reminiscências de sri ramakrishna, por swami subodhananda (português)

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    Reminiscncias de Sri Ramakrishna1

    PorSwamiSubodhananda2

    Durante minha primeira visita a ele, Sri Ramakrishna segurou minha mo e me fez sentar sobre sua cama. O Mestre disse, Voc algum muito ntimo para mim.

    Ento ele me atraiu como uma pessoa pega algo que seu. Ento o Mestre entrou em

    xtase e comeou a rir. Tivemos uma longa conversa.

    SwamiSubodhananda

    1 Traduo de artigo publicado na revista Prabuddha Bharata de Janeiro de 2008. Este artigo foi

    compiladoporSwamiChetanananda,daVedantaSocietyofStLouis.

    2SwamiSubodhananda (18671932)foiumdiscpulodiretodeSriRamakrishnaeconhecidonaOrdem

    RamakrishnacomoKhoka(menino)Maharaj.

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    Primeiro Encontro com Sri Ramakrishna

    Subodh3 e seu amigo Kshirod visitaram Sri Ramakrishna emDakshineswar pela primeira vez em Agosto de 1885. Eles entraram no quarto esaudaram Sri Ramakrishna com as mos juntas. Kshirod se aproximou doMestre, que estava sentado em sua cama, mas Subodh permaneceu junto aporta. De onde vocs vm? perguntou Sri Ramakrishna. De Calcutta, Kshirodrespondeu. Apontando para Subodh, o Mestre disse, Porque aquele rapaz estde p to afastado? Venha para mais perto. Isto encorajou Subodh seaproximar. Voc pertence famlia de Shankar Ghosh? perguntou o Mestre.Subodh ficou surpreso e disse, Sim senhor, mas como soube disto? Quandoeu estava vivendo em Jhamapukur, disse o Mestre, eu visitava sua casafrequentemente, como tambm o templo de Kali de sua famlia em Thanthania.Isso foi antes de voc nascer. Eu sabia que voc viria. Bem, a Divina Me enviapara c aqueles que atingiro a espiritualidade. Voc pertence a este lugar.Senhor, se eu perteno a este lugar, porque voc no me chamou mais cedo?perguntou Subodh. O Mestre respondeu, Olhe, tudo acontece no momentocerto.

    Sri Ramakrishna segurou a mo de Subodh e fechou seus olhos poralguns minutos. Ao final ele disse: Voc atingir a meta. A Me me diz isso.Ele pediu que Subodh se sentasse em sua cama. No senhor, disse Subodh, eu

    no posso me sentar sobre sua cama. Estas so minhas roupas da escola. Elasno esto limpas. Alm disso, eu toquei pessoas pelo caminho at aqui e meusps esto empoeirados. O Mestre o forou a sentar-se sobre sua cama, dizendo,Voc algum muito ntimo para mim. O que importa se suas roupas estolimpas ou no? Depois de algum tempo Subodh sentou-se no cho. O Mestreento pediu ao seu sobrinho Ramlal que estendesse um tapete para os meninos,e perguntou, Como vocs vieram a Dakshineswar? Como o amoroso cuidado eafeio do Mestre tinha removido a timidez de Subodh, ele prontamenterespondeu, Ns viemos a p. Meu Deus! Vocs vieram por toda esta distncia

    a p?, o Mestre perguntou surpreso. Como vocs souberam sobre mim?Subodh respondeu, Eu fiquei impressionado ao ler seus ensinamentos. Eles sorealmente extraordinrios. Tu s um grande homem e muito famoso! Por issons viemos v-lo.

    3NomedeSwamiSubodhanandaantesdesetornarummonge.

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    Estas palavras causaram uma sbita mudana no estado deRamakrishna. Com uma humildade que espantou os meninos, ele disse: Ah, eusou mais baixo que um verme. Nome e fama! Ridculo! Realmente, eu sou maisinsignificante do que um verme. Em seguida o Mestre disse a Subodh, A Meenvia para c aqueles que recebero Sua graa. Venha aqui as Teras e Sbados.

    Muitas pessoas de sua parte da cidade vm aqui nestes dias. Venha com eles.Subodh disse, No senhor, isto no dar certo. Meus parentes descobriro queeu estou vindo aqui. Por favor, me diga agora o que voc quer me dizer. Euno posso retirar minhas palavras, meu filho, disse o Mestre. Se eu digo queirei a certo lugar em tal ou qual dia, eu devo faz-lo a despeito da chuva e datempestade. Mesmo que eu no goste disso, a Me me arrasta para l. Eu faleiestas palavras, portanto voc deve vir as Teras e aos Sbados.

