religiao de matriz africana

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1 DA HISTÓRIA NEGADA À LUTA POR UMA VISIBILIDADE IGUALADA JEUSAMIR ALVES DA SILVA Jeusamir Alves da Silva (Tata ia Mukisi Anange) 1 RESUMO Com o advento da globalização, o Candomblé de Ketu de Tradição Nagô é reconhecido como única “nação” de Candomblé, no Brasil, em detrimento do Candomblé de Tradição Bantu Angola e, até mesmo do Candomblé de Gêge, embora seja a última vertente negra aqui introduzida. Com isto, é notória a imigração dos adeptos do Candomblé de Tradição Bantu Angola, para os candomblés de ketu e Gêge engrossando suas fileiras. O principal motivo é desconstruir, de uma vez por todas, o conceito negativo sobre a cultura e religião bantu. Estas foram rotuladas como paupérrimas, sem mitos cosmogânicos, pelo precursor dos estudos sobre o negro no Brasil, Nina Rodrigues. Hoje aproveitando o gancho da lei. 10.639/2003/PR, que obriga o ensino da história do negro na África e no Brasil, no ensino fundamental e médio, surge a chance de visibilidade para esse povo. Com novos trabalhos bibliográficos e internet, apoiados por referenciais teóricos, discordantes, da opinião anterior, desmistifica-se a versão negativa sobre os bantu e sua religião que aqui sobrevive desde o início da colonização. Para tal, realizou-se uma pesquisa bibliográfica com ADOLFO (2010), ÂNGELO (2013), FREYRE (2006), LOPES (2012), PRANDI (1997), REDINHA (1985), SCISÍNIO (1997) e outros. Concluiu-se a importância do povo bantu, na construção da nação brasileira. Fato que lhe dá o direito de ter o seu candomblé reconhecido, também, como religião afro brasileira, Com os resultados alcançados e o despertar do interesse acadêmico, espera-se ouvir, em breve, o nome do Candomblé de Tradição Bantu Angola citado como religião afrobrasileira.. Palavras-chave: Candomblé Bantu Angola. Inclusão. Informação. Visibilidade. Introdução A finalidade deste trabalho é a divulgação da existência no Brasil do Candomblé de Tradição Bantu Angola, oriundo dos calundus, desde os primórdios da colonização até a presente data. (MOTT, 1997). Antes, porém, é necessário explicar o motivo do preconceito e discriminação dos candomblés de gêge e ketu (origem sudanesa) em relação aos candomblés de angola (origem bantu). Quando foram iniciados os primeiros estudos sobre os africanos no Brasil, o precursor Nina Rodrigues rotulou o negro de origem bantu como inferior aos negros gêge e nagô, introduzidos posteriormente aqui no Brasil. Daí, o interesse dos pesquisadores voltou-se para aqueles que o precursor gostava de chamar de sudaneses. Tal 1 Pós graduação em “História e Cultura Afro-Brasileira” pela UCAM. Pós Graduação em Ensino de História pela UCAM. Pós Graduação em Ciências da Religião pela UCAM. Graduado em História pela UNOPAR, Extensão universitária “O POVO BANTU pela UERJ. Presidente Nacional da CNCACTBB (Confederação Nacional dos Candomblés de Angola e dos Costumes e Tradições Bantu no Brasil). Presidente da CRBNDM (Casa Raiz do Benge NGola Djanga ria Matamba). Liderança Nacional Religiosa do Candomblé Bantu Angola.

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Page 1: Religiao de matriz africana

