relatÓrio de visitas a centros de...

200
Maria Christina dos Santos, Marta Marília Tonin, Anderson Rodrigues Ferreira Colaboradores: Aurea Martins, Cassia Aparecida Bernardelli e Silvia Carneiro Leão RELATÓRIO DE VISITAS A CENTROS DE SOCIOEDUCAÇÃO E A UNIDADES DE SEMILIBERDADE NO ESTADO DO PARANÁ: ADOLESCENTES EM PRIVAÇÃO E RESTRIÇÃO DE LIBERDADE

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Maria Christina dos Santos, Marta Marília Tonin, Anderson Rodrigues Ferreira

Colaboradores: Aurea Martins, Cassia Aparecida Bernardelli e Silvia Carneiro Leão

RELATÓRIO DE VISITAS A CENTROS DE SOCIOEDUCAÇÃO

E A UNIDADES DE SEMILIBERDADE NO ESTADO DO PARANÁ:

ADOLESCENTES EM PRIVAÇÃO E RESTRIÇÃO DE LIBERDADE

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RELATÓRIO DE VISITAS A CENTROS DE SOCIOEDUCAÇÃO

E A UNIDADES DE SEMILIBERDADE NO ESTADO DO PARANÁ:

ADOLESCENTES EM PRIVAÇÃO E RESTRIÇÃO DE LIBERDADE

Maria Christina dos Santos, Marta Marília Tonin, Anderson Rodrigues Ferreira

Colaboradores: Aurea Martins, Cassia Aparecida Bernardelli e Silvia Carneiro Leão

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Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do ParanáDiretoria OAB/PR – Gestão 2016-2018Jose Augusto Araújo de Noronha (Presidente)Airton Martins Molina (Vice-Presidente)Marilena Indira Winter (Secretário-Geral)Alexandre Hellender de Quadros (Secretário-Geral Adjunto)Fabiano Augusto Piazza Baracat (Tesoureiro)

FotografiasAnderson Rodrigues FerreiraDébora Normanton Sombrio

Diagramação André Bichels

Endereço postal Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do ParanáRua Brasilino Moura, 253 – Ahú80.540-340 – Curitiba - Paraná

Distribuição:Gratuita

Catalogação da Publicação na FonteBibliotecária: Rosilaine Ap. Pereira CRB-9/1448

Ordem dos Advogados do Brasil. Seção do Paraná

Santos, Maria Christina dosS237r Relatório de visitas a centros de socioeducação e a unidades de semiliberdade no estado do Paraná:

adolescentes em privação e restrição de liberdade / Maria Christina dos Santos, Marta Marília Tonin, Anderson Rodrigues Ferreira. -- Curitiba : OABPR, 2016. 200 p.

ISSN: 978-85-60543-21-2 - Versão online

Bibliografia

1. Direito penal - adolescente infrator. 2. Medidas socioeducativas. 3. Medidas privativas de liberdade. 4. Medidas disciplinares. 5. ECA. 6. SINASE. I. Tonin, Marta Marília. II. Ferreira, Anderson Rodrigues. III. Martins, Aurea. IV. Bernardelli, Cassia Aparecida. V. Leão, Silvia Carneiro.

CDD: 341.5241

Índice para catálogo sistemático:

1. Medidas privativas de liberdade – 341.5432. Medidas disciplinares – 341.54573. ECA – 342.17

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Composição da CCA – Gestão 2013/2015

Maria Christina dos Santos Presidente Cássia Bernardelli Vice-PresidenteAnderson Rodrigues Ferreira SecretárioAurea Martins MembroLuciano Leonardo Lima MembroSilvia Carneiro Leão MembroMarta Marília Tonin Membro ConsultorAna Lucia Cavalcante PsicólogaCineiva Campoli Paulino Tono EducadoraMaria Francisca Pansini Assistente Social

Composição da CCA – Gestão 2016/2018

Anderson Rodrigues Ferreira PresidenteSilvia Carneiro Leão Vice PresidenteAgnaldo dos Santos Prieto SecretárioAdilson Pasqual MembroAdriano Barbosa MembroAmaryllis Gulla Tiseu MembroAnderson Marcos dos Santos MembroAurea Martins MembroCassia Aparecida Bernardelli MembroClaudia Beatriz Valerio Nissel MembroHenrique Brunini Sbardelini MembroJuliana Hembecker MembroJussara Maria Leal De Meirelles MembroLenir Stival Possenti MembroMarga Eliza Granich MembroMargarida Taeko Misawa Esumi MembroMurilo Hubert MembroNatalia do Patrocinio Gionédis MembroRaissa Moretto MembroMaria Christina dos Santos Membro ConsultorMarta Marilia Tonin Membro ConsultorAna Lucia Cavalcante MembroCineiva Campoli Paulino Tono (Educadora) MembroEliane Cleonice Alves Precoma (Educadora) MembroJuan Cruz Galigmiana (Sociólogo) MembroMaria Francisca Pansini (Assistente Social) Membro

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Organizadores – Gestão 2013/2015

Maria Christina dos Santos – Presidente da CCA Cássia Bernardelli – Vice-Presidente da CCA Anderson Rodrigues Ferreira – Secretário CCASilvia Carneiro Leão – Membro da CCAAurea Martins – Membro da CCAMarta Marília Tonin – Membro Consultor da CCA

Colaboradores – Gestão 2013/2015

Unidades de Curitiba e região metropolitanaDébora Normanton Sombrio – Secretária da CDH

Unidade de Campo MourãoLuciano Antonio Rosa – Presidente da CCA Subseção OAB Campo MourãoPoliana Angélica Aragão Subseção OAB Campo Mourão

Unidades de Foz do IguaçuEnir Becker – Presidente da CCA Subseção OAB Foz do IguaçuEliete Ferreira da Silva Subseção OAB Foz do IguaçuJéssica F. Colombo Subseção OAB Foz do IguaçuRafael Baumgartner Subseção OAB Foz do IguaçuVania Ribas Rachid Subseção OAB Foz do Iguaçu

Unidade de Laranjeiras do SulMirian Padilha Subseção OAB Laranjeiras do SulMarco Aurelio Pellizzari Lopes Subseção OAB Laranjeiras do SulUnidades de LondrinaEliane Patricia Araujo Cavinato Porto Subseção OAB LondrinaFabiola Larissa Mattoso Subseção OAB LondrinaDayane Alves do Couto Subseção OAB Londrina

Unidade de Pato BrancoIvan Silva Ferraz – Presidente da CDH Subseção OAB Pato BrancoViviane Aparecida Brizola Subseção OAB Pato BrancoCarolina Spader Subseção OAB Pato Branco

Unidades de Ponta GrossaFernanda Gonçalves Kossatz – Presidente da CCA Subseção OAB Ponta GrossaLuciana Vieitas Valente Rovere – Psicóloga Subseção Ponta Grossa

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Unidade de Santo Antônio da PlatinaMarlon Lacerda Leal – Presidente da CDH Subseção OAB Santo Antônio da PlatinaBruna Lemes Fogaça Subseção OAB Santo Antônio da PlatinaThiago Batista Hernades Subseção OAB Santo Antônio da PlatinaMaria José Freitas Guimarães Esteves Subseção OAB Santo Antônio da Platina

Unidade de ToledoDaniel Alexandre Beal Subseção OAB ToledoLeandro Rohr Nesello Subseção OAB Toledo

Unidade de UmuaramaMateus Barreto de Oliveira Subseção OAB Umuarama

Outros colaboradoresLuci Mara Naldony Conselho Tutelar Ponta GrossaSilvana Zdebeski Lemos Conselho Tutelar Ponta GrossaFabio Teleginski Conselho Tutelar Ponta GrossaValdinei Braganceiro CMDCA Ponta Grossa

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – CENSES e Unidades de Semiliberdade no estado do Paraná em 2015 ................................22

QUADRO 2 – Aspectos físicos do CENSE Curitiba ........................................................................................30

QUADRO 3 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Curitiba ..........................................................33

QUADRO 4 – Aspectos físicos do CENSE Fazenda Rio Grande ...................................................................53

QUADRO 5 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Fazenda Rio Grande ....................................55

QUADRO 6 – Aspectos físicos do CENSE Joana Richa ................................................................................65

QUADRO 7 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Joana Richa ..................................................66

QUADRO 8 – Aspectos físicos do CENSE São Francisco .............................................................................94

QUADRO 9 – Composição do quadro de pessoal do CENSE São Francisco ...............................................95

QUADRO 10 – Cursos de profissionalização – CENSE São Francisco .........................................................98

QUADRO 11 – Aspectos físicos do CENSE Campo Mourão ..........................................................................102

QUADRO 12 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Campo Mourão ...........................................103

QUADRO 13 – Cursos de profissionalização – CENSE Campo Mourão .......................................................105

QUADRO 14 – Aspectos físicos do CENSE Foz do Iguaçu ............................................................................108

QUADRO 15 – Aspectos físicos do CENSE Laranjeiras do Sul .....................................................................114

QUADRO 16 – Composição do Quadro de pessoal do CENSE Laranjeiras do Sul ......................................115

QUADRO 17 – Aspectos físicos do CENSE Londrina I ...................................................................................120

QUADRO 18 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Londrina I ....................................................121

QUADRO 19 – Aspectos físicos do CENSE Londrina II..................................................................................125

QUADRO 20 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Londrina II ...................................................126

QUADRO 21 – Curso de profissionalização – CENSE Londrina II .................................................................128

QUADRO 22 – Aspectos físicos do CENSE Pato Branco ..............................................................................131

QUADRO 23 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Pato Branco ................................................132

QUADRO 24 – Cursos de profissionalização – CENSE Pato Branco ............................................................134

QUADRO 25 – Aspectos físicos do CENSE Ponta Grossa ............................................................................137

QUADRO 26 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Ponta Grossa .............................................138

QUADRO 27 – Aspectos físicos do CENSE Santo Antônio da Platina ..........................................................142

QUADRO 28 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Santo Antônio da Platina ............................143

QUADRO 29 – Cursos de profissionalização – CENSE Santo Antônio da Platina .......................................146

QUADRO 30 – Aspectos físicos do CENSE Toledo ........................................................................................148

QUADRO 31 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Toledo .........................................................149

QUADRO 32 – Aspectos físicos do CENSE Umuarama .................................................................................154

QUADRO 33 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Umuarama ..................................................155

QUADRO 34 – Aspectos físicos da Unidade de Semiliberdade Feminina de Curitiba ..................................159

QUADRO 35 – Composição do quadro de pessoal da Unidade de Semiliberdade Feminina de Curitiba ..160

QUADRO 36 – Cursos de profissionalização para internas da Semiliberdade Feminina de Curitiba .........163

QUADRO 37 – Aspectos físicos da Unidade de Semiliberdade Masculina de Curitiba ................................166

QUADRO 38 – Composição do quadro de pessoal da Unidade de Semiliberdade Masculina de Curitiba..171

QUADRO 39 – Aspectos físicos da Unidade de Semiliberdade Foz do Iguaçu .............................................175

QUADRO 40 – Composição do quadro de pessoal da Unidade de Semiliberdade Foz do Iguaçu ..............176

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QUADRO 41 – Aspectos físicos da Unidade de Semiliberdade Londrina ......................................................180

QUADRO 42 – Composição do quadro de pessoal da Unidade de Semiliberdade Londrina ......................181

QUADRO 43 – Cursos de profissionalização para internos da Unidade de Semiliberdade Londrina ..........182

QUADRO 44 – Aspectos físicos da Unidade de Semiliberdade Ponta Grossa .............................................184

QUADRO 45 – Composição do quadro de pessoal da Unidade de Semiliberdade Ponta Grossa ...............185

QUADRO 46 – Aspectos físicos da Unidade de Semiliberdade Umuarama..................................................188

QUADRO 47– Composição do quadro de pessoal da Unidade de Semiliberdade Umuarama ....................189

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LISTA DE SIGLAS

AFAI Programa de Atenção à Família dos/as Adolescentes Internados por Medida Socioeducativa

CAPS Centro de Atenção Psicossocial

CAPS AD Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas

CCA Comissão da Criança e do Adolescente

CDH Comissão de Defesa dos Direitos Humanos

CEDCA Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente

CEMEPAR Centro de Medicamentos Básicos do Paraná

CENSE Centro de Socioeducação

CIAADI Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator

CMDCA Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

COPEL Companhia Paranaense de Emergia

CRAS Centro de Referência da Assistência Social

CPM Centro Psiquiátrico Metropolitano

CREAS Centro Especializado de Referência da Assistência Social

CT Conselho Tutelar

DEASE Departamento de Atendimento Socioeducativo

EAD Ensino a Distância

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

EJA Educação de Jovens e Adultos

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

OAB Ordem dos Advogados do Brasil

HC Hospital das Clínicas

PIA Plano Individualizado de Atendimento

PPP Projeto Político Pedagógico

PROEDUSE Programa de Educação nas Unidades de Socioeducação

PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

SANEPAR Companhia de Saneamento do Paraná

SECJ Secretaria de Estado da Criança e da Juventude

SEDS Secretaria de Estado da Família e do Desenvolvimento Social

SEED Secretaria de Estado da Educação

SEJU Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SESI Serviço Nacional da Indústria

SESA Secretaria de Estado da Saúde

SINASE Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo

SUS Sistema Único de Saúde

UBS Unidade Básica de Saúde

UPA Unidades de Pronto Atendimento

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SUMÁRIO

A NECESSIDADE DA ATUAÇÃO DA OAB PARANÁ .....................................................................................19

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................21

1 CENTROS DE SOCIOEDUCAÇÃO ..............................................................................................................25

1.1 CENSE CURITIBA.......................................................................................................................................25

1.1.1 ESTRUTURA FÍSICA ...............................................................................................................................27

1.1.1.1 Demais instalações ................................................................................................................................29

1.1.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMAS ..................................................................................................32

1.1.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS / DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL /

EDUCAÇÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO DO ADOLESCENTE .....................................................................33

1.1.4 SAÚDE ......................................................................................................................................................34

1.1.5 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................36

1.2 CENSE FAZENDA RIO GRANDE .............................................................................................................47

1.2.1 ESTRUTURA FÍSICA ...............................................................................................................................47

1.2.2 GESTÃO DA UNIDADE ...........................................................................................................................54

1.2.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ................................................................................................................55

1.2.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE .....................................................56

1.2.5 EDUCAÇÃO .............................................................................................................................................57

1.2.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .........................................................................................................................57

1.2.7 SAÚDE ......................................................................................................................................................59

1.2.8 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................59

1.3 CENSE JOANA RICHA ..............................................................................................................................61

1.3.1 ESTRUTURA FÍSICA ...............................................................................................................................61

1.3.2 GESTAO DA UNIDADE/PROGRAMAS .................................................................................................66

1.3.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ................................................................................................................67

1.3.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DA ADOLESCENTE ......................................................67

1.3.5 EDUCAÇÃO .............................................................................................................................................69

1.3.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .........................................................................................................................69

1.3.7 SAÚDE ......................................................................................................................................................70

1.3.8 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................71

1.4 CENSE SÃO FRANCISCO .........................................................................................................................73

1.4.1 ESTRUTURA FÍSICA ...............................................................................................................................73

1.4.2 DA GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMAS ...........................................................................................94

1.4.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ................................................................................................................95

1.4.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE .....................................................96

1.4.5 EDUCAÇÃO .............................................................................................................................................97

1.4.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .........................................................................................................................97

1.4.7 SAÚDE ......................................................................................................................................................98

1.4.8 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................99

1.5 CENSE DE CAMPO MOURÃO ..................................................................................................................102

1.5.1 ESTABELECIMENTO ...............................................................................................................................102

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1.5.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ...............................................................................................................104

1.5.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE .....................................................104

1.5.5 EDUCAÇÃO .............................................................................................................................................105

1.5.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .........................................................................................................................105

1.5.7 SAÚDE ......................................................................................................................................................105

1.5.8 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................106

1.6 CENTRO DE SOCIOEDUCAÇÃO FOZ DO IGUAÇU ..............................................................................108

1.6.1 O ESTABELECIMENTO ...........................................................................................................................108

1.6.2 GESTÃO DAS UNIDADE/PROGRAMA .................................................................................................109

1.6.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ...............................................................................................................110

1.6.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE .....................................................110

1.6.5 EDUCAÇÃO .............................................................................................................................................111

1.6.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .........................................................................................................................111

1.6.7 SAÚDE ......................................................................................................................................................112

1.6.8 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................112

1.7 CENSE LARANJEIRAS DO SUL ..............................................................................................................114

1.7.1 ESTABELECIMENTO ...............................................................................................................................114

1.7.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA ....................................................................................................115

1.7.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ...............................................................................................................116

1.7.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE ......................................................116

1.7.5. EDUCAÇÃO .............................................................................................................................................117

1.7.6. PROFISSIONALIZAÇÃO ........................................................................................................................117

1.7.7 SAÚDE ......................................................................................................................................................117

1.7.8 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................118

1.8 CENSE LONDRINA I ..................................................................................................................................120

1.8.1 ESTABELECIMENTO ...............................................................................................................................120

1.8.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA ....................................................................................................121

1.8 3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ................................................................................................................122

1.8.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL / EDUCAÇÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO

DO ADOLESCENTE .........................................................................................................................................122

1.8.5 SAÚDE......................................................................................................................................................123

1.8.6 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................123

1.9 CENSE LONDRINA II .................................................................................................................................125

1.9.1 ESTABELECIMENTO ...............................................................................................................................125

1.9.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA ...................................................................................................126

1.9.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ................................................................................................................127

1.9.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE .....................................................127

1.9.5 EDUCAÇÃO .............................................................................................................................................128

1.9.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .........................................................................................................................128

1.9.7 SAÚDE ......................................................................................................................................................129

1.9.8 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................129

1.10 CENSE PATO BRANCO ...........................................................................................................................131

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1.10.1 ESTABELECIMENTO .............................................................................................................................131

1.10.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA ..................................................................................................132

1.10.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS .............................................................................................................133

1.10.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE ....................................................133

1.10.5 EDUCAÇÃO ............................................................................................................................................134

1.10.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .......................................................................................................................134

1.10.7 SAÚDE ....................................................................................................................................................135

1.10.8 OBSERVAÇÕES ....................................................................................................................................135

1.11 CENSE PONTA GROSSA .........................................................................................................................137

1.11.1 ESTABELECIMENTO .............................................................................................................................137

1.11.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA ...................................................................................................138

1.11.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS .............................................................................................................139

1.11.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE ....................................................139

1.11.5 EDUCAÇÃO ............................................................................................................................................140

1.11.6 PROFISSIONALIZAÇÃO........................................................................................................................140

1.11.7 SAÚDE ....................................................................................................................................................140

1.11.8 OBSERVAÇÕES .....................................................................................................................................140

1.12 CENSE SANTO ANTONIO DA PLATINA .................................................................................................142

1.12.1 O ESTABELECIMENTO .........................................................................................................................142

1.12.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA ..................................................................................................143

1.12.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS .............................................................................................................144

1.12.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE ....................................................144

1.12.5 EDUCAÇÃO ............................................................................................................................................145

1.12.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .......................................................................................................................145

1.12.7 SAÚDE ....................................................................................................................................................146

1.12.8 OBSERVAÇÕES ....................................................................................................................................146

1.13 CENSE DE TOLEDO ................................................................................................................................148

1.13.1 O ESTABELECIMENTO .........................................................................................................................148

1.13.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA ..................................................................................................149

1.13.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS .............................................................................................................150

1.13.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE ....................................................151

1.13.5 EDUCAÇÃO ............................................................................................................................................151

1.13.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .......................................................................................................................151

1.13.7 SAÚDE ....................................................................................................................................................152

1.13.8 OBSERVAÇÕES ....................................................................................................................................152

1.14 CENSE UMUARAMA ................................................................................................................................154

1.14.1 O ESTABELECIMENTO .........................................................................................................................154

1.14.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA ..................................................................................................154

1.14.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ..............................................................................................................155

1.14.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE ....................................................156

1.14.5 EDUCAÇÃO ............................................................................................................................................156

1.14.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .......................................................................................................................156

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1.14.7 SAÚDE ....................................................................................................................................................157

1.14.8 OBSERVAÇÕES ....................................................................................................................................157

2 UNIDADE DE SEMILIBERDADE ..................................................................................................................159

2.1 UNIDADE DE SEMILIBERDADE FEMININA DE CURITIBA ....................................................................159

2.1.1 DO ESTABELECIMENTO ........................................................................................................................159

2.1.2 GESTAO DA UNIDADE/PROGRAMAS ..................................................................................................160

2.1.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ................................................................................................................161

2.1.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE ......................................................162

2.1.5 EDUCAÇÃO ..............................................................................................................................................162

2.1.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .........................................................................................................................163

2.1.7 SAUDE ......................................................................................................................................................164

2.1.8 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................164

2.2 UNIDADE DE SEMILIBERDADE MASCULINA DE CURITIBA ...............................................................166

2.2.1 ESTABELECIMENTO ..............................................................................................................................166

2.2.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMAS .................................................................................................170

2.2.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ..............................................................................................................171

2.2.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE .....................................................172

2.2.5 EDUCAÇÃO .............................................................................................................................................173

2.2.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .........................................................................................................................173

2.2.7 SAÚDE ....................................................................................................................................................173

2.2.8 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................174

2.3 UNIDADE DE SEMILIBERDADE FOZ DO IGUAÇU .................................................................................175

2.3.1 ESTABELECIMENTO ..............................................................................................................................175

2.3.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMAS .................................................................................................175

2.3.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ..............................................................................................................176

2.3.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE .....................................................177

2.3.5 EDUCAÇÃO .............................................................................................................................................177

2.3.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .........................................................................................................................178

2.3.7 SAÚDE .....................................................................................................................................................179

2.3.8 OBSERVAÇÃO ........................................................................................................................................179

2.4 UNIDADE DE SEMILIBERDADE LONDRINA...........................................................................................180

2.4.1 ESTABELECIMENTO ..............................................................................................................................180

2.4.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMAS .................................................................................................180

2.4.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS................................................................................................................181

2.4.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE .....................................................182

2.4.5 EDUCAÇÃO .............................................................................................................................................182

2.4.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .........................................................................................................................182

2.4.7 SAÚDE.....................................................................................................................................................183

2.4.8 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................183

2.5 UNIDADE DE SEMILIBERDADE PONTA GROSSA ................................................................................184

2.5.1 ESTABELECIMENTO ..............................................................................................................................184

2.5.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMAS .................................................................................................184

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2.5.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ..............................................................................................................185

2.5.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE .....................................................185

2.5.5 EDUCAÇÃO .............................................................................................................................................186

2.5.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .........................................................................................................................186

2.5.7 SAÚDE ....................................................................................................................................................186

2.5.8 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................187

2.6 UNIDADE DE SEMILIBERDADE UMUARAMA ........................................................................................188

2.6.1. ESTABELECIMENTO ..............................................................................................................................188

2.6.2 GESTÃO DAS UNIDADES/PROGRAMAS ............................................................................................188

2.6.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ...............................................................................................................189

2.6.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE .....................................................190

2.6.5 EDUCAÇÃO .............................................................................................................................................190

2.6.6 PROFISSIONALIZAÇÃO .........................................................................................................................190

2.6.8 OBSERVAÇÕES ......................................................................................................................................191

RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................................................193

1 GESTÃO DAS UNIDADES/PROGRAMAS ...................................................................................................193

2 DIREITO À VIDA E À SAÚDE ........................................................................................................................194

3 DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO, À DIGNIDADE ..........................................................................195

4 DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA ..........................................................................196

5 DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER ........................................................196

6 DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO ...........................................................................................................197

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A NECESSIDADE DA ATUAÇÃO DA OAB PARANÁ

A Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990, que rege o Estatuto da Criança e do Adolescente, foi o primeiro ordenamento jurídico de relevante impacto social a entrar em vigor sob a égide da Constituição de 1988, precedendo o Código de Defesa do Consumidor em menos de 60 dias. Ambos aboliram certas deforma-ções da sociedade brasileira, antecedendo outras leis e códigos que vieram para ajustar a nossa legislação às exigências do mundo contemporâneo.

Na realidade, ainda há muito a ser feito, como podemos observar a partir deste inédito e bem fundamentado Relatório que a OAB Paraná apresenta.

Resultado do trabalho consistente da Comissão da Criança e do Adolescen-te da Seccional, coligido a partir da gestão da advogada Maria Christina dos San-tosefinalizadojánagestãocomandadaporAndersonRodriguesFerreira,oRela-tório mostra inúmeras ilegalidades, irregularidades e impropriedades, ao mesmo tempo em que constatou a existência de irresponsabilidades e infelicidades.

Há consenso em assegurar que a infância e a adolescência são os períodos maiscríticosparaformaçãodoserhumano.Asdeficiênciasqueopaíspossuilevamuitos deles a necessitar de acompanhamento, apoio ou tratamento, em situação de privação de liberdade. No entanto, vemos que o Sistema Socioeducativo apli-cado aos adolescentes nesta situação no Paraná sofre problemas de toda ordem.

O conteúdo explosivo das vistorias fez com que o transformássemos em volume impresso, de forma que possa ser compulsado por todas as entidades, municipais, estaduais e federais responsáveis pelo cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Enfim,épapeldaOABestarvigilanteparaacorretaexecuçãodaordemlegal, uma das atribuições legais que recebeu no texto constitucional. No Paraná, temos cumprido a determinação com rigor, como se pode comprovar nas páginas deste Relatório.

Boa leitura!

José Augusto Araújo de NoronhaPresidente da OAB Paraná

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INTRODUÇÃO

A Comissão da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Bra-sil – Seccional Paraná, na gestão 2013/2015 estabeleceu o Sistema Socioeducativo como um de seus focos de atenção. Reconheceu ser indispensável proceder ao levantamento de dados sobre a realidade dos adolescentes em privação e restrição de liberdade no Estado do Paraná, bem como observar as providências adotadas pelo Poder Público para a gradual adequação ao previsto na Lei nº 12.594/2012 – Lei do SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo).

Esselevantamentoteveporfinalidadeelaborarumrelatórioaserapresen-tado à então denominada Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SEJU) gestora do Sistema Socioeducativo1 –, além de outras secre-tariasafins,aoPoderJudiciárioeLegislativo,aoMinistérioPúblico,àDefen-soria Pública, ao Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA), ao Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, aos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e aos Conselhos Tutelares dos municípios onde há entidades que executam as Medidas Socioedu-cativas de Internação e de Semiliberdade, visando contribuir para a efetivação dos direitos legalmente atribuídos ao adolescente autor de ato infracional.

Elaborou-se,paraessefim,doisinstrumentaisdecoletadedadosaseremaplicados, respectivamente, nos Centros de Socioeducação (CENSEs)2 e nas Uni-

1 Desde a promulgação da Lei Estadual nº 18.374, de 15 de dezembro de 2014, as atribuições de organização, promoção, desenvolvimento e coordenação do Sistema de Atendimento Socioeducativo foram transferidas da Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social (SEDS) para a Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SEJU), por intermédio do Departamento de Atendi¬mento So-cioeducativo (DEASE). Desde então, os Centros de Socioeducação – (CENSEs) e as Unidades de Semiliberdade passaram a integrar a estrutura organizacional da SEJU.2 No Estado do Paraná, são denominados “Centros de Socioeducação” as entidades onde se executa a Medida Socioeducativa de Internação – consistente na privação da liberdade. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente há três modalidades de Internação, a saber: a) Internação provisória, com prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, decretada pela autoridade judiciária durante o processo de conhecimento, antes da prolação da sentença; b) Internação, propriamente dita, por prazo indeterminado, decorrente de sentença proferida no processo de conhecimento, que não pode exced-er a 3 (três) anos; c) internação por descumprimento de medida anteriormente imposta ou internação-sanção, decretada no processo de execução, com prazo máximo de 3 (três) meses.

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dades de Semiliberdade3, em parceria com a Comissão de Direitos Humanos da Seccional e com o apoio de Subseções, todas da OAB/PR.

O então Presidente da Seccional, Dr. Juliano Breda, reconheceu a impor-tância do tema e, no dia 16 de outubro de 2015, autorizou a realização de visitas que se concretizaram no período de 21 de outubro a 06 de novembro de 2015.

No Paraná, havia 18 (dezoito) CENSEs4 e 8 (oito) Unidades de Semiliber-dade,conformepode-severificarnoquadroabaixo:

QUADRO 1 – CENSES e Unidades de Semiliberdade no estado do Paraná em 2015

UnidadeMunicípioMesorregião

Total da Capacidade Instalada

Região SexoCapacidade Instalada

IP I SL TOTAL

Região 1

391 vagas

Região 2

367 vagas

Região 3

362 vagas

Centro OrientalCentro OrientalMetropolitana de CuritibaMetropolitana de CuritibaMetropolitana de CuritibaMetropolitana de CuritibaMetropolitana de CuritibaMetropolitana de CuritibaNoroesteNoroesteNoroesteNoroesteNorte CentralNorte CentralNorte CentralNorte CentralNorte PioneiroCentro OcidentalOesteOesteOesteOesteOesteOesteSudoesteCentro Sul

Ponta GrossaPonta GrossaCuritibaCuritibaCuritibaCuritibaFazenda Rio GrandePiraquaraParanavaíParanavaíUmuaramaUmuaramaLondrinaLondrinaLondrinaMaringáSanto Antônio da PlatinaCampo MourãoCascavelCascavelCascavelFoz do IguaçuFoz do IguaçuToledoPato BrancoLaranjeiras do Sul

Cense de Ponta GrossaSemi Masculina de Ponta GrossaCense CuritibaCense Joana Miguel RichaSemi Feminina de CuritibaSemi Masculina de CuritibaCense Fazenda Rio GrandeCense São FranciscoCense ParanavaíSemi Masculina de ParanavaíCense de UmuaramaSemi Masculina de UmuaramaCense 1 de LondrinaCense 2 de LondrinaSemi Masculina de LondrinaCense de MaringáCense de Santo Antônio da PlatinaCense Campo MourãoCense 1 de CascavelCense 2 de CascavelSemi Masculina de CascavelCense Foz do IguaçuSemi Masculina de Foz do IguaçuCense de ToledoCense de Pato BrancoCense de Laranjeiras do Sul

M / FM

M / FFFMMMMMMM

M / FMMMMMMMM

M / FMMMM

320

100000008040

8200

20105

2000

430105

20339

5600

3000

301002001300

600

6610150

780

540151368

560

018007180001801800180000018018000

133

8818

1003071830100281817188260188620202078189718251888

1032

*IP: Internação ProvisóriaI: internação

Fonte: Departamento de Atendimento Socioeducativo – SEJU/PR. Disponível em: http://www.dease.pr.gov.br. Acesso em: 10 set. 2015.

3 São as unidades para onde são encaminhados os adolescentes sentenciados com a Medida Socioeducativa de Semiliberdade, consistente na restrição do direito de ir e vir.4 No dia 23 de fevereiro de 2016 foi inaugurado o CENSE São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, com 78 (setenta e oito) vagas: 28 (vinte e oito) para internação provisória e 50 (cinquenta) para internação por prazo indetermi-nado. Disponível em: http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?story-id=87986&tit=Richa-inaugura-Centro-de-Socioeducacao-de-Sao-Jose-dos-Pinhais. Acesso em: 10 ago. 2016.

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As coletas de dados nas Unidades situadas em Curitiba e região metropo-litanaficaramacargodaComissãodaCriançaedoAdolescente(CCA)edaCo-missão de Defesa dos Direitos Humanos (CDH). As referentes às demais Unida-des foram realizadas pelas respectivas Subseções. A Subseção de Ponta Grossa contou com a colaboração de conselheiros tutelares e de 1 (um) conselheiro dos direitos da criança e do adolescente.

Do universo de 18 (dezoito) CENSEs, à época, foram pesquisados 14 (quatorze), o que correspondia a 78%, a saber: CENSEs Curitiba, Fazenda Rio Grande, São Francisco, Joana Richa, Campo Mourão, Foz do Iguaçu, Laranjei-ras do Sul, Londrina I, Londrina II, Pato Branco, Ponta Grossa, Santo Antônio da Platina, Toledo e Umuarama. Do total de 8 (oito) Unidades de Semiliberda-de, 6 (seis) foram pesquisadas, o que equivale a 75%, quais sejam: as Unidades de Semiliberdade situadas em Curitiba (uma masculina e uma feminina), Foz do Iguaçu, Londrina, Ponta Grossa e Umuarama.

Não foi possível visitar 4 (quatro) CENSEs – 2 (dois) situados em Cascavel, 1 (um) em Maringá, 1 (um) em Paranavaí – e 2 (duas) Unidades de Semiliberda-de – 1 (uma) em Cascavel e 1 (uma) em Paranavaí.

Foram consultados os integrantes da comunidade socioeducativa para a produção deste Relatório, a saber: diretores, técnicos, servidores administrativos e educadores sociais. Houve, também, contatos informais com adolescentes em segregação ou restrição de liberdade.

