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PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS PÓLIS INSTITUTO DE ESTUDOS, FORMAÇÃO E ASSESSORIA EM POLÍTICAS SOCIAIS RELATÓRIO FINAL PESQUISA DE CAMPO GUARULHOS - SP PROJETO URB-AL R10-A9-04 “POTENCIALIZAÇÃO DO USO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEORREFERENCIADOS NOS PROJETOS DE COMBATE À POBREZA DE JOVENS DA PERIFERIA URBANA” SÃO PAULO, JUNHO DE 2007

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PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS

PÓLIS INSTITUTO DE ESTUDOS, FORMAÇÃO E

ASSESSORIA EM POLÍTICAS SOCIAIS

RELATÓRIO FINAL

PESQUISA DE CAMPO

GUARULHOS - SP

PROJETO URB-AL R10-A9-04

“POTENCIALIZAÇÃO DO USO DE SISTEMAS DE

INFORMAÇÃO GEORREFERENCIADOS NOS

PROJETOS DE COMBATE À POBREZA DE JOVENS DA

PERIFERIA URBANA”

SÃO PAULO, JUNHO DE 2007

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PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS

Prefeito Elói Pietá Coordenador de Relações Internacionais Eduardo de Lacerda Mancuso Assistente do projeto Elizabeth Carmelita Moura Affonso AGÊNCIA DE COOPERAÇÃO SOCIAL – FAROL Conselho Diretor Lúcia Fonseca de Toledo - Presidente Glória Maria Motta Lara – Secretária Geral Coordenadora do projeto Maria Inês Barreto INSTITUTO PÓLIS Coordenadoria Executiva Jane Casella José Carlos Vaz – Coordenador Geral Silvio A. Caccia Bava Pesquisadores Jorge Kayano – Pesquisador responsável Consultores Kátia C.S. Izaías Luiz Antonio Palma e Silva Silvia Andrade Stanisci

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Sumário

Apresentação...............................................................................3 Contextualização..........................................................................5 Instrumentos e análise dos conteúdos....................................11 Os instrumentos da pesquisa...................................................11 Conteúdos...................................................................................12 Jovens entrevistados.................................................................13 Jovens depoentes......................................................................14 Jovens por tempo de moradia no bairro..................................14 Jovens por situação atual de estudo........................................15 Jovens por experiência de trabalho.........................................16 Jovens que participam de grupos............................................18 Jovens por faixa etária e estado civil.......................................19 Jovens com filhos por faixa etária............................................19 Jovens que declararam ter conflito com a lei..........................21 Demanda por mudanças no bairro...........................................22 Parâmetros para a inclusão social de jovens..........................28 Conclusões e recomendações..................................................31 Anexo I – Instrumentos da Pesquisa .......................................33 Anexo II – Participantes da Pesquisa de Campo ....................41

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Apresentação

Os capítulos que compõem este relatório apresentam o conjunto de

dados e análises da pesquisa assim como as recomendações propiciadas

pelas reflexões feitas pela equipe de consultores do Pólis. O levantamento de

campo foi realizado no período que compreendeu o mês de março de 2007, no

entorno Marcos Freire, uma área geográfica situada no bairro dos Pimentas em

Guarulhos, que compreende a região “C” do Orçamento Participativo.

Os critérios estabelecidos para escolha da área geográfica de pesquisa

qualitativa de campo foram:

1. Presença significativa de jovens em situação de vulnerabilidade e

pobreza;

2. Existência de pessoas de preferência, mas não exclusivamente jovens,

mobilizadas para iniciativas de participação comunitária no bairro;

3. Existência de grupos de jovens em atividades sociais ou culturais pró-

ativas ;

4. Existência de infra-estrutura local para realização de encontros e

atividades com grupos (centro comunitário ou equivalente);

5. Acesso a dados quantitativos e indicadores sociais sobre a região;

6. Interesse dos órgãos da administração municipal em realizar ações na

área por esta já conter equipamentos instalados, serviços ou projetos

relevantes em andamento ou ainda, pela existência de demanda

reprimida de atenção às necessidades daquela população.

Esses critérios serviram de base para a proposição de alternativas, o que,

ao final das oficinas de planejamento com os gestores municipais, ensejou um

debate para a escolha de uma delas.

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A área tida como preferencial para o grupo de planejadores, assim como os

argumentos técnicos e os passos do processo de escolha, foram posteriormente

submetidos ao Prefeito de Guarulhos, a quem coube a aprovação final1.

O levantamento de campo se deu a partir do mapeamento da situação

social configurada para o conjunto da população jovem de Guarulhos e se

propôs a alcançar os elementos qualitativos da realidade dessa faixa etária da

população no entorno de Marcos Freire.

Cabe reforçar que as atividades de campo2, assim como as etapas

posteriores ao levantamento, contaram com a especialização e a coordenação

da equipe técnica do Instituto Polis - Instituto de Estudos, Formação e

Assessoria em Políticas Sociais, sócio externo do projeto.

1 Todos os passos da definição da área para o levantamento qualitativo estão registrados no Relatório

sobre as “Oficinas de Planejamento” de julho de 2006, encaminhado para a Prefeitura conforme previsto contratualmente. As oficinas promoveram o envolvimento dos formuladores e gestores de políticas sociais de Guarulhos com os objetivos do projeto, tendo em vista a organização de um grupo de referência consultivo e deliberativo sobre os encaminhamentos técnicos. 2 Ver o detalhamento da pesquisa de campo no “Relatório de Andamento do Projeto” de maio de 2007.

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Contextualização

Apresentadas em outros documentos3, é importante retomar aqui as

características demográficas e socioeconômicas do segmento populacional da

faixa etária dos 15 aos 24 anos no Brasil, no município de Guarulhos e na área

do levantamento de campo – o entorno Marcos Freire (Região C do Orçamento

Participativo), para melhor compreensão da relevância das dimensões

analisadas.

Para o ano de 2007, segundo o IBGE, o Brasil alcança 189 milhões de

habitantes, dos quais 38 milhões são indivíduos jovens com idades entre 15 e

24 anos, o que representa 20,1% da população total.

A tabela a seguir (1) demonstra a quantidade de jovens no estado de

São Paulo, em Guarulhos e nas áreas locais, na faixa etária de 15 a 24 anos e

o percentual deles em relação ao total da população.

Ano: 2007 Tabela 1

Localidade População Total

15 a 19 anos

20 a 24 anos

Soma 15 a 24 anos

% jovens

Estado de São Paulo 41.663.600 4.104.320 3.981.800 8.086.120 19,4%

Guarulhos 1.315.060 132.050 130.950 263.000 20,0%

Reg Pimentas C – Marcos Freire 38.000 3.500 3.900 7.400 19,5%

Itaim 31.400 3.130 3.300 6.430 20,5%

Soma Região “C” do OP 69.400 6.630 7.200 13.830 19,9%

Fonte: IBGE; estimativas de P. Campanário (FSEADE) para os bairros.

De acordo com o Índice Paulista de Responsabilidade Social da

Fundação SEADE, Guarulhos está classificado no Grupo 2, de municípios que

apresentam bons indicadores econômicos, mas indicadores sociais precários.

Esta é via de regra a situação dos municípios metropolitanos com

industrialização expressiva. De fato, segundo o IBGE, no ano de 2004

Guarulhos teve um PIB total de 18 bilhões de reais, ficando em 9º lugar entre

os 5.560 municípios brasileiros. Este PIB correspondia a 1% do PIB Nacional.

3 Por exemplo, no “Manual de Orientação para Aplicação de Métodos e Técnicas de Registro em Pesquisas Qualitativas” de março de 2007.

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A tabela a seguir (2) mostra a densidade habitacional, ou seja, a

quantidade de moradores por domicilio.

Tabela 2

DENSIDADE HABITACIONAL REGIÃO C (no Ano 2000)

Bairro Total de Pessoas Residentes

Total de Domicílios

Número Médio de Moradores por Domicílio

Pimentas “C” 29.265 7.380 3,97

Itaim 23.669 5.913 4,00

Total Reg C 52.934 13.293 3,98 Fonte: IBGE Censo 2000.

É possível notar que na região C a densidade média por domicilio fica

em torno de quatro pessoas – ou seja, corresponde a um casal com dois filhos.

Segue a tabela (3) que mostra a quantidade de Mulheres responsáveis

pelos domicílios.

Tabela 3

MULHERES RESPONSÁVEIS PELO DOMICILIO

Bairro Total de

Responsáveis Mulher

Responsável %

Pimentas 7380 1494 20,24

Itaim 6131 1368 22,31

Total 13511 2862 21,18 Fonte: IBGE Censo 2000.

O número de mulheres responsáveis pelo domicilio é bastante

expressivo, totalizando aproximadamente 21% do total de responsáveis.