1

DA HISTÓRIA NEGADA À LUTA POR UMA VISIBILIDADE IGUALADA

JEUSAMIR ALVES DA SILVA

Jeusamir Alves da Silva (Tata ia Mukisi Anange) 1

RESUMO

Com o advento da globalização, o Candomblé de Ketu de Tradição Nagô é reconhecido como única “nação” de Candomblé, no Brasil, em detrimento do Candomblé de Tradição Bantu Angola e, até mesmo do Candomblé de Gêge, embora seja a última vertente negra aqui introduzida. Com isto, é notória a imigração dos adeptos do Candomblé de Tradição Bantu Angola, para os candomblés de ketu e Gêge engrossando suas fileiras. O principal motivo é desconstruir, de uma vez por todas, o conceito negativo sobre a cultura e religião bantu. Estas foram rotuladas como paupérrimas, sem mitos cosmogânicos, pelo precursor dos estudos sobre o negro no Brasil, Nina Rodrigues. Hoje aproveitando o gancho da lei. 10.639/2003/PR, que obriga o ensino da história do negro na África e no Brasil, no ensino fundamental e médio, surge a chance de visibilidade para esse povo. Com novos trabalhos bibliográficos e internet, apoiados por referenciais teóricos, discordantes, da opinião anterior, desmistifica-se a versão negativa sobre os bantu e sua religião que aqui sobrevive desde o início da colonização. Para tal, realizou-se uma pesquisa bibliográfica com ADOLFO (2010), ÂNGELO (2013), FREYRE (2006), LOPES (2012), PRANDI (1997), REDINHA (1985), SCISÍNIO (1997) e outros. Concluiu-se a importância do povo bantu, na construção da nação brasileira. Fato que lhe dá o direito de ter o seu candomblé reconhecido, também, como religião afro brasileira, Com os resultados alcançados e o despertar do interesse acadêmico, espera-se ouvir, em breve, o nome do Candomblé de Tradição Bantu Angola citado como religião afrobrasileira..

Palavras-chave: Candomblé Bantu Angola. Inclusão. Informação. Visibilidade.

Introdução

A finalidade deste trabalho é a divulgação da existência no Brasil do

Candomblé de Tradição Bantu Angola, oriundo dos calundus, desde os primórdios

da colonização até a presente data. (MOTT, 1997). Antes, porém, é necessário

explicar o motivo do preconceito e discriminação dos candomblés de gêge e ketu

(origem sudanesa) em relação aos candomblés de angola (origem bantu). Quando

foram iniciados os primeiros estudos sobre os africanos no Brasil, o precursor Nina

Rodrigues rotulou o negro de origem bantu como inferior aos negros gêge e nagô,

introduzidos posteriormente aqui no Brasil. Daí, o interesse dos pesquisadores

voltou-se para aqueles que o precursor gostava de chamar de sudaneses. Tal

1 Pós graduação em “História e Cultura Afro-Brasileira” pela UCAM. Pós Graduação em Ensino de História pela

UCAM. Pós Graduação em Ciências da Religião pela UCAM. Graduado em História pela UNOPAR, Extensão

universitária “O POVO BANTU pela UERJ. Presidente Nacional da CNCACTBB (Confederação Nacional dos

Candomblés de Angola e dos Costumes e Tradições Bantu no Brasil). Presidente da CRBNDM (Casa Raiz do

Benge NGola Djanga ria Matamba). Liderança Nacional Religiosa do Candomblé Bantu Angola.

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atitude prejudicou e tem prejudicado até hoje o Candomblé de Tradição Bantu

Angola..

Dentro deste contexto, buscou-se elencar três desafios primordiais para dar

direcionamento a este artigo científico:

Como provar a participação do povo bantu na construção do Brasil

e na formação da nossa língua?

Quais motivos levam o adepto evadir-se para os Candomblés de

Gêge e de Ketu?

Quais providências urgentes devem ser tomadas no sentido de

desconstruir determinados conceitos e afastar definitivamente o

fantasma da extinção do Candomblé e Cultura de Tradição Bantu?

O diálogo entre os primeiros e os atuais estudiosos dão a conotação

necessária ao tema, por seus referenciais teóricos oferecidos.

Segundo Adolfo, (2010, pg. 48.49),

[...] a solução encontrada é se valer da literatura especializada, pouco conhecida, e menos ainda consultada – depositada nas bibliotecas públicas distribuídas pelo país, sobretudo a Biblioteca da Universidade de são Paulo e o Gabinete de Leitura, no Rio de Janeiro. Essa bibliografia, nem sempre é lida com o cuidado necessário. Tratam-se de obras escritas durante o período colonial, com intenção nem sempre louvável e, sobre povos dentre os quais alguns não foram trazidos para o Brasil e, portanto, sua contribuição na formação do candomblé de Angola é bastante questionável.