Este relatório traz informações sobre a estrutura física, gestão, diretrizes pedagógicas de cada entidade visitada, bem como sobre as ações direcionadas aodesenvolvimentopessoalesocial,educação,profissionalizaçãoesaúdedo(a)adolescente.Aofinalapresentarecomendaçõesconcernentesàgestãodasunida-des/programas e relativas aos 5 (cinco) feixes de direitos propostos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, quais sejam: direito à vida e à saúde; à liberdade, ao respeito, à dignidade; à convivência familiar e comunitária; à educação, à cultura,aoesporteeaolazere;àprofissionalização.

A equipe responsável pelas visitas realizadas nas Unidades de Curitiba e região metropolitana foi composta por: Maria Christina dos Santos – Presidente da CCA; Débora Normanton Sombrio – Secretária da CDH; Cássia Bernardelli – Vice-Presidente da CCA; Anderson Rodrigues Ferreira – Secretário CCA; Silvia Carneiro Leão – Membro da CCA; Aurea Martins – Membro da CCA; Marta Marília Tonin – Membro Consultor da CCA. Faz-se oportuno relembrar que es-ses cargos referem-se à gestão 2013/2015.

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1 CENTROS DE SOCIOEDUCAÇÃO

1.1 CENSE CURITIBA

Unidade de internação provisória, com capacidade para 100 adolescentes – 88 (oitenta e oito) vagas masculinas e 12 (doze) femininas – está localizada no bairro Capão da Imbuia, no município de Curitiba. Na data da visita (21 de outubro de 2015), havia 103 (cento e três) internos. Compõe o Centro Integra-do de Atendimento ao Adolescente Infrator (DI): a Delegacia Especializada do Adolescente,a49ªVaraJudicial(VaradeAdolescentesemConflitocomaLei),a Defensoria Pública e o Ministério Público.

Os internos não eram separados por tipo de infração, compleição física ou por idade, devido à alta rotatividade, por se tratar de local onde os adolescentes – em tese – permanecem por, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias. Na data da visita a grande maioria era oriunda de Curitiba, região metropolitana e litoral.

Listagem dos Adolescentes na Internação Provisória

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Listagem dos Adolescentes na Internação Provisória

Listagem dos Adolescentes na Internação Provisória

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1.1.1 ESTRUTURA FÍSICA

O CENSE está organizado em três setores:

a) Recepção/Abrigamento Masculino – Tratava-se de ala situada nas de-pendências de uma antiga Delegacia de Polícia. Destinava-se aos recém-chega-dos e aos já sentenciados que aguardavam vaga em outra Unidade para cumpri-mento de Medida Socioeducativa de Internação ou de Semiliberdade. Segundo relato de integrantes do sistema, abrigava, inclusive, os que aguardavam vaga em comunidade terapêutica, hospital, avaliação psiquiátrica5.

Listagem dos Adolescentes na Internação Provisória

5 O relatado acima está demonstrado na “Listagem dos Adolescentes na Internação Provisória”, impresso em 21 de outubro de 2015, às 9h36. Foram suprimidos os nomes dos internos, observando-se o previsto no artigo 143 da Lei nº 8.069/1990.

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b) Internação Provisória Masculina – Esse setor estava dividido em três alas, nas quais os internos – no da visita – ocupavam alojamentos individuais.

Haviasalasdeaula,deinformática,pirografia,gessoebibliotecaque,nadata da visita, não contava com acervo devidamente catalogado, prejudicando a distribuição dos livros disponibilizados semanalmente. Cabe ressaltar que, se-gundo os adolescentes, não lhes era permitido o acesso à área interna.

Internação Provisória Masculina: Sala de pirografia/ pintura em gesso

Internação Provisória Masculina: Sala de informática

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c) Internação Provisória Feminina – Era composta por alojamentos in-dividuais ou duplos, espaço para atividades ao ar livre e 2 (duas) salas de aulas.

Internação Provisória Feminina: Área externa (para banhos de sol)

1.1.1.1 Demais instalações

A Unidade possuía lavanderia com 02 (duas) lavadoras e 02 (duas) secado-ras industriais, todas necessitando de manutenção.

Internação Provisória: Lavanderia

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A cozinha industrial era subutilizada e, caso fosse reativada, poderia me-lhor suprir os anseios de servidores e dos internos que relataram a falta de con-trole da qualidade da alimentação fornecida pela Risotolândia6. Acrescido a isso, todos os internos faziam as refeições nos seus respectivos alojamentos.

Cozinha

O quadro abaixo demonstra o aspecto físico da Unidade:

QUADRO 2 – Aspectos físicos do CENSE Curitiba

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições X

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não havia

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios X

Espaço para atividades pedagógicas X

Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

X

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X

Espaço para a profissionalização Não se aplica

6 O DEASE mantém contrato com a Risotolândia Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. para o fornecimento de café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar para os adolescentes e servidores em escala de 12x36 horas dos CENSEs e Casas de Semi-liberdade de Curitiba e Região Metropolitana, conforme consta do site da SEJU.

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Internação Provisória Masculina: Corredor de acesso aos alojamentos

Internação Provisória Masculina: Corredor de acesso a alojamentos

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Internação Provisória Masculina: Banheiro de alojamento

1.1.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMAS

Foi informado que: a) a gestão da Unidade se dava de forma participativa e democrática; b) a equipe era composta pelo diretor, coordenador técnico, por psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, representantes da saúde e educado-res sociais, que participam das deliberações, organização, avaliações e decisões sobre o funcionamento do programa de atendimento; c) as assembleias delibera-tivas eram realizadas quinzenalmente, registradas por meio de atas, com coor-denaçãonãorotativa;d)nãohaviadiagnósticosituacionaldoperfildaUnidadee dos internos, para o planejamento e execução da ação socioeducativa, apesar deoperfilindividualserfeitonaentradadiáriadosadolescentes;e)asnormasdisciplinares,assimcomoosseusdireitos,erambemdefinidase transmitidasao adolescente tão logo ingressavam na Recepção/Abrigamento; f) fazia parte da rotina a retirada de colchões durante o dia, como forma de punição; g) a so-cializaçãodeinformaçõeseaconstruçãodesaberesdaequipemultiprofissionalocorriam nas reuniões técnicas e h) a Unidade dispunha de sistema de monitora-mento, avaliação e indicadores.

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Segue, abaixo, a composição do quadro de pessoal da Unidade:

QUADRO 3 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Curitiba

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença.

Diretor 01

Coordenador técnico 01

Assistentes sociais 04 01

Psicólogos 04 01

Pedagogos 01

Advogados -

Educadores sociais 74 17 (F) + 57 (M) = 74

Coordenador administrativo 01

Médico 02 01 clínico geral e 01 psiquiatra

Enfermeiro 01

Cirurgião dentista 01

Terapeuta ocupacional 01

Auxiliar de enfermagem 05

Auxiliar de consultório dentário -

1.1.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS / DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL / EDUCAÇÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO DO ADOLESCENTE

Considerando-se que se trata de Unidade de internação provisória, as diretri-zespedagógicas,odesenvolvimentopessoalesocial,aeducaçãoeaprofissionali-zação do interno foram analisadas de forma diferenciada. Não tem a incumbência da elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA), nem do acompanhamen-to do egresso e não se aplica a realização de atividades extramuros.

Relatou-se que o Projeto Político Pedagógico (PPP) da Unidade: a) era acessível mas não, necessariamente, de conhecimento de todos os integrantes da comunidade socioeducativa; b) vinha sendo operacionalizado por meio do planejamento de ações, pela equipe institucional; c) era submetido à avaliação quando solicitado pelo DEASE e; d) o PPP da escola estava em fase de revisão na época da realização da visita.

Foi informado que a Unidade: a) possuía Regimento Interno; b) não possuía Manual do Educador Social; c) dispunha de Guia do Adolescente, entregue em mãos ao interno; d) prestava orientações à família por meio dos técnicos, con-siderando-se o curto período de tempo de permanência do interno na Unidade.

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Mencionou-se, ainda, que: a) os educadores sociais, aprovados no último concurso realizado no ano de 2015, participaram de capacitação interna com a duração de uma semana; b) em 2014 houve uma capacitação de todos os atores do sistema socioeducativo, em 3 (três) etapas, 1 (uma) a cada dia, realizada em um hotel, com a participação de outros setores, como o da saúde – tratando, in-clusive, do tema “suicídio” – e da área jurídica.

As atividades voltadas à educação eram implementadas, durante meio pe-ríodo, pelo Programa de Educação nas Unidades de Socioeducação (PROEDU-SE7), com o objetivo de assegurar a escolarização básica – ensino fundamental e médio – para os internos, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). No contraturno estavam distribuídos em salas onde desenvolviam atividades pe-dagógicas(pirografia,pinturaemgesso,noçõesdeinformática).

1.1.4 SAÚDE

Segundo relatado: a) havia estoque de medicamentos em quantidade ade-quada às necessidades dos internos, sendo que 80% eram fornecidos pelo Cen-tro de Medicamentos Básicos do Paraná (CEMEPAR) e 20% pelo município de Curitiba; b) a Unidade dispunha de estoque de materiais como gazes, espara-drapos e luvas; c) faltava soro, material para curativo e bolsas de colostomia; d) os psicotrópicos eram fornecidos pelo município de Curitiba e pelo Centro Psiquiátrico Metropolitano (CPM); e) a incidência de problemas dermatológicos era constante e típica de ambientes de privação de liberdade. Associado a essa vulnerabilidade, a região onde está situado o CENSE é muito úmida, o que in-tensificavaoproblema;f)ointernorecebiacuidadosespeciaisemsaúdemental,incluindo os relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas, pres-tadospelomédicopsiquiatralotadonaUnidade;g)ointernocomdeficiênciaoudoença mental recebia tratamento individual e especializado em local adequado à sua condição; h) não havia casos de transtorno mental grave, uma vez que estes requerem hospitalização; i) 30% dos internos possuíam algum tipo de transtorno mental(afetivo,deconduta,bipolaridade,posturadesafiante)e;j)haviatentati-vas de suicídio e todos os internos eram, potencialmente, suicidas pela própria situaçãodeconfinamento,razãopelaqualadotava-seapráticadavigilânciaper-manente, em especial daqueles que verbalizavam a intenção de praticar tal ato.

7 O Programa de Educação nas Unidades de Socioeducação (PROEDUSE) é real-izado em parceria entre a Secretaria de Estado da Educação e a Secretaria do Tra-balho e Desenvolvimento Social.

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Sala de atendimento médico

Sala de atendimento de enfermagem

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1.1.5 OBSERVAÇÕES

Inicialmente, a despeito de se tratar de Unidade de Internação provisória, os critérios estabelecidos legalmente para a separação dos internos deveriam ser obedecidos8.

Nãosepodedeixardemencionarainexistênciadejustificativaparaaper-manência de adolescentes em privação de liberdade na Recepção/Abrigamento Masculino – mesmo os sentenciados com a Medida Socioeducativa de Interna-ção – sem que lhes fossem assegurados os direitos previstos na Lei nº 8.069/1990, em especial nos artigos 949

8 Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/1990, art. 123. A internação de-verá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.9 Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de internação têm as seguintes obrigações, entre outras:I – observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes;II – não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na decisão de internação;III – oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos reduzidos;IV – preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao adolescente;V – diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos vínculos familiares;VI – comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que se mostre in-viável ou impossível o reatamento dos vínculos familiares;VII – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos necessários à higiene pessoal; VIII – oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa etária dos ado-lescentes atendidos;X – oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;X– propiciar escolarização e profissionalização;XI – propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; XII – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças;XIII – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;XIV – reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente;XV – informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação processual;XVI – comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescentes portado-res de moléstias infectocontagiosas;XVII – fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes;XVIII – manter programas destinados ao apoio e acompanhamento de egressos;XIX – providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem;

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e 12410, quanto mais para aguardar vaga em Unidade de Semiliberdade, comunidade terapêutica, estabelecimento hospitalar ou psiquiátrico. Causou maior perplexidade haver adolescentes em regime de segregação social somen-te para aguardar avaliação psiquiátrica/psicológica, bem como o fato de fazer parte da rotina a retirada de colchões, durante o dia, como forma de punição, conforme relatado.

A estrutura arquitetônica do CENSE Curitiba está em total dissonância com o previsto no ordenamento jurídico e nas normas de referência do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), lembrando-se que suas instalações foram adaptadas e não projetadas para a implementação do progra-ma socioeducativo.

O Setor de Recepção/Abrigamento Masculino deve sofrer imediata inter-dição, destacando-se que os chamados “alojamentos”, na realidade, são celas de antiga Delegacia de Polícia. Não oferece, sequer, condições adequadas ao respeito, à dignidade, à habitabilidade, à higiene e à salubridade, o que pode ser constatadoeregistradoporfotografias.Nodiadavisitahaviaaté04(quatro)in-ternos em instalações físicas com capacidade para 02 (dois). Ainda, em virtude da superlotação crônica enfrentada, alguns dividiam a mesma cama ou dormiam em colchão no piso de cimento.

XX – manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimen-to, nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento.10 Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os se-guintes:[…] V – ser tratado com respeito e dignidade;VI – permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;VII – receber visitas, ao menos, semanalmente;VIII – corresponder-se com seus familiares e amigos;IX – ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;X – habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridadeXI – receber escolarização e profissionalização;XII – realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:XIII – ter acesso aos meios de comunicação social;XIV – receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;XV – manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade.

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Recepção/Abrigamento: Parte superior da parede

Recepção/abrigamento: Alojamento

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Recepção/Abrigamento: Alojamento com colchões e roupas no piso

Recepção/abrigamento: Alojamento com 3 (três) ocupantes descalços

Ressalta-sequenodiadavisitachoviatorrencialmenteepode-severificarque a água da chuva tomava conta da galeria, umedecendo, inclusive, os col-chões colocados sobre o piso. Havia alojamentos com vasos sanitários entupidos e dejetos atingiam os colchões que se encontravam no chão. Nos alojamentos, todos os internos estavam descalços, uma vez que faz parte da rotina da Unidade a retirada dos chinelos.

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Internação Provisória Masculina: Chinelos deixados em corredor

Internação Provisória Masculina: Chinelos deixados em corredor

Os internos, do setor acima referido, participavam, quase que unicamente, de atividades escolares, permanecendo ociosos a maior parte do tempo, dentro dos alojamentos. Raramente tomavam sol, inclusive, devido à falta de educado-res sociais para acompanhar o seu deslocamento nas dependências da Unidade.

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Percebeu-se, também, a reprodução de vícios procedimentais do sistema penal, como andar com as mãos para trás e com a cabeça baixa.

Quanto às instalações de internação, tanto masculina quanto feminina, en-contravam-se dentro dos padrões adequados de limpeza e higiene. Entretanto, observou-se que a estrutura física da Unidade masculina oferece espaço exíguo para a prática de atividades ao ar livre (banho de sol e atividades esportivas).

Ainda,verificou-seaexistênciadebarrasdeferroemparedesdesalasdeatendimentotécnico/jurídico,parafixaçãodealgemas.Ajustificativaapresenta-da foi o fato de estarem situadas fora da área de segurança. Todavia, essa prática deve ser urgentemente abandonada, uma vez que afronta o direito ao respeito e à dignidade do adolescente.

Sala de atendimento técnico/jurídico com a barra de fixação de algema

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Sala de atendimento técnico/jurídico com a barra de fixação de algema

As refeições de todos os internados no CENSE Curitiba deveriam ser ser-vidasnosespaçosdisponíveiseadequadosparaessefim,nãono interiordosalojamentos, visto que tal prática, inclusive, pode tornar o ambiente insalubre. Ainda, sugere-se que seja dada especial atenção à qualidade da alimentação ofe-recida, haja vista a recorrente insatisfação manifestada tanto por internos quanto por servidores. Segundo as normas de referência do SINASE, os programas de atendimento devem se organizar de modo a garantir alimentação de qualidade.

Refeitório

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No que tange à escolarização, constatou-se a utilização de livros didáticos desatualizados,como,porexemplo,deGeografia,editadosnosanosde2002e2006. Faz-se urgente proceder ao levantamento do material didático disponível para todas as disciplinas curriculares e providenciar a atualização pertinente.

Livro de Geografia – edição 2002

Livro de Geografia – edição 2006

Quantoàsdemaisatividadespedagógicas,nãofoipossívelverificaroefe-tivo funcionamento dos computadores e a atualização de softwares, seus progra-mas/sistemas operacionais, considerando-se que no momento da visita não havia internosemaula.Observou-seainsuficiênciadematerialparaodesenvolvimen-

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todasatividadesdepirografiaepinturaemgesso.Sugere-seoplanejamentoeaexecução de outras atividades que estimulem o interesse dos internos.

Há necessidade de catalogação dos livros para facilitar o seu acesso pelos internos que, presume-se, deveriam ser autorizados a circular no inte-rior da biblioteca.

No que se refere à composição do quadro de pessoal, observa-se que a equipe técnica é interdisciplinar, em conformidade com a legislação vigente11. Pode-se constatar o esforço e o interesse dos integrantes da comunidade so-cioeducativa no sentido de contribuir para o processo de promoção social do interno. Todavia, conforme relatado, há a sobreposição de atribuições de assis-tentes sociais e psicólogos, vedada legalmente12, atribuída à grande demanda de atendimentos e ao fato de a equipe estar defasada. Esses fatores acabam por prejudicaraeficáciadotrabalhopedagógico.Foimencionadoqueasatribuiçõesse distinguem, especialmente quando a autoridade judiciária requer a elaboração delaudostécnicosespecíficos.

A defasagem da estrutura de recursos humanos acima referida pode ser observada,também,aoseverificarqueaUnidadecontacomapenas1(um)pe-dagogo e de 74 (setenta e quatro) educadores sociais para o universo de 100 (cem) internos13, considerando-se a dinâmica institucional consistente, por exemplo, em encaminhamentos dos adolescentes para atendimentos técnicos e de saúde dentro e fora da Unidade, custódia hospitalar, visitas familiares, acompanha-mento para audiências, casos de riscos de fuga e riscos de suicídio14. Acrescido

11 Lei nº 12.594/2012. Art. 12. A composição da equipe técnica do programa de atendimento deverá ser interdisciplinar, compreendendo, no mínimo, profissionais das áreas de saúde, educação e assistência social, de acordo com as normas de referência.12 Lei nº 12.594/2012. Art. 12.[...] § 2o – Regimento interno deve discriminar as atribuições de cada profissional, sendo proibida a sobreposição dessas atribuições na entidade de atendimento.13 Para atender até 40 adolescentes na medida de internação a equipe mínima deve ser composta por: 01 diretor; 01 coordenador técnico; 2 assistentes sociais; 02 psicólogos; 01 pedagogo; 01 advogado, demais profissionais para o desen-volvimento de saúde, escolarização, esporte, cultura, lazer, profissionalização e administração; educadores sociais. SINASE. SEDH – Brasília-DF: CONANDA, 2006, p. 45.14 A relação numérica de 1 educador social para cada 2 ou 3 adolescentes ou de 1 educador socialpara cada 5 adolescentes dependerá do perfil e das necessidades pedagógicas destes.• A relação numérica de 1 educador social para cada adolescente ocorrerá em situ-ações de custódia hospitalar que exige o acompanhamento permanente (24 horas);

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a isso, a situação se agrava quando dos afastamentos de educadores sociais mo-tivados por férias e licenças.

Ainda, faz-se indispensável a inclusão de advogado para compor o quadro de pessoal, não obstante o fato de os internos receberem assistência jurídica, de forma sistemática, prestada por 2 (dois) defensores públicos do estado, que atu-am no processo de conhecimento e de execução.

Como ponto positivo, merece destaque a realização de semanas temáti-casparadiscutir/trabalharconteúdosespecíficos,inclusivevoltadosaosdireitoshumanos, com a exposição de trabalhos produzidos pelos internos sobre o(s) tema(s). Outro ponto positivo consiste no fato de as assembleias deliberativas serem realizadas quinzenalmente. Entretanto, a sua coordenação não se dá de forma rotativa.

No campo da saúde ressalta-se que as precárias condições de habitabili-dade, higiene, salubridade e segurança das instalações do Setor de Recepção/Abrigamento Masculino, elevam, sobremaneira, os problemas dermatológicos dos internos e, presume-se, contribuem – inclusive – para as sistemáticas ten-tativas de suicídio.

Geroupreocupaçãoainsuficiênciadematerialparacurativos,soroebol-sas de colostomia, especialmente por haver um interno colostomizado na data da realização da visita. Este se encontrava com mais 2 (dois) internos em alo-jamento com capacidade para 2 (duas) pessoas, descalço em piso de cimento encharcado pela chuva.

• A relação numérica de 2 educadores sociais para cada adolescente ocorrerá quando a situação envolver alto risco de fuga, de auto-agressão ou agressão a outros;• A relação numérica de 1 educador social para cada 2 adolescentes ocorrerá nas situações de atendimento especial. Neste caso, muitas vezes devido ao quadro de comprometimento de ordem emocional ou mental, associado ao risco de suicídio, é necessário que se assegure vigília constante. SINASE. SEDH – Brasília-DF: CONAN-DA, 2006, p. 45.

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Internação Provisória Masculina: Chinelos deixados em corredor

Ainda, gera apreensão a existência de apenas 1 (um) médico psiquiatra (lotado no CENSE Curitiba) para atender todos os internos das unidades de socioeducação situadas em Curitiba e região metropolitana, considerando-se o percentual dos internos com transtorno mental, os casos de ideações e de ten-tativasdesuicídioassociadosàdistânciageográficaentreasunidades.

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1.2 CENSE FAZENDA RIO GRANDE

Unidade de Internação masculina por prazo indeterminado, com 30 (trin-ta) vagas, localizada no município de Fazenda Rio Grande – região metropolita-na de Curitiba. Na data da visita (27 de outubro de 2015), o Complexo abrigava 31 (trinta e um) internos, razão pela qual fez-se necessário a colocação de 1 (um) colchão no piso de um dos alojamentos.

Foi informado que os internos eram separados por compleição física, idade, gravidadedainfração,bemcomopelamodalidadedeinternação(definitivaoupordescumprimento de medida anteriormente imposta). Em torno de 30% estavam internados por descumprimento de medida e nenhum em convivência protetiva.

Havia 20 (vinte) internos de Curitiba; 8 (oito) da região metropolitana (Almirante Tamandaré, Araucária, Cerro Azul, Lapa, Pinhais, São José dos Pinhais); 1 (um) do litoral do Paraná; 1 (um) de Apucarana; 1 (um) de Ibaiti. A presençados2(dois)internos,oriundosdointeriordoParaná,foijustificadapela necessidade da preservação da integridade física de ambos, uma vez que corriam risco em suas respectivas comarcas de origem, em razão dos atos in-fracionais praticados15.

Afirmou-sequeavisitadosfamiliareseracusteadapeloPoderExecutivo.

1.2.1 ESTRUTURA FÍSICA

A Unidade estava dividida em 3 (três) alas, a saber:

Ala 1 – destinada à recepção e à aplicação de medida disciplinar.

Alas 2 e 3 – alas semelhantes nas quais os internos são separados por compleição física.

Dispunha dos seguintes espaços:

– Alojamentos: A estrutura física de todos os alojamentos é semelhante: têm área de aproximadamente 10 m2 (dez metros quadrados) com ventarolas para circulação de ar, onde há 2 (duas) camas de concreto com colchão, louça sanitária e lavatório.

15 Atos infracionais equiparados aos crimes contra a dignidade sexual.

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Alojamento

Banheiro do alojamento

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Vista externa de alojamentos

– Salas de aula: há 2 (duas) salas aptas para atividades escolares e aulas teóricasdeiniciaçãoprofissional.

– Sala de artes: destinada à realização de atividades manuais diversas, com a orientação de professor.

– Banheiro das salas de aula e de artes: encontrava-se em adequada condição de uso e os internos podiam utilizá-lo durante o período de atividade.

– Sala de televisão: é espaçosa e dispõe de um aparelho de TV tela plana. Osinternosassistiamaosprogramas/filmesselecionadospeladireçãoeequipetécnica.

– Biblioteca: está instalada em local de fácil acesso, porém observou-se que seu acervo não estava devidamente catalogado, prejudicando a distribuição semanal dos livros aos internos.

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Biblioteca

– Sala de Informática: equipada e utilizada para a ministração de curso. Nãofoipossívelverificaroefetivofuncionamentodoscomputadoreseaatuali-zação de softwares, seus programas/sistemas operacionais, considerando-se que no momento da visita não havia internos em aula.

Sala de informática

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– Cozinha industrial e refeitório: a cozinha industrial era utilizada para a divisão das refeições – fornecidas pela “Risotolândia” – em porções individuais a serem distribuídas para os internos.

Segundo a direção, uma das refeições diárias era realizada no refeitório. Todavia, segundo relato de internos e de servidores, todas as refeições eram fei-tasnosalojamentosdevidoàinsuficiênciadeeducadoressociais.

– Lavanderia: estruturada, porém, totalmente inoperante, uma vez que seus equipamentos não estavam funcionando. Todas as roupas de cama, mesa e banho da Unidade eram lavadas e secadas no CENSE São Francisco.

– Quadra poliesportiva: encontrava-se em adequadas condições de con-servação e limpeza, apta para uso.

Quadra poliesportiva

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– Estúdio de rádio: o espaço foi montado por psicólogo que anteriormen-te fazia parte da equipe técnica da Unidade. Estava equipado e semanalmente veiculava programação elaborada pelos internos, com o apoio e orientação de alunos de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR).

Estúdio de rádio

– Enfermaria: sala utilizada, simultaneamente, pela equipe de enferma-gem e por educadores sociais.

Sala de enfermagem/educadores sociais

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Sala de enfermagem/educadores sociais

Aspectos físicos considerados:

QUADRO 4 – Aspectos físicos do CENSE Fazenda Rio Grande

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições X

X

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não havia

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios X

Espaço para atividades pedagógicas X

Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

X

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X

Espaço para a profissionalização X

X

X

O Estado não tem feito reposição de roupas, colchões e materiais de higie-ne pessoal. O que está em uso encontra-se em precárias condições.

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Sala de atendimento técnico

1.2.2 GESTÃO DA UNIDADE

Relatou-se que a gestão da Unidade se dava de forma participativa e demo-crática e integrantes da comunidade socioeducativa (diretor, coordenador técni-co, psicólogo, assistentes sociais, pedagogo e educadores sociais) participavam das deliberações, da organização, das avaliações e das decisões sobre o funcio-namento dos programas de atendimento.

Eram realizadas assembleias deliberativas com coordenação não rotativa, quinzenalmente.

HaviadiagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildosinternosatendidos,para o planejamento e execução da ação socioeducativa, realizado mensalmente. A Unidade dispõe de sistema de monitoramento, avaliação e de indicadores.

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Segue a composição do quadro de pessoal:

QUADRO 5 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Fazenda Rio Grande

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferido e/ou à disposição do DEASE, em férias ou licença

Diretor 01 Coordenador técnico 01 Assistentes sociais 02 Psicólogos 02Pedagogos 03 Advogado 0 Educadores sociais 66 02 – Licença Especial; 03 – FériasCoordenador administrativo 01 Médico 01 Enfermeiro 0 Cirurgião dentista 02 Terapeuta ocupacional 01 Auxiliar de enfermagem 04 Auxiliar de consultório dentário 0 Outros (especificar) 21 Motoristas, Manutenção, Cozinha, Administrativos e Telefonista

FoiinformadohaversobreposiçãodasatribuiçõesdosprofissionaisdoSer-viçoSocialedaPsicologia,equeonúmerodeeducadoressociaiséinsuficienteconsiderando-se, inclusive, que na data da visita havia 2 (dois) em licença espe-cial e 3 (três) em férias.

Mencionou-se: a) a realização de capacitação introdutória de educadores sociais anteriormente à sua inserção na Unidade, com a duração de uma semana; b) a previsão de formação continuada dos técnicos e educadores sociais e, c) a realização de supervisão externa e/ou acompanhamento da Unidade coordenada por especialistas extrainstitucionais.

Na fase do processo de execução, os internos eram atendidos pela Defen-soria Pública instalada na Comarca. Esta assistência não se dava com periodici-dade previamente estabelecida, mas quando necessária.

1.2.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

O PPP da Unidade era do conhecimento de todos os integrantes, efetiva-mente operacionalizado e submetido a monitoramento e avaliação. Era desen-volvido de modo compartilhado entre a equipe técnica e contava, indiretamente, com a participação dos internos e famílias.

Não havia participação crítica dos internos na construção, monitoramento e avaliação das ações socioeducativas e não havia participação ativa na experi-ência socioeducativa.

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Informou-se que: a) a Unidade possuía Regimento Interno, Guia do Ado-lescente e da Família, mas não o Manual do Educador Social; b) não havia for-mação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais afetas à temática infanto-juvenil, uma vez que esta ocorria de forma muito esporádica; c) havia normas disciplinares claras e definidas;d) havia a socialização de informações e a construção de saberes da equipemultiprofissional (educadorese técnicos)e;e)nãohaviaprogramasdeacompanhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do trabalho por eles desenvolvido para a saúde mental do interno.

1.2.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Informou-se que o PIA era elaborado por integrantes da comunidade so-cioeducativa, no prazo legalmente estabelecido, e implementado na medida do possível, uma vez que ao ingressar na Unidade o interno encontra-se apreensivo, tendo apenas noção sobre a medida socioeducativa a ser cumprida e, muitas ve-zes,temdificuldadedecomunicação.

O acompanhamento dos objetivos e das metas previstas no PIA era feito durante todo o período de permanência do interno na Unidade. Servia de bali-za e aperfeiçoava-se no decorrer do processo, na medida em que surgiam novas demandas.Umobstáculocitadoparaoalcancedemetaseraainsuficiênciadepolíticas públicas.

Somente em casos especiais os técnicos realizavam visitas aos equipa-mentos públicos e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do in-terno. Normalmente os contatos eram feitos por telefone. Houve casos em que técnicos da rede de proteção foram à Unidade para a construção de estudo de caso em conjunto.

Dificuldadeapontadafoiademoranainserçãodointernonasmedidasso-cioeducativas em meio aberto por Curitiba e municípios da região metropolitana. As cidades de Cornélio Procópio e de Cascavel foram citadas como exemplos positivos, considerando-se que nestas Comarcas o interno era intimado a iniciar o cumprimento das medidas de Liberdade Assistida e/ou de Prestação de Servi-ços à Comunidade após, aproximadamente, 15 (quinze) dias de seu desligamen-to. A Unidade não tem programa de acompanhamento de egressos e familiares.

A rotina da Unidade era a seguinte: ao chegar, o adolescente era encami-nhado à Recepção, onde permanecia, preferencialmente, em alojamento indi-

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vidual. Posteriormente, desenvolvia atividades intramuros, por 45 (quarenta e cinco) dias (limpeza da área do refeitório e de corredores, limpeza das canecas e distribuição das refeições). Nos 45 dias (quarenta e cinco) seguintes, desenvolvia atividades pré-externas (atividades na cozinha, organização do almoço, traba-lho na rouparia e circulação pela área externa). Aquele que cumprisse estes 02 estágios estaria apto a participar das atividades externas (idas a cinema, visitas a museus, participação em atividades esportivas como, por exemplo, maratona, visita domiciliar – possível aos internos cujas famílias residissem em Curitiba e região metropolitana). Havia, ainda, a possibilidade de passeio à chácara situada em Mandirituba.

Na data da visita havia 2 (dois) internos na recepção; 8 (oito) na fase pré-ex-terna e 5 (cinco) em atividades externas. Os demais estavam na fase intramuros.

As queixas mais frequentes referiam-se à privação da liberdade em si, aos alojamentos e à necessidade de maior convívio, o que – segundo eles – ocorria, inclusive, quando as refeições eram feitas no refeitório.

1.2.5 EDUCAÇÃO

O interno era inserido nas atividades escolares, no máximo, até o décimo quinto dia de seu ingresso na Unidade, em turma não superior a 08 (oito) alunos.

A avaliação da qualidade do ensino oferecido era feita pelo pedagogo da Unidade e o grau de aprendizagem era medido pelo professor em conjunto com o pedagogo da SEED. Ainda, eram ofertadas propostas pedagógicas diferenciadas e programas destinados à aceleração da aprendizagem ou adequação idade/série. Osprofessorespodiamsolicitarareclassificaçãoconformeograudedesenvol-vimento de cada estudante.

Não fazia parte das normas disciplinares punir com a proibição de fre-quentar aulas. No entanto, houve internos com opinião divergente e na Ala de Recepção e Disciplina 1 (um) interno informou não frequentar as aulas.

1.2.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Durante a vigência do contrato com a “Associação Horizontes”, que ex-pirou em setembro de 2015, eram oferecidos cursos de iniciação profissional(conserto de eletrodomésticos, jardinagem, auxiliar administrativo com ênfase

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em informática, montagem e desmontagem de computador), com duração de 60 (sessenta) horas.

