relatÓrio tÉcnico-científico · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise...

268
ESTIAGEM NO OESTE CATARINENSE DIAGNÓSTICO E RESILIÊNCIA RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFICO

Upload: others

Post on 04-May-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

ESTIAGEM NO OESTE CATARINENSEDIAGNÓSTICO E RESILIÊNCIARELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO

Page 2: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito
Page 3: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

ESTIAGEM NO OESTE CATARINENSEDIAGNÓSTICO E RESILIÊNCIARELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO

Mário Jorge Cardoso Coelho FreitasFranCisCo henrique de oliveira (orgs.)

FlorianÓPolis, 2017

Page 4: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

e81 estiagem no oeste Catarinense: diagnóstico e resiliência (RelatórioTécnico-científico/MárioJorgeCardoso

Coelho Freitas; Francisco henrique de oliveira (orgs.) – Florianópolis, 2017.

Bibliografia:p.268

1. Proteção ambiental. 2. defesa Civil – santa Catarina. 3.Secas–SantaCatarina.I.Freitas,MárioJorgeCardoso Coelho. ii. oliveira, Francisco henrique. ii. título.

Cdd: 333.72-20. ed.

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Alice de Amorim Borges — CRB 14/865

Page 5: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

fICHA TÉCNICA estado de santa Catarina

governo do estado de santa Catarina João Raimundo Colombo, governador

seCretaria de estado da deFesa CivilMilton Hobus,secretárioRodrigo Moratelli,secretário-adjuntoFabiano de Souza, diretor de prevenção

universidade do estado de santa CatarinaMarcus Tomasi, reitorEmerson César de Campos, diretor-geral do Centro de Ciências humanas e da educação Francisco Henrique de Oliveira,coordenadordoProgramadePós-graduaçãoemPlanejamentoterritorial e desenvolvimento socioambiental

Fundação de aMParo à Pesquisa e inovação do estado de santa CatarinaSergio Gargioni, presidente

exeCução do ProJeto

Coordenação-geralFrancisco Henrique de Oliveira

CoordenaçãocientíficaeexecutivaMário Jorge Cardoso Coelho Freitas

Pesquisadores/professoresUDESCIsa de Oliveira RochaJairo ValdatiMariane Alves Dal Santo

ConsultoresMaria Paula Casagrande MarimonMaurici Monteiro

Bolsistas de pesquisa (FaPesC)Cássio Donadel GuterresDébora FerreiraFelipe Echenique AlvesFelipe GuntinGuilherme LinheiraLisangela AlbinoMarina Coelho Rosa Silva

Mario Leone KabilioPâmela do Vale SilvaPatrícia Taeko KaetsuSimone Aparecida Marcelino de JesusSarah Marcela Chinchilla CartagenaSônia Rampazzo

elaBoração do relatÓrio

organizaçãoMário Jorge Cardoso Coelho FreitasFrancisco Henrique de Oliveira

apoio à organizaçãoPatrícia Taeko KaetsuMario Leone KabilioFabiano de Souza

MapasMario Leone KabilioFelipe Echenique AlvesFelipe Guntin RodriguezMariane Alves Dal SantoFrancisco Henrique de Oliveira

RevisãodetextoSarah Marcela Chinchilla Cartagena

TextosCássio Donadel GuterresDébora FerreiraFrancisco Henrique de OliveiraGuilherme LinheiraIsa de Oliveira RochaJairo ValdatiLisangela AlbinoMaria Paula Casagrande MarimonMariane Alves Dal SantoMário Jorge Cardoso Coelho FreitasMario Leone KabilioMaurici MonteiroPâmela do Vale SilvaPatrícia Taeko KaetsuSarah Marcela Chinchilla Cartagena

ProjetográficoDouglas Araujo Vieira e Marcelo Bezzi Mancio

Page 6: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

SuMáRIO

RESuMO ExECuTIvO ........................................................................................................................................................................................8

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................................................................................24

CAPÍTULO I — ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO, GEOMORFOLÓGICO E PEDOLÓGICO .....................................................................34

1. geologia ......................................................................................................................................................................................................................... 34

2. geomorfologia ................................................................................................................................................................................................................ 37

3. Pedologia ........................................................................................................................................................................................................................ 41

CAPÍTULO II — CLIMA, ESTIAGEM CLIMÁTICA E MESES SECOS ..............................................................................................................44

1. Metodologia de produção dos dados climatológicos ..................................................................................................................................................... 44

2.Influênciadasmassasdearesistemasatmosféricos ...................................................................................................................................................... 47

3. elementos do clima ........................................................................................................................................................................................................ 51

4. estiagem, seca e meses secos na mesorregião oeste, entre 1979 e 2013 ..................................................................................................................... 54

5. estiagens e meses secos por microrregião .................................................................................................................................................................... 61

6.Comparativoentreasmicrorregiões,extrapolaçãoparaamesorregiãoesíntese ........................................................................................................ 77

CAPÍTULO III — RECURSOS HÍDRICOS NO OESTE CATARINENSE ..........................................................................................................83

1. aspectos metodológicos ................................................................................................................................................................................................ 83

2.Caracterizaçãohídricadaáreadeestudo ...................................................................................................................................................................... 84

3.Disponibilidadehídricasuperficialequalidadedaágua .................................................................................................................................................. 95

4. águas subterrâneas ...................................................................................................................................................................................................... 105

5. Balanço hídrico ............................................................................................................................................................................................................. 112

Page 7: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

CAPÍTULO IV — DESENVOLVIMENTO REGIONAL E DINÂMICAS SOCIOECONÔMICAS .....................................................................117

1.Brevehistóricodaregiãoesuasopçõesdedesenvolvimento ..................................................................................................................................... 117

2. Planos de desenvolvimento regional ............................................................................................................................................................................ 120

3. uso e ocupação do solo ............................................................................................................................................................................................... 126

4. dinâmicas socioeconômicas atuais............................................................................................................................................................................... 128

CAPÍTULO V — ESTIAGEM: OCORRÊNCIAS, POLÍTICAS E ATORES .......................................................................................................164

1.Análisedosregistrosdeestiagem ................................................................................................................................................................................ 164

2. Cruzamento de dados acerca da estiagem .................................................................................................................................................................. 164

3. Políticas públicas relevantes ......................................................................................................................................................................................... 197

CAPÍTULO VI — DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO ......................................................................................................................................211

1. descrição dos métodos ............................................................................................................................................................................................... 211

2. diagnóstico relativo à estiagem e seus impactos ......................................................................................................................................................... 217

3.Soluçõespropostas ...................................................................................................................................................................................................... 231

CAPÍTULO VII — ANÁLISE SISTÊMICA COMPLEXA DA ESTIAGEM E CONTRIBUIÇÕES PARA O PLANEJAMENTO

DE INTERVENÇÕES ........................................................................................................................................................................................240

1.Análisesistêmica .......................................................................................................................................................................................................... 240

2.Reflexãosobreaspossibilidadesdeintervenções ........................................................................................................................................................ 249

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................................................................................258

Page 8: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

RESuMO ExECuTIvO

estiageM no oeste Catarinense: diagnÓstiCo e resiliênCia

SINOpSE Ou EpíTOMO

O estudo, inédito, incidindo sobre uma série histórica de 30 anos, evidencia um padrão evolutivo que vai desde a não existência de decretação de desastre por estiagem, apesar da ocorrência de va-riadas estiagens climáticas (1979-1985 e 1986-1994), até à recen-te tendência de decretação de desastre por estiagem, sem que se registre estiagem climática (2006-13). Assim, mais do que um problema climático a estiagem deve ser encarada um problema de opções de desenvolvimento, estratégias de planejamento e es-truturação da resiliência. A resiliência jamais será alcançada num cenário de “A mesma música... deixa andar e vai-se resolvendo”, nem mesmo num cenário “Vários solos... cada um faz o que puder”. Somente em um cenário de “Sinfonia... articulados num plano co-mum” será possível ir caminhado para uma sustentável gestão dos recursos hídricos que previna e/ou mitigue os efeitos de períodos com menor disponibilidade de água e, simultaneamente, prepare todos para lidar com o problema, caso isso se torne necessário. Este cenário exige a implementação de políticas públicas e medi-das integradas, numa lógica sistêmica e de complexidade, articu-lando vários atores públicos e privados num contexto de ampla participação social. A SDC-SC poderá e deverá ter um papel de destaque na promoção dessa articulação de políticas, consubstan-ciada num Plano Diretor de Estiagem para Oeste Catarinense.

INTRODUÇÃO

OtrabalhodárespostaaumasolicitaçãodaSecretariadeEstadodeDe-fesa Civil de santa Catarina (sdC-sC). o universo é a Mesorregião do oeste Catarinense, com nível de detalhe, sempre que possível, microrregional (são

MigueldoOeste,Chapecó,Xanxerê,Concórdia,Joaçaba),mobilizando,de-sejavelmente,dadosrelativosaumasériehistóricade35anos(1979-2013).o prazo para realização do estudo foi de um ano.Nãofoipossívelidentificarnenhumtrabalhocomascaracterísticasque,em

conjunto,esteestudotemquanto:aofoconoOesteCatarinense,comumaescaladeanálise,semprequepossível,microrregional;aorecortetemporalde 30 anos; ao tipo de triangulação de dados efetuada; ao nível de interdisci-plinaridadevisadoeconcretizado;aomodelodeanálisesistêmicacomplexaadoptado.Porisso,pode-seafirmarquesetratadeumestudoinédito.

Objetivo geral

efetivar um diagnóstico georreferenciado da evolução dos fatores condi-cionantesdasecaeestiagemnoOesteCatarinense,projetarcenáriosparao futuro e promover a conscientização das pessoas e comunidades, fortale-cendoasuaresiliência,atravésdaidentificaçãoeimplantaçãodeestratégiasde gestão hídrica.

Metodologia geral

o estudo se constitui como um estudo de caso, de natureza mista, quan-titativaequalitativaeváriastécnicasdecoletadedados,quevãodesdeaanálisedocumental, atéao trabalhoem laboratóriodeprocessamentodeinformação e geoprocessamento, passando por entrevistas individuais e de grupo,reuniõeseoficinascomunitárias,modelagemclimáticaetc.

o estudo decorreu em três grandes etapas, a seguir indicadas:

Etapa 1 — Diagnóstico (físico natural e socioeconômica) o diagnóstico foi essencialmente documental, tanto sobre a realidade física

queregulaadisponibilidadehídrica(menosdadosclimáticos),comosobreasdinâmicassocioeconômicasquegeramasprincipaisdemandasdeágua.

Etapa 2 — Trabalho de campo Trabalhodecampo,comreuniõescominstituiçõesepersonalidades,vi-

sitasaboaspráticasepráticasaevitarerealizaçãodecincooficinascompartes interessadas, uma por microrregião.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

8

Page 9: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Etapa 3 — Redação e otimização do relatório RedaçãodeversãofinaldorelatórioparaconsultadaSDC-SC,realiza-

çãodeajustes,preparaçãodoresumoexecutivoedaversãocompletaparadiagramação.

no que se refere à elaboração dos mapas do relatório, foram utilizados, comobasecartográfica,dadosvetoriaiserasterdisponibilizadosporórgãospúblicos estaduais e nacionais.OsistemadeprojeçãoadotadofoiaProjeçãoUniversalTransversade

Mercator (utM), Fuso 22 s, datum horizontal sirgas 2000, datum ver-tical: imbituba, Meridiano de referência: 51° W. gr., Paralelo de referên-cia: 0°.

o software utilizado para a manipulação dos dados foi o arcMaP, da pla-taforma arcgis 10.2, da empresa esri, com licença de propriedade do la-boratório de geoprocessamento (geolaB).ParaaelaboraçãodosMapasTemáticos,recorreu-seafontesdevários

órgãos públicos.

Limitações

Asprincipaislimitaçõesforam:a)apoucoabundanteefragmentadaproduçãodedadoseanálisessobre

a estiagem no Brasil;b) o fato de os dados passíveis de consulta estarem produzidos de acordo comintencionalidadeselógicasdiferentes,emváriasescalasespaciais,organizados em diferentes séries temporais, com erros que devem ser filtrados,comformaspoucoamigáveisdeconsultaecomdiferentespossibilidades de cruzamento com outros dados;

c)anãocedênciadedadosclimáticos,porpartedeEPAGRI/CIRAMe,acessoriamente, de outros dados pela secretaria de agricultura.

Sobre a noção de estiagem

Osignificadodotermoestiagemnãoestáestabilizado,nemécon-sensual.Nãosendoconsagradonodomíniocientíficodaclimatologiae/oudameteorologia,nãotemequivalenteemváriasoutraslínguas,ondeapalavrausadaé“seca”.AdefiniçãodeestiagemmaisexataédaSEDEC:

atrasodoiníciodaépocadechuvapormaisdequinzediase/ouasmé-diasdeprecipitaçãomensaisdosmeseschuvosos inferioresa60%dasmédias. esta condição seria o que poderíamos considerar de estiagem meteorológica. Contudo, o termo estiagem também é utilizado para de-signarodesastresupostamentecausadoporestiagemclimática (oquepodecontribuirparaumasistemáticaedesadequada“naturalização”dosdesastres).OCOBRADEdefineestiagem(desastre)como“períodopro-longadodebaixaounenhumapluviosidade,emqueaperdadeumidadedosoloésuperioràsuareposição”e,paraquesejareconhecidacomodesastre deve ter, o mínimo de impactos previsto na instrução normati-va no01,de24/08/2012.

Tal como acontece com outros desastres, as relações entre es-tiagem e desenvolvimento têm sido, somente, encaradas sob o prisma do impacto negativo do fenômeno no desenvolvimento, mas não no sentido inverso, ou seja, olhando como as opções de desenvolvimento podem aumentar vulnerabilidades e po-tenciar riscos.

1. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E PEDOLOGIA DO OESTE CATARINENSE

1.1. Metodologia

Como referido, foram usados dados disponibilizados por órgãos públicos estaduais e nacionais. na geologia, dados mapeados pelo serviço geológi-co do Brasil (CPrM) na escala de 1:500.000. na geomorfologia, dados do GabinetedePlanejamentoeCoordenaçãoGeral (GAPLAN-SC)naescalade 1:1.000.000. na Pedologia, novamente, dados do serviço geológico do Brasil (CPrM), ainda, na escala de 1:500.000.

1.2. Síntese descritiva-analítica

geologicamente, no oeste Catarinense predominam as rochas efusivas doGrupoSerraGeral,comdominâciasdasrochasdasequênciabásica(ba-

resu

Mo

ex

eCu

tiv

o

9

Page 10: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

saltosefenoblastos)resultantesdasolidificaçãodesucessivosderramesdelavas, aquando da abertura do oceano atlântico, no Mesozoico.

em termos geomorfológicos predomina a unidade Planalto dissecado doRioIguaçu/Uruguaiqueapresentarelevomaiserodido(menoresaltitu-des).Aoutraunidade,PlanaltodosCamposGerais,correspondeàsáreasdoplanalto mais elevadas (sofreram menor desgaste).Pedologicamente, registram-seextensas áreasde cambissolos, interca-

ladas com outros tipos de solo, principalmente, os latossolos. esses solos possuem um bom desenvolvimento vertical, com horizontes bem desen-volvidos e boa drenagem, sendo muito usadas para cultivos agrícolas. Mas issoaumentaademandadeáguaque,associadaapráticasinadequadasdeexploraçãoeuso,vãoafetandoacapacidadederetençãodeágua.

Tomar em consideração a base geológica, geomorfológica e pe-dológica da região é fundamental, particularmente, no que se refere ao uso da terra, para não potenciar condições de perda de capacidade de retenção de água no solo.

2. CLIMA, ESTIAGEM METEOROLÓGICA E MESES SECOS NO OESTE DE SANTA CATARINA

2.1. Metodologia

Para identificaçãodeepisódiosrelacionadoscomabaixadeprecipi-tação utilizaram-se o critério de estiagem da sedeC e a proposta bio-climatológica de meses secos (em que a precipitação acumulada mensal é inferior ou igual ao dobro da temperatura média mensal) de gaussen eBagnouls (1953,1957,apud.GALVÃO,1967).Na impossibilidadedeutilizarosdadosdaEPAGRI/CIRAM(quenãoforamfornecidos),recor-reu-seàtécnicadereanálise,quesebaseianainterpretaçãodeimagensde satélite, associada à utilização demodelos já validados. A reanáliserealizada tem como limite espacial de aplicabilidade algo que se apro-ximadaescalamicrorregionalousuperior,oquesecoadunacomoes-copodoprojeto.Osprincipaisdadosmeteorológicosmanipuladossãoprovenientes de dezessete pontos aproximadamente equidistantes, de

maneiraaabrangeravariaçãoclimáticaespacialdamesorregiãoOesteCatarinense. admitindo a possibilidade de que o tratamento dos dados a diferentes escalas de detalhe possa conduzir a variação nos resultados, fazem-seprimeiroos cálculos relativos àmesorregião comoum todo,combasenosdadosdetodosos17locais.Depois,fazem-seoscálculospor microrregião, utilizando os dados dos pontos a ela relativos. Final-mente,somandoosdadosdascincomicrorregiões,calcula-sedenovoosdados relativos a toda a mesorregião oeste.

a organização Mundial de Meteorologia (oMM) recomenda que o pe-ríododedadosutilizadosparafinsdeestudosclimáticostenha,nomínimo,30anos,oqueseverificou,jáosdados,provenientesdedezessetepontosaproximadamenteequidistantes,demaneiraaabrangeravariaçãoclimáticaespacial da mesorregião oeste Catarinense, são referentes ao período de janeirode1979adezembrode2013(35anos).Foi,estatisticamente,testadaumaeventualrelaçãodeinfluênciaentreo

ElNiño/LaNiña(ENOS),aOscilaçãoDecadaldoPacífico(ODP)eaOsci-laçãoAntártica(OA),porumlado,eaestiagemmeteorológica,poroutro.

Calcularam-se os valores históricos ombrométricos anuais e mensais damesorregiãoOesteCatarinenseedesuascincomicrorregiões.Talhis-tórico foi, depois, utilizado para, através da confrontação com as médias ombrométricosmensaisdecadamicrorregião,identificarepisódiosdees-tiagem e mês seco.

2.2. Identificação de estiagens e meses secos

Comojásereferiuparaidentificaçãodeestiagense/ousecasseguiram-seoscritériosdaSEDEC/MIedemesessecosapropostabioclimatológicadeGausseneBagnouls(1953,1957apud.GALVÃO,1967).Feitososcálculos,obtiverem-seosseguintesvaloresparaestiagem(Es)e

meses secos (Ms): a) são Miguel de oeste 14 es e 18 Ms; b) Chapecó com 11Ese10Ms;c)Xanxerêcom15Ese11Ms;d)Concórdiacom15Ese13Ms;e)Joaçabacom11Ese14Ms.Extrapolandoparaonívelmesorregional,verifica-seque,entre1979e2013,ocorreram66episódiosdeestiageme66episódiosdemêsseco,definindoumtotalde132ocorrências.Admitin-do que alguns episódios detectados numa microrregião se terão manifesta-doemváriosmunicípios,houve,comcerteza,umnúmeromuitomaiordeocorrências municipais.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

10

Page 11: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Não foi estatisticamente comprovada relação significativa de in-fluência da ENOS, da ODP ou da OA na ocorrência de estiagem. o fenômeno atmosférico que se destacou em sua relação com os episódios de estiagem foram os bloqueios atmosféricos. Portanto, é preciso atentar paraaocorrênciadestefenômenoquetemsidoverificadoemtodasases-taçõesdoanoe,cujamanifestaçãodependedadinâmicadatemperaturadasuperfíciedomar(TSM)doPacífico.Aanáliseclimático-meteorológicadosdadosfoienquadradanalógica

dasdinâmicasdasmassasdearesistemasatmosféricosquemaisinfluen-ciamaregiãooestedeSantaCatarina.Atendendoàcomplexidadedasquestões climáticas, considera-se pertinente: a) avaliar o impacto dasatividadeseconômicassobreoclima local;b) identificarasmedidasdeadaptaçãoadequadasapromoverarecomposiçãodasdinâmicasclimá-ticas típicas; c) promover a participação da sociedade civil e acadêmica nodesenvolvimentodepolíticaseaçõescentradosdeadaptaçãoclimá-tica;d)testar índicesparaalertascomo,porexemplo,quinzenassecas(adaptadas da proposta bioclimatológica de meses secos); e) desenvolver tecnologiasefortalecerpráticasdeproteçãoànatureza,taiscomoins-trumentos de redução de emissão de gases poluentes e a promoção de práticasagroecológicas.

3. RECURSOS HÍDRICOS NO OESTE CATARINENSE

3.1. Metodologia

analisaram-se dados de materiais cedidos pela secretaria de estado do DesenvolvimentoSustentável(SDS)eoutrosdisponíveisonline, bem como diversos relatórios nacionais de autoria do Ministério do Meio ambiente (MMa) e da agência nacional das águas (ana). a lógica de organização dos dados consultados é inerente à gestão hídrica, adotando os critérios definidosnaLeino9.433/97,conhecidacomoLeidasÁguas,considerandoasbaciashidrográficascomounidadedeanáliseeplanejamentoesuasres-pectivas regiões hidrográficas (RHs) definidas para fins de gerenciamentodosrecursoshídricos.Porfaltadedados,nãofoipossívelfazerumaanáliseevolutiva de 35 anos.

3.2. Rede e bacias hidrográficas do oeste

Emescalacontinental,aáreainsere-senabaciahidrográficadorioPrata.Emescalanacional,estácompletamenteinseridanaporçãocatarinensedaRegiãoHidrográficadorioUruguai.

em território catarinense, grande parte do rio uruguai escoa sobre lei-torochoso,combaixacapacidadedearmazenamento,implicandoemumregime de vazão que acompanha o regime de precipitação. isso resulta em inundaçõesribeirinhas,aquandodaocorrênciadeelevadosníveisdepreci-pitação e de secas ou estiagens, em longos períodos sem chuvas.

o território oeste Catarinense distribui-se, esmagadoramente, por três Regiões Hidrográficas (RH): a) RH1, ExtremoOeste; RH2, Meio Oeste;RH3,ValedoRiodopeixe.Umapequenaparte(microrregiãodeJoaçaba)integraduasoutrasRH(LageseCanoinhas).Asmicrorregiõesnãocoinci-demcomas regiões hidrográficas: a) SãoMiguel doOeste (100%RH1);Chapecó(26,4%naRH1e73,6%naRH2);Xanxerê(100%naRH2);Con-córdia(23,47%RH2e76,53%RH3);eJoaçaba(14%naRH2,57,6%naRH3e28,4%nasRH4eRH5).

Em termos de águas superficiais, a variável que, em primeiro lugar, interessa considerar é a disponibilidade hídrica que, de-pois, inevitavelmente, deveremos cruzar com a demanda hí-drica. Assim, poderemos ter uma ideia sobre até que ponto a água disponível pode ou não constituir uma ameaça direta de estiagem.

3.3. Disponibilidade hídrica superficial

o principal indicador de disponibilidade hídrica é a vazão (Q), que pode serentendidacomovolumedeáguaquepassapordeterminadaseçãodeumcursodeágua,emumdeterminadointervalodetempo.Normalmente,usam-se as chamadas vazões de referência, queexprimemvariaçãonovolumedeáguaaolongodotempo.Umadasmaisusadaséavazão média mensal de longo termo (q ml). que representa os valores de vazão por meio de a média aritmética mensal para toda a série histórica.

resu

Mo

ex

eCu

tiv

o

11

Page 12: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

ARH1(áreade5.858 km²) tem uma vazão média de longo prazo de 171,62(m3/s);aRH2(11.284km²)temumavazãomédiade311,15(m3/s);eaRH3(7.901km²),temumavazãode189,67média(m3/s).

A análise da dinâmica hídrica superficial das regiões hidrográ-ficas do Oeste Catarinense revela, em média e em geral, boas vazões e disponibilidades hídricas, ou seja, existe bastante água superficial no oeste, embora haja períodos de desequilíbrio temporário. Não pode, assim ser a falta de água, só por si, in-vocada como causa da estiagem.

Refira-se,parareforçar,quesomenteasbaciasdoAmazonasedoTocan-tinspossuemmaioresvazõesedisponibilidadeshídricasqueorioUruguai.um estudo de caso, realizado com algumas séries históricas de vazão, per-mitiram identificar, como seriadeesperar, uma relaçãoentreestiagensediminuição da vazão de referência.

3.4. Água subterrânea

no território catarinense, e em especial na mesorregião oeste destacam--se dois aquíferos principais, o aquífero serra geral (fraturado) e o aquífero guarani (poroso).

os rendimentos dos poços do aquífero serra geral variam entre 5 e 40 m³/h.Osníveisestáticosvariam,geralmente,entre5e30metros.DadosdoBid (2008) indicam o rendimento médio dos poços do sistema serra geral quevariaentre9,7m³/hparaoextremooeste,10,5a36m³/hparaomeiooeste,e15m³/hnoValedoRiodoPeixe.

no que se refere ao rendimento dos poços no aquífero guarani, osníveisestáticosvariam,emgeral,entre10e30metros,oquede-monstraseuartesianismo.Asvazõesraramenteultrapassama3m³/h,emboraexistamregiões compoçosquecaptamaté10m³/h (CPRM,2013). SantaCatarinapossui7.165(4.782localizadosnoOeste)poçoscadastrados no siagas (silva e Kirchneim, 2011). Mas esse número não corresponde à realidade, havendo grande número de poços clan-destinos.Osditadosautoresestimamqueexistam10vezesmaispoços

emSantaCatarinadoqueoregistradonoSIAGAS,ouseja,algopare-cido com 50.000 poços.

A provável existência de aproximadamente 50.000 poços no Oeste, dos quais cerca de 90% são ilegais, dá ideia da gravida-de da situação em termos de gestão dos recursos subterrâneos de SC. Assim, a perspectiva de promover a abertura de poços, como uma solução para a estiagem, sem o devido planejamen-to e garantias de fiscalização, não só é equívoca, como se cons-tituir numa atitude que, em vez de resolver, os problemas de escassez de água em certas épocas do ano, os pode potenciar.

3.5. Qualidade da água

Seexistempoucosdadosrelativosàqualidadedaáguasuperficial,tam-bémnãoexiste,noestadodeSantaCatarina,umprogramademonitora-mentocontínuodaqualidadedaságuassubterrâneas.Há,contudo,indícios,provenientesdealgunsestudos,quesugeremcontaminaçõesderecursoshídricos superficiais e subterrâneos. Essa contaminação provêm, não so-mentedeatividadeindustrialeagropecuária(asituaçãoreferenteaossuínosteveumamelhoriasignificativa),mas,também,dosesgotosurbanos.

Afaltadeprogramassistemáticosdemonitoramentoe,comotal,deda-dossobreaqualidadedaágua,impededeterumaideiamaisexatadarea-lidade.Aomesmotempo,impede,também,oadequadoplanejamentodasintervençõesaempreender.

É imperativo alterar este quadro, nomeadamente, através do drástico aumento da ligação à rede do esgoto doméstico. A criação e implementação de um programa integrado e conti-nuado de monitoramento da qualidade da água superficial e subterrânea em Santa Catarina é, também, uma prioridade absoluta. Uma outra prioridade é a realização de um inventá-rio dos poços, realmente, existentes no Oeste e sua situação atual, para avaliação e planejamento das medidas a tomar.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

12

Page 13: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

3.6. Demandas hídricas

Mas,umaboadisponibilidadehídricaeboasvazõessuperficiaisesubter-râneasnãogarantem,sóporsi,quenãohajaproblemasrelacionadoscomfaltadeágua,emcertasépocasdoano.Hámaisvariáveisnaequação.Umadasprincipaisvaráveisaconsideraréaquedizrespeitoàsdeman-

das.De fato, umaboadisponibilidadehídricapodedeixardeo ser se asdemandas forem desproporcionalmente grandes. as demandas hídricas di-videm-se em consuntivas (abastecimento humano, industrial, dessedentação animaleirrigação)enão-consuntivas(geraçãodeenergia,extraçãomineral,turismo/lazer,pesca/aquiculturaenavegação).UmaquantificaçãoestimadadademandahídricaconsuntivanasRHs,

combasenoPlanodeDesenvolvimentoSustentáveldaBaciadoRioUru-guai (BID,2008) apontapara: a) 36,9%para abastecimento industrial;b)30,7%paracriaçãoanimal;c)21,8%paraabastecimentourbano;d)7,5%paraabastecimentorural;e)3,1%parairrigação.Atividadeindus-trial e criação animal são responsáveis por quase 70%das demandas.No quadro 1 está ilustrada a discriminação das demandas por RegiãoHidrográfica.

quadro 1. Distribuição setorial das demandas hídricas (m3/s)Tipo de Demanda RH 01 RH 02 RH 03

Abastecimento urbano 0,265 (22,34%) 0,62 (23,28%) 0,578(19,73%)Abastecimento rural 0,133 (11,21%) 0,188 (7,06%) 0,119 (4,06%)

Abastecimento Industrial 0,35 (29,51%) 1,021(38,34%) 1,259(42,98%)Criação animal 0,42 (35,41%) 0,794(29,82%) 0,79 (26,97%)

Irrigação 0,018 (1,52%) 0,04 (1,5%) 0,183 (6,25%)Total 1,186 2,663 2,929

3.7. Índice de Criticidade de Recursos Hídricos (ICRH)

o Índice de Criticidade de recursos hídricos (iCrh), criado pela sds deSC(SDS,2006),calcula-sepelarazãoentreosomatóriodasdemandasconsuntivaseadisponibilidadehídricaparadoiscenáriosdistintos(vazãoQ7,10evazãoQ90%).Háquatrointervalos:a)NORMAL(ICRHentre0e0,19), a somadasdemandasmenorque20%dadisponibilidade;b)PREOCUPANTE(ICRHentre0,2e0,5),asomadasdemandasentre20%

e50%dadisponibilidade;c)CRÍTICA(ICRHentre0,51e1,0),asomadasdemandasentre50%e100%dadisponibilidade;d)EXTREMAMENTECRÍTICA(ICRH>1,0),asomadasdemandassuperioresa100%dadis-ponibilidade.

AplicadoàsbaciasdoOesteocálculodoICRH,nasituaçãoatual,revelaque:a)baciasdeAntaseChapecó,Peixeapresentamumasituaçãonormal;b) as bacias de irani e Jacutinga uma situação preocupante: c) a bacia do Peperi-guaçu não tem informação disponível.Combasenocálculoestimadode rendimentodospoços registrados

no siagas e os usos levantados, silva e Kirchneim (2011) elaboraram o balançohídricoestimadodeáguassubterrâneasemcadabaciahidrográficado oeste.

quadro 2. Balanço hídrico estimado para águas subterrâneas do Oeste Catarinense

Bacia hidrográfica

Disponibilidade hídrica

subterrânea (hm³/ano)

Extrações (hm³/ano)

Extração clandestina (hm³/ano)

Comprometimento da disponibilidade

(%)

Antas 670,17 57,97 289,84 43,25Chapecó 2.454,38 104,62 523,08 21,31

Peixe 1.119,44 56,52 282,60 24,24Irani 511,78 79,12 395,59 77,30

Jacutinga 279,68 72,89 364,45 130,31Peperi-Guaçu 351,95 164,34 821,68 233,46

a situaçãoé relativamente confortável nasbacias doChapecóedoPeixe(comprometimentomenorque25%dadisponibilidade),masjáestácríticanabaciadorioIrani(comprometimentodequase80%).NasbaciasdoJacutingaedoPeperi-Guaçuocomprometimentoémaisde100%,ousejajáexcedeaca-pacidadederecargadosaquíferos.NabaciadoJacutingahácomprometimentode130%dadisponibilidadeenabaciadoPeperi-Guaçude233%dadisponibili-dade.Atente-secontudo,também,paraaelevadíssimataxadeextraçãoclandes-tina, em todas as bacias.

resu

Mo

ex

eCu

tiv

o

13

Page 14: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Quanto às águas superficiais, duas bacias (Irani e Jacutinga) apresentam já um ICRH “preocupante”. As outras bacias (com certeza, pela muito boa disponibilidade hídrica média) têm um ICRH normal. Quanto a recursos subterrâneos, a situação pa-rece ser também critica no caso das bacias do Jacutinga e Irani; contudo, a situação do Peperi-Guaçu é muito pior, sendo urgen-te ter dados sobre o seu ICRH. Se não forem tomadas medidas, a situação tenderá a piorar, podendo atingir-se a conflito de inte-resses, por exemplo entre abastecimento humano e desseden-tação animal.

4. DESENVOLVIMENTO REGIONAL E DINÂMICAS SOCIOECONÔMICAS

4.1. Opções de desenvolvimento do Oeste Catarinense

a ocupação da região se inicia no século xvi, em decorrência do es-tabelecimento do tratado de tordesilhas. tal tratado, contudo, não foi de imediato,completamente,aceito.Duranteoséc.XVIIassistiramaincursõesbandeirantes, intensoeviolentoapresamento indígenaeconflitos territo-riaisvariados.NoSéc.XVIII,comaafirmaçãodociclodoouro,estabilizou--se o movimento tropeiro pelo caminho de lages, mas o oeste Catarinense continuoulongedetaisfluxos.Em1750,umnovoacordocomEspanhaquefixouafronteiranorioPeperi-Guaçunãotrouxe,ainda,sossegoparaare-gião que chegou a ser reivindicada pela argentina. após a independência do Brasil,em1822,diversosconflitoscontinuaramagitandoaregião.

Será,somente,noiníciodoséculoXX,comaconstruçãodaviaférreae a colonização desencadeada da companhia estadunidense development &ColonizationCo.,queloteouterrenosnaáreadeinfluênciadaferrovia.segundo Waibel (1980) a colonização seguiu, em santa Catarina, um padrão similar ao do rio grande do sul: os alemães preferindo os solos mais férteis dos fundos dos vales e encostas, cobertos de matas latifoliadas; os italianos, estabelecendo-semajoritariamentenasterrasaltas,emparticular,entreobaixoriodoPeixeeoUruguai,ondecultivavamarroz,batata,feijão,man-dioca, milho, trigo, entre outros.

ConformeassinalaMamigonian (1966), a agriculturadesenvolve-seemdireta relação com o crescimento urbano e, a par da agricultura, desenvol-ve-se a suinocultura, fortemente incentivada pelas políticas dos governos federal e estadual. no âmbito da distribuição internacional e nacional do trabalho, acaba cabendo ao oeste de santa Catarina o papel de criador e exportadordesuínosparaSãoPaulo,Rioeparaoestrangeiro.ComGetúlioeo incentivoà industrialização,certas regiõesdoOesteexperimentaramalgum desenvolvimento industrial, nomeadamente, de industrias comple-mentares e de suporte à atividade suinícola industrias mecânicas, de trans-portes, de embalagens etc. a própria atividade suinícola se industrializou coma intensificaçãodaproduçãodesuínosederivados.Asavespassam,também, a ser uma outra importante componente de produção animal. a par de grandes grupos econômicos com a seara-JBs e sadia, constituem-se cooperativasagroindustriais,dequeumdosprincipaisexemploséaAurora.

a partir da década de 1950, os governos estaduais catarinenses, seguin-doasdiretrizesnacionaisdeplanejamentoeconômico,passaramaelaborarplanos de desenvolvimento para o estado. destaca-se o Plano Catarinense de desenvolvimento 2007-2015, que se constitui como um plano de nova geração, mais abrangente e mais integrado. ele consagra maior atenção as questõesambientais,defendendoestratégiasderegulaçãodousodosoloedaágua,depromoçãodaconservaçãodabiodiversidadeedaeducaçãoambiental. sobre recursos hídricos, aponta para a implantação de sistemas deinformaçãoeaçõesdemonitoramentodoscorposdeágua,sendoidenti-ficadaadeficiênciadodesconhecimentosobreaquantidadeequalidadedosrecursos hídricos disponíveis no estado.

apesar de, progressivamente, mais ambiciosos e, teoricamente, mais consistentes, incorporando, a partir de certo momento, a perspectiva do desenvolvimentosustentável,osdiversosplanosdedesenvolvimentoacaba-ram sempre se alinhando com lógicas de desenvolvimento que privilegiam a ideia de um crescimento econômico contínuo. tais planos acabaram, por um lado, por não incorporar uma efetiva salvaguarda dos recursos naturais e,poroutro,gerarcenáriosderisco.Asiniciativasderegulaçãoecontra-posiçãoacabamporsempreserparcelareselimitadaeficarrefénsdalógicadominante.

a partir dos anos 80 do século passado, o modelo de integração industrial sofreuumareestruturaçãoecomeçouseconstituindoocomplexosistemada empresa central e integrados. a grande maioria dos produtores familiares

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

14

Page 15: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

produzparaasgrandesempresaspecuárias,combaixasmargensdelucroe grande insegurança. alternativas de subsistência, como a criação de gado deleite,quegaranteumarendadiáriacomeçam,também,aconsolidar-se.

Aomesmotempo,aproduçãoagropecuária,numalógicadesequilibra-dadequantomaismelhor, comoadiante seexplanarácommaisdetalhe,acabou se assumindo como um enorme “polvo”: trata-se, efetivamente, de uma estrutura tentacular (em que as empresas representam o corpo e os integrados os tentáculos) que promove a retirada sistemática de grandesquantidadesdeáguadeseusreservatóriosnaturais,superficiaisesubterrâ-neos.Jánãosetrata,somente,deunsquantosgrandescomplexosprodu-tivosquegastam,deformaconcentrada,muitaágua,masdeumaenormerededagastodeágua,tentacularmente,espalhadapeloterritório.

devido a sua grande vocação desenvolvimentista, o estado esteve na base de muitos desvios de políticas e planos ou da adopção de formas de ação de-sajustadas.UmdosexemplosmaisrelevanteséadoProgramaPro-Várzeasque conduziu à drenagem de muitas zonas úmidas, alterando dinâmicas de retençãoecirculaçãodaáguanosoloquehoje,contribuiparacenáriosderisco de estiagem. o estado que se compromete com a proteção dos recur-sos,nomeadamente,hídricoséomesmoqueimplementapolíticaseaçõesque depauperam seriamente os solos.

4.2. Ocupação e uso do solo

o mapeamento foi elaborado a partir de material fornecido pela Fat-Ma, denominado Vetorização das Classes de Uso da Terra e tem como base imagensdosatéliteSPOTdoanode2007,comresoluçãodopixelde10metros, em composição colorida falsa cor, na escala de 1:50.000. as classes predominantessãoaagricultura(23%),pastagensecamposnaturais(38%)eformaçõesflorestais(31%).Asáreasdeagriculturasãointensamenteutili-zadasparaocultivodomilho,soja,feijão,fumoedemaisprodutosutilizadospara ração de animais e, ainda, maçã e erva-mate.

ConsideradoceleirodeSantaCatarina,oOesteproduzaproximadamen-te74%domilho,68%dasoja,82%dacarnedefrangoe67%decarnedesuínosproduzidosnoestado,peloqueafaltadechuvapodetersignificati-vos impactos.Acoberturavegetalorigináriadoestadoeradominadapor

FlorestadeAraucária, complementadapela formaçãoCamposeFlorestaSubtropical (ao longo doRioUruguai e seus afluentes).Tal cobertura foiextensivamente alterada pela exploração humana.O desmatamento parainstalaçãodecamposagrícolase/ouasubstituiçãodamatanativaporreflo-restamentos de eucaliptos e pinus estão parcialmente relacionados com os problemasdeestiagemnooeste,jáqueaumentamoescoamentosuperficialediminuemainfiltração.Seataljuntarmosadiminuiçãodacapacidadederetençãodeáguanosolo(relacionadacompráticasagrícolasinadequadas,queimadasexcessivasetc.),asecagemdebanhadoseoutrasáreasúmidasea impermeabilizaçãoemregiõesurbanas,obtemosumquadrogeraldocomoaalteraçãopoucoplanejadaeavaliadadousoda terracontribuempara a estiagem.

4.3. Dinâmicas socioeconômicas atuais

os dados socioeconômicos foram obtidos através do levantamento da in-formação produzida pelos principais órgãos públicos de pesquisa e estatística nacional.Paraosaspectospopulacionaisrecorreu-seaosCensosDemográ-ficos,àPlataformaSIDRAeaoAtlasGeográficodeSantaCatarina—EstadoeTerritóriodaSecretariadeEstadodoPlanejamentodeSantaCatarina.Paraosdadosrelativosàsatividadeseconômicasrecorreu-seàjácitada,SIDRA,àPlataforma da secretaria de estado da Fazenda de santa Catarina e à Plata-forma do Ministério do trabalho e emprego, em especial, rais.

a população urbana é, em geral, muito superior à rural. segundo o Censo de 2010 do iBge, a microrregião de Joaçaba apresenta a maior população relativaurbana(80,48%),seguidadasMicrorregiõesdeChapecó(73,81%),Xanxerê(68,38%),Concórdia(65,77%)eSãoMigueldoOeste(57,91%).em termos de população rural, a Microrregião de Chapecó apresenta o maiornúmeroabsoluto(106.081pessoas),seguidadasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste(73.537),Joaçaba(63.712),Concórdia(48.607)eXanxerê(48.212). a Microrregião de Chapecó possui também a maior densidade demográfica,seguidadasmicrorregiõesdeConcórdia,SãoMigueldoOeste,JoaçabaeXanxerê.

a demanda hídrica (demanda consuntiva) para atender a população de maisde750milhabitantesurbanosestánopatamarde2.330litrosporse-gundooumaisde200milhõesdelitrospordia,noanode2015.Dos118municípiosdooeste,cercademetade(58)járequereuampliaçãoemseus

resu

Mo

ex

eCu

tiv

o

15

Page 16: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

sistemasdecoleta,tratamentoedistribuiçãodeáguaecinconecessitamdenovo manancial.

Noqueserefereatratamentodeesgoto,maisde80%édotipofossaséptica(40,7%)oufossarudimentar(41,7%).Arededeesgotooupluvialsócontemplacercade15%dototaldedomicíliosbrasileiros.predominasobreonúmeroderedegeraldeesgotooupluvial(56.022).Segundoumestudo do instituto trata Brasil, divulgado em 2014, o estado de sC tem a sextapiorcoletadeesgoto(14,59%)eodécimapiortratamentodeesgoto(21,35%)dopaís.AsituaçãogeraldoBrasile,emparticulardeSantaCata-rina, é pois bastante preocupante.

AcomposiçãosetorialdoPIBevidenciaprimazianos setores secundá-rioeterciário.NoquerespeitaàvariávelTrabalhadoresporAtividade,asmicrorregiõesdeChapecóeSãoMigueldoOesteapresentamamaiorcon-centração de trabalhadores nas atividades industriais, seguindo-se a presta-çãodeserviçosemsegundo.Nasmicrorregiõesde Joaçaba,ConcórdiaeXanxerêpassa-seoinverso.Talsignifica,deformamuitogeral,quetantoemtermos de PiB como de trabalhadores por atividade, apesar da importância da produção agrícola, o peso da atividade industrial e serviços, nomeada-mente, os relacionados com produção de suínos e frangos é determinante.

Aanálisedosdadosdeproduçãoagrícola,entre1990e2013,evidenciaaumentos gerais e progressivos da produtividade (nomeadamente, em mi-lho,sojaefeijão),interrompidosporperíodosdequebra,emgeralcoinci-dentes com anos de estiagem. obviamente que este aumento progressivo de produtividade implica maiores demandas hídricas. Noqueserefereàpecuária,considerandosuínos,galináceosebovinos

decorteeleitenoseuconjunto,estima-seque,em2013,tenhamsidone-cessários130milhõesdelitrosdeáguapordiasópradessedentação.Emgeral, a demanda hídrica aumentou.

5. DESENVOLVIMENTO

5.1. Metodologia

em termos metodológicos, no que se ao ponto 4.2. para além de con-sultabibliográfica,realizou-seanálisedocumental.Quantoaoponto4.3,

o mapeamento de ocupação e uso da terra foi elaborado a partir de ma-terial elaborado pela FatMa (vetorização das Classes de uso da terra) e tem como base imagens do satélite sPot do ano de 2007, com resolução do pixel de 10metros, em composição colorida falsa cor, na escala de1:50.000. no que toca ao ponto 4.4, dinâmicas socioeconômicas atuais, procedeu-se ao levantamento de dados produzidos pelos principais órgãos públicos de pesquisa e estatística nacional, nomeadamente: iBge (Cen-sosDemográficos,PlataformaSIDRA);SPG/SC(AtlasGeográficodeSantaCatarina);SEF/SC (Plataforma,emespecialPPM);MTE(Plataforma,emespecial rais).

5.2. Constituição da Região Oeste e opções de desenvolvimento adoptadas

as dinâmicas socioeconômicas de uma região, só podem ser, cabalmente, compreendidasàluzdahistóriadesuaocupaçãohumanaedasopçõesdedesenvolvimento adoptadas.NoOesteCatarinense,apósumafasedeconflitualidadepelasuaposse

(EspanhaouPortugal,BrasilouArgentina, SantaCatarinaouParanáetc.)passou-seporfasesde:a)exploraçãoflorestaleconstruçãodeviaférrea;b)colonizaçãoapropecuáriacombasealemãeitaliana;c)policulturamercantile numapequena indústria transformadora de produtos agropecuários; d)abertura de frentes pioneiras associadas ao comércio e transportes, como asindustriasmetalomecânicas;e)umaindustrializaçãopecuáriamonopolistacomvocaçãoexportadoradesuínoseaves.

Progressivamente, foi sendo incentivada e foi-se cimentando essa suposta “vocação”agropecuára,comrealceparaaproduçãosuinícola-aviária.

a partir de 1950, os governos estaduais catarinenses, seguindo as diretrizes nacionaisdeplanejamentoeconômico,passaramaelaborarplanosestaduaisdedesenvolvimento.Oúltimoemaissofisticadodelesapropria-sedocon-ceitodedesenvolvimentosustentáveledefineuminteressanteconjuntodediretrizeseestratégias.Comosempre,contudo,umacoisaéoquesedefinenosprogramaseoutraoque,efetivamente,seconsegueimplementareváriasdessas diretrizes ou estratégias estão, ainda, por concretizar ou implemen-tadas de forma, somente, muito parcial. É o que se passa com as diretrizes “consolidar a gestão dos recursos hídricos, continentais e costeiros”, e “forta-

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

16

Page 17: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

lecer a gestão dos recursos naturais por meio da articulação institucional das entidadesrelacionadascomaáreaambientalnoestado”ou,mesmo,“ampliaremelhorarainfraestruturadesaneamentobásicovisandoàuniversalizaçãodoabastecimentodeágua,aampliaçãodosserviçosdecoletaetratamentodeesgotoeresíduossólidos”e“desenvolver,deformasustentável,amultifuncio-nalidade dos espaços rurais.Ora,emboraoreferidoPlanodeDesenvolvimentonãoserefiraespecifica-

menteàestiagemouàgestãoderiscoesuaseventuaisrelaçõescomodesen-volvimento, as diretrizes citadas (como adiante argumentaremos) relacionam--se, diretamente, com domínio que consideramos fundamentais em termos de criação de resiliência frente à estiagem.

A análise da constituição socioespacial do Oeste Catarinense, permite-nos compreender como se foi desenhando e afirman-do a “vocação” agropecuária e, em especial, suinícola-aviária do Oeste de Santa Catarina. Começamos, também, a compre-ender, como tal “vocação” se acaba relacionando com o pro-blema da estiagem e constatamos como os Planos de Desenvol-vimento, que foram sendo traçados, não incluem essa relação.

5.3. Ocupação e uso da terra

Aespacializaçãodasclassesselecionadaspermiteidentificar,comoclassesdominantes,aAgricultura(23%),PastagenseCamposNaturais(38%)eFor-maçõesFlorestais (31%).Nasáreasdeagriculturadominamoscultivosdomilho,soja,feijão,fumoedemaisprodutosutilizadospararaçãodeanimais,aoque,napartelestesejuntamocultivodamaçãedaerva-mate.Asáreasdepastagensecamposnaturaisrelacionam-secomaafirmaçãodacriaçãodegado bovino, em especial, gado de leite e da atividade leiteira e com a ativi-dadepecuáriasuinícolaeaviária(denaturezamuitointensivaeconcentrada).Aexistênciadeáreasmuitodeclivosaséumadasprincipaisresponsáveispelaexpressividadedasáreasdeformaçõesflorestaisereflorestamentos.

a cobertura vegetal no oeste de santa Catarina foi intensamente modi-ficadadesdeacolonização,principalmenteporcontadaatividadeagrícolaquesedesenvolveu,substituindoasespéciesprimáriasporcultivosagrícolas.

o corte da mata nativa para o plantio e produção agrícola pode ser um dos fatores que agravam a situação de estiagem no oeste.Efetivamente, essa transformação afeta a capacidade de infiltração da

águanosolocomoaumentodoescoamentosuperficialedofluxodeabas-tecimento dos aquíferos.

5.4. Dinâmicas socioeconômicas atuais

Apopulaçãourbana(71,67%)é,emgeral,muitosuperioràrural(28,33).Contudo,nosmunicípiosdepequenoporte,existeaindaapredominânciada população rural.

em toda mesorregião oeste, a principal fonte de abastecimento é a rede geral,seguidadoabastecimentodeáguaporpoços,nascentes,rio,açudee igarapés.Oabastecimentodeáguaporcisternaeoutras formassãoosmenosexpressivose,noscasosondeodomicílioestáligadoàredegeral,prevalece como fonte principal.Dos118municípiosdoOeste,cercademetade(58) járequeremam-

pliaçãoemseussistemasdecoleta,tratamentoedistribuiçãodeáguae5necessitam de novo manancial.AprodutividadedasojanoestadodeSantaCatarinae,emparticular,na

mesorregiãoOestetemaumentado,sebemquecomoscilaçõesintensasefortes quedas associadas a anos de estiagem (2002, 2005 e 2012). quanto ao milhohouvefortediminuiçãodaáreacultivada.Contudo,provavelmente,pela utilização de grãos de maior produtividade e pelo aprimoramento das técnicasdeplantioemanejodosolo,apesardefortesoscilações,aprodu-tividadenãodiminui.Nocasodofeijão,assistiu-seaumforteaumentodeprodutividade.

Fortes aumentos de produtividade acontecem, também, com bovinos, suínoseaves.De formaconcomitante,aumentade formaexponencial,oconsumodeáguaparadessedentaçãoehigiene.Atítulodeexemplopodereferir-seque,considerandotodasasnecessi-

dades para higiene da maternidade, creche, recria e terminação, e o ciclo de 2,4partos/porca/anoe25leitões,chegamosaovalorde4,7litrosdeágua/kg de carne produzida. uma unidade de terminação de suínos com 2.000 animaispodegastarquase50.00litros/diadeágua.

os valores relativos a aves e bovinos, em especial, para produção de leite, são, também, muito elevados.

resu

Mo

ex

eCu

tiv

o

17

Page 18: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

As atividades pecuárias (produção de suínos, aves, bovinos de corte e de leite), dinamizam a economia do oeste. Ao mes-mo tempo, são importantes consumidoras de água nas cadeias produtivas. A falta de planejamento, com eventual ultrapas-sagem da capacidade de carga (particularmente, em termos de disponibilidade hídrica), pode agravar muito o quadro de impactos socioeconômicos da estiagem e, até, contribuir para uma pressão sobre a disponibilidade de água para consumo hu-mano. Toma forma a hipótese do desastre por estiagem mais como problema de desenvolvimento do que uma questão na-tural.

6. ESTIAGEM: OCORRÊNCIAS, POLÍTICAS E ATORES

6.1. Metodologia

o levantamento da ocorrência de desastres foi realizado por consulta aoS2ID, aplicandoumprocessodefiltragemsucessiva,paraeliminardu-plicações.Assim,prioritariamente,considerou-se,semprequeexistente,odecreto.Emcasodesuanãoexistência,considerou-seaportariaenanãoexistênciadeambos,oAVADAN.Em2013considerou-seoFIDE.

6.2. Número de decretações de desastre

os dados consultados mostram um total de 1.023 registros de decretação de desastre por estiagem para a mesorregião oeste no período compreendi-doentre1970e2013.AmicrorregiãomaisatingidafoiChapecó(356),segui-da de são Miguel de oeste, Joaçaba e Concórdia (199, 174 e 171, respectiva-mente).Xanxerêfoiamenosatingida(121).

Foi possível detectar algumas discrepâncias entre os dados aqui apresentados e os dados constantes do s2id e do atlas de desastres elaborado pelo CePed--UFSC(quejulgamosestarnabasedosdoS2ID).Essadiferençadeve-seaqueosistema inclui diversos documentos referentes a uma mesma ocorrência, o que gera duplicação de dados.

Reforça-se, mais uma vez, a ideia da relativa fragilidade dos dados disponíveis, dos processos de registro e a necessidade de estabilizar outras formas de coleta, registro e partilha de dados.

6.3. Cruzamento de dados acerca da estiagem

Podehaverestiagensclimáticas(talcomodefinidasdeacordocomocri-térioadotadopelaProteçãoeDefesaCivil(oudosmeses)quenãosejamre-gistrados como ocorrência de desastre, e vice-versa, registros de ocorrência dedesastresdeestiagemquenãocoincidamcomaexistênciadeestiagemcomofenômenoclimáticooumesessecos.Aconfrontaçãoentreestiagensclimáticas(emesessecos)permiteevi-

denciar,nos35anosanalisados,umaevoluçãoentreosseguintespadrões:a)Padrão de estiagem climática sem decretação de desastre (1979 a

1985).b)Dopadrãodeestiagemclimáticasemdecretaçãodedesastreaopa-drãodeestiagemclimáticacomdecretaçãodedesastre(1986a1994).

c)Dopadrãodeestiagemclimáticacomdecretaçãodedesastreaopa-drãodecretaçãodedesastresemestiagemclimática(1995a2005).

d)Afirmaçãodopadrãodecretaçãodedesastresemestiagemclimática(2006a2013).

Aqui reside uma das principais, senão a principal, constatação deste estudo: a desnaturalização dos desastres por estiagem e a construção de uma hipótese de relação estruturante entre as opções de desenvolvimento e as falhas de planejamento, por um lado, e as decretações de estiagem, por outro.

6.4. Políticas públicas

a gestão de risco no Brasil esteve, desde a década de 40 do século pas-sado até 2012, ordenada por políticas e atos legais concentrados no poder

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

18

Page 19: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

executivo (Decretos eMedidasProvisórias).Desses atos legais dopoderexecutivoamaioria(maisde80%)nãopassoupordiscussõesnoCongresso.SócomaLei12.608de2012seassisteàentradadopoderlegislativona

formulação de políticas públicas de Proteção e defesa Civil (PdC). a citada lei estabelece, como um dos princípios basilares da Política nacional de pro-teção e defesa Civil (PnPdeC), a integração de políticas. Conhecer as polí-ticas e os atores relacionados à estiagem permite um melhor entendimento docenárioemqueseestáinserido,contribuindoparaacompreensãodosproblemaseàbuscadesoluções.A12.608/12postulaqueaosestados incumbe,entreoutros aspetos,

executaraPNPDEC,emseuâmbito,territorialeinstituiroPlanoEstadualde Proteção e defesa Civil. apesar disso, muito estados, incluindo santa Catarina, não possui uma Política Pública estadual de Proteção e defesa Civil.EmSantaCatarinaoplanejamentoresume-seaaçõesoperacionaisinseridasnoProgramaPactoporSantaCatarina.EmboraexistamváriosplanoseaçõesdeiniciativadaSecretariadeEstadoelasnãotêmaforçadeestarem integradas numa política estadual. urge, pois, que santa Catarina elabore e aprove em sua assembleia, uma Política estadual de Proteção e defesa Civil.

no que se refere a outras políticas setoriais, de nível federal e estadual, mais diretamente relacionadas com estiagem, devem citar-se as políticas as referentes à gestão dos recursos hídricos. o Código de águas (decreto Federal24.643,10/07/193),aPolíticaNacionaldoMeioAmbiente(1981)eaConstituiçãoFederalrepresentavamalegislaçãobrasileiradeáguasaté1997, quando foi promulgada a Política nacional de recursos hídricos, a chamada lei das águas. entre outros aspetos, esta lei consagra a gestão por BaciaHidrográfica e estabelece a necessidade do Plano de RecursosHídricos(ouPlanodeBacia).EmSCnãoexistePlanoEstadualdeRecursosHídricoseexistemsériaslacunasemtermosdeplanosdebacia,nomeada-mente, no que se refere ao oeste Catarinense. no que toca a outros seto-res e mais diretamente se relaciona com a estiagem, podem citar-se, como exemplosmaismarcantes:a“construçãodecisternas”comduasdinâmicasbem diferenciadas (uma mal sucedida, ligada à secretaria de estado da as-sistência social, trabalho e habitação e outra bem sucedida ligada à secreta-ria de agricultura e ePagri); o Programa santa Catarina rural (sC rural); osistemadeabastecimentodeáguaemPalmitos;oProjetoPluviômetrosnasComunidadesdoCEAMDENetc.Efetivamente,váriasoutraspolíticaseaçõespodemsercitadas.

no que se refere aos principais atores, para além do Ministério da inte-gração e órgãos da Proteção e defesa Civil a nível federal, estadual e muni-cipal, podem referir-se órgãos federais e estaduais relacionados com Ciên-cia, tecnologia e inovação, Cidades, desenvolvimento social e Combate à Fome, agricultura, indústria, Minas e energia, desenvolvimento; assistência Socialetc.,ouseja,numsentidoamplo,quasetodosossetoresdaeconomiae da administração pública.

Em síntese, pode afirmar-se que a estiagem se relaciona de for-ma mais direta ou indireta com os mais diversos setores da ad-ministração e de atividade econômica e social, tanto em termos de atores, como de políticas e ações. Ao mesmo tempo nunca se poderá esquecer que tais políticas e atores estão dispostos a três níveis (federal, estadual e municipal), normalmente pouco articulados.

7. DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO

7.1. Metodologia

Foram realizadas atividades de campo em duas fases. a primeira incluiu visitasdecampoeentrevistas/reuniõesorganizadaspelosCoordenadoresRegionaisdeProteçãoeDefesaCivil,paraidentificarboaspraticasepro-blemascríticoserecolherdadoseopiniõesdeinstituições,gruposeres-ponsáveissobreoimpactodaestiagem.Osprincipaispúblicosalvoforam:produtoreslocaiseinstituiçõesderepresentaçãodeprodutoresetraba-lhadores rurais; agentes públicos, agências de regulação e prestadoras de serviçospúblicos;comitêsdeBaciaeassociaçõesdemunicípios;iniciativaprivadae,emespecial,empresasagropecuáriasqueprocessamaprodu-ção local; cooperativas e outras organizações associativas de produçãoecomercialização.As conversas, entrevistase reuniões foramgravadas.Semprequeadequadoforamrealizadosregistrosfotográficos.Apesquisaseguiuumroteirodequestionamentosemiestruturadoparaidentificaraspercepçõesdosparticipantesrelativamenteacausasdaocorrênciadees-tiagemedaamplitudedeseusimpactos;políticaspúblicaseaçõesrealiza-dase/ouemcurso;oquefazerparaprevenirecriarresiliênciacomunitá-

resu

Mo

ex

eCu

tiv

o

19

Page 20: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

ria,incluindoaçõesderespostaemedidasdeadaptaçãoexistentes;outrosaspectos considerados relevantes.

Asegundafaseenglobouarealizaçãodeoficinasnascincomicrorregiões,comoobjetivogeraldeaprofundarodiagnósticodocumental,acessaraoconhecimentocomunitárioeauscultarcomunidadeseprincipaisatoresso-bre como promover a resiliência. Mais especificamente, pretendia-se: a)identificarecaracterizarasprincipaiscausasdosimpactosdaestiagem;b)identificar e caracterizar políticas e ações emcurso; c) recolheropiniõesacercadasmelhores formasdepromover a resiliência comunitária.CadaoficinaincluiuumaparteinicialemquerepresentantedaSDCapresentavaoprojeto.Asegundaparteconsistiaemtrabalhodegrupos,coordenadopelaequipa de pesquisa, orientada para a resolução de problemas e organizada em três passos: realização de diagnóstico; elaboração propostas de resolu-ção;confrontaçãodesoluçõespropostas.Aterceiraparte,consistianumaplenáriadesocializaçãodasconclusõesdotrabalhodegrupos,consolidaçãodeconclusõeseencerramento.

Osdadose informaçõescoletados foramtratadospelospesquisadoresaofinaldotrabalhodecampo,pormeiodetranscriçãodosáudios,seleçãodeconteúdorelevanteecategorizaçãoemergentedeproblemáticasesolu-ções.Apósaanáliseelaborou-seumasistematizaçãodosdadosrecolhidossegundoumasequênciasimilarparaambassituações:reuniõesevisitasporumlado,eoficinasporoutro.Destaca-sequeemboratenhahavidoalgu-mas divergências quanto a uma ou outra perspectiva, tais divergências foram pontuais,verificando-seumaexpressivae,muitasvezes,total,unanimidadenospontosdevistaexpressos.

7.2. Diagnóstico do problema

no que se refere ao diagnóstico, e em termos de dimensão e caracte-rização do problema os fatores mais citados foram: a normal associação da estiagemcomafaltadechuva;ocaráterrecorrenteecíclicodofenômeno;os custo elevados dos impactos da estiagem; o fato de, embora o maior impactosejasobreaárearuraleatividadeagropecuária,aáreaurbana,emespecial o consumo humano, também é afetado.

embora tenha sido estabelecida associação entre estiagem e menor abun-dânciadeágua,essarelaçãonãoévistacomocausafundamental,sendoque

umdosfatoresmaisindicadofoiafaltadeplanejamentoeamágestãodaágua,associadosàfaltadearticulaçãodepolíticaseinstituiçõesàdeficiência.A concentração e expansãoda agroindústria, associada às deficiências noplanejamentodenovosempreendimentos(comsobrecargasparaparticu-lares e estado) foi outro fator muito realçado. o desmatamento, mata ciliar destruídaedrenagemdebanhados,emconjuntocomdesequilíbriosnousodaterraepráticasagrícolasinadequadasforam,também,generalizadamenteindicados comoestandona base da estiagem. Finalmente, as dificuldadesrelacionadas com Comitês de Bacia e Planos de Bacia, o desperdício e pro-blemasdeusodaágua,asdeficiênciasdeabastecimentodeáguaemáreasruraisemcontrapontoàáreaurbana,acontaminaçãodaságuassuperficiaisesubterrâneaseasfalhasnalegislaçãoambientaledificuldadedefiscalizaçãoforam outros fatores indicados.

Noquetocaapolíticaspúblicas,programaseaçõesrealizadasouemcursoforamcitados:oMicrobacias;oBancodaTerra;oProjetoÁguanoCampo; o ProjetoÁguaBoa; o ProjetoGestar (2004); e, ainda; o Pro-grama de Fortalecimento da agricultura Familiar (PronaF); o Programa Mais alimentos; o Programa santa Catarina rural (sC rural); o Programa Juro Zero da sd: Primeira água ou Programa Cisternas (governo federal, Mds); o Programa de Pagamento por serviços ambientais (Psa); o Pro-jetodepreservaçãodefontesCaxambu(EPAGRI);oProjetodeestaçõesecológicas (Xanxerê); asdiversas açõesde incentivoe apoio à aberturade poços e outras infraestruturas hídricas; ações de disponibilização decaminhões-pipa. Foram ainda, referidos, como aspetos a ter em conta,nestedomínio,ofatodeváriaspolíticaseaçõesestaremmaisorientadaspararespostaqueparaaprevenção,bem,afaltadeeficáciadaspolíticas,programas, projetos e ações.Os graves problemas relacionados com aineficáciaproblemascomdascisternasdoMinistériodoDesenvolvimentosocial foi amplamente citado. de realçar, ainda, a forte crítica à perspectiva de encarar os poços como solução.

Masforam,igualmente,identificadasalgumaspráticasemcurso,nomea-damente,ascisternasqueaEPAGRI/SCRuralimplementoue,mesmo,ore-cursosapoços,mascomosoluçãoderecursobemplanejadaecontrolada.

Emtermosdesoluçõesepropostas,foramavançadasasseguintes:a)avalorizaçãodeumagestãoeficienteeparticipativadosrecursoshídricos(re-forçando a articulação institucional, valorizando a participação e o papel dos

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

20

Page 21: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

comitêsdebacia);b)incrementodassoluçõesdearmazenagemdeágua(in-vestimentoemcisternas,integraçãoecorretoplanejamentodasações);c)qualificaçãoambientaleproteçãoderedeshídricas(proteçãodenascentes,fontes e mata ciliar e incentivo de o pagamento por serviços ambientais); d)alteraçãonomanejoepráticasagrícolas;e)promoçãodaqualidadedaágua (melhoriadástricadoesgotamentosanitário, garantiado tratamentodaágua);f)privilégionautilizaçãodaságuassuperficiais;g)importânciadoreforçodopplanejamento,legislaçãoefiscalização);h)desenvolvimentodetecnologiasparausoeficientedaágua; i) Importânciadaimplementaçãoeusodesistemasdeinformação,monitoramentoepesquisa;j)conscientiza-ção e educação ambiental.

8. ANÁLISE SISTÊMICA COMPLEXA CONTRIBUIÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DE INTERVENÇÕES

8.1. Análise sistêmica

Aabordagemanalíticalinearnãoésuficienteparaexplicarosfenôme-nos complexos influenciados pelo contexto e pelas inter-relações entreosfatores.Asinteraçõespresentesnagestãodosrecursoshídricosenasocorrênciasdeestiagemgeramumcenárioproblemáticoqueapresentacrescente complexidade. Romper com essas análises lineares e adoptaruma análise sistêmica complexa é uma dos principais diferenças emaisvaliasdesteprojetoedesterelatório.Aabordagemsistêmicaé,antesdetudo, um outra forma de pensar que foi aperfeiçoada pelo chamado pen-samentocomplexoOssistemascomplexossãoaltamentedinâmicoseosproblemas mudam ao interagir com outros problemas, pelo é difícil for-mular os problemas sistêmicos, pois eles estão mergulhados em multi--causalidades contínuas e circulares. Certos aspectos, vistos como causas, viram efeitos e vice versa. os sintomas são confundidos com o problema eassoluçõesproduzemconsequênciasquepodemgeraroutrosproble-mas.Seadefiniçãodoproblemaédifícil,aformulaçãodesoluçõesémaisdifícilainda.Assim,muitasvezes,nãohásoluçãofalsaouverdadeira,massoluçõesmelhoresoupioresque,normalmente,sãolimitadasporprazos,recursoseoutrasrazões.Assoluçõesdemandamoenvolvimentodedi-versasorganizaçõespublicas,privadas,nãogovernamentaiseindivíduos,eadicionalmente, uma mudança comportamental dos envolvidos e cidadãos em geral.

Osistemaque está sendo aqui considerado é um sistemamisto, alta-mente complexo, que integra subsistemas de diferentes tipos (sistemasfísico-naturais, sistemas físico-tecnológicos, sistemas biológicos e sistemas sociais). entre tais subsistemas incluem-se: a) os que estão relacionados com as condicionantes físico-naturais geológicos, geomorfológicos, pedológicos, climáticos,hídricosqueregulamadisponibilidadehídrica;b)osqueestãorelacionadoscomasatividadeshumanas,asopçõesdedesenvolvimentoedinâmicassocioeconômicasquegeramdemandadeáguaeasconcepçõesqueassuportam;c)osque integrampolíticas,programaseaçõesquedealguma forma se relacionam com o problema. É, também, um sistema inten-cional,ouseja,éumsistemadegestão/reduçãoderisco.

Oestoquemaisimportanteecentraldosistemaéaquantidadedeáguade qualidade acessível, a cada momento, para as demandas da comunidade. Dentrodoentendimentodaestiagemcomoumasubproblemáticadagestãodaáguaeestacomoumdesafiosistêmico,nãopoderáesquecer-sequeossistemasderecursoshídricosapresentamcaracterísticasespecíficasrelacio-nadasaotempoeàsinteraçõesexistente:a)causaseefeitosestãofrequen-tementeseparadosemtempoeespaço;b)certasoluçõesquemelhorama situação em um curto prazo muitas vezes criam problemas maiores em longo prazo; c) os subsistemas e partes do sistema interagem segundo ciclos causais múltiplos e não lineares o que, por vezes, resulta em comporta-mentos contraintuitivo; d) o tempo de atraso ou espera entre a causa e a consequênciafazcomqueosgestorestendamareduzirseusobjetivosparaacomodar-seaumasituação,quealgumasvezeserainicialmenteinaceitável.

Procedeu-seaumaanálisedeinter-relaçõescausais,triangulandoosda-dos obtidos pelo diagnóstico documental ambiental (físco-naturais e socioe-conômicos), com os dados ambientais por nós produzidos (clima, nomeada-mente)edadosresultantesdaparticipaçãocomunitária.Entreosdiagramascausais elaborados podem destacar-se alguns relativos a estruturas que se repetememváriossistemas,aquipautadasnospadrõesdecomportamentoda estiagem no oeste Catarinense.

essas estruturas comuns, também chamadas de arquétipos, visam facilitar oentendimentodeumasituaçãoeidentificarosciclosdereforçoeequilí-brio em outras circunstâncias distintas. os arquétipos de sistema podem serconsiderados“estruturasgenéricas”ou“históriasclássicasdossistemas”e,apartirdomomentoemqueháacompreensãodesuaslógicas,torna-se

resu

Mo

ex

eCu

tiv

o

21

Page 22: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

possível reconhecê-los no dia-a-dia. o arquétipo “limites de Crescimen-to”ficabemilustradoporaquiloqueserefereadisponibilidade e o uso da água no oeste.Oarquétipo“TragédiadosComuns”estámaterializado,entreoutrosaspetos,nautilizaçãodeáguapelasdiferentesatividades.Oarqué-tipo“Soluçõesquefalham”é,nonossocaso,materializadonasistemáticaperfuração de poços. o arquétipo “transferência de Fardo” é bem visível nosistemáticorecursoacaminhões-pipacomorespostaaoproblema,sematuar nas causas. Para além dos arquétipos foram elaborados mapas globais decausalidadesesoluções.Apartirdoestudoecruzamentodedadoseinformaçõesobtidastanto

nodiagnósticodocumentalcomodecampo,eaindabaseando-senaanálisesistêmicaaquirealizada,épossívelresumiralgumasconclusõesaqueoes-tudo chegou.

a primeira grande conclusão é que a estiagem no oeste, e particular-mente seus impactos, não derivam de uma característica falta de água.apesar das estiagens, as chuvas são, em geral, bem distribuídas nas quatro estaçõesdoanoemdecorrênciadadinâmicados sistemasatmosféricosprodutores de chuvas, que apresentam características peculiares, mas sem estação seca. a mesorregião oeste é a região que tem maior volume plu-viométricodeSantaCatarina.Ascondiçõesdetempoinstávelque,sazo-nalmente,aliocorremsãoresultantesdecomplexossistemasatmosféricosregionais, influenciados pelaTSMe respectivas anomalias (ElNiño e Lanina), fase da odP, frentes frias, bloqueios atmosféricos etc. apesar dis-so, não foi possível identificar relações estatisticamente significativas daestiagem com la ninã ou a odP. o cruzamento realizado neste trabalho entreestiagemcomofenômenoclimáticoemesessecos,porumlado,eestiagem como desastre, por outro, tornou muito claro que: a) entre 1979 e 1985 domina um padrão de estiagem climática sem decretação de desastre,ouseja,ocorreramestiagensclimáticas,masnãohouvedecre-tação de desastre de estiagem; b) o período de 1985 e 1994 é como que de uma transiçãodeumpadrãodeestiagemclimática semdecretaçãode desastre para padrão de estiagem climática com decretação de desastre; c) entre 1995 e 2005 assistimos a transição do padrão de es-tiagemclimáticacomdecretaçãodedesastrepara padrão decretação de desastre sem estiagem climática; d) no período dos últimos oito anos(2006a2013),apesardeumaououtrasituaçãodevinculação(2011e2012),ocorreaafirmaçãodopadrão de desvinculação entre estiagem climática e decretações de desastre por estiagem.

Como algumas das principais causas da estiagem (que, ao mesmo tempo, sugeremmedidasatomar)foramidentificadasasseguintes:a)profundaalteraçãodoquadronaturalexistente,semdevidoplaneja-mento,oqueestárelacionadotantocomumagravamentodadiminui-çãodaáguadisponívelemcertasépocasdoano;

b) elevada degradação das redes hídricas, associada a alteração e po-luição de nascentes, destruição de mata ciliar, desrespeito face à legislaçãosobreAPPs,retificaçãodealgunscursosdeágua,canali-zação de outros, impermeabilização de solos, drenagem de banha-dos,brejoseaçudeseconsequentealteraçãodecertoquadrodeequilíbrio;

b)drásticoaumentodoacessoeusodeáguassubterrâneas,incluindoaabertura de uma enorme quantidade de poços sem adequado plane-jamentoemonitoramentoquenãoresolvendooproblemapodeviraagravá-lo;

c)elevada concentração de atividade pecuária, criação de suínos, avese bovinos, com reforço de um padrão de organização do setor gera demandasdeáguaparaaatividadeagropecuárianãosósãoenormes,como são contínuas e multiplicadas;

d)privilégiodadoamedidaspaliativase/ouaefeitospotencialmentead-versos (porexemplo,generalizaçãoda ideia (edaprática)dequeaabertura de poços resolve o problema da estiagem ou as falhadas cis-ternas da secretaria de assistência social.

sendo que as medidas de intervenção propostas integram uma separata deste trabalho, resta apresentaropanoramados cenários possíveis. Parafinsdesteestudo,serãoutilizadostrêstiposdecenários:a)cenáriodere-ferência;b)cenárioalternativo,desejável;c)cenárioalternativodevariaçãocanônica.

Usandoumametáforamusicalconsideram-seosseguintescenários:a) “dançando conforme a música... deixa tocar” — apesar da forte

unanimidade e coesão dos resultados obtidos no estudo e da conse-quente absoluta necessidade de articular políticas públicas e promover açõesplanejadas,nãoseconseguegerardinâmicademudançaetudosemantémmaisoumenoscomoestá,comaeventualcontinuaçãodasaçõesemcurso,semprecomcaráteralgocasuísticoedesintegrado,algumas envolvidas em ciclos causais de equilíbrio e outras em ciclos causais de ruptura;

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

22

Page 23: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

b) “vários solos... cada um toca uma música” — reconhecendo o va-lor do estudo e a importância de fazer algo que possa diminuir os riscos de estiagem e reforçar os mecanismos para enfrentar sua ocorrência, a maiorpartedosatores(instituiçõeseresponsáveis)compromete-seatomar medias, em seus âmbitos. Contundo, por falta de vontade polí-ticaououtrasrazões,nãosedispõemsequeraestabelecerpolíticaseaçõesemconjunto,devidamenteplanejadaseexecutadastambémdeforma articulada;

c) “sinfonia... afinados em uma trilha comum” — devido à forte una-nimidade e coesão dos resultados obtidos no estudo e da consequente eabsolutanecessidadedearticularpolíticaspúblicasepromoveraçõesplanejadaseintegradas,dentrodelógicasistêmicadecomplexidade,épossívelmobilizarsuficientevontadepolíticaparaprocederaopla-nejamentointegradoeaçãoarticuladadopoderpúblicoedascomu-nidades.

Oescopo do Projeto “Estiagem noOesteCatarinense:Diagnóstico eresiliência” visou diagnosticar a estiagem no oeste de santa Catarina para a proposiçãodediretrizeseaçõesquesirvamdeapoioàsaçõesdaSecretariaestadual de defesa Civil. o diagnóstico englobou a compilação de dados secundáriosobtidosdeinstituiçõesfederais,estaduaisemunicipais;acoletadedadosemcampopormeiodereuniõeseoficinascomosatoreslocais;o processamento e a análise dessas informações. Já as diretrizes e açõesabarcaramtantoalgumassoluçõesjáexistentesebemsucedidas,quantoaproposiçãodenovasresoluçõesparaasquestõesrelacionadasàestiagemeàgestãosistêmica.Nessesentido,asdiretrizeseaçõessugeridassituam-senoâmbitodocenário“Sinfonia...afinadosemumatrilhacomum”,comoúnicasituaçãopossívelparatrabalhardeformasistêmica.Comojásereferiu,asmedidas,atendendoaseucarátermaisoperacional,dataçãodiferenciada,cálculodecustosetc.integramumaseparata.

resu

Mo

ex

eCu

tiv

o

23

Page 24: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

INTRODUÇÃOMário Jorge Cardoso Coelho FreitasMariane Alves Dal SantoFrancisco Henrique de Oliveira

Nestaintrodução,numaprimeiraparte,relembra-seoescopodoproje-to acordado com a secretaria de estado de defesa Civil de santa Catarina (SDC-SC),emcuja implantaçãoseelaborouesterelatório;os limitesqueesseescopodetermina;asdificuldadesencontradaseaformacomoforamsuperadas. numa segunda parte, debate-se o conceito de estiagem, que tan-to pode ser visto como fenômeno climático (combase na verificaçãodecertosparâmetrosfísicos)eaestiagemcomodesastre(queestásujeitaacri-térios de impacto) que, estando interligados, podem não coincidir totalmen-te,pelomenos,emcertosmomentoseregiões.Naterceiraparte,explica--seocaráterinéditodoestudo,porqueanalisaaestiagemeseusimpactoscomo um problema ambiental e de desenvolvimento, de natureza sistêmica ecomplexa,envoltoemcertograudeincertezaequesópodeserencaradonuma perspectiva de resiliência com retroatividade corretiva. inédito ainda porquecruza,emumajanelatemporalde30anos,aevoluçãodaocorrênciadeestiagemcomofenômenoclimáticocomaevoluçãodasdecretaçõesdeemergênciaecalamidadepúblicaporestiagem.Inédito,finalmente,porquesugerediretrizeseaçõesparaintegrarumplanodiretordeestiagemparaooeste Catarinense. na quarta e última parte apresenta-se uma síntese de aspectos metodológicos relativos à organização dos mapas, enquanto que os referentes ao diagnóstico físico-natural e ao trabalho de campo participativo são apresentados aquando a abordagem dessas partes da pesquisa.

Escopo

o plano de trabalho, elaborado para atender à solicitação da secretaria de estado de defesa Civil de santa Catarina e, posteriormente, apresentado àFAPESCparacelebraçãodetermodeoutorga,estabeleciacomoobjetivogeral deste estudo:

efetivar um diagnóstico georreferenciado da evolução dos fatores condi-cionantesdasecaeestiagemnoOesteCatarinense,projetarcenáriosparao futuro e promover a conscientização das pessoas e comunidades, fortale-

cendoasuaresiliência,atravésdaidentificaçãoeimplantaçãodeestratégiasde gestão hídrica.

Osdocumentosdoplanodetrabalhoetermodeoutorgaclarificavam,

também, o universo da pesquisa e do relatório a elaborar: Mesorregião do Oeste Catarinense, incluindo as Microrregiões de São Miguel da Oeste,Chapecó,Xanxerê,Concórdia,Joaçaba,sendoqueoprazopararealizaçãodoestudoficoufixadoemumano.

em termos metodológicos, foi previsto e assumido realizar: a) primei-ro, um diagnóstico de natureza essencialmente documental, tanto sobre a realidade física que regula a disponibilidade hídrica, como sobre as dinâmi-cassocioeconômicasquegeramasprincipaisdemandasdeágua;b)depois,trabalhode campo, incluindo reuniões com instituiçõesepersonalidades,visitasaboaspráticasesituaçõesaevitar,erealizaçãodecincooficinascompartes interessadas, uma por microrregião.Noque aodiagnóstico se refere,deverá referir-seque a intençãoera

considerar, para os dados que fossem relevantes e possíveis, um recorte temporal de 30 anos. tal foi somente possível para os dados de clima, de situação socioeconômica e de decretação de emergência por estiagem. te-ria sido importante considerar o mesmo recorte para os recursos hídricos eparaousodaterra,nomínimo.Contudo,nãohavianemhádadosdis-poníveis. torna-se importante realçar estes aspectos porque eles têm uma implicação direta, tanto na forma como o estudo decorreu, como no modo como foi organizado este relatório.

Limitações

a estiagem no oeste de santa Catarina e, particularmente, seus impactos vêmsendocausadefortespreocupaçõesparaosresponsáveisestaduaisca-tarinensese,emespecial,osresponsáveisligadosàProteçãoeDefesaCivil,daAgriculturaedoDesenvolvimentoEconômicoSustentável,entreoutros.

Muitos dados foram já produzidos, tanto sobre as realidades domeiofísico-natural, como das dinâmicas socioeconômicas do Brasil, em geral, e de santa Catarina, em particular. tais dados, contudo, estão produzidos, na maiorpartedasvezes,segundológicasdisciplinares,assumindoumcaráterdescritivo-analítico das realidades sobre que versam.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

24

Page 25: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Existem,também,ouestãoemcurso,váriosestudosepesquisascientífi-cassobreaspectosrelacionáveiscomaestiagem.Contudo,deformasimilar,emborasejamrelevantessãoemgeral,abordagensparciais,comlimitaçãoespacialedenaturezadisciplinar(comotal,centradasemtemáticascientífi-casespecíficas).Assim,emboraexistamconhecimentosimportantessobrediversos aspectos relativos à estiagem, tais abordagens não possibilitam nem umavisão integradaesistêmicadessaproblemática,nemsugestões igual-menteintegradassobrecomoprevenire/oumitigarosseusimpactos.Estadificuldaderelativaapoucoabundanteerelativamentefragmen-

tadaproduçãodedadoseanálisessobreaestiagemera,àpartida,rela-tivamenteconhecidae,por issomesmo,otrabalhonãosó játinhaemcontatalcondição,comotinhaporobjetivocontribuirparaaultrapassá--la. após o diagnóstico piloto, porém, o quadro revelou-se ainda mais complicadodoqueoprevisto,constituindo-secomoumenormedesafioa superar.

têm sido ou estão sendo implantadas, por diversos setores da adminis-tração pública, diversas iniciativas de prevenção e mitigação da estiagem. Contudo, tal como no que se refere aos dados e aos estudos e pesquisas, taisaçõestemumcaráterfragmentado,avulso,relativamenteinstrumentalenemsempreadequadoàsnecessidadeserealidades.Umdosexemplosno-tóriosdessasmedidasnãoajustadasaumaequilibradaresoluçãodoproble-maéainsistenteesistemáticasolicitaçãodeapoioparaaaberturadepoçose/ouasuaaberturasemqualquertipodeefetivocontrole.Foiestaquestão,aliás,quetendosidomuitocorretamentepercepcionadacomopreocupantepela secretaria de defesa Civil de santa Catarina, acabou desencadeando a solicitaçãodeste estudo.Outro exemplo foi o verdadeiro descalabro emque se constituiu a construção de certo tipo de cisternas por parte do Mi-nistério do desenvolvimento social e Combate à Fome, sem adequação à realidade local.

Asegundagrandedificuldadeencontradarelaciona-secomanaturezados dados brutos acessíveis e passíveis de serem consultados e analisados emnosso diagnóstico. Efetivamente, embora várias instituições públicasproduzamouestejamnapossededadosrelevantesparanossotrabalho,tais dados são produzidos segundo diferentes lógicas e intencionalidades, em diferentes escalas espaciais, segundo diferentes séries temporais, com errosefalhasquedevemserfiltrados,comformasporvezespoucoamigá-veisdeconsultaeanálise,ecomdiferentespossibilidadesdecruzamentocom outros dados.

Algunsexemplostornamtalsituaçãomaisclara:a) os dados relativos a recursos hídricos estão todos produzidos tendo comoreferênciaabaciahidrográfica,osdadossocioeconômicosestãoorganizadosemumalógicamunicipaleosdadosclimáticosestãorefe-renciadosàsestaçõesexistentes,comlógicasdelocalizaçãovariadase,nocasodatécnicadereanáliseutilizadaemnossoestudo,podemserproduzidos com diversas intencionalidades territorial, dependendo do material disponível para ser analisado.

b) quanto às escalas de mapeamento elas variam desde 1:50.000 até 1:1.000.000,comosepodeconstatarpelaanálisedoQuadro1.

c) os dados disponibilizados pela ana relativamente a séries históricas sãoparciais, jáqueosdadosprovenientesdeestaçõesprivadasnãopodemseralvodedownloadenosdadosprovenientesdasestaçõesdedomíniopúblicoháausênciasouinconsistências,nãoestandoaces-síveis séries históricas amplas.

d) no que se refere ao uso da terra o único mapeamento disponível é o daFATMAde2005,oquenãopermiteanálisehistórica.

e) alguns dados são públicos e amplamente acessíveis (socioeconômicos), outros foram prontamente disponibilizados quando solicitados (re-cursos hídricos), outros ainda são produzidos com recurso de fontes públicas e privadas e, embora sistematizados por um órgão público, revelaram-sededifíciloumesmoimpossívelobtenção(dadosclimáti-cos e meteorológicos).

f)osórgãose instituiçõesquedecideme implantampolíticaspúblicas,projetoseaçõessãomuitovariados,deâmbitosterritoriaismuitodi-ferentes (estadual, macrorregional, microrregional, municipal, bacia hidrográficaetc.),dehierarquiadepoderbastantediverso,etambémorientadosporlógicas,interesseseobjetivosdistintos.

nesse sentido, para um estudo com a duração de somente um ano, com uma abrangência mesorregional e orçamento necessariamente limitado, não se torna de todo possível nem produzir dados que superem todas estas incongruências,lacunasedistorções,nemproduzircruzamentodosdadosignorando a diferença das lógicas referenciais, a discrepância das escalas, ainexistênciadassérieshistóricas.Assim,tevequeseoptarporconstruirumabasedemapeamentomaisdenívelmacro,aplicávelemtermosmesoe microrregional, mas não municipal, e encontrar formas de triangulação de dadosque, semcomprometerorigorcientíficodoestudo,possibilitemaformulaçãodealgumasconclusões,tendênciasehipóteses.

int

rod

ão

25

Page 26: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Aterceiradificuldaderelaciona-se,especificamente,aosdadosclimáti-cos,jáque,apesardetodososesforçosempreendidos,aEPAGRI/CIRAM(evocando a natureza privada de alguns dados) acabou não os disponibi-lizando. isso determinou um substancial atraso relativamente aos prazos previstos(umavezqueseconsiderou,deinício,comogarantidoorápidoacessoatodososdadosempossedeinstituiçõespúblicas).Poressefato,oprimeirorelatório(RelatóriodeDiagnóstico)nãoincluiuaanálisededadosclimáticos.Esperandoosupostosucessodeiniciativasoficiaisquevisavamultrapassar a situação, decidiu-se organizar a produção de dados a partir deumametodologiachamadadereanálise(eque,adiante,seráexplica-da). isso se constituiu como um esforço suplementar que, pese embora o posteriorsucesso—cujaimportâncianãosóparaesteestudocomoparaoutros, se realça — comprometeu muito o andamento do trabalho impe-dindoummaisatempadocruzamentoeanálisededadosdodiagnósticodocumental.

Dadosrelativosacertasaçõesemcurso,comoaberturadepoçosecons-trução de cisternas no âmbito da secretaria da agricultura, apesar e solici-tadoseprometidos,tambémnãochegaram.Estasdificuldadesrelacionadascomosdadostêm,comomaisadianteseirádestacar,umaimportânciade-cisivaemtermosdesugestõesparaofuturojáque,ousãosuperadasou,sistematicamente, se constituirão como um sério entrave a todo e qualquer estudodediagnóstico,monitoramentoe/ouavaliaçãoquequeirarealizar-se,particularmente, envolvendo cruzamento de dados.

Acerca do conceito de estiagem

Estiageméumtermocujo significadonãoseencontranemestabili-zado, nemconsensualizado.Não sendoconsagradonodomínio científi-co onde se integra (a climatologia), ele também não tem equivalente em váriasoutras línguas,ouantes,nessas línguas,confunde-secomotermoseca: drought, em inglês; sequia, em espanhol; sécheresse, em francês; sic-cità, em italiano. em Portugal e países africanos de língua portuguesa, a palavra estiagem, quando usada, também é sinônima de “seca”. no Bra-sil,porumlado,istotambémacontece,comoficabemclaronumacerta

proximidadedesignificadoencontradanosdocumentosdoMinistériodaIntegraçãoNacional(CASTROetal,2003)e,porexemplo,nadesignação“bolsaestiagem”,aplicadaasituaçõesdesecanosestadosdosemiáridoeemmuitostextosondeosdoistermossãousados indistintamente.Mas,por outro lado, o termo estiagem acabou diferenciando-se para designar certo tipo de seca, menos intensa e de duração mais limitada, que ocor-reriaemcertas regiõesdopaís,especificamentena região sul.Assim,osemiárido, integrandoosestadosdeAlagoas,Bahia,Ceará,Paraíba,Per-nambuco, Piauí, rio grande do norte, sergipe e norte de Minas gerais, com reduzida média anual de pluviosidade concentrada na estação úmida, rios intermitentes, elevadas temperaturas e solos rasos sem capacidade deretençãodeágua,teriasecas.Osulou,mesmo,osudeste,comclimassubtropicais, boas médias anuais de pluviosidade, rios permanentes com boavazãomédia,solosmaisdesenvolvidosecapazesdereterágua,teriaestiagens.SegundoCastroetal(2003),considera-sequeexisteestiagemquando o início da temporada chuvosa em sua plenitude atrasa por prazo superior a quinze dias; as médias de precipitação pluviométricas mensais dosmeseschuvososalcançamlimitesinferioresa60%dasmédiasmensaisdelongoperíodo,daregiãoconsiderada(p.56).

Estaéamaisexatadefiniçãodeestiagemquenosfoipossívelencon-trar. Ela é da autoria do general-médico do exército brasileiro Antônioluíz Coimbra de Castro1, destacado membro da defesa Civil Brasileira, falecidoem2004.OclássicoGlossáriodaDefesaCivil(CASTRO,1998),cuja elaboração foi por ele coordenada, e aClassificação eCodificaçãoBrasileiradeDesastres—COBRADE(BRASIL,2012)definemestiagemcomo:“períodoprolongadodebaixaounenhumapluviosidade,emqueaperda de umidade do solo é superior à sua reposição” (Castro, 1998, p. 71).Trata-se,comosepodeconstatar,deumadefinição,comparâmetrosde menor precisão do que a constante do Manual de desastres (Castro etal,2003),atráscitada.

o site da secretaria de estado de defesa Civil do estado de santa Cata-rina,talcomoossitesdeoutrosestados,emseuglossário,nãoincluemotermoestiagem.Mas,porexemplo,aPrefeituradeGuarujá,aquandodeumalertadivulgadoemjulhodesteanode2015defineestiagemcomo“[...]o

¹AntônioLuízCoimbradeCastrofoimembrodaDefesaCivildoBrasil,idealizadordaPolíticaNacionaldeDefesaCivilversãoanterioràLei12.608.Foiconferencista,instrutor,organizadoreprofessornaSecretariaNacionaldeDefesaCivil,ondeidealizouoscursosdeformaçãoecapacitaçãoqueainstituiçãocolocouempráticaparadifundirsuadoutrina.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

26

Page 27: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

resultado da redução, atraso ou ausência de chuvas em períodos chuvosos previstos para uma determinada temporada” e acrescenta, ainda, que du-rante a estiagem.

Pode ocorrer racionamento de água em virtude da diminuição nosreservatórios e rios.Tambémhá falta de nergia elétrica, pois gran-de parte da eletricidade no País é produzida por usinas hidrelétricas. Alémdisso,háaumentodoperigodeincêndiosemmataseflorestas.(guaruJá, 2015)

Noqueserefereàseca,oGlossáriodeDefesaCivildefine-acomo:1. Ausência prolongada, deficiência acentuada ou fraca distribui-ção de precipitação. 2. Período de tempo seco, suficientementeprolongado, para que a falta de precipitação provoque grave dese-quilíbrio hidrológico. 3. do ponto de vista meteorológico, a seca é uma estiagem prolongada, caracterizada por provocar uma redu-çãosustentadadasreservashídricasexistentes.4.Numavisãoso-cioeconômica, a seca depende muito mais das vulnerabilidades dos grupos sociais afetados que das condições climáticas. (CASTRO,1998, p.150)

Por sua vez, o Manual de desastres defende que, do ponto de vis-ta meteorológico, a seca é “uma estiagem prolongada, caracterizada porprovocarumareduçãosustentadadasreservashídricasexistentes”(CASTROetal,2003,p.59).Finalmente,noCOBRADE,secaédefinidacomo“umaestiagemprolongada,duranteoperíododetemposuficientepara que a falta de precipitação provoque grave desequilíbrio hidrológi-co” (Brasil, 2012). além disso, diversos autores como valiente (2001) distinguem entre “seca meteorológica”, “seca agrícola”, “seca hidrológi-ca” e “seca socioeconômica”.

no que se refere à seca meteorológica, o mesmo autor, citando Palmer(1965),define-acomointervalodetempo,geralmentedemesesou anos, durante o qual o aporte de umidade em um determinado local é menor que o aporte de umidade previsível (valiente, 2001). É sa-lientadoqueasdefiniçõesmaisespecíficasdesecameteorológicavariamalém disso, diversos autores como valiente (2001) distinguem entre “seca meteorológica”, “seca agrícola”, “seca hidrológica” e “seca socio-econômica”. no que se refere à seca meteorológica, o mesmo autor, citandoPalmer(1965),define-acomointervalodetempo,geralmentede

meses ou anos, durante o qual o aporte de umidade em um determinado local é menor que o aporte de umidade previsível (valiente, 2001). É salientado que as definiçõesmais específicas de secameteorológicavariam de país para país ou região para região, em função das caracterís-ticas do clima regional.Já a seca agrícola está relacionada com a quantidade de umidade

nosolo,oquepodeafetaraatividadeagrícolae,porisso,aproxima-seda seca socioeconômica. dependendo das características do solo e dos cultivos pode acontecer que uma seca meteorológica vire ou não seca agrícola. a seca hidrológica tem a ver com a redução dos caudais dos rios. Linsley (1975) citado por Valiente (2001) define seca hidrológicacomo “período durante o qual os caudais são inadequados para satisfazer osusosestabelecidosporumdeterminadosistemadegestãodaságuas”(VALIENTE,2001,p.62).Finalmente,asecasocioeconômicasucedeàseca agrícola e se constitui como um período de seca meteorológica, agrícola e hidrológica com impactos sérios nas dinâmicas sociais e/oueconômicas da região.

o que se referiu quanto à seca aplica-se à estiagem, até porque se pode considerar aestiagemum tipoespecialde seca.Ou seja, aestiagem temuma componente meteorológica, uma componente hidrológica, uma com-ponenteagrícolaesocioeconômica,ousepreferir,otermoestiagemincluirádiferentes tipos de estiagem.

Por isso mesmo, para além desta polêmica sobre a diferenciação do ter-mo “estiagem” em relação ao termo “seca”, a designação estiagem é tam-bém utilizada para designar os nefastos efeitos socioeconômicos por esse eventodesencadeados,ouseja,certotipodedesastre.

quando se fala da estiagem (ou seca) como desastre, contudo, é neces-sárioqueestejamreunidasoutrascondições.A InstruçãoNormativa (IN)no 01, de 24 de agosto de 2012 (Brasil, 2012) estabelece critérios para a decretação de situação de emergência ou estado de calamidade por muni-cípios, estados e distrito federal, para qualquer tipo de desastre, incluindo estiagem. Concretamente, em seu artigo 3o, a in distingue entre desastres de média (nível i) e alta intensidade (nível ii):

§ 2oSãodesastresdenívelIaquelesemqueosdanoseprejuízossãosuportáveisesuperáveispelosgovernoslocaiseasituaçãodenorma-lidade pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou complementados com o aporte de recursos estaduais e fede-rais;

int

rod

ão

27

Page 28: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

§ 3oSãodesastresdenívelIIaquelesemqueosdanoseprejuízosnãosão superáveis e suportáveis pelos governos locais,mesmoquandobem preparados, e o restabelecimento da situação de normalidade depende da mobilização e da ação coordenada das três esferas de atuação do sistema nacional de Proteção e defesa Civil (sinPdeC) e,emalgunscasos,deajudainternacional(BRASIL,2012).

no seu artigo 4o,amesmaINestabeleceascondiçõesmínimasparade-cretação de emergência (desastres nível i) ou estado de calamidade pública (desastres nível ii). Para poder ser decretada emergência referida a qualquer tipodedesastre,enestecasoaestiagem,torna-senecessárioqueocorram,pelo menos, dois dos seguintes danos:

a) dados humanos (1 a 9 mortos; 99 pessoas afetadas).b)danosmateriais(englobandoadanificaçãooudestruiçãode1a9insta-laçõespúblicas;1a9unidadeshabitacionais;1a9obrasdeinfraestru-tura;1a9instalaçõespúblicasdeusocomunitário).

c)danosambientais(poluiçãooucontaminaçãodoar,daáguaoudosolo,prejudicandoasaúdeeoabastecimentode10%a20%dapopulaçãodemunicípioscomaté10.000habitantesede5%a10%dapopulaçãodemunicípioscommais10.000habitantes;diminuiçãoouexaurimentodaágua,prejudicandooabastecimentode10%a20%dapopulaçãodemunicípioscomaté10.000habitantesede5%a10%dapopula-ção de municípios com mais de 10.000 habitantes; destruição de até 40%deunidadesdeconservação;prejuízoseconômicospúblicosqueultrapassem2,77%dareceitacorrentelíquidaanualdomunicípioouestado relacionados como colapsode serviços essenciais; prejuízoseconômicosprivadosqueultrapassem8,33%dareceitacorrentelíqui-da anual do município ou estado).

quer isto dizer que, embora designadas pelos mesmos termos, estia-gemcomoeventoclimáticoeestiagemcomodesastrenãosãocoincidentes.Podehaverestiagemclimática(EC)semqueocorraestiagemreconhecidacomodesastree,comoseverá—constituindo-secomoumaconclusãoiné-dita deste estudo — pode haver decretação de desastre por estiagem sem queocorraestiagemclimática,nostermosdesuadefiniçãopelaSecretariaNacionaldeDefesaCivildoMinistériodaIntegraçãoNacional(SEDEC/MI)no Manual de desastres (Castro et al, 2003).

Estaproblemáticairásendoanalisadaaolongoderelatório,nomomentodaanálisedosaspectosclimáticos,dosrecursoshídricos,dasdecretaçõesdeestadodeemergência,daanálisesistémicaetc.,conduzindo,nofinal,aumconjuntodesugestõesdeconceituaçãoeação.

Estiagem e desenvolvimento

nas sociedades modernas os riscos adquiriram tal amplitude e diversida-de que certos autores como Beck (2010) falam de uma sociedade de risco: “na modernidade tardia, a produção social de riqueza é acompanhada sis-tematicamente da produção social de riscos” (BeCK, 2010, p. 23). e, como o refere guivant (2001), citando Beck “o conceito de sociedade de risco secruzadiretamentecomodeglobalização:os riscos sãodemocráticos,afetandonaçõeseclassessociaissemrespeitarfronteirasdenenhumtipo.”(GUIVANT,2001,s.p.)Contudo,oeventualcaráter“democrático”dadis-tribuição do risco deve ser lido de forma muito cuidadosa; como o próprio Beckreconhece,emboraaspessoasestejamglobalmentesujeitasaváriasgrandesameaçascomuns,osgrausdevulnerabilidadeeascondiçõesparalidar com os riscos são variadas. assim, os mais desfavorecidos acabam sen-do, sempre, mais atingidos.

a história da distribuição de riscos mostra que estes se atêm, assim como as riquezas, ao esquema de classe, mas de modo inverso: as riquezas acumulam-seemcima,os riscosembaixo.Assim,os riscosparecemreforçar, e não revogar, a sociedade de classes. (BeCK, 2010, p. 41).

esta ideia da construção social do risco é partilhada por diversos autores (giddens, 1990). sendo socialmente construídos, em sua maioria, os riscos estão associados aos processos de desenvolvimento das sociedades moder-nasepós-modernas.Naúltimadécadaemeiaváriosautoreseinstituiçõesvêmacentuandoessarelaçãoentreriscos/desastresedesenvolvimento.