É exatamente nesse encontro de intelectuais, que obter-se-á todo o respaldo

necessário para comprovar o papel preponderante do povo bantu em nossa nação e

reivindicar a inserção do Candomblé de Tradição Bantu Angola no ensino brasileiro.

No desejo de atingir os objetivos propostos, buscou-se construir o produto

final deste artigo com a metodologia de entrevistas com sacerdotes e sacerdotisas

do candomblé de angola e, uma pesquisa bibliográfica, entre os autores abaixo

relacionados:

Adolfo (2010), Angelo (2013), Freyre (2006), Lopes (2012), Mott (1997), Prandi (1991),

Ramos (1934), NIna Rodriges (1976), Scísínio (1997) e outros.

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Desenvolvimento

Graças as inúmeras pistas claramente visíveis, desde o início da colonização

até os dias atuais, pode-se detectar a presença do negro bantu participando

ativamente da construção da nossa Nação. Vieram para trabalhar nas lavouras de

cana de açúcar, café e algodão, símbolos econômicos do Brasil, naquela época. Os

outros de 200 a 300 depois com a descoberta do ouro, em Minas Gerais. As

evidências são claras: na tecnologia agrícola, na lingüística, nos hábitos, no folclore

e musicalidade, na culinária, até mesmo, na medicina caseira, através das folhas

sagradas (nzaba nzambiri).

ABACATEIRO – s.m – Planta laurácea (Persea americana) usada pelos escravos como curativa. O chá de suas folhas, além de afrodisíaco, combate a dor reumática e a gota. ABACAXI – s.m – Planta bromeliácea(Ananas sativus) que os escravos empregavam como expectorante e digestivo. (SCISÍNIO, 1997, pg. 9).

Os estudiosos atuais baseiam-se nos três tipos de candomblé aqui

existentes, (Angola, Gêge e Ketu), para atestarem a introdução cronológica de três

vertentes negras introduzidas no Brasil. “Os Bantu no século XVI, Fon ou Ewe no

século XVII e os Nagôs no século XVIII. Segundo Prandi (2005, p.1) “Os bantu são

povos da África Meridional que falam setecentas e duas mil línguas e dialetos

aparentados...”. A religiosidade bantu marca a sua presença desde os calundus que

deram origem ao Candomblé de Tradição Bantu Angola. Portanto, deduz-se que os

bantus não poderiam ter esperado pelos gêges para se organizarem religiosamente.

Prandi contradiz-se quando faz essa afirmação seu artigo “Candomblé de Caboclos”.

Na verdade, o que pode ter acontecido, é que temendo os rigores da

escravidão impostos pela Igreja Católica, os bantu cultuavam suas divindades

secretamente.

Reunidos à noite na senzala, estrategicamente, colocavam sobre uma mesa

forrada até os pés com um pano as imagens de santos católicos. Embaixo desta,

escondidos pela toalha estavam os “assentamentos”, utensílios de barro (mavu),

dentro dos quais depositavam pedras sagradas, búzios, moedas e outros artefatos,

ou “envultamentos” em barro com formas: antropomórficas, zoomórficas e ou

antropozoomórficas, representando as suas divindades de Angola. Daí então, a

problematização quanto ao surgimento do sincretismo, até então, atribuído aos

sudaneses chegados quase trezentos anos depois. Buscavam nessas imagens

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alguma coincidência com suas divindades: os, Akisi (PL. de Mukisi), conhecidas no

Gêge como Vodun e no Ketu como Orixá, antes de colocá-los sobre o altar

improvisado. Tudo isso, para disfarçar qualquer expressão contrária aos padrões da

Igreja Católica, pois a punição severa, repleta de castigos físicos que geralmente

levava o infrator até a morte. Tais estratégias de culto eram taxadas como, feitiçaria

ou forma de resistência ao regime escravocrata.