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Na tabela a seguir (4) verifica-se como se distribuem os responsáveis

pelos domicílios (homens e mulheres) de acordo com faixas de rendimento. Tabela 4

RENDA REGIÃO C

Pimentas Itaim

Renda em Salários Mínimos

Quantidade de

Responsáveis

% em relação ao total de

responsáveis

Quantidade de

Responsáveis

% em relação ao total de

responsáveis

Até 1 583 7,90% 527 8,91%

De 1 a 2 1480 20,05% 1114 18,84%

Mais de 2 a 3 1465 19,85% 1045 17,67%

Mais de 3 a 5 1368 18,54% 1221 20,65%

Mais de 5 a 10 568 7,70% 699 11,82%

Mais de 10 a 20 57 0,77% 81 1,37%

Mais de 20 10 0,14% 10 0,17% Sem rendimento 1849 25,05% 1216 20,56%

Totais 7380 100% 5913 100% Fonte: IBGE Censo 2000.

Grande parte dos responsáveis pelo domicilio tem renda de até no

máximo cinco salários mínimos e 25% deles não possui rendimento algum.

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A próxima tabela (5) informa sobre a quantidade de anos de estudo do

responsável pelo domicilio, ou seja, o seu nível de escolaridade.

Tabela 5

Fonte: IBGE Censo 2000

ANOS DE ESTUDO DO RESPONSÁVEIS PELO DOMICÍLIO REGIÃO C

Bairro

Total de Respon-sáveis

Não Alfabeti-

zados De 1 a 3

anos De 4 a 7

anos De 8 a

10 anos De 11 a 14 anos

Mais de 15 anos

Pimentas 7.380 870 1.600 3.227 1.151 506 26

Itaim 5.913 647 1.220 2.659 909 463 15

Total Reg C 13.293 1.517 2.820 5.886 2.060 969 41

Nota-se que a maioria dos responsáveis pelo domicilio está na faixa de

quatro a sete anos de estudo, indicativo de que estes não concluíram o ensino

fundamental (1ª a 8ª série). O número de responsáveis pelo domicilio não

alfabetizados também é relevante. Este grau de escolaridade pode explicar em

boa parte o baixo nível de renda dos moradores locais, tendo em vista as

exigências atuais do mundo do trabalho, assim como do mercado.

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A tabela seguinte (6) mostra o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social -

IPVS, calculado pela Fundação SEADE Social4, com as informações do Censo

2000. Tabela 6

Distribuição da população de acordo com o IPVS – Guarulhos e REGIÃO “C” do OP

Bairro População Total 2000 IPVS 1 e 2 IPVS 3 IPVS 4 IPVS 5 e 6

Pimentas C 29.265 0 0 62,5 37,5

Itaim 23.669 0 3,7 51,9 44,5

Guarulhos 1.072.717 15,9 24,9 44,4 14,9 Nota: Foram excluídos os setores censitários sem informação devido ao sigilo estatístico.

4 Grupo 1 – Nenhuma vulnerabilidade: setores censitários em melhor situação socioeconômica (muito alta); os responsáveis pelo domicílio possuem os mais elevados níveis de renda e escolaridade. Apesar de o estágio das famílias no ciclo de vida não ser um definidor do grupo, seus responsáveis tendem a ser mais velhos; é menor a presença de crianças pequenas e de moradores nos domicílios, quando comparados com o conjunto do Estado. A renda média dos responsáveis pelos domicílios é cerca de R$ 2.340. Grupo 2 – Vulnerabilidade muito baixa: setores censitários que se classificam em segundo lugar, no Estado, em termos da dimensão socioeconômica (média ou alta). Nessas áreas concentram-se, em média, as famílias mais velhas. Renda média do responsável: R$ 1.206. Grupo 3 – Vulnerabilidade baixa: setores censitários que se classificam nos níveis altos ou médios da dimensão socioeconômica; seu perfil demográfico caracteriza-se pela predominância de famílias jovens e adultas. Renda média do responsável: R$ 903. Grupo 4 – Vulnerabilidade média: setores que apresentam níveis médios na dimensão socioeconômica; encontrando-se em quarto lugar na escala em termos de renda e escolaridade do responsável pelo domicílio. Nesses setores concentram-se famílias jovens, isto é, com forte presença de chefes jovens (com menos de 30 anos) e de crianças pequenas. Renda média do responsável: R$ 528. Grupo 5 – Vulnerabilidade alta: setores censitários que possuem as piores condições na dimensão socioeconômica (baixa), situando-se entre os dois grupos em que os chefes de domicílios apresentam, em média, os níveis mais baixos de renda e escolaridade. Concentra famílias mais velhas, com menor presença de crianças pequenas. Renda média do responsável: R$ 430. Grupo 6 – Vulnerabilidade muito alta: o segundo dos dois piores grupos em termos de dimensão socioeconômica (baixa), com grande concentração de famílias jovens. A combinação entre chefes jovens, com baixos níveis de renda e de escolaridade e presença significativa de crianças pequenas, permite inferir ser este o grupo de maior vulnerabilidade à pobreza. Renda média do responsável: R$ 325.

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Pode se verificar que na Região dos Pimentas onde fica o Marcos Freire,

praticamente não existem moradores dos grupos 1, 2 e 3 do IPVS – isto é, a

presença de parcela da população de nenhuma ou baixa vulnerabilidade.

No bairro do Itaim, menos de 4% dos moradores apresentam

vulnerabilidade baixa. Todos os demais moradores estão nos grupos de média,

alta ou muito alta vulnerabilidade social.

Os dados demonstram e confirmam aquilo que é comum às periferias

metropolitanas que de fato a população que apresenta os melhores indicadores

de instrução e renda reside em bairros mais centrais e de melhores estruturas

urbanas.

Ao considerar os parâmetros do SEADE de enquadramento e compará-

los com a classificação do IBGE tem-se que metade dos domicílios da Região

C do Bairro dos Pimentas está localizada em setores considerados como

“subnormais”, isto é, localizados em terrenos não próprios.

Em todo o território do município de Guarulhos estes domicílios em

setores subnormais são 15%, no Itaim 18% e nas demais áreas do Pimentas a

mesma porcentagem do Itaim.

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Instrumentos e análise dos conteúdos Os instrumentos da pesquisa (anexo I)

O questionário foi uma das modalidades utilizadas para o estudo de

campo e resultou no maior número de informações registradas nas 150

aplicações efetuadas. Muito utilizada por apresentar-se como um

instrumento de manejo mais simples, o entrevistador seguiu um roteiro

previamente estabelecido, uma vez que as perguntas feitas aos

pesquisados foram pré-determinadas.

O motivo da padronização foi obter dos entrevistados respostas às

mesmas perguntas.

Outra modalidade metodológica utilizada durante o estudo de campo foi

a entrevista despadronizada ou não-estruturada realizada na forma de

depoimento. Foram basicamente interações investigativas em que o

entrevistador teve liberdade para desenvolver cada situação na direção que

considerou adequada para a finalidade do levantamento. Foram definidos

temas ou questões abertas e estas puderam ser respondidas dentro de uma

conversação informal para as quais o recurso da gravação de voz (o uso de

gravador) foi utilizado.

As técnicas de depoimentos utilizadas no campo foram as seguintes:

1. Depoimento roteirizado - entrevista a partir de tópicos relativos à

problemática do estudo, de forma a possibilitar a sondagem de razões e

motivos comportamentais.

2. Discurso livre - entrevista não dirigida, em que o entrevistado

pode expressar suas opiniões e sentimentos livremente. 3. História de vida – técnica de entrevista despadronizada, que

permitiu acesso a conteúdos mais profundos que pudessem revelar a

história do tempo e do espaço em que o depoente situa-se. As histórias

política, econômica, social e cultural aparecem de alguma maneira em

forma de perdas, angústias, conquistas e esperanças.

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Do conjunto de 72 entrevistas gravadas, 42 depoimentos foram

aproveitados após a transcrição do conteúdo, o que significa um retorno

próximo a 60% do total. A quebra se deu em parte pela interferência de

ruídos durante a gravação, pois a maioria das entrevistas se deu nas

ruas do bairro. De outra parte, deveu-se à situação de aprendizagem em

que se encontravam os jovens pesquisadores, em que o processo

pedagógico compreende a ocorrência do ensaio e do erro como uma de

suas variáveis.

Conteúdos

Estão presentes nos parágrafos seguintes as dimensões que dizem

respeito à educação, à família, ao desenvolvimento físico e psicossocial, ao

trabalho, ao esporte e à cultura, bem como às demandas dos jovens por

melhores condições de existência e desenvolvimento.

O texto, embora embasado pelas expressões dos sujeitos dessa região

do município, procurou acentuar os elementos mais universais, em busca

de uma narrativa capaz de revelar as situações de vida de jovens das

periferias5 de Guarulhos.

A fonte de análise compreende as respostas dos 150 questionários e

dos 42 depoimentos.

Os relatos de vida feitos pelos jovens em depoimentos são partes do

mesmo conjunto de dados obtidos através dos questionários.

