relatorio xingu

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  • 1. Cadeias de Comercializao de Produtos Florestais NoMadeireiros na Regio de Integrao Xingu, Estado do ParRELATRIO TCNICO2011 BELM PAR 2011

2. Governo do Estado do ParSimo Robison Oliveira JateneGovernador Helenilson Cunha PontesVice-Governador / Secretrio Especial de Estado de Gesto - Seges Instituto de Desenvolvimento Econmico, Social e Ambiental do ParMaria Adelina Guglioti Braglia PresidenteDiretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais Jonas Bastos da VeigaDiretorDiretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconmicas e Anlise ConjunturalCassiano Figueiredo Ribeiro DiretorDiretoria de Estatstica, Tecnologia e Gesto da InformaoSrgio Castro GomesDiretor Diretoria de Administrao, Planejamento e FinanasHelaine Cordeiro Flix Diretora 3. Cadeias de Comercializao de Produtos Florestais NoMadeireiros na Regio de Integrao Xingu, Estado do ParRELATRIO TCNICO2011 BELM PAR 2011 4. ExpedienteDiretor de Pesquisa e Estudos AmbientaisJonas Bastos da VeigaCoordenadora do Ncleo de Pesquisa Cientfica, Tecnolgica e InovaoMarli Maria de MattosElaborao Tcnica:Marli Maria de Mattos CoordenadoraEllen Claudine Cardoso CastroDivino Herculys Peres da Silva LimaJos de Alencar CostaAna Cristina Parente BritoIsaac Luiz Magalhes LopesColeta de dados:Adriana Pinheiro dos SantosAna Cristina Parente BritoDivino Herculys Peres da Silva LimaIsaac Luiz Magalhes LopesGilzibene Marques da SilvaJoyse Tatiane Souza dos SantosRaquel Lopes de ArajoRodrigo dos Santos LimaApoio Tcnico:Nanety Cristina Alves dos SantosMaria Glaucia Pacheco MoreiraParceria:Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do ParJos Alberto da Silva Colares, Diretor GeralReviso:Jonas Bastos da Veiga, Cassiano Figueiredo Ribeiro, Gustavo Silva e Marclio ChiacchioNormalizao:Adriana Tas G. dos Santos e Anna Mrcia Malcher Muniz_______________________________________________________________________INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONMICO, SOCIAL E AMBIENTALDO PARCadeias de comercializao de produtos florestais no madeireiros na Regio deIntegrao Xingu, Estado do Par: relatrio tcnico 2011./ Belm: IDESP, 2011.193p. 1.Cadeias de comercializao.2.Produtos florestais no madeireiros.3.Contas sociaisalfa.4.Economia regional.I.Regio de Integrao.II.Par (Estado).III.Titulo. CDD: 381.098115 ________________________________________________________________________ 5. APRESENTAO A extrao dos produtos florestais no madeireiros (PFNM) no Brasil de grandeimportncia social, econmica e ambiental. Apresenta-se como uma forma de exploraosustentvel, pois na maioria das vezes, no implica na remoo dos indivduos das espcies.H tempos, populaes tradicionais, extrativistas, ribeirinhas e agricultores familiares utilizamprodutos no madeireiros (frutos, fibras, resinas, plantas medicinais, utenslios entre outros)para subsistncia e renda. Apesar da relevncia do tema, h poucas informaes sobre omercado das espcies florestais no madeireiras, constituindo dessa forma um fator crticopara a gesto das florestas.O mercado internacional desses produtos relativamente conhecido, todavia, omesmo no ocorre sobre a cadeia de produo e comercializao no mercado domstico. Noh, nos sistemas de dados oficiais, uma lista completa de produtos florestais que socomercializados, principalmente no que diz respeito s espcies locais e regionais, comovrias espcies medicinais e frutferas. No estado do Par, bem como em todos os estados daAmaznia Legal, h uma carncia de dados sobre o mercado de muitos produtos nomadeireiros de valor local ou regional e sua relevncia para as populaes rurais e urbanasenvolvidas nas cadeias de produo. As estatsticas oficiais no detectam as espciesextrativistas que possuem mercado local, bem como as recentes demandas por produtos paraatender as indstrias cosmticas no mercado nacional e internacional. Em razo da relevncia do tema exposto, o Instituto de DesenvolvimentoEconmico, Social e Ambiental do Par (Idesp), em parceria com o Instituto deDesenvolvimento Florestal do Estado do Par (Ideflor), desenvolveu o estudo sobre as cadeiasde comercializao dos PFNM do Estado do Par, como forma de contribuir com informaespara a formulao de polticas pblicas. Assim foi firmado o Termo de Cooperao Tcnica eFinanceira TCTF No. 02/2010, tendo sua vigncia iniciada em maro de 2010, e tem comoobjetivo identificar e analisar as cadeias de comercializao dos PFNM em cinco Regies deIntegrao (RI) do estado do Par (Rio Caet, Baixo Amazonas, Guam, Xingu e Maraj). Os resultados destas pesquisas podem contribuir para o entendimento da economiados PFNM no Estado do Par, destacando as potencialidades econmicas e identificandoentraves (produo e comercializao) desses diversos produtos, evidenciando os nodetectados nas estatsticas oficiais, contribuindo com a conservao e gesto florestal.O presente relatrio contempla os resultados das anlises das cadeias decomercializao dos PFNM da Regio de Integrao (RI) Xingu. 6. RESUMO Na busca do desenvolvimento sustentvel, o estado do Par necessita de atividadeseconmicas produtivas que dinamizem e gerem renda s populaes locais, que evitem odesmatamento, que agreguem valor aos produtos e que reduzam as desigualdades entreregies. O mtodo das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CS) aplicado neste estudo,utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto, permitiu identificar o valor da produo de BaseAgroextrativista, de 46 produtos identificados, em 10 municpios da Regio de Integrao doXingu e, acompanhar os fluxos ao longo das cadeias estudadas, passando pelos setores debeneficiamento, transformao, comrcio e servios at seu destino final. Constatou-se que osprodutos estudados (14 alimentcios, 21 frmacos e cosmticos, 8 artesanatos e utenslios, 2derivados da madeira e 1 derivado animal) tm significativa importncia na dinmica daeconomia local, assim como para outras regies do Par, alm dos mercados nacionais einternacionais. O principal produto de destaque na RI foi o cacau amndoa (R$ 1,54 bilho),porm com 52% da renda bruta gerada e circulada fora do Par, diferente do cacau fruto (R$1,38 milho) com 98% gerada e circulada na prpria RI Xingu. Outros produtos de destaqueforam a castanha-do-brasil, o urucum, o aa fruto, o palmito, o tapereb e o muruci. Acontabilidade social ascendente na regio tem origem em milhares de famlias envolvidas nosetor da produo extrativa local (e extralocal), que receberam pela venda de todos osprodutos o montante de R$ 209,9 milhes (VBP), que gerou R$ 1,07 bilho (VBP) nacompra destes produtos (predomnio in natura) e com a agregao de valor de mais de R$488,1 milhes (VAB), chegando a uma renda bruta total (RBT) gerada e circulada em R$ 1,56bilho, com seus efeitos para frente e para trs nas cadeias de comercializao. O estudotambm demonstrou as fragilidades e potencialidades identificadas nas cadeias, envolvendo ainiciativa privada, os rgos governamentais e a sociedade direta e indiretamente relacionadas cadeias dos produtos do agroextrativismo.Palavras-chave: 1.Cadeias de comercializao, 2.Produtos florestais no madeireiros,3.Contas sociais alfa, 4.Economia regional. 7. LISTA DE SIGLASCEPLACComisso Executiva do Plano da Lavoura CacaueiraCONAB Companhia Nacional de AbastecimentoEMATEREmpresa de Assistncia Tcnica e Extenso RuralEmbrapa Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaGPS Sistema de Posicionamento GlobalIBGEInstituto Brasileiro de Geografia e EstatsticaIDEFLOR Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do ParIDESP Instituto de Desenvolvimento Econmico, Social e Ambiental do ParIDH ndice de Desenvolvimento HumanoINCRA Instituto Nacional de Colonizao e Reforma AgrriaLSPALevantamento Sistemtico da Produo AgrcolaMDA Ministrio do Desenvolvimento AgrrioMinistrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior /MDIC/SECEXSecretaria de Comrcio ExteriorMDS Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate FomeMIP Matriz Insumo ProdutoMZEE - PA Macrozoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do ParNAEA / UFPA Ncleo de Altos Estudos Amaznicos da Universidade Federal do ParNPCTI Ncleo de Pesquisa Cientfica, Tecnolgica e Inovao do IDESPONG Organizao No GovernamentalPAM Pesquisa Agrcola MunicipalPDA Projetos Demonstrativos Categoria APEVSProduo da Extrao Vegetal e da SilviculturaPFNMProdutos Florestais No MadeireirosPIB Produto Interno BrutoPPM Produo de Pecuria MunicipalRBT Renda Bruta TotalRIRegio de IntegraoSEIR - PA Secretaria de Estado de Integrao RegionalSEMA - PA Secretaria de Estado de Meio AmbienteSTR Sindicato dos Trabalhadores RuraisUCUnidade de ConservaoUFPAUniversidade Federal do ParVAB Valor Agregado Bruto ou Valor Adicionado BrutoVBP Valor Bruto da ProduoVBPValor Bruto da Produo do setor AlfaVTE Valor Transacionado Efetivo 8. LISTA DE FIGURASFIGURA 1- Municpios pertencentes Regio de Integrao Xingu. ..................................... 36FIGURA 2- Localizao da Regio de Integrao Xingu, estado do Par............................... 40FIGURA 3- Localizao dos agentes mercantis do cacau amndoa na RI Xingu, estado do Par, em 2010. .......................................................................................................... 42FIGURA 4- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau amndoa comercializado na RI Xingu, estado do Par, em 2010. ............................................................................. 46FIGURA 5- Preo mdio do cacau amndoa (R$/kg) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, em 2010, da RI Xingu, estado do Par. ................... 47FIGURA 6- Localizao dos agentes mercantis do urucum na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................................................. 54FIGURA 7- Estrutura (%) da quantidade amostral do urucum comercializado na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................... 57FIGURA 8- Preo mdio do urucum (R$/kg) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. ............. 58FIGURA 9- Localizao dos agentes mercantis do aa na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. .................................................................................................................... 64FIGURA 10- Estrutura (%) da quantidade amostral do aa comercializado na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................... 68FIGURA 11- Preo mdio do aa (R$/kg) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. ........................ 69FIGURA 12- Localizao dos agentes mercantis da castanha-do-brasil na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................................... 77FIGURA 13- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializado na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. .............................................................. 79FIGURA 14- Preo mdio da castanha-do-brasil (R$/kg) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. .................................................................................................................................. 