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Estudos Setoriais de Inovação Estudos Setoriais de Inovação Transformados Plásticos Transformados Plásticos

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Estudos Setoriais deInovação

Estudos Setoriais deInovação

TransformadosPlásticosTransformadosPlásticos

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AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL

Relatório Setorial:

TRANSFORMADOS PLÁSTICOS

Pesquisadores: Bruno Araújo (IPEA)

Fernanda De Negri (IPEA)

Brasília, Fevereiro de 2009.

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Sumário

1.  DESCRIÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA E DESAFIOS PARA O SETOR DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS ......................................................................................................................2 2.  INTERAÇÕES ECONÔMICAS DO SETOR DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS ..........................6 3.  O SETOR DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS: DESEMPENHO RECENTE .............................12 

3.1  - CONTEXTO INTERNACIONAL ...............................................................................12 3.2  - DESEMPENHO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS EM PERÍODO RECENTE (1996-2006) ...............................................................................................16 

4.  EMPRESAS LÍDERES NO SETOR PLÁSTICO ...................................................................26 5.  INOVAÇÃO E INTEGRAÇÃO DAS FIRMAS COM O SISTEMA DE INOVAÇÃO ...........................30 

5.1 - INOVAÇÃO NO SETOR DE PLÁSTICOS .....................................................................33 5.2 – ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO ................................................................................37 

6.  INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO AO INVESTIMENTO ...................................................42 7.  OPORTUNIDADES TECNOLÓGICAS ..............................................................................49 

7.1 – PLÁSTICOS E MEIO-AMBIENTE ..............................................................................52 8.  CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES DE POLÍTICA .................................................................57 9.  BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................................59 

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1. DESCRIÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA E DESAFIOS PARA O SETOR DE

TRANSFORMADOS PLÁSTICOS

Do ponto de vista produtivo, a cadeia petroquímica é comumente dividida

em três gerações. A 1ª geração é composta pelos insumos básicos para a

fabricação das resinas e polímeros, quais sejam, petroquímicos básicos como o

etano, buteno, propeno, butadieno benzeno e paraxileno. A 2ª geração é

responsável pela fabricação das resinas e polímeros. Dentre estes, se destacam

os polímeros termoplásticos polietileno de baixa ou alta densidade (PEBD/PEAD),

o polipropileno (PP), o policloreto de vinila (PVC), o poliestireno (PS) e o

polietilieno tereflato (PET). Os termoplásticos são assim chamados por não

sofrerem alterações na sua estrutura química após o aquecimento/resfriamento, o

que lhes confere grande flexibilidade e versatilidade, e em 2006 representaram em

torno de 85% do mercado de resinas (ABDI, 2008a). Com participação marginal –

contudo crescente – neste mercado encontram-se ainda as resinas bioplásticas e

os nanocompósitos.

Por fim, na 3ª e última geração da cadeia petroquímica, o foco do presente

estudo, se situa a indústria transformadora das resinas plásticas ou produtora dos

artefatos (ou transformados) plásticos. As firmas desta indústria desenvolvem

produtos para diversos segmentos industriais, tais como o automotivo,

eletroeletrônico, construção civil, utilidades domésticas; como também para o

consumidor final, atacado e varejo, onde há predominância do mercado de

embalagens (40% do total de transformados plásticos). Basicamente, do ponto de

vista tecnológico o que estas firmas fazem é moldar as resinas plásticas por meio

de processos produtivos como a injeção, extrusão, sopro, rotomoldagem,

termoformagem e formagem à vácuo a fim de gerar produtos adaptados às

necessidades dos clientes.

Uma descrição esquemática das relações produtivas entre as três gerações

se encontra a seguir, na FIGURA 1.

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FIGURA 1. CARACTERIZAÇÃO PRODUTIVA DA CADEIA PETROQUÍMICA

Fonte: Parecer SEAE no A. C. nº 08012.005799/2001-92 apud ABDI (2008a)

Vistas estas características do processo produtivo, cada estágio da cadeia

produtiva apresenta uma estrutura de mercado diferenciada e enfrenta desafios

competitivos diferentes.

As empresas da 1ª geração da cadeia petroquímica se situam nos três

grandes pólos petroquímicos do Brasil: a Petroquímica União, em Santo André,

Mauá e Cubatão (PQU/SP - 1972), a Companhia Petroquímica do Nordeste, em

Camaçari (Copene/BA, hoje Braskem - 1982), a Companhia Petroquímica do Sul,

em Triunfo (Copesul/RS - 1978), e o Pólo Petroquímico do Rio de Janeiro, em

Duque de Caxias (Riopol/RJ – 2006). Estas empresas são intensivas em escala e

proximidade à matéria-prima é um fator-chave para a competitividade. Contudo,

estas empresas estão sujeitas às flutuações do preço do petróleo e do gás natural,

afetando todo o resto da cadeia produtiva.

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É nas empresas da 2ª geração que ocorrem maior parte das inovações

tecnológicas da cadeia petroquímica, uma vez que são estas empresas que

produzem os polímeros que são moldados pelas empresas da terceira geração.

As empresas da 2ª geração são intensivas em escala e em capital, apresentam

elevados investimentos em P&D (são, segundo a taxonomia de Pavitt (1984),

firmas science based), demandam trabalho especializado e podem desenvolver

suas próprias rotas tecnológicas (ABDI, 2008a). Além disso, estas empresas

tendem a se instalar próximas às empresas da 1ª geração, geralmente nos pólos

petroquímicos. Devido a estas características, estas empresas são em número

bastante reduzido em comparação com o número de empresas de 3ª geração (em

torno de 230, em comparação com um total de 8.800 empresas de transformados

plásticos) e o mercado é muito mais concentrado (CR4 de 23,3 para a 2ª geração

face a 3,7 para a 3ª geração [ABDI, 2008b]), com acentuada tendência a fusões e

aquisições. Os requisitos competitivos para as firmas do segundo estágio são

tanto relacionados a custos de produção/escala quanto relacionados à

identificação de oportunidades tecnológicas; além de fatores macroeconômicos,

como o câmbio e o comércio internacional, e políticos, como tributação e

incentivos fiscais.

Vários estudos apontam a 3ª geração como o elo mais frágil da cadeia

petroquímica, uma vez que: (i) trata-se de um segmento sem fortes barreiras à

entrada e, portanto, a maior parte das empresas é pequena ou média, ainda que

para ser competitivo seja necessária uma escala de produção eficiente; (ii) por

serem basicamente moldadoras das resinas, trata-se de empresas cuja inovação

depende crucialmente de seus fornecedores de máquinas e moldes (são

empresas dominadas pelos fornecedores – suppliers’ dominated – segundo a

taxonomia de Pavitt (1984)); (iii) as empresas da 3ª geração da cadeia

petroquímica sofrem pressões de custo e preço tanto do oligopólio que caracteriia

seus fornecedores de resinas quanto do oligopsônio composto por seus principais

clientes, quais sejam, os segmentos automobilístico, eletroeletrônico, de bens de

capital e construção civil.

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Assim, este relatório tem por objetivo estudar o processo de acumulação de

conhecimento e inovação no segmento de transformados plásticos - com foco

preferencial nas empresas-líderes capazes de acumular conhecimento e difundir

inovações -, a fim de superar os desafios competitivos presentes neste segmento.

Para isto, a próxima seção traz uma breve descrição das interações econômicas

do setor de transformados plásticos com o resto da economia, enquanto a seção 3

contém um breve balanço do desempenho do setor nos últimos anos. A seção 4

caracteriza as empresas líderes do setor; e a seção 5 traz uma análise detalhada,

a partir da Pintec, sobre o processo de inovação no setor de transformados

plásticos. Na seção 6 é dada atenção especial ao financiamento ao investimento;

a seção 7 discute algumas oportunidades tecnológicas para o segmento e a 8ª e

última seção discute as principais conclusões e implicações de política.

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2. INTERAÇÕES ECONÔMICAS DO SETOR DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS

Para o estudo da cadeia de plásticos o setor teve que ser desagregado da

matriz disponibilizada pelo IBGE, uma vê que se encontra agregado a Artigos de

Borracha. Dados da PIA e da RAIS, contendo informações sobre produção,

emprego e uso de insumos forma utilizados na tarefa de desagregação. Separado

o setor de plásticos, suas vendas setoriais foram decompostas em 4 categorias

para a demanda final: exportações, consumo das famílias, formação bruta de

capital fixo (investimento) e outras demandas (consumo do governo e variação de

estoques). A demanda intermediária corresponde ao consumo de todos os setores

produtivos da economia. A TABELA 1 apresenta a decomposição das vendas

nessas categorias. As exportações mostram-se pouco significativas como destino

das vendas do setor. A demanda final representa cerca de 4% da demanda do

setor, e a demanda intermediária (de outros setores) cerca de 96%. Assim, a

dinâmica do setor mostra-se ligada principalmente à demanda intermediária, dada

a vasta utilização dos plásticos como insumos de outros setores.

TABELA 1. PLÁSTICOS: DISTRIBUIÇÃO DAS VENDAS SETORIAIS, POR CATEGORIA DA

DEMANDA FINAL E INTERMEDIÁRIA (% DAS VENDAS TOTAIS, 2005)

Demanda Final (% do total)

Exportações

(1)

Consumo

das

famílias

(2)

Formação

bruta

de capital

fixo (3)

Outras

Demandas

(4)

Total

(1+2+3+4)

Demanda

Intermediária

(% do total)

3.65 3.35 0.00 -2.98 4.02 95.98

Fonte: MIP 2005, RAIS, PIA, elaboração própria da equipe do projeto.

A FIGURA 2 apresenta as interações econômicas da cadeia dos

transformados plásticos. As setas representam fluxos monetários dos setores de

origem (vendedor) para destino (comprador).

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A cadeia dos transformados plásticos apresenta, como esperado, uma

característica de concentração relativa de compras e dispersão das vendas. As

compras de Resina, Químicos e Refino representam cerca de 75% das compras

da cadeia; e quase 50% concentra-se em Resinas. As vendas setoriais são mais

dispersas, destacando-se para Alimentos e Bebidas (embalagens PET),

Automóveis e Máquinas e Equipamentos. A dispersão das vendas indica um

insumo generalizado no processo produtivo da economia, revelando importantes

encadeamentos para frente.

FIGURA 2. CADEIA PLÁSTICOS, TRANSAÇÕES INTER-SETORIAIS – 2005 (R$ MILHÕES)*

Química

Celulose e Papel

Químicos Diversos

Plásticos

Alimentos e Bebidas

Automóveis

Máquinas e Equipamentos

Móveis

Peças e acessórios para veículos

Produtos de Metal

Caminhões e Ônibus

Outros: Jornais, Revistas, Agricultura e Material

Eletrônico

Refino

Resina

Têxteis

918

1057

1357

1476

1503

1639

2335

4464

532

563

669

1139

3507

9352

15672 16324

Fonte: MIP 2005, RAIS, PIA, elaboração própria da equipe do projeto. * - A delimitação das

cadeias produtivas dos setores analisados considerou as transações de maior valor, até o total de

80% do consumo e/ou fornecimento intermediário. Foram desconsiderados nesse cálculo, para

cada setor, o auto-consumo (intra-setorial), os serviços e os insumos de uso difundido (tanto

compras como vendas).

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A TABELA 2 apresenta os multiplicadores simples de produção do setor.

Os resultados indicam a predominância do efeito indireto (em outros setores). Este

é um resultado esperado dadas as elevadas ligações para trás e para frente do

setor na economia.

TABELA 2. MULTIPLICADOR SIMPLES DE PRODUÇÃO, PLÁSTICOS (2005)

Multiplicador Simples de Produção

Participação no mult.

(%)

Total

(A+B) Direto (A)

Indireto

(B)

Direto

(A/Total)

Indireto

(B/Total)

2.26 1.07 1.192 47.32 52.68

Fonte: MIP 2005, RAIS, PIA, elaboração própria da equipe do projeto.

Os dados de emprego por setor foram distribuídos por 3 componentes, de

acordo com a qualificação (educação) dos trabalhadores: superior, médio e

inferior. Coeficientes de emprego, que representam o número de trabalhadores

dividido pelo valor da produção, foram obtidos para cada um dos setores, e,

conjugados com o modelo de insumo-produto, permitem que se obtenham

multiplicadores de emprego para os setores analisados.

