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BOLETIM INFORMATIVO DO GEPERPDR Nº 03 1
GRUPO DE ESTUDO E PESQUISA DO
ENSINO RELIGIOSO NA PERSPECTIVA
DA DIVERSIDADE RELIGIOSA
BOLETIM INFORMATIVO Nº 03
RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS CANDOMBLÉ
Candomblé é o nome genérico atribuído a 5 expressões das religiões de matrizes africanas no Brasil. As nações Ketu, Jeje, Angola, Xambá, Efon e Ijexá tem seu fundamento na ancestralidade, através do culto aos orixás, aos inquices e aos voduns, com os ritos de iniciação, cujo processo atribui senioridade iniciática, na comunidade, no transe místico, e no oráculo do jogo de búzios ou ifá.
As matrizes africanas do Candomblé Ketu é a tradição dos orixás da Nigéria e do Benim, países africanos em que se fala o Iorubá. Além do Ketu, existem o Candomblé Jeje, cuja a matriz encontra-se no atual Benin e o Candomblé de Angola, do grupo Banto; ainda, os Candomblés Efon e Ijexá, que também tem suas matrizes na Nigéria.
http://influenciaafricanabrasil.blogspot.com/2015/09/
influencias-culturais-da-africa-no_23.html
http://geografia.hi7.co/mapas-de-trafico-negreiro-no-brasil-
56c3cfd92d11d.html
O Candomblé tem mitos, ritos de iniciação e morte, rituais litúrgicos, um espaço de culto e uma
hierarquia religiosa fundamentada na senioridade iniciática. A vida é um princípio fundamental. Os
rituais realizados visa aumentar a qualidade de vida dos seus adeptos, reunindo forças do reino
mineral, vegetal e animal.
Por ser uma tradição baseada na tradição oral, repassada através de processos iniciáticos e
vivenciais, o Candomblé não tem um livro.
As matrizes religiosas africanos chegaram ao Brasil a partir do século XVI, com os africanos
escravizados. Nas terras brasileiras, essa tradição sofreu influência de outras tradições religiosas da
África Ocidental, especificamente da Nigéria, Benim e Togo. Além das influências de outras tradições
religiosas.
Mesmo tendo em comum os fundamentos da ancestralidade, dos ritos de iniciação, da
comunidade, do oráculo, do transe místico e, da oralidade, cada terreiro do candomblé constitui-se
como uma comunidade autônoma.
BOLETIM INFORMATIVO DO GEPERPDR Nº 03 2
OS ORIXÁS
Para os iorubas tradicionais e os seguidores de sua
religião nas Américas, os orixás são deuses que receberam
de Olodumaré ou Olorum, também chamado Olofim em
Cuba, o Ser Supremo, a incumbência de criar e governar o
mundo, ficando cada um deles responsável por alguns
aspectos da natureza e certas dimensões da vida em
sociedade e da condição humana. Na África, a maioria dos
orixás merece culto limitado a determinada cidade ou
região, enquanto uns pouco te culto disseminado por toda
ou quase toda a extensão das terras iorubas. O panteão
iorubano na América é constituído de cerca de uma vintena
de orixás.
A religião dos orixás
Na religião africana, os orixás são os deuses que comandam a vida e a natureza. O ser Supremo é
Olorum, o deus de todas as coisas. Segundo a tradição, Olorum incumbiu os orixás de criar e governar o
mundo, deixando a cargo de cada um deles a responsabilidade de cuidar da natureza e dos seres
humanos. Não havia separação entre o céu (Orum) e a Terra (Aiê). Mas o homem sujou o céu e Olorum
mandou separá-los. No trecho a seguir, vamos saber como Olorum distribuiu alguns encargos aos orixás
e como teve início o candomblé. Oxum, que gostava antes de vir à Terra brincar com as mulheres,
dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiço de adorável sedução e irresistível
encanto, recebeu de Olorum um novo encargo: preparar os mortais para receberem em seus corpos os
orixás. Oxum fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão. De seu sucesso dependia a alegria
de seus irmãos e amigos orixás. Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta, banhou seus corpos com
ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças, pintou seus corpos. Pintou suas cabeças com
pintinhas brancas, como as penas da galinha - d’angola. Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços,
enfeito-as com jóias e coroas. O ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma vermelha, rara
e misteriosa do papagaio-da-costa. Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos, dúzias de
dourados indés. O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas e múltiplas fieiras de búzios,
cerâmicas e corais. Na cabeça pôs um cone feito de manteiga ori, finas ervas e obi mascado, com todo o
condimento de que gostam os orixás. Esse oxo atrairia o orixá ao ori da iniciada e o orixá não tinha como
se enganar em seu retorno ao Aiê. Finalmente as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e
estavam odara. As iaôs eram as noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum conseguia imaginar. Estavam
prontas para os deuses.