Aredução[...]davulnerabilidadee,nofinal,dorisco,nasociedadee a opção de reduzir os futuros danos associados com o impacto de diversos fenômenos físicos de origem natural ou antropogênica, cons-tituiumelementofundamentaleumdosfatoresquedeveriamdefiniro“desenvolvimento”.Dificilmentesepoderápensaremdesenvolvi-mento se isso se acompanha por um aumento dos níveis de risco na sociedade e, em consequência, das possibilidades de danos e perdas paraapopulação(LAVELL,s.d,p.1)[traduçãoprópria].

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

28

Page 29: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

AdeclaraçãofinaldaConferênciadasNaçõesUnidasparaoDesenvol-vimentoSustentável(ONU,2012)realizadanoRiodeJaneiroem2012,edenominada “o futuro que queremos”, assume um sentido similar, apelan-do para a redução de risco de desastres (rrd) e para a construção da resiliência, além de salientar sua relevância na irradicação da pobreza e na construçãododesenvolvimentosustentável.o global assessment report of disaster risk reduction de 2015 é claro ao acentuar:

que os desastres têm sido interpretados como ameaçando o desen-volvimento pelo lado de fora. em resultado disso, a geração de riscos de desastres no interior do processo de desenvolvimento não tem sido devidamente considerada. (unisdr, 2015, p. 23).

Emseurelatóriode2015,aUNISDRcitacomoexemplos,entreoutros,ocasodotsunaminoSudoesteAsiáticonofinalde2004eoocorridoemnew orleans com furacão Katrina em 2005, e conclui que:

Contudo,emmuitoscontextos,areduçãodoriscodedesastrestemsido abordada com base na interpretação do desastre como dis-as-trum,maiscomoumasériedepráticascontraameaçasexógenasdoquepráticasparaprevenireevitarageraçãoeacumulaçãoderiscosdentro do processo de desenvolvimento. esta interpretação permeou einfluenciouapráticadegestãoderiscodedesastresesuaeficácianoatingimentodosobjetivosdapolíticadereduçãoderiscodedesastres.(UNISDR,2015,p.26).

Assim,ofatodeexistirumarelaçãointrínsecaentredesastresecerto(s)modelos(s)ouopçõesdedesenvolvimento,éhojegeneralizadamentere-conhecido,comojásereferiu,aosmaisaltosníveisderepresentatividadenacionale internacional. Infelizmente, issonãosignificaqueessereconhe-cimentosetraduzaemumamudançaefetivadomodelooudasopçõesdedesenvolvimento.

apesar de todo o discurso, muitas vezes somente retórico do desen-volvimentosustentável,asopçõesepráticasdedesenvolvimentocontinu-amsendo, frequentemente, insustentáveis.Existeumarealdificuldadedemanterpráticasconsistentesecontinuadasquesedistanciemdomodelodedesenvolvimento dominante, imposto por grandes interesses econômicos. o paradigma central do desenvolvimento continua centrado na ideia de que énecessárioepossívelpromoverumcontínuocrescimentoeconômico,ouseja, produzir sempremais emais riqueza,mesmo se já vem sendo ine-

quivocamente demonstrado que, na maioria dos casos, a criação de mais riqueza não correspondeu a uma melhor distribuição, mas antes ao reforço dopatrimôniodos ricos (PIKETTY,2015).Associada aosdesastresexisteuma indústria que, na lógica do paradigma dominante, tenta sobreviver pelo queestámais interessadanarespostaaosdesastresdoquenoevitardosmesmos.

Da estiagem como fenômeno climático à estiagem como desastre

Doqueatrásfoidito,resultaclaroqueaabordagemdaestiagem,comolhardeProteçãoeDefesaCivilsignifica,antesdomais,olhá-lacomoumproblemasistêmicoecomplexo,exigindocuidadonoplanejamentoeambi-ciosa articulação de políticas. a consideração de um sistema de Prevenção e Promoção da resiliência face à estiagem é, inevitavelmente, um sistema quetemcomoobjetivoapromoçãodoequilíbriodinâmicodoestoquedeáguadequalidadedisponívelparaacomunidadeesuasatividadesaolongode todo o ano no oeste Catarinense.

Torna-senecessárioeseráfeitooestabelecimentoderelaçõesmaiscla-rasentreaestiagemcomofenômenoclimático(ameaça)eaestiagemcomodesastre,mediadapelaexistênciadevulnerabilidadesassociadasaomodusvivendi noOesteCatarinense e pela existência ou ausência e eficácia ouineficácia demedidaspreventivas ede resiliência.Atéqueponto a estia-gemcomofenômenoclimáticosemprecondicionaounãoaestiagemcomodesastree,maisimportantequeisso,ocontrário.Ouseja,atéquepontoocorremdesastresdeestiagemsemocorrênciadeestiagemclimática.Trata--se de algo pressentido na rotina das atividades de Proteção e defesa Civil e dospesquisadoresdaáreaque,contudo,nuncafoiobjetivadaemumestudocientíficonumajanelatemporalrazoavelmenteampla(30anos).Compreen-der se tal relação parece ou não ser temporalmente diferente e, como tal, estar relacionada com certas ocorrências no tipo de vida e tipos de ativida-dessocioeconômicasimplementadaséoutraanáliseaquesedaráatenção.Finalmente,sugerirdiretrizeseaçõesquepossamintegrarumPlanoDiretorde estiagem no oeste Catarinense é uma última e central preocupação com a qual o relatório se encerra.

int

rod

ão

29

Page 30: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Metodologia de elaboração dos mapas

Para elaboração dos mapas presentes no relatório foram utilizados, como Base Cartográfica,dadosvetoriaiserasterdisponibilizadospelosseguintesórgãos:•InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística(IBGE):limitesmunicipais,estaduaisemicrorregiõesnaescala1:250.000,ano2013.

•AgênciaNacionaldasÁguas(ANA):limitesdasbaciaseregiõeshidro-gráficasnaescala1:1.000.000,ano2006.

•UnitedStatesGeologicalSurvey(USGS):ModeloDigitaldeElevação(Mde), proveniente da shuttle radar topography Mission (srtM), re-solução de 30 metros, ano 2014.

OsistemadeprojeçãoadotadofoiaProjeçãoUniversalTransversadeMercator (utM), Fuso 22 s, datum horizontal sirgas 2000, datum ver-tical: imbituba, Meridiano de referência: 51° W. gr., Paralelo de referên-cia: 0°.

o software utilizado para a manipulação dos dados foi o arcMaP da plata-forma arcgis 10.2, da empresa esri, com licenças de propriedade do labo-ratório de geoprocessamento da universidade do estado de santa Catarina (GEOLAB/UDESC).ParaaelaboraçãodosMapasTemáticos,foramutiliza-das fontesdeváriosórgãospúblicos, segundoespecificaçãodoQuadro1apresentado a seguir.

quadro 1. Detalhamento dos mapas temáticos

Título do mapa Órgão/fonte Escala/resolução Ano

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

30

Mapa 01. Principais unidades geológicas serviço geológico do Brasil — CPrM 1:500.000 2014

Mapa 02. hipsométrico USGS/ShuttleRadarTopographyMission—SRTM resolução espacial de 30m 2014

Mapa 03. Principais unidades geomorfológicasAtlasOficialdeSantaCatarina,

SecretariadePlanejamento—SEPLAN1:1.000.000 1986

Mapa 04. Pedológicoempresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária—EMBRAPA

1:250.000 2002

Mapa05.EstaçõesdeDadosMeteorológicoseNormaisOmbrotérmicasMensais1979-2013/mm/°C

dados da própria pesquisa / 2015

Mapa06.LimitesRegiõesHidrográficaseMicrorregiõesInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística—

iBgeagência nacional das águas — ana

1:250.000 1:1.000.000

2013 2016

Mapa07.BaciaseRegiõesHidrográficas agência nacional das águas — ana 1:1.000.000 2006

Mapa08.RedeHidrográfica agência nacional das águas — ana 1:1.000.000 2006

Mapa 09. Municípios integrantes da RegiãoHidrográfica—RH01

InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística—iBge

agência nacional das águas — ana

1:250.000 1:1.000.000

2013 2006

Page 31: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Mapa 01. Principais unidades geológicas serviço geológico do Brasil — CPrM 1:500.000 2014

Mapa 02. hipsométrico USGS/ShuttleRadarTopographyMission—SRTM resolução espacial de 30m 2014

Mapa 03. Principais unidades geomorfológicasAtlasOficialdeSantaCatarina,

SecretariadePlanejamento—SEPLAN1:1.000.000 1986

Mapa 04. Pedológicoempresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária—EMBRAPA

1:250.000 2002

Mapa 10. Municípios integrantes da RegiãoHidrográfica—RH02

InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística—iBge

agência nacional das águas — ana

1:250.000 1:1.000.000

2013 2006

Mapa 11. Municípios integrantes da RegiãoHidrográfica—RH03

InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística—iBge

agência nacional das águas — ana

1:250.000 1:1.000.000

20132006

Mapa12.DisponibilidadeHídricaporRegiãoHidrográfica—VazõesMédiasdeLongoTermo—Qmlt(m2/s)

PlanodeDesenvolvimentoSustentáveldaBaciado rio uruguai (Bid)

/ 2008

int

rod

ão

31

Mapa13.DisponibilidadeHídricaSuperficialporBaciaHidrográfica—ValoresdeReferênciaQ90%,Q7,10

(m2/s)

Panorama dos recursos hídricos de sC (sds)

/ 2006

Mapa 14. aquíferosCarta hidrogeológica de santa Catarina —

serviço geológico do Brasil — CPrM1:500.000 2013

Mapa 15. Poços Perfurados registrados no siagasSistemadeInformaçõesdeÁguasSubterrâneas

— (siagas) — CPrM/ 2011

Mapa16.DemandasHídricasporRegiãoHidrográficaPlanodeDesenvolvimentoSustentáveldaBacia

do rio uruguai (Bid)/ 2008

Page 32: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Mapa 17. Índice de Criticidade recursos hídricos Superficiais—ICRH

Panorama dos recursos hídricos de sC (sds) / 2006

Mapa 18. uso e ocupação da terra Fundação do Meio ambiente — FatMa 1:50.000 2007

Mapa 19. População total (urbana e rural) e DensidadeDemográfica

CensoDemográficodoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística—IBGE

/ 2010

Mapa 20. População total — urbana e rural (2010) –DensidadeDemográfica(2010)eCrescimentoRelativo

por Microrregião (2000-2010)

CensoDemográficodoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística—IBGE

/ 2010

Mapa 21. Fontes de abastecimento de água nos domicílios por Microrregião (2010)

CensoDemográficodoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística—IBGE

/ 2010

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

32

Mapa 22. demanda de água urbana, Prestadoras de serviços e situação do sistema (2015)

atlas de abastecimento urbano de agua, agência nacional de águas — ana / acesso 2015

Mapa 23. Composição setorial do PiB por MunicípioCensoDemográficodoInstitutoBrasileirode

GeografiaeEstatística—IBGE/ 2010

Mapa 24. trabalhadores por atividade econômica por Microrregião

Ministério do trabalho, rais / 2011

Mapa25.QuantidadeProduzidadeSoja(Toneladas)por Município

Produção agrícola Municipal, instituto Brasileiro deGeografiaeEstatística—IBGE

/ 2013

Page 33: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Mapa26.QuantidadeProduzidadeMilho(Toneladas)por Município

Produção agrícola Municipal, instituto Brasileiro deGeografiaeEstatística—IBGE

/ 2013

Mapa27.QuantidadeProduzidadeFeijão(Toneladas)por Município

Produção agrícola Municipal, instituto Brasileiro deGeografiaeEstatística—IBGE

/ 2013

Mapa 28. rebanho de suínos 2013 por MunicípioProduçãoPecuáriaMunicipal,Instituto

BrasileirodeGeografiaeEstatística—IBGE/ 2013

Mapa29.Galináceos2013porMunicípioProduçãoPecuáriaMunicipal,Instituto

BrasileirodeGeografiaeEstatística—IBGE/ 2013

Mapa 30. rebanho de Bovinos 2013 por MunicípioProduçãoPecuáriaMunicipal,Instituto

BrasileirodeGeografiaeEstatística—IBGE/ 2013

int

rod

ão

33

Mapa 31. vacas ordenadas 2013 por MunicípioProduçãoPecuáriaMunicipal,Instituto

BrasileirodeGeografiaeEstatística—IBGE/ 2013

Mapa 32. geração de energia hidroelétricaSistemadeInformaçõesGeorreferenciadasdoSetorElétrico—SIGEL/AgênciaNacionalde

energia elétrica / 2015

Mapa 33. ocorrências de registros de desastres do tipo estiagem por Município 1970-2012

SistemaIntegradodeInformaçõesSobredesastres — s2id

/ 2012

Fonte: elaboração própria.

Page 34: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

CApíTuLO I

enquadraMento geolÓgiCo, geoMorFolÓgiCo e PedolÓgiCoJairo ValdatiMaria Paula Casagrande MarimonMariane Alves Dal Santo

Muitas vezes a disponibilidade hídrica é tratada como, somente, uma questãoderecursoshídricos,ouseja,comoexistênciaounãodeáguassu-perficiaisesubterrâneasparauso.Contudo,adisponibilidadehídricaécon-dicionada por diversos fatores do meio físico. um dos principais é de natu-rezaclimáticaerelaciona-secomacirculaçãoatmosférica,queestabeleceoregimepluviométricoeque,porissomesmo,estátambémdiretamenterelacionada coma seca/estiagemclimática.Mas, uma vez que a água daschuvas atinge a superfície, sua circulação, conservaçãoe/ouperdaé con-dicionada a outros aspectos do meio físico, entre os quais o tipo de rocha (geologia), o tipo de relevo (geomorfologia) e o tipo de solo (pedologia).

Esterelatórioteminício,exatamente,pelosaspectosrelacionadoscomas rochas, as formas do terreno e os tipos de solo. uma detalhada compre-ensãodocondicionamentoexercidoporessabasefísica,sósetornapossívela uma escala de estudo com algum detalhamento (nível microrregional e municipale,até,submunicipal).Comonãoexistemdadosdisponíveiscomesseníveldedetalhenãoserápossívelestabelecerimplicaçõespormenori-zadas entre aspectos geológicos, geomorfológicos e pedológicos, por um lado e, disponibilidade hídrica e estiagem, por outro. Contudo, atendendo a certa homogeneidade na grande maioria de mesorregião, torna-se possível debater as tendências que marcam a maneira como as rochas, as formas do terreno e os solos podem condicionar a disponibilidade hídrica, em especial, quandoconsideradoseminteraçãocomoutrosfatores,especificamente,deordemclimáticaehidrológica.

1. GEOLOGIA

os dados geológicos disponíveis estão mapeados pelo serviço geológico doBrasil(CPRM)naescalade1:500.000.Nãoexistem,assim,dadoscomodetalhamentonecessárioaumaanálisedenívelmicrorregional(e,claro,muito menos, municipal). trata-se, somente, de um sintético enquadramen-to geológico, que permite compreender o tipo de substrato geológico geral damesorregião.Comoseveráemtermosmacroanalíticosexistecertaho-mogeneidade geológica.

1.1. Domínios geológicos de Santa Catarina

santa Catarina é formada por cinco grandes domínios geológicos (Mari-Mon et al, 2014):•EmbasamentoCristalino.•CoberturasVulcanossedimentaresdotipoforeland.•BaciadoParaná(coberturasedimentarGondwânicaerochasefusivas

do grupo serra geral).•MagmatismoAlcalinoSubsaturado.•CoberturaSedimentardoCenozoico.

OGrupoSerraGeralrecobreaproximadamente52%daáreadoestadocatarinenseefisiograficamenteconstituiafeiçãoplanaltocatarinense,comaaltitudemédiaemtornode850metros,cujorelevomergulhasuavementeparaoeste.Nooestedoestado,nasproximidadesdomunicípiodeVargeão,háumaestruturacircularcomlineaçõesconcêntricas,chamadadeDomodo vargeão.Naáreadeestudopredominamasrochasefusivas,pertencentesaoGru-

poSerraGeral,queconstituemotopodasequênciaestratigráficadaBaciaSedimentardoParanánoestadodeSantaCatarina.Taisrochassãoresultan-tesdasolidificaçãodesucessivosderramesdelavas,originadospelaaberturado oceano atlântico no período Mesozóico. vale destacar, contudo, a ocor-rência de duas sequências distintas: a)Umabásica,representadaporbasaltosefenobasaltos,quedominamna

base; b)Outraácida,representadaporriolitos,riodacitosedacitos,posiciona-

dos no topo do grupo.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

34

Page 35: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

i

35

ÉpossívelaindadestacarquenoOesteCatarinenseasequênciabásicaédominante,abrangendoemtornode80%daáreadeexposiçãodoGrupoSerraGeral.OGrupo SerraGeral está subdividido em várias formaçõesgeológicas,queaparecemidentificadasnoMapa01(p.36)e,emseguida,descritas brevemente.

1.2. Formações geológicas do Grupo Serra Geral

1.2.1. Formação Campo erê

Ocorrenaregiãonoroestedaáreadeestudo,no limiteentreosesta-dosdeSantaCatarinaeParaná.Petrograficamente,aformaçãoCampoErêéconstituídaporbasaltosgranularesfinosamédios,melanocráticoscinza,comhorizontesvesicularespreenchidosporzeolitas,carbonatos,apofilitas,saponita.Registra-sequeaestruturadefluxoepahoehoesãocomuns.

1.2.2. Formação Cordilheira alta

Éconstituídaporbasaltosdegranulaçãofina,melanocráticos,apresentamespessos horizontes vesiculares com preenchimento de quartzo (ametista), zeolitas, carbonatos, celadonita, cobre nativo e barita. destaca-se que a for-maçãoCordilheiraAlta,compreendeumadasmaioresjazidasdeametistado estado de santa Catarina.

1.2.3. Formação Palmas

Écompostaporrochasdecomposiçãointermediáriaaácida,riodacitosariolitos,mesocráticos,microgranularesavitrofíricas.Apresentatexturaes-ferulíticacomum(tipocarijó),fortedisjunçãotabularnotopodosderramesemaciçonaporçãocentral,dobrasdefluxoeautobrechassãofrequentes.Asvesículassãopreenchidasporcalcedôniaeágata.

1.2.4. Formação Chapecó

Essaformaçãocorrespondearochasácidasvariandoentreriolitoserio-dacitos, matriz vitrofírica que contém pórfiros de feldspatos.Ocorre docentroparaonortedaáreadepesquisaenamaioriadasvezesencontra-seassentada sobre basaltos.

1.2.5. Formação Campos novos

Écompostadebasaltosmicrogranulares, texturamicrogranular, domi-nantemente pretos. nessa formação são comuns vesículas mili a centrimé-tricaspreenchidasporopalapretaeágua.Eventualpresençadecobrenati-vo,comalteraçãoamarelada(jarosita)característica.

1.2.6.FormaçãoParanapanema

Está localizadanaporçãocentraldaárea.Écompostaporbasaltosmi-crogranularescinza,comalteraçãoaolongodasdisjunçõesparavermelhoamarronzado, horizontes vesiculares espessos preenchidos por quartzo (ametista), zeolitas, carbonatos, cobre nativo e celadonita e barita.

1.2.7. Formação gramado

Essaformaçãoéconstituídaporderramesbasálticos,ondeprevalecemasformasdelóbulos,melanocráticoscinzas,horizontevesicularespessoeabun-dante,compredomíniodezeolitas,carbonatos,apofilitas,saponitas.Sãoco-munsasestruturasdefluxoepahoehoe.Apresentafrequentesintercalaçõescomrochassedimentareseólicas(intertrápicas)daFormaçãoBotucatu.

1.2.8. Coberturas sedimentares do Cenozoico

Naregiãoestãorepresentadosporsedimentosfluviaisqueformampla-nícies de fundo de vale. esses depósitos possuem morfologia plana e vegeta-ção características, seguidamente recortam depósitos mais antigos, eviden-ciandoqueestãogeneticamenteligadosaumabaixamentodoníveldebasedeerosãonoQuaternário.Sãoconstituídosporareias,argilas,cascalhoematerial síltico-argiloso, distribuindo-se desde os materiais mais grosseiros próximosàsnascentesdoscursosd’águaatéosmaisfinosquepredominamnas planícies de inundação.

Emtermosderecursosminerais,asprincipaisjazidassãoáguamineral,ametista, basalto e argila vermelha. o cobre e manganês constituem ocor-rências minerais pontuais (santa Catarina, 1991).

AscaracterísticasdaslitologiasquecompõemoGrupoSerraGeralde-finemocomportamentodosaquíferosregionais.Aestruturadesenvolvida

Page 36: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

36

Page 37: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

i

37

peloresfriamentodosderrames,equenasdiversasformaçõesgeológicasapresentadiferenças,determina a circulaçãodas águas subterrâneas.Nasdisjunçõescolunaresaságuasde infiltraçãotêmmovimentoverticalenasdisjunçõeshorizontaisezonasvesicularesaságuasseacumulamealterammaisintensamentearocha.Osprincipaisreservatóriosdaságuassubterrâ-neasdoaquíferofraturadoSerraGeralsãoencontradosjuntoaossistemasde falhamentos regionais. essas estruturas também condicionam o desen-volvimentodoscanaisfluviaisdaregião.

2. GEOMORfOLOGIA

a geomorfologia é a ciência que estuda a evolução das formas de relevo, seus condicionantes e processos de formação. os estudos geomorfológicos podem ser realizados em diferentes escalas de trabalho, sendo que quanto maiorforaescala,maisdetalheeprofundidadedeanálisesãoexigidos.Esteestudo trabalha com a escala regional e toma por base dados disponíveis mapeados a uma escala de 1:1.000.000. assim, são apresentados somen-te os principais compartimentos de relevo, não atingindo níveis de detalhe. Porcompartimentoentende-seregiõesqueapresentamformasderelevohomogêneas entre si e que apresentam certos processos modeladores em comum, assim como uma litologia e estrutura geológica particular.

Aformaçãoderelevosdiversificados—ecomissoaformaçãodepaisa-gens particulares no estado de santa Catarina — deve-se à ação dos agentes modeladoresexternossobrevariadostiposderochasedeestruturasgeo-lógicas. essas formas de relevo podem ser agrupadas em grandes comparti-mentos,osquaissãodefinidosapartirdediferentescritérios,comotipodemodelado(deacumulaçãoe/oudedissecação),níveltopográfico,aspectosgeológicos e agentes modeladores.

de acordo com o Mapa geomorfológico de santa Catarina (gaPlan, 1986)osrios,agravidadeeachuvanointeriordoestadosãoosprincipaisresponsáveispelaesculturaçãodorelevoapartirdediferentesrochasees-truturas geológicas. assim, no oeste Catarinense, para além da serra geral, o relevo émenos dissecado, com algumas exceções nos vales do rio doPeixe,Jacutinga,Chapecó,enteoutros.

os compartimentos de relevo aqui considerados seguem os do atlas deSantaCatarina (GAPLAN,1986),oqual foielaboradopelos técnicos

doProjetoRadam-Brasilapartirdaanálisedeimagensderadar,devisitasa campoede consultas bibliográficas.Cada compartimento é umagru-pamento de formas compatível com a escala do mapa. Portanto, são, em si,regiõesderelevoenãoformasderelevo.Asformasderelevosãoaselevações(morros,montanhas,colinas),osvales,asplanícies,oscamposdedunas,osterraçosmarinhosoufluviais,ascuestas,asescarpas,entretantas outras. TambémconformeoAtlasdeSantaCatarina(GAPLAN,1986),asprin-

cipais unidades geomorfológicas presentes no estado de santa Catarina são: Planícies Costeiras, Planícies Fluviais, serra geral, serras do leste Ca-tarinense, Serra doMar, Patamar deMafra, Patamares doAltoRio Itajaí,Patamaresda SerraGeral, PlanaltoDissecadodoRio Iguaçu/RioUruguai,Planalto dos Campos gerais, Planalto de lages, Planalto de são Bento do sul e depressão da Zona Carbonífera Catarinense.

dentre as unidades citadas, estão presentes no oeste do estado a do Pla-naltodosCamposGeraiseadoPlanaltoDissecadoRioIguaçu/RioUruguai,os quais estão descritos a seguir.

2.1. Unidades geomorfológicas do Oeste Catarinense

2.1.1. Planalto dos Campos gerais

DaescarpadaSerraGeralparaoesteocorreoafloramentodosderramesderochas efusivas originados na separação dos continentes sul-americano e africa-no,naeraMesozóica.Estesderramesinicialmentetinhamcaráterbásico(pobreem sílica) formando basaltos, contudo, os últimos derrames tinham lavas com maissílicaemsuacomposiçãogerandorochasdotipointermediárioaácido.

OsPlanaltosdosCamposGeraissãoaspartesmenosdissecadas,ouseja,mais preservadas, as que sofreram menor ação dos agentes erosivos e de consequênciadaaçãofluvial.Dessemodo,esseplanaltoapresentapartesmais escavadas pelos rios e partes com superfícies mais elevadas e pouco dissecadas pelas drenagens que podem ser visualizadas no Mapa 02 (p. 38) representadaspelasáreasdealtahipsometria.

o planalto dos Campos gerais não é, pois, um bloco único, mas sim um conjunto de blocosmenores separados pelos valesmuito amplos eprofundosdosriosCanoas,Pelotas,Uruguaieseusafluentes.Asporções

Page 38: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

38

Page 39: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

i

39

mais importantes deste planalto são o Planalto de são Joaquim, o Planalto de Palmas, o Planalto de Capanema, o Planalto de Campos novos e o Planalto de Chapecó. as maiores altitudes são de cerca de 1.220 metros, diminuindo gradativamente para sudoeste, na região de Chapecó, com aproximadamente600metrosdealtitude.Elesegueocaimentoregional,de leste para sudoeste.

NoPlanaltodosCamposGeraisexistemmuitostrechosderiosquese-guem as linhas de fraturas e falhas, sendo a densidade de drenagem alta, mas de vales pouco escavados. os leitos dos rios são geralmente rochosos e as planíciesfluviaispoucodesenvolvidas.Osleitosrochososcontribuemparaa ocorrência de muitos saltos e corredeiras nessa unidade geomorfológica.

2.1.2.PlanaltoDissecadoRioIguaçu/RioUruguai

Aselevaçõesdesseplanaltoapresentam-senaformademorrosemon-tanhas com topos planos, seguindo a estrutura dos derrames de lava. em alguns locais são mais estreitos por causa da grande densidade de drenagem. também podem ocorrer divisores em crista quando se estabelecem em an-tigos lineamentos estruturais, como é caso das serras do irani, do gregório, do Chapecó.

esse compartimento agrupa as partes dos terrenos de derrames de la-vas mais erodidas pelos numerosos rios das bacias do uruguai e do iguaçu, quetambémpodemservisualizadasnoMapa02(p.24),nasáreasdebaixadeclividade.OsafluentesdamargemdireitadorioUruguaisãoosgrandesresponsáveispeladissecaçãodessecompartimento,comooCanoas,oPei-xe,oIrani,oChapecó,oJacutingaeoPeperi-Guaçu.Asaltitudespodemirdos1.800metrosjuntodaescarpadaSerraGeral

emUrubici,aleste,até176metrosnofundodovaledorioUruguai,asu-doeste.Contudoasaltitudesmédiasficamemtornodos900ou600metros(maispróximodo rioPelotas edo rioUruguai).As encostas apresentampatamares estruturais bem marcados modelados em rochas com diferentes resistências ao intemperismo e à erosão, que são atravessadas pelos rios no seu trabalho de escavar os vales.

Osvalesdos rios sãoprofundos, encaixadose sinuosos, seguindo, emmuitoscasos,linhasdefalhase/oufraturasgeológicas.Umafeiçãocomumao longo dos rios Pelotas e uruguai são os meandros estruturais, os quais se diferenciam dos meandros de planície por serem esculpidos em rochas

e não em sedimentos. esses rios instalaram-se em uma rede de fraturas re-tangular, provavelmente fraturas de resfriamento do basalto. dessa forma, o leito segue por uma fratura até que encontra um local de cruzamento delas e segue por outra que tem direção ortogonal à primeira.

este processo vai construindo uma série de voltas no rio, o qual apro-funda seu leito. os leitos dos rios são rochosos ou contêm depósitos de se-dimentoscompoucaespessura.Hámuitascorredeiras,saltosecachoeirasnesse compartimento de relevo. Peluso Júnior (1991) cita casos de quedas d’água(cachoeiras)ecorredeirasemdiferenteszonasdeconsolidaçãodobasaltonooestedeSantaCatarina.Estasfeiçõesrepresentamníveisdebaselocais para os processos de erosão e sedimentação dos rios.

no Mapa das unidades geomorfológicas (Mapa 03, p. 40) nota-se o pre-domínio da unidade geomorfológica denominada de Planalto dissecado do RioIguaçu/Uruguai.Essaunidadederelevoapresentatambémasmenoresaltitudes,poisorelevoapresenta-semaisdissecado.Jáaunidadegeomorfo-lógicaPlanaltodosCamposGeraisocupamenoráreadaregiãooesteeestárepresentadapelasáreasdoplanaltomaiselevadas,ouseja,quesofrerammenor desgaste ao longo do tempo.

no que tange às estiagens o estudo geomorfológico demonstra que, de modogeral,naunidadePlanaltoDissecadoRioIguaçu/RioUruguaiexistemsolos mais desenvolvidos e, consequentemente, com mais capacidade de retençãodaáguadoquenaunidadePlanaltodosCamposGerais.Poroutrolado é nesta unidade que ocorre o maior uso do solo com atividades agríco-las,aumentandoademandadeágua.Nessesentido,umacompreensãomaisdetalhada sobreas condicionanteseosmecanismosde retençãoda águanos diferentes tipos de solos exigiria a realização de estudos específicos,principalmenteemescaladedetalhe.Mas,aofalardisto,jáseestáfalando,também,dequestõespedológicas.

Page 40: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

40

Page 41: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

i

41

3. PEDOLOGIA

Agênesedossolosestádiretamenterelacionadaàgeologia,aorelevoeaoclima,comaparticipaçãodosseresvivosqueacabamdefinindo,emumarranjoespacial,asunidadespedológicas.Aáreadeestudoconstitui-sepe-lostiposdesoloscujascaracterísticassãoapresentadasnasequência.Maisuma vez, trabalha-se com dados disponíveis na escala de 1:500.000.

3.1. Tipos de solo no Oeste Catarinense

3.1.1.Cambissolo(háplicoehúmico)

este grupo engloba solos constituídos por material mineral, com horizon-teBclaramentedefinido.Devidoàheterogeneidadedomaterialdeorigem,das formasde relevoedascondiçõesclimáticas, ascaracterísticasdessessolos variam muito de um local para outro. apresentam espessura no míni-mo mediana (50-100 cm de profundidade) e sem restrição de drenagem, em relevopoucomovimentado,eutróficosoudistróficos.Quandosituadoemplaníciesaluviaisestãosujeitosainundaçõesque,sefrequentesedemédiaa longa duração, são fatores limitantes ao pleno uso agrícola desses solos.

3.1.2. latossolo bruno

Soloqueocorre,principalmente,nasáreaselevadasdosplanaltosdosuldoBrasil, onde a altitude supera 800 metros (clima subtropical). apresenta cores amarelas avermelhadas com enriquecimento de matéria orgânica na superfície. Emgeral,éargilosoemuitoargiloso,derivadoderochasbasálticaseriodacíticasapresentandohorizonteA(superficial),relativamenteescuro,ocorrendosobre-jacenteaohorizontedecorbrunada.Porserprofundoemuitoporosoemcon-diçõesnaturais,nãoapresentalimitaçãofísicaaodesenvolvimentoradicularemprofundidade.Noentanto,estesolopossuibaixopotencialnutricionaleteoresde alumínio em profundidade, que podem afetar o enraizamento. esta limitação éagravadadevidoàbaixaquantidadedeáguadisponívelàsplantas.

3.1.3. latossolo vermelho

TipodesolocomhorizonteB,baixacapacidadedepermutadecátions,baixarelaçãotexturalB/A,baixosconteúdosdesilteealtograudeintempe-

rismo.Apresentacoloraçãotipicamenteavermelhada.Atexturapodevariardesde média até muito argilosa, ocorrendo em relevo suave ondulado. ge-ralmenteéálicoedistrófico,maspodemserencontradasáreasdelatossoloseutróficos,principalmente.Noentanto,essetipodesolopossuibaixopo-tencialnutricionaleteoresdequandosedesenvolvemderochacalcáriaoudearenitoscomcimentaçãocalcária.

3.1.4. neossolo litólico

grupo que incluiu solos poucos desenvolvidos, rasos, sem a presença de água,apresentandohorizonteAdiretamentesobrearochaouhorizonteCdepequena espessura (semhorizonteB). É, normalmente, pedregosoe/ourochoso,moderadaaexcessivamentedrenadocomhorizonteApoucoespesso,cascalhento,detexturapredominantementemédia,podendotam-bémocorrersolosdetexturaarenosa,siltosaouargilosa.Podeserdistróficooueutrófico,ocorrendogeralmenteemáreasderelevosuavementeondu-lado a montanhoso, apresenta poucas alternativas de uso por se tratar de solo raso ou muito raso e usualmente rochoso e pedregoso.

3.1.5.Nitossolo(háplicoevermelho)

CompreendesolosmineraiscomBtextural,nãohidromórfico,comele-vadasaturaçãoporbases,baixasaturaçãoporalumínioebaixacapacidadedetrocadecátions.Afertilidadenaturalédemédiaaaltacombaixaexigên-cia do uso de fertilizantes e corretivos.

3.1.6.Organossolo

Englobasolosprovenientesdematerialorigináriodenaturezapredomi-nantementeorgânica.DefinidopeloSiBCS(EMBRAPA,2006)comoapre-sentando horizontes de constituição orgânica (h ou o) de coloração preta, cinzenta muito escura ou brunada e, com grande proporção de resíduos vegetais em grau variado de decomposição, que pode sobrepor-se ou estar entremeadoporhorizontesoucamadasmineraisdeespessurasvariáveis.Usualmente,éumsolofortementeácido,comaltacapacidadedetrocadecátionsebaixasaturaçãoporbases(distróficos)e,porvezes,comteordealumínioelevado.Verificam-se,noentanto,esporádicasocorrênciasdesa-turaçãomédiaoualta(eutróficos).Podeapresentarhorizontesulfúrico,ma-teriaissulfídricos,carátersálico,propriedadesódicaousolódica,podendo

Page 42: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

estar recoberto por deposição pouco espessa (menor do que 40 cm de espessura) de uma camada de material mineral.

no Mapa Pedológico da Mesorregião oeste de santa Catarina (Mapa 04, p.43)notam-seextensasáreasdecambissolo intercaladascomoutras ti-pologiasdesolos,principalmenteolatossolo.Asáreasocupadasporessestipos de solos são muito usadas para cultivos agrícolas por possuírem um bom desenvolvimento vertical, com horizontes bem desenvolvidos e boa drenageme,principalmente,porestaremsituadosemáreasderelevopou-co movimentado.

tanto as formas e depósitos gerados a partir dos processos geomorfoló-gicos, como os aspectos relativos à formação dos solos dependem do ma-terialdeorigemeestãoestreitamenteligadosàquantidadeeaçãodaáguanadesagregaçãoenotransportedepartículasnointeriordoperfildesolo.Aestruturadosolo,porseuturno,podearmazenarmaisoumenoságuadeacordo com sua porosidade, formando assim um sistema de interdependên-cia.Éaáguaqueinfiltraque,potencialmente,podeserusadacomorecursoparaoabastecimentohumanoeusoagrícola,umavezqueestaficaarmaze-nada naturalmente no solo e pode ser usada gradualmente dependendo da demanda.

Aalteraçãoaolongodotempodosubstratorochosofornecerámaterialpara ser erodido, transportado e depositado pelos processos geomorfológi-cos. a alteração deste material rochoso, iniciado com o processo de intem-perismo,imprimeaosolocaracterísticasespecíficasherdadasdacomposiçãodas rochas. tanto os processos geomorfológicos, quanto os pedogenéticos dependemdapresençade águapara seudesenvolvimento,portanto, emescala de detalhe, as características pedológicas e geomorfológicas estão in-timamenteatreladasàquantidadedeáguaqueasuperfícieaelesinteressadarecebe.

no que tange às estiagens o estudo geomorfológico demonstra que, de modogeral,naunidadePlanaltoDissecadoRioIguaçu/RioUruguai(queéaunidadelargamentedominante,comojáseverificounomapadeUnidadesGeomorfológicas,Mapa03)existemsolosmaisdesenvolvidose,consequen-temente,commaiscapacidadederetençãodaáguadoquenaunidadePla-nalto dos Campos gerais.

o Mapa Pedológico da Mesorregião oeste de santa Catarina (Mapa 04, p.43)evidenciaapresençadeextensasáreasdecambissolos intercaladas

comoutrastipologiasdesolos,principalmenteoslatossolos.Asáreasocu-padas por esses tipos de solos são muito usadas para cultivos agrícolas por possuírem um bom desenvolvimento vertical, com horizontes bem desen-volvidoseboadrenageme,principalmente,porestaremsituadosemáreasderelevopoucomovimentado.Issosignificaque,namaiorpartedamesor-região, predomina uma combinação geomorfológica e pedológica de solos desenvolvidos,teoricamente,comboacapacidadederetençãodeágua.

Por outro lado, é na referida unidade e nos tipos de solo citados que ocorre o maior uso da terra com atividades agrícolas, o que aumenta a de-mandadeágua.Aomesmotempo,práticas inadequadasdeexploraçãoeusovãoafetandoacapacidadederetençãodeágua.Acompreensãomaisdetalhadasobreascondicionanteseosmecanismosderetençãodaáguanosdiferentestiposdesolosexigearealizaçãodeestudosespecíficos,principal-mente em escala de detalhe.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

42

Page 43: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

i

43

Page 44: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

CApíTuLO II

CliMa, estiageM CliMátiCa e Meses seCosMaurici MonteiroPâmela do Vale Silva

Estecapítulotemoobjetivodecaracterizarain-fluênciadasmassasdearedossistemasmeteoroló-gicos de mesoescala e de escala sinótica na mesorre-gião oeste; caracterizar as normais climatológicas de precipitaçãoetemperatura;identificarosepisódiosde estiagem, meses secos e quinzenas secas; e iden-tificar,estatisticamente,arelaçãodaprecipitaçãoetemperatura com o el nino oscilação sul (enos), OscilaçãoDecadaldoPacífico (ODP), eOscilaçãoAntártica (OA). A identificação de períodos secosfoiincluídanaanáliseparaaproximaroscritériosdoMinistério da integração nacional (Castro et al, 2003) de caracterização da ocorrência do fenômeno com os preceitos climatológicos, especialmente da bioclimatologia e da climatologia dinâmica.

a organização Mundial de Meteorologia (oMM) recomenda que o período de dados utilizados para finsdeestudosclimáticostenha,nomínimo,30anos.seguindo a recomendação dessa organização que, aliás, correspondeaoescopo temporaldesde iníciodefinidoparao trabalho acordado coma SDC-SC,procurou-se obter os dados de estaçõesmeteoro-lógicas, junto da EPAGRI/CIRAM. Um conjunto dedificuldadesdenaturezaburocrático-formal(járefe-ridas)pareceterdificultadoeacabadoporinviabilizaracessãodessesdados.Paraultrapassartaldificuldade,foinecessárioutilizarosistemadereanáliseparaob-tenção de dados de temperatura e precipitação.

descrevem-se, em seguida, os procedimentos metodológicos adotados.

1. METODOLOGIA DE PRODUÇÃO DOS DADOS CLIMATOLÓGICOS

Osdadostrabalhadosnestecapítulosãoreferentesaoperíododejaneirode1979adezembrode2013esãoprovenientesdedezessetepontosaproximadamenteequidistantes,demaneiraaabran-geravariaçãoclimáticaespacialdamesorregiãoOesteCatarinense.NoQuadro2está indicadaalocalizaçãodospontos(coordenadasgeográficas,microrregiõesemunicípios).

Fonte: elaboração própria.

quadro 2. Municípios de origem dos dados meteorológicos

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

44

Page 45: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

45

Osúnicosdadosdeestaçõesmeteorológicasutilizadossãodaprecipita-çãodoperíododejunhode2011adezembrode2012,referentesàáreadeinfluênciadaUsinaHidrelétrica(UH)FozdoChapecó,contemplandoasestaçõeslocalizadasnosmunicípiosdeCaibieChapecóemSantaCatarinaede nonoai e alpestre no rio grande do sul.

Como já se referiu na Introdução, os critérios oficiais da SEDEC/MI(CASTROetal,2003)sobrefenômenosassociadosàinsuficiênciadepre-cipitações, a ocorrência de estiagemé caracterizada pelo atraso da tem-porada chuvosa em mais de 15 dias e pela redução da precipitação mensal emaomenos60%emrelaçãoàsnormaisclimatológicas;enquantoqueaocorrência da seca é caracterizada pelos mesmos critérios que a estiagem, mas com efeitos prolongados, com ocorrência de “ruptura do metabolismo hidrológico” (Castro et al, 2003, p.59) de maneira que sua duração deve ultrapassar um mês consecutivo.Considerandoasestaçõesdoano,atemporadachuvosanamesorregião

oeste inicia-se na primavera, durante o mês de setembro, o qual foi anali-sadoemrelaçãoaoatrasoplenodasprecipitações.Jáosmeseschuvosos,estendem-se de setembro a fevereiro, abrangendo a primavera e o verão. Essesmesesforamanalisadosemrelaçãoàreduçãodasprecipitaçõesabaixoouiguala60%dasnormaisclimatológicasmensais.

Nestecapítulo,referenteàcaraterizaçãodosfatoresclimáticoscondicio-nantes de estiagem na mesorregião oeste Catarinense, entre 1979 e 2013, quando a designação “estiagem” é utilizada, refere-se sempre à “estiagem climática(EC)”.Semprequeaintençãoforaludiraumaeventual“estiagemcomodesastre”faz-sereferênciaexplícita.Esteesclarecimentoéimportan-te por tudo o que foi referido na introdução relativamente ao duplo sentido do termo estiagem.

1.1. Obtenção de dados de temperatura e precipitação

Paratrabalharosdadosdetemperaturafoiutilizadoomodelodereanáli-se do eCMWF era-interim (dee, d.P.), devido a sua alta resolução espacial. Para a pluviosidade foi utilizado o Climate Prediction Center — national Centers for environmental Prediction — national oceanic and atmosphe-

ric administration, por ser um produto que combina dados de pluviômetros edesatélites.Paratanto,foinecessáriofazercadastrocomchavedeacessoeexecutarumscript(rotinaoperacionalparacapturarosdados)desenvol-vidonalinguagemdeprogramaçãoPython,definindoquaisvariáveisseriambaixadasdoservidordoECMWF.Essasvariáveis foram:componentesat-mosféricas, área,período, resoluçãoenível.A resoluçãoescolhida foide0.125°x0.125°, comquatrohoráriosde reanálisediários (00,06,12e18UTC),paraavariáveltemperaturaa2metros.Ressalta-seque,essaaltura,corresponde à altura padrão de um sensor de temperatura ou do termôme-tro de um abrigo meteorológico.Osdadosde temperatura foramobtidosdeacordocomas instruções

disponíveis online, com acesso pelo seguinte endereço: http://software.ecmwf.int/wiki/display/WEBAPI/Access+MARS.

Paraotratamento,manipulaçãoeextraçãodosdadosdeprecipitaçãofoinecessárioutilizarpacotesdesoftware Climate data operators (Modali, K.),GridAnalysisandDisplaySystem(DOTY,B.)eLibreOffice,alémdeprogramaçãobásicanalinguagemShellenalinguagemPython.Essesdadosforam disponibilizados no formato general regularly — distributed infor-mation inBinary (GRIB),emgrade,comoacumuladodiário (mm/dia)nohoráriode12UTC.Viascript shell com o comando World Wide Web get (WGET),osdadosforambaixadosdiretamentedoservidorFTP(FileTrans-ferProtocol)doCPC,naresoluçãoespacialde0,50°x0,50°,paraocompu-tador de destino. Posteriormente, na etapa de tratamento dos dados, foi realizada a conversão de formato de griB para network Common data Form(NetCDF),comobjetivoderealizartratamentoestatísticoparagerara média dos acumulados mensais de precipitação, através do software Cdo.

a resolução espacial utilizada foi a que permitiu o maior nível de de-talhamentodas informações,considerandoque foramutilizadosdadosdesatélites.

1.2. Identificação de estiagem, meses secos e quinzenas secas

Paraaidentificaçãodeepisódiosrelacionadoscomabaixadeprecipitaçãoem relação à média foram utilizados dois procedimentos metodológicos. o primeirosegueoscritériosdaSEDEC/MIparaidentificaçãodaestiageme

² Programa livre que propicia o download de dados da web.

Page 46: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

seca; e o segundo segue a proposta bioclimatológica de meses secos de GausseneBagnouls (1953,1957apud.GALVÃO,1967).Paraalémdisso,emtermosabsolutamenteexploratóriosecomosugestãoparafuturasanáli-ses de conceitualização e pesquisas de validação, nomeadamente, no Brasil, adaptou-se a ideia de mês seco a um período quinzenal, esboçando a criação da entidade “quinzenas secas”. Paraanálisedasanomaliasdeprecipitaçãofoirealizadacorrelaçãográfica

eanálisedeimagensdesatéliteedecartassinóticasdetempo.Jáparaesta-tística,foramutilizadosocoeficiente(r)eTestetdeStudent.

na bioclimatologia, a caracterização da ocorrência de períodos secos correlaciona o suprimento de umidade e a resposta das plantas, pois, en-quanto fenômeno físico, a resposta desses períodos pode ser facilmente averiguada nos sistemas ecológicos nativos, especialmente nas plantas por possuíremrápidarespostaàscondiçõesdeumidade.Aumidade,porsuavez,dependedascondiçõesdeprecipitaçãoetemperatura.Quantomaiselevadaatemperatura,maiorseráaevaporaçãodaáguaprovenientedasprecipitações, esteja essa umidade no ar, na superfície do solo ou nelearmazenadae,maiorserátambémaevapotranspiraçãodasplantasedosseres vivos em geral.Considerandooexposto,oprocedimentoescolhidoparaidentificaçãode

períodos secos na mesorregião oeste foi a proposta bioclimatológica de me-sessecosdeGausseneBagnouls,aqualconsideraainfluênciadatemperatu-raeprecipitaçãosobreavegetação,definindoosmesessecoscomoaquelesem que a precipitação acumulada mensal é inferior ou igual ao dobro da temperatura média mensal. Como índice apresenta-se da seguinte maneira:

P < ou = 2xTonde, P= precipitação, e T = temperatura.

Estaclassificaçãobioclimatológicademeses secos tambémé repre-sentada graficamente em diagramas ombrotérmicos, apresentando osmesessecosquandoabarradeprecipitaçãoestáabaixodalinhadetem-peraturamédia,desdequesemantenhaaproporçãonoseixosxeydeP < ou = 2t.Destaca-seaquiqueaclassificaçãodemesessecosdeGausseneBag-

nouls já foi testadanadefiniçãodas regiõesbioclimáticasdoBrasil (gal-vão,1967),eseapresentousatisfatória,oquesejulgaterocorridoporquegaussen e Bagnouls basearam sua proposta em numerosos trabalhos de

ecologia vegetal de diversas partes do globo. de maneira diferente, outros índiceseformulastestadosporGalvão(1967)emterritóriobrasileiro,alémde exigirem dados frequentemente indisponíveis namaior parte do país,apresentaram-se decepcionantes, provavelmente por terem sido estabele-cidos,exclusivamente,paradeterminadasregiões.

realça-se que a adaptação da proposta bioclimatológica de meses secos de gaussen e Bagnouls para períodos quinzenais, é uma hipótese avançada porestapesquisaque,aoquesesabe,aomenosnabibliografiaconhecidae consultada, não foi ainda considerada nem testada. sua consideração (es-pecificamente como fenômeno potencialmente causador de desastres deestiagem)configura-se,portanto,simplesmentecomoumahipótesedetra-balho, de natureza especulativa, a ser investigada em campo, no futuro. Por issomesmo,aanálisedasquinzenassecassófoirealizada,deformaexempli-ficativa,aoníveldaanáliseglobalparamacrorregiãodoOesteCatarinense,como um todo.

Aanálisedeanomaliasnadistribuiçãodechuvasfoirealizadanumcasoentradonoperíodode junhode2011adezembrode2012,pormeiodacorrelação das normais climatológicas mensais de precipitação da micror-regiãodeChapecó,emmilímetros,comaprecipitaçãodaáreadeinfluên-cia da usina hidrelétrica Foz do Chapecó, em porcentagem, indicando o quantochoveuabaixoouacimadamédia.Trata-se,maisumavez,deumademonstraçãoexemplificativadamultifatoralidadequeestánabasedessasanomalias, da incerteza de que se revestem e da importância de toma-las em consideração no momento da formulação de políticas e planos a propósito da resiliência face à estiagem.

OsclássicosíndicesPalmerSeverityDroughtIndex(PSDI)deautoriadePalmer(1965)eStandardizedPrecipitationIndex(SPI)deautoriadeMcKee(1993),maisutilizadosemundialmentereconhecidosíndicesdequantifica-ção de seca, não foram utilizados. isto se deve ao fato de que o escopo do estudo não ser a mediação da severidade deste ou aquele evento de estia-gem/seca,masantesa identificaçãodeperíodosdeestiagemclimática,aolongo de 30 anos, sua inter-relação com outros fatores físicos e com fatores socioeconômicose,ainda,comasdeclaraçõesdeemergênciaporestiagem.Assim,maisqueumíndicedemediçãoeranecessárioadotaroscritériosdeidentificaçãotalqualcomodefinidosporestapesquisa.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

46

Page 47: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

47

1.3. Análise estatística da inter-relação da estiagem com El Niño/La Niña, Oscilação Decadal do Pacífico e Oscilação Antártica

FoianalisadaainfluênciadosfenômenosElNiño/LaNiña(ENOS),Oscila-çãoDecadaldoPacífico(ODP),eOscilaçãoAntártica(OA)pormeiodousodeestatísticacomtestedecoeficientedecorrelação(r)etestetdeStudent,seguindo os parâmetros:•ParaanálisedoENOSforamconsideradasasocorrênciasdeElNiñocomíndicessuperioresa+0,5eLaNiña,comíndicesinferioresa-0,5,adotando o nino 3.4.

•ParaanálisedaODPfoiutilizadaatabelamensalentre1979até2013calculada por Mantua et al (1997) a partir das anomalias médias mensais de tsM.

•ParaoíndicedeOAforamutilizadosdadosmensaisentre1979e2013obtidosatravésdoClimatePredictionCenter/NationalCentersforEn-vironmentalPrediction(CPC/NCEP).

•Foiutilizadooperíodomensalesazonal,sendooverãocomoDJF,ou-tono MaM, inverno JJa e a primavera como son.

2. INFLUÊNCIA DAS MASSAS DE AR E SISTEMAS ATMOSfÉRICOS

2.1. Massas de ar

Ascondiçõesclimáticasdeumaáreaoudeumadeterminadaregiãotêmcomo principal fonte geradora as massas de ar que nela se formam ou por elasedeslocam.Ostiposdetempoquepredominamouassuasvariaçõesdependemdaestruturainternadamassadear.Assimsurgeotempoestá-vel,quandoamassadearapresentacondiçõesmaisregularesdeumidadeetemperatura ao longo da sua estrutura, tanto na horizontal como na vertical. Otempoinstávelsurgenocentrodeumamassadear,quandohádiferençasespaciais significativas de temperatura e umidade, forçando perturbaçõeslocais, comocorrentes ascendentesedescendentes.Alémdisso, existemasáreasdecontatosdemassasdeardedensidadesdiferentesquequasesempre provocam instabilidades.Existemoutrosfatoresquemodificamasmassasdearcomoacontinen-

talidade, a maritimidade, a latitude, a vegetação, o solo e o relevo. o relevo provocamodificaçõeslocaismuitosensíveisnasmassasdear,poisfunciona

comoreforçonaelevaçãodocaloreumidade,quandoemcondiçõesdebarlavento e, em situação de sotavento, aumenta a estabilidade com a desci-da do ar. descrevem-se, a seguir, as massas de ar que atuam durante o ano na mesorregião oeste de santa Catarina.

2.1.1. Massa equatorial Continental (mec)

Estamassadearapesardesercontinentaléúmida,quentee instável,devido a sua fonte de origem que é a região da amazônia ocidental. sua influênciano suldoBrasilocorrenoverãoeatingepreferencialmenteosestadosdoParanáedeSantaCatarina,pormeiodasinstabilidadesqueseformam, quase sempre, no período da tarde e se estendem para boa parte danoite,compancadasdechuva,descargaselétricaseocasionalmenteraja-das de vento e granizo.

2.1.2. Massa tropical atlântica (mta)

Origina-senooceanoAtlânticoetemmaioratuaçãonafaixalitorâneadosul do Brasil, o ano inteiro, ocasionando muitas nuvens e, por vezes, chu-va, especialmente no período noturno. sua atuação na mesorregião é mais frequente na parte oriental, onde estão os municípios de videira, Joaçaba e Caçador.

2.1.3. Massa Polar (mPa e mPc)

a massa polar tem como centro de ação o anticiclone polar migrató-rioquepossuidistintas trajetórias ao longodo ano sobre aArgentina,uruguai, Paraguai e o sul do Brasil. o ar nessa massa de ar é mais denso se comparado com as massas tropicais e, por isso, quando avança em direçãoaosuldoBrasil,dáorigemasistemasfrontaisquesedeslocampela mesorregião.

no verão desloca-se sobre o atlântico e passa a ser chamada de massa de ar polar atlântica (mPa). nesse caso ela cruza os andes em latitudes su-periores a 35° sul. no inverno o deslocamento é sobre o continente, quando passa a ser nomeada por massa de ar continental mPc e ingressa no conti-nente sul-americano geralmente ao norte de 35°C, trazendo consigo as mais intensasondasdefrioverificadasnamesorregião.

Page 48: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Nasestaçõesintermediárias,outonoeprimavera,ocorremvariaçõesnatrajetóriademassadearpolar,quepodetantosermaiscontinentalquan-to pode ser mais oceânica. se predominar o deslocamento pelos oceanos as temperaturas tendemaficarmaiselevadas, reduzindoashorasde friona mesorregião. Contudo, se o deslocamento for predominantemente pelo continente,as temperaturas tendemaficarmaisbaixaseasgeadasficammais amplas e persistentes.

2.1.4. Massa tropical Continental (mtc)

É uma massa de ar quente e seca que tem sua origem na depressão do Chaco. sua atuação na mesorregião oeste ocorre especialmente em con-diçõesdetempomuitoestável,apresentandoamplitudetérmicaalta,umi-daderelativadoarmuitobaixa,presençadepoucasnuvensesemregistrodechuva.Suaatuaçãoémáximaquandoocorrembloqueiosatmosféricos,ondeossistemasinstáveis,comoasfrentes,ficamsemi-estacionáriasaosulda latitude de 30°s.

2.2. Sistemas meteorológicos

os principais sistemas meteorológicos que atuam no sul do Brasil são os anticicloneseciclones.Osanticiclones,ousistemasdealtaspressões,sãooscentros de ação das massas de ar relacionados com estabilidade atmosférica queresultaempoucaounenhumanebulosidade. Jáosciclones,ousiste-masdebaixaspressões,ocorremassociadosàinstabilidadeatmosféricaquepode surgir do encontro de massas de ar com densidades diferentes ou a partir das bordas das massas de ar, iniciando quase sempre como um cavado queseaprofundaeoriginaumabaixapressão,emseguida,resultandonapresença de muitas nuvens e chuvas. dependendo da instabilidade atmos-férica, as chuvaspodemocorrer associadas a intensas rajadasde ventoetrovoadas com formação de granizo.

AFigura1mostra as áreasdedomíniosdos anticiclonese ciclonesnaamérica do sul, sistemas que têm ação direta ou indireta sobre o clima da mesorregião oeste Catarinense.

Figura 1. Zonas de Pressão da América do Sul

Fonte:Monteiro(1963).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

48

Page 49: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

49

OsistemadebaixapressãodoChacoouDepressãodoChacoteminflu-ência direta e local na precipitação da mesorregião oeste. esse sistema atua, frequentemente associado a fenômenos que se originam do descolamento dosdemaiscentrosdeação,comoasfrentesfriaseosjatosdebaixosníveis(JBN),quetransportamembaixosníveisatmosféricos,umidadeecalorori-ginadosnodomíniomorfoclimáticoamazônico.

Salienta-sequenassituaçõesemqueasfrentesfrias(apesardemanteremo número de episódios) têm passagensmuito rápidas, as chuvas acabamocorrendodemaneiramuitoirregularecombaixosvolumesregistradosem24 horas. isso ocorreu nas décadas de 1990, 2000 e 2010, quando passaram com maior atividade sobre o norte da argentina e Paraguai e depois sobre ooceanoAtlântico.Acontinuidadedessascondiçõestemlevadoàescassezde chuvas e consequentemente à ocorrência de secas.

as instabilidades associadas às frentes frias, aos sistemas convectivos, às baixasdepressãoeaoscavadosàsuperfíciepodemserintensificadassobapresença de sistemas de altitude como os vórtices ciclônicos, os cavados e jatosbaixosmédiosealtosníveisdaatmosfera,alémdaZonadeConver-gência do atlântico sul (ZCas). a frequência de ocorrência de tais sistemas variacomasestaçõesdoano,ouseja,deacordocomasazonalidade.Osvórticesciclônicoseoscavadosatuamna intensificaçãodas instabilidadesatmosféricas, resultando em temporais, com chuvas fortes, ventos intensos e granizo.

Acorrentedejato,queéumfluxoquenteeúmido,intensificaeman-tém os sistemas Convectivos de Mesoescala (sCM) que atuam no sul do Brasil, especialmente na primavera e no verão. os sCM são importantes sistemasmeteorológicosquefrequentementesãoresponsáveisporchuvasforteseinundações,acompanhadasdeforteatividadeelétrica,porvezesgranizo e ventos fortes. em anos de el nino, o Jato subtropical torna-se mais vigoroso devido ao aumento do gradiente térmico entre o equador eospolos,bloqueandoossistemasfrontaisquecontinuamestacionáriossobre o estado catarinense. tais bloqueios causam aumento da precipita-ção e incremento da atividade convectiva associada aos sistemas frontais e sistemas convectivos de mesoescala, sobre a região sul do Brasil (grimm et al. 1998). As chuvas demaio de 1983 exemplificambem a situação extrema de

como um bloqueio atmosférico persistente sobre santa Catarina associado a sistemas frontais pode impactar o oeste catarinense. Conforme severo

(1994) o sistema que causou as chuvas no desastre de 1983 foi uma frente fria que passou pela região sul e depois voltou como frente quente. associou--seaessesistemaumabaixapressãoque,posteriormente,transformou-seem um vórtice ciclônico, que se desenvolveu sobre a mesorregião oeste Catarinense, aumentando a pluviosidade por todo estado. a essa situação estava aliado o escoamento de noroeste que transportou ar quente e úmido debaixaslatitudes(regiãoamazônica)pararegiãosuldoBrasil,alimentandoaconvecçãonecessáriaparaaschuvasabundantes.

os anticiclones ou sistemas de alta pressão também são importantes na dinâmica atmosférica do sul do Brasil. no verão, os anticiclones deslocam--se de maiores latitudes em direção aos trópicos pelo oceano atlântico e sua ação sobre a mesorregião em estudo é suave, atuando principalmen-te nasmudanças das direções dos ventos.Nooutono e inverno, quasesempre,transpõemosAndesemmenoreslatitudeseprovocamalémdamudança nas direções dos ventos, mudanças bruscas nas temperaturasfavorecendo a ocorrência de geada e, por vezes, neve. na primavera, ten-demadeslocar-secommais frequênciapróximoao litoraldaArgentina,uruguai e sul do Brasil.AlémdosanticiclonesmigratóriosexistetambémoAnticicloneSemifixo

do atlântico sul (asas) que origina, para a mesorregião, ventos de nordeste anoroesteeelevaçãorápidanastemperaturas.

a dinâmica normal dos sistemas atmosféricos que atuam no sul do Bra-silé,porvezes,interrompidaquandoumanticicloneficasemi-estacionáriosobreoPacíficoeimpedeodeslocamentodossistemasinstáveisparales-te, caracterizando uma situação de bloqueio atmosférico, o qual, confor-me Fuentes (1997, apud. Monteiro, 2007), quando se estabelece pode perdurarporváriosdias,mantendoemSantaCatarinatempoestávelcompoucasnuvens,temperaturasemelevaçãoebaixaumidadenoar(Mon-teiro, 2007).

2.3. Características gerais da mesorregião Oeste Catarinense

apesar das recorrentes estiagens, meses e quinzenas secas no oeste Ca-tarinense,aschuvassãobemdistribuídasnasquatroestaçõesdoano,de-corrência da dinâmica dos sistemas atmosféricos produtores de chuvas, que apresentam características peculiares, mas sem estação seca.

Page 50: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

no verão, com mais horas de sol (média de 13 a 14 horas), as temperatu-rasficammaiselevadasefavorecem,quandoháinstabilidadeatmosférica,aformação de nuvens pelo processo convectivo. as chuvas convectivas ocor-reremnormalmentenosfinaisdetardeatéoiníciodanoiteequasesempreapresentamvolumesexpressivosemcurtoespaçodetempo.Essaschuvassãoasmaioresresponsáveispeloregimepluviométricodessaépocadoano.

Aschuvasdooutonoedoinvernosãomaisfrontais,ouseja,dependemda passagem de frentes frias pelo estado. a maior ou menor instabilidade associadaacadafrentefriadependedaatuaçãoounãodabaixadoCha-co,sistemadebaixapressãoqueseoriginanoChacoArgentinoe,quasesempre, atinge a mesorregião oeste, especialmente a microrregião de são MigueldoOeste.AlémdabaixadoChaco,os jatos, caracterizadosporventosfortesembaixos,médiosealtosníveisdaatmosfera,oscavadoseosvórticesciclônicosincrementamascondiçõesinstáveisjáexistentesnasfrentes frias.

Naprimaveraascondiçõesatmosféricas sãomais instáveisemrelaçãoàquelasdooutonoeinverno.NestaestaçãodoanoabaixadoChacotendeaficarmaisinstável,desenvolvendoosSCM,alémdaslinhasdeinstabilidade(li). o tempo associado aos sCM é caracterizado por chuvas intensas, aglo-merados de nuvens de trovoadas, granizo e ventos fortes.

As condições de tempo instável com suas características sazonais queocorrem no oeste são resultantes dos sistemas atmosféricos regionais, den-trodoquesechamadeneutralidadeclimática.Aneutralidadeocorrequan-doaTemperaturadasÁguasSuperficiaisdoPacíficoEquatorial(TSM)estánormal.Noentanto,ocorremanomaliasnaTSMqueprovocamalteraçõesnopadrãoclimático.Seasanomaliasforempositivascaracterizamofenô-meno el nino e se negativas, o la nina.

Para santa Catarina a formação de um fenômeno el nino favorece a maior instabilidade atmosférica, com alguns episódios de chuvas mais frequentes, persistentes e mais volumosas, resultando em totais mensais acima da média climatológica.EmLaNiña,aocontrário,aschuvasficammais irregulares,rápidasemenosvolumosas,comtotaismensaisaseguirdanormal.Noen-tanto, existem situações de chuvas abaixodamédia quandoo fenômenoatuante é el nino, e acima da média quando é la nina. a mesma situação podeserverificadaemcondiçõesdeneutralidadeemquepodemocorrer

chuvasabaixoouacimadanormalclimatológica,emdetrimentodaschuvasdentro da média, que seria o resultado esperado para essa condição.

el nino e la nina apresentam períodos curtos de atuação, geralmente meses,porémasTSMapresentamumaconfiguraçãocomvariaçõesdepra-zomaislongo,de20a30anos,denominadaOscilaçãoDecadaldoPacífico(odP). assim como os fenômenos enos apresentam fases (quente para o el nino e fria para a la nina) a odP também as apresenta, relativas ao comportamentodaTSMdoPacíficoEquatorial.

a fase fria da odP atua semelhante ao fenômeno la nina, e é caracte-rizadaporanomaliasnegativasdeTSMnoPacíficoEquatorial.Aúltimafasefriaocorreunoperíodode1947a1976e,apartirde1999,aODPpareceter entrado novamente em sua fase negativa que deve persistir até por volta de 2025. a fase quente da odP atua semelhante ao fenômeno el nino, com anomalias de tsM positivas. a última fase quente estendeu-se de 1977 a 1998.

outro fenômeno que altera a dinâmica atmosférica no sul do Brasil é o bloqueio atmosférico. o bloqueio faz com que ocorra movimento muito lento ou praticamente nulo de toda a dinâmica atmosférica regional. nesse caso, os sistemas atmosféricos que atuam no sul do Brasil perdem seus des-locamentos de maiores latitudes para menores. Normalmentesobainfluênciadeumbloqueioatmosféricoasfrentesfrias

ficamsemi-estacionáriasentreoUruguaieosuldoBrasil.Nessecaso,ame-sorregiãooestedeSantaCatarinaficacomtempoestável,compredomíniodecéuclaro,semchuvasegrandeamplitudetérmicaehídricadiária.Essacon-dição de bloqueio pode ocorrer em qualquer época do ano, porém é muito frequente no mês de maio. a estabilidade persistente faz com que as tempe-raturasfiquememelevaçãogradativamente,dandoorigemaumpequenove-rão, conhecido como veranico de maio, mas que pode levar as temperaturas a patamares acima dos 30°C nos meses de inverno na mesorregião oeste.Sobaaçãodebloqueioatmosféricosaschuvasficam,normalmente,irre-

gulares,oquecontribuiparaqueostotaismensaisfiquemabaixodamédiae as temperaturas elevadas. Por outro lado, existem situações emque afrentesemi-estacionáriaqueestavabloqueadaavançaparanorteevoltaaficarbloqueadaemSantaCatarina.Nessecaso,ascondiçõesdeinstabilidadepresentesnosistemaficamatuandoemSantaCatarinaenquantoobloqueiopersistir. o resultado desta situação é de chuvas persistentes, umidade ele-vadaebaixaamplitudetérmica.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

50

Page 51: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

51

Oentendimentodadinâmicaatmosféricaregionaleasalteraçõesqueosfenômenosextra regionais imprimemnessadinâmicaémuito importanteparaasanálisesdoselementosdoclima.

3. ELEMENTOS DO CLIMA

3.1. Precipitação

Aprecipitaçãorefere-seàáguanoestadolíquidoesólidoe,portanto,in-cluigranizo.Elaéavariávelmaisimportanteparaosestudosclimáticos,poispossui elevada interferência no comportamento termohídrico da atmosfera. Porisso,aprecipitaçãoédeterminanteparaconfiguraçãodeperíodosse-cos, que podem favorecer a ocorrência de estiagem.

Como na mesorregião oeste Catarinense as altitudes aumentam de sul paranorte,emfunçãodadissecaçãodoplanaltobasálticopelosafluentesdorio uruguai, grande parte dos sistemas produtores de chuva no estado de santa Catarina desloca-se de sudoeste para nordeste e encontra reforço no relevomaisacentuadoaonorte,próximoàsSerrasdoCapanema,daFor-tuna e do Chapecó, elevando os totais pluviométricos em função do efeito orográfico(Monteiro,2001).Somadoaofatororográficoencontra-seaDepressãodoChaco,responsávelporseramesorregiãooesteaquelacomo maior volume pluviométrico de santa Catarina.

Noverão(mesesdedezembro,janeiroefevereiro)aschuvassãopredo-minantemente originadas pelo processo convectivo — chuvas convectivas — popularmente, conhecidas como chuvas de verão. essas chuvas ocorrem por toda a mesorregião em forma de pancadas isoladas acompanhadas de trovoadasentreofinaldatardeeànoite.Noentanto,esseprocessorecebeoreforçodaBaixadoChaco,queativaaconvecçãonamesorregiãooeste,especialmentequandoháfrentesfriaspassandopelooceano,nolitoralsuldo Brasil. nesse caso, formam-se núcleos de trovoadas com potencial para chuvasmais forteseocupandoumaáreamaior.Por isso as chuvasdessaestaçãodoanosãomaisvolumosasnoextremooestedamesorregião,dimi-nuindo, gradualmente, para leste.

além do efeito da dinâmica dos sistemas atmosféricos durante o verão, existeoefeitodorelevonoaumentodasinstabilidades,reforçandoosnú-cleos de trovoadas e por isso chove mais nos municípios de divisa com o

Paraná.NasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOesteeChapecó,essesmuni-cípios registram mais de 2.000 mm de chuvas anuais, em anos considerados normais.Issosignificaqueéderramado,nosmunicípioslocalizadosnonortedessasmicrorregiões,maisde2000litrosdeáguaemcadam².Omêsmaischuvoso dessa estação é fevereiro para a maioria dos municípios do oeste Catarinense.

a precipitação nos meses de outono (março, abril e maio) é predo-minantementefrontal,sendoreforçadapelaBaixadoChaconasmicror-regiões deChapecó e SãoMiguel doOeste e, por consequência, essasmicrorregiões apresentam as maiores médias mensais de precipitaçãonessa época do ano. na microrregião de são Miguel do oeste as médias mensais desse período do ano são semelhantes às do verão. os municípios de são José do Cedro, dionísio Cerqueira, Palma sola, abelardo luz e Ponte serrada estão a barlavento dos sistemas produtores de chuva e em áreasderelevomaisacentuado,ecomisso,têmseusvolumesdechuvamais elevados em relação aos municípios localizados em cotas altimétricas mais inferiores.

a microrregião de Joaçaba é a menos chuvosa nesta época do ano porque nãosofreasinfluênciasdaBaixadoChaco.Nessesentido,asfrentesfriaseoutrossistemasdetempoinstávelprodutoresdechuvastendemapassarpela microrregião com menos chuvas, chegando a totalizar em torno de 30%amenosdoqueasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste.

na mesorregião oeste o mês mais chuvoso do outono é maio e o menos chuvoso o de março que, inclusive, é o mês menos chuvoso do ano em toda a mesorregião. isso ocorre porque março é um mês de transição en-tre o término da convecção de verão e o início da atuação de frentes frias maiscontinentais.Nesseajustedossistemasocorreumperíododemaiorestabilidade atmosférica que domina a segunda quinzena do mês e avança nos primeiros dias de abril. apesar do mês de maio apresentar períodos de estabilidade associados à ocorrência de bloqueios, as frentes frias que sur-gem após os desbloqueios são muito intensas, causando temporais que, por vezes,acumulamvolumesdechuvasdiáriasquechegamasomaraquasetotalidade do mês.

Noinverno(mesesdejunho,julhoeagosto)aschuvassãomaisbrandasepredominantementefrontais.ABaixadoChacoapresenta-semenosati-

Page 52: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

va e nem toda frente fria traz consigo os cumulonimbus que são as nuvens de trovoadas e que possuemmaiores quantidades de água precipitável.Outrofatoréoefeitoorográfico,queapesardeapresentarcertacontri-buiçãonovolumedechuvasdamesorregião,émenossignificativonessaépoca do ano. Tambémnessaépocachoveemtornode450mmnasmicrorregiõesde

são Miguel do oeste e Chapecó e em trono de 380 mm na de Joaçaba, sen-do relativamente bem distribuídos mensalmente, com uma leve diminuição em agosto.

a primavera (meses de setembro, outubro e novembro) é a época do anoqueapresentacondiçõesatmosféricasmuitoinstáveisnamesorregiãooeste. as chuvas são muito frequentes e, ocasionalmente, ocorrem episó-diosdechuvasintensas,devidoàatuaçãodosComplexosConvectivosdeMesoescala (CCM), especialmente em anos de el nino. esses temporais são comuns nas madrugadas e início de manhãs, chuvas intensas acompanhadas de granizo e ventos fortes.

no trimestre da primavera, o mês mais chuvoso é outubro, inclusive é o mês mais chuvoso do ano na mesorregião oeste devido à contribuição da microrregião de são Miguel do oeste, onde os CCM atuam com mais intensidade.

o comportamento das chuvas mensais e sazonais, associado aos sistemas atmosféricos descritos anteriormente estão dentro de uma condição nor-mal climatológica. no entanto, dentro de um período climatológico de 30 anosocorremmuitasvariações,commesesmaischuvososintercaladosporoutrosmaissecose,porvezes,períodosmaislongosdechuvasabaixodamédia mensal, resultando em estiagens.

3.2. Radiação solar global e insolação

a radiação solar global é referente ao total de energia solar que atinge a superfície terrestre, tanto em forma de radiação direta quanto difusa; en-quanto a insolação é o número de horas de brilho solar sem nuvens (eM-BraPa, 2011) e, portanto, é inversamente proporcional a nebulosidade.

Arelevânciadacorrelaçãodessasvariáveisdeve-seaqueelaspossibilitamdefinirquaissãoasáreasquerecebemmaisenergiasolarporhorasdebrilho

solar e, portanto, é determinante para a produção agrícola, além de indicar tendências com relação ao aquecimento e à evaporação.

a radiação solar global na mesorregião oeste apresenta duas tendências ouduassazonalidades,tendoomêsdejunhocomodivisorentreatendênciapositivaeatendêncianegativa.Omêsdejunhoéocommenorradiaçãoeosmesesdenovembroedezembrooscomradiaçãomaiselevada.Entreju-nho e dezembro ocorre gradativo aumento da radiação, com redução entre osmesesdejaneiroejunho,quandoreiniciaociclo.Osvaloresderadiaçãosolar global acima da média concentram-se entre outubro e março; estando osvaloresabaixodamédiaentreabrilesetembro.

a insolação não acompanha linearmente a tendência da radiação, pois apresentaseistendências,tendoemjunhonovamenteumdivisorcomme-nor valor e, em dezembro, o valor mais elevado, devido primeiramente à inclinaçãodosraiossolaresquediminuidoinvernoparaoverão.Entrejunhoe agosto ocorre aumento, tendo em setembro uma queda, seguida entre outubroedezembropornovoaumento,eretornandoaquedaemjaneiroefevereiro,composterioraumentoemmarçoe,finalmente,gradativaredu-çãoentreabrilejunho,quandoocicloreinicia.Osvaloresdeinsolaçãoaci-madamédiaocorrementreoutubroemarço;enquantoosvaloresabaixoda média concentram-se entre abril e setembro.Têm-seduastendênciasnosvaloresacimaeabaixodamédia,etantona

insolação quanto na radiação solar global ambos seguem acima da média de outubroamarçoeabaixodamédiadeabrilasetembro.Osmesesquedes-toam de tendências de correlação da radiação solar global com a insolação apresentando rupturas são setembro e março.

Junhoconfigura-secomoomêscomosmenoresíndicesdeinsolaçãoeradiaçãosolarglobal,ouseja,alémdeterpoucashorasdebrilhodesoltam-bém possui pouca energia solar nestas escassas horas, devido às instabilida-des persistentes que resultam na presença de muitas nuvens. em setembro ocorresignificativareduçãodainsolaçãoquandocomparadocomosmesesantecedentes e precedentes, em período de aumento de radiação solar glo-bal. essa condição é sustentada pelo aumento da nebulosidade que se for-ma constantemente em virtude da formação de alguns sistemas de tempo instáveiscomooscavadosquemantêmapresençapersistentedemuitasnuvenssobreamesorregiãosem,entretanto,elevardemaneirasignificativao volume de pluviosidade.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

52

Page 53: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

53

o aumento da insolação começa a se destacar em novembro, com o se-gundomaioríndicedeinsolaçãodoano,devidoàscondiçõesdeestabilidadesque ocorrem na segunda quinzena do mês. no mês de dezembro ocorre o maioríndicedeinsolaçãoeradiação,ouseja,muitashorasdebrilhosolaremuita energia solar durante muito tempo, em razão da maior estabilidade atmosférica, frequente na primeira quinzena do mês. em fevereiro, entre-tanto, ocorre diminuição da insolação devido à presença de maior quantida-de de nuvens convectivas, o que resulta em chuvas mais frequentes, sendo por isso que o mês de fevereiro é caracterizado como o mais chuvoso para amaiorpartedamesorregião.Emmarço,aocontrário,ocorresignificativoaumento de insolação quando comparado com os meses antecedentes e precedentes, em período de redução de radiação, o que ocorre devido à estabilidade da segunda quinzena do mês.

a microrregião com maior insolação e radiação solar global anual é Cha-pecó,diminuindoparaXanxerê,SãoMigueldoOeste,ConcórdiaeJoaçaba.a microrregião de Concórdia destaca-se por apresentar a maior amplitude deinsolação,comsignificativadiminuiçãodeinsolaçãonooutonoeaumentona primavera, e com destaque no inverno em relação às médias das demais microrregiões.Essacondiçãopodeestarassociadaàformaçãodenevoeirospersistentes que se formam na madrugada e estendem-se na maior parte da manhã do dia seguinte.

3.3. Temperatura

Ocomportamentodatemperaturaéinfluenciadopordiversosfatorestaiscomoasmassasdear,condiçõesdeumidade,nebulosidadeeprecipi-tação, que podem ser traduzidas pelo efeito da maritimidade e da conti-nentalidade.Oefeitodorelevotambémapresentaimportânciasignificati-va tendo em vista que ao forçar a elevação do ar, a temperatura declina em tornode0,65°Cparacada100metros,considerandoumlocaldeumidadenormal. Para locais muito úmidos o declínio é menor e, para locais mais se-cos, a diminuição é mais acentuada com a altitude, até chegar à proporção de 1°C para cada 100 metros de altitude. na mesorregião oeste, a micror-regiãodeJoaçabaapresentamédiasdetemperaturasmaisbaixas,devidoàpresençadealtitudesemtornode1000measmicrorregiõesdeChapecóe são Miguel do oeste, médias mais altas, em consequência de menores altitudes.Existemoutros fatoresquecontribuemnocomportamentoda

temperatura,porémainfluênciadasmassasdearedorelevosãoosprin-cipais na variação da temperatura, em especial para a mesorregião oeste de santa Catarina.Caberessaltarqueemcondiçõesdebloqueiosatmosféricosmuitoper-

sistentesháumdomíniomaiordaMassadeArTropicalContinental e astemperaturaschegamavaloresextremos,especialmenteasmáximas.

Duranteoverão,mesesdedezembro,janeiroefevereiro,asmassasdeartropicaisdominamosuldoBrasileastemperaturasmédiasficameleva-das.Nessaépocadoano,asmédiasdastemperaturasmínimasmaisbaixasocorrem em dezembro e podem registrar, quando ocorre um mês muito frio,médiasde13°CnamicrorregiãodeJoaçaba.Poroutrolado,emverõesmuitoquentes,amédiadasmínimasdejaneiroefevereiropodechegara20°CnasmicrorregiõesdeChapecóeSãoMigueldoOeste.As temperaturas médias das temperaturas máximas podem variar de

25°C a 31°C, sendo que a menor pode ocorrer no mês de dezembro na microrregiãodeJoaçaba;e31°C,emjaneiroefevereironasmicrorregiõesde Chapecó e são Miguel do oeste.

Nooutono,astemperaturasficamemdeclíniogradual,sendoomêsdemarço o mais quente e maio, o mais frio. neste período, as médias das mí-nimas podem variar de 8°C a 19°C, sendo que a média de 8°C pode voltar a ocorrer em maio, na microrregião de Joaçaba, favorecida pela presença de massas de ar frio mais intenso nessa época do ano sobre o sul do Brasil, e pelo efeito da altitude da microrregião. a média de 19°C pode ser registrada noiníciodotrimestrenasmicrorregiõesdeChapecóeSãoMigueldoOeste.

Asmédiasdasmáximaspodemregistrarporvoltados18°CnomêsdemaionamicrorregiãodeJoaçabaea29°CemmarçonasmicrorregiõesdeChapecó e são Miguel do oeste.Otrimestrede junho, julhoeagostocaracterizaoperíodode inverno

no sul do Brasil. no oeste Catarinense as médias das temperaturas míni-maspodemregistrar6°CemjulhoejulhonamicrorregiãodeJoaçabaea12°Cemjunho,nasmicrorregiõesdeChapecóeSãoMigueldoOeste.Namicrorregião de Joaçaba asmédias dasmáximas podem registrar apenas17°C,emjulhoejulhoe23°CemagostonasmicrorregiõesdeChapecóesão Miguel do oeste.

na primavera, representada pelos meses de setembro, outubro e no-vembro, as massas de ar frio perdem lentamente a intensidade, dando lu-

Page 54: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

gar à atuação das massas de ar tropicais. Com isso as temperaturas sobem gradualmente, e as médias das mínimas podem variar de 8°C a 14°C e das máximasde19°Ca28°C.Asmédiasmaisbaixas(de8°Cparaasmínimasede19°Cparaasmáximas)sãodeocorrênciasfavoráveisparaamicrorregiãode Joaçaba, quando ocorrem massas de ar frio muito intenso em setembro nosuldoBrasil.Jáasmédiasdasmínimasde14°Cedasmáximasde28°CpodemserverificadasnasmicrorregiõesdeChapecóeSãoMigueldoOes-te, em novembro.

Osextremosdetemperaturasocorremquandoháanomaliasnadinâ-mica dos sistemas atmosféricos que atuam no sul do Brasil que reforçam ofrioexistentenasmassasdeardeorigempolarouque intensificamocalor, especialmente em casos de bloqueios atmosféricos que mantém os sistemasinstáveisaosuldoEstadodeSantaCatarina.Nestecaso,asmas-sastropicaisficammuitointensasnoverão,maspodemalcançaroOesteCatarinense mesmo no inverno, elevando as temperaturas para valores acima dos 30°C.

as massas de ar frio que são intensas no inverno podem tornar-se rigo-rosas e persistentes nessa época do ano, provocando ondas de frio, mas também podem, embora com menos rigor, atuar no verão, declinando signi-ficativamenteastemperaturasemtodoEstadodeSantaCatarina.Peloefeitodorelevo,asmáximasabsolutas tendemaocorrernasmi-

crorregiõesdeChapecóedeSãoMigueldoOestee,asmínimasnamicror-regiãodeJoaçaba.Noverão,emcondiçõesextremas,asmínimaspodemregistrarporvoltados5°Ca7°Ceasmáximas,39°C.

Nooutono,astemperaturasficamemdeclíniogradual.Emmarço,emcondiçõesextremasde temperaturas, asmínimaspodemvariarde4°Ca6°C, dando condições de formação de geadas namicrorregião de Joaça-ba, principalmente na segunda quinzena do mês. no mesmo trimestre, em maio,sobinfluênciadeintensasmassasdearpolarosextremosdetempe-raturas mínimas podem chegar a 4°C negativos, na microrregião de Joaçaba. Poroutrolado,asmáximasabsolutaspodemchegara35°C,emmarçonasmicrorregiõesdeChapecóeSãoMigueldoOeste.

Noinverno,asmínimasabsolutasemcondiçõesdefriorigorosopodemchegara6°Cnegativosemjunhoeagostoea7°Cnegativosemjulho.Asmáximasextremaspodemchegara32°CnasmicrorregiõesdeChapecóesão Miguel do oeste, em agosto.

Naprimaveraaindapodeocorrertemperaturasmuitobaixas,originandoo chamado frio tardio, principalmente em setembro que pode registrar tem-peraturasmínimasextremasde3°Cnegativos.Porém,nomesmotrimestreasmáximasabsolutaspodemchegara37°CnasmicrorregiõesdeChapecóe são Miguel do oeste.

Atécnicadereanáliseaquiutilizadatemcomolimiteespacialdeaplicabi-lidadealgoqueseaproximadaescalamicrorregionalousuperior.Suaaplica-bilidadeaumaescalamunicipalnãoseriaideal.Paratal,seriamnecessáriosoutrosdadosclimáticos(quenãoestãodisponíveis)emesmo,maisdadosprovenientes demais estações doque as atualmente em funcionamento.Como,contudo,todooprojetofoidesdeinícioprojetadoparaaescalami-crorregionalnãoresultadestalimitaçãonenhumprejuízo.

admitindo a possibilidade de tratamento dos dados a diferentes escalas de detalhe poder conduzir a variação nos resultados, inicia-se por fazer os cálculos relativos àmesorregião comoum todo, combase nos dadosdetodosos17locais.Emseguida,faz-seoscálculosmicrorregiãopormicror-região, utilizando os dados dos pontos relativos a cada microrregião. Final-mente,somandoosdadosdascincomicrorregiões,calcula-sedenovoosdados relativos a toda a mesorregião oeste.

4. ESTIAGEM, SECA E MESES SECOS NA MESORREGIÃO OESTE, ENTRE 1979 E 2013

4.1. Estiagem e seca

SeguindoocritériodeestiagemdaSEDEC/MI,segundooqualosmesesdeestiagemsãodefinidosapartirdareduçãodaprecipitaçãoem60%emrelação às normais climatológicas mensais, os limites mensais de precipita-ção mínima para considerar estiagem na mesorregião oeste são os repre-sentadosnoGráfico1.Aindaconformeomesmocritério,osanos,meseseprecipitaçãoreferentesaosepisódiosdeestiagemidentificadosnoOesteCatarinense são os representados no quadro 3.Aototalforamidentificadosdezmesescomocorrênciadeestiagemna

mesorregiãooeste,duranteoperíodode1979a2013,referentesajaneiro,fevereiro, setembro e novembro, sendo que o mês com maior recorrência foi novembro, conforme se pode observar no quadro 4.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

54

Page 55: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

55

destaca-se que não houve persistência da redução da precipitação men-salemaomenos60%emrelaçãoànormalclimatológicamensalemmaisde um mês consecutivo, logo, não houve ocorrência de seca no período analisado.

Gráfico1.Limites de precipitação (mm) para consideração de estiagem no Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Fonte: elaboração própria.

quadro 3. Episódios de Estiagem no Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Ano Mês Precipitação (mm)1979 Janeiro 471982 Janeiro 571985 Janeiro 611987 Setembro 531991 Fevereiro 471995 Novembro 601998 Novembro 481999 Novembro 622005 Fevereiro 382012 Novembro 57

Total de episódios: 10

Fonte: elaboração própria.

Aototalforamidentificadosdezmesescomocorrênciadeestiagemnamesorregiãooeste,duranteoperíodode1979a2013,referentesajaneiro,fevereiro, setembro e novembro, sendo que o mês com maior recorrência foi novembro, conforme se pode observar no quadro 4.

quadro 4. Recorrência mensal da estiagem no Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Mês RecorrênciaNovembro 4

Janeiro 3Fevereiro 2Setembro 1

Fonte: elaboração própria.

destaca-se que não houve persistência da redução da precipitação mensal emaomenos60%emrelaçãoànormalclimatológicamensalemmaisdeummês consecutivo, logo, não houve ocorrência de seca no período analisado.

Page 56: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

4.2. Meses secos e quinzenas secas

seguindo o critério de gaussen e Bagnouls (1953, 1957, apud. galvão, 1967)osmesessecossãoaquelesemqueaprecipitaçãoéinferiorouigualaodobrodatemperatura.ComosepodeobservarnoGráfico2,amesorre-gião oeste Catarinense apresenta médias históricas ombrotérmicas mensais paraoperíodode1979a2013,muitosuperioresàsquedefinemoslimi-tes para consideração de meses secos. apesar disso, no período analisado, houvemesessecos(Quadro5).Issosignificaqueemváriosanos,anormalombrotérmicadecertosmesesfoimuitosuperior(ouseja,aprecipitaçãofoimuito mais elevada) o que compensou os anos em que houve meses secos (baixaprecipitação).

Gráfico2.Médias históricas ombrotérmicas mensais (mm/°C) no Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Fonte: elaboração própria.

quadro 5. Meses secos no Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Ano Mês Precipitação (mm) Temperatura (°C)

1988 Julho 14 111988 Agosto 18 161994 Agosto 28 151995 Maio 28 151999 Agosto 23 152005 Fevereiro 38 232006 Maio 19 142012 Agosto 9 17

Total de episódios: 8

Fonte: elaboração própria.

Nototal,foramidentificadosoitomesessecosnamesorregiãooesteduranteoperíodode1979a2013, referentesa fevereiro,maio, julhoe agosto, sendo este o com maior recorrência, conforme pode ser ob-servadonoQuadro6.Observa-setambémqueosmesessecosseres-tringiram a fevereiro,maio, julho e agosto.Os restantesmeses nuncaexibiramoperfildemêsseco.

Quadro6.Recorrência de meses secos no Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Mês RecorrênciaAgosto 4Maio 2Fevereiro 1Julho 1

Fonte: elaboração própria.

adaptando o critério de meses secos de gaussen e Bagnouls para o períodoquinzenal,conformejáatrássereferiu,asquinzenassecasseriamaquelas em que a precipitação quinzenal seria inferior ao dobro da tempe-ratura média quinzenal.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

56

Page 57: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

57

Como se pode observar no Gráfico 3 (tal como aconteceu quantoaos meses secos) a mesorregião oeste Catarinense apresenta médias históricas ombrotérmicas quinzenais para o período de 1979 a 2013, bem acima do que seriam, segundo os critérios estabelecidos, os limites de consideração de quinzenas secas. apesar disso, no período analisado, houve178quinzenassecas.Maisumavezissosignificaqueháumefeitocompensatórioemváriosanos,emqueaprecipitaçãoquinzenalmuitomaiselevadacompensaodéficitdeprecipitaçãodasquinzenassecas.Amaiorpartedasquinzenassecasnãose inseriunummêsseco,ouseja,foram seguidas ou antecedidas por quinzenas úmidas e, assim, quando feitaamédiamensal,apesardeelaseaproximardoslimitesparaummêsseco, não o alcançaram.

Considerando que a proposta de meses secos de gaussen e Bagnouls aplicada a períodos quinzenais ainda não foi testada no Brasil, a análisequinzenal foi limitada às quinzenas secas inseridas em meses secos, somen-te 15 (quadro 7).

Gráfico3.Médias históricas ombrotérmicas quinzenais (mm/°C) no Oeste Catarinense (1979 a e 2013)

quadro 7. Quinzenas secas no Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Fonte: elaboração própria.

Ano MêsPrimeira quinzena Segunda quinzena

Prec. (mm) Temp. (°C) Prec. (mm) Temp. (°C)1988 Julho 13 16 1 161988 Agosto 1 17 17 161994 Agosto 27 21 1 211995 Maio 21 24 7 231999 Agosto 18 16 5 18

2005 Fevereiro 4 13

2006 Maio 6 21 13 202012 Agosto 5 20 4 20

Total de episódios: 15

Fonte: elaboração própria.

Conforme se observa no quadro 7, os meses secos apresentaram, ma-joritariamente,asduasquinzenassecas.Aexceçãofoiomêsdefevereirode 2005, no qual a primeira quinzena foi seca e a segunda úmida, tendo, portanto, a primeira quinzena sido determinante.

Háoutras situaçõesemqueaprimeiraea segundaquinzena foramsecas e, contudo, o mês não foi, o que não impede que ocorram da-nosacumulativos.Umexemplopode ter sidooanode2012 (Quadro8) que, apesar de apresentar apenas o mês de agosto seco, apresentou seismesescomdozequinzenassecas(asegundadejaneiro,primeiradefevereiro e a primeira e a segunda de março, maio, agosto, setembro e novembro). tal deve-se ao fato de que no que se refere ao mês é con-siderado o somatório da precipitação das duas quinzenas, o que eleva a precipitação total acima da temperatura média mensal, uma vez que, ao longodasquinzenas,atemperatura(varávelmaisconstantenaequação)não oscila tanto quanto a precipitação (que tem papel preponderante na definiçãodasquinzenassecas).

Oacontecidoem2012relevaaimportânciadaanálisenestaescalatem-poral, pois este ano, mesmo só apresentando um mês seco, teve 11 quinze-nas secas que podem ter gerado fortes impactos, conforme denotado pelos desastres por estiagem no ano de 2012, analisados em capítulo posterior. essa correspondência sugere que pode haver mais estreita relação entre as

Page 58: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

quinzenas secas e episódios de desastre por estiagem, do que mês seco e os mesmos episódios.

quadro 8. Precipitação e temperatura das quinzenas do ano de 2012

Gráfico4.Anomalias de precipitação (mm/%) para área de influência da UHE Foz do Chapecó

MêsPrimeira quinzena Segunda Quinzena

Prec. (mm) Temp.(°C) Prec. (mm) Temp. (°C)Janeiro 94 23 31 22

Fevereiro 25 22 90 22Março 37 29 29 22Abril 66 21 57 21Maio 7 22 40 22Junho 72 22 49 24Julho 46 22 109 21

Agosto 5 20 4 20Setembro 23 21 53 20Novembro 24 20 29 21Dezembro 78 21 110 21

Total de episódios: 11

Fonte: elaboração própria.

4.3. Anomalias de precipitação

Comafinalidadedeprocederamaioresinvestigaçõesarespeitodocom-portamentodaprecipitaçãonamesorregiãooesteem2012,foiverificadaadistribuiçãomensaldesteelementodoclimanaáreadeinfluênciadaUHEFoz de Chapecó por abranger também os municípios gaúchos, que fazem fronteira com santa Catarina.

Oanode2012foidominadopelairregularidadedasprecipitações,tan-to mensal quanto quinzenal, o que pode ter constituído uma ameaça aos sistemas ecológicos locais, contribuindo, assim, para ocorrência do desas-tre que o CoBrade designa como estiagem. Mais do que isso, o ano de 2012 evidencia tal ameaça enquanto processo, uma vez que as anomalias dechuvasiniciaramem2011,conformerepresentadonográficoseguinte.

Fonte: uhe Foz do Chapecó.

ConformeseobservanoGráfico4,adinâmicadeestiagemteve inícioem2011,comprecipitaçõesabaixodamédiaclimatológica.Emsetembrodesse ano choveu acima da média e no mês seguinte, apesar da precipitação terficadoacimadamédia,aschuvasforammaldistribuídas.Asituaçãofoiagravada no período de novembro de 2011 a março de 2012, quando foram registradaschuvasabaixodasmédiasmensais.Agravidadedasituaçãofoitão grande que, de novembro de 2011 a novembro de 2012, compondo um ano,amaiorpartedosmesesteveprecipitação,demaneirageral,de40%a80%abaixodamédia,sendoqueapenasemabril,julhoeoutubrochoveuacima da média climatológica.

tal condição ocorreu devido ao enfraquecimento dos sistemas produ-tores de chuva sobre a mesorregião oeste. o processo convectivo, res-ponsávelpelas chuvasdeverão,ficoumenos frequenteemenos intenso,apresentando, portanto, chuvas menos intensas e com menor recorrência. as frentes frias, em sua maioria, passaram sobre o sul do Brasil com menos atividade,sendoqueabaixadoChacodeslocava-sedonortedaArgentinapara o Paraguai em uma rota de maior afastamento do sul do Brasil que o normal. além dessa dinâmica, que contribuiu para a ocorrência de chuvas

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

58

Page 59: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

59

mais escassas, os bloqueios atmosféricos também concorreram para au-mentaraestabilidadeatmosférica,segurandoossistemasdetempoinstávelsobre latitudes maiores, incorrendo em ausência de chuvas na mesorregião oeste enquanto o fenômeno persistia.

4.4. Resultados das análises estatísticas da inter-relação entre estiagem, ENOS, ODP e OA

Otratamentoestatísticodaseventuaisinter-relaçõesentreENOS,ODPe oa revelou-se, em geral, negativo. os dados trabalhados para a mesor-regiãodemonstramque somentehouveumcoeficientedecorrelação (r)significativo,apelomenos5%,entreapluviosidadeeElNiño3.4,nomêsdenovembro.Aanáliserealizadatrimestralmentenãoapontoucoeficientedecorrelação(r)significativoa5%entreapluviosidade,AOeODP.Comrelaçãoàtemperaturamáximanãoseverificouaexistênciadecoeficientedecorrelação(r)significativoapelomenos5%comAO,ODPeElNiño3.4.Atemperaturamínimaapresentoucoeficientedecorrelação(r)significativaa5%comAO,nomêsdemarçoecomElNiño3.4,emnovembro.Atem-peraturamédiaapresentoucoeficientedecorrelação(r)significativoapelomenos5%paraaAOnomêsdemarço.

Estesresultadosnãosignificam,necessariamente,anãoexistênciadere-laçõesentreosfenômenospesquisados.Significaantesquenãofoipossívelcomprovaressasrelaçõesnoblocodedadosanalisados.

4.5. Síntese

CombasenoscritériosdaSEDEC/MI,oOesteCatarinenseapresentoudezmesescomestiagemclimática3, sendo novembro o de maior recorrência. É im-portante ressaltar que não houve nenhum episódio de persistência da redução daprecipitaçãoemaomenos60%emrelaçãoànormalclimatológicamensalpor mais de um mês consecutivo e, portanto, não houve episódios de seca.

JácombasenapropostabioclimatológicadeGausseneBagnoulsame-sorregião oeste, apesar de apresentar médias históricas ombrotérmicas

mensaiselevadas,tevemesessecos.Assim,foramidentificadosoitomesessecos, com a maior recorrência em agosto. os meses secos, em geral, não foram persistentes; o único caso de persistência ocorreu em 1988, duran-teosmesesdejulhoeagosto.Étambémimportantedestacarquehouvemeses emqueos limites forammuitopróximos aoque se considerariacomo mês seco.

a utilização da adaptação da proposta bioclimatológica de meses se-cos de gaussen e Bagnouls aplicada às quinzenas do período de 1979 a 2013 apresentou quinzenas secas não incluídas nos meses secos identi-ficados,cujascondiçõespodemrepresentardiferentessituaçõeseafir-maçõesmais conclusivas necessitariam de diversos testes, contudo, épossível problematizar que:

•Caso 1. Se asquinzenas adjacentes foremúmidas, aquinzena in-termediária, tidacomoseca,podenãorepresentarprejuízosparavegetação, se houver reserva de umidade no solo e em demais re-servatóriosnaturaiseartificiais.

•Caso 2.Seaquinzenasecativerquinzenasadjacentessecas,mes-mo que essas juntas não atinjam os limites para ummês seco, oefeito das quinzenas secas pode se acumular, acumulando progres-sivamentetambémosdanoseprejuízos.

•Caso 3. se a intensidade da quinzena for muito grande, mesmo comquinzenasadjacentesrelativamenteúmidas,podehaverdanossignificativosincorrendoemprejuízo.

a adaptação da proposta bioclimatológica de meses secos de gaussen e Bagnouls às quinzenas é uma sugestão a ser investigada na mesorregião oeste, pois é possível que os eventos associados à redução de precipita-çãoeaoaumentodatemperaturacomprejuízos,especialmentenaagri-cultura, possuam uma relação mais estreita com os períodos quinzenais secosdoquecomosmesessecos,umavezqueforamidentificadasmaisquinzenassecas,doqueototaldequinzenasdosmesessecosidentifica-dos. além de que, a investigação da adaptação poderia permitir esclare-cimentos sobre os casos 1, 2 e 3.

3Conformerealçadonoiníciodestecapítulo,semprequeseutilizaotermoestiagemsemoutrascomplementações,estásereferindoaestiagemclimática(EC).