5 “Periferias. No plural, porque são milhares de Vilas e Jardins; também porque são muito desiguais,

heterogêneas no sentido dos tipos que a constituem. Algumas mais consolidadas do ponto de vista

urbanístico; outras verdadeiros acampamentos destituídos de benfeitorias básicas. No geral, apresentam

problemas de todos os tipos: de saneamento, transportes, serviços médicos e escolares. São encontradas

em zonas onde predominam casas autoconstruídas, favelas ou de aluguel, em cubículos situados no fundo

de terrenos onde se dividem as instalações sanitárias com outros moradores: é o cortiço da periferia.

Zonas que abrigam população pobre, onde se gastam várias horas por dia no percurso entre a casa e o

trabalho. Lá impera a violência. Dos bandidos, da polícia, quando não dos justiceiros. Lá é por excelência

o mundo da subcidadania.” Lúcio Kowarick, Escritos Urbanos, As desventuras da cidadania, p. 43. São

Paulo, Editora 34, 2000.

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Por considerar importante para a sustentação da narrativa, houve uma

opção por inserir no corpo deste relatório algumas informações relativas às

características dos entrevistados apresentadas no relatório anterior. 6

O enquadramento dos jovens pesquisados entre as quatro faixas de

idade que compreendem a classe etária de 15 a 24 anos teve um

comportamento considerado de boa equidade como pode ser observado na

tabela a seguir (7).

Jovens entrevistados, por sexo e faixa etária (questionários) Tabela 7 Idade/Sexo M F TOTAL 15 anos 7 17 24 16 – 17 anos 19 19 38 18 – 21 anos 29 23 52 22 – 24 anos 21 14 35 SR 1 1 TOTAL 76 74 150

Pode ser observado que a idade de 15 anos foi definida separadamente

das demais em consideração às implicações para o trabalho dos 14 aos 16

anos incompletos7 .

Quanto ao gênero a distribuição foi próxima a 50% de cada sexo. Essa

distribuição favorável é resultado da ação de coordenação no campo para a

observação desses quesitos, a partir das informações diárias sobre a

produção.

A tabela 8 demonstra a distribuição por idade e sexo no caso dos jovens

que gravaram depoimentos.

6 Ver I Relatório da Pesquisa de Campo realizada em Guarulhos, de maio de 2007. 7 Conforme a lei nº 10.097, de 19 de dezembro de 2000, intitulada Lei de Aprendizagem, que altera dispositivos da CLT.

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Jovens depoentes, por sexo e faixa etária (depoimentos gravados) Tabela 8 Idade/Sexo M F TOTAL 15 anos 5 2 7 16 – 17 anos 4 8 12 18 – 21 anos 11 5 16 22 – 24 anos 3 4 7 SR TOTAL 23 20 42 Aqui a melhor equidade se deu na faixa de 22 a 24 anos. Nas demais

faixas de idade podem ser observadas variações com o seguinte

comportamento - os depoentes do sexo masculino predominaram fortemente

na faixa dos 15 anos enquanto que na faixa seguinte, de 16 a 17 anos, as

jovens fizeram o dobro dos depoimentos.

Na faixa seguinte, de 18 a 21 anos, os depoentes do sexo masculino

representaram mais que o dobro do feminino. No entanto para o conjunto das

faixas etárias o equilíbrio de gênero se recupera – 23 depoentes do sexo

masculino e 20 do sexo feminino. Este dado por sexo com expressão mais

equilibrada entre os depoentes auxilia o alcance de uma percepção da

subjetividade desse grupo juvenil com as diferenças e nuances que lhes são

peculiares.

Jovens entrevistados, por tempo de moradia no bairro (depoimentos) Tabela 9 Tempo Número Menos de dois anos 6 Dois a cinco anos 4 Mais de cinco anos 23 Sempre morei 8 Outra 1 TOTAL 42 Quase 55% dos jovens que gravaram depoimentos moram no bairro há

mais de cinco anos e próximo de 20% é natural daquela localidade, condição

esta que lhes atribui uma expressão sociocultural do território bastante genuína

que, somada aos depoentes que residem há mais de dois anos, alcança mais

de 80% dos casos.

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Jovens por situação atual de estudo e faixa etária A tabela 10, organizada por faixa etária, traz para o texto informações dos jovens pesquisados em relação ao estudo. Tabela 10 Idade/Estudo Sim Não SR TOTAL 15 anos 23 01 - 24 16 – 17 anos 30 08 - 38 18 – 21 anos 12 40 - 52 22 – 24 anos 03 32 - 35 SR 1 1 TOTAL 68 81 1 150 Fica evidenciado que dos 15 aos 17 anos a grande maioria dos jovens

está inserida no sistema formal de ensino. No entanto, é surpreendente a

avaliação que estes jovens fazem do seu próprio futuro quando abordam a

questão escolar – “o futuro do país pode ser os jovens, então eles precisam mexer

mais na educação, não só na educação mais sim nas estruturas que não adianta a

gente querer aprender numa sala de aula com quase 100 alunos dentro, então é isso

que eu queria falar”.

Na faixa dos 16 aos 17 anos, daqueles jovens que não estudam quatro

concluíram o ensino fundamental e quatro o ensino médio. Na faixa seguinte,

18 a 21 anos, um jovem parou antes de iniciar a quinta série do ensino

fundamental; cinco concluíram o ensino fundamental e os demais

interromperam sem concluí-lo. O ensino médio foi concluído por 25 jovens e

apenas três o interromperam antes do final.

Na faixa etária dos 22 aos 24 anos, 15 jovens concluíram o ensino

médio e oito não o concluíram. Dois deles não voltaram a estudar depois de

concluído o ensino fundamental e cinco interromperam este ciclo antes de

terminá-lo.

Os jovens de menor idade demonstram uma progressão melhor do que

os mais velhos e os que iniciam o ensino médio apresentam melhor percentual

de conclusão comparativamente aos que iniciam o ensino fundamental –

“escola tem bastante, só que as condições de ensinar... assim... meu primo tem 11

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anos, ainda não sabe ler nem escrever e está na 5ª série, entendeu? Então aqui o

negócio de escola é assim... eles passam só com a tua presença”.

Na dimensão educacional, o que se observa pelos dados quantitativos

são os reflexos positivos da universalização do ensino fundamental e o

aumento da demanda para o ensino médio. Infelizmente o mesmo acento

positivo não se dá para a questão da qualidade. Nos depoimentos, os próprios

jovens avaliam suas dificuldades neste aspecto quando se referem à qualidade

do ensino – “acho que hoje em dia estudar está bem mais fácil. A minha irmã

engravidou com 17, 16 anos. Ela teve a filha dela o ano passado. Ela parou de estudar

hoje em dia ela estuda, vai fazer dois anos em um só. Acho que o estudo hoje está

bem mais fácil do que antigamente. Antes era bem mais difícil, acho que talvez até por

isso não tenha ensino com tanta qualidade quanto antes, porque está muito fácil, está

muito fácil. Acho que deveria ser mais puxado, pegar um pouquinho mais no pé do

aluno”.

A consciência sobre a importância de um ensino de qualidade acaba por vir de

experiências muitas vezes amargas no momento em que o jovem é testado em

situações de concorrência – “aí quando você sai da escola que você tem essa noção:

Poxa, eu passei 12 anos na escola e vou prestar um vestibular e você vê que não

aprendeu praticamente nada. E em relação às outras pessoas que tiveram um ensino

de qualidade, nossa, você se sente muito (..), o primeiro vestibular que eu prestei foi

horrível assim”.

Jovens por experiência de trabalho (atual ou anterior) por faixa etária Tabela 11 Idade/Trabalho Sim Não SR TOTAL 15 anos 12 11 1 24 16 – 17 anos 25 18 - 38 18 – 21 anos 38 13 1 52 22 – 24 anos 29 06 - 35 SR 1 01 TOTAL 99 48 3 150 A dimensão do trabalho aparece para esses jovens com maior potência

do que a própria educação. Nesta, o relevo de sua importância via de regra

está mais associada à obtenção de melhores oportunidades de ocupação do

que do ganho de conhecimento em si como algo importante para a sua

formação integral e cidadã – “oportunidade para emprego, às vezes também para

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estudo, porque você tem oportunidade para estudo, mas você tem que pagar. Então a

gente, às vezes, não consegue um emprego melhor ou uma renda melhor por falta de

um estudo melhor”.

Quase 70% dos entrevistados que responderam a essa questão

estavam ou já estiveram trabalhando. A força do trabalho no universo desses

jovens é tão poderosa que aos 15 anos mais de 50% deles já teve ou tem

ocupação laboral – “ser jovem não está tendo muita facilidade. Para mim não,

porque eu que sustento no caso, a minha família e tal. Então para mim é como se eu

fosse uma pessoa mais velha. Eu não tenho aquela juventude de estar saindo, de

estar se divertindo em “baladinha”, esse tipo de coisa”.