Ressaltou-sequedeumtotalde6(seis)internosquefizeramocursodeauxiliar de almoxarifado, no ano de 2014, 3 (três) foram inseridos no mercado formal de trabalho.

Na data da visita não havia internos encaminhados para estágios remune-rados, a partir de convênios com a iniciativa privada ou pública. Essa questão trouxe à memória de servidores o “Programa Estadual de Aprendizagem para oAdolescenteemConflitocomaLei16” iniciado pela Secretaria de Estado da Criança e da Juventude (SECJ), no governo de Roberto Requião de Mello e Sil-va, que viabilizava a inserção dos adolescentes no mercado formal de trabalho, segundo eles, não mais implementado.

No primeiro semestre do ano de 2015, 75% dos internos foram inseridos emcursosdeiniciaçãoprofissional.Nosegundosemestre,apenas46%.

Por ocasião da visita, o único curso oferecido era o de Auxiliar de almoxa-rifado (PRONATEC–SENAI), iniciado em 19/10/2015, com o término previsto para 14/12/2015, com carga horária de 160 (cento e sessenta) horas, ministrado nas instalações da Unidade. As aulas eram dadas de segunda a sexta-feira, no turno da manhã e da tarde, contando com 7 (sete) alunos em cada período.

16 O Programa Estadual de Aprendizagem para o Adolescente em Conflito com a Lei, foi instituído pela Lei Estadual Lei nº 15.200, de 10/7/2006, com os seguintes obje-tivos, previstos em seu artigo 4º:I – Garantir continuidade ao processo de formação do adolescente iniciado com o cum-primento das medidas socioeducativas, através da articulação da rede de programas de socioeducação, que têm a missão de apoiar os adolescentes na consolidação de um novo projeto de vida; II - Fomentar políticas públicas de integração dos serviços governamentais e não-gov-ernamentais para a promoção educativa do adolescente em conflito com a lei;III - Criar oportunidade de ingresso do adolescente no mercado de trabalho, através do desenvolvimento do conhecimento, das habilidades e das atitudes, desenvolvendo o senso de responsabilidade e iniciativa através da consciência de seus direitos e de-veres enquanto cidadão, bem como de valores éticos;

IV - propiciar aos adolescentes as condições para exercer uma iniciação profissional na área da administração;V - estimular a inserção ou re-inserção do adolescente no sistema educacional e, quando necessário, proporcionar o reforço escolar a fim de garantir e melhorar o pro-cesso de escolarização.

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Informou-se previsão de novas turmas a partir de meados de dezembro/2015.

Não restou claro que atividades os internos desenvolviam no contraturno.

1.2.7 SAÚDE

O atendimento médico oferecido na Unidade e o estoque de medicamentos não eram adequados às necessidades dos internos.

Mencionou-se que devido à maior incidência de problemas dermatológicos (micose e “olho de peixe”), os internos vinham recebendo orientação sobre hi-giene e estavam sendo medicados com pomadas de uso tópico.

Ointernocomdeficiênciaoudoençamentalnãorecebiacuidadosindivi-duais e especializados em saúde mental, por inexistência de núcleo especializado na Unidade. Esta dependia de médica psiquiatra lotada no CENSE Curitiba, que atendia a demanda de todas as Unidades situadas em Curitiba e região metropo-litana.

Na data da visita foi relatado que 5 (cinco) internos tinham transtorno men-tal e havia casos de tentativas de suicídio, razão pela qual estavam buscando vagas para tratamento no Hospital de Neuropsiquiatria do Paraná San Julian e/ou na Clínica Médica HJ, situada no Município de União da Vitória.

1.2.8 OBSERVAÇÕES

FoiinformadohaversobreposiçãodasatribuiçõesdosprofissionaisdoSer-viço Social e da Psicologia e que a equipe está defasada, o que gerava prejuízo ao processo socioeducativo dos internos.

Constatou-se a subutilização da cozinha industrial uma vez que as refei-ções eram fornecidas pela “Risotolândia”. A qualidade da prestação dos serviços oferecidos por esta empresa era péssima, segundo opinião de internos e de ser-vidores.Porsuavez,odiretordaUnidadeafirmouqueaqualidadeeraboaporser produzida em outra cozinha da empresa (diferente do que ocorria nas demais Unidades).

O espaço destinado ao refeitório na Unidade estava sendo utilizado como sala de jogos, presumindo-se que todas as refeições eram realizadas nos alojamentos.

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A enfermaria era utilizada, simultaneamente, pela equipe de enfermagem e por educadores sociais, comprometendo a privacidade do atendimento.

A demanda pela higienização das roupas do CENSE Fazenda Rio Grande era atendida pelo CENSE São Francisco, em decorrência de defeito nos equipa-mentos, implicando numa operação logística onerosa.

Quanto à biblioteca, observou-se que o acervo não estava devidamente catalogado, prejudicando a distribuição semanal dos livros. Segundo alguns ado-lescentes, não lhes era autorizado o acesso à sua área interna.

A enfermaria era utilizada, simultaneamente, pela equipe de enfermagem e pelos educadores sociais, o que comprometia a privacidade no atendimento.

Noqueserefereàprofissionalização,devidoaotérminodocontratocoma“AssociaçãoHorizontes”,houveumasignificativareduçãonaofertadecursos.

Merece atenção a relatada demora para se inserir o adolescente egresso nas medidas socioeducativas em meio aberto tanto em Curitiba quanto na região metropolitana.

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1.3 CENSE JOANA RICHA

Localizado no município de Curitiba, no bairro Mercês, constitui-se no único estabelecimento feminino para cumprimento da Medida Socioeducativa de Internação por prazo indeterminado no Estado do Paraná. Conta com 30 (trin-ta) vagas e na data da visita (26 de outubro de 2015) havia 37 (trinta e sete) inter-nas, nenhuma em convivência protetiva. Estimou-se que 30% deste total estava lá por descumprimento de medida anteriormente imposta. Segundo a diretora da Unidade, elas não eram separadas pelos critérios estabelecidos legalmente por falta de espaço físico. Acrescentou que o tempo médio de permanência em regi-me de privação de liberdade girava em torno de 12 (doze) meses.

Não foram informadas as cidades de origem das internas, mas a maioria era procedente do interior do Paraná e as visitas periódicas dos familiares eram garantidas (custeadas) pelo Poder Executivo.

1.3.1 ESTRUTURA FÍSICA

A Unidade contava com as seguintes instalações:

a) Alojamentos: Havia 26 (vinte e seis) alojamentos dispostos em único pavilhão,umdosquais,adaptadoparaàquela(s)quetivesse(m)filho(s),afimdeque este(s) permanecesse(m) em companhia da mãe durante o período de ama-mentação que, segundo informando, estendia-se até os 6 (seis) meses de idade.

Corredor de acesso aos alojamentos

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Alojamento

Alojamento

Todos os alojamentos e demais dependências estavam extremamente lim-pos, contudo, devido à superlotação, havia colchões sobre o piso, alguns compar-tilhados por duas internas.

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b) Biblioteca: Bem instalada, porém o seu acervo não estava devidamente catalogado, prejudicando a distribuição semanal de livros às internas.

Biblioteca

c) Lavanderia: Toda azulejada, apresentava boa estrutura e ventilação. Possuía 01 (uma) lavadora industrial, 01 (uma) lavadora convencional e 01 (uma) secadora. O trabalho de rouparia era feito pelas próprias internas.

d) Sala de Costura: desativada por falta de professor.

Sala de costura

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e) Sala de informática:nãofoipossívelverificaroefetivofuncionamentodos computadores e a atualização de softwares, seus programas/sistemas opera-cionais, considerando-se que no momento da visita não havia internas em aula, e estava desativada por falta de professor.

Sala de informática

f) Salas de aula: havia 04 (quatro) salas aptas para atividades escolares.

g) Cozinha Industrial e refeitório: Apesar de a Unidade possuir cozinha industrial equipada, não era utilizada para o preparo de alimentos. A cozinhei-ra disponível apenas aprimorava as refeições fornecidas pela Risotolândia, para posterior distribuição às internas no refeitório, segundo a diretora.

Cozinha

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Refeitório

Aspectos considerados:

QUADRO 6 – Aspectos físicos do CENSE Joana Richa

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições X

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não havia

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios X

Espaço para atividades pedagógicas X

Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

X

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X

Espaço para a profissionalização X

Foi informado que o Estado não estava fazendo a reposição de materiais de higiene pessoal, roupas e colchões, o que foi facilmente constatado no dia da visita.Alémda insuficiência,osexistentesestavamempéssimascondiçõeseforam alvo de reclamação das internas.

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1.3.2 GESTAO DA UNIDADE/PROGRAMAS

Segundo informações colhidas, a gestão da Unidade se dava de forma democrática e as avaliações, deliberações, organizações eram realizadas pelo diretor, pedagogo, psicólogo, assistente social, educador social, por meio de as-sembleias deliberativas semanais registradas em ata, cuja coordenação não era rotativa.

A composição do quadro funcional é a seguinte:

QUADRO 7 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Joana Richa

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferido e/ou à disposição do DEASE, em férias ou licença

Diretor 01 Coordenador técnico 0 Assistentes sociais 02 Psicólogos 1

02 01 disponível em período integral; 01 atende meio período a Unidade de Semiliberdade

Pedagogos 01 Advogado 0 Educadores sociais 01 Coordenador administrativo 0 Médico 01 Enfermeiro 01 Cirurgião dentista 01 Terapeuta ocupacional 0 Auxiliar de enfermagem 03 Auxiliar de consultório dentário 0 Outros (especificar) 04 01 técnico-administrativo; 02 assistentes administrativos; 01

vice-diretor.

A equipe estava defasada e havia sobreposição de atribuições de assisten-tes sociaisepsicólogos.Ademais,onúmerodeeducadores sociaisera insufi-ciente para que se mantivesse a rotina da Unidade, pois, em virtude da falta de servidores, várias atividades foram suspensas.

Foi oferecida capacitação introdutória para o último grupo de educadores sociais que ingressou na Unidade, antes da realização da visita, com a dura-ção de uma semana. Havia a previsão de formação continuada para técnicos e educadores sociais.

As internas recebiam assistência jurídica sistemática no curso do processo de execução, oferecida pela Defensoria Pública. Na data da visita havia 8 (oito) ou 9 (nove) internas acompanhadas por advogados particulares.

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1.3.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Segundo informado, o PPP era do conhecimento de todos os integrantes da comunidade socioeducativa, efetivamente operacionalizado por meio do plane-jamento das ações periódicas e submetido a monitoramento e avaliação. Vinha sendo desenvolvido apenas pela equipe institucional, contando com a participa-ção crítica das internas, porém sem o envolvimento das famílias, considerando--se que, aproximadamente, 2/3 (dois terços) delas eram oriundas do interior do Paraná.

Soube-se que o estabelecimento possuía Regimento Interno, Guia do Ado-lescente e da Família e Manual do Educador Social. Entretanto, a equipe respon-sável pela visita não teve acesso a estes documentos.

Foi informado que: a) havia, esporadicamente, formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais pertinentes à área infanto-juvenil; b) as normas disciplinares eram cla-rasedefinidas;c)haviasocializaçãodeinformaçõeseaconstruçãodesaberesdaequipemultiprofissional(educadoresetécnicos);d)narecepçãodasinternaseram informados todos os direitos mantidos e; e) não havia programas de acom-panhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do tra-balho por eles desenvolvido para a saúde mental da interna.

1.3.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DA ADOLESCENTE

O PIA era desenvolvido pelo assistente social, psicólogo, pedagogo da Uni-dadeedoPROEDUSE,representantedasaúdeeeducadorsocial.Adificuldadede sua elaboração no prazo estabelecido legalmente devia-se ao fato de: a) a interna estar apreensiva ao ingressar na Unidade; b) não compreender como se daria o cumprimento da medida socioeducativa imposta e, c) ainda não ter for-mado vínculo com os técnicos de referência.

Foi mencionado por técnicos da Unidade que desde o governo de Roberto Requião de Mello e Silva já era praxe, no sistema socioeducativo no Estado, fazer-se um Plano Personalizado de Atendimento (PPA), tal qual o PIA. Aquele Plano balizava o desenvolvimento do processo socioeducativo. Ressaltou-se que era rotina realizar o atendimento personalizado, independentemente do PIA.

Segundo eles, na realidade, o PIA é uma proposta preliminar discutida en-tre os técnicos, com base nos registros que recebiam da Unidade de Internação

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Provisória. Aquela proposta era apresentada à interna, que optaria pela concor-dância. Em caso negativo, seriam feitas adequações pelos envolvidos. Destacou--seadificuldadedecontarcomaparticipaçãodasfamíliasdointeriordoParaná,peladistânciageográfica.

No decorrer do período de Internação, o conteúdo do PIA era aperfeiçoado em função de novas demandas percebidas pela equipe socioeducativa ou apre-sentadas pela interna. Quando a interna atingia 5 (cinco) meses de Internação, a prioridade dos técnicos da Unidade era a emissão do relatório técnico periódico.

Os técnicos da Unidade, em regra, não realizavam visitas aos equipamen-tos públicos (unidades de saúde, CRAS, CREAS, escolas, etc.) e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa da interna, devido ao número limitado de profissionais,considerando-sequeaUnidaderecebiaadolescentesoriundasdetodooParaná.Acrescidoaisto,fez-sereferênciaaocortederecursosfinanceirostanto para passagens de familiares quanto para viagens de técnicos no segundo semestre de 2015.

Os entrevistados relataram a lacuna de até 6 (seis) meses entre o desliga-mento da interna da Unidade e o início do cumprimento da medida em meio aberto, devido à morosidade do trâmite do processo judicial (Carta Precatória). Havia municípios que já inseriam a adolescente e a família na rede de atendi-mento, tão logo esta retornava, mas não era a regra. Curitiba e municípios da Re-gião Metropolitana, normalmente, agilizavam o acolhimento das adolescentes/familiares na rede de proteção. Mencionou-se o “Programa Pense”, aplicado, p. ex., em Colombo, Sarandi e Paranavaí.

Os técnicos da Unidade, entretanto, não desenvolviam programa de acom-panhamento à egressa.

Os conteúdos de Direitos Sociais/Direitos Humanos eram trabalhados de forma transversal.

Por ocasião da visita não havia adolescentes realizando atividades exter-nas, tais como cursos profissionalizantes ou atividades laborativas. Saíam daUnidade para passeios, atividades culturais e cursos de curta duração de mosai-co, argila e desenho, promovidos pela Fundação Cultural de Curitiba. As saídas realizavam-se em duplas, sempre acompanhadas por educadores ou técnicos, às terças-feiras e aos sábados.

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Uma das queixas mais recorrentes das internas, segundo os entrevistados, tinha relação com os atendimentos técnicos, realizados semanalmente, porém, deformaalternada,comprofissionaldoServiçoSocialedaPsicologia.

1.3.5 EDUCAÇÃO

A interna era inserida no sistema de ensino (EJA) já na primeira semana de ingresso na Unidade. A vantagem apontada foi o privilégio de haver 1 (um) professor para grupos de 5 (cinco) ou 6 (seis) alunas, o que implicava numa inter-venção mais individualizada. Buscava-se que a educação oferecida evitasse que as internas, ao saírem da Unidade, fossem analfabetas funcionais.

A qualidade do ensino oferecido era medida pelo pedagogo da Unidade. Os técnicos percebiam a evolução na escrita e na argumentação das internas, mas não se mencionou a existência de instrumentos para medir a qualidade do ensino.

A SEED oferecia exame semestral (ENEM) e o sistema PROEDUSE, bra-çodoCEBEJA,realizavaoexamedeclassificaçãoafimdequeaalunaeliminas-se disciplinas pendentes a qualquer tempo.

1.3.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Foi relatado que, durante pouco mais de 2 (dois) anos, período da vigência do contrato com a “Associação Horizontes”, houve a oferta regular de cursos de iniciaçãoprofissional,comaduraçãode3(três)a4(quatro)meses,com2(dois)encontros semanais, na área de estética (auxiliar de cabeleireiro, maquiagem, manicure/pedicure), corte e costura e informática básica. Estes cursos desperta-vam nas internas o interesse na busca de aperfeiçoamento.

No primeiro semestre de 2015, 95% das internas participavam dos cursos. No segundo semestre do mesmo ano, apenas 16% estavam inseridas.

Na data da realização da visita era oferecido, apenas, o curso de Libras, com carga horária de 160 (cento e sessenta) horas.

Foi informado que havia intenção de que o Serviço Nacional de Apren-dizagemComercial (SENAC) desenvolvesse cursos de profissionalização nosCENSEs. Entretanto, a previsão do número reduzido de alunos por turmas, no Sistema Socioeducativo, tem inviabilizado esta parceria, uma vez que o SENAC exigenúmerosuperiordealunosparajustificaraofertadecursos.

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1.3.7 SAÚDE

Segundo relato, o atendimento médico oferecido na Unidade é adequado às necessidades das internas. Há 1 (um) clínico geral, 1 (uma) enfermeira e 3 (três) auxiliares de enfermagem, que trabalham de segunda-feira a sábado. Há estoque de medicamentos fornecidos pela CEMEPAR, em quantidade adequada às necessidades.

Merece destaque a organização e limpeza da sala destinada ao atendimen-to médico e de enfermagem. A enfermeira Heike Graser Marasquin adotou sis-tema exemplar de armazenamento de medicamentos e prontuários.

Enfermaria

Armário da enfermaria

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As que necessitavam de cuidados especiais em saúde mental, incluindo os relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas, recebiam trata-mento especializado, prestado pela médica psiquiatra, lotada no CENSE Curiti-ba.

Na data da visita havia 5 (cinco) internas com transtorno mental, em acom-panhamento psiquiátrico.

Segundo relato, não vinham ocorrendo tentativas de suicídio na Unidade.

1.3.8 OBSERVAÇÕES

O CENSE Joana Richa é a única Unidade de internação por prazo inde-terminado para adolescentes de sexo feminino existente no Estado do Paraná. Logo, não há como se assegurar às originárias do interior do Estado o respeito ao direito fundamental à convivência familiar e comunitária.

Ainda,adespeitodainformaçãooficialdequeoPoderExecutivoestavacusteando as despesas de deslocamento das famílias – desprovidas de condições financeiras–paraCuritiba,segundorelatodeinternas,estasvisitasdificilmenteeram realizadas.

AdistânciageográficaentreaUnidadeeascidadesdeorigemdasinternascompromete a participação de suas respectivas famílias e comunidades na ela-boração das diretrizes pedagógicas.

Foi relatado, e constatado, que a superlotação exigia a colocação de col-chões no piso dos alojamentos. Entretanto, o compartilhamento de colchão por duas internas não pode ser admitido pela Unidade.

Afalta/insuficiência/inadequaçãode roupas, colchões emateriaisdehi-giene pessoal não somente foram constatadas pela equipe responsável pela visita como foram objeto de reclamação das internas.

Sugere-se que seja dada especial atenção à qualidade da alimentação ofe-recida, haja vista a recorrente insatisfação manifestada. Segundo as normas de referência do SINASE, os programas de atendimento devem se organizar de modoagarantiralimentaçãodequalidadeeemlocalpróprioparaestefim.

A insuficiênciade servidoresedeeducadores sociais levavaà sobrepo-sição de atribuições dos assistentes sociais e psicólogos e à suspensão de ativi-

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dades internas. Ressalta-se que, na data da realização da visita, havia 31 (trinta e um) educadores sociais. Destes, 2 (dois) estavam em licença médica, 1 (um) havia solicitado exoneração, outro encontrava-se em processo de aposentadora e 2 (dois) faltavam regularmente.

Mencione-se a pequena participação das famílias e da comunidade na ela-boração das diretrizes pedagógicas, fato este motivado por grande parte das in-ternas serem procedentes do interior do Paraná.

Foi mencionado que a Unidade possuía, além do Regimento Interno, Guia do Adolescente e Manual do Educador Social. Entretanto, a equipe que realizou a visita não teve acesso a estes documentos.

Ressalta-se o fato de as assembleias deliberativas serem realizadas quinze-nalmente. Entretanto, a sua coordenação não se dá de forma rotativa.

Gerou preocupação o relato do período de até 6 (seis) meses transcorrido entre o desligamento da interna da Unidade e o início do cumprimento da medi-da em meio aberto, devido à morosidade do trâmite do processo judicial (Carta Precatória).

Odireitofundamentalàprofissionalizaçãodasinternasestásendopreju-dicadopelasignificativareduçãonaofertadecursosdeiniciaçãoprofissional.Cumpre ressaltar que – apesar de haver espaço físico e equipamentos – as aulas de costura não estão sendo ministradas, por falta de professor.

Na data da visita, 9 (nove) internas tinham sido diagnosticadas com proble-mas psiquiátricos, ou seja, 24% das adolescentes.

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1.4 CENSE SÃO FRANCISCO

Localizado no município de Piraquara, região metropolitana de Curitiba, constitui-se em estabelecimento para cumprimento da Medida Socioeducativa de Internação por prazo indeterminado. Trata-se da instituição mais antiga vol-tada à privação de liberdade de “menores” do Paraná, inaugurado na década de 1960.

Na data da visita (23 de outubro de 2015), o Complexo abrigava número inferior à capacidade total, ou seja, das 110 (cento e dez) vagas, 99 (noventa e nove) estavam ocupadas, inclusive por adolescentes oriundos de cidades distan-tes, com o intuito de assegurar-lhes a preservação da integridade física. Segundo estimativa da direção da Unidade, 35% estavam internados por descumprimento de medida anteriormente imposta. Os internos eram separados por compleição física e gravidade da infração.

1.4.1 ESTRUTURA FÍSICA

A Unidade está dividida em 7 (sete) alas, a saber:

1ª Ala – Recepção – Composta por 10 (dez) alojamentos individuais, um dos quais encontrava-se desativado por entupimento de vasos sanitários. Todos possuíam chuveiro, vaso sanitário e lavatório. O acionamento da água para todos osfinsdependiadainiciativadoeducadorsocial.

Bacia turca

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Alojamento

Alojamento

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Saída para colocação de chuveiro

Corredor de acesso a alojamentos

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Área externa – acionamento de água para chuveiros, lavatórios e vasos sanitários dos alojamentos

Acionamento externo de água para banheiros

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Acionamento externo de água para banheiros

Contava com 2 (dois) educadores sociais durante o dia e 1 (um) durante a noite, trabalhando em regime de escala 12/36h.

2ª Ala – Direcionada para internos com problemas cognitivos e mentais, composta por 4 (quatro) alojamentos duplos, todos com chuveiro, lavatório e vaso sanitário com acionamento próprio.

Contava com 2 (dois) educadores sociais durante o dia e 1 (um) durante a noite, trabalhando em regime de escala 12/36h.

3ª Ala – Segundo os educadores sociais, tratava-se de ala para internos mais comprometidos com a prática de atos infracionais. Estava dividida em 4 (quatro) alojamentos, cada um com capacidade para 4 (quatro) internos. Possuí-am chuveiro, lavatório e vaso sanitário com acionamento próprio.

Na data da visita a ala estava muito suja e havia, inclusive, restos de ali-mentos no interior de seus alojamentos.

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Alojamento

Banheiro de alojamento

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Banheiro de alojamento

Alojamento

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Alojamento (saída para chuveiro)

Alojamento (marmitas com restos de alimento)

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Alojamento

Área do banheiro de alojamento

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Alojamento

Garrafa PET em substituição de chuveiro

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Alojamento

Alojamento

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Alojamento

Não foi possível precisar o número de educadores sociais trabalhando nessa ala.

4ª Ala – Ala para internos com envolvimento mediano na prática de atos infracionais, segundo educadores sociais. Estava dividida em 4 (quatro) aloja-mentos, cada um com capacidade para 4 (quatro) internos. Todos possuíam chu-veiro, lavatório e vaso sanitário com acionamento próprio.

No dia da visita constatou-se vários colchões no chão, evidenciando superlotação.

Não foi possível precisar o número de educadores sociais trabalhando nessa ala.

5ª Ala – Destinada para interno com maior compleição física. Contava com 4(quatro)alojamentos,umdosquais,interditadoemdecorrênciadeinfiltrações.Não possuíam chuveiros. O que lá existia eram “chuveiros” improvisados com o uso de garrafas PET. Havia lavatórios e vasos sanitários com acionamento próprio. Nestaala,também,foipossívelverificaraexistênciadecolchõessobreopiso.

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Garrafa PET em substituição de chuveiro

Alojamento

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Alojamento

Alojamento

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Alojamento

Não foi possível precisar o número de educadores sociais trabalhando nessa ala.

6ª Ala – Segundo os educadores sociais, destinava-se a internos com en-volvimento mediano na prática de atos infracionais, dividida em 4 (quatro) alo-jamentos com capacidade para 4 (quadro) internos. Quando havia superlotação, utilizam-se colchões extras colocados sobre o piso.

Todos os alojamentos possuíam chuveiro, lavatório e vaso sanitário com acionamento próprio.

Não foi possível precisar o número de educadores sociais trabalhando nessa ala.

7ª Ala – Estava dividida em 04 (quatro) alojamentos, cada um dos quais com capacidade para 4 (quatro) internos. Todos possuíam chuveiro, lavatório e vaso sanitário com acionamento próprio.

Segundo informado por internos, tratava-se de ala destinada para os inter-nos que se encontram em medida disciplinar. Seus ocupantes saíam dos aloja-mentos uma vez por semana para atividades internas e raramente recebiam livros.

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Os alojamentos possuíam área de, aproximadamente, 10 m2 (dez metros quadrados) com ventarolas para circulação de ar. Eram constituídos por 4 (qua-tro) camas de concreto com colchão, bacia turca ou vaso sanitário, lavatório e chuveiros. Observou-se, em algumas galerias, a existência de “chuveiros” im-provisados com o uso de garrafas PET. Não se pode deixar de mencionar que as refeições eram feitas no interior dos alojamentos.

Não foi possível precisar o número de educadores sociais trabalhando nessa ala.

1.4.1.1 Demais instalações

Destacam-se, a seguir, alguns dos setores que compunham a instituição:

a) Biblioteca: Instalada onde anteriormente funcionava a cozinha. Na data da visita, não contava com acervo devidamente catalogado, prejudicando a dis-tribuição dos livros disponibilizados semanalmente. Cabe ressaltar que segundo os internos, não lhes era permitido o acesso à sua área interna.

Biblioteca

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b) Lavanderia: Funcionava precariamente. Das 04 (quatro) lavadoras existentes, 02 (duas) funcionavam e 2 (duas) secadoras eram mantidas graças ao cuidadoeeficiênciadosservidores.Ressalta-sequetambématendiaàdemandado CENSE Fazenda Rio Grande, cuja lavanderia estava inoperante.

Lavanderia

Lavanderia

c) Sala de música:Nadatadavisita,desenvolvia-seumaoficinanaqualoprofessor ensinava os internos a tocar vários tipos de instrumentos. A equipe da OAB/PR não teve acesso a esse local para não interromper a atividade.

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d) Sala de artes: Destinada à realização de atividades tais como, pintura emgessoepirografia,sobaorientaçãodeumprofessor.

e) Salas de aula: Havia 4 (quatro) salas aptas para atividades escolares, oferecidas na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

f) Banheiro para salas de aula, sala de artes e sala de música: Encontra-va-se desativado. Foi informado que os adolescentes não podiam se ausentar das salasparafazersuasnecessidadesfisiológicasduranteoperíodode4(quatro)horas em que ocorriam as atividades (escolares, de cultura ou lazer), em virtude da distância entre as salas e o banheiro mais próximo e da falta de educadores sociais para acompanhar os internos. No caso de virem a utilizar o banheiro, não podiam retornar às atividades e eram encaminhados aos respectivos alojamentos onde permaneciam ociosos.

Banheiro desativado

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Banheiro desativado em destaque

g) Salas dos cursos profissionalizantes: Eram adjacentes ao antigo refei-tório. Na ocasião das visitas, observou-se que as aulas ministradas eram apenas teóricas(v.g.CursoTeóricodePanificação).

h) Cozinha industrial e refeitório: tanto a cozinha industrial equipada quanto a área para o refeitório estavam desativadas.

Cozinha

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Cozinha

I) Quadra poliesportiva coberta: carecia de obras de manutenção.

Quadra poliesportiva coberta

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Quadra poliesportiva coberta

Quadra poliesportiva coberta

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Aspectos observados:

QUADRO 8 – Aspectos físicos do CENSE São Francisco

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições X

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não havia

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios X

Espaço para atividades pedagógicas X Não possui banheiro

Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

X Não possui banheiro

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X

Espaço para a profissionalização X

Informou-se que o Estado não estava fazendo a reposição de materiais de higiene pessoal, roupas e colchões e o que havia estava em precárias condições.

1.4.2 DA GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMAS

Segundo informações obtidas, a gestão da Unidade ocorria democratica-mente. Apesar de a organização, as avaliações e as deliberações relativas ao fun-cionamento do programa serem realizadas com a participação do diretor, coor-denador técnico, pedagogos, psicólogos, assistentes sociais e educadores sociais, algumas decisões eram tomadas apenas pela direção. As assembleias delibera-tivas, com coordenação rotativa, eram realizadas quinzenalmente, com registro por meio de atas, e contavam com a presença de um representante de cada setor: saúde, pedagogia, equipe técnica e educador social.

Acrescentou-se que a Unidade: a) possuía diagnóstico situacional relativo aoperfildosinternos,paraoplanejamentoeexecuçãodaaçãosocioeducativae,b) dispunha de sistema de monitoramento, avaliação e indicadores, tomando por base o PIA, o Estudo de Caso e o Conselho de Disciplina.

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A composição do quadro funcional é a seguinte:

QUADRO 9 – Composição do quadro de pessoal do CENSE São Francisco

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença.

Diretor 01 Coordenador técnico 01 Assistentes sociais 05 01 Licença MaternidadePsicólogos 02 01 – Férias; 01 – Licença EspecialPedagogos 03 Advogado 0 Educadores sociais 66 02 – Licença Especial; 03 – Férias

Coordenador administrativo 01 Médico 01 Enfermeiro 00 Cirurgião dentista 02 Terapeuta ocupacional 01 Auxiliar de enfermagem 04 Auxiliar de consultório dentário 0 Outros 21 Motoristas, manutenção, cozinha, administrativos e telefonista

A equipe estava defasada e havia sobreposição de atribuições de assisten-tes sociais e psicólogos.

Foi oferecida capacitação introdutória para o último grupo de educadores sociais que ingressou na Unidade, antes da realização da visita, com a duração de uma semana. Havia a previsão de formação continuada para técnicos e edu-cadores sociais.

Foi informado que havia a supervisão externa e/ou acompanhamento da Unidade coordenada por especialistas extrainstitucionais.

Os internos não recebiam assistência jurídica de forma sistemática na fase de execução do processo judicial pelo fato de a Unidade não dispor de advogado em seu quadro de pessoal e por não ter defensores públicos disponíveis na Co-marca. Excepcionalmente, acionava-se a assistência jurídica do DEASE-SEJU.

1.4.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Informou-se que a Unidade possuía PPP, elaborado em 2013, que além de não ser do conhecimento de todos os integrantes da comunidade socioeducativa, não tinhaaconfiguraçãoeaplicabilidadequedeveria ter.Acrescentou-sequenão foi discutido no coletivo e que não era efetivamente operacionalizado e, con-sequentemente, não era submetido a monitoramento e avaliação.

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Ainda, foi dito que não havia participação ativa das famílias e da comu-nidade na experiência socioeducativa. Um dos fatores para tal era a distância geográficaentreascidadesdeorigemdosinternoseaUnidade.

Segundo informado: a) a Unidade não possuía o Guia do Adolescente e da FamíliaeManualdoEducador;b)asnormasdisciplinareseramclarasedefini-daserepassadasparaointerno–pormeiodeoficinas–quandodeseuingressona recepção da Unidade; c) as informações eram socializadas e os saberes eram construídospelaequipemultiprofissionalemreuniões formaisparaestudodecasos, elaboração e alteração do PIA e, também, informalmente e, d) não havia programas de acompanhamento/supervisão dos servidores no que se referia às consequências do trabalho por eles desenvolvido para a saúde mental do interno.

1.4.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

O PIA era normalmente elaborado no prazo legalmente estabelecido, cons-truído com a participação do assistente social, psicólogo, pedagogo, terapeuta ocupacional, educador social edoprofissionalda saúde, semprequepossível,devido à demanda. Todavia, era comum que nesse período o interno ainda não tivesse concluído o seu processo de adaptação à realidade de privação de liber-dade. O fato de não estar “amadurecido” para discutir o seu PIA naquele prazo, dificultavaasuaelaboração.Deoutrovértice,haviacasosemqueosinternosseenvolviam mais como protagonistas no processo de concretização de objetivos.

