relatorio ufrgs parque tancredo neves 28-04-2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO PARQUE DOUTOR TANCREDO NEVES, MUNICÍPIO DE CACHOEIRINHA, RS RELATÓRIO FINAL DA DISCIPLINA PRÁTICA INTEGRADA DE CAMPO [ECAP – 088] Dezembro, 2007

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Page 1: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO PARQUE DOUTOR TANCREDO NEVES, MUNICÍPIO

DE CACHOEIRINHA, RS

RELATÓRIO FINAL DA DISCIPLINA PRÁTICA INTEGRADA DE CAMPO [ECAP – 088]

Dezembro, 2007

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EQUIPE TÉCNICA Equipe *

Profª Drª Teresinha Guerra 1

Profª Drª Sandra Cristina Müller 1

Prof. Dr. Gilberto Gonçalves Rodrigues 1

Prof. Dr. Eduardo Dias Forneck 2

Doutoranda Judite Guerra 1

Mestranda Letícia Casarotto Troian 1

Mestrando Marcelo Gules Borges 1

Doutoranda Márcia Isabel Käffer 1

Mestranda Vera Ribeiro Troian 1

Acadêmica de Biologia Fabiana Corrêa (estagiária da Prefeitura de Cachoeirinha)

Clodomiro Santos da Silva (Funcionário Parque Municipal Dr. Tancredo Neves)

*Este relatório faz parte da disciplina Prática Integrada de Campo 2007/1 do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 1 Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. 2 Professor do Centro Universitário La Salle, Canoas, RS, Brasil.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 4 2 ÁREA DE ESTUDO 5 3 MATERIAIS E MÉTODOS 6 3.1 Levantamento florístico da vegetação e da micota liquenizada 6 3.2 Levantamento fitossociológico do estrato arbóreo 7 3.3 Levantamento fitossociológico do estrato arbustivo 8 3.4 Levantamento da artropofauna 8 3.5 Levantamento da avifauna ................................................................................... 9 3.6 Qualidade da Água .............................................................................................. 9 3.7 Caracterização e Determinação da Capacidade de Carga Turística das Trilhas. 10 3.8 Diagnóstico Sócio-ambiental................................................................................ 15 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 16 4.1 Levantamento florístico da vegetação e da micota liquenizada 16 4.2 Levantamento fitossociológico do estrato arbóreo .............................................. 21 4.3 Levantamento fitossociológico do estrato arbustivo ........................................... 26 4.4 Levantamento da artropofauna ............................................................................ 29 4.5 Levantamento da avifauna .................................................................................. 31 4.6 Qualidade da Água ............................................................................................. 35 4.7 Caracterização e Determinação da Capacidade de Carga das Trilhas ................. 38 4.7.1 Trilha do Lago .................................................................................................... 38 4.7.2 Trilha da Vovó .................................................................................................... 39 4.7.3 Trilha da Ginástica............................................................................................... 40 4.8 Diagnóstico Sócio-ambiental ............................................................................... 42 5 CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 53 6 SUGESTÕES ..................................................................................................... 56 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 57

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1. INTRODUÇÃO

A transformação da paisagem em um cenário urbano passa por modificações dos elementos

naturais (solo, clima, ar, água, flora e fauna). Tradicionalmente a relação homem - meio ambiente

ocorre por meio da utilização e consumo de recursos, entretanto é crescente a necessidade de

conservação e restauração ambiental para a própria sobrevivência humana. A partir disto, surge a

necessidade de recuperação e aproveitamento de áreas alteradas e marginais nas cidades, envolvendo

princípios de ecologia e inserção de áreas verdes urbanas.

O aumento principalmente em centros urbanos da população e da urbanização tem resultado

em perda de espécies animais e vegetais, em mudança da composição de espécies para conjuntos

mais cosmopolitas, em alterações das interações, principalmente, entre animais e plantas e de

processos ecossistêmicos, entre outras conseqüências que acabam influenciando fatores abióticos

locais e globais (e.g., clima). Estudos de comunidades vegetais afetadas pelo desenvolvimento das

atividades humanas, relacionadas à urbanização, são importantes ferramentas para a geração de

subsídios ao manejo e manutenção destes ecossistemas. Embora fragilizados, por se encontrarem

geralmente isolados na malha urbana, tais ambientes têm grande valor econômico, estético e social

(Primack 2001), pois ainda mantêm características ambientais próprias de um meio natural não-

urbano.

No Estado do Rio Grande do Sul, ainda podemos encontrar resquícios de ecossistemas

florestais em bom estado de conservação, porém o percentual de cobertura vegetal nativa tem

diminuído anualmente. A cobertura florestal que correspondia, inicialmente, a 40% do território,

encontra-se reduzida atualmente a apenas 6,8% da original (Fundação SOS Mata Atlântica/INPE/ISA

1998). Devido à redução de áreas florestais em proporções aceleradas, tem sido intensificado a

criação de unidades de conservação da natureza pelo poder público municipal. Tais práticas têm sido

elementos propulsores de uma política ambiental ampla, incluindo entre seus objetivos a melhoria da

qualidade ambiental das áreas urbanas e servindo de corredores ecológicos entre estes e ecossistemas

naturais.