A maior parte dos que trabalham está na área de serviços com vínculos

trabalhistas precarizados e 22% deles estão na categoria de aprendiz ou seja,

com uma relação ocupacional mais adequada por tratar-se de estágio ou bolsa

aprendizagem, condição que pressupõe sempre o vínculo escolar como critério

de permanência.

É importante assinalar que dos jovens que no momento não estão com

nenhum tipo de trabalho 50% estão procurando ativamente por essa inserção e

destes, metade encontra-se há mais de um ano nessa busca por oportunidade.

Há uma grande dificuldade por vencer a barreira do primeiro emprego, como se

pôde depreender de muitos depoimentos. A expressão “carteira branca” foi dita

inúmeras vezes quando se abordava essa questão – “O Brasil é... às vezes

muito injusto porque eles falam que o menor de 16 não pode procurar emprego e ai

acima de 18, 19 a gente não acha um emprego. Porque eles não dão oportunidade,

eles acham que agente está de brincadeira, eu não estou de brincadeira... mesmo que

eu não tivesse com a minha filha eu ia procurar emprego, eu sou uma pessoa séria.

Eu tento aprender, eu sou bem esforçada, mas tem gente que não acha isso só

porque eu tenho a carteira branca, eu não tenho experiência de nada... ai às vezes eu

fico triste, eu fico chorando em casa por causa disso”.

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Jovens que participam de algum tipo de grupo Tabela 12 Participação em grupos

número

Participam 30 Não participam

119

SR 1 TOTAL 150 A participação efetiva em alguma atividade além do estudo e do trabalho

envolve apenas 25% dos jovens e destas atividades quase 70% se referem a

participação de caráter religioso – “o grupo que eu faço parte é na Igreja Universal.

É um grupo que se reúne pra estar debatendo assim o que está acontecendo na vida

sentimental, na vida financeira. Procurando sempre um ajudar outro, e com o objetivo

principal buscar Deus, cada vez mais estar perto Dele, porque se com Ele já é difícil,

sem Ele pior, piorou.” Menos de 1% deles têm alguma atividade em ONG com fins

comunitários e menos de 3% em atividades esportivas e culturais. Há

demandas avaliativas deles mesmos sobre o problema da participação – “Só o

fato de ter uma Ong já ajuda bastante no crescimento de um jovem e uma criança, já

aqui não, o divertimento das crianças é ficar nas ruas que só passa o que não presta,

e o divertimento dos jovens são as drogas e a prostituição ou brincando de lá para cá

nas escolas, é isso porque se tivesse algum programa cultural, alguma coisa assim,

não uma pracinha, pois na pracinha o nóia (drogado) pode sentar lá e fumar. Mas uma

Ong, uma coisa que ensina, que incentiva o jovem e mostra que ele tem valor”.

É um círculo perverso de apatia e falta de oportunidades que neste

período da vida rebate negativamente na auto-estima da pessoa – “Que abram

mais as oportunidades para os jovens. Porque têm os jovens interessados sim, em ter

um emprego em construir alguma coisa, mas tem uns que não querem, só querem se

divertir. Eu sou... eu quero construir alguma coisa, mas só que a oportunidade está tão

difícil...”

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Jovens por faixa etária e estado civil Tabela 13 Idade/estado civil

Solteiro Casado/ Vive com companheiro

SR TOTAL

15 anos 24 - 16 – 17 anos 37 1 18 – 21 anos 45 7 22 – 24 anos 21 14 SR 1 TOTAL 127 22 1 150

Os dados relativos à idade e situação civil dos jovens mostram que, na

faixa dos 22 aos 24 anos 40% deles já se encontram casados, ou vivendo com

companheiros, o que evidencia certa precocidade na formação de famílias

próprias, com impactos previsíveis em suas trajetórias da vida.

Nessas condições o foco de interesse do jovem muda muito como se

percebe nas declarações a seguir: “Minhas principais preocupações... que eu

preciso conseguir um emprego, está muito difícil. Não consigo dormir direito por causa

do emprego. Dar um futuro melhor para minha filha, dar tudo o que ela queira. Meus

medos, são que eu não consiga nada disso. Às vezes eu fico muito triste, eu tenho

medo de entrar em depressão por causa disso. Nessa fala é visível a dificuldade de

organização da vida material causada pelo desemprego e toda a angústia que

a situação acarreta.

Na fala seguinte a preocupação se amplia para os desafios inerentes à

educação dos filhos – “Eu iria ensinar alguma coisa para eles, sendo que eu não

sabia de quase nada, então foi muito difícil para mim, poder falar, ensinar meu filho,

porque meu filho hoje está com 10 anos, você passar tudo para ele é muito difícil, e

pela minha idade que eu estou agora, 24 anos, não aprendi nada, minha juventude

praticamente eu perdi, eu não tive juventude, nem nada, então foi perdido”.

Jovens com filhos por faixa etária Tabela 14 Idade/existência de filhos

Sim Não SR TOTAL

15 anos 3 21 24 16 – 17 anos 3 35 38 18 – 21 anos 16 36 52 22 – 24 anos 11 24 35 SR 1 TOTAL 33 116 1 150

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A leitura da tabela 14 revela duas situações que chamam a atenção: a

primeira é a da gravidez precoce: três adolescentes de 15 anos já têm filhos;

outros três já são mães ou pais com 16 ou 17 anos apenas. O impacto da

maternidade ou da paternidade precoce gera nesses jovens e em suas famílias

problemas que se desdobram em situações de vida sempre mais problemáticas

ainda: - “...quando eu estava com 13 anos eu engravidei e parei de estudar, aí depois

eu queria voltar meus estudos, e não consegui mais porque eu já estava no segundo

filho, voltei a estudar e parei de novo, e estou ai com 5 filhos. Foi difícil porque eu

quase morri no meu parto, tive o meu filho, foi cesariana, então foi muito difícil para

mim, porque para você ter aquela responsabilidade com 14 anos, saber que você vai

ser mãe,para você poder criar os seus filhos, como, com quem, quem você poderia

contar ? Não tinha ninguém, só recebi crítica porque engravidei nova, parei de estudar

nova, então até hoje só recebo críticas por causa dos meus filhos. Mas graças a Deus

estou ai, estou trabalhando, mas para sustentar os meus filhos”.

Via de regra a gravidez não desejada acarreta dramas familiares que

agravam ainda mais a situação: “eu engravidei com 17 aí eu tive com os 18. Ai

minha tia deu a idéia de abortar para minha mãe e ela concordou e começou a fazer

muitos chás de ervas, para tentar o aborto. Todo o dia eram litros e litros de coisas

para eu tomar, para ver se vinha para mim, até que um dia veio. Aí mostrei para ela e

falei: Você está feliz? Ela começou a rir. (...) Ai eu ajoelhei, orei e consegui ter a minha

filha com muita dificuldade. Mas foi muito difícil. (...)Hoje ela gosta da minha filha,

porque é a única neta, gosta, apóia, não gosta que eu repreenda minha filha, mas

agora ela... ainda sinto a mágoa, não tem como não sentir.”

.

A segunda é a do elevado número de jovens provavelmente meninas

com filhos, que não vivem com companheiros. Verifica-se que, na faixa dos 15

aos 21 anos, 22 possuem filhos e são casados ou vivem com companheiros

apenas 8, ou seja pouco mais de um terço deles, percentual esse que cresce

para 58% na faixa dos 22 aos 24 anos. O caso a seguir é emblemático sobre a

dificuldade de estruturar uma família a partir de uma gravidez precoce e

indesejada – “Olha, quando eu engravidei, a família da parte dele não queria, falava

que não era dele, que ele não iria assumir, só que numa parte a minha mãe se

intrometeu no meio, falou que não, falou que eu não era menina de rua, nem nada,

mas que ele teria que assumir uma responsabilidade, então eu fiquei com ele, fomos

morar juntos, só que não deu certo”.

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Cabe destacar que a comparação desses dados permite ilustrar o

percentual máximo possível de casais jovens vivendo com filhos, uma vez que

parte dos casais que vivem juntos pode não ter filhos.

Sem adentrar as complexas questões envolvidas no fenômeno da

gravidez precoce, cabe evidenciar o dado colhido nesta pesquisa de adesão

insuficiente à prática do uso de preservativos nas relações sexuais, fator

essencial para o controle das doenças sexualmente transmissíveis.

Poucos jovens preferiram não responder a essa questão, embora essa

alternativa fosse sempre oferecida a eles. Dos 150 entrevistados, 26 disseram

encontrarem-se em situações às quais não se aplicaria a questão (ausência de

vida sexual, vida com parceiro exclusivo). Dos demais, 74% afirmou sempre

usar preservativos e 26% não fazê-lo, ou apenas às vezes. As razões que

justificam tal atitude vão da falta de recursos para compra do preservativo, a

estar desprevenidos na situação e mesmo a avaliar, por critérios

absolutamente subjetivos, o eventual risco oferecido pelo (a) parceiro (a).