81FIGURA 15- Localizao dos agentes mercantis do cacau (fruto) na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................................... 89FIGURA 16- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau (fruto) comercializado na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ................................................................... 91FIGURA 17- Preo mdio do cacau (fruto) (R$/un.) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. ........ 93FIGURA 18- Localizao dos agentes mercantis do tapereb na RI Xingu, estado do Par, no perodo de 2010. ....................................................................................................... 94FIGURA 19- Estrutura (%) da quantidade amostral do tapereb comercializado na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................... 96FIGURA 20- Preo mdio do tapereb (R$/kg) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. ............. 97FIGURA 21- Localizao dos agentes mercantis do muruci na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................................................. 98 9. FIGURA 22- Estrutura (%) da quantidade amostral do muruci comercializado na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 100FIGURA 23- Preo mdio do muruci (R$/l) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. ........... 101FIGURA 24- Localizao dos agentes mercantis das plantas medicinais na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ........................................................................................ 109FIGURA 25- Estrutura (%) da quantidade amostral das plantas medicinais comercializadas na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................ 111FIGURA 26- Preo mdio das plantas medicinais (R$/kg) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. ................................................................................................................................ 112FIGURA 27- Localizao dos agentes mercantis da copaba na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ........................................................................................................... 113FIGURA 28- Estrutura (%) da quantidade amostral da copaba comercializado na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 115FIGURA 29- Preo mdio da copaba (R$/l) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. ........... 116FIGURA 30- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/un.) do artesanato regional na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010........................................................................................................................ 118FIGURA 31- Localizao dos agentes mercantis do mel na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. .................................................................................................................. 119FIGURA 32- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 121FIGURA 33- Preo mdio do mel (R$/l) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. ...................... 122FIGURA 34- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/kg) do palmito na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ........ 124FIGURA 35- Localizao dos agentes mercantis da andiroba na RI Xingu, estado do Par, no perodo de 2010. ..................................................................................................... 125FIGURA 36- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializado na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 127FIGURA 37- Preo mdio da andiroba (R$/l) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. ........... 128FIGURA 38- Localizao dos agentes mercantis do cupuau na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ........................................................................................................... 129FIGURA 39- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuau comercializado na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 132FIGURA 40- Preo mdio do cupuau (R$/Kg) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. ........... 134FIGURA 41- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/kg) da borracha na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ...... 136 10. FIGURA 42- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/kg) do buriti na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ........... 137FIGURA 43- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/un.) dos utenslios na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. .. 139FIGURA 44- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/l) do leo da castanha-do-brasil na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. .................................................................................................................. 141FIGURA 45- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/l) dos leites na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010.............. 142FIGURA 46- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/l) do leo de piqui na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. 144FIGURA 47- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/kg) do breu-branco na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010.. 146FIGURA 48- Localizao dos agentes mercantis do carvo na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ........................................................................................................... 147FIGURA 49- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvo comercializado na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 149FIGURA 50- Preo mdio do carvo (R$/saca) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. ........... 150FIGURA 51- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/un.) do uxi na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. .............. 151FIGURA 52- Estrutura (%) da quantidade amostral do aa (semente) na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................................. 153FIGURA 53- Preo mdio do aa (semente) (R$/kg) praticado nas transaes entre os setores da cadeia de comercializao, no ano de 2010, da RI Xingu, estado do Par. ...... 154FIGURA 54- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/kg in natura) da bacaba na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ................................................................................................................................ 155FIGURA 55- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/un. fruto in natura) do bacuri na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010........................................................................................................................ 157FIGURA 56- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/cacho) da pupunha na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. . 158FIGURA 57- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/l) do leo de pracaxi na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ................................................................................................................................ 160FIGURA 58- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preo mdio praticado (R$ correntes/kg) do cip-titica na RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. .... 162 11. LISTA DE QUADROSQUADRO 1- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do cacau amndoa da RI Xingu, estado do Par, em 2010. ............................................................................. 43QUADRO 2- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do urucum da RI Xingu, estado do Par, no perodo de 2010. ........................................................................ 55Quadro 3- Descrio dos agentes mercantis na comercializao de aa na RI Xingu, Estado do Par, no perodo de 2010. ................................................................................... 65QUADRO 4- Descrio dos agentes mercantis na comercializao da castanha-do-brasil da RI Xingu, estado do Par, no perodo de 2010. ............................................................ 78QUADRO 5- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do cacau (fruto) da RI Xingu, estado do Par, no perodo de 2010. ............................................................ 90QUADRO 6- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do tapereb da RI Xingu, estado do Par, no perodo de 2010. ........................................................................ 94QUADRO 7 - Descrio dos agentes mercantis na comercializao do muruci da RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................... 98QUADRO 8- Descrio dos agentes mercantis na comercializao das plantas medicinais da RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................ 109QUADRO 9- Descrio dos agentes mercantis na comercializao da copaba da RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 114QUADRO 10- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do artesanato regional da RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................ 117QUADRO 11- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do mel da RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 119QUADRO 12 - Descrio dos agentes mercantis na comercializao do palmito da RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 123QUADRO 13- Descrio dos agentes mercantis na comercializao da andiroba da RI Xingu, estado do Par, no perodo de 2010. ...................................................................... 126QUADRO 14- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do cupuau da RI Xingu, estado do Par, no perodo de 2010. ...................................................................... 130QUADRO 15- Descrio dos agentes mercantis na comercializao da borracha da RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 135QUADRO 16- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do buriti da RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 136QUADRO 17- Descrio dos agentes mercantis na comercializao dos utenslios da RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ................................................................. 138QUADRO 18- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do leo da castanha-do- brasil da RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................. 139QUADRO 19- Descrio dos agentes mercantis na comercializao dos leites da RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 141QUADRO 20- Descrio do agente mercantil na comercializao do leo de piqui da RI Xingu, estado do Par, no ano de 2010. ................................................................. 143 12. QUADRO 21- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do breu-branco da RIXingu, estado do Par, no ano de 2010. ................................................................. 