se a amostra extraída do lodo para análise em HPLC.

As condições experimentais para análise do LAS no HPLC foram divididas em duas

fases: A. FASE FIXA:

a. Coluna: Analítica C8 Zorbax Eclipse XDB (4.6 x 150mm - 5μm)

b. Temperatura: 40ºC;

c. Volume de injeção: 100 μL;

d. Velocidade do fluxo: 1mL/min;

e. Detector de Fluorescência: λex: 230 nm; λem: 290 nm.

B. FASE MÓVEL:

1. SOLVENTE A:

f. água/acetonitrila (95:5, v/v);

g. 5mM ácido acético;

h. 5mM trietilamina.

2. SOLVENTE B: i. água/acetonitrila (20:80, v/v);

j. 5mM ácido acético;

Page 62: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 62

k. 5mM trietilamina.

Na Figura 3.9 é possível se observar tanto a composição do gradiente empregado nas

análises e os parâmetros utilizados na análise do LAS via HPLC.

Figura 4.10 - Composição do gradiente empregado e parâmetros utilizados na análise do LAS via HPLC.

Para estas análises foi utilizado um recurso do detector do cromatógrafo chamado

“Ganho”, que é uma ampliação eletrônica do sinal produzido pela amostra, facilitando a

percepção deste sinal na tela do computador.

Para as demais determinações analíticas (dureza, sólidos secos, densidade, etc.)

seguiram-se os procedimentos preconizados no Standard Methods (APHA et al.,1995).

Fase Móvel

Page 63: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 63

4.4 EXPERIMENTOS

As coletas foram realizadas em 3 fases distintas: Experimento1- determinação da

concentração de LAS ao longo da ETE, Experimento 2 e Experimento 3.

4.4.1 Experimento 1: Determinação da concentração de LAS ao longo da ETE por amostragem manual

Este experimento foi realizado com a finalidade de obter valores iniciais de

concentração do LAS afluente e efluente a cada etapa da ETE, ou seja, na entrada da estação

(ponto P1), na saída da célula 2 (ponto C2), na saída do reator UASB (conjunto de todas as 8

células - ponto P2) e na saída da lagoa de polimento (ponto P3), além de dados da vazão na

entrada da ETE, com um tempo de detenção hidráulica (TDH) de 8h.

Para isto foi utilizada amostragem manual do tipo composta (7 a 13 de julho/03 –

período seco), sendo obtidas 2 amostras diárias de 1L de cada ponto citado. A primeira

amostra foi resultante da mistura de 158 mL de 6 amostras simples horárias (7:00, 8:00, 9:00,

10:00, 11:00 e 12:00 h) e outra obtida nas mesmas condições, utilizando 190 mL de 5

amostras horárias (13:00, 14:00, 15:00, 16:00 e 17:00 h), durante o período contínuo de uma

semana (Figura 4.10). Em cada garrafa foi utilizado como agente conservante do LAS, o

Formol a 40% (50 mL) previamente adicionado na garrafa de amostragem.

a)

b)

Figura 4.11 - a) amostragem mista de 7 às 12 h; b) amostragem mista das 13 às 17 h.

Em uma segunda semana (8 a 14 de setembro/03 – período seco) foi realizada amostragem

manual simples nos pontos P1 e C2. Foram obtidas amostras horárias no período entre às

07:00h e 17:00h, totalizando 11 amostras a cada a dia em cada ponto, além dos dados de

vazão da entrada da estação nas respectivas horas. Durante esta segunda semana foi

coletado lodo nos 5 pontos de amostragem do perfil da célula 2.

Page 64: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 64

4.4.2 Experimento 2

O experimento 2 visou avaliar a carga de LAS afluente à ETE e efluente à célula 2

(C2) durante 24 horas, ao longo de uma semana típica de verão (período seco) e de uma

semana de inverno (período chuvoso).

A. Perfil da Concentração de LAS na Entrada da Estação (ponto P1)

O perfil do LAS na entrada da estação foi realizado nas semanas de 12 a 18 de

fevereiro/04 (período seco) e de 15 a 21 de abril/04 (período chuvoso). Nesta etapa, foi

utilizado o amostrador automático programado para realizar amostragem composta na

composição de cada amostra horária nas 24 horas do dia.

A amostra composta foi o resultado de misturas de amostras simples coletadas em um

mesmo ponto em tempos diferentes.

Esta mistura se deu conforme abaixo (Figura 4.11):

A coleta da amostra do meio dia teve início as 12:00h e foi composta por 4 amostras

independentes de 238 mL cada, coletadas de 15 em 15 minutos, com o recipiente

previamente acrescido de 50 mL de formol, sendo a 1a às 12:00, 2a às 12:15, 3a às 12:30 e 4a

às 12:45.

Figura 4.12: Exemplificação da amostragem composta realizada no horário das 12:00h.

As vazões foram obtidas por meio de medidor de vazão ultrassônico (Módulo

ultrassônico 710 da ISCO), em intervalos de tempo de 5 minutos entre registros.

B. Perfil da Concentração do LAS na Saída da Célula 2 (ponto C2) –TDH

5,6h

Page 65: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 65

Da mesma forma foi procedida à avaliação do perfil do LAS efluente à célula 2 (14 a

20 de julho/04).

Também foi coletado lodo desta célula no início (dia 14 de julho/04) e no fim (dia 20

de julho/04), nos 5 pontos de amostragem de lodo do reator (A, B, C, D e E) cujas alturas em

relação ao fundo do reator são respectivamente (2,3; 1,8; 1,3; 0,8 e 0,3 m).

Figura 4.13: Pontos de coleta do lodo (em vermelho).

A vazão total afluente à estação é distribuída igualmente para as 8 células, então foi

considerado que na célula 2 entrava 1/8 da vazão afluente à ETE. Objetivando avaliar a

influência da dureza do esgoto na biodisponibilidade do LAS na célula 2 foi quantificada a

dureza do esgoto em termos de carbonato de cálcio nestas amostras.

4.4.3 Experimento 3

4.4.3.1 Coleta do Líquido

Com o objetivo de avaliar a remoção do LAS no reator UASB em diferentes tempos

de detenção hidráulica (TDH), iniciou-se o experimento 3 com duas campanhas na célula 2,

nos períodos de 25 de outubro/04 a 07 de novembro/04 e 23 de maio a 5 de junho/05 com

TDH médio nesta célula de 25h e 18h, respectivamente, por meio do uso do método da

amostragem composta na realização da coleta do esgoto.

A amostra composta foi uma mistura de amostras simples, onde o volume de cada uma

destas amostras foi ponderado pela vazão no instante da amostragem, uma vez que as vazões

possuem variações instantâneas.

A amostragem se deu na seguinte seqüência:

A C D E B

Page 66: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 66

a. Coletou-se 1L de amostra por hora, durante 24 horas, sendo a amostra de cada

hora formada por 4 coletas de 237,5 mL a cada 15 minutos; com o recipiente

previamente adicionado de 50 mL de formol para preservação da amostra. Desta

forma, obteve-se o total de 24 amostras de 1L por dia (1 frasco por hora);

b. O amostrador automático foi programado para obter dados de vazão em

intervalos de tempo de 5 minutos, de forma a ser possível conhecer a vazão a

cada instante de coleta e, conseqüentemente, a vazão horária da célula C2;

c. A multiplicação da razão entre a vazão horária e a vazão total pelo volume que

se desejava gerar (1L = 1000 mL) indicou o volume (em mL) que foi retirado de

cada frasco que continha as amostras coletadas por hora (Tabela 4.1). Portanto,

de acordo com esse cálculo, com a posse dos registros de vazão, a amostra

representativa de cada dia foi composta em laboratório por meio da

compensação de vazões.