Em 2012 o PIA era elaborado para cumprir o estabelecido, mas, gradu-almente, foi sendo reconhecido como um documento importante no processo socioeducativo. Ressaltou-se que a direção da Unidade priorizava o PIA. Entre-tanto,nãohaviasistematizaçãoinstitucionalquantoaomomentoespecíficoparaa sua avaliação e alteração. Estas ocorriam de acordo com cada caso concreto. Umadasdificuldadesapontadasparaoalcancedasmetaspropostasfoiainsufi-ciência de políticas públicas.

Outradificuldadeapontadaparaaavaliaçãododesenvolvimentopessoalesocialdointernofoiofatodeostécnicospossuíremrestriçõesfinanceirasparaa realização de visitas aos equipamentos públicos (unidades de saúde, Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, escola, etc.) e às instituições que fazem parte da vida pré-egressa do interno com o objetivo de compor estudos de caso e rela-tórios de internos procedentes do interior do Paraná. As visitas restringiam-se a Curitiba e sua região metropolitana.

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Nesta Unidade a equipe técnica não realizava acompanhamento dos egres-sos e de suas respectivas famílias.

Não havia disciplina que contemplasse o conteúdo de Direitos Sociais/Di-reitos Humanos, mas esses eram trabalhados de forma transversal.

Na data da realização da visita não havia adolescentes realizando ativida-des externas.

Foi informado que as queixas mais frequentes dos internos referiam-se à dificuldadedeatendimentomédicoouaoatendimentomédicodebaixaqualida-de. Os servidores entrevistados entendiam que as queixas eram típicas de quem se encontrava em ambiente de privação de liberdade.

1.4.5 EDUCAÇÃO

O interno tinha o prazo de 1 (uma) semana para inserção/matrícula nas atividades de escolarização na modalidade EJA, cuja qualidade é medida pela SEED e SEJU e o grau de aprendizagem era avaliado pelos professores.

As turmas eram compostas por até 08 (oito) alunos e os professores po-diamsolicitarasuareclassificaçãoconformeograudedesenvolvimentoapre-sentado durante as aulas.

Representantes da Unidade informaram não fazer parte das normas disci-plinares punir com a proibição de frequentar às aulas. Contudo, na data da visita, internosqueseencontravamnaAla7,emmedidadisciplinar,afirmaramquenãoestavam sendo enviados às aulas.

1.4.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Informou-se que até o início de setembro/2015, aproximadamente, 90% dos internosparticipavamde cursosbásicosdequalificação (panificação, pe-quenos reparos, colocação de pisos e azulejos, jardinagem, garçom) oferecidos pela “Associação Horizontes”, com duração de 60 (sessenta) horas. Em horário de contraturno escolar, os internos frequentavam os citados cursos 2 (duas) ve-zes por semana; iam ao ginásio 2 (duas) vezes na semana e tinham atendimento técnico 1 (uma) vez por semana. Como o prazo de validade do contrato expirou e a atividade no ginásio se incorporou às atividades de educação, os internos passaram a permanecer a maior parte do tempo nos alojamentos. No segundo se-mestrede2015havia22%dosinternosinseridosnoscursosprofissionalizantes.

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Na época da realização da visita eram oferecidos os seguintes cursos:

QUADRO 10 – Cursos de profissionalização – CENSE São Francisco

Curso Duração Carga horária Dentro ou fora da Unidade

PRONATEC (Panificação) 2 turmas – total 20 adolescentes

200 horas 4 x semana Na Unidade

“Associação Horizontes” (funcionou por 2 anos) e oferecia cursos de jardinagem, garçom, panificação, pequenos reparos, etc.

60 horas 2 x semana Na Unidade

Cursos à distância com 40 títulos 1 mês 1 x semana Na Unidade

Informática básica (voluntariado) para 12 adolescentes

Out/dez/2015 1 x semana Na Unidade

Sala de informática

1.4.7 SAÚDE

Na data da realização da visita havia dois internos com transtorno mental grave e a Unidade não possuía nenhum médico psiquiatra em seu quadro de pessoal. Havia 2 (dois) médicos psiquiatras no sistema socioeducativo, 1 (um) no CENSE Curitiba e 1 (um) no CENSE Londrina.

Para os casos de tentativa de suicídio de adolescentes em ambiente de con-finamento,porseremrecorrentes,principalmentenaAla7,foicriadoumproto-colo de atendimento médico e psicológico para sua prevenção e enfrentamento. Ressaltou-se como grande problema a realidade da saúde mental na Unidade, considerando-se que 30% dos internos apresentavam características de bipolari-dade ou transtorno mental.

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1.4.8 OBSERVAÇÕES

A Unidade deve adequar-se ao estabelecido legalmente no que se refere à obrigatoriedade de separação dos internos, inclusive, segundo a idade.

Considerando-se a existência de internos oriundos do interior do Paraná, faz-se necessário que o Poder Público lhes assegure o direito ao recebimento de visitas periódicas de familiares. Ressalta-se que a Unidade informou que tais visitas são custeadas pelo Poder Executivo. Entretanto, segundo vários internos, essas visitas raramente são custeadas.

Resta evidente que a estrutura arquitetônica do CENSE São Francisco não corresponde ao estabelecido pelo SINASE, haja vista o fato de ter sido constru-ído na década de 1960, época na qual predominava a concepção dos grandes internatos. Entretanto, havia irregularidades que necessitavam ser corrigidas urgentemente, dentre elas destacam-se: a) a substituição de garrafas PET por chuveiros e b) a falta de manutenção da instalação sanitária próxima das salas de aula, de música e de artes. É inadmissível que internos tenham o seu direito à saúde, à escolarização e à cultura, prejudicados em função destes fatores.

Havia necessidade de catalogação dos livros para facilitar o seu acesso pelos internos que, aliás, deveriam ser autorizados a circular no interior da bi-blioteca.

Noque se refere à lavanderia, pode-se verificar a precariedade de suasinstalações/equipamentos que, apesar de não se encontrar adequada para atender a demanda da própria Unidade, também atendia o CENSE Fazenda Rio Grande.

Questiona-se se as atividades artísticas limitam-se à pintura de peças de gessoepirografia,bemcomoseaqualidadeeautilidadedoscursosdeprofissio-nalização oferecidos atendem as demandas do mercado de trabalho. Acrescido a isso,nadatadavisita,notou-sequeosalunosdocursodepanificaçãoassistiamaaula por meio de vídeo e não se constatou espaço físico bem como equipamentos próprios para aulas práticas, levando à presunção de que o curso não é presencial e de que as aulas são apenas teóricas.

Ainda, pelo fato de a Unidade dispor de refeitório e cozinha industrial equipada, a sua reativação poderia atender aos anseios de servidores e internos que relatam a péssima qualidade da alimentação industrial oferecida pela Riso-tolândia e eliminaria os problemas decorrentes da presença de restos de alimen-tos no interior dos dormitórios.

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A quadra poliesportiva coberta, na data da visita, tinha odor de urina e poças d’água, levando à presunção de que não estava em uso. Não se pode olvi-dar que a Unidade deve assegurar aos internos o direito ao esporte, ao lazer e à saúde, direitos estes reconhecidos constitucionalmente. Ademais, o esporte faz parte de um dos eixos de organização dos parâmetros socioeducativos estabele-cidos nas normas de referência do SINASE.

Pode-se constatar que a equipe técnica estava defasada, razão pela qual haviaasobreposiçãodeatribuiçõesdosprofissionaisdeserviçosocialedepsico-logia,oqueévedadolegalmente.Essesfatoresprejudicamaeficáciadotrabalhopedagógico.

O quadro de pessoal acima demonstra claramente a discrepância entre a estrutura de recursos humanos da Unidade e a composição da equipe mínima estabelecida pelo SINASE. Por ocasião da visita havia 2 (dois) psicólogos e 66 (sessenta e seis) educadores sociais17 para uma Unidade com capacidade para 110 (cento e dez) adolescentes. Não se pode deixar de observar a necessidade da pre-sença de educadores sociais na dinâmica institucional consistente, por exemplo, no acompanhamento dos internos para atendimentos técnicos e de saúde dentro e fora da Unidade, nos casos de custódia hospitalar, visitas familiares, acompa-nhamento para audiências, casos de risco de fuga e de suicídio. Considerando-se, ainda,anecessidadedeafastamentodessesprofissionais,motivadaporfériaselicenças.

Osinternoshipossuficientesestavamsendoprejudicadosnoqueserefereà garantia de defesa técnica na fase de execução do processo judicial, haja vista o fato de a Unidade não dispor de advogado em seu quadro de pessoal e de não haver Defensoria Pública na Comarca, lacunas a serem supridas pelo Poder Exe-cutivo Estadual.

Faz-se oportuno destacar a importância de se: a) elaborar o Guia para a Família do Adolescente sobre o estabelecimento e o Guia do Educador Social; b) criar programas de acompanhamento e supervisão de servidores referente às consequências dos trabalhos desenvolvidos pelo educador social para a saúde mental do adolescente.

A despeito de não fazer parte das normas disciplinares da Unidade a proi-biçãodefrequentarasatividadesescolares,faz-seimprescindívelverificarsenocotidiano esta prática não está sendo adotada.

17 Um psicólogo estava em férias e ou outro em licença especial.

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Cumpre ressaltar que os internos foram grandemente prejudicados com otérminodocontratodeprestaçãodeserviçosdeiniciaçãoprofissional,nose-gundo semestre de 2015, sem que houvesse o planejamento de outros cursos. A Unidadetemodever,estabelecidolegalmente,deasseguraraprofissionalizaçãoao interno.

Em atenção ao princípio da busca do melhor interesse do adolescente, su-gere-seaverificaçãodaconveniênciadaincorporaçãodasatividadesnoginásioàs atividades de educação, uma vez que tal prática reduz a frequência dos inter-nos às atividades esportivas no contraturno.

Na área da saúde gerou preocupação a informação de que não havia es-toque de medicamentos em quantidade adequada à necessidade dos internos, bem como o fato de haver apenas 1 (um) médico psiquiatra – que permanece no CENSE Curitiba – para prestar atendimento a todos os internos das Unidades de socioeducação situadas em Curitiba e região metropolitana. Ainda, na data da realização da visita, 30% dos internos apresentavam características de bipolari-dade e havia 2 (dois) internos com transtorno mental grave, além da ocorrência de casos de tentativas de suicídio.

Outrossim, fez-se preocupante: a) a insalubridade dos alojamentos; b) a existência de garrafas PET funcionando como “chuveiros”; c) a realização de re-feições nos alojamentos e, d) a consequente permanência de restos de alimentos, por horas, em seu interior, tornando o ambiente mais insalubre.

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1.5 CENSE DE CAMPO MOURÃO

1.5.1 ESTABELECIMENTO

Localizado no município de Campo Mourão, constitui-se em Unidade de Internação masculina que dispõe de 20 (vinte) vagas, 5 (cinco) destinadas para Internação Provisória e 15 (quinze) para Internação por prazo indeterminado. Estes eram separados somente por compleição física e não por idade ou tipo de infração.

Conforme informado, na data da visita (30 de outubro de 2015), havia 24 (vinte e quatro) internos. Em caso de superlotação eram utilizados colchões ex-tras, colocados no piso dos alojamentos. O Estado vinha fazendo a reposição de roupas, colchões e materiais de higiene pessoal para os internos.

Na ocasião não foi possível precisar a cidade de origem dos internos. Sou-be-se que nem todos eram oriundos somente daquela Comarca. A presença de adolescentes de outros municípios devia-se a critérios da Central de Vagas do DEASE e não, necessariamente, para a preservação da integridade física dos mesmos. Foi informado que a visita dos familiares era custeada pelo Estado.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 11 – Aspectos físicos do CENSE Campo Mourão

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições Não havia

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não havia

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios X

Espaço para atividades pedagógicas X

Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

X

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X

Espaço para a profissionalização X

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Os adolescentes realizavam refeições em seus respectivos alojamentos.

1.5.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA

Relatou-se que a gestão da Unidade se dava de forma participativa e demo-crática, e integrantes da comunidade socioeducativa participavam das delibera-ções, da organização, das avaliações e das decisões sobre o funcionamento dos programas de atendimento.

Eram realizadas assembleias deliberativas com coordenação não rotativa, realizadas semanalmente, com registro por meio de atas.

HaviadiagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildosinternosparaoplanejamento e a execução da ação socioeducativa, realizado mensalmente, e a Unidade dispunha de sistema de monitoramento, avaliação e indicadores.

Segue a composição do quadro de pessoal:

QUADRO 12 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Campo Mourão

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 Coordenador técnico 01 PedagogoAssistentes sociais 02 Psicólogos 01 Pedagogos 02 Advogado 0 Educadores sociais 21 Coordenador administrativo 01 Médico 0 Enfermeiro 01 Cirurgião dentista 0 Terapeuta ocupacional 0 Auxiliar de enfermagem 03 Técnico de enfermagemAuxiliar de consultório dentário 0 Outros (especificar) 01 Sociólogo – servidor efetivo

A proporção de 2 (dois) assistentes sociais e 2 (dois) psicólogos para cada 40 (quarenta) adolescentes era respeitada e não havia sobreposição de suas atri-buições. Entretanto, citou-se que a equipe estava defasada devido à necessidade de, ao menos, mais 6 (seis) educadores sociais no quadro de pessoal.

Mencionou-se: a) a capacitação introdutória de educadores sociais ante-riormente ao seu ingresso na Unidade, com a duração de 1 (uma) semana, reali-zada em Curitiba; b) a previsão de formação continuada inclusive dos técnicos; c) não haver a supervisão externa e/ou acompanhamento da Unidade coordenada por especialistas extrainstitucionais, mas somente a inspeção mensal efetuada

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pela autoridade judiciária e pelo órgão do Ministério Público da Comarca; d) os internos não recebiam assistência jurídica sistemática na fase do processo de execução por inexistir Defensoria Pública instalada na Comarca e; e) os internos eram assistidos por advogados constituídos ou dativos.

1.5.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Mencionou-se que o PPP era: a) do conhecimento dos integrantes da co-munidade socioeducativa; b) operacionalizado por meio do planejamento das ações e submetido ao monitoramento e a avaliação e; c) desenvolvido, de modo compartilhado, entre a equipe institucional, os internos e as famílias.

O interno participava criticamente na construção, no monitoramento e na avaliação das ações socioeducativa e a família participava da experiência, o que se dava por intermédio de: a) contato telefônico18; b) visita dominicais; c) liga-ções telefônicas; e) reuniões multidisciplinares e; f) cartas.

Foi relatado que: a) Unidade possuía Regimento Interno, Manual do Edu-cador Social, mas não Guia do Adolescente e da Família; b) a última formação continuada dos atores sociais deu-se em 2014, com a participação de órgãos res-ponsáveis pelas políticas públicas e sociais concernentes à temática infanto-ju-venil;c)havianormasdisciplinaresclarasedefinidas;d)haviaasocializaçãodeinformaçõeseaconstruçãodesaberesdaequipemultiprofissional(educadorese técnicos) e; e) havia programas de acompanhamento/supervisão dos servidores quanto às consequências do trabalho por eles desenvolvido à saúde mental do adolescente.

1.5.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Foi informado que o PIA – elaborado pelos técnicos, família, adolescente e educador de referência – era efetivamente implementado e que o acompanha-mento dos objetivos e das metas previstos era realizado mensalmente.

Os técnicos realizavam mapeamento e visitas aos equipamentos públicos e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do adolescente com o ob-jetivo de compor estudos de caso e relatórios. Todavia, a Unidade não possuía programa de acompanhamento de egressos e suas famílias.

18 Cada adolescente tem o direito de realizar, semanalmente, uma ligação telefônica para seus familiares, com a duração de 5 (cinco) minutos.

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Na escolarização havia disciplina que contemplasse o conteúdo de Direitos Sociais/Direitos Humanos, tratados, também, de forma transversal.

Na data da visita havia 5 (cinco) adolescentes realizando atividades externas.

1.5.5 EDUCAÇÃO

Soube-se que: a) o interno era inserido no sistema EJA tão logo ingressava na Unidade; b) a qualidade do ensino oferecido era feita pelo Núcleo Regional de Educação (NRE); c) o grau de aprendizagem era medido pelos pedagogos da Unidade e do PROEDUSE e; e) eram ofertadas propostas pedagógicas diferen-ciadas e programas destinados à aceleração da aprendizagem e/ou adequação idade/série.

1.5.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Durante a vigência do contrato com a “Associação Horizontes”, que expi-rouemsetembro/2015,eramoferecidososcursosdeiniciaçãoprofissionalabai-xo mencionados. Não restaram claras quais atividades pedagógicas, culturais e/ou de lazer eram realizadas pelos internos no contraturno escolar.

QUADRO 13 – Cursos de profissionalização – CENSE Campo Mourão

Curso Duração Carga horária Dentro ou fora da Unidade

PRONATEC 3 meses 200 h Na Unidade

Garçom 2,5 meses 60 h Na Unidade

Pequenos reparos 2,5 meses 60 h Na Unidade

Colocação de gesso 2,5 meses 60 h Na Unidade

Colocação de vidros e azulejos 2,5 meses 60 h Na Unidade

Mencionou-se que há internos encaminhados ao mercado formal de traba-lho, em estágios remunerados, a partir de convênios com a iniciativa privada ou pública.

1.5.7 SAÚDE

Foi informado que havia estoque de medicamentos adequado às necessi-dades dos internos, porém a Unidade não dispunha de médico em seu quadro de pessoal. Logo, os internos eram encaminhados à rede de saúde local. O trata-

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mentoindividualeespecializadoaosinternoscomdeficiênciaoudoençamentale os cuidados de saúde, incluindo os relacionados ao uso de álcool e outras subs-tâncias psicoativas, eram prestados pelo Centros de Apoio Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) ou por hospital psiquiátrico. No último ano houve 4 (quatro) casos de internos com transtorno mental grave.

Relatou-seaocorrênciade tentativasdesuicídio.Oscasos identificadosreceberam acompanhamento psiquiátrico, oferecido pela rede pública de saúde, e a equipe da Unidade adotava as orientações constantes do Caderno de Socioe-ducação de Prevenção do Suicídio, produzido pela SEJU.

1.5.8 OBSERVAÇÕES

O CENSE deveria separar os internos por critérios de idade e de gravidade de infração, não somente por compleição física, como era a prática adotada na ocasião.

Há de se observar, com zelo, o direito legalmente estabelecido de o interno permanecer na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio dos pais ou responsável, direito este que somente não deve ser preterido na hipótese de haver risco à sua integridade física/mental.

Destaca-se a necessidade de se oferecer espaço adequado aos internos para realização das refeições diárias (refeitório) que, segundo informado na data da visita, eram realizadas no próprio alojamento.

Faz-se necessário observar o quadro de integrantes da comunidade so-cioeducativa, especialmente no que refere ao número de educadores sociais e desenvolver a formação continuada aos servidores integrantes da comunidade socioeducativa, periodicamente.

Considerando-se que os internos não recebem assistência jurídica, de for-ma sistemática, na fase do processo de execução, por inexistir Defensoria Pú-blica instalada na Comarca, faz-se necessário que o Poder Executivo cumpra o estabelecido pelo SINASE no que se refere à contratação de advogado.

Observou-se que o CENSE dispõe do Manual do Educador Social. Logo, sugere-se que tanto a metodologia de construção quanto o seu conteúdo sejam socializados aos demais que ainda não o elaboraram.

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Sugere-se, ainda, a divulgação, às demais Unidades, do programa de acompanhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências dotrabalhoporelesdesenvolvidoparaasaúdementaldoadolescente,afimdeque venham também a observá-lo.

Não se poderia deixar de mencionar a necessidade urgente de se propi-ciaraprofissionalizaçãodosinternosqueforamgrandementeprejudicadospelotérminodocontratodeprestaçãodeserviçosdeiniciaçãoprofissional,semquehouvesse o planejamento de outros cursos, o que os expõe à ociosidade.

Observou-se que a Unidade não atende à recomendação das normas de referência do SINASE, que aponta para a necessidade da presença de médico e cirurgião dentista para compor a equipe técnica de saúde. Essa inobservância torna-se mais grave ao se considerar a existência de internos que precisam de cuidadosespeciais,sejapordeficiênciaoudoençamental,incluindo-seasrela-cionadas ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas, e os casos de tentativa de suicídio.

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1.6 CENTRO DE SOCIOEDUCAÇÃO FOZ DO IGUAÇU

1.6.1 O ESTABELECIMENTO

Localizado no município de Foz do Iguaçu, constitui-se em Unidade de Internação masculina e feminina, com 97 (noventa e sete) vagas, 43 (quarenta e três) destinadas para Internação Provisória e 54 (cinquenta e quatro) para Inter-nação por prazo indeterminado, segundo consta do site da SEJU. A separação dos internos se dava pelo critério de compleição física, segundo dito pela direção.

Na data da visita (29 de outubro de 2015), a Unidade contava com 68 (ses-senta eoito) adolescentes.Não foramespecificadasas cidadesdeorigemdosinternos.Justificou-seaInternaçãolongedodomicíliodafamíliaoudorespon-sável por necessidade de preservação da integridade física do adolescente, inclu-sivepordificuldadedeconvívionaUnidadedeorigem.Foirelatadoquehaviaum interno em isolamento, por problema disciplinar, e que a Unidade não tinha superlotação desde meados de 2014.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados.

QUADRO 14 – Aspectos físicos do CENSE Foz do Iguaçu

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições X

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não havia

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios X

Espaço para atividades pedagógicas X

Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

X

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X

Espaço para a profissionalização X

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Não havia refeitórios destinados aos adolescentes, que tinham suas refei-ções servidas em marmitas nos seus próprios alojamentos.

Soube-se que o Estado tem feito a reposição de roupas e materiais de higie-ne pessoal para os internos, mas não de colchões. Estes estavam em condições precárias,comaespumafina,empedaços,ecolocadadiretamentesobreoses-tradosdeconcretodascamas.Justificou-seestaprecariedadeemvirtudedaaltarotatividade de adolescentes.

Não havia chuveiros. A água saía direto dos dutos de água fria. A razão alegada foi a de que os internos quebravam os chuveiros sempre que estes eram recolocados.

Na área destinada ao alojamento feminino, não dispunha de estrutura ade-quadaparaapermanênciadosfilhosdasinternas,porsetratardeUnidadevol-tada à internação provisória. As internas, quando grávidas, 45 (quarenta e cinco) dias antes de dar à luz, eram enviadas a Curitiba.

1.6.2 GESTÃO DAS UNIDADE/PROGRAMA

Informou-se que: integrantes da comunidade socioeducativa (diretor, coor-denador técnico, psicólogos, pedagogo, assistentes sociais e educadores sociais) participavam das deliberações, da organização, das avaliações e das decisões sobre o funcionamento dos programas de atendimento; b) semanalmente eram realizadas assembleias deliberativas, cuja coordenação não se dava de forma rotativa e cujo registro era feito por meio de atas; c) a Defensoria Pública era convidada para as assembleias, uma vez que 95% dos internos não possuíam advogado constituído; d) Havia a supervisão externa da Unidade, realizada bi-mestralmente pelo promotor de justiça, juiz da Vara da Infância e Juventude e Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA); d) os adolescentes dispunham de atendimento jurídico tanto no curso do processo de conhecimento quanto de execução, prestado pela Defensoria Pública e; e) so-mente 5% dos adolescentes possuíam advogado constituído.

OdiagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildosadolescentesatendi-dos era feito sempre que havia novo fato ou situação, para o planejamento e exe-cução da ação socioeducativa. Acrescido a isso, a Unidade dispunha de sistema de monitoramento, avaliação de indicadores.

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Foi informado que: a) a equipe não estava defasada e que havia a propor-ção de 2 (dois) assistentes sociais e 2 (dois) psicólogos para cada 40 (quarenta) adolescentes;b)nãohaviaasobreposiçãodeatribuiçõesdosprofissionaisdeam-bas as áreas; c) quinzenalmente, os internos recebiam atendimento individual e multidisciplinar,quandoeramverificadasasnecessidadesedemandas;d)houvea capacitação introdutória dos educadores sociais que ingressaram no Sistema, com a duração de 15 (quinze) dias e; e) havia a previsão de formação continuada dos técnicos e educadores sociais.

1.6.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Relatou-se que o PPP era conhecido por todos os integrantes da comunida-de socioeducativa. Entretanto, não era efetivamente operacionalizado pelo fato de a Unidade não dispor de Regimento Interno.

Informou-se que: a) não havia a participação crítica dos adolescentes na construção, no monitoramento e na avaliação das ações socioeducativas; b) a Unidade possuía Guia do Adolescente e da Família, mas não Regimento Interno e Manual do Educador Social; c) não havia formação continuada dos atores so-ciais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais pertinentes à temática infanto-juvenil; d) as normas disciplinares eram claras e definidas;e)informaçõeseaconstruçãodesaberesdaequipemultiprofissional(educadores e técnicos) eram socializadas e; f) não havia programas de acompa-nhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do traba-lho por eles desenvolvido para a saúde mental do adolescente.

1.6.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Informou-se que o PIA era elaborado com a participação de todos os pro-fissionaisecontavacomaparticipaçãodeeducadoressociais.Entretanto,nãoera efetivamente implementado. Os seus objetivos e metas eram acompanhados tanto na convivência quanto no próprio atendimento.

Os técnicos da Unidade realizavam visitas aos equipamentos públicos e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do adolescente com o objetivo de compor estudos de caso. Entretanto, não dispunham de mapeamento das ins-tituições, programas, equipamentos públicos, sociais e comunitários nos quais o adolescente podia ser inserido.

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Não havia programa de acompanhamento de egressos e suas famílias.

Havia disciplina que contemplava o conteúdo de Direitos Sociais/Direitos Humanos e esse conteúdo era trabalhado de forma transversal.

Foi informado que a realização de atividades externas era quase impraticá-vel diante do alto índice de evasão. Dos 68 (sessenta e oito) adolescentes, apenas 2 (dois) realizavam atividades externas.

As queixas mais frequentes de internos eram relativas à falta de visitas, em razãodafaltadecondiçõesfinanceirasdosfamiliaresepelonãofornecimentodepassagens aos familiares, pelo Estado. Reclamaram, também, da falta de cursos edaestruturalocalmuitodanificada,inclusive,emrazãodaschuvasocorridas. Representante daUnidade ratificou que adolescentes de outras comarcas nãorecebiam visitas familiares, acrescentando que o Estado deixou de fornecer pas-sagens no ano de 2015.

1.6.5 EDUCAÇÃO

A qualidade do ensino foi reconhecida como “boa”. As turmas contavam com 5 (cinco) ou 6 (seis) alunos. Já o grau de aprendizagem dos alunos era me-dido pelos professores, psicóloga e pedagoga da Unidade. Não havia oferta de propostas pedagógicas diferenciadas e programas destinados à aceleração da aprendizagem ou adequação idade/série e não fazia parte das normas disciplina-res punir com a proibição de frequentar aulas.

1.6.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Informou-se que no primeiro semestre de 2015, 100% dos adolescentes estavam inseridos emcursos de iniciaçãoprofissional.Os internos, inclusive,escolhiam os cursos de acordo com o seu interesse e anseio. Todavia, no segundo semestre não foram oferecidos cursos em decorrência do término do(s) contra-to(s) até então vigente(s).

Na ocasião da visita não havia adolescentes inseridos no mercado formal de trabalho, em estágios remunerados, a partir de convênios com a iniciativa privadaoupública.Ainda,nãoficouclaroqueatividadesosadolescentesdesen-volviam no contraturno escolar.

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Foi mencionado que em 2015 não foi implementado o programa de apren-dizado, em parceria com a Companhia Paranaense de Energia (COPEL) e com a Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), que apresentava ótimos resultados. Quando era desenvolvido, 50 (cinquenta) adolescentes participaram e, posteriormente, ingressaram no mercado de trabalho.

1.6.7 SAÚDE

A Unidade não dispunha de médico, razão pela qual os adolescentes, quan-do necessário, eram encaminhados para atendimento médico do SUS. Havia um convênio com o Município e um médico deslocava-se 1 (uma) vez por semana e prestava serviços por 1 (uma).

Relatou-se: a) maior incidência de problemas dermatológicos tratados com medicação tópica e oral; b) que os internos que necessitavam de cuidados es-peciais em saúdemental – por deficiência ou doençamental, incluindo-se asrelacionadas ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas – estavam rece-bendo cuidados especiais; c) que internos com histórico de tentativa de suicídio recebiam tratamento diferenciado; d) que na data da realização da visita havia 11 (onze) adolescentes portadores de transtorno mental; e) na data da visita não estavam ocorrendo casos de tentativas de suicídio.

Mencionou-se um caso de suicídio de interno que não apresentava históri-co ou tendência nesse sentido, ocorrido em 2014.

1.6.8 OBSERVAÇÕES

A Unidade deve adequar-se ao estabelecido legalmente no que se refere à obrigatoriedade de separação dos internos, inclusive, segundo a idade.

Há de se observar, com zelo, o direito legalmente estabelecido de o interno permanecer na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio dos pais ou responsável, direito este que somente não deve ser preterido na hipótese de haver risco à sua integridade física/mental. Há, também, de se diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos vínculos familiares. Conside-rando-se a existência de internos oriundos de outras comarcas, faz-se necessário que o Poder Público lhes assegure (custeie) o direito ao recebimento de visitas periódicas de familiares.

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Em razão do exposto acima, em relação à precariedade da estrutura física e dos colchões, da falta de chuveiro e da inexistência de refeitórios para os inter-nos, faz-se oportuno mencionar que uma das obrigações da Unidade de Interna-ção, previstas legalmente, consiste em oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança.

Não se poderia deixar de mencionar a necessidade urgente de se propi-ciaraprofissionalizaçãodosinternosqueforamgrandementeprejudicadospelotérminodocontratodeprestaçãodeserviçosdeiniciaçãoprofissional,semquehouvesse o planejamento de outros cursos, o que os expõe à ociosidade.

Observou-se que a Unidade não atende à recomendação das normas de referência do SINASE, que aponta para a necessidade da presença de médico, enfermeiro e cirurgião dentista para compor a equipe técnica de saúde. Essa inobservância torna-se mais grave ao se considerar a existência de 11 (onze) in-ternos portadores de transtorno mental grave.

Porfim,cumpredestacarqueaDefensoriaPública,também,encontrava--sepresentenomomentodavisita,fazendoregistros,inclusivefotográficos,parafinsderequereraoMinistérioPúblicoatomadadeprovidênciasparaqueaentão“urgente reforma” do estabelecimento fosse feita com brevidade. Pela simples ve-rificaçãovisual,pode-sechegaràconclusãodenecessidadedeinterdiçãodolocal.

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1.7 CENSE LARANJEIRAS DO SUL

1.7.1 ESTABELECIMENTO

Unidade de Internação masculina localizado no município de Laranjeiras do Sul, com 88 (oitenta e oito) vagas, 20 (vinte) destinadas para Internação Pro-visória e 68 (sessenta e oito) para Internação por prazo indeterminado, segundo consta do site da SEJU. A separação dos internos se dava por critérios de idade e de compleição física e não pela gravidade da infração, conforme informado.

Na data da visita (05 de novembro de 2015), a Unidade estava lotada, con-tando,inclusive,cominternosdeoutrasComarcasdoParaná,nãoespecificadas.Asjustificativasapresentadasparaasegregaçãosocial,longedodomicíliodafa-mília ou do responsável, foram: a) a falta de vagas nas Unidades mais próximas; b) a necessidade de preservação da integridade física do interno e, c) a segurança da Unidade de origem. Havia, inclusive, internos em convivência protetiva.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 15 – Aspectos físicos do CENSE Laranjeiras do Sul

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições X

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não havia

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios X

Espaço para atividades pedagógicas X

Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

X

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X

Espaço para a profissionalização X

Apesar de haver espaço adequado, as refeições não eram feitas no refeitório.

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Foi mencionado que não era feita a reposição de roupas, colchões e materiais dehigienepessoalparaosinternosequeaquantidadedisponíveleradeficitária.Ainda, as visitas dos familiares não vinham sendo custeadas pelo Poder Executivo.

1.7.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA

Relatou-se que integrantes da comunidade socioeducativa participavam das deliberações, da organização, das avaliações e das decisões sobre o fun-cionamento dos programas de atendimento. Semanalmente eram realizadas assembleias deliberativas, com coordenação rotativa, e anualmente era feito o diagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildosinternos,paraoplanejamentoe execução da ação socioeducativa. Acrescido a isso, a Unidade dispunha de sistema de monitoramento, avaliação e de indicadores.

Segue a composição do quadro de pessoal:

QUADRO 16 – Composição do Quadro de pessoal do CENSE Laranjeiras do Sul

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 Coordenador técnico 01 Diretor TécnicoAssistentes sociais 02 Psicólogos 03 Pedagogos 01 + 01 servidor da SEEDAdvogado 0 Educadores sociais 66 Coordenador administrativo 0 Médico 0 Enfermeiro 0 Cirurgião dentista 0 Terapeuta ocupacional 1 Auxiliar de enfermagem 3 Auxiliar de consultório dentário 0 Outros (especificar) 05 Téc. administrativos

Relatou-se que a equipe estava defasada e fez-se referência à sobreposição deatribuiçõesdosprofissionaisdoServiçoSocialedaPsicologia,considerando--se a composição demonstrada acima.