Os orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança ao Aiê, podiam cavalgar o
corpo das devotas. Os humanos faziam oferendas aos orixás, convidando-os à Terra, aos corpos dos iaôs.
Então os orixás vinham e tomavam seus cavalos. E, enquanto os homens
tocavam seus tambores, vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e
adjás, enquanto os homens eram iniciados para a roda de xirê, os orixás
dançavam e dançavam e dançavam. Os orixás podiam de novo conviver
com os mortais. Os orixás estavam felizes. Na roda das feitas, no corpo das
iaôs, eles dançavam e dançavam e dançavam. Estava inventado o
Candomblé. (Reginaldo Prandi. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia
das Letras, 2001).
O sacrifício de animais no Candomblé é ritual, sacralização; não é violência nem barbárie. A
sacralização dos animais faz parte da liturgia do candomblé, há rituais propiciatórios, seguindo um
conjunto de preceitos e cuidados transmitidos pela tradição religiosa. Suas partes são distribuídas em
um banquete comunitário, onde as divindades emanam e compartilham forças e energias vitais com
aquelas pessoas que vivenciam essa experiência do sagrado. Uma culinária especial é posta em
funcionamento para potencializar o Axé, através do consumo comunitário de alimentos, da festa e da
alegria.
https://www.podermagico.com.br/os-7-orixas-da-umbanda/
https://www.raizesespirituais.com.br/o-que-sao-orixas/
SOBRE AS OFERENDAS E O SACRIFÍCIO RITUAL
BOLETIM INFORMATIVO DO GEPERPDR Nº 03 3
AS FONTES
Como os povos africano s
não conheciam a escrita,
passavam seus mitos, crenças e
conhecimentos oralmente, pelo
contato pessoal entre as
gerações. Aos poucos é que esse
candomblé vai se incorporando
nos textos escritos.
Foi no século XIX que os
pesquisadores começaram a
escrever sobre a visão religiosa
africana. Atualmente há muitos
livros sobre sua mitologia,
cultura e religião. Mas não é
p o s s í v e l e n c o n t r a r o s
ensinamentos religiosos do
candomblé em um único livro.
Alguns pesquisadores:
Roger Bastitde (1945,1961);
René Ribeiro (1978);
Nina Rodrigues (1968);
Arthur Ramos (1935, 1940,
1952);
Agenor Miranda Rocha
(1928);;
Pierre Fatumbi Verger ;
Reginaldo Prandi
E outros.
Os orixás tem papel importante no funcionamento das coisas
no mundo. Há orixás que são responsáveis pela justiça, como Xangô.
Conta a lenda que durante um longo tempo ele foi rei de uma das
cidades mais importantes da África, chamada Oió. Na África, seu culto
é muito difundido e no Brasil ele é o patrono da religião dos orixás. A
tecnologia, os metais e a guerra estão sob o controle do orixá Ogum.
Antigamente, Ogum era o orixá da pesca, da caça e da agricultura.
Exu é o orixá mensageiro. Está presente em todos os cultos,
pois é o encarregado de fazer a comunicação entre os outros orixás e os
seres humanos. Lembra a função de Hermes, entre os gregos antigos.
Outras religiões, por ignorância ou preconceito, confundem-no com o
diabo. Exu não é o símbolo do mal.
Olorum encarregou os orixás femininos do cuidado da natureza
e da vida. Nanã é a protetora do saber e dona da lama que vive no
fundo dos lagos, com o qual foram modelados os seres humano. Onilé,
ainda muito louvada nos cantos e nos ritos, é a Mãe terra e cuida do
planeta em que vivemos. Euá guarda o solo onde repousam os mortos.
Oiá dirige as tempestades, os poderosos ventos da natureza, a beleza
feminina e encaminha os espíritos dos mortos para o outro mundo.
Obá coordena a corrente dos rios e a vida cotidiana e doméstica das
mulheres. O amor e a fertilidade são governados por Oxum. No Brasil,
um dos orixás mais conhecidos é Iemanjá, a mãe dos deuses, dos
homens e dos peixes, a senhora dos oceanos.
Orunmilá ou Ifá é o
conhecedor do destino dos
homens, o que detém o
saber do oráculo, o que
ensina como resolver toda
sorte de problema e aflição.
O Jogo de Búzios é um
momento de assistência
religiosa individual do
Candomblé.