    Subodh concordou e notando que estava ficando tarde, pediu permissopara voltar para casa. Tome alguns refrescos, disse o Mestre. No

    necessrio, senhor. Ns o faremos em casa, Subodh respondeu. No, comaalguns doces e gua e depois v, disse o Mestre, e pediu a Latu 4 que osservisse. Quando eles terminaram seus refrescos, o Mestre disse novamente:Sua casa muito longe daqui; alm disso, vocs so muito jovens para andar.Por que no vo de barco ou alugam uma carruagem? Eu darei a vocs aquantia.

    Subodh: Eu no sei nadar. No podemos ir de barco.Ramakrishna: Ento vo de carruagem.Subodh: No senhor, ns caminharemos.Ramakrishna: Olhe, meu filho, seus ps ficaro cansados ao andar tal

    distncia.Subodh: Senhor, ns somos jovens [ele tinha ento dezessete anos]. Se

    ns no andarmos agora, quando andaremos? Alm disso, o senhor umhomem santo, onde conseguir dinheiro?

    Ramakrishna (com um sorriso): Algumas pessoas do dinheiro para estelugar. Voc no precisa se preocupar com isto. Por favor, pegue algum dinheiroe v de carruagem.

    Como Subodh estava inexorvel, o Mestre disse a Kshirod, Pegue voc odinheiro e vo de carruagem. Mas Subodh interrompeu e disse a seu amigo,

    No aceite o dinheiro. Ns iremos a p. Sem insistir mais o Mestre disse,Venham de novo na Tera ou no Sbado. Ambos tocaram os ps do Mestre epartiram para suas casas.

    4Latufoium discpulodiretodeSriRamakrishna,maistardeconhecidocomoSwamiAdbhutananda.

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    Swami Subodhananda se Recorda

    Um dia enquanto fazia uma caminhada matinal, muito tempo aps ofalecimento de Sri Ramakrishna, Swami Subodhananda compartilhou uma desuas lembranas com Sharat Chakrabarty: Olhe, que belssimo nascer do sol!

    Sim, Swami, realmente belo! disse Sharat.

    Swami Subodhananda: Este nascer do sol que voc v no nada. O diaem que o Mestre me tocou eu vi muitos como esse. Eu no posso descreverquantos grandes sistemas solares, planetas e estrelas eu passei at que eufinalmente atingi o cu. L eu encontrei o Rio Mandakini e peguei um pouco degua na minha mo e joguei sobre minha cabea. Eu vi muitos seres divinos e alinguagem de sua conversao era um pouco articulada. Seus corpos brilhavamcomo prolas. Eles me perguntaram, Ol, como possvel para voc vir aqui

    como um ser humano? Eu respondi, Eu sou um filho daquela pessoa por cujagraa vocs so deuses. Estes deuses comearam a rir. Ento eu desci, mas notinha nenhum desejo de entrar em meu corpo. O Mestre disse, Por favor, entre.Eu disse, Senhor, este corpo cheira. Eu estou relutante em entrar nele. Ento oMestre pegou a minha alma e a empurrou para dentro do corpo pelo alto dacabea.

    Quando eu era jovem, eu tinha medo. Mas quando o Mestre me tocou,todo meu medo desapareceu.

    O Mestre disse que sabia quem seus devotos eram antes que eleschegassem a ele. Quando o Mestre fazia a adorao da Divina Me Kali, ele

    ficava em um estado intoxicado de Deus. Enquanto estava em xtase elechamava, Oh devotos, por favor, venham logo. Ele costumava ento rezar,Me, eu quero ver devotos de todas as seitas religiosas que atingiram umestado exaltado. Eventualmente muitas almas iluminadas de diferentes seitasreligiosas vieram ao Mestre. Em seguida seus prprios devotos chegaram. Eleficou feliz ao ver seus prprios devotos e ficava deleitado ao conversar comeles. O Mestre disse, No futuro muitos devotos viro e se espalharo por todo omundo. Ele tambm disse, Para aqueles que forem inspirados pela vida emensagem deste lugar[significando ele mesmo], ser seu ltimo nascimento.

    Eu aprendi esta cano do Mestre:

    Oh Me, seu nome o removedor do sofrimento mundano.

    Seu filho aflito est te chamando, mas ests te escondendo em algum lugar.