Entretanto, práticas de destruição do patrimônio natural são freqüentes nas sociedades atuais

e, com o intuito de coibir a destruição desenfreada do meio ambiente, alguns mecanismos foram

criados em nível nacional, estadual e municipal. São leis e códigos que estabelecem regras de uso dos

sistemas naturais. No Estado do Rio Grande do Sul, o Decreto Estadual Nº. 34.256, de 02 de abril de

1992 cria o Sistema Estadual de Unidades de Conservação - SEUC, contemplando os Parques

Naturais Municipais como Unidades de Proteção Integral. De acordo com a legislação sobre as

Unidades de Conservação, no seu Art.8 “Cada Unidade de Conservação, dentro de sua categoria,

disporá sempre de um Plano de Manejo, no qual se definirá o zoneamento da unidade e sua

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utilização, sendo vedadas quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização estranhas

ao respectivo Plano”. Desta forma este trabalho teve por objetivo realizar o diagnóstico ambiental do

Parque Doutor Tancredo Neves como subsídio para a elaboração do plano de manejo, tendo como

metas (l) a caracterização da vegetação arbóreo-arbustiva, (ll) o conhecimento da artropofauna e

avifauna, (lll) a avaliação da capacidade de suporte das trilhas, (lv) a caracterização física, química e

biológica dos recursos hídricos e, (v) a realização de um diagnóstico sócio-ambiental do entorno da

área.

2. ÁREA DE ESTUDO

O Parque Municipal Doutor Tancredo Neves está situado no município de Cachoeirinha,

região metropolitana de Porto Alegre, na região fisiográfica da Depressão Central, situada nas

coordenadas geográficas 29º57’04’’ de latitude sul e 51º05’38’’ de longitude oeste (Fig. 1). O Parque

é uma Unidade de Conservação da Natureza, reconhecida pelo município desde 1985 (Lei Municipal

No 811/1985), classificada como Unidade de Proteção Integral, na categoria de uso indireto, cujo

objetivo básico é a preservação ambiental, permitindo, tão somente, o uso indireto do ambiente, salvo

as exceções legais (SNUC 2000). O Parque foi cadastrado no Sistema Estadual de Unidades de

Conservação em 16 de março de 2007 pelo Parecer No 010/2007 da Divisão de Unidades de

Conservação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

Possui uma área de área de 17,7 ha, onde são encontradas espécies nativas e introduzidas. O

clima da região é subtropical úmido, tipo Cfa, segundo sistema de Koeppen, com temperatura média

anual de 19,7 ºC e pluviosidade média anual de 1.538 mm. Segundo o Plano Ambiental do Município

(2007), a vegetação do Parque enquadra-se em Floresta Estacional Semidecidual.

No Estado, as florestas estacionais distribuem-se no noroeste (região do Alto Uruguai), na

região central (encostas meridionais da Serra Geral e Depressão Central) e na metade sul, a leste, nas

encostas orientais da Serra do Sudeste (Teixeira et al. 1986).

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Figura 1. Mapa de localização do Parque Municipal Dr. Tancredo Neves. Fonte: Plano Ambiental do Município 2007.

3. MATERIAL E MÉTODOS O levantamento de dados a campo foi realizado no período de 26 de setembro a 17 de

outubro de 2007 no interior e no entorno do Parque Municipal Doutor Tancredo Neves, situado no

município de Cachoeirinha, RS.

3.1 Levantamento florístico da vegetação e da micota liquenizada

O levantamento florístico da vegetação foi realizado durante todo o período de realização dos

trabalhos de campo no Parque, através das amostras sistematizadas (fitossociologia, vide abaixo), de

coletas aleatórias de espécies arbóreas, arbustivas, herbáceas, trepadeiras e epífitas, e pela

identificação direta no local das espécies já conhecidas pelos pesquisadores. As espécies não

identificadas no local foram coletadas e posteriormente identificadas com auxílio de bibliografia

especializada (Sobral et al. 2006), de consulta a especialistas ou por comparação com exsicatas do

acervo do Herbário do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(ICN). A classificação das espécies em famílias botânicas seguiu o APG II (2003).

Para a avaliação da micota liquenizada, os liquens foram registrados ao longo das trilhas e

nos pontos de trabalho dos componentes arbóreo e arbustivo. Os táxons não identificados em campo

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foram coletados e identificados no laboratório do Setor de Botânica do Museu de Ciências Naturais

da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul com o auxílio de microscópio esteroscópio e óptico,

fazendo-se secções anatômicas no talo e frutificações, assim como testes de coloração histo-químicos

comumente empregados em taxonomia de liquens, além do auxílio de bibliografia especializada e

consulta com material depositado no Herbário Dr. Alarich Schultz (HAS).

3.2 Levantamento fitossociológico do estrato arbóreo Para realizar o levantamento fitossociológico do estrato arbóreo foi utilizado o método de

quadrantes centrados em um ponto (Cottam & Curtis 1956; Filgueiras 1994). Para tanto, foram

demarcadas seis transecções dispostas perpendicularmente à borda da mata e/ou às trilhas, mais duas

transecções paralelas, dispostas na porção central do Parque. O comprimento das transecções variou

entre 50m e 90m, conforme a largura da mata nos locais de amostragem. Os pontos para o quadrante

centrado foram dispostos a cada 10 m ao longo de cada transecção. Para o componente arbóreo

foram amostrados os indivíduos com perímetro à altura do peito (PAP) igual ou superior a 30 cm.

Para cada indivíduo foi mensurado o PAP, a distância do ponto e a altura total, estimada em

intervalos de um metro. As espécies não identificadas no local foram coletadas para serem

identificadas, conforme descrito acima.