Page 60: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Combinando os episódios de estiagem, conforme o critério da se-DEC/MI,comosepisódiosdemesessecos,conformepropostadeGaus-sen e Bagnouls, a mesorregião oeste apresentou os episódios relatados no quadro a seguir.

quadro 9. Episódios de Estiagem e meses secos no Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Ano Mês Estiagem Mês seco

1979 Janeiro x

1982 Janeiro x

1985 Janeiro x

1987 Setembro x

1988 Julho x

1988 Agosto x

1991 Fevereiro x

1994 Agosto x

1995 Maio x

1995 Novembro x

1998 Novembro x

1999 Agosto x

1999 Novembro x

2005 Fevereiro x x

2006 Maio x

2012 Agosto x

2012 Novembro x

Total de episódios 10 8

Fonte: elaboração própria.

EmconformidadecomoexpostonoQuadro9,ointervaloentreosepi-sódios de estiagem na mesorregião oeste foi de sete anos e sete meses a onze meses. Comparando os episódios de estiagem com os de meses secos de gaussen e Bagnouls foi possível averiguar que as ocorrências desses fe-nômenos,nogeral,nãocoincidem.Dosdezoitoepisódios identificados,aúnicaexceçãofoiomêsdefevereirode2005.Aquantidadedeepisódiosde

estiagememesessecosdemunicípiospotencialmenteatingidosestádescri-ta na tabela a seguir.

Conforme pode ser observado no quadro 10, a quantidade de episódios de estiagem foi maior do que a de episódios de mês seco. Considerando queamesorregiãooestepossui118municípiosequeaanáliseaquirealizadaconta com a média de dados de precipitação e temperatura de 17 municí-piosrecobrindovariaçõesclimáticasdoterritóriodepesquisa,poderiaacon-tecer,nolimite,que,seosdezepisódiosdeestiagemidentificadostivessematingido todos os municípios da mesorregião, haveria um total potencial de 1.180 episódios.

quadro 10. Potencial total de ocorrências de estiagem e meses secos no Oeste Catarinense, se todos os municípios fossem atingidos (1979 a 2013)

Fenômenos Quantidade de episódios

Quantidade de municípios

Potencial total de ocorrências municipais

Estiagem 10 118 1.180Mês seco 8 118 944

Total 18 118 2.124

Fonte: elaboração própria.

Jánoqueserefereaosmesessecos,fazendoumraciocíniosemelhante,poderia pensar-se num total potencial de 944. o total potencial de estiagens e meses secos poderia, então, totalizar 2.124 episódios. no caso dos episó-dios terem mesmo ocorrido em todos os municípios, e de todos eles terem tidosimpactossuficientementefortes(deacordocomInstruçãoNormativano 01, de 2012) poderia ter havido na mesorregião oeste Catarinense, entre 1979e2013,1.180a2.124decretaçõesdeemergênciaouestadodecalami-dade(conformeconsideraçãoapenasemtermosdeestiagensclimáticasouestiagensclimáticasemesessecos).

Éclaroque(comoseiráverificar)houvemenosdecretações,jáquenemtodos os episódios com impacto microrregional atingiram todos os muni-cípios,enemosquerealmenteatingiramtiveramimpactosuficienteparajustificaradecretação.Arecorrênciadosepisódiosdeestiagem(critérioSEDEC/MI)edemêsseco

(propostaGausseneBagnouls)damesorregiãooesteestáindicadanoQuadro11.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

60

Page 61: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

61

Consoante o atestado no quadro anterior, o mês de novembro foi o de maior recorrência de estiagem e o mês de agosto o de maior recorrência de mês seco e,portanto, sãoosmesesqueexigemmaisatenção.

quadro 11. Recorrência mensal de estiagem e meses secos no Oeste Catarinense (1979-2013)

Mês Estiagem Mês seco TotalJaneiro 3 0 3

Fevereiro 2 1 3 (-1 repetido) = 2Março 0 0 0Abril 0 0 0Mai 0 2 2

Junho 0 0 0Julho 0 1 1

Agosto 0 4 4Setembro 1 0 1Outubro 0 0 0

Novembro 4 0 4Dezembro 0 0 0

Fonte: elaboração própria.

5. ESTIAGENS E MESES SECOS POR MICRORREGIÃO

5.1. Microrregião de São Miguel do Oeste

5.1.1. estiagem

os limites mensais de precipitação mínima para considerar estiagem (segundoosjácitadoscritériosdaSEDEC/MI)namicrorregiãodeSãoMigueldoOestesãoosrepresentadosnoGráfico5.

ainda conforme o mesmo critério para definição de estiagem, os anos, meses e a precipitação referentes aos episódios de estiagem identificados na microrregião de são Miguel do oeste são os represen-tados no quadro 12.

quadro 12. Estiagem em São Miguel do Oeste (1979 a 2013)

Ano Mês Precipitação (mm)1979 Janeiro 571982 Janeiro 291985 Janeiro 521985 Dezembro 661987 Setembro 481991 Fevereiro 471995 Novembro 501998 Novembro 351999 Novembro 602002 Fevereiro 622004 Fevereiro 372004 Dezembro 452005 Fevereiro 332011 Dezembro 51

Total de episódios: 14Fonte: elaboração própria.

Gráfico5.Limites de precipitação (mm) para estiagem em São Miguel do Oeste (1979 a 2013)

Fonte: elaboração própria.

Page 62: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Gráfico6. Médias históricas ombrotérmicas mensais (mm/°C) de São Miguel de Oeste (1979 a 2013)

Aototalforamidentificados14mesescomocorrênciadeestiagemnami-crorregiãodeSãoMigueldoOeste,entre1979e2013,referentesajaneiro,fevereiro, novembro e dezembro, sendo que o mês com maior recorrência foi fevereiro (quadro 13). analisando os meses em que pode considerar-se a ocor-rência de estiagem, somente em outubro não houve ocorrências. não houve persistênciadareduçãodaprecipitaçãomensalemaomenos60%emrelaçãoà normal climatológica mensal em mais de um mês consecutivo e, logo, não houve seca.

quadro 13. Recorrência mensal da estiagem em São Miguel do Oeste (1979 a 2013)

Mês RecorrênciaFevereiro 4Janeiro 3

Novembro 3Dezembro 3Setembro 1

Fonte: elaboração própria.

5.1.2. Meses secos

as médias históricas ombrotérmicas mensais da microrregião de são MigueldoOeste(Gráfico6)sãobemsuperioresaoslimitesdedefini-ção de meses secos, seguindo o critério de gaussen e Bagnouls.

apesar do valor das médias históricas ombrotérmicas situarem-se muito acima dos limites de consideração de meses secos, a microrre-gião de são Miguel do oeste, no período analisado, apresentou meses secos (quadro 14).

no total foram identificados dezoito meses secos na microrregião de são Miguel do oeste, durante o período de 1979 a 2013, referentes a janeiro, fevereiro, março, maio, junho, julho, agosto e novembro,tendo sido o mês de agosto o mês com maior recorrência, conforme pode ser observado no quadro 15. os meses de abril, setembro e de-zembro não apresentaram episódios de mês seco.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

62

Fonte: elaboração própria.

Page 63: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

63

quadro 14. Ocorrência de meses secos em São Miguel de Oeste (1979 a 2013)

Ano Mês Precipitação média (mm) Temperatura média (°C)1981 Julho 18 141982 Janeiro 29 241988 Março 49 251988 Julho 13 131988 Agosto 25 171994 Agosto 30 171997 Março 34 221998 Novembro 35 231999 Agosto 25 162004 Fevereiro 35 162004 Agosto 24 162005 Fevereiro 33 252006 Maio 26 152007 Junho 25 162008 Julho 33 172009 Março 40 242012 Maio 33 172012 Agosto 10 19

Total de episódios: 18Fonte: elaboração própria.

A análise geral dos dados damicrorregião de SãoMiguel doOestedemonstraque,combasenoscritériosdaSEDEC/MI,houve14mesescom estiagem, sendo que o mês de maior recorrência foi fevereiro. É importante ressaltar que não houve nenhum episódio de persistência da reduçãodaprecipitaçãoemaomenos60%emrelaçãoànormalclima-tológica mensal por mais de um mês consecutivo e, portanto, não houve episódios de seca.

JácombasenapropostabioclimatológicadeGausseneBagnouls, fo-ramidentificadosnamicrorregiãodeSãoMigueldoOestedezoitomesessecos, com a maior recorrência em agosto. os meses secos, em geral não foram persistentes, o único caso de persistência ocorreu em 1988, duran-

teosmesesdejulhoeagosto.Tambéméimportantedestacarque,houvemeses emqueos limites forammuitopróximos aoque se considerariacomo mês seco.

quadro 15. Recorrência de meses secos em São Miguel de Oeste (1979 a 2013)

Mês RecorrênciaAgosto 5Julho 3

Janeiro 1Março 3

Novembro 1Fevereiro 2

Maio 2Junho 1

Fonte: elaboração própria.

5.1.3. estiagens e meses secos

Considerando,deformaconjunta,osepisódiosdeestiagemcomosepi-sódios de meses secos, a microrregião de são Miguel do oeste apresentou osepisódiosconsolidadosnoQuadro16.

Aanáliserealizadabaseia-senamédiadedadosdeprecipitaçãoetem-peratura de somente três municípios que, embora procurem englobar va-riaçõesclimáticasdo territóriodepesquisa,nãoconseguem,obviamente,representartodasasvariaçõesexistentes,nãosendoassimprovávelqueosfenômenosdeestiagemidentificadossetenhammanifestadoemtodososmunicípios.Masse,noextremo,os14episódiosdeestiagemidentificadostivessem atingido todos os municípios da microrregião, haveria um total de 294 ocorrências municipais por estiagem.

Page 64: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Quadro16. Estiagem e meses secos em São Miguel do Oeste (1979 a 2013)

Ano Mês Estiagem Mês seco

1979 Janeiro x

1981 Julho x1982 Janeiro x x1985 Janeiro x1985 Dezembro x1987 Setembro x1988 Março x1988 Julho x1988 Agosto x1991 Fevereiro x1994 Agosto x1995 Novembro x1997 Março x1998 Novembro x x1999 Agosto x1999 Novembro x2002 Fevereiro x2004 Fevereiro x x2004 Agosto x2004 Dez. x2005 Fevereiro x x2006 Maio x2007 Junho x2008 Julho x2009 Março x2011 Dezembro x2012 Maio x2012 Agosto x2012 Novembro x

Fonte: elaboração própria.

da mesma forma, se os episódios de mês seco tivessem afetado todos os municípios, seriam 378 episódios de mês seco (quadro 17).

quadro 17. OPotencial total de corrências de estiagem e meses secos em São Miguel do Oeste (1979 a 2013)

Fenômenos Quantidade de episódios

Quantidade de municípios

Potencial total de ocorrências municipais

Estiagem 14 21 294Mês seco 18 21 378

Total 32 21 672

Fonte: elaboração própria.

Setodososmunicípiostivessemsidoatingidos,comimpactossuficien-temente fortes (conforme instrução normativa no 01, de 2012), poderiam contabilizar-se,entre1979e2013,emSãoMigueldeOeste,294a672de-cretaçõesdedesastre(considerando,respectivamente,apenasestiagensouestiagens e meses secos).

quadro 18. Recorrência mensal de estiagem e meses secos em São Miguel do Oeste (1979 a 2013)

Mês Estiagem Mês seco TotalJaneiro 3 1 4 (-1 repetido = 3)

Fevereiro 4 2 6 (-2 repetido = 4)Março 0 3 3Abril 0 0 0Mai 0 2 2

Junho 0 1 1Julho 0 3 3

Agosto 0 5 5Setembro 1 0 1Outubro 0 0 0

Novembro 3 1 4 (-1 repetido = 3)Dezembro 3 0 3

Fonte: elaboração própria.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

64

Page 65: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

65

o quadro 18 evidencia a recorrência tanto dos episódios de estiagem, como dos episódios de mês seco, na microrregião de são Miguel do oeste.

Conforme pode ser observado no quadro 18, o mês de fevereiro foi o de maior recorrência de estiagem e o mês de agosto o de maior recorrência de mêssecoe,portanto,sãoosmesesqueexigemmaisatenção.

5.2. Microrregião de Chapecó

5.2.1. estiagem

os limites mensais de precipitação mínima para considerar estiagem namicrorregiãodeChapecó(critérioSEDEC/MI)estãorepresentadosnoGráfico7.

no quadro 19 indicam-se os anos, meses e a precipitação referentes aosepisódiosdeestiagemidentificadosnamicrorregiãodeChapecó,entre1979 e 2013.

quadro 19. Estiagem em Chapecó (1979 a 2013)

Ano Mês Precipitação (mm)1979 Janeiro 471982 Janeiro 531985 Janeiro 581987 Setembro 461991 Fevereiro 461995 Novembro 631998 Novembro 462002 Fevereiro 712005 Fevereiro 412011 Dezembro 662012 Setembro 64

Total de episódios: 11Fonte: elaboração própria.

Gráfico7. Limites de precipitação (mm) para consideração de estiagem em Chapecó (1979 a 2013)

Fonte: elaboração própria.

Ao total, foram identificadosonzemeses comocorrênciadeestiagemnamicrorregiãodeChapecó,entre1979e2013,referentesajaneiro,feve-reiro, setembro, novembro e dezembro. os meses com maior recorrência foramjaneiroefevereiro(Quadro20).Nãohouveocorrênciadeestiagemem outubro, novembro e dezembro. destaca-se que não houve persistência dareduçãodaprecipitaçãomensalemaomenos60%emrelaçãoànor-mal climatológica mensal em mais de um mês consecutivo, logo, não houve ocorrência de seca no período analisado.

quadro 20. Recorrência mensal da estiagem em Chapecó (1979 a 2013)

Mês RecorrênciaJaneiro 3

Fevereiro 3Novembro 2Setembro 2Dezembro 1

Fonte: elaboração própria.

Page 66: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

5.2.2. Meses secos

em Chapecó, mais uma vez, as médias históricas ombrotérmicas mensais estãobemacimadolimitedeconsideraçãodemesessecos(Gráfico8).Mas,maisumavez,issosignificaqueváriosmesesdeelevadaprecipitaçãoforamcompensadospormesescomprecipitaçãopequenaoumuitopequena, jáque ocorreram 10 meses secos na região, no período de 1979 a 2013 (qua-dro 21).

Gráfico8.Médias históricas ombrotérmicas mensais (mm/°C) de Chapecó (1979 a 2013)

Fonte: elaboração própria.

quadro 21. Ocorrência de meses secos em Chapecó (1979 a 2013)

Ano Mês Precipitação média (mm)

Temperatura média (°C)

1981 Maio 32 181988 Março 43 231988 Julho 14 111988 Agosto 18 161994 Agosto 28 16

1999 Agosto 26 152005 Fevereiro 41 232006 Maio 18 142009 Março 38 202012 Agosto 6 18

Total de episódios: 10

Fonte: elaboração própria.

Osmesessecossãoreferentesafevereiro,março,maio,julho,agosto,tendo sido este último o mês com maior recorrência, conforme pode ser observadonoQuadro22.Osmesesdejaneiro,abril,junho,setembro,ou-tubro, novembro e dezembro não apresentaram episódios de mês seco.

quadro 22. Recorrência de meses secos em Chapecó (1979 a 2013)

Mês RecorrênciaAgosto 4Maio 2

Março 2Fevereiro 1

Julho 1

Fonte: elaboração própria.

AanálisegeraldosdadosdamicrorregiãodeChapecódemonstra,por-tanto, que houve 11 meses com estiagem, sendo que os meses de maior recorrênciaforamjaneiroefevereiro.Importanteressaltarquenãohouvenenhum episódio de persistência da redução da precipitação em ao menos 60%emrelaçãoànormalclimatológicamensalpormaisdeummêsconse-cutivo e, portanto, não houve episódios de seca.

Já combase na proposta bioclimatológica, apesar de amicrorregião deChapecó apresentar médias históricas ombrotérmicas mensais muito supe-rioresaoslimitesdeconsideraçãodemêsseco,foramidentificadosdezmesessecos, com a maior recorrência em agosto. os meses secos, em geral não foram persistentes, o único caso de persistência ocorreu em 1988, durante os mesesdejulhoeagosto.Éimportantedestacarquehouvemesesemqueoslimitesforammuitopróximosaoqueseconsiderariacomomêsseco.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

66

Page 67: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

67

5.2.3. estiagens e meses secos

Conjugandoosepisódiosdeestiagemcomosepisódiosdemêssecoami-crorregião de Chapecó apresentou os episódios evidenciados no quadro 23.

quadro 23. Estiagem e meses secos em Chapecó (1979 a 2013)

Ano Mês Estiagem Mês seco

1979 Janeiro x

1981 Maio x

1982 Janeiro x

1985 Janeiro x

1987 Setembro x

1988 Março x

1988 Julho x

1988 Agosto x

1991 Fevereiro x

1991 Agosto x

1995 Novembro x

1998 Novembro x

1999 Agosto x

1999 Novembro

2002 Fevereiro x

2005 Fevereiro x x

2006 Maio x

2009 Março x

2012 Agosto x

2012 Setembro x

Fonte: elaboração própria.

o intervalo entre os episódios de estiagem foi de sete anos e seis a sete meses. Comparando os episódios de estiagem com os de meses secos foi possível averiguar que as ocorrências desses fenômenos, no geral, não coin-cidem,comaúnicaexceçãofoiomêsdefevereirode2005.Aquantidadede episódios de estiagem foi maior do que a de meses secos.

utilizando um raciocínio similar ao que se utilizou para são Miguel de oeste, como a microrregião de Chapecó possui 38 municípios, poderia ter acontecido, no limite, que os 11 episódios de estiagem tivessem atingido todos os municípios damicrorregião,gerandoumtotalde418ocorrênciasporestiagemclimáticae um total 380 ocorrências de mês seco. se todos estes episódios tivessem satisfeitooscritériosdeimpacto,consideradosnecessáriosparadecretaçãodeemergência (ou estado de calamidade) por estiagem, poderia ter havido um to-talde418a798decretaçõesdedesastre(conformeconsideraçãosomentedeestiagem ou de estiagem e de meses secos), como consta do quadro 24.

quadro 24. Potencial total de ocorrências de estiagem e meses secos em Chapecó (1979 a 2013)

Fenômenos Quantidade de episódios

Quantidade de municípios

Potencial total de ocorrências municipais

Estiagem 11 38 418Meses secos 10 38 380

Total 21 38 798Fonte: elaboração própria.

o quadro 25 indica a recorrência dos episódios de estiagem com a re-corrência dos episódios de meses secos na microrregião de Chapecó.

quadro 25. Recorrência mensal de estiagem e meses secos em Chapecó (1979 a 2013)

Mês Estiagem Mês seco TotalJaneiro 3 0 3

Fevereiro 3 1 4 (-1 repetido = 3)Março 0 1 1Abril 0 1 1Maio 0 2 2Junho 0 0 0Julho 0 1 1

Agosto 0 4 4Setembro 2 0 2Outubro 0 0 0

Novembro 2 0 2Dezembro 1 0 1

Fonte: elaboração própria.

Page 68: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Conformepodeserobservadonoquadroanterior,osmesesdejaneiroefe-vereiro foram os de maior recorrência de estiagem e o mês de agosto o de maior recorrênciademêssecoe,portanto,sãoosmesesqueexigemmaisatenção.

5.3. Microrregião de Xanxerê

5.3.1. estiagem

Talcomo foi feitoparaasduasmicrorregiõesanteriormentereferidas,calcularam-se os mínimos de precipitação para consideração de estiagem climáticanamicrorregiãodeXanxerê(Gráfico9).

SempreseguindoocritériodaSEDEC/MI,osanos,meseseaprecipita-çãoreferentesaosepisódiosdeestiagemidentificadosnamicrorregiãodeXanxerêsãoosindicadosnoQuadro26.

Quadro26.Estiagem em Xanxerê (1979-2013)

Ano Mês Precipitação (mm)1979 Janeiro 601982 Janeiro 461985 Janeiro 561987 Setembro 541988 Setembro 621991 Fevereiro 421991 Setembro 591995 Novembro 571998 Novembro 461999 Novembro 482002 Fevereiro 642005 Fevereiro 372005 Dezembro 612012 Setembro 632012 Novembro 39

Total de episódios: 15

Fonte: elaboração própria.

Gráfico9.Limites de precipitação (mm) para consideração de estiagem em Xanxerê (1979 a 2013)

Fonte: elaboração própria.

Nototalforamidentificados15mesescomocorrênciadeestiagemnamicrorregiãodeXanxerê,duranteoperíodode1979a2013,referentesa janeiro, fevereiro, setembro, novembro e dezembro, sendo que osmeses com maior recorrência foram setembro e novembro, conforme descrito no quadro 27. não houve ocorrência de estiagem em outubro. destaca-se que não houve persistência da redução da precipitação men-salemaomenos60%emrelaçãoànormalclimatológicamensalemmaisde um mês consecutivo, logo, não houve ocorrência de seca no período analisado.

quadro 27. Recorrência mensal da estiagem em Xanxerê (1979-2013)

Mês RecorrênciaSetembro 4Novembro 4

Janeiro 3Fevereiro 3Dezembro 1

Fonte: elaboração própria.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

68

Page 69: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

69

5.3.2. Meses secos

Talcomoasnasduasmicrorregiõesanteriores,asmédiashistóricasom-brotérmicas mensais são muito superiores aos limites de consideração de mesessecos(Gráfico10).

Gráfico10.Médias históricas ombrotérmicas mensais (mm / °C) em Xanxerê (1979 a 2013)

Fonte: elaboração própria.

apesar destes valores das médias ombrotérmicas mensais, o período analisadoapresentoumesessecosnamicrorregiãodeXanxerêcujosanos,temperatura e precipitação estão indicados no quadro 28.

quadro 28. Ocorrência de meses secos em Xanxerê (1979 a 2013)

Ano Mês Precipitação média (mm) Temperatura média (°C)1981 Julho 22 121988 Julho 15 111988 Agosto 20 161991 Fevereiro 42 221994 Agosto 25 151995 Maio 22 151999 Agosto 25 152005 Fevereiro 37 232006 Maio 16 132012 Agosto 5 172012 Novembro 39 22

Total de episódios: 11

Fonte: elaboração própria.

Nototalforamidentificados11mesessecosemXanxerê,duranteoperí-odode1979a2013,referentesafevereiro,maio,julho,agostoenovembro,tendo sido agosto o mês com maior recorrência, conforme pode ser obser-vadonoQuadro29.Osmesesde janeiro,março,abril, junho,setembro,outubro e dezembro, não apresentaram episódios de mês seco.

quadro 29. Recorrência de meses secos em Xanxerê (1979 a 2013)

Mês RecorrênciaAgosto 4Julho 2

Fevereiro 2Maio 2

Novembro 1Fonte: elaboração própria.

AanálisegeraldosdadosdamicrorregiãodeXanxerêdemonstra,por-tanto, que houve 15 meses com estiagem, sendo que os meses de maior recorrência foram setembro e novembro. É importante ressaltar que não houve nenhum episódio de persistência da redução da precipitação em ao menos60%emrelaçãoànormalclimatológicamensalpormaisdeummêsconsecutivo e, portanto, não houve episódios de seca.

Page 70: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Jácombasenapropostabioclimatológica,namicrorregiãodeXanxerê,foramidentificados11mesessecos,comamaiorrecorrênciaemagosto.Osmeses secos, em geral não foram persistentes, o único caso de persistência ocorreuem1988,duranteosmesesdejulhoeagosto.Tambéméimportan-tedestacarque,houvemesesemqueoslimitesforammuitopróximosaoque se consideraria como mês seco.

5.3.3. estiagens e meses secos

Analisando,emconjunto,osepisódiosdeestiagemeosepisódiosdemêsseco,amicrorregiãodeXanxerêapresentouasocorrênciasconstantesnoquadro 30.

quadro 30. Estiagem e meses secos em Xanxerê (1979 a 2013)

Ano Mês Estiagens Meses secos

1979 Janeiro x

1981 Julho x

1982 Janeiro x

1985 Janeiro x

1987 Setembro x

1988 Julho x

1988 Agosto x

1988 Setembro x

1991 Fevereiro x x

1991 Setembro x

1994 Agosto x

1995 Maio x

1995 Novembro x

1998 Novembro x

1999 Agosto x

1999 Novembro x

2002 Fevereiro x

2005 Fevereiro x x

2005 Dezembro x

2006 Maio x

2012 Agosto x

2012 Setembro x

Novembro x x

Fonte: elaboração própria.

Deacordocomoverificadonoquadroanterior,o intervaloentreosepisódiosdeestiagemclimáticafoideseisanoseoitomesesaummês.Comparando os episódios de estiagem com os de mês seco é possível concluir que as ocorrências desses fenômenos, no geral, não coincidem (asúnicasexceçõesforamosmesesdefevereirode2001efevereirode2005). a quantidade de episódios de estiagem foi maior do que a de epi-sódios de meses secos.

quadro 31. Potencial total de ocorrências de estiagem climática e meses secos em Xanxerê (1979 a 2013)

Fenômenos Quantidade de episódios

Quantidade de municípios

Potencial total de ocorrências municipais

Estiagem 15 17 255Mês seco 11 17 187

Total 26 17 442

Fonte: elaboração própria.

Combasenomesmoraciocínioelaboradoparaasregiõesqueseante-cederam, amicrorregião deXanxerê, que possui 17municípios, poderiaregistrar,casoos15episódiosdeestiagemidentificadostivessematingidotodososmunicípiosdamicrorregião,255ocorrências.Jánoqueserefereaos meses secos, se estaria perante um total de 187 episódios. se todos esses episódios tivessem ocorrido e se, para além disso, todos tivessem tido impactoscondizentescomoexigidopelaINno 01 de 2012 poderia haver, conformeindicadonoQuadro31,255a442decretaçõesdedesastreporestiagem (considerando, respectivamente, somente estiagemclimáticaouestiagem e meses secos).

a recorrência dos episódios de estiagem e de mês seco, na microrregião deXanxerê,estáevidenciadanoQuadro31.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

70

Page 71: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

71

quadro 32. Recorrência mensal de estiagem e meses secos em Xanxerê (1979 a 2013)

Mês Estiagem Mês seco TotalJaneiro 3 0 3

Fevereiro 3 2 5 (-2 repretidos = 3)Março 0 0 0Abril 0 0 0Mai 0 2 2

Junho 0 0 0Julho 0 2 2

Agosto 0 4 4Setembro 4 0 4Outubro 0 0 0

Novembro 4 1 5Dezembro 1 0 1

Fonte: elaboração própria.

Conforme pode ser observado no quadro anterior, os meses de setem-bro e outubro foram os de maior recorrência de estiagem e o mês de agosto odemaiorrecorrênciademêssecoe,portanto,sãoosmesesqueexigemmais atenção.

5.4. Microrregião de Concórdia

5.4.1. estiagem

os limites mensais de precipitação mínima para considerar estiagem na microrregiãodeConcórdiaestãorepresentadosnoGráfico11.

Gráfico11.Limites de precipitação para consideração (mm) de estiagem em Concórdia (1979 a 2013)

Fonte: elaboração própria.

os anos, meses e a precipitação referentes aos episódios de estiagem identificadosnamicrorregiãodeConcórdiaestãoindicadosnaTabela32.

quadro 33. Estiagem em Concórdia (1979 a 2013)

Ano Mês Precipitação (mm)1979 Janeiro 351982 Janeiro 631987 Setembro 501991 Fevereiro 461991 Setembro 651998 Novembro 311999 Novembro 552002 Fevereiro 552003 Setembro 612004 Dezembro 562005 Fevereiro 282005 Novembro 592005 Dezembro 622011 Dezembro 602012 Setembro 29

Total de episódios: 15Fonte: elaboração própria.

Page 72: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Aototalforamidentificados15mesescomestiagememConcórdia,du-ranteoperíodode1979a2013,referentesajaneiro,fevereiro,setembro,novembro e dezembro, sendo que o mês com maior recorrência foi setem-bro (quadro 34). destaca-se a persistência da redução da precipitação men-salemaomenos60%emrelaçãoànormal,emmaisdeummêsconsecutivodurante novembro e dezembro de 2005, o que sugere a ocorrência de um episódio de seca, apesar da curta duração, se comparada as tradicionais se-cas do nordeste brasileiro.

quadro 34. Recorrência mensal da estiagem em Concórdia (1979 a 2013)

Mês RecorrênciaSetembro 4Fevereiro 3

Novembro 3Dezembro 3

Janeiro 2Fonte: elaboração própria.

5.4.2. Meses secos

as médias históricas ombrotérmicas mensais da microrregião de Con-córdia são muito superiores aos valores de referência para consideração de mesessecos(Gráfico12).

apesar dos valores das médias históricas ombrotérmicas mensais, a mi-crorregião de Concórdia registrou meses secos (quadro 35).

quadro 35. Meses secos em Concórdia (1979-2013)

Ano Mês Precipitação média (mm)

Temperatura média (°C)

1979 Janeiro 35 221988 Março 45 231988 Agosto 11 151991 Março 38 221994 Agosto 25 151995 Maio 28 141998 Novembro 31 21

1999 Agosto 27 142005 Fevereiro 28 232006 Maio 18 132008 Julho 29 152012 Agosto 8 172012 Novembro 29 22

Total de episódios: 13

Fonte: elaboração própria.

Gráfico12.Médias históricas ombrotérmicas mensais (mm/°C) em Concórdia (1979 a 2013)

Fonte: elaboração própria.

Ao total foram identificados 13meses secos namicrorregiãodeCon-córdia,duranteoperíodode1979a2012,referentesajaneiro,fevereiro,março,maio,julho,agostoenovembro,tendosidoagostoomêscommaiorrecorrência, conformepode ser observado noQuadro 36.Osmeses deabril, junho,setembro,outubroedezembro,nãoapresentaramepisódiosde mês seco.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

72

Page 73: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

73

Quadro36.Recorrência de meses secos em Concórdia (1979 a 2013)Mês Recorrência

Agosto 4Março 2Maio 2

Novembro 2Janeiro 1

Fevereiro 1Julho 1

Fonte: elaboração própria.

AanálisegeraldosdadosdamicrorregiãodeConcórdiademonstraquehouve 15 meses com estiagem, sendo que o mês de maior recorrência foi setembro. importante ressaltar que houve um episódio de persistência da reduçãodaprecipitaçãoemaomenos60%emrelaçãoànormalclimatoló-gica mensal por mais de um mês consecutivo durante novembro e dezem-bro de 2005, logo, houve uma ocorrência de seca no período analisado.

Jácombasenapropostabioclimatológica,namicrorregiãodeConcórdia,foramidentificados13mesessecos,comamaiorrecorrênciaemagosto.Osmeses secos não foram persistentes. importante destacar que, houve meses em queoslimitesforammuitopróximosaoqueseconsiderariacomomêsseco.

5.4.3. estiagens e meses secos

Considerandoemconjuntoosepisódiosdeestiagemcomosepisódiosde mês seco, a microrregião de Concórdia apresentou os episódios indica-dos no quadro 37.

em conformidade com o observado na tabela anterior, o intervalo entre os episódios de estiagem foi de sete anos e dois meses a episódios sem in-tervalo caracterizando seca. Comparando os episódios de estiagem com os de mês seco, foi possível averiguar que as ocorrências desses fenômenos, nogeral,nãocoincidem.Asúnicasexceçõesforamosmesesdejaneirode1979, novembro de 1998 e fevereiro de 2005. a quantidade de episódios deestiagemfoimaiordoqueadeepisódiosdemêsseco.Aexemplodasmicrorregiões anteriores, calculou-se omáximo potencial de ocorrênciasmunicipais, caso todos os municípios tivessem sido atingidos (quadro 38).

Considerando que a microrregião de Concórdia possui 15 municípios e quenumextremodeabrangênciatodososepisódiospoderiamtersema-nifestado em todos os municípios, poderia ter havido um total de 225 ocor-rências municipais por estiagem e 195 ocorrências de mês seco. e, se todos esses episódios tivessemo impacto necessário a decretaçãodedesastre,poderiahaverentre225e420decretações(conformeseconsideresomen-teaestiagemclimática,ouestaeosmesessecos,emconjunto).

quadro 37. Estiagem e meses secos em Concórdia (1979 a 2013)

Ano Mês Estiagens Meses secos1979 Janeiro x x1982 Janeiro x

1987 Setembro x

1988 Março x

1988 Agosto x

1991 Fevereiro x

1991 Março x

1991 Setembro x

1994 Agosto x

1995 Maio x1998 Novembro x x1999 Agosto x

1999 Novembro x

2002 Fevereiro x

2003 Setembro x

2004 Dezembro x2005 Fevereiro x x2005 Novembro x

2005 Dezembro x

2006 Maio x

2008 Julho x

2011 Dezembro x

2012 Agosto x

2012 Setembro x

2012 Novembro xFonte: elaboração própria.

Page 74: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

quadro 38. Potencial total de ocorrências de estiagem e meses secos em Concórdia (1979 a 2013)

Fenômenos Quantidade de episódios

Quantidade de municí-

pios

Potencial total de

ocorrências municipais

Estiagem 15 15 225Mês seco 13 15 195

Total 28 15 420Fonte: elaboração própria.

a recorrência combinada dos episódios de estiagem com a recorrência dosepisódiosdemêsseco,namicrorregiãodeConcórdiaestáilustradanoquadro 39.

quadro 39. Recorrência mensal de estiagem e meses secos em Concórdia (1979 a 2013)

Mês Estiagem Mês seco Total

Janeiro 2 1 3 (-1 repetido = 2)

Fevereiro 3 1 4 (-1 repetido = 3)

Março 0 2 2

Abril 0 0 0

Mai 0 2 2

Junho 0 0 0

Julho 0 1 1

Agosto 0 4 4

Setembro 4 0 4

Outubro 0 0 0

Novembro 3 2 5 (-1 repetido = 4)

Dezembro 3 0 3Fonte: elaboração própria.

Conforme pode ser observado, o mês de setembro foi o de maior recor-rência de estiagem e o mês de agosto o de maior recorrência de mês seco e,portanto,sãoosmesesqueexigemmaisatenção.

5.5. Microrregião de Joaçaba

5.5.1. estiagem

os limites mensais de precipitação mínima para considerar estiagem na microrregiãodeJoaçabaestãonoGráfico13.

Gráfico13.Limites de precipitação (mm) para consideração de estiagem em Joaçaba (1979 a 2013)

Fonte: elaboração própria.

no quadro 40 estão indicados os anos, meses e a precipitação referentes aosepisódiosdeestiagem identificadosnamicrorregiãode Joaçabaentre1979 e 2013.

quadro 40. Estiagem em Joaçaba (1979 a 2013)

Ano Mês Precipitação (mm)1979 Janeiro 381982 Janeiro 671982 Setembro 341984 Outubro 781985 Janeiro 64

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

74

Page 75: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

75

1985 Dezembro 551991 Fevereiro 511991 Setembro 371998 Novembro 512005 Fevereiro 422012 Setembro 36

Total de episódios: 11Fonte: elaboração própria.

Ao total foram identificados11mesescomocorrênciadeestiagemnamicrorregião de Joaçaba, durante o período de 1979 a 2013, referentes a janeiro,fevereiro,setembro,novembro,outubroedezembro,sendoqueosmesescommaiorrecorrênciaforamjaneiroesetembro(Quadro41).

destaca-se que não houve persistência da redução da precipitação mensal emaomenos60%emrelaçãoànormalclimatológicamensalemmaisdeummês consecutivo, logo, não houve ocorrência de seca no período analisado.

quadro 41. Recorrência mensal da estiagem em Joaçaba (1979 a 2013)

Mês RecorrênciaJaneiro 3

Setembro 3Fevereiro 2Outubro 1

Novembro 1Dezembro 1

Fonte: elaboração própria.

5.2.2. Meses secos

a microrregião de Joaçaba também, como as restantes, apresenta médias históricas ombrotérmicas mensais muito superiores aos valores de referên-ciaparaconsideraçãodemêsseco(Gráfico14).

apesar do valor das médias históricas ombrotérmicas, o período analisa-doapresentoumesessecosnamicrorregiãodeJoaçabacujosanos,tempe-ratura e precipitação estão indicados no quadro 42.

Gráfico14.Médias históricas ombrotérmicas mensais (mm/°C) em Joaçaba (1979 a 2013)

Fonte: elaboração própria.

quadro 42. Meses secos em Joaçaba (1979 a 2013)

Ano Mês Precipitação média (mm)

Temperatura média (°C)

1979 Janeiro 38 201982 Janeiro 25 171985 Janeiro 23 141988 Março 9 101988 Julho 16 141993 Agosto 20 131994 Agosto 23 141995 Maio 19 141996 Maio 22 151999 Agosto 16 132005 Fevereiro 42 212006 Maio 17 132012 Agosto 14 162012 Novembro 36 20

Total de episódios: 14

Fonte: elaboração própria.

Page 76: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Aototalforamidentificados14mesessecosnamicrorregiãodeJoaçaba,duranteoperíodode1979a2013,referentesa janeiro, fevereiro,mar-ço,maio,julho,agostoenovembro,tendosidoagostoomêscommaiorrecorrência, conforme pode ser observado no quadro 43. os meses de abril,junho,setembro,outubroedezembro,nãoapresentaramepisódiosde mês seco.

quadro 43. Recorrência de meses secos em Joaçaba (1979 a 2013)

Mês RecorrênciaAgosto 4Janeiro 3Maio 3

Fevereiro 1Março 1Julho 1

Novembro 1Fonte: elaboração própria

A análise geral dos dados damicrorregião de Joaçaba demonstra,portanto, que houve 11 meses com estiagem, sendo que o mês de maior recorrência foi fevereiro. importante ressaltar que não houve nenhum episódio de persistência da redução da precipitação em ao menos 60% em relação à normal climatológica mensal por mais deummêse,portanto,nãohouveepisódiosdeseca.Jánoquesereferea meses secos, apesar do valor das médias históricas ombrotérmicas, apresentou 14 meses secos, com a maior recorrência em agosto. os meses secos não foram persistentes. também é importante destacar quehouvemesesemqueos limites forammuitopróximosaoqueseconsideraria como mês seco.

5.5.3. estiagem e meses secos

a ocorrência comparativa dos episódios de estiagem e dos episódios de mêsseco,nessamicrorregiãoestáilustradanoQuadro44.

quadro 44. Estiagem e meses secos em Joaçaba (1979 a 2013)

Ano Mês Estiagens Meses secos1979 Janeiro x x1982 Janeiro x x1982 Setembro x1984 Outubro x1985 Janeiro x x1985 Dezembro x1988 Março x1988 Julho x1991 Fevereiro x1991 Setembro x1993 Agosto x1994 Agosto x1995 Maio x1996 Maio x1998 Novembro x x2005 Fevereiro x x2006 Maio x2012 Agosto x2012 Setembro x2012 Novembro x

Fonte: elaboração própria.

Comoseconstatapelaanálisedatabelaanterior,ointervaloentreosepi-sódios de estiagem na microrregião de Joaçaba foi de sete anos e um mês a dois meses. Comparando os episódios de estiagem com os de meses secos percebe-se que as ocorrências desses fenômenos, no geral, não coincidem (asúnicasexceçõesforamosmesesdejaneirode1979,1982,e1985,no-vembro de 1998 e de fevereiro de 2005). a quantidade de episódios de me-ses secos foi maior do que a de episódios de estiagem. o quadro 45 indica o potencial total de episódios de estiagem e mês seco no caso de todos os municípios da microrregião terem sido atingidos por todas as ocorrências contabilizadas ao nível da microrregião.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

76

Page 77: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

ii

77

Considerando que a microrregião de Joaçaba possui 27 municípios, se os11episódiosdeestiagemidentificadostivessematingidotodososmu-nicípios da microrregião, haveria um total de 297 ocorrências municipais por estiagem. no que se refere aos meses secos, caso tivessem ocorrido simultaneamente em todos os municípios, haveria um total de 378. se to-dasestasocorrênciastivessemmesmoexistidoetodascomumníveldeimpacto compatível com, no mínimo, decretação de emergência, poderia atingir-seototalde297a675decretaçõesdedesastreporestiagemnesteperíodo(conformeconsideraçãoapenasdeestiagemclimáticaedemesessecos).

quadro 45. Potencial total de ocorrências de estiagem e meses secos em Joaçaba (1979 a 2013)

Fenômenos Quantidade de episódios

Quantidade de municípios

Potencial total de ocorrências municipais

Estiagem 11 27 297Mês seco 14 27 378

Total 25 27 675

Fonte: elaboração própria.

quanto à recorrência dos episódios de estiagem e dos episódios de mês seco,verificou-seoqueoQuadro46evidencia.

Quadro46.Recorrência mensal de estiagem e meses secos em Joaçaba (1979 a 2013)

Mês Estiagem Mês seco TotalJaneiro 3 1 4 (-3 repetidos = 1)

Fevereiro 2 1 3 (-1 repetido = 2)Março 0 0 0Abril 0 1 1Mai 0 3 3

Junho 0 1 1Julho 0 1 1

Agosto 0 5 5Setembro 3 0 3Outubro 1 0 1

Novembro 1 1 2 (-1 repetido = 1)Dezembro 1 0 1

Fonte: elaboração própria.

Conformepodeserobservado,osmesesdejaneiroesetembroforamosde maior recorrência de estiagem e o mês de agosto o de maior recorrência demêssecoe,portanto,sãoosmesesqueexigemmaisatenção.

6. COMPARATIVO ENTRE AS MICRORREGIÕES, EXTRAPOLAÇÃO PARA A MESORREGIÃO E SÍNTESE

6.1. Comparativo das microrregiões

Para facilitar a visão geral das normais ombrotérmicas mensais para o pe-ríodo de 1979 a 2013 por microrregião, foi elaborado o Mapa 05 (p. 78), que alémdasinformaçõesdetemperaturamédiaepluviosidademédia,localizaasestaçõesmeteorológicasdeondeosdadosforamcoletados.

o quadro 47 apresenta síntese da localização temporal (ano) e espacial (microrregião) dos episódios de estiagens na Mesorregião do oeste Cata-rinense.

Page 78: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

78

Page 79: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

quadro 47. Estiagens nas microrregiões do Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Ano Mês S.M.Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba1979 Janeiro x x x x x1982 Janeiro x x x x x

Setembro x

1984 Outubro x

1985 Janeiro x x x x

Dezembro x x

1987 Setembro x x x x

1988 Setembro x

1991 Fevereiro x x x x x

Setembro x x x

1995 Novembro x x x

1998 Novembro x x x x x

1999 Novembro x x x

2002 Fevereiro x x x x

2003 Setembro x

2004 Fevereiro x

Dezembro x x

2005 Fevereiro x x x x x

Novembro x

Dezembro x x

2011 Dezembro x x x

2012 Setembro x x x x

Novembro x

Fonte: elaboração própria.

EmconformidadecomoindicadonoQuadro47,ascincomicrorregiõesapresentaram cinco episódios de estiagem simultaneamente, referentes a janeirode1979,de1982,de1991,novembrode1998efevereirode2005.OQuadro48evidenciaarecorrênciadasestiagensnascincomicrorregiõesdo oeste, entre 1979 e 2013.

quadro 48. Recorrência mensal de estiagem nas microrregiões do Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Microrregião Jan Fev Set Out Nov Dez TotalS.M.Oeste 3 4 1 0 3 3 14Chapecó 3 3 2 0 2 1 11Xanxerê 3 3 4 0 4 1 15

Concórdia 2 3 4 0 3 3 15Joaçaba 3 2 3 1 1 1 11

Total 14 15 14 1 13 9 66Fonte: elaboração própria.

ComoevidenciaoQuadro48,asmicrorregiõesdeXanxerêeCon-córdia apresentam a maior recorrência de episódios de estiagem, com 15 episódios, seguidas pela microrregião de são Miguel do oeste, com 14episódios,edasmicrorregiõesdeChapecóeJoaçaba,ambascom11.OQuadro49explicitaaocorrênciadosepisódiosdemêsseconascincomicrorregiões.

Ca

PÍt

ulo

ii

79

Page 80: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

80

quadro 49. Meses secos nas microrregiões do Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Ano Mês S.M.Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba1979 Janeiro x x1981 Maio x1981 Julho x x1982 Janeiro x x1985 Janeiro x1988 Março x x x x1988 Julho x x x x1988 Agosto x x x x1991 Fevereiro x1991 Março x1993 Agosto x1994 Agosto x x x x x1995 Maio x x x1996 Maio x1997 Março x1998 Novembro x x1999 Agosto x x x x x2004 Fevereiro x2004 Agosto x2005 Fevereiro x x x x x2006 Maio x x x x x2007 Junho x2008 Julho x x2009 Março x x2012 Maio x2012 Agosto x x x x x

Fonte: elaboração própria.

Conformesepodeconcluir,pelaanálisedatabela,ascincomicrorregiõesapresentaram cinco episódios de mês seco simultaneamente, referentes agostode1994,agostode1999,fevereirode2005,maiode2006eagostode2012.ArecorrênciadosmesessecosestáilustradanoQuadro50.

quadro 50. Recorrência de meses secos nas microrregiões do Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Microrregião J F M A M J J A S O N D TotalS.Miguel do Oeste 1 2 3 0 2 1 3 5 0 0 1 0 18

Chapecó 0 1 1 1 2 0 1 4 0 0 0 0 10Xanxerê 0 2 0 0 2 0 2 4 0 0 1 0 11Concórdia 1 1 2 0 2 0 1 4 0 0 2 0 13Joaçaba 1 1 0 1 3 1 1 5 0 0 1 0 14Total 3 7 6 2 11 2 8 22 0 0 5 0 66

Fonte: elaboração própria.

a microrregião de são Miguel do oeste foi a que apresentou a maior recorrência de episódios de meses secos, com 18 episódios, seguida pela microrregião de Joaçaba, com 14 episódios, a microrregião de Concórdia, com13episódios,amicrorregiãodeXanxerê,com11episódioseamicror-região de Chapecó, com 10 episódios.

6.2. Extrapolação para a mesorregião

no quadro 51 cruza-se o total de episódios de estiagem e mês seco ocorridos em cada microrregião com o número total de municípios dessa microrregião, calculando o potencial total de ocorrências municipais, se aca-so os episódios contabilizados em cada microrregião se tivessem manifesta-doemtodososmunicípios.Somandoosdadosrelativosàsmicrorregiões,apresenta-se,tambémumaextrapolaçãoparatodaamesorregiãodoOesteCatarinense.

assim, conforme os dados constantes no quadro 51, se todos os epi-sódios de estiagem e meses secos tivessem atingido todos os municípios de cada microrregião, poderia ter havido 1.489 ocorrências municipais de estiagem e 1.518 episódios de mês seco, entre 1979 e 2013, no oeste Ca-tarinense (quadro 51). Por outro lado, se todas essas ocorrências tivessem tidoimpactosuficiente(cumprindooprevistonaINno 01 de 2012) poderia terhavidoentre1.489a3.007decretaçõesdedesastreporestiagemnessamesma mesorregião (conforme se considere somente estiagens ou estia-gens mais meses secos).

Page 81: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

quadro 51. Potencial total de ocorrências de estiagem e mês seco no Oeste Catarinense (1979 a 2013)

Fenômenos Quantidade de episódios

Quantidade de municípios

Potencial total de ocorrências municipais

Microrregião de São Miguel do OesteEstiagem 14 21 294Mês seco 18 21 378Total 32 672

Microrregião de ChapecóEstiagem 11 38 418Mês seco 10 38 380Total 21 798

Microrregião de XanxerêEstiagem 15 17 255Mês seco 11 17 187Total 26 442

Microrregião de ConcórdiaEstiagem 15 15 225Mês seco 13 15 195Total 28 420

Microrregião de JoaçabaEstiagem 11 27 297Mês seco 14 27 378Total 25 675

Episódios de estiagem 1.489Episódios de mês seco 1.518Episódios de estiagem e mês seco 3.007

Fonte: elaboração própria.

6.3. Síntese

a comparação dos totais calculados, direta e globalmente para a mesorregião OesteCatarinense,ecasoasestiagensemeses secos identificados tivessem

atingido todos os municípios (ver ponto 4.4.) aponta para um total potencial de 2.124 episódios, sendo: a) 1.180 estiagens; b) 944 meses secos. Como se referiu,issosignificaque,setodosessesepisódiostivessemocorridoetodostivessem tido impactos que permitissem declarar um desastre (de acordo com a in no01de2012),poderiahaver2.124decretaçõesdedesastreporestiagementre 1979 e 2013, na mesorregião oeste Catarinense. Mas, se tomar-se consi-deraçãoosdadostratadosanívelmicrorregionaledepoissomados,verifica-seque o número potencial de estiagens e meses secos é bastante maior: 1.489 estiagens, 1.518 meses secos, num total de 3.007 episódios.

Comomaisadianteseverá,onúmerodedecretaçõesébastantemenor,com certeza porque, por um lado, nem todos os episódios detectados a nível microrregional tiveram uma repercussão municipal e, por outro por-quenemtodostiveramimpactosuficienteparajustificaradecretação.Istoquer dizer que quanto maior for o nível de detalhe a que se trabalham os dados,maisepisódiosrelacionadoscomestiagempodemseridentificados.Sehouvessepossibilidadedefazerumaanálisemunicipal,depoissomarpormicrorregião e, depois para a mesorregião, a quantidade de episódios po-tenciais com certeza aumentaria. Como se referiu, contudo, não só o es-copo do estudo possível foi desenhado para o nível micro e mesorregional, como no caso do clima os dados que foi possível elaborar só se adequam a umaanálisecomesteníveldedetalhe.

Aanálisedesseconjuntodedadosclimatológicosprocuroucaracterizaraáreadeestudo,semdesconsiderarquemesmoasmaismodernasmodelagensclimá-ticas dos centros mundiais de pesquisas espaciais não são capazes de apontar o destinodoclimae, frequentementenecessitamdeajustesanovassituações,novas descobertas, dado que o conhecimento, por mais que aparente ser vasto, éparcial.Nessesentido,conformesepodeverificarnosdadosapresentados,asafirmaçõessobreainfluênciadosepisódiosdeElNiñoeLaNiñanoregimedeprecipitação e na temperatura da mesorregião oeste precisam ser cautelosas, especialmente considerando que muitas das ocorrências de estiagem foram em períodosdeneutralidadedoENOSequeasanálisesestatísticasrealizadacomomesmo,aODPaOA(apesardehaversistemasmeteorológicosinfluenciadospela odP, oa e enos com ação nos episódios de estiagens) não evidenciaram significativacorrelaçãocomosdadosdeprecipitaçãoetemperatura.

o fenômeno atmosférico que se destacou em sua relação com os episó-dios de estiagem foram os bloqueios atmosféricos. Portanto, é preciso aten-

Ca

PÍt

ulo

ii

81

Page 82: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

tarparaaocorrênciadestefenômenoquetemsidoverificadoemtodasasestaçõesdoanoe,cujamanifestaçãodependedadinâmicadaTSMdoPacífi-co.Importantedestacarquefatoresgeográficoslocais,taiscomoavegetaçãonativa,possueminfluêncianosníveisdeevaporação,especialmentedaságuassuperficiais.Apesardehaverfocosderecuperaçãodemataciliarnamesor-região oeste, para que a vegetação possa cumprir sua função reguladora em plenitude,énecessárioqueelaatinjaumníveldedesenvolvimentoelevado.

Considerandoosaspectosacimaexpostos,assumeespecialimportânciaque o modelo de desenvolvimento da mesorregião oeste (que, como mais adianteseexplanará,pareceestarintrinsecamenteligadocomaocorrênciadeestiagem)incluaemseucerneosprincípios,objetivos,diretrizeseinstru-mentos da Política nacional sobre Mudança do Clima (PnMC)4, a qual visa, entreoutrosobjetivos,compatibilizarodesenvolvimentosocialeeconômi-cocomaproteçãodosistemaclimático.

Osefeitosregionaiselocaisdaspossíveisvariaçõesclimáticassão,ainda,ma-tériademuitodebate,sendoseuscontornosexatosdifíceisdeprecisar.Nessesentido, novas pesquisas ao nível de climas locais poderão ser desenvolvidas para o oeste Catarinense, até com o apoio do Fundo nacional sobre Mudança do Clima, buscando, entre outros aspectos: a) avaliar o impacto das atividades econômicassobreoclimalocal;b)identificarquaisseriamasmedidasdeadapta-ção mais adequadas para promover a recomposição do clima local; c) promover a participação da sociedade civil e acadêmica no desenvolvimento de políticas, planos,programaseaçõesrelacionadascomaconvivênciacomoclima;d)tes-tar índices locais para alertas, tal como a adaptação realizada nessa pesquisa da proposta bioclimatológica de meses secos de gaussen e Bagnouls aplicada a períodos quinzenais e que necessita de testes gerais locais e atualização continua demodoaintegrarvariaçõesclimáticas;e)desenvolvertecnologiasefortalecerpráticasdeproteçãoànatureza,taiscomoinstrumentosdereduçãodeemissãodegasespoluenteseapromoçãodepráticasagroecológicas.

4Lei12.187,de29dedezembrode2009,queinstituiaPNMCedáoutrasprovidências.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

82

Page 83: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

CApíTuLO III

reCursos hÍdriCos no oeste Catarinense Jairo ValdatiGuilherme LinheiraMario Leone Kabilio

No Capítulo II analisaram-se as dinâmicas climáticas caraterísticas doOesteCatarinense,identificandocontextosdeocorrênciadeestiagem(en-quanto fenômenoclimático)namesorregiãoemicrorregiõesparaosúlti-mos 30 anos. isto quer dizer que se analisou quando e em que circunstâncias ocorreramdiminuiçõesmensais significativas da precipitação, combinadasounãocomvariaçõesdetemperatura.Asvariaçõesclimáticasdeestiagemoudemesessecosrepercutem,ine-

vitavelmente,nadinâmicadadisponibilidadehídrica,quejáé influenciada,entre outros aspectos, pela simples variação da precipitação e da tempera-tura ao longo do ano, mesmo quando não são atingidos limites críticos. Com jásereferiu,aestiagem,comoeventoimpactanteoudesastre,ocorreseequando o balanço entre a disponibilidade hídrica e as demandas entra em déficitdurantecertotempoecomcertaintensidadeperturbandoseriamen-te a vida social e econômica das comunidades humanas e dos ecossistemas naturais.

Nestecapítulosãoapresentadasasprincipaiscaracterísticasdasregiõesebaciashidrográficasdamesorregiãooeste,analisadosdadosreferentesàsdisponibilidades, demandas, balanço hídrico e indicativo da quantidade esti-madadeáguanasbacias.Apresenta-se,ainda,combasenospoucosdadosdisponíveis,aanálisedeumasériehistóricadevazõesmensaisabrangendoanos emqueocorreu estiagempara, então, estabelecer relações entre aestiagemcomofenômenoclimáticoeavazãocomoindicadoradadisponibi-lidadehídricasuperficial.

1. ASPECTOS METODOLÓGICOS

Ajácitadadesarticulaçãoentreentidadesgovernamentaisfederais,estadu-ais e municipais e, até, entre diferentes setores dentro de um mesmo nível de governo, tem contribuído, ao lado de outros fatores, para a manutenção de umasériededificuldadesrelacionadascomagestãodosrecursoshídricos.As-sim,ébaixaadensidadedarededemonitoramentoexistenteebaixaaquan-tidadededadosdisponíveisparaanálises,principalmentesérieshistóricas.Poroutrolado,osdadosexistentesnemsempresãodisponibilizados,equandosão, apresentam-se em escalas e formatos diferentes, com importantes la-cunas e, por vezes, somente analisáveis em softwares pouco amigáveis.Talrealidadetemcontribuídoparafalhasnadefiniçãoeimplantaçãodepolíticaspúblicasintegradasedesistemaseficientesdegestãodosrecursoshídricos,trazendodificuldadesparaoplanejamentoegestãodesteimportanterecurso.

Estecapítuloanalisaumconjuntodedadosretiradosdeestudosedocumen-tosrelacionadosàtemáticanaregião,dosquaissedestacam:oPanoramadeRecursosHídricosdeSantaCatarina,de2006,osPlanosEstratégicosdeGestãoIntegradadasbaciashidrográficasdosriosChapecóeJacutingade2009,ambosdeautoriadaSecretariadeEstadodoDesenvolvimentoSustentável(SDS);oPlanoDiretordeDesenvolvimentoSustentáveldaRegiãodaBaciadoRioUru-guai: diagnóstico da região da Bacia do rio uruguai do Bid, de 2008; e o diag-nóstico dos recursos hídricos subterrâneos do oeste do estado de santa Ca-tarina (ProesC) de 2002, de autoria da CPrM, em parceria com o governo do estado. Foram, também, consultados e utilizados diversos relatórios nacionais de autoria do Ministério do Meio ambiente (MMa) e da agência nacional das Águas(ANA),devidamentereferenciadosnabibliografia.

a lógica de organização dos dados consultados é inerente à gestão hí-drica,adotandooscritériosdefinidosnaLei9.433/97,conhecidacomoLeidasÁguas,aconsiderarasbaciashidrográficascomounidadedeanáliseeplanejamentoesuasrespectivasregiõeshidrográficas(RHs)definidasparafinsdegerenciamentodosrecursoshídricos.Alógicadeanálisedosdadosneste relatórioé, inevitavelmente, amesma.Tal fato, como já se referiu,causaalgumadificuldadenocruzamentodedados,umavezqueoutrosda-dos relevantes foram recolhidos e estão organizados segundo outras lógicas, especificamente, lógicasdedivisõespolíticoadministrativas,municipaisouregionais, estaduais ou, mesmo, nacional. as escalas de mapeamento de da-dos são também diversas.

Ca

PÍt

ulo

iii

83

Page 84: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Aabordagemestáorientadanosentidodecontribuiromaispossívelparaoobjetivodoestudo,ouseja,realizaçãodeumdiagnósticosobreascondi-cionantesdaestiagemeformasdepromoveraresiliênciacomunitária.

2. CARACTERIZAÇÃO HÍDRICA DA ÁREA DE ESTUDO

Emescalacontinental,aáreadeestudoestáinseridanabaciahidrográficado Prata ou Platina a segunda maior da américa do sul com 3.249.000 km² ocupando16%doterritórionacional.Somentenessabaciasãogeradoscer-cade70%doPIBdoscincopaísesemquesesitua:Brasil,Uruguai,Bolívia,Paraguai e argentina (Bid, 2008).

Vista parcial da bacia hidrográfica Platina

Fonte:http://meioambiente.culturamix.com/recursos-naturais/bacia-platina

AbaciaPlatinarecebecontribuiçãodasbaciasdoParaná(principalafluen-te),doParaguaiedoUruguai,estaúltimacom45%deáreaemterritóriobra-sileiro.OrioUruguai,comaproximadamente2.200km,nascedaconfluênciadosriosPelotaseCanoasedeságuanoriodaPrata,sendoodivisorterritorialnatural entre os estados de santa Catarina e rio grande do sul (ana, 2013).

Emescalanacional,aáreadeestudoestáinseridanaRegiãoHidrográficadoUruguai, queocupa2%do territórionacional, com27%da áreaemSantaCatarinae73%noRioGrandedoSul(Figura2).AmesorregiãoOesteCatarinenseestácompletamenteinseridanaporçãocatarinensedareferida

regiãohidrográfica,queincluiaindapartedamesorregiãoserranadeSantaCatarina(MMA,2006).

AregiãohidrográficadorioUruguaiapresentacaracterísticasdistintasemsuaextensão,tantonosaspectosnaturais,quantonosaspectossocioeconô-micos. enquanto na parte alta da bacia o relevo é mais acidentado com rios emvalesencaixados,napartemaisbaixadabaciaogradientealtimétricodiminui, e os rios têm planícies de inundação maiores. Consequentemente, ousodaáguaparaatividadeseconômicasnestasduasrealidadesacontecede forma distinta, sendo que na parte alta da bacia predominam os usos na agroindústriaenadessedentaçãoanimal,enquantonapartebaixapredomi-namosusosnairrigaçãodecultivosagrícolas(MMA,2006).

Figura 2. Bacia hidrográfica do rio da Prata

Fonte:UNEP2002,p.166(esquerda)eWWF,2007,p.14(direita).

grande parte do rio uruguai em território catarinense escoa sobre leito rochoso,combaixacapacidadedearmazenamento,implicandoemumregi-me de vazão que acompanha o regime de precipitação. isso resulta em inun-daçõesribeirinhasnaocorrênciadealtosíndicesdeprecipitação,edesecaseestiagens em longos períodos sem chuvas. a característica geomorfológica das bacias,comrelevoacidentado,valesencaixadosealtogradientealtimétricofavoreceageraçãodeenergiahidroelétrica.(BRASIL/MMA/SRH,2006a).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

84

Page 85: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Figura 3. Região hidrográfica do rio Uruguai

Fonte:AdaptadodoAtlasRBRU(BID,2006,pag.9).

Rio Uruguai

Fonte:http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1138699

em escala estadual, o território de santa Catarina foi subdividido em 10 regiões hidrográficas para gerenciamento dos recursos hídricos (Lei10.949/1998),conforme jáapresentadonaFigura3.Amesorregiãooesteestende-se pela totalidade das rhs 01, 02 e 03, denominadas respectiva-mentedeExtremo-Oeste,MeioOesteeValedoPeixe,eaindaporumaparcela muito pequena da rh 04, Planalto de lages; e outra parcela pequena na rh 05, Planalto de Canoinhas.

OMapa06(p.86)comparaoslimitesentreasmicrorregiõeseasregiõeshidrográficas,podendoestabelecer-seasseguintesrelações:•MicrorregiãodeSãoMigueldoOeste:100%RH01.•MicrorregiãoChapecó:26,4%RH01e73,6%RH02.•MicrorregiãoXanxerê:100%RH02.•MicrorregiãoConcórdia:23,47%RH02e76,53%RH03.•MicrorregiãoJoaçaba:14%RH02,57,6%RH03e28,4%RHs04e05.

Figura 4. Regiões hidrográficas catarinenses

Fonte: sds.

Ca

PÍt

ulo

iii

85

Page 86: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

86

Page 87: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iii

87

em escala de maior detalhamento, as bacias são ainda divididas em sub--baciasemicrobacias.OMapa07(p.88)relacionaasregiõeshidrográficascomasbaciashidrográficasqueasconstituem.Nessesentido,apresentam-seosdadosreferentesàsregiõeshidrográfi-

cascomposterioraprofundamentoemrelaçãoàsbaciasqueascompõem.Comobjetivodeidentificarasprincipaiscaracterísticasdosrecursoshídri-cos da região foram sintetizados os dados mais importantes.

Rio das Antas

Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_das_Antas_(rio_de_Santa_Catarina).

Rio Peperi-Guaçu, vista sul

Fonte:http://www.panoramio.com/user/1943726(EduardoBaldissera).

a rede hídrica da mesorregião é, em geral, rica e bem distribuída e os riosprincipaisapresentam,viaderegra,perfillongitudinalcomlongoper-cursomarcadopor inúmerasquedasd’água.OrioUruguai,dedomíniofederal,éoprincipalrionastrêsregiõeshidrográficasdaáreadeestudo,sendo divisa natural e política entre os estados de santa Catarina e rio grande do sul. Noextremooestedoestado,orioPeperi-Guaçu,tambémdedomínio

federal, constitui a fronteira entre Brasil e argentina. destacam-se ainda na mesorregiãooeste,osriosdasAntas,Chapecó,IraniedoPeixecomomaio-resriosdaregião,constituindoasprincipaisbaciashidrográficas.

o Mapa 08 (p. 89) apresenta a rede de drenagem e os principais rios da mesorregião oeste.

2.1. Região hidrográfica 01 — Extremo-oeste

Com 5.838 km² a rh 01 é composta pelas bacias dos rios Peperi-guaçu e dasAntas,quenascemnolimiteentreosestadosdeParanáeSantaCatarinaedeságuamnamargemdireitadorioUruguai.Representa6%daáreadoestadodeSantaCatarinacom33municípiose275.542habitantes,4,4%dapopulaçãodo estado (iBge, 2010). a agricultura é a atividade econômica mais importante, principalmente como fornecedora de matéria-prima para a agroindústria.

o Mapa 09 (p. 90) apresenta os municípios que fazem parte da rh 01, emqueépossívelobservarosquepossuemáreadentrodaregião,porémcomsedesadministrativasfora.JáaFigura5detalhaosriosdaregiãoemos-tra a distribuição espacial das bacias e sub-bacias, com destaque à Bacia do rio das antas.

Emrelaçãoàsbacias,abaciadorioPeperi-Guaçupossuiáreaaproxima-da de 2.184 km² distribuídos em 15 municípios e é composta pelas bacias hidrográficascontíguasdosriosMacacoBranco,MariaPreta,União,Flores,Peperi-guaçu e outras pequenas sub-bacias. o rio Peperi-guaçu, com 251 kmdeextensãoeumaáreadedrenagemde2.280km²,nascenomunicípiodeDionísioCerqueira,drena11municípiosdaregiãoedeságuanorioUru-guai. Por ser de domínio federal esse rio muitas vezes não é contemplado em estudos realizados pelo governo do estado, havendo poucas informa-çõesparaanálise.

Page 88: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

88

Page 89: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iii

89

Page 90: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

AbaciadoriodasAntasenglobaasbaciashidrográficascontíguasdosriosSãodomingos, iracema e outras pequenas sub-bacias. o rio das antas, com 193 km deextensão,nascepróximoàdivisacomoParaná,drena14municípiosedesá-guanorioUruguai.SeusprincipaisafluentessãoosriosSargentoeCapetinga.

Figura 5. Bacia hidrográfica do rio das Antas e bacias contíguas

Fonte:ManualdasÁguasComitêriodasAntas(SANTACATARINA,s/d).

2.2. Região hidrográfica 02 — Meio oeste

a rh 02 integra as bacias do rio Chapecó e do rio irani, em um total de 11.307km²abrangendo60municípios.Representa12,27%doterritóriodeSantaCatarinaepossui600.172habitantes,9,6%dapopulaçãocatarinense(iBge, 2010).

enquanto a bacia do rio Chapecó possui um Plano estratégico de gestão integrada (santa Catarina, 2009), documento técnico bastante detalha-

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

90

Page 91: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

do (que serve de base para elaboração do Plano de Bacia, principal instru-mentodegestão),abaciadorioIranipossuipoucasinformaçõestécnicasdisponíveis.Ocomitêdebaciaatuaparaasduasbaciasconjuntamente.

o Mapa 10 (p. 92) apresenta os municípios que fazem parte dessa região hidrográficacomsedesadministrativasdentroouforadoslimites.

Figura6.Sistema de Planejamento de Recuesos Hídricos (SHPRH Chapecó)

Fonte: adaptado de santa Catarina, 2009a, p. 229.

a Bacia Hidrográfica do Rio Chapecó,comáreadeaproximadamente9.352km²correspondea82,7%daáreadaRH02,abrangendo53municí-pios.Écompostaporcincosub-bacias,quedeságuamnorio.Asub-bacia1(SUB1)doRioChapecó,éaprincipaldaregiãocomáreadedrenagemde8.295,7 km². as nascentes do rio Chapecó estão localizadas no município de Macieira,percorrendodezenovemunicípiosaolongodetodasuaextensão.Pela margem direita, os principais contribuintes são os rios: Bonito, sau-dades/Jupiá,doOuro,BurroBrancoeSaudades.Asoutrassub-baciassão:suB2 do rio Barra grande (172,4 km²), suB3 do rio lambedor (110,0 km²),

SUB4dorioChalana(412,6km²)eSUB5decontribuiçõesindependentes(347,2 km²).

Rio Chapecó em Abelardo Luz, SC

Fonte:http://www.panoramio.com/photo/997939

Rio Irani, SC

Fonte:http://www.panoramio.com/photo/997939(autor:TobiasPastre).

Por sua vez, a Bacia Hidrográfica do Rio Iranipossuiáreaaproximadade 1.951 km² distribuídos em 17 municípios. o curso principal da bacia,

Ca

PÍt

ulo

iii

91

Page 92: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

92

Page 93: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

o rio Irani, possui aproximadamente 213 kmde extensão e é formado apartirdaconfluênciadosriosRibeirãoTrancadoePratoRaso.Emsuanas-cente a altitude é de 1.200 metros enquanto que em sua foz a altitude é de aproximadamente200metros, comumavariação totalde1.000metros.Destacam-seaindanabaciaosriosXanxerêeXaximcomrespectivamente29kme12kmdeextensãoaproximada(SDS,2006).

2.3. Região hidrográfica 03 — Vale do Rio do Peixe

ARH03integraduasbacias,adoPeixeeaJacutinga.Abrange45municí-pios,totalizandoumaáreade7.904km²,representando8,3%doterritóriodeSantaCatarina,compopulaçãoaproximadade446.000pessoas,corres-pondendoa7,65%dapopulaçãodoestado.(IBGE,2010).OMapa11(p.94) apresenta os municípios dessa importante região.

a Bacia Hidrográfica do Rio Peixepossuiáreaaproximadade5.438km² distribuídos em 28 municípios. o curso principal da bacia, o rio do Pei-xe,possuiaproximadamente299kmdeextensão,nascendonomunicípiode Calmon, a uma altitude de 1.250m, enquanto que sua foz apresenta alti-tudede387m,comumdesníveltotalde863m.Destaca-seaindanabaciaorio tigre, importante manancial de abastecimento do município de Joaçaba.

Rio do Peixe

Fonte:http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-rio-de-peixe/

a Bacia Hidrográfica do Rio Jacutingapossuiáreade2.466km²dis-tribuídosem17municípios,quetotalizamaproximadamente130.000habi-tantes.Écompostaporsetesub-baciasmenoreseaindaporcontribuiçõesindependentes drenando diretamente para o rio uruguai:•SUB1doRanchoGrande,comáreadedrenagemde503,8km²écons-tituídapelabaciahidrográficadoRanchoGrande,querecebecontri-buições das águas de alguns rios situados nosmunicípios de Jaborá,Concórdia, ouro, Presidente Castelo Branco, ipira, Peritiba e alto Bela vista.

•SUB2doSuruvi(84,5km²)totalmenteinseridanomunicípiodeCon-córdia.

•SUB3deQueimados(87,1km²)totalmenteinseridanomunicípiodeConcórdia.

•SUB4daJacutinga(1.002,8km²)éomaiorsubsistemahidrográficodabacia.

•SUB5doEngano(561,8km²)éconstituídapelabaciahidrográficadoriodoEngano,querecebecontribuiçõesdaságuasderiossituadosnosmunicípiosdeIrani,LindóiadoSul,Ipumirim,Arabutã,SearaeItá,ondedeságuanorioUruguai.

•SUB6doAriranhazinho(51,4km²)constituídapelabaciahidrográficadoarroioAriranhazinho,cujasnascentesestãolocalizadasnomunicípiode seara.

•SUB7doAriranha (236,8km²)constituídapelabaciahidrográficadorioAriranha,cujasnascentesestãolocalizadasnosmunicípiosdeSearae ipumirim.

•SUB8decontribuiçõesindependentes,totalizandoumaáreadedrena-gem de 183,9 km². É constituída por diversas pequenas bacias indepen-dentes,todaselasafluentespelamargemdireitadorioUruguai.

Ca

PÍt

ulo

iii

93

Page 94: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

94

Page 95: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

AFigura7apresentaaBaciaHidrográficadoRioJacutinga,comoscursosd’águaeindicaçãodasoitosub-baciasdoSHPRH.

Figura 7. Sub-bacias da bacia hidrográfica do Rio Jacutinga

Fonte: adaptado de santa Catarina, 2009b, p. 215.

3. DISPONIBILIDADE HÍDRICA SUPERFICIAL E QUALIDADE DA ÁGUA

Abaciahidrográficaéumsistemaabertocomentradasesaídasdeágua.Aprecipitaçãoeofluxodeáguasubterrâneaseriamasentradas;enquantoainfiltração,evapotranspiraçãoeoescoamentodaságuassuperficiais(rios),as saídas.

Paraogerenciamentodosrecursoshídricosénecessárioqueseconheçaasquantidadesdeáguaqueescoamemumabacia,sobretudoasvazõesdoscursosd’água.

Figura 8. Esquema representativo de uma bacia hidrográfica

http://geoconceicao.blogspot.com.br/2011/08/bacias-hidrograficas-do-brasil.html

Vista de parte da bacia hidrográfica do rio Uruguai

Fonte:http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/quais-as-principais-bacias-

hidrograficas-brasileiras/

Ca

PÍt

ulo

iii

95

Page 96: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

5Lei12.187,de29dedezembrode2009,queinstituiaPNMCedáoutrasprovidências.

3.1. Disponibilidade hídrica superficial

a vazão (q) é o principal indicador de disponibilidade hídrica em uma determinadabacia(ANA,2005)epodeserdefinidacomoovolumedeáguaque passa por determinada seção de um rio ou canal, em um determinado intervalodetempo(CORREA,2006).Considerandoavariaçãonovolumedeáguaaolongodotempochega-seàsvazõesdereferência.Normalmenteasvazõesdereferênciasãorepresentadasemmetroscúbicosporsegundo(m³/s)oulitrosporsegundo(l/s).

NaFigura9estãorepresentadosedefinidostrêsdosmaisutilizadostiposde vazão de referência.

Figura 9. Comparação de vários tipos de vazão de referência

Vazão média mensal de longo termo (Q ml): representa os valores de vazão por meio de média aritmética para toda a série histórica existente.

Vazão média mensal com permanência de 90% (Q 90%): vazão mínima que de-terminado rio apresenta em pelo menos 90% do tempo

Vazão média mensal com permanência de 95% (Q 95%): vazão mínima que de-terminado rio apresenta em pelo menos 95% do tempo

Fonte:AdaptadodedeSantaCatarina,2009b,p.226.

Paraalémdasvazõesdereferênciaindicadasnafigura,sãoconsideradasoutrassimilaresaoQ90eQ95como,porexemplo,oQ98eoQ100.Noprimeiro caso, trata-se da vazão mínima que determinado rio apresenta em pelomenos98%dotempoe,nosegundocaso,em100%(ouseja,nuncadesceuabaixodisso).Existeaindaoutroindicadordevazãoumpoucodife-rente.Trata-sedoQ7,10,ouseja,vazãomínimaquedeterminadorioapre-senta para um período de sete dias e com recorrência de dez anos.

OMapa12(p.98)apresentaosvaloresdasvazõesmédiasdelongoter-mo(Qmlt),porregiãohidrográfica,registradosparaumanomédiodasériehistórica5. Conforme pode ser observado, a rh 03 é a que apresenta os maiores valores de vazão de referência, seguida pela rh 02 e rh 01. apesar de apresentarem valores de vazão média diferentes, a sazonalidade das va-zõesésemelhante,commaioresvaloresdevazãoemoutubroesetembroe menor valor de vazão no mês de março.

Comrelaçãoàsvazõesespecíficasdasbaciashidrográficas,oMapa13(p.99)sintetizaasinformaçõesdisponíveis.Destacam-seasbaciasdoChapecóedoPeixecomoaquelasondeocorremmaioresvaloresdasvazõesderefe-rência.

ComrelaçãoàsbaciashidrográficasdosriosChapecó(Figura10)eJacu-tinga (Figura 11) seus respectivos Planos estratégicos de recursos hídricos trazeminformaçõesmaisdetalhadassobresuasvazõesdereferência.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

96

Page 97: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Figura 10. Síntese do conjunto de vazões características bacia Chapecó

Fonte: adaptado santa Catarina, 2009a, p. 250.

Figura 11. Síntese do conjunto de vazões características bacia Jacutinga

Fonte:AdaptadodeSantaCatarina,2009b,p.236.

Ca

PÍt

ulo

iii

97

Page 98: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

98

Page 99: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iii

99

Page 100: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

3.2. Análise da relação entre algumas estiagens e diminuição da vazão média mensal

Combasenaanálisedosdadosclimatológicosconcluiu-sequeosmesesem que houve maior recorrência de episódios de estiagem foram novembro ejaneiro.Nestesentido,foramanalisadasassérieshistóricasdevazãomédiadeestaçõesfluviométricaslocalizadasnaáreadeestudo,visandoidentificaraexistênciadecorrespondênciaentreosdadosdeprecipitaçãoevazõesdos rios. OsdadosforamobtidospormeiodoHidroWeb(http://hidroweb.ana.

gov.br/),sistemaonlinemantidopelaANA.Atualmente,conformeconstano sítio daANA, existem208estações fluviométricas na porção catari-nensedabaciadorioUruguai.Noentanto,muitasdestasestaçõessãodedomínioprivado,inexistindodadosdisponíveisparadownload.Emoutrasestações,dedomíniopúblico,assérieshistóricasencontram-secompro-metidas pela ausência ou pela inconsistência de alguns dados. além disso, háestaçõesinstaladashápoucotempo,equenãodispõemdesérieshis-tóricas amplas.

Visandoavaliarocomportamentodavazãoperanteasreduçõesdosín-dices pluviométricos, foram coletados dados de quatro estações localiza-das,emquatrodiferentescursosd’águadaáreadeestudo.Foramutilizadassérieshistóricasquecontinhamdadosdosúltimos40anos.Asestaçõesesérieshistóricasdosdadoscoletadossãoapresentadasabaixo.

quadro 52. Estações para análise de vazões

Código Estação Rio73600000 Chapecó73690001 Chapecozinho73300000 Irani72715000 do Peixe

Fonte: elaboração própria.

Destasquatroestações,foramextraídososdadosdevazãomédiamensalparaosmesesdejaneiroenovembro.Posteriormente,foicriadoumgráficoparacadamêsdeanálise,ondepuderamserevidenciadososanosemqueforam registrados os menores valores.

os dados climatológicos indicaram a ocorrência de três períodos de es-tiagemnomêsdejaneiro,nosanosde1979,1982e1985.Paraanalisarocomportamento da vazão nestes períodos, foram utilizados dados da série histórica compreendida entre 1977 e 2007, totalizando 30 anos. os dados foram coletados e sistematizados no quadro 53.

quadro 53. Vazões médias mensais (m³/s) em janeiro (1975 a 2015)

Data coleta dadoVazões média mensal (m³/s) — JANEIRO

Rio do Peixe Rio Chapeco-zinho Rio Irani Rio Chapecó

01/01/1975 - - 20,70 59,3401/01/1976 - - 29,40 70,2701/01/1977 14,48 12,81 15,60 23,8401/01/1978 7,41 9,30 6,38 14,4201/01/1979 3,91 9,65 5,81 16,9401/01/1980 10,90 25,50 13,90 41,0201/01/1981 16,71 22,20 20,40 50,2701/01/1982 6,02 8,12 7,46 30,5301/01/1983 21,97 29,30 12,80 70,6401/01/1984 13,79 13,40 9,05 30,9901/01/1985 - 10,80 5,57 18,0901/01/1986 - 6,75 5,44 21,6101/01/1987 28,22 17,00 9,01 38,9301/01/1988 11,75 6,10 8,34 16,8601/01/1989 21,23 20,80 25,00 58,9901/01/1990 29,76 25,00 34,40 117,9301/01/1991 5,99 22,80 21,50 50,9301/01/1992 9,09 14,60 13,40 61,3401/01/1993 15,49 19,80 10,00 65,9201/01/1994 5,39 10,40 3,90 22,0601/01/1995 50,71 53,40 40,50 144,9901/01/1996 19,89 11,40 6,71 35,9401/01/1997 24,84 17,60 5,22 45,4401/01/1998 36,92 40,40 35,09 97,7701/01/1999 10,09 15,40 6,67 39,52

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

100

Page 101: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

01/01/2000 7,83 7,69 1,32 46,8501/01/2001 23,08 25,06 2,17 59,6701/01/2002 5,01 12,28 0,98 19,5901/01/2003 9,77 17,43 4,18 52,2901/01/2004 12,88 24,39 - 59,7901/01/2005 10,99 18,13 5,16 57,2901/01/2006 9,12 9,23 0,79 22,2001/01/2007 15,20 19,79 14,55 49,5301/01/2008 22,32 13,46 10,04 -01/01/2009 14,34 18,14 16,16 36,8101/01/2010 24,06 32,56 15,54 72,9201/01/2011 33,57 25,74 6,14 85,5201/01/2012 3,14 12,09 14,71 27,1401/01/2013 19,19 21,25 20,17 77,4101/01/2014 21,54 9,25 15,94 58,0901/01/2015 15,31 25,69 30,59 105,04

Fonte: elaboração própria.

Comopodeconcluir-sedaanálisedoQuadro53,háausênciaderegistroparaalgumasestaçõesemalgunsanos,fatoquenãocomprometeaanálise.ApartirdestatabelafoigeradooGráfico15,ondeavariaçãodavazãomédiamensal é mostrada em função da série temporal utilizada. Emumaprimeiraanálise,pode-seconcluirqueavariaçãodavazãomé-

diamensalnosdiferentescursosd’águatemcomportamentosemelhante,quecertamenteestárelacionadacomascaracterísticasclimatológicasre-gionais.

Como já citadoanteriormente,osdados climatológicos indicaramaocorrênciadeestiagememjaneironosanosde1979,1982e1985.Aoanalisarográfico,éperceptívelaquedanosvaloresregistradosnasva-zõesnosmesmosanosemqueháregistrodeestiagemdeacordocomos dados climatológicos. o quadro 54 compara os valores de vazão dos anos citados com suas médias históricas, indicando em termos percentu-aisasreduçõesidentificadas.Osdadosdoquadroindicamsignificativasreduçõesnasvazõesmédiasmensaisdosmesesemqueosdadosclima-tológicos indicam a ocorrência de estiagem, evidenciando a correlação entreasvariáveis.

Gráfico15.Variação da vazão média mensal para os meses de janeiro (1975 a 2015)

Fonte: elaboração própria.

quadro 54. Percentual de redução das vazões médias mensais em janeiro (1979, 1982 e 1985)

RioMédia da série histórica de vazão para o mês de janeiro

(m³/s)

Redução da Vazão (%)

1979 1982 1985

do Peixe 13,6 71,25% 55,79% -Chapecozinho 14,17 31,90% 42,69% 23,79%

Irani 9,7 40,20% 23,10% 42,60%Chapecó 41,71 60,00% 26,81% 56,63%

Fonte: elaboração própria.

AindacombasenoGráfico15,épossívelverificaraocorrênciadeou-trosanosemqueforamregistradosbaixosvaloresdevazãoparaomêsdejaneiro,masquenãohouveestiagemdopontodevistadosdadosclimato-lógicoutilizados.Talfatoestáprovavelmenterelacionadoàclassificaçãodasestiagens com base nos parâmetros da defesa Civil, que considera estiagem apenas quando da ocorrência de precipitação pluviométrica mensal menor doque60%damédiaclimatológicadomês.

Ca

PÍt

ulo

iii

101

Page 102: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Para o mês de novembro, os dados climatológicos indicaram a ocorrência de quatro períodos de estiagem entre 1979 e 2013: 1995, 1998, 1999 e 2012. 1985. Para analisar o comportamento da vazão nestes períodos, foram utiliza-dos dados da série histórica compreendida entre 1985 e 2014, totalizando 29 anos. os dados foram coletados e sistematizados no quadro 55.

quadro 55. Vazões médias mensais (m³/s), novembro (1985 a 2014)

Data de coleta do dado

Vazões médias mensais (m³/s) — NOVEMBRO

Rio do Peixe Rio Chapecozinho Rio Irani Rio Chapecó

01/11/85 - 17,00 17,90 46,4201/11/86 - 12,00 9,09 35,2101/11/87 11,06 16,10 11,80 39,0401/11/88 6,79 8,30 5,60 30,8201/11/89 9,97 17,40 12,40 52,6301/11/90 25,18 45,40 39,00 88,3401/11/91 - 12,10 10,00 69,0201/11/92 18,90 30,30 23,70 88,9001/11/93 6,07 15,60 10,20 44,5901/11/94 52,71 43,80 33,60 135,8901/11/95 - 15,20 10,60 31,3101/11/96 24,04 25,40 18,10 68,1101/11/97 83,44 72,60 50,00 243,1201/11/98 10,32 16,30 2,20 43,5401/11/99 5,42 16,30 1,96 32,0101/11/00 9,75 19,05 2,85 52,7801/11/01 18,58 21,89 5,31 40,0801/11/02 34,06 45,97 21,46 124,6301/11/03 19,08 20,00 11,49 88,0101/11/04 48,84 36,86 9,86 111,6101/11/05 18,51 26,22 5,43 63,0001/11/06 15,90 13,40 4,40 55,2001/11/07 46,20 51,49 46,25 149,4801/11/08 46,49 61,22 29,96 148,7901/11/09 15,13 31,50 19,27 72,1101/11/10 23,00 9,23 8,79 26,44

01/11/11 4,12 17,07 16,36 44,5401/11/12 3,22 10,07 6,83 49,3001/11/13 - 16,16 21,29 41,0801/11/14 - 15,30 14,53 48,08

Fonte: elaboração própria.

Damesmaformaqueosdadosutilizadosparaomêsdejaneiro,assériesdos meses de novembro também apresentam ausência de registro para al-gunsanos,nestecasoapenasparaaestaçãonoriodoPeixe,masquenãocomprometeaanálise.Novamentefoicriadoográficodavariação.

Gráfico16.Variação da vazão média mensal para os meses de novembro (1985 a 2014)

Fonte: elaboração própria.

os dados climatológicos analisados indicaram a ocorrência de estiagem para os meses de novembro dos anos de 1995, 1998, 1999 e 2012. ao ana-lisarocomportamentodográfico,éperceptívelquenosanosemquehouveregistrodeestiagemasvazõesmédiamensaisapresentarambaixosvolumes.OQuadro56comparaosvaloresdevazãodosanoscitadoscomsuasmé-diashistóricas,indicandoemtermospercentuaisasreduçõesidentificadas.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

102

Page 103: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Quadro56.Percentual de redução nas vazões médias mensais em novembro (1995, 1998, 1999 e 2012)

RioMédia da série histórica de vazão para o mês de

novembro (m³/s)

Redução da Vazão (%)

1995 1998 1999 2012

do Peixe 20,99 - 51% 75% 85%Chapecozinho 21,03 28% 23% 23% 53%

Irani 12,48 16% 83% 85% 46%Chapecó 60,09 48% 28% 47% 18%

Fonte: elaboração própria.

Comopode ser verificado noQuadro 56, há redução significativa nasvazõesmédiasdosmesesemquehouveregistrodeestiagemcombasenosdadosclimatológicos,indicandoafortecorrelaçãoentreasvariáveis.

Damesmaformaqueosregistrosparaomêsdejaneiro,ográficomos-traaindaaocorrênciadebaixosvolumesdevazãoemanosquenãoforamconsiderados como de estiagem. novamente, essa discrepância provavel-menteestárelacionadaaoparâmetroutilizadoparaclassificaçãodasestia-gens.

Apartirdaanálisedosdados,tudoapontaparaqueosepisódiosdees-tiagem registrados por meio dos dados climatológicos correspondam a uma variaçãosignificativadavazãodosriosdaáreadeestudo.Noentanto,osdados de vazão média mensal indicam outros períodos com ocorrência de vazão igual ou menor do que as registradas nos períodos em que houve es-tiagem do ponto de vista climatológico. Pode acontecer que correspondam ameses/quinzenassecos,hipótesequedeveserinvestigadaecomprovada.Efetivamente,comojádesdeaIntroduçãoserefere,enocapituloreferenteaoclimasereforçou,aestiagemclimática(definidacombasenadefiniçãodaSEDEC/MIquesomenteconsideraaprecipitação)nãocoincide,necessaria-mente,comaestiagemcomodesastre.Estahipótesedetrabalhoserámaisconsistentementecomprovadaquandoseanalisarasdecretaçõesrealizadasecompará-lascomosdadosclimáticos.Emqualquercaso,o critério uti-lizado pela Defesa Civil para classificação de quadros de estiagem parece ser insuficiente, uma vez que considera apenas a variável precipitação pluviométrica.

3.3. Qualidade das águas superficiais

Aqualidadedaságuasdeveserconsideradanomesmocontextodeutili-zação e preservação dos recursos hídricos. Para determinados usos — com destaque ao consumo humano e dessedentação animal — a quantidade de água,efetivamentedisponível,estádiretamenterelacionadaàsuaqualidade.

DadossobrequalidadedaáguasãomuitoescassosparaoestadodeSantaCatarinaemgeraleparaaáreadeestudoemparticular.Talfatodeve-se,emgrandeparte,àinexistênciadeumprogramademonitoramentosistemáticodeparâmetrosdequalidadedeáguaabrangendoo territóriocatarinense.Como assinala o portal da ana, no âmbito do Programa de estímulo à di-vulgação de dados de qualidade de água (qualiágua), o estado de santa Catarina encontra-se, infelizmente, no grupo de estados com monitoramen-toinexistenteoumuitodeficiente:“Oterceirogrupoéformadopor12es-tadosemqueomonitoramentoéinexistenteounãoestáconsolidado:AC,AL,AP,AM,MA,PA,PI,RO,RR,SC,SEeTO”(ANA,s/d).Aspremissasqueorientam o monitoramento e divulgação dos dados constam da resolução ana no903/2013que,também,estabelecemetaseobjetivos.

Asituaçãodescritareflete-senasproduçõestécnicasdasinstituiçõesfederais,como Ministério do Meio ambiente e agência nacional das águas, que acabam por não tratar a questão da qualidade dos recursos hídricos em santa Catarina outratam-nadeformagenérica.OcadernoConjunturadosRecursosHídri-cosnoBrasil(ANA,2013),porexemplo,nãotrazinformaçõesdequalidadedaáguaparaoestadodeSantaCatarina.JáoCadernodaRegiãoHidrográficadoUruguai(MMA,2006)utilizainformaçõesproduzidasem1997comobaseparaavaliaçãodaqualidadedaságuasemSantaCatarina.OmesmoacontececomaproduçãoPanoramadaQualidadedasÁguasSuperficiaisnoBrasil(ANA,2005).Alémdisso,algumasproduçõesutilizamorecorteespacialdaBaciaHidrográficado uruguai, agregando o território do oeste catarinense com parte do território doRioGrandedoSul,trazendoinformaçõesgeneralizadasparatodaaárea,queapresentadiferençassignificativasnosaspectosfísicosesocioeconômicos.

É importante ressaltar, no entanto, que existemdiversas investigaçõescientíficasrealizadasemescalalocal,cujoobjetivoprincipalfoiaavaliaçãodaqualidadedaságuassuperficiaisesubterrâneasdeáreaslocalizadasnooestecatarinense. os dados são, contudo, parciais e encontram-se dispersos por artigoscientíficospublicadosemrevistas.

Ca

PÍt

ulo

iii

103

Page 104: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Portanto, diante destes fatos, opta-se por apresentar primeiramente al-gumascaracterísticasgeraisdaqualidadedaáguanaáreadeestudo,seguidasdeinformaçõesproduzidasemescalalocal,queservemcomoilustraçãodasdiferentes realidades da região.

NaRegiãoHidrográficadoUruguai,oMMAidentificaquatrofontesprin-cipais de poluição dos recursos hídricos:•Efluentesdacriaçãodesuínos,comocorrênciarestritaàsáreasdecriação;•Efluentesagrícolas,provenientesdaslavourasirrigadasounão;•Efluentesindustriais,ondesedestacaaindústriadepapeleceluloseea

agroindústria de abate de suínos e aves; •Esgotos domésticos provenientes dos centros urbanos que não dis-põemdesistemasadequadosdeesgotamentosanitário,quesedistri-buem em toda a bacia.

dentre as fontes de poluição citadas, destaca-se a contaminação causada pordejetossuínos,atividadeconcentradaprincipalmentenasbaciasdosriosChapecó, irani e Jacutinga. É nessa região que se encontra uma das maiores concentraçõesdesuínosporkm²doplaneta.Asimplicaçõesdaproduçãode suínos na região são abordadas por Marchesan e Fraga (2014), que con-cluem que a suinocultura:

é uma das atividades econômicas de maior impacto ambiental em fun-çãodograndevolumededejetosproduzido.Odesempenhoeconômi-co ocorreu concomitante à grande pressão sobre os recursos naturais, comoapoluiçãodoar,daáguaedossolos.Issoseagravapelacrescenteconcentraçãodeproduçãosobredeterminadaáreageográficaeagran-de lotação de animais nos estabelecimentos suinícolas, decorrentes da tecnificaçãoedaconstantebuscaporreduçãodecustosde logística.Portanto, os problemas ambientais são provocados pelo aumento do rebanho, concentração da produção animal e intenso processo de des-pejodedejetossuínosnaslavouras,que,gradativamente,sãocarreadospara os rios (MarChesan e Fraga, 2014, p. 40).

Para ilustrar a situação da poluição causada pela suinocultura, os mesmos autores (MarChesan e Fraga, 2014) recorrem a dados compilados por Bezerra e veiga (2000) que indicam que entre 1985 e 1998, foram realizadas cercade18.000análisesdeáguaparaconsumodefamíliasruraisemtodoo estado de santa Catarina. os resultados obtidos indicaram que de cada dez amostras, oito, em média, apresentavam contaminação bacteriológica.

efetivamente, um suíno tem um potencial médio de poluição equivalente aodequatropessoas.Umagranjacom1.000animaistemumpotencialdepoluição equivalente ao de um núcleo urbano com 4.000 pessoas. os 15 municípiosquecompõemaAssociaçãodosMunicípiosdoAltoUruguaiCa-tarinense(AMAUC)possuem25%dapopulaçãodesuínoseapenas3,5%daáreaterritorialdeSantaCatarina(Mirandaetal,2006).

os autores da silva e Bassi (2012) analisaram os principais impactos am-bientais no oeste Catarinense em decorrência da produção não só de suí-nos, como também de aves. sua indicação é a de que, a partir de 1980, ocor-reuumcrescimentoconsiderável,principalmentecomaadoçãodosistemade criação intensiva, tanto para porcos quanto para aves. a utilização deste sistemaagravouaquestãoambientalligadaàatividade,sendoosdejetossuí-nososprincipaiscausadoresdepoluiçãodossolosedosmananciaisdeágua.Dentreosprincipaiscontaminantesexistentesnosdejetosestãoodióxidodecarbono,ometano,oóxidonitrosoeaamônia.

Diantedessequadro,noanode2004foifirmadoumTermodeAjustamen-to de Conduta (taC) no alto uruguai Catarinense. a Promotoria de Justiça e defesa do Meio ambiente da Comarca de Concórdia e o Consórcio lambari (firmadonoÂmbitodaAMAUC)lideraramoprocesso.OTACvisou“propor-cionarumperíododetempoviávelparaqueossuinicultorespossamadequarasuaatividadeaoqueestabelecealegislaçãoambientalesanitária”(MIRANDAetal,2006,p.10).ApesardograndesucessodeTACnaregiãodaAMAUCe,posteriormente, de todos os procedimentos de regularização da situação sani-tárianaspocilgas,(Mirandaetal,2013)algunsentrevistadosduranteapesquisadecampodesteprojeto(FATMA,agroindústriaseprodutores)consideramqueapósaassinaturadoTAChouvegrandesdificuldadesparacumpriroquedizrespeito à preservação da mata ciliar e averbação da reserva legal.

outras iniciativas que merecem destaque são as relacionadas às tecno-logias desenvolvidas pela embrapa, visando a minimização dos diversos im-pactos ambientais relacionados aos processos da suinocultura. dentre tais tecnologiasestão,porexemplo,osistemadeproduçãodesuínosemcamasobreposta, a utilização de peneiras e prensas na separação das fases líqui-dasesólidasdosdejetos,osbiodigestores,acompostagemeasestaçõesdetratamentodedejetos.Informaçõesmaisdetalhadassobreessastecnologiaspodem ser encontradas em da silva e Bassi (2012). apesar do amplo núme-ro de tecnologias desenvolvidas nos últimos anos, os autores argumentam

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

104

Page 105: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

queoproblemadosdejetossuínoséextremamentecomplexo,equenãoexiste, a priori, uma solução única oumesmo uma solução definitiva emcurtoprazo.Nestesentido,indicamanecessidadedeintensificaçãodaspes-quisasquebusquemnovasalternativasaintegraratemáticadaconservaçãodos recursos naturais com a produtividade da suinocultura.

Outroaspectorelativoàqualidadedaságuasdizrespeitoaosimpactosnegativosdousoexcessivodeagrotóxicosque,aliadoaomanejoinadequa-dodosolo,podegerarumasériedecontaminações,comdestaqueaosre-cursos hídricos locais.

Naregiãotambémocorreacontaminaçãogeradaporefluentesindustriais,não só das agroindústrias, bastante presentes no oeste Catarinense, como também das indústrias de transformação, principalmente de papel e celulose. ainda que obedeçam aos parâmetros da legislação ambiental vigente sobre o tratamentodeefluentes,aconcentraçãodeatividadesemregiõesespecíficasacabaporimpactarsignificativamenteaqualidadedaáguaemdiversospontos.

do ponto de vista do espaço urbano, incide ainda a contaminação dos cor-poshídricosporefluentesdomésticos.Nocapítuloseguinteapresentam-see discutem-se os dados disponíveis em termos de saneamento urbano e es-gotamentosanitário.Pode,contudo,desdejáseadiantarqueasituaçãodoOesteCatarinense,noqueserefereaotratamentodeefluentesdomésticos,assemelha-se muito à realidade de todo o estado de santa Catarina, que apre-sentaumíndicedeapenas21%paraotratamentodosefluentesdomésticos,ocupando a 19a colocação entre os estados brasileiros (MCidades, 2011).

Por outro lado, a utilização de fossas rudimentares, não contabilizadas na análiserealizadanoCapítuloIV,contribuiparaaumentaroriscodecontami-naçãodasfontesdeabastecimentoporáguassubterrâneasutilizadastantoparaoprovimentohumanoquantoparaairrigaçãodeplantaçõesedesse-dentação animal. embora de natureza limitada, os estudos realizados em escalalocalnabaciadoriodePeixe,porpesquisadoresdeinstituiçõesdi-versas,corroboramcomasinformaçõescitadasparaabaciadoRioUruguai.

NabaciadoriodoPeixe,porexemplo,asproduçõesdeFrinhanietal.(2011) e Frinhani e Carvalho (2010), fornecem um panorama claro da situação da bacia, ao analisar os dois principais mananciais do município de Joaçaba. a análisedaqualidadedaságuassuperficiaisdoriodoPeixe,foirealizadapor

Frinhani et al (2011) com base em coletas em nove pontos distintos do rio do Peixe,sendooponto1referenteànascente,oponto2ajusantedomunicípiode Caçador, o ponto 3 distante 20 km do município de Caçador, o ponto 4 a montantedomunicípiodeVideira,oponto5ajusantedomesmomunicípio.Ospontos6e7localizam-se,respectivamente,amontanteeajusantedomu-nicípiodeJoaçaba.Oponto8localiza-seajusantedomunicípiodeCapinzalea montante do município de Piratuba (Frinhani et al, 2011).

Comoexisteumnúmeromuitograndedevariáveisaseremanalisadasparaclassificaraqualidadedaágua,Frinhanietal.(2011)utilizouoÍndicedequalidade da água (iqa), desenvolvido pela national sanitation Foundation. Esseíndiceatribuiumasériedepesosàsvariáveisenvolvidas,deacordocomsuainfluêncianaqualidadedaágua.OIQAvariaentre0e100,qualificandoaáguadepéssimaaótima.