Foi mencionado que, normalmente, havia a capacitação de educadores sociais anteriormente à sua inserção no Sistema, excetuando-se os últimos 35 (trinta e cinco) que ingressaram no último concurso. Não havia supervisão externa e/ou acompanhamento das unidades e/ou programas, coordenada por especialistas extrainstitucionais.

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Os internos não dispunham de atendimento jurídico prestado pelo Estado, uma vez que a Comarca não possuía Defensoria Pública. No curso do processo de execução eram assistidos por advogados nomeados, cujos atendimentos eram realizados conforme a necessidade.

1.7.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Foi informado que: a) o PPP era conhecido por todos os integrantes da comunidade socioeducativa; b) era efetivamente operacionalizado por meio do planejamento das ações e submetido a monitoramento e avaliação; o PIA era desenvolvido de modo compartilhado (equipe institucional, adolescentes e famí-lias); c) não havia a participação crítica dos internos na construção, no monito-ramento e na avaliação das ações socioeducativas; d) a família e a comunidade não interagiam na experiência socioeducativa; e) a família decidia somente o que eraespecíficoaointernoe;f)aUnidadepossuíaRegimentoInterno,GuiadoAdolescente e da Família e Manual do Educador Social.

Relatou-se que: a) não havia formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais afetas à temáticainfanto-juvenil;b)asnormasdisciplinareseramclarasedefinidas;c)havia socialização de informações e a construção de saberes da equipe multipro-fissional(educadoressociaise técnicos)e;d)haviaprogramasdeacompanha-mento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do trabalho por eles desenvolvido para a saúde mental do adolescente.

1.7.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

O PIA era elaborado com a participação dos técnicos de referência, técni-cos de saúde, professores, instrutores, educadores sociais, adolescentes e família, sendo da responsabilidade dos primeiros realizar o acompanhamento dos objeti-vos e metas estabelecidos. Todavia, a sua efetiva implementação era prejudicada devido à realidade da comunidade.

Os técnicos da Unidade realizavam visitas aos equipamentos públicos e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do interno com o objetivo de compor estudos de caso e relatórios. Eles dispunham de mapeamento das instituições, programas, equipamentos públicos, sociais e comunitários nos quais o adolescente poderia ser inserido. Entretanto, não havia programa de acompanhamento de egressos e suas famílias.

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Informou-se que: a) os contatos com familiares/responsável eram realiza-dos por telefone, cartas, visitas domiciliares e visitas à Unidade; b) havia disci-plina que contemplava o conteúdo de Direitos Sociais/Direitos Humanos e esse conteúdo era trabalhado de forma transversal; c) somente 4% dos adolescentes realizavam atividades externas e; d) uma das queixas mais frequentes dos inter-noseraafaltadecondiçãofinanceiradasfamíliasparavisitá-losnaUnidade.

1.7.5. EDUCAÇÃO

Foi informado que: a) o interno era inserido no sistema de ensino (EJA) em torno de 10 (dez) dias contados do ingresso na Unidade; b) a qualidade do ensino, medida pela SEJU e pela SEED, foi reconhecida como “ótima”, pelo fato de as turmas serem pequenas e de os professores serem experientes; c) o grau de aprendizagem dos alunos era medido pela equipe pedagógica da Unidade e; d) havia oferta de propostas pedagógicas diferenciadas e programas destinados à aceleração da aprendizagem ou adequação idade/série.

1.7.6. PROFISSIONALIZAÇÃO

Quando da realização da visita, o único curso oferecido era o de operação de computador, com a duração de 3 (três) meses e carga horária de 160 (cento e sessenta) horas. Outros, a serem oferecidos, estavam em processo licitatório.

Foi relatado que no primeiro semestre de 2015, 90% dos internos frequen-tavamcursosdeiniciaçãoprofissional.Nosegundosemestredoreferidoano,opercentual baixou para 50%, em decorrência da falta de oferta de cursos.

Nãohaviainternosinseridosnomercadoformaldetrabalhoenãoficouclaro quais atividades eram desenvolvidas no contraturno.

1.7.7 SAÚDE

O atendimento médico oferecido na Unidade não era adequado às necessi-dades dos internos, que eram encaminhados para os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive para receber medicamentos.

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Vinha ocorrendo maior incidência de problemas dermatológicos e os inter-nos estavam sendo encaminhados para o SUS. Os que necessitavam de cuidados especiais–pordeficiênciaoudoençamental,incluindo-seasrelacionadasaousode álcool e outras substâncias psicoativas – eram encaminhados aos CAPS.

Na data da realização da visita havia 2 (dois) internos com transtorno mental.

Relatou-se a ocorrência de tentativas de suicídio e a Unidade obedecia ao protocoloespecíficoparataissituações.

1.7.8 OBSERVAÇÕES

Pode-severificarquehaviadificuldadedesegarantirodireitoàconvivên-cia familiar e comunitária aos internos, uma vez que existiam internos oriundos de Comarcas distantes, inclusive por falta de vagas nas Unidades mais próximas de suas cidades de origem. Segundo relato, uma das queixas mais frequentes dos internosfoiafaltadecondiçõesfinanceirasdasfamíliasparavisitá-los.

Nadatadavisitaverificou-seque:a)apesardehaverespaçoadequadopara as refeições, estas estavam sendo feitas em lugar diverso; b) a reposição de roupas,colchõesemateriaisdehigienepessoaleradeficitáriaec)asvisitasdosfamiliares não vinham sendo custeadas pelo Poder Executivo. Em razão disso, faz-se oportuno mencionar algumas das obrigações da Unidade de Internação, previstaslegalmente:a)oferecervestuáriosuficienteeadequado;b)oferecerinstalações físicas em condições adequadas e objetos necessários à higiene pessoal e c) diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos vínculos familiares.

No que se refere à gestão da Unidade, pode-se constatar que a equipe téc-nicaestavadefasadaehouvereferênciaàsobreposiçãodeatribuiçõesdosprofis-sionais de Serviço Social e de Psicologia, o que é vedado legalmente.

Osinternoshipossuficientesestavamsendoprejudicadosnoqueserefereàgarantia de defesa técnica no processo de execução, uma vez que não dispunham de atendimento jurídico prestado pelo Estado, pela inexistência de advogado no quadro de pessoal da Unidade e de Defensoria Pública na Comarca, lacuna a ser suprida pelo Poder Público.

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Considerando-se que o estabelecimento possui Guia do Adolescente e da Família e Manual do Educador Social, esses documentos deveriam ser sociali-zadosparaosqueaindanãoospossuem.Omesmopode-seafirmaremrelaçãoao programa de acompanhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do trabalho por eles desenvolvido para a saúde mental do ado-lescente e às propostas pedagógicas diferenciadas e aos programas destinados à aceleração da aprendizagem ou adequação idade/série, não implementados por todos os CENSEs do Estado.

Não se poderia deixar de mencionar a necessidade urgente de se propi-ciaraprofissionalizaçãodosinternosqueforamgrandementeprejudicadospelotérminodocontratodeprestaçãodeserviçosdeiniciaçãoprofissional,semquehouvesse o planejamento de outros cursos, o que os expõe à ociosidade.

Observou-se que a Unidade não atendia à recomendação das normas de referência do SINASE, que aponta para a necessidade da presença de médico, enfermeiro e cirurgião dentista para compor a equipe técnica de saúde. Essa inobservância torna-se mais grave ao se considerar a existência de internos que precisamdecuidadosespeciais,sejapordeficiênciaoudoençamental,incluin-do-se as relacionadas ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas, e os casos de tentativa de suicídio.

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1.8 CENSE LONDRINA I

1.8.1 ESTABELECIMENTO

Localizado no município de Londrina, constitui-se em Unidade de Inter-nação Provisória que, até o ano de 2010, tinha capacidade para 82 (oitenta e dois) adolescentes. Na data da visita (04 de novembro de 2015), dispunha de 60 (sessenta) vagas – 4 (quatro) femininas e 56 (cinquenta e seis) masculinas. Os internos eram separados por compleição física e por idade.

Conforme informado, havia 59 (cinquenta e nove) internos, atendidos com a reposição de roupas, colchões e materiais de higiene pessoal por parte do Estado.

Não foi possível precisar a cidade de origem dos internos. Soube-se que a maior parte era oriunda da região norte e alguns da região noroeste do estado (Colorado, Campo Mourão e Toledo). Na ocasião, a presença de internos de mu-nicípios mais distantes onde, inclusive, há CENSEs, devia-se à necessidade de preservação da integridade física. Foi informado que a visita mensal dos fami-liares era custeada pelo Poder Executivo 1 (uma) vez ao mês.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 17 – Aspectos físicos do CENSE Londrina I

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições Eram feitas no alojamento

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não há

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios X

Espaço para atividades pedagógicas X

Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

X

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X

Espaço para a profissionalização Não havia

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Não se disse os motivos pelos quais vários espaços eram “inadequados”.

1.8.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA

Relatou-se que a gestão da Unidade se dava de forma participativa e de-mocrática e que os integrantes da comunidade socioeducativa participavam das deliberações, da organização, das avaliações e das decisões sobre o funciona-mento dos programas de atendimento. Entretanto, não eram realizadas assem-bleias deliberativas.

Não havia diagnóstico situacional daUnidade e do perfil dos internospara o planejamento e execução da ação socioeducativa e a Unidade dispunha de sistema de monitoramento, avaliação e indicadores.

Segue a composição do quadro de pessoal:

QUADRO 18 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Londrina I

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 Coordenador técnico 0 Assistentes sociais 04 01 em vias de aposentadoriaPsicólogos 04 01 em processo de aposentadoria e 01 é o diretorPedagogos 01 Advogado 0 Educadores sociais 56 Coordenador administrativo 01 Em licença-maternidade sendo substituídaMédico 02 01 Clínico Geral e 01 PsiquiatraEnfermeiro 01 Cirurgião dentista 01 Terapeuta ocupacional 01 Em licença-prêmio Auxiliar de enfermagem 04 Auxiliar de consultório dentário 0 Outros (especificar)

Obs.: Psiquiatra 3 vezes por semana; Clínico Geral todos os dias.

Aequipeestavadefasadaehaviasobreposiçãodeatribuiçõesdosprofis-sionais de Serviço Social e Psicologia considerando-se a composição acima.

Anteriormente, a capacitação introdutória dos educadores sociais tinha a duração de 1 (um) mês. Todavia, não houve possibilidade de realização de curso para o último grupo que ingressou no Sistema para substituir – às pressas – os celetistas. A capacitação deste grupo seria feita pela SEJU. Havia, também, a previsão de formação continuada dos técnicos e dos demais educadores sociais.

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Os internos recebiam assistência jurídica, semanalmente, no curso do pro-cesso de execução, oferecida pela Defensoria Pública.

1.8 3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Mencionou-se que o PPP era do conhecimento de todos os integrantes da comunidade socioeducativa; vinha sendo efetivamente operacionalizado por meio do planejamento das ações, mas não submetido a monitoramento e avalia-ção. Seu desenvolvimento se dava de modo compartilhado entre a equipe insti-tucional, os internos e as famílias.

O interno não participava criticamente na construção, no monitoramento e naavaliaçãodasaçõessocioeducativas.Afirmou-sequeasrespectivasfamíliasparticipavamdestasações,masnãoseespecificoucomoelasocorriam.

A Unidade não possuía Regimento Interno, Guia do Adolescente e da Famí-lia e Manual do Educador Social. Estes documentos foram elaborados pelo Estado.

Informou-seque:a)havianormasdisciplinaresclarasedefinidas;b)haviaa socialização de informações e a construção de saberes da equipe multipro-fissional(educadoresetécnicos);c)nãohaviaprogramasdeacompanhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do trabalho por eles desenvolvido para a saúde mental do adolescente; d) havia formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas pú-blicas e sociais pertinentes à área infanto-juvenil, mas sem regularidade.

1.8.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL / EDUCAÇÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO DO ADOLESCENTE

Considerando-se que se trata de Unidade de Internação Provisória, o de-senvolvimentopessoalesocial,aeducaçãoeaprofissionalizaçãodointernode-vem ser analisados de forma diferenciada, inclusive, considerando-se o fato de não ter por incumbência a elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA).

Os técnicos realizavam visitas aos equipamentos públicos (unidades de saúde, CRAS, CREAS, escola, etc.) e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do interno, com o objetivo de compor estudos de caso e relatórios. Realizavam, também, o mapeamento das instituições, programas, equipamentos públicos, sociais e comunitários nos quais o interno poderia ser inserido.

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As queixas mais frequentes dos internos diziam respeito à alimentação, poucas atividades e condições estruturais da Unidade. Relataram que a questão da violência física estava, praticamente, zerada e que o preconceito persistia, mas estava sendo trabalhado.

A inserção do interno no sistema de ensino (EJA) era imediata. Informou--se que a sua qualidade – medida pelo Núcleo Regional de Educação – era con-siderada “boa”. Contudo, a carga horária de 200 (duzentas) horas-aula mensais oferecidas não permitia que se alcançasse a condição de excelência. Esta seria atingida com 300 (trezentas) horas-aula mensais. Já o grau de aprendizagem do aluno era avaliado pelas pedagogas do CENSE e da SEED com os professores.

Havia a oferta de propostas pedagógicas diferenciadas e programas desti-nados à aceleração da aprendizagem ou adequação idade/série.

Noqueserefereàprofissionalização,estanãoeraoferecidaaosinternosdevido ao curto período de permanência na Unidade.

1.8.5 SAÚDE

Informou-se que tanto o atendimento médico quanto o estoque de medi-camentos oferecido na Unidade eram adequados às necessidades dos internos. Estes, também, recebiam cuidados especiais em saúde mental, incluindo-se os relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas.

Havia 1 (um) psiquiatra – 3 (três) vezes por semana na Unidade – que acompanhava os transtornos menos severos. Informou-se que não havia como acompanhar casos de transtorno mental grave em um CENSE.

Vinham ocorrendo tentativas de suicídio e, para a prevenção e o enfren-tamento destes casos, os servidores seguiam protocolo de orientação. Para coi-bi-las, todos os adolescentes, ao chegarem à Unidade, eram submetidos a uma prévia avaliação médica. Nos casos de efetiva tentativa, associada a quadro de transtorno psiquiátrico severo, o paciente era encaminhado para um hospital es-pecializado em Psiquiatria.

1.8.6 OBSERVAÇÕES

Não obstante o fato de o CENSE separar os internos por critérios de com-pleição física e idade, deve procurar fazê-lo, também, pelo critério da gravidade

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da infração. Há de se observar, com zelo, o direito legalmente estabelecido de permanência na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio dos pais ou responsável.

Destaca-se a necessidade de se oferecer espaço adequado aos internos para realização das refeições diárias (refeitório), que, segundo informado, realizavam--se nos próprios alojamentos.

No que se refere à estrutura física da Unidade, só os espaços destinados ao setor administrativo e ao atendimento de saúde foram considerados adequados.

Quanto à gestão da Unidade, a equipe técnica estava defasada e havia a sobreposiçãodeatribuiçõesdosprofissionaisdaáreadeServiçoSocialedePsi-cologia, o que é vedado legalmente.

Não restou clara a rotina dos internos no contraturno, porém, queixaram--se da ociosidade, donde se infere ser necessário ampliar a oferta de atividades culturais, esportivas e de lazer.

Sugere-se que as propostas pedagógicas diferenciadas e os programas des-tinados à aceleração da aprendizagem, ou adequação idade/série, desenvolvidos naUnidade,sejamsocializadosafimdequeoutrasUnidadestambémpossamvir a implementá-los.

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1.9 CENSE LONDRINA II

1.9.1 ESTABELECIMENTO

Localizado no município de Londrina, constitui-se em Unidade masculina que dispõe de 60 (sessenta) vagas destinadas para Internação por prazo indeter-minado. Os internos eram separados por critérios de compleição física, idade e tipo de infração e eram atendidos pelo Estado com a reposição de roupas, col-chões e materiais de higiene pessoal.

Conforme informado, na data da visita (04 de novembro de 2015) a Uni-dade estava com a sua lotação completa, não sendo possível precisar a cidade de origem dos adolescentes. Soube-se que, aproximadamente, 70% (setenta por cento) da população era composta por moradores do próprio município e os demais haviam sido transferidos devido à necessidade de preservação da sua integridade física. Entretanto, a visita dos familiares não vinha sendo custeada pelo Poder Executivo.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 19 – Aspectos físicos do CENSE Londrina II

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições eram feitas no alojamento

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não havia

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios

Espaço para atividades pedagógicas X

Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

X

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X Apenas para esportes

Espaço para a profissionalização Não tem

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1.9.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA

Relatou-se que a gestão da Unidade se dava de forma participativa e de-mocrática, e os integrantes da comunidade socioeducativa participavam das de-liberações, da organização, das avaliações e das decisões sobre o funcionamento dos programas de atendimento.

Eram realizadas, semanalmente, assembleias deliberativas, registradas por meio de atas, com coordenação rotativa.

HaviadiagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildosinternosparaoplanejamento e a execução da ação socioeducativa, realizado semestralmente. A Unidade não dispunha de sistema de monitoramento, avaliação e indicadores.

Segue a composição do quadro de pessoal:

QUADRO 20 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Londrina II

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01

Coordenador técnico 01

Assistentes sociais 03

Psicólogos 03

Pedagogos 01

Advogado 0

Educadores sociais 48

Coordenador administrativo 01

Médico 01

Enfermeiro 0

Cirurgião dentista 01

Terapeuta ocupacional 01

Auxiliar de enfermagem 05

Auxiliar de consultório dentário 0

Outros (especificar) 01 Médico psiquiatra

A equipe não está defasada. A proporção de 2 (dois) assistentes sociais e 02 (dois) psicólogos para cada 40 (quarenta) adolescentes é respeitada e não há sobreposição de suas atribuições.

Foi citada a realização de capacitação introdutória de educadores sociais anteriormente à sua inserção na Unidade, com duração de 15 (quinze) dias. Ha-via, também, a previsão de formação continuada tanto deste segmento de servi-

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dores quanto dos técnicos, bem como a supervisão externa e/ou acompanhamen-to da Unidade coordenada por especialistas extrainstitucionais.

Os internos recebiam assistência jurídica sistemática na fase do processo de execução, prestada mensalmente pela Defensoria Pública Estadual.

1.9.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Mencionou-se que o PPP era do conhecimento de todos os integrantes da comunidade socioeducativa, efetivamente operacionalizado por meio do planeja-mento de ações, e submetido a monitoramento e avaliação. Seu desenvolvimento se dava de modo compartilhado entre a equipe institucional, os adolescentes e as famílias.

O interno participava criticamente na construção, no monitoramento e na avaliação das ações socioeducativas e as respectivas famílias partilhavam da expe-riência socioeducativa. Isto se dava por intermédio do Programa “Família do CEN-SE”, da inserção da família do interno nas decisões e manutenção da Instituição.

A Unidade não tinha Regimento Interno, mas possuía Manual do Educa-dor Social e o Guia do Adolescente e da Família.

Foi relatado que: a) a Unidade realizava formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e so-ciais pertinentes à temática infanto-juvenil; b) havia normas disciplinares claras edefinidas;c)haviaasocializaçãodeinformaçõeseaconstruçãodesaberesdaequipemultiprofissional(educadoresetécnicos)ed)haviaprogramasdeacom-panhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do tra-balho por eles desenvolvido para a saúde mental do adolescente.

1.9.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Foi informado que o PIA – elaborado pelos técnicos, direção, representan-te da área da saúde, adolescente e educador social – era efetivamente implemen-tado. O acompanhamento dos objetivos e metas previstos era realizado por meio de atendimentos técnicos e de avaliação contínua do desempenho do interno.

Os técnicos realizavam visitas aos equipamentos públicos e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do interno com o objetivo de compor estu-dos de caso e relatórios. Realizavam, também, o mapeamento das instituições,

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programas, equipamentos públicos, sociais e comunitários nos quais o adoles-cente poderia ser inserido.

A Unidade não possuía programa de acompanhamento de egressos e suas famílias, não tratava o conteúdo de Direitos Sociais/Direitos Humanos em ne-nhuma disciplina, nem de forma transversal.

Na data da visita, aproximadamente, 20% dos internos estavam inseridos em atividades externas.

Suas queixas mais frequentes referiam-se à qualidade das refeições, à falta derecursosfinanceirosparaasvisitasdefamiliareseàfaltadelazer.

1.9.5 EDUCAÇÃO

Mencionou-se que: a) o interno era inserido no sistema EJA na primeira se-mana de ingresso na Unidade; b) a qualidade do ensino oferecido – reconhecida como “boa” – e o grau de aprendizagem era avaliado pela pedagoga da Unidade; c) eram ofertadas propostas pedagógicas diferenciadas e programas destinados à aceleração da aprendizagem ou adequação idade/série.

1.9.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Foramrelacionadososcursosdeformaçãoprofissionaloferecidos:

QUADRO 21 – Curso de profissionalização – CENSE Londrina II

Curso Duração Carga horária Dentro ou fora da Unidade

Mecânica veicular 03 meses 5 horas/ dia Na Unidade

Pintura predial 03 meses 5 horas/ dia Na Unidade

Pequenos reparos 03 meses 5 horas/dia Na Unidade

Panificação 03 meses 5 horas/dia Na Unidade

Garçom 03 meses 5 horas/dia Na Unidade

Iniciação profissional 1 mês 3 horas Ensino a distância (EAD)

FoiinformadoqueaUnidade:a)ofereciacursosdeeducaçãoprofissionaltécnicadenívelmédiocomcertificaçãoreconhecidaquefavorecessemsuainser-ção no mercado de trabalho; b) respeitava os interesses e anseios dos internos na escolha do(s) curso(s) que eram pertinentes às demandas do mercado de traba-lho; c) tinha internos encaminhados ao mercado formal de trabalho, em estágios

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remunerados, a partir de convênios com a iniciativa privada ou pública; d) fazia a equiparaçãodasoportunidadesreferentesàprofissionalização/trabalhoaosado-lescentescomdeficiênciaemobservânciaaoDecretonº3.298de20/12/9919; d) promovia ações de orientação, conscientização e capacitação dos internos sobre direitos e deveres em relação à Previdência Social.

Opercentualdosinseridosemcursosdeiniciaçãoprofissionalerade60%no primeiro semestre e de 40% no segundo semestre de 2015.

1.9.7 SAÚDE

Relatou-se que tanto o atendimento médico quanto o estoque de medica-mentos oferecidos na Unidade eram adequados às necessidades dos internos. O internocomdeficiênciaoudoençamentalrecebiacuidadosespeciais,incluindoos relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas, consideran-do-se que a Unidade possuía, além de clínico geral, médico psiquiatra em sua equipe de saúde.

Na data da visita havia 7 (sete) internos com transtorno mental grave. Acrescido a isto, relatou-se que tinha havido a ocorrência de episódios de ten-tativas de suicídio e, para a prevenção e enfrentamento destes casos, aplica-va-se o previsto no “Caderno de Socioeducação de Prevenção do Suicídio”, elaborado pela SEJU.

1.9.8 OBSERVAÇÕES

Merece destaque o fato desta Unidade separar os internos por critérios de idade, gravidade de infração e compleição física.

Deve-se dar continuidade ao cumprimento do direito legalmente estabele-cido de o interno permanecer na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicíliodospaisouresponsável.Ressalta-sequeadistânciageográficaasso-ciada à relatada falta de custeio das visitas causa preocupação, por comprome-teremodireitoàconvivênciafamiliarecomunitáriaedificultaremotrabalhotécnico voltado ao restabelecimento ou à manutenção dos vínculos familiares muitas vezes tênues.

19 Decreto nº 3.298 de 20/12/1999 – Regulamenta a Lei nº 7.853, de 24/10/1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiên-cia, consolida as normas de proteção, e dá outras providências.

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Não se poderia deixar de mencionar a necessidade de se oferecer espaço adequado aos internos para realização das refeições diárias (refeitório).

Outro destaque refere-se ao fato de a Unidade continuar cursos de ini-ciaçãoprofissional,apesardotérminodocontratodeprestaçãodeserviçosda“AssociaçãoHorizontes”,nomêsdesetembrode2015.Nãofoiespecificadoseestes cursos eram oferecidos pelo PRONATEC, por voluntários ou por meio de contratodeprestaçãodeserviçosfirmadocomalgumaempresa.

Ainda,afirmou-sequehaviainternosencaminhadosaomercadoformaldetrabalho, em estágios remunerados, a partir de convênios com a iniciativa priva-daoupúblicaequehaviaaequiparaçãodasoportunidadesreferentesàprofissio-nalização/trabalhoaosadolescentescomdeficiência,emobservaçãoaoDecretonº 3.298 de 20/12/1999. Todavia, não foi relatado onde os internos exerciam suas atividadesprofissionalizantes.

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1.10 CENSE PATO BRANCO

1.10.1 ESTABELECIMENTO

Localizado no município de Pato Branco, constitui-se em Unidade de In-ternação masculina que dispõe de 18 (dezoito) vagas, 5 (cinco) destinadas à In-ternação Provisória e 13 (treze) à Internação por prazo indeterminado, segundo consta do site da SEJU. Os internos eram separados somente por compleição física, em decorrência da falta de espaço físico, indisponibilidade de vagas e pela necessidade da divisão por grupo/facção. Como os alojamentos eram coletivos, priorizava-se o bom convívio entre os internos.

Na data da visita (28 de outubro de 2015) foi informado que havia 17 (de-zessete) internos, 2 (dois) dos quais por descumprimento de medida anteriormen-te imposta, oriundos dos municípios de Pato Branco, Palmas, União da Vitória, Dois Vizinhos, Cascavel e Foz do Iguaçu, alguns deles originários de municípios onde há CENSEs. Isto ocorria devido à indisponibilidade de vagas nas cidades de origem e/ou mais próximas; necessidade de preservação da integridade física, dentreoutrasjustificativasnãoespecificadas.Entretanto,afirmou-sequeavisitados familiares era garantida (custeada) pelo Poder Executivo.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 22 – Aspectos físicos do CENSE Pato Branco

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições X

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não havia

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios X

Espaço para atividades pedagógicas X

Espaço com salas de aula apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

X

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X

Espaço para a profissionalização X

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Asrefeiçõeseramrealizadasnosalojamentos.Nãofoiespecificadoomo-tivo pelo qual o espaço para o desenvolvimento das atividades escolares foi con-siderado inadequado.

Informou-se que o Estado estava repondo roupas, colchões e materiais de higiene pessoal.

1.10.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA

Relatou-se que a gestão da Unidade se dá de forma participativa e demo-crática, e integrantes da comunidade socioeducativa participavam das delibera-ções, da organização, das avaliações e das decisões sobre o funcionamento dos programas de atendimento. Eram realizadas assembleias deliberativas mensais, com coordenação rotativa, registradas em atas.

NãohaviadiagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildosinternosparao planejamento e a execução da ação socioeducativa, mas dispunha de sistema de monitoramento, avaliação e indicadores.

Segue a composição do quadro de pessoal:

QUADRO 23 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Pato Branco

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 Coordenador técnico 0 Assistentes sociais 01 Psicólogos 01 Pedagogos 01 Advogado 0 Educadores sociais 20 Coordenador administrativo 01 Médico 0 Enfermeiro 0 Cirurgião dentista 0 Terapeuta ocupacional 0 Auxiliar de enfermagem 02 Auxiliar de consultório dentário 0 Outros (especificar) 01 Auxiliar de manutenção

Foirelatada:a)asobreposiçãodasatribuiçõesdosprofissionaisdasáreasde Serviço Social e de Psicologia e a defasagem da equipe técnica; b) a realização de capacitação introdutória de educadores sociais anteriormente à sua inserção à Unidade, com a duração de 160 (cento e sessenta) horas; c) a previsão de forma-ção continuada dos técnicos e demais educadores sociais; d) a não ocorrência da

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supervisão externa e/ou acompanhamento da Unidade coordenada por especia-listas extrainstitucionais e; e) a assistência jurídica na fase de execução, prestada mensalmente pela Defensoria Pública Estadual.

1.10.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Mencionou-se que o PPP era do conhecimento de todos os integrantes da co-munidade socioeducativa, efetivamente operacionalizado por meio do planejamen-to das ações e submetido a monitoramento e avaliação. Seu desenvolvimento ocor-ria de modo compartilhado entre a equipe institucional, os internos e as famílias.

O interno participava criticamente na construção, monitoramento e ava-liação das ações socioeducativas. As famílias partilhavam desta experiência por intermédio do PIA, de visitas técnicas e de encontros.

Informou-se que: a) a Unidade tinha Regimento Interno, Manual do Educa-dor Social, mas não o Guia do Adolescente e da Família; b) a Unidade realizava a formação continuada dos atores sociais, com a participação de órgãos respon-sáveis pelas políticas sociais pertinentes à área infanto-juvenil; c) havia normas disciplinaresclarasedefinidas;d)haviasocializaçãodeinformaçõeseaconstru-çãodesaberesdaequipemultiprofissional(educadoresetécnicos)ed)inexistiamprogramas de acompanhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do trabalho por eles desenvolvido à saúde mental do interno.

1.10.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Foi informado que o PIA – elaborado pelo técnico e educador de referên-cia, família e adolescente – era efetivamente implementado. O acompanhamento dos objetivos e metas previstos era realizado por meio do atendimento direto.

Os técnicos realizavam mapeamento e visitas aos equipamentos públicos e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do interno com o objetivo de compor estudos de caso e relatórios. Todavia, a Unidade não possuía pro-grama de acompanhamento de egressos e suas famílias, mas fazia o acompa-nhamento do adolescente por 1 (um) mês após o seu desligamento, por meio de contatos telefônicos com familiares/responsável, visita domiciliar e contato com o Conselho Tutelar.

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Não era ministrada disciplina com conteúdo de Direitos Sociais/Direitos Humanos e seus temas não eram tratados nem de forma transversal.

Na data da visita, aproximadamente, 50% dos internos realizavam atividades externas. Sua queixa mais frequente referia-se ao tempo de privação de liberdade.

1.10.5 EDUCAÇÃO

O interno era inserido no sistema de ensino (EJA) na primeira semana de ingresso na Unidade. A qualidade do ensino oferecido – avaliada como “ótima” – e o grau de aprendizagem eram medidos pela equipe pedagógica.

A Unidade não oferecia propostas pedagógicas diferenciadas e programas destinados à aceleração da aprendizagem ou adequação idade/série. Ainda, não fazia parte das normas disciplinares punir com a proibição de frequentar as aulas.

1.10.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Informou-se que em 2015, 100% dos internos estavam inseridos em cursos de iniciação profissional, ministrados dentro da Unidade, conforme quadro abaixo:

QUADRO 24 – Cursos de profissionalização – CENSE Pato Branco

Curso Duração Carga horária Dentro ou fora da Unidade

Recepcionista de hotel 3 meses 60 h Na Unidade

Informática 3 meses 60 h Na Unidade

Auxiliar administrativo 3 meses 60 h Na Unidade

Auxiliar de arquivo 3 meses 160 h Na Unidade

Foi mencionado que: a) eram respeitados os interesses e anseios na escolha dos cursos; b) os cursos ofertados eram pertinentes à demanda do mercado de trabalho; c) havia internos encaminhados ao mercado formal de trabalho, em es-tágios remunerados, a partir de convênios com a iniciativa privada ou pública; d) haviaaequiparaçãodasoportunidadesreferentesàprofissionalização/trabalhoaosinternoscomdeficiência,emobservaçãoaoDecretonº3.298de20/12/1999.

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1.10.7 SAÚDE

Relatou-se que: a) o atendimento médico oferecido na Unidade e o esto-que de medicamentos disponível eram adequados às necessidades dos internos; b) os internos recebiam cuidados especiais em saúde mental, incluindo os rela-cionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas; c) havia tratamento individualeespecializadoaointernocomdeficiênciaoudoençamental;d)nãoestavam ocorrendo tentativas de suicídio e; e) na data da visita não havia adoles-centes com diagnóstico de transtorno mental.

1.10.8 OBSERVAÇÕES

Faz-se necessário separar os internos por critérios de idade e de gravidade de infração, não somente por compleição física, como praticado até então.

Há de se observar o direito legalmente estabelecido de o interno perma-necer na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio dos pais ou responsável.

Destaca-se a necessidade de se oferecer espaço adequado aos internos para realização das refeições diárias (refeitório).

Observar a formação da equipe mínima (estava defasada e havia sobrepo-sição de atribuições (assistente social e do psicólogo).

Merece destaque o fato de os familiares participarem da experiência socio-educativa, tanto por intermédio do PIA, quanto de visitas técnicas e de encontros.