Apesar de a hierarquia católica ter se oposto rigorosamente, desde os tempos apostólicos, a todas as religiões não cristãs, rebaixando as a condição de idolatria, superstição e feitiçaria, na prática muitas vezes, outra era a realidade, sobretudo abaixo do equador. (MOTT, 1997, p. 192).

Mas isto é só o começo para aquele professor ou aluno que se dedique ao

estudo sobre a religião e a cultura bantu, no Brasil e na África. É um tema que

proporciona recortes dos mais relevantes possíveis. È tão abrangente e rico

cientificamente, que consegue problematizar, aqueles autores que no início do

estudo sobre o negro, negaram a sua riqueza cultural e a sua concepção de

cosmogonia. O que proporciona essa enorme condição de, discutir, investigar,

questionar e formular hipóteses é a existência dessa lacuna de mais de 400 anos

sobre o papel preponderante dos bantu na construção do Brasil.

Para Silva: O bom senso não nos permite aceitar que seres humanos oriundos de outras terras tendo suas próprias crenças e costumes, em mais de 150 anos não conseguissem implantar seus hábitos religiosos onde viveram por várias gerações participando ativamente na construção da língua brasileira. Será que teriam que esperar a chegada dos sudaneses para copiar seus deuses? (SILVA, 2010, P. 12).

Vale lembrar que o lapso temporal entre essas três vertentes negras e suas

respectivas religiões (os candomblés), quando devidamente pesquisado dá uma

nova conotação a nossa história. À medida que o aluno toma conhecimento dessa

omissão histórica, nasce a esperança de pesquisa para o seu TCC em todos os

níveis do ensino. O produto final culmina com novos registros históricos sobre o

Brasil (ANGELO, 2013).

Em relação a nossa língua, o que falta é a conscientização de que as palavras

africanas que fazem parte dessa construção são oriundas do Kimbundu e do

Kicongo, línguas bantas faladas em Angola. Como exemplo cita-se: banda, bagunça

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barafunda, marimbondo, maxixe, quiabo, jiló, butuca, canjica, quitanda, senzala,

dendê (LOPES, 2006). Além delas, somente o tupi guarani do nosso índio e o

português do colonizador. Em momento algum detectou-se alguma palavra de

origem sudanesa nesse processo de construção. Fator compreensível, porque

chegaram quase duzentos anos depois da “casa arrumada”.

Gilberto Freyre em “Casa Grande e Senzala”, homenageia o negro bantu, já no título de sua obra, quando usa a palavra senzala, embora, de maneira implícita, pois não revela a etnia. Mas, continua destacando palavras como, mazombo, dendê, quiabo, da língua Kimbundu, que fazem parte da Kulambella (cozinha sagrada dos Akisi (santos). Para ele:

Um traço importante de infiltração de cultura negra na economia e na vida doméstica do brasileiro resta-nos acentuar: a culinária. O escravo africano dominou a cozinha colonial, enriquecendo-a de uma variedade de sabores novos. “ da áspera cozinha do caboclo, escreve Luiz Edmundo, ao passarmos a cozinha laudável do mazombo veremos que ela nada mais era que uma assimilação da do reinol, sujeita apenas às contingências ambientes”. Palavras injustas em que, vem esquecida como sempre, a influência do negro sobre a vida e a cultura do brasileiro. No regime alimentar brasileiro, a contribuição africana afirmou-se principalmente pela introdução do azeite de dendê e da pimenta malagueta, tão característicos da cozinha baiana; pela introdução do quiabo; pelo maior uso da banana; pela grande variedade na maneira de preparar a galinha e o peixe. (FREYRE, 2006, PP. 541, 542 grifo nosso).

Quanto aos motivos que levam o adepto do Candomblé de Tradição Bantu

Angola mudar de religião, pode-se começar pela negação da informação aos seus

noviços. A oralidade dos mais velhos quase nada transmite aos seus adeptos que,

por esse motivo não saem do estágio de iniciantes, muitas vezes, já antigos na casa.