Os parâmetros fitossociológicos estimados para a comunidade arbórea foram: freqüência

absoluta e relativa, densidade absoluta e relativa, cobertura basal absoluta e relativa e índice de valor

de importância (soma dos parâmetros relativos dividido por três) (Mueller-Dombois & Ellenberg

1974, Martins 1993). Além disso, foi calculado o índice de diversidade de Shannon (Magurran 1988)

para a comunidade de arbóreas. Histogramas de alturas e de diâmetros e a relação da riqueza e

densidade total por famílias botânicas também foram projetados para caracterização da comunidade

estudada.

3.3 Levantamento fitossociológico do estrato arbustivo

Para a avaliação do estrato arbustivo foi utilizado o método de parcelas (Mueller-Dombois &

Ellenberg 1974). Foi realizado um total de 34 parcelas de 2 x 2m, estabelecidas próximo aos pontos

de amostragem do componente arbóreo das seis transecções perpendiculares às bordas florestais e/ou

trilhas. O critério de amostragem foi considerar todos os indivíduos lenhosos, arbustivos ou arbóreos,

acima de 1m de altura, mas inferiores a 3m enraizados no interior das parcelas. Para cada espécie foi

mensurada a altura máxima e estimada a cobertura de projeção da copa sobre a parcela, segundo a

escala de cobertura-dominância de Daubenmire (Braun-Blanquet 1979). A escala corresponde às

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seguintes classes de percentagem de cobertura aérea: 1= <5%, 2= 5-25%, 3= 25-50%, 4= 50-75%, 5=

75-95%, 6= >95%. As espécies não identificadas no local foram coletadas para posteriormente serem

identificadas de acordo com a metodologia anteriormente citada. Para o componente arbustivo os

parâmetros fitossociológicos calculados foram: freqüência absoluta e relativa, cobertura absoluta e

relativa, e o índice de valor de importância (soma dos parâmetros relativos dividido por dois)

(Mueller-Dombois & Ellenberg 1974). O índice de diversidade de Shannon (H') para a comunidade

arbustiva também foi calculado (Brower et al. 1997).

3.4 Levantamento da artropofauna

A avaliação da fauna de Arthropoda associada à vegetação do estrato arbustivo foi realizada

através do método de parcelas, utilizando-se o guarda-chuva entomológico. A escolha da disposição

das parcelas na área de estudo foi a mesma adotada na descrição do estrato arbustivo (veja descrição

acima), com o intuito de realizar análises de relação entre o habitat deste estrato com a artropofauna.

Em cada uma das 32 parcelas de 2 x 2m foi utilizado o método do guarda-chuva entomológico, que

consiste na coleta da artropofauna através de batidas na vegetação com o auxílio de um bastão de

cerca de um metro de comprimento sobre um tecido branco de 1 x 1m. A artropofauna foi amostrada

em toda a vegetação arbustiva localizada dentro das parcelas, conforme os critérios de inclusão

apresentados acima. O esforço amostral aplicado foi de vinte batidas em cada estrutura de vegetação.

Os indivíduos coletados foram armazenados em frascos contendo álcool 70% e posteriormente

identificados em nível de Ordem sob estereomicroscópio óptico em laboratório.

3.4 Levantamento da avifauna

A amostragem da avifauna foi realizada através do método ad libitum. Este método consiste

em registrar as espécies (riqueza) encontradas (presença/ausência) durante várias caminhadas sem

um padrão pré-determinado.

No presente estudo foram percorridas as trilhas e o entorno da área, apenas uma vez, o que

gerou um esforço de amostragem bastante breve (3 horas). A amostragem ocorreu nas primeiras

horas da manhã (06h às 09h), período de maior atividade biológica das aves. Além desta

amostragem, também foram incluídas as espécies que foram registradas ao longo de 14 horas de

amostragem da vegetação (três dias distintos). Foram registrados apenas dados de presença/ausência

das espécies, tanto por vocalização como por visualização. Para a visualização e identificação das

espécies, foi utilizado um binóculo Optolyth 8X56, além de guias de campo específicos do grupo.

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Após o levantamento de campo, as espécies foram classificadas em categorias de hábitat,

micro-hábitat (florestais), categorias tróficas e permanência de residência, de acordo com

informações contidas na literatura. Foram consultados livros específicos nacionais (Sick 1997, Sigrist

2006) e regionais (Belton 1994). As categorias de hábitat foram: área úmida, aberta, floresta, urbano

e vários (sem preferência). As categorias tróficas foram: carnívoros, detritívoros, frugívoros,

granívoros, insetívoros e onívoros. Os micro-hábitats florestais considerados foram: estratos inferior,

médio e superior, e na categoria de permanência as aves foram classificadas em residentes ou

migratórias.

3.6 Qualidade da Água

A qualidade de água do lago existente na área do Parque foi realizada in situ em 3 de outubro

de 2007 analisando-se os seguintes parâmetros: Temperatura, pH, Condutividade elétrica e Oxigênio

Dissolvido. Após, foram coletadas amostras de água para análise no laboratório de limnologia do

Centro de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foram analisadas as seguintes

variáveis com seus respectivos métodos segundo APHA (2005): DBO (Método de Winkler), DQO

(Dicromatometria com refluxo aberto), Fósforo Total (Absorciometria com redução do ácido

ascórbico), Nitrato (Espectrofotometria UV), Sólidos Totais (Gravimetria – secagem à 1050C),

Escherichia coli e Coliformes Totais. Para Nitrito (Método da Sulfanilamida) segundo NBR Nº.