A TABELA 3 indica que a participação de emprego de nível médio é a mais

importante, seguido do emprego de tipo inferior. O coeficiente de emprego

superior é relativamente baixo.

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TABELA 3. COEFICIENTES SETORIAIS DE EMPREGO, PLÁSTICOS (2005)

Coeficiente de emprego

(Ocupações/Valor Produção em milhões de

reais)

Total Superior Médio Inferior

5.12 0.50 2.85 1.77

Fonte: MIP 2005, RAIS, PIA, elaboração própria da equipe do projeto.

Multiplicadores de emprego são obtidos a partir dos coeficientes de

emprego de todos os setores da economia e da matriz de multiplicadores (inversa

de Leontief). Seu cálculo segue o descrito em Miller e Blair (1985). Os

multiplicadores de emprego representam, para cada setor, a capacidade de

geração e propagação de empregos na economia decorrente da expansão da

produção (ou demanda) dos seus produtos. Assim, os multiplicadores indicam

quais setores possuem capacidade relativamente maior de geração de emprego

na economia, tanto em termos totais como por qualificação (nível educacional) da

mão-de-obra.

A TABELA 4 apresenta os multiplicadores de emprego para o segmento de

transformados plásticos. Deve-se ressaltar que os multiplicadores são indicadores

que desconsideram o nível de atividade dos setores, assim mesmo setores com

valor de produção menor podem apresentar multiplicadores maiores. O setor

possui um efeito multiplicador de 15,52 na economia, indicando uma capacidade

de geração de cerca de 15 empregos para cada 1 milhão de reais de produção do

setor; destes empregos gerados, apenas 1,9 são de educação superior (12%), 6,7

são de nível médio (43%) e 7 de nível inferior (45%). Assim, apesar do elevado

coeficiente próprio de emprego médio, a geração de emprego inferior é a mais

significativa devido às inter-relações de compras e vendas com setores de elevado

coeficiente de emprego inferior.

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TABELA 4. MULTIPLICADOR SIMPLES DE EMPREGO, PLÁSTICOS (OCUPAÇÕES/R$

MILHÕES , 2005)

Multiplicador Simples de Emprego

(ocupações/R$ milhões)

Total

(A+B+C)

Superior

(A)

Médio

(B)

Inferior

(C)

15.52 1.89 6.65 6.98

Fonte: MIP 2005, RAIS, PIA, elaboração própria da equipe do projeto.

Similarmente ao obtido na TABELA 2, os multiplicadores de emprego foram

decompostos nos seus efeitos diretos e indiretos. Estes indicadores revelam a

capacidade de geração de empregos do setor além da geração própria, indicando

sua capacidade de encadeamento intra e inter-setorial. A TABELA 5 apresenta a

decomposição do multiplicador de emprego total (que não leva em conta a

qualificação da mão-de-obra). No setor de transformados plásticos a capacidade

de geração de emprego indireto se destaca, com cerca de 65% do efeito

multiplicador. A posição relativa do setor em relação à economia é um

determinante desta característica (vide FIGURA 2).

TABELA 5. MULTIPLICADOR SIMPLES DE EMPREGO (OCUPAÇÕES/R$ MILHÕES , 2005)

Multiplicador Simples de Emprego

Participação no mult.

(%)

Total

(A+B) Direto (A)

Indireto

(B)

Direto

(A/Total)

Indireto

(B/Total)

15.52 5.48 10.04 35.33 64.67

Fonte: MIP 2005, RAIS e PIA, elaboração própria da equipe do projeto.

A TABELA 6 indica que a capacidade de geração de emprego superior e

inferior é principalmente indireta, enquanto que a geração de emprego médio se

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dá dentro e fora da cadeia produtiva de forma mais equilibrada. Dessa forma,

estímulos à produção do setor tendem a gerar empregos de qualificação média,

no próprio setor, e de qualificação inferior, nos demais setores da economia. A

geração de empregos superiores é baixa, localizando-se principalmente nos

demais setores da cadeia produtiva de Plásticos.

TABELA 6. MULTIPLICADOR SIMPLES DE EMPREGO POR QUALIFICAÇÃO, PLÁSTICOS

Multiplicador Simples de Emprego

Participação no mult.

(%)

Qualificação

do Emprego Total

(A+B) Direto (A)

Indireto

(B)

Direto

(A/Total)

Indireto

(B/Total)

Superior 1.89 0.54 1.35 28.56 71.44

Médio 6.65 3.05 3.60 45.89 54.11

Inferior 6.98 1.89 5.09 27.10 72.90

Fonte: MIP 2005, RAIS e PIA, elaboração própria da equipe do projeto.

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3. O SETOR DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS: DESEMPENHO RECENTE

3.1 - Contexto internacional

Em linhas gerais, o panorama mundial do segmento de transformados

plásticos é de crescimento. Segundo informações da Plastics Europe o consumo

mundial de plásticos ultrapassou 230 milhões de toneladas/ano em 2005,

mantendo uma taxa de crescimento anual de 5,2% ao ano há 30 anos. O

GRÁFICO 1 mostra a distribuição do consumo mundial entre os principais países.

GRÁFICO 1. DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DO CONSUMO DE PLÁSTICOS

% no consumo mundial de produtos plásticos

27%

17%

8%8%

40% EUAChinaAlemanhaJapãoOutros

Fonte: Elaboração a partir de Souza e Gorayeb (2008).

Segundo a mesma associação, a demanda mundial em 2005 foi de 30 kg

per capita, porém, com uma grande heterogeneidade entre os países, uma vez

que a demanda de plásticos depende do nível de renda: enquanto nos EUA e

Canadá e Europa Ocidental a demanda per capita se situou em torno de 100

kg/ano e no Japão em 89 kg/ano, na América Latina a demanda foi de 21 kg/ano

(23,2 kg/ano per capita no caso brasileiro [(ABIPLAST, 2006)]). As projeções da

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Plastic Europe indicam que as áreas de maior crescimento relativo da demanda de

plásticos per capita são a Ásia (crescimento projetado de 6,2% a.a.), e o Leste

Europeu (crescimento projetado de 6,9% a.a.). Em suma, estes dados indicam

grande potencial de crescimento do consumo de plásticos nos mercados mundiais

emergentes, notadamente na China.

No tocante à produção, ainda que haja um predomínio da Alemanha e dos

EUA, a China vem se destacando também como um importante pólo produtor de

transformados plásticos. Um sinal desta tendência é o crescimento das

exportações daquele país em 144,6% entre 2001 e 2005, atingindo o patamar de

US$ 13,77 bilhões e tendo por resultado o 3º lugar entre os principais

exportadores em 2005 (ABDI 2008b). A TABELA 7 a seguir traz algumas

informações acerca da matriz produtiva e do comércio exterior de alguns países

selecionados.

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TABELA 7. PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO EM PAÍSES SELECIONADOS

País No. de empr./

estabelecimentos No. de

empregados

No. médio de empregados

/estab. ou empresa

Toneladas por empregado

por ano (dados de

2002)

Faturamento

% volume transformado na produção mundial de resinas (245 mi ton 2006)

Exp. (em US$ milhões, em

2005)

Cresc. das exp. entre

2001 e 2005 (%)

Imp. (em US$ milhões, em

2005)

Cresc. das imp. entre

2001 e 2005

Consumo por habitante (kg)

EUA (2005)

12.473

estabelecimentos

(não inclui calçados

e móveis); 9.901

empresas

743.600 60 (por estab.); 75

(por empresa) 42 US$171 bi (2005) 18,4 16.555 24,9 21.253 62,6 150

China (Censo

2004)

73.000 (faturamento

anual acima de 5

milhões de

yuans;US$ 618.818)

3.022.000 41 40 US$ 32,1bi (2003) 8,9 13.769 144,6 7.104 137,7 24

Alemanha

2.800 empresas

(com mais de 20

empregados)

282.500 101 48 US$ 61,5 bi (2006) 4,6 22.910 77,9 11.699 63,9 176

Japão (2005)

16.616

estabelecimentos

(com mais de 40

empregados)

436.897 26 44 US$ 99 bi 4,6 8.214 - 5.133 53,6 106

Itália (2005) 5.350 119.000 22 54 US$ 18 bi 3,2 9.875 61,8 4.747 - 148

França (dados

2005)

4.052

estabelecimentos;

1.419 empresas

151.808 37 (por estab.); 40

(por empresa) 35 US$ 36,3 bi 2,2 7.415 64,0 9.875 258,3 137

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(com mais de 20

empregados); 3.750

empresas no total.

Bélgica (2006)

859

estabelecimentos e

800 empresas (inclui

plásticos e borracha

- dados 2000)

30.994 (inclui

plásticos e

borracha -

dados 2000);

22.841estab.

(plásticos em

2004)

36 - - 1,0 6.631 55,6 5.197 59,9 173

Canadá (2005) 2.405 93.000 39 - US$18,3 (bi) 2,2 6.216 48,9 5.768 43,5 160

Brasil* (2006) 7.828 empresas

(todos os tamanhos)

263.897 34 19 US$ 18,3 bi 1,8 622,37 (2005) 140,7 961,14 (2005) 66,7 24,4

México 3.140 152.600 48 21 US$ 12,5 1,8 3.069 - 9.075 - 43

Fonte: Souza e Gorayeb (2008), ABDI (2008b) e dados do Aliceweb. * - Os totais para o Brasil podem variar com relação ao resto do

texto porque muitas das tabulações presentes neste relatório se referem a empresas com mais de 30 empregados, foco de estudo dos processos

de acumulação de conhecimento na indústria.

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Assim, percebe-se que, de um lado, o mercado de transformados plásticos

tende a apresentar um crescimento notável nos próximos anos, em especial em

direção aos emergentes; por outro lado, a China se apresenta como um player

importante também do lado da oferta, ampliando cada vez mais sua participação no

mercado mundial, inclusive no que tange aos plásticos de maior valor agregado.

Em nível mundial, de acordo com a TABELA 7 o Brasil não é um grande

exportador de plásticos e, relativamente a outros países, apresenta baixa

produtividade: enquanto no Brasil se produz em torno de 19 T/empregado por ano,

nos EUA são produzidas 42 T/empregado, na China, 40 T/empregado e na

Alemanha 48 T/empregado por ano. De fato, como se verá na seção seguinte, no

Brasil há muitas empresas pequenas e pouco eficientes atuantes neste segmento,

no qual ter uma escala eficiente de produção é um diferencial competitivo.

3.2 - Desempenho da indústria brasileira de transformados plásticos em

período recente (1996-2006)

Do ponto de vista estrutural, a indústria de transformados plásticos é o elo

mais difuso e desconcentrado da cadeia petroquímica, conforme comentado

anteriormente. O que é interessante notar é que o grau de desconcentração não

apenas se manteve baixo como também estável ao longo do período analisado,

tanto de acordo com o índice Herfindhal-Hirschmann (HHI) para o faturamento

quanto pela participação no faturamento das quatro maiores empresas do setor

(CR4), conforme se pode observar a partir da TABELA 8 a seguir. Como

comparação, o relatório da ABDI (2008b) calculou o CR4 a partir do número de

empregados para a segunda (resinas e elastômeros) e para a terceira geração

(transformados plásticos). Os números foram, respectivamente, 23,3% e 3,7%, o

que indica concentração bem mais intensa na segunda geração, conforme

esperado.

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TABELA 8. CONCENTRAÇÃO NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE TRANSFORMADOS

PLÁSTICOS, 1996-2006

Ano HHI CR4 (%)

1996 0,01 10

1997 0,01 9

1998 0,01 9

1999 0,01 10

2000 0,01 9

2001 0,01 10

2002 0,01 11

2003 0,01 10

2004 0,01 11

2005 0,01 10

2006 0,01 10

Fonte: PIA, elaboração própria da equipe do projeto.

Em 2000, a participação estrangeira no faturamento era de 24,8%. Contudo,

após atingir um pico de 36,3% em 2003, a participação estrangeira em 2005 se

situou em 19,2%.

Desde 1996 a indústria de transformados plásticos vem aumentando

consistentemente o número de empresas e o número de empregados. Contudo, há

de se observar a partir da TABELA 9 que, entre 1996 e 2000, o número de

empresas cresceu muito mais rapidamente do que o total de empregados, devido

ao acentuado crescimento no número de empresas até nove empregados. Isto fez

com que a relação empregados/empresa caísse de 35,3 para 28,9. Tal fenômeno

pode resultar da terceirização tanto no segmento quanto nos outros segmentos

industriais, como, por exemplo, empresas que terceirizaram seus serviços de

embalagens. Finalizado este ajuste estrutural na indústria brasileira, o número de

empregados voltou a crescer mais rapidamente que o de empresas, aumentando o

porte médio das empresas brasileiras para 33,7 empregados/empresa.