Passam por determinadas obrigações temporais, recebem cargo pelo tempo de

iniciação, mas não sabem o que fazer. Com os pesquisadores, não é diferente,

pouco passa-se para esses acadêmicos ávidos de conhecimentos orais, para

promover mudanças de estrutura ou forma. Quando um desses grupos (raízes

baianas do Candomblé de Angola) descobre alguma coisa, guarda a sete chaves,

como um troféu. Há casos até de registro em cartório, para garantir o direito de

posse. O que é bastante lamentável, pois causa o retrocesso ou a extinção da

própria nação.

Segundo Adolfo

.

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Não há consenso sobre o que procurar e, se encontrado, o que fazer com o achado? Há sempre uma séria desconfiança que uma nova cantiga, uma tradução, ou a história de uma divindade Inkice seja invencionice de alguém ou que a busca tenha sido feita de forma espúria e, portanto, não legitimada pelo grupo. (ADOLFO, 2010, pg. 43).

O jovem de hoje não aceita proibições sem explicações anteriores.

Antigamente, dizia-se a um noviço de preceito ou resguardo que ele não poderia

subir escada, sentar em cadeiras em casa, nos terreiros e nas conduções, não

poderia se alimentar com determinadas comidas, só comer com a mão esquerda e

etc. E esse aceitava passivamente, sem questionar, por quê? Hoje, não funciona

mais assim. O avanço tecnológico faz com que o jovem que indaga, já tenha em sua

mente a sua própria resposta, o computador e a internet lhe respondem o que ele

vai perguntar ao seu sacerdote apenas para confirmação, ou até mesmo testá-lo. Se

não houver resposta, ou esta não for convincente, é lógico que ele procure outra

casa da mesma nação, ou até mesmo de nações diferentes.

Com relação a providências a serem tomadas para desconstruir a imagem

negativa dos bantu criada pelo precursor torna-se necessário antes de tudo,

conhecê-la e analisá-la:

[...] tal foi a influência dos sudaneses na Bahia, pelo número e pela maior riqueza dos seus elementos míticos, originando uma espécie de religião geral gêge-nagô, que o próprio Nina Rodrigues teve as suas vistas desviadas de qualquer outro tema negro religioso que não fosse gêge-nagô, muito embora tivessem entrado também negros bantus, principalmente, angolenses na Bahia. E depois na sua obra de conjunto sobre a raça negra na América portuguesa, apenas registrou crenças totêmicas e folk-lore de procedência bantu, deixando de identificar, o que é inconcebível para a cultura do grande mestre, uma cerimônia especial, a cabula que lhe foi descrita por D. João Corrêa Nery e que evidentemente é de origem bantu-angolense. (RAMOS, 1934, p. 76).

Como é que o emérito pesquisador Dr. Raimundo Nina Rodrigues, pode

simplesmente ignorar o mundo bantu que girava em sua volta. O rótulo de cultura

paupérrima e a falta de mitos cosmogânicos, por ele lançado, causou um grande

estrago na história desse valoroso povo.

Contudo, o MEC, ao tomar conhecimento através do Gabinete Particular da

Presidência da República, do pedido de apoio na luta pela inclusão e visibilidade do

Candomblé e Cultura de Tradição Bantu concede sinal verde. Ao considerar a

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proposta relevante e, encaminhá-la para os Foruns de Diversidade Étnica para

análise e inclusão, abriu as portas para que se inicie a luta por essa visibilidade.

Vide Apêndice único e anexo a A e B.

.

Conclusão

Mediante ao aqui exposto conclui-se que a pesquisa, a informação e o diálogo

são as peças fundamentais, para alcançar os objetivos citados. Começar pela busca

do respeito às diversidades dentro do próprio candomblé Bantu Angola, até porque o

preconceito que vem de fora é bem menor do que a discriminação existente entre os

próprios angoleiros., Dividir suas descobertas dialogando com as outras raízes

bantu. A abertura das portas dos templos para os pesquisadores acadêmicos cujo

trabalho de pesquisa é fundamental para o resgate da identidade bantu angola.

Fazer das universidades e terreiros bantu uma via de mão dupla. Estudar uma

adequação significativa na doutrina do Candomblé de Tradição Bantu Angola que

venha contemplar seus dirigentes, adeptos e simpatizantes, evitando dessa forma a

evasão, e, também, o fantasma da extinção da cultura e religiosidade de um povo

que deu tudo de si para o Brasil ser o que é hoje.