Tabela 4.1 – Ilustração do cálculo da composição em uma amostra (mistura)

Horário (h)

Q (m3/h) 2 2 2 4 4 2 6 8 4 6 6 8

C (mL) 20 20 20 40 40 20 60 80 40 60 60 80

Horário (h)

Q (m3/h) 10 8 4 6 4 2 4 2 2 2 2 0

C (mL) 100 80 40 60 40 20 40 20 20 20 20 0

A = Somatório dos valores de vazão horária em 24h = 100 m3

B = Volume da amostra composta = 1000 mL

C = Alíquota de esgoto coletada hora a hora (mL) = A

QB×

Page 67: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 67

Além disso, analisaram-se amostras do afluente da célula 2 (P1), da saída do reator

UASB (conjunto de todas as 8 células - ponto P2) e da saída da lagoa de polimento (ponto

P3), por meio da coleta pontual e diária de uma amostra no instante de maior vazão da estação

(próximo às 12:00 horas).

As coletas foram realizadas em dois períodos distintos de duas semanas cada (14 dias),

a fim de conhecer a influência provocada pela intermitência do fornecimento de água nos

bairros adjacentes à ETE Mangueira.

4.4.3.2 Coleta de Lodo

A coleta de amostras de lodo foi realizada manualmente no início e no final dos

períodos de coleta (14 a 20 de julho/04; 25 de outubro/04 a 07 de novembro/04), conforme

procedimento 4.4.1 B. Antes da coleta das amostras, foram colocados 50 ml de formaldeído

dentro das garrafas para inibir a atividade microbiológica.

Este experimento teve o objetivo de quantificar o LAS que permanece adsorvido no

lodo e com isto possibilitar a montagem do balanço de massa para a célula 2 em cada uma dos

TDH avaliados.

4.5 OBSERVAÇÕES NO PROCEDIMENTO DE COLETA DAS AMOSTRAS Inicialmente as coletas foram efetuadas de forma manual para a parte líquida do

esgoto e com isto não foi possível realizá-las durante 24 horas (período de amostragem ideal).

A instalação do amostrador automático possibilitou a obtenção de dados durante as 24 horas

do dia, quando se iniciou o Experimento 2.

Observou-se ótima resposta do amostrador automático quando acoplado à calha

Parshall e/ou ao vertedor triangular, nos conformes dos parâmetros constantes no manual de

normas técnicas de instalação de medidores da CPRH, 2005.

Houve grande dificuldade na amostragem de lodo, devido ao ressecamento do mesmo

na tubulação de coleta, com conseqüente entupimento da via. Para a solução deste problema,

normalmente é empregado a desobstrução por meio de equipamentos de jateamento de água

ou sucção de lama.

Page 68: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 68

No Experimento 2 (THD 25 horas), não foi possível realizar a coleta do lodo na

camada de altura 0,8m por não se conseguir a desobstrução da mesma do dia da coleta.

Com relação aos medidores, é importante salientar a necessidade da realização de

descargas dos sólidos acumulados na entrada do vertedor triangular, pois pode obter um falso

resultado do fluxo líquido (balanço da massa local), uma vez que existe uma coluna sólida

ocupando o espaço da parte líquida.

4.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROCEDIMENTOS DE ANÁLISES

CROMATOGRÁFICAS

4.6.1 Calibração do Cromatógrafo

A metodologia analítica utilizada baseia-se na apresentada por Mathijis e De Henau

(1987) adaptada por Cavalli et al. (1993) e descrita por Folke et al. (2003). A mesma foi

discutida e comparada por Bonfim et al. (2004), que obtiveram excelente curva de calibração

(R2= 0,9995) para a faixa de concentração (1,5 a 100 mg/L) de LAS total, quando utilizou o

método curto com a coluna C8.

Neste mesmo trabalho, Bonfim et al. (2004) desenvolveram um novo procedimento

analítico que utilizou o método curto com a coluna C18, cuja curva de calibração (R2 = 0,9996)

apresentou-se tão boa quanto no método curto com a coluna C8, porém, com o tempo de

análise menor (tempo coluna C8 = 12 min; tempo coluna C18 = 20min), cujo limite ainda

precisa ser estudado.

Para este estudo foi utilizado o procedimento do método curto com a coluna C8, pois

o curto com a coluna C18, ainda estava em fase de testes quando se deu início ao estudo na

ETE Mangueira.

O HPLC foi ajustado para a análise com a construção de uma curva de calibração

cujas concentrações situavam-se entre 0,5 e 100 mg/L de LAS (Figura 4.13).

Observa-se que a curva apresenta um ótimo coeficiente de ajuste linear R2 = 0,9995,

indicando que é possível utilizar a curva de calibração obtendo boa precisão analítica.

Page 69: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 69

Figura 4.14 - Gráfico da curva de calibração nas concentrações de 0,5 a 100 mg/L de

LAS padrão ajustada para o método curto (coluna C8).

4.6.2 Procedimentos Analíticos

Na fase de purificação e concentração das amostras é de grande importância seguir o

fluxo de uma gota/s, visto que se for utilizado fluxo maior, ocorrerá o arraste do LAS,

provocando modificação no resultado da análise.

Esta atividade exige bastante atenção por parte do analista, além da necessidade da

utilização de materiais calibrados e/ou de fácil calibração, pois com os pequenos volumes e

diluições utilizados, qualquer diferença de medição ou preparação afeta de forma altamente

amplificada no resultado final da análise.

Na extração de LAS do lodo é recomendável utilizar o processo Soxleth, com período

igual ou superior a 8 horas de refluxo para obter recuperação do LAS superior a 90%

(LOPEZ, 2004)

Para obtenção de melhores resultados na análise do lodo foi utilizada a centésima parte

do extrato metanólico, que foi necessária após a constatação da saturação dos cartuchos SAX

por este analito, fato detectado pela lenta velocidade de extração (1gota/ 15 minutos). A partir

Pontos: 1- 1,5

mg/L 5- 20

mg/L 2- 3 mg/L

6- 30 mg/L3- 5

mg/L 7- 50

mg/L4- 10 mg/L

8- 75 mg/L9-100

ppm

R i 2

Pontos: 1- 1,5 mg/L 5- 20 mg/L 2- 3 mg/L 6- 30 mg/L3 - 5 mg/L 7- 50 mg/L4- 10 mg/L 8- 75 mg/L9- 100 ppm

Pontos:1- 0,5 mg/L 5- 20 mg/L 2 - 63 mg/L

- 30 mg/L

3 - 5 mg/L 7 - 50 mg/L4 - 10 mg/L 8 - 75 mg/L

9- 100 mg/L

Ri2 = 0,9995

Page 70: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

4. MATERIAIS E MÉTODOS 70

da utilização da centésima parte obteve-se a regularização da velocidade de extração

(1gota/minuto) e boa repetibilidade analítica.

A Figura 4.14 mostra os resultados de análise de LAS em meio líquido. Considerou-se

o conteúdo total de LAS na amostra.

Figura 4.15: Análise de padrão 20 mg/L de LAS em meio líquido.

Page 71: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 71

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 METODOLOGIA ANALÍTICA A fig. 5.1 mostra o resultado na análise de LAS extraído do lodo de fundo do

reator (ponto E) a partir da coleta realizada de 8 a 14 de setembro/03 – período seco

(Experimento 1). É notável a existência de uma boa separação entre os picos dos compostos

homólogos (LAS C10, LAS C11, LAS C12 e LAS C13), para este estudo levou-se em conta,

também, o conteúdo total de LAS na amostra.

Figura 5.1: Análise do LAS adsorvido no lodo da ETE Mangueira de 8 a 14 de setembro/03 – período seco.(1,29 mg de LAS/g de sólidos secos)

Foi possível observar que existe uma significativa redução de intensidade dos picos

LAS C10, LAS C11 e LAS C12 no cromatograma do lodo comparado ao cromatograma do LAS

no meio líquido que está de acordo com o resultado obtido por Matthijs e De Henau (1987).