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TABELA 9. NÚMERO DE EMPRESAS NO SETOR DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS, POR

PORTE, 1996-2006

1996 2000 2006 Porte (nº de

empregados) Nº de

empresas Nº de

empregadosNº de

empresasNº de

empregadosNº de

empresas Nº de

empregados

1 a 9 2.976 10.745 3.616 13.675 3.727 15.629

10 a 49 1.680 38.349 2.181 48.983 2.981 67.312

50 a 99 346 24.131 434 30.251 596 42.132

100 a 249 272 42.360 279 43.838 367 57.288

250 a 499 92 32.509 81 26.987 108 36.362

500 ou mais 47 43.076 29 27.911 49 45.174

Todos 5.413 191.170 6.620 191.646 7.828 263.897

Fonte: RAIS, elaboração própria da equipe do projeto.

Segundo a PIA – Pesquisa Industrial Anual, o faturamento da indústria de

plástico, no período de 1996 a 2006, oscilou entre R$ 25 bilhões e R$ 35 bilhões e

não apresentou uma tendência de crescimento expressiva. O valor registrado em

2006 é o terceiro maior do período pesquisado, conforme mostra o gráfico a seguir.

GRÁFICO 2.

Produtividade e faturamento - plásticos

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 20060

5

10

15

20

25

30

35

40

Fatu

ram

ento

(R$b

ilhõe

s)

Faturamento Produtividade

Pro

dutiv

idad

e (V

TI/P

O)

Fonte: PIA, elaboração própria da equipe do projeto.

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Por seu turno, a produtividade do setor, medida pelo quociente entre o valor

da transformação industrial – VTI1 e o número de pessoas ocupadas - PO, reduziu

do patamar de R$ 70 mil por empregado, registrado no período de 1996 a 1998,

para um patamar inferior R$ 50 mil por empregado, registrado nos últimos 3 anos

pesquisados.

Conforme apontado em ABDI (2008b), tais informações indicam que, a

despeito da tendência de mecanização, o setor de transformados plásticos ainda é

mão-de-obra intensivo e tem produtividade média inferior ao total da indústria de

transformação (em torno de R$ 80 mil/empregado/ano). A tendência de queda na

produtividade simples do trabalho se explica, por um lado, pelo reduzido número de

fornecedores, o que fez com que fossem repassados os custos de matéria-prima

oriunda do petróleo e, por outro, do número relativamente reduzido de

compradores, o que dificulta o repasse deste aumento de custos nos preços.

No que tange ao comércio exterior, o setor é pouco representativo nas

exportações e importações (0,47% do total exportado e 1,18% do total importado

em 2007) e tradicionalmente deficitário no Brasil. Em que pese o notável

crescimento das exportações brasileiras de transformados plásticos – 228,4% entre

2000 e 2007 –, estas continuam insuficientes para cobrir as importações, que

cresceram 146,8% no período. Assim, o déficit comercial subiu de US$ 31,7 milhões

em 2000 para US$ 573,3 milhões em 2007, ainda que como proporção da corrente

de comércio (exportações + importações) ele tenha caído de 38,1% para 25,2%,

conforme exposto na TABELA 10 e no GRÁFICO 3.

1 Valor atualizado pelo IPA-OG dos produtos de matérias plásticas.

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TABELA 10. COMÉRCIO EXTERIOR DO SETOR DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS, 2000-2007

Ano Valor

exportado (US$ mil)

Valor importado (US$ mil)

Saldo

Saldo/ Corrente

de comércio

2000 258.523 576.299 -317.776 38,1%

2001 284.735 561.992 -277.258 32,7%

2002 268.269 559.220 -290.950 35,2%

2003 366.978 587.947 -220.970 23,1%

2004 473.485 783.046 -309.561 24,6%

2005 622.370 961.146 -338.776 21,4%

2006 756.465 1.112.117 -355.652 19,0%

2007 849.026 1.422.293 -573.267 25,2%

Fonte: SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

GRÁFICO 3. COMÉRCIO EXTERIOR DO SETOR DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS, 2000-2007 (EM US$ MILHÕES)

-1.000

-500

0

500

1.000

1.500

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Exportações Importações Saldo

Fonte: SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

No que tange aos produtos transacionados com o exterior, o Brasil manteve

apenas quatro produtos (NCM a 8 dígitos) na lista dos 10 produtos exportados mais

importantes entre 2000 e 2007, enquanto a lista das importações permaneceu com

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seis produtos, dos quais os três primeiros mantiveram a liderança, conforme se

observa nas TABELAS 11 e 12 a seguir.

TABELA 11. DEZ PRODUTOS MAIS IMPORTANTES: EXPORTAÇÃO, 2000 E 2007

Ano NCM Descrição Valor (US$)

39269090 OUTROS OBRAS DE PLASTICOS 26.875.125

39202019 OUTS.CHAPAS,ETC.POLIM.PROPILENO,BIAX.ORIENT.S/SUPORTE 25.287.588

39233000 GARRAFOES,GARRAFAS,FRASCOS,ARTIGOS SEMELHS.DE

PLASTICOS 17.503.241

39191000 CHAPAS,FLS.ETC.AUTO-ADESIVAS,DE

PLASTICOS,ROLOS,L<=20CM 17.333.646

39241000 SERVICOS DE MESA/OUTS.ARTIGOS MESA/COZINHA,DE

PLASTICOS 15.185.220

39235000 ROLHAS,TAMPAS,ETC.P/FECHAR RECIPIENTES,DE PLASTICOS 12.401.577

39209100 CHAPAS,ETC.BUTIRAL

POLIVINILA,S/SUPORTE,N/REFORCAD.ETC. 11.572.501

39171029 TRIPAS ARTIFICIAIS DE OUTS.PLASTICOS CELULOSICOS 11.215.568

39232190 OUTS.SACOS,BOLSAS E CARTUCHOS,DE POLIMEROS DE

ETILENO 9.041.899

2000

39239000 OUTS.ARTIGOS DE TRANSPORTE OU DE EMBALAGEM,DE

PLASTICOS 8.254.000

39202019 OUTS.CHAPAS,ETC.POLIM.PROPILENO,BIAX.ORIENT.S/SUPORTE 90.542.700

39269090 OUTROS OBRAS DE PLASTICOS 73.159.491

39219019 OUTROS CHAPAS,ETC.DE OUTS.PLASTICOS,ESTRATIFICADAS 61.196.687

39201099 OUTRAS CHAPAS, FOLHAS, PELÍCULAS, TIRAS E LÂMINAS DE

POLIMEROS DE ETILENO 43.779.867

39219011 CHAPAS,ETC.DE RESINA MELAMINA-

FORMALDEIDO,ESTRATIFICADS 33.279.516

39235000 ROLHAS,TAMPAS,ETC.P/FECHAR RECIPIENTES,DE PLASTICOS 32.695.637

39206219 OUTS.CHAPAS,ETC.TEREFT.POLIETILENO,E<=40

MICR.S/SUPORTE 29.784.255

39239000 OUTS.ARTIGOS DE TRANSPORTE OU DE EMBALAGEM,DE

PLASTICOS 29.565.251

39173900 OUTROS TUBOS DE PLASTICOS 28.616.710

2007

39199000 OUTS.CHAPAS,FOLHAS,TIRAS,ETC.AUTO-ADESIVAS,DE

PLASTICOS 26.070.945

Fonte: SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

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TABELA 12. DEZ PRODUTOS MAIS IMPORTANTES: IMPORTAÇÃO, 2000 E 2007

Ano NCM Descrição Valor (US$)

39269090 OUTROS OBRAS DE PLASTICOS 98.093.583

39199000 OUTS.CHAPAS,FOLHAS,TIRAS,ETC.AUTO-ADESIVAS,DE

PLASTICOS 50.878.178

39233000 GARRAFOES,GARRAFAS,FRASCOS,ARTIGOS SEMELHS.DE

PLASTICOS 34.961.683

39202019 OUTS.CHAPAS,ETC.POLIM.PROPILENO,BIAX.ORIENT.S/SUPORT

E 30.631.156

39239000 OUTS.ARTIGOS DE TRANSPORTE OU DE EMBALAGEM,DE

PLASTICOS 26.026.650

39191000 CHAPAS,FLS.ETC.AUTO-ADESIVAS,DE

PLASTICOS,ROLOS,L<=20CM 20.020.070

39235000 ROLHAS,TAMPAS,ETC.P/FECHAR RECIPIENTES,DE PLASTICOS 16.340.951

39263000 GUARNICOES P/MOVEIS,CARROCARIAS E SEMELHS.DE

PLASTICOS 15.997.943

39219090 OUTS.CHAPAS,FOLHAS,PELICULAS,TIRAS,LAMINAS,DE

PLASTICOS 14.649.042

2000

39202090 OUTS.CHAPAS,ETC.POLIM.PROPILENO,S/SUPORTE,N/REFORC.

ETC. 13.948.200

39269090 OUTROS OBRAS DE PLASTICOS 257.835.326

39233000 GARRAFOES,GARRAFAS,FRASCOS,ARTIGOS SEMELHS.DE

PLASTICOS 143.918.027

39199000 OUTS.CHAPAS,FOLHAS,TIRAS,ETC.AUTO-ADESIVAS,DE

PLASTICOS 97.322.342

39201099 OUTRAS CHAPAS, FOLHAS, PELÍCULAS, TIRAS E LÂMINAS DE

POLIMEROS DE ETILENO 51.337.799

39202019 OUTS.CHAPAS,ETC.POLIM.PROPILENO,BIAX.ORIENT.S/SUPORT

E 49.549.800

85472090 OUTRAS PEÇAS ISOLANTES DE PLÁSTICOS 46.313.798

39191000 CHAPAS,FLS.ETC.AUTO-ADESIVAS,DE

PLASTICOS,ROLOS,L<=20CM 42.703.108

39219090 OUTS.CHAPAS,FOLHAS,PELICULAS,TIRAS,LAMINAS,DE

PLASTICOS 40.690.306

39219019 OUTROS CHAPAS,ETC.DE OUTS.PLASTICOS,ESTRATIFICADAS 39.875.124

2007

39174090 OUTROS ACESSÓRIOS 34.489.021

Fonte: SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

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Por se tratar de um segmento cuja inovação depende sobremaneira dos

fornecedores de máquinas e equipamentos, a seguir na tabela 13 há um

detalhamento do comércio internacional bens de capital do setor. Nota-se que o

setor no Brasil ampliou significantemente suas importações de máquinas e

equipamentos, notadamente de injetoras de baixo custo provenientes da China.

Segundo ABDI (2008a), a modernização do parque industrial de transformados

plásticos via importação de maquinário tem se dado à custa da indústria nacional,

que vem reduzindo a produção e emprego. Ainda segundo aquele relatório, muitos

produtores nacionais estão optando por comercializar os equipamentos importados.

TABELA 13. COMÉRCIO EXTERIOR DO SEGMENTO DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS, 2000

E 2007

Exportações(US$ mil)

Importações (US$ mil)

Saldo (US$ mil) Produto NCM

2000 2007 2000 2007 2000 2007

Injetoras 8477.1 5.733 4.616 51.979 144.854 -46.246 -140.238

Extrusoras 8477.2 6.991 13.482 37.904 91.419 -30.913 -77.937

Sopradoras 8477.3 5.713 8.188 19.677 44.216 -13.964 -36.027

Máquinas de moldar à

vácuo 8477.4 169 2.474 5.317 4.745 -5.149 -2.271

Outras máquinas e

aparelhos para moldar 8477.5 2.401 5.211 13.489 55.114 -11.088 -49.903

Outras máquinas e

aparelhos 8477.8 6.633 23.816 19.765 98.913 -13.133 -75.097

Partes 8477.9 2.805 7.840 30.265 47.616 -27.460 -39.776

Fonte: SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

Com relação aos principais destinos de exportação, os parceiros comerciais

mais tradicionais do Brasil são os EUA, Argentina e Chile, de forma que estes

países eram os principais destinos das exportações brasileiras em 2000 e

continuaram sendo em 2007, conforme mostrado na tabela 14. Também se percebe

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uma sutil diversificação das exportações, evidenciada pelo aumento da rubrica

“outros países” de 16,7% em 2000 para 29,1% em 2007.