12619/1992, Nitrogênio Total Kjeldahl (Kjeldahl com Nesslerização) segundo NBR Nº. 10560/1988

e 13796/1997 e Turbidez (Nefelometria) segundo NBR Nº. 11265/1990.

3.7 Caracterização e Determinação da Capacidade de Carga Turística das Trilhas

Para determinação da estimativa da Capacidade de Carga Turística das Trilhas (CCT) foi

adotada a metodologia apresentada por Cifuentes (1992) adaptada por Bonatti et al. (2006). Essa

abordagem leva em consideração características como: declividade, acessibilidade, precipitação,

possibilidade de alagamentos, prováveis distúrbios à biodiversidade e prováveis impedimentos

temporários, além de fatores sociais inerentes a cada trilha e a cada grupo de visitantes.

Os dados de campo foram coletados em 26 de setembro e 3 de outubro de 2007. Dados de

campo complementares sobre visitação na Unidade de Conservação foram obtidos por comunicação

pessoal (Sra. Cristine, coordenadora do Parque).

A Capacidade de Carga Turística (CCT) foi calculada considerando que o Parque Municipal

Dr. Tancredo Neves permanece aberto a visitação 2 dias por semana (4 turnos), 8,6 dias por mês (2

dias x 4,3 semanas) e 103,2 dias por ano (8,6 dias x 12 meses). Para cada uma das trilhas foi

executado o seguinte método:

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a) Levantamento plani-altimétrico

A extensão da trilha foi obtida através de trena de 30m e 50m. Os dados foram tomados a

intervalos de 30m e 50m, com os registros das seguintes informações: orientação geográfica,

distância percorrida e identificação geral da vegetação predominante.

Foram também identificados locais de restrição de acesso devido a possíveis impedimentos

de ordem física, segurança e fragilidade (por exemplo, erosão, vegetação sensível, solo pouco

compacto ou alagamentos, etc.) que pudessem resultar em fatores limitantes à visitação. As

características relevantes e representativas das trilhas foram registradas com a utilização de máquina

fotográfica digital modelo Cyber-shot 6.0 mega pixels marca Sony.

b) Declividade

Nos mesmos pontos onde ocorreu o levantamento plani-altimétrico foi medida a declividade

de cada trecho ou fração, com a utilização de um clinômetro. Após, foram estabelecidos os graus de

dificuldade de cada trecho das trilhas, adotando-se o critério proposto por Cifuentes et al. (1999):

baixo grau de dificuldade = valores inferiores a 4,5º (até 10% de declividade); médio grau de

dificuldade = valores entre 4,5 e 9,0º (entre 10% e 20% de declividade) e alto grau de dificuldade =

valores acima de 9,0º (acima de 20% de declividade).

c) Precipitação

Os critérios utilizados para o cálculo do Fator de Correção para Precipitação foram

estabelecidos a partir da adaptação proposta por Bonatti et al. (2006).

d) Características Faunísticas (Avifauna)

Através de levantamento da comunidade de aves pelo método ad libitum foram identificadas

as ocorrências de espécies classificadas em categorias de hábitat, micro-hábitat, categorias tróficas e

permanência, de acordo com informações da literatura (Sick 1997; Sigrist 2006 e Belton 1994).

Para o cálculo de Fator de Correção advindo da Fauna (FCFAU) foram utilizadas as espécies

consideradas vulneráveis por se enquadrarem num dos seguintes critérios: ocorrência em áreas de

floresta e estrato inferior ou áreas de floresta e migrador, a partir do levantamento realizado da

comunidade de aves.

3.7.1 Capacidade de Carga Turística (CCT)

Foi calculada a Capacidade de Carga Turística de três trilhas do Parque Municipal Dr.

Tancredo Neves, utilizando-se o método desenvolvido por Cifuentes (1992), com algumas

adaptações propostas por Zanzini & Macedo (1999) apud Bonatti et al. (2006). Este cálculo busca

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estabelecer uma estimativa do número máximo de visitas que uma área protegida é capaz de receber

a partir de suas condições físicas e biológicas, que se apresentam no momento do estudo.

A metodologia utilizada considera três níveis básicos e interativos: Capacidade de Carga

Física (CCF), Capacidade de Carga Real (CCR) e Capacidade de Carga Efetiva (CCE), os quais se

relacionam das seguintes formas: CCF ≥ CCR ≥ CCE. Abaixo são descritas as metodologias

específicas para determinação de cada um destes níveis.

Para a aplicação do método, parte-se de algumas premissas: (I) o fluxo de visitantes ocorre

em um só sentido em trilhas circulares, como na Trilha do Lago e Ginástica, e em alguns trechos nos

dois sentidos – ida e volta – como no percurso de ida a Figueira Centenária na Trilha da Vovó; (II)

cada visitante requer, para seu conforto e segurança, 2m de espaço linear na trilha para mover-se

livremente; (III) o número de horas em que a área permanece aberta para visitação (entre as 8h e 17h

= 9 h por dia); (IV) o tempo necessário para uma visita em cada trilha depende das condições de

acessibilidade de cada uma; (V) a capacidade de manejo para a área foi considerada como sendo de

30%, seguindo a proposta de Zanzini & Macedo (1999) apud Bonatti et al. (2006) para áreas

protegidas de paises em desenvolvimento.