Isto pode ter ocorrido pela menor solubilidade dos homólogos mais pesados (ordem de

solubilidade - LAS C10 > LAS C11 > LAS C12 > LAS C13,), ou seja, quanto maior o número de

carbonos na cadeia alquílica menos biodisponível no seio líquido estará o homólogo que tende

a estar aderido ao lodo.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 72

5.2 EXPERIMENTO 1: ESTUDO DA CONCENTRAÇÃO DE LAS NO AFLUENTE E EFLUENTE DA ESTAÇÃO

Figura 5.2: Média diária das concentrações nos pontos P1, C2, P2 e P3 no período seco - 7

a13 julho 2003 (amostra mista de 07:00 as 17:00h) Os dados obtidos, Figura 5.2, mostraram que os resultados da concentração média de

LAS durante a semana, estão de acordo com a expectativa, visto que a mesma decresce na

ordem P1 > P2 > P3, ou seja, a concentração de LAS reduziu ao passar por cada unidade da

ETE, o que dá indícios da remoção ou acumulação (adsorção) do LAS na estação.

Através da curva de P1 pode-se observar uma grande variação da concentração entre

os dias da semana, havendo um valor máximo na quarta-feira (3,7 mg/L) e um mínimo a

sexta-feira (1,3 mg/L). Isto deve ter ocorrido pela existência de racionamento de água potável

em toda a região atendida pela estação, o que obriga as pessoas utilizar grande quantidade de

detergente e sabão em pó durante 3 dias da semana

O racionamento de água citado funciona pela disponibilização de água durante 20

horas, seguido de seu corte de fornecimento durante as 28 horas seguintes. Este racionamento

não ocorre em horários precisos e pode variar de dia para dia.

Os pontos C2 e P2, em teoria, deveriam ter a mesma concentração de LAS na sua

saída, porém, foram observados valores de 2,01 mg/L (ponto C2) e 1,88 mg/L (ponto C1). A

diferença de concentração média diária de LAS entre estes pontos é aceitável, uma vez que o

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 73

ponto P2 reflete a contribuição de todas as células, inclusive a da célula 2, representando uma

média da concentração de LAS no reator UASB, além de haver diferença na altura da camada

de lodo entre as células, devido à ocorrência de descarga em diferentes dias.

O ponto P3 apresenta grande redução da concentração do LAS, que ocorre por este

ponto situar-se após a lagoa de polimento (TDH 3,5 dias), unidade que funciona por processo

anaeróbio e aeróbio de tratamento, facilitando, desta forma, a possível biodegradação ou

biotransformação do LAS.

Alguns trabalhos (CRESCENZI et al, 1996; TEMMINK e KLAPWIJK, 2003; SANZ

MARTIN, 1995) relatam que a concentração de LAS no esgoto doméstico é de 2 a 10 mg/L

e é o que se pode observar no resultado apresentado (P1 = 1,3 a 2,7mg de LAS/L), porém não

foram encontrados dados referenciais da degradação anaeróbia do LAS para a comparação.

5.3 EXPERIMENTO 2: PERFIL DA VAZÃO, CONCENTRAÇÃO E CARGA DE LAS NO AFLUENTE E EFLUENTE DA CÉLULA 2 TDH DE 7H

A Figura 5.3 mostra o gráfico diário de concentração, vazão e carga de LAS no

afluente (P1) e efluente (C2) da célula 2, na semana de 8 a 14 de setembro de 2003. Destaca-

se ainda, que as vazões apresentadas para o afluente à célula 2, correspondem a 1/8 da vazão

média diária afluente à ETE. Isto foi necessário para dar melhor visualização e permitir a

comparação entre a vazão e a carga que entra na célula (carga afluente) com a carga que sai

da mesma (carga efluente).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 74

SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM0

1

2

3

4

5

6

Concentração do LAS afluente à célula 2 (mg/L) Concentração média do LAS efluente à célula 2 (mg/L) Concentração do LAS efluente à célula 2 (mg/L) Concentração média do LAS afluente à célula 2(mg/L)

Con

cent

raçã

o (m

g/L)

Dias da semana

0

4

8

12

16

20

24 Vazão do esgoto na célula 2 (m3/h)

vazão média (m3/h)

Vaz

ão (m

3 /h)

01020304050607080

Carga de LAS afluente (g/h) Carga média de LAS afluente (g/h) Carga de LAS efluente (g/h) Carga média de LAS efluente (g/h)

Car

ga (g

/h)

Figura 5.3: Valores pontuais médios da concentração, vazão e carga de LAS no afluente (P1)

e no efluente à célula 2 (C2) no período seco – 8 a 14 de setembro de 2003. Os dados de concentração e conseqüentemente os de carga de cada dia

representa o valor médio das amostras obtidas das respectivas grandezas, resultando em um

perfil semanal das médias diárias.

Ainda pode ser observado que a concentração de LAS em P1 (2,69 mg/L) não variou

em relação aos dados iniciais (2,61 mg/L), comparação com o gráfico da Figura 5.3. È

perceptível na Figura 5.3 que a diferença entre as cargas médias, afluente (38,62 g/h) e

efluente (30,3 g/h) à célula 2, indica a redução na concentração de LAS de 21,54% de LAS

nesta célula (TDH médio de 7 horas).

Os picos de carga de LAS observados na terça-feira e sábado coincidem com dia de

início de racionamento (redução de vazão de esgoto) e de fim de racionamento

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 75

respectivamente, onde a carga, produtório da concentração pela vazão se mostram mais

elevados que as outras situações. Na mesma terça-feira observa-se uma concentração de LAS

efluente menor que a afluente o que pode ter ocorrido pelo efeito de liberação do LAS aderido

ao lodo.

5.3.1 Perfil da concentração de LAS em P1- período seco e período chuvoso

As coletas para traçar o perfil P1 num período seco e chuvoso foram realizadas nos

períodos de 12 a 19 de fevereiro (Figura 5.4) e 15 a 21 de abril de 2004 (Figura 5.5),

respectivamente.

Figura 5.4: Perfil da concentração horária de LAS na entrada da ETE (P1)

em período seco ( 12 a 19 de fevereiro/04).

0

1

2

3

4

5

6

Con

cent

raçã

o de

LA

S (m

g/L)

Tempo (h)

SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM AJUSTE

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Horas do dia

Page 76: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 76

Figura 5.5: Perfil da concentração horária de LAS na entrada da ETE

(P1) em período chuvoso (15 a 21 de abril/04).

Para o período seco (Fig. 5.4) é notável que a concentração varie seguindo uma linha

de tendência bem definida durante o dia e se repetindo durante toda a semana, sendo

observada também, que a concentração mínima de LAS ocorreu entre às 04:00 e às 06:00

horas da manhã. Por outro lado, houve uma máxima concentração de LAS no afluente da

estação entre os horários das 11:00 às 14:00 horas com média de 2,40 mg/L.

Para o período chuvoso, Figura 5.5, os dados mostram-se mais dispersos

principalmente após as 6h, possivelmente devido à maior atividade de limpeza ocorrer

durante o dia (6 as17h)

Na mesma figura pode-se ver claramente 2 tendências: a primeira descrita pela linha

contínua é a tendência geral, muito parecida com a da Figura 5.5; a segunda é descrita pela

linha pontilhada que indica horários de concentração do LAS mais baixos que a tendência

anterior. Observa-se, da mesma forma que o perfil do período seco, uma redução da

concentração entre os horários das 05:00 às 07:00 horas da manhã e horário de máxima

concentração entre 10:00 e 12:00 horas da manhã, ficando a média em 2,50 mg/L.