145QUADRO 22- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do carvo da RI Xingu,estado do Par, no perodo de 2010. ...................................................................... 148QUADRO 23- Descrio do agente mercantil na comercializao do uxi da RI Xingu, estadodo Par, no ano de 2010. ........................................................................................ 150QUADRO 24- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do aa (semente) da RIXingu, estado do Par, no ano de 2010. ................................................................. 152QUADRO 25 - Descrio dos agentes mercantis na comercializao da bacaba da RI Xingu,estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 154QUADRO 26- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do bacuri da RI Xingu,estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 156QUADRO 27- Descrio dos agentes mercantis na comercializao da pupunha da RI Xingu,estado do Par, no ano de 2010. ............................................................................. 157QUADRO 28- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do leo de pracaxi da RIXingu, estado do Par, no ano de 2010. ................................................................. 159QUADRO 29- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do cip-titica da RIXingu, estado do Par, no ano de 2010. ................................................................. 161 13. LISTA DE GRFICOSGRFICO 1- VBP, em R$, pela tica da oferta na comercializao do cacau amndoa da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ............................................................ 48GRFICO 2- VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercializao do cacau amndoa da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ............................................................ 51GRFICO 3- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercializao do cacau amndoa, considerando sua composio pela tica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008.......................................... 53GRFICO 4- VBP, em R$, pela tica da oferta na comercializao do urucum da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ........................................................................ 59GRFICO 5- VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercializao do urucum da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ........................................................................ 61GRFICO 6- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercializao do urucum, considerando sua composio pela tica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ............................................................ 62GRFICO 7- VBP, em R$, pela tica da oferta na comercializao do aa da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ........................................................................ 70GRFICO 8- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercializao do aa da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ........................................................................................ 73GRFICO 9- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercializao do aa, considerando sua composio pela tica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ............................................................ 75GRFICO 10- VBP, em R$, pela tica da oferta na comercializao da castanha-do-brasil da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ....................................................... 82GRFICO 11- VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercializao da castanha-do-brasil da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ....................................................... 85GRFICO 12- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercializao da castanha-do- brasil, considerando sua composio pela tica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. .................................................. 87GRFICO 13- VBP, em R$, pela tica da oferta na comercializao das frutas (cacau, tapereb e muruci) da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ................. 102GRFICO 14- VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercializao das frutas (cacau, tapereb e o muruci) da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ............................. 104GRFICO 15- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercializao das frutas (cacau, tapereb e o muruci), considerando sua composio pela tica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ........... 107 14. LISTA DE TABELASTABELA 1- Produtos florestais no madeireiros identificados na RI Xingu, com quantidade e valor pago produo local, de acordo com a amostragem realizada em campo, em 2010.......................................................................................................................... 41TABELA 2- Demanda Final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais no madeireiros identificados nos dez municpios da Regio de Integrao Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ...................................................................... 163TABELA 3- Valor Adicionado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais no madeireiros identificados nos dez municpios da Regio de Integrao Xingu, estado do Par, estimado para 2008. ........................................ 165TABELA 4- Valor Agregado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais no madeireiros identificados na Regio de Integrao Xingu, estado do Par, organizados em categorias (Alimentcios, Artesanatos/Utenslios, Derivado Animal, Derivado da Madeira e Frmacos/Cosmticos), estimados para 2008........................................................................................................................ 167TABELA 5- Renda Bruta Total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais no madeireiros identificados na Regio de Integrao Xingu, estimados para 2008, organizados em trs categorias relativas com escalas de valor do RBT (acima de R$ 600 mil, de R$ 100 mil a R$ 599 mil e abaixo de R$ 100 mil). ...... 169TABELA 6- Indicadores econmicos dos produtos florestais no madeireiros identificados na Regio de Integrao Xingu, estado do Par, compostos pelo Valor Bruto da Produo Alfa Local (VBP), o Valor Bruto da Produo Alfa extralocal, a margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produo (VBP), o Valor Agregado Bruto (VAB) e a Renda Bruta Total (RBT), em R$, nas esferas local, estadual e nacional, estimado para 2008 (Idesp). ................................................................................... 174 15. SUMRIO1 INTRODUO ................................................................................................................... 252 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 262.1 GERAL ............................................................................................................................... 262.2 ESPECFICOS ................................................................................................................... 263 METODOLOGIA................................................................................................................ 274 RESULTADOS .................................................................................................................... 364.1 REGIO DE INTEGRAO XINGU .............................................................................. 364.2 INFRAESTRUTURA DE COMERCIALIZAO DOS PFNM NA RI XINGU ............ 384.3 ANLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAO .................................................. 404.3.1 Cacau amndoa ................................................................................................................ 424.3.2 Urucum ............................................................................................................................ 544.3.3 Aa .................................................................................................................................. 634.3.4 Castanha-do-brasil ........................................................................................................... 764.3.5 Cacau (fruto) .................................................................................................................... 884.3.6 Tapereb .......................................................................................................................... 934.3.7 Muruci ............................................................................................................................. 974.3.8 Anlise pela tica da Oferta das Frutas (Cacau, Tapereb e Muruci) .......................... 1014.3.9 Plantas Medicinais ......................................................................................................... 1084.3.10 Copaba ........................................................................................................................ 1124.3.11 Artesanato Regional .................................................................................................... 1164.3.12 Mel ............................................................................................................................... 1184.3.13 Palmito ......................................................................................................................... 1224.3.14 Andiroba ...................................................................................................................... 1244.3.15 Cupuau ....................................................................................................................... 1284.3.16 Borracha ...................................................................................................................... 1344.3.17 Buriti ............................................................................................................................ 1364.3.18 Utenslios ..................................................................................................................... 1374.3.19 Castanha-do-brasil leo ............................................................................................... 1394.3.20 Leites ........................................................................................................................... 1414.3.21 leo de Piqui ............................................................................................................. 1434.3.22 Breu-branco ................................................................................................................. 1444.3.23 Carvo .......................................................................................................................... 1464.3.24 Uxi ............................................................................................................................... 