3.7.2 Capacidade de Carga Física (CCF)

Corresponde ao número máximo de visitas que um determinado sítio pode receber em um

intervalo de tempo. Está relacionado a fatores como o horário de funcionamento da unidade, o tempo

necessário para visitar cada trilha, o tamanho da trilha e o espaço de conforto requerido por cada

visitante.

É dada pela equação CCF = (S/sp) x NV, onde S é o tamanho da trilha em metros lineares; sp

é o espaço utilizado por cada pessoa (2m2); e NV é o número de vezes que uma trilha pode ser

percorrida por um visitante em um dia. O valor NV é calculado pela razão entre o período de tempo

em horas em que o sítio permanece aberto à visitação pública (Hv) e o período de tempo em horas

necessário para que o visitante possa realizar a visita (Tv). Assim, NV = Hv/Tv.

3.7.3 Capacidade de Carga Real (CCR)

Consiste no número máximo de visitas que um determinado sítio pode receber em um

intervalo de tempo definido, considerando a CCF previamente calculada, acrescida dos Fatores de

Correção (FC), definidos em função de características físicas, ecológicas e gerenciais do sítio

visitado. É calculada pela equação CCR = CCF (FC1 x FC2 x FCn).

Os fatores de correção introduzidos no cálculo da CCR relacionam-se a determinadas

variáveis limitantes à visitação apresentadas pelo sítio visitado. As variáveis consideradas para o

Parque Dr. Tancredo Neves foram: o fator social (FCSOC), a precipitação (FCPRE), a declividade

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(FCDECL), a possibilidade de alagamentos (FCALAG), as características faunísticas (FCFAU) e os

impedimentos temporários à visitação para manutenção e recuperação da área (FCITEMP).

Os fatores de correção são calculados para cada variável limitante através da equação FC= 1

– (mln / mtn) que corresponde à magnitude total da variável n.

Variáveis limitantes para o Parque:

a) Fator Social (FCsoc)

Para que se alcance uma melhor qualidade na visitação de cada trilha e, com isso, seja

aumentado o grau de satisfação do público, é necessária a organização dos visitantes em grupos. O

número de pessoas por grupo e a distância a ser obedecida entre um grupo e outro podem ser

tomadas em função das particularidades de cada trilha.

Admitindo-se como 20 o número máximo de indivíduos por grupo, que cada indivíduo

necessite de 2m de trilha para seu conforto e segurança e que a distância mínima entre dois grupos

deva ser de 100m, calcula-se em 140m (20 x 2 + 100) o espaço ocupado por cada grupo na trilha.

O número de grupos (NG) que pode estar simultaneamente em cada trilha será dado pela

razão entre o comprimento total da trilha e a distância requerida por cada grupo (NG = comprimento

linear da trilha / distância requerida por cada grupo).

Antes de calcular o fator de correção social é necessário identificar quantas pessoas (P)

podem estar simultaneamente dentro de cada trilha. A equação para a obtenção dessa informação é P

= NG x pessoas por grupo.

Também se necessita identificar a magnitude limitante (ml) que nesse caso, é aquela porção

da trilha que não pode ser ocupada porque já existem pessoas ocupando. A magnitude limitante é

dada por ml = mt – P, onde mt é a magnitude total, o que representa o comprimento total da trilha.

Calcula-se por fim, o Fator de Correção Social pela equação 1 – (ml/mt).

b) Fator de Correção da Declividade (FCDECLIV)

Leva em consideração a soma dos trechos de cada trilha com um grau de dificuldade médio

ou alto para os visitantes, o que pode conduzir a restrições de uso. Com a finalidade de atribuir maior

importância a trechos de trilha como grau alto de dificuldade, incorporou-se um fator de ponderação

da ordem 1,5 para esses trechos, de forma que a equação resultante é: 1 – [(ad x 1,5) + (md x 1)] / mt,

onde: ad é a soma dos trechos de alta dificuldade; md é a soma dos trechos de média dificuldade; e

mt é o comprimento total da trilha.

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c) Fator de correção de Precipitação (FCPREC)

A grande maioria dos visitantes não está disposta a percorrer trilhas em dias de chuva sendo,

portanto, um fator que impede a visitação normal. Para o Parque assumiu-se um período equivalente

a dois meses de chuva por ano, segundo proposto por Bonatti et al. (2006), ou seja, 540 horas por

ano (9 horas/dia x 60 dias ano). O fator de Correção de Precipitação é calculado por FCpre = 1 –

(hc/ht), onde hc corresponde às horas de chuva e ht às horas totais no ano.

d) Fator de Correção para Alagamentos (FCALAG)

Para este fator de correção leva-se em conta a soma dos trechos onde a água fica retida, pois

o pisoteio pode ocasionar danos à trilha, além da possibilidade de acidentes. Calcula-se através da

equação: FCalag = 1 – (ma/mt), onde ma é a soma do trecho da trilha sujeito a alagamentos e mt é o

comprimento total da trilha.

e) Fator de Correção advindo da Fauna (FCFAU)

A visitação pública pode afetar significativamente a fauna de uma região, no que se refere a

sua abundância, distribuição ou ocorrência. Com isso, a presença de espécies vulneráveis ou

ameaçadas de extinção em áreas sujeita à visitação deve também ser levada em consideração nos

estudos de capacidade de carga turística.