Jovens que declararam ter tido conflito com a lei por faixa etária Tabela 15 Idade/conflito com a lei declarado

número

15 anos 1 16 – 17 anos 4 18 – 21 anos 4 22 – 24 anos 3 TOTAL 12

Dos 150 jovens entrevistados, doze afirmaram ter tido algum tipo de

conflito com a lei; oito deles declararam o motivo do conflito, a saber: quatro

casos de agressão física, três de roubo e um de porte de arma.

Chamou a atenção o caso do jovem que após condenação e cumprimento de

pena continua a ter problemas com a polícia pelo fato de ser ex-presidiário – “ “Já tirei cadeia também, perdi 3 anos da minha vida também. Aí eu vi que não

compensou nada. Agora eu estou aí. Muitos obstáculos para arrumar emprego, mas

não consigo, mas também não vou continuar, persistir no erro de novo. Já fiquei 3

anos. Eles (policiais) mostram as drogas para você, se você é enquadrado e falam “eu

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vou jogar em cima de você” ... Eu já cheguei a falar que tenho dois filhos para criar,

cheguei até a chorar para eles não fazerem isso, só que... tem uns bons, mas aqui

nessa região é bem falada, acho que todo o mundo sabe, você já ouviu falar também

que nessa região aqui é... os policias aqui são muito corruptos.”

Considerando-se as características da violência presentes no bairro,

esse percentual de jovens com práticas de delito provavelmente é maior, o que

não significa que jovens entrevistados tenham omitido esse dado (embora isso

também possa ter ocorrido), mas que é possível que os que se encontram

envolvidos em atividades ilícitas de forma corriqueira não tenham se

interessado em participar da pesquisa.

Demanda por mudanças no bairro

Como mostra a tabela 16, indagados sobre se gostariam que alguma

coisa no seu bairro fosse diferente a maioria dos jovens disse que sim; apenas

um quinto deles não mudaria nada. Tabela 16 Mudaria algo? N˚ % Sim 113 75,3 Não, nada 31 20,7 Não sabe 3 2,0 SR 3 2,0 Total 150 100,0

Os 113 que mudariam algo explicitaram quais as principais questões que

os preocupam conforme enunciado e pontuado na tabela 17.

Pontos que gostariam de mudar/melhorar Tabela 17 Pontos destacados N˚ % s/

113 Segurança 57 50,4 Lazer 43 38,0 Asfalto nas ruas 30 26,5 Educação 24 21,2 Saneamento básico 18 15,9 Esportes 16 14,1 Cultura 13 11,5 Saúde 8 7,0 Paisagismo, urbanização 8 7,0

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Inclusão social 8 7,0 Transportes 7 6,2 Emprego / profissionalização 6 5,3 Iluminação 5 4,4 Meio ambiente 4 3,5 Comportamento 4 3,5 Comércio, empresas, shopping, bancos 4 3,5 Creches 3 2,6 Drogadição 3 2,6 Atenção governantes 2 1,7 Água 2 1,7 Banheiro público 1 0,8

Como evidencia a tabela 17, a questão que mais preocupa os jovens

entrevistados é a da violência – “ Minha preocupação é com a minha vida, com a

vida dos meus familiares, dos meus amigos... até por falta da segurança” . Metade deles referiu-se a esse fator ao falar daquilo que gostariam de

ver alterado no bairro. Houve diversas menções à necessidade de mais

policiamento, com sugestão de um posto policial local e as razões são aqui

resumidas – “...para passear tem que ser até as 9 da noite. Passou das 9 da noite é

bandido, é gente bêbada na rua, são os jovens bêbados na rua, se drogando,

fumando, cheirando...”.

Por outro lado, dois jovens se referiram á violência policial, um falando

da truculência nas abordagens e o outro solicitando menos policiais circulando.

“São demandas por vezes contraditórias, mas apoiadas em experiências

negativas com a polícia –”... também as polícias elas acham que resolvem o

problema prendendo, mas da forma que eles prendem nada muda, porque o jovem

como ele é novo ele gosta de tudo o que é errado. Então se você procurar conversar

com ele da forma que... se colocando no lugar dele, acho que seria mais fácil. Eles

não se colocam, eles gostam de julgar, eles julgam, entendeu? E a forma às vezes

que eles prendem é irracional. Eles pegam as pessoas e batem. Eu já presenciei

vários casos”.

Em seguida, e também com expressivo número de menções, aparece o

lazer. Os itens lazer, esportes e cultura foram separados na tabela de forma a

identificar melhor as referências a cada um deles, mas evidentemente que

todos eles expressam formas de lazer e, somados, atingem um total de 72

menções, o que significa que 64% dos que gostariam de mudar algo no bairro

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sentem necessidade de mais lazer, item que assim supera a segurança como

desejo juvenil coletivo.

Estão contidas na categoria lazer as afirmações que se referiram de

forma genérica a áreas de lazer, praças, parquinhos, espaços para

divertimento. Aí também estão agrupadas duas sugestões para a realização de

bailes e uma de salão de festas.

Em “esportes” estão as menções específicas a quadras, de futebol,

basquete, poliesportivas e a centro esportivo. Em “cultura” estão menções a

atividades culturais em geral, atividades culturais com jovens, cinema, teatro,

espaço cultural e biblioteca pública.

Chama a atenção o número significativo de menções ao asfaltamento

das ruas.

O saneamento básico foi abordado por referências ao esgoto a céu

aberto, a sujeira nas ruas, ao lixo acumulado (com denúncias de coleta em dias

irregulares), ao entupimento de bueiros e à limpeza dos terrenos baldios. Uma

das declarações foi bastante abrangente nesse sentido e incorpora inclusive a

responsabilidade dos próprios moradores do bairro: - “Melhorar os esgotos, as

coletas de lixos para evitar as enchentes, mau cheiro, desentupir também, fazer

alguma coisa para parar as enchentes, colocar algum latão para colocar lixo, ás vezes

deixa o lixo espalhado ai, faz fogueira, polui todo o ar, tem que melhorar bastante aqui

o bairro. As pessoas têm que aprender a respeitar nosso lugar e muitos não

respeitam”.

A saúde aparece como preocupação para um número menor de jovens,

seja como característica própria da faixa etária seja por estar mais bem

equacionada no local. Ainda assim sete por cento dos que gostariam de

melhorar algo no bairro se referem a essa política pública sugerindo mais UBS,

um hospital e agendamento mais rápido de consultas.

Com o mesmo número de menções que a saúde aparece a questão

urbanística, à qual se referiram dizendo ser necessário melhorar áreas

prejudicadas, ter menos favelas, melhorar o aspecto físico do bairro e fazer

paisagismo.

A inclusão social, preocupação identificada pela via dos questionários

também ganha relevo nos depoimentos: - “No momento, me vejo esquecida,

porque pelo menos aqui, eles não lembram da gente. Tenho sonhos, tenho metas,

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mas no momento eu me sinto presa, a gente não tem oportunidades... A gente pode

correr atrás, mas a gente, no momento, só corre, não consegue alcançar. Muito

complicado”. As dificuldades de inclusão por vezes são muito claras na memória

e no cotidiano desses jovens: “Minha infância... desde cedo eu trabalho. E no meio

das drogas aqui, todo mundo se acabando. É desse jeito. Não tem o que fazer, se

você não trabalhar, for esperto no mundo do jeito que está hoje você não vai para

frente não. Você tem que estudar ir atrás de alguma coisa, porque senão você acaba

na rua. Na rua você acaba sendo preso, morto... desse jeito”.

Eles mencionaram a necessidade de superar a desigualdade, organizar

projetos com jovens e com crianças e dar condições de cidadania à

comunidade e o desejo de ter uma comunidade mais unida e participativa: “dar

oportunidade para que o jovem não vá pelo caminho mais fácil (crime)”; ... alguma

perspectiva para as crianças”; “projetos que forneçam renda para que os jovens

possam estudar”.

Em relação ao transporte público os jovens solicitaram mais pontos de

ônibus, mais ônibus circulando e redução de custos.

A iluminação das ruas, fator que pode ser associado à segurança, foi

lembrada: - “Meu bairro é aquela coisa, meu bairro não é tão aquela maravilha de

você sair, porque eu moro praticamente dentro de uma vielinha escura e sem saída e

lá dentro eu não vejo quase nada e eu moro quase no finalzinho dela. Mas de lá você

só escuta barulho, tiro. Praticamente toda a tarde tem tiro ali, toda a tardezinha tem

tiro”.

A drogadição, também associada à violência, foi explicitada diversas

vezes e com muitos enfoques: “Então no caso seria a violência, o medo do meu

irmão entrar nas drogas, como ele é homem, como a gente mora aqui em periferias é

difícil, então meu medo é esse”.