É necessário que a Unidade ofereça propostas pedagógicas diferenciadas e programas destinados à aceleração da aprendizagem ou adequação idade/série.

Outro destaque refere-se ao fato de a Unidade, durante todo o ano de 2015,teroferecidocursosdeiniciaçãoprofissionalparaatotalidadedosinter-nos.NãofoiespecificadoseestescursoseramoferecidospeloPRONATEC,pormeiodecontratodeprestaçãodeserviçosfirmadocomalgumaempresaou, ainda, por voluntários.

Não foi informado o local onde os internos realizavam os estágios remu-nerados, tampouco como se dava a equiparação das oportunidades referentes à profissionalização/trabalhoaosinternoscomdeficiência.

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Considerando-se que não havia médico na Unidade, pode-se inferir que os atendimentos médicos acima citados eram prestados pela rede pública de saúde do Município (Unidade Básica de Saúde – UBS, Unidades de Pronto Atendimen-to – UPAs e CAPS AD). Nesta hipótese, a Unidade não atenderia à recomenda-ção das normas de referência do SINASE.

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1.11 CENSE PONTA GROSSA

1.11.1 ESTABELECIMENTO

Localizado no município de Ponta Grossa, constitui-se em Unidade de In-ternação masculina, com 88 (oitenta e oito) vagas, 32 (trinta e duas) destinadas à Internação Provisória e 56 (cinquenta e seis) à Internação por prazo indetermi-nado, segundo consta do siteoficialdaSEJU.

Na data da visita (04 de novembro de 2015), havia 50 (cinquenta) internos, procedentes de Paranavaí e da região dos Campos Gerais, alguns dos quais em convivência protetiva. Não se soube informar o número dos que estavam inter-nados por descumprimento de medida anteriormente imposta.

Relatou-se que os internos eram separados unicamente por modalidade de internação. Não havia como observar o tipo de infração, idade ou compleição física,emrazãodainsuficiênciadetécnicoseeducadoressociais,bemcomode-vido à falta de vagas no município de origem ou nas localidades mais próximas.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 25 – Aspectos físicos do CENSE Ponta Grossa

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições X

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não havia

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios X

Espaço para atividades pedagógicas X

Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

X

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X

Espaço para a profissionalização

As refeições eram feitas na “Sala de Integração”.

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Informou-se que o Estado vinha fazendo a reposição de roupas, colchões e materiais de higiene pessoal, porém as visitas dos familiares não estavam sendo garantidas (custeadas) pelo Poder Executivo.

1.11.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA

Relatou-se que: a) a gestão da Unidade se dava de forma participativa e de-mocrática; b) os integrantes da comunidade socioeducativa participavam das de-liberações, da organização, das avaliações e das decisões sobre o funcionamento do programa de atendimento; c) de 8 (oito) a 10 (dez) integrantes da comunidade socioeducativa participavam das funções anteriores descritas; d) semanalmente eram realizadas assembleias deliberativas com coordenação rotativa; e) bimes-tralmente,erafeitoodiagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildosinternos,para o planejamento e execução das ações e; f) não havia sistema de monitora-mento, avaliação e indicadores.

Segue a composição do quadro de pessoal:

QUADRO 26 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Ponta Grossa

Integrantes Nº Observações*Diretor 02 Diretor e diretor-assistente (ambos educadores sociais)Coordenador técnico 04 01Assistentes sociais 01 Psicólogos 04 01 à disposiçãoPedagogos 01 Em licença gestanteAdvogado 0 Educadores sociais 53

ativos 17 afastados: 09 por determinação judicial; 05 por licença especial; 02 por licença médica; 01 por licença sem vencimentos; 01 transferido para o apoio técnico

Coordenador administrativo 01 Médico 01 Enfermeiro 01 Cirurgião dentista 01 Terapeuta ocupacional 01 Auxiliar de enfermagem 01 + 01 técnico de enfermagemAuxiliar de consultório dentário

0

Outros (especificar)

* Observações extraídas da planilha datada de 16/10/2015, emitida pelo CENSE de Ponta Grossa.

Foi informado que: a) a equipe da Unidade estava defasada e não se espe-cificousehaviasobreposiçãodeatribuiçõesdosprofissionaisdeServiçoSociale Psicologia; b) não houve capacitação introdutória anteriormente à inserção dos educadores sociais à Unidade; c) havia a previsão de formação continuada dos

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técnicos e educadores sociais e; d) os internos recebiam assistência jurídica no curso do processo de execução, prestada quinzenalmente pela Defensoria Pública.

Não foi informado se havia supervisão externa e/ou acompanhamento da Unidade e/ou programas coordenados por especialistas extrainstitucionais.

1.11.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

O PPP era do conhecimento de todos os integrantes da comunidade socio-educativa, efetivamente operacionalizado por meio do planejamento das ações e submetido a monitoramento e avaliação. Seu desenvolvimento se dava de modo compartilhado entre a equipe institucional, os internos e as famílias.

O interno participava criticamente na construção, monitoramento e ava-liação das ações socioeducativas, porém, as famílias não partilhavam desta experiência.

Foi relatado que: a) a Unidade possuía Regimento Interno, Manual do Edu-cador Social, mas não o Guia do Adolescente e da Família; b) não ocorria a for-mação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais afetas à área infanto-juvenil; c) havia normas disciplinaresclarasedefinidas;d)haviasocializaçãodeinformaçõeseacons-truçãodesaberesdaequipemultiprofissional(educadoresetécnicos)e;e)haviaprogramas de acompanhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do trabalho por eles desenvolvido para a saúde mental do interno.

1.11.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Foi informado que “todos” participavam da elaboração do PIA e que o acompanhamento dos objetivos e metas nele estabelecidos era realizado por meio dos atendimentos e relatórios técnicos.

Os técnicos realizavam mapeamento dos equipamentos públicos e ins-tituições que faziam parte da vida pré-egressa do interno, com o objetivo de compor estudos de caso e relatórios, mas não realizavam visitas a estes equi-pamentos e instituições.

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A Unidade informou possuir programa de acompanhamento de egressos narederegulardeensino;emcursosprofissionalizantes;emprogramassocioe-ducativos em meio aberto e em outras atividades indispensáveis à conclusão do trabalho socioeducativo desenvolvido com o adolescente e sua família.

Não havia disciplina de Direitos Sociais/Direitos Humanos e seus conteú-dos não eram trabalhados, nem de forma transversal, com os internos.

Não foi mencionado se havia internos realizando atividades externas.

1.11.5 EDUCAÇÃO

As únicas informações fornecidas foram as de que o interno era inserido no sistema de ensino (EJA), na primeira semana de ingresso na Unidade, e que não fazia parte da disciplina puni-los com a proibição de frequentar aulas.

1.11.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Relatou-sequenãoestavamsendooferecidoscursosdeformaçãoprofis-sional em decorrência do término do contrato de prestação de serviços.

1.11.7 SAÚDE

Foi dito que o atendimento médico e o estoque de medicamentos eram adequados às necessidades dos internos.

Não foi mencionado se era prestado tratamento individual e especializado aointernocomdeficiênciaoudoençamentalenãosouberaminformarsehaviainternos com transtorno mental grave na data da realização da visita.

Foi relatado que houve tentativas de suicídio e que, para sua prevenção/enfrentamento, foi informado o Poder Judiciário.

1.11.8 OBSERVAÇÕES

Inicialmente, não se poderia deixar de mencionar que a Unidade apenas procedia à separação dos internos por modalidade de internação e não por tipo deinfração,idadeoucompleiçãofísica.Istosedeviaàinsuficiênciadetécnicos

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e educadores sociais e da falta de vagas no município de origem ou nas locali-dades mais próximas. A Lei nº 8.069/1990 refere-se à “rigorosa separação”, não havendoprecedentelegalaptoajustificarasuanãoobservância.

Alongadistânciageográficaentreointernoeseusfamiliares/responsável,associada à falta de custeio – pelo Poder Executivo – das visitas periódicas, pre-judicam o exercício do direito fundamental à convivência familiar e comunitária pelointerno,bemcomodificultamotrabalhotécnicovoltadoaoresgatedevín-culos rompidos ou à manutenção dos já fragilizados.

Acrescido a isto, a defasagem da composição do quadro de pessoal da Uni-dade comprometia a qualidade da proposta socioeducativa.

Ainsuficiênciadepessoal,oudevagas,emCENSEsdeveseradminis-trada pelo Poder Executivo e não pode comprometer o caráter pedagógico da proposta socioeducativa.

Destaca-seaurgênciadeofereceraprofissionalizaçãoaosinternos,gran-demente prejudicados pelo término do contrato de prestação de serviços de inicia-çãoprofissional,semoplanejamentodeoutroscursos,expondo-osàociosidade.

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1.12 CENSE SANTO ANTONIO DA PLATINA

1.12.1 O ESTABELECIMENTO

Localizado no município de Santo Antônio da Platina, constitui-se em Unidade de Internação masculina com previsão de 30 (trinta) vagas, 20 (vinte) das quais instaladas. Destas, 10 (dez) estão destinadas à Internação Provisória e 10 (dez) à Internação por prazo indeterminado, segundo consta do site da SEJU.

Conforme informado, o CENSE vinha enfrentando situação de superlo-tação crônica e, apesar disto, os adolescentes eram separados por idade, tipo de infração, compleição física e, inclusive, por modalidade de internação.

Na data da visita (30 de outubro de 2015) havia 26 (vinte e seis) inter-nos, 1 (um) dos quais por descumprimento de medida anteriormente imposta e nenhum em convivência protetiva. O número de internos, superior à capaci-dade de acomodação, exigia a colocação de colchões extras no piso. Todavia, informou-se que o Estado tem feito reposição de roupas, colchões e materiais de higiene pessoal.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 27 – Aspectos físicos do CENSE Santo Antônio da Platina

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições X

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não havia

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios X

Espaço para atividades pedagógicas X

Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

X

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X

Espaço para a profissionalização X

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Nãofoipossívelespecificaracidadedeorigemdosadolescentes.Soube-seque a maioria era do próprio município e de Cornélio Procópio, mas havia outros oriundos de municípios situados a uma distância de 120 km (cento e vinte qui-lômetros), transferidos para aquele CENSE devido à necessidade da preservação da integridade física. Foi informado que a visita dos familiares era garantida (custeada) pelo Poder Executivo.

Não existia refeitório na Unidade e as refeições eram feitas nos respectivos alojamentos.

1.12.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA

Relatou-se que: a) a gestão da Unidade se dava de forma participativa e democrática; b) integrantes da comunidade socioeducativa participavam das de-liberações, da organização, das avaliações e das decisões sobre o funcionamento dos programas de atendimento; c) semanalmente eram realizadas assembleias deliberativas, com coordenação não rotativa, compostas pelo diretor, psicólogo, assistente social, pedagogo, técnica de enfermagem, educadores sociais e servi-dor da área administrativa.

Segue a composição do quadro de pessoal:

QUADRO 28 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Santo Antônio da Platina

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 FériasCoordenador técnico 0 Assistentes sociais 01 Psicólogos 02 FériasPedagogos 02 Advogado 0 Educadores Sociais 23 02 em fériasCoordenador administrativo 02 Médico 0 Enfermeiro 0 Cirurgião dentista 0 Terapeuta ocupacional 0 Auxiliar de enfermagem 01 Auxiliar de consultório dentário 0 Outros (especificar) Motorista, diretor-assistente, auxiliar de manutenção

Mencionou-seque:a)haviadiagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildos internos, para o planejamento e execução da ação socioeducativa, realizado mensalmente; b) a Unidade dispunha de sistema de monitoramento, avaliação e de indicadores; c) a equipe não estava defasada nem havia sobreposição de

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atribuiçõesdosprofissionaisdeServiçoSocialePsicologia;d)oúltimogrupode educadores sociais que ingressaram no Sistema Socioeducativo antes da rea-lização da visita, participaram de capacitação introdutória, com a duração de 1 (uma) semana, anteriormente à sua inserção na Unidade; e) havia supervisão ex-terna e/ou acompanhamento da Unidade, coordenada por especialistas extrains-titucionais,masnãoforamespecificadasaorigeme/ourepresentaçãodesteses-pecialistas e; f) os internos não recebiam assistência jurídica pelo Estado na fase de execução do processo, por inexistir Defensoria Pública instalada na Comarca.

1.12.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Foi feito referência ao fato de que o PPP: a) era do conhecimento de todos os integrantes da comunidade socioeducativa; b) era efetivamente operacionali-zado por meio do planejamento das ações e submetido a monitoramento e ava-liação; c) desenvolvia-se de modo compartilhado entre a equipe institucional e; d) os internos e familiares participavam de forma indireta.

Foi dito que: a) os internos estavam envolvidos criticamente na construção, no monitoramento e na avaliação das ações socioeducativas; b) as famílias par-ticipavam, de forma interativa, enquanto que a comunidade, de forma aleatória, emmomentosespecíficos;c)aUnidadepossuíaRegimentoInterno,ManualdoEducador Social e Guia do Adolescente e da Família; d) havia, de forma espo-rádica, cursos de formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais pertinentes à área infanto--juvenil;e)asnormasdisciplinareseramclarasedefinidas;f)haviasocializaçãode informaçõeseaconstruçãodesaberesdaequipemultiprofissional (educa-dores e técnicos) e; g) não havia programa de acompanhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do trabalho por eles desenvolvido para a saúde mental do adolescente.

1.12.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Foi informado que o PIA – elaborado pelo psicólogo, assistente social, pe-dagogo, auxiliar de enfermagem e educador social – era efetivamente imple-mentado. O acompanhamento dos objetivos e metas previstos era realizado em reuniões da equipe técnica.

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Os técnicos faziam o mapeamento das instituições, programas, equipa-mentos públicos, sociais e comunitários nos quais o interno poderia ser inserido. Realizavam, também, visitas aos equipamentos públicos e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do adolescente, com o objetivo de compor estu-dos de caso e relatórios. Todavia, a Unidade não possuía programa de acompa-nhamento dos egressos e suas famílias.

Os conteúdos de Direitos Sociais/Direitos Humanos não eram tratados em nenhuma das disciplinas ministradas e nem de forma transversal.

Na data da visita, cerca de 20% dos adolescentes realizavam atividades externas.

As queixas mais recorrentes dos internos referiam-se aos efeitos da priva-ção da liberdade e à necessidade de cobertura da quadra poliesportiva.

1.12.5 EDUCAÇÃO

Segundo informado: a) o interno era inserido no sistema de ensino (EJA) na primeira semana de ingresso na Unidade; b) a qualidade do ensino ofereci-do – avaliada pelo pedagogo do CENSE – era “boa” ou “ótima”; c) o grau de aprendizagem era medido pelo professor em conjunto com o pedagogo da SEED e; d) a Unidade não oferecia propostas pedagógicas diferenciadas e programas destinados à aceleração da aprendizagem ou adequação idade/série.

1.12.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Segundo informado: a) no primeiro semestre de 2015, 80% dos internos participavamdoscursosdeiniciaçãoprofissionalenosegundosemestrede2015,essa participação correspondia a 75%; b) os interesses e anseios dos internos eram respeitados na escolha do(s) curso(s) pertinentes às demandas do mercado de trabalho; c) não havia internos encaminhados ao mercado formal de trabalho, em estágios remunerados, a partir de convênios com a iniciativa privada ou pú-blica e; d) eram promovidas ações de orientação, conscientização e capacitação dos internos sobre direitos e deveres em relação à Previdência Social.

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AUnidadeofereciaoscursosdeformaçãoprofissionalabaixoreferidos:

QUADRO 29 – Cursos de profissionalização – CENSE Santo Antônio da Platina

Curso Duração C/horária Dentro ou fora da Unidade

PRONATEC – auxiliar de arquivo 5 meses 160h Na Unidade

Costura industrial 2 meses 60h Fora da Unidade

1.12.7 SAÚDE

Foi relatado que o atendimento médico oferecido e o estoque de medica-mentos disponível eram adequados às necessidades dos internos, embora não houvesse médico na Unidade e esta contasse com a presença de um clínico geral uma vez por semana.

Afirmou-sequeosinternosrecebiamcuidadosespeciaisemsaúdemen-tal, incluindo os relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas equehaviatratamentoindividualeespecializadoaoadolescentecomdefici-ência mental.

Segundo informado, não havia nenhum caso de transtorno mental na Uni-dade,mashouvecasosdetentativasdesuicídio.Oscasosidentificadosrecebiamacompanhamento médico especializado.

1.12.8 OBSERVAÇÕES

Na data da visita observou-se superlotação da Unidade, o que exigiu a co-locação de colchões extras no piso. Apesar da relatada situação de superlotação crônica, a Unidade mencionou que seguia os critérios estabelecidos legalmente para a separação dos adolescentes e por modalidade de internação.

Percebeu-seadificuldadedesegarantirodireitoàconvivênciafamiliarecomunitária aos internos, uma vez que vários deles estavam longe do domicílio da família.

Destaca-se a necessidade de se oferecer espaço adequado aos internos para realização das refeições diárias, uma vez que estas estão sendo feitas nos respec-tivos alojamentos.

Segundo relatado, o CENSE possuía o Manual do Educador Social e o Guia do Adolescente e da Família. Como há CENSEs que não dispõem destes

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manuais, sugere-se que tanto a metodologia de elaboração quanto o seu conteúdo sejam socializados com os demais.

Considerando-se que os internos não recebiam assistência jurídica siste-mática na fase do processo de execução, por inexistir Defensoria Pública instala-da na Comarca, faz-se necessário que o Poder Executivo cumpra o estabelecido pelo SINASE no que se refere à contratação de advogado.

Merece destaque o fato de a Unidade ter apresentado uma queda de apenas 5%nopercentualdeinternosemcursosdeiniciaçãoprofissional,nãoobstanteo término do contrato de prestação de serviços da “Associação Horizontes”, no mês de setembro de 2015.

Infere-se que o atendimento médico aos internos, inclusive de saúde men-tal, relatado como “adequado”, deveria ser prestado pela UBS, UPA, CAPS do município de Santo Antonio da Platina e hospitais de referência em saúde men-tal, uma vez que o CENSE não possuía médico em seu quadro de pessoal. Nesta hipótese, a Unidade não atenderia à recomendação das normas de referência do SINASE, que aponta para a necessidade da presença de médico e de cirurgião dentista para compor a equipe técnica de saúde.

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1.13 CENSE DE TOLEDO

1.13.1 O ESTABELECIMENTO

Localizado no município de Toledo, constitui-se em Unidade de Interna-ção masculina. Segundo consta do site da SEJU, a Unidade dispõe de 25 (vinte e cinco) vagas, 10 (dez) destinadas à Internação Provisória e 15 (quinze) à Inter-nação por prazo indeterminado.

No dia da visita (04 de novembro de 2015), havia 28 (vinte e oito) internos, sendo que a maioria era de Toledo e alguns de Palotina, Foz do Iguaçu e Casca-vel, nenhum deles em convivência protetiva, separados por idade, compleição física, tipo de infração e modalidade de internação.

Ajustificativaparaapresençadeinternosforadeseudomicíliodeorigemfoi, especialmente, a falta de vagas nas demais Unidades. O Estado vinha fazen-do reposição de roupas, colchões e materiais de higiene pessoal para os internos, todavia, a visita dos familiares não vinha sendo custeada pelo Poder Executivo.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 30 – Aspectos físicos do CENSE Toledo

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança X

Espaços para a realização de refeições X

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X

Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X

Espaço e condições adequadas para visita íntima Não havia

Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Área para atendimento de saúde/ambulatórios Apenas o atendimento inicial

X

Espaço para atividades pedagógicas X

Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar

- -

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes

X

Espaço para a profissionalização X

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O setor administrativo e/ou técnico foi considerado “adequado” (“com re-servas”), uma vez que funciona em salas diminutas. Já o espaço para refeições foi avaliado como “inadequado” pelo fato de os internos consumirem os alimen-tos em seus respectivos alojamentos.

Não houve nenhuma observação referente às salas de aula.

1.13.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA

Relatou-se que a gestão da Unidade se dava de forma participativa e de-mocrática e que integrantes da comunidade socioeducativa (diretor, coordenador técnico, psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e educadores sociais) partici-pavam das deliberações, da organização, das avaliações e das decisões sobre o funcionamento dos programas de atendimento.

As assembleias deliberativas, com coordenação não rotativa, eram realiza-das mensalmente.

HaviadiagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildosinternosparaoplanejamento e execução da ação socioeducativa, realizado semestralmente, e a Unidade dispunha de sistema de monitoramento, avaliação e de indicadores, contendo dados qualitativos não tabulados.

Segue a composição do quadro de pessoal:

QUADRO 31 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Toledo

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 Coordenador técnico 01 Assistentes sociais 02 Psicólogos 01 Pedagogos 01 Advogado 0 Educadores Sociais 28 02 afastamentos médicos e 02 licença-prêmioCoordenador administrativo 01 Médico 0 Enfermeiro 01 Cirurgião dentista 0 Terapeuta ocupacional 0 Auxiliar de enfermagem 04 Auxiliar de consultório dentário 0 Outros (especificar) 02 Auxiliar de manutenção e motorista

A proporção da equipe não está defasada e não há a sobreposição de atri-buiçõesdosprofissionaisdeServiçoSocialePsicologia.

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Foi mencionada a realização de capacitação introdutória de educadores sociais anteriormente à sua inserção na Unidade e havia previsão de formação continuada dos técnicos e educadores sociais.

Não ocorria a supervisão externa e/ou acompanhamento da Unidade co-ordenada por especialistas extra-institucionais, mas, unicamente, a inspeção pe-riódica da autoridade judiciária e do órgão do Ministério Público da Comarca.

O Estado não oferecia assistência jurídica sistemática na fase do processo de execução por inexistir Defensoria Pública instalada na Comarca, bem como por não haver advogado no quadro de pessoal da Unidade.

1.13.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Mencionou-se que o PPP era do conhecimento de todos os integrantes da comunidade socioeducativa; vinha sendo efetivamente operacionalizado por meio do planejamento das ações e submetido a monitoramento e avaliação. Seu desenvolvimento se dava, parcialmente, de modo compartilhado entre a equipe institucional, os adolescentes e as famílias.

Os internos não participavam criticamente na construção, no monitoramento e na avaliação das ações socioeducativas. Já, no que tange à participação ativa das famílias e da comunidade na experiência socioeducativa, esta se dava por inter-médio de visitas domiciliares, atendimentos técnicos e reuniões administrativas.

A Unidade não possuía Regimento Interno ou Guia do Adolescente e da Família, mas possuía Manual do Educador Social.

Havia formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais concernentes à área infanto-juvenil.

Foiinformadoque:a)havianormasdisciplinaresclarasedefinidas;b)ha-via a socialização de informações e a construção de saberes da equipe multipro-fissional(educadoresetécnicos)ec)nãohaviaprogramasdeacompanhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do trabalho por eles desenvolvido para a saúde mental do adolescente.

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1.13.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Foi informado que o PIA – elaborado pelos integrantes da comunidade socioeducativa – era efetivamente implementado. O acompanhamento dos obje-tivos e metas previstos ocorria em reuniões e atendimentos familiares.

Os técnicos realizavam visitas aos equipamentos públicos e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do adolescente, com o objetivo de compor estudos de caso e relatórios. Acrescido a isto, a Unidade dispunha de mapeamen-to das instituições, programas, equipamentos públicos, sociais e comunitários nos quais o adolescente poderia ser inserido. Contudo, não possuía programa de acompanhamento de egressos e suas famílias.

Não era ministrada disciplina que contemplasse o conteúdo de Direitos Sociais/Direitos Humanos e não foi informado se este conteúdo era tratado de forma transversal.

Na data da visita informou-se que cerca de 90% dos internos participavam deatividadesexternas,porémnãoespecificadas. Informou-se,ainda,quenãohavia queixas dos internos.

Foi informado que não havia programa de acompanhamento de egressos e suas famílias.

1.13.5 EDUCAÇÃO

O interno era inserido no sistema de ensino (EJA) em uma semana, conta-da da data do seu ingresso na Unidade.

Informou-se, ainda, que: a) a qualidade do ensino oferecido era satisfatória e medida por representantes da SEED; b) o grau de aprendizagem era avaliado pela Coordenação Pedagógica; c) não eram ofertadas propostas pedagógicas di-ferenciadas e nem programas destinados à aceleração da aprendizagem ou ade-quação idade/série; d) não fazia parte das normas disciplinares punir os internos com a proibição de frequentar aulas.

1.13.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Foi informado que, à época da visita, o único curso básico de formação profissionaloferecidoeraodedesenhistademóveis,comduraçãode60(ses-

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senta) dias e com carga horária semanal de 12 (doze) horas, cujas aulas eram ministradas tanto dentro quanto fora da Unidade.

Afirmou-seque:a)eramrespeitadososinteresseseanseiosdosinternosnaescolha do(s) curso(s); b) os cursos oferecidos eram pertinentes às demandas do mercado de trabalho; c) havia internos encaminhados ao mercado formal de tra-balho, em estágios remunerados, a partir de convênios com a iniciativa privada ou pública e d) não eram promovidas ações de orientação, conscientização e ca-pacitação dos internos sobre direitos e deveres em relação à Previdência Social.

Opercentualdeinternosinseridosemcursosdeiniciaçãoprofissionalerade 80% dos internos, no primeiro semestre de 2015 e de 40% no segundo semes-tre do mesmo ano.

1.13.7 SAÚDE

A Unidade não contava com médico em seu quadro de pessoal. O atendi-mento aos internos era prestado pela Unidade Básica de Saúde – UBS e pelas Unidades de Pronto Atendimento do Município.

Informou-se que havia estoque de medicamentos em quantidade adequada às necessidades dos internos e que estes recebiam cuidados especiais em saúde mental, incluindo os relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas.

Ointernocomdeficiênciaoudoençamentalnãorecebiatratamentoindivi-dual e especializado em local adequado à sua condição por não haver demanda.

Não vinha ocorrendo casos de tentativas de suicídio na Unidade.

1.13.8 OBSERVAÇÕES

Trata-se de Unidade que, pelo relatado, não enfrentava problema de super-lotação crônica e tinha estrutura para separar os internos segundo critérios de idade, compleição física, tipo de infração e modalidade de internação.

Apesar de receber internos, inclusive, de municípios onde havia CENSEs, as visitas dos familiares não vinham sendo garantidas (custeadas) pelo Poder Executivo,oqueevidenciaadificuldadedoEstadodoParanáparagarantirodireito à convivência familiar e comunitária aos internos.

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Destaca-se a necessidade de se oferecer espaço adequado aos internos para realização das refeições diárias (refeitório), que, segundo informado, eram reali-zadas nos respectivos alojamentos.

Considerando-se que os adolescentes não recebem assistência jurídica sis-temática na fase do processo de execução por inexistir Defensoria Pública ins-taladanaComarca,faz-senecessáriorefletircomogestordapastamedidasaseremadotadasparaaofertadesseacompanhamentoprofissionalaosinternos.

Segundo relatado, esta Unidade possui o Manual do Educador Social. Como há outros CENSEs que não dispõem desse Guia, sugere-se que tanto a metodologia de elaboração quanto o seu conteúdo sejam socializados. Sugere--se, ainda, que o Guia do Adolescente e da Família – ainda não disponível neste CENSE – seja feito com o apoio, inclusive, dos que já possuem esse documento.

Na data da visita informou-se que cerca de 90% dos adolescentes partici-pavamdeatividadesexternas.Contudo,nãoforamespecificadasasatividadeseos locais onde eram desenvolvidas.

Não se poderia deixar de mencionar que o exercício do direito fundamen-talàprofissionalizaçãodosinternos,nosegundosemestredoanode2015,foigrandemente prejudicado pelo término do contrato de prestação de serviços de iniciaçãoprofissional,semquehouvesseaofertadeoutroscursos.

Merece destaque o fato de se tratar de uma das poucas Unidades que pos-sui adolescentes internos encaminhados ao mercado formal de trabalho, em es-tágios remunerados, a partir de convênios com a iniciativa privada ou pública. Logo, sugere-se que essa boa prática seja compartilhada e seguida pelos demais CENSEs do Estado do Paraná.

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1.14 CENSE UMUARAMA

1.14.1 O ESTABELECIMENTO

Localizado no município de Umuarama, constitui-se em Unidade de Inter-nação masculina, por prazo indeterminado, que dispõe de 17 (dezessete) vagas. Não foram mencionados os critérios de separação dos internos.

Na data da visita (06 de novembro de 2015), a Unidade apresentava super-lotação, contando com 22 (vinte e dois) internos (todos eles originários de Umu-arama e região), razão pela qual havia colchões no piso de alojamentos.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 32 – Aspectos físicos do CENSE Umuarama

Aspectos Adequado Inadequado

Condições de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança

X

Espaços para a realização de refeições X

Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X

Condições de repouso dos adolescentes X

Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X Espaço e condições adequadas para visita íntima*20

Espaço e condições adequadas para visita familiar X Área para atendimento de saúde/ambulatórios*

Espaço para atividades pedagógicas* Espaço com salas de aulas apropriadas contando com sala de professores e local para funcionamento da secretaria e direção escolar*

Espaço para a prática de esportes e atividades de lazer e cultura devidamente equipados e em quantidade suficiente para o atendimento de todos os adolescentes*

Espaço para a profissionalização*

1.14.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMA

Relatou-se que integrantes da comunidade socioeducativa participavam das deliberações, organização, avaliações e decisões sobre o funcionamento dos

20 Os itens marcados com asterisco não foram registrados pelo visitante.

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programas de atendimento. Semanalmente realizavam assembleias deliberati-vas, cuja coordenação não ocorria de forma rotativa e eram registradas em ata.

Havia diagnóstico situacional daUnidade e do perfil de cada interno,feito quando de sua chegada, para o planejamento e execução da ação socioe-ducativa. Acrescido a isso, a Unidade dispunha de sistema de monitoramento, avaliação e indicadores.

Segue a composição do quadro de pessoal:

QUADRO 33 – Composição do quadro de pessoal do CENSE Umuarama

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 Coordenador técnico 01 Assistentes sociais 02 Psicólogos 01 Pedagogos 02 Advogado 0 Educadores sociais 17 Coordenador administrativo 01 Médico 0 Enfermeiro 01 Cirurgião dentista 0 Terapeuta ocupacional Auxiliar de enfermagem 04 Auxiliar de consultório dentário 0 Outros (especificar)

Foiinformadoquenãohaviasobreposiçãodeatribuiçõesdosprofissionaisdo Serviço Social e da Psicologia e que os internos dispunham de atendimento jurídico, no curso do processo de execução, prestado, semanalmente, pela De-fensoria Pública.

1.14.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Relatou-se que: a) o PPP era conhecido por todos os integrantes da comu-nidade socioeducativa; efetivamente operacionalizado por meio do planejamen-to das ações e submetido a monitoramento e avaliação; b) havia a participação crítica dos internos na construção, no monitoramento e na avaliação das ações socioeducativas; c) a família e a comunidade não participavam, ativamente, da experiência socioeducativa.

O estabelecimento possuía Guia do Adolescente e da Família e Manual do Educador Social, mas não dispunha de Regimento Interno.

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Informou-se, ainda, que: a) havia formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais afe-tasàtemáticainfanto-juvenil;b)asnormasdisciplinareseramclarasedefini-das; c) as informações e a construção de saberes da equipemultiprofissional(educadores sociais e técnicos) eram socializadas e; d) não havia programas de acompanhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do trabalho por eles desenvolvido para a saúde mental do interno.

1.14.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Relatou-se que o PIA era elaborado no prazo legalmente estabelecido, in-clusive com a participação do educador social.Apontou-se que a dificuldadepara a sua efetiva implementação ocorria no nível de articulação com as secreta-rias municipais (v.g. não havia quadra de esporte na Unidade).

Os técnicos da Unidade realizavam visitas aos equipamentos públicos e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do interno com o objetivo de compor estudos de caso e relatórios, entre os quais as Secretarias de Saúde e de Educação, CRAS, Conselhos Tutelares e as famílias.

Os técnicos realizavam mapeamento das instituições, programas, equipa-mentos públicos, sociais e comunitários. Todavia, a Unidade não possuía progra-ma de acompanhamento de egressos e suas famílias.

1.14.5 EDUCAÇÃO

Foi informado que o interno era inserido no sistema de ensino em 7 (sete) dias, contados do ingresso na Unidade, e que o conteúdo de Direitos Sociais/Direitos Humanos era trabalhado de forma transversal.

1.14.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Quando da realização da visita, o único curso disponível era o de auxiliar de arquivos, viabilizado pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), com a duração de 6 (seis) meses.

Mencionou-se que: a) eram respeitados os interesses/anseios dos internos na escolha do(s) curso(s); b) os cursos oferecidos eram pertinentes ao mercado

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de trabalho; c) não havia internos encaminhados para estágios remunerados, a partir de convênios com empresas privadas ou públicas; d) não eram desenvol-vidas atividades de geração de renda durante o atendimento socioeducativo e; e) não eram promovidas ações de orientação e conscientização dos internos sobre direitos e deveres em relação à Previdência Social.