Para a região do Parque foram selecionadas três espécies de aves como as mais suscetíveis a

possíveis impactos locais advindos da presença humana:

1. (FCfau1) Lochmias nematura: popularmente conhecida por joão-porca. Espécie residente,

comum o ano todo, ao longo de margens de riachos e em pedras expostas no meio de riachos, tanto

em florestas quanto em áreas abertas. Residente na maior parte do RS, à exceção da maior parte do

litoral, extremo sul e muito ao oeste. Em relação a sua reprodução, tem registro de ninho com filhote

em dezembro. Sabe-se que não está em fase reprodutiva entre abril-maio. Família Furnariidae.

2. (FCfau2) Todirostrum plumbeiceps: popularmente conhecida por tororó. Espécie

residente, comum na maior parte do Rio Grande do Sul, presente o ano todo e não chegando até a

fronteira com o Uruguai. Habita vegetação rasteira em beiras de florestas, geralmente a 1m do chão.

Há registro de macho reprodutivo em outubro e fêmea não-reprodutiva em abril. Família Tyrannidae

3. (FCfau3) Elaenia mesoleuca: popularmente conhecida por tuque. Espécie migratória

durante os meses de setembro a abril, sendo abundante durante este período. Encontrado em

florestas, matas abertas e jardins, geralmente nos estratos médio e superior. Pico reprodutivo entre os

meses de dezembro-janeiro, com o início da construção dos ninhos em novembro. Ninhos registrados

em dezembro. Família Tyrannidae.

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Para este estudo, foram adotadas as seguintes características como critério de utilização

destas espécies: período reprodutivo e período total de ocorrência na região. Para o cálculo dos

Fatores de Correção advindos da Fauna foi utilizada a seguinte equação: FCfau = 1 – (pr/pt), onde pr

corresponde ao período reprodutivo em meses da espécie em questão e pt é o período total de

ocorrência na região.

f) Fator de Correção para Impedimentos Temporários (FCITEMP)

O Parque somente recebe visitas às trilhas em 4 turnos por semana (2 dias), sendo que o

restante dos dias permanece aberto, mas sem funcionários disponíveis para a realização de trilhas.

Este Fator de Correção é calculado por: FCITEMP = 1 – (hf/ht), onde hf é o número de horas por ano

que as trilhas não sofrem visitação (9h/dia x 5 dias/semana x 52 semanas/ano) e ht é o número de

horas que a unidade permanece aberta por ano (9h/dia x 5 dias/semana x 52 semanas/ano).

4.7.4 Capacidade de Carga Efetiva (CCE)

A CCE é o número máximo de visitas permitidas em um determinado sítio num intervalo de

tempo definido, considerando-se sua CCR previamente calculada e as condições de ordenação e

manejo da visitação existente na área protegida. Seu cálculo processa-se através da fórmula: CCE =

CCR x CM, onde CM corresponde à Capacidade de Manejo.

A Capacidade de Manejo é um parâmetro expresso em porcentagem, que reflete a condição

de manejo realmente disponível na unidade, relacionando-a com a condição de manejo ideal para o

pleno funcionamento da mesma. Têm importância nessas medições variáveis como respaldo jurídico

e político, equipamentos disponíveis, dotação de pessoal, orçamento anual e condições de infra-

estrutura para a manutenção e atendimento ao visitante (Cifuentes 1992).

3.8 Diagnóstico Sócio-ambiental

O diagnóstico sócio-ambiental foi realizado no mês de outubro de 2007 utilizando um

formulário semi-estruturado com 24 perguntas abertas e fechadas) através de entrevistas com 56

moradores do entorno do Parque, 63 usuários do Parque, três funcionárias de duas escolas da rede

pública e uma escola da rede particular, um funcionário de uma prestadora de serviços e uma

funcionária do Posto de Saúde. A coordenadora do Parque respondeu um questionário para contribuir

no levantamento da realidade do Parque. O formulário foi elaborado considerando as características

de cada grupo entrevistado.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Levantamento florístico e da micota liquenizada

Durante o levantamento florístico foram identificadas 128 espécies de árvores, arbustos,

epífitas e herbáceas de 48 famílias de plantas presentes no Parque Dr. Tancredo Neves (Tabela 1). A

classificação das famílias botânicas foi baseada em APG II (2003). Destas, quatro espécies são

citadas na Lista Oficial da Flora Ameaçada de Extinção do RS (Decreto Nº. 42.099, de 31 de

dezembro de 2002). No que se refere às categorias de ameaça estão: Tillandsia gemniflora Brogn., T.

usneoides L., Picrasma crenata (Vell.) Engl. enquadradas na categoria vulnerável (VU) e Solanum

arenarium Sendtn., como em perigo (EN). Além destas, merece destaque a ocorrência de Ficus

cestrifolia Schott (figueira-de-folha-miúda), anteriormente denominada F. organensis, e de Ficus

adhatodifolia Shott (figueira), pois os indivíduos do gênero são protegidos pela Lei Estadual Nº.

9519/1992, ou seja, são imunes ao corte. Cabe salientar que esta é uma lista parcial das espécies

vegetais presentes no Parque, já que o esforço amostral não foi com o objetivo de exaurir todas as

espécies de todas as sinúsias. Além do enfoque maior foi dedicado as arbóreas, arbustivas e liquens.