A categoria aqui definida como “comportamento” para agrupar

comentários mais gerais, tem, por exemplo, expressões do tipo “mais respeito

entre as pessoas, menos nóia“. Porém, muitas reflexões feitas pelos jovens

trazem invariavelmente o problema da violência como pano de fundo ou

mesmo de frente: “A violência, sei lá, começa por dentro de casa, tipo, dificuldade que a família

passa, isso também gera, também acho, um pensamento na cabeça da pessoa que se

revolta com a situação dele e parte pra esse lado”.

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“Segurança do bairro, aqui tem muito pouca segurança, tem bairro que tem

bastante reforço, uns que não tem, me preocupo bastante com isso, tenho medo de

bandido, marginal, assim”.

“Então assim, a gente sempre escuta história de menina que foi estuprada.

Assalto, eu já fui assaltada voltando do serviço também. Acho que assim o que mais

assusta no bairro é a violência”.

“Eu quero jogar futebol, aí tem uns maninhos lá fumando, o bairro aqui é cheio

de droga. Aí fica ruim. Aí não tem como você sozinho também implicar com os outros

lá... entendeu?”.

“Minhas preocupações são com as drogas e, por influência, muitos jovens já se

envolveram com droga e daí pode se prostituir e levar à violência.”

“Ah, sei lá, porque todo mundo bate nessa tecla, mudar a lei um pouco

também que essa justiça ai está meio fraca, meio frágil e dar mais segurança para

nós e emprego.”

“Não tem aquele policiamento certo nas horas certas. É sempre na hora

depois.”

A condição juvenil foi abordada diretamente em muitas situações que

podem ser resumidas pelos depoimentos a seguir que ilustram a consciência e

o drama da juventude atual: “É bom, para mim ser jovem. Tem que ser liberto, ser você mesmo, tem que

ter sua própria opinião, pensar o que você quer fazer,fazer o que você deseja, realizar

um sonho, ter seu trabalho e poder se sustentar, ter seus estudos, acho isso, é o que

eu penso”.

“Por que as pessoas julgam os adolescentes como pessoas que não têm

noção do que falam? Não são... não têm responsabilidade. Na verdade tem

adolescente que tem muita responsabilidade até porque ele está acima do normal para

uma pessoa de 17 anos”.

“A juventude de hoje é muito apática. Ninguém que saber de correr atrás de

nada, de melhorar e falar _ não, eu quero melhorar de vida sabe, eu quero crescer” .

“...as poucas pessoas que se preocupam, muitas vezes elas até passam de

casa em casa, mas às vezes são mal recebidas. Ah eu não tenho tempo, não quero

saber... mas reclamar todo o mundo reclama, mas na hora de fazer alguma coisa

mesmo, são poucas as pessoas que falam “não, vamos procurar mudar”. Assim,

digamos egoístas mesmo”.

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Por fim, nos recado aos governantes, os jovens demonstram coerência

com os problemas que identificaram em suas vidas e clareza quanto a

propriedade das demandas que fazem: “Como dizem que os jovem e as crianças são o futuro eles deveriam pensar

nisso. Ver o que eles estão fazendo com a gente. Como podem falar desse negócio da

lei mudar para menor ir preso? Acho que se o menor está fazendo isso é porque não

tem oportunidades. Acho que eles deveriam parar e ver o que eles estão fazendo com

a gente”.

“Eles falam tanto, falam tanto, vai e vem, vai e vem. Vem tanta gente falando

tanta coisa, você não acredita em mais nada. Perde a confiança, perde a fé nesse

pessoal de hoje. Os governantes, principalmente de hoje, eles só querem falar. Você

não acredita mais, eles só falam, mas cadê que eles fazem? Eu queria ver se alguém

tivesse coragem de falar assim - eu vou fazer isso, eu vou, eu vou fazer e eu vou fazer

isso”.

“Que eles observassem mais cada criança, cada jovem que ainda tem

oportunidade de mudar, para que venha a se tornar adultos responsáveis, para que

não caiam assim nesse mundo que é de crime, de drogas... Ah, vamos lá pra escola,

mas.... as crianças vão pra escola e muitas vezes não estudam, vão pra escola e

ficam procurando confusão. Que eles dessem muita atenção para as crianças e para

os jovens. E que olhassem também para os problemas da população. Tem muita

gente que está desempregada, tem muita gente que não pode estudar porque precisa

trabalhar e isso vai afetar o futuro de muita gente”.

“Eles darem mais oportunidade para os jovens, porque talvez essas drogas que

eles usam é por falta do que fazer e falta de oportunidade”.

O recado que eu mandaria que eles cuidassem melhor dessa parte dos jovens,

do primeiro emprego, de estar oferecendo mais informações sobre esses cursos

gratuitos, são poucos que tem informação sobre isso, e estar cuidando da política,

saúde, educação, e a segurança. “Não é para pensar só na saúde, ou só no emprego,

é pensar e cuidar num todo...”.

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Parâmetros para a inclusão social de jovens

De modo a balizar as recomendações para uma política de inclusão

social para jovens em Guarulhos cabe retomar alguns conceitos básicos que

estruturam as políticas públicas e também fazer referências aos parâmetros

legais e aos consensos que sustentam políticas e programas em curso no país

voltadas para a juventude.

Uma política pública de juventude pode ser compreendida como o

conjunto de princípios, estratégias e ações que contempla as distintas

realidades dos jovens, estabelece seus direitos e responsabilidades e afirma

suas identidades e potencialidades. Ela é pública estatal quando envolve as

esferas de governo e os poderes do Estado, sem deixar de contar com a

participação da sociedade. Os desdobramentos lógicos dessa política pública

para a juventude devem rebater em programas e ações que garantam

condições para que os jovens participem da vida social, cultural, política e

econômica do seu bairro, da sua cidade e do seu país.

Nas concepções atuais sobre juventude, duas idéias estão mais

fortemente presentes8. Uma é a que a considera como uma passagem no ciclo

da vida entre a infância e a fase posterior, de pessoa adulta com plena

autonomia. Esta concepção parte do reconhecimento de que se trata de um

período de transformações e busca de identidade e que acentua a percepção

da juventude como um período de instabilidade, intensidade e impulsividade

por um lado e por outro, de turbulência e descaminhos.

Dessa compreensão advêm políticas cujo traço mais forte é a

preparação para a vida futura pela via da educação formal, por entender que

esta pode conduzir o jovem, orientado sempre pelo adulto, a uma adequada

inserção na sociedade e ao mesmo tempo evitar que suas inquietações e

buscas se transformem em transgressões a lei. Obviamente é insuficiente,

porque um encaminhamento programático dessa natureza implicaria em

8 Juventude, Política e Cultura. Artigo de Gustavo Venturini e Helena Abramo sobre pesquisa de 1999 junto a jovens residentes nas 9 regiões metropolitanas do país e Distrito Federal. Revista Teoria e Debate. Fundação Perseu Abramo, n. 45. SP 2000.

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retardar a participação do jovem em outras esferas da vida social como o

trabalho e outros compromissos sociais e familiares. Assim compreendida, a

juventude só poderia ser protagonizada pelos filhos das classes médias e altas,

capazes de viver tal suspensão de compromissos e assim, poupados de outras

exigências, se firmarem na condição de estudantes. Para os jovens das

classes populares, este tipo de orientação lhes outorgaria nada mais do que

uma juventude em negativo, pois eles são pressionados a contrapor trabalho

com escola e muitas vezes, por conta disso, interrompem muito cedo os

estudos ou mesmo, como acontece frequentemente, têm o acesso inicial à

educação formal dificultado por outros fatores socioeconômicos e culturais.

Outra concepção mais idealista de juventude estabelece uma relação

direta desta com a rebeldia e a disposição para propor utopias políticas

transformadoras. Trata-se de uma idéia de que o jovem é sempre um indivíduo

questionador dos padrões culturais e comportamentais vigentes na sociedade.

Se já eram concepções insuficientes para abarcar a vida real dos jovens

no passado, de pouco valem para compreender a condição dos jovens no

Brasil de hoje, mesmo quando tomadas de forma complementar.

A maioria dos jovens não tem condições de se ver livre de obrigações

para se dedicar exclusivamente ao estudo. Logo, o que se tem é o avesso

daquilo que se imaginou para essa propedêutica. Dramas, riscos e desvios

tomam o primeiro plano de uma caracterização e compõem a imagem de um

jovem como vítima e ou protagonista, em determinadas circunstâncias, de

graves problemas sociais que envolvem drogas, prostituição, gravidez precoce

e violência. Quanto à segunda concepção, comparados às gerações anteriores,

os jovens mais parecem estar no oposto do compromisso político e da postura

transformadora, a negar pela apatia ou pela desorientação a rebeldia tida como

a essência juvenil.