1.14.7 SAÚDE

Foiinformadoque:a)osinternoscomdeficiênciaoudoençamentalrece-biam tratamento individual e especializado em local adequado à sua condição, incluindo-se os relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas; b) não havia programas de acompanhamento/supervisão qualitativa do trabalho desenvolvido pelos servidores para a proteção da saúde mental do interno, e; c) no momento da visita não havia internos com transtorno mental grave.

1.14.8 OBSERVAÇÕES

Considerando-se que o estabelecimento possui Guia do Adolescente e da Família e Manual do Educador Social, esses documentos deveriam ser socializa-dos para as Unidades que ainda não os possuem.

Observou-se que a Unidade não atendia à recomendação das normas de referência do SINASE, que aponta para a necessidade da presença de médico e cirurgião dentista para compor a equipe técnica de saúde.

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2 UNIDADE DE SEMILIBERDADE

2.1 UNIDADE DE SEMILIBERDADE FEMININA DE CURITIBA

2.1.1 DO ESTABELECIMENTO

Localizada no município de Curitiba, no bairro das Mercês, é a única Uni-dade de Semiliberdade feminina existente no Estado do Paraná.

A casa dispõe de 7 (sete) vagas e, no dia da realização da visita (26 de ou-tubro de 2015), contava com 4 (quatro) internas, originárias dos municípios de Loanda, Foz do Iguaçu, Engenheiro Beltrão e Ponta Grossa, distribuídas em 2 (dois) quartos.

Informou-se que a adolescente, ao ser recepcionada, recebe informações sobre seus direitos e instruções relativas às normas disciplinares da Unidade e que o tempo médio de permanência em regime de privação parcial da liberdade era de, aproximadamente, 6 (seis) meses.

A Unidade possuía lavanderia equipada, que atendia às suas demandas, bem como dispunha de cozinha estruturada, porém subutilizada, uma vez que as refeições eram fornecidas pela “Risotolândia”. Entretanto, a qualidade da ali-mentação foi questionada por internas e, inclusive, por servidores.

Aspectos físicos considerados:

QUADRO 34 – Aspectos físicos da Unidade de Semiliberdade Feminina de Curitiba

Aspectos Adequado InadequadoCondições adequadas de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança

X

Espaços adequados para a realização de refeições X Espaço para atendimento técnico individual e em grupo XCondições adequadas de repouso dos adolescentes X Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo XEspaço para o setor administrativo e/ou técnico XEspaço e condições adequadas para visita familiar X

A Unidade não dispunha de espaço para atendimento técnico individual, grupal ou para visita familiar. A sala de jantar, conjugada à de estar, era o único local para estudos e/ou atividades coletivas. Não havia acomodação para que as adolescentespudessempermanecercomseusfilhos.

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Informou-se que, apesar de haver outras casas limítrofes pertencentes ao Poder Público, maiores e mais adequadas, estas estavam desocupadas, deteriorando-se.

2.1.2 GESTAO DA UNIDADE/PROGRAMAS

Segundo informações prestadas, a gestão se dava de forma democrática. Tanto a diretora quanto a psicóloga, a assistente social e os educadores sociais participavam das deliberações, organização, avaliações e decisões sobre o fun-cionamento do programa de atendimento.

Bimestralmente, eram realizadas assembleias deliberativas devidamente registradas em ata, cuja coordenação não era rotativa e contava, inclusive, com a participação do pessoal de apoio21.

HaviadiagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildasadolescentesparao planejamento e execução da ação socioeducativa, bem como de sistemas de monitoramento, avaliação e indicadores.

Segue a composição do quadro de pessoal:

QUADRO 35 – Composição do quadro de pessoal da Unidade de Semiliberdade Feminina de Curitiba

Integrantes Nº Obs.: em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 Coordenador técnico 0 Assistentes sociais 01 Psicólogos 01 Pedagogos 0 Advogado 0 Educadores sociais 11 01 em licença especialCoordenador administrativo 0 Nutricionistas 0 Médicos 0 Dentistas 0 Professores 0 Outros (especificar) 02 01 auxiliar de serviços gerais e 01 motorista

NãohaviasobreposiçãodeatribuiçõesdosprofissionaisdeServiçoSociale Psicologia e as adolescentes recebiam assistência jurídica no curso do processo de execução, prestada, mensalmente, pela Defensoria Pública.

21 Motoristas e auxiliares de serviços gerais.

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2.1.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Apesar de a equipe institucional ter conhecimento do PPP e deste ser de-senvolvido de modo compartilhado com as adolescentes – e não com as respec-tivas famílias –, era parcialmente executado. Isso se devia à inadequação do espaço físico, considerando-se o imóvel e o mobiliário disponível. Logo, o PPP não era submetido a monitoramento e avaliação.

De outro vértice, foi informado que as adolescentes participavam critica-mente na construção, no monitoramento e na avaliação das ações socioeducativas e contavam com a participação das famílias e da comunidade quando visitavam seus pais ou responsável e, também, por meio de ligações telefônicas semanais.

Foi informado que havia: a) Regimento Interno, Guia do Adolescente e daFamíliaeManualdoEducadorSocial;b)normasdisciplinaresclarasedefi-nidas; c) formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais afetas à área infanto-juvenil; d) socializaçãode informaçõeseaconstruçãode saberesdaequipemultiprofis-sional (educadores e técnicos) e; e) programas de acompanhamento/supervisão dos servidores quanto às consequências do trabalho desenvolvido para a saúde mental da adolescente.

Emcontatocomasadolescentes,foiconfirmadaapoucaparticipaçãofa-miliar na construção, no monitoramento e na avaliação das ações socioeducati-vasemfunçãodadistânciageográfica,vistoqueamaioriaresidenointeriordoestado. Houve críticas das adolescentes em relação a este distanciamento.

Informou-se que o Estado custeava as despesas de viagem (passagens ida e volta) para 1 (uma) pessoa da família da adolescente, para visitá-la na Unidade. Que as adolescentes realizavam visitas mensais aos familiares, ressaltando-se que na primeira visita levava o PIA para ser assinado pelo pai, mãe ou responsável.

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2.1.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Foi informado que os PIAs eram elaborados tempestivamente pelos pro-fissionaisdoServiçoSocialePsicologia,contandocomaparticipaçãodeeduca-doressociaisapenasopinando.Adificuldadeapontadaparaasuaefetivaimple-mentação foi a pouca opção para o encaminhamento das adolescentes.

OsescassosrecursosfinanceirosdopróprioPoderPúblicoforamaponta-dos como empecilhos para a realização de visitas aos equipamentos públicos e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa das adolescentes, haja vista que eram oriundas do interior do Paraná. Acrescido a isso, mencionou-se que o veículo da Unidade era utilizado para o deslocamento das adolescentes, em suas atividades diárias, por falta de passagens para o transporte urbano, em prejuízo da realização de visitas domiciliares e aos equipamentos. Em consequência, as adolescentes não podiam exercer a autonomia e o protagonismo, que fazem parte da proposta pedagógica da Semiliberdade.

Não havia programa de acompanhamento de egressos. Este era feito de forma esporádica, dependendo do caso concreto. Não fazia parte da rotina das técnicas realizar o mapeamento das instituições, programas, equipamentos pú-blicos, sociais e comunitários pelo fato de as adolescentes serem originárias de todo o Paraná.

2.1.5 EDUCAÇÃO

Informou-se que: a) em regra, a adolescente era inserida/matriculada na redeoficialdeensinoquasequeimediatamenteapósoseuingressonaUnida-de, exceto quando havia problemas de documentação, resolvidos pela Terapeu-ta Ocupacional; b) A SEED oferecia às internas os exames do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e do CEBEJA (Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos) no sistema convencional da rede pública e; c) temas de Direitos Sociais/Direitos Humanos eram trabalhados de forma transversal.

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2.1.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Eram oferecidos os seguintes cursos:

QUADRO 36 – Cursos de profissionalização para internas da Semiliberdade Feminina de Curitiba

Curso Entidade Duração Carga horáriaWeb Design UniCuritiba curta Auxiliar Administrativo (etiqueta profissional, oratória, cálculo, etc.)

CIEE De 4 a 36 horas

Ceramista Centro de Criatividade 1 mês 1 x por semana

Até o início de setembro/2015, as adolescentes participavam dos cursos oferecidos pela “Associação Horizontes”. Com o término do contrato, havia poucas opções de encaminhamento para qualificação profissional. Soube-seque havia 2 (duas) adolescentes participando do curso de auxiliar de escritó-rio,destacando-se,emregra,queoseuperfilnãoseadequavaaoexigidopeloSENAI e SENAC.

Ressaltou-se a necessidade de reativação do “Programa Estadual de Apren-dizagemparaoAdolescenteemConflitocomaLei22”, não mais implementado e desedaroportunidadedequalificaçãoprofissional.

Foiinformadoque:a)nãoeramoferecidoscursosdeeducaçãoprofissionaltécnicadenívelmédiocomcertificaçãoreconhecidaquefavorecessemainser-ção da adolescente no mercado de trabalho; b) não havia adolescentes encami-

22 O Programa Estadual de Aprendizagem para o Adolescente em Conflito com a Lei, instituído pela Lei Estadual Lei nº 15.200, de 10/7/2006, com os seguintes objeti-vos, previstos nos incisos de seu artigo 4º:I – Garantir continuidade ao processo de formação do adolescente iniciado com o cum-primento das medidas socioeducativas, através da articulação da rede de programas de socioeducação, que têm a missão de apoiar os adolescentes na consolidação de um novo projeto de vida;II - Fomentar políticas públicas de integração dos serviços governamentais e não-gov-ernamentais para a promoção educativa do adolescente em conflito com a lei;III - Criar oportunidade de ingresso do adolescente no mercado de trabalho, através do desenvolvimento do conhecimento, das habilidades e das atitudes, desenvolvendo o senso de responsabilidade e iniciativa através da consciência de seus direitos e de-veres enquanto cidadão, bem como de valores éticos;IV - Propiciar aos adolescentes as condições para exercer uma iniciação profissional na área da administração;V - Estimular a inserção ou re-inserção do adolescente no sistema educacional e, quando necessário, proporcionar o reforço escolar a fim de garantir e melhorar o pro-cesso de escolarização.

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nhadas ao mercado de trabalho, em estágios remunerados, a partir de convênios com empresas privadas ou públicas; c) não eram desenvolvidas atividades de geração de renda durante o atendimento socioeducativo e; d) eram promovidas ações de orientação, conscientização e capacitação das adolescentes sobre seus direitos e deveres em relação à Previdência Social.

2.1.7 SAUDE

Informou-se que: a) as adolescentes recebiam cuidados especiais em saúde mental, incluindo os relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoati-vas; b) eram atendidas na Unidade de Saúde mais próxima; c) em caso de neces-sidade de atendimento com psiquiatra, recorriam aos CAPs situados nos bairros de Santa Quitéria ou Boa Vista; d) anteriormente eram atendidas no Centro Psi-quiátrico Metropolitano (CPM), que passou a atender somente os pacientes da Região Metropolitana; e) não havia programas de acompanhamento/supervisão qualitativos do trabalho desenvolvido pelos servidores para a proteção da saúde mental da adolescente.

2.1.8 OBSERVAÇÕES

Por se tratar da única Unidade de Semiliberdade feminina do Paraná, in-clusive as adolescentes, cujos pais residem em comarcas distantes, têm que ser transferidasparaacapitaldoestado,emflagranteviolaçãodeseudireito,consti-tucionalmente estabelecido, à convivência familiar e comunitária.

Essadistânciageográficaprejudicao trabalhodacomunidadesocioedu-cativa,emespecialdaequipetécnica,umavezquedificultaoplanejamentoeaexecução de ações voltadas ao fortalecimento de vínculos e à gradativa inclusão da adolescente no ambiente familiar e comunitário.

Faz-se oportuno mencionar que uma das diretrizes pedagógicas do aten-dimento, constante nas normas de referência do SINASE, é a participação ativa da família na experiência socioeducativa, considerada como fundamental para a consecução dos objetivos da medida judicialmente imposta.

Acrescidoaisso,arelatadaescassezderecursosfinanceirosdoPoderPú-blicodificultatantoodeslocamentodetécnicosaosequipamentospúblicoseàsinstituições que fazem parte da vida pré-egressa da adolescente, como a aquisi-ção de créditos para o uso do transporte urbano pelas adolescentes.

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Relatou-se que o veículo da Unidade passou a transportar as adolescentes paraasatividadesexternasdodiaadiaafimdepreservarodireitoàeducação,àprofissionalizaçãoeàsaúde,prejudicando,porém,deoutrovértice,oexercícioda autonomia e do protagonismo.

Nãosepoderiadeixardemencionarqueodireitoàprofissionalizaçãodasadolescentes foi negligenciado quando do término do contrato com a “Associação Horizontes”,semoplanejamentodeoutroscursosdeiniciaçãoprofissional.Res-salta-se que uma das sugestões apresentadas por integrante da comunidade socio-educativa foi a reativação do “Programa Estadual de Aprendizagem para o Ado-lescenteemConflitocomaLei”,instituídopelaLeiEstadualLeinº15.200/2006,que viabilizava a inserção de adolescentes no mercado formal de trabalho.

Não obstante o fato de o programa de atendimento ser realizado em resi-dência localizada em bairro comunitário, a sua estrutura física encontrava-se em dissonância com o SINASE. Restou nítido que a casa não dispõe, sequer, de espaço adequado ao atendimento técnico individual, grupal ou à visita familiar. Acrescen-te-se a isso a falta de local apropriado para atividades coletivas e/ou para estudo.

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2.2 UNIDADE DE SEMILIBERDADE MASCULINA DE CURITIBA

2.2.1 ESTABELECIMENTO

Localizada no município de Curitiba, no Bairro do Tarumã, composta de 4 (quatro) casas residenciais que se avizinham, adaptadas para o atendimento de adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa de Semiliberdade, procedentes, em tese, de Curitiba, região metropolitana e litoral. A primeira casa era utilizada para as atividades administrativas e técnicas; a segunda e a terceira aos adolescentes; a quarta às atividades culturais e a quinta estava inutilizada. Tem capacidade para 18 (dezoito) vagas.

Conforme informado, na data da visita (29 de outubro de 2015), havia 16 (dezesseis) adolescentes: 11 (onze) de Curitiba, 1 (um) de Castro, 1 (um) de Lon-drina, 2 (dois) de Maringá e 1 (um) de Ponta Grossa. A presença de adolescentes, inclusive de cidades onde háUnidades de Semiliberdade, foi justificada pelanecessidade de preservação da integridade física.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 37 – Aspectos físicos da Unidade de Semiliberdade Masculina de Curitiba

Aspectos Adequado InadequadoCondições adequadas de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança

X

Espaços adequados para a realização de refeições XEspaço para atendimento técnico individual e em grupo X Condições adequadas de repouso dos adolescentes XSalão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Há de se destacar que somente os aspectos de circulação e segurança para o deslocamento de um imóvel para outro eram inadequados. Acrescido a isso, não havia portas nos alojamentos, os computadores não tinham ligação com a internet e não havia aparelho de televisão para o uso de videogame disponível.

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Casa 1: Destinada a atividades administrativas e técnicas

Casa 2: Cozinha e sala

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Casa 2: Alojamento sem porta

Casa 2: Banheiro

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Casa 2: janela de alojamento com vidros quebrados

Casa 3: Alojamento

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Casa 3: Banheiro

2.2.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMAS

Foi informado que a gestão se dava de forma participativa e democrática. TantoodiretorquantoosprofissionaisdoServiçoSocial,daPsicologia,daPeda-gogia, e educadores sociais participavam das deliberações, da organização, das avaliações e das decisões sobre o funcionamento dos programas de atendimento. Dependendo da pauta da reunião, solicitava-se a presença da Defensora Pública que atuava na Vara do Adolescente Infrator.

Realizavam assembleias deliberativas, compostas pelos técnicos (pedago-go, psicólogo, assistente social) e dois educadores sociais, cuja periodicidade não foi informada. Essas assembleias não tinham coordenação rotativa e não conta-vam com registro por meio de atas.

NãohaviadiagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildosadolescentespara o planejamento e a execução da ação socioeducativa, mas possuía sistemas de monitoramento, avaliação e indicadores.

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O quadro de pessoal era composto da seguinte forma:

QUADRO 38 – Composição do quadro de pessoal da Unidade de Semiliberdade Masculina de Curitiba

Integrantes Nº Obs.: Em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 Coordenador técnico 0 Assistentes sociais 01 Psicólogos 01 Pedagogos 01 Advogado 0 Educadores sociais 20 01 (das 7hs às 16hs) e 01 (13hs às 21hs)Coordenador administrativo 0 Nutricionistas 0 Médicos 0 Dentistas 0 Professores 0 Outros (especificar) 01 Auxiliar de serviços gerais

Foi informado que, esporadicamente, havia a sobreposição de atribuições dosprofissionaisdeServiçoSocialedaPsicologia.

No que se refere à assistência jurídica no curso do processo de execução, os adolescentes recebiam atendimento quinzenal, pela Defensoria Pública.

2.2.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Segundo relatado, o PPP não era do conhecimento de todos os integrantes da comunidade socioeducativa, nem efetivamente operacionalizado por meio do planejamento das ações. Em decorrência, não poderia ser submetido a monito-ramento e avaliação. Todavia, estava sendo elaborado pela SEJU que, inclusive, havia disponibilizado em seu site o texto preliminar para conhecimento e contri-buição da sociedade.

Foi informado que havia a participação crítica do adolescente na cons-trução, monitoramento e avaliação das ações socioeducativas referentes a ele próprio e não ao grupo. A família participava da experiência socioeducativa por meio do acompanhamento técnico e de visitas domiciliares, quando possível. Adistânciageográfica,acomposiçãodoquadrodaequipesocioeducativaeainsuficiênciade recursosfinanceirosdoPoderPúblico foramapontadascomoempecilhos para a realização de visitas domiciliares, sistematicamente.

A equipe socioeducativa se reunia, semanalmente, às quintas-feiras, para a avaliação dos adolescentes. Estabeleceu-se, como regra, que a primeira visita

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domiciliar deveria ser acompanhada pelos pais ou responsável, que ía(m) bus-cá-los na Unidade. Os demais deslocamentos para tais visitas podiam ser feitos pelo adolescente desacompanhado, exceto quando os pais preferiam ir buscá-los.

Salienta-se que, na época do levantamento de dados pela OAB/PR, os ado-lescentes eram conduzidos para as atividades externas (aulas, consultas médi-cas)comoveículodoPoderPúblicodevidoàfaltaderecursosfinanceirosparaa aquisição de créditos para o transporte urbano. Essa prática inviabilizava o desenvolvimento da autonomia/protagonismo do adolescente, tônica da Medida Socioeducativa de Semiliberdade.

Informou-se que a Unidade: a) possuía Regimento Interno; b) não ti-nha Guia do Adolescente e da Família; c) não possuía Manual do Educador Social; d) realizaria capacitação de educadores sociais, mas não se soube precisar detalhes (data, carga horária, conteúdo); e) tinha normas disciplina-res claras e definidas; e) tinha por hábito a socialização de informações e a construção de saberes da equipe multiprofissional (educadores e técnicos) e; f) não dispunha de programas de acompanhamento/supervisão do trabalho dos servidores no que se refere às consequências do trabalho desenvolvido para a saúde mental do adolescente.

Não foi informado se havia a formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas pertinentes à área infanto-juvenil.

2.2.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Relatou-se que os educadores sociais participavam da elaboração dos PIAs, apresentados no prazo legal estabelecido, apontando-se como empecilho para a suaefetivaimplementaçãoadificuldadedecomunicaçãodealgunsadolescentese a falta de políticas públicas.

Informou-se que os técnicos da Unidade realizavam visitas aos equipa-mentos públicos (áreas de saúde, assistência social, educação, esporte, cultura e lazer) e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do adolescente, com o objetivo de compor estudos de caso e relatórios. A assistente social, que atuava na Unidade há 6 (seis) anos, fazia articulação com os equipamentos e a psicóloga, que ingressou em março/2015, realizava visita aos CAPs23 e a outros

23 O CAP do território da Regional do Cajuru está situado no bairro Guabirotuba e o CAP destinado aos adolescentes com idade inferior a 16 anos fica no bairro Boa Vista.

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equipamentos voltados à saúde mental. Havia, inclusive, mapeamento das insti-tuições, programas, equipamentos públicos, sociais e comunitários.

A Unidade não dispunha de programa de acompanhamento de egressos.

2.2.5 EDUCAÇÃO

Soube-sequeoadolescenteerainserido/matriculadonaredeoficialdeen-sino quase imediatamente após o seu ingresso na Unidade. Os Direitos Sociais/Direitos Humanos eram trabalhados de forma transversal.

2.2.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Até o início de setembro/2015, os adolescentes participavam dos cursos oferecidos pela “Associação Horizontes”. Com o término do contrato, havia pou-casopçõesdeencaminhamentoparaqualificaçãoprofissional,inclusivepelofatodeoperfildosadolescentesnãoseadequaraoexigidopeloSENAIeSENAC.

Na data da visita não havia: a) adolescentes encaminhados ao mercado de trabalho;b)equiparaçãodasoportunidades referentesàprofissionalização/trabalhoaosadolescentescomdeficiência,nãohavendonenhumnestasituação;c) atividades de geração de renda sendo desenvolvidas.

Informou-se que eram promovidas ações de orientação e conscientização dos adolescentes sobre direitos e deveres quanto à Previdência Social.

2.2.7 SAÚDE

Atécnicaentrevistadainformouqueosadolescentescomdeficiênciaoudoença mental recebiam tratamento individual e especializado em local adequa-do à sua condição. Disse entender como “transtorno mental” aquele problema queatrapalhasignificativamenteodiaadiaemencionouaexistênciade1(um)adolescente com esse quadro clínico na Unidade.

Informou que os adolescentes recebiam cuidados especiais em saúde men-tal, incluindo os relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas, destacando que os casos de transtorno mental eram assistidos, inclusive, no Hos-pital das Clínicas (HC) onde, após os 14 (quatorze) anos de idade, os pacientes eram atendidos como adultos.

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Forampontuadascomodificuldadesaobtençãodepsicotrópicosprescri-tos e a resistência de educadores sociais quanto a avaliações psicológicas dos adolescentes.

Mencionou-se, ainda, a inexistência de programas de acompanhamento/supervisão qualitativa do trabalho desenvolvido pelos servidores para a proteção da saúde mental do adolescente.

2.2.8 OBSERVAÇÕES

As condições de higiene e limpeza da Unidade não estavam adequadas, bem como as condições de circulação, iluminação e segurança das casas des-tinadas aos adolescentes não eram apropriadas. Constatou-se falta de colchões, banheiros com vazamentos, biblioteca inacessível aos adolescentes e quadra po-liesportivadanificadaesemcondiçõesdeuso.

Havia internos oriundos, inclusive, de cidades onde há CENSEs, mas o direito à convivência familiar e comunitária foi preterido devido à necessidade da proteção da integridade física. Na ponderação, o direito à vida, à saúde e ao respeito prevaleceram.

Cumpreobservarquedevidoàrelatadainsuficiênciaderecursosfinan-ceiros do Poder Público para aquisição de créditos para o transporte urbano, o veículo da Unidade passou a transportar os adolescentes para as atividades externas do dia a dia, tais como aulas e consultas médicas, em prejuízo do exercício da autonomia e da responsabilidade, que fazem parte da proposta pedagógica da Semiliberdade.

Nãosepoderiadeixardemencionarqueodireitoàprofissionalizaçãodosadolescentes foi negligenciado quando do término do contrato com a “Associa-çãoHorizontes”,semoplanejamentodeoutroscursosdeiniciaçãoprofissional.

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2.3 UNIDADE DE SEMILIBERDADE FOZ DO IGUAÇU

2.3.1 ESTABELECIMENTO

Localizada no município de Foz do Iguaçu, dispõe de 18 (dezoito) vagas masculinas. Na data da visita (29 de outubro de 2015) havia 13 (treze) adoles-centes, sendo 50% oriundos do município e cidades vizinhas e 50% de outras cidades e estados, devido à carência de vagas nos municípios de origem, visto serem poucas as unidades de semiliberdade no país.

Normalmente eram atendidos de 70 (setenta) a 75 (setenta e cinco) ado-lescentes/ano e, em 2015, até outubro, esse número girou entre 40 (quarenta) e 48 (quarenta e oito).

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 39 – Aspectos físicos da Unidade de Semiliberdade Foz do Iguaçu

Aspectos Adequado InadequadoCondições adequadas de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança

X

Espaços adequados para a realização de refeições X Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X Condições adequadas de repouso dos adolescentes X Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Contava com instalações adequadas e em bom estado de conservação.

Os quartos tinham capacidade para 3 (três) adolescentes, com 1 (uma) cama individual e 1 (um) beliche.

Foi relatada a necessidade urgente de climatização no local, em razão das altastemperaturasedeosventiladoresdisponíveisestaremvelhoseineficientes.

2.3.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMAS

Foi informado que a gestão se dava de forma participativa e democrática. Odiretor, os profissionais doServiçoSocial e daPsicologia e os educadoressociais participavam das deliberações, da organização, das avaliações e das de-cisões sobre o funcionamento dos programas de atendimento, contando com o

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acompanhamento da Defensoria Pública.

As assembleias deliberativas, compostas pelo diretor, educador social, psicó-logo e pedagogo, com coordenação não rotativa, eram registradas por meio de atas.

HaviadiagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildosadolescentesparao planejamento e execução da ação socioeducativa, realizados semanalmente. Possuía, ainda, sistemas de monitoramento, avaliação e indicadores.

O quadro de pessoal era composto da seguinte forma:

QUADRO 40 – Composição do quadro de pessoal da Unidade de Semiliberdade Foz do Iguaçu

Integrantes Nº Obs.: em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 Coordenador técnico 0 Assistentes sociais 01 Psicólogos 01 Pedagogos 0 Advogado 0 Educadores sociais 15 Coordenador administrativo

0

Nutricionistas 0 Médicos 0 Dentistas 0 Professores 0 Outros (especificar) 02 Auxiliar administrativo e copeira

Mencionou-seanãosobreposiçãodeatribuiçõesdosprofissionaisdeSer-viço Social e Psicologia e que os adolescentes recebiam assistência jurídica, de forma sistemática, no curso do processo de execução. Esta era prestada por meio de convênio da Unidade com a Faculdade Unioeste e pela Defensoria Pública, de acordo com a solicitação do adolescente.

2.3.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Segundo relatado, o PPP, de conhecimento de todos os integrantes da co-munidade socioeducativa, era efetivamente operacionalizado por meio do plane-jamento das ações e submetido a monitoramento e avaliação, mas não desenvol-vido de modo compartilhado (equipe institucional, adolescentes e famílias). A família participava por meio de reuniões com a equipe.

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Informou-se que a Unidade: a) possuía Regimento Interno, Guia do Ado-lescente e da Família e Manual do Educador Social; b) promovia a formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais de saúde, de educação, de esporte, de cultura e lazer edesegurançapública;c)tinhanormasdisciplinaresclarasedefinidas;d)tinhapor hábito a socialização de informações e a construção de saberes da equipe multiprofissional(educadoresetécnicos)e;e)dispunhadeprogramasdeacom-panhamento/supervisão do trabalho dos servidores no que se refere às suas con-sequências para a saúde mental do adolescente.

2.3.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Relatou-se que os educadores sociais participavam da elaboração do PIA, apresentado no prazo legalmente estabelecido. Contudo, ressaltou-se a grande dificuldadedeparticipaçãodafamília,essencialàefetividadedoPlano.Estadi-ficuldadefoiconstatada,emespecial,nocasodeadolescentesdeoutrascidades,razão pela qual os contatos eram feitos por telefone.

Informou-se que os técnicos da Unidade realizavam visitas aos equipa-mentos públicos (áreas de saúde, assistência social, educação, esporte, cultura e lazer) e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do adolescente com o objetivo de compor estudos de caso e relatórios.

Havia, inclusive, mapeamento das instituições, programas, equipamentos públicos, sociais e comunitários, realizado de modo informal.

Não havia programa de acompanhamento do egresso, já que Foz do Igua-çu, à época, não havia aderido ao Programa de Atenção à Família dos/as Adoles-centes Internados por Medida Socioeducativa (AFAI), que possibilitaria a previ-são de verba à formação de equipe para este acompanhamento.

2.3.5 EDUCAÇÃO

Soube-sequeoadolescenteerainserido/matriculadonaredeoficialdeen-sino em 48 (quarenta e oito) horas após o seu ingresso na Unidade e que temas de Direitos Sociais/Direitos Humanos não eram tratados. A totalidade dos ado-lescentes tinha baixa escolaridade (5º e 6º anos do ensino fundamental).

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2.3.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Havianomunicípioaofertadecursosdeeducaçãoprofissionaltécnica,denívelmédio,comcertificaçãoreconhecida,quefavoreciaainserçãodoadoles-cente no mercado de trabalho. Todavia, segundo o diretor da Unidade (no cargo há 6 anos), devido à baixa escolaridade, os adolescentes estavam despreparados para o mercado de trabalho. O grande parceiro da Unidade para a capacitação era o chamado “Sistema S”. Contudo, como a participação nesse programa exige en-sinofundamentalcompleto,amaiorianãosequalificavaou,ainda,eraexcluída.

Nadatadavisitanãohaviacursosprofissionalizantesministradosinterna-mente, e os ofertados não eram pertinentes às demandas do mercado de trabalho (informática e inglês no SENAI local). Sugeriu-se a instalação de um laboratório deinformáticanaUnidade,afimdequeoadolescentepudessetreinar/exercitaro conteúdo aprendido no curso.

Ressaltou-se a necessidade urgente de novo contrato para oferecimento de cursosdeformaçãoprofissionalaosadolescentes.

A Unidade contava, à época, com adolescentes encaminhados ao mercado formal de trabalho. Havia três na condição de aprendizes, um trabalhando em hospital, outro em supermercado e outro no Conselho Tutelar.

Estava prevista a equiparação de oportunidades para a profissionali-zação/trabalho aos adolescentes com deficiência, conforme Decreto nº 3.298 de 20/12/1999.

Não eram desenvolvidas atividades de geração de renda durante o atendi-mento socioeducativo.

Eram promovidas ações de orientação e conscientização dos adolescentes sobre direitos e deveres em relação à Previdência Social, por meio de parceria com instituições.

Foi relatado que a maior causa de privação de liberdade era o cometimen-todeatosinfracionaisrelacionadosaotráfico,fontederendadosadolescentes.Diantedaausênciadecursosprofissionalizantes,quandoliberados,anteafaltadecapacitaçãoprofissionaleadificuldadedeinserçãonomercadodetrabalho,acabavam por reincidir na conduta infracional.

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2.3.7 SAÚDE

Foi mencionado que não havia demanda para tratamento individual e espe-cializadodeadolescentecomdeficiênciaoudoençamental.AUnidadenãorece-beunenhumdeficientefísico,emborahouvessebanheirosequipadosparaaten-der tais necessidades. Os dependentes químicos eram encaminhados ao CAPS ou, ainda, para clínicas, dependendo do caso concreto.

Acrescentou-se não haver programas de acompanhamento/supervisão qualitativa do trabalho desenvolvido pelos servidores para a proteção da saúde mental do adolescente.

2.3.8 OBSERVAÇÃO

A estrutura física da Unidade apresentava-se adequada e em bom estado de conservação e a Defensoria Pública acompanhava as deliberações, organiza-ção, avaliações e decisões sobre o programa de atendimento.

AdistânciageográficaentreFozdoIguaçueasdemaiscidadesdeorigemdos adolescentes, onde não há Unidades de Semiliberdade, prejudica o trabalho da comunidade socioeducativa, em especial da equipe técnica, uma vez que di-ficultaoplanejamentoeaexecuçãodeaçõesvoltadasaofortalecimentodevín-culos e à gradativa inclusão do adolescente no ambiente familiar e comunitário. Faz-se oportuno mencionar que a Lei nº 12.594/2012, ao versar sobre a execução das medidas socioeducativas, estabelece o princípio do fortalecimento dos vín-culos familiares e comunitários no processo socioeducativo e o da individualiza-ção do atendimento, que se materializa no PIA.

Uma das diretrizes pedagógicas do atendimento, constante nas normas de referência do SINASE, é a participação ativa da família na experiência socioe-ducativa, desde a elaboração considerada como fundamental para a consecução dos objetivos da medida judicialmente imposta.

Mencione-sequeodireitoàprofissionalizaçãodosadolescentesfoinegli-genciado quando do término do contrato com a “Associação Horizontes”, sem o planejamentodeoutroscursosdeiniciaçãoprofissional.Todavia,comoaspectopositivo, destaca-se a parceria com o “Sistema S” e a existência de adolescentes encaminhados ao mercado formal de trabalho, na condição de aprendizes.