    Me, tu podes me dizer que maldade eu fiz?

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    O Mestre rezava: Oh bendita Me, salvadora dos humildes! Seus filhosno te vem, mas, por favor, cuide deles. Por favor, volte seu olhar graciosopara eles. Oh Me, esta minha orao que vem do corao: Que tudo que no auspicioso possa se tornar auspicioso para seus filhos por sua graa.

    Em seus dias de antigamente em Dakshineswar, o Mestre praticava

    sadhana no Panchavati e adorava a Divina Me no templo de Kali. Apsterminar a adorao, ele retornava a seu quarto e se deitava, cobrindo-se comum chadar. Ele no conversava com ningum. Ele apenas chorava em profuso,dizendo, Me, revele-se a mim. Ento um dia a Divina Me disse a ele: Porque ests to preocupado? Olhe, aqui estou eu. Eu estou com voc e unida comvoc. Dizendo isto a Divina Me uniu-se com o Mestre.

    Hriday, o sobrinho do Mestre, nos contou: Uma vez, durante a oferendade comida a Divina Me no templo de Kali, eu secretamente fiquei no interiordo templo. Eu vi o Mestre conversando com a Me e segurando a comida

    prximo a sua boca, como se ela estivesse comendo. Ento ele disse, Voc quercomer atravs de minha boca. [E ele comeu um pouco da comida.] Quando oMestre fazia o servio vespertino [arati], ele algumas vezes parava e permaneciaimvel segurando a lamparina. Ento eu pegava a lamparina das mos doMestre e terminava o servio vespertino. O Mestre permanecia l imvel emsamadhi.

    Uma vez o servente de Mathur estava carregando tabaco em uma taacom carvo aceso na parte de cima. O Mestre estava deitado no cho em xtase.Um pedao daquele carvo acidentalmente caiu sobre as costas do Mestre. Elequeimou atravs de sua pele e entro profundamente dentro da carne. Depois de

    recobrar a conscincia externa, o Mestre disse para algum, Veja o que est a.Talvez uma formiga esteja me picando. Este o real samadhi, quando se perdea conscincia do corpo como algum que est totalmente embriagado. Depoisde visitar o Mestre, ns aprendemos o que xtase ou samadhi real. Mais tarde,se algum fingia estar em samadhi, eu costumava pic-lo com uma agulha eisso terminava com seu samadhi.

    O Mestre casou-se quando tinha vinte quatro anos. A maior parte dotempo ele estava em um estado intoxicado de Deus, e as pessoas oconsideravam como louco. Um dia ele foi casa de seu sogro em Jayrambati.

    Diz-se que ele aproximou-se da casa e ento se sentou. Um vizinho que passavapensou que ele fosse insano. Mais tarde, a Santa Me e outros o levaram paradentro da casa. Aps o jantar o Mestre foi para a cama. A Santa Me terminouos seus afazeres domsticos e ento foi para o quarto, mas ela no viu ningumna cama. Ao invs do Mestre, ela viu uma luz brilhante. A Santa Mepermaneceu imvel com as mos juntas. Quando o sol apareceu, o Mestreemergiu daquela luz e disse a Santa Me, Tu apareceste nesta forma muito

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    bom. Dizendo isto o Mestre se prosternou a ela. Quando ela tinha dezoito anos,o Mestre a adorou como a Deusa Shodashi.

    O Mestre tinha uma especial devoo pela Me Ganges. Ele costumavadizer, Ganga-vari brahma-vari, a gua do Ganges to pura quanto Brahman. Sealgum estivesse mergulhado na aflio, no sofrimento ou na iluso, ele

    costumava dizer a esta pessoa, V e beba um pouco de gua do Ganges; vocficar bem. Espantosamente, ento a pessoa ficava bem.

    Os ps do Mestre eram extremamente suaves e delicados. Ele no podiacalar sapatos comuns. Ns tnhamos que colocar palmilhas de algodo dentrode seus sapatos para que ele pudesse cal-los... Em um tempo passado de suavida o Mestre usava um amuleto de ouro, mas mais tarde ele no conseguiatocar nada metlico. Algum tinha at que levar seu pote de gua para que selavasse.

