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Page 1: Remanescente de Mata Atlântica: A Exuberante … · um remanescente de Mata Atlântica, Bioma com uma das maiores diversidades no mundo, que necessita de estudos para garantir sua

ISSN 2358-8012

V SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental) V1. 2016

Realizado dias 20 e 21 de agosto de 2016 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP.

EIXO TEMÁTICO: Ciências Ambientais e da Terra

Remanescente de Mata Atlântica: A Exuberante Diversidade Florística Medicinal

Vinicius Nicoletti

1

Bruna Caroline Juliani 2

Marcella Ricci ³ Lindolpho Capellari Jr.

4

RESUMO: A Fazenda Nossa Senhora Aparecida, de aproximadamente 15 (quinze) hectares

que está situada no bairro rural Chácara Recreio Cruzeiro do Sul, na divisa dos municípios de

Santa Bárbara d’Oeste e Piracicaba, interior do Estado de São Paulo possui em seu domínio

um remanescente de Mata Atlântica, Bioma com uma das maiores diversidades no mundo, que

necessita de estudos para garantir sua preservação visando o desenvolvimento sustentável. O

proprietário, detentor de um vasto conhecimento acerca de plantas medicinais, Sr. Rosivaldo

Pereira dos Santos, de ascendência indígena, faz uso das plantas medicinais para cuidar de si

e de sua família, além de distribuí-las no próprio bairro, chegando até mesmo a um pequeno

comércio. O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento etnobotânico, isto

é, associar o conhecimento científico ao vasto conhecimento popular indígena passado de

geração em geração na família do proprietário. O trabalho foi realizado através de visitas

guiadas à propriedade onde foram encontradas 163 espécies divididas em 62 famílias

botânicas, mostrando a diversidade das plantas medicinais na região, sendo elas divididas em

nativas e exóticas. Foram encontradas diversas plantas nativas medicinais importantes, como:

guaçatonga, copaíba, espinheira-santa e embaúba. Sendo o Brasil detentor da maior flora do

planeta, deixar um estudo de uma região é extremamente importante para servir de estímulo

para trabalhos e futuras, entre os quais, estudos referentes aos constituintes químicos e

propriedades farmacológicas dessas espécies.

Palavras-chave: Etnobotânica, plantas medicinais, remanescente florestal.

1 Graduando em Ciências Biológicas, USP/ESALQ. [email protected]

² Graduanda em Gestão Ambiental, USP/ESALQ. [email protected] ³ Graduanda em Engenharia Agronômica, USP/ESALQ. [email protected] 4 Professor Doutor, Departamento de Ciências Biológicas, USP/ESALQ. [email protected]

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V SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental) V1. 2016

Realizado dias 20 e 21 de agosto de 2016 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP.

1. Introdução

Tendo em vista que restam apenas 12% da cobertura natural do Bioma Mata Atlântica, seu

estudo é de extrema importância para a sua conservação e preservação, pois 61% da população

brasileira vive na área de domínio desse bioma, detentor de uma vasta diversidade biológica e

que mantém as nascentes e mananciais que abastecem as cidades e comunidades do interior,

regula o clima (temperatura, umidade, chuvas) e abriga comunidades tradicionais, incluindo povos

indígenas (Fonte: IBF: Instituto Brasileiro de Florestas).

Ao realizar um levantamento florístico em uma propriedade pode-se vir a conhecer, além

da diversidade da flora sua potencialidade tanto científica como econômica.

O presente trabalho, desenvolvido por uma equipe com o auxílio de um orientador, e o Sr.

Rosivaldo Pereira dos Santos de ascendência indígena, proprietário da fazenda Nossa Senhora

Aparecida, de aproximadamente 15 (quinze) hectares, situada no bairro rural Chácara Recreio

Cruzeiro do Sul, na divisa dos municípios de Santa Bárbara d’Oeste e Piracicaba, interior do

Estado de São Paulo, visou o reconhecimento das espécies utilizadas pelo proprietário como

medicinais, tendo em vista seu conhecimento, passado de geração em geração na sua família,

uma das bases para pesquisas acadêmicas.

Na propriedade há cultivo de cana-de-açúcar, presença de mata ciliar e manchas de

remanescentes florestais. O clima na região é quente e temperado, com média de 20,4 ºC e uma

elevada taxa média de pluviosidade anual 1261 mm, mostrando assim que mesmo o mês mais

seco do ano possui a taxa pluviométrica alta (Fonte: Cimate-data.org).

Frente a isso, o estudo é demasiadamente importante para o conhecimento científico das

plantas medicinais existentes na área, levando em consideração que o Brasil é detentor da maior

flora do planeta e é a grande esperança na cura e tratamento de diversas doenças, através de

suas espécies medicinais.