1504.3.25 Aa (semente) ............................................................................................................. 1514.3.26 Bacaba ......................................................................................................................... 1544.3.27 Bacuri .......................................................................................................................... 1554.3.28 Pupunha ....................................................................................................................... 157 16. 4.3.29 Pracaxi leo ................................................................................................................. 1584.3.30 Cip-titica .................................................................................................................... 1604.4 ANLISES AGRUPADAS ............................................................................................. 1625 CONCLUSES.................................................................................................................. 1756 RECOMENDAES........................................................................................................ 1787 REFERNCIAS ................................................................................................................ 183APNDICES ......................................................................................................................... 187 17. 251 INTRODUO Segundo o Ministrio da Agricultura de Moambique (2008), os Produtos FlorestaisNo Madeireiros (PFNM) so aqueles derivados da floresta, exceto a madeira, cuja definioengloba fibras, frutos, razes, cascas, folhas, taninos, cogumelos, exudados, mel, plantasmedicinais, lenha e carvo, entre outros. Silva et al. (2010) ressaltam que, em tese, estesprodutos tambm podem ser obtidos de plantas semidomesticadas em plantios ou sistemasagroflorestais. Nas ltimas dcadas, assiste-se em todo o mundo, o crescimento da preocupaorelacionada a fatores como aquecimento global e o desmatamento das florestas tropicais, queatraem o interesse de diversos atores sociais, que anseiam em equacionar tais impactos.Dentro deste contexto, a extrao e comercializao dos PFNM no Brasil tm apresentadogrande importncia social, econmica e ambiental, em virtude de ocorrer prioritariamente empequenas propriedades, preservar parte importante da biodiversidade das florestas nativas(FIEDLER et al., 2008) e gerar renda.Em relao ao comrcio dos PFNM, nota-se que o mercado internacional dessesprodutos relativamente conhecido, diferente das cadeias de comercializao no mercadodomstico. No estado do Par, assim como nos outros estados da Amaznia Legal, restrita aliteratura e dados existentes sobre o mercado invisvel de muitas espcies de valor local ouregional e sua importncia para as populaes rurais e urbanas envolvidas ao longo da suacadeia de produo (MONTEIRO, 2003). Dessa forma, gestores e demais audincias estodesinformados sobre o fluxo desse comrcio, que permanece oculto (SILVA, 2010).Apesar da magnitude socioeconmica dos PFNM, verifica-se que h poucainformao sistematizada sobre quantidade, valor, processos de produo, industrializao ecomercializao desses produtos. Essa escassez de informaes um empecilho conservao e ao desenvolvimento de estratgias mercadolgicas para esses produtos(FIEDLER et al., 2008).Este estudo teve como objeto principal identificar e analisar as cadeias decomercializao dos PFNM na Regio de Integrao (RI) Xingu, Estado do Par,evidenciando os fatores crticos e potencialidades, como forma de subsidiar polticas pblicas. 18. 262 OBJETIVOS2.1 GERAL Identificar e analisar as cadeias de comercializao de produtos florestais no madeireiros da Regio de Integrao Xingu, Estado do Par, buscando evidenciar fatores crticos e potencialidades.2.2 ESPECFICOS Identificar e descrever as estruturas das cadeias de comercializao dos produtos florestais no madeireiros da Regio de Integrao Xingu; e Quantificar o Valor Bruto da Produo (VBP), explicitando a produo agroextrativista do setor alfa (VBP), o Valor Agregado Bruto (VAB) juntamente com a margem bruta de comercializao (mark-up) e a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercializao dos produtos identificados. 19. 273 METODOLOGIA No intuito de descrever e analisar as cadeias de comercializao dos produtosflorestais no madeireiros (PFNM), a partir do conjunto dos 10 municpios pertencentes RIdo Xingu, Estado do Par, desde os agentes que compraram do produtor at os que venderampara o consumidor, este estudo baseou-se na metodologia das Contas Ascendentes Alfa CS(COSTA, 2002, 2006 e 2008a), que permite construir Contas Sociais de base agroextrativista,para uma regio, utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto de Leontief (1983). As Contas Sociais Alfa (CS) referem-se metodologia de clculo ascendente dematrizes de insumo-produto de equilbrio computvel e, que se baseia nos parmetros eindicadores de cada produto que compem os setores originrios e fundamentais, justifica-sepelo fato de permitir uma anlise pontual ou com foco na real problemtica local, haja vistaque as estatsticas de produo so obtidas mais irredutvel possvel de uma economia local.Ou seja, este mtodo alm de fazer uma fotografia da realidade macroeconmica e social deuma delimitao geogrfica, fornece respostas a questes que envolvem os impactos geradospor aes e programas de desenvolvimento ali implementados. Conforme explica Costa (2008b), o mtodo consiste em identificar a produo decada agente que pode ser agregado nos setores alfa, de certa delimitao geogrfica eacompanhar os fluxos at sua destinao final. Nesse trajeto define parametricamente ascondies de passagem pelas diversas intersees entre os setores derivados (quantidadestransacionadas em cada ponto e o mark-up correspondente), tratados como setores beta, osquais so ajustados a trs nveis diferentes: o local (a), o estadual (b) e o nacional (c). Esta metodologia foi aplicada na regio sudeste do Par, caracterizada por tensesentre grandes projetos pecurios e minerais, e a expanso camponesa, com assentamentos dareforma agrria. O trabalho desenvolvido por Costa (2008b), contempla a anlise de insumo-produto com metodologia ascendente que explicita a diversidade estrutural dos setores debase primria e os impactos econmicos da programao de investimento da Companhia Valedo Rio Doce (CVRD) de 2004 at 2010. Os resultados do estudo indicam que a metodologiaascendente CS permitiu fazer as diferenciaes estruturais necessrias na gerao de umamatriz de insumo-produto mais aderente complexidade da economia local, evidenciando ainfluncia expressiva na economia do setor mineral do Sudeste Paraense, com complexidadede tal ordem que sua expanso cria possibilidades de crescimento para os demais setores daeconomia local. Por outro lado, demonstrou vazamentos de vulto (em termos de renda, 20. 28agregao de valor, entre outros) tanto da economia local e no entorno mais prximo, para aeconomia do resto do Par, quanto para o resto do Brasil. Em outro estudo Costa e Costa (2008) descreveram a economia da cultura do festivalde bois de Parintins, estado do Amazonas, utilizando a metodologia das CS conjuntamenteorientada pelo conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL). O estudo identificou limitaesde infraestrutura, apontou impactos para a economia do municpio com a produo erealizao do evento, com isso o municpio recebeu tratamento diferenciado por parte dospoderes pblicos, que se converteram em investimentos reais e o APL da cultura identificadorepresentou 10% da economia local e se apresentou como uma nova base de exportao, comum efeito multiplicar elevado. A aplicao da metodologia CS por Drr (2008) no Departamento1 de Solol, naGuatemala, permitiu descrever as cadeias produtivas dos principais produtos da agriculturacamponesa, construiu a Contabilidade Social de base agrria do Departamento, ou seja,calculou o Produto Interno Bruto mostrando a contribuio de diferentes setores,especialmente no setor rural e da economia regional e, por ltimo, identificou os impactossobre a agricultura e o desenvolvimento econmico das zonas rurais locais, estimado atravsdo uso de Matrizes de Insumo-Produto como ferramenta para o planejamento estratgico doDepartamento de Solol. Devido as repercusses deste estudo, o autor replicou para odepartamento de El Quich (DRR et al., 2009), para o territrio chamado de Bacia do rio"Polochic. "(LOZA et al., 2009) e para o departamento de Petn (DRR et al., 2010). O trabalho de Carvalho (2010) apresenta as contribuies que os produtos florestaisno madeireiros tm na economia do Estado do Amap, fazendo o uso do mtodo de ContasSociais Alfa em razo da inexistncia de informaes sistematizadas ou agregadas em nvellocal. Contudo, consegue estabelecer as anlises estruturais a partir das interrelaesexistentes entre os agentes mercantis que participam do arranjo produtivo dos PFNM,analisando os efeitos dos multiplicadores setoriais, os impactos do crescimento econmico naproduo, trabalho e renda setorial de toda a economia. Na mesma linha,Gomes (2007) identificou e caracterizou cadeias decomercializao de produtos existentes nas florestas secundrias nas categorias de frutferas,derivados da madeira (lenha, carvo e estaca), mel e diversas plantas medicinais nosmunicpios de Bragana, Capito Poo e Garrafo do Norte, Estado do Par. A autora utilizouo mtodo de Contas Sociais Alfa para captar as especificidades econmicas e sociais que ao1Unidade federativa equivalente a estado. 21. 29contrrio dos clculos das contas regionais do IBGE, que consideram as regies homogneasnas estimaes conjunturais impossibilita captar as especificidades locais. O estudo detectou acirculao aproximada de quatro milhes de reais, para o ano de 2005, identificando aimportncia da vegetao secundria como reserva de valor e como agente dinamizador darenda rural e dos setores econmicos associados como atacadistas, varejistas e agroindstrias. No caso deste estudo desenvolvido pelo Idesp em parceria com o Ideflor, ametodologia foi adequada para a contabilidade social ascendente que engloba alm daproduo agroextrativista, as atividades na indstria e nos servios que atuam diretamente nossetores com foco nos produtos florestais no madeireiros. Trata-se de um modelo de calculode renda e do produto social do agroextrativismo que permitiu mensurar variveis como oValor Bruto da Produo de Base Agroextrativista (VBP), o Valor Agregado Bruto de BaseAgroextrativista (VAB) e o Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista (PRB). Deacordo com Considera et al. (1997) o Produto Regional Bruto (PRB) seria o equivalenteregional ao Produto Interno Bruto (PIB) deste setor. O modelo tambm produziu as matrizes das interrelaes intersetoriais que asfundamentam, por uma metodologia que maximiza a utilizao dos dados do IBGE, tanto osdo Censo Agropecurio de 2006, quanto as sries histricas de 1990 a 2008 da ProduoAgrcola Municipal (PAM), da Produo da Extrao Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e daProduo da Pecuria Municipal (PPM) e, correlacionando-os aos dados da pesquisa primriaexecutada pelo Idesp, permitiu agregaes as mais variadas, orientadas tanto por atributosgeogrficos, quanto por atributos estruturais do setor. A metodologia adotada permite descrever trajetrias de agregao, tanto em funode um espao geogrfico limitado (municpio, regio, territrio, etc.), quanto em decorrnciadas estruturas da produo: formas de produo, tipos de atividades, nveis tecnolgicos,sistemas de produo, entre outros. A metodologia apresenta uma srie de vantagens, taiscomo: rapidez na coleta de dados primrios em campo, identificao dos maiores volumescomercializados junto aos agentes mercantis chaves, quantificao dos valores pagos ao setorda produoagroextrativista, principais gargalos evidenciados nas cadeias decomercializao, a economia antes invisvel passa a ser explcita para diversos produtos eaponta indicativos para subsidiar polticas publicas. As etapas adotadas desde a identificao do agente mercantil, at as anlises dascadeias de comercializao, consistiram em uma srie de aes descritas a seguir. Articulao prvia, feita em Belm e/ou na chegada a cada um dos dez municpiosvisitados da Regio de Integrao Xingu, junto a informantes-chaves (como os tcnicos dos 22. 