    Eu vi algo maravilhoso no Mestre. Seu quarto ficava cheio de gente, e

    eles tinham muitas perguntas em suas mentes. Mesmo assim, em uma simplesconversa ele respondia a todas as suas questes que no tinham sido colocadas.Uma vez Keshab Chandra Sen convidou o Mestre para ir a sua casa e

    secretamente ofereceu flores e pasta de sndalo aos seus ps. Ento ele disse,Senhor, por favor, no diga isto a ningum ou as pessoas diro que eu adoreium ser humano. Mas a natureza do Mestre era como a de um menino. Elecontou a Vijay Krishna Goswami e a um funcionrio do templo, Olhe, Keshabofereceu flores aos meus ps e me pediu que no dissesse a ningum. Por favor,no contem isto a outros.

    Algumas vezes o Mestre costumava dizer, A prpria Divina Me veio

    visitar o mundo em uma forma humana [significando a si mesmo]. Quando aspessoas de todas as seitas se reunirem aqui, este corpo no ir durar.

    Um dia enquanto andava pelo Panchavati em Dakshineswar, o Mestreentrou em xtase. Ento, olhando para o noroeste, ele apontou para si mesmo edisse, Olhe, a Me est dizendo que quanto mais uma pessoa pensar em mim,mais rapidamente compreender as supremas verdades da religio. Eapontando para o noroeste, ele disse, Nascerei de novo naquela direo. Entomuitas pessoas alcanaro o conhecimento.

    Em outra ocasio o Mestre me disse sobre si mesmo: Este corpo uma

    gaiola de carne e osso, mas a Me est jogando dentro dele... Aquele que foiRama e aquele que foi Krishna est vivendo neste corpo.O Mestre uma vez me disse, Eu estava possudo ento pela divina

    loucura. Um dia eu estava tirando ervas daninhas do Panchavati. Eu no estavaconsciente de que uma bela jovem estava de p atrs de mim. Irritada ela dissepara mim, Ol, sadhu! Estou atrs de voc por um longo tempo e voc noolhou para mim ou conversou comigo! Eu visitei muitos ashramas e todas as

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    pessoas ficaram ansiosas de conversar comigo e queriam que eu vivesse l. Masvoc nem mesmo se importou de olhar para mim. Tu s um verdadeiro sadhu.

    Kedar Nath Chattopadhyay era um devoto do Mestre. Ele trabalhavacomo um funcionrio do governo indiano e seu supervisor era um homemingls. Um dia Kedar conversou com este ingls sobre o Mestre e disse, SriRamakrishna Deus.

    O ingls ficou ansioso para se encontrar com o Mestre, pensando, SeRamakrishna Deus, ento ele pertence a todos. Um dia ele decidiu visitarDakshineswar e pediu Kedar que o acompanhasse. Aps a chegada l, Kedardisse ao seu supervisor cristo, Voc pode no ter a permisso de entrar no

    complexo do templo onde o quarto do Mestre se encontra, portanto, por favor,espere aqui fora. Kedar foi ao quarto do Mestre mas ele no estava l. O inglsestava esperando perto do ghat Bakultala na margem do Ganges. Nestemomento o Mestre estava retornando do bosque de pinheiros ao seu quarto.Vendo o Mestre no caminho do jardim, o ingls correu para ele e tocou seusps. Ele ento exclamou, Aqui est meu Jesus! Aqui est meu Jesus! O Mestreo abenoou carinhosamente, tocando sua cabea, e deu a ele alguma instruo.

    AtSuasReprimendasSoDoces

    SriRamakrishnafoiacomodadoentopelosdevotosemumachcaraemKashipurperto

    deChitpurparaotratamentodeseucncernagarganta.Subodhfreqentementefaltava

    escolaeo visitava.Ele costumavapassarodia inteiro le voltavapara casaum pouco

    antes do anoitecer. Um dia Sri Ramakrishna pediu a Subodh que escrevesse um verso

    especficodacanoSitapatiRamachandra;eleoprecisava.Subodhserecusoua fazer

    isso,dizendoquesua letraeramuitofeia.SriRamakrishna insistiu,Porpiorquesejasua

    letra, apenas escreva; se estivermalescrito, que esteja.Mas Subodh simplesmente se

    recusouafazlo.SriRamakrishnaentodisse,Fora,seutolo,vocpareceterpassadosua

    vida apenas brincando. Subodh comeou a rir com esta reprimenda. Vendo isto, Sri

    Ramakrishna tambm comeoua riredisseaele, Eu tedeiumabronca,vocno fica

    zangado? Senhor, respondeu prontamente Subodh, mesmo suas broncas so doces.