Quanto à origem das importações, expostas na tabela 15, destaque deve ser

dado à crescente participação da China: em 2000, a China nem figurava entre os

dez principais países de origem das importações de plásticos, enquanto em 2007 já

era o terceiro colocado nesta lista, respondendo por 9,2% das importações de

plásticos. De fato, segundo a ABIPLAST (2008), as importações brasileiras da

China cresceram 1.044,4% em valor e 616,7% em peso entre 2000 e 2007. Deste

modo, o valor médio por tonelada também cresceu, passando de US$ 1.500/t para

US$ 2.395/t.

TABELA 14. PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DO SETOR DE

TRANSFORMADOS PLÁSTICOS, 2000 E 2007

2000 2007

Destino Valor (US$)

Valor percentual

Destino Valor (US$)

Valor percentual

ARGENTINA 74.920.405 29,0% ARGENTINA 200.058.529 23,6%

ESTADOS

UNIDOS 50.925.897 19,7% ESTADOS UNIDOS 122.970.455 14,5%

CHILE 28.980.379 11,2% CHILE 65.893.959 7,8%

PARAGUAI 18.078.100 7,0% VENEZUELA 37.321.317 4,4%

URUGUAI 12.245.388 4,7% COLOMBIA 35.277.727 4,2%

MEXICO 9.707.793 3,8% MEXICO 32.034.780 3,8%

CAYMAN, ILHAS 6.370.565 2,5% PARAGUAI 30.857.368 3,6%

VENEZUELA 5.570.263 2,2% ANGOLA 26.806.354 3,2%

BOLIVIA 5.323.371 2,1% PAISES BAIXOS

(HOLANDA) 25.868.905 3,0%

ITALIA 3.287.569 1,3% URUGUAI 25.101.647 3,0%

DEMAIS PAÍSES 43.113.244 16,7% DEMAIS PAÍSES 246.835.429 29,1%

Fonte: SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

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TABELA 15. PRINCIPAIS PAÍSES DE ORIGEM DAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DO SETOR

DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS, 2000 E 2007

2000 2007

Origem Valor Valor

percentual Origem Valor

Valor percentual

ESTADOS UNIDOS 192.339.464 33,4% ESTADOS UNIDOS 307.577.346 21,6% ALEMANHA 55.224.743 9,6% ARGENTINA 144.234.442 10,1% ARGENTINA 43.801.137 7,6% ALEMANHA 143.078.873 10,1% ITALIA 32.604.744 5,7% CHINA 131.035.280 9,2% FRANCA 32.226.817 5,6% URUGUAI 95.712.865 6,7% URUGUAI 31.728.708 5,5% ITALIA 82.128.638 5,8% ESPANHA 21.818.163 3,8% FRANCA 65.958.596 4,6% REINO UNIDO 16.866.744 2,9% JAPAO 61.980.964 4,4% BELGICA 15.249.590 2,6% REINO UNIDO 43.482.233 3,1% JAPAO 13.596.148 2,4% ESPANHA 32.581.006 2,3% DEMAIS PAÍSES 120.842.603 21,0% DEMAIS PAÍSES 314.522.841 22,1%

Fonte: SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

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4. EMPRESAS LÍDERES NO SETOR PLÁSTICO2

Conforme já comentado, o setor de plásticos é caracterizado pelo grande

número de empresas, em sua maioria pequenas empresas familiares. Segundo a

ABIPLAST, o setor tem mais de 8 mil empresas e, segundo a Relação Anual de

Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho, são 7.828 empresas no

setor, empregando cerca de 264 mil trabalhadores. A maior parte dessas empresas,

6.700 segundo a RAIS, são empresas com menos de 50 funcionários.

A despeito desse elevado número de empresas, apenas 1.832 delas

possuem mais de 30 pessoas ocupadas (TABELA 16). Um bom exemplo de como o

setor pulverizado é o fato de que a única empresa do setor classificada entre as 500

maiores da revista exame é a Tubos e Conexões Tigre. Nenhuma outra empresa do

setor é analisada pela publicação. Também não há nenhuma empresa do setor

entre as 250 maiores empresas brasileiras exportadoras.

A análise que faremos ao longo desse trabalho será, portanto, focada nas

empresas com mais de 30 funcionários que, embora representem pouco em termos

de número de empresas, representam boa parte do faturamento do setor e

praticamente toda a sua atividade tecnológica3.

A TABELA 16 mostra que, das 1.832 empresas com mais de 30 pessoas

ocupadas no setor de plásticos, a maior parte delas (1.283) foram classificadas

como empresas frágeis. São empresas não exportadoras e com produtividade

abaixo da média do seu setor e, de modo geral, com baixo nível de atualização

tecnológica e de inovação. Essas empresas respondem por 19% do faturamento e

por 44% do emprego do setor. Na média as empresas frágeis possuem cerca de 62

funcionários e faturam cerca de R$ 4 milhões ao ano.

2 Nesta seção e no restante do trabalho, a análise das empresas se concentra nas empresas com mais de 30 pessoas ocupadas representadas pela amostra da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC). 3 Segundo a PINTEC de 2005, o setor de borracha e plástico como um todo investiu, em 2005, quase R$ 200 milhões em P&D. Deste total, R$ 168 milhões foram investidos pelas empresas do setor de plásticos com mais de 30 pessoas ocupadas (TABELA 18, próxima seção).

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TABELA 16. NÚMERO DE FIRMAS, PARTICIPAÇÃO ESTRANGEIRA E FATURAMENTO E

PESSOAL OCUPADO DAS EMPRESAS DO SETOR PLÁSTICO, POR CATEGORIA DE FIRMA PARA

EMPRESA COM MAIS DE 30 PESSOAS OCUPADAS: 2005.

Setor de transformados plásticos Indicador

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

N° de firmas 49 487 1.283 13 1.832

% de firmas estrangeiras 34% 12% — — 4%

6.401 14.622 5.014 203 26.241 Faturamento (R$ milhões e % do

setor) 24% 56% 19% 1% 100%

25.138 76.212 80.082 1.588 183.019 Pessoal ocupado (número e % do

setor) 14% 42% 44% 1% 100%

Pessoal ocupado médio 509 157 62 121 100

Faturamento médio (R$ milhões) 130 30 4 15 14

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

No outro extremo, estão as 49 empresas líderes, que são as empresas mais

competitivas e tecnologicamente avançadas do setor. O porte dessas empresas é

substancialmente maior do que a média do setor: elas possuem, em média, 509

funcionários e um faturamento de R$ 130 milhões ao ano. Cerca de 24% do

faturamento total e 14% do emprego do setor se devem a essas 49 empresas. A

participação de empresas estrangeiras no setor é pouco expressiva, apenas 4% dos

transformadores plásticos são empresas estrangeiras. Entretanto, entre as

empresas líderes, 34% são estrangeiras.

Entre as empresas citadas na publicação Valor 1000, do Valor Econômico,

entre as 1.000 maiores empresas brasileiras, estão algumas do setor de

transformados plásticos. A Tigre, que atua na área de tubos e conexões, é a maior

empresa do setor e a única também citada na publicação Maiores e Melhores da

Revista Exame. A Zaraplast, por exemplo, é um grupo nacional que atua na área de

embalagens flexíveis. A Plascar, outra empresa citada no relatório, atua como

fornecedora do setor automotivo, produzindo peças de plástico para os veículos

(para-choques, porta-copos, painéis de instrumentos, laterais etc.). Essa empresa

foi adquirida por um grupo britânico em 1995. Outras grandes empresas do setor

são a Dixie Toga, multinacional na área de embalagens; a Marfinite, especializada

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em móveis e utilidades plásticas e a Sansuy, cujo principal mercado são os

produtos de plasticultura4.

As empresas seguidoras, por sua vez, representam mais da metade das

vendas do setor. São menores do que as líderes mas substancialmente maiores do

que as frágeis: o número médio de funcionários em cada uma delas é de 157 e o

faturamento é de cerca de R$ 30 milhões.

GRÁFICO 4. SALÁRIO MÉDIO E PRODUTIVIDADE NO SETOR PLÁSTICO, SEGUNDO

CATEGORIA DE EMPRESA E SUB-SETOR: 2005 (R$).

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

Tipo de empresa

-

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000Produtividade média Salário médio

Sal

ário

méd

io

Pro

dutiv

idad

e

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto. Obs.: a

produtividade é calculada como o valor da transformação industrial / número de pessoas

ocupadas.

Por fim, existe um pequeno grupo de 13 empresas classificadas como

emergentes. Essas empresas são bem posicionadas tecnologicamente, uma vez

que elas investem continuamente em P&D ou inovam produto novo para o mercado

mundial ou possuem laboratórios de P&D (departamentos de P&D e que tem

4 Produtos plásticos destinados a agricultura e ao agronegócio.

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mestres/doutores ocupados em P&D). Do ponto de vista de escala de produção,

estão localizadas entre as frágeis e as seguidoras.5

Os indicadores de salário médio e de produtividade (GRÁFICO 4) também

refletem as diferenças entre líderes, seguidoras e frágeis. As empresas líderes

possuem indicadores de produtividade e pagam salários muito superiores a média

do setor, ao passo que frágeis e emergentes têm níveis de produtividade abaixo da

média.

A inserção internacional é um dos gargalos do setor de transformados

plásticos que é, no Brasil, estruturalmente deficitário, como já demonstrado. Essa

não é uma realidade, entretanto, para as 49 empresas classificadas como líderes.

Essas empresas respondem por cerca de 45% das exportações das empresas do

setor e por aproximadamente 30% das importações totais (TABELA 17). O déficit

comercial dessas empresas, em 2005, foi de apenas US$ 5,3 milhões, praticamente

insignificante perto do déficit de mais de US$ 240 milhões apresentado pelo

conjunto das empresas líderes e seguidoras com mais de 30 funcionários no setor

plástico.

TABELA 17. INDICADORES DE COMÉRCIO EXTERIOR DAS EMPRESAS DO SETOR

PLÁSTICO, POR SUB-SETOR E CATEGORIA DE FIRMAS: 2005.

Total - plásticos

Líderes Seguidoras Total Fluxos de comércio

US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %

Exportação 225,3 45% 274,4 55% 499,7 100%

Importação 230,6 31% 510,9 69% 741,5 100%

Saldo -5,3 2% -236,5 98% -241,8 100%

Coeficiente de

exportação 8,6% 4,6% 4,6%

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

Ao que tudo indica, os diferenciais tecnológicos e de produtividade

apresentados pelas empresas líderes se refletem em um melhor desempenho no 5 Para detalhes acerca da classificação das empresas entre lideres, seguidoras, frágeis e emergentes, veja De Negri et al. (2008 – primeiro relatório deste projeto de pesquisa).

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mercado internacional. Essas empresas são, também, muito mais inseridas nos

mercados externos, fato evidenciado pelo seu coeficiente de exportação muito

superior à média do setor. Note-se que, ainda assim, um coeficiente de exportação

que equivale a 8,6% do faturamento ainda é muito pequeno, mesmo para a média

da indústria brasileira, cujo coeficiente de exportação está próximo a 20%. As

empresas seguidoras, por sua vez, são as principais responsáveis pelo déficit

comercial do setor, e possuem um coeficiente de exportação de apenas 4,6%.

5. INOVAÇÃO E INTEGRAÇÃO DAS FIRMAS COM O SISTEMA DE INOVAÇÃO

Como já exposto, o setor de transformação de plásticos está inserido no

complexo petroquímico e constitui o que se convencionou chamar de 3ª geração

desse complexo.

Em termos tecnológicos, esse é um setor maduro e de média-baixa

intensidade tecnológica, segundo a classificação da OCDE (2005). O seu progresso

técnico é profundamente influenciado pelas inovações desenvolvidas pelas

empresas petroquímicas de 2ª geração (as empresas fabricantes de resinas e

intermediários plásticos) e pelas empresas fornecedoras de equipamentos.

O setor de plásticos, como já vimos, é um dos exemplos mais expressivos

dos setores que, na taxonomia de Pavitt (1984), são dominados pelos fornecedores.

Isso significa que esses setores tem uma contribuição menor na tecnologia que

utilizam e que o seu progresso técnico dependente, preponderantemente, das

inovações realizadas por fornecedores de máquinas e equipamentos e de matérias-

primas. Segundo Pavitt, as empresas desses setores são, de modo geral, pequenas

e suas atividades internas de P&D, assim como suas capacitações em engenharia,

são fracas. As trajetórias tecnológicas desses setores são, portanto, definidas em

termos de redução de custos de produção e suas vantagens competitivas são

preponderantemente construídas por meio de preços menores.