30escritrios da Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso Rural do Estado do Par -Emater/Par, dos sindicatos de trabalhadores rurais, das secretarias municipais de agricultura,das cooperativas, das associaes, das feiras, dos mercados locais, entre outros), no que sereferiu produo e/ou comercializao dos produtos florestais no madeireiros existentes nomunicpio, para o perodo de doze meses e, fazer a identificao dos agentes mercantisenvolvidos nestas atividades, para serem entrevistados.A coleta de dados foi realizada no ms de setembro de 2010 abrangendo os dezmunicpios (Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilndia, Pacaj, Placas, Porto de Moz,Senador Jos Porfrio, Uruar e Vitria do Xingu) pertencentes RI Xingu, Estado do Par.A coleta de dados ocorreu junto aos agentes mercantis com aplicao de questionrio(Apndice A). Nesta etapa, buscam-se os principais agentes (vendedores/compradores) decada produto, que geralmente representam importantes elos da cadeia, os quais em seguida,direcionam os elos para trs (comprou de quem) e para frente (vendeu para quem) na cadeia,compondo uma amostragem no probabilstica autogerada (CABRAL, 2000), at chegar produo local de um lado, bem como ao ltimo que vendeu o produto para o consumidorfinal, no outro extremo da cadeia (DRR; COSTA, 2008). Esta metodologia identificourelaes existentes entre agentes mercantis, que atuam tanto na formalidade at os decompleta informalidade, e foi capaz de apontar o fluxo de comercializao para cada produtoidentificado. Neste tipo de amostragem o tamanho e a localizao da populao no soconhecidos a priori pelo pesquisador, ento, esta composta na medida em que o pesquisadoridentifica um agente mercantil, e solicita ao mesmo que indique os que tambm fazem parteda populao em estudo, e assim, sucessivamente, a amostra construda (MATTAR, 1997).Deste modo, para o levantamento dos dez municpios foram aplicados cento e setenta e umquestionrios, com trezentos e sessenta circuitos de comercializao, junto aos agentesmercantis envolvidos direta ou indiretamente com a comercializao dos PFNM.Durante a aplicao dos questionrios, foi possvel georreferenciar cadaestabelecimento, utilizando o sistema de posicionamento global (GPS), compondo uma dasbases de dados com as coordenadas geogrficas. Alm disso, foi possvel compor uma base dedados qualitativos disponveis na plataforma Windows, Microsoft Office 2007 no aplicativoAccess, e outra base de dados quantitativos no sistema NETZ2, com circuitos (referentes aosprodutos) e lanamentos (referentes s transaes comerciais realizadas pelos agentes, porprodutos).2Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa NAEA/UFPA. 23. 31 A padronizao dos dados coletados em cada entrevista foi necessria para que asunidades de quantidade (medida usada em kg, litro, saca entre outros) e de preo praticadofossem uniformizadas conforme cada produto. As informaes inseridas no sistema NETZreferem-se aos dados primrios de preo e quantidade para cada produto, em cada relaomercantil de compra e venda, classificando por setor (produo, varejo, atacado, indstria econsumidor) e por recorte espacial (local, estadual e nacional). Depois deste processo, foram elaboradas as matrizes que descrevem a probabilidadeda distribuio das quantidades e de atribuio dos preos a partir das relaes entre osagentes e, uma vez determinadas suas posies estruturais, entre os setores. As MatrizesInsumo-Produto (MIP) descrevem nas colunas as compras e nas linhas as vendas dos setoresda produo primria e intermediaria (indstria, atacado e varejo), entre si, e as vendas para ademanda final local, estadual ou nacional. No entanto, como forma de melhor visualizar cadamatriz, a equipe do Idesp envolvida no estudo desenvolveu um modelo de apresentar osmesmos dados, com os fluxos de compra e venda e os setores responsveis por cada elo dacadeia. A inovao trata-se da disposio visual dos diversos agentes mercantis ou setoresrepresentados por pequenas caixas retangulares (produo local e extralocal, varejo, indstriade beneficiamento, de transformao, atacado, consumidor, etc.) e espacialmente distribudosna economia local, estadual ou fora do estado (nacional e internacional), representados porretngulos maiores em trs cores distintas. Foram adotadas setas em diferentes formatos paraa representao dos canais ou fluxos de comercializao, que iniciam na produo local eextralocal at os consumidores finais. Quanto aos fluxos da comercializao por produto estudado, estes foram organizadospara trs dimenses geogrficas: a) local, que corresponde aos dez municpios pesquisados naRI Xingu; b) estadual, para os demais municpios do estado do Par e; c) nacional, que foramcomercializados para outros estados e/ou pases. O estudo possibilitou compreender os fluxosexistentes nas relaes entre agentes/setores e seu papel relativo ao longo da cadeia em funodos volumes transacionados. Ainda com base nas matrizes de preo e quantidade, a relaodessas gera os respectivos preos mdios praticados ou implcitos por produto e por setor (emReais por unidade do produto), agregado ou no, ao longo da cadeia, da produo at oconsumo final. A metodologia permite a atualizao dos dados para os anos seguintes daContabilidade Social da Produo de Base Agroextrativista (CS) obtida com os dados maisrecentes divulgados pelo IBGE, neste caso com o Censo Agropecurio de 2006. Para tanto, 24. 32foram construdos indexadores de quantidade e preo baseados nas sries municipais da PAM,PEVS e PPM, no mesmo recorte regional, assim como as sries de preos dos produtos daagricultura do Levantamento Sistemtico da Produo Agrcola (LSPA). Existem duas especificidades na construo dos indexadores: aquela em que o produtoem questo levantado sistematicamente e faz parte do acervo de estatsticas conjunturais,acima explicitado, e aquela em que o produto estudado no levantado sistematicamente. Naprimeira situao os indexadores de quantidade (IQ) so os nmeros ndices do total dasquantidades do produto v, para o conjunto dos municpios que atendem restrio s, tendo nocaso do agroextrativismo, 2006 como ano base. E para os indexadores de preo (IP) osnmeros ndices do preo mdio do produto v, para os municpios que atendem a restriogeogrfica s, tendo 2006 tambm como ano base (COSTA, 2002, 2006 e 2008). Os indexadores de quantidade e de preo so assim construdos:Onde: : atributo geogrfico (local: municpios da RI Xingu; estadual: demais municpiosdo estado do Par e nacional: outros estados e/ou pases),: produto,: ano da pesquisa oficial (2006, 2007 e 2008), : quantidade do produto conforme seu atributo geogrfico no ano da pesquisaoficial, : quantidade do produto conforme atributo geogrfico no Censo Agropecuriode 2006, : preo mdio (ou implcito) conforme seu atributo geogrfico no ano dapesquisa, e : preo mdio (ou implcito) conforme atributo geogrfico no Censo de 2006.Em relao aos produtos no levantados sistematicamente, estes foram indexadospela evoluo do conjunto da produo numa certa delimitao geogrfica. A evoluo doconjunto da produo observada pelos nmeros ndices da evoluo do produto real e dospreos implcitos para a restrio geogrfica s. O produto real a soma dos resultados damultiplicao das quantidades de cada produto no ano a, pelo preo em um ano escolhido 25. 33para fornecer o vetor de preos, neste caso, mdia dos anos de 2006, 2007 e 2008. Portanto,os indexadores dos PFNM que no esto presentes nas estatsticas oficiais foram elaboradosconforme agrupamentos, tendo como referncias as categorias: para alimentcios; geral paraoleaginosas e indexador geral do IBGE para este recorte regional. Sendo assim, os frutos bacaba, bacuri, buriti, cacau, muruci, pupunha, tapereb e uxiforam agrupados na categoria de indexador alimentcios. O indexador geral de oleaginosas foiutilizado para a andiroba, leo da castanha-do-brasil, leo de piqui e leo de pracaxi. Oindexador geral do IBGE, para o mesmo recorte regional, foi usado para um conjunto de 24produtos, tais como: as cascas (barbatimo, carapanaba, copaba, ip-roxo, marapuama,preciosa, sacaca, sucuba, unha-de-gato, uxi-amarelo, vernica), canarana, semente decumaru, fava de juc, artesanato regional, semente de aa, breu-branco, leite-de-amap, leite-de-sucuba, e alguns utenslios (paneiro, tipiti, cesto de palha, cip titica e vassoura regional). Enquanto que os nicos produtos que tiveram seus prprios indexadores, criadoscom base nas estatsticas oficiais, foram dez: aa fruto (PEVS e PAM); amndoa do cacau(PAM), castanha-do-brasil (PEVS), cupuau (LSPA), palmito (PAM e PEVS), semente deurucum (PAM), mel de abelha (PPM), leo de copaba (PEVS), borracha da seringueira(PAM e PEVS) e o carvo vegetal (PEVS). Finalmente, foi estimada a CS para o ano de 2008, por ser o inicio do estudo,multiplicando os indexadores obtidos com a matriz de estrutura, que descrevem aprobabilidade da distribuio das quantidades e, com a matriz de preos a partir das relaesentre os agentes. O resultado gera uma Matriz de Insumo Produto (MIP) para cada produtopesquisado, contendo o Valor Bruto da Produo de base agroextrativista (VBP) sob a ticada oferta, o VBP sob a tica da demanda (ou seja, compra de insumo), o Valor TransacionadoEfetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado ou Agregado Bruto (VAB), a Renda BrutaTotal (RBT) e, a margem bruta de comercializao (mark-up), que a relao entre adiferena do valor estimado do VAB com o VBP (sob a tica da oferta) pelo VBP, para quesejam feitas as anlises econmicas (estimadas para 2008) e os impactos que cada produtono madeireiro exerceu na economia local, estadual e fora do estado. Frisa-se, no entanto, queno clculo do VAB como na estimao do mark-up, no se levou em considerao os custosprodutivos e/ou de comercializao, pois no foram foco da pesquisa. Em algumas cadeias,tambm no foi possvel descrever a proporo dos PFNM utilizados como insumo napreparao de certos produtos finais, como doces, cosmticos, medicinais, entre outros. A definio em estimar a CS para o ano de 2008 foi adotada para este estudo(Xingu) e para as demais regies estudadas (Tocantins, Guam, Rio Caet, Baixo Amazonas e 26. 