Tabela 1. Lista florística das espécies vegetais registradas no Parque Municipal Dr. Tancredo Neves. Espécies assinaladas com um asterisco (*) são citadas como ameaçadas de extinção, com dois asteriscos (**) protegidas por lei e com três asteriscos (***) exóticas.

Famílias Espécies N. popular Hábito ACANTHACEAE Justicia brasiliana Roth arbustivo

ANACARDIACEAE Schinus terebithifolius Raddi aroeira-vermelha arbóreo

APIACEAE Hydrocotyle leucodephala Cham. & Schlecht. herbáceo

ARACEAE Spathicarpa hastifolia Hook. arácea terrestre herbáceo

ASTERACEAE Elephantopus mollis H.B. & K. erva-grossa herbáceo

Piptocarpha sellowii (Sch. -Bip.) Baker cipó-prata cipó

BALSAMINACEAE Impatiens walleriana Hook.*** maria-sem-vergonha herbáceo

BIGNONIACEAE Jacaranda micrantha Cham. caroba arbóreo

Pyrostegia venusta (Ker-Gawl.) Miers cipó-são-joão trepadeira

Tabebuia chrysotricha (Mart. ex DC.) ipê-amarelo arbóreo

Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo ipê-roxo arbóreo

Tecoma capensis (Thunberg) Lindley madressilva-do-cabo trepadeira

BORAGINACEAE Cordia americana (L.) Gottschling & J.E.Mill. guajuvira arbóreo

Heliotropium leiocarpum Morong borragem-gervão arbustivo

BROMELIACEAE Tillandsia gemniflora Brogn.* cravo-do-mato epífita

Tillandsia usneoides L. * barba-de-pau epífita

Vrisea sp. epífita continua

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Tabela 1. cont.

Famílias Espécies N. popular Hábito CACTACEAE Rhipsalis sp. cacto-macarrão epífita

CANNABACEAE Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. esporão-de-galo arbóreo

Trema micrantha (L.) Blume grandiúva arbóreo

CARDIOPTERIDACEAE Citronella paniculata (Mart.) R.A. Howard pau-de-corvo arbóreo

CLUSIACEAE Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi bacopari arbóreo

COMMELINACEAE Tradescantia zebrina Hort. ex Bosi*** onda-do-mar herbáceo

EBENACEAE Diospyros inconstans Jacq. maria-preta arbóreo

ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum argentinum O.E. Schulz cocão arbóreo

EUPHORBIACEAE Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg. tanheiro arbóreo

Gymnanthes concolor Spreng. laranjeira-do-mato arbóreo

Margaritaria nobilis Linn. *** figueirinha arbóreo

Pachystroma longifolium (Nees) I.M. Johnst. mata-olho arbóreo

Sebastiania commersoniana (Baill.) Smith & Downs branquilho arbóreo

Sebastiania serrata (Klotzsch) Müll.Arg. branquilho arbóreo

Tetrorchidium rubrivenium Poepp. & Endl. canemuçu arbóreo

FABACEAE Bauhinia forficata Link pata-de-vaca arbóreo

Caesalpinia peltophoroides Benth. sibipiruna arbóreo

Enterolobium contortisiliquum (vell.) Morong timbaúva arbóreo

Inga marginata Willd. ingá-feijão arbóreo

Inga vera Willd. ingá arbóreo

Machaerium stipitatum (DC.) Vogel farinha-seca arbóreo

Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan angico arbóreo

Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. canafistula arbóreo

Schizolobium parahyba (Vell.) Blake guapuruvú arbóreo

JUGLANDACEAE cf. Juglans regia L. *** nogueira arbóreo

LAMIACEAE Aegiphila sellowiana Cham. gaioleira arbustivo

LAURACEAE Aioeua saligna Meisn. canela-anhoaíba arbóreo

Cinnamomum zeylanicum (Breyn.) Bl. *** canela de doce arbóreo

Cryptocarya moschata Nees & Mart. ex Nees canela-fogo arbóreo

Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F. Macbr. canela arbóreo

Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez canela-preta arbóreo

Nectandra oppositifolia Nees canela-ferrugem arbóreo

Ocotea indecora (Vell.) Rohwer *** canela-sassafrás arbóreo

Ocotea puberula (Rich.) Nees canela-guaicá arbóreo

MALVACEAE Ceiba sp. *** paineira arbóreo

Luehea divaricata Mart. et Zucc. açoita cavalo arbóreo

Pavonia sepium A. St.-Hil. carrapicho arbustivo

Sida rhombifolia Linn. guanxuma herbáceo

MELASTOMATACEAE Leandra australis (Cham.) Cogn. pixirica arbustivo

Miconia sellowiana Naudin pixirica arbustivo continua

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Tabela 1. cont.