QUE FAZEM OS ORIXÁS
Existe em nosso país, pelo menos, mais de uma expressão religiosa,
cuja raiz encontra-se no vasto Continente Africano. Trata-se de um legado
dos povos que foram trazidos da África, como escravos, durante mais de
três séculos de vigência do regime escravista. Ainda assim, os terreiros de
Candomblé das nações keto, Jeje, Angola, Ijexá, Efon, Xambá, o Batuque
do rio Grande do Sul, o Omolocô, o Terecô e algumas vertentes da
Umbanda, em níveis diferenciados, constituem uma base significativa de
matrizes africanas no Brasil. Em cada um desses segmentos religiosos,
existem códigos socioculturais que reinstauram linguagens e símbolos da
religiosidade africana, cujos conteúdos expressam um sentido de sagrado
bem distinto da matriz religiosa judaico-cristã. Os orixás, os enquices, os
voduns e os ancestrais constituem-se em outras palavras, história da
humanidade.
REFERÊNCIAS
SANTOS, Erivaldo Pereira dos. Formação de Professores e religiões e matrizes africanas: um diálogo
necessário. Belo Horizonte: Nandyala, 2010.
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
INCONTRI, Dora. BIGHETO, Alessandro cesar. Todos os Jeitos de Crer—ensino inter-religioso. São
Paulo: Ática, 2012. http://consultasdetarot.com.br/wp-content/
uploads/2014/10/jogo-de-buzios-lotus.jpg
BOLETIM INFORMATIVO DO GEPERPDR Nº 03 4
PRODUÇÃO: GEPERPDR
CONHECENDO MAIS...
Os orixás, os inquices e voduns são uma forma de
mediação entre Deus—Olorum—e os seres humanos. Eles
são forças da natureza e ancestrais divinizadosAlém do
transe místico, eles estabelecem rel~ção com os seres
humanos através de manifestações da natureza, como a
chuva, o vento, as tempestades, as ondas do mar .
Cada pessoa tem um orixá, inquice ou vodum de
proteção desde seu processo de concepção e nascimento.
Algumas características pessoais permitem uma
identificação do orixá principal da pessoa. No entanto,
somente a consulta ao oráculo e o processo de iniciação na
tradição podem definir. Há um domínio ou força da
natureza que se refere a cada divindade.
O nome de Deus na língua Iorubá é Oludumaré ,
Olorum, senhor do céu. Ele não recebe culto na tradição
dos orixás, mas é reconhecido como o criador de tudo que
é e pode existir. Entre os Banto, um dos nomes de Deus é
Nzambi. Em virtude da crença em um Deus criador e
ordenador do universo, não se pode afirmar que seja uma
tradição politeísta.
Não existe a representação do Diabo no candomblé. A
Tradição Cristã identificou o orixá Exu, o primeiro dos
orixás, como o Diabo, em virtude das suas ambiguidades e
da sua representação com o órgão genital masculino. Bem
e Mal são considerados faces da mesma moeda. O bem
deve ser feito e o mal evitado, assim como outras tradições
religiosas.
A VIDA E A FORÇA VITAL
A força vital no terreiro de
Candomblé Ketu se chama Axé. Esse
não pode ser vendido nem
comprado. Cada pessoa já tem um Axé
pessoal que está relacionado com
origem genética, com o momento de
concepção e do nascimento. É isso que
faz com que seja possível identificar
uma força muito grande em algumas
pessoas. No entanto pode ser
aumentado ou estagnado no decorrer
de uma existência, através das
escolhas pessoais, dos processos e
vínculos e da transmissão de pessoas
que detêm conhecimento das forças
dos três reinos.
As festas de santo constituem um
tempo e um espaço de
confraternização, não apenas do povo
da casa, mas também de amigos,
conhecidos e simpatizantes. É também
um momento de irradiação de Axé,
força vital.
A MORTE
No Candomblé Ketu, a morte é
entendida como a separação de uma
pessoa do Aiyê, terra dos viventes. Ao
morrer, a pessoa muda de estado, de
plano de existência. No Candomblé
não se fala em reencarnação como um
princípio religioso, pois os mortos que
contribuíram para o bem-estar do
terreiro são assentados e venerados,
não apenas na casa de origem, mas em
outras casas da tradição.
https://www.google.com.br/search q=olorum+imagem&tbm=isch&source=hp&sa=X&ved=2ahUKEwjUwMeJoMr
gAhWMILkGHcaVDxIQsAR6BAgDEAE&biw=1235&bih=619#imgdii=tfQTG0cIr9oTM:&imgrc=dk3NVnHFDf7GIM:
AXÉ
https://www.flickr.com/photos/maracaete/2052710607/
ESTUDO E VISITA DOS MEMBROS DO GEPERPDR
DIA
GR
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