A segunda curva de tendência corresponde à quarta, quinta e sexta-feira, nos horários

em que houve maior pluviosidade e com isto a diluição do esgoto.

Tempo (h)

Con

cent

raçã

o d

e LA

S (m

g/L)

2 4 6 8 10 12 14 16 18 22 24 0

2

4

6

SEG QUA QUI SEX SAB DOM AJUSTE TENDENCIA 2

Horas do dia

Page 77: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 77

A Figura 5.6 mostra a vazão, carga de 1/8 do afluente a ETE (P1/8) e a concentração,

necessários para a comparação com a célula 2. A concentração média apresentada (2,4 mg/L)

encontra-se acima da permitida pela legislação do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que

é de 0,5 mg/L de LAS (CONAMA, 2006), confirmando a necessidade do tratamento para a

remoção do LAS antes do lançamento no curso hídrico.

SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM0

1

2

3

4

5

6 Concentração de LAS em P1 (mg/L) Concentração média de LAS em P1 (mg/L)

Con

cent

raçã

o (m

g/L)

Dias da semana

0

4

8

12

16

20

24 1/8 da Vazão do esgoto afluente (P1/8) (m3/h)

1/8 da Vazão média do esgoto afluente (P1/8) (m3/h)

Vazã

o (m

3 /h)

01020304050607080

1/8 da Carga de LAS em P1(g/L) 1/8 da Carga média de LAS em P1(g/L)

Car

ga (g

/L)

Figura 5.6: 1/8 dos valores médios diários de vazão e carga de LAS (P1/8) e

concentração do LAS no afluente da ETE (P1) no período de 12 a 19 de fevereiro de 2004 (período seco).

Page 78: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 78

O pico de vazão e da carga ocorrido na sexta-feira pode ser explicado pela combinação

da ocorrência de chuva neste dia bem como o início das atividades do final de semana com

uma maior utilização de produtos de limpeza.

01020304050607080 1/8 da Carga de LAS em P1 (g/h)

1/8 da Carga média de LAS em P1 (g/h)

Car

ga (g

/h)

0

4

8

12

16

20

24

1/8 da Vazão de esgoto afluente (P1/8) (m3/h)

1/8 da Vazão média de esgoto afluente (P1/8) em P1 (m3/h)

Vaz

ão (m

3 /h)

SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM0

1

2

3

4

5

6 Concentração de LAS em P1 (mg/L) Concentração média de LAS em P1 (mg/L)

Con

cent

raçã

o (m

g/L)

Dias da semana

Figura 5.7: 1/8 dos valores médios diários de vazão e carga de LAS (P1/8) e concentração do

LAS no afluente da ETE (P1) no período de 15 a 21 de abril de 2004 (período chuvoso).

Comparado ao período seco observa-se uma carga maior no período chuvoso devido a

uma maior vazão oriunda da chuva combinada com uma baixa redução de concentração de

LAS.

Page 79: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 79

A carga do LAS foi maior na sexta-feira do período seco (Figura 5.6)devido a maior

vazão neste dia, visto que a concentração permanece a mesma durante toda a semana. Este

volume maior de água se dá pelo início de final de semana, onde há grande atividade e uso de

detergentes e produtos de limpeza nos bares, restaurantes e residências.

Já no período chuvoso (Figura. 5.7) o comportamento da concentração é variável e

oposto ao da vazão, o que caracteriza o efeito de diluição da concentração, que é corrigido

quando se olha a carga de LAS que entra na estação.

Presume-se que a concentração de LAS é maior entre os horários das 10:00 às 14:00

horas em ambos os períodos, seco e chuvoso, porque as pessoas têm hábito de lavar suas

vestimentas neste mesmo intervalo de horários, de forma a aproveitar a maior incidência solar

no período seco (verão), que ocorre das 12:00 às 18:00 horas com ponto máximo às 15:00h

(Figura 5.8); já no período chuvoso o fato se deve dar por força do hábito.

fonte: CPTRC, 2005

Figura 5.8: Radiação solar medida de 14/02/2004 a 17/02/2004.

Ainda nas Figuras 5.6 e 5.7 observa-se que a vazão média diária do esgoto (P1/8)

no período seco foi de 12,87 m3/h e no período chuvoso 14,96 m3/h, ou seja, não há uma

diferença muito grande na vazão entre os dois períodos, o que reflete na similar concentração

de LAS neste ponto quando são comparados os mesmos períodos. Os dados desses perfis

foram utilizados para a realização de coletas pontuais nos pontos P1, P2 e P3, as quais foram

realizadas no horário de maior concentração de LAS, nas coletas do Experimento 2 com TDH

médio de 18 e 25 horas.

Page 80: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 80

A Figura 5.9 apresenta valores médios de dureza, obtidos no ponto P1, para o

período seco (12 a 19 de fevereiro de 04) e chuvoso (15 a 21 de abril de 04), na qual foi

observada uma dureza média de 201,45 mg/L e de 203,87 mg/L de Ca2+ respectivamente,

indicando dureza branda em ambos os períodos. VERGE et al. (2001) mostraram que quanto

maior a dureza menor a toxicidade do LAS para os microrganismos devido a precipitação do

LAS, e que a concentração de LAS para a morte de 50% dos microorganismos existentes no

meio durante 48h de exposição(LC50 – 48h) é de 13mg/L, 5 vezes maior que a concentração

afluente à célula 2. Estes resultados indicam que, provavelmente, os microrganismos

presentes no Reator UASB, utilizado nos experimentos, não deve sofrer inibição do LAS.

5.3.2 Perfil da vazão, concentração e carga de LAS efluente à célula 2

(C2) - TDH 5,6 h Esta última fase do Experimento 2 foi realizada de 14 a 20 de julho de 2004

(período chuvoso) e programada para um TDH nominal de 8 h. Entretanto, como a vazão na

estação sofre variações no decorrer do dia, obteve-se um valor médio de TDH de 5,6h.

Para este experimento tinha-se como situação ideal, a realização de amostragem

composta em P1 e C2 concomitantemente. Porém, dispunha-se de apenas 1 amostrador

automático, impossibilitando a realização da idealização.

Figura 5.9: Valores médios de dureza para amostras horárias (24 amostras diárias)

no período seco e no chuvoso.

Page 81: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 81

Como se havia obtido o perfil de P1 em um período típico seco (12 a 19 de

fevereiro de 2004) e para um chuvoso (15 a 21 de abril de 2004), utilizou-se a oitava parte

destes perfis para representar o comportamento típico das vazões na entrada da Célula 2.

Os gráficos da Figura 5.10 a seguir mostram os valores diários da vazão,

concentração e carga de LAS no afluente e efluente da célula 2.

A carga média diária de LAS do afluente da célula 2 foi de 36,48g/h e a efluente

31,16 g/h, uma redução de 15%.

0

4

8

12

16

20

24

Vazão do esgoto na célula 2 (m3/h)

Vazão média do esgoto na célula 2 (m3/h)

Vaz

ão (m

3 /h)

SEG TER QUA QUI SEX SAB Dom0

1

2

3

4

5

6 Concentração de LAS afluente à célula 2 (mg/L) Concentração média de LAS afluente à célula 2 (mg/L) Concentração de LAS efluente à célula 2 (mg/L) Concentração média de LAS efluente à célula 2 (mg/L)

Con

cent

raçã

o (m

g/L)

Dias da semana

01020304050607080

Carga de LAS afluente à célula 2 (g/h) Carga média de LAS afluente à célula 2 (g/h) Carga de LAS afluente à célula 2 (g/h) Carga média de LAS afluente à célula 2 (g/h)

Car

ga (g

/h)

Figura 5.10: Vazão do esgoto, concentração e carga de LAS afluente (P1- 15 a 21 de

abril de 2004) e efluente à célula 2 (C2 - de 14 a 20 de julho de 2004). Períodos chuvosos

Page 82: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 82

A concentração média diária de LAS no afluente da célula 2 foi de 2,53 mg/L e no

efluente 1,96 mg/L, diminuição de 23% na concentração de LAS do afluente no período de

15 a 21 de abril.