NosresultadosobtidosparaoriodoPeixe,Frinhanietat.(2011)cons-tatou que os menores valores de iqa registrados foram nos pontos 2 e 5, sendo a água classificada como ruim nos dois pontos.Os demais pontostiveramsuaságuasclassificadascomodemédiaqualidade.

o estudo de Frinhani e Carvalho (2010) também se utilizou do iqa para determinaçãodaqualidadedaágua.Ocursoprincipaldabaciatemapenas29,6kmdeextensão,ouseja,émuitomenordoqueoriodoPeixe.ComonãoatravessaumasériedemunicípioscomooriodoPeixe,ospontosdecoleta são referidos no estudo em função da sua posição na bacia. sendo as-sim, foram realizadas coletas em seis pontos, distribuídos de montante para jusante,sendooponto1localizadonanascente,ospontos2e3emáreasrurais,eos4,5e6emzonasurbanas.Comoresultado,FrinhanieCarvalho(2010) evidenciaram que os pontos de coleta referente às zonas urbanas são osmaisdegradados,emfunçãodaaltaconcentraçãodeefluentesdomés-ticos, enquanto que nos pontos referentes às zonas rurais e à nascente a qualidadedaáguafoiclassificadacomoboa.

4. ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Oestudodaságuassubterrâneasnãosegueamesmalógicadosestudosdaságuas superficiais.Enquantoas águas superficiaisdistribuem-senasbaciashi-drográficasdeterminadaspelorelevo,aságuassubterrâneasdistribuem-senas

Ca

PÍt

ulo

iii

105

Page 106: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

diversaslitologiasexistentesemsuperfícieesubsuperfíciededeterminadolo-cal, conforme sua capacidade de armazenar o recurso hídrico. nesse sentido, o recursohídricosubterrâneonãoédivididoembaciasouregiõeshidrográficas,mastratadoemtermosdaunidadehidroestratigráficaemqueseinsere(CPRM,2013). no território catarinense, e em especial na mesorregião oeste destacam--se dois aquíferos principais, o aquífero serra geral (fraturado) e o aquífero Guarani(poroso),representadosnaFigura12comaslegendas“af1_2”,”af3”e“na3” para o serra geral, e “app” para o guarani. o Mapa 14 (p. 107) apresenta oslimitesdasbaciashidrográficasapenasparalocalizaçãoecomparaçãocomosoutrosmapastemáticosapresentadosnessapartedorelatório.

OAquíferoSerraGeralrefere-seàunidadehidroestratigráficaSerraGeral,que apresenta duas características hidrogeológicas importantes: suas litolo-giasfraturadascomportam-secomoaquíferoseatuamcomoconfinantedasUnidadesHidroestratigráficasPiramboiaeBotucatu,quecorrespondemaosistema aquífero guarani.

Figura 12. Sistema Aquífero Integrado Guarani/Serra Geral (SAIG/SG)

Fonte: scheibe, 2012.

a unidade serra geral constitui-se essencialmente por uma camada vulcâni-ca,deidadejurássica,cujalitologiaérepresentadaporbasaltoseandesitos.Apresentarochascomaltaimpermeabilidade,reservandoáguaaolongodefalhasefraturas,sendoporessemesmomotivorecarregadopelainfiltraçãodeáguadaschuvas.Suaespessuramédiaéde150mesuadisponibilidadehídricaéestimadaem7.463m³/s.(ANA,2005).

DadossobreosrendimentosdospoçosqueutilizamáguadoAquíferoSerraGeralvariamentre5e40m³/h.Osníveisestáticosvariamgeralmenteen-tre 5 e 30 metros. dados do Bid (2008) indicam o rendimento médio dos poçosnosistemaSerraGeralemcadaregiãohidrográficadoOesteCatari-nense,comvaloresde9,7m³/hparaoextremooeste,10,5a36m³/hparaomeiooeste,e15m³/hnoValedoRiodoPeixe.

o aquífero guarani, por sua vez, é assim chamado em homenagem à etnia Guarani,queocupougrandepartedaáreaporondeseestendeoaquíferoaté o início do período colonial. Constitui-se por camadas sedimentares de origemflúvio-lacustredotriássicoeeólicadojurássico.EmsuamaiorpartenoestadodeSantaCatarinaestá confinado,no topo,pelosderramesdogrupo serra geral e na base por sedimentos do grupo Passa dois, de idade permo-triássica.

Esseaquíferoapresentadominânciadeáguadocedeboapotabilidade(ZA-natta e Coitinho, 2002), porém pode ocorrer a saturação por elemen-tosquímicosprejudiciaisàsaúdehumana,comoporexemplo,oflúor.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

106

Page 107: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iii

107

Page 108: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Figura 13. Localização do Aquífero Guarani

Fonte:Machado,s/d.

ComrelaçãoaorendimentodospoçosnoAquíferoGuarani,asvazõesraramenteultrapassam3m³/h (CPRM,2013).Existemregiõescomaquí-feroslocaiscompoçosquecaptamaté10m³/h.Osníveisestáticosvariampredominantemente entre 10 e 30 metros, o que demostra seu artesianis-mo. Considerando que a utilização dos recursos subterrâneos depende da aberturadepoços,aquantificaçãocorretadasdemandasdepende,eviden-

temente,dacorretagestãodonúmerodepoçosexistentes,suasretiradaseexplotação.OcontroledospoçosnoBrasilédecompetênciadoDNPMeCPrM, sendo que os dados são gerenciados através do sistema de informa-ção de águas subterrâneas (siagas).

em compilação de dados realizada por silva e Kirchneim (2011), santa Catarinapossuía7.165poçoscadastradosnoSIAGAS,sendoque4.782localizados no oeste (Mapa 15, p. 109). os autores alertam que esse número não corresponde à realidade, uma vez que há grande quanti-dadedepoços funcionandoemclandestinidade,ou seja, sem informa-ção quanto à sua existência, regime de operação e vazão.Os autoresestimamqueexistam10vezesmaispoçosemSantaCatarinadoqueoregistrado no siagas.

Com relação ao uso das águas subterrâneas, Silva eKirchneim (2011)sintetizam ainda os usos atribuídos ao recurso hídrico subterrâneo em santa Catarina,conformeoGráfico17.

Gráfico17.Uso dos recursos hídricos em Santa Catarina

Fonte: elaboração própria.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

108

Page 109: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iii

109

Page 110: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

4.1. Qualidade das águas subterrâneas

Seexistempoucasinformaçõesarespeitodaqualidadedaságuassuper-ficiaisdaáreadeestudo,paraosrecursossubterrâneosarealidadenãoédiferente.TambémnãoexistenoestadodeSantaCatarinaumprogramademonitoramentocontínuodaqualidadedaságuassubterrâneas.Sendoas-sim,asinformaçõesrelacionadasaestetemaestãoconcentradasempoucosdocumentos técnicos produzidos por instituições públicas e em pesquisacientíficas pontuais. Apesar de tudo, os dados compilados são suficientesparafornecerumpanoramaregionaldasituaçãodaqualidadedaságuassub-terrâneas.

Comrelaçãoàsproduçõesdas instituiçõespúblicas,destaca-seprimei-ramente, o diagnóstico dos recursos hídricos subterrâneos do oeste do estado de santa Catarina, publicado pelo CPrM em 2002. as atividades des-seprojetocontemplaramocadastramentode2839pontosdecaptaçãoearealizaçãode183análisesfísico-químicascompletasdaságuassubterrâneas,sendo 178 referentes ao aquífero serra geral, 4 ao aquífero guarani, e uma amostra sendo descartada por erros técnicos no processo de coleta ouanálise.Osresultadosdessascoletasidentificaramostiposgeoquímicosdaságuas,suascaracterísticasquímicas,potabilidadeepotencialdeusoparairrigação.

DopontodevistadostiposgeoquímicosdaságuasnoAquíferoSerraGe-ralhápredomíniodeáguasdotipobicabornatadassódicas,bicabornatadascálcicas,bicabornatadascálcio-magnéticasebicabornatadascálcio-sódicas.Ascaracterísticasquímicasindicamumtotalde239,2mg/lparaossólidosdissolvidos, enquanto que o ph varia entre 4,1 e 10,8. no que tange à pota-bilidade, os resultados indicaram ocorrências pontuais de alguns compostos acimadolimitedepotabilidade,sendoencontradosulfatoemexcessoemquatropoços; cloretoemexcessoemumpoço;fluoretos levementeemexcessoemnovepoços;ferroemexcessoemquatorzepoços;emanganêsemexcessoemsetepoços.Nenhumdospoçosamostradosapresentoupo-luição por nitratos.

o estudo conclui que, do ponto de vista químico, apenas um pequeno número de poços apresentaram problemas relacionados com a potabilida-de e para o uso industrial, indicando que do ponto de vista físico-químico oAquíferoSerraGeral constitui-secomoumreservatóriocomáguade

boaqualidade.Aságuasapresentamtambémumbompotencialparairri-gação,umavezqueapresentambaixosíndicesdesódio,cálcioemagnésio(CPrM, 2002).

o estudo do CPrM (2002) compilou ainda dados sobre as contamina-çõesbacteriológicasproduzidasemrelatóriostécnicosdeusinashidrelétri-cas, empresas de saneamento e agroindústrias. de 131 poços onde houve análisedeágua,56apresentaramcontaminaçõesporcoliformesfecais.

os resultados apresentados pelo CPrM (2002) para o aquífero guarani são menos detalhados do que para o aquífero serra geral. Com relação aos tiposgeoquímicosdeágua,hápredomíniodaságuasbicabornatadassódicas, bicabornatadas cloretada sódica, cloretada sódica e sulfatada só-dica. as características químicas indicam que a média de sólidos dissolvidos éde521,35mg/l,compHde7,36e9,45.Noquetangeàpotabilidade,em dois poços foram encontrados valores de ph acima dos parâmetros de potabilidade. nos poços analisados não foram encontrados valores de flúor,nitrato,ferroemanganêsacimadosparâmetrosdepotabilidade.Oestudonãotrazinformaçõescomrelaçãoacontaminaçõesbiológicasparao aquífero guarani.

outro estudo que merece destaque é o Panorama das águas subterrâ-neasdoBrasil,publicadopelaANAem2007,quetrazalgumasinformaçõesparaosdoisprincipaisaquíferosdaáreadeestudo:SerraGeraleGuarani.AlgumasinformaçõescontidasnorelatóriodaANAapresentamdiscrepân-cia com as apresentadas no estudo do CPrM (2002). tal fato mostra a gran-devariabilidaderegionaldascaracterísticasdosaquíferos,cujainterpretaçãosobresuascondiçõesvariadeacordocomasamostrasanalisadas.

diferentemente do estudo do CPrM (2002), o estudo da ana (2007) in-dica para o aquífero serra geral um valor de sólidos totais dissolvidos entre 23mg/le210mg/l,commédiade103,27mg/l,compHvariandoentre6,0e 9,5 com média de 7,32 (ana, 2007 apud BittenCourt et al., 2003). Emtermosgerais,oestudoconsideraaságuasdesseaquíferocomboapo-tabilidade,noentanto,algumasrestriçõesemrelaçãoàsconcentraçõesdeferroemanganêsjáforamencontradas.Alémdisso,nasregiõesdemaiordesenvolvimento urbano e industrial são conhecidos diversos casos de con-taminaçãobacteriológicaequímica.Háaindaocorrências identificadasdeíndicesdefluoretosacimadospadrõesdepotabilidade(ANA,2007).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

110

Page 111: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

JáparaoAquíferoGuaraniasinformaçõesdoCPRM(2002)eANA(2007) não apresentam grandes discrepâncias. o estudo da ana (2007) indicavariaçõesnototaldesólidosdissolvidosde100mg/laté650mg/l,variandodeacordocomalitologiadascamadasqueocompõe.Aaltaconcentração de sólidos dissolvidos implica em menor grau de potabi-lidadedaágua,sendoqueapartirdedeterminadaconcentraçãoaáguaapresenta-se inadequada para uso. especificamente no oeste do estado deSantaCatarina,oGuaraniapresentarestriçõesàpotabilidade,prin-cipalmente no tocante ao conteúdo de sólidos totais dissolvidos (média de 521,3mg/l), e suas águas, geralmentemuito salinas e fortementesódicas, são inadequadas não só para abastecimento humano e des-sedentação animal como também para a irrigação (MMa, 2007 apud Freitas et al., 2002).

Dopontodevistadosestudoscientíficospontuaissobreosaspectosdequalidadedaságuassubterrâneasnaáreadeestudodestacam-seostraba-lhos de Motta e Frinhani (2012), Pitol (2010), Malheiros et. al (2009), de rohden et. al (2008) e Freitas et. al (2002).

MottaeFrinhani(2012)analisaramáguacoletadaem60poçosdistri-buídos nos municípios de ibicaré, lacerdópolis, ouro e Capinzal, todos inseridosnabacia do riodoPeixe.Da totalidadedepoços analisados,apenastrêscaptamáguadoAquíferoGuarani,eosdemaisdoAquíferoserra geral ou em zona de transição entre os dois aquíferos. dos parâ-metros analisados pelos pesquisadores, destacam-se os coliformes totais, presentesem66,8%dasamostras,tornandoaáguanãopotável.Indicamcomo uma das fontes de contaminação da água a criação de animais,entresuínos,bovinos,ovinos,aveseanimaisdomésticos,emáreaspró-ximasaospoçosondeserealizaramascoletas.Claroque,comoautores,destacam que a contaminação microbiológica em grau não demasiado elevado pode ser eliminada por meio de tratamentos simples, possibili-tandooconsumodaágua.Porém,senãoforimediatamentecombatidae travada, a contaminação dissemina-se e compromete a qualidade de enormes aquíferos de elevada importância estratégica nacional e inter-nacional.

Pitol(2010)avaliouacontaminaçãomicrobiológicadaáguadepoçosutilizados para o consumo humano na região da secretaria de desenvol-vimento Regional de Itapiranga, localizada no extremo oeste de Santa

Catarina.Foramcoletadasamostrasdeáguaem52poçosdaregião,semespecificaçãodeprofundidade,nosmesesdenovembroedezembrode2009 e avaliadas conforme os critérios estabelecidos pelo Ministério da AgriculturaPecuáriaeAbastecimento.Das52amostras,89%apresen-taram-se impróprias para consumo de acordo com os critérios da legis-lação vigente.

Malheiroset. al (2009), avaliaram212amostrasde águas subterrâneasprovenientes de diversas propriedades rurais situadas na região oeste do estado de Santa Catarina.Destas, 86 foram provenientes de poços comprofundidadeacimade80metrose126defontessuperficiais(máximo30metrosdeprofundidade).Osresultadosalcançadosindicaramque75,94%estavamimprópriasparaoconsumohumano,conformeaPortaria518/2004doMinistériodaSaúde.Noentanto,nãofoiespecificadaadistribuiçãodoresultado em função da profundidade das coletas.

rohden et. al (2008) avaliaram a qualidade microbiológica da qualidade daságuassubterrâneasem14municípioslocalizadosnoextremooesteca-tarinense. Foram coletadas e analisadas 149 amostras de água de poços,sem especificação da profundidade da captação.Os resultados indicaramcontaminaçãoporcoliformesfecaisemaproximadamente55%dasamos-tras,oquedenunciaaclarainfluênciadosdespejosurbanosefragilidadedoesgotamentosanitárioexistente.

Aoanalisaremaquestãodaságuassubterrâneasparaooestecatarinen-se, Freitas et al (2002), consideraram que os problemas de contaminação do recurso hídrico subterrâneo do aquífero serra geral apresentavam-se de forma bem localizada, relacionando a contaminação por coliformes fe-caisetotaisàconstruçãodepoçossemanecessáriaestruturadevedaçãosanitária.Osautoresargumentamquenospoçosemqueasestruturasdevedaçãosãomenoresque20metrosexistemaiorporcentagemdeocor-rênciadecoliformestotaisefecais.AFigura14mostraoperfilverticaldedoispoços,umcomaestruturadevedaçãosanitáriaqueimpedeacon-taminaçãodoaquíferoeoutrosemavedação,facilitandoainfiltraçãodecontaminantes diversos.

Ca

PÍt

ulo

iii

111

Page 112: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Figura 14. Perfil vertical de poços com e sem vedação sanitária

Fonte: CPrM, 2002.

Antetaisinformações,conclui-seaqueéfundamentalrealizaçãodepro-gramasdemonitoramentosistemáticodaságuassubterrâneas,aliadoàrea-lizaçãodeaçõesquevisemaproteçãoeconservaçãodosaquíferos,nãosónaáreasdospoçoscomotambémemsuasáreasderecarga.Outropontofundamentaléarealizaçãodeinventáriosobreasituaçãodetodosospoços

existentesnooestecatarinense,fornecendoassimumpanoramarealistadesuasituação,epermitindoodirecionamentodasações,apartirdaobtençãoderesultadosmaissignificativos.

5. BALANÇO HÍDRICO

Para se proceder a um balanço hídrico é preciso considerar, por um lado, as disponibilidades e, por outro, as demandas. embora no Capítulo iv os as-pectosdemográficoseatividadeseconômicasrelacionadoscomademandadeáguaestejamabordadoscommaisdetalheeemumalógicademicrorre-gião,apresenta-se,jánestecapítulo,umavisãogeraldessasdemandasporregiãohidrográfica.Assim,desdejá,pode-serealizarobalançoeanalisaratéquepontoháounãohádéficithídrico.

5.1. Demandas hídricas

as demandas hídricas dividem-se em consuntivas e não-consuntivas. dentre as demandas consuntivas estão o abastecimento humano, o abas-tecimento industrial, a dessedentação animal e a irrigação; enquanto que nasdemandasnão-consuntivasestãoageraçãodeenergiaelétrica,extraçãomineral,turismo/lazer,pesca/aquiculturaenavegação.Dopontodevistadagestão hídrica, as demandas consuntivas são as que geram maior número deconflitos,equerequeremmedidasmaiscomplexasparaseucontroleefiscalização(SDS,2006).Asdemandasrepresentativasnamesorregiãooestesão abastecimento humano, abastecimento industrial, dessedentação animal egeraçãodeenergiaelétrica,detalhadasnopróximocapítulo.

Demaneirageral,pode-seafirmarque,apesardeapresentaremalgumaspequenasdiferenças,ousodaáguanasRHsdaáreadeestudoébastantesemelhante. os usos predominantes são o industrial, no qual se incluem as agroindústrias, fortemente presentes na região, e a dessedentação animal. Paraousoindustrialosvaloresregistradosforamde30%naRH01,38%naRH02e43%naRH03.Jáousoparadessedentaçãoanimalatinge35%naRH01,30%naRH02e27%naRH03.

Os valores referentes ao abastecimentopúblico, seja urbanoou rural,tambémébastantesemelhantenasRHs,sendoregistrado33%naRH1,

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

112

Page 113: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

30%naRH02e24%naRH03.Dopontodevistadairrigação,háseme-lhançaentreasRHs01e02,com2%e1,5%respectivamente,enquantoquenaRH03esteusorepresenta6,25%dademanda.

nota-se, portanto, maior demanda hídrica nas rh 3 e rh 2, sendo mais que o dobro da demanda na rh 01.

quadro 57. Distribuição setorial das demandas hídricas (m3/s)

Tipo de Demanda RH 01 RH 02 RH 03Abastecimento urbano 0,265 (22,34%) 0,62 (23,28%) 0,578(19,73%)

Abastecimento rural 0,133 (11,21%) 0,188 (7,06%) 0,119 (4,06%)Abastecimento industrial 0,35 (29,51%) 1,021(38,34%) 1,259(42,98%)

Criação animal 0,42 (35,41%) 0,794(29,82%) 0,79 (26,97%)Irrigação 0,018 (1,52%) 0,04 (1,5%) 0,183 (6,25%)

Total 1,186 2,663 2,929Fonte: elaboração própria.

OMapa16,(p.114)apresentaespacialmenteaquantificaçãoestimadadademandahídricanasRHscombasenoPlanodeDesenvolvimentoSustentá-vel da Bacia do rio uruguai (Bid, 2008).

5.2. Balanço quantitativo

5.2.1.Águassuperficiais

a relação que se estabelece entre a disponibilidade e as demandas hídri-cas de determinada bacia pode ser chamada de balanço quantitativo.Paraavaliaçãodoscursosd’águaemnívelnacional,aANA(2005)uti-

liza o balançoquantitativo baseadona razão entre a vazãoQ95%e avazão de retirada dos usos consuntivos. Por utilizar a escala nacional, a avaliaçãodaANAcontempla apenasos cursos d’águademaior porte,nãoincluindoatotalidadedoscursosd’águadamesorregiãoOesteCa-tarinense.

ParaasbaciasdeSantaCatarina,aSDS(2006)elaborouobalançoquan-titativo a partir da razão entre o somatório das demandas consuntivas e a disponibilidadehídricaparadoiscenáriosdistintos,umcomvazãoQ7,10eoutrocomQ90%,obtendo-seodenominadoÍndicedeCriticidadede

RecursosHídricos(ICRH),cujosresultadosclassificam-seconformeos in-tervalosabaixo:•SituaçãoNORMAL:somadasdemandasmenoresque20%dadisponi-

bilidade (iCrh entre 0 e 0,19);•SituaçãoPREOCUPANTE:somadasdemandasentre20%e50%da

disponibilidade (iCrh entre 0,2 e 0,5);•SituaçãoCRÍTICA:somadasdemandasentre50%e100%dadisponi-

bilidade (iCrh entre 0,51 e 1,0);•SituaçãoEXTREMAMENTECRÍTICA:somadasdemandassuperioresa100%dadisponibilidade.

O ICRHproduzidopela SDS (2006) foiutilizadonesteestudopor seroúnico índicedecriticidadecalculadoexistenteparaasbaciashidrográfi-cas do estado de santa Catarina e se ter considerado que ele é adequado paraavaliaçãoecomparaçãodasituaçãodasbaciashidrográficasestudadas.Osresultadosobtidosparaasbaciasdaáreadeestudoestãodescritosnasequência e foram espacializados no Mapa 17 (p. 115).

Bacia Peperi-Guaçu: o índice de Criticidade de recursos hídricos no PanoramadosRecursosHídricosdeSantaCatarina,nãotraz informaçõesparaabaciahidrográficadorioPeperi-Guaçu.Tal fatoestá relacionadoàexistênciadebaciasesub-baciasdedomíniofederal,cujagestãonãocom-pete ao governo do estado.

Bacia das Antas:ParaavazãoQ90%,nabaciadoriodasAntas,oICRHatingeumvalorde0,04,sendoclassificadocomoNORMAL.JáparaavazãoQ7,10,queapresentavaloresmenoresdoqueaQ90%,oICRHatingeumvalorde0,09,masaindaclassificadocomoNORMAL.

Bacia Chapecó:ParaavazãoQ90%,nabaciadorioChapecó,oICRHatingeumvalorde0,03,sendoclassificadocomoNORMAL.JáparaavazãoQ7,10,queapresentavaloresmenoresdoqueaQ90%,oICRHatingeumvalorde0,14,sendoclassificadotambémcomoNORMAL.

Bacia Irani:Nocasodabaciadorio Irani,paraavazãoQ90%,oICRH atinge um valor de 0,05, sendo classificado comoNORMAL. JáparaavazãoQ7,10,queapresentavaloresmenoresdoqueaQ90%,oICRHatingeumvalorde0,21,sendoclassificadonestecasocomoPRE-oCuPante.

Ca

PÍt

ulo

iii

113

Page 114: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

114

Page 115: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iii

115

Page 116: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Bacia Jacutinga: no caso da bacia do rio Jacutinga o iCrh calculado pelaSDS(2006)paraavazãoQ90%atingeumvalorde0,09,sendosuasituaçãoclassificadacomoNORMAL.JáparaavazãoQ7,10oICRHatingeumvalorde0,28,omaisaltodentreasbaciasdaáreadeestudo,sendoclas-sificadocomodesituaçãoPREOCUPANTE.

Bacia do Peixe:NocasodabaciadoriodoPeixeoICRHcalculadopelaSDS(2006)paraavazãoQ90%atingeumvalorde0,07,sendosuasituaçãoclassificadacomoNORMAL.JáparaavazãoQ7,10oICRHatingeumva-lor de 0,15, que mesmo sendo maior que o dobro do índice para a vazão Q90%,aindatemasituaçãoclassificadacomosendoNORMAL.

Apesardosvaloresapresentadosindicaremumbaixocomprometimentodasdisponibilidadeshídricas,asclassificaçõesapresentadassãogeneraliza-dasparatodaaáreadabaciaemesmocomclassificaçãoNORMALpodemexistirsub-baciasepontosespecíficosnaáreadedrenagemqueenfrentemconflitosdeusoemmomentosdeescassezdorecursohídrico(SDS,2006).

5.2.2. águas subterrâneas

SilvaeKirchneim(2011)elaboraramobalançohídricoestimadodeáguassubterrâneasemcadabaciahidrográficadeSantaCatarina,apartirdocálculoestimado de rendimento dos poços registrados no siagas e os usos levan-tados.Oquadroaseguirtrazinformaçõessobreasbaciasdaáreadeestudo.

Deacordocomatabela,asituaçãoérelativamenteconfortávelnasba-ciasdoChapecóedoPeixecomcomprometimentomenorque25%dadisponibilidade. o que, comparado ao quadro da região, ainda é um valor derelativoconforto.AsituaçãocomeçaaficarcríticanabaciadorioIrani,ondehácomprometimentodequase78%dadisponibilidade,seguidospeloJacutingaePeperi-Guaçu,quejáexcedemacapacidadederecargadosaquí-feros.NabaciadoJacutingahácomprometimentode130%dadisponibili-dade,enquantoquenabaciadoPeperi-Guaçuháocomprometimentode233%dadisponibilidade.

quadro 58. Balanço hídrico estimado para águas subterrâneas do Oeste Catarinense

Bacia Hidrográfica

Disponibilidade Hídrica Subter-

rânea (hm³/ano)

Extrações(hm³/ano)

Extrações com clandestinidade

(hm³/ano)6

Comprometimen-to da disponibili-

dade (%)Antas 670,17 57,97 289,84 43,25

Chapecó 2454,38 104,62 523,08 21,31Do Peixe 1119,44 56,52 282,60 24,24

Irani 511,78 79,12 395,59 77,30Jacutinga 279,68 72,89 364,45 130,31

Peperi-Guaçu 351,95 164,34 821,68 233,46Fonte: silva e Kirchneim, 2011.

Adegradaçãodaságuassuperficiaispelasatividadesagroindustriais,agri-cultura intensiva e efluentesdomésticos, emconjunto comas frequentesestiagens na região deram início desde a década passada a uma crescente buscadas águas subterrâneas,muitas vezes incentivadasporpolíticaspú-blicas estaduais e federais (CPrM, 2002). a realização de estudos técnicos preliminares à perfuração de poços é de fundamental importância para a preservaçãoeusoresponsáveldosrecursoshídricossubterrâneos.

uma tendência, que parece ir de encontro às descentralizadas necessi-dadesdeáguaparaaatividadeprodutiva,emespecialcriaçãodesuínos,bo-vinos e aves, revela-se inadequada e perigosa, particularmente se realizada compoucoounenhumplanejamentoeexecutadaparasatisfazerpedidosavulsos.Foipossível,emcampo,identificarsituaçõesemqueaaberturadeumpoçoporumainstituiçãopública,muitopróximodeoutrojáemfuncio-namento,acaboudeterminandoqueoprimeirodeixassedeterágua.Poçosabandonados, sem devida selagem e, portanto, constituindo portas abertas acontaminaçãodoaquífero,sãotambém,deacordocomváriosdepoimen-tos, uma realidade.

6Vazõesmultiplicadaspelofatordeclandestinidade(10)edivididaspor2,referenteaoperaçãodurante12horasdodia.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

116

Page 117: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

CApíTuLO Iv

desenvolviMento regional EDINÂMICASSOCIOECONÔMICASIsa de Oliveira RochaCássio Donadel GuterresLisangela AlbinoMario Leone Kabilio

neste capítulo estão incluídos aspectos importantes que começam a dei-xarclaraadensidadedasrelaçõesentredisponibilidadesedemandashídri-cas,amaneiracomotaisrelaçõessãoinfluenciadaseinfluenciamasopçõesdedesenvolvimento,ecomotaisopçõesemergemdeumalógicahistórico--espacial particular.

assim, inicia-se por um breve enquadramento histórico da constitui-ção do oeste Catarinense e como seu espaço vai sendo produzido pelas complexasdinâmicasdaocupaçãohumana,emgrandeparteguiadapelasopçõesdedesenvolvimentoepelosseus impactosnamatrizambientalnatural.Dá-sealgumdestaqueaopós1950eàstentativasdeplanejarodesenvolvimento por meio da elaboração de planos, analisando-se bre-vemente pela consistência ou inconsistência dessas tentativas e, em que medidaforamounãocomtemplandoaproblemáticadosriscosedesas-tres ambientais (normalmente chamados de naturais) e, em particular, a estiagem.

depois, passa-se às atuais dinâmicas socioeconômicas onde, após clarificaçãodosprocedimentosmetodológicos,teminícioaanálisedeaspectosrelativosàdemografia,aoabastecimentourbanodeágua(de-mandaconsuntiva)eesgotamentosanitário,aoPIBeaousodosolo.em seguida, analisam-se as dinâmicas relativas à atividade produtiva, emsuarelaçãocomasrespetivasdemandasconsuntivasdeáguaepar-ticularrealceparaaagropecuáriaeagroindústria.Nofinalfaz-sebrevereferência a uma das principais demandas não consuntivas, a produção de energia elétrica.

1. BREVE HISTÓRICO DA REGIÃO E SUAS OPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO

1.1. A constituição da região

no início do século xvi, em decorrência do estabelecido no tratado de tordesilhas (assinado em 1494) a região correspondente ao atual oeste Ca-tarinense pertencia à Coroa de espanha e não à Portuguesa. Contudo, o estabelecido no tratado nunca foi completamente aceito. assim, em me-adosdoséculoXVII,oqueéhojeoOesteCatarinense, testemunhouosepisódiosdasincursõesbandeirantesdeapresamentoindígenanasMissõesdoSuleasreduçõesjesuíticasqueosespanhóishaviamfundadoapartirde1609,noRioGrandedoSul.Taisocupaçõessempreforamacompanhadasdeconflitos.

DuranteséculoXVIII,comaafirmaçãodociclodoouro,centradonasexploraçõesemMinasGerais,oRioGrandedoSulpassouaserograndefornecedor de gado para a região aurífera. o movimento tropeiro incluiu umapartedoplanalto catarinense, com formaçãode vários aglomeradospopulacionais,comoLages(criadaem1771),masficoulongedaregiãooes-te do estado.

Jáem1750,quandodaassinaturadoTratadodeMadrid,reconhece-seque ambos os estados (Portugal e espanha) tinham violado as fronteiras na AméricaenaÁsiaeaceitam-seasocupaçõesefetivadas.Paraevitarmaisdúvidaseconflitos,entretanto,os limites formaisdeveriamcoincidircomaspectos naturais evidentes, como cursos dos rios e montes mais destaca-dos,próximosdos limitesdasregiõesocupadas.Assim,quandoem1759,comissáriosporpartedosReisdePortugaleEspanhaexploraramaregiãopara concretizar o estabelecido no tratado de Madrid, tomaram o rio Pepe-ri-guaçu como marco divisor dos territórios das duas coroas.

tal fato não evitou que a polêmica continuasse, fazendo com que o terri-tório continuasse em disputa e um novo tratado fosse assinado, o tratado de SantoIldefonsoem1777.Mesmoassim,maisumavezasinterpretaçõesdi-vergiram. Para os argentinos o limite dos dois países seriam os rios Chapecó eChopim,eparaosbrasileirosadivisaeradefinidapelosriosPeperi-Guaçue santo antônio.

Ca

PÍt

ulo

iv

117

Page 118: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

ApósaindependênciadoBrasil,em1822,proliferaramconflitosterrito-riais no sul do Brasil, como as guerras de Cisplatina (1825-28), a revolução Farroupilha(1835-45)eGuerradoParaguai(1864-70).Devidoaosinteres-ses geopolíticos da argentina no oeste Catarinense o governo imperial ins-tituiu, em 1850, uma colônia militar na região de Palmas e, em 1882, outra mais ao sul, a colônia militar de Chapecó. a chamada questão de Palmas, quenadamaiserasenãoaquestãodedefiniçãodas fronteiras,veioaserarbitradapelopresidenteestadunidenseClevelandque confirmou a atualfronteiracomaArgentina,incorporandodefinitivamentearegiãoaoBrasilapartir da assinatura do tratado de 1898 (PiaZZa, 1983; silva, 2013).

Aindaassimasquestões territoriaisnãofinalizaram.AlémdademandacomaArgentina,ooestefoipleiteadopeloestadodoParanáatéoiníciodoséculopassado,protelando-seadefiniçãodefronteirasporanos,adespeitodepareceresjudiciaisconsecutivosfavoráveisaSantaCatarina.AsangrentaGuerradoContestado(1912-16),queenvolveuexércitoecabocloséodes-fechodosconflitossociais,econômicos,religiososepolíticos,relacionados,sobretudo à construção da ferrovia são Paulo–rio grande e consequente desapropriaçãodeterras.PelocontratodeconcessãodalinhaferroviáriaaconstrutoraBrasilRailwayCo.tinhaodireitodeexplorartodososrecursosdaáreaequivalentea15kmdecadaladodasmargensaolongodostrilhos,inclusive comercializar terras para colonização, independente de qualquer posse anterior, direito até então assegurado por decretos. Foi assim que ocorreuaexpulsãodoscaboclosegressosdazonapastorildoPlanaltoLeste,dandolugaràcomercializaçãodasterraseàintensaexploraçãomadeireira.

Porfim,oAcordodeLimitesde1916instituiucomolinhadivisóriaen-treoParanáeSantaCatarinaodivisordeáguasdasbaciasdosriosIguaçue uruguai. (thoMÉ, 2000; silva, 2013). Com a celebração do acordo e com o término da construção da via férrea, a região foi mais intensamente povoada.AsterraspassaramasercolonizadaspelasubsidiáriaBrazil,aDe-velopment&ColonizationCo.comsedeemPortland/EUA,aqualatribuiuàs diversas empresas colonizadoras, principalmente do rio grande do sul, a incumbência de dividir os lotes e efetivar o seu povoamento. sob denomina-ção de southernn Brasil lumber & Colonization Co, foram constituídas pela empresaestadunidenseduasserrariasparaexplorarasreservasmadeireiras,uma em três Barras (Planalto norte Catarinense) e outra em Calmon (vale doPeixe),quedemaneiradesmesuradaparaospadrõeslocais,beneficiavaeexportavaamadeira(roCha, 2004).

Assimcomoocorreranasáreasdematadolitoral,aexploraçãodamadei-radasflorestasdoplanaltocapitalizouserrariasecolonos,constituindo-seemimportantecomércioexteriorcomaBaciadoPrata,principalmentecoma argentina, transportando a madeira pelo rio uruguai (roCha, 2004). as empresascolonizadorasatraíram,paraasregiõesoestedeSantaCatarinaedoParanáoexcedentepopulacionaldascolôniasgaúchasdeorigemalemãe italiana (colônias velhas), vendendo-lhes pequenas propriedades agrícolas —emgeralde25a30ha—nasterrasdosafluentesdamargemdireitadorio uruguai, terrenos aptos à agricultura, porém de relevo acidentado. esta característicafoideterminantenaorigemdapequenaediversificadaprodu-ção mercantil, o que distingue o desenvolvimento econômico regional da árealatifundiáriapastorilaoriente.

Waibel (1980) ressalta que a colonização seguiu, em santa Catarina, um padrãosimilaraoquejáocorreranascolôniasprecedentesdoRioGrandedo sul: os alemães preferiram assentar-se nos solos mais férteis dos fundos dos vales e encostas, cobertos de matas latifoliadas; os italianos, ao con-trário,estabeleceram-semajoritariamentenas terrasaltas,principalmenteentreobaixoriodoPeixeeoUruguaiealipassaramacultivarinicialmentearroz,batata,feijão,mandioca,milho,trigo,entreoutros.

SegundoMamigonian(1966)aagriculturanaregiãooestenasceuligadaaomercadoemnotávelexpansãodevidoaocrescimentourbanobrasileirono século xx. “Junto com a policultura comercial surgiram os numerosos moinhos de trigo e frigoríficos de suínos, todos de iniciativas locais e namaioriadedimensõesmodestas”(MAMIGONIAN,1966,p.36).Emergem,destaforma,empresasdediversasatividadesassentesnosprodutosprimá-rios regionais.

Pelas décadas de 20 e 30 do século passado, as políticas do governo fede-ral favoreceram a produção suinícola, visando o abastecimento de mercados dosgrandescentros.Dessemodo,coubeaooeste,nocontextodadivisãoterritorialdotrabalhoqueseestabeleciaemSantaCatarina,opapeldeex-portador de suínos vivos para são Paulo e rio de Janeiro e o abastecimento dotambémcrescentemercadoregional,oqualjácontavacomalgumasfá-bricas de banha e salame (esPÍndola, 2011).

Com o aumento da produção dos colonos, associada a pequenos co-mércios,comérciodeterras,estradadeferro,aberturadenovasvias,flo-

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

118

Page 119: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

rescimento das serrarias etc., a região abriu espaço ao desenvolvimento de atividadesrelacionadasàexpansãodefrentespioneiras,comoasassociadasaocomércioeaostransportes,aexemplodas indústriasmetal-mecânicasdeJoaçaba.NocontextodaRevoluçãogetulistade1930houvegrandeestí-mulo às atividades econômicas urbanas e a industrialização, necessariamente refletindo-setambémnoOesteCatarinense.

a partir de meados dos anos 40 do século xx o advento de estabele-cimentoslocais,comoosfrigoríficosSadiaePerdigão,cujaforteexpansãoprecocementeapresentoucaracterísticasmonopólicas,dificultouodesen-volvimento de concorrentes ou o aparecimento de outras iniciativas congê-neres. de outro lado, houve incentivo às atividades industriais complemen-tares ou de suporte — mecânicas, transportes, embalagens — ao seu redor. daí decorreu a formação de municípios com uma grande unidade fabril, como os de Concórdia, videira, seara e Chapecó, e outros com desenvolvi-mentoindustrialdébil,porémcomespaçoagráriodaspequenasproprieda-des organizado e especializado, sobretudo pelo sistema de integração. este foipostoempráticapioneiramentejánadécadade1950eaprofundou-senas seguintes, atendendo a demanda de insumos (milho, suínos e frangos) das agroindústrias (roCha, 2004).

novas unidades fabris foram então fundadas nos municípios com condi-çõeslogísticasfavoráveisareboquedoincrementodosinvestimentosdosfrigoríficos,como,porexemplo,ocasodeCapinzal(unidadedaPerdigão),Seara (grupoSeara-JBS)eChapecó (Sadia).Nestecontextoa regiãopas-sou então a apresentar cooperativas ligadas à produção agroindustrial e de indústrias, principalmente, do ramo da madeira (roCha, 2004). isolados nooestedeSantaCatarina,semcondiçõesdeenfrentarasdificuldadesdetransporte e de comunicação — em decorrência de poucas estradas e au-sência de pavimentação em terrenos acidentados — e atrelados ao capital comerciallocaleaosgrandesfrigoríficos,osagricultorespassaramainvestirno cooperativismo como alternativa para driblar a falta de competitividade e possibilitar a negociação de sua produção de modo mais autônomo.

Omaiorcomplexocooperativocatarinenseteveorigemem1969comAuryLuizBodanese,gaúchodecontextofamiliarligadoaopequenocapitalcomercial e estabelecido no interior de Chapecó. aury reestruturou a pe-quena Cooperchapecó, atendendo convite da gerência do Banco do Brasil localparaexecutarapolíticagovernamentaldepreçosmínimos.Aemprei-

tadafoiexitosaconstituindomaistardeaCooperativaCentralAuroraqueseexpandiugrandementeehojeamparaoutras13cooperativasmenores.

o modelo de integração industrial que era praticado na região sofreu uma reestruturação a partir da década de 80 do século passado, na forma de relação entre a agroindústria e os produtores familiares. Certa instabili-dade levou os produtores a verem no gado leiteiro uma alternativa (ou um complemento) para a manutenção de sua subsistência no campo. se o reba-nho suíno seguiu crescendo entre as décadas de 1980 e 1990, o número de produtoressofreudrásticareduçãonoperíodo.Jáonúmerodeprodutoresdevacasparaordenhaexperimentacrescimentocadavezmaioratéosdiasatuais.

Para além das indústrias de suporte às agroindústrias de aves, suínos e laticínios, surgiram, principalmente a partir dos anos 1970 e 1980, pequenas vinícolasediversasfábricasdemóveis,agregandovaloraantigasatividadesmadeireiras da região.

apesar do isolamento da região oeste Catarinense, imposto pelo rele-vo,jáqueasserrasGeraledoMardificultavamasligaçõesentreolitoraleoplanalto(Peluso,1991),configurandodistintasformaçõessócioespa-ciais regionais (vieira e Pereira, 1997), alguns governantes buscaram, em momentosespecíficos,aintegraçãodoterritório.Destaca-seaviagemaooeste do governador adolfo Konder em 1929, às vésperas da revolução de 1930, quando inclusive encontrou getúlio vargas, então governador do RioGrandedoSul.AsseguintesrazõesparaaviagemsãoapresentadasporFlores e serpa:

havia a questão da fronteira nacional com a argentina e da construção da brasilidade; a premência da ocupação do oeste catarinense como expansãodoprocessocivilizadorparao interior,não sódoestado,como também do país; por último, um empenho em debelar as cau-sas da guerra do Contestado, vencendo poderes locais, em torno dos quaisgravitavamgruposconflitantes(FLORESeSERPA,1999,p.216).

Nadécadade1930,comaRevoluçãoGetulista,comojásereferiu,inau-gurou-seoperíododeexpansãodaeconomianacional,que“sobdinamis-mopróprio[...]interessavatantoàsoligarquiasruraisregionaisvoltadasaomercado interno, como aos industriais que puderam acelerar o processo de substituiçãodeimportações”(MAMIGONIAN,2000,p.45).

Ca

PÍt

ulo

iv

119

Page 120: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

NabaciadoriodoPeixesurgiramosmunicípiosdeCaçador,pelaLeino508,de22/02/1934,desmembradodePortoUnião,CamposNo-vos, Curitibanos e Cruzeiro (atual Joaçaba), e Concórdia, pela lei no 635,de12/07/1934,desmembradodeCruzeiro(atualJoaçaba).(SIL-va, 2013, p. 33).

desde então, novos municípios foram sendo criados, totalizando em 2015,118municípios,sendoagrandemaioriadepequenasdimensões.

ao tempo do governo estadual do interventor nereu ramos (1937-1945) foielaboradooPlanoRodoviárioCatarinense(1939),contudo,aligaçãoen-tre Florianópolis e o planalto foi adiada, e a conclusão da ligação leste-oeste somente foi concluída depois 2007, com Br-282, rodovia transversal que liga Florianópolis a Paraíso, na divisa com a argentina.

a falta da integração política e territorial acabou gerando algo inusitado, quando em 1943 santa Catarina perdeu o oeste Catarinense em função da criaçãodoTerritórioFederaldoIguassú,abrangendoaáreadoentãomu-nicípiodeChapecó.SomentecomofimdoEstadoNovo(golpede1945),quandoEuricoGasparDutra(1946-1950)lançouoprimeiroplanodegover-nodoperíodopós-guerra,oPlanoSALTE,oTerritóriodoIguaçufoiextinto(1946)eomunicípiodeChapecófoinovamenteincorporadoaoestadodesanta Catarina.

logo após, em 1947, o governador aderbal ramos da silva, empreendeu tambémumaviagemoficialparaoOesteCatarinense,commuitarepercus-são na época, pois simbolizava a preocupação do governo estadual relativa-mente à plena integração do oeste ao estado de santa Catarina.

2. PLANOS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL

a partir da década de 1950, os governos estaduais catarinenses, seguin-doasdiretrizesnacionaisdeplanejamentoeconômico,passaramaelaborarplanos de desenvolvimento para o estado. registra-se que, em geral, não se observamnosdocumentospolíticasrelacionadasàscatástrofesambientaisetampoucoaçõesrelacionadascomaestiagemdooeste.

2.1. Planos Estaduais — décadas de 1950 a 1980

2.1.1. Poe (elaboração): irineu Bornhausen (udn) — 1951-55 e Poe: Jor-geLacerda/HeribertoHülse(PRP-UDN)—1956-60

o Plano de obras e equipamentos (Poe) elaborado no governo de iri-neu Bornhausen pode ser compreendido como o primeiro esboço de um plano de governo catarinense institucionalizado.

Consiste, no entanto, em não mais que “um orçamento paralelo de in-vestimentos submetido a tratamento especial” e pode ser considerado uma tentativa frustrada de fornecimento de diretrizes, uma vez que foi elabora-doparaserexecutadonogovernoseguinte,deJorgeLacerdaeHeribertoHülse.Estesacabarampornãoadotarsatisfatoriamenteasproposiçõesdaadministração antecessora e no governo de Celso ramos foi substituído pelo PlaMeg. (sChMitZ, 1992, p. 20)

PelaanálisedaleiqueinstituiuoPOEpercebe-seque,alémdanãoexecu-ção,mesmonosescritosdeintençãoeorçamentonãofiguravamquaisquermedidas relativas ao melhor uso e ocupação da terra ou sequer referentes à habitação ou segurança.

2.1.2.PLAMEG:CelsoRamos(PSD-PTB)—1961-65

Com base na lei que regulamenta a aplicação do Plano de Metas do go-verno (PLAMEG), aprovada em1961, verificou-sequede todooprevis-toparagastosnoquinquênioepreocupaçõesgovernamentais,nadaestavapreviamentedestinadoaoplanejamento,habitaçãoouprevençãodecatás-trofes.Nadafiguravarelativoaoordenamentoterritorial.Ocaráterdosin-vestimentos nesta época estava pautado em modelos desenvolvimentistas, portantodava-semaiorimportânciaaosnecessáriosinvestimentoseminfra-estruturaemedidasdeincentivoàindustrializaçãoeexpansãoeconômica.

2.1.3.PLAMEGII:IvoSilveira(PSD-PTB)—1966-70

assim como no caso do Poe e do PlaMeg i, não se logrou acesso ao documentobásicocomoseriaoideal,masdeformaindiretaextraiu-seim-portantes subsídios do relatório dos três primeiros anos do PlaMeg (santa Catarina,1969),deleisaprovadasàépocaedotrabalhodeSérgioSchmitz(sChMitZ, 1992).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

120

Page 121: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Observa-separaesteperíodoatendênciaafomentaraexpansãoeconô-mica com investimentos, sobretudo, nos setores de transportes e energia. Noquesito “MelhoriadasCondições Sociais”, que já recebia investimen-tosequivalentesacercadeapenas4,6%dototaldoorçamento,somente18,5%destesegundovalorestavaprevistoparaogastocomhabitaçãoeplanejamentourbano.Aindaassim,notextodorelatórionãohánenhumamenção a desastres ambientais ou medidas para sua prevenção.

2.1.4. PCd: Colombo Machado salles (arena) — 1971-74

Alinhadoaosmesmospropósitosbásicosdosdoisplanosanterioresfoiela-boradooProjetoCatarinensedeDesenvolvimento—PCD.Ossetoresquemaissedesenvolveramnesseperíodoforamosdecirculaçãocomaáreadaenergia,dastelecomunicaçõesedostransportes(goularti Filho, 2005).

Foramanalisadasasinformaçõesdasleisaprovadasàépocaeorelató-rio de governo. no capítulo “Campo social”, item “assistência, Previdência, HabitaçãoeEmprego”háapenasbrevemençãoaconstruçãoerecupera-çãodeconjuntoshabitacionaiseinfraestruturarelacionada.Noitemseguin-te,“SegurançaeInformações—DefesaCivil”houveoestabelecimentodaCoordenadoria estadual de defesa Civil (CedeC). esta instituição foi de grande importância no socorro e atendimentos de emergência após qua-tro desastres ambientais ainda neste mesmo governo e pôde desenvolver estudose levantar informações relevantespara adevidapreparaçãoparaeventos futuros.

logo, nos limites da administração de Colombo Machado salles revela-se oqueépráticausualhádécadasnoestado:aausênciadepolíticaspreven-tivas e a necessidade de atendimento emergencial, mais oneroso, para o devido socorro de vítimas e recuperação da infraestrutura, tanto nos casos deenchenteseinundaçõescomodeestiagens.

2.1.5. Plano de governo antônio Carlos Konder reis (arena), 1975-78

o Plano de governo de antônio Carlos Konder reis foi profundamente pautado no ii Pnd elaborado em 1974 para o mesmo período (1975-79). NaquelaconjunturaoBrasilacabavadepassarpelomilagreeconômicoeseinstaurava a crise mundial do petróleo. Portanto, a administração direciona-da estava para o fomento à industrialização e ao desenvolvimento econômi-

co,bemcomoàsinfraestruturasnecessáriasdesuporte.Oenfoqueestavano desenvolvimento do campo, da indústria e do comércio.

a menção à questão da habitação denotava que o único problema esta-vanodéficithabitacional,indicandoanecessidadedeprogramasefinancia-mentos para atender à demanda, sem ênfase à segurança de comunidades assentadas. Sobreeste assunto,destaca-seo seguinte trechoextraídododocumento, capítulo vi, subitem estratégia de desenvolvimento social:

Apolítica de Integração Social, no sentidomais restrito, orientar-se-á:[...]pelaorientaçãodapolíticahabitacionalnadireçãodeprogramasparaaspopulaçõesdemaisbaixosníveisderendaepelamelhoriadosserviçosur-banosbásicosparatodasascamadasdapopulação,comvistasàelevaçãodaqualidade de vida nas cidades (Konder reis e Fontana, 1975, p.34-35).

ainda, no subitem desenvolvimento urbano acrescenta-se: “esse de-senvolvimento, que deverá ser ordenado, buscará a integração dosmunicípios e orientará o crescimento das cidades, sem prejuízo daqualidade de vida do homem.” (Konder reis e Fontana, 1975, p.40).

a partir dos trechos transcritos conclui-se que nada foi realmente ela-borado,muitomenospostoemprática,noquedizrespeitoaprevençãoeracionalização do uso da terra. havia apenas escritos bastante genéricos que davam leve indicativo de preocupação com a habitação, porém sem atenção aosriscosambientaiseàscondiçõesdeutilizaçãoterritorial.

2.1.6.PlanodeAção:JorgeK.Bornhausen(Arena)—1979-82

Paraavaliaçãodestaadministraçãoforamextraídas informaçõesdodo-cumentobásicodoPlanodeAçãoededoisvolumesdodocumentoPolíticade desenvolvimento regional e urbano (Pdru), elaborado complementar-mente.

do Plano de ação, destaca-se:Poroutro lado, tendopresentequeodéficithabitacionalpopularémais de ordemqualitativa que quantitativa, propõe-se o governo alevar à consideração do Banco nacional de habitação sugestão de elevado alcance social, versando instituição de mecanismo pelo qual sejaoferecida a famíliasdemenor rendauma linhade créditopara

Ca

PÍt

ulo

iv

121

Page 122: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

aquisiçãodemateriaisutilizáveisnaconstrução,conclusão,ampliaçãoe/oumelhoriadahabitação,medianteempregodemão-de-obradaprópriafamília,emformademutirãoemautoajuda.(BORNHAUSENe CÓrdova, 1979, p. 14).

Nofragmentosupracitadoversa-se,finalmente,sobreaspectosqualitati-vosnoâmbitodaproblemáticahabitacionalcatarinensee,porconseguinte,sobreascondiçõesdesegurança.Contudo,nãohámaioraprofundamentoe não semenciona exatamente a questão da distribuição e ocupação doterritório.

Na introdução do capítulo sobre desenvolvimento regional expõe-sesobre a notada concentração urbana, principalmente com os movimentos migratórios internos, e o consequente crescimento das cidades. aclara-se sobre as demandas relacionadas a esses movimentos e logo se enuncia:

Atenderáogovernoaosmunicípioseàsassociaçõesmunicipais,con-ferindoênfaseaosproblemasdeplanejamentoecontroledousodosolo urbano, de reforma administrativa e de treinamento de pesso-al, promovendo, ainda, a melhorias das receitas municipais, através de medidas que estimulem a implantação ou a revisão de cadastros imobiliário-fiscais e a formulação de adequados códigos tributários(Bornhausen e CÓrdova, 1979, p. 52).

Portanto,levanta-sebrevementeapreocupaçãocomoplanejamentoeordenamentodousodaterra,masresponsabilizam-separaestefimosgo-vernosmunicipais.Nadaaquiévistoespecificamenteparaaprevençãoderiscos.

JánoPDRU,oqualelaboradiretrizesmaisespecíficasdeacordocomasdemandas regionais, enumera-se como importante para a região do vale do Itajaí,eapenasparaela,noitemqueversasobre“MeioAmbienteeRecur-sos naturais” a intenção de “controlar o desmatamento das encostas como medida de controle da erosão e das cheias” (santa Catarina, 1981). ParaoOesteCatarinensenãoseverificammençõespertinentesàestiagemou seca.

2.1.7.CartadosCatarinenses:EspiridiãoAmin(PDS)1983-86

ACartadosCatarinenses,comumteornotadamenteliberal,propõearedução da participação do governo no campo econômico, indicando um governo que oferecesse “prioridade aos pequenos”.

Referenteaestegoverno,noqualocorreuocatastróficoepisódiodasenchentesde1983noValedoItajaíquealcançougrandesdimensõesecau-souforteprejuízo,resgatou-senodocumentoalgoquepudessesinalizarumpreparo anterior ao sinistro. apenas na seção de desenvolvimento urbano encontrou-seapreocupaçãoem“incentivarafixaçãodenormasvoltadasà racionalização do uso e ocupação do solo urbano.” (helou Filho e FONTANA,1982).Asdemaismençõesàproblemáticahabitacionaldizemrespeito à construção de novas residências, à melhor distribuição dos inves-timentos,àprioridadedoatendimentoàpopulaçãodemaisbaixarendaeàdisponibilizaçãodeinfraestruturapúblicabásica,ausentando-senovamenteo problema das estiagens no oeste.

2.2. Planos — décadas de 1980 a 20007

a partir da Constituição de 1988 a participação popular e a questão am-bientalpassarama integrarosdocumentossobreplanejamentoregionaleurbano,queabsorveramnovosconceitosepráticas.ComaCartaMagna,apreocupação fundamentaldoplanejamentoedaorganizaçãodoestadopassouaserdirigidaparaasatisfaçãodasnecessidadesbásicasdapopulação,paraodesenvolvimentosustentávelemlongoprazo,eparaaamplapartici-pação da população em todos os níveis (grinover, 1989).

a crise dos anos 1980 e a internalização das políticas neoliberais da dé-cada de 1990 desencadearam um período de planos de base territorial com ênfaseambiental(PBDEE,ZEE,BaciasHidrográficas,GerenciamentoCos-teiro etc.). esses planos foram atrelados a empréstimos de organismos in-ternacionais,comoBancoMundialeBID,queresultaramempoucasaçõesconcretasdeplanejamentoestadual.Afasecaracterizou-sepeladesconti-nuidadedostrabalhosnasdiferentesinstituiçõesestaduaisdeSantaCatarinaque, por sua vez, não tinham atuação integrada.

7 o conteúdo deste item 2.2 tem como base referencial o relatório de pesquisa de autoria de rocha, napoleão, guterres e Cunha (2013).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

122

Page 123: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Os planos de desenvolvimento estaduais (físico-territoriais) executados apartir da década de 1980 são o gerenciamento costeiro sem aplicação direta ao oeste, e o Política de desenvolvimento regional e urbano para santa Catarina (PRDU).EsteúltimofoielaboradopeloGabinetedePlanejamentoeCoordena-çãoGeral(GAPLAN),comacolaboraçãotécnicaefinanceiradoConselhoNa-cional de desenvolvimento urbano (Cndu) e representou, no estado de santa Catarina,aadesãoàconcepçãotécnicadesenvolvimentista,ondeoplanejamen-to regional e urbano se realiza de forma centralizada por meio de um sistema nacionaldeaçãosistemáticadeórgãosfederaiscomoSERFHAU,CNDUetc.

OterritóriodeSantaCatarina foidivididoemcincomacrorregiõesdedesenvolvimento.Paracadaumadelas foramdefinidasdiretrizescomre-ferência a população e rede urbana, atividades produtivas e emprego, meio ambiente e recursos naturais, infraestrutura social e infraestrutura econô-mica. Além disso, foi estabelecida uma regionalização centrada em eixosestratégicos urbanos industriais. Com relação aos desastres, entretanto, e maisespecificamenteàestiagemnoOesteCatarinensenãoseverificoure-ferênciasignificativa.

a partir dos anos 1990, o estado de santa Catarina passou a desenvolver os programas Zoneamento ecológico econômico (Zee) e gerenciamento Costeiro (gerCo), que incorporaram uma visão integradora de desenvol-vimento e planejamento ambiental, seguindoos pressupostos da Eco 92.na época buscou-se resolver dois problemas: a) falta de inter-relação en-treodesenvolvimentoregionaleoordenamentofísico-territorial,ouseja,por um lado se elaboravam os planos de desenvolvimento e por outro, os diversoszoneamentos setoriais—urbano, geográfico, geológico, agrícolaetc.—aconteciamisoladamente;b)faltadecontinuidadedoplanejamentoedagestãoterritorialregionaldoestadojáque,emgeral,cadanovaadmi-nistraçãointerrompiaacontinuidadedoplanejamentodogovernoanterior.

do ponto de vista do oeste, somente o Zoneamento ecológico-econô-mico(1991-1998)queintegraoschamadosPlanosBásicosdeDesenvolvi-mento, interessa em função dos:

a)Planos Básicos de Desenvolvimento Regional (PBDR), coordenadospelaSecretariadeEstadodePlanejamentoeFazenda—SPF(1991-1995);

b)Planos Básicos de Desenvolvimento Ecológico-Econômico (PBDEE)coordenados pela secretaria de estado do desenvolvimento urbano e Meio ambiente (sdM) no período de 1995-1998 (neste período ocor-reu a incorporação ao Programa nacional de Zoneamento ecológico econômico8 da secretaria de assuntos estratégicos da Presidência da república)

os PBdee surgiram a partir do esforço da antiga secretaria de estado do DesenvolvimentoUrbanoeMeioAmbientedeSantaCatarina (SDM/SC),hojeSecretariadeEstadodoDesenvolvimentoEconômicoSustentáveldeSantaCatarina(SDS/SC),emparceriacomasAssociaçõesdeMunicípios,viaFederação Catarinense dos Municípios (FeCaM).

AanálisedealgunsdosPBDEEreveloua intençãoporpartedosexe-cutores de conciliar os objetivos econômicos, sociais e ecológicos regio-nais.Naparteintrodutóriadosplanosconstaqueseuobjetivo“implicaemcrescimento econômico com equidade social e respeito à capacidade de renovação dos ecossistemas e de suporte para assimilação de resíduos da atividadehumana”(PBDEE,1996,p.5).Inclusiveentendeque“emníveldeoperacionalização,odesenvolvimentosustentávelimplicananecessidadedecoordenaçãoeintegraçãodeações”(PBDEE,1996,p.6).

um aspecto importante destes planos foi o avanço da gestão participativa, visando a conscientização das comunidades para a necessidade de integrar açõesdegovernoe sociedade.Estemovimento impulsionou implantaçãodos Fóruns regionais, culminando ainda, no Fórum estadual de desenvol-vimento. no entanto, encontram-se medidas referentes à prevenção de riscos somente no documento da região administrada pela associação de MunicípiosdoMédioValedoItajaí(AMVI),ondeconstaapreocupaçãocomos problemas de cheias e assoreamento dos rios causados pela ocupação das encostas, característicos da região.

8Entre1998e2001desenvolveu-seoZEEparaduasregiõeshidrográficasdeSantaCatarina.OórgãoexecutorfoiaSecretariadeEstadodoDesenvolvimentoUrbanoeMeioAmbientedeSantaCatarina—SDM/SCemconvêniocomoInstitutoCepadaSecretariadeEstadodaAgriculturadeSantaCatarina(SAA/SC).OZEEadotoucomounidadedeplanejamentoas10regiõeshidrográficasdoEstado,instituídaspela lei estadual no10.949/98.Autilizaçãodasregiõeshidrográficassignificouumavançonabuscadacontinuidadedasatividades,poisrepresentamumabaseterritorialpermanentedeanálise.NoperíodoforamelaboradososZEEdaRegiãoHidrográficaRH06—BaixadaNorteeRegiãoHidrográficaRH07—ValedoItajaí.

Ca

PÍt

ulo

iv

123

Page 124: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Figura 15. Associações de municípios de Santa Catarina (década de 1990)

Fonte: santa Catarina (2009), elaborado por Jorge rebollo squera.

Observa-seoesforçomaisoumenosexitosodasequipesdeelaboraçãodosPBDEEemrelacionarabasegeográfica,osaspectosfísico-territoriais,coma necessidade de desenvolvimento e o potencial de cada microrregião catari-nense. Portanto, estes instrumentos, de maneira geral, poderiam subsidiar a intervençãodopoderpúbliconoâmbitoestadual,sobretudonasáreasmaiscríticasondeoconteúdocontemplouatemáticadeformarelativamentemaiscompetente,principalmenteemtermosdediagnósticos.Combasenaexpe-riênciahistórica,verifica-sequeaatuaçãodasadministrações,notocanteaosriscos ambientais e aos desastres reincidentes no estado de santa Catarina não se concretizou satisfatoriamente, mesmo porque se sente a ausência de um ca-ráterpropositivonosplanos,osquaisacabamporsetornarvagoseineficazes.

no âmbito da estiagem no oeste Catarinense não se encontra sequer a mençãoaofenômenonosPBDEEdasAssociaçõesMunicipaisdaquelame-

sorregião. nota-se a preocupação com a qualidade dos recursos hídricos, sobretudoemrelaçãoaocontroledapoluiçãodosmananciaissuperficiaisapartirdeagrotóxicosedasuinocultura.Tambémestápresenteaatençãoaos processos de assoreamento em diversos documentos e a necessidade damanutençãodasmatasciliares.Porém,asseçõesdestinadasàsconside-raçõesacercaderecursoshídricosouabastecimentodeáguanãodãocontaem nenhum dos planos sobre o fenômeno da estiagem ou seca. nos qua-drosCDPdesenvolvidossobreCondicionantes/Deficiências/Potencialidades—degrandeminúciaeimportância—expõe-seanecessidadedeampliaçãodasestaçõesdecoletaetratamentooudaredededistribuiçãodeágua,massempre sob este viés da necessidade de investimento em infraestrutura sem ponderação sobre a disponibilidade hídrica, como se esta fosse ampla e su-ficientepermanentemente.

Com a instituição, em 2003, das secretarias de desenvolvimento regio-nal do governoLuizHenriqueda Silveira, verifica-se, demaneira geral, adesmobilizaçãodasAssociaçõesdeMunicípiosfrenteàspolíticasdedesen-volvimentoregional.Assim,baseadosnasinformaçõesfornecidaspelasas-sociações,constatou-seadiminuiçãodasatribuiçõesdestasentidadesfrenteaoplanejamentoregional.Atualmente,elassãoresponsáveisporsuprirca-rênciasespecíficasdasprefeiturasquantoàexecuçãodeprojetosdeenge-nharia,detopografia,apoiojurídicoedeinformática,execuçãodeeventosesportivos, capacitação de servidores, entre outros.

2.3. Anos 2000: diagnósticos das secretarias de desenvolvimento regional

os estudos diagnósticos das secretarias de desenvolvimento regional (SDR),datadosdadécadade2000,atendemaoprojetodedescentraliza-ção administrativa presente no Plano 15 do governo luiz henrique da sil-veira,consoanteaoProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimen-to(PNUD).Trata-sedatentativadeformaçãoderegiõesautárquicas,queprescindam da atuação do estado.

Conforme defendido por rocha et al. (2013), os diagnósticos regionais das sdr da região oeste analisados foram: estudo diagnóstico da regional dionísio Cerqueira, estudo diagnóstico da região de Joaçaba, estudo diag-nóstico da regional Maravilha, estudo diagnóstico da região de Palmitos,

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

124

Page 125: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

estudo diagnóstico da regional são lourenço do oeste, estudo diagnóstico daRegionalVideiraeEstudoDiagnósticodaRegionalXanxerê.

Bem menos completos que os documentos organizados na década de 1990, pelas associaçõesdemunicípios,osdiagnósticos regionais foramelaboradosemumcontextomaiscríticoquantoàdisponibilidadehídrica,apósoacentuadocrescimento da demanda hídrica consequente do aumento populacional, da produçãoagrícolae,sobretudo,peloincrementodaatividadepecuáriaimpul-sionadapeloconsumointernoenotadamentepelascrescentesexportações.

Apesardisso,hámuitopoucorelativoàestiagem/secanestesdocumentos.Persisteaproblemáticadapoluiçãodosmananciaiseaponta-secomofragili-dadedosetoragrícolaasuscetibilidadeàsintempériesclimáticassemmaioraprofundamento. Em um dos volumes, por exemplo, hámenção bastantebreveaoriscodeadversidadesclimáticaseàmaiorfrequênciadaocorrênciadeestiagensparanapáginaseguinteconsiderarqueadistribuiçãopluviomé-trica éboa,o lençol freáticoépermanentemente alimentadogarantindoosuprimentodaságuassuperficiaisaolongodoanoparausoagropecuário.Emoutroexemplar,nocapítuloqueversasobreagropecuáriaenaltece-secons-tantemente a abundância hídrica da região em que pese problemas de polui-çãopelaagroindústria,semponderarosflagrantesepisódiosdecrise.

2.4. Plano Catarinense de Desenvolvimento (2007-2015)

Noanode2006éelaboradooPlanoCatarinensedeDesenvolvimento,centrado no propósito de estipular as diretrizes para o desenvolvimento do estadoeplanejamentocomumaperspectivatemporalmaisampla,paraserpostoempráticaentreosanosde2007e2015.Aparece,reforçada,aapro-priaçãodoconceitodedesenvolvimentosustentávelembuscadamanuten-çãodosrecursosparaoaproveitamentotambémdasgeraçõesfuturas.

sobre os planos anteriores, este documento disponibiliza proporcional-mentemaiorespaçoparadiscussãodaproblemáticaambiental(aindaquenão seja de caráter extenso) e explicita progressos na visão sistêmica danatureza e das atividades humanas, em grande parte também pela ampliação dasdiscussõesemnívelnacionaleinternacional,vide,porexemplo,aAgen-da 21 Brasileira e o fortalecimento das sistema nacional do Meio ambiente (sisnaMa) em momento anterior.

OPlanopropõeofortalecimentodagestãoambiental,baseadoemestra-tégiasderegulaçãodousodosoloedaágua,depromoçãodaconservaçãoda biodiversidade e da educação ambiental. sobre recursos hídricos, especi-ficamente,versasobreaimplantaçãodesistemasdeinformaçãoeaçõesdemonitoramentodoscorposdeágua,sendoidentificadaadeficiênciadodes-conhecimento sobre a quantidade e qualidade dos recursos hídricos dispo-níveisnoestado.Aofinaldodocumentoháumquadro-síntesedediretrizeseestratégiasdoqualseextraioseguinteconteúdoacercademeioambienteno tocante à gestão dos recursos hídricos.

quadro 59. Aspectos relacionados à gestão de recursos hídricos do Plano Catarinense de Desenvolvimento

Aspectos de infraestrutura

Ampliar e melhorar a infraestrutura de saneamento básico visando à universalização do abastecimento de água, a ampliação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto e resíduos sólidos.

1. Definir novo arranjo institucional para a construção e operação de sistemas de água, esgoto e resíduos sólidos no estado.

2. Definir, em conjunto com municípios, programa de investimento na rede de água.

3. Incluir o custo de preservação ambiental das nascentes nas tarifas de água.

4. Buscar recursos federais, estaduais, municipais e privados para viabilizar o programa de obras.

Aspectos de agricultura e meio-ambienteMelhorar a atratividade e a qualidade de vida no interior para reduzir o êxodo rural e o processo de litoralização da população e da atividade econômica.

2. Reduzir os riscos de perda da produção por meio de uso racional da água e do zoneamento ecológico-econômico.

4. Promover ações de organização das comunidades com foco nas microbacias hidrográficas.

Desenvolver, de forma sustentável, a multifuncionalidade dos espaços rurais.

1. Criar mecanismos de promoção de atividades e serviços não agrícolas para melhorar a atratividade do espaço rural.

2. Valorizar e fortalecer a oferta de serviços ambientais pelo espaço rural (como sequestro de carbono, proteção da água e de florestas).

Ca

PÍt

ulo

iv

125

Page 126: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Fortalecer a gestão dos recursos naturais por meio da articulação institucional das entidades relacionadas com a área ambiental no estado.

1. Regular o uso do solo através de projetos de ordenamento territorial.

2. Buscar, por meio do saneamento básico, a redução dos níveis de poluição do meio ambiente, em especial dos mananciais de águas superficiais e subterrâneas.

3. Fomentar ações que resultem na recuperação de áreas degradadas.

4. Promover a conservação da biodiversidade em todos os níveis (genético, espécies e ecossistemas).

5. Promover e disseminar a educação ambiental em todos os setores da sociedade catarinense.

Consolidar a gestão dos recursos hídricos, continentais e costeiros.

1. Ampliar o monitoramento e controle da qualidade e quantidade dos cursos de água (superficiais e subterrâneos).

2. Implementar o Sistema Estadual de Gestão de Recursos Hídricos.

3. Desenvolver e incentivar ações que aumentem a oferta de água para uso econômico.

4. Realizar controle e monitoramento dos corpos de água costeiros e do mar territorial.

5. Fortalecer e conservar os comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas.

Fonte: adaptado de santa Catarina, 2015.

no que se refere à abordagem e entendimento das condicionantes da disponibilidade hídrica (poluição por agrotóxicos, dejetos suínos, sistemadeesgotamentosanitáriodeficiente,disposição inadequadade lixoetc.)eas consequências sobre diversas atividades (pesca, maricultura, turismo), entende-se que clima e recursos hídricos são componentes estanques, não considerando,portanto,análisesreferentesàdinâmicaevariaçõessazonais,talcomoexigeexemplarmentea situaçãodooesteondefiguramoraen-chentes,oraestiagens.As intervençõesdopoderpúblicoedemaisatoresenvolvidosdevempautar-setambémemtalespecificidade.

Poroutrolado,háprogressonosentidodeentenderoespaçoruralnãoapenascomoambientedaagropecuária,masdeondepodemserpromovi-dasoutrasatividadescomolazer,turismo,projetosdeeducaçãoepesquisa.assim, vê-se a necessidade de criação de unidades de conservação na região oeste como forma de manutenção e recuperação dos recursos ambientais, em contraponto às iniciativas historicamente praticadas de estímulo indiscri-minado a atividades que se evidenciam eventualmente superiores à capaci-dadeambiental,sobretudoàproduçãopecuárianocasodooeste.

3. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

na elaboração do mapa de uso e ocupação da terra (Mapa 18, p. 127), para a mesorregião oeste Catarinense foram selecionadas oito classes: •Agricultura;•Áreademineração;•Áreaurbanizadaeouconstruída;•Corposd‘água;•Formaçõesflorestais;•Pastagensecamposnaturais;•Reflorestamentos;•Soloexposto.

o mapeamento foi elaborado a partir de material fornecido pela FatMa, denominado vetorização das Classes de uso da terra e tem como base imagensdosatéliteSPOTdoanode2007,comresoluçãodopixelde10metros, em composição colorida falsa cor, na escala de 1:50.000.

a espacialização dessas classes em um mapa evidencia que, em toda a extensãodaregiãooeste,asclassespredominantessãorepresentadaspelaagricultura(23%),PastagenseCamposNaturais(38%)eFormaçõesFlo-restais (31%).As áreas de agricultura são intensamente utilizadas para ocultivodomilho,soja,feijão,fumoedemaisprodutosutilizadospararaçãodeanimais.Jánaporçãolestedaregião,nessaclasse,apareceocultivodamaçãedaerva-mate.Asmanchasmaisexpressivasdessaclasselocalizam-senos municípios de abelardo luz, Campo erê, lebon régis, Palma sola e são Domingos.Avocaçãoleiteiraestáevidenciadanomapa,comquase38%dototal.Porsuavez,asáreasdepastagensecamposnaturaisestãopresentesemtodasasunidadesfisiográficas,comexceçãodasáreasmaisdeclivosasda

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

126

Page 127: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iv

127

Page 128: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

encostaerosionalaonorte,queéaprincipalresponsávelpelaexpressivida-dedasáreasdefloresta,echegaaos31%dototaldaárea.

ConhecidocomooceleirodeSantaCatarina,porproduziraproximada-mente74%daproduçãodemilhodoestado,juntamentecom68%dasoja,82%dacarnedefrangoe67%decarnedesuínos,amesorregiãooestetemgrande importância na agroindústria do estado, e os impactos causados pela faltadechuvapodemtersignificativosimpactoseconômicos(denardin e sulZBaCh, 2005).

Emdetrimento do uso agrícola e da pecuária, a cobertura vegetal nooestedeSantaCatarina foi intensamentemodificadadesdeacolonizaçãoe início da formação socioespacial, principalmente por conta da atividade agrícolaquesedesenvolveu,substituindoasespéciesprimáriasporcultivosagrícolas. no entanto, torna-se interessante a descrição da cobertura vege-taloriginalnaáreadeestudo,deformaaentenderestasalteraçõescausadaspela utilização do espaço pelo homem.

Segundoum trabalhodesenvolvidoporKlein (1978),existem três for-maçõesvegetaisdistintasnoOesteCatarinense:aFlorestadeAraucáriaoudos Pinhais, que cobria originalmente boa parte do planalto catarinense, fornecendoumariquezaparaoextrativismodamadeira;osCampos,comaspectocaracterísticodoplanalto;eaFlorestaSubtropical,existenteaolon-godorioUruguaieseusafluentes.AFlorestadeAraucáriaoudosPinhaisnão é uma formação homogênea apresentando diferentes submatas carac-terizadas por diferentes árvores, de acordo coma região geográfica. É aformaçãoqueabrangeamaioráreanoOesteCatarinense.SegundoKlein,amata-negra, como é conhecida, pode ser subdividida em quatro grupos que apresentam agrupamentos próprios, onde as submatas apresentam espécies arbóreas distintas.

Atualmente,asformaçõesflorestaiseosreflorestamentosconcentram--senasporçõesderelevomaiselevadoeaolongodealgunscursosd’água.Nasáreasdereflorestamentoasespéciesplantadas sãoeucaliptoepinos(emmenorquantidade,6%).Atransformaçãodapaisagemnaturalcomocorte da mata nativa para o plantio e produção agrícola pode ser um dos fatores que agravam a situação de seca no oeste, pois reduz a capacidade de infiltraçãodaáguanosolocomoaumentodoescoamentosuperficial,deixandodeabastecerosaquíferos.

nas classes Pastagens e Campos naturais desenvolvem-se as atividades de criação de aves e suínos, sendo que a maior concentração acontece nos municípiosdeConcórdiaeChapecó.Asáreasdepastagensdestinam-seaalimentação do gado, principalmente o gado leiteiro.A área coberta porcamposnaturaisapareceemváriosmunicípios.Essescampossãoformadosporgramíneas,situam-seemáreaderochaefusivaácidaedesenvolvem-sesobre os cambissolos. no caso da classe com a denominação de Campos, ela abrangeavegetaçãorasteira(herbácea),aspastagensnativasecultivadas.

Emrelaçãoàclassemapeadacomoáreaurbanizadae/ouconstruída(1%),omapaexpõealgunsdosmunicípioslocalizadosnaregião.Entreelesestãoincluídos os municípios de Caçador, Chapecó, Concórdia, dionísio Cerquei-ra, Fraiburgo, Joaçaba, Maravilha, são lourenço do oeste, são Miguel do Oeste,Videira,XanxerêeXaxim.Deveestarclaroqueasáreasurbanasforamclassificadasapenasemfunçãodaresoluçãoespacialdaimagemdigitalutilizada.Asáreasconstruídassãoaquelascomconcentraçãodecasasegal-pões.Omesmorepetiu-senaclassedefinidacomocorposd’água(1%),emquetambémforamclassificadossomentealgunstrechosderios.

o registro de estiagens no oeste, assim como o de outros desastres am-bientais, tem crescido em decorrência da ação antrópica, com o aumento da populaçãoeaintroduçãodetécnicaseutilizaçõesdossolosvoltadosparaa produção em grande escala. entre as mudanças na paisagem que contri-buemparaorecrudescimentodasestiagens,háquesedestacar:•Aglomeraçãodeedificações;•Impermeabilizaçãodosoloepoluiçãoatmosférica,nosambientesurbanos;•Compactaçãodosolo;•Assoreamentodosrios;•Desmatamento;•Queimadasnasáreasrurais.

4. DINÂMICAS SOCIOECONÔMICAS ATUAIS

4.1. Metodologia

os dados socioeconômicos apresentados neste item correspondem, do ponto de vista metodológico, ao levantamento de dados produzidos pelos principais órgãos públicos de pesquisa e estatística nacional. no que se re-

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

128

Page 129: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

fere aos aspectos populacionais recorreu-se à Plataforma do sistema iBge deRecuperaçãoAutomática (SIDRA), aosCensosDemográficosdo IBGE(1970,1980,1991,2000e2010)eaoAtlasGeográficodeSantaCatarina— estado e território, Fascículo 1, ano 2013, da secretaria de estado do PlanejamentodeSantaCatarina(SPG/SC).

Paraosdadosrelativosàsatividadeseconômicasrecorreu-seà,jácitada,sidra, em especial, a Produção agrícola Municipal 2013 (PaM) e para Pro-duçãoPecuáriaaPesquisaPecuáriaMunicipal2013(PPM),àPlataformadaSecretariadeEstadodaFazendadeSantaCatarina(SEF/SC)eàPlataformado Ministério do trabalho e emprego (Mte), em especial, a relação anual deInformaçõesSociais(RAIS).

4.2. Aspectos demográficos

Emumestudocentradonaproblemáticadaestiagem,avariávelpopula-çãomunicipaledensidadedemográfica(Mapa19,p.130)assumeimportân-cia fundamental, podendo e devendo ser medida ao longo do tempo e do es-paço.Efetivamente,odesenvolvimentodasáreasurbanaseconcentraçõesresidenciais em meio rural e o crescimento da população municipal gera, inevitavelmente, umamaior necessidade de água para consumohumano.Paraalémdissoháqueconsideraroincrementodedemandahídrica,asso-ciadaaoaumentodeatividadeseconômicas(atividadeagrícolaepecuária,indústria,comércioetc.)quesempreacompanhaocrescimentodemográfi-co. acresce que, simultaneamente, surgem novas formas de pressão sobre a qualidadedaáguae,consequentemente,novaspreocupaçõescomotrata-mentodosresíduoseoesgotamentosanitário.

Assim,osestudossobredemografiasãoferramentasimportantesparaoconhecimentoeplanejamentodagestãoderecursoshídricos,emparticular,nasregiõesafetadasporlongosperíodosdeestiagem,comfinalidadedemi-nimizarosprejuízossocioeconômicospelaelaboraçãodeaçõesedacriaçãode políticas públicas para o desenvolvimento da resiliência.

Osdadosdemográficosestãoorganizadosempopulaçãourbanaeruralemqueaclassificaçãodalocalizaçãododomicílioemáreaurbanacorrespon-deàscidades(sedesmunicipais),àsvilas(sedesdistritais)ouàsáreasurbanasisoladas;enquantoqueasituaçãoruralabrangetodaaáreasituadaforades-

seslimites.Comrelaçãoàdensidadedemográfica,osdadosapresentamaconcentraçãodapopulaçãonaáreadapesquisa,dadapeloquocienteentreototaldapopulaçãoesuaextensãoterritorialmunicipal(hab./km2).

OsresultadosobtidosnaanálisedemográficadamesorregiãoOesteCata-rinensesobreasvariáveisde“populaçãourbanaeruraldosmunicípios”ede“densidade demográfica” fornecem dados relevantes para que os dirigentespossamplanejarações,amédioelongoprazo,ecolocá-lasempráticaafimdemitigarosprejuízossocioeconômicosquevêmsendoregistrados.OGráfico18complementaasinformaçõesdoMapa19.Comosepodeconcluirpelaanálisedográfico,apopulaçãourbanaé,emgeral,muitosuperioràrural.SegundooCenso de 2010 do iBge, a microrregião de Joaçaba apresenta a maior popula-çãorelativaurbana(80,48%),seguidadasMicrorregiõesdeChapecó(73,81%),Xanxerê(68,38%),Concórdia(65,77%)eSãoMigueldoOeste(57,91%).

quanto à população rural, a Microrregião de Chapecó apresenta o maior númeroabsoluto(106.081pessoas),seguidadasmicrorregiõesdeSãoMi-gueldoOeste (73.537), Joaçaba (63.712),Concórdia (48.607)eXanxerê(48.212). a Microrregião de Chapecó possui também a maior densidade demográficadamesorregiãoOesteCatarinense,seguidadasmicrorregiõesdeConcórdia,SãoMigueldoOeste,JoaçabaeXanxerê.

Gráfico18.População rural e urbana por microrregião (2010)

Fonte:SIDRA/IBGE:CensoDemográfico2010.

Ca

PÍt

ulo

iv

129

Page 130: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

130

Page 131: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

apesar de haver uma grande concentração de população urbana com-pondo71,67%dapopulaçãototaldoOesteCatarinense,épossívelobser-varquenosmunicípiosdepequenoporteexisteaindaapredominânciadapopulação rural.

Ocrescimentopopulacional(Gráfico19)maissignificativonaáreadees-tudo foi registradonoperíodoentre1970e1980, tendoexpressãomaisreduzidanosperíodosintercensitáriosposteriorescomumleveaumentonoperíodo2000-2010.VejatambémMapa20(p.132).

Com o crescimento populacional e econômico registrado nas últimas dé-cadas na mesorregião oeste Catarinense os impactos socioeconômicos da estiagem tendem a se tornar cada vez maiores. isso é particularmente insi-dioso para a generalidade dos municípios de muito pequeno porte (menos que20.00habitantes),cujasreceitasmalchegamparamanterosserviçosbásicoseaestruturapolíticadegestão(onde,normalmente,aCoordena-doriadeProteçãoeDefesaCiviléumatarefasecundária,acumuladacomoutrasfunções).

Gráfico19.Crescimento populacional por microrregião (%)

Fonte:Sidra/IBGE.

4.3. Abastecimento de água e esgotamento sanitário

a urbanização se faz sempre acompanhar de dois aspectos centrais, com implicaçõesdiretasnobalançohídrico,ouseja,narelaçãodisponibilidadesedemandas:a)novasexigênciasdeabastecimentodeáguacomqualidadeparaconsumohumano;b)novasexigênciasrelacionadascomanecessidadedeprocederàrecolhaetratamentodosdejetosurbanos,contribuindoparaamanutençãodaqualidadedaágua.

4.3.1. abastecimento urbano

Asfontesdeabastecimentodeáguasãofatoresrelevantesnoestudodaestiagem da mesorregião oeste Catarinense, na medida em que denotam de que maneira e por que meios a população se serve de seus mananciais além da infraestrutura disponível.

AvariávelabordouosdadosreferentesaostiposdeabastecimentodeáguadecadaumdosmunicípiosquecompõemoOesteCatarinense,ototalcalculado para cada microrregião, com relação, principalmente, à rede geral dedistribuição;aopoçoounascente,rio,açude,lagoouigarapé;àáguadachuva armazenada em cisterna (Mapa 21, p. 133). no mesmo mapa nota--se que em toda mesorregião oeste, a principal fonte de abastecimento é a redegeral,seguidapeloabastecimentodeáguaporpoços,nascentes,rio,açudeeigarapés.Oabastecimentodeáguaporcisternaeoutrasformassãoosmenosexpressivose,noscasosondeodomicílioestáligadoàredegeral,prevalece como fonte principal.

estes dados, contudo, não podem ser encarados como absolutamente rigorosos em termos quantitativos, até porque não incluem a zona rural que, namaiorianãoéabastecidaporáguadasprestadoras.Assim,elessóservemcomo indicativo do abastecimento urbano.

Conforme dados do sistema hidroweb da agência nacional de águas a demanda hídrica (demanda consuntiva) para atender a população de mais de750milhabitantesurbanos(Censode2010)estánopatamarde2.330litrosporsegundooumaisde200milhõesdelitrospordianoanode2015.Conformejáapontadonocapítuloanterior,dos118municípiosdooeste,cercademetade(58) járequeremampliaçãoemseussistemasdecoleta,tratamentoedistribuiçãodeáguae5necessitamdenovomanancial.Essas

Ca

PÍt

ulo

iv

131

Page 132: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

132

Page 133: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iv

133

Page 134: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

134

informações,bemcomoasprestadorasdeserviçosdeáguanosmunicípiosestão apresentadas no Mapa 22 (p. 135).

4.3.2.Esgotamentosanitário

O esgotamento sanitário constitui-se na operacionalização de coleta,transporteetratamentoadequadodosesgotossanitários,compreendendodesdeasligaçõesprediaisatéoseulançamentonomeioambiente.Aausên-ciadeesgotamentosanitáriocomprometeaqualidadedevidadapopulação,pois acarreta na poluição dos recursos.

de acordo com a pesquisa Pnad (2012), pouco mais da metade dos municípiosbrasileirospossuioesgotamentosanitárioligadoàredecoleto-ra (57,1%)sendoqueoutros20,7%sãoatendidospor fossaséptica.Noentanto, 22,3%dosdomicíliosdispõemde soluções inadequadas: 16,6%sãoatendidosporfossasrudimentares,3,1%poroutrassoluçõese2,6%nãopossuemalternativasparaoesgotamentosanitário.Deve-seconsiderarque a metodologia de pesquisa utilizada para o levantamento desses dados estatísticosnãoconsideraaextensãodarede,aqualidadedoatendimento,o número de domicílios atendidos, ou se o esgoto, depois de recolhido, é tratado.

ConformeIBGE(2008),asinformaçõessobrearededeesgotoseguemdois critérios. o primeiro trata da presença de rede coletora de esgoto que atendepelomenosumdistrito,oupartedele,independentedaextensãodarede,númerodeligaçõesoudeeconomiasesgotadas;eosegundodizres-peito ao distrito que possui somente uma estação de tratamento de esgoto e que realiza mais de um tratamento do mesmo volume.

Conforme se vê no Quadro 60, o número total de fossas sépticas(154.516) e rudimentares (158.169)predomina sobreonúmerode redegeraldeesgotooupluvial(56.022).Nomeiourbano,estãoligadosàredegeral de esgotooupluvial quase 20%dos domicílios, porém a predomi-nânciaédefossassépticas(48%)efossasrudimentares(32%).Jánomeiorural,arededeesgotooupluvialservemenosde1%dasunidades.Asfossassépticasestãopresentesem24%,masasfossasrudimentarespredominamtotalizandocercade70%dosdomicílios.

Quadro60.Número de domicílios por tipo de esgotamento sanitário (2010)

Tipo de esgotamento sanitário

Situação do domicílio

Total Urbana Rural

Rede geral de esgoto ou pluvial 56022 (14,76%) 55663 (19,89%) 359 (0,36%)

Fossa séptica 154516 (40,7) 130707 (46,72%) 23809 (23,85%)Fossa rudimentar 158169 (41,66%) 87309 (31,21%) 70860 (70,97%)

Vala 4350 (1,15%) 2063 (0,74%) 2287 (2,29%)Rio, lago ou mar 2711(0,71%) 2472 (0,88%) 239 (0,24%)

Outro tipo 1994 (0,53%) 910 (0,33%) 1084 (1,09%)Não tinham 1872 (0,49%) 665 (0,24%) 1207 (1,21%)

Total de Domicílios 379634 279789 99845

Fonte:CensoDemográfico,IBGE,2010.

as fossas sépticas, bastante utilizadas na mesorregião oeste Catarinense (Gráfico20),evitamolançamentodedejetoshumanosemrios,lagos,nascentesou diretamente no solo, separando e transformando a matéria sólida do esgoto.

Gráfico20.Número de domicílios por tipo de esgotamento sanitário no Oeste Catarinense (2010)

Fonte:CensoDemográfico,IBGE,2010.

Page 135: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iv

135

Page 136: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Por outro lado, as fossas rudimentares, principalmente no meio rural, contribuem para o risco de contaminação das fontes de abastecimento de águaedomicíliosedeáguassubterrâneasutilizadastantoparaoprovimentohumanoquantoparaairrigaçãodeplantaçõesedessedentaçãoanimal.

em uma região constantemente afetada por episódios de estiagem, torna--senecessáriooinvestimentoemprogramasmaiseficazesdeesgotamentosanitárioemmeiourbanoerural,comoobjetivodepreservarosrecursoshídricosexistentes,evitandoasuacontaminação.

4.4. PIB e trabalhadores por atividade

embora a Composição setorial do PiB (Mapa 23, p. 137) não se relacione diretamentecomaestiagemelaéimportanteparaauxiliarnacompreensãodoarranjosocioespacialedasespecificidadeseconômicasdasmicrorregiõesesuaeventualrelaçãocomanecessidadedeáguae,comotal,comrelevân-cia relativamente à estiagem.

Sendooprodutointernobrutodefinidopelasomadosbenseserviçosfinais,valoradosapreçodemercadoeproduzidosnumadadaregião,numcertoperíododetempo,écomumexpressaroPIBsegundotrêsóticas:•Daproduçãoouoferta:igualaovalordaproduçãomenososconsumosintermediáriosemaisosimpostos(descontadosossubsídios).

•Dademandaoudespesa: igual ao totaldachamadadespesa interna,incluindo despesas efetuadas pelos diversos agentes econômicos em benseserviçosparautilizaçãofinal,ouseja,despesadasfamíliaseesta-do em bens de consumo, despesa das empresas em investimento (quer em bens de capital, quer em matérias primas e produtos), subtraídas doqueserefereabensimportadoseacrescentadadasexportações.

•Darendaourendimento:igualsomadaremuneraçãodotrabalhomaisosrendimentosdeoutrosfatoresprodutivos(rendas,lucrosejuros).

os dados apresentados sobre a composição setorial do PiB das cinco microrregiõesdoOesteCatarinensepermitemobservarqueamaiorcon-centraçãodoPIBestácentradanossetoressecundárioeterciário.Osetorsecundáriocorrespondeaocampodasatividadeseconômicasquetransfor-mamprodutos, como indústriaseconstrução;enquantoo setor terciáriocorresponde ao campo de atividades econômicas referentes à integração

das atividades do comércio e da prestação de serviços. Cabe salientar que emmuitos municípios de pequeno porte o setor primário representa amaior contribuição do PiB.

Porsuavez,osdadosdavariávelTrabalhadoresporAtividade(Mapa24,p.138)permiteidentificaraatividadeeconômicacommaiornúmerodetraba-lhadores,emcadamicrorregião.AsmicrorregiõesdeChapecóeSãoMigueldo oeste apresentam a maior concentração de trabalhadores nas atividades industriais, seguidas da prestação de serviços, comércio, construção civil e agropecuária.AsmicrorregiõesdeJoaçaba,ConcórdiaeXanxerêapresentama maior concentração de trabalhadores na prestação de serviços, seguida das atividadesindustriais,comércio,construçãocivileagropecuária.

nota-se, ainda, que a maior parte dos trabalhadores da mesorregião oeste Catarinense encontra-se nas atividades de prestação de serviços e industriais,conformeilustraoQuadro61.

Quadro61.Número de trabalhadores por atividade e por microrregiões

Fonte: Ministério do trabalho e emprego — rais 2011 — Cnae 2.0.

4.5. Agricultura

NoestadodeSantaCatarinaapopulaçãoruralrepresenta16%dototaldehabitantes,segundoosdadosdocensodemográficode2010.Amão-de--obra é predominantemente familiar e as propriedades rurais com até 50 ha representam88%dototal.NoOesteCatarinenseaagricultura,diretamen-te afetados nos períodos de estiagem, é caracterizada principalmente pelos cultivosdesoja,milhoe,emmenorproporção,feijão.Asocorrênciasdees-

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

136

Page 137: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iv

137

Page 138: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

138

Page 139: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

tiagem na registradas desde o ano de 1970, ocasionaram constantes perdas naslavouras,alémdeoutroscultivoseatividadesagropecuárias.

do ponto de vista agrícola a estiagem traduz-se, em última instância, na di-minuição de umidade do solo. a reserva de umidade do solo produtivo depen-de do tipo de solo e da cultura (espécie, variedade, fase de desenvolvimento). isto corresponde, por um lado, a dois dos aspectos abordados no diagnóstico atéaquirealizado:arelaçãoprecipitação/temperatura(clima)eotipodesolo(pedologia); e a interação desses fatores ao uso do solo e, no caso do uso agrí-cola,otipodeculturarealizado.Dessaforma,aestiagem/secaagrícolaocorrequandoaumidadedosolonarizosferaestáemumnívelquelimitaocresci-mento e a produção da cultura, causando danos de ordem socioeconômica.

Ca

PÍt

ulo

iv

139

4.5.1.Soja

A produção de soja é uma das bases da economia damesorregiãooeste Catarinense. ela perdeu espaço no início dos anos 1990, porém, estáexpandindosuaáreadeplantiodesdeoiníciodadécadapassada.Opatamar de 1990 não voltou ainda a ser atingido, em 2013 foram 277.070 hadeáreaplantadacontra301.117em1990(Gráfico21).Noentanto,ovolume da produção (em toneladas) superou em 2013 o dobro da safra de1990(Gráfico22)graçasaelevaçãodaprodutividadenestasúltimasduas décadas.

Gráfico21.Área plantada (ha) de soja (1990 a 2013)

Fonte:Sidra/IBGEProduçãoAgrícolaMunicipal.

Page 140: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Gráfico22.Quantidade produzida (ton.) de soja (1990 a 2013)

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

140

Fonte:Sidra/IBGEProduçãoAgrícolaMunicipal.

Noanode2013,amicrorregiãodeXanxerêfoiaquemaiscontribuiutantoemáreadeplantio(maisde45%dototaldamesorregião)comoemquantidade produzida (quase metade do total da mesorregião). em seguida vieramasmicrorregiõesdeChapecó,Joaçaba,SãoMigueldoOesteeCon-córdia.Ovalordaproduçãodesoja,nãocorrigido,maisrepresentativonoanode2013registrou-seigualmentenamicrorregiãodeXanxerê(51,33%),seguidodasoutrasmicrorregiõesnamesmaordem(Mapa25,p.141).

Aproduçãodesojaédiretamenteafetadapelaestiagem,registrando-segrandes perdas na lavoura. Mandarino (2012), apoiado em estudos de ou-trosautoresafirmaque:

Nassituaçõesdedéficithídrico(estiagem/seca)ealtastemperaturas,asplantasdesojasuprimemaabsorçãodenutrientesparaoseude-senvolvimento ou morrem antes do amadurecimento completo da semente [...]Assim sendo, a grandequantidadede grãospequenosnumasafradesojapodesercausadapeloestresseporaltastempera-turasedéficithídrico(MANDARINO,2012,p.1).

Gráfico23.Produtividade agrícola (kg/ha) de soja (1990 a 2013)

Fonte:Sidra/IBGEProduçãoAgrícolaMunicipal.

Page 141: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iv

141

Page 142: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

OGráfico23representaareferidavariaçãonaprodutividadedasojanoestado de santa Catarina, na mesorregião oeste e em cada uma das cinco microrregiõesqueacompõem.Observa-secertatendênciaaoaumentodaprodutividade,mastambémoscilaçõesintensasefortesquedasassociadasaos anos de mais intensa estiagem, em especial, 2002, 2005 e 2012.

4.5.2. Milho

A lavoura demilho noOesteCatarinense vem reduzindo sua área hátempos.Entreoanode2003e2013,porexemplo,houvereduçãogradualenenhumaoscilaçãopositiva.Ouseja,acadaanoaáreadestinadaaoplantiodemilhoémenor(Gráfico24).Noiníciodoperíodocitadoestaáreaerarepresentada por 574.285 hectares, caindo a menos da metade dez anos depois,ouseja,279.713hectares.

Poroutrolado,observa-sequeovolumedaprodução,emborasujeitoavariações,nãodenotaamesmaredução(Gráfico25).Istoseexplica,muitoprovavelmente, pela utilização de grãos de maior produtividade e pelo apri-moramentodastécnicasdeplantioemanejodosolo.

Gráfico24.Área plantada (ha) de milho (1990 a 2013)

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

142

Fonte:Sidra/IBGEProduçãoAgrícolaMunicipal.

Noanode2013,amicrorregiãodeChapecóteveamaioráreadestinadaaoplantiodemilhodamesorregião,seguidadasmicrorregiõesdeJoaçaba,SãoMigueldoOeste,XanxerêeConcórdia(Mapa26,p.143).Estamesmaordemverifica-separaaquantidadeproduzida.

no entanto, o valor mais alto da produção foi observado na microrregião deJoaçaba,seguidodasmicrorregiõesdeChapecó,Xanxerê,SãoMigueldooeste e Concórdia. o cultivo do milho também é afetado em períodos de estiagem,registrando-segrandesperdasnalavoura.Emáreasdeproduçãoalgunsresultadosexperimentais—dentreelesosdeDurãesetal.(1997,2000,2001,2002,2003)—mostramque,quandooestressedeestiagem/secaocorreduranteoflorescimento,asperdasemrendimentodegrãosdemilhopodemsersuperioresa50%.Orendimentodegrãosdemilhoculti-vadosemcondiçõesbemirrigadasecomregimedeintermediárioaseveroestressegeralmenteoscilade40a60%ede10a25%,respectivamente(Pingali, 2001).

Page 143: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iv

143

Page 144: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Gráfico25.Quantidade produzida (ton.) de milho (1990 a 2013)

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

144

Fonte:Sidra/IBGEProduçãoAgrícolaMunicipal.

OGráfico26corroboracomessaanálise.Devidoàbaixaumidadenosolo,asespigaspodemficarfalhadasoupoucodesenvolvidas,oqueexplicaabaixaprodutividadenosanosdeestiagem,principalmentede2002,2005/06e2012.

Gráfico26.Produtividade agrícola (kg/ha) de milho (1990 a 2013)

Fonte:Sidra/IBGEProduçãoAgrícolaMunicipal.

4.5.3.Feijão

Conforme SDT/MDA (2010), a produção de feijão consolidou-se namesorregiãoOesteCatarinensecomopredomíniodatrocadeexceden-tes nas esferas local e regional. somente a partir da década de 1990 ocor-reuaestruturaçãoeodesenvolvimentodacadeiaprodutiva.Ofeijãoexi-gemão-de-obraespecíficadevidoàscaracterísticasdecultivoepodeserconsiderado de alto risco pelas possíveis perdas nas safras, inclusive em períodos de estiagem.

Combasenosdadosde2013amaioráreaplantadadefeijãoencontra-senamicrorregiãodeXanxerê,seguidadasmicrorregiõesdeJoaçaba,Chape-có e são Miguel do oeste (Mapa 27, p. 145). a microrregião de Concórdia possuiamenoráreaplantadadefeijãodoOesteCatarinensecomumapro-dução bastante diminuta.

OmaiorvalordeproduçãoéregistradonamicrorregiãodeXanxerêqueapresentouumgrandesaltoemrelaçãoa2012,seguidadasmicrorregiõesde Chapecó, Joaçaba, são Miguel do oeste e Concórdia. a necessidade hí-dricadofeijãoédeaproximadamente100mmmensais,sendorecomenda-da uma lâmina de 20 mm em turnos de sete dias.