De fato, boa parte das inovações recentes desenvolvidas pelo setor

petroquímico estão relacionadas com a produção de resinas diferenciadas, ou seja,

estão concentradas nas empresas de 2ª geração. Da mesma forma, boa parte das

oportunidades tecnológicas futuras do setor petroquímico – como a fabricação de

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resinas biodegradáveis6, bioplásticos ou mesmo o desenvolvimento de novos

materiais a partir das resinas plásticas existentes – são inovações provenientes das

empresas de 2ª geração.

A nanotecnologia também oferece oportunidades tecnológicas importantes

para as empresas de 2ª geração. Essa técnica possibilita a mistura de resinas

convencionais com outras substâncias, em escala nanométrica, para obter

características físicas diferenciadas, como maior resistência ou maior elasticidade.

Exemplo recente, em nível internacional, é a mistura de uma substância chamada

grafeno às resinas convencionais, que pode tornar o plástico mais leve, mais

resistente e com maior dureza do que o plástico tradicional

(www.inovaçãotecnológica.com.br).

Outra fonte importante de progresso técnico para o setor, também nas mãos

dos seus fornecedores, são as máquinas e equipamentos. Esses equipamentos tem

importância fundamental na competitividade do setor de transformados plásticos.

Segundo Viveiros (2006), os processos de produção de artefatos plásticos são

divididos em extrusão (filmes, chapas, perfis, tubos), injeção (tampas), sopro

(frascos) e ráfia (tecidos, sacos).

Segundo a autora, “grande parte dos equipamentos e máquinas de

transformação de plásticos atualmente existente no Brasil é semi-automática ou

automática. Os equipamentos informatizados, controlados numericamente por

computadores, ainda representam pequena parcela da totalidade em operação e

são encontrados em empresas que atuam em segmentos altamente competitivos

em termos de tecnologia ou de custos” (Viveiros, 2006).

Estudo recente (ABDI, 2008a) aponta que a idade média dos equipamentos

utilizados na indústria brasileira de transformados plásticos ainda é relativamente:

cerca de 35% do total possui mais de 10 anos de uso.

Além das máquinas (extrusoras, injetoras etc.), outros equipamentos como

moldes e matrizes também são fundamentais para a produtividade e para a

competitividade das empresas de 3ª geração. “A produção de moldes de alta

qualidade requer o concurso de ferramentas de corte automatizadas e o uso de

6 Para uma discussão mais profunda acerca dos plásticos e meio-ambiente, veja seção 8.

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softwares para projetos dos moldes e seu processo de fabricação e equipamentos

para prototipagem rápida” (Machado e Pizysieznig Filho, 2003).

Essa dominância dos fornecedores no desenvolvimento tecnológico do setor

reduz, evidentemente, a margem de manobra para a geração “autárquica” de

inovações dentro do setor. Entretanto, Padilha e Bomtempo (2007) argumentam

que “...as competências tecnológicas estratégicas na indústria de transformados

plásticos são aquelas que permitem a superação das limitações da categoria de

dominadas pelos fornecedores. O desenvolvimento dessas competências ao longo

do tempo permite que a empresa se transforme em um usuário capaz de

desenvolver melhorias na tecnologia adquirida dos fornecedores, assim como

realizar projetos de desenvolvimento conjuntos, se tornando usuários qualificados e

rompendo, desta forma, com a barreira de dominados pelos fornecedores”.

Nesse sentido, o aprendizado tecnológico e o desenvolvimento de

competências baseadas nas inovações dos fornecedores de resinas e de máquinas,

bem como o desenvolvimento conjunto de algumas inovações pode contribuir

significativamente para o desenvolvimento tecnológico das empresas de 3ª

geração.

Na outra ponta, a dos produtos finais, percebe-se que grande parte das

inovações do setor também baseiam-se no desenvolvimento de novas aplicações

para os transformados plásticos. Cada vez mais, o plástico vem substituindo outros

materiais, como vidro, papel ou metal nos mais diversos produtos. No Brasil, o baixo

consumo aparente de plásticos relativamente aos países desenvolvidos mostra um

potencial ainda maior no desenvolvimento de novas aplicações para esses

produtos7.

Os produtos finais do setor de transformados plásticos são bastante

diversificados e heterogêneos e vão desde utilidades domésticas até os chamados

plásticos de engenharia, utilizados nos processos produtivos de outros setores,

passando por produtos médicos e embalagens. Em virtude dessa heterogeneidade,

Viveiros (2006) divide os produtos do setor em commodities e em produtos

diferenciados. Os principais fatores competitivos para as commodities seriam,

segundo a autora, baixos custos, qualidade e prazo de entrega. Por outro lado,

7 Como vimos, no Brasil o consumo aparente de resinas termoplásticas é próximo de 23 kg/habitante, enquanto nos EUA, por exemplo, esse consumo é próximo de 110 kg/habitante.

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para os produtos diferenciados, existe espaço para a inovação de produtos, design,

novas tecnologias e para relacionamentos com os clientes como ferramentas

importantes de competição.

Boa parte dos produtos finais do setor de transformação de plásticos são

utilizados como intermediários na produção de outros setores, ou seja, são dirigidos

a outros produtores (Fleury e Fleury, 2001). Nesses casos, os clientes – setor

automotivo, fabricantes de eletrodomésticos, máquinas e equipamentos – detém a

“capacidade de coordenar a cadeia produtiva em termos de preços e volume de

pedidos, assim como tecnologia, design e especificações” (Machado e Pizysieznig

Filho, 2003). Mais uma vez, nesse caso o desenvolvimento de novos produtos e

novas aplicações para os plásticos está profundamente relacionada com as

necessidades e especificações das empresas compradoras.

5.1 - Inovação no setor de plásticos

Apesar de ser um setor dominado por fornecedores, as taxas de inovação

nas empresas de transformados plásticos com mais de 30 pessoas ocupadas é

bastante similar a média da indústria de transformação brasileira (TABELA 18).

Assim como na média da indústria, as inovações de processo são muito mais

relevantes, no setor de plásticos, do que as inovações em produto.

Cerca de 43% das empresas com mais de 30 funcionários no setor de

plásticos declararam terem realizado algum tipo de inovação tecnológica8. A maior

parte dessas empresas, 36%, realizaram inovações nos seus processos produtivos

– utilização de novas máquinas, por exemplo – e 26% criaram novos produtos.

Entretanto, a maior parte da inovação em produtos ocorre pela incorporação, por

parte da firma, de inovações já disponíveis no mercado brasileiro, como evidencia o

fato de que apenas 5% dessas empresas criaram novos produtos ainda não

disponíveis no mercado (inovações para o mercado).

Podemos perceber, pelos indicadores de inovação, que o setor plástico é

muito similar ao conjunto da indústria brasileira. O mesmo fenômeno acontece com

os investimentos em P&D como proporção do faturamento. Embora o setor de

8 Segundo a Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE, no setor de borracha e plásticos como um todo (não apenas empresas com mais de 30 pessoas ocupadas) a taxa de inovação foi de 34% em 2005

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transformados plásticos seja responsável por pouco mais de 2% de tudo que a

indústria brasileira investe em P&D, o esforço tecnológico do setor equivale a 0,57%

do seu faturamento, o que o coloca no mesmo patamar da média da indústria

brasileira.

TABELA 18. TAXAS DE INOVAÇÃO E ESFORÇOS INOVATIVOS NA INDÚSTRIA BRASILEIRA E

NO SETOR PLÁSTICO NAS EMPRESAS COM MAIS DE 30 PESSOAS OCUPADAS: 2005.

Indústria de transformaçãoSetor de transformados

Plásticos

Número de empresas (total) 31.716 1.832

13.446 779 Inovadoras

42% 43%

7.788 468 Inovadoras de produto

25% 26%

1.565 90 Inovadoras de produto novo para o

mercado 5% 5%

10.980 651 Inovadoras de processo

35% 36%

834 37 Inovadoras de processo novo para o

mercado 3% 2%

Investimento em P&D (R$ milhões) 7.823 168

P&D / Faturamento (%) 0,66% 0,57%

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

Obviamente, essas similaridades escondem diferenças significativas entre

empresas líderes e seguidoras no setor de transformados plásticos. A tabela 19

mostra que as atividades inovativas são muito mais intensas nas empresas líderes

e nas empresas emergentes. Todas essas empresas realizaram algum tipo de

inovação no período, o que foi, a propósito, o critério para classificá-las nesses dois

grupos.

No grupo das empresas líderes e emergentes, as inovações em produto são

mais significativas do que as inovações em processo. Cerca de 18% das empresas

líderes foram capazes de criar novos produtos não disponíveis no mercado mundial,

e elas foram as únicas empresas do setor a realizar esse tipo de inovação (TABELA

19).

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TABELA 19. TAXAS DE INOVAÇÃO E ESFORÇOS INOVATIVOS NO SETOR PLÁSTICO, POR

CATEGORIA DE EMPRESA (EMPRESAS COM MAIS DE 30 PESSOAS OCUPADAS): 2005.

Número de inovadoras e taxa de inovação

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

49 487 1.283 13 1.832 Número de empresas

100% 100% 100% 100% 100%

49 289 427 13 779 Inovadoras

100% 59% 33% 100% 43%

46 185 227 10 468 Inovadoras de produto

93% 38% 18% 78% 26%

43 14 27 5 90 Inovadoras de produto novo para o

mercado 88% 3% 2% 35% 5%

36 235 373 8 651 Inovadoras de processo

73% 48% 29% 61% 36%

24 9 4 0 37 Inovadoras de processo novo para o

mercado 49% 2% 0% 0% 2%

9 0 0 0 9 Inovadoras de produto novo para o

mercado mundial 18% 0% 0% 0% 0%

Esforços inovativos (R$ milhões e percentual da RLV)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

RLV (R$ milhões) 6.584,4 16.674,1 5.893,4 112,1 29.264,011 14 0 6 31 Número de firmas com

departamentos de P&D (% do total) 22,4% 2,9% 0,0% 46,2% 1,7%

202 570 214 5 990 Gastos em atividades inovativas (R$

milhões e % da RLV) 3,07% 3,42% 3,63% 4,46% 3,38%

44 81 40 2 168 Gastos em P&D interno e externo

(R$ milhões e % da RLV) 0,67% 0,49% 0,68% 1,78% 0,57%

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

As empresas seguidoras e frágeis, por sua vez, concentram suas atividades

inovativas na modernização de seus processos produtivos, como mostra o fato de

que existe um maior número de empresas que inova em processos do que em

produtos.

Com respeito aos investimentos em atividades inovativas em geral - e P&D

em particular – percebe-se pouca diferença entre as categorias de empresa em

termos de esforço relativo à receita líquida de vendas (RLV), com exceção das

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emergentes que, a despeito do reduzido número e escala de produção, de fato

apresentam características diferenciadas de investimentos em inovação. Contudo,

há de se notar que esta equivalência de esforço relativo nada diz sobre as

diferenças absolutas de escala dos investimentos em inovação, uma vez que firmas

líderes faturam muito mais, em média que as demais. Sem embargo, o total

investido pelas 49 firmas líderes equivalem a aproximadamente 20% do total

investido em atividades inovativas e em P&D, ainda que estas firmas representem

apenas 2,7% do número de firmas do segmento.

Outro indicador relevante do esforço tecnológico das empresas é o número

de pessoas envolvidas, diretamente, em atividades de Pesquisa e

Desenvolvimento. De modo geral, na indústria brasileira, cerca de 0,7% dos

funcionários de uma empresa são dedicados a esse tipo de atividade. No setor de

plásticos, apenas 0,4% dos funcionários está diretamente envolvido em atividades

de P&D (GRÁFICO 5).

Esse indicador de esforço tecnológico é, entretanto, substancialmente

diferente entre os diversos grupos de empresa. As empresas líderes possuem 1%

do seu quadro total de funcionários empregado em atividades de P&D, ao passo

que, nas empresas emergentes, esse valor é de 2,7%.

GRÁFICO 5. PESSOAL OCUPADO EM P&D NO SETOR PLÁSTICO BRASILEIRO, COMO

PROPORÇÃO DO NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS, POR CATEGORIA DE EMPRESAS: 2005.