Feitas essas considerações o estudo dá grande relevância ao fato de

que é preciso ver a condição juvenil como dada não só pela vida estudantil –

importante para pouco mais da metade dos jovens entrevistados (58%), mas

concomitantemente pelo mundo do trabalho, em que a grande maioria (78%)

tem ou busca contato. No estudo em questão, quando indagados sobre o

destino da renda obtida no emprego (atual ou último, se desempregado), dois

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em cada três jovens economicamente ativos afirmavam contribuir para o

complemento da renda familiar, seja em parte ou com toda a remuneração.

Outro trabalho recente, de âmbito nacional, sobre juventude9, revelou

um profundo conhecimento dos jovens, a partir de suas vivências, das marcas

da desigualdade social que estruturam a sociedade brasileira. É um quadro que

- embora demonstre a existência de fatores de inibição à participação do jovem

na esfera pública -, pode ser também revelador de uma de vontade de

protagonizar soluções para os problemas que constrangem seu

desenvolvimento. Para eles, a forma de participação mais acessível e

sintonizada com o seu mundo é a da ação grupal comunitária e voluntária, de

forma espontânea ou apoiada por instituições religiosas, associações de bairro

ou ONGs, que implicariam em relações de apoio e colaboração entre jovens e

adultos em ações de caráter cívico ou comunitário.

Foram apontados como fatores que desestimulam a participação dos

jovens a corrupção, a desorganização e a fragmentação das políticas e dos

projetos que, segundo eles, não dão em nada. No entanto, ao mesmo tempo

em que os jovens denunciam, culpam, apontam e responsabilizam os

ocupantes de cargos públicos, também reconhecem a parcela de

responsabilidade da juventude na solução dos problemas.

Para além de ancorar as proposições para Guarulhos em estudos de

maior magnitude, as referências acima elencadas sobre o tema da juventude

querem também dar ênfase à necessidade de se buscar contribuições através

da vocalização pelos próprios jovens, dos seus posicionamentos, interesses,

preocupações, e da percepção que têm de si mesmos e da sociedade em que

vivem. Mais efetivas serão as políticas e os programas quanto melhor se

compreender a condição atual da juventude brasileira.

9 “Juventude Brasileira e Democracia – participação, esferas e políticas públicas”. Ibase: Rio de

Janeiro e Pólis: São Paulo. 2005. A pesquisa ensejou a publicação “Diálogo nacional para uma política

pública de juventude”. 2006.

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Conclusões e recomendações para a melhoria dos projetos voltados à inserção de jovens

O contato com os jovens, a escuta sobre sua condição de vida e suas

aspirações apontam para temas que poderão vir a compor uma pauta de

recomendações para o aprimoramento da política da juventude em curso no

município de Guarulhos.

O tema mais candente e preocupante para eles, conforme visto, está

vinculado à violência. É uma manifestação que engloba situações de

insegurança pessoal e de ameaças constantes à sua integridade e à de seus

familiares. São situações de riscos e de ocorrências fáticas normalmente

associadas à questão das drogas ilícitas e lícitas – o uso e o envolvimento com

o tráfico, o consumo excessivo de álcool, cujos usuários ou operadores são os

próprios jovens, seus familiares e os adultos em geral, com uma agravante

desta mesma situação que diz respeito à violência e à corrupção policial. O

enfrentamento desse problema requer um agenciamento de esforços de todos

os níveis de governo e da sociedade. É talvez a problemática que mais exige

uma abordagem intersetorial e interdisciplinar.

A questão da qualidade da educação fica patente pelas observações

registradas e tem sido objeto de discussões em todas as esferas do Estado e

da sociedade. Aqui está mais um consenso sobre uma problemática que se

deve enfrentar com inteligência, recursos e celeridade.

A profissionalização responsável, aquela que valoriza a permanência do

jovem na escola, apresenta oportunidades insuficientes no município, basta

considerar o número de jovens que não está na escola e não trabalha com a

oferta. É uma ação que tem em Guarulhos bons programas próprios e também

em parcerias com o Governo Federal, mas precisa ainda de um ganho

exponencial de escala.

A cultura, o esporte e o lazer foram objetos de demandas, mas também

de reconhecimento de que as ofertas e as oportunidades oferecidas têm sido

ampliadas. E devem seguramente continuar crescendo, dados os grandes

números demográficos do município.

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Por último ficam assinalados dois importantes pressupostos das políticas

sociais e muito propícios para programas com a juventude:

1. a participação da sociedade, seja através dos grupos

comunitários e de outros mecanismos de participação - como os

conselhos -, seja pelo controle social exercido por iniciativa do

próprio cidadão, no sentido de avaliar e acompanhar a formulação

e a implementação de programas, caracterizando uma ação

complementar às exercidas pelos mecanismos governamentais .

2. que a gestão municipal conheça e considere as diferenças que se

manifestam no seu território em relação às condições de vida da

população nessas localidades e mesmo a capacidade instalada

dos seus próprios serviços e suas potencialidades.

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Anexo I INSTRUMENTOS DA PESQUISA

1. Questionário

Projeto Urb-AL/ Guarulhos/Jovens/Campo – Marcos Freire/Pimentas QUESTIONÁRIO NÚMERO ______ Data:____/março/2007 Pesquisadores: _________________________________ 1 – Qual a sua idade? a ( ) 15 b ( ) 16 ou 17 c ( ) 18 a 21 d ( ) 22 a 24 Se for outra, NÃO aplicar o questionário. 2 – Você mora aqui no bairro? (considerar a área definida para a pesquisa) a ( ) SIM b ( ) NÃO c ( ) ÀS VEZES (fica temporadas) Caso não more no bairro, ou more às vezes NÃO aplicar o questionário. 3 – Há quanto tempo você mora aqui no bairro? a ( ) MENOS DE DOIS ANOS b ( )DOIS A CINCO ANOS c ( ) MAIS DE CINCO ANOS d ( ) SEMPRE MOREI e ( ) OUTRA (morou por um tempo, saiu e voltou, não sabe) 4 – Sexo (apenas assinalar) a ( )MASCULINO b ( ) FEMININO 5 – Onde você nasceu? a ( ) GUARULHOS b ( ) OUTRO MUNICÍPIO DO EST S.PAULO. QUAL? _____________________ c ( ) OUTRO ESTADO DO BRASIL. QUAL? ______________________________ d ( ) OUTRO PAÍS. QUAL? ____________ e ( ) OUTRA (não sabe, não se lembra) 6 – Você está estudando atualmente? a ( ) SIM ( ) Ensino fundamental. Série: ______ ( ) Ensino médio. Série: _____ ( ) Faculdade. Ano: _____

b ( ) NÃO. Qual a última série que você concluiu? ( ) Ensino fundamental. Série: ________

( ) Ensino médio. Série: _____________ ( ) Faculdade. Ano: ________________

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c ( ) NUNCA ESTUDEI d ( ) OUTRA SITUAÇÃO (está matriculado/a, mas frequenta eventualmente, começou o ano mas interrompeu etc) 7 – Situação em relação ao estudo PARA QUEM ESTÁ ESTUDANDO, perguntar: O que você pensa em fazer quando terminar essa série/ciclo? ( ) continuar a estudar até _______________________________________ ( ) parar de estudar . ( ) não sei PARA QUEM PAROU DE ESTUDAR, OU NUNCA ESTUDOU, perguntar. Você gostaria de voltar a estudar/iniciar estudos?

( ) NÃO. Por quê? _____________________________________________ ( ) SIM E VOU FAZÊ-LO ANO QUE VEM/EM BREVE ( ) SIM MAS ACHO DIFÍCIL. Por quê? __________________________ ( ) NÃO SE APLICA (terminou a faculdade) 8 - Você tem ou teve alguma experiência de trabalho? a ( ) SIM. Você está trabalhando no momento? ( ) SIM, no meu primeiro emprego ou ocupação ( ) SIM e esta não é minha primeira experiência de trabalho ( ) NO MOMENTO NÃO, mas tive experiência anterior

Caracterize a natureza do seu trabalho (atual ou anterior) ( ) aprendiz/estagiário/bolsista

( ) outro tipo de vínculo Onde você trabalha ou trabalhou? ________________________________

b ( ) NÃO. Você está procurando emprego ou trabalho no momento?