Page 145: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iv

145

Page 146: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

4.5.4. agricultura e estiagem

Pelosdadosapresentados, as considerações sobrea relaçãoprodutivi-dade/estiagem,bemcomoadimensãodoimpactonaeconomiadaregião,tornam-semaistangíveisquandoobservadooGráfico27.

outra situação preocupante relacionada às atividades agrícolas no oeste de santa Catarina refere-se ao uso de defensivos agrícolas, os quais — quan-do não utilizados racionalmente — afetam a qualidade dos mananciais, do solo, da biota e também a saúde da população humana, constituindo-se alvo depolíticaspúblicashádécadas,porémaindasemumasoluçãodefinitiva.

Por tudo isso, pode-se dizer que a ocorrência de períodos de estiagem na mesorregiãotemacarretadoperdasnaprodutividadedemilho,sojaenosbensintermediáriosnacadeiaprodutivadecarneseleite,umavezqueasuaproduçãoestádiretamentevoltadaparaaalimentaçãodeanimais.Acons-tanteperdanassafrasconstituiumfatorparaadiminuiçãodaáreaplantada.Damesma forma,aáreadestinadaaoplantiodo feijãoeaprodutividadetambém foram afetadas nas últimas décadas.

Gráfico27.Produtividade agrícola (kg/ha) e registros de estiagem no Oeste Catarinense (1990 a 2012)9

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

146

9ItemRegistrodeEstiagem:valoresarbitrariamentemultiplicadospor25afimdefacilitaravisualização.

Fonte:Sidra/IBGEProduçãoAgrícolaMunicipal.

4.6. Pecuária

Dentreasatividadespecuáriasexistentesnaáreadeestudodestaca-se,porsuaimportânciaeconômicaehistórica,acriaçãodesuínos,galináceosebovinosdecorteeleite.Estima-seumconsumodaordemdeaproximada-mente130milhõesdelitrosdeáguadiáriosempregadosapenasnadesse-dentaçãodestesefetivospecuáriosnoOesteCatarinensenoanode2013.

OGráfico 28 ilustra a demanda diária estimada para a dessedentaçãodos grupos de animais mencionados. Compreende-se que a microrregião de Chapecólideraoconsumodeáguadiárioparaingestãodorebanho,seguidopeladeConcórdia,Joaçaba,SãoMigueldoOesteeXanxerê.

Gráfico28.Consumo estimado total de água pelos efetivos pecuários, por microrregião (1974 a 2013)

Fonte:Elaboraçãoprópria,dadosprimáriosIBGE.

Page 147: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Gráfico29.Evolução do consumo estimado diário de água pelos efetivos pecuários no Oeste Catarinense (1974 a 2013)

Fonte:Elaboraçãoprópria,dadosprimáriosIBGE.

Já oGráfico29 complementa as informações, dando contadequenoano de 2013 a criação de gado de leite em ascensão assume como atividade pecuáriadeconsumodeáguamaiselevadoemtermosdeingestãodeágua,extrapolandoodacriaçãosuína,emretração.Entretanto,apesardeaquelaatividadeexigirtambémexpressivaqualidadedeáguaealtoconsumoparahigienizaçãodas instalações,háquesesalientarqueoseuproduto (leite)diferedasoutrasproduçõesdecorteasquaisenvolvemdemandasbastanteelevadas na etapa de abate.

4.6.1.Suínos

o diagnóstico acerca do rebanho suíno é também bastante relevante uma vezqueestetipodeproduçãoexigeumaltoconsumodeáguaparaasuamanutenção(Quadro62).Alémdisso,osdejetosresultantesvãoimpactarnaqualidadedosrecursoshídricoscasonãoocorracorretomanejodessesdejetos,oque,durantemuitotempo,aconteceunaregião.

Quadro62.Consumo de água em dessedentação de suínos em litros por dia e por animal (considerando intervalos de temperatura entre 21°C e 32°C)

Suínos ConsumoAté 55 dias de idade 2,5

De 56 a 95 dias de idade 5-10De 96 a 156 dias de idade 5-12

Fêmeas em gestação 5-20Fêmeas em lactação 15-30

Machos 10-20Fonte: eMBraPa.

Afaltadeáguaparadessedentaçãodosanimaistemcomoconsequên-cias a redução do crescimento, do bem-estar e da saúde e o aumento do estresse,ou seja, resultaemconsideráveis impactosnegativosnos fato-res zootécnicos e econômicos. Segundo dados doCensoAgropecuáriode2006essacriaçãoerarealizadaem44.723unidadesagropecuáriasemdezembro daquele ano.

Oconsumodeáguadeumsistemadeprodução suínodeve levaremconsideraçãoosconsumosdomachoreprodutor,dasmatrizesedosleitõesatéoabate.Emumagranjadesuínoshánecessidadedehigienizaçãodasinstalações,havendovariaçõesconformearegiãogeográficaemqueseen-contra. Considerando a necessidade estimada para higiene da maternidade, creche,recriaeterminação,eociclode2,4partos/porca/anoe25leitões,chegamosaovalorde4,7litrosdeágua/kgdecarneproduzida.

Soboutropontodevista,existemosproblemasrelacionadoscomapro-duçãode suínose a contaminaçãodos recursoshídricospelosdejetos lí-quidos destes animais (Quadro 63). Essa contaminação resulta no rápidoaumentopopulacionaldasbactériasenaextraçãodooxigêniodissolvidonaáguaparaoseucrescimento.

Ca

PÍt

ulo

iv

147

Page 148: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Deuma formageral,estima-sequeumsuíno(na faixade16a100kgdepesovivo)produzde8,5a4,9%deseupesocorporalemurinaefezesdiariamente (JelineCK,1997).Omanejo,otipodebebedouroeosistemadehigienizaçãoadotado(frequênciaevolumedeáguautilizada),bemcomoonúmeroecategoriadeanimais,tambéminfluenciamovolumededejetos.

de acordo com os dados levantados e apresentados (Mapa 28, p. 149) sobre orebanhosuíno,nota-seumconsideráveleconstantecrescimentoapartirdoinício da década de 1990 até 2009 na mesorregião oeste Catarinense. Por dois anosorebanhopermaneceuestávelenosúltimosdoisregistros(2012e2013)háumaacentuadaquedarelacionadaàcrisedosetornoperíodoemqueocustode produção elevou-se enquanto o valor de mercado não acompanhou.

Quadro63.Produção média diária de esterco (kg), esterco e urina (kg) e dejetos líquidos (l) por animal por fase

Categoria de Suínos Esterco Esterco+ urina

Dejetos líquidos

25–100 kg 2,30 4,90 7,00Porcas em Gestação 3,60 11,00 16,00Porcas em Lactação 6,40 18,00 27,00

Machos 3,00 6,00 9,00Leitão desmamado 0,35 0,95 1,40

Média 2,35 5,80 8,60Fonte: oliveira (1993).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

148

Gráfico30.Número de cabeças de rebanho de suínos (1974 a 2013)

Fonte:Sidra/IBGEPesquisaPecuáriaMunicipal.

Page 149: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iv

149

Page 150: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

150

o referido aumento no custo de produção teve relação direta com a quebradesafraemimportantesregiõesprodutorasdesojaemilhocomoosEstadosUnidoseosuldoBrasilnoanode2012,porexemplo.Aindaque diversos outros fatores concorram e o preço dessas commodities não sejareguladolocalmente,pode-seafirmarquedemaneiraindiretaaseca,senãochegaareduzirimediatamenteorebanhoporfaltadeáguaparades-sedentação, o faz atingindo o custo dos insumos sobremaneira ao pequeno produtor com impactos de médio a longo prazo.

a microrregião de Concórdia apresenta o maior rebanho de suínos da mesorregiãooesteseguidodasmicrorregiõesdeJoaçabaeChapecó,devidoaosgrandesfrigoríficosaliinstalados.Ograndeaumentoverificadodoreba-nhoedaproduçãoacarretaemmaiordemandadeágua.

OGráfico31representaumaestimativadeconsumodiáriodeáguafeitacom base em uma ingestão média de 8 litros por cabeça de suíno. tal valor foialcançadoponderando-seconsumosmédiosdeáguaparadessedentaçãonosdiferentesestágiosdedesenvolvimentodosanimaiseosconsumosmaiselevados de matrizes e reprodutores. note-se que apesar da queda dos últimos valores da série existe uma elevação significativa na demanda deágua,somandoumtotaldecercade35milhõesdelitrosdiáriosparadesse-dentaçãodesuínosdamesorregiãooeste,nãoenglobandonessecálculooconsumoparahigienedasinstalaçõeseparaoabatedosanimais.

Gráfico31.Consumo estimado diário de água (l) pelo efetivo suíno (1974 a 2013)

Fonte:Elaboraçãoprópria,dadosprimáriosIBGE.

Page 151: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iv

151

4.6.2.Galináceos

quanto ao efetivo de galinhas, galos, frangas, frangos e pintos, o Censo Agropecuáriode2006contabilizou56.683estabelecimentosagropecuárioscomproduçãodegalináceosemtodaamesorregião.Paraopresenteestudoforamlevantadososdadosreferentesaototalexistentenasmicrorregiõesda mesorregião oeste Catarinense (Mapa 29, p. 152). Foi também conside-rado o total de pintos, frangos e frangas para engorda, de galos e de galinhas poedeiras.

NoQuadro64indica-seoconsumodeáguaparaamanutençãoeprodu-çãodefrangosefrangas,sendoqueaestimativadehigienedasinstalaçõesparafrangoscriadosemaviárioséde2,25litrosdeágua/kgdecarne,con-siderando 12.000 frangos com sete lotes ao ano, peso de abate de 2,4 kg e rendimentodecarcaçanoabatede78%.

Quadro64.Consumo de água de dessedentação aves de corte (l/dia) por animal (considerando intervalos de temperatura de 21°C a 32°C)

Aves de corte ConsumoFrangos e Frangas 0,190-0,270

Poedeiras 0,250

Fonte:Sidra/IBGEPesquisaPecuáriaMunicipal.

Oefetivodegalináceosdamesorregiãooesteapresentouumcrescimentosignificativoecompoucasoscilaçõesnegativasdesdeoiníciodasériehistóricaem 1974 até o ano de 2007, quando estabilizou para então entrar em uma fase recessivaatéofimdasériehistóricadisponívelcomdadosde2013(Gráfico32).ainda assim o efetivo deste último ano ultrapassa o dobro em relação a 1990 e superaemmaisdedezvezesonúmerode1974,oquesignificaumincrementoimportantenãoapenasnaprodução,mastambémnademandaporágua.

Gráfico32.Número de cabeças do efetivo de galináceos (1974 a 2013)

Fonte:Sidra/IBGEPesquisaPecuáriaMunicipal.

Page 152: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

152

Page 153: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Conforme os últimos dados disponíveis, a maior concentração de cabe-ças/km²encontra-senamicrorregiãodeConcórdia,seguidadasmicrorre-giõesdeChapecó,Joaçaba,XanxerêeSãoMigueldoOeste.AmicrorregiãodeJoaçabapossuiomaiorrebanhodegalináceos,seguidadepertopeladeChapecóeentãoConcórdia,XanxerêeSãoMigueldoOeste.

Ca

PÍt

ulo

iv

153

Estima-sequeoconsumodeáguaapenasparadessedentaçãopeloto-taldegalináceosdoOesteCatarinensetenhasidodeaproximadamente17milhõesdelitrosdiários,em2013,figurandoJoaçabacomoamicrorregiãocomovalormaiselevadoequivalenteapoucomenosque5milhõesdelitrosgastosdiariamente(Gráfico33).

Gráfico33.Consumo estimado diário de água pelo efetivo de galináceos por microrregião (1974 a 2013)

Fonte:Elaboraçãoprópria,dadosprimáriosIBGE.

Page 154: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

4.6.3.Bovinos

Orebanhobovino, igualmenteexpressivonocontextodaeconomiaeatividadeagropecuáriacatarinense,correspondiaa68.171estabelecimentosagropecuários nooestede SantaCatarina, conformeosdadosdoCensoAgropecuáriode2006.Damesmamaneira,essaatividadedemandagrandesvolumesdeáguaparaoseudesenvolvimento,comoseobservanoQuadro65,seguinte.Paraaproduçãodegadodecorte,porexemplo,sãonecessá-riosde20.000a50.000litrosdeágua/kgdecarne.

Quadro65.Consumo de água em dessedentação bovinos de corte (l/dia), por animal. (Considerando intervalos de temperatura de 21°C a 32°C)

Bovinos de corte ConsumoAté 250 kg1 22-27Até 370 kg1 30-50Até 455 kg1 41-78

Fonte:Sidra/IBGEPesquisaPecuáriaMunicipal.

o crescimento do rebanho bovino é relativamente constante em toda a série histórica analisada (Mapa 30, p. 155). a década de 1990 registra crescimento umpoucoabaixodatendência,enquantoquede2008a2013nota-seumincre-mento mais acentuado em detrimento dos rebanhos anteriormente analisados.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

154

Gráfico34.Número de cabeças de rebanho bovino (1974 a 2013)

Fonte:Sidra/IBGEPesquisaPecuáriaMunicipal.

a microrregião de são Miguel do oeste apresenta o maior rebanho re-lativodebovinos, seguidadeChapecó,Concórdia,Xanxerêe Joaçaba.Amicrorregião de Chapecó, por sua vez, ostenta o maior número absoluto de cabeçasdebovinos,seguidopelasdeSãoMigueldoOeste,Joaçaba,Xanxe-rê e Concórdia.

o aumento na produção acarreta, naturalmente, uma maior demanda deáguaparaasuamanutenção.Estima-senoanode2013umconsumode30milhõesdelitrosdiáriosparadessedentaçãodogadobovinodoOesteCatarinense,incluindoasvacasleiteiras(cujoconsumo,devidoàsuapecu-liaridade, foi calculado à parte).

Page 155: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iv

155

Page 156: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Gráfico35.Consumo estimado diário de água (l) pelo rebanho bovino (exclusive vacas leiteiras) por microrregião (1974 a 2013)

Fonte:Sidra/IBGEPesquisaPecuáriaMunicipal.

Finalmente, o rebanho de vacas leiteiras (Mapa 31, p. 157) tem apresen-tadoomaiorcrescimentodentreascriaçõesanimaisdoOesteCatarinenseno períodode 1974 a 2013.A variável VacasOrdenhadas eNúmerodeCabeças/km²temrelevânciaaoestudodaestiagemumavezqueessetipodeproduçãoexigeumaltoconsumodeáguaparaasuamanutençãoepro-duçãodecorte(Quadro66).

Quadro66.Consumo de água em dessedentação bovinos de leite (l/dia), por animal (Considerando intervalos de temperatura de 21°C a 32°C)

Bovinos de leite ConsumoVaca em Lactação 64

Vaca e Novilha no final da gestação 51Vaca Seca e Novilha gestante 45

Bezerro Lactante (a pasto) 12

Fonte:Sidra/IBGEPesquisaPecuáriaMunicipal.

Paraaproduçãodeleiteoconsumoédeaproximadamente10millitrosdeágua/kgdeanimal(EMBRAPA).Essevolumedeáguabaseia-senanecessi-dade para produção das pastagens e alimentos concentrados utilizados pelos bovinos,alémdaquantidadeingeridapelosanimais.Oconsumodeáguaporvacaem lactaçãodependede vários fatores: estadofisiológico, produçãode leite, peso corporal, raça e consumo de matéria seca. durante os meses mais quentes, as vacas sofrem estresse pelo calor e elevação da umidade, aumentandooconsumodeágua,comelevaçãonaexcreçãodeurinaealte-randoacomposiçãodosdejetos.

Noanode2006oCensoAgropecuárioregistrou51.614estabelecimen-tosagropecuárioscomvacasleiteiras.Deacordocomosdadoslevantados,apresentadosnosGráficos36e37,nota-seumcontínuocrescimentoentreosanos1974e1995.Em1996registra-seumabrevequedanosvaloreseemseguidaháumaumentoconstantenorebanhoenaproduçãoatéoanode 2013. houve também perceptível aumento na produtividade, tendo por consequência uma curva mais acentuada no sentido positivo da quantidade

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

156

Page 157: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

iv

157

Page 158: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

de leite produzida. a microrregião de são Miguel do oeste apresenta o maior número de vacas ordenhadas por quilômetro quadrado e a micror-região de Chapecó o maior número absoluto, seguida pelas de são Miguel doOeste,Concórdia,Xanxerê e Joaçaba (Gráfico 38). Amesma ordemverifica-separaovolumedaproduçãodeleite.

o aumento do rebanho e da produção acarreta uma maior demanda de águaparaasuamanutenção.Estima-sequeamesorregiãotenhadestinado45milhõesdelitrosdeáguapordiaparaingestãodestesanimais,dosquaisamicrorregiãoéresponsávelpormaisdeumterço.

Destaca-sequeoOesteCatarinensedetémmaisde65%dorebanhototaldoestadosendoresponsávelporquase75%daproduçãodeleitedoestado.

Pode-seconsiderarqueasatividadesapresentadasnoitemdePecuária,tais como a produção de suínos, aves, bovinos de corte e de leite, dina-mizam a economia do oeste Catarinense, inclusive pela necessidade de construções,equipamentosetransportequesãoindispensáveisnacadeiaprodutiva e na distribuição da produção. ao mesmo tempo, é possível ob-servarquesãoimportantesconsumidorasdeáguanascadeiasprodutivas.A falta de planejamento, com eventual ultrapassagemda capacidade decarga, nomeadamente, em termos de disponibilidade hídrica pode agravar substancialmente o quadro de impactos socioeconômicos da estiagem e contribuir,até,paraalgumapressãosobreadisponibilidadedeáguaparaconsumo humano.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

158

Gráfico36.Número de cabeças de vacas ordenhadas por microrregião (1974 a 2013)

Fonte:Sidra/IBGEPesquisaPecuáriaMunicipal.

Page 159: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Gráfico 37. Produção de leite (mil litros) por microrregião (1974 a 2013)

Ca

PÍt

ulo

iv

159

Fonte:Sidra/IBGEPesquisaPecuáriaMunicipal.

Gráfico 38. Consumo estimado diário de água pelas vacas ordenhadas por microrregião (1974 a 2013)

Fonte:Sidra/IBGEPesquisaPecuáriaMunicipal.

Page 160: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

4.7. Indústria

Em2012,aatividadeindustrialdoOesteCatarinensefoiresponsávelpor32,66%doPIBtotaldemaisde27milhõesdereaisdamesorregião,con-tribuindocom16%dovaloradicionadobrutoindustrialdoestadodeSantaCatarina (tabela 7). segundo dados da FiesC, a indústria emprega em toda amesorregião145.676trabalhadores(Tabela8).Osramosmaisexpressivossão os de produtos alimentares e de móveis.

Quadro67.PUB, participação do valor adicionado bruto da indústria (parâmetros) em 2012

Unidade da Federação,

Mesorregião Geográfica e Microrregião

Geográfica

PIB a preços correntes (Mil

Reais)

Participação do valor

adicionado bruto a preços

correntes da indústria

no valor adicionado

bruto a preços correntes total

(%)

Participação do valor

adicionado bruto da indústria no valor

adicionado bruto da

indústria da mesorregião

(%)

Participação do valor

adicionado bruto da indústria no valor

adicionado bruto da

indústria de Santa Catarina

(%)Santa Catarina 177.275.691 33,67 - -

Oeste Catarinense 27.623.492 32,66 - 16,16

MRG S. M. do Oeste 3.275.292 26,22 9,55 1,54

MRG Chapecó 9.639.132 31,85 33,92 5,48MRG Xanxerê 2.947.064 27,66 9,17 1,48MRG Joaçaba 7.832.555 39,32 34,21 5,53

MRG Concórdia 3.929.449 30,55 13,15 2,13

Fonte:SIDRA/IBGE.

as agroindústrias, principal ramo industrial da mesorregião em estudo, constituem grandes unidades, localizadas de certa forma distantes umas das outras que estão umbilicalmente próximas da principal fonte dematéria--prima, no caso frangos e suínos, produzidos pelos milhares de agricultores integrados(responsáveisporpequenasgranjasdefrangosesuínos).Talqua-droacabouresultandoemgraveproblemáticasocioambiental,incluindo:

•O abandono das pequenas propriedades e o êxodo rural, causadospela pouca perspectiva de ascensão social, em virtude da dependência remuneratóriadasagroindústrias/cooperativas.

•A contaminação dos recursos hídricos por dejetos suínos e urbanosque,paralelamenteaodesmatamento,comprometeaofertadeáguapara a população e para as atividades rurais.

Quadro68.Número de trabalhadores por atividade em 2013

Número de trabalhadores por atividade — 2013Microrregião Agropecuária Indústria Comércio Serviços TotalSão M. Oeste 1.392 15.325 8.526 14.153 39.396

Chapecó 2.444 57.043 30.247 45.813 135.547Xanxerê 3.529 13.943 7.908 13.761 39.141Joaçaba 9.295 41.041 18.827 39.915 109.078

Concórdia 1.182 18.324 8.084 17.861 45.451Total Oeste 17.842 145.676 73.592 131.503 368.613

Fonte: adaptado de santa Catarina em dados 2014, FiesC.

ainda no âmbito das agroindústrias, em saída de campo foi obtida a in-formaçãodequeoconsumomédiodeáguaparacadaaveabatidasitua-seentre30e35litros,devidoaquestõessanitáriaseexigênciasdoMinistériodaAgricultura,PecuáriaeAbastecimento(MAPA).Dessamaneira,combaseno valor de 79.944.377 animais abatidos em santa Catarina em março de 2015 (IBGE,Pesquisa trimestralde abatedeanimais),o cálculo conclui amédiademaisde77milhõesde litros consumidosdiariamenteapenasnaetapa de abate de aves em santa Catarina.

Jáovolumedeáguaaserconsumido,segundorecomendaçãodoMAPA,parahigienizaçãodosfrigoríficosnoprocessodeabatedesuínoséde850litros por animal abatido. no mês de março de 2015 o estado de santa Cata-rinaprocedeuabaixade915.451suínos.Realizando,dessaforma,omesmocálculoanteriorencontra-seumconsumomédiodemaisde25milhõesdelitrosdiáriosenvolvidossomentenessaetapadoprocesso.

Nesse contexto, pode-se afirmar que a atividade econômica do oestedeSantaCatarinaestámajoritariamente voltada ao agronegócio.Trata-sede uma cadeia produtiva intrinsecamente dependente da disponibilidade de

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

160

Page 161: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

água,desdeaproduçãoagrícola(nomeadamentemilhoesoja)destinadaemgrandeparteàraçãoanimal,passandopelaatividadepecuáriaefinalizandono abate pela agroindústria.

Competeaopoderpúblicoregulamentarefiscalizaraoperaçãodasplan-tasindustriaisobjetivandoousoracionalesustentáveldosrecursoshídricos,bem como estimular o emprego de tecnologias que visem à utilização con-sequente dos mesmos. sugere-se, ainda, que os agentes públicos avaliem potencialidadesdaregiãoafimdeinduzirodesenvolvimentodealternativasde atividades econômicas que agreguem valor à cadeia produtiva com me-nordependênciaedemandadeágua.

4.8. Produção de energia hidroelétrica

entre outros aspectos, foram aqui caracterizadas as principias demandas consuntivasdecorrentesdoexercíciodavidasocialedasdiversasatividadeseconômicas.Taisatividadesestãoassociadasàsopçõesdedesenvolvimentoeàspolíticasadotadas,bemcomoaoseuplanejamentorealizado,aindaqueporvezesdeficiente.Paraterminarestecapítulofaz-seumabrevereferên-cia a uma das principais demandas não consuntivas.

as características do relevo da mesorregião oeste, com rios em vales encai-xadoseconsiderávelgradientealtimétricodasbaciasconfereàregiãoumaltopotencial hidroelétrico. evidentemente, este potencial varia de acordo com as característicasnaturaisdecadacursod’água.Sãoessascaracterísticasquedeter-minam o tipo de empreendimento de geração de energia que um rio suporta, e aquantidadedeenergiaqueahidrelétricapodegerar(Mapa32,p.162).

ConformeoMMA(2006)hátrêstipologiasdeempreendimentosdege-ração de energia: as Centrais geradoras de energia (Chg), as Pequenas Centrais hidrelétricas (PCh) e as usinas hidrelétricas (uhe).

AsCGHssãoasmenoresusinashidrelétricasexistentes,comcapacidadeins-talada de geração de energia de até 1 megawatt, onde normalmente o rio sofre apenas um pequeno desvio, sem a necessidade de construção de barramentos.

as PChs possuem um porte maior do que as Cghs e seu enquadra-mentoédefinidoparaempreendimentoscomcapacidadeinstaladaemum

intervalo maior que 1 megawatt e menor ou igual a 30 megawatts. nas PCHsénecessárioaconstruçãodebarramentosnocursod’água,cujaáreadoreservatórionãopodeexceder3km²(300hectares).

as uhes constituem-se como usinas de grande porte, com capacida-de instaladamaior do que 30megawatts e cujo reservatório ocupe áreasuperior aos 3 km² das PChs. elas possuem grande porte e dependem da existênciadecondiçõesfavoráveisdoscursosd’água.ConformedadosdaANEEL,existememoperaçãonoBrasil511CGHs,471PCHse197UHEs.

ainda que as uhes apresentem-se como a tipologia com menor número de empreendimentos em operação no Brasil, em termo de produção de energia elasconcentram61%dototalnacional,seguidopelasPCHscom3,5%easCGHapenas0,25%.Naáreadeestudo,desconsiderandoosempreendimentoslocalizadosnorioUruguai,cujodomínioéfederal,porestabeleceradividaentreosestadosdeSantaCatarinaeRioGrandedoSul,totaliza-seaexistênciade40CGHs(24%),115PCHs(70%)e7UHEs(6%),emumtotalde162empreen-dimentos,algunsdosquaisaindaemfasedeinstalação(ANEEL,2016).

os empreendimentos localizados no rio uruguai são as uhes Foz do ChapecóeItá,jáemoperação;eaindaasUHEsIraíeItapirangaaindanãoinstaladas,masjácomviabilidadeatestadapelaANEEL.

Os162 empreendimentos localizados na área de estudo apresentam,ob-viamente,umadistribuiçãoespacialnãohomogênea.Essadistribuiçãoestáre-lacionadacomotamanhodasbaciashidrográficasecomoportedeseuscursosd’água.Nessesentido,destaca-seaexistênciadeUHEsapenasnaBaciadoRioChapecó,cujascaracterísticasfísicascomportamempreendimentosdesseporte.

JáasCGHsePCHsapresentamumadistribuiçãomaishomogêneaquan-docomparadasàsUHEs.Noentanto,háconcentraçãodePCHsnasbaciasdosriosChapecóedoPeixe,quepossuemasmaioresáreasentreasbaciasda mesorregião oeste Catarinense.

OQuadro69cujosdados foramextraídosdoSistemade InformaçõesGeográficasdisponívelnosítioeletrônicodaANEEL,mostraosempreen-dimentosdaregiãojuntamentecomabaciahidrográficaqueselocaliza.Aregião hidrográfica quemais apresenta empreendimentos de geração deenergia é a rh 02, seguida pelas rhs 03 e 01.

Ca

PÍt

ulo

iv

161

Page 162: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

162

Page 163: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Quadro69.Empreendimentos por RH e por bacia

Região Hidrográfica 01 — Extremo Oeste

Bacia Hidrográfica das Antas e contíguas

CGH Crelin, Detofol, Palma Sola, Roncador, Wasser Kraft.

PCH

Ágata, Âmbar, Cafundó, Capetinga, Cobra Verde, Do Chapéu, Flor do Sertão, Foz do Araçá, Garça Branca, Granada, Jaspe, Lombo do Cavalo, Macuco, Nova Seara, Roncador, Santa Rosa, São Jorge, São Vicente.

Bacia Hidrográfica do Peperi-Guaçu PCH Bandeirante, Belmonte, Prata, Salto das Flores.

Região Hidrográfica 02 — Meio Oeste

Bacia do Rio Chapecó

CGH

Abelardo Luz, Abrasa, Armando Selig, Cachoeirinha, Dall’asta, Evangelista, Fapar, Hervalzinho, Itaiozinho, Lajeado do Posto, Lambedor, Macuco, Markmann, Nivia, Pacheco, Parisotto, Prezzotto 1, Santa Rosa, Taborda.

PCH

Abelardo Luz, Abrasa, Aparecida, Barra da Europa, Barra Escondida, Barrinha, Beija-Flor, Boi Morto, Bom Retiro, Carneiro, Coração, Criciúma, Divisa, Ferreiro, Foz do Chapecozinho, Foz do Macaco, Índio Condá, Lambari, Linha Nova, Linha Progresso, Marema, Meia Lua, Nova Erechim, Pacheco, Prainha, Rio Tigre, Rondinha, Aparecida, Araçá, Barreiros, Celso Ramos, Cercado, Dalapria, Faxinal dos Guedes, Goiabeiras, Guarani, Kaingang, Ludesa, Mangueira de Pedra, Passos Ferraz, Pesqueiro, Ponte Serrada, Rondinha, Rosa, Salto do Passo Velho, Salto Voltão, Santa Laura, Vermelho, Xanxerê, Salto Santo Antônio, Santa Luzia Alto, São José, Vitor Bapstista, Amparo.

UHEÁguas de Chapecó, Quebra Queixo, Foz do Xaxim, Porto Ferreira, Santo Antônio, Nova União, Saudade.

Bacia do Rio Irani

CGHBarrinha, Ditinho, Lontras, Pinguela, Ressaca I, Ressaca II, Sagrado Coração de Jesus, Salto Cristo Rei, Westrich.

PCHAldeia, Alto Irani, Arvoredo, Barra das Águas, Caju, Flor do Mato, Hacker, Leão, Rodeio Bonito, Xavantina, Plano Alto.

Região Hidrográfica 03 — Vale do Rio do PeixeBacia do Rio do Peixe

CGHAntônio Viel, Arroio Trinta, Bom Sucesso, Fábrica, Força e Luz São Pedro, Goiabeiras, Ipoméia, Rio do Peixe.

PCH

Águas de Ouro, Alto Alegre, Andromix, Assombrado, Barra do Leão, Barra do Pinheiro, Camboatá, Francisco Lindner, Ibicaré, Lacerdópolis, Linha Rica, Monjolo, Pira, Piratuba, Rio Bonito, Salto do Leão, Salto do Soque, Salto Góes, Santa Ana, Santo Expedito, São Carlos, Sopasta I, Spessatto, Vilincado.

Bacia do Rio Jacutinga PCH 24 de Fevereiro, Boscatto, Concórdia.

Fonte: adaptado de anaeel, 2015.

ainda que a geração de energia represente um uso não-consuntivo, as construçõesdebarragensparaasPCHseUHEspossuemacapacidadederegularizaravazãoajusantedesualocalizaçãonocursod’água.Aoefetuarorepresamentodaáguaemreservatórios,cria-seapossiblidadedeliberaçãodevolumesespecíficosparamanutençãodavazãodocursod’águaàjusanteda usina. neste sentido, em episódios de estiagem as barragens podem ser-vircomoreservatórioparaosusosprioritáriosdaágua:consumohumanoedessedentação animal.

ainda que a geração de energia represente um uso não-consuntivo, as construçõesdebarragenspara asPCHeUHEpossuemacapacidadederegularizaravazãoajusantedesualocalizaçãonocursod’água.Aoefetuarorepresamentodaáguaemreservatórios,cria-seapossiblidadedeliberaçãodevolumesespecíficosparamanutençãodavazãodocursod’águaajusanteda usina. neste sentido, em episódios de estiagem as barragens podem ser-vircomoreservatórioparaosusosprioritáriosdaágua:consumohumanoedessedentação animal.

Ca

PÍt

ulo

iv

163

Page 164: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

CApíTuLO v

estiageM: oCorrênCias, PolÍtiCas e atoresMário Jorge Cardoso Coelho FreitasDébora FerreiraLisangela AlbinoPâmela do Vale SilvaPatrícia Taeko KaetsuSarah Marcela Chinchilla Cartagena

1. ANÁLISE DOS REGISTROS DE ESTIAGEM

o estudo dos registros de desastres do tipo estiagem permite analisar a sua incidência no período compreendido entre 1970 e 2013, bem como seus supostos impactos socioeconômicos. Fornece, ainda, dados relevantes paraqueosdirigentesplanejemações,emmédioelongoprazo,ecoloquemempráticaprocessosparamitigaçãodeprejuízossocioeconômicoscausa-dos pela estiagem.

o levantamento da ocorrência de desastres foi realizado por consulta aoS2IDeaplicandoumprocessodefiltragemsucessiva,paraeliminardu-plicações.Assim,considerou-seprioritariamente,semprequeexistente,odecreto.Emcasodesuanãoexistência,considerou-seaportariaenanãoexistênciadeambos,oAVADAN.

de acordo com levantamento da ocorrência de desastres no oeste Ca-tarinense(Quadro70,Mapa33egráfico39),pode-seobservarqueami-crorregião com maior quantidade de registros é a de Chapecó, seguida das microrregiõesdeSãoMigueldoOeste,Xanxerê,JoaçabaeConcórdia.Osdados consultados mostram um total de 1023 registros no período compre-endido entre 1970 e 2013 para toda a mesorregião oeste. De acordo com as descrições dos documentos analisados, asmaiores

perdassãonaagricultura(milho,sojaefeijão)enapecuária(maisespecifica-mente, produção de leite e gado bovino).

10Partedosdadosde2013dizemrespeitoaoFormuláriodeInformaçõesdoDesastre(FIDE),quesubstituiosAVADANsapartirdaInstruçãoNormativano 1 de 24 de agosto de 2013.

quadro 70. Ocorrência de estiagem no Oeste Catarinense (1970 a 201310)

Microrregião Decreto /Portaria Avadan TotalSão Miguel do Oeste 149 50 199

Chapecó 268 88 356Joaçaba 139 35 174

Concórdia 132 37 169+210=171Xanxerê 97 26 121

Total 785 236 1021

Fonte: elaboração própria com dados do s2id.

em geral, é possível assinalar algumas discrepâncias entre os dados aqui apresentados e os dados constantes do sistema nacional (s2id). essa dife-rença deve-se a que o sistema inclui diversos documentos referentes a uma mesma ocorrência, o que gera duplicação de dados. esses números diferem, também, dos constantes no atlas de desastres elaborado pela uFsC, que julgamosestarnabasedosdoS2ID.Istoreforça,maisumavez,arelativafra-gilidade dos dados disponíveis, dos processos de registro e da necessidade de estabilizar outras formas de coleta e registro de dados.

Para obtenção dos dados utilizados neste relatório, portanto, foram apli-cadosfiltrosqueexcluíramaduplicaçãodeinformações.

2. CRUZAMENTO DE DADOS ACERCA DA ESTIAGEM

Comojásereferiu,aestiageméumfenômenodenaturezameteoroló-gico-climáticaque,noâmbitodessedomíniocientífico,confunde-secomofenômeno seca, sendo frequentemente utilizado como seu sinônimo. Con-tudo, o termo estiagem foi consagrado, no âmbito da Proteção e defesa Civil brasileira, como uma espécie de seca de natureza mais episódica e não tãoseveraqueocorreemregiõesondechovebastanteduranteamaiorpar-tedoanoe,comotal,dispõedeboadisponibilidadehídrica.es

tia

geM

no

oes

te

Cat

ari

nen

se: d

iag

stiC

o e

res

iliê

nC

ia —

rel

atÓ

rio

tÉC

niC

o164

Page 165: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

v

165

Page 166: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

166

Gráfico39.Registros de estiagem por microrregiões do Oeste Catarinense

Fonte: elaboração própria com dados do s2id.

Para além disso, ambos os termos são, igualmente, usados para designar a situação de emergência (desastre) que pode ocorrer em consequência do(s) referido(s)evento(s)climático(s).Contudo,podeacontecer,eacontece,queumacoisanãocoincidaexatamentecomaoutra.Efetivamente,ocritérioado-tado pelos órgãos de proteção e defesa civil estabelece que, climaticamente, a estiagem refere-se a uma situação de mais de 15 dias de atraso em relação à épocadechuvaemenosde60%damédiamensaldepluviosidadecaraterís-tica da região. a aceitação da declaração de emergência e a consideração do ocorridocomodesastreestão,contudo,sujeitasaoutroscritériosrelaciona-dos com a magnitude do impacto na vida humana, social e econômica.Poroutrolado,comoestádetalhadamentedescritonoCapítuloII,exis-

temoutraspossibilidadesparadefinirperíodosdeestiagem(mesessecos,porexemplo).Paraaanálisedestecapítuloocritériocombasenoqualiden-tificamosaocorrênciaounãodeestiagemclimáticaéocritériodefinidopelaProteção e defesa Civil nacional.

Emsíntese,podehaverestiagens,talcomoasdefinidasdeacordocomo critério adotado pela proteção e defesa civil (ou dos meses e quinzenas secas)quenãosejamregistradoscomoocorrênciadedesastre,evice-versa,

registros de ocorrência de desastres de estiagem que não coincidam com a existênciadeestiagemcomofenômenoclimáticooumesessecos.

Paraaprofundartalanálise,procedeu-seaocruzamentodedadosqueoQuadro71apresenta.Comoseconstata,aanálisedessequadropermiteidentificaraexistênciadequatroperíodosdiferentesnoquedizrespeitoaopadrãoderelaçõesentreestiagemclimáticaedecretaçõesdedesastreporestiagem.

2.1. Padrão EC sem decretação de desastre (1979 a 1985)

no período de seis anos entre 1979 e 1985 apenas no ano de 1980 ocor-reuestiagemclimática.Houve,também,mesessecosem1979,9181e1982.Apesardisso,emnenhumdosanoshouvedecretaçõesdedesastrepores-tiagem.Seriainteressanteconfirmarseessatendênciajávinhadetrás,masinfelizmentenãoexistemdadosdisponíveis.Noúltimomêsdesteperíodo(dezembro de 1985) e primeiro mês do primeiro ano do período seguinte (janeirode1986)inicia-seatransiçãoparaoesboçodealgumarelaçãoentreestiagemclimáticaedecretaçãodedesastreporestiagem.

Page 167: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

v

167

quadro 71. Relação entre estiagens climáticas (EC), meses secos (MS) e decretações de desastre por estiagem (DD) por microrregião (1979 a 2013)

Ano MêsS. M. do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba TOTAL

EC MS DD EC MS DD EC MS DD EC MS DD EC MS DD EC MS DD1979 Janeiro EC EC EC EC MS EC MS 5 2

1981Maio MS 1

Julho MS MS 2

1982

Janeiro EC MS EC EC EC EC 5 1

Abril MS 1

Setembro EC 1

1984 Outubro EC 1

1985Janeiro EC EC EC EC 4

Dezembro EC EC 2

1986Janeiro DD DD DD DD 4

Junho MS 1

1987 Setembro EC EC EC EC 4

1988

Março MS MS MS 3

Julho MS MS MS MS 4

Agosto MS MS MS MS MS 5

Setembro EC 1

1991

Fevereiro EC EC EC MS EC EC 5 1

Março MS DD 1 1

Abril DD DD DD DD DD 5

Setembro EC EC EC 3

1993 Agosto MS 1

1994 Agosto MS MS MS MS 4

1995

Março DD DD 2

Maio MS MS MS 3

Novembro EC EC EC 3

Dezembro DD DD DD 3

1996

Janeiro DD 1

Fevereiro DD 1

Maio DD MS 1 1

Page 168: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

1997

Fevereiro DD DD DD DD 4

Março MS DD 1 1

Abril DD DD DD DD 4

Maio DD DD DD DD 4

1998 Novembro EC MS DD EC EC EC MS EC 5 2 1

1999

Janeiro DD DD DD 3

Março DD DD 2

Agosto MS MS MS MS MS 5

Outubro DD 1

Novembro EC EC EC 3

2000

Janeiro DD DD 2

Março DD DD 2

Abri DD DD 2

2001 ou 2002 Dezembro ou Ja-neiro

DD DD DD 3

2002

Janeiro DD DD DD DD DD 5

Fevereiro EC EC EC EC DD 4 1

Março DD DD 2

Abril DD 1

2003

Fevereiro DD DD 2

Setembro EC DD 1 1

Dezembro DD 1

2004

Fevereiro EC DD DD 1 2

Março DD DD DD DD DD 5

Agosto MS 1

Dezembro EC EC 2

2005

Janeiro DD 1

Fevereiro EC MS DD EC MS DD EC MS DD EC MS DD EC MS DD 5 5 5

Março DD 1

Novembro EC 1

Dezembro EC DD DD EC DD 2 3

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

168

Page 169: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

v

169

2006

Janeiro DD DD DD 3

Fevereiro DD 1

Maio MS MS MS MS MS 5

Julho DD DD DD DD DD 5

2007 Junho MS 1

2008

Fevereiro DD DD DD DD 4

Março DD 1

Abril DD DD DD DD 4

Julho MS MS 2

Novembro DD DD 2

Dezembro DD 1

2009

Janeiro DD DD 2

Fevereiro DD DD DD 3

Março MS DD DD 1 2

Abril DD MS DD DD DD DD 1 5

Maio DD DD DD DD 4

Agosto DD 1

2011 Dezembro EC DD EC DD DD EC DD DD 3 5

2012

Janeiro DD DD DD DD DD 5

Maio MS DD DD DD DD 1 4

Junho DD 1

Agosto MS MS MS MS MS 5

Setembro DD DD EC DD DD DD 1 5

Novembro DD DD DD DD 4

Dezembro DD DD 2

2013Janeiro DD 1

Fevereiro DD 1

Decretações de desastre por estiagem que podem ser diretamente relacionados com episódios de EC (há relativo equilíbrio entre as microrregiões que decretaram desastre e as que tiveram EC).

Decretações de desastre por estiagem que não estão diretamente relacionados com episódios de EC.

Decretações de desastre por estiagem que, somente de forma muito parcial podem relacionar-se com EC (mais microrregiões decretaram desastre do que as que tiveram EC).

Page 170: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

2.1.1. ano de 1979

Oanode1979apresentouprecipitaçãoanualnasmicrorregiõesentre4%e16%acimadasnormaisclimatológicas.Noqueserefereàprecipita-ção mensal houve uma oscilação em relação à normal climatológica mensal, quevariouentre78%abaixoe119%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdejaneiroejunhoforamdeprecipi-taçõesentre65%e78%abaixodasnormaisclimatológicas;enquantoosmesesdemaio,outubroedezembroregistraramprecipitaçõesentre32%e119%acimadasnormaisclimatológicas;eosmesesdefevereiro,março,julho,agosto,setembroenovembroapresentaramoscilaçõesnasprecipita-çõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre33%abaixoe81%acima.

Omêsdejaneirode1979foideestiagemclimatológicanascincomicror-regiões,comaprecipitaçãovariandoentre64%e78%abaixodasnormaisclimatológicas.Seocritériodebaixasuperiora60%forestendidoatodososmeses,tem-seestiagememjunhodesseanonascincomicrorregiões,jáqueaprecipitaçãooscilouentre69%e75%abaixodasnormaisclimatoló-gicasmensais.EmjaneirohouveocorrênciademêsseconasmicrorregiõesdeConcórdiaeJoaçaba,nasquaisforamregistradasprecipitaçõesem78%abaixodasnormaisclimatológicas.

Apesar das estiagens climáticas emeses secos, não houve registro dedecretação de desastre por estiagem em 1979.

quadro 72. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1979)

1979S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO 16% 8% 7% 5% 4%

Janeiro -64% -72% -65% -78% X -78% X

Fevereiro 3% -9% -24% -17% -23%

Março -16% -14% -26% 12% -24%

Abril 4% 1% 23% -3% 26%

Maio 84% 92% 119% 73% 103%

Junho -69% -75% -73% -71% -75%

Julho 7% 6% -5% 3% -25%

Agosto 81% 43% 17% -8% -8%

Setembro 4% -17% -22% -33% -8%

Outubro 64% 70% 77% 93% 77%

Novem-bro -29% -5% -9% 14% 19%

Dezembro 92% 44% 37% 36% 32%

Estiagem climática Mês seco

Fonte: elaboração própria.

2.1.2. ano de 1980

Oanode1980apresentouprecipitaçãoanualnasmicrorregiõesentre10%abaixoe76%acimadasrespectivasnormaisclimatológicas.Noquese refere à precipitação mensal houve uma oscilação em relação à respetiva normalclimatológicamensal,quevariouentre71%abaixoe281%acima.

Nas cincomicrorregiões osmeses de janeiro, fevereiro, abril e junhoforamdeprecipitaçõesentre71%e1%abaixodasnormaisclimatológicas;enquantoosmesesdemarço,agostoedezembroregistraramprecipitaçõesentre2%e281%acimadasnormaisclimatológicas;eosmesesdemaio,ju-lho,setembro,outubroenovembroapresentaramoscilaçõesnasprecipita-çõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre31%abaixoe205%acima.

seguindo o critério adotado não houve estiagem neste ano em nenhuma microrregião,Tambémnãohouvemêsseco.Seocritériodebaixasuperiora60%forestendidoatodososmeses,tem-seocorrênciadeestiagemtam-bémemabrildesseanonasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOesteeCha-pecó,pelaprecipitaçãoterosciladoentre71%e68%abaixodasnormaisclimatológicas mensais.

não houve registro de desastres por estiagem em 1980.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

170

Page 171: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

v

171

quadro 73. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1980)

1980S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO 76% 0% -9% -10% 3%

Janeiro -1% -16 -13% -18% -4%

Fevereiro -34% -35 -29% -49% -6%

Março 67% 36 25% 2% 25%

Abril -71% -68 -52% -58% -44%

Maio 32% 4 -15% -1% -5%

Junho -50% -46 -43% -42% -32%

Julho -26% -9 11% -16% 33%

Agosto 281% 61 29% 8% 51%

Setembro 205% 20 -21% -17% 6%

Outubro 168% 15 -9% 2% -18%

Novembro 187% 19 -16% 10% -31%

Dezembro 112% 29 47% 58% 68%Fonte: elaboração própria.

2.1.3. ano de 1981

Em1981,aprecipitaçãomédiaanualnascincomicrorregiõessituou-seentre17%e24%abaixodasrespetivasnormaisclimatológicas,comosli-mitesdevariaçãomensalentre87%abaixoe73%acima.Nascincomicror-regiõesosmesesdemarço,maio,junho,julho,agosto,setembroeoutubroforamdeprecipitaçõesentre13%a87%abaixodanormalclimatológica;eapenasosmesesdenovembroedezembroregistraramprecipitaçõesacimadanormalclimatológica,entre8%e73%;jáosmesesdejaneiro,fevereiroeabrilapresentaramoscilaçõesnasprecipitações,variandoentre14%aci-mae9%abaixodanormalclimatológica.

Osmesesdemaioejulho,apresentaremprecipitaçõesabaixodasnor-maisclimatológicasemmaisde60%mas,deacordocomocritérioado-tado, não podem ser considerados de estiagem. Foram, contudo, meses secosemalgumasmicrorregiões:maiofoiummêsseconamicrorregiãode

Chapecócomprecipitação81%abaixodanormalclimatológica;julhonasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOesteeXanxerê,comprecipitaçõesem87%e85%abaixodasnormaisclimatológicas,respectivamente.

neste ano também não houve registro de desastres por estiagem.

quadro 74. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1981)

1981S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -24% -22% -18% -17% -23%

Janeiro -5% -8% 4% 14% -8%

Fevereiro -9% -9% 4% 5% -5%

Março -43% -40% -25% -22% -45%

Abril 14% 12% 9% -7% 9%

Maio -77% -81% X -76% -73% -75%

Junho -14% -21% -26% -23% -23%

Julho -87% X -81% -85% X -73% -64%

Agosto -44% -24% -22% -34% -13%

Setembro -37% -28% -35% -23% -30%

Outubro -56% -47% -38% -46% -39%

Novembro 15% 13% 42% 11% 8%

Dezembro 46% 54% 28% 73% 12%

Mês seco

Fonte: elaboração própria.

2.1.4. ano de 1982

Oanode1982teveumaprecipitaçãoanualnasmicrorregiõesqueva-riouentre1e9%acimadasrespetivasnormaisclimatológicas.ApenasnamicrorregiãodeSãoMigueldoOestehouvereduçãodessavariável,masemsomente4%abaixodanormalclimatológica.Osmesesapresentaramosci-laçãonaprecipitaçãoemrelaçãoanormalclimatológicaentre82%abaixoe162%acima.

Page 172: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Nascincomicrorregiõesosmesesdejaneiro,março,abril,maio,se-tembro e dezembro foram de precipitações entre 5% e 82% abaixodanormalclimatológica;enquantonosmesesdefevereiro,junho,julho,agostoenovembroapresentaramprecipitaçõesacimadasnormais cli-matológicas,entre8%e162%;oúnicomêsqueapresentou,simultane-amente,oscilaçõesacimaeabaixodanormal foioutubro,comvaloresvariandoentre15%abaixodanormalclimatológicae33%acimadanor-mal climatológica.

Emjaneirohouveestiagemclimatológicanascincomicrorregiõescomprecipitaçãoentre60%e82%abaixodanormalclimatológica,alémdisso,esse mês também foi seco na microrregião de são Miguel do oeste. tam-bém houve ocorrência de mês seco na microrregião de Joaçaba em abril, comprecipitaçõesem81%abaixodanormalclimatológica;asdemaismi-crorregiõesapesardenãoteremapresentadomêssecoemabril,foramdeprecipitaçãoemmaisde64%abaixodanormalclimatológica.Outromêsque também registrou estiagem foi setembro, mas apenas na microrregião deJoaçaba,comprecipitaçãoem78%abaixodanormalclimatológica.

Apesardeteremsidoregistradosmesesdeprecipitaçãoabaixodanor-mal climatológica, tipificando estiagememeses secos, não se verificaramdecretaçõesdesituaçãodeemergênciaoudesastreporestiagem.

quadro 75. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1982)

1982S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -4% 1% 9% 7% 8%

Janeiro -82% X -68% -60% -60% -60%

Fevereiro 32% 21% 11% 14% 39%

Março -35% -34% -36% -19% -21%

Abril -64% -69% -72% -75% -81% X

Maio -32% -30% -22% -21% -16%

Junho 69% 75% 94% 85% 71%

Julho 44% 31% 54% 8% 34%

Agosto 10% 18% 25% 52% 44%

Setembro -51% -50% -51% -54% -78%

Outubro -15% 6% 24% 33% 26%

Novembro 123% 136% 162% 135% 154%

Dezembro -37% -17% -18% -5% -7%

Estiagem climática Mês secoFonte: elaboração própria.

2.1.5. ano de 1983

Oanode1983foideprecipitaçõesanuaisentre45%e63%acimadasnormaisclimatológicasdasmicrorregiões.Osmesesapresentaramoscilaçãonasprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre48%abaixoeunsincríveis398%acima.Essefoiumanosemocorrênciadeestiagemcli-matológica, mês seco, nem registro de estiagem enquanto desastres.

Nascincomicrorregiõesosmesesdeagostoeoutubroforamdepreci-pitaçõesentre12%e48%abaixodasnormaisclimatológicas;enquantoosmesesde janeiro, fevereiro,março,abril,maio, junhoe julhoregistraramprecipitaçõesentre12%e398%acimadasnormaisclimatológicas;eomêsdesetembroapresentouoscilaçõesnasprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre2%abaixoe35%acima.

Nãohouveestiagemnasmicrorregiõesetambémnãohouvemesessecos.Éimportantenotarque,mesmocommesesemqueasprecipitaçõesforamabaixoda normal climatológica, não houve registro de desastres por estiagem em 1983.

Quadro76.Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1983)

1983S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO 45% 55% 58% 63% 49%

Janeiro 12% 14 10% 29% 19%

Fevereiro 68% 69 64% 59% 34%

Março 67% 68 61% 88% 31%

Abril 46% 45 59% 39% 28%

Maio 183% 178 138% 152% 123%

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

172

Page 173: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Junho 28% 27 52% 34% 50%

Julho 312% 373 390% 398% 371%

Agosto -43% -31 -36% -12% -48%

Setembro -2% 27 30% 27% 35%

Outubro -20% -30 -23% -30% -30%

Novembro -21% -8 12% 27% 2%

Dezembro -20% -27 -18% -27% 0%Fonte: elaboração própria.

2.1.6.Anode1984

Em1984,asprecipitaçõesanuaisforamentre1%e8%abaixodasrespetivasnormaisclimatológicas,nasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,ChapecóeJoaçaba;namicrorregiãodeXanxerêfoiexatamenteigualànormal;enamicror-regiãodeConcórdia foide10%acima.Osmesesapresentaramoscilaçãonaprecipitaçãoemrelaçãoanormalclimatológicaentre61%abaixoe131%acima.

Nas cincomicrorregiões osmeses de abril,maio, julho e outubro fo-ramdeprecipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicasentre19%e61%;apenasemjunho,agostoenovembroaprecipitaçãofoiacimadasnormaisclimatológicasentre20%e151%;jáosmesesdejaneiro,fevereiro,março,setembroedezembroapresentaramvariaçõespositivasenegativasnaspre-cipitações,osvaloresoscilaramentre46%abaixodanormalclimatológicae28%acimadanormalclimatológica.

Outubro foiomêsdemaiorreduçãodasprecipitaçõesmensais,entre33%e61%abaixodanormalclimatológica,tendosidoregistradaestiagemclimatológicanamicrorregiãodeJoaçabacom61%deprecipitaçãoabaixodanormalclimatológica.Aindanessemês,amicrorregiãodeXanxerênãoapresentouestiagempor1%deprecipitaçãoacimadolimiteparacaracte-rizaçãodofenômeno.Nasdemaismicrorregiões,aprecipitaçãonessemêsvariouentre33%e45%abaixodanormalclimatológica.Odéficitdepre-cipitaçõesnessemêschegoua244%,considerandoascincomicrorregiões.

Mantendo a tendência dos anos anteriores, mesmo com meses de chuvas abaixodanormalclimatológicaeestiagememJoaçabaemoutubronãofo-ram registrados desastres por estiagem.

quadro 77. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1984)

1984S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -8% -1% 0% 10% -3%

Janeiro 5% 8% 9% -7% -17%

Fevereiro -46% -29% 6% 7% -36%

Março -7% 8% 5% -4% 28%

Abril -29% -32% -21% -37% -10%

Maio -36% -31% -31% -19% -36%

Junho 20% 40% 55% 55% 52%

Julho -27% -15% -33% -7% -36%

Agosto 85% 121% 116% 131% 151%

Setembro 14% -6% -10% 14% -17%

Outubro -45% -46% -59% -33% -61%

Novembro 44% 41% 29% 35% 34%

Dezembro -34% -9% -8% 20% -13%

Estiagem climática

Fonte: elaboração própria.

2.1.7. ano de 1985

Em1985,ascincomicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisabai-xodasnormaisclimatológicas,entre17%e34%.Osmesesapresentaramoscilaçãonaprecipitaçãoemrelaçãoànormalclimatológicade67%abaixoa78%acima.

Nas cincomicrorregiões osmeses de janeiro, junho, julho, setembro,outubro,novembroedezembroforamdeprecipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicas entre 4% e 67%; osmeses de fevereiro e abril foram osúnicosdeprecipitaçõesacimadasnormaisclimatológicas,entre4%e78%;nosmesesdemarço,maioeagostoasprecipitaçõesoscilaramemrelaçãoasnormaisclimatológicasentre62%abaixoe42%acima.

Ca

PÍt

ulo

v

173

Page 174: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Oanode1985jácomeçoucomprecipitaçõesentre53%e67%abaixodanormalclimatológicaemjaneironascincomicrorregiões,registrandoestiagemclimatológicanasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,Chape-có,XanxerêeJoaçaba(por7%amaisdolimiteprecipitaçãoemrelaçãoa normal climatológica a microrregião de Concórdia não registrou estia-gem).Nascincomicrorregiões,mantendoatendênciadejaneiro,osme-sesdejunho,julho,setembro,outubro,novembroedezembroforamdeprecipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicasentre20%e67%,sendoque,entreessesmeses,omêsdejunhoapresentouamaiorreduçãodeprecipitação, entre 50% e 67%.Houve estiagem climatológica nomêsde dezembro na microrregião de são Miguel do oeste, com redução de 62%naprecipitaçãoemrelaçãoanormalclimatológicaenamicrorregiãode Joaçaba, com66%de reduçãodaprecipitaçãoem relação a normalclimatológica.

Destaca-seque,diferentedosanosanteriores,asprecipitaçõesacimadasnormaisclimatológicasem1985provavelmentenãoforamsuficien-tesparasuprirademandaporágua,podendoteracumulandodéficiteprejuízos,principalmentepelasprecipitaçõesabaixodasnormaisclima-tológicas que persistiram de setembro a dezembro nesse ano. no ano, nãoforamdecretadassituaçõesdeestiagem.Contudo,asdecretadasemjaneirode2006são,comcerteza,decorrentesdaestiagemocorridaemdezembro.

quadro 78. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1985)

1985S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -17% -23% -24% -21% -34%

Janeiro -67% -65% -67% -53% -62%

Fevereiro 78% 56% 52% 59% 46%

Março 23% -5% -27% 20% -31%

Abril 4% 9% 10% 10% 17%

Maio 22% -19% -39% 2% -62%

Junho -67% -67% -50% -67% -58%

Julho -4% -20% -34% -43% -43%

Agosto 42% 14% 11% 2% -47%

Setembro -30% -27% -29% -32% -38%

Outubro -56% -49% -34% -54% -39%

Novembro -58% -40% -31% -40% -29%

Dezembro -62% -53% -42% -41% -66%

Estiagem climática

Fonte: elaboração própria.

2.2. Do padrão EC sem decretação de desastre ao padrão EC com decretação de desastre (1986 a 1994)

Neste período de nove anos houve estiagens climáticas nos anos de1987e1991,emesessecosnosanosde1988,1993e1994.Umaanálisemaiscuidadosarevelaháumpadrãodetransiçãojáque,nesteperíodo:a)porumladocontinuaaocorrerestiagemclimáticaemesessecos,comose observar em quatro desses nove anos, sem que ocorra decretação de desastre por estiagem; b) por outro lado, assiste-se ao esboço de alguma relaçãoentreestiagemclimáticaedecretaçãodedesastreporestiagem(anosde1986,emconsequênciaprováveldaestiagemdedezembrode1985, e 1991).

Istosignificaqueemboraaindasejadominanteopadrãodeocorrênciade eC sem que ocorra decretação de desastre por estiagem, essa relação começa a acontecer em um ou outro caso.

2.2.1.Anode1986

O ano de 1986 também foi de precipitações anuais entre 3% a 17%abaixodasnormaisclimatológicasdascincomicrorregiões.Osmesesapre-sentaram oscilação na precipitação em relação anormal climatológica mensal deentre83%abaixoe61%acima.

Nascincomicrorregiõesosmenoresvolumesdeprecipitaçõesforamre-gistradosemjunho,julhoeoutubro,variandoentre24%e83%abaixodasnormais climatológicas, considerandoasprecipitações totais.Omêsmaisgravefoijunho,comdéficitem337%.Porsuavez,oúnicomêsemqueas

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

174

Page 175: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

chuvas foram acima das normais climatológicas foi abril, com valores entre 10%e61%.Nosmesesjaneiro,fevereiro,março,maio,agosto,setembro,novembroedezembroocorreuprecipitaçãooscilanteentre47%abaixoe47%acimadasnormaisclimatológicas.

Omêsde janeiroapresentouprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaiscli-matológicasentre15%abaixoe4%acima.Contudo,odéficitacumuladoentreosmesesdesetembroedezembrode1985,comprecipitaçõesabai-xodasnormaisclimáticas,atingiunofinaldesseperíodoodéficitdeentre137%e207%nascincomicrorregiões.Essasituaçãojustificaosdesastresocorridosjáemjaneirode1986.

Junhofoiomêscomasprecipitaçõesmaisabaixodasnormaisclimatoló-gicas,entre48%e83%,tendosidoos83%deprecipitaçõesabaixodanor-mal climatológica registrado na microrregião de Joaçaba, a qual registrou um mêsseco.Nomêsdedezembropredominaramasprecipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicas,entre30%e47%,comexceçãodamicrorregiãodeJoaçabaqueapresentouprecipitaçãoem3%acimadanormalclimatológica.

de acordo com os dados apresentados sobre os registros de desastres deestiagem(Quadro71),podemosobservarque1986éoanodosprimei-rosregistrosoficiaisdedesastreporestiagem,noperíodode1979a2013.Nomêsde janeiroasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,ChapecóeConcórdia decretaram estado de calamidade pública. Porém, conforme os dadosclimáticos,apenasasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOesteeJoaçabaapresentaramumareduçãonaprecipitaçãoacimade60%emrelaçãoanor-mal climatológica.

Assim,emSãoMigueladecretaçãoestáemconcordânciaevem,comcerteza, na decorrência do período de estiagem ocorrido em dezembro de1985.Osdecretosdasdemaismicrorregiões se justificam, comcer-teza,devidoaodéficitdeprecipitaçãoacumuladoentresetembroede-zembro de 2015. Pode-se assinalar, contudo, que tanto em Joaçaba (que tambémteveestiagem)eXanxerê(comnormaisclimatológicassimilaresasdasmicrorregiõesdeChapecóeConcórdia)nãohouvedecretaçãodeestiagem nesse ano.

quadro 79. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1986)

1986S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -3% -7% -10% -13% -17%

Janeiro -2% -5% 4% -15% -14%

Fevereiro 6% -13% 13% -24% 16%

Março 47% 10% -10% 20% -29%

Abril 61% 58% 42% 60% 10%

Maio 47% 46% 43% 32% -5%

Junho -48% -64% -73% -68% -83% X

Julho -24% -53% -54% -60% -70%

Agosto -11% 7% -1% 3% -7%

Setembro 0% 16% 16% 15% -9%

Outubro -38% -49% -43% -44% -39%

Novembro -15% 2% -4% -12% 9%

Dezembro -39% -30% -46% -47% 3%

Mês secoFonte: elaboração própria.

2.2.2. ano de 1987

Oanode1987manteveatendênciadosanosde1985e1986,compre-cipitaçõesanuaisabaixodasnormaisclimatológicasnasváriasmicrorregiões,contudo,menosacentuadas,entre2%e8%;aúnicaexceçãofoiamicror-regiãodeConcórdia,comprecipitaçãoemapenas1%acimadanormalcli-matológica. os meses apresentaram oscilação na precipitação em relação a normalclimatológicaentre74%abaixoe128%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesescomprecipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicasforammarço,agosto,setembroenovembro,comvariaçõesentre6%e74%;oúnicomêsemquepredominouprecipitaçõesacimadanormalclimatológica foimaio,entre31%e128%.Osmesesde janeiro,fevereiro,abril,junho,julho,outubroedezembroapresentaramoscilaçõesnasprecipitaçõesvariandoemrelaçãoasnormaisclimatológicasentre34%abaixoe67%.

Ca

PÍt

ulo

v

175

Page 176: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

quadro 80. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1987)

1987S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -2% -2% -4% 1% -8%

Janeiro 12% 12% 10% 11% -1%

Fevereiro 34% 25% -8% -15% 8%

Março -46% -61% -65% -61% -62%

Abril 58% 37% 10% 67% -11%

Maio 31% 67% 108% 88% 128%

Junho -16% -15% 3% -6% 2%

Julho 48% -8% -25% -5% -34%

Agosto -37% -33% -6% -24% -14%

Setembro -73% -74% -68% -71% -59%

Outubro -14% 7% 3% 24% -5%

Novembro -9% -22% -28% -34% -32%

Dezembro -10% 9% -4% 18% -26%

Estiagem climática

Fonte: elaboração própria.

o mês de setembro foi o que registrou a maior redução da precipitação, entre59%e74%,abrangendoascincomicrorregiões,comregistrodees-tiagemclimatológicanasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,Chapecó,XanxerêeConcórdia.AmicrorregiãodeJoaçabanãoapresentouestiagempor1%acimadovalordereferênciadecaracterizaçãodofenômeno.Con-siderandoo total das cincomicrorregiõesodéficit deprecipitaçãodessemêsfoide344%.Nesseanonãohouveregistrodedesastresporestiagem.

2.2.3. ano de 1988

Aindamantendoatendênciadosanosde1985,1986e1987,oanode1988 apresentou precipitações anuais abaixo das normais climatológicasdasmicrorregiões,entre17%e27%.Osmesesapresentaramoscilaçãonaprecipitaçãoemrelaçãoanormalclimatológicaentre94%abaixoe109%acima.

Nas cincomicrorregiões osmeses de fevereiro,março, julho, agosto,setembro,outubroenovembroforamdeprecipitaçõesentre6%e91%abaixodasnormais climatológicas; apenas emabril emaio aprecipitaçãofoiacimadasnormaisclimatológicas,entre22%e109%.Osdemaismesesapresentaramvariaçõesnaprecipitaçãomenoresounãosimultâneas,entre9%acimae29%abaixodanormalclimatológica.

Osmesesdemarço,julhoeagosto,alémdeapresentaremprecipitaçãoabaixodasnormaisclimatológicasentre47%e94%,tambémforamsecos.NomêsdesetembrofoiregistradoestiagemclimáticanaMicrorregiãodeXanxerê, comprecipitações 62%abaixo das normais climatológicas. Porentre4%e11%deprecipitaçõesacimadolimiteparacaracterizarestia-gem,asmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,ChapecóeConcórdianãoregistraram o fenômeno em setembro. os meses mais críticos, nesse sen-tido,foramjulhoeagosto,comprecipitaçõesentre84%e91%abaixodasnormais climatológicas.

Apesardosmesescomprecipitaçõesabaixodasnormaisclimáticasnãohouve registro de desastres desencadeados por estiagem.

quadro 81. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1988)

1988S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -24% -25% -19% -27% -17%

Janeiro 9% -6% -11% -3% -18%

Fevereiro -27% -41% -32% -42% -19%

Março -64% X -68% X -56% -63% X -47%

Abril 55% 43% 33% 43% 22%

Maio 39% 73% 103% 57% 109%

Junho -29% -23% 1% -22% -2%

Julho -91% X -90% X -90% X -82% -94% X

Agosto -81% X -85% X -84% X -91% X -86% X

Setembro -52% -56% -62% -49% -39%

Outubro -28% -16% -10% -27% -6%

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

176

Page 177: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Novembro -29% -35% -38% -40% -57%

Dezembro -18% -27% -19% -25% 4%

Estiagem climática Mês seco

Fonte: elaboração própria.

2.2.4. anos de 1989 e 1990

Nosanosde1989a1990nãohouvenemestiagemclimáticanemregis-trosoficiaisdedesastresdotipoestiagememnenhumadasmicrorregiõesdo oeste Catarinense.

Oanode1989foideprecipitaçõesanuaisentre3%abaixoe7%acimadasnormaisclimatológicasdascincomicrorregiões.Osmesesapresentaramoscilação na precipitação em relação anormal climatológica mensal de entre 58%abaixoe91%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdeabril,maio,outubro,novembroedezembroforamdeprecipitaçõesentre58%e7%abaixodasnormaisclimatológicas; enquanto osmeses de janeiro e setembro registraramprecipitaçõesentre60%e91%acimadasnormaisclimatológicas;eosmesesde fevereiro,março, junhoe julho apresentaramoscilaçõesnasprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre50%abaixoe19%acima.

Nesteanonãohouveestiagemnasmicrorregiões,alémdenãoterhavidomês seco. também não houve registro de desastres por estiagem em 1989.

quadro 82. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1989)

1989S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO 7% -1% 2% -3% -2%

Janeiro 84% 80 71% 91% 61%

Fevereiro 19% 6 15% -5% 8%

Março -13% -3 9% 26% 4%

Abril -15% -21 -25% -26% -7%

Maio -41% -32 -19% -13% -18%

Junho 7% -21 -36% -50% -45%

Julho -12% -26 -13% -34% 8%

Agosto 85% 34 16% 4% -14%

Setembro 86% 60 88% 70% 79%

Outubro -20% -21 -14% -27% -22%

Novembro -33% -23 -21% -23% -32%

Dezembro -29% -30 -42% -51% -58%

Fonte: elaboração própria.

Oanode1990foideprecipitaçõesanuaiselevadas,entre25%a40%acimadasnormaisclimatológicasdascincomicrorregiões.Osmesesapre-sentaram oscilação na precipitação em relação anormal climatológica mensal deentre26%abaixoe123%acima.

Nascincomicrorregiõesapenasomêsde fevereiroapresentoupreci-pitaçãoabaixodasnormaisclimatológicas,entre8%e33%;enquantoosmesesde janeiro,abril,maio, junho,agosto,setembroenovembroregis-traramprecipitaçõesentre65%e129%acimadasnormaisclimatológicas;eosmesesdemarço,julho,outubroedezembroapresentaramoscilaçõesnasprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre43%abaixoe30%acima.

Nãohouveestiagemnesteanonasmicrorregiões,alémdenãoterha-vidomêsseco.Mesmocommesesemqueasprecipitaçõesforamabaixoda normal climatológica, não houve registro de desastres por estiagem em 1990.

Ca

PÍt

ulo

v

177

Page 178: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

quadro 83. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1990)

1990S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MSANO 40% 33% 26% 25% 28%

Janeiro 107% 85 72% 65% 78%

Fevereiro -19% -20 -33% -8% -26%

Março 8% 0 -8% -7% 30%

Abril 129% 121 76% 51% 58%

Maio 67% 39 37% 81% 20%

Junho 123% 100 98% 98% 87%

Julho 6% -15 -9% -43% 26%

Agosto 9% 27 39% 4% 51%

Setembro 49% 33 38% 19% 13%

Outubro -4% 6 -8% 2% 2%

Novembro 17% 22 10% 55% 31%

Dezembro 6% 2 15% -4% -8%

Fonte: elaboração própria.

2.2.5. ano de 1991

Oanode1991apresentounovamenteprecipitaçõesanuaisabaixodasnormaisclimatológicasentre17%e25%,nascincomicrorregiões.Osme-ses apresentaram oscilação na precipitação em relação anormal climatológi-caentre77%abaixoe92%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdefevereiro,março,maio,julho,se-tembro,outubroenovembroapresentaramprecipitaçõesabaixodasnor-maisclimatológicasentre2%e77%;osúnicosmesescompredomíniodeprecipitações acimadasnormais climatológicas foram junhoedezembro,variandoentre16%e92%;jáosmesesdejaneiro,abrileagostoapresenta-ram valores de precipitação oscilante em relação as normais climatológicas entre33%abaixoe25%acima.

no mês de fevereiro houve estiagem climatológica nas cinco microrre-giões,comvaloresdeprecipitaçãoentre70%e77%abaixodasnormais

climatológicas,commêsseconamicrorregiãodeXanxerê.Omêsdemarçoapresentoureduçãodaprecipitaçãoentre16%e69%,foiummêsseconamicrorregião de Concórdia.

Emabrilosvaloresdeprecipitaçãooscilaramentre5%abaixoe9%aci-madasnormaisclimatológicas,contudo,houveregistrosituaçõesdeemer-gênciaoudecalamidadepúblicaporestiagememtodasasmicrorregiõesprovavelmenteporcausadasprecipitaçõesabaixodasnormaisclimatológi-cas de fevereiro e março.

em setembro novamente houve estiagem climatológica, dessa vez nas microrregiões deXanxerê,Concórdia e Joaçaba, com a precipitação va-riandoentre62%e76%abaixodasnormaisclimatológicas,contudosemregistrodedesastres.AsmicrorregiõesdeSãoMigueldoOesteeChapecóapresentaramoscilaçãonaprecipitaçãoentre37%e53%abaixodasnor-mais climatológicas.

Dototaldemunicípiosdaáreaemestudo,68municípiosforamatingidosdevidoàsbaixasprecipitações,dosquais31decretaramsituaçãodeemer-gênciae38estadosdecalamidadepública.DeacordocomoJornalDiárioCatarinense (04/04/1991),mais de150.000moradores da zonaurbana e200.000dazonaruralforamafetadospelafaltadeabastecimentodeáguapotável.

quadro 84. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1991)

1991S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -17% -24% -22% -25% -17%

Janeiro 2% -10% 25% -17% -16%

Fevereiro -73% -75% -77% X -73% -70%

Março -31% -50% -31% -69% X -16%

Abril 9% -5% -5% 3% 5%

Maio -71% -73% -77% -77% -71%

Junho 92% 92% 76% 70% 84%

Julho -43% -44% -36% -30% -49%

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

178

Page 179: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Agosto -33% -29% -6% -15% 0%

Setembro -37% -53% -64% -62% -76%

Outubro -34% -23% -28% -10% -2%

Novembro -24% -36% -43% -47% -21%

Dezembro 46% 31% 16% 32% 46%

Estiagem climática Mês secoFonte: elaboração própria.

2.2.6.Anode1992

o ano de 1992 foi o único ano da década em que não houve estiagem. Asprecipitaçõesanuaisforamentre12%e21%acimadasnormaisclima-tológicasnasmicrorregiões.Osmesesapresentaramoscilaçãonapreci-pitaçãoemrelaçãoanormalclimatológicaqueentre59%abaixoe199%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdejaneiro,abril,outubroedezem-broforamdeprecipitaçõesentre59%e9%abaixodasnormaisclima-tológicas; enquanto osmeses de fevereiro,março,maio, junho, julho,agostoenovembroregistraramprecipitaçõesentre0%e199%acimadasnormaisclimatológicas;eomêsdesetembroapresentouoscilaçõesnasprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre20%abai-xoe5%acima.

Nãoseregistraramestiagensnesteanonasmicrorregiões.Nãohouvemeses secos. também não houve registro de desastres por estiagem em 1992.

quadro 85. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1992)

1992S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO 14% 21% 14% 17% 12%

Janeiro -49% -26 -20% -18% -25%

Fevereiro 84% 58 42% 28% 0%

Março 58% 74 67% 26% 46%

Abril -14% -30 -44% -55% -34%

Maio 77% 147 122% 150% 199%

Junho 7% 24 29% 29% 36%

Julho 38% 46 12% 48% 10%

Agosto 19% 34 40% 52% 46%

Setembro 5% -1 2% 4% -20%

Outubro -9% -31 -33% -39% -50%

Novembro 33% 31 20% 30% 15%

Dezembro -59% -42 -38% -18% -34%Fonte: elaboração própria.

2.2.7. ano de 1993

Em1993,asprecipitaçõesanuaisforamentre1%e6%acimadasnor-maisclimatológicasnasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,ChapecóeJoaçaba;eentre4%e8%abaixonasmicrorregiõesdeXanxerêeConcór-dia. os meses apresentaram oscilação na precipitação em relação anormal climatológicaquevariouentre82%abaixoe77%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdefevereiro,abril,agosto,outubroenovembroforamdeprecipitaçõesentre2%e82%abaixodasnormaisclimatológicas; osmeses de janeiro,maio, julho e setembro foram deprecipitaçõesentre1%e77%acimadasnormais climatológicas;eosmesesdemarço,junhoedezembroapresentaramvaloresdeprecipita-çãovariandoemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre30%abaixoe33%acima.

Agosto foiummês secoeodemenorvolumedasprecipitações,quese situaramentre60%e82%abaixodasnormaisclimatológicas.Apesardomês secodeagostoedeoutrosmeses comprecipitações abaixodasnormaisclimatológicas,nãohouvedeclaraçõesdeestadodeemergênciaoucalamidade pública por estiagem.

Ca

PÍt

ulo

v

179

Page 180: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Quadro86.Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1993)

1993S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MSANO 6% 1% -4% -8% 4%

Janeiro 61% 37% 49% 26% 33%

Fevereiro -8% -14% -23% -32% 0%

Março 33% 13% 5% -14% -3%

Abril -41% -47% -40% -40% -29%

Maio 47% 22% 21% 1% 45%

Junho 17% 0% -22% -20% -30%

Julho 27% 16% 3% 9% 3%

Agosto -64% -67% -60% -64% -82% X

Setembro 34% 37% 38% 21% 77%

Outubro -3% -2% -13% -2% -6%

Novembro -14% -8% -16% -10% -10%

Dezembro -12% 9% -1% 12% 12%Mês seco

Fonte: elaboração própria.

2.2.8. ano de 1994

No ano de 1994 as cinco microrregiões apresentaram precipitaçõesanuaisentre4%e29%acimadasnormaisclimatológicas.Osmesesapre-sentaram oscilação na precipitação em relação anormal climatológica entre 80%abaixoe108%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdejaneiroeagostoforamdeprecipi-taçõesentre10%e80%abaixodasnormaisclimatológicas;jánosmesesdefevereiro,abril, junho,julho,novembroedezembro,aprecipitaçãofoiacimadasnormaisclimatológicasentre4%e108%;eduranteomesesdemarço, maio, setembro e outubro os valores de precipitação variaram em relaçãoàsnormaisclimatológicasentre48%abaixoe56%acima.

Agostofoi,umavezmais,ummêsseconasmicrorregiõesdeChapecó,Xanxerê,ConcórdiaeJoaçaba,comprecipitaçãoentre77%e80%abaixo

dasnormaisclimatológicas.Nãoseverificaramregistrosdeestadodeemer-gência ou calamidade pública por estiagem, neste ano.

quadro 87. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1994)

1994S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO 29% 18% 8% 9% 4%

Janeiro -10% -34% -52% -46% -44%

Fevereiro 108% 95% 72% 91% 71%

Março 26% -4% -44% -42% -48%

Abril 8% 6% 4% 39% 4%

Maio 56% 28% 37% -2% 22%

Junho 11% 28% 15% 11% 34%

Julho 85% 73% 50% 68% 49%

Agosto -70% -77% X -80% X -80% X -80% X

Setembro 9% 2% -16% -10% -38%

Outubro 7% 3% -3% 11% -5%

Novembro 64% 59% 53% 33% 57%

Dezembro 40% 10% 36% 1% 7%

Mês seco

Fonte: elaboração própria.

2.3. Do padrão EC com decretação de desastre ao padrão decretação de desastre sem EC (1995 a 2005)

neste período de onze anos houve estiagens em sete desses anos (1995, 1998,1999,2002,2003,2004e2005)emesessecosnosanosde1996,1997, 1998, 1999, 2004 e 2005.

o que aparece como caraterístico deste período é que: a) por um lado, em alguns anos (1985, 1988, 1988-99, 2002, 2003 e 2005) mantêm-se um padrãoemqueasestiagensclimáticasde formasimultânea(mesmomês)ou diferida (mês seguinte que, por vezes, calha no ano seguinte) se fazem acompanhardedecretaçõesdedesastreporestiagem;b)poroutrolado,nos

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

180

Page 181: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

mesmosouemoutrosanoshádecretaçõesdedesastreporestiagemsemquetenhahavidoestiagemclimática(1995,1997,1999,2001-02e2003)oumêsseco(1995,2001-02e2003)ouaindasituaçõesemque(2004),sócomumaestiagemclimática emumamicrorregião, ocorremdesproporcional-mente,setedecretaçõesdedesastre,abrangendotodasasmicrorregiões.

2.3.1. ano de 1995

Jánoanode1995,ascincomicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisabaixodasnormaisclimatológicasentre12%e19%.Osmesesapre-sentaram oscilação na precipitação em relação à normal climatológica entre 87%abaixoe61%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdeabril,maio,julho,agostoenovem-broforamdeprecipitaçõesentre15%e87%abaixodasnormaisclimato-lógicas;osmesesdejaneiroesetembroforamdeprecipitaçõesentre15%e58%acimadasnormaisclimatológicas;enquantoosmesesdefevereiro,junho,outubroedezembroapresentaramprecipitaçõescomvaloresosci-lantesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre51%abaixoe40%.

Apesardeterempredominadoprecipitaçõesacimadasnormaisclimato-lógicasdenovembrode1994ajaneirode1995,emfevereironasmicrorre-giõesdeChapecóeConcórdia,houvedecretaçãodeemergênciaporestia-gem,comprecipitaçãoem10%e24%abaixodasnormaisclimatológicas,respectivamente,oquenãoconfiguraestiagemclimática.

Omês demaio, alémde apresentar precipitações entre 75%e 87%abaixodasnormaisclimatológicas,tambémfoiummêsseconasmicrorre-giõesdeXanxerê,Concórdiae Joaçaba.Emnovembro foramregistradasestiagensclimatológicasnasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,Cha-pecóeXanxerê,comvaloresdeprecipitaçõesentre62%e72%abaixodasnormaisclimatológicas.AsmicrorregiõesdeConcórdiae Joaçabanãoapresentaramestiagemclimáticanessemêspordiferençasde2%e3%deprecipitaçãoacimadovalordereferênciaparaestiagemclimática.

Omêsdedezembroapresentouprecipitaçõesentre51%abaixoe2%abaixodanormalclimatológicanasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,ChapecóeXanxerê, asquais declararamdesastresdeestiagempossivel-mente desencadeados pelos meses de anteriores, em que desde abril pre-

dominaramprecipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicas,principalmenteemnovembroquandohouveestiagemclimática.

quadro 88. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1995)

1995S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MSANO -19% -14% -17% -18% -12%

Janeiro 58% 48% 51% 15% 61%

Fevereiro 17% -10% -25% -24% 10%

Março 30% 22% 2% 4% -25%

Abril -15% -25% -29% -42% -43%

Maio -75% -81% -87% X -82% X -87% X

Junho -21% 12% 2% 40% 18%

Julho -52% -49% -39% -46% -37%

Agosto -33% -23% -37% -20% -51%

Setembro 24% 33% 50% 26% 40%

Outubro -23% -1% -10% 2% -8%

Novembro -72% -62% -65% -58% -57%

Dezembro -51% -34% -26% -37% 2%Estiagem climática Mês seco

Fonte: elaboração própria.

2.3.2.Anode1996

Em1996,ascincomicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisaci-ma da normal climatológica entre 11% e 13%.Osmeses apresentaramoscilaçãonaprecipitaçãoemrelaçãoanormalclimatológicadeentre85%abaixoe79%acima.

Nascincomicrorregiõesapenasosmesesdeabrilemaioforamdepreci-pitaçõesabaixodasnormaisclimatológicas,entre43%e72%;osmesesdejaneiro,fevereiro,março,junho,agostoedezembroforamdeprecipitaçõesentre90%e2%acimadasnormaisclimatológicas;enquantoosmesesdejulho, setembro,outubroenovembro tiveramprecipitações comvaloresoscilantes,entre41%abaixoe66%acimadasnormaisclimatológicas.

Ca

PÍt

ulo

v

181

Page 182: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Maio, na microrregião de Joaçaba, foi um mês seco, com a precipitação maisreduzidadoanonamesorregiãooeste,em85%abaixodanormalclima-tológica,havendonesseanoregistrosdeestiagensnasmesorregiõesdeCha-pecóeJoaçaba(janeiro),Chapecó(maio)eSãoMigueldoOeste(dezembro).

quadro 89. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1996)

1996S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MSANO 11% 13% 13% 11% 11%

Janeiro 76% 71% 49% 79% 49%Fevereiro 43% 36% 23% 29% 23%

Março 69% 60% 82% 60% 90%Abril -52% -60% -72% -64% -71%Maio -43% -69% -72% -73% -85% XJunho 29% 30% 42% 11% 62%Julho -18% -21% -13% -23% 2%

Agosto 41% 34% 32% 66% 6%Setembro -13% 24% 41% 28% 30%Outubro 30% 29% 31% -3% 12%

Novembro -41% -18% -22% 17% -36%Dezembro 29% 39% 40% 20% 45%

Mês seco

Fonte: elaboração própria.

2.3.3. ano de 1997

Em1997,ascincomicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisaci-madanormalclimatológica,entre21%e31%.Osmesesapresentaramos-cilaçãonaprecipitaçãoemrelaçãoanormalclimatológicaentre76%abaixoe141%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdemarço,abrilemaioforamdepre-cipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicas,entre4%e76%;osmesesdefevereiro,junho,agosto,outubroenovembroforamdeprecipitaçõesentre30%e141%acimadasnormaisclimatológicas;jáosmesesdejaneiro,julho,

setembroedezembroapresentaramvaloresoscilantes,entre17%abaixoe29%acimadasnormais climatológicas.NamicrorregiãodeSãoMigueldooeste, o mês de março foi seco, também o com maior redução da precipita-çãodoanonaMesorregiãoOeste,em76%abaixodanormalclimatológica.

Noanode1997houvedecretaçõesdedesastreporestiagemnomêsdefevereiro,nasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,Xanxerê,Concórdia,Joaçaba.NomêsdemarçohádecretaçõesnamicrorregiãodeChapecó.Nosmesesdeabrilemaio,nasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,Cha-pecó, Concórdia e Joaçaba.

quadro 90. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1997)

1997S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO 21% 28% 29% 31% 27%

Janeiro -6% -4% -12% -12% 29%

Fevereiro 53% 82% 108% 89% 60%

Março -76% X -50% -4% -45% -26%

Abril -65% -57% -57% -65% -64%

Maio -22% -21% -17% -23% -17%

Junho 30% 39% 36% 45% 46%

Julho 20% 15% 13% 19% -17%

Agosto 65% 59% 65% 76% 74%

Setembro 11% 22% 29% -9% 6%

Outubro 108% 113% 90% 141% 82%

Novembro 68% 85% 72% 84% 113%

Dezembro 17% 6% -1% 23% 14%

Mês seco

Fonte: elaboração própria.

2.3.4. ano de 1998

Em1998,ascincomicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisaci-madasnormaisclimatológicasentre32%e41%.Osmesesapresentaram

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

182

Page 183: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

oscilaçãonaprecipitaçãoemrelaçãoanormalclimatológicaentre80%abai-xoe196%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdemaio,junho,enovembroforamdeprecipitaçõesentre3%e80%abaixodasnormaisclimatológicas;jáemfe-vereiro,março,abril,agostoesetembro,asprecipitaçõesocorreramentre73%e196%acimadasnormaisclimatológicas;nosmesesdejaneiro,junho,outubroedezembrohouveoscilaçõesnaprecipitaçãovariandoemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre23%abaixoe83%acima.

quadro 91. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1998)

1998S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MSANO 32% 39% 41% 37% 40%

Janeiro -3% 45% 65% 83% 46%

Fevereiro 112% 130% 90% 153% 43%

Março 170% 128% 118% 99% 128%

Abril 78% 104% 119% 103% 196%

Maio -25% -14% -16% -3% -39%

Junho -41% -51% -51% -47% -40%

Julho 9% 0% 17% -7% 10%

Agosto 136% 135% 171% 103% 145%

Setembro 73% 69% 71% 77% 96%

Outubro 22% 20% 19% -2% 14%

Novembro -80% X -72% -72% -79% X -65%

Dezembro -23% 1% 4% -21% -6%Estiagem climática Mês seco

Fonte: elaboração própria.

Omêsdenovembroapresentouestiagemclimáticanascincomicrorre-giões,comprecipitaçõesentre65%e80%abaixodasnormaisclimatológicasemêsseconasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOesteeConcórdia,queregis-traramprecipitaçãoem80%e79%abaixodasnormaisclimatológicas.Odé-ficittotaldeprecipitaçõesdessemêsfoide368%.Somentenamicrorregiãode são Miguel do oeste foram registrados desastres de estiagem neste mês.

2.3.5. ano de 1999

Em1999,ascincomicrorregiõesapresentaramnovamenteprecipitaçõesanuaisabaixodanormalclimatológicaentre11%e23%.Osmesesapre-sentaram oscilação na precipitação em relação à normal climatológica entre 85%abaixoe46%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdemarço,maio,agosto,setembro,no-vembroedezembroapresentaramprecipitaçõesabaixodasnormaisclima-tológicasentre1%e85%;apenasomêsdeabrilejulhofoideprecipitaçõesacimadasnormaisclimatológicas,variandoentre5%e59%;enquantoosme-sesdejaneiro,fevereiro,junho,eoutubroapresentaramprecipitaçõescomvaloresoscilantesemrelaçãoanormalclimatológicaentre29%abaixoe41%acima.

Já em janeiro desse ano foram decretados desastres de estiagem nasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,ChapecóeXanxerê,queapresen-taramprecipitações variando entre 6%abaixo da normal climatológica e41%acimadanormal climatológica (ou seja, não apresentaramestiagemclimática).Estarealidade,contudo,deveserconsequênciadasestiagensdenovembro de 1998.

em março foram, novamente, registrados desastres desencadeados por estiagemclimáticanasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOesteeConcórdia,as quais apresentaram, nessemês, precipitações em 49%e 47% abaixodasnormaisclimatológicas,respectivamente(ouseja,nãotiveramestiagemclimática).

Agosto foimês seco nas cincomicrorregiões comprecipitações entre79%e85%abaixodasnormaisclimatológicas,comdéficittotaldeprecipi-taçõesem403%emrelaçãoanormalclimatológica,oquepodetercontri-buído para o registro de desastre por estiagem ocorrido na microrregião de Xanxerêemoutubro,apesardenessemêsestáterregistradoprecipitaçõesem12%acimadasnormaisclimatológicas.

OmêsdenovembroapresentouestiagemclimáticanasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,XanxerêeConcórdia,comprecipitaçõesentre63%e66%abaixodasnormaisclimatológicas.

Ca

PÍt

ulo

v

183

Page 184: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

quadro 92. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (1999)

1999S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -23% -17% -11% -11% -11%

Janeiro -6% 41% 40% 31% 19%

Fevereiro -26% -7% 7% -12% 16%

Março -49% -47% -38% -44% -35%

Abril 6% 12% 25% 55% 5%

Maio -51% -50% -52% -41% -45%

Junho 3% -8% -6% -29% 9%

Julho 46% 36% 33% 59% 36%

Agosto -81% X -79% X -79% X -79% X -85% X

Setembro -40% -41% -29% -42% -22%

Outubro -17% -12% 12% 7% 20%

Novembro -66% -56% -71% -63% -56%

Dezembro -1% -5% -6% -6% -23%

Estiagem climática Mês seco

Fonte: elaboração própria.

2.3.5. ano de 2000

Noano2000,asmicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisacimadanormalclimatológicaentre2%e6%,comexceçãodamicrorregiãodeSãoMigueldoOestequeapresentouchuvasabaixodanormalclimatológica,em6%.Osmesesapresentaramoscilaçãonaprecipitaçãoemrelaçãoanor-malclimatológicaentre36%abaixoe110%acima.

Nas cincomicrorregiõesosmeses de abril,maio, agosto e novembroforamprecipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicas,entre3%e36%;apenasnosmesesdesetembroeoutubroasprecipitaçõesforamacimadasnormaisclimatológicas,variandoentre9%e110%;jáosmesesdejaneiro,fevereiro,março,junho,julhoedezembroforamdeoscilaçõesnasprecipi-taçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre23%e27%acima.

Apesardasprecipitaçõesnoprimeirosemestredoano2000nãoterematingido limites para caracterização de estiagem climatológica, as microrre-giõesdeChapecóeJoaçabaregistraramdesastresdeestiagemmotivados,provavelmente,pelaspersistentesprecipitaçõesabaixodasnormaisclima-tológicas desde agosto de 1999, conduzindo janeiro do ano 2000 a umasituação crítica.

NamicrorregiãodeChapecó,janeirofoioprimeiromêscomprecipita-çõesacimadanormalclimatológicadesdeagostode1999,aindaassimessaprecipitaçãofoiapenas7%acimadanormal.NamicrorregiãodeJoaçabaasituação era semelhante, com a diferença de que nesse intervalo de tempo, alémdasprecipitaçõesacimadasnormaisclimatológicasemjaneiroem5%,tambémhouveamesmasituaçãoemoutubrode1999,com20%acimadasnormais climatológicas.

novamente, em março, houve registro de desastres desencadeados por estiagem,masdessaveznasmicrorregiõesdeChapecóeConcórdia,oquepodejustificar-seporpersistênciadeprecipitaçõesabaixodasnormaiscli-matológicas desde agosto de 1999. Mantendo a tendência dos meses an-teriores,abriltambémregistroudesastresporestiagemnasmicrorregiõesdeChapecóeXanxerê.Desdeagostode1999atémaiode2000,ascincomicrorregiõesacumulavamdéficitsdeprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicas entre218%e263%.Apenasno segundo semestrehouvesinaisderecuperaçãonasprecipitações.

Torna-se importante referir que o ano de 2000 consagra emaximiza,claramente, o aparecimento da dinâmica inicialmente referida: surgimento deocorrênciasdedesastreporestiagem(emváriosmeses)semquesete-nha atingido os valores de estiagem climática,muito provavelmente, porsimplesefeitocumulativodemesesanteriorescomprecipitaçõesabaixodanormal(sem,contudoatingirovalordefinidoparaconsideraçãodeestiagemclimática).Taltendênciaseráabsolutamentedominante,noúltimoperíodoconsiderado,entre2006e2013.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

184

Page 185: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

quadro 93. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2000)

2000S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MSANO -6% 2% 3% 4% 6%

Janeiro 13% 7% 3% -6% 5%

Fevereiro -18% -9% -8% -11% 4%

Março -1% -1% -8% -7% 6%

Abril -33% -24% -27% -19% -30%

Maio -18% -22% -16% -30% -36%

Junho 2% -5% -23% -1% -11%

Julho -11% 5% 0% 10% -12%

Agosto -31% -17% -3% -12% -12%

Setembro 17% 62% 92% 100% 110%

Outubro 16% 28% 34% 9% 31%

Novembro -35% -29% -21% -25% -32%

Dezembro 18% 12% -1% 18% 27%

Fonte: elaboração própria.

2.3.7. ano de 2001

Noanode2001asmicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisaci-madanormalclimatológicaentre2%e12%,comexceçãodamicrorregiãodeSãoMigueldoOeste,queregistrouprecipitaçõesem9%abaixodanor-mal climatológica. os meses apresentaram oscilação na precipitação entre 65%abaixoe66%acimadanormalclimatológica.

Nascincomicrorregiõesosmesesdeagostoedezembroforamdepreci-pitaçõesabaixodasnormaisclimatológicas,entre15%e65%;enquantoosmesesdejaneiro,fevereiro,setembroenovembroforamdeprecipitaçõesacimadasnormais climatológicas entre4%66%; jáosmesesdemarço,abril,maio,junho,julhoeoutubroapresentaramoscilaçãonaprecipitaçãoemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre24%abaixoe48%acima.

O Sistema Integrado de Informações sobreDesastres (S2ID) registra,para 2001, 37 avadans referentes a estiagem no período compreendido en-

tresetembroedezembrode2001emtodasasmicrorregiõesdoOesteCa-tarinense. alguns documentos referem-se ao período de estiagem compre-endidoentredezembrode2001ejaneirode2002.Somenteamicrorregiãode Joaçaba não apresenta registros nesse período.

Destaca-sequeomêsdeagostode2001apresentouprecipitaçõesabai-xodasnormaisclimatológicasnascincomicrorregiões,entre405e65%.Considerando o período de agosto a dezembro desse ano, apesar dos me-sescomprecipitaçõesacimadasnormaisclimatológicas,odéficitdepre-cipitaçõesfoide110%namicrorregiãodeSãoMigueldoOeste,85%namicrorregiãodeChapecó,50%namicrorregiãodeXanxerê,87%nami-crorregiãodeConcórdiaede19%namicrorregiãodeJoaçaba.

Acentua-se,pois,atendênciaquesevinhadefinindojáem2000emqueasdecretaçõesdedesastresporestiagemcomeçamocorreremváriosme-ses ao longo do ano sem que isso corresponda a equivalentes períodos de estiagemclimáticaoumesessecos.

quadro 94. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2001)

2001S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MSANO -9% 2% 12% 8% 10%

Janeiro 29% 16% 24% 31% 21%

Fevereiro 34% 53% 66% 45% 65%

Março -10% 4% 17% -6% 18%

Abril -8% 17% 43% 48% 12%

Maio -10% 4% 2% 25% 8%

Junho -16% 3% 16% 17% 3%

Julho -17% -1% 1% 4% -6%

Agosto -51% -50% -49% -65% -40%

Setembro 5% 2% 1% 9% -7%

Outubro -24% -10% 11% 0% 22%

Novembro 4% 11% 17% 5% 21%

Dezembro -44% -38% -30% -37% -15%

Fonte: elaboração própria.

Ca

PÍt

ulo

v

185

Page 186: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

2.3.8. ano de 2002

Em2002,ascincomicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisaci-madanormalclimatológicaentre1%e9%.Osmesesapresentaramosci-laçãonaprecipitaçãoemrelaçãoanormalclimatológicaentre68%abaixoe79%acima.

Nas cinco microrregiões os meses de janeiro, fevereiro, abril e julhoapresentaramprecipitaçõesentre2%e68%abaixodasnormaisclimatoló-gicas; os meses de maio, agosto, setembro, outubro e novembro foram de precipitaçõesacimadasnormaisclimatológicas,entre3%e79%;enquantoosmesesdemarço,junhoedezembromostraramprecipitaçõesoscilantesentre44%abaixoe57%acimadasnormaisclimatológicas.

Foiumanoquejácomeçoucomregistrodedesastresporestiagemnascinco microrregiões, provavelmente em consequência das precipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicas(massematingirvaloresdeestiagem)emdezembrode2001equesemantiveramatéabrilde2002,comexceçãodemarçode2002,comprecipitaçãoem2%acimadanormalclimatológicanamicrorregião de Joaçaba.

EmfevereirohouveestiagemclimáticanasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,Chapecó,XanxerêeConcórdia, comvaloresdeprecipitaçõesentre61%e68%abaixodasnormaisclimatológicas.NamicrorregiãodeJoaçaba,asprecipitaçõesficarama43%abaixodasnormaisclimatológicas,agravando a situação e levando a registro de desastre por estiagem, apesar denãoterocorridoestiagemclimáticaEmmarço,asmicrorregiõesdeCha-pecó e novamente Joaçaba registravam desastres por estiagem, com preci-pitaçõesem13%abaixodanormalclimatológicanaprimeirae2%acimanasegunda. em abril, mais um registro de desastre em Joaçaba, nesse mês com precipitaçõesem17%abaixodasnormaisclimatológicas.

As precipitações desde julho de 2001 predominantemente abaixo dasnormais climatológicas até o mês de abril de 2002 afetaram as cinco micror-regiõescomdesastresporestiagemregistradosemjaneiro,marçoeabrilnamesorregiãooeste.Noreferidoperíodo,odéficitdeprecipitaçõesfoide294%namicrorregiãodeSãoMigueldoOeste,omaisgrave;seguidopor224%nadeChapecó,198%nadeXanxerê,208%nadeConcórdiae82%na de Joaçaba.

Emsíntese,osregistrosoficiaisdeestiagemforamencontradosemtodasasmicrorregiõesdoOesteCatarinensenomêsdejaneiro.Algunsmunicí-piosdecretaramsituaçãodeemergêncianasmicrorregiõesdeChapecóeJoaçaba em fevereiro e outros municípios da microrregião de Chapecó em março. alguns registros da microrregião de Joaçaba foram feitos no mês deabril.Todasasocorrênciasdeestiagemregistradasentrejaneiroeabrilde 2002 são consequência das precipitações abaixodas normais climato-lógicas em dezembro de 2001, que se mantiveram até abril de 2002, sem que, contudo se tenham atingido valores de referência para consideração deestiagemclimática.AmetodologiautilizadaconsiderouoRelatóriodosMunicípios afetados por eventos adversos, onde se encontram as portarias homologadasdomêsdejaneiroaomêsdedezembrode2002,daDiretoriaEstadualdeDefesaCivileCentrodeOperaçõesdeDefesaCivildoEstadode santa Catarina, no qual 107 municípios decretaram situação de emergên-cia em todo o estado.

quadro 95. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2002)

2002S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO 9% 9% 1% 3% 4%

Janeiro -6% -14% -34% -26% -2%

Fevereiro -65% -61% -64% -68% -43%

Março -12% -13% -20% -14% 2%

Abril -67% -52% -47% -34% -17%

Maio 46% 44% 25% 20% 3%

Junho 27% 12% -4% 14% -44%

Julho -31% -34% -30% -31% -26%

Agosto 9% 29% 30% 30% 19%

Setembro 26% 19% 17% 12% 13%

Outubro 58% 63% 53% 47% 46%

Novembro 31% 53% 48% 53% 79%

Dezembro 57% 37% 22% 30% -1%

Estiagem climática

Fonte: elaboração própria.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

186

Page 187: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Apesardessasituaçãonoprimeirosemestrede2002,comchuvasabaixodas normais climatológicas e diversos desastres desencadeados por estia-gem,nosegundosemestrehouve recuperaçãonasprecipitaçõeseoanoencerroucomexcedentesdeprecipitações.