34Maraj), permitindo assim comparaes entre as economias de cada regio. O mtodo permitetambm fazer atualizaes desta economia conforme novos clculos dos indexadores porproduto, aps divulgao de estatsticas oficiais. Foram identificados em campo quarenta e seis (46) PFNM, relacionados noApndice B, os quais foram classificados conforme a sua utilizao identificada em campo.Foram estudados quatorze alimentcios (aa, cacau amndoa, castanha-do-brasil, cupuau,palmito, urucum, bacaba, bacuri, buriti, cacau fruto, muruci, pupunha, tapereb e uxi); umderivado animal (mel de abelha); dois derivados da madeira (carvo, e borracha); oitoartesanatos e utenslios (artesanato regional, semente de aa, breu-branco, paneiro - fibra deguarum, tipiti - fibra de guarum, cesto de palha, cip-titica e vassoura regional) e 21frmacos e cosmticos (copaba, canarana, barbatimo - casca, carapanaba - casca, copaba -casca, ip-roxo - casca, marapuama - casca, preciosa casca, sacaca casca, sucuba casca,unha-de-gato casca, uxi amarelo casca, vernica casca, semente de cumaru, juc fava,leite-de-amap, leite-de-sucuba, andiroba, leo de castanha-do-brasil, leo de piqui e leode pracaxi). Cada produto identificado foi analisado individualmente, por estruturas de fluxo dequantidade e preo mdio praticado ao longo das cadeias de comercializao e, descritos ossetores mercantis das esferas local, estadual e nacional. Para outros produtos queapresentaram similitude como: uma pequena amostragem de dados, semelhana do fluxo decomercializao entre os agentes e, principalmente, utilidades similares, foram feitas analisesagrupadas pela tica da oferta de trs frutas (cacau fruto, tapereb e muruci), de plantasmedicinais, artesanato regional e leites. A classificao dos agentes nas cadeias de comercializao foram adaptadas aosseguintes conceitos, conforme Costa (2002) e Drr (2004). Produo local: Produo primria agroextrativista do municpio ou da regio; Produo Extralocal: Produo primria agroextrativista oriunda de outras regies de integrao que no fazem parte da regio estudada. Varejo rural local: Pequenos comerciantes do interior dos municpios que compram dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais; Indstria de beneficiamento local: Unidades de beneficiamento da produo, localizadas na regio; Indstria de transformao local: Unidades de transformao da produo, localizadas na regio; 27. 35 Atacado local: Grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas), localizados nos centros urbanos da regio, que normalmente compram do varejo e/ou vendem para o varejo; Varejo urbano local: Pequenos comerciantes nas cidades (varejistas, feirantes, marreteiros, vendedores ambulantes); Indstria de beneficiamento estadual: Unidades de beneficiamento no Par, localizadas alm da RI Xingu; Indstria de transformao estadual: Unidades de transformao no Par; Atacado estadual: Empresas compradoras da produo no Par; Varejo urbano estadual: Comrcios (supermercados, etc.) no Par, que vendem para o consumidor estadual; Indstria de beneficiamento nacional: Unidades de beneficiamento no Brasil; Indstria de transformao nacional: Unidades de transformao no Brasil; Atacado nacional: Empresas compradoras do nvel nacional; Varejo urbano nacional: Comrcios nacionais que vendem para o consumidor nacional.As categorias de agentes mercantis esto descritas por produto no madeireiroidentificado, quer seja individual ou em grupo.As anlises econmicas de todos os produtos identificados esto descritas emdetalhes no item 4.3. 28. 364 RESULTADOS4.1 REGIO DE INTEGRAO XINGUA Regio de Integrao (RI) Xingu est consorciada a um total de 10 municpios(Figura 1), com uma populao de aproximadamente 331.770 habitantes em 2010, o quecorresponde a 4,4% da populao do Estado do Par, sendo a segunda menos populosa(IBGE/IDESP, 2010). H um predomnio da populao urbana sobre a rural, com um ndicede 54% em relao populao total da regio, diferente de 2008 em que a rural era superiorcom 55,90% (PAR, 2010). Entretanto, apenas Altamira e Uruar (a partir de 2008)apresentaram a populao urbana superior rural, com a primeira atingindo o ndice de 85%,diferenciando-se de Placas em que 80% da sua populao reside no meio rural. Sua reaterritorial corresponde a 20,10% em relao ao Estado, o que configura a regio de integraocom a segunda maior rea e com a menor densidade demogrfica de 1,32 hab/Km. Apenastrs (Brasil Novo, Vitria do Xingu e Senador Jos Porfrio), dos 10 municpios, so depequeno porte, pois possuem populao menor que 20 mil habitantes (13 a 15 mil). Todavia,Altamira se aproxima da faixa dos 100 mil habitantes, contabilizando 99.075 habitantes,equivalente a 30% da populao da regio, se constituindo, deste modo, plo regional.FIGURA 1- Municpios pertencentes Regio de Integrao Xingu.Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econmico, Social e Ambiental do Par, 2011.Elaborao: Ncleo de Pesquisa Cientfica, Tecnolgica e Inovao.Nesta regio, est relacionada presena de grandes empresas do ramo daexplorao e processamento industrial da madeira voltado exportao de produtos semi- 29. 37elaborados, com baixo valor agregado, pouca articulao com a economia local e alto custoscio-ambiental (os chamados enclaves de exportao). No entanto, a atividadeagropecuria essencialmente a base da economia regional, apesar do setor de serviosrepresentar a maior parte do PIB. No que tange a exportao, a RI Xingu configura-se como exportadora de matriaprima pautada na madeira. A qual no ano de 2010 contabilizou US$ 17,3 milhes, registrandoum acrscimo de 61,8% em relao ao ano anterior, apesar da crise global de 2009 queocasionou uma reduo substancial na demanda mundial (BRASIL, 2011). Com relao sestatsticas disponveis das exportaes realizadas em 2011, no perodo entre janeiro e agosto,o valor exportado foi da ordem de US$ 7,7 milhes tendo registrado um decrscimo de 29%em relao igual perodo de 2010, ou seja, US$ 3,1 milhes a menos entre os dois perodosanalisados, seja em funo da valorizao cambial entre os perodos, seja pela atuao dosrgos de fiscalizao ambiental. Entre os municpios que compem esta regio, apenasBrasil Novo, Placas e Vitria do Xingu no constam nas estatsticas oficiais de exportao,contudo, Pacaj configura 35% de participao no valor exportado, tanto em 2010 quanto noperodo de 2011. Com relao ao Indicador de Desenvolvimento Humano, esta regio apresentou umndice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 0,68, em 2000, menor que ondice apresentado pelo estado do Par de 0,72, devido principalmente ao baixo IDH-M/Renda, de apenas 0,60 (PAR, 2010). Em 2008 o Produto Interno Bruto - PIB somou R$ 1.397 milho, com uma variao de8,7% em relao ao PIB contabilizado no ano anterior (R$ 1.285 milho), porm se manteve na10 colocao no ranking entre as regies de integrao e participou com um percentual de 2,4%no PIB estadual. J o PIB Per capita regional, na ordem de R$ 4.566,95, correspondente a 57%do PIB Per capita estadual, configurou-se como o 8 colocado entre as regies, apesar da variaode 4,15%, que se devem ao crescimento das atividades econmicas e da arrecadao de impostos.As participaes dos setores econmicos, considerando somente o Valor Agregado,corresponderam a: 24% Agropecurio, 12% Indstria e 64% Servios. Considerando ocrescimento relativo ao ano de 2007, o setor de indstria foi o que obteve a maior variao,correspondente a 12,13%, o de servios 10,10% e o agropecurio com crescimento de apenas3,29%. O setor de servios, por sua vez, alm do crescimento, tambm se configurou como o demaior participao do PIB de todos os municpios que compem a regio, sendo que em Altamirae Porto de Moz, o setor de servios correspondeu a mais de 70% dos seus respectivos valoresadicionados (PAR, 2011). 30. 38 Entre os municpios que fazem parte da regio de estudo, Senador Jos Porfrio ePlacas se caracterizaram como os de menor participao na economia da regio, poisrepresentaram 3,4% (R$ 48.199) e 3,9% (R$ 54.493) do PIB, respectivamente, em termosnominais, caracterizados pela baixa concentrao demogrfica e forte dependncia em relaoao setor de servios e administrao pblica. Em contrapartida, Altamira o municpio commaior participao no PIB regional, com aproximadamente 40,6% (R$ 567.678), pois o setorde indstria e servios obteve um valor, em torno de, trs vezes maior que os valores obtidospelo 2 colocado Uruar, o valor agropecurio foi R$ 5.855 maior que o valor obtido nomunicpio de Pacaj. De modo geral, o PIB de Altamira foi trs vezes maior que o segundocolocado Uruar, justificando assim, sua condio de cidade plo da regio. Assim comotambm, polarizadora do espao regional com a prestao de servios bancrios, sade,educacionais e comerciais. Esta regio de integrao apresenta, ao sul, extensas reas de floresta da classeombrfila e, ao norte, floresta ombrfila densa. Com base nos dados do MacrozoneamentoEcolgico-Econmico do Estado do Par (MZEE - PA), a RI Xingu possui a segunda maiorrea protegida do Par, com aproximadamente 179.267 Km distribudas em: Unidades deConservao (UCs) de proteo Integral (com destaque para Terra do Meio, com 31.385Km), Uso Sustentvel, Terras Indgenas e rea Militar. No que tange s Zonas deConsolidao e Expanso, estas somam em torno de 72.642 Km, o que corresponde a 29% daregio (PAR, 2010).4.2 INFRAESTRUTURA DE COMERCIALIZAO DOS PFNM NA RI XINGU As principais formas de comercializao dos PFNM na RI Xingu, foram realizadastanto de forma mais complexa, atravs dos mercados municipais, varejistas (mercearias,quitandas, tabernas), atravessadores e atacadistas, quanto a realizada de forma direta, que foi ocaso da comercializao realizada na propriedade rural, nos sindicatos, via associaes, nasfeiras livres (geralmente s margens da rodovia transamaznica BR 230 e nos trapiches) ouainda nas feiras do produtor e, nas ruas, gerando e fazendo circular a renda em nvel local. preciso ressaltar que os agroextrativistas, com uma produo significante, se direcionam aosfinais de semana para o municpio de Altamira, pois onde se concentra o maior mercadoconsumidor da regio, tanto em nmeros quanto em gerao da renda (o segundo maior PIBper capita da RI, com R$ 5.831,90). Na maioria dos municpios, mais especificamente naqueles com sede nas margens darodovia transamaznica, foi verificada a existncia de dois pontos de comercializao, onde 31. 