( ) NÃO ( ) SIM. HÁ QUANTO TEMPO? _____________________________

( ) OUTRA SITUAÇÃO (gostaria de trabalhar mas não está procurando, desistiu, trabalha em casa cuidando de irmãos, etc)

9 – Que profissão você gostaria de exercer/ em que área você gostaria de trabalhar? Fazendo o quê? ______________________________________________ 10 – O que mais você gostaria de aprender? (resposta múltipla, assinalar todas as alternativas corretas) a ( ) NADA, NÃO SEI DIZER b ( ) IDIOMAS (INGLÊS, ESPANHOL, OUTRO) c ( ) INFORMÁTICA d ( ) CURSOS PROFISSIONALIZANTES. QUAIS? ________________________ ______________________________________________________________________ e ( ) OUTROS: ________________________________________________________

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11 – Qual o seu estado civil? a ( ) SOLTEIRO (A) b ( ) CASADO (A) / TEM COMPANHEIRO (A) c ( ) VIÚVO (A) 12 – Você tem filhos? a ( ) SIM. Quantos? _____ De que idade(s)? ____________ b ( ) NÃO. Você/sua namorada já engravidou alguma vez? _____________________ c ( ) OUTRA SITUAÇÃO (teve mas perdeu, não sabe) 13 – Na sua vida sexual, você usa preservativos? a ( ) NÂO. Por quê? _________________________________________________ b ( ) ÀS VEZES. Por quê? _____________________________________________ c ( ) SIM. d ( ) OUTRA SITUAÇÃO(não tem parceiros eventuais/ não iniciou a vida sexual) e ( ) PREFIRO NÃO RESPONDER 14 – Quem mora junto com você? (resposta múltipla, assinalar todas as alternativas corretas) a ( ) moro só b ( ) pai c ( ) mãe d ( ) irmãos. Quantos? _____ De que idade? _______ e ( ) marido/mulher ou companheiro/a f ( ) filhos g ( ) outros parentes. Quantos? ________ (avó, cunhado, sobrinho, tia, etc) h ( ) outras pessoas não parentes. Quantas? _________ 15 – Quantas dessas pessoas trabalham? a ( ) no momento nenhuma b ( ) uma c ( ) duas d ( ) mais de duas O que fazem? __________________________________________________________ 16 - Qual o rendimento total do grupo familiar (médio)? ______________________ 17 – O que você costuma fazer para se divertir? (resposta múltipla, assinalar todas as alternativas corretas) ATIVIDADE FREQUENCIA

diária/ semanal/ mensal/ esporádica/ ( ) TV ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Som ( ) ( ) ( ) ( ) ( )Videogame ( ) ( ) ( ) ( ) ( )Cinema ( ) ( ) ( ) ( ) ( )Teatro ( ) ( ) ( ) ( ) ( )Balada ( ) ( ) ( ) ( ) ( )Lan house ( ) ( ) ( ) ( ) ( )Namorar ( ) ( ) ( ) ( )

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( )Sair com amigos ( ) ( ) ( ) ( ) ( )Ir ao clube ( ) ( ) ( ) ( ) ( )Ir ao shopping ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) outras: ( ) ( ) ( ) ( ) 18 - Você pratica algum esporte? a ( ) NÃO. Por quê você não pratica nenhum esporte? ( ) não gosto ( ) não tenho tempo ( ) não tenho oportunidade, mas gostaria. qual? ______________________________________________________________________ b ( ) SIM. Que esportes você pratica? _____________________________________

Onde você pratica esse esporte? ( ) no bairro ( ) fora do bairro

Em média, com que frequência você pratica esse esporte? ( )uma vez por semana ou mais ( ) duas a três vezes por mês ( ) uma vez por mês ou menos que isso

Você gostaria de praticar outro(s) esporte(s)? ( ) sim. Qual? ____________________________________________________ ( ) não

19 – Você já se envolveu ou foi envolvido (a) em algum conflito com a lei? a ( ) NÂO b ( ) SIM . O motivo foi_________________________________________________ ______________________________________________________________________ c ( ) SIM. Não se lembra/não quer declarar 20 – Você participa de algum grupo? a ( ) NÃO b ( ) SIM. Qual/quais? __________________________________________________ Qual a frequência de reuniões? _______________________________________ Há quanto tempo você participa desse grupo? ___________________________ 21– Você gostaria que alguma coisa no seu bairro fosse diferente? ( ) NÃO, NADA ( ) SIM. O quê? (citar três indicações de mudança) _______________________________________________________________________ 22 – Qual foi o acontecimento mais infeliz ou triste da sua vida até hoje? (pode ser descrito mais de um acontecimento ) 23 – E o acontecimento mais feliz?

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(pode ser descrito mais de um acontecimento ) 2- Depoimentos

(registros com uso de gravador de áudio pelo pesquisador) 2.1 – Depoimentos temático Projeto Urbal /Guarulhos/Jovens/campo: Marcos Freire/Pimentas Ficha de anotações Data.........../............../.................. Pesquisadores................................................................................................... N˚ ........................ (do questionário já respondido pelo pesquisado)

1. Fale como você se vê 2. E como você acha que é visto pelos outros 3. Conte fatos que você julga importantes sobre a sua família 4. Fale de seus amigos e do grupo que você faz parte 5. Fale sobre os seus vizinhos e a comunidade que você vive 6. Comente as suas principais preocupações, seus medos e temores no

presente. 7. Fale dos sonhos para o seu futuro e também para as pessoas que você

considera 8. Conte sobre o que tem sido mais difícil na vida para um jovem como

você 9. E fale agora o que tem sido mais fácil para um jovem como você 10. Que recado você quer mandar para os governantes da sua cidade?

1--------------------------------------------------------------------------------------------------------2-------------------------------------------------------------------------------------------------------3--------------------------------------------------------------------------------------------------------4--------------------------------------------------------------------------------------------------------5--------------------------------------------------------------------------------------------------------6--------------------------------------------------------------------------------------------------------7-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 8........................................................................................................................................ 9........................................................................................................................................ 10......................................................................................................................................

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2.2 - Discurso Livre Projeto Urbal /Guarulhos/Jovens/campo: Marcos Freire/Pimentas Ficha de anotações do entrevistador Data.........../............../.................. Pesquisadores................................................................................................... N˚ ........................ (questionário já respondido pelo pesquisado)

O pesquisador não sugere nenhum tema ou assunto. O entrevistado é quem diz quando terminou.

Feita a combinação sobre a forma e o caráter deste depoimento estimular o entrevistado a falar sobre si a partir dos aspectos que lhe pareçam importantes comunicar. O pesquisador auxiliar pode fazer anotações que lhe pareçam importantes sobre as expressões, atitudes, modo de falar e pausas do entrevistado durante a gravação.

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2.3 - História de vida Projeto Urbal /Guarulhos/Jovens/campo: Marcos Freire/Pimentas

Ficha de anotações do entrevistador

Data.........../............../.................. Pesquisadores................................................................................................... N˚ ........................ (questionário já respondido pelo pesquisado) Feita a combinação sobre a forma e o caráter deste depoimento estimular o entrevistado a falar sobre sua vida. O assistente pode fazer anotações que lhe pareçam importantes sobre as expressões, atitudes, modo de falar e pausas do entrevistado durante a gravação. 1. Vamos começar por você falando de suas lembranças de Infância 2. E depois dos 7 ou 8 anos fale sobre as suas lembranças dessa época 3. E a partir do momento que você passou a se considerar um jovem como tem sido sua vida Veja abaixo temas para auxiliar a fala do entrevistado – não precisa ser nessa ordem. Faça sugestões a partir do assunto que ele estiver abordando. Você é... Você não é... Você quer... Você não quer... Você pode... Você não pode.... Você tem... Você não tem... Você gosta muito de ... Você não gosta nada de... O que deixa você alegre é ... O que deixa você triste é .... Para você o Brasil é.... Para você Guarulhos é.... Para você o seu bairro é....

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Anexo II

Participantes da pesquisa de campo

Nome/ consultores e membros do Grupo de Referência

Órgão Nome/jovens estagiários Ori-gem

Maria Inês Barreto

Coordenadoria de Relações

Internacionais

Gislaine Gonçalves do Nascimento POJ

Luiz Palma

Instituto Pólis Fabio Leandro de Souza Leal POJ

Silvia Stanisci

Instituto Pólis Eliana Silva Pereira POJ

Jorge Kayano

Instituto Pólis Dayane Almeida Lira POJ

Kátia C. S. Izaias

Instituto Pólis Carla Alves dos Passos de Oliveira POJ

Elizabeth C. M. Affonso

Coordenadoria de Relações

Internacionais

Cícero Anderson Martins Apolinário POJ

Vânia Almeida Santos

Secretaria de Relações do

Trabalho

Poliane Silva POJ

Walter Coelho

Secretaria de Relações do

Trabalho

Vilma Dias dos Santos

POJ

Ricardo Antunes de Abreu

Secretaria de Desenvolvimento.

Urbano

Riquiane da Silva Gonçalves POJ

Potyra Tibiriçá Lopes Sartori

Secretaria de Assistência Social

Valquiria POJ

Amílcar A. M. Rizk

Secretaria Segurança Pública

Lucas Vidal da Silva

POJ

Aldeli Maria Aguiar

Secretaria Segurança Pública

Lais Jesus de Lima

POJ

Claudia Sampaio Tavares

Secretaria de Relações do

Trabalho

Laila Marques Lopes

POJ

Eliana Carreli Secretaria de Relações do

Trabalho

Davillin Cristina dos Santos POJ

Luiz Willian F. B. Avila

POJ

Aline Santos da Hora POJ

Ailton Silva POJ