2.3.9. ano de 2003

Jánoanode2003,ascincomicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuais abaixodanormal climatológicaentre5%e14%.Osmeses apre-sentaram oscilação na precipitação em relação anormal climatológica entre 69%abaixoe150%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdeabril,maio, junho, julho,agosto,setembroeoutubro foramdeprecipitaçõesentre7%e69%abaixodasnormais climatológicas; nos meses de março, novembro e dezembro as pre-cipitaçõesforamacimadasnormaisclimatológicasnascincomicrorregiões,variandoentre1%e150%;osmesesdejaneiroefevereiroapresentaramprecipitações oscilantes em relação às normais climatológicas entre 35%abaixoe48%acima.

apesar do segundo semestre de 2002 ter sido de chuvas acima das normaisclimatológicasnasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOesteedeConcórdia ambas registraram desastres por estiagem em fevereiro de 2003,mesmocomprecipitaçõesacimadasnormaisclimatológicasnessemês.

Operíododeabrilaoutubrodesseanoapresentoudéficitdeprecipita-çõesvariandoentre273%e296%nascincomicrorregiões.Sendoqueamicrorregião de Concórdia registrou desastre desencadeado por estiagem climatológicaemsetembro,comprecipitaçõesnessemêsem64%abaixodas normais climatológicas.

apesar de em novembro e dezembro ter ocorrido precipitação acimas das normais climatológicas, possivelmente em virtude da persistência de precipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicasdeabrilaoutubro,nomêsde dezembro a microrregião de Chapecó registrou desastre por estiagem.

Cabe-se ressaltar que foram encontrados poucos documentos (avadans) referentesaestiagemnosmunicípiosdasmicrorregiõesdeSãoMigueldo

oeste (Palma sola), Chapecó (Coronel Freitas e Formosa do sul), Joaçaba (água doce) e Concórdia (Peritiba). não foram encontrados registros na microrregião de Joaçaba.

Quadro96.Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2003)

2003S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -5% -7% -5% -12% -14%

Janeiro 4% -15% -35% 0% -29%

Fevereiro 48% 29% 29% 11% -1%

Março 15% 15% 38% 15% 22%

Abril -23% -33% -26% -25% -16%

Maio -62% -58% -63% -56% -64%

Junho -36% -29% -25% -26% 0%

Julho -54% -46% -44% -51% -40%

Agosto -56% -55% -53% -60% -69%

Setembro -54% -56% -51% -64% -55%

Outubro -7% -10% -19% -14% -28%

Novembro 10% 18% 37% 1% 22%

Dezembro 136% 138% 150% 125% 88%

Estiagem climática

Fonte: elaboração própria.

2.3.10. ano de 2004

Oanode2004tambémfoideprecipitaçõesanuaisabaixodanormalcli-matológicanascincomicrorregiões,variandoentre12%e24%.Osmesesapresentaram oscilação na precipitação em relação a normal climatológica entre79%abaixoe42%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesde janeiro, fevereiro,março, junho,agosto e dezembro foramde precipitações entre 7%e 79%abaixo dasnormaisclimatológicas;apenasnosmesesdejulhoeoutubroforamdepre-cipitaçõesacimadasnormaisclimatológicas,entre6%e42%;osmesesde

Ca

PÍt

ulo

v

187

Page 188: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

abril,maio,setembroenovembronãoapresentaramprecipitaçõesvariandoemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre28%abaixoe39%acima.

NomêsdefevereirohouveestiagemclimáticanamicrorregiãodeSãoMiguel do oeste, tendo sido também um mês seco, com precipitação 79%abaixodasnormais climatológicas, comregistrosdedesastresporestiagem,possivelmentedevidoaodéficitacumuladonoperíododeabrilaoutubrodoanode2003,comchuvasabaixodasnormaisclimatológicas,apesar das chuvas acima das normais climatológicas nos meses de novem-bro e dezembro. A microrregião de Concórdia também apresentou precipitação 32%

abaixodanormalclimatológica,emfevereiroeregistroudesastreporestia-gem, provavelmente pelo mesmo motivo que a microrregião de são Miguel do oeste.

Emmarço,comprecipitaçõesentre29%e58%abaixodasnormaiscli-máticase apersistênciadessa situaçãodesde janeirodesse anoe, talvez,com a contribuição dos danos do período de abril a outubro de 2003 na mesmasituação,ascincomicrorregiõesregistraramdesastresporestiagem.Deabrilde2003atémarçode2004,odéficitdeprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasjáalcançava276%namicrorregiãodeSãoMigueldoOeste,237%namicrorregiãodeChapecó,215%namicrorregiãodeXanxerê,268%namicrorregiãodeConcórdiae281%namicrorregiãodeJoaçaba.

em dezembro, mais uma vez a microrregião de são Miguel do oeste apresentouestiagemclimatológicaemêsseco,comprecipitaçãoem74%abaixodanormalclimatológica.NessemesmomêsamicrorregiãodeCon-córdiaapresentouestiagemclimatológica,comprecipitaçãoem64%abaixoda normal climatológica.

quadro 97. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2004)

2004S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -24% -18% -12% -21% -14%

Janeiro -22% -7% -14% -18% -29%

Fevereiro -79% X -59% -49% -32% -48%

Março -29% -41% -58% -47% -42%

Abril 3% -2% -1% -8% -12%

Maio 20% -3% -2% -14% 14%

Junho -53% -59% -62% -69% -43%

Julho 6% 20% 42% 11% 23%

Agosto -74% -64% -58% -59% -60%

Setembro -28% -11% -6% 8% -25%

Outubro 9% 24% 29% 14% 36%

Novembro 4% 8% 39% -8% 24%

Dezembro -74% X -55% -37% -64% -35%

Estiagem climática Mês secoFonte: elaboração própria.

2.3.11. ano de 2005

Oanode2005apresentouprecipitaçãoanualentre11%abaixoe7%acimadanormalclimatológicanascincomicrorregiões.Osmesesapresen-taram oscilação na precipitação em relação à normal climatológica entre 83%abaixoe137%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdefevereiro,março,julho,novem-bro e dezembro foram de precipitações entre 26% e 83% abaixo dasnormaisclimatológicas;enquantoosmesesdeabril,maio,junhoeoutubroregistraramprecipitaçõesentre8%e137%acimadasnormaisclimatoló-gicas;eosmesesdejaneiro,agostoesetembroapresentaramoscilaçõesnasprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre44%abaixoe60%acima.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

188

Page 189: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Omêsde fevereiro foi deprecipitaçõesentre75%e83%abaixodanormal climatológica, portanto, com estiagem climatológica em todas as mi-crorregiõesetambémfoiummêsseco.EmnovembrohouveestiagemnamicrorregiãodeConcórdia,comasprecipitaçõesem60%abaixodanormalclimatológicaeemdezembroocorreuestiagemclimáticanasmicrorregiõesdeXanxerêenovamenteemConcórdia,comprecipitaçõesentre63%e61%abaixodasnormaisclimatológicas.

Nomêsdejaneiroforamidentificadosregistrosdedesastreporestiagemna microrregião de Joaçaba. em fevereiro, período coincidente de mês seco eestiagem,todasasmicrorregiõesregistraramocorrênciasdesastrosasdeestiagem. no mês de março, apenas alguns municípios de microrregião de Xanxerê registraramocorrências.NasmicrorregiõesdeConcórdia,Xan-xerêeChapecóhouvedecretaçõesdedesastreporestiagemnomêsdedezembro.

quadro 98. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2005)

2005S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -11% 1% 3% 1% 7%

Janeiro -5% 9% 18% 20% 3%

Fevereiro -81% X -78% X -79% X -83% X -75% X

Março -44% -26% -30% -26% -29%

Abril 20% 59% 61% 87% 58%

Maio 32% 40% 36% 22% 70%

Junho 137% 110% 107% 106% 27%

Julho -70% -47% -31% -30% -29%

Agosto -44% -9% 2% 6% 44%

Setembro -2% 12% 25% 2% 60%

Outubro 8% 27% 34% 31% 51%

Novembro -51% -47% -49% -60% -34%

Dezembro -50% -52% -63% -61% -51%

Estiagem climática Mês secoFonte: elaboração própria.

2.4. Afirmação do padrão de decretação de desastre sem EC (2006 a 2013)

Neste período deoito anos ocorre a afirmação do padrão de desvin-culaçãoentreestiagemclimáticaedecretaçõesdedesastreporestiagem,o que significa que níveismenores de queda pluviométrica e seu carátercumulativosãosuficientesparagerarestiagem.Asestiagenssãodecretadasemváriosmesesdoano,definindo-seumcenáriodepré-secaque,contudo,ocorresemmesmoseverificarbaixasdepluviosidadedemasiadodrásticas.

Apesardeaindahaversituaçõesemqueseverificacertarelaçãoentrees-tiagemclimáticaedecretaçãoporestiagem(comonosanosde2011e2012demonstrados no quadro 71 de dados consolidados) essa relação é bas-tantedesproporcionalemfavordadecretação. Issosignificaqueocorremdecretaçõesdeestiagememregiõesemquenãohouveestiagemclimáticae/ouasdecretaçõesprolongam-sepormesesemquenãoexistemestiagensclimáticasou,mesmo,mêsseco.Taltendênciajávinhadofinaldoperíodoanteriore,maisconcretamente,emdezembrode2005comligaçõesparajaneirode2006.

2.4.1.Anode2006

Em2006,ascincomicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisabai-xodanormalclimatológica,dessavezentre26%e30%.Osmesesapre-sentaram oscilação na precipitação em relação anormal climatológica entre 90%abaixoe46%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesde fevereiro, abril,maio, junho, ju-lho,agosto,setembroeoutubroforamdeprecipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicas,entre1%e90%;apenasosmesesdemarço,novembroedezembroregistraramprecipitaçõesacimadasnormaisclimatológicas,comvaloresentre1%e46%; jáomêsde janeiroapresentouprecipitaçõeseoscilantesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre21%abaixoe10%acima.

NesseanoforamregistradosdesastresporestiagemlogoemjaneironasmicrorregiõesdeChapecó,ConcórdiaeJoaçaba,nasquaisasprecipitaçõesoscilaramemrelaçãoanormalclimatológicaentre3%acimae21%abaixo,portanto,nãohouveestiagemclimática.

Ca

PÍt

ulo

v

189

Page 190: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Emfevereiro,comprecipitaçãoem55%abaixodanormalclimatológi-ca, a microrregião de Concórdia também registrou desastre desencadeado porestiagem.Aosmesesdejaneiroefevereirounem-secomoagravantesasprecipitaçõespredominantementeabaixodasnormaisclimatológicasnascincomicrorregiõesdesdenovembrode2005.

A situação seagravouemmaio, comprecipitaçõesentre85%e90%abaixodasnormaisclimatológicas,tambémsendoummêsseconascincomicrorregiões.Comisso,emjulhohouveregistrodedesastresporestiagememtodasasmicrorregiões,ummêsemqueasprecipitaçõesoscilaramentre50%e57%abaixodasnormaisclimatológicas.

quadro99. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2006)

2006S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -27% -28% -30% -26% -27%

Janeiro -3% 3% 10% -7% -21%

Fevereiro -53% -49% -54% -55% -33%

Março 4% 0% 6% 25% 33%

Abril -37% -49% -66% -74% -73%

Maio -85% X -89% X -90% X -89% X -89% X

Junho -41% -41% -50% -31% -59%

Julho -57% -56% -57% -50% -55%

Agosto -7% -1% -5% 0% -7%

Setembro -23% -22% -22% -24% -10%

Outubro -44% -52% -56% -56% -50%

Novembro 27% 24% 16% 46% 28%

Dezembro 1% 14% 28% 33% 17%

Mês secoFonte: elaboração própria.

2.4.2. ano de 2007

Noanode2007,asmicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisva-riandoentre9%abaixoe11%acimadasnormaisclimatológicas.Osmesesapresentaram oscilação na precipitação em relação anormal climatológica entre83%abaixoe91%acima.

Nas cincomicrorregiõesosmeses de junho, agosto e setembro e fo-ramdeprecipitaçõesentre28%e83 abaixodasnormais climatológicas;osmesesde abril,maio, julhoenovembro foramdeprecipitaçõesentre5%e77%acimadasnormaisclimatológicas;enquantoosmesesdejanei-ro, fevereiro,março, outubro e dezembro foram de precipitações entre35%abaixoe31%acimadasnormaisclimatológicas.Destaca-sequeomêsdejunhofoideprecipitaçõesespecialmentereduzidas,entre575%e83%abaixodasnormaisclimatológicas,commêsseconamicrorregiãodeSãoMigueldoOeste.Contudo,nãoháregistrosoficiaisdeestiagemnesseanona Mesorregião oeste.

quadro 100. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2007)

2007S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MSANO -9% -1% 5% 5% 11%

Janeiro -3% -12% -14% -20% 3%Fevereiro -11% -9% -21% 12% -8%

Março -35% -9% 6% 12% 22%Abril 42% 41% 77% 38% 64%Maio 63% 65% 91% 83% 82%Junho -83% X -71% -75% -57% -68%Julho 5% 21% 33% 28% 34%

Agosto -49% -39% -41% -44% -34%Setembro -57% -45% -49% -28% -43%Outubro -22% -14% -6% -6% 16%

Novembro 64% 62% 54% 58% 29%Dezembro -31% -15% -4% -20% 31%

Mês seco

Fonte: elaboração própria.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

190

Page 191: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

2.4.3. ano de 2008

Em2008ascincomicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisabai-xodanormalclimatológicaentre9%e21%.Osmesesapresentaramosci-laçãonaprecipitaçãoemrelaçãoanormalclimatológicaentre81%abaixoe85%acima.

Nas cincomicrorregiõesosmesesde janeiro, fevereiro,março,maio,julho, e dezembro foramdeprecipitações entre 12%e81%abaixo dasnormaisclimatológicas;osmesesdeabril,junhoeoutubroregistrarampre-cipitaçõesacimadasnormaisclimatológicasentre1%e85%;enquantoosmesesde agosto, setembroenovembroapresentaramprecipitaçõesqueoscilaramemrelaçãoanormalclimatológicaentre28%abaixoe9%acima.

Omêsdejulhoregistrouosmenoresvolumesdeprecipitação,emre-laçãoanormalclimatológica,variandoentre72%e81%abaixodasnor-maisclimatológicas,sendoummêsseconasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOesteeConcórdia,respectivamentecomprecipitaçõesem76%e81%abaixodasnormaisclimatológicas.

Asprecipitaçõesmensaisabaixodasnormaisclimatológicas forampre-dominantesnesseano,emfevereiroporentre2%e5%deprecipitaçõesacimadoslimitesparadefiniçãodeestiagemclimáticaasmicrorregiõesdeSãoMiguel doOeste,Chapecó eXanxerê não registraramo fenômeno.Contudo,nessemêshouveregistrodedesastresnasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOeste,Chapecó,ConcórdiaeXanxerê.

Nomêsdemarçoháapenasdoisregistrosdedesastresporestiagemnamicrorregião de são Miguel do oeste, a qual registrou nesse mês precipita-çãoem48%abaixodanormalclimatológica.Emabril,aúnicamicrorregiãoque não teve registro de ocorrência de estiagem foi Joaçaba, mês em que as cincomicrorregiõestiveramprecipitaçõesacimadasnormaisclimatológicas,entre56%e85%,acumulando,porém,danosdosmesesanteriorescomprecipitaçõespredominantementeabaixodasnormaisclimatológicasdesdejunhode2007,comdéficitdeprecipitaçõesemrelaçãoanormalclimatoló-gicanoperíodoem232%namicrorregiãodeSãoMigueldoOeste,167%namicrorregiãodeChapecó,161%namicrorregiãodeXanxerêe123%namicrorregiãodeConcórdiae49%namicrorregiãodeJoaçaba,aqualfoiademenordéficit.

Omêsdejulhofoiespecialmentegrave,comprecipitaçõesentre72%e81%abaixodasnormaisclimatológicasnascincomicrorregiões,tendosidoummêsseconasmicrorregiõesdeSãoMigueldoOesteeConcórdia.

alguns municípios da microrregião de são Miguel do oeste registram a ocorrênciadedesastreporestiagemnomêsdedezembro.Dejaneiroade-zembrode2008,osaldodeprecipitaçõesfoidedéficitemrelaçãoanormalclimatológica,em292%namicrorregiãodeSãoMigueldoOeste,218%namicrorregiãodeChapecó,de193%namicrorregiãodeXanxerê,de167%namicrorregiãodeConcórdiaede106%namicrorregiãodeJoaçaba,sem,contudo,haversequerumregistrodeestiagemclimática.Emsíntese,podeafirmar-sequesetratadeumanoemquesecomeçaadefinircommuitaclarezaaestabilizaçãodeumpadrãoemqueocorremváriasdecretaçõesdedesastreporestiagemaolongodoanosemqueocorraestiagemclimática,definindodinâmicassistémicascomplexas.

quadro 101. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2008)

2008S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -21% -16% -14% -13% -9%

Janeiro -39% -41% -35% -39% -12%

Fevereiro -58% -56% -55% -47% -39%

Março -48% -29% -39% -31% -30%

Abril 85% 61% 56% 62% 68%

Maio -63% -59% -58% -61% -57%

Junho 1% 21% 29% 62% 32%

Julho -76% X -77% -78% -81% X -72%

Agosto -18% -11% 5% -1% 9%

Setembro -22% -5% -5% 5% -26%

Outubro 23% 52% 39% 47% 53%

Novembro -22% -20% -6% -28% 2%

Dezembro -55% -53% -45% -55% -36%

Mês seco

Fonte: elaboração própria.

Ca

PÍt

ulo

v

191

Page 192: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

2.4.4. ano de 2009

Já em2009, as cincomicrorregiões apresentaramprecipitações anuaisacimadanormalclimatológicaentre4%e14%.Osmesesapresentaramoscilaçãonaprecipitaçãoemrelaçãoanormalclimatológicaentre77%abai-xoe141%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdefevereiro,março,abrilejunhofo-ramdeprecipitaçõesentre7%e77%abaixodasnormaisclimatológicas;jáos meses de maio, agosto, setembro, novembro e dezembro, foram de pre-cipitaçõesentre6%e141%acimadasnormaisclimatológicas;enquantoosmesesdejaneiro,julhoeoutubroapresentaramoscilaçõesnasprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre8%abaixoe42%acima.

Emjaneirojácomeçaramosprimeirosregistrosdedesastresdesencade-adosporestiagensnasmicrorregiõesdeChapecóeConcórdia,aprimeiranão apresentou variação na precipitação em relação a normal climatológica easegundaapresentousomente1%acimadessa.

Fevereiro também registrou desastres desencadeados por estiagens, novamentenasmicrorregiõesdeChapecóeConcórdia,mastambémnamicrorregiãodeXanxerê,nessemêsasprecipitaçõesnessasmicrorre-giõesvariaramemrelaçãoaosnormaisclimatológicasentre21%e42%abaixo.

Prosseguindo pormarço, asmicrorregiões de SãoMiguel doOeste eChapecó registraram desastres desencadeados por estiagem, com precipi-taçõesabaixodasnormaisclimatológicasem71%e52%,respectivamente,tendo esse mês sido seco na microrregião de são Miguel do oeste.

Emabril,comprecipitaçõesentre59%e77%abaixodasnormaisclima-tológicas, ocorreram registros por desastres desencadeados por estiagem nascincomicrorregiões,sendoquefoitambémummêsseconamicrorre-giãodeXanxerê,aqualapresentouprecipitaçõesem77%abaixodanormalclimatológica.

em maio novamente houve mais registros por desastres por estiagem, dessaveznasmicrorregiõesdeChapecó,Xanxerê,Concórdiae Joaçaba,nasquaisasprecipitações foramentre6%e38%acimadasnormaiscli-

matológicas. Mais uma vez, o desastre pode ter sido desencadeado pela deficienteprecipitaçãodosmesesanteriores.

Emjunho,oregimedeprecipitaçõescomeçouaapresentarrecuperação,com predomínio de meses acima das normais climatológicas, contudo, no mês de agosto houve registro de desastre desencadeado por estiagem na microrregião deXanxerê, ummês comprecipitação em36%acima dasnormais climatológicas.

os desastres desencadeados por estiagem registrados em 2009, além de possuíremcomoprováveis fatorescondicionantesasprecipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicasquepredominaramnesseanodejaneiroatéju-nho,tambémpodemterpossuídocomoagravantes,odéficitdeprecipita-çõesdoanode2008.Seforconsideradooperíododejaneirode2008atéjunhode2009odéficitdeprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatoló-gicasfoideincríveis453%namicrorregiãodeSãoMigueldoOeste,385%namicrorregião deChapecó, 3045 namicrorregião deXanxerê, 314 namicrorregiãodeConcórdiae252%namicrorregiãodeJoaçaba.

Apenascomarecuperaçãodasprecipitaçõesnosegundosemestrede2009foipossívelqueoanoencerrassecomprecipitaçõesexcedentes,ape-sar da condição anterior. assim, mantêm-se a tendência para a estabilização deumpadrãoemqueocorremváriasdecretaçõesdedesastreporestia-gemaolongodoanosemqueocorraestiagemclimática.Ocontextovemdemostrandoquea sensibilidadeda sociedadeaprecipitaçõesabaixodasnormais climatológicas aumenta mesmo com valores que não atingem o pa-râmetroparaconfiguraçãodeestiagemclimatológica.

Em2009nãoháregistrosdeestiagemclimáticanamesorregiãoOesteCatarinense.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

192

Page 193: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

quadro 102. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2009)

2009S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO 6% 4% 7% 14% 5%

Janeiro -8% 1% 10% 0% 5%

Fevereiro -40% -42% -21% -26% -7%

Março -71% X -52% -50% -46% -55%

Abril -75% -77% X -59% -75% -59%

Maio 51% 37% 33% 38% 6%

Junho -18% -35% -24% -38% -36%

Julho 6% 11% -1% 30% 42%

Agosto 57% 61% 36% 71% 48%

Setembro 63% 97% 67% 141% 96%

Outubro 2% -3% 10% -6% 0%

Novembro 73% 51% 47% 53% 6%

Dezembro 20% 7% 28% 12% 8%

Mês seco

Fonte: elaboração própria.

2.4.5. ano de 2010

Em2010,ascincomicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisabaixodanormalclimatológicaentre2%e16%.Osmesesapresentaramoscilaçãonaprecipitaçãoemrelaçãoanormalclimatológicaentre62%abaixoe130%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdeagosto,setembro,outubroenovem-broforamdeprecipitaçõesentre62%e2%abaixodasnormaisclimatológi-cas;enquantoosmesesdejaneiro,março,abril,maio,julhoedezembrore-gistraramprecipitaçõesentre3%e130%acimadasnormaisclimatológicas;eosmesesdefevereiroejunhoapresentaramoscilaçõesnasprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre14%abaixoe14%acima.

o critério de estiagem adotado pela Proteção e defesa Civil nacional só abrangeasocorrênciasdediminuiçãode,nomínimo,60%abaixodanormal

entre os meses de setembro e fevereiro (primavera e verão). seguindo esse critérionãohouveestiagemnesteanonasmicrorregiões,alémdenãoterhavidomêsseco.Seocritériofossecompreendidodebaixasuperiora60%para todos osmeses, haveria ocorrência de estiagem também em junhodesse ano na microrregião de são Miguel do oeste pela precipitação ter-se apresentadoa62%abaixodanormalclimatológicamensal.É importantenotarque,mesmocommesesemqueasprecipitaçõesforamabaixodanor-mal climatológica, não houve registro de desastres por estiagem em 2010.

quadro 103. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2010)

2010S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO 2% 9% 13% 16% 12%Janeiro 10% 24 14% 38% 25%

Fevereiro -14% -12 1% 5% -8%Março 57% 58 59% 62% 81%Abril 60% 90 104% 110% 130%Maio 3% 18 25% 38% 37%Junho -62% -59 -57% -39% -31%Julho 14% 10 12% 4% -8%

Agosto -54% -41 -37% -38% -31%Setembro -9% -7 -2% -2% -30%Outubro -11% -22 -29% -30% -19%

Novembro -59% -37 -32% -35% -33%Dezembro 90% 93 98% 91% 45%

Fonte: elaboração própria.

2.4.6.Anode2011

Em2011,ascincomicrorregiõesapresentaramprecipitaçõesanuaisaci-madanormalclimatológicaentre7%e12%,exceçãofeitaàmicrorregiãodeSãoMigueldoOeste,comprecipitaçãoanual7%abaixodanormalcli-matológica. os meses apresentaram oscilação na precipitação em relação a normalclimatológicaentre71%abaixoe152%acima.

Ca

PÍt

ulo

v

193

Page 194: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Nascincomicrorregiõesosmesesdeabril,maio,outubro,novembroedezembroforamdeprecipitaçõesentre5%e71%abaixodasnormaiscli-matológicas;enquantoosmesesdefevereiro,março,junhoeagostoapre-sentaramprecipitaçõesacimadasnormaisclimatológicasentre4%e152%;jáosmesesde janeiroe setembro, foramdeprecipitaçõesoscilantesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre26%abaixoe16%acima.

o único mês a registrar estiagem climatológica foi dezembro, nas micror-regiõesdeSãoMigueldoOeste,ChapecóeConcórdia,ondeasprecipita-çõesvariaramentre60%e71%abaixodasnormaisclimatológicas.Nessemês, as cincomicrorregiões registraramdesastresporestiagem, situaçãoque pode ter sido motivada pelos meses de outubro e novembro com pre-cipitaçõesentre6%e34%abaixodasnormaisclimatológicas,apesardosmesesdejunho,julhoeagosto,teremsidodeexcedentesdeprecipitaçõesem relação às normais climatológicas.

quadro 104. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2011)

2011S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -7% 7% 7% 11% 12%

Janeiro -21% -26% -23% -14% 16%

Fevereiro 25% 51% 53% 65% 73%

Março 11% 68% 77% 87% 45%

Abril -18% -28% -28% -28% -36%

Maio -67% -61% -65% -54% -50%

Junho 53% 55% 53% 44% 4%

Julho 68% 58% 64% 54% 82%

Agosto 35% 101% 88% 115% 152%

Setembro -20% 15% 3% -3% 10%

Outubro -8% -6% -5% -7% -26%

Novembro -34% -29% -29% -21% -33%

Dezembro -71% -60% -59% -62% -45%

Estiagem climática

Fonte: elaboração própria.

2.4.7. ano de 2012

No ano de 2012, as cinco microrregiões apresentaram precipitaçõesanuaisabaixodanormalclimatológicaentre26%e42%.Osmesesapre-sentaram oscilação na precipitação em relação a normal climatológica entre 96%abaixoe46%acima.

Nas cincomicrorregiõesosmesesde janeiro, fevereiro,março,maio,agosto,setembroenovembroapresentaramprecipitaçõesentre6%e96%abaixodasnormaisclimatológicas;nãohouvemesesemqueasprecipita-çõesforamacimadasnormaisclimatológicas,apesardosmesesdeabril,ju-nho,julho,outubroenovembroteremapresentadoprecipitaçõesvariandoentreasnormaisclimatológicasentre46%abaixoeacima.

esse foi o primeiro ano do período entre 1979 e 2013 em que não hou-vesequerummêsdeprecipitaçõesacimadasnormaisclimatológicasnascincomicrorregiões,podendotersidoumdosmaisgravesdoperíodo,poistambémacumulavadanosdosmesesdeprecipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicasdeoutubroadezembrode2011.Comessecontexto,jánomês de janeiro apresentou registro de desastres por estiagens nas cincomicrorregiões,tendoregistradoprecipitaçõesentre6%e40%abaixodasnormais climatológicas.

Omêsdemaio, alémde apresentarprecipitações abaixodasnormaisclimatológicasnascincomicrorregiões,entre61%e81%,tambémfoiummêsseconamicrorregiãodeSãoMigueldoOeste.EssasituaçãoclimáticaculminounoregistrodedesastresnessemêsnasmicrorregiõesdeSãoMi-gueldoOeste,Chapecó,ConcórdiaeJoaçaba,amicrorregiãodeXanxerênãoregistroudesastredesencadeadoporestiagem,massuasituaçãoclimá-ticaerasemelhanteàsdasdemaismicrorregiões.

Emjunho,aindapredominavamasprecipitaçõesabaixodasnormaiscli-matológicasentre17%e36%,comexceçãodamicrorregiãode Joaçabaque apresentouprecipitações6%acimadasnormais climatológicase re-gistro de desastre desencadeado por estiagem em virtude dos meses ante-rioresquedesdeoutubrode2011apresentavamprecipitaçõesabaixodasnormaisclimatológicas,situaçãosimilaradasdemaismicrorregiões.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

194

Page 195: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Omêsdeagostoregistrouprecipitaçõesentre88%e95%abaixodasnormais climatológicas e foi ummês seco nas cincomicrorregiões.Coma continuação da situação, em setembro, também com chuvas nas cinco microrregiões abaixo da normal climatológica, entre 49%e 62%, houveregistro de desastres desencadeados por estiagem em todas.

Em novembro, novamente as precipitações foram abaixo das normaisclimatológicasnascincomicrorregiões,entre43%e80%,comestiagemnasmicrorregiõesdeChapecó,Xanxerê,ConcórdiaeJoaçabaemêsseconasmicrorregiõesdeXanxerê,ConcórdiaeJoaçaba.

em dezembro, a microrregião de são Miguel do oeste registrou desastre desencadeadoporestiagem,mesmocomprecipitaçãoem44%acimadanormal climatológica.

Noanode2012houveregistrosdeestiagememtodasasmicrorregiõesdoOesteCatarinense.NomêsdemaioasmicrorregiõesdeSãoMigueldooeste, Chapecó, Concórdia e Joaçaba registraram episódios de estiagem. NomêsdejunhohásomenteregistronamicrorregiãodeJoaçaba.Apósoperíododeestiagemdomêsdeagostotodasasmicrorregiõesapresentaramocorrências no mês de setembro. somente a microrregião de são Miguel do oeste teve registro de estiagem posterior ao período seco de novembro.

Odéficitdeprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasmensaisdo ano de 2012 e o registro de desastres desencadeados por esta esboça a gravidade da situação. a microrregião de são Miguel do oeste registrou déficitde374%,amicrorregiãodeChapecóapresentou333%,amicrorre-giãodeXanxerêapresentou520%,amicrorregiãodeConcórdia466%eamicrorregiãodeJoaçaba432%.

quadro 105. Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2012)

2012S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MSANO -28% -26% -42% -38% -34%

Janeiro -40% -29% -34% -25% -6%Fevereiro -47% -34% -35% -33% -26%

Março -62% -48% -48% -27% -53%

Abril -17% 4% -27% -46% -32%Maio -81% X -72% -75% -73% -61%Junho -25% -17% -36% -23% 6%Julho 23% 24% -3% 13% -13%

Agosto -92% X -95% X -96% X -93% X -88% XSetembro -53% -56% -62% -57% -49%Outubro 19% 4% -19% -23% -21%

Novembro -43% -61% -76% X -80% X -75% XDezembro 44% 46% -8% 1% -15%

Estiagem climática Mês seco

Fonte: elaboração própria.

2.4.8. ano de 2013

No ano de 2013, as cinco microrregiões apresentaram precipitaçõesanuaisabaixodanormalclimatológicaentre12%e27%.Osmesesapre-sentaram oscilação na precipitação em relação a normal climatológica entre 54%abaixoe75%acima.

Nascincomicrorregiõesosmesesdejaneiro,fevereiro,abril,maio,ju-lho,outubro,novembroedezembroforamdeprecipitaçõesentre63%e2%abaixodasnormaisclimatológicas;enquantoosmesesdemarço,junhoeagostoregistraramprecipitaçõesentre6%e75%acimadasnormaiscli-matológicas;eomêsdesetembroapresentouoscilaçõesnasprecipitaçõesemrelaçãoàsnormaisclimatológicasentre22%abaixoe10%acima.

Mais uma vez, seguindo o critério de estiagem adotado pela Proteção e defesa Civil nacional, que apenas abrange as ocorrências de diminuição de, nomínimo,60%abaixodanormalentreosmesesdesetembroefevereiro(primaveraeverão),nãohouveestiagemclimáticanesteanonasmicrorre-giões,alémdenãoterhavidomêsseco.Seocritériofosseestendidoparabaixasuperiora60%atodososmeses,haveriaocorrênciadeestiagemtam-bémemjulhodesseanonamicrorregiãodeSãoMigueldoOeste,pelapre-cipitaçãoter-seapresentadoa63%abaixodanormalclimatológicamensal.

Asprecipitaçõesabaixodasnormaisregistradasnoprimeirosemestredoano de 2013 ocasionaram registros de desastre do tipo estiagem na micror-região de Concórdia, nos municípios de Concórdia e arabutã.

Ca

PÍt

ulo

v

195

Page 196: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Quadro106.Porcentagem de precipitação (PP) em relação à normal mensal e meses secos (MS) por microrregião (2013)

2013S.M.do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

PP MS PP MS PP MS PP MS PP MS

ANO -27% -18% -16% -12% -13%

Janeiro -42% -46 -46% -49% -27%

Fevereiro -54% -39 -18% -17% -41%

Março 6% 30 44% 38% 12%

Abril -40% -38 -53% -35% -42%

Maio -41% -44 -48% -56% -50%

Junho 37% 39 28% 8% 56%

Julho -63% -54 -59% -54% -35%

Agosto 19% 48 32% 75% 35%

Setembro -22% 4 -5% 1% 10%

Outubro -37% -21 -7% -2% -15%

Novembro -29% -30 -10% -6% -15%

Dezembro -34% -35 -32% -23% -24%Fonte: elaboração própria.

quadro 107. Precipitação (%) com relação às normais climatológicas anuais (mm)

Região S.M. do Oeste Chapecó Xanxerê Concórdia Joaçaba

Média anual (mm) 2024 1984 1956 1888 1789

1979 16% 8% 7% 5% 4%1980 76% 0% -9% -10% 3%1981 -24% -22% -18% -17% -23%1982 -4% 1% 9% 7% 8%1983 45% 55% 58% 63% 49%1984 -8% -1% 0% 10% -3%1985 -17% -23% -24% -21% -34%1986 -3% -7% -10% -13% -17%1987 -2% -2% -4% 1% -8%

1988 -24% -25% -19% -27% -17%1989 7% -1% 2% -3% -2%1990 40% 33% 26% 25% 28%1991 -17% -24% -22% -25% -17%1992 14% 21% 14% 17% 12%1993 6% 1% -4% -8% 4%1994 29% 18% 8% 9% 4%1995 -19% -14% -17% -18% -12%1996 11% 13% 13% 11% 11%1997 21% 28% 29% 31% 27%1998 32% 39% 41% 37% 40%1999 -23% -17% -11% -11% -11%2000 -6% 2% 3% 4% 6%2001 -9% 2% 12% 8% 10%2002 9% 9% 1% 3% 4%2003 -5% -7% -5% -12% -14%2004 -24% -18% -12% -21% -14%2005 -11% 1% 3% 1% 7%2006 -27% -28% -30% -26% -27%2007 -9% -1% 5% 5% 11%2008 -21% -16% -14% -13% -9%2009 6% 4% 7% 14% 5%2010 2% 9% 13% 16% 12%2011 -7% 7% 7% 11% 12%2012 -28% -26% -42% -38% -34%2013 -27% -18% -16% -12% -13%

Fonte: elaboração própria.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

196

Page 197: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

2.5. síntese

Em síntese, a confrontação entre estiagens climáticas (emeses secos)permite evidenciar, nos 35 anos analisados, uma evolução entre os seguintes padrões:a)Padrão de estiagem climática sem decretação de desastre (1979 a

1985).b)Dopadrãodeestiagemclimáticasemdecretaçãodedesastreaopa-drãodeestiagemclimáticacomdecretaçãodedesastre(1986a1994).

c)Dopadrãodeestiagemclimáticacomdecretaçãodedesastreaopa-drãodecretaçãodedesastresemestiagemclimática(1995a2005).

d)Afirmaçãodopadrãodecretaçãodedesastresemestiagemclimática(2006a2013).

aqui reside uma das principais, senão a principal, constatação deste es-tudo: a desnaturalização dos desastres por estiagem e a construção de uma hipótesederelaçãoestruturanteentreasopçõesdedesenvolvimentoeasfalhas de planejamento, por um lado, e as decretações de estiagem, poroutro.

Obviamente que esta tendência deverá ser alvo de mais pesquisa ecomprovação,especificamente,pormeiodeestudosque:a)manipulemumamaisextensaquantidadededadosclimáticose,emparticular,dadosclimáticos recolhidos apartir deestaçõesde superfície; b) realizemummaior detalhamento na avaliação da real dimensão e natureza dos dados emcada casodedecretação verificados; c) alarguemo estudo a outrasregiõesdoestado.

3. POLÍTICAS PÚBLICAS RELEVANTES

o tema de políticas públicas pode ser considerado bastante abrangente, sendodiscutidoporautoresdediversasáreasdeatuação,comoeconomia,ciênciapolítica,sociologia,antropologia,geografia,planejamento,gestãoeciênciassociaisaplicadas.Emgeral,oentendimentoincluiasrelaçõesentreasinstituiçõespolíticas,osprocessospolíticoseosconteúdosdapolíticanagestãopública.Teixeira(2002)apresentaaspolíticaspúblicascomoformasdeexercíciodopoderpolíticoerelacionadasaleis,programaselinhasdefinanciamento.

Conhecer as políticas e os atores relacionados à estiagem permite, por-tanto,ummelhorentendimentodocenárioemqueseestáinserido,contri-buindoparaacompreensãodosproblemaseàbuscadesoluções.Destaca--se anecessidadedeumavisãomultidisciplinarque seexigedaspolíticaspúblicas, uma vez que seus reflexos repercutemnas inter-relações entreestado, política, economia e sociedade (souZa,2006).

nesse sentido, é preciso considerar que atores públicos e privados com-partilhamatribuiçõeseresponsabilidadesdemaneiracomplexa,eporissoéimportantecompreenderoslimitesouospontosdeatuaçãoconjuntaparasuperardificuldadescomoaexemplificadaabaixo:

Nasáreastradicionalmenteobjetodepolíticaspúblicas[...]omunicí-piotemcompetênciacomumcomaUniãoeoEstado,aserexerci-da com a cooperação dessas esferas de poder, pela transferência de recursos,oupelacooperaçãotécnica.Atéhojenãoregulamentadas,asfronteirasentreasesferasdepoderpermanecemindefinidas,resul-tando na superposição de atividades. (teixeira, 2002, p.7).

De antemão, percebe-se que um dos desafios à gestão de risco e aoproblemadaestiageméconseguiradministrarde formaeficienteasdife-rentes políticas e atores envolvidos com a questão. Para dar conta dessa realidade este item apresenta inicialmente uma súmula das políticas públicas de Proteção e defesa Civil, de recursos hídricos; passa por outras políticas correlatas;eaofinalfazumacaraterizaçãodosatoresqueestãoenvolvidosemsuaexecução.

3.1. Políticas Federais e Estaduais de Proteção e Defesa Civil

a gestão de risco no Brasil esteve, ao longo de sua história, ordenada porpolíticaseatos legaisconcentradosnopoderexecutivo,pormeiodapublicação de decretos e Medidas Provisórias. essa concentração de atos legaisnopoderexecutivo—82%delesnãopassarampordiscussõesnoCongresso nacional (Cartagena, 2015) — indica como nossa legislação foi sempre reativa a ocorrência de desastres.

assim, o primeiro destaque é feito à década de 1940, considerada como o marco institucional de defesa civil em consequência dos efeitos da segunda GuerraMundial.Jánadécadade1960osdesastresde1966e1967,queatin-

Ca

PÍt

ulo

v

197

Page 198: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

giram a região sudeste, em especial o então estado da guanabara, também refletiramnalegislaçãoquetratavadotema.Aposturadereaçãolegalfrenteà ocorrência de desastres, mesmo que com alguma indicação de prevenção em 1988, aparenta ter permanecido nas décadas seguintes — 1990 e 2000 —emquesevêaumentarjuntoaosregistrosdedesastres(168%,CEPEDUFSC,2012),tambémosatoslegais(107%,Cartagena, 2015).

Hoje,naprimeirametadedadécadade2010,umanovareformulaçãole-galentraemcursocomaLei12.608/2012,maisumavezapósumasequên-cia de graves ocorrências de desastres — registrada a partir de novembro de2008,emSantaCatarina,eculminandocomadaregiãoserranafluminen-seemjaneirode2011,tendoaindasidogravementeafetadososestadosdealagoas e Pernambuco no ínterim.

destaca-se, porém, mesmo após quase quatro anos da promulgação da nova Política nacional de Proteção e defesa Civil sua regulamentação ainda nãofoirealizada.Assim,novasleiseplanosnacionaiscoexistemcompolí-ticas anteriores que, de forma mais ou menos direta, articulam-se (ou de-veriam articular-se) para os processos de redução de risco de desastres, de planejamentoterritorialedepreparaçãodecomunidadesmaisresilientes.

Aspolíticasnacionais,entretanto,aindanãoserefletemdeformasó-lidaearticuladanaspolíticasestaduaisemunicipais,realidadeverificada,inclusive, nas atividades de pesquisa de campo apresentadas no Capítulo VIdesterelatório.Durantetaisatividadesobservou-se,porexemplo,quemuitasdaspolíticaspúblicassãooperacionalizadascomsobreposiçõesen-treaçõesdeestadosemunicípios.Estes,porsuavez,estãoaindamuitopresos às diretrizes nacionais, sem autonomia ou iniciativa para desenvol-ver políticas locais.

3.1.1. Política nacional de Proteção e defesa Civil (PnPdeC)

a Política nacional de Proteção e defesa Civil (PnPdeC) foi instituída pelaLei12.608/2012quetambémversasobreoSistemaNacionaldeProte-ção e defesa Civil e o Conselho nacional de Proteção e defesa Civil. Como járessaltado,aleiaindadependederegulamentação,eporissonãoestãodefinidososmeiosdecumprimentoecontroledasaçõesprevistas.OsQua-dros 108 e 109 detalham o conteúdo da PnPdeC.

quadro 108. Diretrizes e objetivos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (Lei 12.608/2012)

Diretrizes (Art. 4º) Objetivos (Art. 5º)I — Atuação articulada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para redução de desastres e apoio às comunidades atingidas;

II — Abordagem sistêmica das ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação;

III — A prioridade às ações preventivas relacio-nadas à minimização de desastres;

IV — Adoção da bacia hi-drográfica como unidade de análise das ações de prevenção de desastres relacionados a corpos d’água;

V — Planejamento com base em pesquisas e estudos sobre áreas de risco e incidência de desastres no território nacional;

VI — Participação da so-ciedade civil.

I — Reduzir os riscos de desastres; II — Prestar socorro e assistência às populações atingidas por desastres; III — Recuperar as áreas afetadas por desastres; IV — Incorporar a redução do risco de desastre e as ações de proteção e defesa civil entre os elementos da gestão territorial e do planejamento das políticas setoriais; v — Promover a continuidade das ações de proteção e de-fesa civil; VI — Estimular o desenvolvimento de cidades resilientes e os processos sustentáveis de urbanização;VII — Promover a identificação e avaliação das ameaças, suscetibilidades e vulnerabilidades a desastres, de modo a evitar ou reduzir sua ocorrência;VIII — Monitorar os eventos meteorológicos, hidrológicos, geológicos, biológicos, nucleares, químicos e outros poten-cialmente causadores de desastres;IX — Produzir alertas antecipados sobre a possibilidade de ocorrência de desastres naturais;X — Estimular o ordenamento da ocupação do solo urbano e rural, tendo em vista sua conservação e a proteção da vegetação nativa, dos recursos hídricos e da vida humana;XI — Combater a ocupação de áreas ambientalmente vul-neráveis e de risco e promover a realocação da população residente nessas áreas;XII — Estimular iniciativas que resultem na destinação de moradia em local seguro;XIII — Desenvolver consciência nacional acerca dos riscos de desastre;XIV — Orientar as comunidades a adotar comportamentos adequados de prevenção e de resposta em situação de desastre e promover a autoproteção; eXV — Integrar informações em sistema capaz de subsidiar os órgãos do SINPDEC na previsão e no controle dos efeitos negativos de eventos adversos sobre a população, os bens e serviços e o meio ambiente.

Fonte: elaboração própria com dados de Brasil, 2012.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

198

Page 199: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

quadro 109. Principais competências dos entes federados fixadas pela Política Nacional de Proteção e Defesa Civil

Ações e procedimentosCompetências

União(Art. 6° e 9°)

Estados e DF(Art. 7° e 9°)

Municípios(Art. 8° e 9°)

Política Nacional de Proteção e Defesa Civil. Expedir normas

Executar em âmbito terri-

torial

Executar em âmbito local

Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil.

Coordenar em seu âmbito de atuação em articulação com os outros entes

Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil; Instituir -- --

Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil. -- Instituir --

Planejamento municipal com ações de proteção e defesa civil. -- -- Incorporar

Sistema de informações e moni-toramento de desastres.

Instituir e manter

Fornecer dados e informações

Fornecer dados e informações

Cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrên-cia de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidroló-gicos correlatos.

Instituir e manter -- --

Monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico das áreas de risco.

Realizar em articulação com os outros entes

Mapeamento das áreas de risco. Apoiar Identificar e realizar

Identificar e realizar

Estudos de identificação de amea-ças, suscetibilidades, vulnerabili-dades e risco de desastre.

Apoiar Identificar e realizar --

Estudos referentes às causas e possibilidades de ocorrência de desastres de qualquer origem, sua incidência, extensão e conse-quência.

Promover -- --

Pesquisa sobre os eventos defla-gradores de desastres. Fomentar -- --

Planos de Contingência de Pro-teção e Defesa Civil e protocolos de prevenção e alerta e de ações emergenciais.

-- Apoiar, sempre que necessário.

Elaborar e di-vulgar, quando inseridos no ca-dastro nacional

Exercícios simulados, conforme Plano de Contingência de Prote-ção e Defesa Civil.

-- -- Realizar regu-larmente

Fiscalização das áreas de risco de desastre. -- -- Promover

Novas ocupações em áreas de risco de desastre. -- -- Vedar

Intervenção preventiva e eva-cuação da população das áreas de alto risco ou das edificações vulneráveis.

-- -- Vistoriar e promover

Situação de emergência ou de estado de calamidade pública.

Instituir e manter sistema,

critérios e condições

Apoiar o reco-nhecimento Declarar

Avaliação de danos e prejuízos das áreas atingidas por desastres -- -- Proceder

Coleta, distribuição e controle de su-primentos em situações de desastre. -- -- Promover

Abrigos provisórios para assistên-cia à população em situação de desastre.

Organizar e administrar

Solução de moradia temporária às famílias atingidas por desastres. -- -- Prover

Mobilização e capacitação de radioamadores para atuação na ocorrência de desastre.

-- -- Promover

Medidas preventivas de segurança contra desastres em escolas e hos-pitais situados em áreas de risco;

Estabelecer Estabelecer Estabelecer

Desenvolvimento de material didático-pedagógico relacionado ao desenvolvimento da cultura de prevenção de desastres.

Apoiar a comunidade

docente-- --

Informação à população, capaci-tação de recursos humanos, cul-tura de prevenção.

Estimular Estimular Manter ações

Fonte: elaboração própria com dados de Brasil, 2012.

Ca

PÍt

ulo

v

199

Page 200: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

3.1.2.ExecuçãodaPNPDECePlanoEstadualdeProteçãoeDefesaCivil

Emtermosdepolíticasestaduais,aLeiFederal12.608/12postulaqueaosestadosincumbe:a)“executaraPNPDECemseuâmbitoterritorial”eb)“instituir o Plano estadual de Proteção e defesa Civil”. entretanto, são pou-casasunidadesdafederaçãoquejáiniciaram,pormeiodesuasAssembleiasLegislativas,asdiscussõesparaformalizaçãolegaldeumaPolíticaEstadualdeProteção e defesa Civil, ou a elaboração de um Plano estadual de Proteção e defesa Civil, este conforme prevê o artigo 7o. Pode-se supor que, em par-te,essainérciadeva-seàausênciadecritériosoficiaisparaimplantaçãodasaçõeseinstrumentosprevistosnacitadalei,bomcomodemecanismosdecontrole, a contribuir para a fraca operacionalização da Política nacional em muitos estados e municípios brasileiros.

Alémdisso, noque se refere especificamente aosPlanosEstaduais deProteçãoeDefesaCivil,ficaadúvidadequalsuafunçãoeaplicaçãoprática,uma vez que, semelhante ao Plano nacional de Proteção e defesa Civil, o seuescopoédefinidoporconter,“nomínimo[...]I—aidentificaçãodasba-ciashidrográficascomriscodeocorrênciadedesastres;eII—asdiretrizesde ação governamental de proteção e defesa civil no âmbito estadual, em especial no que se refere à implantação da rede de monitoramento meteo-rológico, hidrológico e geológico das bacias com risco de desastre”. nesse sentido, nota-se que Plano nacional e os Planos estaduais de Proteção e DefesaCivilficamamarradosàsocorrênciasdeasinundações,deslizamen-tos e eventos correlatos, por estarem vinculados ao “cadastro nacional de municípioscomáreassuscetíveisàocorrênciadedeslizamentosdegrandeimpacto,inundaçõesbruscasouprocessosgeológicosouhidrológicoscor-relatos”(previstanoart.6o).

NocasodeSantaCatarina,apesquisapordocumentosoficiaisquepu-dessemseridentificadoscomopolíticapúblicanosentidodefinidoporTei-xeira(2002),ouseja,relacionadasaleis,programaselinhasdefinanciamen-to,apenas identificouaçõesdecaráteroperacional inseridasnoProgramaPacto por santa Catarina (santa Catarina, 2015).

Assim, aindaquehaja a SecretariadeEstadodeDefesaCivil deSantaCatarina,epormeiodelasejamconduzidosdiversosprojetoseaçõesemgestãoderisco(aexemplodaintençãodeelaborarumPlanoDiretorEsta-dual), sua atuação ainda não é regida por, nem possui força de uma política

públicaestadual.Ouseja,semumapolíticaespecíficadeproteçãoedefesacivilqueorientedeformaestratégicaasaçõesdegestãoderisconoestado,o que se tem atualmente são desdobramentos do Programa Pacto por santa Catarina.Aanálisedadescriçãodesseprogramaresultouna identificaçãodasseguintesaçõesoperacionais(santa Catarina, 2015): •BarragemdecontençãodecheiasdoRioBraçodoTrombudo.•Sobre-elevaçãodaBarragemOesteemelhoriadaoperação—Taió.•ConstruçãodeduasbarragensnorioTrombudo.•BarragemdecontençãodecheiasdoRioTaió.•ConstruçãodeduasbarragensnoriodasPombas.•BarragemdecontençãodecheiasdoRioPerimbó.•RealizaçãodeestudossocioambientaisnosmunicípiosdeTaió,Timbó

e rio do sul.•Implantação do sistema de operação de barragens,monitoramento,mapeamentodeáreasderiscoeestrutura.

•Melhoramentoderios.•ConstruçãodebarragemdemédioportenoRioItajaí-Mirim,emBo-tuverá.

•MelhoramentoFluvialnoRioItajaí-Mirim.•AquisiçãoeinstalaçãodeumradarmeteorológicoemLontras.

espera-se que, em curto prazo, o estado de santa Catarina possa ter ela-boradaeoficializadasuaPolíticaEstadualdeProteçãoeDefesaCivil,bemcomo seu Plano estadual. seria uma maneira de fortalecer o trabalho no âm-bito da secretaria de estado de defesa Civil de santa Catarina e estabelecer seuplanejamentodeformaintegradaaoutraspolíticascorrelatas,aexemplodajásolidificadaPolíticadeRecursosHídricos,detalhadanoitemseguinte.

3.2. Políticas Federais e Estaduais de Recursos Hídricos

o modelo de gestão de recursos hídricos do Brasil baseia-se no modelo francês,quedesde1964,emsuaprimeiraleiderecursoshídricos,jácon-siderava a bacia hidrográfica comounidade geográficadeplanejamentoeintervenção (ana, 2011b). as principais diretrizes desse país fundamentam--senaparticipaçãoparaatomadadedecisõesenacobrançapelousocomoum dos instrumentos. da mesma forma, a gestão de recursos hídricos no Brasil tem como princípio a participação pública como forma de descentra-lização do poder. assim, aos comitês de bacia é dada a responsabilidade de

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

200

Page 201: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

geriratotalidadedeumabaciahidrográficaederealizaraarrecadaçãoeadestinaçãodosrecursosfinanceiros(raMos, 2005).

as leis de gestão de recursos hídricos, no Brasil, surgiram em etapas e consideraramascaracterísticasecondiçõesdecadabaciaouregiãobrasilei-ra(BARTH,1987).Até1934,aapropriaçãoeousodaságuasdecorriamdodireitodepropriedadequando,acriaçãodoCódigodeÁguas(Figura16),definiuaságuascomopúblicas,comunsouparticulares.EsseCódigo,esta-belecidopeloDecretoFederal24.643,de10dejulhode1934,foicriado

Ca

PÍt

ulo

v

201

para atender as necessidades de crescimento do país, a irrigação e as obras contraaseca.ApartirdasegundametadedoséculoXX,alémdoinventá-rio dos recursos hídricos, o Brasil também iniciou seus empreendimentos hidrelétricosegrandesconstruções.Nosanos1970e1980,oaumentodaprodução industrial e a aglomeração urbana ocasionaram a queda da quali-dadedaáguadosrios(TUCCI,2000).Assim,aConstituiçãoFederaldefiniuos recursos hídricos como bens da união e do estado, sendo deles o direito àexploraçãoepesquisa,bemcomoodeverdeprotegeretrataressesre-cursos (Brasil, 1988).

Figura16. Marcos da gestão de recursos hídricos no Brasil

Fonte: adaptado (ana, 2011a; raMos, 2005).

Page 202: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

em 1981 foi promulgada a Política nacional do Meio ambiente (PnMa) que, ao tratar sobre o meio ambiente geral, abordou também a gestão de recursoshídricos.Dentrodeseusprincípios,aságuassuperficiaisesubter-râneas,damesmaformaqueaatmosfera,osestuários,omarterritorial,osolo,osubsolo,oselementosdabiosfera,afaunaeaflora,sãoconsideradoscomo recursos ambientais.

Aleidefineosinstrumentosdegestãoe,especialmentetrêsdelesabran-gemaproteçãodaságuas.Oestabelecimentodepadrõesdequalidadeam-biental,quegerouaclassificaçãodoscursosdaáguaemclassesdeuso;aavaliação de impactos ambientais; e o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. o Código de águas, a PnMa e a Constituição Federalrepresentavamalegislaçãobrasileiradeáguasaté1997quandofoipromulgada a Política nacional de recursos hídricos.

ALeiFederal9.433de8de janeirode1997,tambémchamadadeLeidas águas, baseia-se em seis fundamentos para tratar de recursos hídricos. Essesfundamentosestabelecem,entreoutros,aáguacomonãoprivada,avaloração dos recursos hídricos, a priorização para o consumo humano e dessedentação animal. o quadro 110 resume os principais fundamentos, objetivos,diretrizeseinstrumentosdaPNRH.

quadro 110. Visão esquemática da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9433/1997)

Fundamentos(Art. 1º)

Objetivos(Art. 2º)

Diretrizes(Art. 3º)

Instrumentos(Art. 5º)

I — Domínio público

II — Valor econômico

III — Uso prioritário em períodos de escassez

IV — Uso múltiplo

V — Bacia hidrográfica como unidade de implementação

VI — Gestão descentralizada e participativa

I — Disponibilidade de água para atuais e futuras gerações

II — Uso racional / desenvolvimento sustentável

III — Prevenção e defesa contra eventos hidrológicos críticos

I — Indissociabilidade da quantidade e da qualidade

II — Adequação às diversidades regionais

III — Integração com a gestão ambiental

IV — Articulação com a gestão do uso do solo

V — Integração com a gestão dos sistemas estuarinos e zonas costeiras

VI — Articulação com o planejamento dos setores usuários e com os planejamentos governamentais

I — Planos de Recursos Hídricos

II — Enquadramento dos corpos d’água em classes de qualidade

III — Outorga do direito de uso da água

IV — Cobrança pelo uso da água

V — Sistema de informações sobre recursos hídricos

Fonte: elaboração própria com dados de sds, 2012.

3.2.1. instrumentos de gestão de recursos hídricos no Brasil

a Política nacional de recursos hídricos instituiu como instrumentos de gestão de recursos hídricos os Planos de recursos hídricos, o enquadra-mentodoscorposdeágua,aoutorgadosdireitosdeuso,acobrançapelousoderecursoshídricoseosistemadeinformaçõessobrerecursoshídricos(Brasil, 1997).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

202

Page 203: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ca

PÍt

ulo

v

203

esses instrumentos se inter-relacionam e complementam, uma vez que o estabelecimento de um apoia a implantação e fortalecimento do outro. Asprioridadesdeusodosrecursoshídricos,porexemplo,definemtantooenquadramentodoscorposd’águaquantoaoutorgadeuso.Aomesmotempo,apenasosusos sujeitosaoutorga, sãopassíveisdecobrançapelouso, conforme estabelecido pela lei.

Osistemadeinformaçõesreúneosdadosdecadastrodosusuáriosedesuasrespectivasoutorgasparaoajustedevaloreseserve,assim,debase para a construção do Plano de recursos hídricos (ou Plano de Bacia). este plano contempla algumas diretrizes dos outros quatro instrumentos. a Figura 17 demonstra a inter-relação entre os instrumentos da Política nacional.

Figura 17. Relação entre os instrumentos da Política de Recursos Hídricos

Fonte: ana, 2011d.

i. Plano de recursos hídricos

Os planos de recursos hídricos são os planos diretores da água queorientam a implantação das políticas e a gestão de recursos hídricos (ana, 2011a). a lei das águas estabelece um conteúdo mínimo para o Plano de RecursosHídricosdeumabaciahidrográfica,quedeveconter:

i — diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;II—análisedealternativasdecrescimentodemográfico,deevoluçãodeatividadesprodutivasedemodificaçõesdospadrõesdeocupaçãodo solo;iii — balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, emquantidade e qualidade, com identificação de conflitospotenciais;

iv — metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e me-lhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis;v — medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetosaseremimplantados,paraoatendimentodasmetasprevis-tas;vi — (vetado)vii — (vetado)viii — prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídri-cos;ix — diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hí-dricos;X—propostasparaacriaçãodeáreassujeitasarestriçãodeuso,comvistas à proteção dos recursos hídricos. (Brasil, 1997).

SegundorecomendaçõesdaANAparaaefetivaçãodoPlanodeBa-cia,adefiniçãodoTermodeReferência (TR)eoarranjo institucionaldeacompanhamentodaexecuçãodoplanosãoosacordosiniciaisean-teriores à elaboração do Plano de recursos hídricos. esse plano deve ainda, ter a participação dos atores e considerar as particularidades de cadabacia,por isso, sãonecessáriosacordos interinstitucionais, tam-bém chamados de “Pacto das águas” que são construídos por meio de marcos regulatórios ou convênios de integração. as etapas propostas pela ana (2013a) são: a) diagnóstico que descreva a situação atual dos recursos hídricos; b) Prognóstico que considere os cenários futuros;c)Planoque,propriamentedito, incluaosprogramas, açõesemetasde recursos hídricos; d) Monitoramento para o acompanhamento da implementação do Plano.

ii.Enquadramentodoscorposd’água

Oenquadramentodoscorposd’águatemcomoobjetivogarantirosní-veis de qualidade dos recursos hídricos (Brasil, 1997). Com base no uso daágua,esseinstrumentoestabeleceasmetascompatíveisdequalidadeque devem ser alcançadas e mantidas ao longo do tempo em determinada baciahidrográfica.Sãoatribuídasclassesdeacordocomasprioridadesdeusodaáguaecomareduçãodoscustoscomocombateàpoluição(ANA,2011a).

Page 204: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

iii. outorga dos direitos de uso

a outorga dos direitos de uso dos recursos hídricos visa assegurar o con-troledaquantidadeequalidadedosusosdaáguaeodireitoaoacessoaágua (Brasil, 1997).Como instrumento de alocação da água, a outorgadeveconsiderarasnecessidadesambientaisesocioeconômicas,osconflitosexistenteseasfuturasdemandasdeáguaemseusaspectosquantitativosequalitativos, seu uso e distribuição tanto temporal quanto espacial. Por essas características, a outorga integra a gestão de recursos hídricos e a gestão ambiental visto que suas diretrizes devem ser coincidentes com as diretri-zesdolicenciamentoambientaldosempreendimentosedemaisusuáriosdaágua(ANA,2011d).

iv. Cobrança pelo uso

Acobrançapelousoderecursoshídricostemoobjetivodeassumiraáguacomoumbemeconômico,deincentivarseuusoracionaledeconseguirrecursosparafinanciarasaçõeseplanosrelacionadosaosrecursoshídricos(Brasil,1997).Desde1979,existeacobrançaparafinsde irrigaçãoe,apartirdaLeidasÁguas,acobrançaestende-seaosdemaisusossignificativos,istoé,aquelessujeitosàoutorga.Orecursodestina-seaofinanciamentodeaçõesrelacionadasaoPlanodeRecursosHídricoseaopagamentodedes-pesasadministrativasdeinstituiçõesquecompõemoSistemaNacionaldeGerenciamentodeRecursosHídricos (SINGREH),comusoprioritárionaprópria bacia onde foi gerado (ana, 2011d).

v.Sistemadeinformações

Osistemadeinformaçõessobrerecursoshídricostemoobjetivodecon-solidaredisponibilizarosdadoseinformaçõesderecursoshídricosdefor-ma consistente e atualizada (Brasil, 1997). representa o sistema de coleta, tratamento,armazenamentoerecuperaçãodeinformaçõessobrerecursoshídricos e temas relacionados (ana, 2011a). esse sistema armazena as in-formaçõesproduzidaspelasinstituiçõespartedoSINGREHrelacionadasaospedidosdeoutorga,àsdemandaseofertashídricas,àqualidadedaáguaemtodo o país (Brasil, 1997). são partes essenciais de um sistema de infor-mações:a)Ageraçãoecontínuaatualizaçãodosdados;b)Abasededadoscom séries históricas; c)uma política que torne acessível a informação; d)o processo de tomada de decisão.

3.3. Políticas e instrumentos articulados à gestão de risco

Diferentedeoutrasáreasmaisespecíficas,aáreadaproteçãoedefesacivil (e gestão de risco e desastres) tem uma característica de muldisciplina-ridadebastanteacentuada.Talcaracterísticafazcomqueasaçõesdevamserarticuladas entre diferentes órgãos da administração pública nas três esferas depoder.Emreforçoànecessidadedearticulação,aLeiFederal12.608/12afirmaque

a PnPdC deve integrar-se às políticas de ordenamento territorial, desenvolvimentourbano,saúde,meioambiente,mudançasclimáticas,gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência e tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a promoção dodesenvolvimentosustentável(Brasil, 2012).

Maisumavez,aausênciaderegulamentaçãodaleideixalacunasparaqueessaintegraçãopossasermaisbemdefinida,nãohavendohojeindicaçõesespecíficasdequaisinstrumentosdegestãopoderiamestararticuladosparacada uma das políticas setoriais citadas.

Neste diagnóstico, portanto, estão apresentadas políticas e ações queforam identificadas—quernapesquisadocumental,querno trabalhodecampo — como realizadas de forma articulada, ou ao menos sobrepostas, àáreadeabrangênciadoestudo.Asaçõesestãovinculadasprincipalmen-te aos Ministérios da Ciência, tecnologia e inovação (MCti), das Cidades (MCidades), do desenvolvimento social e Combate à Fome (Mds) e de Minas e energia (MMe).

3.3.1. Plano nacional de gestão de riscos e resposta a desastres naturais (Pngrd)

Defineaçõesdentrodequatroáreas:(1)Resposta:socorro,assistênciae reconstrução; (2) Monitoramento e alerta: estruturação de rede nacional; (3)Mapeamento:dasáreasderisco;(4)Prevenção:obrasestruturantes.Oplanoinicialpreviaaconclusãodasaçõesem2014,masmuitasdelasforamprorrogadas (Brasil,2012).Asaçõessãodestinadasa821municípiosprio-ritários,dosquais77sãocatarinenses,e7doOeste(Brasil, 2015).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

204

Page 205: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

3.3.2. Cartas geotécnicas de aptidão

envolve o Ministério das Cidades e estabelece diretrizes para que os no-vosloteamentossejamconstruídos,definindoasáreasquenãodevemserocupadas,asáreasemqueaocupaçãodeveseguircuidadosespeciaiseasáreassemrestriçãoàocupaçãourbana,para106municípioscomhistóricodegrandesdesastresnaturaiseelevadastaxasdecrescimentopopulacional,localizados em 12 estados da Federação. (Cartagena, 2015).

3.3.3.ProjetoPluviômetrosnasComunidades

envolve o Ministério da Ciência, tecnologia e inovação e prevê a dis-tribuiçãoeinstalaçãodepluviômetrossemiautomáticosemáreasderisco,para operação da comunidade local. (Cartagena, 2015).

3.3.4.SistemadeabastecimentodeáguaemPalmitos

Faz parte do Programa Pacto por santa Catarina e trata-se de um sistema decaptaçãodeáguasuperficialcomredeadutora,estaçãodetratamentodeágua,sistemadereservação,estaçõeselevatóriaseredededistribuição.Oobjetivoéatenderademandadeconsumodeáguadeaproximadamente306famíliasnazonaruraldomunicípiodePalmitos.Geralmente,sãoagri-cultoresquenãopossuemáguaencanadaoudispõedo serviçodemodoprecário.(SANTACATARINA,2015).

3.3.5. Construção de cisternas

OProgramaPactoporSantaCatarinaapresentaduasaçõesrelacionadasà construção de cisternas.

a primeira refere-se à construção de 4.908 cisternas para reaproveita-mentodaáguadachuvaatenderá24.540pessoasde79municípiosdoOestecatarinense. serão instaladas as cisternas na abrangência das secretarias de desenvolvimento regional de Chapecó, sdr de dionísio Cerqueira, de ita-piranga, Maravilha, Palmitos, quilombo, são lourenço do oeste, são Miguel doOeste,SearaeXanxerê.AaçãodaSecretariadeEstadodaAssistênciaSocial,TrabalhoeHabitaçãocompõeoplanodeErradicaçãodaExtremaPobrezaemSantaCatarina.Investimento:R$12,3milhões.Emandamento.(santa Catarina, 2015).

Jáasegundaaçãovisabeneficiar1.632famíliasruraisquetrabalhamnas atividades de suinocultura e avicultura. as estruturas se destinam à coleta, armazenagem e utilização da água nos estabelecimentos ru-rais.Osprodutoresterãoqueterobrigatoriamenteumprojetotécnico,e receberão assistência técnica através da ePagri e outras estruturas daATER pública.O objetivo principal é o aproveitamento da água dachuva, para ser utilizada no consumo e higiene humano e animal. ao todo, serão fornecidas cisternas com capacidades individuais de 500.000 litros.OprodutorquetiverinteressedeveráencaminharopedidojuntoàEPAGRI.Aexecuçãodoprogramaserádeformaregionalizada,viaSe-cretarias de estado do desenvolvimento regional (sdr), principalmente pararegiõesdemaiorincidênciadeestiagens,taiscomoregiãooesteeextremooeste.Oprazoparapagarédecincoanos,emparcelasanuais,sendo que o produtor pode optar por realizar o pagamento à vista. o va-lortotaldoinvestimentoultrapassaosR$47milhõeseosrecursosserãodisponibilizados pelo Banco nacional de desenvolvimento econômico e Social(BNDES).OcustodecadaunidadeestáestimadoemR$28,9mil.(santa Catarina, 2015).

3.3.6.ProgramaSantaCatarinaRural(SCRural)

desde 2010 o Programa santa Catarina rural (sC rural), uma iniciativa do estado que recebe apoio do Banco Mundial, tem seu foco no desen-volvimento domeio rural.O objetivo geral do Programa é aumentar acompetitividadedasorganizaçõesdosagricultoresfamiliaresemSantaCa-tarinae,portanto,diversosconvêniosforamfirmadoscomassecretariasdeEstado.ADiretoriadeRecursosHídricosdaSDSexecutaoConvêniono 22110/2010-4para fortalecer apolíticaestadualde recursoshídricospela implantação dosmecanismos de controle dos usos das águas e dagestãonasbaciashidrográficasdoestado.Asatividades incluemoaper-feiçoamento do Sistema Estadual de Informações, o Cadastramento deUsuáriosdeRecursosHídricos,oMapeamentoHidrogeológicodoEstado,o Fortalecimento dos Comitês de Bacia, os Planos estratégicos de Bacias HidrográficaseaImplementaçãodeEstudosEstratégicoseEmergenciaisemApoioaosPlanosdeBaciasHidrográficasdoestadodeSantaCatarina.Oprazoparafinalizaçãodoprogramaé2016.

Estudos sobre a temática da gestão de risco apontam ainda quemaispolíticas,alémdascitadasnaLei12608/12,eoutrosinstrumentoslocaisde

Ca

PÍt

ulo

v

205

Page 206: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

planejamentotambémpodemseridentificadoscomointerferentesàprote-çãoedefesacivil.Cartagena(2015)listaasseguintespolíticaseações:•PolíticaNacionaldeEducaçãoAmbiental•PolíticaNacionaldeHabitação•PolíticaNacionaldeDesenvolvimentoRegional•PolíticaNacionaldeMudançasClimáticas•PolíticaNacionaldeResíduosSólidos•EstatutodaCidade•PolíticaNacionaldeSaúdeAmbiental•PlanoDiretor•LeideUsoeOcupaçãodoSolo•PlanoMunicipaldeReduçãodeRiscos•PlanodeSaneamentoBásico

3.4. Principais atores

3.4.1.PrincipaisinstituiçõespúblicaseórgãosdeProteçãoeDefesaCivil

OSistemaNacionaldeProteçãoeDefesaCivil(SINPDEC),definidopelaLei12.608/12,prevêdoisgruposdeatoresemsuaconstituição.Deumladoestão os “órgãos e entidades da administração pública federal, dos estados, do distrito Federal e dos Municípios” e de outro as “entidades públicas e privadasdeatuaçãosignificativanaáreadeproteçãoedefesacivil”(BRASIL,2012).Oartigo11damesmalei12.608/12estipulaquaisosórgãosrespon-sáveispelagerênciadoSINPEDC:

i — órgão consultivo: ConPdeC;II—órgãocentral,definidoematodoPoderExecutivofederal,comafinalidadedecoordenarosistema;iii — os órgãos regionais estaduais e municipais de proteção e defesa civil; eiv — órgãos setoriais dos 3 (três) âmbitos de governo.Parágrafoúnico.PoderãoparticipardoSINPDECasorganizaçõesco-munitáriasdecarátervoluntárioououtrasentidadescomatuaçãosig-nificativanasaçõeslocaisdeproteçãoedefesacivil.(BRASIL,2012).

Odocumentodefineaindaoquesãoedescreveasatribuiçõesparacadaum desses órgãos.

i. Órgão consultivo

Constitui-se pelo Conselho nacional de Proteção e defesa Civil como órgão colegiado integrante do Ministério da integração nacional, tendo por finalidade:

I—Auxiliarnaformulação,implementaçãoeexecuçãodoPlanoNa-cional de Proteção e defesa Civil;II—PropornormasparaimplementaçãoeexecuçãodaPNPDEC;III—Expedirprocedimentospara implementação,execuçãoemo-nitoramento da PnPdeC, observado o disposto nesta lei e em seu regulamento;iv — Propor procedimentos para atendimento a crianças, adolescen-tes,gestantes,idososepessoascomdeficiênciaemsituaçãodedesas-tre,observadaalegislaçãoaplicável;eV—Acompanharocumprimentodasdisposiçõeslegaiseregulamen-tares de proteção e defesa civil. (Brasil, 2012).

SegundoapáginaoficialnainternetdoMinistériodaIntegraçãoNacional,a atual composição do conselho inclui os seguintes órgãos e entidades:•MinistériodaIntegraçãoNacional;•CasaCivildaPresidênciadaRepública;•GabinetedeSegurançaInstitucionaldaPresidênciadaRepública;•MinistériodaDefesa;•MinistériodoPlanejamento,OrçamentoeGestão;•MinistériodasCidades;•MinistériodoDesenvolvimentoSocialeCombateàFome;•MinistériodaSaúde;•SecretariadeRelaçõesInstitucionaisdaPresidênciadaRepública;•DoisrepresentantesdosEstadoseDistritoFederal,integrantesdeór-

gãos estaduais de proteção e defesa civil;•TrêsrepresentantesdosMunicípios,integrantesdeórgãosmunicipais

de proteção e defesa civil;•Trêsrepresentantesdasociedadecivil;•Doisrepresentantesdascomunidadesatingidaspordesastres.

AmesmapáginainformaqueaúltimareuniãodoSINPDECocorreuemnovembro de 2013, mas entre os presentes nominados na ata de reunião nãohárepresentantesdasociedadeciviloudecomunidadesatingidaspordesastres (Brasil, 2013).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

206

Page 207: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

ii. Órgão central

a secretaria nacional de Proteção e defesa Civil, parte da estrutura do Ministério da integração nacional, é o órgão central do sinPdeC e respon-sávelporcoordenarasaçõesdeproteçãoedefesacivilemtodooterritórionacional. Seuorganograma,definidopeloDecreto8161/2013está repre-sentado na Figura 18.

Figura 18. Organograma da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil

Fonte: Brasil, 2015.

iii. Órgãos regionais estaduais e municipais proteção e defesa civil

o sinPdeC não estabelece hierarquia entre os órgãos federal, estaduais e municipais de proteção e defesa civil. Por isso cada unidade federativa e cadamunicípiotemautonomiaparadefinirseteráumórgãodedefesaciviledequemaneira ele estará inseridona administraçãopública local.Nãoexistemdadosoficinais sobrecomoosmunicípiosorganizamseusórgãos

de defesa civil, mas sabe-se que, principalmente em decorrência da maioria dos municípios brasileiros ser de pequeno porte, muitos não possuem uma estrutura fortalecida de defesa civil, ou sequer a possuem.

no caso do estado de santa Catarina, o órgão de proteção e defesa civil estáorganizadoemumaSecretariadeEstadodesde2011.OorganogramadaSecretariaestárepresentadonaFigura19,anterior.

Figura 19. Organograma da Secretaria de Estado de Defesa Civil de SC

Fonte: santa Catarina, 2015.

Ca

PÍt

ulo

v

207

Page 208: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

iv. Órgãos setoriais dos três âmbitos de governo

NãoháinformaçãooficialdequaissejamecomoatuamosórgãossetoriaisdentrodoSistemaNacionaldeProteçãoeDefesaCivil.Essaausênciadedefini-ção pode ser considerada como decorrência, mais uma vez, da falta de regula-mentaçãodaLei12.608/12.Igualmente,onãoestabelecimentolegalouorienta-tivoparaaatuaçãodeformasetorial,contribuiparaadificuldadedearticulaçãoentre as diferentes esferas da administração pública e seus entes federados. Nessesentido,percebe-sequeaindaháanecessidadedeestabelecerde

forma clara e precisa as diretrizes de atuação para que os diversos atores correlatos à proteção e defesa civil possam atuam com respaldo às suas açõesede formapadronizada. SemqueoSINPDECesteja fortalecidooavançonasaçõesdegestãodedesastrespodeestarcomprometido.

as diretrizes estabelecidas pelo governo federal que dizem respeito à par-ticipaçãosocial,porexemplo,parecemestarbemlongedeserematingidasnaáreadeproteçãoedefesacivil.Issoseverificapelaausênciadepresençaparitáriaentresociedadecivil,entidadespúblicaseprivadasnoConselhoNa-cional, e pela própria ausência de informação de composição do Conselho EstadualdeSantaCatarinaemsuapáginaoficialnainternet.Ficaclaroque,entreosdoisgruposdeatoresdefinidospelaLei12.608/12apenasaquelesquerepresentamas“entidadespúblicaseprivadasdeatuaçãosignificativanaáreadeproteçãoedefesacivil”são,defato,atuantesnoprocesso.

3.4.2.InstituiçõespúblicaseórgãoscolegiadosdeRecursosHídricos

APNRHconsiderouqueaáreafísicadeumabaciapodeultrapassaroslimites políticos municipais, estaduais e federais e, portanto, adotou carac-terísticasdedescentralizaçãodepoderesparaaesferadabaciahidrográficalocal. Parte do poder legislativo foi compartilhado com os Comitês de Bacia HidrográficaecomosConselhosNacionalouEstaduaisdeRecursosHídri-cos.Assim,adefiniçãodoSistemaNacionaldeGerenciamentodeRecursosHídricosdescreveasfunçõesdasinstituiçõesderecursoshídricos,deâm-bitofederal,estaduale/oulocal,noníveldabaciahidrográfica(Figura20).

em 2000, a criação da agência nacional de águas (ana) teve como ob-jetivoaimplementaçãodaPolíticaNacional,seguindoatendênciadedesen-volvimentosustentávelqueocorreranadécadaanteriornospaísesdesen-volvidos (tuCCi, 2000).

AlgumasdasatribuiçõesdaANArelacionam-seà supervisão,controleeavaliaçãodasaçõesrealizadaspormeiodaPolíticaNacionaldeRecursosHí-dricos; ao estímulo e apoio de iniciativas para a criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas;àimplementaçãodacobrançapelousodosrecursoshídricossobdomíniofederal,juntamentecomosCBH,entreoutras(BRASIL,2000).

Figura 20. Matriz Institucional do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

Fonte: ana, 2011b.

EmSantaCatarina,aLeiEstadual6.739/1985criouoConselhoEstadualde gerenciamento de recursos hídricos. anos mais tarde, a lei estadual 9.022/1993instituiuoSistemaEstadualdeGerenciamentodeRecursosHí-dricoseaLei9.748/1994criouaPolíticadeRecursosHídricosdoEstado.estas três leis estaduais foram promulgadas anteriormente à Política nacio-nalde1997,assim,algumasadequaçõesnas legislaçõesestaduais foramecontinuamsendonecessáriasparaquehajaumalinhamentolegal.

a Política nacional de recursos hídricos instituiu que a função de se-cretariaexecutivadeveserrealizadapelaAgênciadeÁguaquetemcaráterexecutivo compersonalidade jurídica e está vinculada a umComitê paraoferecersuportetécnico,administrativoefinanceiro(comoaconcretizaçãodosestudos técnicos,aorganizaçãofinanceira, agestãodocumentaledo

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

208

Page 209: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

bancodedadoseopróprioplanejamentodesuasatividades).Umcomitêdebacianãopossuipersonalidadejurídicaprópriaedemandaaexistênciadaagência de água.

ALei9.022/1993foialteradapelaLeiEstadual15.249/2010parainclusãodos Comitês de Bacia e das agências de água. ainda assim, os Comitês de Bacia continuam não sendo parte do Conselho estadual que, segundo a lei estadual, é constituído por dez entidades governamentais e dez da socieda-decivil.OscomitêspleiteiamaparticipaçãonoCERH,aexemplodoqueaconteceemestadoscomoParaná,Amazonas,DistritoFederal,MatoGros-so do sul, rio de Janeiro, rio grande do sul, entre outros.

Atualmente,ainstituiçãoestadualresponsávelpelasatividadesdegestãodos recursos hídricos é a secretaria de estado do desenvolvimento econô-micoSustentável(SDS).Aoconsideraramatriz institucionaldoSINGREH(Figura20),aSDSacumulaasfunçõesdeformulaçãodepolíticasgoverna-mentais, própria das secretarias de estado, e de apoio aos colegiados, que seriamresponsabilidadedoórgãogestor.SegundoAntunes(2008,p.63):

[...]acriaçãodeumórgãogestorderecursoshídricosemSantaCata-rina,tornariaagestãomaiseficaz,poisomesmoestariaexclusivamen-tetrabalhandocomasquestõeshídricas, istotornaoprocessomaiságil,poisdáà instituiçãomais autonomiaeconsequentementeumaestruturaadministrativaeficiente,queéoquenãotemosatualmenteno estado de santa Catarina.

OsComitêsdeBaciasHidrográficasrepresentamórgãoscolegiadosdedescentralizaçãodastomadasdedecisõesnagestãodosrecursoshídricos,ondeexisterepresentaçãodosusuáriosderecursoshídricos,dasociedadecivilorganizada,dogovernomunicipal,estadualefederal.Aáreadeatuaçãoéa totalidadedeumadadabaciahidrográficapodendoseestenderaumgrupo de bacias e sub-bacias contíguas (Brasil, 1997).

AsprincipaisfunçõesdosCBHssãodeliberativas,propositivaseconsultivas(quadro 111) realizadas por meio de debate e articulação entre seus repre-sentantes.Dentreassuasatribuições,destacam-seadearbitrarosconflitosda bacia, aprovar e implementar o plano de recursos hídricos, estabelecer os mecanismosdecobrançapelousodaáguaeoscritériosderateiodasobras(BRASIL,1997).OsComitêsdeBaciadefinem,portanto,asdiretrizesdeges-tãodosrecursoshídricosemsuaáreadeabrangência(ANA,2011c).

quadro 111. Atribuições dos comitês de bacia hidrográfica

Deliberativas

1. Arbitrar em primeira instância administrativa os conflitos pelo uso da água.

2. Aprovar o Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica e consequentemente:

• Metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade;

• Prioridades para outorga de direito de uso de recursos hídricos;

• Diretrizes e critérios gerais para cobrança; e• Condições de operação de reservatórios, visan-

do a garantir os usos múltiplos.3. Estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recur-

sos hídricos.4. Estabelecer critérios e promover o rateio de custo das

obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.

Propositivas

5. Acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimen-to de suas metas.

6. Indicar a Agência de Água para aprovação do Conselho de Recursos Hídricos competente.

7. Propor os usos não outorgáveis ou de pouca expressão ao Conselho de Recursos Hídricos competente.

8. Escolher a alternativa para enquadramento dos corpos d’água e encaminhá-la aos conselhos de recursos hídricos competentes.

9. Sugerir os valores a serem cobrados pelo uso da água.10. Propor aos conselhos de recursos hídricos a criação de

áreas de restrição de uso, com vista à proteção dos recur-sos hídricos.

11. Propor aos conselhos de recursos hídricos as prioridades para aplicação de recursos oriundos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos do setor elétrico na bacia.

Consultivas12. Promover o debate das questões relacionadas a recursos

hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes.

Fonte: elaboração própria com dados de ana, 2011c.

ao considerar os instrumentos de gestão de recursos hídricos no Brasil, os Comitês de Bacia apresentam um papel imprescindível na concretização daPolíticaNacional.AlémdeaprovaremoPlanodeRecursosHídricosjunta-mente com o Cerh, os representantes de um Comitê discutem e escolhem aalternativadeenquadramentodoscorposd’águaemsuaBaciadeatuaçãoque é, então, aprovada pelo Conselho de recursos hídricos (Brasil, 1997).

Ca

PÍt

ulo

v

209

Page 210: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Sãoelesquedefinemoscritériosparaaoutorgadaágua,asprioridadesdeusodaágua,asmetasderacionalizaçãoeacriaçãodeáreassujeitasàrestriçãodeuso.Tambémpropõemosvaloresadotadosparaacobrançapelousodosrecursoshídricosedeliberamsobreadestinaçãoespecíficaparaosrecursosarrecadados(ANA,2011c).Porfim,osistemade informaçõesderecursoshídricosserveaocomitênocontroleecompilaçãodasinformaçõesquesãobaseparaatomadadedecisõesrelacionadasaosdemaisinstrumentos.

OsComitêsdeBacia podempossuir dentrode sua estruturahierár-quicabásicaaplenária,umadiretoria,ascâmarastécnicas,osgruposdetrabalhoeasecretariaexecutiva.Aplenáriaéconstituídaportodososre-presentantes de um Comitê que elegem a composição de sua diretoria. as câmarastécnicassãoconsultivaseapoiamasdiscussõesedecisõesdaple-náriapormeiodoaprofundamentoemtemasdeinteresse.Jáosgruposdetrabalhosãocriadoscomumobjetivoespecíficoqueenvolvaaanálisedetemasquesubsidiemdecisõesdocolegiado.Asecretariaexecutivarepre-senta a estrutura de apoio operacional dos Comitês, mas que atualmente têmalgumasquestõesrelacionadasaoseuestabelecimentonoestadodesanta Catarina.

NoOesteCatarinenseexistemquatrocomitêsatuantesemsuasrespec-tivasbaciashidrográficas,abrangendoaBaciadoRiodasAntas,doRioCha-pecóeRioIrani,doRioJacutingaedoRiodoPeixe.Éimportanteressaltarque a Bacia do rio Peperi-guaçu e do rio uruguai, por cruzarem frontei-ras entre estados e, portanto, serem de domínio federal, podem constituir comitês sujeitos aoMinistériodoMeioAmbientee apoio institucionaldaagência nacional de águas. aqui serão abordadas algumas características dosórgãoscolegiadosestaduaiscujoperfil,participaçãoeatuaçãovariamdeacordo com a localidade e os representantes eleitos.

i.ComitêdoRiodasAntasdeBaciasContíguas,criadopeloDecreto653de03/09/2003

AáreadeatuaçãocompreendeaBaciadoRiodasAntaseBaciasContí-guas. abrange toda a microrregião de são Miguel do oeste e a parte oeste da microrregião de Chapecó. o Comitê não possui câmaras técnicas, mas tem propostas para a criação de uma câmara de educação ambiental. o Plano de Bacianãoestáinstituídoe,paratanto,ogrupoaguardaoapoiodaSDS.

ii.ComitêdosRiosChapecóeIrani,criadopeloDecreto3.498de08/09/2010

o Comitê atua na Bacia do rio Chapecó e do rio irani, que inclui a parte leste da microrregião de Chapecó (Bacia do rio das antas), toda a microrregião deXanxerê,partededoismunicípios(ÁguaDoceeVargemBonita)localizadosa noroeste da microrregião de Joaçaba e a parte norte da microrregião de Con-córdia.HánoComitêumacâmaratécnicatemporáriaparatrabalharasáreasdeproteção permanente (aPPs) e um grupo de apoio multidisciplinar, no entanto, atualmentenãoexistemcâmarastécnicaspermanentes.Em2009,comapoiodaSDSeexecuçãodaMPBEngenharia,foiproduzidoumplanoestratégicodegestão para a Bacia do rio Chapecó e do rio irani (santa Catarina, 2009a). Conformeodocumento,oobjetivofoipropormedidasparareverterouevitarconflitosidentificadosnosbalançoshídricosentreasdemandasdosusuárioseasofertasdisponibilizadaspelanaturezae,assim,auxiliarnodesenvolvimentodeuma base de conhecimentos e estratégias do Comitê.

iii.ComitêdoRioJacutinga,criadopeloDecreto652de03/09/2003

atua na Bacia do rio Jacutinga que abrange a parte central da microrre-gião de Concórdia e três municípios (vargem Bonita, Catanduvas e Jabo-rã) da microrregião de Joaçaba. o Comitê possui uma Câmara técnica de acompanhamento das ações do Projeto SantaCatarina Rural/Microbacias3, mas segundo o relatório de avaliação dos comitês, faltaram documentos para avaliar a regularidade legal. durante as entrevistas, o Comitê seria o únicodascincomicrorregiõesaterumPlanodeBacia,noentanto,osdo-cumentosapresentados—queforamproduzidoscomapoiodaSDSeexe-cução da MPB engenharia (santa Catarina, 2009b) — constituem um plano estratégico. É importante ressaltar a diferença entre os planos porque o estratégico do Comitê seria um passo inicial para a construção dos Planos deBacia,porsuamaisamploecomexigênciaslegalmentedescritas.

iv.ComitêdoRiodoPeixe—Decreto2.772de09/08/2001

OComitêdoRiodoPeixeabrangeapartesuldamicrorregiãodeConcórdiae a parte central da microrregião de Joaçaba. segundo o relatório de avaliação dos comitês, em 2014 o órgão colegiado possuía três Câmaras técnicas, sendo a primeira de educação ambiental em Caçador, a segunda de qualidade de água em videira e a terceira de águas subterrâneas e Captação de águas Pluviais em Joaçaba.Háprevisãodemodificaçãonacomposiçãodosrepresentantes.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

210

Page 211: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

CApíTuLO vI

diagnÓstiCo PartiCiPativo

Mário Jorge Cardoso Coelho FreitasDébora FerreiraLisangela AlbinoMario Leone KabilioSarah Marcela Chinchilla Cartagena

o diagnóstico participativo refere-se às atividades de campo realizadas comoobjetivodecomplementarevalidaras informaçõesdediagnósticocoletadas em fontes documentais. trata-se de importante parte do traba-lho por que: a) ao mesmo tempo em que valoriza o conhecimento liga-doàrealidadelocal(comunidades,instituiçõesetécnicos);b)permiteumaaproximaçãoentreospesquisadoresearealidadedapesquisa,facilitandoacompreensãodasrelaçõesentreproblemáticasesoluçõesatreladasàestia-gem;c)e,ainda,ajudaacriarumclimapropícioàindispensávelcooperaçãomultilateral,entreoinstitucionaleocomunitário,opúblicoeoprivado,oestadual e o municipal.

no item 1 estão descritos em detalhes os métodos da pesquisa. num pri-meiro momento de atividades in loco,designadapor“Entrevistas,reuniõesevisitas”,aequipedepesquisadeslocou-seacadaumadasmicrorregiões,realizoureuniõese/ouentrevistoupessoaspreviamentecontatadasevisitouoquepodedesignar-sedeboaspráticasepráticasaevitar(tudodeacordode acordo com agendamento prévio realizado pelos Coordenadores re-gionais de Proteção e defesa Civil). em um segundo momento, designado de“Oficinas”,esemprepormicrorregiões,realizaram-seencontrosdeumdia,afimdecaracterizaroproblemaesugerirsoluções,paraosquaisforamconvidados representantes de várias instituições públicas e privadas e dediversossetorescomimplicaçõesdiretasnaquestãodaestiagem.

nos itens 2 e 3 analisam-se os resultados do diagnóstico participativo, ou seja,aopiniãodosparticipantesdaoficinasobreanaturezadofenômeno;assuascausas;aspolíticaseaçõesjáempreendidasouemcurso;eassoluçõesequacionadas.

Mesmo com um questionamento tão pouco individualizante, tornou-se difícil realizaraanálisedasrespostas,porque tudoserelacionacomtudoenadaestáisolado.Issoseconstituicomoumadasprovasmaisclarasdocarátersistêmicoecomplexodaestiagem,quesemanifestadensamentein-terligado, interdependente, recorrente e circular dos debates. efetivamen-te, muito do que é relacionado como causas da estiagem ou da severidade de seus impactos, aparece mencionado nas políticas públicas, programas, projetos e/ou ações já implantadas ou em curso e nas próprias soluçõespropostas.

aquilo que parecia ser causa vira efeito e o que aparentemente é efeito viracausa.Oquepareciaumaboasolução,seerradamenteplanejada,tecni-camente desadequada ou mal implementada, vira não apenas uma causa de agravamentodoproblema,masumobstáculoparaacorretareimplantaçãode solução semelhante.

1. DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS

1.1. Entrevistas, reuniões e visitas

Asreuniõesevisitasforamrealizadasentreosdias13e17deabrilde2015,coordenadasàscincomicrorregiõesdoOesteCatarinenseeorgani-zadas com intermediação dos Coordenadores regionais de Proteção e de-fesaCivil.Osobjetivosespecíficosforamode:a)identificarboaspráticaseproblemascríticos;eb)recolherdadoseopiniõesdeinstituições,gruposeresponsáveissobreoimpactodaestiagemnaeconomialocal.

Comojásereferiu,foidiscutidocomoscoordenadoresregionaisquaisosprincipaispúblicos-alvoedeinteressedoprojeto,comopedidodequeidentificassemoutrosatoresrelevantestantoemsituaçõescríticascomoemboaspráticas,entreeles:•Produtoreslocaiseinstituiçõesderepresentaçãodeprodutoresetra-

balhadores rurais.•Agentespúblicos,agênciasderegulaçãoeprestadorasdeserviçospú-

blicos.•ComitêsdeBaciaeAssociaçõesdeMunicípios.•Iniciativaprivadae,emespecial,empresasagropecuáriasqueproces-

sam a produção local.

Ca

PÍt

ulo

vi

211

Page 212: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

•Cooperativaseoutrasorganizaçõesassociativasdeproduçãoecomer-cialização.

Asvisitasereuniõesforamagendadasnosmunicípiossededasmicror-regiõesouemmunicípiosvizinhos,eatrocadeinformaçõesfoigravadaemáudiosemprequehaviapermissãodosparticipantes.OQuadro112sinteti-zaosmunicípios,instituiçõesegruposvisitados.

quadro 112. Visitas e reuniões do diagnóstico participativo

Data Instituição / Grupo Município/localidade

13/04/15

Embrapa ConcórdiaEPAGRI Concórdia

Comitê de Bacia — Jacutinga ConcórdiaAssociação de Municípios — AMAUC Concórdia

Associação Catarinense Criadores de Suínos ConcórdiaProdutores locais IpumirimProdutores locais Lindóia do Sul

14/04/15

Sindicato dos trabalhadores rurais São Miguel do OesteCASAN São Miguel do Oeste

Comitê de Bacia — Rio das Antas São Miguel do OesteProdutores locais Vista AltaProdutores locais BandeiranteProdutores locais Bela Vista das Flores

15/04/15

Aurora Alimentos ChapecóSecretaria da Agricultura Chapecó

Sindicato dos trabalhadores rurais ChapecóEPAGRI Chapecó

Associação de Municípios — AMOSC ChapecóComitê de Bacia — Chapecó Chapecó

Produtores locais ChapecóBrasil Foods — BR Foods Chapecó

16/04/15

CASAN XanxerêSecretaria de Agricultura Xanxerê

Corpo de Bombeiros XanxerêCooperativa Agroindustrial Xanxerê

EPAGRI XanxerêColegiado de Defesa Civil — Xanxerê Xanxerê

Colegiado de Defesa Civil São Lourenço do OesteProdutores locais Bom Sucesso

17/04/15

Associação de Municípios — AMMOC JoaçabaEPAGRI Joaçaba

Comitê de Bacia — Rio do Peixe JoaçabaUNOESC Joaçaba

Defesa Civil Municipal Água DoceSecretaria de Agricultura Água Doce

Fonte: elaboração própria.

Visita de campo a uma suinocultura com fonte Caxambu e cisterna associada

Foto:MárioFreitas

a pesquisa seguiu um roteiro de questionamento semiestruturado que in-cluiuaintençãodeidentificaraspercepçõesdosparticipantesrelativamente:

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

212

Page 213: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

a) às causas da ocorrência de estiagem e causas da amplitude de seus impactos na rotina local;

b)àspolíticaspúblicasexistenteseaçõesrealizadase/ouemcurso;c)aoquefazerparaprevenirecriarresiliênciacomunitáriafrenteàestia-gem,incluindoaçõesderespostaemedidasdeadaptaçãoexistentes;

d) a outros aspectos considerados relevantes a propósito da estiagem, seus impactos e formas de lidar com ela.

1.2. Oficinas

Asoficinasforamrealizadasentreosdias21e27demaiode2015,co-ordenadasàscincomicrorregiõesdoOesteCatarinense,nosmunicípiosdeJoaçaba,Concórdia,SãoMigueldoOeste,ChapecóeXanxerê.

Oobjetivogeraldasoficinasfoiaprofundarodiagnósticodocumental,considerandooconhecimentocomunitárioedosprincipaisgruposafeta-dos, e auscultar comunidades e principais atores sobre como promover a resiliência.

Osobjetivosespecíficosforamosde:a)identificarecaracterizarasprin-cipaiscausasdosimpactosdaestiagem;b)identificarecaracterizarpolíticaseaçõesemcurso;c)recolheropiniõesacercadasmelhoresformasdepro-moveraresiliênciacomunitária.

OQuadro113sintetizaquaisasinstituiçõesegruposqueparticiparamdasoficinas,algunsdosquaiscommaisdeumrepresentante.

quadro 113. Participantes das oficinas do diagnóstico participativo

Data e local Instituição / Grupo Município

21/05/2015Joaçaba

Associação de Municípios — AMMOC JoaçabaDefesa Civil Municipal JoaçabaPrefeitura Municipal Joaçaba

FATMA JoaçabaPrefeitura Municipal Lacerdópolis

Defesa Civil Municipal Treze TíliasDefesa Civil Municipal Capinzal

22/05/2015Concórdia

Embrapa ConcórdiaDefesa Civil Municipal Concórdia

Associação de Municípios — AMAUC ConcórdiaPrefeitura Municipal Concórdia

Secretaria de Desenvolvimento Regional ConcórdiaPrefeitura Municipal Alto Bela VistaPrefeitura Municipal ArabutãPrefeitura Municipal Ipira

Defesa Civil Municipal ItáPrefeitura Municipal Lindóia do Sul

EPAGRI PaialPrefeitura Municipal Paial

Defesa Civil Municipal PeritibaPrefeitura Municipal PeritibaCorpo de Bombeiros PiratubaPrefeitura Municipal Piratuba

Associação de Municípios — AMAUC SearaDefesa Civil Municipal Xavantina

25/05/2015São Miguel do Oeste

Sem lista de presença São Miguel do Oeste

26/05/2015

Chapecó

EPAGRI ChapecóSecretaria da Agricultura Chapecó

Prefeitura Municipal ChapecóDefesa Civil Municipal ChapecóPrefeitura Municipal Coronel FreitasPrefeitura Municipal QuilomboPrefeitura Municipal Planalto Alegre

Ca

PÍt

ulo

vi

213

Page 214: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

27/05/2015

Xanxerê

EPAGRI XanxerêSecretaria de Desenvolvimento Regional Xanxerê

Prefeitura Municipal Abelardo LuzPrefeitura Municipal GalvãoPrefeitura Municipal JupiáPrefeitura Municipal São Domingos

Defesa Civil Municipal Passos MaiaNão informado FaxinalNão informado MaremaNão informado Ouro VerdeNão informado Xaxim

Fonte: elaboração própria.

do ponto de vista metodológico, foi adota a estratégia de resolução de problemas.Odesenhogeraldasoficinasfoiinspiradonapublicaçãobolivianadenominada“Comoidentificarunproblemayelaborarunapropuesta:Guía1/UnidadedeAçãoPolítica”,publicadaemLaPazpeloCIPCA,em2009.

a partir dessa base conceitual, criou-se uma dinâmica que metodologica-mente foi dividida em cinco etapas, descritas na sequência.

1.1.1. abertura e pronunciamento

Aprimeiraetapavisavaapresentarainiciativadoprojetocomoumtodo,sob a lógica de redução de risco de desastres e integração de políticas, sendo realizada por representante da sdC.