39as transaes dos PFNM aconteceram simultaneamente: no mercado municipal e, em algunsmunicpios, na feira do produtor, com o funcionamento dirio obedecendo ao horriocomercial, com poucos boxes para comerciantes e sem diviso de alas por categoria deproduto. E na feira livre, tambm com funcionamento dirio, contudo, sem qualquerpadronizao e condies de higiene, condicionando no somente o consumidor aos maisvariados tipos de doenas, principalmente respiratrias devido a poeira levantada por quemcircula na rodovia. Com relao aos municpios s margens do rio Xingu (Vitria do Xingu eSenador Jos Porfrio), a comercializao acontece em feiras livres formadas no cais do porto(identificado na regio como trapiche) com funcionamento somente no perodo matutino.Frisa-se, porm, que a comercializao em reas livres aconteceu pela demora na entrega dareforma do mercado municipal ou sua inexistncia.Com relao ao estado de conservao dos mercados e feiras do produtor, pontos decomercializao onde foi encontrada a maioria dos PFNM identificados, a infraestrututra seencontrava deteriorada e sem qualquer padro de higiene, o que dificulta as vendas, outrospontos apesar de reformados e/ou recm construdos, no perodo da pesquisa se encontravamsem funcionamento.No caso especfico da comercializao do cacau amndoa, em todos os municpios,os agroextrativistas venderam sua produo no centro urbano do municpio diretamente aosgrandes atacadistas, que aps concentrarem uma determinada quantidade do produto, osenviaram ao municpio plo da RI (Altamira), onde esto instalados os escritrios dasindstrias de processamento deste produto no estado da Bahia. O meio de transporte maisutilizado na comercializao deste produto foi o via terrestre (transamaznica). No caso doprodutor foi atravs de caminhes de pequeno porte (F-1000, F-4000 e D20), como tambm,os famosos caminhes pau de arara, que servem tanto para o transporte de cargas quanto depassageiros. J os atacadistas utilizam caminhes de mdio e grande porte (prprios e/ou deterceiros) para o transporte do estoque at Altamira e, deste at o destino final, estado daBahia, o transporte realizado por carretas bas de terceiros, com capacidade mdia de 35toneladas. 32. 404.3 ANLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAONos dez municpios da Regio de Integrao Xingu (Figura 2) foram identificadosquarenta e seis (46) produtos florestais no madeireiros, cuja pesquisa de campo foi realizadaem setembro de 2010, com quantidade comercializada no perodo de doze meses e o valorpago produo local (Tabela 1). A relao das espcies / produtos estudados esto descritosno Apndice B.FIGURA 2- Localizao da Regio de Integrao Xingu, estado do Par.Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econmico, Social e Ambiental do Par, 2011.Elaborao: Ncleo de Pesquisa Cientfica, Tecnolgica e Inovao.Acomercializao dedezenas destesprodutosacontece em diferentesestabelecimentos e feiras, explicitando a diversidade e a realidade regional, conforme imagensregistradas nos municpios visitados (Apndice C). 33. 41TABELA 1- Produtos florestais no madeireiros identificados na RI Xingu, com quantidade e valor pago produo local, de acordo com a amostragem realizada em campo, em 2010.Produtos Florestais No Madeireiros Quantidade Valor (R$) Valor/Total (%)Cacau amndoa (kg)27.917.984 128.869.535,1889,23Carvo (sc.) 1.376.54113.035.882,429,03Aa (kg)1.366.627 1.285.350,600,89Urucum (kg)239.936 370.980,000,26Cacau (un.)1.001.405 189.086,600,13Cupuau (un.)126.179 147.979,340,10Mel (l)6.69580.470,850,06Plantas medicinais (kg) (1)4.66576.349,500,05Tapereb (kg) 47.77676.083,010,05Castanha-do-brasil (kg) 71.74572.398,500,05Muruci (l)33.68457.200,320,04Copaba (l)2.35846.013,900,03Artesanato regional (un.)4.11628.312,220,02Andiroba (l) 1.29423.848,620,02Utenslios (un.) (2) 2.92012.049,000,01Cip-titica (kg)11.92311.923,000,008Borracha (kg)5.96010.728,000,007Palmito (kg) 4.386 6.008,340,004Buriti fruto (kg)840 4.200,000,003Castanha-do-brasil leo (l)150 3.600,000,002Leites (l) (3) 260 2.560,000,002Piqui leo (l)120 2.400,000,002Breu-branco (kg) 780 1.020,00 0,0007Artesanato indgena (un.) 55 550,00 0,0004Aa semente (kg) 53 408,00 0,0003Uxi (un.)3.800 304,00 0,0002Bacaba (kg)462 277,20 0,0002Bacuri (un.) 440 184,80 0,0001Pracaxi leo (l)10 150,00 0,00010Pupunha (cacho) 23 139,80 0,00010Priprioca (kg) 2 4,000,000003Total144.415.997,20100%(1) semente de cumaru, fava de juc e cascas de (barbatimo, carapanaba, copaba, ip-roxo,marapuama, preciosa, sacaca, sucuba, unha-de-gato, uxi amarelo e vernica).(2)cesto, paneiro, peneira e tipiti de fibra de guarum, vassoura regional de timb.(3)amap e sucuba.Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econmico, Social e Ambiental do Par, 2011.Elaborao: Ncleo de Pesquisa Cientfica, Tecnolgica e Inovao.As anlises das principais cadeias de comercializao da Regio Xingu estodescritas e ilustradas a seguir. 34. 424.3.1 Cacau amndoa a) Caracterizao dos agentes mercantis. Os municpios da RI Xingu possuem vrias potencialidades como o aa, castanha-do-brasil, andiroba, mel e cupuau, porm as atividades que se destacam mais so o cacau, ocaf, a agropecuria e a agricultura familiar. Foram identificados na pesquisa quarenta e noveagentes que comercializam o cacau amndoa nos municpios da RI Xingu (Figura 3), sendoque dezoito trabalham exclusivamente com o cacau e os demais vendem tambm cupuau,aa, urucum, tapereb, muruci, leo de andiroba, castanha-do-brasil, buriti, ourio decastanha-do-brasil, carvo, cascas (vernica, ip-roxo, sucuba e unha-de-gato), leite desucuba e de amap, copaba, vassoura de cip-titica, breu-branco e mel. FIGURA 3- Localizao dos agentes mercantis do cacau amndoa na RI Xingu, estado do Par, em 2010. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econmico, Social e Ambiental do Par, 2011. Elaborao: Ncleo de Pesquisa Cientfica, Tecnolgica e Inovao. Os agentes so produtores, varejistas, atravessadores, atacadistas e representantes defirma, que esto no ramo em mdia h quase 10 anos (variao de 1 a 35 anos). Algunsexercem profisses paralelas de motorista de caminho, comerciante, mecnico, torrador decaf, comerciante de produtos alimentcios, compra e venda de gado, moto-taxi, agricultor eservios gerais. O Quadro 1 descreve a caracterizao dos agentes mercantis envolvidos nacomercializao deste produto de acordo com seus respectivos setores e mercados. 35. 43QUADRO 1- Descrio dos agentes mercantis na comercializao do cacau amndoa da RIXingu, estado do Par, em 2010.MERCADO SETORESAGENTES MERCANTISProdutores de cacau, responsveis pela quebra e extrao dasamndoas, muitas vezes fazem o beneficiamento da secagemProduodo produto, que alm de melhorar a qualidade, aumenta o valorde venda da semente;Atravessadores que se deslocam at as comunidades ecompram o cacau em amndoa seca ou molhada, e tambm, naVarejo ruralmaioria das vezes, realizam o beneficiamento primrio daamndoa molhada (fermentao e a secagem natural do fruto)com o objetivo de armazenar o produto com qualidade;Local Este setor representado por dois tipos de estrutura deatacadista, a primeira categoria composta por cerealistas(pequenos comerciantes de cacau amndoa, castanha-do-brasile o urucum), localizados nos centros urbanos dos municpiosque compem a RI Xingu, que se caracterizam por serem osmonopsonistas na cadeia de comercializao deste insumo. AAtacadosegunda categoria composta por um nmero reduzido derepresentantes localizados no municpio plo da RI em estudo.Estes cerealistas atuam em prol do setor da indstria detransformao (multi) nacional, que concentram praticamentetoda a produo cacaueira que, tambm, se caracterizam comomonopsonistas na cadeia do cacau (amndoa) na RI Xingu.Formada por uma unidade industrial de cosmtico, situada nomunicpio de Benevides, RI Metropolitana, que realiza oIndstria deprocessamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpastransformaoprovenientes de florestas nativas ou reas cultivadas em terrasEstadualde agricultores, que tambm refina leos de frutas;Atacadistas que transacionam volumosas quantidades de cacauseco, por meio de contratos com as maiores processadoras deAtacadocacau do Brasil, ou seja, do setor da indstria de transformao(multi) nacional.Grandes empresas nacionais e multinacionais que se dedicamna moagem da amndoa extraindo a manteiga de cacau,Indstria delquor3, torta e o p de cacau, para depois serem vendidos paratransformao as indstrias chocolateiras, que os transformam junto comNacionaloutros ingredientes (principalmente acar e leite em p) emchocolate;Comrcio varejista situado fora do Estado que vende para oVarejo urbanoconsumidor nacional.Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econmico, Social e Ambiental do Par, 2011.Elaborao: Ncleo de Pesquisa Cientfica, Tecnolgica e Inovao.Os produtores possuem reas com dimenses que variam de 15 a 560 hectares,localizadas em Medicilndia, Uruar, Placas, Brasil Novo, Altamira, Pacaj e Anapu. Dos3O lquor de cacau uma pasta grossa e viscosa, marrom-escura, quando se prensa obtm a manteiga e o p decacau (A NOTICIA, 2008). As porcentagens do chocolate dizem respeito quantidade de lquor. 36. 44entrevistados sete afirmaram no possuir local para armazenamento, os demais citarampossuir entre um a dois armazns, j a cooperativa afirmou que detm vrios galpes. Comrelao ao tamanho dos espaos para armazenamento os agentes citaram que variam de 10 m2a 900 m2, com capacidades de 5 t a 100 t os menores, e outro com capacidade para 5 miltoneladas, para armazenar a produo da safra que, segundo os agentes, vai do ms de maio asetembro. De acordo com os agentes, na ps-safra do Xingu o preo da semente seca cai na RIem estudo, devido compra do cacau da Bahia (com pico de safra de setembro a novembro) eda Costa do Marfim, provocado pela baixa produo dos frutos no Xingu, o que torna invivelo comrcio com custo alto em transporte, para levar uma produo insignificante comparada safra. Um atacadista tambm possui rea de plantio de trs alqueires (18 tarefas, sendouma tarefa equivalente a 50mx50m cada) com 18 mil ps de cacau, que produz em mdia6.000 Kg. Os meios de transporte mais utilizados para escoamento da produo foram trator,caminhonete, caminhes, moto, nibus, F 1000, carro pequeno, L 200 e bicicleta. Quando oprodutor familiar desprovido de meios de transporte e no tem como levar a produo para oatacadista, acaba juntando a produo com outros colonos, que vendem para comerciantes(donos de mercadinhos localizados prximos s reas de produo) a preos mais baixos, emtroca de mercadorias. Os equipamentos empregados no beneficiamento primrio do cacau seco so:barcaas (construes de madeira com bandejas fixas e teto mvel, com medidas de 6mx12mque servem para secagem das sementes), prensa de madeira para colher a polpa, medidor deumidade, separador, peneira, balanas de 300 kg e calculadora. E os utenslios so faco oucutelo para cortar o fruto e posterior tiragem das amndoas e podo para colheita, ambosutilizados pelos produtores. Quanto aos problemas relacionados ao armazenamento os agentes citaram que asvendas so feitas imediatamente, devido grande procura pelo produto no mercado. Citaramainda que, a perda esteja relacionada ao fator umidade, que favorece a quebra da produo dasemente por saca e, que necessitam de estufas para facilitar a secagem, principalmente nosmeses de maior intensidade de chuva. O tempo de trabalho em horrio comercial, durante o ano todo, com muitosestocando e fornecendo o produto conforme flutuao da bolsa de valores. A comercializaodo cacau envolve grande quantidade de pessoas, geralmente entre quatro a trinta. Na poca dasafra contratam carregadores/diaristas para ensacar e descarregar a produo. De acordo com 37. 