1,0%

0,6%

0,0%

2,7%

0,4%

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

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De fato, o GRÁFICO 6 mostra que as empresas líderes, embora respondam

por apenas 14% do emprego no setor, representam mais de 30% dos profissionais

envolvidos em P&D no setor de transformados plásticos. As empresas emergentes,

por sua vez, embora menores e respondendo por apenas 1% do total da mão-de-

obra empregada no setor, são responsáveis por 5% dos profissionais envolvidos em

atividades de pesquisa.

GRÁFICO 6. PESSOAL OCUPADO EM P&D NO SETOR PLÁSTICO BRASILEIRO, POR

CATEGORIA DE EMPRESAS: 2005.

5%3%

60%

32%

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

5.2 – Estratégias de inovação

Conforme discutido no começo desta seção, o processo inovativo no setor de

transformados plásticos depende sobremaneira dos fornecedores de máquinas e

equipamentos e de matérias-primas. Deste modo, é de se esperar que: (i) a

aquisição de máquinas e equipamentos tenha um grande peso na distribuição dos

gastos totais em atividades inovativas; (ii) que os fornecedores sejam tanto os

principais parceiros de cooperação quanto fontes de informação para a inovação.

Sem embargo, se no Brasil a aquisição de máquinas e equipamentos é o

principal item de dispêndio entre os gastos em atividades inovativas, a TABELA 20

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mostra que isto é especialmente verdadeiro para o setor de transformados

plásticos. De fato, mesmo as firmas líderes – que destinam 21,5% do total dos

dispêndios em inovação para P&D interno - gastam 58,1% do seu orçamento em

inovação com a aquisição de máquinas e equipamentos. Cabe lembrar que, para a

indústria como um todo, os líderes tecnológicos destinam 33,9% do investimento

em inovação para P&D e 32,7% para a aquisição de máquinas e equipamentos.

Por seu turno, as seguidoras e frágeis destinam 71,4% e 65,1% de seus

gastos em inovação para esta finalidade, respectivamente. As firmas emergentes,

por sua característica, se destacam por destinar 40,6% dos gastos em inovação

para P&D, ainda que a escala dos dispêndios inovativos destas firmas seja bem

reduzido (estas firmas respondem por menos de 5% do total despendido em P&D

pelo setor).

TABELA 20. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS GASTOS EM ATIVIDADES INOVATIVAS DAS

EMPRESAS DO SETOR DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS, POR CATEGORIA DE EMPRESA: 2005.

Tipo de empresa Indicador

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

201,7 570,3 213,5 4,9 990,4 Gastos em atividades

inovativas 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

43,3 66,2 33,7 2,0 145,2 Gastos em P&D interno

21,5% 11,6% 15,8% 40,6% 14,7%

1,1 14,9 6,5 0,0 22,5 Gastos em P&D externo

0,6% 2,6% 3,1% 0,0% 2,3%

7,0 11,4 0,3 0,3 18,9 Aquisição de outros

conhecimentos 3,5% 2,0% 0,1% 5,4% 1,9%

117,2 407,3 139,0 1,8 665,3 Aquisição de máquinas e

equipamentos 58,1% 71,4% 65,1% 36,7% 67,2%

2,2 7,1 2,1 0,4 11,7 Treinamentos

1,1% 1,2% 1,0% 8,9% 1,2%

23,9 10,7 1,7 0,1 36,4 Gasto em introdução das

inovações 11,8% 1,9% 0,8% 2,9% 3,7%

7,0 52,8 30,3 0,3 90,3 Projeto industrial

3,5% 9,3% 14,2% 5,4% 9,1%

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

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No que tange à cooperação em P&D para a inovação, as 49 empresas

líderes do setor de transformados plásticos são empresas que apresentam uma

“taxa de cooperação” acima da média nacional (46%), que é de 37,5% (De Negri et

al., 2008). O item que se destaca entre as possibilidades de cooperação para estas

firmas é, como esperado, a cooperação com os fornecedores (22% das firmas que

inovaram), ligeiramente acima da média nacional das firmas líderes (17,6%),

seguido pela cooperação com clientes e consumidores (18%) e universidades e

centros de capacitação (12%).

TABELA 21. COOPERAÇÃO PARA P&D NO SETOR DE PLÁSTICOS, POR CATEGORIA DE

EMPRESA: 2005.

Tipo de empresa Tipo de acordo

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

23 39 40 3 105 Nº de empresas com

acordos de cooperação 46% 14% 9% 20% 13%

Principais formas de cooperação

9 13 4 0 25 Com clientes e

consumidores 18% 4% 1% 0% 3%

11 13 0 0 24 Com fornecedores 22% 4,5% 0% 0% 3%

3 3 0 0 6 Com outra empresa do

grupo 6% 1% 0% 0% 1%

6 5 1 3 15 Com universidade / centro

de capacitação 12% 2% 0% 20% 2%

49 289 427 13 779 Total de empresas inovadoras 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

Em termos gerais, a TABELA 21 mostra um nível relativamente baixo, em

comparação a outros países, de cooperação para as atividades de P&D. Esta é

uma característica geral da indústria brasileira, conforme discutido em De Negri et

al. (2008 - primeiro relatório do projeto). Basicamente, as explicações apontam para

duas direções: baixo nível de interação entre universidade e empresa e insegurança

jurídica e econômica com respeito aos mecanismos de apropriabilidade da inovação

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40

em caso de cooperação (patentes, por exemplo). Neste sentido, a lei de Inovação,

de 2005, apresenta dispositivos para corrigir algumas distorções com respeito à

apropriabilidade e oferece incentivos para a cooperação universidade-empresa;

contudo, será preciso esperar a próxima rodada da Pesquisa de Inovação

Tecnológica (2007) para avaliarmos os possíveis resultados desta mudança

institucional.

Além da cooperação formal, a importância das fontes de informação para

inovação fornece alguns indícios acerca das relações menos formais das empresas

do setor com o sistema nacional de inovação. Neste quesito, de acordo com a

tabela 22 percebemos novamente a importância dos fornecedores como uma fonte

de informação para a inovação neste setor, para todas as categorias de empresas.

Da mesma maneira que o restante da indústria brasileira, os clientes e

consumidores também têm elevada importância como fonte de informação para a

inovação.

Em, suma, como esperado, podemos considerar que as interações do setor

de transformados plásticos com o sistema de inovação se dão fortemente via

fornecedores, com elevada importância também dos clientes e consumidores.

Assim como na indústria brasileira em geral, também no setor de transformados

plásticos a interação com universidades e centros de pesquisa é muito baixa, o que

limita o grau de inovatividade da 3ª e mais frágil geração da cadeia petroquímica.

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TABELA 22. NÚMERO DE EMPRESAS INOVADORAS QUE CONSIDERAM ALTAMENTE

IMPORTANTE AS FONTES DE INFORMAÇÃO PARA A INOVAÇÃO NO SETOR DE PLÁSTICOS, POR

CATEGORIA DE EMPRESA: 2005.

Fontes internas à empresa

Tipo de empresa Fonte de informação Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

25 46 1 13 85 Departamento de

P&D 51% 16% 0% 100% 11%

34 131 195 10 370

Outros 69% 45% 46% 78% 47%

Fontes externas à empresa

29 150 119 11 309 Clientes e

consumidores 59% 52% 28% 82% 40%

27 139 172 5 343

Fornecedores 56% 48% 40% 36% 44%

4 69 103 5 182

Concorrentes 8% 24% 24% 42% 23%

7 26 3 0 36 Outra empresa do

grupo 14% 9% 1% 0% 5%

4 38 35 0 77

Instituições de teste 8% 13% 8% 0% 10%

8 7 5 0 20

Aquisição de licença 17% 2% 1% 0% 3%

4 23 5 0 32 Centro de

capacitação 8% 8% 1% 0% 4%

5 11 31 0 46 Empresa de

consultoria 10% 4% 7% 0% 6%

3 9 8 0 21

Universidade 6% 3% 2% 0% 3%

49 289 427 13 779 Total de empresas inovadoras 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

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6. INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO AO INVESTIMENTO

Nas seções anteriores, analisamos em detalhes os investimentos em P&D e

em inovação, de um modo geral, realizado pelas empresas do setor de plásticos. O

objetivo desta seção é avaliar os investimentos em ativos tangíveis realizados por

essas empresas, bem como as maneiras pelas quais os investimentos, em

inovação ou em ativos tangíveis são financiados. Para isso, utilizaremos, num

primeiro momento, os indicadores de investimento em ativos fixo da Pesquisa

Industrial Anual (PIA), do IBGE.

Em 2005, os investimentos em ativos tangíveis realizados pela indústria

brasileira (pelas empresas com mais de 30 pessoas ocupadas) chegaram a 5,8%

do faturamento total da indústria (gráfico 9). No setor de plásticos, esses

investimentos foram menores – cerca de 4,7% do faturamento – e, na sua maior

parte, em máquinas e equipamentos.

GRÁFICO 7. INVESTIMENTOS COMO PROPORÇÃO DO FATURAMENTO E INVESTIMENTOS EM

MÁQUINAS COMO PROPORÇÃO DO INVESTIMENTO TOTAL: INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO E

SETOR PÁSTICO: 2005.

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

5,8%

4,7%

Investimento / faturamento

Indústria total Plásticos

44,1%

68,2%

Máquinas / investimento

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Na PIA, os investimentos em ativos tangíveis são divididos em: i) terrenos e

edificações; ii) máquinas e equipamentos; iii) meios de transporte; iv) outros

investimentos (móveis, microcomputadores etc.). Cerca de 68% de todo o

investimento do setor de plástico é destinado, segundo os números de 2005, à

aquisição de máquinas e equipamentos enquanto, na indústria brasileira, esse

percentual é de 44%.

A maior participação das máquinas e equipamentos pode sugerir que,

relativamente ao restante da indústria, uma parcela maior dos investimentos é

destinada a modernização vis-à-vis a ampliação de capacidade produtiva, o que

requereria volumes maiores de investimentos em terrenos e edificações.

A elevada idade média dos equipamentos utilizados pelo setor de

transformados plásticos, já ressaltada anteriormente, e a decorrente necessidade

de modernização do parque industrial podem ser uma explicação para essa maior

participação das máquinas e equipamentos no total dos investimentos do setor.

Além disso, os dados de importação de bens de capital mostrados no 0 sugerem

que houve um surto de investimentos no setor, justamente no ano de 2005. Neste

ano, o volume de importações de bens de capital pelas empresas do setor de

plásticos cresceu 69% em relação a 2004, ante um crescimento de 27% das

importações brasileiras de bens de capital. Esse desempenho extraordinário não se

repetiu em nenhum outro ano da série mostrada no gráfico. Ainda assim, a despeito

do elevado investimento em máquinas e equipamentos em 2005, os investimentos

totais do setor, neste mesmo ano, foram menores, em média, do que os da indústria

brasileira.

Muito provavelmente, esse surto de investimento em 2005 deve ter

contribuído para a atualização tecnológica do setor. Não temos informações mais

recentes sobre a idade média dos equipamentos em operação no setor de

transformados plásticos, mas ela deve ter se reduzido no período mais recente em

virtude desses investimentos.

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GRÁFICO 8. TAXA DE CRESCIMENTO DAS IMPORTAÇÕES DE BENS DE CAPITAL EM

RELAÇÃO AO ANO ANTERIOR NA ECONOMIA BRASILEIRA E NO SETOR DE PLÁSTICOS: 2004-2007.

18%23%

30%

69%

10%

27%

17%

3%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

2004 2005 2006 2007*

Total Plásticos

Fonte: SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

A TABELA 23 desagrega os indicadores de investimentos no setor, segundo

as diferentes categorias de firmas analisadas neste trabalho. Mais de 30% dos

investimentos em ativos tangíveis realizados pelo setor, em 2005, foram feitos pelas

49 empresas que classificamos como líderes. Essas empresas investiram o

equivalente a 5,9% do seu faturamento ante uma média de 4,7% no setor de

plásticos como um todo. As empresas seguidoras e frágeis, por sua vez, investiram

apenas 4,4% e 4,2% do seu faturamento em ativos tangíveis.

Vale notar que, para as empresas emergentes, os investimentos em ativos

intangíveis e em P&D são mais relevantes do que os investimentos fixos do que

para o restante das empresas do setor. De fato, as empresas emergentes alocaram,

no seu conjunto, R$ 2,2 milhões para investimentos fixos em 2005,

aproximadamente o mesmo volume destinado aos investimentos em P&D. Em

média, cada uma dessas empresas investiu, em ativos tangíveis, R$ 167 mil em

2005.