Abertura em São Miguel de Oeste com o secretário da SDC

Foto: Patrícia taeko Kaetsu

Abertura em São Miguel de Oeste com o diretor de Prevenção da SDC

Foto: Patrícia taeko Kaetsu

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

214

Page 215: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

1.1.2.Orientaçõesgerais

Oobjetivodasegundaetapaeradenaturezametodológica,emquesedeveria elucidar aos participantes sobre a proposta e a forma de trabalho, orientando como seriam as atividades do dia. essa parte deveria ser condu-zida pela equipe de pesquisadores da udesC.

1.1.3. trabalho de grupos

na terceira etapa os participantes deveriam ser divididos a partir de di-ferentescritérios,comoobjetivodeenvolvê-losde formapráticacomoproblemarealdaestiagemnooeste.Oproblemafoiassimdefinido:

“Em vários/muitos municípios da nossa microrregião há ocor-rência de estiagem em alguns anos, nos afetando em diversos aspectos e chegando a constituir-se como um desastre. Mas quais são, realmente, as causas de tais desastres? E o que po-deremos fazer para não sermos (ou sermos muito menos) afe-tados por eles?”

Trabalho de grupo na oficina em Xanxerê

Foto: Patrícia taeko Kaetsu

o roteiro de resolução do problema em grupos foi estruturado pela equi-pedoprojeto,apartirtrêspassos:a)realizandoodiagnóstico;b)elaboran-do propostas de resolução; c) buscando a melhor solução. Cada grupo devia elegerummoderadorparaorganizarodebateeumporta-voz,paraexporaopiniãodogruponasessãoplenáriafinal.

Trabalho de grupo na oficina em Joaçaba

Foto: Patrícia taeko Kaetsu

Para guiar a elaboração do diagnóstico os grupos deveriam seguia, no mínimo, os seguintes aspectos para debate:•Importância do problema para a região e seus habitantes: quem éafetado?Comoéafetado?Quantoéafetado?Qualoimpactoglobal?

•Antecedentes e causas:Quandocomeçou?Quaisachamosseremascausas?Oquejáfoifeitoparatentarresolver?

•O que dizem as autoridades e a comunidade científica sobre o problema:Oquedizemváriasautoridades—municipaiseestaduais?Oquedizacomunidadecientífica?Entendemosoqueédito?Oquenósachamosdoqueelesdizem?Quedúvidastemos?

•Existência de políticas públicas e ações em curso:Existempolíti-caspúblicasqueajudamaresolveroproblema?Sesim,quais?Comomelhorá-las?Queaçõespodemserimplantadascomobasenessaspo-líticas?

Ca

PÍt

ulo

vi

215

Page 216: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Trabalho de grupo na oficina em Concórdia

Foto: Patrícia taeko Kaetsu

após a realização do diagnóstico, os grupos deveriam envolver-se no de-bateparaidentificarediscutirquaisassoluçõespossíveis,identificandoseusresultados e formas de implantação.

Finalmente, ainda em grupo, os participantes deveriam realizar uma ava-liaçãodassugestões,considerandocritérioscomo:quantidadedeafetadosbeneficiados;eficácianaresoluçãodoproblema;custoglobalestimado;faci-lidade na implantação da solução; tempo de implantação; possível oposição depessoas/instituições;contribuiçãoparaoreforçodacoesãosocial.

Trabalho de grupo na oficina em São Miguel de Oeste

Foto: Patrícia taeko Kaetsu

1.1.4.Plenáriafinaleencerramento

na quarta e última etapa, cada grupo, por meio de seu representante, de-veria apresentar os resultados do trabalho, para em seguida um pesquisador daUDESCfazerconsideraçõessobreasdiscussõesdosgruposeosdadosdepesquisadocumental,procurandoassimestabelecerrelaçõesentreoco-nhecimentoempíricoeocientífico.Aofinalhaviaumtempoparadiscussãoentre os presentes.

Sessão plenária em São Miguel de Oeste

Foto: Patrícia taeko Kaetsu

Apartirdametodologiadefinida,cadaoficinatevesuaprópriadinâmica.Asmaioresvariações,contudo,centraram-senotrabalhodegrupos.

assim, de acordo com a quantidade de participantes em cada microrre-gião, foram organizados mais ou menos grupos de trabalho, com uma ou outra composição, Cada grupo escolheu um participante para moderar os debates,alémdeummembrodaequipedoprojetoparaauxiliarnarelatoria.

em geral, os três momentos inicialmente previstos, acabaram reduzindo--se a dois: um primeiro momento de diagnóstico do problema da estiagem (em especial, dimensão do problema, causas do evento em si, impactos de-masiados,políticaspúblicaseaçõesexistentes)eumsegundodepropostasdesoluções.Assim,salvoalgumasexceções,porfaltadetempoouporava-liarquetodasassoluçõeseramimportantesecomplementares,osgruposnãorealizaramaavaliaçãodassoluçõespropostas.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

216

Page 217: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Emgeral, a identificaçãodaspossíveis soluções indicadaspelospartici-pantes conduziram ao preenchimento de um quadro com as propostas de solução,osresultadosesperadoseaçõesparaconcretizartaissoluções.Asíntesedasopiniõesfoiapresentada,algumasvezespelomoderador,outraspelos porta-vozes eleitos pelos grupos.

1.1.5. tratamento dos dados

Osdadose informaçõescoletados foramtratadospelospesquisadoresaofinaldotrabalhodecampo,pormeiodetranscriçãodosáudios,seleçãodeconteúdorelevanteecategorizaçãoemergentedeproblemáticaseso-luções.Apósaanálise foipossívelelaborarumasistematizaçãodosdadosrecolhidossegundoumasequênciasimilarparaambassituações:reuniõesevisitasporumlado,eoficinasporoutro.Essasistematizaçãoconsiderouoponto de vista dos públicos diretamente envolvidos com a questão. destaca--se que embora tenha havido algumas divergências quanto a uma ou outra perspectiva,taisdivergênciasforampontuais,verificando-seumaexpressivae,muitasvezes,total,unanimidadenospontosdevistaexpressos.

2. DIAGNÓSTICO RELATIVO À ESTIAGEM E SEUS IMPACTOS

Estãoincluídasnesteitemasanálisesdasrespostasrelativasaodiagnósti-codoproblemadeestiagem,ouseja,opiniõesexpressasnasfalas,conver-sasedebatesrelativosàcaraterizaçãodaestiagemclimática,suascausaseimpactos,àscausasdaamplitudedessesimpactoseàspolíticaseaçõesjáempreendidas ou em curso e sua efetividade.

2.1. Dimensão e caraterização do problema

2.1.1.Aestiagemclimáticaassociadaàdiminuiçãocríticadechuva

Emtermosdecaraterizaçãodaestiagemclimática,emsi,osparticipantesreferem à falta ou diminuição crítica de chuva, em certos períodos do ano. Muitos relacionam essa falta com fenômenos mais globais, como o enos, porexemplo.

a estiagem é de ordem natural, com maior abrangência na microrre-gião.EventoscomooElNiñoeoLaNiñatêminfluênciaasquestões

daságuasdaAmazôniatambém,ouseja,sãodeumaordemumpoucomaior(OficinaSãoMigueldoOeste).

Hojeagentesentemais.Antigamentechoviaeaágua infiltrava,hojeemdiadáumachuvafortealagatudo.Chovemaisemmenorespaçodetempo.Achoquenãoémaisamesmadistribuição(OficinaJoaçaba).A estiagem está relacionada comquestões climáticas incontroláveis(OficinaJoaçaba).

2.1.2.Caráterrecorrenteecíclico

a estiagem é reconhecida como um fenômeno recorrente e cíclico na re-gião,sendolembradadesdeadécadade1940,commençõesaosanos1960e1968.Amaisfortemencionadafoiem2002,sendoqueasúltimasocorreramem 2012 na região de Chapecó e em 2014 na região de são Miguel do oeste.

Em2014tivemos23diasdeestiagemedecretamos[...]situaçãodeemergência (reunião Comitê de Bacia rio das antas).

a ideia de que as estiagens mais críticas tem, em geral, um período de incidência coincidente com os meses mais quentes, aparece em muitas falas.

Sãoperíodosmaisquentes,períododoverão,queoproblemaficamaior porque pega as culturas anuais, é mais calor e aumenta a de-mandaparaotratamentodeanimais(OficinaSãoMigueldoOeste).

Mas, ao mesmo tempo, também aparece a ideia de que para haver estia-gem basta não chover.

Paraterestiagemésónãochover.Existemperíodosespecíficoscomfaltadechuva.Aqui,sefica30diassemchover,oproblemajáégrande(OficinaSãoMigueldoOeste).

2.1.3. Custos elevados

Apesardeseremmuitovaráveis,dependendodaseveridadedoevento,domomentodesuaocorrência,daamplitudeenaturezadosbensexpostosetc. as estiagens têm sempre custos elevados.

Nasestiagensde2007e2009puxaramáguacomcentenasdecarre-tas. eram mais de 300 viagens por dia, percorrendo 28 km até o rio Uruguaiparaumconsumode10.000litrosdeáguapordia.Custoder$ 1,5 milhão nos 10 dias (reunião BrF — Brasil Foods, Chapecó).

Ca

PÍt

ulo

vi

217

Page 218: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

2.1.4.Maiorimpactosobreárearuraleagropecuária

Emtermosdeanálisedeseuimpacto,ageneralidadedosparticipantesconsidera que, mesmo com diferentes graus de intensidade e de maneira indireta, todos os setores da sociedade são afetados pela estiagem.

Contudo,existetambémoentendimentosobreofatodosimpactosseremmaioresemaisdiretosnaagropecuária.Paraalguns,aproduçãodegrãoséamaisatingida.Emqualquercaso,aárearuralé,emgeral,referidacomosendoaquela em que os impactos da estiagem se fazem sentir com intensidade cres-cente,emdecorrênciadoaumentodaproduçãopecuáriaeagrícola.

Aagriculturaéatingidanumnívelgeral,envolvendoapecuária[pro-duçãoleiteira]eaproduçãoavícola,quesãoasgrandesatividadesdaregião(OficinaSãoMigueldoOeste).

Emnossomunicípio85%éàbasedaagriculturaeproduçãodegrãos,eles foramosmais afetados.A agroindústria podepuxar água, temcomo conseguir, mas a agricultura quase ninguém tem irrigação. então quemmaissofresãoosprodutoresdegrão (OficinaSãoMigueldooeste).

os principais impactos da estiagem estão relacionados à dessedenta-ção animal e produção de milho (reunião ePagri, Concórdia).

Principal atingido é o agricultor, depois a cadeia produtiva, economia e porúltimooacessoàáguacomqualidade.Nãoexistepessoaquenãosejaatingidapelaestiagem(OficinaSãoMigueldoOeste).

Para-setudo.Aprioridadeéaágua.Nãosearrumaumaestradanãose faz nada desses serviços (visita a produtor local, são Miguel do oeste).

2.1.5.Impactossobreáreaurbanaeconsumohumano

apesar de, na maioria dos casos, a estiagem afetar mais o meio rural e, principalmente, a produção agrícola e a dessedentação animal, muitos parti-cipantesassinalamaexistênciadeproblemasdeáguanaáreaurbanaeparaabastecimento humano. assim, algumas cidades chegam a atingir o limite de sua capacidade de abastecimento em períodos mais secos.

Afetadiretamentequantidadeequalidadedeáguaparaconsumohu-mano. Joaçaba atingiu o limite para abastecimento urbano em 2009 (OficinaJoaçaba).

EmSearaoproblemaéseríssimo.PensamembuscaráguadeItá(Ofi-cina Concórdia).PlanaltoAlegre[está]comcriticidadenadisponibilidadehídricaebus-ca fontes cada vez mais distantes (reunião aMosC, Chapecó).

a cidade de são Miguel do oeste formou-se em decorrência da falta deáguanacidadedeBandeirante,há60anos(ReuniãoSindicadodostrabalhadores rurais).

houve ainda quem assinalasse que, dependendo da localidade, mesmo emperíodossemestiagem,existemproblemasdefaltadeáguaparaabas-tecimento urbano.

Chapecótemproblemade faltadeágua [naáreaurbana]emplenachuvarada porque não tem preparo técnico da rede de distribuição da Casan. Problemas que acontecem todo ano (reunião sindicado de agricultores, Chapecó).

Amesmaideia foirealçadacomoexemplodaaberturadepoçosparadessedentaçãoanimaleabastecimentourbanocomoalternativasexploradasparasuprirfaltadeágua.

Houveocadastrodemaisde300poçosapenasemConcórdia [...]para abastecimento humano e animal. Conclusão: é a migração da bus-cadeáguadasfontesparaáguasubterrâneaprincipalmenteparacon-sumohumano,comoporexemplo,associaçãodeáguadodistritodeTamanduáonde200famíliasdependemdeáguasubterrânea(ReuniãoComitê de Bacia Jacutinga).

2.2. Causas da estiagem e da magnitude de seus impactos

Emboraemtermosdecaraterizaçãodaestiagemclimática,emsi,ospar-ticipantes tenham referido a falta ou diminuição crítica de chuva, em certos períodosdoano,essafaltadeprecipitaçãoéconsideradacomosecundáriadiante de outros fatores, adiante mencionados, que seriam os verdadeiros responsáveispelaestiagemeseusimpactos.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

218

Page 219: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

2.2.1.Faltadeplanejamentoemágestãodaáguacomocausaprincipaldeestiagem e de seus impactos

apesar da relação estabelecida entre menor precipitação e estiagem, a maior parte dos participantes considera que não se pode falar em falta de águanaregião,nemconsiderarqueessasejaaverdadeiracausadadecreta-ção de estiagem.

Apesardas frequentesdecretaçõesdeestiagem,não falta [água]naregião e na bacia. dados dos últimos 32 anos, a média de precipitação anual é de 130 mm, menor em agosto, mas mesmo assim muito bom (reunião embrapa, Concórdia).

de forma igualmente generalizada, os participantes consideram que o problema da estiagem é, essencialmente, um problema de falta de plane-jamento,má gestão da água, deficiente gestão dos recursos hídricos. Aocontrário das dinâmicas climático-meteorológicas, planejamento e gestãopodemseralterados,oquepoderefletirnasaçõesdeprevençãodeestia-genseapromoçãodaresiliênciacomunitária.

Oproblemadeestiagem,aqui,émaisporumafaltadeplanejamentoegestãodaáguadoquepropriamentedafaltadeágua,daquantidadedeáguaprecipitadaedisponívelnaregião(OficinaConcórdia).

Regiãodecontrastes[...]ComofalarsobreestiagemaoladodoRioUruguai?Énecessárioiralémdaeducaçãoambiental.Comotrabalharnessecontexto?Éprecisocuidadocomosprocessosdealtosebai-xos,favorecendoosprocessoscontinuados(ReuniãoComitêdeBaciaJacutinga, Concórdia).

Naregiãováriassituaçõescomrelaçãoàprecipitaçãoindicamquenãoháfaltadeágua[...]Aestiagemocorreporcausadaausênciadocon-troledousodaáguaqueresultaemretiradasuperioràcapacidadedosmananciais(OficinaJoaçaba).

Oproblemanãoé a faltade água, chovee chovemuitona região.Oproblemaéagestãodaágua(ReuniãoAssociaçãoCatarinensedeCriadores de suínos, Concórdia).

Nointeriortemmuitaáguadisponível,masnãotemodevidotrata-mento.Amelhormaneira de se aproveitar água no interior são as

fontessuperficiais,agentesempretrabalhoucomissonaagricultura(OficinaChapecó).

Quandoestá faltando água todomundo semexe.Choveu, nodiaseguinte ‘Ah,não...estáresolvidooproblema’.Doismesesdepoisde novo o mesmo problema (visita a produtor local, são Miguel do oeste).

o grande problema nosso é a capacidade de armazenamento para enfrentarosperíodosdeestiagem(OficinaSãoMigueldoOeste).

2.2.2.DificuldadesrelacionadascomComitêsdeBaciaePlanosdeBacia

em direta relação com os problemas de gestão, foram mencionadas as dificuldadesrelacionadascomofuncionamento,emgeral,doscomitêsdebacia.

o comitê não consegue transmitir credibilidade. apesar da função do comitênãoserexecutiva,masdeliberativa, faltaoenvolvimentodetodas as entidades (reunião Comitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

Na participação do comitê, quemmais participa são as instituiçõesvinculadasaoestado.Acomunidadenãoparticipadasreuniõesdoco-mitê,poisnãoháaçõesefetivas(ReuniãoComitêdeBaciaJacutinga,Concórdia).

Nãoháavançonaexecuçãodeprojetos,poisnunca sãoaprovados(ReuniãoComitêdeBaciaRiodoPeixe,Joaçaba).

Aburocraciadificultaacaptaçãoderecursosparaocomitê(ReuniãoComitêdeBaciaRiodoPeixe,Joaçaba).

MaisespecificamenteaosPlanosdeBacia,eemdecorrênciadasdificul-dades no funcionamento dos comitês, foi mencionada a situação de inércia em que os mesmos se encontram, particularmente agravados pelo governo de santa Catarina ainda não possuir seu próprio Plano de recursos hídricos.

o estado, por sua vez, não tem plano de recursos hídricos e trabalha sem a anuência dos comitês. além disso, percebem-se muitas con-tradiçõesdogovernodeSantaCatarinaentredecisõesdeprojetosisolados(ReuniãoComitêdeBaciaRiodoPeixe,Joaçaba).

Ca

PÍt

ulo

vi

219

Page 220: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

houve uma licitação em âmbito de estado, mas nessa licitação que-riamcontratarumaempresaquefizesseoplano[debacia],comde-terminados critérios. estes critérios foram levados até o comitê para que fossem avaliados e validados, porém o Comitê discordou. nesta oportunidadeauniversidade[UNOESC]seofereceuparaelaborarosplanos em todos os comitês da região, principalmente o do rio do Peixe, usando a estrutura da universidade—final de 2013—masalegaramque a universidade fazpartedo comitê e não seria viável(ReuniãoComitêdeBaciaRiodoPeixe,Joaçaba).

Paraalémdisso,eemdecorrênciadosaspectosjácitados,foidestacadaadificuldadequeosComitêsdeBaciapossuemparaimplantarocadastroeaoutorgadaágua,oquefragilizaoprocessodecontroledousoedaquali-dadedaágua.

a falta de implantação dos instrumentos é o que barra a melhor gestão daágua(ReuniãoComitêdeBaciaRiodoPeixe,Joaçaba).

Falta apoio da administração pública, que não fornece suporte técni-co para instrumentos de outorga (reunião Comitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

o cadastro é outro problema. de uma população de 400.000 tem--seapenas4.000cadastros(ReuniãoComitêdeBaciaRiodoPeixe,Joaçaba).

AsreuniõescomosComitêsdeBaciaevidenciaram,porumlado,suaspotencialidades e motivação de seus membros para realizar uma boa ges-tãodosrecursoshídricose,poroutro,asdificuldadescomquesedefron-tam para realizar sua missão. estes órgãos podem ter um papel decisivo — como,aliás,aleiaponta—nãosónagestãodosrecursoshídricoscomonasuperação do problema da estiagem.

2.2.3.Faltadearticulaçãodepolíticaseinstituições

outro problema de natureza político-administrativa apresentado trata--sedadificuldadedeconduziraçõesdeformaplanejadaearticuladaentretodos os órgãos relacionados à gestão dos recursos hídricos e promoção de resiliência face à estiagem, como a assistência social, proteção e defesa civil, planejamentourbano,entreoutros.

Faltaarticulaçãodasmaisvariadasinstituiçõesquetrabalhamemummes-moplanoenãoestãointegradas.Naregiãováriassituaçõescomrelaçãoàprecipitaçãoindicamquenãoháfaltadeágua,masasaçõesdoestadovêm na contramão deste processo, com medidas para implementar po-çosartesianos(ReuniãoComitêdeBaciaRiodoPeixe,Joaçaba).Falta conversa entre os órgãos públicos, Casan, prefeituras, defesa civil. não pode chegar ao período para acontecer algum problema, temos que chegar antes do problema (reunião Comitê de Bacia rio das antas, são Miguel do oeste).

2.2.4.Concentraçãoeexpansãodaagroindústria

outra causa bastante citada e, quase unanimemente aceita, é o aumento da atividade agropecuária e da agroindústria e consequente agravamentodocenáriode risco.Aquantidadedeanimaisporpropriedadeaumentouconsideravelmente nas últimas décadas e a tendência é continuar a aumen-tar.Inevitavelmente,issotemconsequênciasporque,porumlado,hámuitomaisatividadesdemandandocadavezmaiságuae,comotal,podendocau-sardesiquilíbriohídrico;e,poroutro,passamacadavezmaisaexistirbenseatividadesexpostasàsconsequênciasdaestiagem.

Aestiagemestádiretamenterelacionadaaoaumentodeproduçãodesuínos e aves (reunião associação Catarinense de Criadores de suí-nos, Concórdia).

[Aposiçãodaagroindústriacomoprodutor]:ouvocêaumentaapro-duçãoouestá foradosistema.Alémdisso,orientaaperfuraçãodepoçoseraramenteaceitaacaptaçãodeáguadachuva.Épossívelre-gularissoounão?Qualopapeldogoverno?(ReuniãoComitêdeBaciaJacutinga, Concórdia).

Estiagemtemafetadoapenasalgumasatividadesporalgumasrazões:concentração de suínos e aves no oeste que aumentou muito a de-mandadeágua.Exemplo,umprodutortinhacincomatrizes,umanas-cente, oK. Mas passou para 30, 50 ou 100 matrizes. em 10 dias sem chuvaapropriedadejáestáentrandoemcolapsodopontodevistadeágua(ReuniãoComitêdeBaciaJacutinga,Concórdia).

NosemináriodaEmbrapaapresentaramestudosqueogadodeleiteusamaiságuaqueasuinocultura,maisparalavardoqueparaproduzir.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

220

Page 221: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Aproduçãodeleiteestácadavezmaiornaregião(ReuniãoComitêdeBacia Jacutinga, Concórdia).

Grandeconcentraçãodegadoleiteiro,90%deatividadeleiteiranare-gião (reunião sindicato dos trabalhadores rurais, são Miguel do oeste).o que faz sentir mais é esse aumento de suínos, aves e gado leiteiro, diminuiçãodasáreasverdes, riosenascentesemproteção (OficinaConcórdia).

Aumento do consumo pela alta concentração de animais (OficinasChapecóeXanxerê).

Aumento excessivo do consumo de água devido à criação agrope-cuáriadesdeosetorprodutivoatéaagroindústriadeprocessamento(OficinaJoaçaba).

Emalgunscasosforam,especificamente,referidosaspectosnãosórelacio-nadoscomoaumentodaatividadepecuáriaemsi,mastambémcomaltera-çõesnosmodosdeprodução,exigênciaslegais,genéticadeanimaisegrãosetc.

Oconsumo[deágua]aumentoumuitoporcausadomododeprodu-ção,maisexigênciasdeatendimentoelimpeza(ReuniãoSecretariadeagricultura e defesa Civil, água doce).

atendemos aos critérios do Ministério da agricultura. antes era pos-sívelutilizar17litrosporave,hojeoministérioobrigaa30litrosporave (reunião aurora alimentos, Chapecó).

Oabatedouro é parte da planta quemais gasta água: 34 litros porfrango,atendendoàsdeterminaçõesdoMinistériodaAgriculturaparaomercadoexterno(ReuniãoBRF—BrasilFoods,Chapecó).

Umchiqueirocom300porcosconsome10millitrosdeáguapordia(reunião sindicado dos trabalhadores rurais, Chapecó).

Hojeagenéticainfluenciamuito,perdeu-sevariedadescrioulas.Avesesuínosficamhorassembeberejádáproblema,perdadepeso(Reu-nião Comitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

2.2.5.Deficiêncianoplanejamentodenovosempreendimentosagropecuários,comsobrecargasparaparticulareseestado

Paraalémdaconcentraçãoeexpansãodaagroindústria,ascondiçõesemque o adensamento territorial ocorre não são, muitas vezes, as mais adequa-das,devidoàfaltadeplanejamento.Aomesmotempo,váriosparticipantesreferem que a carga, normalmente, cai mais sobre os pequenos e médios produtores do que sobre as grandes empresas.

Osnovosempreendimentos,sejamdeexpansãourbanaourural,nãoconsideramadisponibilidadede águaounãoaquantificam (OficinaConcórdia).

Aagroindústrianãofazoplanejamentodeconsumodeáguaparaointegrado, o poço é mais um erro (reunião Colegiado de defesa Civil, Xanxerê).

Aagroindústriaqueriaaumentode15%naprodução,masnãosepre-ocupamcomáguaedejetos.Esseéproblemadoagricultor(ReuniãoComitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

água tem, tem reservatórios, logística. o problema é que implemen-tamgrandesprojetosdesuínos,aves,gadodeleitemasemmomentonenhumagenteconseguebarrarporqueteminteressesdoproprietá-riodaintegradora.Aíquandodáproblemaaprefeituratemqueajudararesolver(OficinaConcórdia).

as empresas cobram que os produtores façam ampliação da sua in-fraestrutura. ampliação para produção de matéria-prima. o sistema de produção é todo das empresas, mas a responsabilidade pelo uso e pelosresíduosédoprodutor.Oprodutorestáindoembora(OficinaConcórdia).

Asagroindústriasexigemumaestruturadosprodutores,masosreser-vatóriosdeáguadachuvanãofazempartedessaexigência(ReuniãoComitê de Bacia rio das antas, são Miguel do oeste).

Suínos,avesegadodeleite,tantoparadejetosquantoparaconsumodeágua,émuitacoisaparaumespaçopequeno.Sobraparaasprefei-turas(OficinaConcórdia).

Ca

PÍt

ulo

vi

221

Page 222: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Faltadeplanejamentonasatividadesdoagronegócio(OficinaemCha-pecó).

esse fenômeno sempre aconteceu, mas uma das causas que se perce-be é o crescimento da população. não só humana, mas também ani-mal. a quantidade de animais por propriedade aumentou bastante, e a tendênciaéaumentarmais.Adiminuiçãoouafaltadeáguaacarretaoproblema(OficinaSãoMigueldoOeste).

2.2.6.Desmatamento,mataciliardestruídaedrenagemdebanhados

Duranteaspesquisasdecampo,apontou-setambémcomoproblemáticada estiagem o desmatamento, que foi muito intenso na região e contribuiu paraaceleraroescoamentodaságuassuperficiaisediminuirsuaretençãonosoloenoscursosd’água.

Escoamentocadavezmaisrápidodeágua,há15anosdavaenxurradaedemorava24horasparaencheredoisdiasparaescoartodaaágua.Hojedentrodeumahoraoriojáestácheioeem5horasjáescooutudo,aáguanãoéretida,vaiemboramuitorápido,nãoficanosolo,sópassa,faltavegetação(OficinaXanxerê).

Osriosestãocommenoságuaporcontadoassoreamento.Seriane-cessáriofazerumalimpezaacada2km(ReuniãoColegiadodaDefesaCivilXanxerê).

a seca acontece até onde tem mato, é cíclica. sempre acontece. Com desmatamento diminui água nos rios, umidade no entorno. Antiga-mente90diasprasentir,hojeem10diassente(OficinaConcórdia).

Poucamataciliarjuntoaoscursosd’água(OficinaJoaçaba).

Váriosparticipantes,paraalémdadegradaçãodamataciliaraolongodocurso dos rios, referiram-se à degradação e falta de proteção das nascentes.

Áreas de nascentes pouco preservadas. Há plantio de eucaliptos epinus, por exemplo, por parte de proprietários de terras ao redor(OficinaJoaçaba).

Programadeproteçãodefontesexiste[...]masalgumasfontesestãocontaminadaspelapresençadejetosdeanimais(OficinaChapecó).

a referência à drenagem de banhados e açudes, incentivada pelo progra-ma ProvarZeas foi criticada e considerada como um grande erro, parti-cularmentepelosparticipantesdasmicrorregiõesdeSãoMigueldeOesteeXanxerê.

Durantemuitosanosoprincipalobjetivodasatividadeseconômicasfoi o aumento da produção com resultados imediatos. durante esse processo forameliminadososbanhadose as áreasdepreservação.Quemtinhaumavárzeaouáreainundadaemsuapropriedadequeriadrenarparaproduzirmais(OficinaSãoMigueldoOeste).

2.2.7.Desiquilíbriosnousodaterraepráticasagrícolasinadequadas

Ascaraterísticasdeusodaterra,comlargasregiõesdesmatadaseex-tensasáreasdestinadasaatividadesagrícolasepecuáriascriaumcenárioque contribui para a ocorrência de estiagem e, particularmente, para a amplitudedeseusimpactos,umavezquediminuemaretençãodeáguanos solos.

Oproblemaestánamonocultura,modeloatualdeagricultura(OficinaXanxerê).

Produção de milho, concentração de culturas, mais insumos. di-minuiçãodepráticasdeconservaçãodosolo,aterravemdeixan-dodesermaiorcaixad’água(ReuniãoComitêdeBaciaJacutinga,Concórdia).

as grandes propriedades que possuem plantação de batata acabam ocasionandooassoreamentodosrios.Osproprietários,porém,nãosão da localidade, e não se preocupam com o futuro (reunião secre-taria de agricultura, água doce).

Osolo,mesmoquetenhabastantecobertura,nanossaregiãoelejánãoabsorvetantaáguaquantoantigamente(OficinaJoaçaba).

Compactaçãodosoloporbois,máquinas,urbanização.Nãoteminfil-tração,porissoriosoberápido(OficinaConcórdia).

Desconhecimentoporpartedeagricultoresnomanejodasculturasesolo,comoparaexecutarplantiodireto(OficinaJoaçaba).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

222

Page 223: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Asojaconvencionalerabemmaisresistenteàestiagem,hojeéculti-vadaasojatransgênicaqueprecisadeáguaemabundânciaparacom-pletaraprodução(OficinaSãoMigueldoOeste).

Asilvicultura(reflorestamentocompinuseeucalipto),caracterizadapelocultivodeárvoresexóticascomelevadoconsumodeágua,tambémfoicita-da como uma das causas da estiagem.

Oconsumodepinuseeucaliptoéde80 litrospordia,porárvore.Sefizermosumcálculopodemosperceberqueoreflorestamentodeeucaliptogastamaiságuaqueaproduçãodesuíno(OficinaJoaçaba).

Alémdoconsiderávelconsumodeágua,algunscultivosdepinuseeuca-lipto encontram-se em locais com presença de nascentes e são plantados ondedeveriaexistiramataciliar.

Existênciadeárvoresexóticascomelevadoconsumodeáguaemlugardasmatasciliares,reflorestamentocomeucaliptoepinus,porexem-plo(OficinaJoaçaba).

2.2.8.Conflitosdeuso

Autilizaçãodeáguaempropriedadesrurais,no inícioda formaçãodecursosd’água,tambémfoiapontadacomoumfatorprejudicialaoabasteci-mentodeágua,equepodeterimpactoemmomentosdeestiagem.

Utilizaçãodeáguaempropriedadesjánoiníciodaformaçãodecur-sosd’águaprejudicandoopotencialdosmananciaisajusante(OficinaJoaçaba).

Asmaiorespropriedadesdomunicípioestãoondetemmaiságua,napartealta.Aconcentraçãodapopulaçãoedepequenosproprietáriosestáondefaltaágua(ReuniãoSecretariadeAgricultura,ÁguaDoce).

diminuição da vazão por diferentes usos durante o curso do rio. o moradormaisemcimausavaparairrigaçãoedrenavatodaaáguadomaisabaixodocursod’águaeusavaparaadessedentaçãodosanimais.Airrigaçãoélicenciadapelosórgãosresponsáveis,masnãotemou-torga (reunião Comitê de Bacia rio das antas, são Miguel do oeste).

Temconflitoscommineradoras.Planaterra,BasaltoeFerticel.(Reu-nião sindicado dos trabalhadores rurais, Chapecó).

Eventuaisconflitoscomdemandasnãoconsuntivas,comobarragens,fo-ram também referidos por alguns participantes.

Jáhouvemomentosdeconflito[duranteaestiagem]ondeacaptaçãodeáguafoiprejudicadaporumaPCH.APCHrepresou,abaixouoní-velparagerarenergiaeasbombasnãoconseguirammaiscaptaráguapara o sistema de distribuição.

Barragensqueinfluenciamnoecossistema(OficinaXanxerê).

Instalaçãoexcessivadereservatóriosparausinashidrelétricas(OficinaJoaçaba).

Barragem no rio Queimados, Concórdia

Foto: Mario Kabilio

2.2.9.Desperdícioeproblemasdeusodaágua

a falta de conhecimento, associada a uma componente cultural e falta de educaçãosobreaimportânciadaáguafoireferidacomotambémestandonabase da crise que aumenta os impactos da estiagem.

Agentegastamuitaágua.Lavarcalçadacomáguapotávelemoutrospaíses,inadmissível.Nãosetemconsciência,utilidadeeuso(OficinaConcórdia).

Nãotemculturadeusodaágua.Nãosabemosusaraágua[...]urbanoerural(OficinaConcórdia).

Ca

PÍt

ulo

vi

223

Page 224: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Algunsagricultoresaindaseplanejamparaoano,considerandoqueaschuvas dos 12 primeiros dias de cada ano representam as chuvas de cada um dos meses (reunião sindicado dos trabalhadores rurais, são Miguel do oeste).

a estiagem é sempre de responsabilidade dos órgãos públicos, nun-cadoproprietário.Sefaltaáguanaminhapropriedade,aculpaédogoverno municipal. o produtor rural não entende a importância de seguirpolíticaspreventivas.[...]Destamaneira,ogrupoentendequedeve haver uma divisão de responsabilidades, pois isso é um problema detodos(OficinaSãoMigueldoOeste).

Propriedades em que as famílias não têm acesso à internet nem à programaçãolocaldetelevisãodificultandointeirar-sedaprevisãodotempo(OficinaJoaçaba).

Questõesculturaisqueresultamnaausênciademedidaspreventivas(OficinaJoaçaba).

nas falas, apareceu ainda o problema da falta de capacidade de arma-zenamentodeáguacomomedidapreventiva.Sejaemcisternas,açudesououtrostiposdereservatórios,háanecessidadede,duranteosperíodoschu-vosos,armazenaráguaparaasuautilizaçãonosperíodosdemenordisponi-bilidade hídrica.

o produtor rural não entende a importância de seguir políticas pre-ventivas(OficinaSãoMigueldoOeste).

2.2.10.Deficiênciasdeabastecimentodeáguaemáreasruraisemcontra-pontoàáreaurbana

outro aspecto destacado diversas vezes pelos participantes refere-se à diferençadeatendimentonoabastecimentodeáguaentreasáreasurbanaserurais.Orelatoédequeaárearural,diferentedaurbana,nãopossuiumsistemadedistribuiçãodeáguaealgunsprodutoresqueixam-sedasdiferen-çasdeserviçospúblicosdestinadosaáreasurbanaserurais.

[naárearural]asfontessãosuperficiais.Otratamentoderiosnanossaregiãoexistesóparaáreaurbana,árearuralnãotemtratamentodeáguaderioparaserutilizada.Oagricultorteméquerezarparaquechova (reunião sindicato dos agricultores, Chapecó).

Aquestãourbanaseresolvemaisfácil,poistemgentecommaisinfluên-cia,éondeestáopadre,ojuiz.Queriafalarentãodomeiorural.Exis-tem municípios mais bem servidos, abastecidos, e outros mais inibidos noabastecimento.Deveríamosmotivareescreverprojetosparadarmaisvisãoaoabastecimentocomunitáriorural.Sefalaempermanênciadohomemnocampo,masnãodãocondições.Aáguaéfundamental(reunião sindicato dos Produtores rurais, são Miguel do oeste).

quando acontece uma estiagem e ela vem em uma região, claro que vaiatingirtudo,masquandovejoaspropriedadespequenaspedindoajuda,sãoaquelasquenãotêmnempequenasquantidadesdeáguabásicaparapequenas atividadeseparaopróprio consumo (OficinaXanxerê).

em algumas pequenas comunidades que se formam ao longo dos muni-cípios,ondenãosetemumsistemadeabastecimentodeágua,apeque-naestiagemjárepercute,tendoopoderexecutivoquefazeroabaste-cimentoindividualdessascomunidades(OficinaSãoMigueldoOeste).

2.2.11.Contaminaçãodaságuassuperficiaisesubterrâneas

Asvisitasereuniõesdecampopuderamelucidarquequandosefalaemestiagemeproblemasdeofertadeáguadevem-seincluirtambémosaspec-tosrelacionadosàqualidadedaáguacomopartedoprocessodegestãoderisco e promoção da resiliência aos efeitos da estiagem. Produtores, gesto-res públicos e demais participantes da pesquisa de campo relataram que tan-toaáguasuperficialquantaasubterrâneatemproblemasdecontaminação(alumínio, ferro e coliformes), devido principalmente ao esterco e aos poços abertos que não possuem manutenção adequada.

Osriosestãocontaminadoscomnitratoefósforo.Elespreferem[aágua]dopoço,águamaisbarata.Seficarcaraumdia,aívaisepreocu-par em proteger a nascente (reunião embrapa, Concórdia).

em alguns casos, mesmo nos locais que utilizam fontes modelo Ca-xambu, os resultados de análises de águamostramproblemas comturbidez e contaminação microbiológica (reunião ePagri, Chapecó).

Foramanalisadasasamostrasde3coletasem6fontesde11municí-pios.Aságuassubterrâneasfriaspossuemmenoscontaminação,mas

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

224

Page 225: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

excessodeminerais.NaprópriaEPAGRI, a fonteCaxambu local jánão oferece água comqualidade de potabilidade (Reunião EPAGRI,Chapecó).

Oagricultornãobebeáguadanascenteporqueestácontaminadacomveneno que é muito usado na região (reunião Comitê de Bacia Jacu-tinga, Concórdia).

Orio Famosoque nasce emuma área industrial de SãoMiguel doOesteficacontaminadopormetaispesadosecheganaslavourascomuma colocação diferente (reunião Comitê de Bacia rio das antas, são Miguel do oeste).

Análisesda águadepoços tambémapontamparaproblemasdepota-bilidade e constituem-se como alertas relativos às práticas de abertura emonitoramento de poços.

Fizemosumexamecomaságuasdopoço.Deseis,apenasdoisteveáguapotável,agentetinhaquetrataressaágua.Agenteestávendoqueopoçonãoéasolução.Aáguadealgunspoçosvemexcessodealguns minerais que estava acumulado no rio, e isso não é bom pra população, isso vamos ver daqui dois, três anos (reunião sindicato dos Produtores rurais, são Miguel do oeste).

Umaanálisebiológicarealizadaempoçoscomunitáriosapontouqueaté60%apresentamníveisdecoliformestotaise,emalgunscasos,coliformes fecais acima do máximo permitido (Reunião Embrapa,Concórdia).

Dificuldadescomaqualidadedaáguasuperficialeestímuloàbuscadeáguassubterrâneasampliouaestiagemnooeste,poisosrecursoshí-dricosestãodisponíveis,massemcondiçõesdeuso(ReuniãoComitêde Bacia Jacutinga, Concórdia).

Aáguaéquente,comcheirodesuíno(ReuniãoSindicatodosProdu-tores rurais, são Miguel do oeste).

em um município com criação grande de suínos, um problema é a contaminaçãodasfontes,fizemosumascoletasempoçosartesianose fontesmaissuperficiais.Usamtambémparaconsumohumanono

interior.Maisde90%estãocontaminadascomcoliformesfecais.(Ofi-cina Chapecó).

Nocontextodoproblemadaqualidadedaáguafoireferida,ainda,acon-tribuiçãodasfalhasnosistemadeesgotamentosanitário.

NãoháestaçõesdetratamentodeefluentesnomunicípiodeXanxerêegrandepartedosmunicípiosvizinhos.Aconstruçãoestáemanda-mentonazonarural(ReuniãoColegiadodaDefesaCivil,Xanxerê).

Aregiãopossuiaproximadamente6%dosefluentestratados(ReuniãoComitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

2.2.12.Falhasnalegislaçãoambientaledificuldadedefiscalização

os processos de gestão, prevenção e resiliência, passam também pelo atendimentoàsleisambientaise,principalmente,àsuafiscalização.Osrelatos,entretanto,apontamparaumagrandedificuldadecomrelaçãoaesseaspecto.

Faltadecumprimentodalegislação(OficinaChapecó).

Dificuldadenocumprimentodeleisambientais(ReuniãoSindicatodosProdutores rurais, são Miguel do oeste).

AFATMAnãodácontadefiscalizartudo,entãoomunicípioestáfa-zendo uma parceria para assumir essa tarefa (reunião secretaria de agricultura, água doce).

Faltadefiscalizaçãoambiental(OficinaXanxerê).

2.3. Políticas públicas, programas e ações realizadas ou em curso

as referências a políticas públicas realizadas durante o diagnóstico de camponãoseguiram,necessariamente,umalógicahierárquicaformal.Pro-vavelmente esse aspecto é decorrente, em parte, pela falta de familiaridade dos participantes da pesquisa com o tema de políticas públicas, e também pelaescassaarticulaçãoentreórgãosdegovernoexecutores.Assimsendo,as mesmas são apresentadas conforme os dados colhidos em campo, sem quehajaumarelaçãoexataentrepolíticasmaisamplaseprogramaseaçõesnelas inseridos.

Ca

PÍt

ulo

vi

225

Page 226: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Alémdisso,destaca-seque,emgeral,aspolíticas,programaseaçõesparaa minimização dos impactos da estiagem foram mencionados como mais presentes no meio rural do que no meio urbano.

Políticas públicas existeme não são poucas, sãomais presentes nomeioruraldoqueurbano(OficinaConcórdia).

2.3.1.Políticas,programas,projetoseaçõescitados

Duranteasvisitas,reuniõeseoficinasosparticipantesdapesquisareferiram--seadiversassoluçõespostasempráticacomopolíticaspúblicasouaçõesvincu-ladas de diferentes maneiras. algumas foram referidas repetidas vezes e com in-formaçõescomplementares,outrasapenascitadas,seminformaçãodetalhada.

Microbacias: Foi citado durante a reunião de Colegiado de defesa Civil deXanxerêereuniãocomComitêdeBaciaJacutinga,emConcórdia.Ape-sardoprograma já tersidoencerrado,sua importânciaeseusresultadospositivos foram bastante ressaltados.

Banco da Terra: Foi citado durante a reunião com a secretaria de agri-culturaeDefesaCivil,ÁguaDoce.Trata-sedeumprojetodefinanciamentopara trabalhadores rurais, relatado como um dosmelhores projetos queSantaCatarinajáteve.

Termo de Ajuste de Conduta do Ministério Público: Citado em con-tatos na microrregião de Concórdia, refere-se à iniciativa de suinocultores daregiãoedemaisinstituiçõesinteressadasqueseuniramparacumprircomoTermodeAjustamentodeConduta(TAC).Trata-sedeumaboaexperi-ência de governança coletiva que durou 10 anos. um dos resultados foi a formalizaçãodainstruçãonormativasobreaáguanasuinocultura.

Projeto Água no Campo: Foi citado durante reunião com ePagri em são Miguel do oeste e refere-se à implantação de reservação na suinocultu-ra e avicultura de sistemas de produção integrados.

Programa Água Boa: Foi citado durante a reunião com ePagri em Chapecó, sendo descrito como uma parceria do Consórcio iberê (aMosC), da sadia e da hidrelétrica Foz do Chapecó para proteção de nascentes e recuperaçãodemataciliaremregiõesdeconflito.Foramrecuperados106haaté2014,quandooprojetofoiencerrado.

Projeto Gestar (2004): Foi citado em reunião com o Comitê de Bacia na cidade de Chapecó, constituindo-se como um piloto para construção de cisternasdebaixocusto,apartirdeumaparceriacomoMMA,FAOeApaco.

Foramaindareferidosasseguintespolíticas,programas,projetoseaçõessem,entretanto,detalhamentodeinformações.•ProgramadeFortalecimentodaAgriculturaFamiliar(PRONAF).•ProgramaMaisAlimentos.•ProgramaSantaCatarinaRural(SCRural).•ProgramaJuroZerodaSDS.•PrimeiraÁguaouProgramaCisternas(governofederal,MDS).•ProgramadePagamentoporServiçosAmbientais(PSA).•ProjetodepreservaçãodefontesCaxambu(EPAGRI).•Projetodeestaçõesecológicas(Xanxerê).•Diversasaçõesdeincentivoeapoioàaberturadepoçoseoutrasinfra-

estruturas hídricas.•Açõesdedisponibilizaçãodecaminhões-pipa.

2.3.2.Concentraçãodepolíticas,programas,projetoseaçõesderesposta

Percebeu-sequeamaiorpartedaspolíticaspúblicaseaçõesestãoorien-tadas em uma lógica de resposta, de compensação de impactos, reativa e de diminuiçãopontualdosproblemas.Sãopoucasasaçõespreventivasque,defato, antecipam-se ao evento.

Existempolíticaspúblicasouaçõesemcurso,masquesomentevisamdiminuiroimpacto.Nãoexistenenhumprogramaqueviseantecedero evento. a gente recebe sempre após o evento uma disposição de caixad’águaoucisternas,paradiminuiroimpacto(OficinaSãoMigueldo oeste).

2.3.3.Faltadeeficáciadaspolíticas,programas,projetoseações

Apesardevariadosprogramas,projetoseaçõesqueestãosendoimple-mentadosnaregião,osparticipantesosconsideram,porváriasrazões,pou-coeficazes.Umadasrazõesparaessafaltadeeficáciaresidenainexistênciadeculturaparainvestiremprevençãonoqueserefereàáguae,especifica-mente, em certos procedimentos como a instalação de cisternas, ao que se juntamproblemaseconômicosedificuldadedefazerumacorretaavaliaçãodas melhores alternativas.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

226

Page 227: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Políticas públicas existeme não são poucas, sãomais presentes nomeio rural do que urbano. a maioria não adere a essas políticas, por-queaprincipaléocreditorural,masnãoháculturadefinanciarinves-timentosparasolucionarosproblemasdaágua(OficinaConcórdia).

as comunidades rurais ainda não veem isso como importante, não têm essa visão em investir em cisternas. em 2012 íamos abastecer o interioreaáguatinhaquesercolocadaemumaçudeseco,poisnãotinhamestruturadecaixadeágua(ReuniãoComitêdeBaciaRiodasantas).

As cisternaspossuemumcusto considerável, agricultoresprefereminvestiremoutrostiposdeinsumosparaaprodução[...]émaisbaratofazerumpoçoedividirentreváriosprodutoresdoqueconstruirumacisterna (reunião ePagri, Joaçaba).

no município de guatambu, apenas seis produtores aderiram ao pro-grama de cisternas para aves e suínos, de 40 disponíveis, principal-menteporqueosproprietáriosnãopercebemumretornoeconômicoimediato. Por isso a necessidade de mais incentivos diretos aos agricul-tores (reunião ePagri, Chapecó).

Háprodutoresquenãoinvestememcisternasporsercômodorece-beráguadaprefeituraemsituaçõesdeemergência(OficinaJoaçaba).

Oagricultoréumaquestãocultural.‘Eusouodonodapropriedade,eupagueiporela,essasárvoressãominhas,aáguaéminha.Porquenãoposso fazerumpoço?’Aáguaémaisbarata, abarragemcustacaro, não tem maquinas, e a prefeitura não vem fazer. (reunião Comi-tê de Bacia Concórdia)

Outracondicionantedeeficáciadaspolíticaspúblicasestá relacionada,segundoosparticipantes,comasuaexageradaburocratização.

Políticas públicas altamente burocratizadas, os agricultores acabam nãocumprindoasexigênciasburocráticasoudesistindoemdecor-rência disso. Falta conscientização com relação a essas políticas, por exemplo,umdosprogramasmaisrecentes,aexemplododesper-dício de recursos públicos, foi o programaPrimeiraÁgua (OficinaConcórdia).

Foram também levantados problemas em relação a políticas e programas criados nos âmbitos estadual ou federal sem considerar as características locais.Assim,acabamporexistirmaisinvestimentosparticularesdoquepú-blicos.

Políticaspúblicassériaseeficazes,visandodiminuiroimpactodaes-tiagem,poisacabarcomelanãoseriapossível.Açõesentretodasasesferas,federal,estadualemunicipal.Agenteentendequenãoexisteuma conversa entre todos os poderes. as cisternas vêm do governo federal para os municípios, mas em nenhum momento o governo con-versou com os municípios para saber qual material deveria ser utiliza-do(OficinaSãoMigueldoOeste).

outros aspectos a considerar estão relacionados com o sistema político, a cultura política e as dinâmicas político-eleitorais.

Osprojetosdelongoprazo,quedeveriamserimplantadospararesolverasituação,sãoatrapalhadospelasadministraçõesquemudamdequatroemquatro anos. não se pensa em 20 anos.

a questão da falta de quadro técnico capacitado que apoie a implantação daspolíticaseações,emespecialasdestinadasaoprodutorrural,tambémfoi mencionada.

Falta de técnicos para fazer acompanhamento, fazer inventário daspropriedades,paraverserealmentedáparafazercisternanaspro-priedades,proteçãodefontesoureflorestamentodasáreasdosrios.Cada propriedade tem sua peculiaridade, às vezes uma ação em uma propriedade não é tão eficiente em outra propriedade, uma vez aePagri tinha mais técnicos nos municípios para o monitoramento dos programaseverificaçãodequaisaçõespoderiamsermaiseficazesemcadamunicípioeemcadapropriedade(OficinaConcórdia).

Construímos uma cisterna, mas tivemos problemas com a qualidade daágua,porcontadematériaorgânicanalagoa.Foiuminvestimentodemaisoumenos6anosjogadofora.Agentesesenteimpotenteparafazer isso sozinho (reunião aurora alimentos, Chapecó).

Háaindaorelatodequeaspolíticasnãofocamemprevenção,estandodestinadasapenasaaçõesimediatasderesposta.Alémdisso,nosdepoi-mentostantogestorespúblicoscomoprodutoresqueixam-sedomomen-

Ca

PÍt

ulo

vi

227

Page 228: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

to de resposta, em que a única alternativa geralmente é o abastecimen-tocomcaminhõespipapelaprefeitura.Emfunçãodograndevolumedetrabalho e distância a percorrer, os demais serviços municipais chegam a ficarcomprometidos.Faltamcaminhõeseocustodotransportedeáguaéelevado, não sendo possível atender toda a demanda durante período de estiagem.

Emperíodosdeestiagemaprefeituralevaáguaàpopulaçãoruralemcaminhões.Hátrêsanosocorreuaúltimagrandeestiagemqueimpac-tou a propriedade durante cerca de seis meses, período em que com frequênciaquasediáriaeraabastecidadestamaneira.(Visitaaprodu-tor local, Bela vista das Flores, são Miguel do oeste).

Geralmente,com10a12diassemchuvaalgunsprodutoresjápedemcaminhãodeágua.(ReuniãoSecretariadeAgricultura,ÁguaDoce).

SituaçãoemPiratuba.Qualidadeáguaimportante,nãotemcaminhãosuficiente,oupriorizaáguapotávelouprosanimais.Municípiosnãoestão preparados para solucionar rapidamente a estiagem (OficinaConcórdia).

Osmunicípiosatévãofazeressetrabalho[decontratarcarros-pipa],mas é tudo limitado. É dada preferência para criadores de suínos e bo-vinos para não perderem os animais. se for só pra consumo humano é raro as fontes secarem, mas diminuem bastante, daí a plantação é perdida.Aívaidependerdoseguro,dogovernointervir[paraatenuaraperda].(ReuniãoSindicatodosAgricultores,Chapecó).

2.3.4. Problemas com as cisternas do Ministério do desenvolvimento social (Mds)

Pelo relato dos participantes do diagnóstico de campo, percebeu-se que háprogramasqueapresentaramproblemassériosdeordemtécnicaeaoinvésdecolaborarem,tornaram-seumtranstorno.Umexemplorepetida-mente lembrado foi o Programa Cisternas do Mds, operacionalizado no estado pela assistência social, que embora especialmente dedicado ao se-miárido,foialargadoaSantaCatarina.Segundoosentrevistados,opadrãodeconstruçãodascisternasestavaadaptadoàscondiçõesclimáticasdonor-deste.Partedascisternasquefoientreguenãosuportouovolumedeáguae rompeu, e outra parte sequer chegou a ser construída.

AscisternasdoprojetodaAssistênciaSocialapresentammuitospro-blemas. teve uma licitação ruim que levou a uma construção ruim (Visitaaprodutorlocal,Xanxerê).

Cisterna sem uso instalada em propriedade rural

Foto: Patrícia taeko Kaetsu

o modelo do nordeste não funcionou, via Ministério da assistência social, iniciou em 2014 e foi interrompido (reunião secretaria de agri-cultura Chapecó).

Eufizpedidodeumacisterna, aquestão técnicapecoumuito,nin-guém veio auditar a propriedade, desnível etc. no contrato consta calhas de latão de sei metros. Fizeram cerca em volta do biodigestor, coisalinda,masemquatromesescaiu.Emdoisanosvaicair,ogásqueforma no chiqueiro corrói tudo. em casa aguenta, mas no chiqueiro não. no Programa da Cisterna, kit pronto sem adaptação para pro-priedade(OficinaConcórdia).

em campo foi possível observar as cisternas rompidas e algumas com parede de espessura de apenas dois centímetros, que sequer suportaram o primeirouso.Hojeessascisternastornaram-selocaldeacúmulodeáguaevetor de doenças.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

228

Page 229: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Cisterna com parede estourada pela força d’água

Foto: Patrícia taeko Kaetsu

Otécnicodeterminouqueáguarecolhidaemcisternaemaviárionãopôde ser utilizada para dessedentação dos pintos mais novos devido aomaterialdastelhas[amianto]provocardoença.Oinvestimentodecerca de 150 mil reais foi em vão. Certas coisas ainda não estão claras e causam receio nos produtores em investir em alternativas (visita a produtor local, Bela vista das Flores, são Miguel do oeste).

Osrelatosregistramtambémalgunsprogramasemandamentocujoscri-térios não atendem à realidade local, e acabam impossibilitando o acesso da maior parte dos produtores.

a regional atende 15 municípios, que foi atendida com 400 cisternas do programa do governo de santa Catarina. o custo de cada cisterna é de 28 mil reais, destinadas a avicultores e suinocultores. 15 produto-resjáestãocadastrados.Porém,aproduçãodaregiãoestáconcentra-daemmilhoeleite,90%.(ReuniãoEPAGRI,Concórdia).

2.3.5. Compreensão equivocada do poço como solução

Grandepartedosparticipantesassinalouaintensificaçãodaaberturadepoços como uma opção, em geral, equivocada para o problema da estiagem.

Asituaçãoatualdeexploraçãoderecursoshídricosrefleteprogramasdopassadoqueincentivavamaperfuraçãodepoçosequetrouxeefeitoscon-tráriosaosdesejados(ReuniãoComitêdeBaciaRiodoPeixe,Joaçaba).

as políticas do estado estão na contramão da constatação de que o problema é de gestão diante dos 1.800mmde chuva por ano [...]exemplo[...]políticadeperfuraçãodepoço(ReuniãoComitêdeBaciaRiodoPeixe,Joaçaba).

interesses políticos, é bonito inaugurar poços. Políticos de Floripa para inaugurar (reunião Comitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

Aagroindústrianãovêcombonsolhoságuassuperficiais,preferempoço (reunião Comitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

Existeumgrandeproblemarelacionadoàperfuraçãodepoçosarte-sianossemocontroledousodaágua(OficinaJoaçaba).

Antesnecessitava30diasparaperfurarumpoço,hojeemapenastrêsdias. se espalhou pelo estado, empresas perceberam essa oportunida-de (reunião Comitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

Alémdisso,hárelatosdefaltadefiscalizaçãonaperfuraçãodospoços.Faltafiscalizaçãonaperfuraçãodepoçosartesianos.Perfuraram10,12famíliaspróximas.Nãosabemqualdistânciamínima,fazemilegalmen-te(OficinaConcórdia).

2.3.6.Boaspráticasemcurso

as cisternas que a ePagri, no âmbito do sC rural, vem implantando seguem um modelo bem mais adequado à situação catarinense e do oeste, mesmoqueemalgunscasoshajaproblemasquandoemsolospoucopro-fundos.Emboratenhaumatipologiadebasequefazarecolhadeáguadostetosdeaviáriosepocilgas,hávariações,comoporexemplo,emBelaVistadas Flores, são Miguel do oeste.

Acisternaconstruídacoletarááguade fonte,enãodetelhado. Issoporqueoprojetosaimenoscustosoeavertenteaquetemacessonãosecanaestiagem,apenasnãoésuficienteparasuprirademandanosperíodosdecrise[...]LonaPAD008temgarantiadecincoanosevidaútildeaproximadamentedez,utilizadaparacoberturadoreser-vatório. a lona inferior não precisa ser substituída por estar à sombra ecobertadeágua.(Visitaaprodutorlocal,BelaVistadasFlores,SãoMiguel do oeste).

Ca

PÍt

ulo

vi

229

Page 230: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Cisterna em Bela Vista das Flores, São Miguel do Oeste

Foto: Mario Kabilio

Cisterna em Bela Vista das Flores, São Miguel do Oeste

Foto: Mario Kabilio

Otelhadodeaviárioéomaiscomplicadoparacaptaçãoparacisternadevidoàaltaproduçãodepoeiraquandonãoestáchovendo,sujandobastanteasprimeiraságuasdachuva.[...][Mas]aSadiarealizouestu-dosobreaqualidadedaáguadecisternasechegouàconclusãoquequando realizados corretamente os procedimentos pelo produtor, descartedaprimeiraáguadachuva,porexemplo,amesmaapresentaqualidadesuperioràságuassuperficiais.

Háaindaoutrasopõesdecisternas.Captaáguadotelhado,15millitros.Nos30anospediáguaprapre-feitura apenasduas vezesporque rachou a cisterna, trovoadas. [...][Manutenção:]limpezaduasvezesporanoequandocomeçaachovertiroacanaletaparalavarpoeira.Aáguadacisternavaiparaobanhei-ro,podebeber,nãoapodrece,meusfilhossemprebeberam(Visitaaprodutor local, vista alta, são Miguel do oeste).

Cisterna em Vista Alta, São Miguel do Oeste (muro inferior sem pintura)

Foto: Mario Kabilio

Detalhe interno da cisterna em Vista Alta, São Miguel do Oeste

Foto: Mario Kabilio

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

230

Page 231: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Cisterna em Lindóia do Sul, Concórdia

Foto: guilherme linheira

Cisterna implantada na BRF, Chapecó

Foto: Mario Kabilio

As indústrias pecuárias informaram que também realizam reserva deágua,semoquênãolhesseriaimpossíveloperaremperíodosdeestiagem.

Fazemos captação da superfície de 11.500 m3 por dia (visita BrF, Cha-pecó).

2.3.7.Poçoseaimportânciadoplanejamento

Algunsentrevistadosafirmamque,sejapela localizaçãogeográfica,sejapeladegradaçãodaqualidadedaáguapróxima,certasregiõesseveemcom-pelidasapensarnaaberturadepoços,mesmoemáreaurbana.Porisso,ocostume,emcertaszonasurbanasdeedificaçõesnovas,emesmoemmui-tas residências, é de terem seu próprio poço artesiano.

Populaçãourbanaestáfurandopoçosparanãodependerdopoderpúbli-co.Asconstrutorasjápedemautorizaçãonoprojetodosprédios(Reuniãosindicato dos Produtores rurais, são Miguel do oeste).

Poçoartesianoéumasolução,masdeveriaserfeitoumaanáliseantesdeseremfurados.MasoGuaranieuachoquedeveriaserproibido.AáguadoGuaraniéumaáguademáqualidade,comtemperaturaaltaePHtambém.Temquesertratadapraserutilizadapelosanimais(OficinaJoaçaba).

3. SOLUÇÕES PROPOSTAS

Demaneirasemelhanteàspercepçõessobrecausaseaçõesaplicadasouemandamento,assoluçõesidentificadospelosparticipantesdapesqui-sa foram organizadas em tópicos, criados por categorização emergente dos assuntosmaismencionados.Muitas vezes as soluções interligam-secomlógicasdeotimizaçãodepolíticaseaçõesjáemcursooucomlógicasde alteração de aspectos associados às causas dos impactos da estiagem. Amatrizde inter-relaçãocomplexaentreosdiversos fatores implicadosnaproblemáticadaestiagemilustra,areiteraraanálisedocumental,queoproblema só pode ser devidamente analisado em uma perspectiva sistêmi-cadecomplexidade.

3.1. Gestão eficiente e participativa dos recursos hídricos

3.1.1. valorizar a articulação institucional

Muitas pessoas mencionaram a importância de uma gestão integrada e a articulação entre diferentes órgãos e esferas de governo, bem como a atua-çãoconjuntacomainiciativaprivada.

essencial o envolvimento das agroindústrias e ministério público. Muitasvezesasagroindústrias fogemdoproblematantodedejetosquantodaágua.Teriaqueenvolveressasparaconseguirumresultadomelhor(OficinaConcórdia).

ImportânciadasarticulaçõesentreSDS,EPAGRIeDefesaCivil(Reu-niãoComitêdeBaciadoRiodoPeixe,Joaçaba).

Ca

PÍt

ulo

vi

231

Page 232: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Trabalhoconjuntodaassembleialegislativaestadual,Fehidroecomi-têsdebacia(OficinaSãoMigueldoOeste).

reconhecimento da defesa Civil e seu relacionamento com as admi-nistrações municipais (Reunião Sindicado dos Trabalhadores Rurais,são Miguel do oeste).

Consórciodemunicípiosparaomeio ambiente,pró água, parceriacom ePagri. a associação dos municípios tem um importante papel de orientação aos prefeitos (reunião aMosC, Chapecó).

3.1.2. valorizar a participação

a questão da importância da participação foi, também, um aspecto bas-tante realçado.

necessidade do sentimento de pertencimento para obter o apoio dos produtoresnasquestõesrelativasàestiagemeconsumoconscientedaágua.[...]Paramudaréprecisoquesejaumprojetopensadoapartirdo ponto de vista do agricultor (reunião Comitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

escutar os agricultores, eles têm as respostas dos problemas. não adiantalevarsoluçõesprontas,nãofazempartedoprojeto.Exemplosdas cisternas, biodigestores etc. (reunião Comitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

3.1.3. valorizar os Comitês de Bacia

GrandepartedosrepresentantesdosComitêsrelataadificuldadedetrabalho, de recursos e de reconhecimento. Entre as soluções conside-radas para a adaptação e resiliência à estiagem está a condução de umtrabalhosistematizadoebemplanejadoque,porexemplo,estipuleregrasparaocontroleeusoconscientedaágua,equegarantaaproteçãodaáguasuperficial.

deveria ser estudado o fundo estadual de recursos hídricos, para dar subsidioaosprojetos.Anãoexistênciadeumaestabilidadefinanceirae administrativa nos comitês (reunião Comitê Bacia do rio da antas, são Miguel do oeste).

o Comitê é formado por representantes de 11 órgãos de governo, 22 usuáriose22sociedadecivil,totalizando55entidades.Atuaçãode11anos (reunião Comitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

o ponto principal a ser trabalhado é a política de gestão do uso da água,incluindocomênfaseaatuaçãodosComitêsdeBacias(Reuniãoassociação Catarinense de Criadores de suínos, Concórdia).

Questãodosrecursoshídricosdemaneirageral:afluentesprincipaisdoriodopeixe,jáforamfeitasváriasproposiçõesaosmunicípiosparaproporasintervenções.UmpilotonoriodoTigre[diagnóstico]parase estabelecer o que pode ser feito para a melhoria da qualidade e quantidadedeágua,masnapráticaháumaparalisia,poisosmunicípiosnãotêmequipetécnicanaáreaadequada(ReuniãoComitêdeBaciadoRiodoPeixe,Joaçaba).

em direta relação com os Comitês de Bacia e sua ação, as falas destaca-ramaimportânciadosPlanosdeBaciasefalhasdosquejáexistemequedevem ser corrigidas.

Plano de bacia desde 2009, 2010 com o Microbacias 2 em Chapecó e Timbó.Planocom50açõesaseremimplementadascomoqualidadedaágua,águasubterrânea,educaçãoambiental,instrumentosdeges-tão.Ocomitêestábuscandoatuardeacordocomoplano,seguindoàriscaoquepropõe(ReuniãoComitêdeBaciaJacutinga,Concórdia).

o governo do estado poderia trabalhar forte com o cadastro e depois implementaroplanodebacia,trabalharporpartes[...]Nãoqueremfazer um plano de bacia correto, adequado, e sim um plano sem mui-tasfaseseinformações.Serianecessárioummilhão,doismilhõesdereaisparafazerumplanoadequado,masqueremgastar500ou600milreaisnomáximoemumplanodebacia,comdadossecundários,terceirizando tarefas e solicitando que o comitê entregue dados e faça amobilização(ReuniãoComitêdeBaciadoRiodoPeixe,Joaçaba).

AelaboraçãodoPlanodeBaciasóseráefetivaquandodelegaremparaos próprios comitês o trabalho e a gestão em operacionalizar o plano juntocomasforçasvivasdascomunidadesondeestãoinseridos,destamaneira desenvolver um trabalho real, com dados concretos (reunião ComitêdeBaciaRiodoPeixe,Joaçaba).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

232

Page 233: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

outra questão relacionada, e também muito referida, foi a necessidade deimplantaçãodocadastrodeusuáriosdaáguaerespectivosistemadeoutorga.

Ocadastrodeusuáriosdeáguaseriaopontapéinicialparaaimple-mentação de dados e para saber efetivamente qual a demanda que a baciapossui.Quandooplanoforelaboradoterárecursoparaocadas-tro(ReuniãoComitêdeBaciadoRiodoPeixe,Joaçaba).

Conhecer a disponibilidade hídrica do estado, promovendo a outorga deusodeacordocomacapacidade,buscandooconsumodaáguaemconformidadecomacapacidadedosmananciais(OficinaJoaçaba).

Problema seríssimo no Plano para avançar na aplicação dos instrumen-tosprincipalmenteoutorgadaágua(ReuniãoComitêdeBaciaJacutin-ga, Concórdia).

Afaltadecadastrodeusuáriosdeáguaéomaiorexemploda faltadeconexãoentreasinstituições.Onúmerodecadastroséirrisório.a falta de dados é o principal problema e o cadastro daria uma base (ReuniãoComitêdeBaciaRiodoPeixe,Joaçaba).

o próprio comitê foi a campo e fez o diagnóstico de poços, dados confiáveis.Demandadeatualizaressainformaçãoeobalançohídrico,maspodemafirmarcomsegurançaquepossuemosmaisimportantescadastrados.Sendoque22%utilizamáguassubterrâneas,orestantesuperficial(ReuniãoComitêdeBaciaJacutinga,Concórdia).

Também seria necessário realizar campanhas para a mobilização econscientizaçãoparaopreenchimentodocadastrodeusuáriodeágua.Tinham500usuárioscadastrados,depoisdecampanhademobiliza-ção,oficinasecobrançadoBancodoBrasilparaliberarfinanciamentodocréditoruralpuloupara7.700[março2015].Éosegundocomitêcommaiscadastrosdeusuários(ReuniãoEmbrapa,Concórdia).

3.2. Armazenagem de água

Oarmazenamentodeáguaéumadasmais importantesemaiscitadassoluçõesnasatividadesdecampoemtodasasmicrorregiões.

3.2.1. investir em construção de cisternas

Aconstruçãodecisternasévistacomoumdasmaisimportantesaçõesaempreender.

Utilizaçãodaáguadachuva,maisfocadonaquestãoruralcomoformadeaumentaradisponibilidadedeáguaparasuprirademandaetam-bém envolveria as cisternas e pequenos reservatórios em forma de açudesepequenasbarragens(OficinaConcórdia).

Reservatóriodeáguaresolveria90%casos faltad’água.Minhapro-priedadeéextremamentepobreemágua.600porcose30,40vacas.Senãotivessereservatórioestariasemáguahá30diasjá,mascomotemaçude,reservatório,nãofaltouatéagora(OficinaConcórdia).

não tem outra alternativa a não ser a cisterna. ele gasta uma vez, fazmanutençãoe[aágua]podeatéserboaparaconsumohumano(reunião associação Catarinense de Criadores de suínos, Concórdia).

Caixa d’águade20mil litros, uma família aguenta 15, 20dias,masdependedafamília(OficinaConcórdia).

3.2.2.Integrarações

em alguns casos, a referência à construção de cisterna, como proposta de solução face à estiagem era referida em reforço e em apoio a cisternas jáconstruídas,elogiandosuaeficáciaesucesso,eapossibilidadedeinter--relaçãocommedidasjáadotadas.

Instalouumacisternaaproveitando900metrosdecalhadoaviário.Possui4aviárioseacisternaalimenta2deles.São540mil litrosdeáguaemumaestruturade8x30m,comprofundidadede3,5metros(Visitaaprodutorlocal,linhaBomSucesso,Xanxerê).

Estaáguaemergencialvememcaixade5.000litrose,napropriedadeésuficienteparamanterosporcoscercadedoisdiascomosleitõesainda pequenos, e apenas um dia quando grandes (visita a produtor local, Bela vista das Flores, são Miguel do oeste).

Alémdisso,houvetambémsugestõesparainclusãodaconstruçãodecis-ternaempacotesdefinanciamento.

Ca

PÍt

ulo

vi

233

Page 234: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Seriaimportanteincluirocustodeconstruçãodacisternajánofinan-ciamento,obrigandoassimoprodutorateruma.(OficinaXanxerê).

3.2.3.Realizarplanejamentoeadequaçãodeopções

Anecessidadedeajustarotipodecisternasàregiãoeàsnecessidadesfoisempre lembrada.

Adequaçãodoprojetodecisternasdeacordocomascaracterísticasdomunicípioeanecessidadedeáguadapropriedade(OficinaChapecó).

3.3. Qualificação ambiental e proteção das redes hídricas

Correspondendoàidentificaçãodadegradaçãoambientalcomoumadascausasdeintensificaçãodaestiagemedeseusimpactos,amaiorpartedosparticipanteslistouváriasmedidasquedeveriamseradotadas.

3.3.1. Proteger nascentes, fontes e mata ciliar

a necessidade de proteger fontes, nascentes e a mata ciliar foi repetida-mentemencionadaparagarantirumaredehídricaeficiente.

Percebemos a importância de trabalhar com foco na bacia e proteger osmananciaisenascentescomoomodelocaxambu,masnossenti-mos impotentes para fazermos isso sozinhos (aurora alimentos).

Fonte modelo caxambu, Xanxerê

Foto: Patrícia taeko Kaetsu

Todos osmunicípios estão trabalhando proteção de fontes (OficinaConcórdia).

Propriedades que desenvolveram tecnologia para proteger nascentes ecaptare reter a águanão sofrem tanto comaestiagem (ReuniãoComitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

em alguns casos a proteção de fontes e nascentes combina-se com a proteçãodasredeshídricasemgeral,eapreservaçãodamataciliarereflo-restamentos, em particular.

Proteçãodoscorposd’água.Preservaçãodamatacumprindoaleinoquedizrespeitoaosriosenascentes(OficinaJoaçaba).

Distribuição e armazenamento de água, através domapeamento eproteção de nascentes com bom potencial coletivo. É sabido que na regiãonãosetemafaltad’águaesimomaugerenciamentodela(Ofi-cina são Miguel do oeste).

Reflorestamentoemlocaisdenascentesdeágua(OficinaJoaçaba).

Agricultura e APPs no rio Chapecó.

Foto: Mario Kabilio

incentivo à manutenção da mata ciliar (reunião ePagri, Concórdia).

Recuperaçãode fontes, nascentes, áreasdeAPPs, fornecimentodemudas(OficinaXanxerê).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

234

Page 235: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

a recomposição dos mananciais e da mata ciliar através de um plano, programa pra preservar as que ainda restam, e renovar aquelas que foramdestruídas.Retermaisaságuas,terumaáreaúmidaqueprovo-candoumaregularidademaiordaschuvasduranteoano(OficinaSãoMiguel do oeste).

3.3.2. incentivar o pagamento por serviços ambientais (Psa)

Independentementedaanálisedasvantagensedefeitosdoatualcódigoflorestaledaformacomoseprocedeuaobranqueamentodealgumasprá-ticas ilegaisanteriores,opagamentoporserviçosambientaisestáprevistoe constitui-se como um dos mais importantes mecanismos de ação positiva em prol da qualidade ambiental.

são lourenço tem programa mata nativa, o produtor recebe um real por ano para manter a atividade. 29 produtores com 35 hectares com mata dearaucáriaeoutrasnativasnomeio,porexemplo(OficinaChapecó).

Ospagamentosjáestãonalegislação,mastemquefazeracontecer,colocaremprática,assimtermaispreservaçãoeresultado,colocandoemprática teríamosmais consciência e daríamosmais valor para aágua(OficinaConcórdia).

Seeles[proprietáriosdeimóveisrurais]conservarem,todasociedadevaiserbeneficiada[...]entãonãoéjustosóelesarcaremcomascon-sequências(OficinaJoaçaba).

os movimentos sociais do campo apostam nas políticas de pagamento porserviçosambientais,desdequesejamatrativas(ReuniãoComitêdeBaciadoRiodoPeixe,Joaçaba).

3.4. Conscientização e educação ambiental

3.4.1. Promover conscientização

Por diversas vezes a importância da conscientização foi salientada, tanto para atoresespecíficoscomoparatodosossetoresecomunidadesdeformageral.

Cultura de conscientização que nem prevenção de incêndio: treina-mento,fechartorneirasporquatrodias[...]Criarumaculturadeuso

daágua,reaproveitamentoprincipalmenteáreaurbana.Quandotemesbanja,nãosabecuidar(OficinaConcórdia).

Oprogramadetelevisãoerádioémuitoimportante,entãoumadassolu-çõeséusaramídiaparadivulgarporquedevemospreservar,despertaraconsciênciadosagricultores,dapopulação(OficinaSãoMigueldoOeste).

Mudançadeculturaatravésdacriaçãodevaloresambientais(Oficinasão Miguel do oeste).

Câmaratécnicadavigilânciasanitária[...]umarodadaemtodosmu-nicípios,levarparaasprefeiturasvisãointegradadagestãodaáguanabacia,responsávelpelousodosolo(ReuniãoComitêdeBaciaJacutin-ga, Concórdia).

Reuniõesdecapacitaçõesdetodosenvolvidoseatingidospelaestia-gem(OficinaSãoMigueldoOeste).

Nocasodosagricultoresfoidestacadoqueháumamudançaemcursoe que essa mudança pode ser incrementada a propósito da efetivação do cadastro rural.

Consciênciadoagricultorestámudandoeestãosendo incentivadosapreservaromeioambiente,nascentes.EstásendorealizadooCAR[cadastro ambiental rural], cerca de 10 por dia. (Reunião Sindicatoagricultores, Chapecó).

3.4.2. valorizar a educação ambiental

o tema da importância da educação ambiental foi tratado tanto para os es-paços formais e ambientes escolares como também para espaços não escolares.

educação ambiental desde a pré-escola. resultado esperado de pes-soas conscientes, sensíveis e orientadas em relação ao problema dos recursoshídricos(OficinaJoaçaba).

realizar conscientização em escolas porque os mais novos são mais fáceisdeconvencerqueosmaisvelhos(OficinaChapecó).

Mudançasdehábitoseeducação.Aspessoastêmqueentenderesa-ber qual parte cabe a elas para se trabalhar a questão da estiagem. tra-

Ca

PÍt

ulo

vi

235

Page 236: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

zertodososenvolvidospradentrododebateedasações,emrelaçãoàestiagem.Énecessárioenvolveracomunidade,ospais,osprofesso-res(OficinaSãoMigueldoOeste).

Construção de valores, construção de consciência. que valor tem umaárvore,quevalortemreciclarolixo.Aeducaçãoambientaltemqueestarpresenteemtodososambientes,emtodososprojetos(Ofi-cina são Miguel do oeste).

3.5. Alteração no manejo e práticas agrícolas

Aabordagemdestetópicofoimuitoampla.Houvedesdesugestõespon-tuaisdemanejoatédebatesobreanecessidadedemudaromodeloagrícola.

3.5.1.Implantaraçõesespecíficasdealteraçãodepráticasagrícolas

Ações para a conservação do solo. A região localiza-se sobre umamassarochosapróximaàsuperfície.Quandonãohámedidasdecon-servação,há a inviabilizaçãodaproduçãoagrícolaeda retençãodeágua(ReuniãoComitêdeBaciaJacutinga,Concórdia).

Ações para conservação do solo.O solo é um bem finito, recursonaturalnãorenovável.Énecessáriaainterfacecomosprogramasqueoferecem implementos agrícolas (reunião Comitê de Bacia do rio da antas, são Miguel do oeste).

Melhoriadaconservaçãodosoloparaaumentaraabsorçãodeáguaearendadoprodutor(OficinaChapecó).

Questãodapermeabilidadedosolo.Temtaxadeocupaçãoetemtaxatambémdepermeabilidade,deve-seexigirumataxadepermeabilida-de nos planos diretores, são ideias simples que faltam incorporar no diaadia(OficinaSãoMigueldoOeste).

Para esse grande reservatório que é o solo. Armazenarmais água.Podehaverváriasaçõesnessesentidocomoaumentodedepósitosdeágua,pequenasbarragens,práticasfísicasdeconservaçãodesolo,apartedeestradas.Tipocaptaçãodaáguaescoadaaoredordasmes-

mas,melhorianaspráticasvegetativas,melhoriadaquantidadeedis-posiçãodematasciliares(OficinaConcórdia).

Alternativaaomodeloatualdeagricultura.Diversificaraproduçãonapropriedade(OficinaXanxerê).

3.6. Promoção da qualidade da água

Reconhecendoque a promoção da qualidade da água é umdos eixosfundamentaisdoenfrentamentoaoproblemadaestiagem,váriassugestõesforam feitas com essa intenção.

3.6.1.Melhoraroesgotamentosanitário

Aimportânciadepromoverequalificarosaneamentobásicofoi forte-mente destacada pelos participantes.

Saneamento no perímetro urbano.Xaxim é exemplo demunicípioquejáiniciouobras(ColegiadodeXanxerê).

o serviço intermunicipal de água e esgoto (siMae) é uma autarquia queatuaemJoaçaba,Hervald’OesteeLuzerna.Atualmente,apro-ximadamente80%dosefluentesdeJoaçabasãotratados.Adicional-mente,existeoprojetoemparceriacomaoProjetocomaFundaçãoNacionaldeSaúde(FUNASA)paraexpansãodarede(ReuniãoComi-têBaciaRiodoPeixe,Joaçaba).

Tratamentodeesgotodas áreasurbanas.Obrigatoriedadede insta-lação de fossas sépticas onde não há sistemade tratamento.Cum-primentodaLeiqueproíbeacanalizaçãodeesgotonaredefluvialevinculaçãocomoalvarádeconstrução(OficinaChapecó).

3.6.2.Garantirotratamentodaágua

Aimportânciadoadequadoprocessodecoletaetratamentodaáguafoirealçada,sendocitadosalgunsbonsexemplos.

Necessidadedetratamentoparacorrigiropadrãodequalidadedaágua.Estãosendo instaladasestaçõesde tratamentodeágua,por iniciativadas comunidades (reunião Comitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

236

Page 237: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Ipumiriméexemplodecoletaetratamentodeágua,compatentedefiltro(ReuniãocomDefesaCivilMunicipal).

as indústrias também se deram conta da necessidade de preocupar-se com ocontroledequalidadedaágua.

Aplantapossui laboratóriosde análise sensorial e físicoquímica.Oefluentepassaporuma lagoadeestabilização,flotadoresecloraçãoaté chegar ao rio (visita BrF, Chapecó).

Aimportânciadapreservaçãodaqualidadedaáguasubterrâneatambémfoireferida.

Asprincipaissoluçõesestãorelacionadasacuidadoscompoços,re-gras,controleeusoconsciente;eproteçãodaáguasuperficial(Reu-nião ePagri, Joaçaba).

Cabe maior controle nessa perfuração de poços e que estes propor-cionemmaiordisponibilidadeequalidadedeágua.Paraissoacontecersecolocaaoutorgadaágua.(OficinaConcórdia).

3.7. Águas superficial e subterrânea

3.7.1.Privilegiarousoáguasuperficial

Osparticipantesmencionarama importânciaemprivilegiarousodaáguasuperficialerealizarumcuidadosoacompanhamentodorecursocorrespon-denteàáguasubterrânea.

Temosqueinverteroprocesso,primeiroautilizaçãodaáguasuperfi-cialdachuvaeporúltimoaquestãodopoçoprofundo(OficinaCon-córdia).

Acaracterísticageológicadaregiãoinfluencianafissuraeperfuraçãode poços (reunião com defesa Civil Municipal).

Agestãodaáguasubterrâneanãoapenasaperfuraçãodepoçoéumasaídanecessáriaeestratégicaparaminimizarosefeitosdaestiagem,mas cabe maior controle nessa perfuração de poços e que estes pro-porcionemmaiordisponibilidadeequalidadedeágua.Paraissoacon-tecersecolocaaoutorgadaágua(OficinaConcórdia).

Énecessáriafiscalização.FoirealizadaaoperaçãoFundodoPoçoparaa investigação dos perfuradores de poços e os processos licitatórios municipais (reunião aMMoC, Joaçaba).

3.8. Planejamento, legislação e fiscalização

Questõescomoanecessidadedeplanejarasaçõesdedefesacivilparaosefeitosdaestiagem,epromoverumaadequadalegislaçãoefiscalizaçãoforam devidamente relatadas nos trabalhos de campo.

3.8.1.Planejar

Para muitos participantes, os órgãos municipais de defesa civil ainda pre-cisamdesenvolver-seeprofissionalizar-separaconseguirdarcontadopro-blema da estiagem de forma adequada.

Adefesacivilnãotemestruturaparaapoioasituaçõesdefaltadeáguaquenãosejaparaconsumohumano.Asprincipaisaçõesemsituaçõesdeestiagemestãorelacionadasàpotabilizaçãodaáguaefornecimen-todecaminhõesdebombeiroparaconsumohumano.(Reuniãocomdefesa Civil Municipal).

se você perguntar para o agricultor o que ele faz em relação à seca ele vaificarpensativoporquenãotemoquesefaça.Éperdanacerta[...]Inclusiveosindicatoentroucomumaaçãonajustiça[em2002]quefoiganhacontraoestadoporque[...],porexemplo,GuatambueCordi-lheira alta não deram entrada nos processos de acordo com os pra-zos estabelecidos e então os agricultores não tiveram acesso ao crédito emergencialnaépoca.Masargumentou-senajustiçaquesefoidecreta-doestadodeemergênciaemChapecó,seráqueemGuatambutambémnãoteveestiagem?(ReuniãoSindicatodosAgricultores,Chapecó).

os pequenos produtores perdem a produção quando ocorre estia-gem, mas o município não consegue decretar eCP ou se por conta dos pequenos produtores. (reunião secretaria de agricultura, água doce).

Falta de comunicação entre a defesa civil e a administração municipal. (reunião sindicato dos Produtores rurais, Chapecó).

Ca

PÍt

ulo

vi

237

Page 238: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

ao atingir as agroindústrias, a estiagem passa a ser um problema priva-do. ainda assim, é demandado o apoio da defesa Civil. (reunião com defesa Civil Municipal).

Beneficiodeumacomunidadeemrelaçãoaoutranoauxiliopósdesas-tre, falta de clareza nas políticas públicas municipais. (reunião sindica-to dos Produtores rurais, são Miguel do oeste).

EmPaial,háquatroanosquefazemplanejamentodeágua,cisternasepoços.Ocálculoéfeitoporloteenecessidadesuíno.Porexemplo,aviárioummilhãodelitros(OficinaConcórdia).

Responsabilizar agroindústrias pelo planejamento atividades futura(OficinaConcórdia).

Ampliaçãodaatividadeeconômicasomentecomgarantiadeáguadis-ponível(OficinaXanxerê).

3.8.2. atualizar a legislação

a instrução normativa 11 regula a atividade suína, com foco em re-duçãodoconsumodeáguanapocilga.Épossívelqueaagroindústriaacabeimpondoessetipodecondiçõesaosseusintegrados(Reuniãoassociação Catarinense de Criadores de suínos, Concórdia).

Manifesta proposição de simplificação dos processos de licencia-mento e manutenção do quadro (reduzido) de técnicos da Fat-MAque, segundoele, seriamsuficientesparaafiscalizaçãonestenovomodelo.Implementaçãoprevistaparaopróximoano(OficinaJoaçaba).

3.8.3. Fiscalizar

Prover os órgãos de controle (FatMa, iBaMa, Polícia ambiental) de númeroadequadodetécnicosquepossibilitecontroleefiscalizaçãodousodaágua tantoematividades industriaiscomodegeraçãodeenergia hidrelétrica. resultado esperado: garantir o cumprimento e eficáciadalegislação(OficinaJoaçaba).

Controleefiscalizaçãodeatividadespotencialmentepoluidorasderis-coedesmatamento(OficinaJoaçaba).

Cumprimentodalegislaçãojáexistente(OficinaConcórdia).

3.9. Tecnologias para uso eficiente da água

3.9.1. investir em tecnologia

Outrassoluçõesestariamassociadasaoreuso,masaindahádificulda-des de tecnologia e custo (reunião BrF, Concórdia).

Reusodaáguaemcondomínios,indústriaseafinsatravésdelegislaçãoespecíficaquecontempleinclusiveincentivoàquelequepoupar.Resul-tado esperado: diminuição do consumo e melhor aproveitamento do recurso.(OficinadeXanxerê).

3.10. Importância de sistemas de informação, monitoramento e pesquisa

3.10.1. implantar sistemas de informação e do monitoramento

Porfim,osparticipantesrealçaramaimportânciadereforçaraçõesnãoestruturais e estruturais associadas ao monitoramento, que possam servir de base a alertas.

Conhecer regimedechuvase ventos atravésdeestudos climáticos(OficinaJoaçaba).

aprimorar o sistema de previsão meteorológica. radares meteoroló-gicos,acessoàinformação(OficinaXanxerê).

Utilizaçãodedadosdesatéliteparaanáliseclimatológica,quandoain-formaçãodisponívelnãoéconfiávelouquandoéinexistente(ReuniãoComitê Bacia rio das antas, são Miguel do oeste).

Cruzamento de dados. A integração dos dados é um desafio. Paraavaliarascondiçõesdosrecursoshídricos,énecessárioscruzardados

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

238

Page 239: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

sobreaságuassuperficiais,subterrâneas,usodaterra(ReuniãoComi-tê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

sistema de aviso de enchentes, muito recorrente na cidade. rio quei-mados no meio da cidade, talvez fosse o caso de um sistema de avisos para estiagem (reunião Comitê de Bacia Jacutinga, Concórdia).

Criaçãodeumaredeintegradadepesquisaedeinformações,organi-zadadeformaqueasinformaçõessejamcontinuasedefácilacesso.Comprogramaspermanentes. Saberondeesta a água (OficinaSãoMiguel do oeste).

Ca

PÍt

ulo

vi

239

Page 240: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

CApíTuLO vII

análise sistêMiCa CoMPlexa da estiageM e ContriBuiçÕes Para o PlaneJaMento de intervençÕes

Mário Jorge Cardoso Coelho FreitasPatrícia Taeko Kaetsu

1. ANÁLISE SISTÊMICA

Como se tornou claro, tanto a partir tanto do diagnóstico documental como do trabalho de campo participativo, o problema de como lidar com aestiagemé,antesdomais,umproblemadegestãodaágua,umproblemadecomoprocederaumadequadoplanejamentodeseuuso,emcontex-tosdemaioremenorabundância.Osproblemasdeplanejamento(público)são, por sua natureza, problemas sistêmicos (Kaetsu, 2015). apesar disso, a maior parte das abordagens relativas à gestão da estiagem e gestão dos recursos hídricos, continua ignorando essa consideração e baseando-se em análiseslinearesereducionistasparaadotarsoluçõesfragmentadas,avulsas,ounãointegradasnumefetivoplanejamentosistêmico.

Considera-sequeaabordagemanalíticalinearnãoésuficienteparaex-plicarosfenômenoscomplexosinfluenciadospelocontextoepelasinter--relaçõesentreosfatores(BARCELLOS;ANDRADE;NÓBREGAFILHO,2005).Asinteraçõespresentesnagestãodosrecursoshídricosenasocor-rênciasdeestiagemgeramumcenárioproblemáticodecrescentecomple-xidade.

Estaéumadosprincipaisdiferençasemaisvaliasdesteprojetoedesterelatório:romper,definitivaeinequivocamente,comessetipodeaborda-gem e tornar claro que só se pode abordar o problema da estiagem numa lógicasistêmicaedepensamentocomplexo.

Lieber(s/d)citandoadefiniçãodeabordagemsistémicadeK.Boulding(1956)referequea

[...]abordagemsistêmicaéantesdemaisnada,‘umamaneiradepensar’,assumindocomissoassuasimplicações.Suapretensãoécompreenderomundoempíricosobuma‘estruturateóricasistêmica’,agindoemcon-formidade com esses pressupostos e com essa compreensão particular. Consequentemente,relacionam-semutuamenteafilosofiadesistemas(aformadepensar),aanálisedesistemas(ométodooutécnicadeanálise)eagerênciadesistemas(oestilodeação).(LIEBER,s/d,p.8).

Paraquesepossacompreenderaanálisesistêmicarealizadaparaaestia-geméprecisocomeçarporclarificar,mesmoquebrevemente,algunscon-ceitos base e pressupostos acerca dos sistemas e seu funcionamento geral.

1.1. Sistemas e análise sistémica

Hátiposmuitodiferentesdesistemas.“Numextremo,sãotãograndescomooprópriouniverso,enquantonooutroextremosãotãopequenos,como um átomo” (SIMONOVIĆ, 2009, p. 65).Comoo autor realça, ossistemas começaram por ser sistemas naturais, até ao aparecimento do ho-memnaTerrae,consequentemente,dossistemasartificiasporeleconstruí-dos(Simonović,2009).Omesmoautorfaladaexistênciadealgunsparesdetipos de sistemas que importa tomar como referência:•Naturaisversusfeitospelohomem;•Físicosversusconceituais;•Estáticosedinâmicos;•Abertosefechados.

Ataisdicotomiasdeve-sejuntar,nomínimo,adicotomiavivoenãovivo(dentro dos sistemas naturais), sendo possível ainda estabelecer outras.

Conforme Meadows (2008), um sistema “não é somente uma velha cole-çãodecoisas”umsistema“éumconjuntointer-relacionadodeelementos,coerentemente organizados” (MeadoWs, 2008, p.11) para alcançar uma funçãooupropósito.Simonović(2009),emseusignificadomaisgeral,definesistema como

conjuntodevárioselementosestruturaisenãoestruturaisqueestãoconectadoseorganizadosde formaaatingirumobjetivoespecíficoatravés da distribuição e controlo de recursos materiais, energia e in-formação(SIMONOVIĆ,2009,p.67).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

240

Page 241: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Assim,numsistema,hásemprequeconsiderar“elementos,interco-nexõeseumafunçãooupropósito”(SIMONOVIĆ,2009,p.11).Ainda,segundoamesmaautora,“muitasinterconexõesnosistemaoperamporfluxodeinformação.Ainformaçãomantémacoesãodosistemaejogaumgrandepapel nadeterminaçãode comoeleopera” (SIMONOVIĆ,2009, p. 14).Éimportanterecordarqueemboraoquesedisseseja,emgeral,apli-

cávelatodosossistemas,existemváriasdiferençasconformeseconsideresistemas físico-naturais, sistemas físico-tecnológicos, sistemas biológicos, sistemas humanos-sociais ou sistemas mistos. assim, “a palavra função é geralmente usada para sistemas não-humanos, a palavra propósito para os humanos” (MeadoWs, 2008, p. 15). Contudo tal diferenciação não é abso-luta, principalmente porque certos sistemas são mistos.Alémdisso,paracompreenderofuncionamentobásicodossistemasduas

noçõesdevemser,àpartida,introduzidas:a)anoçãodeestoque;b)anoçãodefluxo.

o estoque “é a base de qualquer sistema. estoques são os elementos do sistema que podemos ver, sentir, contar ou medir em qualquer momento” (MeadoWs, 2008, p. 17). assim, segundo a mesma autora, “um estoque deumsistemaéexatamenteaquiloqueadesignaçãosugere:umarmaze-namento, uma quantidade, uma acumulação de material ou informação que foiconstruídaaolongodotempo”(MEADOWS,2008,p.17-18).Osfluxossãoasações,todootipodeaçõesqueinfluenciamefazemalteraroesto-que.Assim,podeafirmar-seque“osestoquessãoumamemóriadahistó-riadamudançadefluxosdentrodo sistema” (MEADOWS,2008,p. 18).Numsistemaaberto,háfluxosdeentradaefluxosdesaída.“Geralmente,osestoquesvariamdevagar,enquantoosfluxosdeentradaesaídamudamrapidamente. Por isso, os estoques funcionam como defasadores, amorte-cedoresouabsorsoresdechoque”(MEADOWS,2008,p.23).Ouseja,osestoquesfazemcomqueosfluxosdeentradaesaídasejamtemporalmenteindependentes e, como tal, temporalmente fora de balanço direto entre os dois (MeadoWs, 2008).

Ageneralidadedossistemascomalgumgraudecomplexidadeestabe-lecem retroação. o sistema de retroação11 “tem uma estrutura em ciclo fechado que traz os resultados da ação passada de novo para o sistema, para controlar a ação futura” (SIMONOVIĆ, 2009, p. 93).Umciclo causal deretroaçãoéumacadeiadeconexõescausaisdesencadeadaspelavariação(aumentooudiminuição)deumacertavariávelque,porsuavez,influenciadeformacausaloutra(s)variável(eis),acabandoporretroagirnavariávelquedesencadeouoprocesso.Simonovićacentua“queciclocausalderetroaçãoé um percurso fechado que liga, em sequência, a decisão que controla a ação, o nível (estado ou condição) do sistema e informação sobre o nível do sistema”(SIMONOVIĆ,2009,p.95).

os autores citados assinalam que a retroação pode ser: a) negativa, re-troação de equilíbrio12 (ciclos de estabilização13) quando fazem variar o fator inicialnosentidoopostoaoqueeletinhavariado(+e-ou-e+),contribuipara a manutenção do equilíbrio, mas também, resistência do sistema à mu-dança; b) positiva, retroação de reforço14 (ciclos de fuga15) se provoca que ofatorinicialvarienomesmosentidoqueeletinhavariado(+e+ou-e-)que,emúltimainstância,podeacabarporlevaràrupturae/ouemergênciade nova lógica, e negativa que faz variar.

em geral, a informação incluída num ciclo de retroação (mesmo ciclos nãofísicos)sóafetaocomportamentofuturodosistema,jáqueossinaisnãosãosuficientementerápidosparadesencadearefeitosimediatos,em-boraexistamretroaçõesbiológicas,porexemplo,deaçãomuitorápida.Trata-sedeumexemplodeumfenômenofrequentenadinâmicasistêmi-ca, o atraso16.

11 do inglês feedback loop.12 do inglês balancingfeedback loop.13 do inglês stabilizing loops.14 do inglês reinforcing feedback loop.15 do inglês runway loops.16 do inglês delays.

Ca

PÍt

ulo

vii

241

Page 242: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

1.2. Análises sistêmicas e complexidade

uma vez que os elementos de um sistema nunca são completamente “individualizados”, mas sempre “elementos relacionados” tem-se a consi-deraçãodecomplexidade.Comotal,deve-sefalarnãode“constituição”dosistema,massimde“relaçõesdeconstituição”dosistema;emdecorrênciadisto,asrelaçõesouinterconexõessão,emverdade,“relaçõesderelações”;e, pelo menos no que se refere aos sistemas sociais, mas, possivelmente, também,nossistemasfísiconaturais,haveriaquefalarderelaçõesdecondi-cionamentosuperior,as“relaçõesdeordem”(FREITASetal,2009).

Para,alémdisso,apróprianoçãodeinformaçãodeveserrevista,jáqueela frequentemente inclui uma ideia determinista de que certa informação condiciona a ocorrência de determinada alteração e determinada respos-ta, o que não acontece, necessariamente. a informação deve ser mais vista como uma perturbação que, interagindo com os elementos relacionais, acabaprovocandoqueosistemaselecioneumarespostadeentreváriaspossíveis;seestá,pois,peranteumadinâmicaseletivaenãoumadinâmicainformativa.

trata-se daquilo que Capra (2002, p. 92) designa por “ampliação da hipó-tese sistêmica”, que ocorre no âmbito das hipóteses e modelos formulados pelachamadaTeoriadeComplexidadeouPensamentoComplexoesecon-cretiza na compreensão das lógicas do padrão em rede e do funcionamento emrede.Existemmuitaspropostas e tentativasdedefiniçãodoque sejacomplexidadeque,nãocabeaqui,reverdeformadetalhada.Parte-seassimde uma formulação bem geral, mas, por isso mesmo, largamente consensual.

[...]acomplexidadeé,antesdomais,umaqualidade,umestado,umpadrãodeorganizaçãoqueestápresentenouniversocomoumtodoeque,emalgunsdeseuscomponentes[...]atingeníveisdoquepode-mosconsiderarhipercomplexo(MORIN,2005).

[...]Masacomplexidadetem,também,outradimensão,quepodemosdesignar como mais epistemológica: é um certo tipo de qualidade, es-tadoou,maisexatamente,umpadrãodeorganizaçãocaraterísticodoprocesso de cognição (conhecer, saber) da vida, como um todo e seus diversoscomponentes(FREITAS,2009,p.126-127).

esta ampliação e aprofundamento de hipótese sistêmica corresponde, efetivamente,acríticaquecertosautoressistêmicosjávinhamfazendoaosentendimentos mais mecânicos sobre funcionamento de sistemas, próprios deáreatecnológicasmuitoespecializadas,eondeépossívelconsiderarsis-temas físicos com fronteirasmuitobemdefinidas, elementos e conexõesdelimitadosepropósitosmuitoespecíficos.Ossistemaspassamaservistoscomoredes,ouseja,comocomplexosnãolinearesdeorganizaçãoquein-cluem, entre outros aspectos:•Constantes interações entre seus elementos que, por isso mesmo,

nunca podem ser vistos como elementos isolados, mas sim como “ele-mentos em relação”;

•As interações são desplotadas por diferenças (já que só a diferençatemsignificadoparaarede)eocorremsegundoumouváriospadrõesorganizativos;

•Certasrelaçõessãoreforçadaseacabamdefinindonós,ouseja,con-juntodeelementosconcatenadosque,emgeral,correspondemasub-sistemas;

•Asrelaçõescausaissão,emgeral,multicausaisepotencialmenteinver-tidas,ouseja,oefeitopodevirarcausaeacausapodevirarefeito;

•Taisrelaçõesdefinemciclosderetroalimentaçãoemqueavariaçãodeum fator determina a variação de outro(s) que acaba(m) retroagindo no fator que inicialmente variou;

•Aretroalimentaçãopodeserpositiva(ciclosdeestabilização)quandofazemvariarofatorinicialnomesmosentidoqueeletinhavariado(+e+ou-e-)eque,emúltimainstância,podeacabarporlevaràrup-turae/ouemergênciadenovalógica,enegativa(ciclosdefuga)quefazvariarofatorinicialnosentidoopostoaoqueeletinhavariado(+e-ou-e+)econtribuiparaamanutençãodoequilíbrio,comotambém,resistência do sistema à mudança;

•Sistemáticapossibilidadedeocorrênciadeemergências (surgimentosespontâneos,ouseja,novasdinâmicasanteriormentenãoprevisíveis);

•Umtodoquenecessariamenteresultadofuncionamentodecadaparteesuasinterações,oquenãoimpede,masantesreforçaainfluênciaquecadaparterecebedotodoequedeleé,dealgumaforma,umreflexo(princípioholográfico).