45as entrevistas, existem famlias que vivem do sistema de meia na regio, que tradicional,com cerca de 100 delas que trabalham na colheita dos frutos, em regime de meia, na rea deproduo de outros agentes, e a renda dividida entre as partes. A mo-de-obra do produtor rural familiar, j os carregadores recebem entre R$10,00 a R$ 25,00 por tonelada e os funcionrios fixos salrio mnimo. Citaram ainda que sehouvesse assistncia tcnica e extenso rural aumentaria a produtividade e a manuteno dasestradas ajudaria no escoamento, outros citaram que necessrio melhorar a distribuio deenergia eltrica, alm de haver incentivo dos rgos de fomento locais ou de capital de giroprprio para o plantio e aumento da produo, pois muitos deixam de plantar por no teremsubsdios para comprarem os equipamentos/materiais e comercializarem. Segundo informaes da CEPLAC local, o municpio de Medicilndia o maiorprodutor de cacau orgnico da regio, com produtividade mdia de 900 kg/ha. Citaram aindaque em sete municpios a rea plantada com produo safreira, em 2008, chegou a 40 milhectares e, a rea em desenvolvimento (sem produo) a 12 mil hectares plantados. E que napoca, a expectativa, at o final de 2009, girava em torno de 20 mil ha em desenvolvimento e45 mil ha de cacau safreiro, ou seja, com oito mil hectares a mais em um ano. Sobre o programa de produo orgnica, segundo os agentes, o objetivo produzircacau do mais alto padro de qualidade. Eram 150 propriedades, com cinco famlias de cadapropriedade, envolvidas no projeto, abrangendo os municpios de Medicilndia, Brasil Novo,Pacaj, Vitria do Xingu e Anapu com produo de aa, cupuau e cacau, com selo decertificao. A extenso de certificao para o comrcio justo garante qualidade de vida paraos envolvidos na comercializao. Uma organizao no governamental (ONG) de Altamira,responsvel pelo primeiro movimento de direitos humanos da transamaznica, uma dasparceiras deste projeto. O Programa de Produo Orgnica trabalha com 1.000 ha, comretirada de 600 toneladas de cacau/ano, distribudos em 250 Toneladas para comerciantes e100 toneladas, por ano, para uma indstria de transformao que trabalha com cosmticos naRI Metropolitana. A empresa compra apenas o cacau tipo 1, o restante da produo que noatingiu o padro 1 vendido localmente para os comerciantes. As vendas so feitas de formacoletiva. Citaram ainda que para dar certo, precisa que os produtores certifiquem suas reas eos processos de produo, j que no processo tradicional utilizavam adubos qumicos e para acertificao necessrio que o agricultor gradativamente mude sua forma de trabalhar,protegendo rios, lagos e a sustentabilidade ambiental com agregao de valor ao produto. Jestavam certificadas 153 reas e 40 estavam no processo de transio ou adequao para aagricultura orgnica. 38. 46b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau amndoa.A Figura 4 permite visualizar as propores da quantidade identificada do cacau(amndoa) que transitam entre os diferentes setores. Constituindo assim, os canais dedistribuio (ou canais de comercializao) do fruto nos dez municpios da RI Xingu.Conforme Santana (2005) cada conjunto de intermedirios que desempenham algumtipo de atividade relacionada ao escoamento da produo - do produtor at o consumo final - um nvel do canal de distribuio. Nesse contexto, o principal nvel de canal de distribuiodo cacau amndoa (Figura 4) identificado com as maiores quantidades comercializadas foi arealizada pela compra do setor atacadista local de 91,8% das amndoas diretamente do setorda produo local e 7,0% do setor varejista rural, que por outro lado, venderam 90,5% dasamndoas para o prprio setor, isto , cerealistas vendendo para os representantes dasmoageiras baianas localizados em Altamira, 2,1% para o setor atacadistas estadual, estes porsua vez localizados nos municpios de Santa Izabel e de Castanhal da RI Guam, que possuemacordos ou contratos de suprimento da matria prima (amndoa de cacau) com as indstriasmoageiras localizadas no estado da Bahia, 96% para a industria de transformao nacional e,por ltimo, se a venda de 0,7% da produo identificada para a industria do ramo decosmtico (industria de transformao estadual).FIGURA 4- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau amndoa comercializado na RIXingu, estado do Par, em 2010.Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econmico, Social e Ambiental do Par, 2011.Elaborao: Ncleo de Pesquisa Cientfica, Tecnolgica e Inovao.O setor atacadista estadual compra diretamente dos varejistas locais 1,2% daproduo identificada, pois interagem com os setores locais e de outras regies de integrao 39. 47(principalmente das RI Tocantins e Guam) para reunir quantidades suficientes para atenderas maiores indstrias moageiras nacionais. Desta forma, as maiores empresas demandantes decacau (amndoa) produzido nos dez municpios estudados esto nos setores atacadistas locaise estaduais, e se comportam num ambiente monopsonistas, ou seja, setor caracterizado compequeno nmero de empresas atuando no mercado de compra de insumo (no caso a amndoade cacau).c) Preo mdio praticado nas transaes entre diversos setores mercantis da cadeia do cacau amndoa, em 2010.Os preos da amndoa do cacau praticados pelos agentes da cadeia variam conformemovimento das duas principais bolsas internacionais (Nova York e Londres), apresentandoassim um alto ndice de instabilidade, pois o cacau uma commodity.Com relao ao principal elo da cadeia de comercializao (Figura 5), o setoratacadista local comprou da produo a R$ 4,63/kg, e do varejo rural a R$ 4,84/kg e de outrosagentes do prprio setor a R$ 5,23/kg (os cerealistas que vendem para os representantes dasempresas moageiras baianas localizadas em Altamira). Por outro lado, os preos de vendapraticados pelos atacadistas locais so: R$ 7,35/kg com a indstria de transformao estadual,R$ 5,37/kg com os atacadistas estaduais e com as indstrias de transformao nacional(moageiras) a R$ 6,51/kg (Figura 5).FIGURA 5- Preo mdio do cacau amndoa (R$/kg) praticado nas transaes entre ossetores da cadeia de comercializao, em 2010, da RI Xingu, estado do Par.Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econmico, Social e Ambiental do Par, 2011.Elaborao: Ncleo de Pesquisa Cientfica, Tecnolgica e Inovao. 40. 48 No segundo canal de comercializao mais expressivo, os varejistas rurais comprama amndoa de cacau a um preo de R$ 4,44/kg dos produtores locais, e as vende a R$ 4,84/kgpara os atacadistas locais e a R$ 4,91/kg para os atacadistas estaduais (Figura 5). Comrelao ao preo de venda dos produtores locais com o setor de transformao estadual opreo de R$ 7,70/kg devido quantidade comercializada ser menor em relao aos outrossetores. d) Valor Bruto da Produo, pela tica da oferta, na comercializao do cacauamndoa. A soma do valor recebido pelos agentes que realizaram a oferta do cacau em formade amndoa a partir da RI Xingu, foi estimado da ordem de R$ 1,5 bilho (Grfico 1), omercado nacional foi quem mais arrecadou, cujo valor se aproximou de R$ 806 milhes,aproximadamente 52% do VBP total, sob a tica da oferta, e composto por setores que nopertencem a esta regio e to pouco ao estado do Par. O mercado estadual adquiriu mais deR$ 12,5 milhes (1% do VBP total) e o local, constitudo por setores situados nos municpioque integram a RI Xingu, contabilizou um pouco mais de R$ 723,1 milhes, algo em torno de47% do VBP total. GRFICO 1- VBP, em R$, pela tica da oferta na comercializao do cacau amndoa da RI Xingu, estado do Par, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econmico, Social e Ambiental do Par, 2011. Elaborao: Ncleo de Pesquisa Cientfica, Tecnolgica e Inovao. 41. 49Dos valores adquiridos pelos setores que integram e que transacionaram a partir domercado local, o setor produo (VBP), setor composto pelos agroextrativistas dos dezmunicpios da RI em estudo, foi responsvel por aproximadamente R$ 206,4 milhes (29% doVBP formado na regio), oriundos das transaes realizadas predominantemente no mbitolocal (Grfico 1), pois, deste montante, mais de 99% foram das vendas aos agentes mercantisda demanda intermediria local, sendo: R$ 190 milhes (92% do VBP) foram das vendas aosetor atacadista e, R$ 16,3 milhes fora negociado com o setor de varejo rural. O restante, osagroextrativistas, mais organizados, venderam para a indstria de transformao no mbitoestadual, localizada na RI Metropolitana, mais especificamente no municpio de Benevides.Com relao aos outros setores do mbito local, o varejo rural, onde esto inseridos osatravessadores que compraram diretamente no lote do produtor, tambm, venderam para osetor atacadista local e estadual adquirindo R$ 17,9 milhes (2% do VBP local), no entanto,as vendas no local tiveram uma representatividade de mais de 85%, pois de acordo com osentrevistados, os custos so menores e, deste modo, a lucratividade maior.E por fim as transaes mais complexas na cadeia deste produto e, cujo setoratacadista foi quem mais arrecadou com as vendas da amndoa do cacau no mbito local, comum valor estimado em mais de R$ 498,8 milhes (69% do VBP local). Dos quais R$ 211,9milhes corresponderam s vendas entre as agentes do mesmo setor, ou seja, cerealistaslocalizados nos centros urbanos dos dez municpios da RI, os quais vendem diretamente aoscerealistas, localizados no municpio plo da RI e, que representam, at no nome, as grandesindstrias alimentcia deste produto no mbito nacional, quanto para outros atacadistas da RIGuam (Castanhal e Santa Izabel do Par) arrecadando algo prximo de R$ 5 milhes; R$ 2,3milhes corresponderam s vendas das cooperativas de agroextrativistas diretamente indstria de transformao do ramo da produo de cosmticos e perfumaria da RIMetropolitana e; R$ 279,6 milhes corresponderam s vendas dos cerealistas representanteda cidade plo da RI em estudo para a indstria de transformao nacional, de modoespecfico do estado da Bahia.Com relao ao VBP obtido com as vendas realizadas a nvel estadual, no valorestimado de R$ 12,5 milhes, conforme o Grfico 1, R$ 9,1 milhes foram provenientes dasvendas do setor de atacado do municpio de Santa Izabel do Par e Castanhal diretamente smesmas indstria de transformao nacional, indstrias processadoras do cacau amndoalocalizadas no estado da Bahia. E, o restante R$ 3,4 milhes corresponderam s vendas daindstria de perfumaria e cosmtico ao demandante final nacional. 42. 50No sistema nacional, onde o valor das vendas foi estimado em R$ 806 milhes(Grfico 1), R$ 331, 5 milhes foi com a participao da indstria de transformao, setorque demandou 52% da produo (identificada) a partir da regio em estudo e, depois deprocess-lo os vendeu ao setor de varejo urbano nacional (composto pelas