2. Materiais e Métodos

Após visitas guiadas à propriedade pode-se identificar novas espécies não amostradas em

inventário anterior e a partir disso, foram levantadas quais espécies necessitavam coletas para a

confecção de exsicatas (unidades de herbário).

Quando uma nova espécie era identificada realizou-se uma entrevista com o proprietário

para obter informações de uso e restrições, enfim, sobre o conhecimento étnico (“popular”) das

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Realizado dias 20 e 21 de agosto de 2016 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP.

espécies indicadas como medicinais. Sendo assim, foram realizadas algumas entrevistas ao longo

do período de setembro de 2015 a fevereiro de 2016, entrevistas estas que continuarão até o

término do projeto.

Tais informações foram inseridas em um levantamento pré-existente, na forma de tabela do

Excel contendo: nome específico, nome da família botânica, nome popular, parte utilizada, uso e

restrições de uso.

3. Resultados e Discussão

Foram identificadas 163 espécies, distribuídas em 62 famílias botânicas, das quais as mais

representativas são Asteraceae (= Compositae) (13,95%) e Fabaceae (= Leguminosae) (12,8%) e

para essa classificação foram utilizados os trabalhos de SOUZA & LORENZI, 2008; CARVALHO,

2010; CAPELLARI JR. & NASCIMENTO, 2011; LORENZI & MATOS, 2011; FLORES e

colaboradores, 2015.

As espécies identificadas podem ser divididas em nativas e exóticas (LORENZI & MATOS,

2011). As nativas ficam concentradas em manchas de remanescentes florestais, incluindo matas

ciliares ao longo do Rio Piracicaba. As exóticas podem ser divididas em dois grandes grupos:

cultivadas (são inseridas nesse grupo as frutíferas e ornamentais) e invasoras (popularmente

denominado “mato”), sendo que as frutíferas foram identificadas a partir de LORENZI et al., 2006.

Pode-se dizer ainda que nesse levantamento foram incluídas ervas de pequeno a grande

porte, arbustos, trepadeiras e árvores, algumas das quais com altura bastante elevada. Em alguns

casos as espécies podem ser tóxicas e para esse tipo de informação foi utilizado o trabalho de

MATOS e colaboradores (2011).

4. Considerações Finais

Portanto, através do levantamento etnobotânico realizado, destaca-se a importância em

ressaltar o conhecimento popular indígena, nesse caso, na utilização das plantas medicinais,

sabendo aproveitar todos os benefícios que as mesmas apresentam e também a grande

relevância do conhecimento botânico em área ainda preservada e conservada, a fim de garantir

dados científicos para futuros estudos.

Tendo em vista que a Constituição Federal de 1988 coloca a Mata Atlântica como

patrimônio nacional, junto com a Floresta Amazônica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense

e a Zona Costeira (Fonte: IBF: Instituto Brasileiro de Florestas), os estudos desse e de outros

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biomas devem ser incentivados e mostrados para toda a população para conscientizá-la da

exuberante diversidade e o demasiado potencial existente nas nossas florestas, de forma a

incentivar a sua conservação.

REFERÊNCIAS

CAPELLARI JR., L.; NASCIMENTO, C.R. Guia de Plantas medicinais, aromáticas e

condimentares. Piracicaba, Facile, 2011. 168p.

CARVALHO, P.E.R. Espécies Arbóreas Brasileiras. Embrapa informação Tecnológicas,

Colombo, Embrapa Florestas, 2010. V.4. 644p.

FLORES, T.B.; COLLETTA, G.D.; SOUZA, V.C.; IVANAUSKAS, N.M.; TAMASHIRO, J.Y.;

RODRIGUES, R.R. Guia ilustrado para identificação das plantas da Mata Atlântica: Legado

das Águas: Reserva Votorantim. São Paulo, Oficina de Textos, 2015. 255p.

LORENZI, H.; BACHER, L; LACERDA, M.; SARTORI, S. Frutas Brasileiras e Exóticas

Cultivadas: (de consumo in natura). Nova Odessa, Instituto Plantarum de Estudos da Flora,

2006. 640p.

LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2ª ed.

Reimpressão. Nova Odessa, Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2011. 544p.

MATOS, F.J.A.; LORENZI, H.; SANTOS, L.F.L.; MATOS, M.E.O.; SILVA, M.G.V.; SOUSA, M.P.

Plantas tóxicas: estudos de fitotoxicologia química de plantas brasileiras. Nova Odessa,

Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2011. 247p.

SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica Sistemática. 2ª ed. Reimpressão. Nova Odessa, Instituto

Plantarum de Estudos da Flora, 2008. 704p.