.

.

REFERÊNCIAS

ADOLFO, Sérgio, Paulo, Nkisi Tata Dia Nkusu: estudos sobre o candomblé Congo-Angola. Londrina, Editora Eduel (Editora da Universidade estadual de Londrina). 2010.

FREYRE, Gilberto. Casa grande e senzala, 51ª ed.São Paulo: Global Editora, 2006. HALL, Stuart.A identidade cultural na pós-modernidade,Rio de Janeiro, DPA-editora. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, 9ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976.

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LOPES, Ney. “Novo Dicionário Bantu do Brasil”, 1ª. Ed, RJ 2003. MOTT, Luiz.“Cotidiano e vivência religiosa: entre a capela e o calundu”.In: Laura de Mello e Souza (org). História da vida privada no Brasil.São Paulo: Companhia de Letras, 1997, vol.1. PRANDI, Reginaldo. Os Candomblés de São Paulo.São Paulo, EDUSP, 1991 RODRIGUES, Nina.“Os Africanos no Brasil”, 4ª. Ed. São Paulo: Cia Editora Nacional - 1976. _________. O animismo fetichista dos negros bahianos, Rio de Janeiro. SCISÍNEO, Alaôr, Eduardo. “Dicionário da Escravidão”, RJ, Léo Christiano 1ª.ªEd. Editorial LTDA - 1997. SILVA, Jeusamir Alves da. “Angola Nação Mãe”: O resgate do candomblé tradicional Bantu - Angola. Duque de Caxias: Gráfica e Editora Maná Betel.2010. VAINFAS, Ronaldo, “Jerusalém colonial”. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 2010. ANGELO, A. “ O Povo Bantu, Mitos e deuses africanos de Angola: as influências culturais e religiosas Brasil/Angola” Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Sub reitoria de Extensão e Cultura (SR-3), departamento de Extensão, PROEPER,CCS, 2013. Disponível em: [email protected]. Acesso em 08 mai.2013. Tatas e Mam’etus, (estas fontes se utilizaram de relatos orais, alguns já saudosos, como de costume na tradição africana de transmitir o conhecimento). Bernardino Bate Folha ( Fundador da Raiz Bate Folha).BA/RJ João Alves Torres Filho (Joãozinho da Goméia) Fundador da Raiz Goméia BA/RJ Mãe Risoleta (Mam’etu Nanga Kovi) (Raiz Goméia), Eng. Belford, RJ Mam’etu Kitala Mungongo. (Raiz Goméia) Caxias, RJ Mam’etuMabeji (Raiz Bate Folha) Anchieta, RJ Mam’etuMulunderi (Raiz Tumbajussara) Caxias, RJ Mam’etu Risolina da Plataforma, Salvador, BA Mam’etu Saundê. (Raiz Tumbajussara) Caxias, .RJ Mam’etu Sissimi do Banco de Areia, (Raiz Bate Folha), Mesquita, RJ Mariquinha Lembá ( Raiz Tombenci).BA

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Miguel Grosso (Deuandá) Raiz Goméia, São João de Meriti, .RJ Mirinha do Portão (Raiz Goméia).BA Nganga Katuwanjesi ( Walmir Damasceno) Raiz Tombency – SP/BA. Ogan Marino (“Seu Amor” das ferramentas) Raiz Bate Folha).BA/RJ Pai Siriáco (Tata Ludiamungongo), Fundador da raiz Tumbajussara).BA/RJ Rufino do Beirú. (Raiz Massanganga), BA Tata ia Mukisi Byolê ia NKoci - Roberto Ribeiro Santana. (Raiz Goméia/Bate Folha). Tata Kambono NELSON UAZÊ (Raiz Tumbajussara).BA/RJ . Tata Minatojy (Raiz Goméia). Salvador, BA.

APÊNDICE ÚNICO

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Page 12: Religiao de matriz africana

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ANEXO

A AN

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EXO

B