5.4 EXPERIMENTO 3

5.4.1 TDH 18 horas

5.4.1.1 Concentração de LAS nos pontos P1, C2, P2 e P3 O gráfico da Figura 5.11 mostra os valores de concentração de LAS no afluente da

estação (P1) e efluentes à célula 2 (C2), P2 e P3 no período de 23 de maio a 5 de junho de

2005 (período chuvoso). O experimento foi programado para um TDH nominal de 15 h,

porém foi obtido um TDH médio de 18 h, devido a variações no fluxo do afluente a estação.

Na mesma figura observam-se valores de concentração em P1 menores que em C2 na

segunda-feira das duas semanas e no domingo da primeira semana, que contrariam a

tendência do gráfico. O valor verificado na segunda feira da primeira semana pode ser

justificado pelo baixo consumo de detergente e sabões oriundo da impossibilidade de lavagem

de roupas entre outros itens, devido ao racionamento de água neste dia, enquanto no domingo

desta mesma semana e na segunda-feira da segunda semana, ocorreu grande pluviosidade:

90,5 e 105,5 mm respectivamente (Apêndice A).

Tratando-se do período chuvoso, há o aumento do volume do afluente da estação

devido à mistura da água precipitada, com a rede de esgoto, o que causa uma diluição e

conseqüentemente uma diminuição da concentração do LAS no afluente. Além disto,

trabalhos anteriores e inspeções no bairro da Mangueira mostraram que são comuns as

ligações informais da água de drenagem pluvial com a rede de esgoto existente.

Por outro lado, a concentração de LAS no ponto C2 segue um mesmo patamar durante

todo o experimento. Com isto acredita-se que nos dias citados acima, nos quais a

concentração de LAS é maior em C2 que em P1, ocorrera o processo de dessorção do LAS do

lodo, ou seja, a remoção de parte do LAS adsorvido no lodo, para o seio do líquido

(HAGGENSEN et al., 2002). Este processo ocorre a partir da quebra do equilíbrio de

adsorção LAS-lodo, provocado pela redução da concentração do LAS no seio líquido

(FYTIANOS et al.,1998 e OU et al.,1996).

Page 83: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 83

Figura 5.11: Concentrações nos pontos P1, C2, P2 e P3, com amostragem automática em C2, TDH 18 horas. ( 23 de maio a 5 de junho de 2005 – período chuvoso)

A concentração de LAS no afluente da estação, ponto P1, teve uma média diária

de 2,67 mg/L para as duas semanas. Na saída do reator UASB (P2), a concentração média

caiu para 1,56 mg/L e na lagoa de polimento (P3) a 0,51 mg/L, também levando em conta as

duas semanas.

Através da fig. 5.11 verificou-se que comparativamente a P1 houve uma redução

de 38% na concentração de LAS na célula 2, de 42% no reator UASB e de 91% na estação.

Porém não se pode afirmar se houve degradação ou apenas acúmulo de LAS no lodo ao longo

da estação.

5.4.1.2 Avaliação da massa de LAS afluente e efluente à célula 2 e ao reator UASB

O gráfico da Figura 5.12 mostra os valores de massa de LAS afluente a P1 e à célula 2

e efluente a P2 e à célula 2 no período chuvoso, 23 de maio a 5 de junho de 2005.

A massa média diária no afluente da estação foi de 6,23 kg e no efluente do reator

UASB foi de 3,67 kg, uma redução de aproximadamente 50 % da massa de LAS. Na célula 2

a massa média diária de LAS afluente foi de 0,367 kg e efluente 0,234 kg uma remoção de

36%.

30/maio

29/maio

23/maio S eg Ter Q ua Q ui S ex S ab D om S eg Ter Q ua Q ui S ex Sab D om

0

1

2

3

4

5

6

1ª Sem ana

Con

cent

raçã

o de

LA

S (m

g/L)

D ias da Sem ana

P1 M ediaP1 C 2 M ediaC2 P2 M ediaP2 P3 M ediaP3

2ª Sem ana

Page 84: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 84

A massa de LAS é o produto da concentração de LAS pelo volume do afluente ou

efluente a P1 e a célula 2 (M = Conc LAS x Vol afluente ou efluente).

Um fato importante é que mesmo com o aumento da massa de LAS entrando no

sistema (P1) a massa de LAS saindo nos pontos P2 e C2 permaneceu estável, ou seja, o reator

UASB absorveu as variações de massa entrando no sistema, proporcionando uma redução de

até 50% em massa do LAS.

SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM02468

1012141618202224262830323436

1ª semana 2ª semana

P1 P2 C2 afluente C2 efluente

MédiaP1 MédiaP2

Mas

sa d

e LA

S (k

g)

Dias da semana

Figura 5.12: Massa de LAS afluente à Estação e à célula 2 (C2) e efluente à célula 2

(C2) e o reator UASB (P2) em TDH 18 horas (23 de maio a 5 de junho de 2005 – período chuvoso).

5.4.1.3 Perfil da concentração e carga de LAS afluente e efluente à célula 2 (C2)

Os gráficos das Figuras 5.13 e 5.14 mostram valores médios de concentração e carga

de LAS no afluente e efluente à célula 2 para o Experimento 3, no período chuvoso de 23 de

maio à 05 de junho de 2005, com TDH médio de 18 h. Pelos gráficos das figuras obtêm-se

uma redução de 36% na carga de LAS do afluente à célula 2, nas comparações, as médias são

respectivamente 15,28 g/h e 9,76 g/h, e a massa de LAS presente no líquido afluente à célula

2 representou cerca de 5,13 kg e a massa presente no efluente foi da ordem de 3,3 kg

aproximadamente.

Page 85: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 85

Na segunda-feira e domingo da primeira semana bem como na segunda-feira da

segunda semana (Figura 5.15) observa-se a carga efluente maior que a afluente, este

comportamento deve-se à mesma condição explicada para a concentração em 5.3.1.1

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60 Diferencial de Carga (g/h)

Car

ga d

e LA

S (g

/h)

Dias da SemanaSeg Ter Qua Qui Sex Sab Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab Dom

Carga de LAS (Afluente) Carga de LAS (Efluente)

Figura 5.13: Diferencial de cargas de LAS afluente (P1) e efluente à Célula 2 (C2) com TDH médio de 18 horas. (23 de maio a 05 de junho de 2005 - período chuvoso)

Diferencial de Concentração

Seg Ter Qua Qui Sex Sab Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab Dom0

2

4

6

8

10

Con

cent

raçã

o (m

g/L)

Dias da Semana

Concentração de LAS (Afluente) Concentração de LAS (Efluente)

Figura 5.14: Diferencial de concentrações de LAS afluente (P1) e efluente à Célula 2

(C2) com TDH médio de 18 h (23 de maio a 05 de junho de 2005 - período chuvoso).

1ª semana 2ª semana

1ª semana 2ª semana

Page 86: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 86

5.4.1.4 Balanço de massa de LAS na célula 2

Na Tabela 5.1 são mostrados os resultados obtidos para a concentração de LAS em

gramas por quilograma de sólidos totais. Pode-se perceber que não há uma tendência definida

do perfil da concentração, a mesma comporta-se como se fosse constante, com pequenas

variações, ainda que a tendência da massa de sólidos seja a de reduzir no sentido do fundo

para o topo da célula.

Na mesma tabela, observa-se uma grande variação nas 3 primeiras alturas de pontos

de coleta do lodo, quando comparados os dados da massa de sólidos no início da campanha de

coleta com os dados do final desta campanha.