    Muito satisfeito, Sri Ramakrishna chamou os outros dizendo, Oh, escutem, escutem,

    escutemoqueelediz.Eledizquemesmoasbroncassodoces.EleentotocouSubodh

    noqueixodamaneiraqueasamorosasmesacariciamseusfilhos.

    Udbodhan,34/12(Janeiro/Fevereiro,1932)

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    O ingls compreendeu o que o Mestre disse a ele: Ele abandonou seu emprego erenunciou ao mundo, em seguida mudou-se para Mathura-Vrindaban. Eletornou-se um mendicante e vivia de esmolas e ao final morreu l.

    Um dia eu fui casa-jardim de Cossipore para ver o Mestre e o encontreisozinho em seu quarto. O Mestre me aconselhou a praticar meditao. Eu disse

    a ele, Senhor, eu no posso praticar disciplinas espirituais, tais como fazerpranayama pressionando as narinas, japa e meditao sentando-se em certasposturas. Por favor, me abenoe para que eu possa ter a realizao de Deusrapidamente. Se eu tiver que praticar meditao, por que eu viria a voc? Eupoderia ir at outro guru. Sorrindo, o Mestre disse, Est bem, voc no terque fazer todas estas coisas. Mas pense em mim de manh e de noite. Eurespondi, Eu tentarei. Eu penso em ti como a verdadeira manifestao de Deus.Por favor, me abenoe para que eu possa ter a experincia direta. Sorrindo, oMestre bateu em minhas costas trs vezes e disse, Sim, sim, voc realizar a

    Deus. E mais tarde, muitas pessoas aprendero vendo voc.

    O incidente seguinte aconteceu aps o falecimento de Sri Ramakrishna. Swami

    Subodhananda estava ento praticando austeridades em Hardwar, aos ps dos

    Himalayas.

    Eu estava sofrendo com febre por dois meses. Eu estava to fraco queno conseguia levantar meu pote de gua para coloc-la em minha boca. Umanoite quando me aproximei do pote de gua para matar minha sede, eu ca nosolo inconsciente. Quando recobrei a conscincia, meus sentimentos estavam

    feridos e eu rezei, Mestre, estou sofrendo terrivelmente. No h ningum paracuidar de mim. Voc no me deu fora suficiente nem para beber um pouco degua por mim mesmo. Pensando deste modo, eu adormeci. Ento eu vi [em umsonho ou viso] o Mestre esfregando meu corpo com sua mo; e ele disse, Porque est to preocupado? No v que eu estou sempre perto de voc? O quevoc quer atendentes ou dinheiro? Eu respondi, Eu no quero nenhumadestas coisas. Eu no posso evitar a doena enquanto eu tiver um corpo. Que eu

    jamais possa esquec-lo isto o que eu quero. Esteja comigo onde quer que euv.

    Cedo pela manh eu escutei uma voz chamando de fora, Swami, porfavor, abra a porta. Eu me levantei e abri a porta. Um jovem monge me disse,Por favor, me diga o que voc precisa. Eu buscarei, esmolando, comida paravoc. Eu disse a ele, Eu no quero nada. Quando eu perguntei como ele soubesobre mim, ele disse que tinha chegado l alguns dias antes para executar umrito religioso no Brahmakunda [em Hardwar]. Na noite anterior a Me Durgaapareceu a ele em uma viso e disse, Voc ter mais virtudes servindo aquele

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    monge doente na cabana do que executando este rito religioso. Por isso pelamanh ele veio at minha cabana e constatou que sua viso era verdadeira.Lgrimas caram de meus olhos. Eu me controlei e pedi ao jovem monge queme deixasse viver sozinho.

    No mesmo dia outro monge recebeu cinqenta rpias. Ele veio a mim e

    disse, Voc est sofrendo com febre. Precisa de comida e remdios. Por favor,use este dinheiro. Eu recusei esta oferta. Cedo, na manh seguinte, o jovemmonge veio novamente e me disse que na noite anterior a Me Durga de novo oexortou a servir-me. Ento eu disse a ele polidamente que eu realmente noprecisava de qualquer servio e que talvez a Me Durga tivesse pedido a eleque servisse algum outro. O jovem monge partiu. Ento eu rezei ao Mestre: Porfavor, no me tente mais. Eu estou feliz que tenha destrudo minha irritao. O

    jovem monge veio outra vez no terceiro dia, mas nunca mais.