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TABELA 23. INVESTIMENTOS DAS EMPRESAS DO SETOR DE PLÁSTICOS, POR CATEGORIA

DE EMPRESA: 2005

(R$ mil)

Variável Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

N° de firmas 49 487 1.283 13 1.832

Faturamento 6.401.490 14.622.435 5.014.273 202.964 26.241.162

Investimento Total 377.497 648.185 208.364 2.200 1.236.245

% do faturamento 5,9% 4,4% 4,2% 1,1% 4,7%

Investimento médio por

firma 7.645 1.332 162 167 675

Investimento em máquinas

e equipamentos 226.002 447.791 168.499 1.052 843.345

% do investimento total 60% 69% 81% 48% 68%

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

Obviamente, o maior tamanho das empresas líderes faz com que seus

investimentos sejam, na média, expressivamente superiores ao restante do setor.

Cada uma delas investiu, em 2005, mais de R$ 7,6 milhões em equipamentos,

edificações, material de transporte etc.

Por fim, a atualização tecnológica, por meio da compra de novas máquinas e

equipamentos, parece ser uma necessidade mais premente para as empresas

seguidoras e, especialmente para as frágeis. O percentual dos seus investimentos

que é destinado a aquisição de máquinas e equipamentos é muito superior ao

percentual despendido pelas empresas líderes e pelas empresas emergentes. As

empresas frágeis alocaram mais de 80% dos seus investimentos na compra de

máquinas e equipamentos, contra uma média de 68% no setor como um todo, de

60% nas líderes e de apenas 48% nas empresas emergentes. Muito provavelmente,

as empresas líderes já dispõem de uma parque produtivo mais atualizado

tecnologicamente e o mesmo pode-se dizer das empresas emergentes, em virtude

do seu maior viés tecnológico.

Uma questão extremamente relevante no contexto dos investimentos do

setor de transformados plásticos é de que forma essas empresas financiam o seu

investimento, especialmente dado que o setor é composto de um grande número de

pequenas e médias empresas que, a princípio, teriam mais dificuldades em acessar

mecanismos de crédito.

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O BNDES é uma importante fonte de financiamento para a indústria

brasileira. Cerca de 38% das empresas industriais brasileiras recorrem,

eventualmente, aos mecanismos de financiamento do BNDES. Muito embora se

argumente que o BNDES tenha maior propensão em financiar empresas de grande

porte, as empresas do setor de plástico, muito embora sejam menores, utilizam

amplamente o BNDES para se financiar. Cerca de 50% das empresas do setor,

utilizaram, nos últimos anos, os mecanismos de financiamento do BNDES

(GRÁFICO 9), um percentual bastante superior à média da indústria.

GRÁFICO 9. PERCENTUAL DAS EMPRESAS DO SETOR PLÁSTICO QUE RECEBERAM

FINANCIAMENTO DO BNDES: 1996-2006.

69% 68%

43%

0%

50%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

líderes seguidoras frágeis emergentes total

Fonte: PIA, PINTEC, RAIS e SECEX, elaboração própria da equipe do projeto.

A maior participação do BNDES está, a propósito, no financiamento às

empresas líderes e às seguidoras: quase 70% dessas empresas utilizam o Banco

para financiar seus investimentos. Chama a atenção o fato de que, entre as

empresas emergentes, nenhuma contou com recursos do BNDES, muito embora

essas empresas realizem elevados investimentos em P&D (2,19% da sua receita

líquida de vendas) e em inovação.

E como essas empresas financiam seus investimentos em inovação? Na

indústria brasileira, de modo geral, as principais dificuldades apontadas pelas

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empresas para realizar a inovação estão diretamente relacionadas com a escassez

de fontes adequadas de financiamento. De fato, na indústria brasileira, mais de 90%

dos investimentos em P&D é realizado com recursos próprios, o que evidencia a

falta de mecanismos – tanto públicos quanto privados – para financiar projetos

inovadores.

No setor de transformados plásticos como um todo, não é diferente: 90% dos

investimentos em P&D são financiados com recursos próprios (GRÁFICO 10).

Entretanto, existem algumas diferenças significativas entre os quatro grupos de

empresas analisadas.

Em primeiro lugar, o único grupo de empresas que tem acesso à

mecanismos privados de financiamento à P&D são as empresas líderes. São elas

as únicas que conseguem obter financiamento para suas atividades inovativas no

mercado financeiro (doméstico ou internacional). Apesar disso, os recursos privados

de terceiros representam apenas 3% dos investimentos em P&D dessa empresas.

As demais empresas apenas utilizam recursos próprios ou recursos públicos

para financiar suas atividades de P&D, com exceção das emergentes.

Um fato extremamente relevante diz respeito a como os recursos públicos

têm sido distribuídos entre essas empresas. Nas empresas líderes, que são as

maiores e mais dinâmicas empresas do setor, apenas 7% dos investimentos em

P&D são financiados com recursos públicos. É claro que essas empresas teriam

maiores chances de obter esses recursos no mercado, entretanto, dado que são

elas que tem a capacidade de impulsionar o desenvolvimento tecnológico do setor,

investimentos públicos nos processos de inovação dessas empresas poderiam ter

um amplo retorno para o setor como um todo.

Por outro lado, nas empresas frágeis, que são as que menos investem em

P&D, o setor público financia 25% dos seus investimentos em pesquisa. Esse grupo

de empresas fica com 61% de todo o financiamento público para P&D no setor de

transformados plásticos, sendo que responde por 24% do investimento total em

P&D no setor. O fato de os investimentos públicos em pesquisa estarem sendo

direcionados para o grupo de empresas menos competitivo e menos inovador do

setor plástico pode ser um indício de que os instrumentos públicos estariam

selecionando mal os beneficiários dos fundos disponíveis para a inovação.

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GRÁFICO 10. FONTE DOS RECURSOS INVESTIDOS EM P&D DAS EMPRESAS

INOVADORAS NO SETOR DE PLÁSTICOS (%): 2005.

90% 96%75%

100%90%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

líderes seguidoras frágeis emergentes totalpróprio público privado

Fontes: Pesquisa Industrial Anual (PIA) e Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC), do

IBGE. Relação Anual de informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho. Secretaria de

Comércio Exterior (SECEX) – MDIC.

Mais um indício desse viés na escolha dos beneficiários dos fundos públicos

de financiamento é o fato de que as empresas emergentes, fortemente inovadoras

mas ainda pequenas e com baixa capacidade de alavancagem, não tiveram acesso

a nenhuma parcela dos fundos públicos utilizados pelo setor para financiar a

inovação.

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7. OPORTUNIDADES TECNOLÓGICAS

Como ressaltamos durante todo este trabalho, boa parte das inovações

tecnológicas no setor plástico é proveniente dos seus fornecedores, seja de

máquinas seja de resinas e materiais. Nesse sentido e dado que o setor é um setor

maduro, as muitas das oportunidades tecnológicas disponíveis para o setor

petroquímico estão relacionadas com o desenvolvimento de novas resinas e de

equipamentos (máquinas, moldes e ferramentas) mais produtivos e eficientes.

Entretanto, o fato de o setor plástico ser um setor que, em termos

tecnológicos, é dominado pelos fornecedores, não significa que não existam outras

oportunidades de desenvolvimento tecnológico para o setor. Para avaliá-las, este

trabalho procurou mapear de que forma – e em que sentido – evoluíram os pedidos

de patentes de plásticos e polímeros ao longo dos últimos anos, a partir da base de

dados do Derwent Innovation Índex.

O Derwent Innovations Index, da Thomson Derwent, é uma ferramenta de

pesquisa de patentes, que contém mais de 22 milhões de patentes, extraídas de 40

órgãos emissores em todo o mundo. Essa base cobre informações sobre patentes

desde 1963 até 2008 e pode ser acessada pelo portal de periódicos da CAPES9.

Essa base de dados classifica as patentes segundo vários critérios, inclusive pela

classificação internacional de patentes. Neste trabalho, utilizamos o Código de

Classes Derwent, que é uma classificação tecnológica que permite pesquisar

patentes nas mais diversas categorias de invenções.

Dessa forma, selecionamos todas as patentes depositadas, nos anos de

1980, 1990, 2000 e 2008, na classe de plásticos e polímeros. O GRÁFICO 11 dá

uma idéia da abrangência das patentes avaliadas ao longo do tempo. Em 2008,

foram mais de 116 mil patentes registradas na categoria de polímeros e plásticos.

9 www.periodicos.capes.gov.br

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GRÁFICO 11. EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE PEDIDOS DE PATENTES NA CLASSE DE

POLÍMEROS E PLÁSTICOS DA DERWENT CLASS CODE: 1980 A 2008

116.782

70.73955.780

32.884

2008200019901980

Fonte: Derwent Innovation Índex.

Para saber quais os tipos de inovação que mais tem demandado patentes

nessa área, abrimos essa classificação em suas diferentes subclasses. São mais de

38 subclasses que incluem desde a fabricação de polímeros até o seu

processamento e transformação e o desenvolvimento de novas aplicações

plásticas. As cinco principais subclasses para as quais mais patentes foram

solicitadas estão na TABELA 24. Note-se que, para cada patente pode haver, e de

fato há, mais do que uma classificação. Nesse sentido, algumas patentes que são

classificadas como patentes de plásticos e polímeros também são classificadas em

outras categorias, como os produtos de revestimento ou os materiais elétricos e

óticos.

Segundo a TABELA 24, em 1980, mais de 25% das patentes de plásticos e

polímeros estavam relacionados com o processo de transformação de polímeros ou

com o desenvolvimento dos mesmos. As tecnologias de transformação de

polímeros, ou seja, as tecnologias de processo produtivo do setor de transformação

plástica vão perdendo gradativamente espaço nas patentes do setor ao longo desse

período sendo que, em 2008, esse tipo de patente nem mesmo figura entre os 5

principais grupos. Isso é uma evidência da maturidade tecnológica do processo

produtivo empregado na transformação de resinas em produtos finais, o que sugere

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que as inovações de processo (característica marcante do setor no Brasil) tendem a

perder espaço nas inovações tecnológicas do setor.

TABELA 24. PRINCIPAIS ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO DAS PATENTES DE POLÍMEROS E

PLÁSTICOS, SEGUNDO SUAS SUBLASSES: 1980, 1990, 2000 E 2008.

1980

Transformação de polímeros (moldagem, extrusão, injeção) 15%

Polímeros de outras mono-olefinas substituídas, incluindo PVC e PFTE (teflon) 11%

Aplicações elétricas 10%

Produtos de revestimento 9%

Aplicações diversas não especificadas em outros itens 9%

1990

Materiais elétricos e óticos (características químicas de componentes elétricos) 16%

Transformação de polímeros (moldagem, extrusão, injeção) 15%

Aplicações elétricas 15%

Fotografia, equipamentos de laboratório, óticos 13%

Polímeros de outras mono-olefinas substituídas, incluindo PVC e PFTE (teflon) 9%

2000

Aplicações elétricas 14%

Materiais elétricos e óticos (características químicas de componentes elétricos) 14%

Transformação de polímeros (moldagem, extrusão, injeção) 13%

Polímeros de outras mono-olefinas substituídas, incluindo PVC e PFTE (teflon) 11%

Produtos de revestimento 10%

2008

Aplicações elétricas 15%

Materiais elétricos e óticos (características químicas de componentes elétricos) 15%

Fotografia, equipamentos de laboratório, óticos 12%

Engenharia mecânica e equipamentos: válvulas, engrenagens e correias 12%

Produtos méditos, odontológicos, veterinários e cosméticos 10%

Fonte: Derwent Innovation Índex.

Por outro lado, o desenvolvimento de novas aplicações para os produtos

plásticos vem ganhando espaço na produção de inovações nesse setor. O

desenvolvimento de aplicações elétricas para os produtos plásticos e de novos

materiais elétricos e óticos que, de alguma forma, utilizam resinas ou plásticos na

sua composição aparecem como eixo relevante de patenteamento já nos anos 90 e

se mantém na lista dos principais tipos de patentes solicitadas até hoje.