Este resultado contraria o conhecimento amplamente difundido, que sistemas

anaeróbios produzem pequena quantidade de lodo. Desta forma, atribui-se esta diferença a

imprecisão do procedimento de coleta adotado, uma vez que o lodo é bastante heterogênio

dentro do reator e só é possível recolher lodo de um único ponto em uma mesma altura da

manta de lodo do reator.

Já os resultados das concentrações do LAS no lodo são confiáveis, tendo em vista o

procedimento analítico via cromatografia, descrito e comentado anteriormente.

Tabela 5.1: Perfil de massa e concentração do LAS na célula 2 com TDH de 18 h – período chuvoso (23 de maio a 05 de junho de 2005).

Altura dos pontos de coleta de lodo (m)

Massa de sólidos

totais (i) (kg)

Massa de sólidos totais(f)

(kg)

Concentração (i) de LAS (g/kg) de

sólidos totais

Concentração (f) de LAS (g/kg) de

sólidos totais

Massa de LAS (i) (kg)

Massa de LAS (f)

(kg)

0,3 648,82 1.062,57 3,39 4,46 2,20 4,74 0,8 691,07 1.110,29 2,64 3,75 1,82 4,05 1,3 685,97 1.253,07 2,87 4,52 1,97 5,48 1,8 952,72 978,95 3,09 4,57 2,94 4,45 2,3 715,05 894,99 3,44 3,10 2,46 2,67

TOTAL 3.693,63 5.299,38 11,4 21,8 i= início da coleta; f= final da coleta.

A concentração de LAS no lodo está abaixo da descrita na literatura (11 a 16 mg/kg de

sólidos)(HAGGENSEN et al, 2002; SANZ MARTIN et al, 1995; CAVALLI et al, 1992)

como mais provável de ser observasa em lodo de ETE’s, porém para que este possa ser

utilizado para fins agrícolas é necessário que o lodo possua no máximo 1,3 g/kg de sólidos

totais de LAS (HAGGENSEN et a.l, 2002).

Page 87: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 87

5.4.2 TDH 25 horas

5.4.2.1 Concentração de LAS nos pontos P1, C2, P2 e P3

O gráfico da Figura 5.15 mostra os valores de concentração de LAS em P1 e no

efluente da célula 2, P2 e P3, período seco (25 de outubro a 07 de novembro de 2004).

A concentração média diária de LAS em P1 foi de 6,16 mg/L, no efluente da célula 2 a

concentração média diária foi de 2,48 mg/L e no efluente do reator UASB, esta concentração

inicial caiu para 3,18 mg/L.

A fig. 5.15 ainda mostra que no efluente da lagoa de polimento (P3), esta concentração

chega a 0,38 mg/L, ou seja, a célula 2 reduz a concentração de LAS do seu afluente (P1) em

aproximadamente 60%, o reator UASB a 49% e a estação a 94%.

S e g T e r Q u a Q u i S e x S a b D o m S e g T e r Q u a Q u i S e x S a b D o m0

1

2

3

4

5

6

7

8

D ias d a sem an a

Con

cent

raçã

o de

LA

S (m

g/L)

P 1 M é d ia d e P 1 C 2 M é d ia d e C 2 P 2 M é d ia d e P 2 P 3 M é d ia d e P 3

1ª sem an a 2ª sem an a

Figura 5.15: Concentração de LAS em P1, C2, P2 e P3 com TDH 25 horas. (25 outubro

a 07 novembro de 2004 - Período seco).

Mais uma vez observa-se uma constância na concentração de LAS no efluente da

célula 2 e do reator UASB, mesmo com as variações em P1. Desta forma, podemos inferir que

o LAS é retido (consumido ou adsorvido) pelo reator até um valor constante, independente da

concentração em P1, ao menos até limite de concentração de LAS observado em P1 (8mg/l).

Page 88: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 88

5.4.2.2 Avaliação da massa de LAS afluente e efluente à célula 2 e ao reator UASB

O gráfico na Figura 5.16 mostra a massa média diária de LAS afluente em P1 e

efluente a P1 e a Célula 2.

A massa média diária de LAS no afluente da estação foi de 14,98 kg e no efluente do

reator UASB foi de 7,45 kg, portanto, uma redução de 50 % da massa de LAS. A massa de

LAS afluente à Célula 2 foi de 0,556 kg e efluente 0,232 kg, resultando em uma remoção de

58%.

Devido ao efeito de adsorção do LAS ao lodo não podemos afirmar que houve 58% de

LAS degradado. A degradação pode ser melhor discutida através da realização de balanço de

massa no reator.

A Figura 5.16 mostra o perfil da massa de LAS circulante na estação no decorrer da

semana. Pode-se observar um grande aumento da massa de LAS a partir da quinta-feira da

segunda semana justificado pela ocorrência de pluviosidade nestes dias.

S e g T e r Q u a Q u i S e x S a b D o m S e g T e r Q u a Q u i S e x S a b D o m0

4

8

1 2

1 6

2 0

2 4

2 8

3 2

3 6

1 ª s e m a n a

Mas

sa d

e LA

S (k

g)

D ia s d a S e m a n a

P 1 M é d ia P 1 P 2 M é d ia P 2 C 2 a f lu e n te C 2 e f lu e n te

2 ª s e m a n a

Figura 5.16: Massa de LAS afluente à Estação (P1) e à célula 2 (C2) e efluente à célula 2 (C2) e ao reator UASB (P2). (25 outubro a 07 novembro de 2004 - Período seco).

5.4.2.3 Perfil da concentração e carga de LAS afluente e efluente à Célula 2

Os gráficos das Figuras 5.17 e 5.18 mostram os valores médios diários de

concentração e carga de LAS afluente e efluente à célula 2 no Experimento 3 TDH 25 h,

respectivamente. A concentração média diária de LAS no afluente da célula 2 nesse período

Page 89: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 89

foi de 6,19 mg/L, enquanto no TDH 18 h (período chuvoso) a concentração de LAS no

afluente foi de 2,61 mg/L, aproximadamente três vezes maior no período seco com TDH de

25 h. Isto, provavelmente, é devido à diluição que comumente ocorre no período chuvoso,

além do maior consumo de produtos de limpeza no período seco pela prática de atividades,

sejam as domésticas, esportivas, serviços e construções. Houve uma remoção de

aproximadamente 60% na carga de LAS do afluente da célula 2.

Na Figura 5.18 nota-se um pequeno diferencial de carga do LAS na primeira semana,

principalmente quando se compara a sexta-feira, o sábado e o domingo da primeira semana

com à segunda semana. Este fato se deu pela modificação da vazão nestes dias, que na 1ª

semana foi de 3,21 m3/h na sexta, 2,67 m3/h no sábado, 2,46 m3/h no domingo, enquanto na 2ª

semana foi 7,42 m3/h na sexta, 8,88 m3/h no sábado e 6,42 m3/h. O aumento de vazão se dá

pela ocorrência de chuva nos dias citados na 2ª semana conforme Quadro A7 (Apêndice A).

S e g T e r Q u a Q u i S e x S a b D o m S e g T e r Q u a Q u i S e x S a b D o m0

2

4

6

8

1 0

C o n c e n tra ç ã o D ife r e n c ia l

S e g T e r Q u a Q u i S e x S a b D o m S e g T e r Q u a Q u i S e x S a b D o m0

2

4

6

8

1 0

Con

cent

raçã

o de

LA

S (g

/L)

D ia s d a S e m a n a

C o n c e n tra ç ã o A f lu e n te C o n c e n tra ç ã o E f lu e n te

1 ª s e m a n a 2 ª s e m a n a

Figura 5.17: Valores médios comparativos de concentração de LAS na célula 2 com TDH 25 h (25 outubro a 07 novembro de 2004 - Período seco).