    Como um jovem Swami Subodhananda foi inspirado pela radiante renncia de seuguru, Sri Ramakrishna, e tambm pela sua mensagem da harmonia das religies. Em

    1897 ele deu uma palestra sobre Sannyasa e Brahmacharya na Young Mens Hindu

    Association em Madras e incluiu algumas reminiscncias de seu guru. A seguir esto

    alguns trechos:

    Sannyasa a renncia de todos os motivos e desejos egostas. Antes deexplicar o que sannyasa, eu devo falar a vocs sobre brahmacharya; pois amenos que esta ltima seja realizada, sannyasa ou renncia no possvel. Aprtica da brahmacharya requer rgido controle de sua dieta, hbitos e

    pensamentos. De todas as instrues prescritas para este estgio, a maior nfase dada pelas escrituras sobre o completo domnio do instinto sexual. Nadadeveria ser pensado ou feito pelo aspirante que pudesse direta ouindiretamente tender a despertar o animal nele ou nela. Deste modo se dirigido para trazer a mente at o controle total. um verdadeiro brahmacharinaquele que no um escravo de seus sentidos e mente, mas pelo contrrio,tornou-os seus escravos. Todas as religies do mundo predicam estabrahmacharya e sannyasa, ambas tem uma nica finalidade e meta: elevar amente da sensualidade at Deus. Quando a mente atinge a Deus ela goza dedivina bem-aventurana...

    Nosso Mestre costumava dizer que se ns quisermos passar uma linhapelo furo de uma agulha, todas as fibras espalhadas deveriam ser juntadas emum ponto. Somente ento poderamos pass-la pelo furo; se as fibras ficaremespalhadas em todas as direes, elas impediro a linha de passar pelo furo. Damesma forma, se ns quisermos elevar nossa mente at Deus, devemos retir-lade todas as coisas externas e concentr-la em um nico ponto...

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    Nosso Mestre disse que da mesma forma que a gua da chuva no sejunta no solo elevado e sempre busca o nvel mais baixo, similarmente aquelesque esto cheios de vaidade no podem reter qualquer f dentro de si mesmos,pois a f sempre busca os coraes dos humildes e simples.

    Enquanto houver conflitos entre diferentes indivduos e seitas, eles no

    podem se elevar para realizar a suprema verdade. Quando a verdade brilhar, aescurido da ignorncia e seus acompanhantes, a estreiteza mental, intolernciae fanatismo que inundam a terra com assassinato e derramamento de sangue,desaparecero totalmente. Meu Deus o verdadeiro Deus, o seu Deus falsoso as palavras daqueles que tateiam na escurido da ignorncia. Uma vezKeshab Chandra Sen, o lder do Brahmo Samaj, perguntou ao nosso Mestre, Jque existe apenas um Deus, por que existem tantas seitas brigando umas com asoutras? O Mestre respondeu, Veja, as pessoas brigam por sua terra,propriedades e outras coisas do mundo, dizendo, Esta terra minha e aquela

    sua. Deste modo eles dividem esta terra de vrios modos fazendo demarcaespara separar suas respectivas propriedades. Mas ningum jamais brigou sobre oespao aberto que est acima da terra, pois este no pertence a ningum enenhuma demarcao pode ser feita nele. Da mesma forma quando a mente seeleva acima das preocupaes mundanas, no h ocasio para briga, pois entose atinge certo ponto que a meta comum de todos. Quando um homemrealiza Deus, ele no pode brigar, mas quando ele est abaixo do alvo ou seja,quando ele est distante de Deus ele costuma discutir. Contudo, apesar deque voc possa ter muitas ocasies para isto, voc pode ao final terminar todasas discordncias realizando a concordncia e harmonia universal, que s pode

    ser encontrada em Deus, que est dentro e fora de voc.

    Os humanos podem ver a Deus se abandonarem o egosmo,

    pensaremeinvocaremaEle.

    Sri Ramakrishna me disse, Os humanos podem ver a Deus da

    maneira de duas pessoas sentadas e conversando ou duas pessoas

    caminhando.necessrioinvocaraDeussemnenhummotivo.

    AtravsdoSeunomeonoauspicioso se tornaauspiciosoeapaz

    vemdoconflito.precisoapenasterf.

    Todasas

    grandes

    almas

    realizadas,

    onde

    quer

    que

    estejam

    enfatizam

    aimportnciadonomedeDeus.SriRamakrishnatambmenfatizouo[poder

    do]nomedeDeusediziatenhacerteza tudoterminarbempelo[poder

    doDivino]nome.

    SwamiSubodhananda