17Trata-seaquidesistemascomplexossociais,maspode-seadotarcomoexemplodesistemacomplexofísico-químico,porexemplo,otornado.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

242

Page 243: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Os sistemas complexos17 são caracterizados por situações dinâmicasnas quais os problemas mudam ao interagir com outros problemas. Por isso, é difícil formular os problemas sistêmicos, já que eles apresentamcaracterísticas de interdependência e multi-causalidades contínuas, circu-lares. Certos aspectos, vistos como causas, viram efeitos e vice versa. os sintomassãoconfundidoscomoproblemaeassoluçõesproduzemcon-sequênciasquepodemgeraroutrosproblemas.Comonãohádefiniçãodo problema, as soluções também não são claras. O entendimento doproblemaevoluiconformeasresoluçõesacontecem.Aomesmotempo,nãohásoluçãofalsaouverdadeira,massoluçõesmelhoresoupioresquenormalmentesãolimitadasporprazos,recursoseoutrasrazões,masnãoporumarespostadefinitiva.Assoluçõesnormalmentedemandamoenvol-vimentodediversasorganizaçõespúblicas,privadas,nãogovernamentaise indivíduos, e adicionalmente, uma mudança comportamental dos envol-vidos e cidadãos em geral.

Cada problema sistêmico é único por isso não é possível determinar clas-sesdeproblemasesoluções.

1.3. Análise sistémica da estiagem

1.3.1. aspectos gerais

no esquema da Figura 21 representa-se, esquematicamente, a estru-turadeanálisesistêmicasimplificadarelativaaoproblemadaestiagem.Acomplexidadecomeçanofatodequeéprecisoconsiderarqueemboramuitas vezes coincidam,háduasdimensõesdistintasdo fenômenoes-tiagem.Umaéaestiagemcomofenômenoclimático,outraéaestiagemcomo desastre.

Figura 21. Representação esquemática simbólica do sistema “Prevenção e resiliência face à estiagem”

Fonte: elaboração própria.

Paraquea“estiagemcomofenômenoclimático”transforme-seem“es-tiagemcomodesastre”énecessárioquecertaquantidadedeprejuízosacon-teçam.Assim,podehaver“estiagemclimática”(definidanostermosformaislegalmenteprevistos)namesorregiãoouemumaouduasmicrorregiõesesó haver desastre de estiagem em alguns municípios; pode, também, acon-tecer(eaconteceu)dehavermicrorregiõesoumunicípiosexperimentando“estiagem como desastre” sem que se tenha atingido o nível (que a Proteção e defesa Civil nacional estabelece para considerar que houve estiagem) de baixadepluviosidadeemépocadechuva.

Ca

PÍt

ulo

vii

243

Page 244: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

o que determina, realmente, se acontece ou não desastre de estiagem é ograudeafeçãodosvaloressociaiseeconômicosexpostos,aosquaisestáassociadoumconjuntodevulnerabilidades.Entreelassituam-se,porexem-plo:aelevadaeconstantedependênciadeáguadurantetodooanoparaacriação de aves, suínos e gado bovino; a elevada densidade de animais por microrregião e por propriedade rural; a falta de infraestruturas de armaze-namentodeágua;aelevadadependênciadepluviosidade,particularmenteem certas épocas do ano, para a cultura de grãos; a utilização de espécies agrícolas geneticamentemodificadasquenecessitamdemais águaque asnativas;aexistênciadeáguasuperficialpoluída;aexaustãodosolopormáspráticasagrícolasetc.

O sistema que está sendo aqui considerando é um sistemamisto, al-tamente complexo, que integra subsistemasdediferentes tipos (sistemasfísico-naturais, sistemas físico-tecnológicos, sistemas biológicos e sistemas sociais). entre tais subsistemas incluem-se: a) os que estão relacionados com as condicionantes físico-naturais geológicos, geomorfológicos, pedológicos, climáticos,hídricosqueregulamadisponibilidadehídrica;b)osqueestãorelacionadoscomasatividadeshumanas,asopçõesdedesenvolvimentoedinâmicassocioeconômicasquegeramdemandadeáguaeasconcepçõesqueassuportam;c)osque integrampolíticas,programaseaçõesquedealguma forma se relacionam com o problema. É, também, um sistema inten-cional,ouseja,éumsistemadegestão/reduçãoderisco.

Emboraváriosestoquespossamserconsideradosomais importanteecentralestoquedosistemaéaquantidadedeáguadequalidadeacessível,acada momento, para as demandas da comunidade.

Dentro do entendimento da estiagem como uma subproblemática dagestãodaáguaeestacomoumdesafiosistêmico,nãopoderáesquecer-sequeossistemasderecursoshídricosapresentamcaracterísticasespecíficasrelacionadasaotempoeàsinteraçõesexistentes(FORRESTER,1990apudSIMONOVIĆ,2009):

•Causas e efeitos estão frequentemente separados em tempo e espaço.Umexemploseriaocasodeumagentepoluidordespejadoemumaáreapróximaànascentedeumrioquetrazconsequênciasem

direçãoajusanteeaolongodabacia,nocurto,médioelongoprazo.•Certa soluções que melhoram a situação em um curto prazo

muitas vezes criam problemas maiores em longo prazo. Como no incentivo dado pelo governo para a perfuração de poços que, atual-mente, produz consequências relacionadas ao controle do número de poçosperfurados,exposiçãodosaquíferosàcontaminaçãonospontosdeperfuração,esgotamentodealgunslençóisfreáticos,entreoutros.

•Os subsistemas e partes do sistema interagem segundo ciclos causais múltiplos e não lineares o que, por vezes, resulta em com-portamentoscontra-intuitivos.A louvávelproteçãodasnascentesas-sociada a formas de armazenagem intensa, embora cumprindo papel positivo,porumlado,podemcausarparaalgunsproprietáriosdrásticadiminuiçãodavazãodas linhasdeágua juntoànascenteeafetarou-trosprodutores.Outroexemploéodequeondeaproduçãopecuáriaimpulsiona o crescimento populacional, a redução dessa atratividade pelafaltad’águaoupelapoluiçãodosmananciais,entreoutrosefeitosaparentementenegativos, causa a reduçãodas taxasde aumentodapopulação e move o sistema ao equilíbrio.

•O tempo de atraso ou espera18 entre a causa e a consequência fazcomqueosgestorestendamareduzirseusobjetivosparaacomo-dar-seaumasituação,quealgumasvezeserainicialmenteinaceitável.Umexemploéaescolhadasclassesdequalidadedeáguaque,deacor-do com o uso e o estado de degradação do manancial, são adaptadas pelos gestores que optam por alternativas de qualidade relativas ao uso.Assim,metasdeníveisdequalidadedaáguamenosexigentessãoadotadasvistoqueoesforço,custoetempoexigidosparaatingirosníveisideaisinviabilizam,muitasvezes,assoluções.

os princípios que norteiam o processo de gestão sistêmica de recursos hídricosea tomadadedecisões incluemavisãosistêmica,asparcerias,aciênciaedados,aincerteza,oespaço,eaeficiênciaeconômica(Simonović,2009).Aanálisedagestãoderecursoshídricos,segundoumavisãosistêmi-ca, considera os sistemas físicos e sistemas humanos, ao passo que as parce-riasrepresentamautilizaçãoconjuntadeváriasdisciplinasdoconhecimentoqueprovêmdadoscientíficosconfiáveis.

18 em inglês, utiliza-se o termo delay,tambémtraduzidocomo“atraso”,masqueefetivamenteindicaumtempodeesperaexistenteentreacausaeaconsequência.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

244

Page 245: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Aincertezaderivadasalteraçõescausadaspelosdiferentesobjetivoseva-loresvinculadosaousodaáguaedaterrarelacionada.Essesvaloresincluemtantoosaspectosprodutivosdaágua,quandooseuvalorparalazereturismo.Oespaçoouterritórioenvolveosistemadabaciahidrográficanaíntegraeéonde ocorre o processamento da energia e dos materiais no ecossistema. Por fim,aeficiênciaeconômicabuscaomaiorvalorparaousodaáguaviamedidasfísicas, socioeconômicas e de gestão. são os diversos aspectos estudados nes-sapesquisa,queoferecemumavisãodaproblemáticasistêmicaeesclarecemqueasresoluçõessãocontínuas,conformeasinteraçõesocorrem,umavezquenãohásoluçãodefinitivaparaaquestãodaestiagem.

1.3.2.Inter-relaçõesentreosfatoresdaestiagem

Umadasformasusadasparacompreenderasinter-relaçõesentreascau-salidades sistêmicas e, neste caso, entre os fatores da estiagem consiste na representação das estruturas causais por meio de diagramas. os diagramas apresentamflechasque,quandoemloops,representamasrelaçõescausaiscirculares e a realimentação. os diagramas de ciclos causais19 são técnicas qualitativas da dinâmica de sistemas de representação das estrutura causais dossistemas.Afigura22exemplificaessasconvenções.

Figura 22. Convenções dos Diagramas de Loops Causais

Fonte: elaboração própria.

Nota:NaconvençãodaDinâmicadeSistemasosinal(+)podesersubs-tituído por (s) do inglês Same e (-) por (o) do inglês Oposite. referem-se àsrelaçõesentreasvariáveis.Portanto,ossinaispositivosenegativospró-ximosavariávelBnãoindicamaaumentooudiminuiçãoe,muitomenos,somaousubtração,masqueoefeitoproduzidopelavariávelAésemelhanteouopostoaoqueelaexperimentou.

a representação da estrutura do sistema em diagramas permite conhecer osseuspadrõestípicosdecomportamentoaolongodotempoereconhecê--losemsituaçõesdomundoreal.Háumaestruturavisualquefacilitaaco-municação e a interação sobre as diferentes formas de ver uma situação, ao mesmo tempo em que possibilita o aprofundamento de sua compreensão. Finalmente, a representação em diagramas também permite ilustrar as im-plicaçõesdasintervenções.

inicialmente, serão apresentadas algumas estruturas que se repetem em váriossistemas,aquipautadasnospadrõesdecomportamentodaestiagemno oeste Catarinense. essas estruturas comuns, também chamadas de ar-quétipos, visam facilitar o entendimento de uma situação e identificar osciclos de reforço e equilíbrio em outras circunstâncias distintas. os arquéti-pos de sistema podem ser considerados “estruturas genéricas” ou “histórias clássicasdossistemas”e,apartirdomomentoemqueháacompreensãodesuas lógicas, torna-se possível reconhecê-los no dia a dia.

o primeiro arquétipo chama-se “limites do Crescimento” e mostra um esforço que, incialmente, produz um desempenho positivo. no entanto, ao longodotempotalesforçoencontrarestriçõesquereduzemodesempe-nho, independentemente da força que é aplicada. no caso da estiagem em santa Catarina (Figura 23), a produção de aves, suínos e gado inicialmente geram um loop de reforço por aumentarem a renda e o crescimento econô-micodedeterminadaregião.Aolongodotempo,aproduçãopecuáriatam-bémaumentaademandaporáguaereduzaáguadisponívelquediminuiaprodução, constituindo um loop de equilíbrio. a condição limitadora é, neste exemplo,representadapelarecargaerecuperaçãohídrica.Essearquétipodemonstra como o reforço positivo que leva ao crescimento da produção também dispara a limitação dos recursos naturais — quanto maior um, mais rápidaseráarestrição.Possíveisintervençõesnessearquétipoestãonaan-

19 Cdl, do inglês Causal Loops Diagrams.

Ca

PÍt

ulo

vii

245

Page 246: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

tecipação aos limites, no controle do crescimento, na redução do processo limitado, entre outros.

Figura 23. A produção e o uso da água no oeste

Fonte: elaboração própria.

o segundo arquétipo encontrado no oeste Catarinense chama-se “tra-gédia dos Comuns” e representa as diversas partes que utilizam um bem comum, mas que não observam os efeitos negativos que o uso produz nesse bem,ocasionandoasuaexaustãoeaconsequentequebradasatividades.

OconceitodaTragédiadosComunsexistedesdeaantigaGréciaeindicasituaçõesdeexploraçãoexcessivadeumbemcomum.NoOesteCatari-nense,aocorrênciadesobre-exploraçãodaáguaacontecenapecuária.Arepresentação em diagrama causal da Figura 24 demonstra o arquétipo no tipodeproduçãopecuária,nocaso,utilizou-seumexemplorelacionadoàsuinocultura e bovinocultura, mas que também se aplicaria à produção de avesequaisqueroutrasformasprodutivasquedisputassemousodaágua.Aprodução e a renda de cada tipo de produção constituem loops de reforço, uma vez que, quando um aumenta o outro também aumenta. no entanto, conformeoexemplo,comopassardotempoecomoaumentodaprodu-çãodeporcosegado incentivadospela renda, aprodução totalpecuáriaesgota a quantidadede água disponível para produção, ocasionando umareduçãodarendae,consequentementedaproduçãopecuária.

“A essência da tragédia dramática não é infelicidade. Ela reside na so-lenidade do funcionamento implacável das coisas” (WHITEHEAD, 1948).Váriaspessoasdisfrutamdasvantagensindividuaissobreumbemcomum,

que leva ao seu declínio e consequentemente a todos os indivíduos que dele usufruíam.Asintervençõesnestearquétipotratamsobreagestãoclaradorecurso(incluindoregulação)eaconscientizaçãosobreosignificadomaiordo bem comum.

Figura 24. Utilização de água pelas diferentes atividades

Fonte: elaboração própria.

outro arquétipo relacionado à estiagem no oeste Catarinense é co-nhecidocomo“SoluçõesqueFalham”.Oarquétipoé representadoporsoluçõesquesãorapidamenteimplementadaspararesolveralgumsinto-madeumproblemaurgente.Noentanto,arespostarápidageraconse-quências inesperadasque agravamo sintoma já existente.Osexemplosdemonstram duas situações ligadas à perfuração de poços para sanar aquestãodefaltad’água.Emprincípio,constituemloops de equilíbrio, uma vezqueasoluçãorápidaefetivamentereduzossintomas.Noentanto,noprimeiroexemploencontradoemSãoMigueldoOeste(figura25),váriospoços foram perfurados, mas, com o passar do tempo, pelo aumento no númerodepoçosexistenteseaquantidadedeáguaextraídahouveoes-gotamentodaáguadisponívelemalgunslençóisfreáticos.Poçossecarame novos poços são, muitas vezes, perfurados em vão gerando dispêndios sem benefícios.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

246

Page 247: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Figura 25. Perfuração de poços em São Miguel do Oeste

Fonte: elaboração própria.

Adicionalmente,asperfuraçõesrepresentampontospotenciaisdeentra-dadeagentescontaminantese,nosegundoexemplovistoemConcórdia(Figura26),ocasionaramacontaminaçãodaáguasubterrânea.Estacontami-naçãoimpossibilitaautilizaçãodaáguasubterrâneapararesolveracarênciaporágua.Emambososcasos,asoluçãorápidaparamelhorarumsintomatrouxeconsequênciasquecriaramloops de reforço e agravaram a questão degestãodaágua.Intervençõesqueaumentemaconsciênciasobreascon-sequências inesperadas, que tenham o foco no problema (e não no sintoma) e que administrem ou minimizem as consequências de longo prazo são pos-sibilidades de abordagem para esse arquétipo.

o arquétipo seguinte, chamado “transferência do Fardo”, representa um sintoma de problema que pode receber tanto uma resolução paliativa e quanto uma fundamental. o tratamento paliativo de curto prazo, no entan-to, produz efeitos colaterais que afetam a solução fundamental, tornando estaumamedidanãoatrativa.Nooeste,afaltadeáguaparaadessedenta-çãodeanimaisapresenta,entreoutras,duassoluçõesprincipais.

Aprimeiraéadistribuiçãodeáguaviacaminhõespipaeasegundaconsis-tenaimplantaçãodemedidasindividuaisparaoarmazenamentodeágua.Adistribuiçãodeáguareduzosintomadoproblemae,emdecorrênciadagra-tuidadeedafacilidade,produzumefeitocolateraldedependênciadaajudapública.Tantoadiminuiçãodafaltad’água(sintoma)quantoadependência

de ajuda (efeito colateral) colaborampara diminuir a vontadede empre-enderamedidafundamentaldeinvestimentonoarmazenamentodeágua.a Figura 27 representa os loops causais de equilíbrio criados por ambas as soluções,apaliativaeafundamental,pararesolveroproblemadedisponi-bilidadedeáguaparaosanimais.Oefeitocolateraldedependênciadaajudapública forma um loop de reforço que “vicia” o sistema.

Figura26.Contaminação de água em Concórdia

Fonte: elaboração própria.

Nesteexemplo,existemoutrosfatoresquerepresentamconsequênciasinesperadasouefeitoscolaterais.Ocustorelativamentebaixodadistribui-çãodeágua,secomparadoaoinvestimentonecessárioparaprogramasdearmazenamento;anotoriedadedasaçõesdesocorro;ointeressepolíticonadependênciapopularporajuda,entreoutros,sãofatoresqueperenizamapráticaassistencial.Aindaassim,sãoaçõesquedesviamaatençãodoproble-maedasoluçãofundamental.Aolongodotempo,hácrescentenecessidadedesoluçõespaliativasenquantooníveldesoluções fundamentaisdiminui.Possíveisintervençõesestãorelacionadasaoentendimentodovalordasso-luçõesessenciaisedotemponecessárioparaqueelasproduzamresultados.Assoluçõesrápidasdevemservirapenasparaaguardaressetempo.

Ca

PÍt

ulo

vii

247

Page 248: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Figura 27. Atendimento emergencial de distribuição de água.

Fonte: elaboração própria.

UmúltimoexemplodearquétiporelacionadoàestiagemnoOestecha-ma-se“DesviodosObjetivos”.Umalacunaentreumasituaçãodesejadaeumasituaçãoexistentegerametasdedesempenhoparaqueasituaçãoatualaproxime-sedaesperada.Aomesmotempo,ocorreapressãoparaqueasmetassejamajustadaseasaspiraçõesreduzidas.Areduçãodasmetaslevaàreduçãodasaçõesparamelhoriaeocasiona,comoconsequência,odeclíniogradual no desempenho geral do sistema. Por outro lado, quando as metas são alcançadas, a pressão contribui para o aumento das metas e a superação do sistema.

no caso dos recursos hídricos (Figura 28), idealmente, a classe de en-quadramentodoscorposd’água,querepresentaasuaqualidade,devesercompatívelcomos seususospreponderantesmaisexigentes.Quandoháumagrandediferençaentreoníveldequalidadedisponíveleomaisexigen-te,osesforçosecustosparatratamentoerecuperaçãodoscorposd’águatambém são mais elevados, o que leva à pressão para a escolha de uma clas-sedeenquadramentomenosexigente,istoé,paraareduçãodosníveisdequalidadedesejados.

a deliberação e decisão sobre as classes competem aos Comitês e seus respetivosConselhose,apartirdadecisão,sãodefinidasasmetasdeenqua-dramento.Comointervenção,énecessáriomanteravisãodoqueéideal

para a melhoria de desempenho de um sistema — e não na redução dos padrões.

Figura 28. Qualidade da água superficial disponível

Fonte: elaboração própria.

Osexemplosapresentadosevidenciamalgunsdospadrõesdecomporta-mento do sistema da estiagem no oeste Catarinense. ao apresentar esses padrõespelosseusarquétipos,oobjetivoéesclarecerasestruturasdeequi-líbrioe reforçocircularesexistentesemdiversos sistemascom temáticasdistintasafimfacilitaroolharsistêmico.Umaanálisesistêmicadaestiagem,noentanto,exigeovínculocomagestãoderecursoshídricos.

a gestão sistêmica de recursos hídricos consiste em um “processo inte-rativode integraçãodatomadadasdecisõesrelacionadasaosusosemo-dificaçõesdaáguaeterrasrelacionadasdentrodeumaregiãogeográfica”(SIMONOVIĆ,2009,p.50).Adefiniçãodessa regiãogeográfica,nocasobrasileiro,é legalmentedefinidocomoos limitesdasbaciashidrográficas.ainda que isso apoie a inclusão de aspectos ambientais, não necessariamente inclui o desenvolvimento humano.

Além disso, a análise dos fatores do sistema da estiagem em SantaCatarina, além da gestão de recursos hídricos, deve considerar também outros sistemas e seus respectivos limites administrativos, econômicos, sociais, políticos, territoriais, entre outros. a representação de um siste-ma tende à incorporação ilimitada de fatores inter-relacionados, assim, os limites do diagrama foram dados pela relação com os principais pon-

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

248

Page 249: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

tosdaestiagem,conformeapontadonasoficinasereuniõesemcampoda etapa diagnóstico.

2. REFLEXÃO SOBRE AS POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÕES

Emumsistema,suafunção/objetivoditaopadrãodasinteraçõeseédeterminante para o seu comportamento. ele aponta para o comporta-mentoproblemáticoefacilitaaidentificaçãodospontosdealavancagemnos quais o menor esforço traz os maiores benefícios. nesse sentido, primeiramenteanalisou-seopadrãodasinteraçõesquerepresentaaes-trutura do sistema e a série de mudanças que constituem o seu com-portamento. Em seguida, a identificação da função ou do objetivo dosistema relacionado à estiagem facilitou a compreensão dos pontos de alavancagem. Finalmente, uma avaliação dos fatores em cada uma das microrregiões apoioua reflexão sobre aspossiblidadesde intervençãofocadasemcadaáreageográfica.

2.1. Identificação de pontos de alavancagem

o sistema relacionado à estiagem é representado pelas atividades humanas e pelas questões físico-naturais. Ele engloba a preocupaçãoe o cuidado do homem com a natureza, as atividades econômicas que dependem dos recursos naturais e todos os impactos e consequências gerais. Tudo isso envolve variáveis, causas e consequências existentesem torno do fenômeno estiagem. assim, a necessidade de compreender a problemática implicitamente envolve entender as principais relaçõescausais entre os fatores. além disso, climatologicamente, a precipitação, a temperatura e a consequente evaporação em excesso, entre outrosfatores,provocama secae,portanto, anão retençãode águano solotambém tem um papel relevante entre as causas. ao mesmo tempo, con-sidera-se que a estiagem ocorre apenas quando esses fatores impactam na população, em forma de perdas socioeconômicas. assim, a estiagem assumeclaramenteopapeldesintomacausadoporumaconjunçãodevariáveis.Elaporsisónãorepresentaoproblema,massimocomporta-mentoproblemáticodosistema.

Arepresentaçãodaestiagemedoconjuntodefatoresrelacionadosemdiagramasrequeradefiniçãodelimitesdosistema.Assim,doisdiagramasforam construídos para representar percepções distintas sobre o fenô-meno da estiagem. o primeiro diagrama chamado “diagrama Participa-tivo”demonstraasprincipaisvariáveismencionadasduranteasreuniõeseoficinasrealizadasentremaioejunhode2015nascincomicrorregiões.o segundo “diagrama da Pesquisa” representa os principais fatores resul-tantesdacoletadedadossecundáriosefetivadapelogrupodepesquisadaudesC.

o diagrama participativo (Figura 29) demonstra as principais causas e so-luçõesparaaestiagemconformedescritopelosparticipantesdasreuniõeseoficinas.

Figura 29. Diagrama participativo

Fonte: elaboração própria.

Odiagramacomaanálisedosdadossecundáriosfoiconstruídoapartirdedadosapresentadosnesterelatório.OQuadro114representaasvariá-veisconsideradasdentrodecadaáreadapesquisa.

Ca

PÍt

ulo

vii

249

Page 250: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

quadro 114. Correspondência entre as variáveis pesquisadas

Variável Área da pesquisaPopulação Aspectos Demográficos

Demanda hídrica urbana Aspectos DemográficosDemanda hídrica rural Aspectos Demográficos

Renda per capita Atividades EconômicasAtratividade socioeconômica da região Atividades Econômicas

Produção agroindustrial Atividades EconômicasProdução de aves e suínos Atividades Econômicas

Produção de bovinos Atividades EconômicasProdução agrícola Atividades Econômicas

Dejetos bioquímicos Recursos hídricos e Atividades EconômicasUmidade disponível Climatologia

Temperatura ClimatologiaPluviosidade Climatologia

Áreas alagadas Geologia, Geomorfologia e PedologiaCapacidade de retenção de água pelo solo Geologia, Geomorfologia e PedologiaInvestimentos em infraestrutura de arma-

zenamentoInfraestrutura Hídrica ou Fontes de Abas-

tecimento de ÁguaReservas superficiais naturais Recursos Hídricos

Reservas subterrâneas naturais Recursos HídricosQualidade da água Recursos Hídricos

Índice de criticidade Recursos HídricosDisponibilidade Recursos Hídricos

Demanda Recursos HídricosConstrução de sistemas de armazenamento Uso da terra

Áreas agrícolas e pecuárias Uso da terraÁrea construída Uso da terra

Fonte: elaboração própria.

OresultadodessaanáliseapresentadonaFigura30,damesmaformaque o diagrama participativo, parte da disponibilidade e da demanda hí-drica para vincular os principais fatores que contribuem para a estiagem. Asvariáveissocioeconômicasqueincluemaprodução,tantoagropecuáriaquanto industrial,vinculam-seaosaspectosdemográficos, istoé,umau-mento nas atividades econômicas aumenta a atratividade de determinada

região e consequentemente o crescimento populacional. da mesma for-ma,umareduçãoprodutivaeeconômicaapresentarátendênciasdeêxodopopulacionalpararegiõeseconomicamentemaisatrativas.Essadinâmicasocioeconômica produz efeitos na demanda hídrica, especialmente no que dizrespeitoaousodaáguaque,noscasosdecrescimentopopulacionaleaumentodeprodução,apresentaumaexploraçãoexcessivaeconsequen-te falta.

Figura 30. Diagrama da pesquisa

Fonte: elaboração própria.

Essasvariáveis socioeconômicaseas atividades instaladasemdetermi-nadoterritórioproduzemeefeitosnousodaterra.Asáreasconstruídas,tanto na zona urbana quanto rural, e outras formas de ocupação do espaço para pastagens e produção, interferem inversamente na capacidade de ab-sorçãodosoloenoescoamentodaágua.Asáreasconstruídasaumentamasáreasimpermeabilizadasquereduzemapenetraçãodaáguanaterra.Con-sequentemente,háumareduçãonaumidadedisponívelnosoloque,aliadosàpluviosidadeetemperatura,alteramofluxodereservadeáguasuperficialesubterrânea.Aindaqueáguaconsistaemumbemrenovável,oseufluxoderenovaçãolimitadoequandoexistemsaídasmaioresqueasentradas,háa redução na disponibilidade hídrica.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

250

Page 251: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Figura 31. Diagrama do estoque de água

Fonte: elaboração própria.

Demaneirageral,ambososdiagramasexplicitamqueoobjetivo,propó-sito, função do sistema “Prevenção e resiliência face à estiagem” é a promo-çãodoequilíbriodinâmicodoestoquedeáguadequalidadedisponívelparaa comunidade e suas atividades ao longo de todo o ano. a Figura 31 con-solida essa informação. tal propósito pode, em termos gerais e em parte, ser medido pelo Índice de Criticidade hídrica, associado à disponibilidade específicaderecursoshídricos(m3/habitante.ano).

os Índices de Criticidade de recursos hídricos (iCrh), associados à disponibilidadeespecíficaderecursoshídricos(m3/habitante.ano)emumadeterminada regiãooubaciahidrográfica [...] refletemospro-blemas de gestão de recursos hídricos que podem ocorrer onde a demanda começa a ser maior do que a oferta (hesPanhol, 2008, p. 131).

sendo um indicador compacto muito importante, ele não é, contudo, su-ficiente.Enãoésuficienteporquesendoanualnãoasseguraadisponibilida-decontinuadaaolongodoanoeemcertasépocasespecíficas.Dequalquerforma o propósito do sistema implica intervir na gestão do equilíbrio entre

a disponibilidade e a demanda hídrica ao longo de todo o ano e, consequen-temente, em todos os fatores e ciclos causais que afetam uma e outra, em suasrespetivasvariaçõesespaciotemporais. Istoé,agestãodosfluxoshí-dricosqueincluemassaídaseentradas,comsuasrespectivasqualificações.os pontos de alavancagem, portanto, localizam-se nos fatores diretamente ligadosaofluxohídricoe,idealmente,devemconcentrarasações/interven-çõesparaamudançadocomportamentodeumsistema.Essapropostaéfeitacomdetalhenoitemdediretrizeseações.

Cadaproblemasistêmicoéúnicoeevolutivo,peloqueassoluçõessu-geridassãoumquadrodereferênciaqueteráqueserespecificadoemnívelmesorregional, microrregional e, até, se possível, municipal.

o Índice de Criticidade, que resulta do balanço anual entre a disponi-bilidade e a demanda hídrica, mostra que o oeste Catarinense apresenta índicesnormais,comexceçãodasbaciashidrográficasdorioIraniedoriodoPeixequeevidenciamíndicespreocupantes,deacordocomavariaçãoda vazão. Climatologicamente, a maior recorrência de episódios de meses secosnasmicrorregiõesdooesteocorreuemSãoMigueldoOeste,seguidoporJoaçaba,Concórdia,XanxerêeChapecó.Emtermossocioeconômicos,asmicrorregiõesdeChapecó,eJoaçabaapresentamasmaiorespopulações(rural e urbana) e ocupam, respectivamente, a 3a e 2a posição em rebanho desuínos.Assim,énecessárioconsiderar,emcadalocalidade,quaisosprin-cipais fatores que interferem nas entradas e saídas dos recursos hídricos e em quais deles a gestão pode atuar.

2.2. Conclusões

Apartirdoestudoecruzamentodedadoseinformaçõesobtidastan-to no diagnóstico documental como de campo, e ainda baseando-se na análise sistêmica aqui realizada, épossível resumir algumas conclusõesa que o estudo chegou. A organização dessas conclusões em subitenspermite uma visão mais clara no quadro, sem perder de vista que as soluçõesaserempostasemprática,aoconsiderarestesapontamentos,devemtambémconsiderarquepolíticaspúblicasexigemarticulaçãodediferentes setores públicos e participação direta da sociedade civil para validação do processo.

Ca

PÍt

ulo

vii

251

Page 252: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

2.2.1.Estiagemnãoderivadefaltadeágua

a primeira grande conclusão é que a estiagem no oeste, e particu-larmente seus impactos, não derivam de uma caraterística falta de água. apesar das estiagens, as chuvas são, em geral, bem distribuídas nas quatroestaçõesdoanoemdecorrênciadadinâmicadossistemasatmosfé-ricos produtores de chuvas, que apresentam características peculiares, mas sem estação seca. a mesorregião oeste é a região que tem maior volume pluviométricodeSantaCatarina.Ascondiçõesdetempoinstávelque,sazo-nalmente,aliocorremsãoresultantesdecomplexossistemasatmosféricosregionais,influenciadospelaTSMerespetivasanomalias(ElNiñoeLaNiña),fase da odP, frentes frias, bloqueios atmosféricos etc. apesar disso, não foi possívelidentificarrelaçõesestatisticamentesignificativasdaestiagemcomla ninã ou a odP.

Acontecem,efetivamente,anomaliasdeprecipitação,ouseja,momen-tos do ano em que, por vezes, chove menos que o normal (estiagens como fenômenoclimáticooumeses/quinzenas secos).Masos impactosde talrealidade— verificado pelas decretações de estiagem como desastre eprejuízosaelaassociados—resultammaisdecertasopçõesdedesenvol-vimentoeseupequenoouinexistenteplanejamentosistêmico,dainade-quadagestãodaágua,dafaltadeestruturashídricasnomeiorural,demáspráticasagrícolas,depoluiçãodecursosdeáguaetc.,doqueefetivafaltadeágua.

o cruzamento realizado neste trabalho entre estiagem como fenômeno climáticoemesessecos,porumlado,eestiagemcomodesastre,poroutro,tornou muito claro que:

a) entre 1979 e 1985 domina um padrão de estiagem climática sem decretação de desastre jáqueocorreramestiagensclimáticasemtodas ou algumas das microrregiões, em quatro anos (1979, 1981,1982, 1984 e 1985). Contudo, em nenhum destes anos, houve decre-taçãodedesastredeestiagem(aprimeiradecretaçãosurgeemjaneirode1986,mascomtodaacerteza,porefeitodaestiagemclimáticadedezembro de 1985).

b) o período de 1985 e 1994 é como que de uma transição de um pa-drãodeestiagemclimáticasemdecretaçãodedesastreaopadrãodeestiagemclimáticacomdecretaçãodedesastre:Efetivamente,tem-seaprimeiradecretaçãodedesastreporestiagemem1986(emdecor-

rênciadoacontecidoentrenofinalde1985)eem1991voltaahaverassociaçãoentreestiagemclimáticaedecretaçãodedesastre.Con-tudo,nessesnoveanos,háestiagemsemqueocorradecretaçãodedesastre por estiagem em quatro deles.

c)Entre1995e2005passa-sedopadrãodeestiagemclimáticacomde-cretação de desastre ao padrão decretação de desastre sem estiagem climática.Assim,porumlado,em1985,1988,1988-99,2002,2003e2005mantém-seumpadrãoemqueasestiagensclimáticasdeformasimultânea (mesmo mês) ou diferida (mês seguinte se fazem acompa-nhardedecretaçõesdedesastreporestiagem).Poroutro lado,nosmesmosouemoutrosanoshádecretaçõesdedesastreporestiagemsemquetenhahavidoestiagemclimática(1995,1997,1999,2001-02e2003)oumêsseco(1995,2001-02e2003)ouaindasituações(2004)defortedesproporcionalidade(muitasmaisdecretaçõesqueestiagensclimáticas).

d)Noperíododosúltimosoitoanos(2006a2013)apesardeumaouou-trasituaçãodevinculação(2011e2012)ocorreaafirmaçãodopadrãodedesvinculaçãoentreestiagemclimáticaedecretaçõesdedesastreporestiagem.Talsignificaqueníveismenoresdequedapluviométricaeseucarátercumulativosãosuficientesparagerarestiagem.Asestia-genssãodecretadasemváriosmesesdoano,definindo-seumcenáriodepré-secaque,contudo,ocorresemmesmoseverificarbaixasdepluviosidadedemasiadodrásticas.Essarelaçãoébastantedespropor-cionalemfavordadecretação.Issosignificaqueocorremdecretaçõesdeestiagememregiõesemquenãohouveestiagemclimáticae/ouasdecretaçõesprolongam-sepormesesemquenãoexistemestiagensclimáticasou,mesmo,mêsseco.Taltendênciajávinhadofinaldope-ríodo anterior e, mais concretamente, em dezembro de 2005 com ligaçõesparajaneirode2006.

Taisdadosdefinemumpadrãoqueapoiaahipótese,largamentecorro-borada, também pelos participantes no trabalho de campo, de que as de-cretações de estiagem como desastre estão mais relacionadas com dinâmicas de transformação do meio natural e socioeconômico, com as opções de desenvolvimento e a má gestão da água do que com a estiagem como fenômeno climático ou mesmo com os meses secos ocorridos.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

252

Page 253: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

2.2.2.Intervençõesnanaturezasemplanejamento

Emsegundolugarpode-seconcluirqueumdosaspectosquemaisestárelacionado tanto com um agravamento da diminuição de pluviosidade em certasépocasdoano—citadoporváriosautores—comocomoaumen-to dos impactos de épocas de menor pluviosidade trata-se da profunda alteração do quadro natural existentesemdevidoplanejamento.As-sim,oelevadodesmatamentopraticado,associadoaprofundasalteraçõesdeintensidadedeusodaterraparaatividadesagrícolasepecuáriasprodu-zirampesadasalteraçõessistêmicascomimplicaçõesnoestoquedeáguadisponível na região.

2.2.3. elevada degradação das redes hídricas

ao mesmo tempo, vem ocorrendo uma elevada degradação das re-des hídricas, com alteração e poluição de nascentes, destruição de mata ciliar, desrespeito face à legislação sobreAPPs, retificação de alguns cur-sosdeágua,canalizaçãodeoutros,impermeabilizaçãodesolos,drenagemdebanhados,brejoseaçudeseconsequentealteraçãodecertoquadrodeequilíbrio.Emboraapresentemboasdisponibilidadeshídricasanuais,aanáli-sedoÍndicedeCriticidadeHídricajáserevelapreocupantenoqueserefereàs bacias do Jacutinga e irani. a possibilidade de o consumo humano, em certasregiões,seratingidocomeçaaserreal.

observa-se que o acesso e uso de águas subterrâneas aumentou drasticamente, incluindo a abertura de uma enorme quantidade de poços semadequadoplanejamentoemonitoramento.Comquase5.000poçosle-galizados o oeste deve possuir, no mínimo, dez vezes mais de poços clandes-tinos, sem monitoramento e, como tal, constituindo-se em um enorme risco ambiental.Ouseja,éprovávelquenaregiãoexistam50.00a60.000poçosclandestinos de que se não conhece nem a localização, nem a qualidade téc-nica.Algunspodem,inclusive,teremsidoabandonadosporfaltadeáguaesofrer riscos de contaminação.

2.2.4.Concentraçãodeatividadepecuária

Outroaspectoqueestárelacionadocomaocorrênciadaestiagemcomodesastre, e impactos a ela associados, é a elevada concentração de ativi-dade pecuária, criação de suínos, aves e bovinos. o padrão de organização

do setor constitui-se de algumas poucas grandes empresas que possuem uma vasta rede de produtores integrados e, assim, espalham pelo território umaredecomnósdeelevadademandahídrica,cujoconsumodeáguadaschamadas propriedades integradas realiza-se todos os dias, durante o dia todo.Significaqueasdemandasdeáguaparaaatividadeagropecuárianãosó são enormes, como são contínuas e multiplicadas. tal padrão é altamente afetado pela falta ou diminuição da pluviosidade de durante um período não muitoextenso.

2.2.5.Problemasderetençãodeáguanossolos

Aspráticas agrícolas adotadas têmconduzindo a umempobrecimentodacapacidadederetençãodeáguanossolos.Esteéumaspectoessencialdadinâmicaentredisponibilidadesedemandashídricas,equemaisreflexosdiretospodeternosimpactosemtermosagropecuários.

2.2.6.Planejamentoinadequado,semvisãosistêmica

a falta de planejamento adequado, e a não adoção de uma análise sistêmica, agravam o problema. no que se refere, particularmente, aos recursoshídricosasituaçãoépreocupantejáqueoestadoaindanãopossuiPlanoEstadualdeGestãodeRecursosHídricos,estámuitoatrasadonaim-plantação de Comitês de Bacia e na elaboração de Planos de Bacia. sem isso setornaimpossívelprocederaumaequilibradagestãodaágua.Ocadastra-mentodeusuários,ondeexiste,éaindadeficiente.Aoutorganãoseefetivaemcondiçõesdemínimaefetividade,comparticularrelevânciaparaaoutor-gadepoços.Oscomitêsdebaciaexistentestêmpoucascondiçõesdefun-cionamentoemfunçãodopoucoapoioedopoucoacessoafinanciamentosque otimizem recursos humanos e técnicos, e potencializem estudos.

Alémdisso,anãoexistênciadeavaliaçãosistemáticadequalidadedaáguacoloca santa Catarina no patamar dos estados brasileiros mais atrasados no queserefereatalcomponenteenãoécompatívelcomoperfildequalidadeque o estado pretende adotar.

2.2.7. Privilégio a medidas paliativas

Ficaclaroqueentreasintervençõesrealizadasemrelaçãoàestiagemestáo privilégio dado a medidas paliativas e/ou a efeitos potencialmente

Ca

PÍt

ulo

vii

253

Page 254: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

adversos,aexemplodageneralizaçãodaideia(edaprática)dequeaaber-tura de poços resolve o problema da estiagem, mas ao invés de resolver pioraasituação.Poroutrolado,aimplantaçãodepolíticaspúblicas,proje-toseaçõescomnaturezafragmentadae,porvezes,totalmenteinadequada(como ocorreu com as cisternas da secretaria de assistência social) não só nãoajudaaresolveroproblemacomoantesoagrava,gerandodesconfian-ças da população relativamente aos meios preventivos.

2.3. Cenários

Apesardealgumasdiferençasentreabordagens,existeumgrandecon-sensosobreoconceitodecenárioeasmetodologiasdeelaboração(Buar-que,2003).Oautorrevêasdefiniçõesdecenárioavançadasporalgunsdosmaisdestacadosnomesdaárea,eassinalaessalargaconcordância.

SegundoGodet(1985),cenáriossãoconfiguraçõesdeimagensdefu-turocondicionadasefundamentadasemjogoscoerentesdehipóte-sessobreosprováveiscomportamentosdasvariáveisdeterminantesdoobjetodeplanejamento.MichaelPorter(1989)definecenáriosdeformasimilar,ouseja,comouma“visãointernamenteconsistentedarealidade futura, baseada em um conjunto de suposições plausíveissobreasincertezasimportantesquepodeminfluenciaroobjeto”.Se-melhanteéoentendimentodeVanDerHeijden(1996),paraquemcenáriosconstituemumconjuntodefuturosrazoavelmenteplausíveis,mas estruturalmente diferentes, concebidos por meio de um processo dereflexãomaiscausalqueprobabilístico,usadocomomeioparaare-flexãoeaformulaçãodeestratégiasparaatuarnosmodelosdefuturos(Buarque, 2003, p. 22).

sendo uma tendência recente no Brasil começou sendo utilizada por empresas, órgãos públicos e organização não governamentais. em geral, podeafirmar-sequeoscenáriosreferem-seaofuturopossívele/oudese-jáveldeumsistemaeseucontextoedocaminhoqueligaessefuturocomasituaçãoinicialdoestudo.Nacaracterizaçãodoscenárioshá,nomínimo,doisgrandesgrupos:“cenáriodesejadoounormativo”e“cenárioexplora-tório”.Oprimeirogrupoédefinidocomoaqueleque“deveaproximar-sedasaspiraçõesdodecisoremrelaçãoaofuturo,refletindoamelhorpre-visãopossível”.(BUARQUE,2003,p.22-23).Jáoscenáriosexploratóriospossuem

[...]umconteúdoessencialmentetécnico,decorremdeumtratamen-toracionaldasprobabilidadeseprocuramintencionalmenteexcluirasvontadeseosdesejosdos formuladoresnodesenhoenadescriçãodosfuturos.(...).Ocenáriodesejado,porseuturno,deveaproximar--sedasaspiraçõesdodecisoremrelaçãoaofuturo,refletindoame-lhor previsão possível. (Buarque, 2003, p. 22-23).

AindasegundoBuarque(2003)oscenáriosexploratóriospodemserdedoistipos:a)cenáriosextrapolativos(futurolivredesurpresasealteraçõescanônicas), que reproduzem no futuro comportamentos dominantes no passado;b)cenáriosalternativos,queexploramos fatoresdemudançae,porissomesmo,podemlevarasituaçõesmuitodiferentesdasdopassadoe do presente.

Parafinsdesteestudoserãoutilizadostrêstiposdecenários:a)cenáriodereferência;b)cenárioalternativo,desejável;c)cenárioalternativodeva-riação canônica. a Figura 32 ilustra a relação e diferença entre os citados cenáriospara,emseguida,seremdetalhados.

Figura 32. Inter-relação de cenários

Fonte:Macroplan,1996,citadoporBuarque(2003).

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

254

Page 255: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

2.3.1.Cenáriodereferência

Nestecenárionãoháqualquerimpulsoàmudançadeformaplanejadaousistêmica,easdecisõessãoapenasreativas.

Dançandoconformeamúsica...deixatocar

apesar da forte unanimidade e coesão dos resultados obtidos no estudo e da conse-quenteabsolutanecessidadedearticularpolíticaspúblicasepromoveraçõesplanejadaseintegradasemumalógicasistêmicadecomplexidade,temumcenárioemquenãoépossívelmobilizarsuficientevontadepolítica;e/ouháresistênciasmuitofortesquenãosãoviáveisdeseremcontornadas;e/ouoatrasoentreesterelatórioeasaçõesquedeverão ser tomadas é muito grande.

Nestecasoignora-seocarátersistêmicocomplexodoproblemadaestiagem,aprofun-darelaçãoentreestiagemeopçõesdedesenvolvimentoeentreestiagemegestãodaágua.Alémdisso,aparticipaçãosocialeenvolvimentocomunitárionãosãodevidamen-te considerados.

Esteé,portanto,otipodecenárioemquetudosemantémmaisoumenoscomoestá,eemqueasações—comoasqueevoluemnomomento—poderãocontinuarounãoocorrendo,semprecomcaráteralgocasuísticoedesintegrado,algumasenvolvidasemciclos causais de equilíbrio e outras em ciclos causais de ruptura. Muito rapidamente, sob variados pontos de vista, poderão surgir rupturas de natureza diversa, inclusive no abastecimentohumano.Assistir-se-áamaiordegradaçãodasredeshídricasedosolo,comdiminuiçãocapacidadederetençãodeágua.Asreservassubterrâneaspoderãoserseriamenteafetadas.Devidoaosefeitosdearquétiposcomoosjádescritoseàmanu-tençãoe/ouagravamentodosfatoresqueatualmenteameaçamoequilíbriodoestoquedeáguadisponívelasituaçãoiráprogressivamenteagravar-se.Nãohaverádesenvolvi-mento de resiliência.

Osprejuízoscomaestiagemagravar-se-ãoearespostadadaserácadavezmaisexten-sa,caraeineficaz.

2.3.2.Cenárioextrapolativodevariaçõescanônicas

Nestecenárioosimpulsosàmudançasãofragmentadosedesarticulados,favorecendocasosdeaçõescontraditórias,desperdícioderecursosesolu-çõesdesencontradas. Váriossolos...cadaumtocaumamúsica

reconhecendo o valor do estudo e a importância de fazer algo que possa diminuir os riscos de estiagem e reforçar os mecanismos para enfrentar sua ocorrência, a maior partedosatores(instituiçõeseresponsáveis)compromete-seatomarmedias,emseusâmbitos.Contundo,porfaltadevontadepolíticaououtrasrazões,nãosedispõemse-queraestabelecerpolíticaseaçõesemconjunto,devidamenteplanejadaseexecutadastambémdeformaarticulada.Ocarátersistêmicocomplexodoproblemadaestiagemnãoélevadoemdevidaconta,nemosãoasprofundasrelaçõesentreestiagemeop-çõesdedesenvolvimentoeentreestiagemegestãodaágua.Aparticipaçãosocialeenvolvimentocomunitárionãosãodevidamentevalorizados.Aspolíticaseaçõessãoplanejadas,quandomuito,deformafragmentada.

Nestecenário,continuarãoocorrendoaçõesjáemcursoeoutrasnovasserãoimplan-tadas.Taismedidaspoderãoajudaradefinircicloscausaisparciaisdeequilíbrio,masporvezes, também, de ruptura. à primeira vista, e em curto prazo, poderão emergir me-lhorias.Comopassardotempo,porém,anãoarticulaçãodepolíticas,acoexistênciadevariadasagendas,asconflitualidadessurgidasetc.,acabarãodeterminandosituaçõesemqueosefeitosdearquétiposcomoosjádescritoseoutroslevarãoaefeitosdeper-turbaçãodosistema.Asituaçãoiráprogressivamenteagravar-seacabandoporameaçaroequilíbriodoestoquedeáguadisponível.Nãoserãoatingidossignificativospatamaresderesiliênciacomunitária.

Osprejuízoscomaestiagempodem,inicialmente,reduzir-se,masacabarãoporseagravar.Aaçãocontinuarámaiscentradanarespostaque,cadavezmais,seráextensa,caraeineficaz.

Ca

PÍt

ulo

vii

255

Page 256: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

2.3.3.Cenárioalternativodesejável

Nestecenárioosimpulsosàmudançaestãoarticuladoseosatoresen-volvidostrabalhamdeformaplanejadaeconjunta,todoscommesmofocoeobjetivo.

Sinfonia... afinados em uma trilha comum Devido à forte unanimidade e coesão dos resultados obtidos no estudo e da consequen-te e absoluta necessidade de articular políticas públicas e promover ações planejadas e integradas, dentro de lógica sistêmica de complexidade, é possível mobilizar suficiente vontade política para inverter velhas lógicas e proceder ao planejamento integrado e ação articulada, em termos de políticas públicas. Os diversos atores (institucionais e indi-viduais) conseguem, com sucesso, formas de regulares de conceber, promover, monitorar e aperfeiçoar políticas, projetos, programas e ações. O caráter sistêmico complexo do problema da estiagem é levado em devida conta, assim como a profunda relação entre estiagem e opções de desenvolvimento e a relação entre estiagem e gestão da água. A participação social e envolvimento comunitário são devidamente valorizados. As políticas e ações são planejadas e monitoradas de forma integrada.

Neste cenário, essencialmente a médio e longo prazo, a situação experimentará signi-ficativa melhoria. Com base em um sistemático acompanhamento de políticas e ações consegue-se, progressivamente, deslocar o eixo da atenção para a prevenção e não para a resposta. Com todos os atores devidamente alertados e cooperantes, será pos-sível eliminar ou diminuir significativamente os efeitos dos arquétipos sistêmicos. Os impactos da estiagem irão diminuindo devido à implantação e aumento de projetos de prevenção e mitigação. O estoque de água de qualidade disponível manter-se-á em equilíbrio ou aumentará. A resiliência comunitária será significativamente promovida.

2.4. Diretrizes e ações

Oescopo do Projeto “Estiagem noOesteCatarinense:Diagnóstico eresiliência” visou diagnosticar a estiagem no oeste de santa Catarina para a proposiçãodediretrizeseaçõesquesirvamdeapoioàsaçõesdaSecretariaestadual de defesa Civil. o diagnóstico englobou a compilação de dados secundáriosobtidosdeinstituiçõesfederais,estaduaisemunicipais;acoletadedadosemcampopormeiodereuniõeseoficinascomosatoreslocais;o processamento e a análise dessas informações. Já as diretrizes e açõesabarcaramtantoalgumassoluçõesjáexistentesebemsucedidas,quantoaproposiçãodenovasresoluçõesparaasquestõesrelacionadasàestiagemeàgestãosistêmica.Nessesentido,asdiretrizeseaçõessugeridassituam-seno

âmbitodocenário“Sinfonia...afinadosemumatrilhacomum”,comoúnicasituação possível para trabalhar de forma sistêmica.

QuandosetratadoplanejamentodaSecretariadeEstadodeDefesaCivil, um ponto fundamental encontra-se na visão sistêmica das açõesque serão implementadas. uma vez que a sdC representa uma institui-ção conectada ao Ministério da integração, essa visão sistêmica oferece subsídiosparainter-relacionarasdiversaspolíticasjáexistentesquever-sam sobre o ordenamento territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, entreoutros.Damesmaforma,aopensaroplanejamentodasaçõesdeProteção e defesa Civil no nível estadual, é imprescindível considerar to-dososeventoseaçõesexistentesnoestadoequeultrapassamoslimitesdos eventos de estiagem. idealmente, os apontamentos deste relatório devem servir ao à Política e ao Plano estadual de Proteção e defesa Civil, conforme previsto na Política nacional e seguindo a amplitude da visão sistêmica.

um ponto de convergência entre as duas políticas nacionais, de Proteção e defesa Civil e de recursos hídricos, consiste na relevância do mapeamen-toedagestãoporbaciashidrográficas.Aindaqueaságuassuperficiaisdeumabacianãonecessariamentecoincidamcomaságuasubterrâneasoulito-râneas,agestãoporlimiteshidrográficosdestacaasquestõesambientaiseacaracterísticadaáguacomoumrecursonaturalcompartilhado.Faltaàsins-tituiçõesessapráticadegerirasbaciashidrográficasdecorrentedaprópriaestruturapolítico-administrativadosórgãospúblicos.Noentanto,projetoseaçõespúblicas,aexemplosdeobrasdesaneamentobásicoegeraçãodeenergia que, no passado, foram realizados no nível local, atualmente deman-damqueosestudosdeimpactosejamexpandidosàáreadabacia.

AsdiretrizeseaçõesdaSEDCdevemseguir,masnãoselimitar,aessatendência de gestão por bacia ainda que considerar o território da bacia seja imprescindível para englobaros fatores ambientais, as variáveis so-cioeconômicasseestendemmuitoalémdoslimitesfísicos.Odesafiodosprojetosemumabaciahidrográficaencontra-se,assim,nacoletaecruza-mentodedadoseasrelaçõescomas informaçõesconstruídassobumabaseterritorialdiferente.Umesforçointereintrainstitucionalnecessárioparasobreporasdificuldadesexistenteséacriaçãodeumsistemadein-formaçõesunificado.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

256

Page 257: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Paraquehaja interfaceentreossistemasde informações,háopré-re-quisito da articulação interinstitucional. esta articulação demanda um en-tendimento claro das hierarquias e funções dosórgãos públicos a fimdecorrelacionarestruturasafins.Assim,dentrodaSEDC,umdiagnósticocom-plementarerelevanteparaesterelatórioincidenaprópriaestruturaexisten-te.UmprimeiropassoéomapeamentoramificadodosrepresentantesdosórgãosdeProteçãoeDefesaCivilnosmunicípios,suasrespectivasfunçõesprincipaiseconhecimento/contribuiçãonasquestõesdegestãoderisco.

Ca

PÍt

ulo

vii

257

Page 258: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

258

BIBLIOGRAFIA

ana. agência nacional das águas. Ministério do Meio ambiente. Cadernos de Re-cursos Hídricos: Disponibilidade e demanda de Recursos Hídricos no Brasil. Brasília: Spr, 2005. 134 p.Disponível em:<http://arquivos.ana.gov.br/planejamento/planos/pnrh/VFDisponibilidadeDemanda.pdf>.Acessoem11abril2014.

_________.Panorama da qualidade das águas superficiais no Brasil/ AgênciaNacionaldeÁguas,SuperintendênciadePlanejamentodeRecursosHídricos.Brasília:ana-sPr, 2005. disponível em: <http://portalpnqa.ana.gov.br/Publicacao/PANORA-MA_DA_QUALIDADE_DAS_AGUAS.pdf>. acesso em 2 março de 2015.

_________.Instrumentos de planejamento e manejo de bacia hidrográfica: pla-nejamento,manejoegestãodebacia.Brasília:ANA,2011a.87p.

_________.O Comitê de bacia hidrográfica, o que é e o que faz: cadernos de capacitaçãoderecursoshídricos.Brasília:SAG,2011b.64p.

_________.O Comitê de bacia hidrográfica, prática e procedimento: cadernos de capacitação de recursos hídricos. Brasília: sag, 2011c. 81 p.

_________.Outorga de direito de uso de recursos hídricos: cadernos de capaci-tação em recursos hídricos. Brasília: sag, 2011d. 50 p.

_________.Planos de recursos hídricos e enquadramento dos corpos de água: cadernosdecapacitaçãoemrecursoshídricos.Brasília:ANA,2013a.68p.

_________.Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil 2013. Brasília, dF: 2013b. Disponívelem:<http://arquivos.ana.gov.br/institucional/spr/conjuntura/ANA_Conjun-tura_Recursos_Hidricos_Brasil/ANA_Conjuntura_Recursos_Hidricos_Brasil_2013_Fi-nal.pdf>.Acessoemjulhode2015.

_________.Alternativas organizacionais para gestão de recursos hídricos: ca-dernos de capacitação em recursos hídricos. Brasília: ana, 2013c, 121 p.

aneel. Relatório de Gestão do Exercício de 2015.Brasília:ANEEL,2016.

antunes, rui Batista. Gestão de recursos hídricos em Santa Catarina: diag-nósticoeproposições.2008.Dissertação (mestrado)—UniversidadedoEstadodeSantaCatarina,MestradoProfissionalemPlanejamentoTerritorialeDesenvolvimentosocioambiental, Florianópolis, 2008.

aYoade, J.o. Introdução a Climatologia para os Trópicos. tradução de Maria Juraci Zani dos santos. rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

BANCOMUNDIAL. Disponibilidade hídrica superficial. s/d. Disponível em: <http://www.aguas.sc.gov.br/jsmallfib_top/DHRI/Planos%20de%20Bacias/Plano%20%20da%20Bacia%20Hidrografica%20do%20Rio%20Jacutinga/%20Etapa%20B%20-%20II%20Encontro%20/JACUTINGA_II-ENCONTRO_APRES_ETAPA-B_FINAL.Pdf>.

BarCellos, Paulo; andrade, aurélio; nÓBrega Filho, antónio. Construção do futurocomgrupossociaiscomplexos:utilizandoopensamentosistêmiconoplaneja-mento de longo prazo com a participação de comunidades de aprendizagem. Revista de Administração da USP,SãoPaulo,v.40,n.4,p.321-329,out./nov./dez.2005.

BARROS,J.R.&ZAVATTINI,J.A.BasesConceituaisemClimatologiaGeográfica.Mer-cator,Volumeano08,número16,2009.

Barth, Flavio Terra et al. Modelos de gerenciamento de recursos hídricos. são Paulo:EdNobel,1987,526p.

BeCK, ulrich. Sociedade de risco. Rumo a uma outra modernidade. são Paulo: editora 34, 2010.

BertalanFFY, ludwig von. Teoria geral dos sistemas. 3. ed. Petrópolis: vozes, 1977, 351 p.

BeZerra, M.C.l.; veiga, J. eli (orgs.). Agricultura sustentável. Ministério do Meio ambiente, dos recursos hídricos e da amazônia legal. instituto Brasileiro do MeioAmbienteedosRecursosNaturaisRenováveis/ConsórcioMuseuEmílioGoeldi,Brasília, 2000.

Bid. Banco interamericano de desenvolvimento (Brasil). governos dos estados de SantaCatarinaeRioGrandedoSul.PlanoDiretordeDesenvolvimentoSustentáveldaregião da Bacia do rio uruguai: diagnóstico da região da Bacia do rio uruguai. Floria-nópolis — Porto alegre: Bid, 2008, 555 p.

Page 259: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Bornhausen, Jorge Konder; CÓrdova, henrique. Plano de Ação. Florianópolis, 1979.

Blain, gabriel; Brunini, orivaldo. avaliação e adaptação do Índice de severi-dade de seca de Palmer (Pdsi) e do Índice Padronizado de Precipitação (sPi) às condiçõesclimáticasdoEstadodeSãoPaulo.Bragantia,vol.64,no.4,Campinas,2005.

Brasil. lei no9433,de8dejaneirode1997.InstituiaPolíticaNacionaldeRecursoshídricos, cria o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, regulamen-ta o inciso xix do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1o da lei no 8.001, de13demarçode1990,quemodificouaLeino7.990,de28dedezembrode1989.Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,Brasília,DF,8jan.1997.Dis-ponívelem:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm>.Acessoem11defevereiro de 2015.

_________. InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística.Pesquisanacionaldesane-amento básico 2000. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pnsb/pnsb-2000>. acesso em setembro de 2014.

_________.Censo Agropecuário (2006).Disponívelem:<ftp://ftp.ibge.gov.br/Cen-sos/Censo_Agropecuario_2006/>.Acessoemoutubrode2014.

_________. Indicadoresdedesenvolvimento sustentável—Dimensão ambiental—Saneamento.2004.Disponívelem:<http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recur-sosnaturais/ids/saneamento.pdf>.Acessoemoutubrode2014.

_________.PesquisaNacionaldeSaneamentoBásico.2008.Disponívelem:<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/PNSB_2008.pdf>. acesso em setembro de 2014.

_________. PesquisaAgrícolaMunicipal (PAM) 2009.Disponível em:<http://www.ibge.gov.br>. acesso em outubro de 2014.

_________. Censo Demográfico 2010. Disponível em: <http://www. Censo 2010.ibge.gov.br>. acesso em outubro de 2014.

_________.Produçãodapecuáriamunicipal.RiodeJaneiro,v.38,p.1-65,2010.

_________.Indicadoressociaismunicipais:umaanálisedosresultadosdouniversodocensodemográfico2010.RiodeJaneiro: IBGE,2011.151p.Disponívelem:<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/indicadores_sociais_munici-pais/indicadores_sociais_municipais.pdf>.Acessoemfevereirode2013.

_________.Lei no 12.608, de 10 de abril de 2012. Brasília: página do Planalto,2012a. Acesso em abril de 2012. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ cci-vil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm>.Acessoemsetembrode2014.

_________.InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística.PesquisaNacionalporAmos-trasdeDomicílios.2012.Disponívelem:<ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimen-to/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_anual/2012/Volume_Brasil/pnad_brasil_2012.pdf>.Acessoemoutubrode2014.

_________.InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística.CensoAgropecuário2006.Resultadospreliminares.Disponívelem:<ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Agrope-cuario_2006/>.Acessoemoutubrode2014.

_________.Silvicultura.Disponívelem:<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/lis-tabl.asp?c=291&z=t&o=25>.Acessoemsetembrode2014.

BRASIL.MinistériodoMeioAmbiente.(Org.).CadernodaRegiãoHidrográficadoUruguai.Brasília:Mma,2006,132p.Disponívelem:<http://www.mma.gov.br/estruturas/161/_pu-blicacao/161_publicacao03032011023025.pdf>.Acessoem25demaiode2015.

_________.CadernodaRegiãoHidrográficadoUruguai/MinistériodoMeioAmbien-te,SecretariadeRecursosHídricos.—Brasília:MMA,2006.Disponívelem:<http://www.mma.gov.br/estruturas/161/_publicacao/161_publicacao03032011023025.pdf>.

_________.Ministérioda IntegraçãoNacional.Páginaoficialna internet.Acessoem14.07.2015.Disponívelem:<http://www.mi.gov.br/CARVALHO>,DanielFonsecade;SILVA,LeonardoDuarteBatistada.BaciaHidrográfica.2006.Disponívelem:<http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/downloads/APOSTILA/HIDRO-Cap3-BH.pdf>. acesso em abril de 2015.

_________.Memória de reunião:ColegiadoConselhoNacional deProteção eDe-fesa Civil, 21/11/2013. Disponível em: <http://www.mi.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=aa2227d4-9d0c-4c38-a430-1b545eeaba44&groupId=10157>. Acessoemjulhode2015.

BiB

lio

gra

Fia

BiB

lio

gra

Fia

259

Page 260: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

_________.COBRADE. Instrução Normativa No 001.2012, 2012. disponível em: <http://www.mi.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=f9cdf8bf-e31e-4902-984e-a859f54dae43&groupid=10157>. acesso em outubro de 2015.

Buarque, sérgio. Metodologia e Técnicas de Construção de Cenários Globais e Regionais. Brasília: iPea, 2003.

CAPRA,Fritjop.As Conexões Ocultas.SãoPaulo:EditiraCultrix.

Cartagena, s.M.C. Participação social e políticas públicas na gestão de risco de desastre: dosaspectoslegaisàspráticasdosgestorespúblicoscatarinenses.Dis-sertação. universidade do estado de santa Catarina. Programa de Pós-graduação em PlanejamentoTerritorialeDesenvolvimentoSocioambiental,Florianópolis,2015.

CARVALHO, Daniel; SILVA, Leonardo. Bacia Hidrográfica. 2006. Disponível em:<http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/downloads/APOSTILA/HIDRO--Cap3-Bh.pdf>. acesso em 18 de abril de 2015.

Carvalho, leila Maria v; Jones, Charles. Zona de Convergência do atlântico sul. Lidoem:CAVALCANTI,etal.TempoeClimanoBrasil,p.95-109.SãoPaulo:OficinadeTextos,2009.

Castro, antônio. Glossário de Defesa Civil, Estudo de Riscos e Medicina de Desastres.Brasília:DepartamentodeDefesaCivil/MinistériodoPlanejamentoeOr-çamento, 1998.

Castro, antônio. Brasil. Manual de Planejamento em Defesa Civil Brasília: Minis-tériodaIntegraçãoNacional/SecretariaNacionaldeDefesaCivil,1999.

Castro, antônio. Manual de desastres humanos: desastres humanos de natu-reza tecnológica.Vol.2,ParteI.Brasília:MinistériodaIntegraçãoNacional/Secretarianacional de defesa Civil, 2003.

Castro, antônio; Calheiros lelio; Cunha, Maria inês; Bringel, Maria luiza. Manual de desastres.Vol. 1.Brasília:Ministérioda IntegraçãoNacional/Secretarianacional de defesa Civil, 2003.

CiPCa. Centro de investigación y Promoción del Campesinato. Como identificar un pro-blema y elaborar una propuesta.Guía1/UnidaddeAciónPolítica.LaPaz:CIPCA,2009.

Censo deMográFiCo 2010. Características da população e dos domicílios: resultados do universo. rio de Janeiro: iBge, 2011. acompanha 1 Cd-roM. disponí-vel em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristi-cas_da_populacao/resultados_do_universo.pdf>.Acessoemoutubrode2014.

Censo deMográFiCo 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. rio de Janeiro: iBge, 2012. acompanha 1 Cd-roM. Disponívelem:<ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Caracteristi-cas_Gerais_Religiao_Deficiencia/caracteristicas_religiao_deficiencia.pdf>.Acessoemoutubro de 2014.

CEPED/UFSC.Atlas brasileiro de desastres naturais 1991 a 2010: volume Santa Catarina.Florianópolis:CentroUniversitáriodeEstudosePesquisassobreDesastresda universidade Federal do estado de santa Catarina, 2011.

CePed uFsC. Atlas brasileiro de desastres naturais. Florianópolis, 2012.

CRANDALL,P.G.;SEIDEMAN,S.;RICKE,S.C.;O’BRYAN,C.A.;FANATICO,A.F.;RAI-neY, r. organic poultry: Consumer perceptions, opportunities, and regulatory issues. Journal of Applied Poultry Research. v. 18, p. 795-802, 2009.

CUADRAT,J.M.&PITA,M.F.Climatologia.Madrid:Cátedra,2014.

CunY C., FrederiCK, Disasters and Development.Oxford:OxfordUniversityPress,Inc.NewYork,Oxford,1983.

CunY C., FrederiCK Y otros. Aim and Scope of Disaster Management, Di-saster Management Center(D.M.C.).Wisconsin:UniversityofWisconsin,1986.

DAVISON,J.Settingasidetheideathateucalyptusarealwaysbad.UNDP/FAOprojectBangladeshBGD/79/017.

_________.Ecologicalaspectsofeucalyptusplantation.ProceedingsRegionalExpertConsultation on eucalyptus, v. i, 4-8, oct. 1993.

EMBRAPA.SistemaBrasileirodeClassificaçãodeSolos.Brasília:EMBRAPA,2003.

_________.SistemaBrasileirodeClassificaçãodeSolos.Brasília:EMBRAPA,2006.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

260

Page 261: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

_________.AtlasClimáticodaRegiãoSuldoBrasil:EstadosdoParaná,SantaCatarinae rio grande do sul. Pelotas: embrapa, 2011.

_________.CentroNacionaldePesquisadeSolos.Aproveitamentodaáguadachuvanaproduçãodesuínoseaves.Concórdia,2012.Disponívelem:<http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/publicacao_v7r28u3f.pdf>. Acesso em outubro de2014.

_________.AtlasClimáticodaRegiãoSuldoBrasil:EstadosdoParaná,SantaCatarinae rio grande do sul. Brasília: embrapa, 2012.

denardin, v.; sulZBaCh, M. os possíveis caminhos da sustentabilidade para a agropecuária da RegiãoOeste de SantaCatarina.Desenvolvimento emQuestão, v.3, n. 6, p. 87-115, 2005. ELSAWAH, Sondoss.The use of integrated modelling for learning and communicating about water Issues in the Australian Capital Territory. 2010.Tese(Doutorado)—UniversityofNewSouthWales,Austrália,2010.Disponível em: <http://oatd.org/oatd/record?record=unsw%5C:unsworks_8981>.acesso em 10 dezembro de 2014.

esPÍndola, Carlos. As agroindústrias no Brasil: o caso sadia. Chapecó: grifos, 1999.

FERREIRA, Débora; ALBINO, Lisangela; FREITAS, Mário. Participação Popular naPrevenção e enfrentamento de desastres ambientais: resultados de um estudo piloto em santa Catarina, Brasil. Revista Geográfica de América Central (online), v. 47 e, p.1-17, 2011.

Flores, Maria Bernadete ramos; serPa, Élio Cantalício. a hermenêutica do vazio: fronteira, religião e brasilidade na viagem do governador ao oeste de santa Catarina. Proj.História,SãoPaulo,(18),mai.1999.

Freitas, Marcos (org.). diagnóstico dos recursos hídricos subterrâneos do oeste do EstadodeSantaCatarina—ProjetoOestedeSantaCatarina.OrganizadoporMarcosA.deFreitas;BráulioR.Caye;JoséL.F.Machado.PortoAlegre:CPRM/SDMSC/SDA--SC/EPAGRI.2002.110p.

FREITAS,Mário. Complejidad, cultura y sostenibilidad. Implicaciones educativas. In:Mira, ricardo; MarCote, Pedro. Sostenibilidad, valores y cultura ambiental, Madrid:EdicionesPirámide,2009,p.105-146.

FREITAS,Mário.ParticipationandtheConstructionofSustainableSocietiesIn:partici-pation and the Construction of Sustainable Societies. 1 ed. new York : spinger, 2012,p.143166.

FREITAS,Mário;ANNUNCIATO,Dráuzio;NARDI;Ivanete;SILVA,Bruno.Amediaçãocomopráticadiscursivatransformadora.Umcasodeestudocomascomunidadespis-catórias riberinhas de Botucatu (sP, Brasil) in: Educação, Ambiente, Turismo e De-senvolvimento Comunitário, 2009, S. Tomé. Desenvolvimento Comunitário, das teorias às práticas. Turismo, ambiente e práticas educativas em S. Tomé e Príncipe. lisboa: gerpress, Comunicação empresarial e Marketing, lda., 2009, v. 1, p. 192.

Freitas, M., Kaetsu, P.t. a gestão dos recursos hídricos e da estiagem no oeste Catarinense:contribuiçãoparaumaanálisesistêmicacomplexa.Labor&Engenho,v.4,p. 34 50, 2015.

FRINHANI,Eduarda;CARVALHO,Eudislaine.Monitoramentodaqualidadedaságuasdo rio do tigre, Joaçaba, sC. unoesc&Ciência, v. 1, p. 47-55, 2010.

FRINHANI,Eduarda;AZZOLINI,JoseCarlos;NIENOV,Fabiano.Qualidadedaságuassuperficiais e subterrâneasnaBaciaHidrográficadoRiodoPeixe. In: JovilesVitórioTrevisol;LuizFernandoScheibe.(Org.).BaciaHidrogáficadoriodoPeixeNaturezaesociedade. 1ed. Joaçaba: editora unoesc, 2011, v. 1, p. 257-281.

FUENTES,M.V.ClimatologiadeBloqueiosPróximosàAméricadoSuleSeusEfeitos.dissertação. instituto nacional de Pesquisas espaciais. são José dos Campos, 1997.

GALVÃO,Marília.RegiõesBioclimáticasdoBrasil.Revista Brasileira de Geografia. 29(1).jan./mar,p.3-33,1967.

gaussen, henri; Bagnouls, F. saison sêche et indice xérothermique. Faculté des sciences, toulouse, 1953.

_________.LesClimats,Biologiquesetleurclassification.Annales de Geographie, lxvi (355: 193-220, Paris), 1957.

gYdens, antonhy. As consequências da modernidade. são Paulo: editora unesP, 1990.

BiB

lio

gra

Fia

BiB

lio

gra

Fia

261

Page 262: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

GOULARTIFILHO,Alcides.OplanejamentoestadualemSantaCatarinade1955a2002.EnsaiosFEE,PortoAlegre,v.26,no1,jun.2005.Disponívelem:<http://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/viewFile/2096/ 2478>. Acesso em 13 junho de2015.

griMM, a.M.; FerraZ, s.e.t.; goMes, J. Precipitation anomalies in southern Brazil associated whit el nino and la nina events. Journal of Climate,v.11,p.2863-2880,1998.

grings, v.h.; de oliveira, P.a.v. Cisternas para armazenagem de água da chu-va. Concórdia:EmbrapaSuínoseAves,2005.Folder.GRINOVER,Lúcio.Oplaneja-mento físico-territorial e a dimensão ambiental. Cadernos FundaP. são Paulo, ano 9 — no16,1989.

GRINOVER,Lúcio.Oplanejamentofísico-territorialeadimensãoambiental.CadernosFundaP. são Paulo, ano 9 — no16,1989.

guaruJá, 2015. defesa Civil orienta população como se prevenir no período de estia-gem28/07/2015.Disponívelem:<portal.guaruja.sp.gov.br/2015/07/defesa-civil-orien-ta-populacao-como-se-prevenir-no-periodo-de-estiagem/>.Acesso em 13 junho de2015.

guivant, Julia; MaCnaghten, Philip. o Mito do Consenso: uma perspectiva com-parada sobre governança tecnológica. Ambiente & Sociedade, vol. xiv, p. 89-104, jul-dezde2011.

helou Filho, esperidião; Fontana, victor. Carta dos Catarinenses. Florianópolis: 1982.

herrMann, Maria lúcia. Atlas dos Desastres Naturais do Estado de Santa Ca-tarina.Florianópolis,SEA/DGED,2007.

hesPanhol, ivanildo. um novo paradigma para a gestão de recursos hídricos. Estu-dos Avançados, vol. 22, no63,S2006.o,no63,SSIS,FORANeDesastres.SãoPaulo,2006.

JelineK, t. Collection, storage and transport os swine wasters. in: taiganides, e.P. Animalwastes.Essex:EnglandAppliedScience,1977,p.165-74.

Kaetsu, Patrícia taeko. A abordagem sistêmica na gestão integrada de recur-sos hídricos: limites e possibilidades de atuação do Comitê Cubatão. 2015. disserta-ção(mestrado)—UniversidadedoEstadodeSantaCatarina,MestradoProfissionalemPlanejamentoTerritorialeDesenvolvimentoSocioambiental,Florianópolis,2015.

KaYano, Mary t.; andreoli, rita valéria. Variabilidade Decenal a Multidecadal. Lidoem:CAVALCANTI,etal.TempoeClimanoBrasil.p.373-383.SãoPaulo:OficinadeTextos,2009.

KLEIN,R.M.Florailustradacatarinense:mapafitogeográficodoEstadodeSantaCa-tarina.

itaJaÍ.HerbárioBarbosaRodrigues,VParte—mapafitogeográfico,1978,24p.

Konder reis, antonio Carlos; Fontana, atílio. Plano de governo 1975-1979: go-vernar é encurtar distância. Florianópolis: 1975.

lavell, allan. Cuando le Llega El Tiempo a un Idea. desastres y sociedade, v. 2, n. 2, 1994, p. 109-128.

_________.Gestiónambientalygestióndelriesgodedesastreenelcontextodelcam-bioclimático:unaaproximaciónaldesarrollodeunconceptoydefiniciónintegralparadirigirlaintervenciónatravésdeunplannacionaldedesarrollo,Bogotá:Departamentonacional de Planeación-dnP. subdirecciión de desarrollo ambiental sostenible. Con-trato numero dnP Mo-084-20010, 2010.

_________.SobrelaGestióndelRiesgo:ApunteshacíaunaDefinición,semdata.Dis-ponível em: <http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/cd29/riesgo-apuntes.pdf>. Acessoem março de 2015.

LIEBER, Renato. Teoria de Sistemas. Disponível em: <http://www.inf.ufpr.br/urban/2016-1-TS/LeiturasRecomendadas/TeoriaDeSistemas/TS-RenatoRochaLieber.pdf>. acesso em março de 2015.

luiZ, edna lindaura. Capítulo 4 — geomorfologia. in: roCha, isa de oliveira (org.). SANTA CATARINA. Secretaria de Estado do Planejamento.Atlas Geográfico de Santa Catarina: Diversidade da Natureza — Fascículo 2. 1. ed. Florianópolis: editora udesC, 2014, p 91 a 108.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

262

Page 263: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

MACHADO,JoséLuizFlores,s/d.AredescobertadoAquíferoGuarani.ReportagemUOL.Disponível em:<http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/a_redescoberta_do_aquifero_guarani.html/SANTACATARINA>.SecretariadePlanejamentoeGes-tão. instituto Celso ramos. Plano Catarinense de desenvolvimento (PCd) sC 2015. Disponívelem:<www.spg.sc.gov.br>.Acessoem5dejulhode2015.

Malheiros Patrícia; sChäFer daniela; herBert indianara; CaPuani sônia; silva eliane; sardiglia Cassius; sCaPin, diane; rossi, eliandra; Brandelli, adriano. ContaminaçãobacteriológicadeáguassubterrâneasdaregiãooestedeSantaCatarina,Brasil. Rev Inst Adolfo Lutz,SãoPaulo,68(2):305-8,2009.

MaMigonian, armen. Vida regional em Santa Catarina. orientação. são Paulo: USP/IG,1966.

MaMigonian, armen. Vida regional em Santa Catarina. orientação. são Paulo: USP/IG,1966.

MaMigonian, armen. Teorias sobre a Industrialização Brasileira. Cadernos ge-ográficos,no2,vol.3.Florianópolis:ImprensaUniversitária,2000.

MANDARINO,José.Grãosverdes:influêncianaqualidadedosprodutosàbasedesoja.série sementes. Circular técnica 90. embrapa: londrina, 2012. acesso em outubro de2015.Disponívelem:<http://www.cnpso.embrapa.br/download/CT90-OL.pdf>.

Mantual, nathan; hare, steven; Zhang, Yuan; WallaCe, John; FranCis, robert. APacificInterdecadalClimateOscillationwithImpactsonSalmonProduction.Bulletin of the American Meteorological Society, vol. 78, no6,june1997,p.1069-1079.

MARCHESAN,Jairo;FRAGA,Ângelo.ASuinoculturanoOesteCatarinenseeascom-plexasimplicaçõesambientais.Revista Tecnologia e Ambiente. v. 20, p. 29-54, 2014.

MARENGO,José;AMBRIZZI,Tércio;SOARES,Wagner.Jatosdebaixosníveisaolongodos andes. em: Tempo e Clima no Brasil.SãoPaulo:OficinadeTextos,p.170-180,2009.

MariMon, Maria Paula; Wildner, Wilson; aYala, lúcia. Capítulo 2 — geologia. in: ROCHA,IsadeOliveira(Org.).SANTACATARINA.SecretariadeEstadodoPlaneja-mento. Atlas Geográfico de Santa Catarina: Diversidade da Natureza — Fascí-culo 2.1.ed.Florianópolis:EditoraUDESC,p.45-68,2014.

MasKreY, andrew. Los desastres no son naturales,1993.Disponívelem:<http://www.la-red.org/public/libros/1993/ldnsn/LosDesastresNoSonNaturales-1.0.0.pdf>:Acessoemjunhode2014.

McKee, t.B., n.J. doesken, and J. Kleist, 1993: the relationship of drought frequency and duration of time scales. eighth Conference on applied Climatology, american Me-teorologicalSociety,jan.17-23,1993,AnaheimCA,p.179-186.

MEADOWS,DonellaH.Thinkinginsystems:aprimer.[S.l.]:ChelseaGreenPublishing,2008.

Monteiro, ana. Perceptibilidade, risco e vulnerabilidade em climatologia: um estudo de caso no Porto. Revista Territorium,p.52-63,1995.

Monteiro, Carlos. O Clima da Região Sul. Geografia Regional do Brasil. Re-gião Sul.TomoI.Cap.III.RiodeJaneiro,IBGE,1963,p.117-169.

_________.A questão ambiental no Brasil:1960-1980.SãoPaulo:USP,1981.

_________.DinâmicaatmosféricaeacaracterizaçãodostipodetemponaBaciaHi-drográficadoRioAraranguá.Tese.DepartamentodeGeografia.CentrodeCiênciashumana e da educação. universidade Federal de santa Catarina. Florianópolis, 2007.

MeadoWs, donella h. Thinking in systems: a primer. [S.l.]:ChelseaGreenPu-blishing, 2008.

MONTEIRO,Maurici.CaracterizaçãoclimáticadoEstadodeSantaCatarina:umaabor-dagem dos principais sistemas atmosféricos que atuam durante o ano. Revista Geosul, v.16,n.31,p.69-78,2001.

_________.DinâmicaatmosféricaeacaracterizaçãodostipodetemponaBaciaHi-drográficadoRioAraranguá.Tese.DepartamentodeGeografia.CentrodeCiênciashumana e da educação. universidade Federal de santa Catarina. Florianópolis, 2007.

Monteiro, Maurici; silva, Pâmela. Capítulo 3 — Clima. in: roCha, isa de oliveira (Org.).SANTACATARINA.SecretariadeEstadodoPlanejamento.Atlas Geográfico de Santa Catarina: Diversidade da Natureza — Fascículo 2. 1. ed. Florianópolis: EditoraUDESC,p.69-90,2014.

BiB

lio

gra

Fia

BiB

lio

gra

Fia

263

Page 264: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

Morin, edgar. Introdução ao pensamento complexo. Porto alegre: sulina, 2005.

Motta, edina; Frinhani, eduarda. qualidade físico-química e microbiológica das águassubterrâneasdosmunicípiosdeIbicaré,Lacerdopólis,OuroeCapinzal.Evidência(UNOESC),v.12,p.63-82,2012.

narvaeZ, l., lavell, a, PÉreZ, g. la gestión del riesgo de desastres: un enfoque basado en procesos. lima: Comunidad andina. secretaría general; Proyecto apoyo a la Prevención de desastres en la Comunidad andina (PredeCan), 2003. 102 p.

oliveira, Yuri. uso de balanço hídrico seriado para o dimensionamento de estrutu-rasdearmazenamentodeáguadaschuvas:estudodecasos.2004.146f.Dissertação(Pós-graduação em engenharia ambiental) universidade Federal de santa Catarina, Florianópolis.

OLIVEIRA,Paulo.(Coord.).Manualdemanejoeutilizaçãodedejetosdesuínos.Con-córdia: embrapa.CnPsa, 1993. 188 p. (embrapa. CnPsa. documento, 27).

onu. O Futuro que Queremos, 2012.Disponivel em:<http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/OFuturoqueQueremos_rascunho_zero.pdf>. Acesso em marçode 2015.

PALMER,W.C.Meteorologicaldrought.Washington,1965.58p.(USWeatherBureaures. no 45).

PELUSO JÚNIOR.,VictorA.Aspectos geográficosde SantaCatarina. Florianópolis: FCC/EDUFSC,1991.PELUSOJÚNIOR.,VictorA.Estudos de Geografia Urbana de Santa Catarina. Florianópolis:FCC/EDUFSC,1991.

PerdoMo, C.C.; Figueiredo, e.a.P. de; sangoi, v. Critérios para a captação e aproveitamentodaáguadachuvanaaviculturadecorte.Concórdia:EmbrapaSuínose aves, 2003. 4 p.

Pereira, rita; silva, elcio; ZanuZZi, Cintia; grigolo, leonir (Coord.). suinocul-tura no alto uruguai Catarinense: uma década de avanços ambientais. 1. ed. Brasília: embrapa, 2013. v. 1. 311p.

PIAZZA,Walter.SantaCatarina:suahistória.Florianópolis:UFSC/Lunardelli,1983.

Pingali,Prabhu.CIMMYT1999/2000Worldmaizefactsandtrends.Meetingworldmaizeneeds:Technologicalopportunitiesandprioritiesforthepublicsector.Mexico,dF: CiMMYt, 2001.

PiKettY, thomas. O capital no século XXI. são Paulo: livraria Cultura, 2015.

PITOL, Silvana. Avaliação da qualidade microbiológica de águas nos municípios deabrangência da SDR de Itapiranga— SC. 2010. 143 f. Monografia (Especialização)— Curso de gestão ambiental, unoesc, são Miguel do oeste, 2010. disponível em: <http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2014/01/Silvana-Pittol.pdf>.acesso em 1o de fevereiro de 2015.

Poore, M.e.d; Fries, C. the ecological effects of eucalyptus. Fao, 1985.

SDT/MDA.Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais. Planalto Catarinense.SDT/MDA,2010.

raMos, Paulo. Modelo para outorga de uso da água utilizando a metodologia multicritério de apoio à decisão: estudodecasodaBaciaHidrográficadoRioCuba-tão do sul. 2005. tese (doutorado) — universidade Federal de santa Catarina, Centro tecnológico. Programa de Pós-graduação em engenharia de Produção, Florianópolis, 2005.

rangel, ignacio. Obras Reunidas. rio de Janeiro: Contraponto, 2005.

ROCHA,IsadeOliveira.ODinamismoIndustrialeExportadordeSantaCatarina.SãoPaulo:USP/FFLCH,2004.[TesedeDoutoradoemGeografiaHumana].

ROCHA,IsadeOliveira;NAPOLEÃO,Fábio;GUTERRES,CássioDonadel.OsPlanosdeGovernoeaPrevençãodeCatástrofesNaturaisemSantaCatarina(1951-1986).In:ii Workshop internacional de história do ambiente: desastres ambientais e susten-tabilidade & gisday, 2011, Florianópolis (santa Catarina). anais do ii Workshop inter-nacional de história do ambiente: desastres ambientais e sustentabilidade & gisday. Florianópolis (santa Catarina): udesC, 2011.

ROCHA,IsadeOliveira;NAPOLEÃO,Fábio;GUTERRES,CássioDonadel;CUNHA,lucas Benner da. a Prevenção de desastres naturais e a questão ambiental nos Planos BásicosdeDesenvolvimentoEcológico-Econômico(PBDEE)enosEstudosDiagnósti-cos das secretarias de desenvolvimento regional (sdr) de santa Catarina: décadas de

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

264

Page 265: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

1990e2000.RelatóriodapesquisaPlanejamentoregionaleprevençãodecatástrofesemSantaCatarina,aprovadanaChamadaPúblicaFAPESC010/2009—PrevençãodeCatástrofesNaturais,2013.

ROHDEN,Francielietal.MonitoramentomicrobiológicodeáguassubterrâneasemcidadesdoExtremoOestedeSantaCatarina.Ciênc.saúdecoletiva,RiodeJaneiro,v.14,n.6,p.2199-2203,Dec.2009.Disponívelem:<http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232009000600027>.Acessoemfevereirode2015.

ROMERO,Hugo&MENDONÇA,Magaly.Amenazasnaturalesyevaluciónsubjetivaen la construcción de la vulnerabilidad social ante desastres naturales en Chile. Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis, jan-jun,Volume09, número01, pp.127-189, 2012.

roMero, gilberto & MasKereY, andrew. Como entender los desastres natura-les. em: o. a. Maskrey, ed. los desastres no son naturales. s.l.: rede de estudios Sociales en Prevención deDesastres en América Latina— LA RED, pp. 6-10,1993.

saChs, i. em busca de novas estratégias de desenvolvimento. Estudos Avançados, v.9, n. 25, 1995.

saChs, i. Rumo à Ecosocioeconomia: teoriaepráticadodesenvolvimento.SãoPau-lo: Cortez. 2007.

_________.Atlas de Santa Catarina. Indústria. rio de Janeiro: aerofoto Cruzeiro, 1986.

_________.Lei no 1365, de 4 de novembro de 1955.

_________.Lei no 2772, de21dejulhode1961.

_________.Lei no 3791, de30dedezembrode1963.

_________.PLAMEG Governo Ivo Silveira: 1966-1968.Florianópolis,1969.

_________.CoordenadoriaInternaDefesaCivil.Enchentes de agosto/setembro de 1972 em 54 municípios. Florianópolis, 1972.

_________.DiretoriadeRecursosHídricos.SecretariadeDesenvolvimentoSustentável—GovernodoEstadodeSantaCatarina.MapadaBaciaHidrográficadoRiodasAntaseBaciasContíguas.Florianópolis:SecretariadeEstadodeDesenvolvimentoSustentável.estado de santa Catarina, Comitê de gerenciamento da Bacia do rio das antas e Bacias Contíguas, 2009. 1 p. disponível em: <http://www.sirhesc.sds.sc.gov.br/sirhsc/bibliote-ca_visualizar_arquivos.jsp?idEmpresa=27&idPasta=759>.Acessoem24junhode2014.

_________.GabinetedePlanejamentoeCoordenaçãoGeral.SubchefiaparaaPolíticade desenvolvimento regional. Política de Desenvolvimento Regional e Urbano para Santa Catarina. Florianópolis, 1981.

_________.GovernodoEstadodeSantaCatarina.AÇÕESDOPACTOPORSANTACATARINA,2015—páginaweb Pacto por Santa Catarina. Disponívelem:<http://www.pactoporsc.sc.gov.br/index.php/acoes-do-pacto>.Acessoemoutubrode2015.

_________.InstitutoCelsoRamos.PlanoCatarinensedeDesenvolvimento(PCD)SC2015.Disponívelem:<www.spg.sc.gov.br>.Acessoemjulhode2015.

_________.ProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimento—PNUD.EstudoDiagnósticodaRegionalCanoinhas.Florianópolis:SPG/SC;PNUD,2005.

_________.ProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimento—PNUD.EstudoDiagnósticodaRegionalCuritibanos.Florianópolis:SPG/SC;PNUD,2005.

_________.ProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimento—PNUD.EstudoDiagnósticodaRegionaldeDionísioCerqueira.Florianópolis:SPG/SC;PNUD,2005.

_________.ProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimento—PNUD.EstudoDiagnósticodaRegionalJoaçaba.Florianópolis:SPG/SC;PNUD,2005.

_________.ProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimento—PNUD.EstudoDiagnósticodaRegionalMafra.Florianópolis:SPG/SC;PNUD,2005.

_________.ProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimento—PNUD.EstudoDiagnósticodaRegionalMaravilha.Florianópolis:SPG/SC;PNUD,2005.

_________. Plano Básico deDesenvolvimento Ecológico-Econômico—Associaçãodos Municípios do oeste de santa Catarina — aMosC. Florianópolis: sdM — Fe-CAM/AMOSC,1996.

BiB

lio

gra

Fia

265

Page 266: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

_________. Plano Básico deDesenvolvimento Ecológico-Econômico—AssociaçãodosMunicípiosdaRegiãodoContestado—AMURC.Florianópolis:SDM—FECAM/aMurC, 1997.

_________. Plano Básico deDesenvolvimento Ecológico-Econômico—AssociaçãodosMunicípiosdoAltoIrani—AMAI.Florianópolis:SDM—FECAM/AMAI,1997.

_________. Plano Básico deDesenvolvimento Ecológico-Econômico—Associaçãodos Municípios do Meio oeste Catarinense — aMMoC. Florianópolis: sdM — Fe-CAM/AMMOC,1997.

_________.PlanoBásicodeDesenvolvimentoEcológico-Econômico—AssociaçãodosMunicípiosdaRegiãoSerrana—AMURES.Florianópolis:SDM—FECAM/AMURES,1999.

_________. Subsecretaria de EstudosGeográficos e Estatísticos.Atlas escolar de _________.SecretariadeEstadodeCoordenaçãoGeralePlanejamento.SubsecretariadeEstudosGeográficoseEstatísticos.RiodeJaneiro:AerofotoCruzeiro,1991.

_________.SecretariadeEstadodeCoordenaçãoGeralePlanejamento.Desenvolvi-mentoeconômicoequestãoambiental.CadernosdaVIISemanadeGeografia.Univer-sidadeEstadualdeMaringá,jun.,1997.

_________.SecretariadeEstadodoDesenvolvimentoUrbanoeMeioAmbiente.PlanoBásico deDesenvolvimentoEcológico-Econômico—AssociaçãodosMunicípios doAltoValedoRiodoPeixe—AMARP.Florianópolis:SDM—FECAM/AMARP,1996.

_________.SecretariadeEstadodoPlanejamentoeGestão.Síntesesregionaisdepla-nejamentofísico-territorial—36regiõesadministrativas.2009(mimeog.).

_________.SecretariadeEstadodoPlanejamento,OrçamentoeGestão.ProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimento—PNUD.EstudoDiagnósticodaRegionalCamposNovos.Florianópolis:SPG/SC;PNUD,2005.

_________.SecretariadeEstadodoPlanejamento,OrçamentoeGestão.ProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimento—PNUD.EstudoDiagnósticodaRegiãodePalmitos.Florianópolis:SPG/SC;PNUD,2005.

_________.ProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimento—PNUD.EstudoDiagnósticodaRegionalSãoLourençodoOeste.Florianópolis:SPG/SC;PNUD,2005.

_________.ProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimento—PNUD.EstudoDiagnósticodaRegiãoVideira.Florianópolis:SPG/SC;PNUD,2005.

_________.ProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimento—PNUD.EstudoDiagnósticodaRegiãoXanxerê.Florianópolis:SPG/SC;PNUD,2005.

_________. Secretaria de Desenvolvimento Sustentável— Governo do Estado deSantaCatarina. PlanoEstratégicodeGestão IntegradadaBaciaHidrográficadoRioChapecó: etapa C — relatório Final. Florianópolis: estado de santa Catarina, 2009. 151p.Disponívelem:<http://www.aguas.sc.gov.br/jsmallfib_top/Comite%20Rio%20Chapeco/Irani/Publicacoes/03-Relattorio-Plano-Estrategico-Bacia-Chapeco---Etapa-C.pdf>. acesso em 27 março de 2015.

_________. Secretaria de Desenvolvimento Sustentável— Governo do Estado deSantaCatarina. PlanoEstratégicodeGestão IntegradadaBaciaHidrográficadoRioChapecó: etapa C — relatório Final. Florianópolis: estado de santa Catarina, 2009. 151p.Disponívelem:<http://www.aguas.sc.gov.br/jsmallfib_top/Comite%20Rio%20Chapeco/Irani/Publicacoes/03-Relattorio-Plano-Estrategico-Bacia-Chapeco-Etapa-C.pdf>. acesso em 27 março de 2015.

SCHEIBE,LuizFernando.OSistemaAquíferoIntegradoGuarani/SerraGeraleousodaságuassubterrâneasnooestedeSantaCatarina.PPGG/GCN/UFSC,2012.Dispo-nível em: <http://segesc.paginas.ufsc.br/files/2012/11/aq_guarani_scheibe_Isegesc.pdf>.

sChMitZ, sérgio. Planejamento estadual: a experiência catarinense com o Pla-no de Metas do Governo — PLAMEG — 1961-1965.Florianópolis:Ed.daUFSC/FESC/UDESC,1985.SDS—SecretariadeEstadoDesenvolvimentoEconômicoSus-tentável.PanoramadosRecursosHídricosdeSantaCatarina.[s.i.]:SDS,2006,134p.

SDS—SecretariadeEstadoDesenvolvimentoEconômicoSustentável.IntroduçãoÀGestãoDeRecursosHídricosEOPapelDosComitêsDeBaciaHidrográficaEmSuaImplementaçãoSDS,2012/SECGP.Atlas escolar de Santa Catarina. Florianópolis: SecretariadeEstadodeCoordenaçãoeGeralePlanejamento,1991.

severo dirceu l. (1994). Estudo de casos de chuvas intensas no estado de San-ta Catarina. dissertação de Mestrado, instituto de Pesquisas espaciais, são José dos Campos, 97p.

est

iag

eM n

o o

est

e C

ata

rin

ense

: dia

gn

Óst

iCo

e r

esil

iên

Cia

— r

elat

Óri

o t

ÉCn

iCo

266

Page 267: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito

silva, C.l.; Bassi, n.s.s. Análise dos impactos ambientais no Oeste Catarinen-se e das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Suínos e Aves. informe gepec (Impresso),v.16,p.128-143,2012.

SILVA,ChristianL.da;BASSI,NádiaS.S.Políticaspúblicasedesenvolvimentolocal.In:silva, Christian l. da. (org.). Políticas públicas e desenvolvimento local: instru-mentos e proposições de análise para o Brasil. Petrópolis: vozes, 2012.

silva dias, P., Marengo, J., águas atmosféricas. águas doces no Brasil — capital ecológicausosmúltiplos,exploraçãoracionaleconservação.AldodaCunhaRebouças,BeneditoBragaJr.,JoséGaliziaTundizi,Eds.2nsEdition,IEA/USP,2002,p.65-116.

SILVA,DiogoR.A.da;KIRCHHEIM,RobertoE.InformaçõesHidrogeológicasdoEs-tado de sC. in: xix Congresso Brasileiro de reCursos hÍdriCos, 2011, Maceió. anais... . Maceió: aBrh, 2011, p. 1-18.

silva, Fernando João da. evolução da divisão Político-administrativa. in: santa Catari-na.SecretariadeEstadodoPlanejamento.DiretoriadeEstatísticaeCartografia;IsadeOliveiraRocha(Org.).AtlasGeográficodeSantaCatarina.Florianópolis:Ed.UDESC,2013.

SIMONOVIĆ,Slobodan.Managing water resources: methods and tools for a syste-ms approach. london: earthscan, 2009.

souZa, Celina. Políticas públicas: uma revisão da literatura. sociologias, Porto ale-gre,ano8,n.16,jul/dez2006,pp.20-45.Acessoemmarçode2014.Disponívelem:<http://www.scielo.br/pdf/soc/n16/a03n16STEINMETZ>. Silvio; JUNIOR, Carlosreisser; ColoMBo, ivan. Pelotas: embrapa Clima temperado, 2011.

teixeira, elenaldo Celso. O papel das políticas públicas no desenvolvimento local e na transformação da realidade. AATR-BA,2002.Disponívelem:<http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/aatr2/a_pdf/03_aatr_pp_papel.pdf>. Acesso emagosto de 2013.

thoMÉ, nilson. a insurreição xucra do Contestado. in: santa Catarina. Funda-ção Catarinense de Cultura. o Contestado. Florianópolis: ioesC, 2000. tuCCi, Carlos E.M.;HESPANHOL,Ivanildo;CORDEIRONETTO,OscardeM.CenáriosdagestãodaáguanoBrasil:umacontribuiçãoparaa“VisãoMundialdaÁgua”.RBRH—Revista Bra-sileira de Recursos Hídricos, PortoAlegre,v.5,n.3,p.31-43,jul./set.2000.

tuCCi, Carlos (org.) Hidrologia — ciência e aplicação. Porto alegre: editora da universidade aBrh, 2000.

UNISRD/ONU. Global assessment report on disaster risk reduction 2015. Making development sustainable, the future of disaster risk management. ge-nebra: unisdr, 2015.

VALIENTE,ÓSCAR.Sequía:definiciones,tipologiasymétodosdecauntificación.In-vestigaciones Geográficas, no26,2001,p.59-80.

veado, ricardo Wagner ad-víncula. Capítulo 1 — geossistemas de santa Catarina. in: ROCHA,IsadeOliveira(Org.).SANTACATARINA.SecretariadeEstadodoPlaneja-mento. Atlas Geográfico de Santa Catarina: Diversidade da Natureza — Fascí-culo 2. 1. ed. Florianópolis: editora udesC, 2014, p. 15-44.

VIEIRA,MariaGraciana;PEREIRA,Raquel.Formaçõessocio-espaciaiscatarinenses:no-taspreliminares. In.:AnaisdoCongressodeHistóriaeGeografiadeSantaCatarina.Florianópolis:CAPES/MEC,1997.

WAIBEL,Leo.CapítulosdegeografiatropicaledoBrasil.RiodeJaneiro:IBGE,1979.

Whitehead, a. Essays in science and philosophy. new York: Philosophical libra-ry, 1948.

Zanatta, lauro César; Coitinho, João Batista lins. Utilização de poços pro-fundos no Aquífero Guarani para abastecimento público em Santa Catarina. In:XIICONGRESSOBRASILEIRODEÁGUASSUBTERRÂNEAS,2002,Florianópolis.Anais....SãoPaulo:Abas,2002,p.01-16.

BiB

lio

gra

Fia

267

Page 268: RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTífICO · plinaridade visado e concretizado; ao modelo de análise sistêmica complexa adoptado. Por isso, pode-se afirmar que se trata de um estudo inédito