Page 90: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 90

S e g T e r Q u a Q u i S e x S a b D o m S e g T e r Q u a Q u i S e x S a b D o m0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

D ife re n c ia l d e C a rg a s

S e g T e r Q u a Q u i S e x S a b D o m S e g T e r Q u a Q u i S e x S a b D o m0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

1 ª S e m a n a

Car

ga d

e LA

S (g

/h)

D ia s d a S e m a n a

C a rg a A flu e n te C a rg a E flu e n te

2 ª S e m a n a

Figura 5.18: Valores médios comparativos da carga de LAS afluente à Célula 2–TDH 25h (25 outubro a 07 novembro de 2004 - Período seco).

5.4.2.4 Balanço de massa de LAS na célula

Nas Tabelas 5.6 e 5.7 são mostrados os resultados obtidos para a massa de LAS em

gramas por quilograma de sólidos totais, bem como o balanço de massa na célula 2.

Houve uma redução de 6,18 kg na massa de LAS quando se faz um balanço entre todo

o LAS que entrou, o que saiu e o remanescente no reator, o que surgere uma remoção do

composto. Foi observada uma maior concentração de LAS no lodo do final da coleta, para a

altura de 0,3 m e para a altura 2,3 m, além do grande decaimento na massa de sólidos totais no

lodo final de altura 0,3m (de 1819,68 kg no início do período de coleta para 400,09 kg de

sólidos totais no final do período de coleta). Como já citado, este grande decaimento não

esperado ocorreu pela dificuldade na metodologia de amostragem de lodo utilizada que em

conjunto com a impossibilidade de coleta de lodo na altura 0,8 torna inexata e inviável a

conclusão do balanço de massa na célula 2.

Page 91: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 91

Tabela 5.2: Perfil de massa e concentração do LAS na célula 2 com TDH de 25 h – período seco (25 de outubro a 07 de novembro de 2004).

Altura dos pontos de coleta de lodo (m)

Massa de sólidos

totais (i) (kg)

Massa de sólidos

totais (f) (kg)

Concentração (i) de LAS (g/kg) de

sólidos totais

Concentração (f) de LAS (g/kg) de

sólidos totais

Massa de LAS (i) (kg)

Massa de LAS (f)

(kg)

0,3 1.839,68 400,09 1,30 2,52 2,39 1,01 0,8 2.223,87 2.223,84 5,22 5,22 11,6 11,6 1,3 2.588,02 2.588,02 0,763 0,763 1,98 1,98 1,8 89,14 98,95 5,17 3,28 0,460 0,320 2,3 58,58 75,87 1,90 7,24 0,110 0,550

TOTAL 6.799,29 5.401,76 16,5 15,46 i= início da coleta; f=final da coleta.

5.5 COMPARAÇÃO ENTRE RESULTADOS OBTIDOS NOS TDHs ESTUDADOS

Nas Tabelas 5.3, 5.4 e 5.5 estão dispostos, de forma geral e simplificada, alguns dos

resultados obtidos com a análise das amostras líquidas referentes ao TDH 5,6 h (período

chuvoso), TDH 7 h (período seco), TDH 18 h (período chuvoso) e TDH 25 h (período seco),

como também de amostras de lodo dos dois últimos TDHs. Tais dados mostram as diferenças

do comportamento do LAS no esgoto doméstico frente a diferentes tempos de detenção

hidráulica do afluente e efluente da estação com maior detalhamento da Célula 2.

Tabela 5.3: Dados gerais médios para o afluente e efluente à Célula 2 nos TDH’s de 5,6; 7; 18 e 25 h

TDH 5,6 h (automático) Período chuvoso

(1 semana)

7 h (manual) Período seco (1 semana)

18 h (automático) Período chuvoso

(2 semanas)

25 h (automático) Período seco (2 semanas)

Vazão (m3/h) 18,17 14,05 5,94 4,04 Concentração de

LAS em P1 (mg/L) 2,53 2,89 2,67 6,16

Concentração de LAS em C2 (mg/L) 1,96 2,08 1,66 2,48

Volume total de afluente admitido na célula 2 (m3)

3.052 2.360 1.996 1.357

São expostos, também, a massa de lodo e sólidos secos presentes na célula 2 no TDH

de 18 e 25 h e as respectivas massas de LAS nos mesmos.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 92

Tabela 5.4: Valores de concentração de LAS no lodo nos TDH de 18h e 25 h, utilizando-se a centésima parte do extrato metanólico.

TDH

Concentração

de LAS (mg/L)

Ponto de

coleta H 1

(2,3m)

Ponto de

coleta H 2

(1,8m)

Ponto de

coleta H 3

(1,3m)

Ponto de

coleta H 4

(0,8m)

Ponto de

coleta H 5

(0,3m)

18 h Lodo inicial 3,44 3,09 2,87 2,64 3,39

Lodo final 3,10 4,57 4,52 3,75 4,46

25 h Lodo inicial 0,858 4,08 0,765 5,23 1,30

Lodo final 4,65 2,93 0,879 1,69 2,52

i= início da coleta; f=final da coleta.

As comparações iniciais dos dados foram realizadas com os TDH de 18h e 25h do

Experimento 3 por apresentarem a mesma metodologia de trabalho, como a realização da

amostragem composta para o efluente da célula 2 e as coletas terem sido realizadas por um

período de duas semanas consecutivas.

Na tabela 5.3 são apresentados os resultados gerais para cada TDH incluindo dados

para o lodo do Experimento 2 que foram coletados por amostra composta, diferentemente do

Experimento3, cujas amostras são individuais por camada do lodo.

Tabela 5.5: Dados gerais em amostras coletadas no início e final do Experimento 3 para os TDH’s de 18 e 25 h.

VARIANTES UNIDADES 18 h (automático)

Período chuvoso 25 h (automático)

Período seco Densidade do lodo g/ml 1,05 1,06

Concentração de LAS média no lodo (i) mg/L 3,09 2,45

Concentração de LAS média no lodo (f) mg/L 4,08 2,53

Massa de LAS no lodo (i) C2 kg 11,4 16,5

Massa de LAS no lodo (f) C2 kg 21,8 7,90

Massa de lodo em C2 (i) kg 53.749,84 55.036,40

Massa de lodo em C2 (f) kg 54.851,55 54.468,12

Massa de sólidos secos (i) kg 3.693,63 6.794,29

Massa de sólidos secos (f) kg 5.299,38 5.401,76

Massa de LAS afluente à estação (P1) kg 87,30 209,0

Massa de LAS efluente ao reator (P2) kg 51,40 104,0

Volume total de afluente afluente à

célula 2 m3 1.996,00 1.357,00

Volume total de afluente admitido na

estação. m3 33.343,00 31.041,75

início da coleta; f=final da coleta.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 93

A Figura 5.19 mostra um gráfico comparativo da carga e da massa de LAS afluente e efluente à célula 2 nos TDH estudados, 18 e 25 h que foram realizados durante duas semanas em um período chuvoso e em um seco, respectivamente com amostragem automática em C2.

Quando comparados os valores para a carga de LAS afluente e efluente à célula 2 para os dois TDH’s é notável uma carga média diária de LAS mais alta no afluente da célula 2 para o TDH 25 h (24,97 g/h) do que do TDH 18 h (15,28 g/h).

Já para os valores para a descarga de LAS efluente à célula 2, temos que estes são bem próximos para os dois TDH’s, 9,67 g/h para o TDH 18 h e 9,76 g/h para o TDH 25 h.

Isto ocorre por que em períodos secos a vazão de esgoto é menor, e a concentração de LAS não sofre efeito da diluição da água da chuva, bem como pode ocorrer adsorção do LAS ao lodo do reator, fenômeno dirigido pelo equilíbrio entre a quantidade de LAS presente no seio líquido e a quantidade já adsorvida ao lodo, bem como pela saturação de adsorção.