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Em 2008, também se destacaram outros tipos de aplicações, como as

destinadas a fotografia e equipamentos de laboratório e óticos bem como produtos

de engenharia e produtos médicos e odontológicos. Note-se que boa parte desses

produtos são, provavelmente, insumos intermediários destinados a outros setores

produtivos. Nesse sentido, vale ressaltar que parcerias entre as empresas do setor

de transformados plásticos e seus clientes (empresas de outros setores) podem se

constituir um importante vetor de inovação tecnológica para as empresas de

plásticos.

Vimos, na seção 5.1, que os clientes e consumidores são fontes de

informação e parceiros de cooperação tecnológica relativamente importantes nas

estratégias de inovação das empresas do setor de plásticos. Tudo indica que, dado

que o desenvolvimento de novas aplicações parece ter se tornado um dos principais

eixos de inovação no setor, essas parcerias tendem a se tornar cada vez mais

relevantes e deveriam ser estimuladas.

Entretanto, o desenvolvimento de novas aplicações não prescinde, muito

pelo contrário, o desenvolvimento de novas resinas e novos materiais. Desenvolver

aplicações diferenciadas pode requerer resinas com atributos físico-químicos

também diferenciados.

Nesse sentido, um outro foco de desenvolvimento tecnológico do setor, mais

relacionado com as empresas de 2ª geração, está relacionado com o

desenvolvimento de novas resinas. Esse desenvolvimento pode se dar a partir da

utilização de novos insumos (como o etanol da cana de açúcar) ou mesmo com a

aplicação da nanotecnologia às resinas plásticas.

7.1 – Plásticos e meio-ambiente

Conforme ABDI (2008b), uma das principais vantagens dos plásticos, a

durabilidade, pode gerar efeitos nocivos ao meio-ambiente decorrentes do mal uso

ou descarte inadequado dos materiais não degradáveis. Para lidar com esta

questão, existem atualmente duas frentes: o desenvolvimento de novos materiais

mais amigáveis ao meio-ambiente e o incentivo à reciclagem.

Em relação à primeira frente – o desenvolvimento de novos materiais –, ela

geralmente se dá a partir de uma rota tecnológica distinta da cadeia petroquímica,

ainda que não exclusivamente. Aliás, há uma certa confusão entre bioplásticos e

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plásticos biodegradáveis. Os chamados bioplásticos são aqueles elaboradoras a

partir de fontes renováveis, alternativa ao petróleo. São exemplos os filmes e outros

produtos obtidos a partir de celulose.10 Contudo, nem sempre os bioplásticos são

biodegradáveis, e nem todos os plásticos biodegradáveis são bioplásticos. Em

verdade, as resinas biodegradáveis são aquelas que podem ser totalmente

reabsorvidas pelo meio-ambiente e, para que sejam consideradas como tal, devem

obedecer a critérios técnicos bastante rígidos.

Os principais bioplásticos são o polilactato (PLA), polihidroxialcanoato (PHA),

polímeros de amido (PA), a xantana (Xan), o politrimetileno tereftalato (PTT), o o

polibutileno tereftalato (PBT), e os homopolímeros poli(3-hidroxibutirato) (PHB) e

suas variações, os copolímero de poli(3-hidroxibutirato) e 3-hidroxivalerato

(PHB/HV) e o poli(3-hidroxibutirato) e 3-hidroxihexanoato (PHB/HHx).

A Basf, recentemente, desenvolveu um plástico de amido de milho que se

decompõem completamente em até 180 dias, em oposição ao prazo de

decomposição dos polímeros tradicionais, que é de 40 a 50 anos, podendo chegar a

200 anos em alguns casos. A Braskem acaba de desenvolver um polietileno

elaborado a partir do etanol de cana-de-açúcar, apelidado de “plástico verde”.

Fontes do setor argumentam que, como as propriedades dessa nova resina são

muito similares às obtidas a partir de fontes não-renováveis, sua utilização não vai

requerer investimentos em adaptação ou mudanças tecnológicas no setor de

transformados plásticos (ABDI, 2008a).

Contudo, um limitante para os bioplásticos e plásticos renováveis é a escala

de produção. Seu uso é ainda muito limitado e difuso, e estima-se que a produção

mundial de bioplásticos se situe em 180.000 t/ano (Paradella, 2006), ou seja, 0,78%

dom mercado mundial, ainda que se projete uma fatia futura de 1 a 2% a ser

ocupada nos próximos dez anos (Coutinho et al., 2004).

10 Perceba que, no Brasil, as transações do setor de transformados plásticos com o segmento de papel e celulose não são desprezíveis, totalizando R$ 669 milhões ou 7,1% do total de transações do setor com os fabricantes de resinas (veja figura 2).

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TABELA 25. POTENCIAL DE SUBSTITUIÇÃO DOS POLÍMEROS TRADICIONAIS PELOS

BIOPLÁSTICOS

Fonte: Paradella (2006)

Por conseqüência, os preços dos bioplásticos ainda não são tão atraentes.

Segundo Paradella (2006), os preços dos bioplásticos estão convergindo para US$

2/kg (cerca de 50% acima dos polímeros mais tradicionais, como o PET), mas

estudos apontam que em 2020 tanto os bioplásticos quanto os polímeros

tradicionais convergirão para US$ 1/kg – obviamente, oscilações bruscas e altos

preços do petróleo tornam os bioplásticos ainda mais viáveis, bem como incentivos

e políticas tecnológicas voltadas para este segmento.

Do ponto de vista tecnológico, o potencial de substituição dos polímeros

tradicionais por bioplásticos é dado pela TABELA 25.

Contudo, além do desenvolvimento de novos materiais outra alternativa

ambientalmente sustentável é a reciclagem. São três os tipos de reciclagem: a

mecânica, a química e a energética (Souza e Gorayeb, 2008).

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55

(i) A mecânica é o processo mais conhecido, que consiste na

conversão dos polímeros em grânulos a fim de serem

reaproveitados em outros produtos plásticos, sem contudo

perder suas características químicas. Este é o processo

mais indicado para os resíduos oriundos de coleta seletiva,

presentes em aterros e lixões.

(ii) Na reciclagem química, por sua vez, o plástico já utilizado é

reprocessado e retransformado em petroquímicos básicos.

Esta é a mais indicada para as embalagens de alimentos,

contudo o seu custo é bem mais elevado. Por outro lado, a

qualidade da resina reciclada é bem superior .

(iii) Por fim, a reciclagem energética é o aproveitamento dos

resíduos de plástico para a geração de energia térmica ou

elétrica, com grande eficiência.

Além desta distinção de processos, existe a distinção entre os resíduos

industriais (produzidos pelas próprias empresas e reaproveitados por elas mesmas)

e os pós-consumo (lixo doméstico ou mesmo industrial).

Além dos benefícios ambientais, muitas vezes a reciclagem representa uma

redução de custos para as empresas. Isto porque, além da economia com a compra

da resina virgem, há economia também na energia demandada para o

processamento da resina reciclada, que pode chegar a 90% (Souza e Gorayeb,

2008).

O processo de reciclagem mecânica pode ser esquematizado da seguinte

forma:

Fonte: Elaboração da Equipe do projeto a partir de Rolim (2000)

Triagem dos plásticos

Lavagem/ descontaminação

Moagem Secagem

Aglutinação Extrusão/

granulação

Tranformação

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O Brasil é o quarto país em reciclagem mecânica de plásticos, ficando

apenas atrás da Alemanha, Áustria e EUA. Na reciclagem total, o Brasil recicla

16,5% do plástico consumido, enquanto na Alemanha esta porcentagem é de 31%

e na Áustria, 19%. De longe, a resina preferida para reciclagem é a PET, que

apresenta no Brasil taxa de recuperação de 52%. O motivo é o seu valor

econômico, a versatilidade e a facilidade na coleta (ABDI, 2008a).

Entretanto, no Brasil, o modelo de reciclagem tem um forte componente pós-

consumo e tem base majoritariamente informal, composta pelas cooperativas de

catadores de lixo. Ainda que apresente importantes benefícios sociais, este modelo

é pouco organizado, havendo experiências exitosas nem sempre replicáveis. Em

outros países, há outros incentivos à sustentabilidade ambiental, como o

pagamento, por parte dos consumidores e produtores, de impostos para a coleta, e

incentivos fiscais para a adequação dos processos produtivos a fim de minimizar os

impactos sobre o meio-ambiente. O governo pode contribuir sobremaneira para o

segmento incentivando P&D para reciclagem sobretudo de PET para embalagens

alimentícias – seu maior mercado.

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8. CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES DE POLÍTICA

Neste relatório, vimos que o setor produtor de transformados plásticos – 3a

geração da cadeia petroquímica – é um setor relativamente frágil do ponto de vista

competitivo e tecnológico.

Estruturalmente, trata-se de um setor que tem poucas barreiras à entrada, o

que faz com que as firmas sejam em sua maior parte pequenas e médias, ainda

que escala seja um fator importante para a competitividade. Adicionalmente, o setor

sofre pressões de custos e preços tanto dos fornecedores quanto dos principais

clientes, dois segmentos industriais compostos por poucas e grandes firmas.

Quando avaliado o desempenho recente, o setor não tem conseguido bom

nível de produtividade (especialmente quando comparado a outros países) e tem se

mostrado persistentemente deficitário no tocante ao comércio internacional,

situação que se agrava devido ao avanço chinês nos mercados mundial e brasileiro.

Do ponto de vista de inovação e acumulação de conhecimento, trata-se de

um setor tipicamente dominado pelos fornecedores. A inovação na 3a geração da

petroquímica depende crucialmente tanto dos fornecedores de máquinas e moldes

quanto do desenvolvimento dos novos polímeros e elastômeros moldados neste

estágio da cadeia, desenvolvimentos realizados pelas empresas de 2ª geração. Tal

padrão de acumulação de conhecimento setorial foi demonstrado neste relatório, no

qual ficou evidente o foco da inovação - quando existente - no processo produtivo,

via aquisição de máquinas e equipamentos. Ademais, o papel dos fornecedores se

destaca dentre as relações das empresas do setor com o sistema nacional de

inovação.

Considerando o contexto em que o setor se encontra e o fato de que a

inovação no setor está nas mãos dos fornecedores, quais as políticas de inovação –

as únicas capazes de dar resposta aos desafios competitivos do setor – são mais

adequadas e eficazes? Cabe notar que o histórico de políticas voltadas à cadeia

petroquímica ora aponta os incentivos fiscais aos grandes complexos, o que

beneficia basicamente as empresas da 2a geração, ora aponta a presença de picos

tarifários e salvaguardas contra as importações de alguns itens, mas nunca políticas

voltadas para a inovação nas empresas de 3a geração.

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Em primeiro lugar, dada a importância do desenvolvimento de materiais para

a inovação no setor, é preciso intensificar as parcerias e a cooperação neste

aspecto entre as empresas de transformados plásticos e as empresas da 2a

geração, como também entre estes dois elos e a universidade, ainda pouco

explorada pelo setor. E isto inclui, sobretudo, os nanoplásticos, bioplásticos e

plásticos biodegradáveis, uma tendência recente no setor que deve ganhar

importância relativa no futuro.

Entretanto, independentemente do desenvolvimento de novos materiais em

sentido estrito, muitas empresas têm beneficiado resinas já existentes a fim de obter

matérias-primas com as propriedades desejadas. Este pode ser um caminho

relativamente barato e rápido para a inovação baseada em matérias-primas.

Em segundo lugar, além de contribuir para a sustentabilidade ambiental, as

políticas de reciclagem podem reduzir custos para as empresas de transformados

plásticos. O sucesso das políticas de reciclagem depende: (i) do preço do material

virgem; (ii) da tecnologia para o aproveitamento dos materiais descartados; (iii) da

conscientização da população em geral; (iv) estrutura e organização do sistema de

coleta de resíduos. Portanto, tais políticas têm necessariamente um componente

local muito forte, mas o Governo Federal pode estimular a pesquisa tecnológica na

área de reciclagem, com prováveis impactos sobre a competitividade do setor.

Por fim, as políticas de competitividade para o setor passam

necessariamente pela formação de recursos humanos. Uma vez que as máquinas e

moldes são essenciais para a inovação no setor, a figura do ferramenteiro se torna

essencial para adaptar os processos produtivos já existentes nas empresas. Outra

deficiência do setor apontada em outros estudos é a carência de pessoal voltado ao

acabamento e pintura, bem como de designers dedicados ao desenvolvimento de

novas funcionalidades e à beleza dos produtos plásticos. Estas duas profissões são

fundamentais para a agregação de valor ao produto final.

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