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2.4 UNIDADE DE SEMILIBERDADE LONDRINA

2.4.1 ESTABELECIMENTO

Localizada no município de Londrina, dispõe de 18 (dezoito) vagas mas-culinas. Na data da visita (30 de outubro de 2015), havia em torno de 12 (doze) adolescentes de Londrina e os demais eram oriundos da região.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 41 – Aspectos físicos da Unidade de Semiliberdade Londrina

Aspectos Adequado InadequadoCondições adequadas de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança

X

Espaços adequados para a realização de refeições X Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X Condições adequadas de repouso dos adolescentes X Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X Espaço e condições adequadas para visita familiar X

2.4.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMAS

Informou-se que a gestão era participativa e democrática. O diretor, os profissionaisdoServiçoSocialedaPsicologiaeoseducadoressociaisparticipa-vam das deliberações, organização, avaliações e decisões sobre o funcionamento dos programas de atendimento. Semanalmente (sextas-feiras,14h) realizavam as-sembleias deliberativas, cuja coordenação não era rotativa, registradas em atas.

AUnidadedispunhadediagnósticosituacionaledoperfildosadolescen-tes atendidos para o planejamento e execução da ação socioeducativa, bem como de sistemas de monitoramento, avaliação e indicadores.

Foiinformadoquenãohaviaasobreposiçãodeatribuiçõesdosprofissio-nais de Serviço Social e Psicologia, e que a Defensoria Pública, mensalmente, prestava assistência jurídica aos adolescentes no curso do processo de execução.

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O quadro de pessoal era composto da seguinte forma:

QUADRO 42 – Composição do quadro de pessoal da Unidade de Semiliberdade Londrina

Integrantes Nº Obs.: em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 Coordenador técnico 0 Assistentes sociais 01 Psicólogos 01 Pedagogos 0 Advogado 0 Educadores sociais 18 Coordenador administrativo 0 Nutricionistas 0 Médicos 0 Dentistas 0 Professores 0 Outros (especificar) 02 01 técnico-administrativo e 01 motorista.

2.4.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Segundo relatado, o PPP, de conhecimento de todos os integrantes da comunidade socioeducativa, era efetivamente operacionalizado por meio do planejamento das ações, mensalmente. Era submetido a monitoramento e ava-liação, bem como desenvolvido de modo compartilhado (equipe institucional, adolescentes e famílias). Os adolescentes participavam criticamente na cons-trução, no monitoramento e na avaliação das ações socioeducativas. As famí-lias interagiam, ativamente, da experiência socioeducativa, por meio de conta-to pessoal e telefônico.

Informou-se que a Unidade: a) possuía Regimento Interno; não dispunha do Guia do Adolescente e da Família nem do Manual do Educador Social; b) promovia a formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais de saúde, de educação, de esporte, de cultura e lazer e de segurança pública; c) tinha normas disciplinares claras edefinidas;d)socializavaasinformaçõeseaconstruçãodesaberesdaequipemultiprofissional(educadoresetécnicos)e;e)dispunhadeprogramasdeacom-panhamento/supervisão do trabalho dos servidores no que se refere às consequ-ências do trabalho desenvolvido para a saúde mental do adolescente.

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2.4.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Relatou-se que os educadores sociais participavam da elaboração dos PIAs, apresentadosnoprazolegalde45(quarentaecinco)dias.Nãohaviadificuldadepara a sua efetiva implementação pelo fato de os adolescentes serem oriundos de Londrina e região.

Informou-se que os técnicos da Unidade realizavam visitas aos equipa-mentos públicos (áreas de saúde, assistência social, educação, esporte, cultura e lazer) e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do adolescente, com o objetivo de compor estudos de caso e relatórios. Havia, inclusive, mapeamento das instituições, programas, equipamentos públicos, sociais e comunitários.

Apesar de a Unidade não dispor de programa de acompanhamento de egressos, o diretor fazia este trabalho por iniciativa própria, durante o período de 6 (seis) meses. Comunicava-se com familiares/responsável por telefone e visitas domiciliares.

2.4.5 EDUCAÇÃO

Soube-sequeoadolescenteerainserido/matriculadonaredeoficialdeen-sino 1 (uma) semana após o seu ingresso na Unidade. Temas de Direitos Sociais/Direitos Humanos eram tratados de forma transversal.

2.4.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Segundo relatado, integrantes do “Sistema S” ofereciam aos adolescentes oscursosdeformaçãoprofissional,abaixorelacionados:

QUADRO 43 – Cursos de profissionalização para internos da Unidade de Semi-liberdade Londrina

Curso Entidade Duração Carga horáriaOf. pedreiro aprendiz SENAI 1 ano 200 hMec. motores diesel SESI/SENAI 4meses 100 hPanificação e confeitaria SENAI 5meses 120 hMec. Maq. Industrial SENAI 6 meses 120 hVendedor SESI/SENAT 3 meses 60 hAux. manut. predial SENAI 5 meses 100 hEletricista predial SENAI 6 meses 120 hMec. motocicletas SENAI 6 meses 120 h

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Acrescentou-se que: a) eramoferecidos cursos de educação profissionaltécnicadenívelmédiocomcertificaçãoreconhecida,quefavoreciamainserçãodo adolescente no mercado de trabalho; b) os cursos oferecidos eram pertinentes às demandas do mercado de trabalho; c) eram respeitados os interesses/anseios dos adolescentes na escolha do(s) curso(s); d) havia adolescentes encaminhados ao mercado formal de trabalho, em estágios remunerados, a partir de convênios com empresas privadas ou públicas; e) havia a equiparação das oportunidades referentes à profissionalização/trabalho aos adolescentes com deficiência; f)eram promovidas ações de orientação e conscientização dos adolescentes sobre seus direitos e deveres em relação à Previdência Social por meio de atendimentos técnicos e; g) não eram desenvolvidas atividades de geração de renda durante o atendimento socioeducativo.

2.4.7 SAÚDE

Foimencionadoque:a)oadolescentecomdeficiênciaoudoençamentalrecebia tratamento individual e especializado em local adequado à sua condição, porém na data da visita não havia nenhum com transtorno mental grave; b) o adolescente recebia cuidados especiais em saúde mental, incluindo os relacio-nados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas; c) havia programas de acompanhamento/supervisão qualitativos do trabalho desenvolvido pelos servi-dores para a proteção da saúde mental do adolescente.

2.4.8 OBSERVAÇÕES

A estrutura física da Unidade apresentava-se adequada e em bom estado de conservação.

RestouclaroqueaproximidadegeográficaentreaUnidadedeSemiliber-dade e o local de residência da família/responsável do adolescente viabiliza o planejamento e a execução de ações voltadas ao fortalecimento de vínculos e à gradativa inclusão da adolescente no ambiente familiar e comunitário. Isto con-tribuiparaaeficáciadotrabalhodacomunidadesocioeducativa.

Merece destaque a iniciativa do diretor da Unidade, que fazia o acompa-nhamento de egressos, pelo período de 6 (seis) meses.

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2.5 UNIDADE DE SEMILIBERDADE PONTA GROSSA

2.5.1 ESTABELECIMENTO

Localizada no município de Ponta Grossa, a Unidade dispunha de 12 (doze) vagas. Na data da visita (05 de novembro de 2015) havia 9 (nove) adolescentes, sendo 8 (oito) de Ponta Grossa e 1 (um) de Rebouças. A presença deste foi justi-ficadapelanecessidadedepreservaçãodasuaintegridadefísica.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 44 – Aspectos físicos da Unidade de Semiliberdade Ponta Grossa

Aspectos Adequado InadequadoCondições adequadas de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança

X

Espaços adequados para a realização de refeições X Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X Condições adequadas de repouso dos adolescentes X Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X Espaço e condições adequadas para visita familiar X

2.5.2 GESTÃO DA UNIDADE/PROGRAMAS

Foi informado que a gestão se dava de forma participativa e democrática. Odiretor,osprofissionaisdoServiçoSocial,daPsicologiaedaPedagogia,oseducadores sociais e, inclusive, o Defensor Público participavam das delibera-ções, da organização, das avaliações e das decisões sobre o funcionamento dos programas de atendimento.

Mensalmente realizavam assembleias deliberativas, com coordenação ro-tativa, registradas por meio de atas.

HaviadiagnósticosituacionaldaUnidadeedoperfildosadolescentesparao planejamento e execução da ação socioeducativa, bem como de sistemas de monitoramento, avaliação e indicadores.

Foiinformadoquenãohaviaasobreposiçãodeatribuiçõesdosprofissio-nais de Serviço Social e Psicologia. No que se refere à assistência jurídica no curso do processo de execução, os adolescentes recebiam atendimento mensal da Defensoria Pública.O quadro de pessoal era composto da seguinte forma:

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QUADRO 45 – Composição do quadro de pessoal da Unidade de Semiliberdade Ponta Grossa

Integrantes Nº Obs.: em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 Coordenador técnico Assistentes sociais 01 Psicólogos 01 Pedagogos 01 Em fériasAdvogado 01 Educadores Sociais 12 Coordenador administrativo

Nutricionistas Médicos Do MunicípioDentistas Do MunicípioProfessores Ensino Regular e Educação de Jovens e AdultosOutros (especificar)

2.5.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Segundo relatado, o PPP, de conhecimento de todos os integrantes da co-munidade socioeducativa, era, efetivamente, operacionalizado por meio do pla-nejamento das ações e submetido a monitoramento e avaliação. Era, inclusive, desenvolvido de modo compartilhado (equipe institucional, adolescentes e fa-mílias).Promoviam-sereuniõesindividuaisepalestrascoletivasafimdequeasfamílias participassem da experiência socioeducativa.

Informou-se que a Unidade: a) possuía Regimento Interno, Guia do Ado-lescente e da Família e Manual do Educador Social; b) promovia a formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais de saúde, de educação, de esporte, de cultura e lazer edesegurançapública;c)tinhanormasdisciplinaresclarasedefinidas;d)tinhapor hábito a socialização de informações e a construção de saberes da equipe multiprofissional(educadoresetécnicos)e;e)dispunhadeprogramasdeacom-panhamento/supervisão do trabalho dos servidores no que se refere às suas con-sequências para a saúde mental do adolescente.

2.5.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Relatou-se que os educadores sociais participavam da elaboração dos PIAs, apresentados no prazo legal de 45 (quarenta e cinco) dias, não havendo qualquer

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dificuldadeparaasuaefetivaimplementação.

Informou-se que os técnicos da Unidade realizavam visitas aos equipa-mentos públicos (áreas de saúde, assistência social, educação, esporte, cultura e lazer) e às instituições que faziam parte da vida pré-egressa do adolescente com o objetivo de compor estudos de caso e relatórios. Havia, inclusive, mapeamento das instituições, programas, equipamentos públicos, sociais e comunitários.

A Unidade não dispunha de programa de acompanhamento de egressos.

2.5.5 EDUCAÇÃO

Soube-sequeoadolescenteerainserido/matriculadonaredeoficialdeen-sino 1 (uma) semana após o seu ingresso na Unidade e que temas como Direitos Sociais/Direitos Humanos eram tratados em conversas.

2.5.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Segundo relatado, o SESC e o SENAC ofereciam, respectivamente, os cursos de Informática e Marcenaria. Todavia, não foi mencionada duração e carga horária.

Acrescentou-se que: a) eramoferecidos cursos de educação profissionaltécnicadenívelmédiocomcertificaçãoreconhecidaquefavoreciamainserçãodo adolescente no mercado de trabalho; b) os cursos oferecidos eram pertinentes às demandas do mercado de trabalho; c) eram respeitados os interesses/anseios dos adolescentes na escolha do(s) curso(s); d) havia adolescentes encaminhados ao mercado formal de trabalho, em estágios remunerados, a partir de convênios com empresas privadas ou públicas e; e) não eram promovidas ações de orienta-ção e conscientização dos adolescentes sobre seus direitos e deveres em relação à Previdência Social.

2.5.7 SAÚDE

Foimencionadoque:a)oadolescenteportadordedoençaoudeficiênciamental recebia tratamento individual e especializado em local adequado à sua condição, porém, na data da visita, não havia nenhum com transtorno mental grave; b) o adolescente recebia cuidados especiais em saúde mental, incluindo os

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relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas; c) havia progra-mas de acompanhamento/supervisão qualitativos do trabalho desenvolvido pelos servidores para a proteção da saúde mental do adolescente.

2.5.8 OBSERVAÇÕES

Pode-seinferirqueaproximidadegeográficaentreaUnidadedeSemili-berdade e o local de residência da família/responsável pelo adolescente, contri-bui,paraaeficáciadotrabalhodacomunidadesocioeducativa,tantoquenãofoiapontadanenhumadificuldadeparaaefetivaimplementaçãodoPIA,queconta-va com a participar da experiência socioeducativa, desde a elaboração do PIA.

Há outros pontos positivos a destacar. Inicialmente, o PPP era efetivamente operacionalizado e desenvolvido de modo compartilhado, inclusive com os ado-lescentes e famílias, que participavam de reuniões individuais e palestras cole-tivas.Noqueserefereàprofissionalização,eramoferecidoscursosdeeducaçãoprofissionaltécnicadenívelmédiocomcertificaçãoreconhecidaquefavoreciama inserção do adolescente no mercado de trabalho e, não obstante o término do contrato com a “Associação Horizontes”, havia os cursos oferecidos, os quais eram pertinentes às demandas do mercado de trabalho. Ainda, havia adolescen-tes encaminhados ao mercado formal de trabalho, em estágios remunerados, a partir de convênios com empresas privadas ou públicas.

Quanto às diretrizes pedagógicas, além da Unidade promover a formação continuada dos atores sociais com a participação de representantes de equipa-mentos públicos, dispunha de programas de acompanhamento/supervisão do trabalho dos servidores no que se refere às suas consequências para a saúde mental do adolescente.

Essas boas práticas deveriam ser socializadas com as demais Unidades, especialmente os programas de acompanhamento do trabalho dos servidores e as suas consequências para a saúde mental do adolescente.

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2.6 UNIDADE DE SEMILIBERDADE UMUARAMA

2.6.1. ESTABELECIMENTO

Localizada no município de Umuarama, a Unidade dispunha de 12 (doze)24 vagas masculinas. Na data da visita (06 de novembro de 2015) a lotação estava completa contando com adolescentes oriundos de diversas regiões. A falta de vagas e o risco à integridade física foram as justifica-tivas para a presença de adolescentes cumprindo a Medida Socioeducativa de Semiliberdade em Umuarama, e não na Unidade mais próxima de sua cidade de origem. Contudo, informou-se que as visitas dos familiares eram garantidas (custeadas) pelo Poder Executivo.

O quadro abaixo demonstra os aspectos físicos considerados:

QUADRO 46 – Aspectos físicos da Unidade de Semiliberdade Umuarama

Aspectos Adequado InadequadoCondições adequadas de higiene, limpeza, circulação, iluminação e segurança

X

Espaços adequados para a realização de refeições X Espaço para atendimento técnico individual e em grupo X Condições adequadas de repouso dos adolescentes X Salão para atividades coletivas e/ou espaço para estudo X Espaço para o setor administrativo e/ou técnico X Espaço e condições adequadas para visita familiar X

Mencionou-se que o estado tem feito reposição de roupas, colchões e ma-teriais de higiene pessoal.

2.6.2 GESTÃO DAS UNIDADES/PROGRAMAS

Foi informado que a gestão se dava de forma participativa e democrática. Odiretor,osprofissionaisdoServiçoSocial,daPedagogiaedaPsicologia, eos educadores sociais participavam das deliberações, da organização, das ava-liações e das decisões sobre o funcionamento dos programas de atendimento. Diariamente realizavam assembleias deliberativas, cuja coordenação não era ro-tativa, registradas por meio de atas.

24 Segundo consta do site da SEJU, a capacidade desta Unidade é para 18 (dezoito) adolescentes.

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A Unidade dispunha de diagnóstico situacional e do perfil dos adoles-centes atendidos para o planejamento e execução da ação socioeducativa, realizado com periodicidade anual, mas não dispunha de sistemas de moni-toramento, avaliação e indicadores.

O quadro de pessoal era composto da seguinte forma:

QUADRO 47– Composição do quadro de pessoal da Unidade de Semiliberdade Umuarama

Integrantes Nº Obs.: em processo de aposentadoria, de exoneração, transferidos e/ou à disposição do DEASE, em férias ou em licença

Diretor 01 Coordenador técnico 0 Assistentes sociais 01 Psicólogos 01 Em licençaPedagogos 0 8h/semanaAdvogado 0 Educadores sociais 14 Coordenador administrativo

0

Nutricionistas 0 Médicos 0 Dentistas 0 Professores 0 Outros (especificar) 02 01 motorista e 1 auxiliar de serviços gerais.

Foi informado que: a) a equipe não estava defasada e não havia sobreposi-çãodeatribuiçõesdosprofissionaisdeServiçoSocialePsicologia;b)nãohou-ve capacitação introdutória anteriormente à inserção dos educadores sociais na Unidade; c) havia a previsão de formação continuada para técnicos e educadores sociais; d) havia a supervisão externa e/ou acompanhamento da Unidade/pro-grama, coordenada por especialistas extrainstitucionais e; e) quando solicitado, a Defensoria Pública prestava assistência jurídica aos adolescentes no curso do processo de execução.

2.6.3 DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

Segundo relatado, o PPP, não era de conhecimento de todos os integrantes da comunidade socioeducativa e nem efetivamente operacionalizado ou subme-tido a monitoramento e avaliação. Os adolescentes participavam, criticamente, na construção, no monitoramento e na avaliação das ações socioeducativas. As famílias interagiam, ativamente, por meio de contato pessoal e telefônico.

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Informou-se que a Unidade: a) possuía Regimento Interno e Manual do Educador Social, mas não dispunha do Guia do Adolescente e da Família; b) não realizava a formação continuada dos atores sociais com a participação de órgãos responsáveis pelas políticas públicas e sociais afetas à área infanto-juvenil; c) ti-nhanormasdisciplinares claras e definidas; d) socializava as informações e aconstruçãodesaberesdaequipemultiprofissional (educadorese técnicos)e;e)não dispunha de programas de acompanhamento/supervisão dos servidores no que se refere às consequências do seu trabalho para a saúde mental do adolescente.

2.6.4 DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DO ADOLESCENTE

Relatou-se que: a) os educadores sociais integravam a equipe de elabora-ção do PIA, junto à direção, técnicos, adolescente, contando, muitas vezes, com a participação da família; b) nem sempre era possível apresentar o PIA no prazo legalmente estabelecido, considerando-se a demanda; c) os técnicos realizavam visitas aos equipamentos públicos e às instituições afetas à área infanto-juvenil com o objetivo de compor estudos de caso e relatórios; d) a Unidade realizava o mapeamento das instituições, programas, equipamentos públicos, sociais e co-munitários; e) não havia programa de acompanhamento de egressos e; f) temas como Direitos Sociais/Direitos Humanos não eram trabalhados.

Destaca-se que as queixas mais frequentes dos adolescentes diziam respei-to à alimentação, à falta de oportunidade de trabalho e ao preconceito na escola.

2.6.5 EDUCAÇÃO

Soube-sequeoadolescenteerainserido/matriculadonaredeoficialdeen-sino 1 (uma) semana após o seu ingresso na Unidade. Os servidores avaliaram como “ruim” a qualidade do ensino oferecido aos adolescentes na rede estadual deensino,peloquepodiamverificar,informalmente,duranteoconvíviosocial.

2.6.6 PROFISSIONALIZAÇÃO

Acrescentou-seque:a)nãoeramoferecidoscursosdeeducaçãoprofissio-nal técnica de nívelmédio com certificação reconhecida que favorecessem ainserção do adolescente no mercado de trabalho; b) os cursos oferecidos eram pertinentes às demandas do mercado de trabalho; c) eram respeitados os inte-resses/anseios dos adolescentes na escolha do(s) curso(s); d) não havia adoles-

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centes encaminhados ao mercado formal de trabalho; e) não havia equiparação dasoportunidadesreferentesàprofissionalização/trabalhoaosadolescentescomdeficiênciapelofatodenuncaterematendidonenhumcomesseperfil;f)erampromovidas ações de orientação e conscientização dos adolescentes sobre direi-tos e deveres em relação à Previdência Social por meio de atendimentos técnicos e; g) durante o ano de 2015, a totalidade dos adolescentes participou de cursos profissionalizantes.

2.6.7 SAÚDE

Foimencionadoque:a)oadolescenteportadordedoençaoudeficiênciamental não recebia tratamento individual e especializado em local adequado à sua condição, em decorrência da burocratização do sistema; b) o adolescente recebia cuidados especiais em saúde mental, incluindo os relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas; c) havia programas de acompanhamento/supervisão qualitativos do trabalho desenvolvido pelos servidores para a prote-ção da saúde mental do adolescente.

2.6.8 OBSERVAÇÕES

Merece destaque o fato de a totalidade dos adolescentes, durante o ano de 2015, terparticipadodecursosprofissionalizantes,nãoobstanteo términodocontrato com a “Associação Horizontes”. Não foi mencionado, porém depreen-de-se que foram oferecidos pelo município de Umuarama.

Causa preocupação o fato de os servidores terem avaliado como “ruim” a qualidade do ensino oferecido aos adolescentes na rede estadual de ensino, pelo quepodiamverificarnoacompanhamentoinformalduranteoconvíviosocial.

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RECOMENDAÇÕES

1 GESTÃO DAS UNIDADES/PROGRAMAS

1.1 – Observar todos os direitos e garantias assegurados aos adolescentes, tomando o cuidado de não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de decisão judicial, segundo teor do art. 94, I e II da Lei nº 8.069/1990.

1.2 – Adotar, em todos os CENSEs, os critérios estabelecidos no art. 123 da Lei nº 8.069/1990, para a separação dos internos, quais sejam: idade, complei-ção física e gravidade da infração.

1.3–VerificarjuntoaoPoderJudiciárioapossibilidadedeagilizaçãodotrâmite do processo (Carta Precatória) do(a) adolescente egresso(a) de CENSE oudeUnidadedeSemiliberdade,afimdequenãohajarupturanatransiçãoparao cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto na Comarca de ori-gem, incluindo-se Curitiba e região metropolitana.

1.4 – No caso de adolescente em cumprimento de Medida Socioeducativa de Internação ou de Semiliberdade em localidade diversa ou distante do domi-cíliodospais/responsável,verificar juntoaomunicípiodeorigem(CREAS)apossibilidade de inserção do(a) egresso(a) e de sua família nas políticas sociais e públicas mesmo antes do recebimento da Carta Precatória pela comarca.

1.5 – Planejar e executar programa de acompanhamento dos egressos de CENSEs.

1.6–Adotar asmedidasnecessárias afimevitarque a insuficiênciadepessoal e/ou de vagas em CENSEs compromenta(m) o caráter pedagógico da proposta socioeducativa.

1.7 –Ampliar o quadrode profissionais das áreas de assistência social,psicologia,afimde,inclusive,evitarasobreposiçãodeatribuiçõesvedadalegal-mente (Lei nº 12.594/2012, art. 12).

1.8–VerificarseosquadrosdeeducadoressociaisdosCENSEsnãoestãodeficitáriosemfunçãodeaposentadorias,afastamentosepedidosdeexoneração.

1.9 – Garantir a defesa técnica dos(as) adolescentes, por meio da inclu-são de advogados na composição das equipes mínimas dos CENSEs e das Unidades de Semiliberdade, em consonância com o previsto nas normas de

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referência do SINASE.

1.10 – Oferecer capacitação introdutória e formação continuada de servi-dores do Sistema Socioeducativo.

1.11 – Propiciar condições para que os CENSEs e as Unidades de Semili-berdade que dispõem de Manual do Educador Social, de Guia do Adolescente e da Família, possam socializar tanto a metodologia de sua construção, quanto o seu conteúdo, com as demais Unidades que ainda não os possui.

1.12 – Propiciar condições para que os CENSEs que possuem internos en-caminhados ao mercado formal de trabalho, em estágios remunerados, a partir de convênios com a iniciativa privada ou pública, possam socializar essa boa prática com os demais CENSEs do estado do Paraná.

1.13 – Ampliar para todas os CENSEs e Unidades de Semiliberdade o programa acompanhamento/supervisão dos servidores no que se refere às con-sequências do trabalho por eles desenvolvido para a saúde mental dos(as) ado-lescentes, já implementado por alguns CENSEs e Unidades de Semiliberdade.

1.14 – Proceder à manutenção dos equipamentos das lavanderias, especial-mente do CENSE Fazenda Rio Grande e São Francisco.

2 DIREITO À VIDA E À SAÚDE

2.1 – Manter estoque de colchões adequados e materiais de higiene pessoal suficientes,bemcomovestuárioapropriadoàsvariaçõesclimáticaseemquanti-dade necessária para todos(as) os(as)adolescentes que necessitarem.

2.2 – Oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilida-de, higiene, salubridade e segurança, além de ambiente de respeito e dignidade a todos(as) os adolescentes em cumprimento de medida privativa ou restritiva de liberdade no estado do Paraná (Lei nº 8.069/1990, art.124, V e X).

2.3 – Assegurar o banho de sol a todos(as) internos(as) dos CENSEs do estado do Paraná.

2.4–Adotarasprovidênciasnecessáriasafimdequeasrefeições,emto-dos os CENSEs, sejam servidas em espaços próprios e adequados.

2.5 – Fiscalizar, rigorosamente, a qualidade da alimentação fornecida nos CEN-SEs e nas Unidades de Semiliberdade por intermédio das empresas contratadas.

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2.6–VerificarapossibilidadedereativarascozinhasexistentesnasUni-dades para a confecção das refeições.

2.7 –Assegurar atendimento individual e especializado ao(à) adolescente comtranstornooudeficiênciamental.

2.8 – Garantir que todos os CENSEs atendam à recomendação das normas de referência do SUS, que aponta para a necessidade da presença de médico, en-fermeiro, cirurgião dentista, terapeuta ocupacional e auxiliar de serviços odon-tológicos para compor a equipe técnica de saúde.

2.9 – Assegurar que os CENSEs disponham de estoque de medicamentos em quantidade adequada às necessidades (art. 94, IX da Lei nº 8.069/1990).

2.10–Verificarapossibilidadedeampliaçãodonúmerodemédicospsi-quiatras no quadro de servidores dos CENSEs, considerando-se o percentual de casos de transtorno mental, de ideações e de tentativas de suicídio.

2.11–Verificarseforamrealizadososreparosnecessáriosnasinstalaçõessanitárias do CENSE São Francisco (banheiro interditado e banheiros sem chu-veiros).

3 DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO, À DIGNIDADE

3.1 – Tomar os cuidados necessários para que adolescentes não comparti-lhem o mesmo colchão devido à falta de vagas. Esse compartilhamento é inad-missível e fere o estabelecido no art. 94, IV e VII, da Lei 8.069/1990.

3.2 – Abandonar a prática de manter adolescentes em privação de liber-dade, em alojamentos/celas de antiga Delegacia de Polícia (CENSE Curitiba), aguardando avaliação psiquiátrica, vaga em comunidade terapêutica, estabeleci-mento hospitalar, Unidade de Semiliberdade ou de Internação.

3.3 – Proibição da aplicação de sanções ou da utilização de procedimentos queimportemprejuízoàescolarização,profissionalizaçãoeàsaúdedo(a)ado-lescente.

3.4 – Garantir que a retirada de colchões não faça parte da rotina do CEN-SE como forma de punição.

3.5 – Corrigir os vícios procedimentais do sistema penal: andar com as mãos para trás e com a cabeça baixa.

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3.6 – Evitar que os internos permaneçam ociosos por longos períodos em seus alojamentos.

3.7 – Transferir as salas de atendimento técnico/jurídico para a área de se-gurançadoCENSECuritibaouretirarasbarrasdeferroparafixaçãodealgemasdas salas atualmente utilizadas.

3.8–Diligenciarnosentidodequenãohajainsuficiênciadevales-trans-porte para que os(as) adolescentes em Unidades de Semiliberdade possam exer-cer a autonomia e o protagonismo.

3.9 – Incluir temas relacionados aos Direitos Humanos nas atividades edu-cacionais/pedagógicas em todos os CENSEs.

3.10 – Disponibilizar sala exclusiva para o Setor de Saúde no CENSE Fa-zendaRioGrande,afimdeasseguraraprivacidadedosatendimentos.

4 DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA

4.1 – Oferecer vaga ao adolescente em regime de Internação ou de Semili-berdade na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável (art. 124, VI da Lei nº 8.069/1990), exceto na hipótese de haver risco à sua integridade física/mental.

4.2 – Custear as despesas de deslocamento periódico de familiares/res-ponsável–desprovidosdecondiçõesfinanceiras–paraarealizaçãodevisitasaos(às)internos(as),inclusive,afimdeviabilizaràequipetécnicaoplanejamentoe a execução de ações voltadas ao fortalecimento de vínculos e à gradativa inclu-são da adolescente no ambiente familiar e comunitário (Lei nº 8.069/1990, art. 94, V, art. 124, VII; Lei nº12.594/2014, art. 35, IX, art. 53, art.54, IV e V).

4.3 – Assegurar condições necessárias para que a adolescente, em execu-ção de medida de privação de liberdade, permaneça com seu bebê durante o pe-ríodo de amamentação (Lei nº 12.594/2014, art. 63, § 2º), por prazo mínimo de 6 (seis) meses, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

5 DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER

5.1 – Assegurar a composição do quadro de professores dos cursos de in-formática e de costura, bem como reforçar as disciplinas básicas.

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5.2 – Proceder à catalogação dos livros que compõem as bibliotecas dos CENSEsedasUnidadesdeSemiliberdadeafimfacilitaroempréstimo.

5.3 – Autorizar os(as) adolescentes a circular no interior das bibliotecas.

5.4 – Utilizar materiais didáticos atualizados nas atividades educacionais dos(as) internos(as).

5.5 – Disponibilizar materiais didáticos direcionados ao ENEM.

5.6 – Viabilizar aos adolescentes em Unidades de Semiliberdade, o acesso à internet para a realização de trabalhos escolares.

5.7 – Propiciar condições aos CENSEs que dispõem de propostas peda-gógicas diferenciadas e programas destinados à aceleração da aprendizagem, ouadequação idade/série,possamsocializá-los,afimdequeoutrasUnidadestambém possam vir a implementá-los.

5.8 – Planejar e executar atividades de terapia ocupacional que estimulem ointeresseeacriatividadedos(as)internos(as),alémdasaulasdepirografiaedepintura em gesso.

5.9 – Suprir as Unidades com material necessário para o desenvolvimento dasatividadesdeterapiaocupacional,taiscomopirografiaepinturaemgesso.

5.10–VerificarsefazpartedasnormasdisciplinaresdasUnidades(oudaprática cotidiana) a proibição de frequentar atividades escolares.

5.11 – Oferecer/ampliar a oferta de atividades culturais, esportivas e de lazer no contraturno, inclusive jogos de tabuleiro.

5.12–Verificaraconveniênciadaincorporaçãodasatividadesnoginásioàs atividades de educação, especialmente no CENSE São Francisco, uma vez que tal prática reduz a frequência dos internos às atividades esportivas no con-traturno.

5.13 – Providenciar a manutenção da quadra poliesportiva, especialmente do CENSE São Francisco e da Unidade de Semiliberdade Masculina de Curitiba.

6 DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO

6.1–Atentarparaqueodireitofundamentalàprofissionalizaçãoda(o)s

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adolescentesnãosejaprejudicadopelasignificativareduçãonaofertadecursosdeiniciaçãoprofissionale/ouintervaloentreotérminodeumcontratodepres-tação de serviços e o início da vigência de outro.

6.2 – Assegurar a composição do quadro de professores para ministrar cursosprofissionalizantes, como,porexemplo,ocursodecosturanoCENSEJoana Richa, considerando-se a existência de espaço físico e de equipamentos.

6.3–Verificaroefetivofuncionamentodoscomputadoreseaatualizaçãode softwares, seus programas/sistemas operacionais, nos CENSEs Curitiba, Joa-na Richa, bem como nos demais.

6.4–Propiciarcursosdeiniciaçãoprofissionalaptosàinserçãoda(o)ado-lescente no mercado de trabalho.

6.5 – Rever a possibilidade de reativar o Programa Estadual de Aprendi-zagemparaoAdolescenteemConflitocomaLei,instituídopelaLeiEstadualLei nº 15.200/2006 e regulamentado pelo Decreto Estadual nº 3.371, de 03 de setembro de 2008, que viabilizava a inserção da(o)s adolescentes no mercado formal de trabalho.

6.6–Oferecercursosprofissionalizantescomconteúdoteórico-prático.

6.7–Oferecercursosdeeducaçãoprofissionaltécnicodenívelmédiocomcertificaçãoreconhecidaquefavoreçamainserçãoda(o)adolescentenomercadode trabalho.

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