Os resultados gerais indicam que quanto maior o TDH, mais eficiente é a remoção do LAS do afluente: 61% no TDH de 25 h contra 36% para o TDH 18h. Infere-se também, que a remoção de LAS seja mais eficiente em período seco pela possível ocorrência de adsorção do LAS ao lodo, o que pôde ser confirmado com a realização do experimento com TDH 25 h em período seco.

Quando comparamos os dados do experimento 2 com os do experimento 1, tem-se uma carga diária média de LAS afluente à célula 2 de 45,59 g/h para o TDH de 5,6 h e 36,24 g/h para o TDH de 7 h; e para a carga de LAS efluente à célula 2 tem-se 36,89 g/h para o TDH de 5,6 h e 29,46 g/h para o TDH 7 h.

Em suma, tem-se uma remoção da carga de LAS do afluente da célula 2 em 19% para o TDH de 5,6 h, 18% para o TDH de 7 h contra 36% do TDH 18 h e 60% do TDH 25 h, o que só vem confirmar uma maior eficiência na remoção de LAS do afluente, quando se tem altos valores para o TDH.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 94

Figura 5.19: Comparação da carga e da massa de LAS afluente e efluente à célula 2 nos TDH 18 e 25h.

Para afirmar se houve biodegradação anaeróbia ou apenas adsorção do LAS ao lodo do reator, é necessário fechar o balanço de massa em torno de uma célula ou do próprio reator UASB, porém, conforme citado anteriormente, houve grande dificuldade na forma de amostragem do lodo, demonstrada pela incoerência de dados de massa de lodo observada na Célula2 entre o início da campanha de coleta e o final da campanha de coleta apresentados nas tabelas 5.4 e 5.5. Desta forma, com os dados obtidos neste trabalho não se pode afirmar que ocorre a biodegradação anaeróbia em um reator UASB em escala real tratando lodo doméstico.

0

5

10

15

20

25

30

Carg

a de

LAS

(g/h

)

AfluenteEfluente

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

15 17 19 21 23 25

TDH (h)

Mas

sa d

e LA

S (k

g)

AfluenteEfluente

Page 95: REMOÇÃO DE SURFACTANTES (LAS) NO TRATAMENTO … · 9 APÊNDICE A 107 . LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Estrutura típica do sabão 21 Figura 3.2: Estrutura molecular do alquilbenzeno

6. CONCLUSÕES 95

6. CONCLUSÕES

A metodologia utilizada para análise do LAS em amostras de esgoto sanitário

mostrou-se bastante eficiente e com boa reprodutibilidade analítica, entretanto, se for

necessário quantificar os isômeros, adaptações na metodologia de análise devem ser

empregadas, principalmente com o uso de pares iônicos e outros auxiliares, como a α-

ciclodextrina.

Os perfis de concentração do LAS são bastante característicos nos diferentes períodos

do ano, que no nordeste brasileiro são bem distintos; estação chuvosa e estação seca.

A remoção do LAS na célula 2 foi de 19% para o TDH 5,6h; 18% para TDH 7h; 36%

para TDH 18h e 60% para TDH 25h, mostrando que a célula 2 foi capaz de remover LAS do

seu afluente, porém, os resultados mais significativos ocorreram para o período seco e com

um TDH alto (25 h).

Com relação à estação, podemos afirmar que o conjunto reator UASB e lagoa de

polimento é efetivo na redução da carga e da concentração de LAS do esgoto, com valores

médios de 0,38 mg/L no período seco e 0,51 mg/L no período chuvoso, atendendo ao

estipulado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), que permite uma

concentração dos surfactantes em água doce de até 0,50 mg/L de LAS.

A estação de tratamento consegue remover uma quantidade de 60% da concentração

de LAS existente inicialmente no esgoto (TDH 25h: 6,1 mg/L em P1; 2,4 mg/L em C2;

3,2mg/L em P2 e 0,4 mg/L em P3).

Contudo, estes resultados não permitem afirmar que ocorre biodegradação do LAS no

reator UASB pela impossibilidade de realização do balanço de massa e, principalmente, por

não se conseguir avaliar bem os fenômenos de adsorção e dessorção ocorrido pela interação

do LAS com o lodo.

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7. SUGESTÕES E PROJETOS FUTUROS 96

7. SUGESTÕES E PROJETOS FUTUROS Para uma próxima etapa recomendam-se as seguintes complementações:

1- Utilizar 2 amostradores automáticos, de forma a se obter amostras

simultaneamente do afluente e o efluente num dado horário, para o reator em

escala real;

2- Realizar estudo degradativo de cada série homóloga (C10, C11, C12 e C13)

utilizando padrões específicos ou utilizando o recurso do espectro de UV

característico de cada homólogo, que é possível de se obter com o mesmo

cromatógrafo e detector utilizados neste trabalho, para permitir a indicação

do composto de mais fácil biodegradação e posteriormente fazer o estudo

para os isômeros;

3- Utilizar um reator em escala piloto para reduzir o erro por amostragem e

manter maior controle sobre as vazões desejadas;

4- Analisar os compostos intermediários da degradação do LAS (SPC´s,

aromáticos, entre outros), de forma a conseguir indicar se ocorre a

biodegração parcial e permitir a avaliação do motivo pelo qual não ocorre a

biodegradação total;

5- Em reator devidamente controlado injetar carga de LAS para obter maior

conjunto de dados sobre o comportamento do reator frente ao LAS;

6- Promover estudo da cinética de adsorção no lodo do reator;

7- Inserir taxa de crescimento microbiológico no balanço de massa.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA 97

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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108

Apêndice

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109

Apêndice A

Índices pluviométricos Quadro A1: Índices pluviométricos entre 7 a 13 de julho de 2003 – Período Seco

Data Precipitação (mm)07/07 0 08/07 0 09/07 0 10/07 1 11/07 0 12/07 0 13/07 0

Quadro A2: Índices pluviométricos entre 8 a 14 de setembro de 2003 – Período Seco

Data Precipitação (mm)08/09 0 09/09 7 10/09 0 11/09 0 12/0 15 13/09 0 14/09 0

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110

Quadro A3: Índices pluviométricos entre 12 a 19 de fevereiro de 2004 – Período seco

Data Precipitação (mm)12/02 3 13/02 0 14/02 0 15/02 0 16/02 16 17/02 0 18/02 0 19/02 2

Quadro A4: Índices pluviométricos entre 15 a 21 de abril de 2004 – Período chuvoso

Data Precipitação (mm)15/04 20 16/04 17,2 17/04 45,3 18/04 60,5 19/04 72,1 20/04 40,6 21/04 17

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111

Quadro A5: Índices pluviométricos entre 14 a 20 de julho de 2004 – Período chuvoso

Data Precipitação (mm)14/06 30,4 15/06 48,6 16/06 94 17/06 102 18/06 75,2 19/06 15,8 20/06 23,9

Quadro A6: Índices pluviométricos entre 25 de outubro a 7 de novembro de 2004 – Período

seco

Data Precipitação (mm)25/10 0,0 26/10 0,0 27/10 0,0 28/10 0,0 29/10 0,0 30/10 0,0 31/10 0,0 1/11 0,0 2/11 0,0 3/11 0,0 4/11 4,2 5/11 20 6/11 17,6 7/11 1,5

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112

Quadro A7: Índice pluviométrico entre 23 de maio a 5 de junho de 2005– Período chuvoso

Data Precipitação (mm) 23/05 15.7 24/05 63,0 25/05 48,2 26/05 5,0 270/5 0,0 28/05 28,2 29/05 90,5 30/05 105,5 31/05 22,5 1/06 6,8 2/06 89,2 3/06 6,3 4/06 130 5/6 9,5

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113