Famílias Espécies N. popular Hábito MELIACEAE Cabralea canjerana (Vell.) Mart. canjerana arbóreo

Cedrela fissilis Vell. cedro arbóreo

Guarea macrophylla Vahl pau-d' arco arbóreo

Trichilia claussenii C.DC. catiguá arbóreo

Trichilia elegans A. Juss. pau-de-ervilha arbóreo

MONIMIACEAE Hennecartia omphalandra J. Poiss. canema arbóreo

Mollinedia elegans Tul. pimenteira arbustivo

MORACEAE Brosimum glazioui Taub. leiteiro arbóreo

Ficus adhatodifolia Shott ** figueira arbóreo

Ficus cestrifolia Schott** figueira-de-folha-miúda arbóreo

Maclura tinctoria (L.) Don ex Steud. tajuva arbóreo

Sorocea bonplandii (Bail.) Burger, Lanj. & Boer cincho arbóreo

MYRSINACEAE Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. capororoquinha arbóreo

Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze capororoca arbóreo

Myrsine laetevirens (Mez) Arechav. capororoquinha -do-brejo arbóreo

Myrsine umbellata Mart. capororoca arbóreo

MYRTACEAE Calyptranthes grandifolia O. Berg guamirim-chorão arbóreo

Campomanesia xanthocarpa Berg guabiroba arbóreo

Eugenia involucrata DC. cerejeira arbóreo

Eugenia rostrifolia D. Legr. batinga arbóreo

Eugenia schuechiana O.Berg arbóreo

Eugenia bacopari D. Legrand guamirim arbóreo

Myrcia glabra (O.Berg) D. Legrand uvá arbóreo

Myrcianthes pungens (O.Berg) D. Legrand guabijú arbóreo

NYCTAGINACEAE Guapira opposita (Vell.) Reitz maria-mole arbóreo

OCHNACEAE Ouratea parviflora (DC.) Baill. arbóreo

OLEACEAE Ligustrum sp. *** ligustro arbóreo

ORCHIDACEAE Brassavola sp. orquídea epífita

Cattleya intermedia Graham Bot. Mag. orquídea epífita

Mesadenella sp. orquídea herbáceo

PHYTOLACACEAE Seguieria aculeata Jacq. limoeiro-do-mato arbóreo

PIPERACEAE Peperonia pereskiaefolia (Jacquin) Humboldt erva-de-vidro herbáceo

Piper amalago L. pariparoba arbustivo

Piper gaudichaudianum Kunth. pariparoba arbustivo

POACEAE Oplismenus hirtellus (L.) P. Beauv. herbáceo

Pharus lappulaceus Fuseé - Aubl. bambuzinho herbáceo

POLYGALACEAE Securidaca lanceolata St. Hil. trepadeira

POLYGONACEAE Ruprechtia laxiflora Meisn. marmeleiro arbóreo continua

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Tabela 1. cont.

Famílias Espécies N. popular Hábito PROTEACEAE Grevillea robusta A.Cunn. ex R.Br. *** grevílea arbóreo

PROTEACEAE Roupala brasiliensis Klotzsch carvalho brasileiro arbóreo

PTERIDACEAE Anemia phyllitidis (L.) Sw. herbácea

Doryopteris multipartita (Fée) Sehenm samambaia-mão herbáceo

RHAMNACEAE Hovenia dulcis Thunb. *** uva-do-japão arbóreo

ROSACEAE Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl. *** nêspera arbóreo

Prunus myrtifolia (L.) Urb. pessegueiro-do-mato arbóreo

RUBIACEAE Faramea montevidensis (Cham. & Schltdl.) DC. cafeeiro-do-mato arbóreo

Guettarda uruguensis Cham. & Schltdl. veludo arbóreo

Psychotria brachyceras Müll.Arg. cafeeiro-do-mato arbustivo

Psychotria alba Ruiz & Pav. cafeeiro-do-mato arbustivo

Psychotria leiocarpa Cham. & Schltdl. cafeeiro-do-mato arbustivo

Randia ferox (Cham. & Schltdl.) DC. limoeiro-do-mato arbóreo

RUTACEAE Citrus limon (Linn.) Burm. *** limoeiro arbóreo

Balfourodendron riedelianum (Engler) Engler guatambu arbóreo

Esenbeckia grandiflora Mart. cutia arbustivo

SALICACEAE Banara parviflora (A. Gray) Benth. farinha-seca arbóreo

Casearia decandra Jacq. guaçatunga arbóreo

Casearia sylvestris Sw. chá-de-bugre arbóreo

Xylosma pseudosalzsmanii Sleumer sucará arbóreo

Xylosma ciliatifolia (Clos) Eichler sucará arbóreo

SAPINDACEAE Allophylus edulis (St. Hil.) Radlk. chal-chal arbóreo

Cupania vernalis Cambess. camboatá-vermelho arbóreo

SAPOTACEAE Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler) Engl. aguaí da serra arbóreo

Chrysophyllum marginatum (Hook. et Arn.) Radlk. aguaí-vermelho arbóreo

SIMAROUBACEAE Picrasma crenata (Vell.) Engl. * pau-amargo arbóreo

SOLANACEAE Brunfelsia cf. pilosa Plowman manacá arbóreo

Cestrum strigilatum Ruiz & Pav. arbustivo

Lycianthes rantonnei (Carrière) Bitter arbustivo

Solanum arenarium Sendtn. * arbóreo

Solanum mauritianum Scop. fumo-bravo arbóreo

TILIACEAE Triumfetta semitriloba Jacq. carrapicho arbustivo

URTICACEAE Cecropia sp. embaúba arbóreo

As famílias que apresentaram maior riqueza em espécies foram: Myrtaceae (8 espécies),

Fabaceae (9), Lauraceae (8), Euphorbiaceae (7), Moraceae (5) e Rubiaceae (6). Essas seis famílias

detiveram 32,5% das espécies registradas, enquanto que as demais 44 famílias compunham os 67,5

% das espécies restantes (Fig. 2). Corroborando com outros trabalhos em florestas semideciduais de

outras regiões do Brasil (Gandolfi et al.1995, Carvalho et al.2000, Jurinitz & Jarenkow 2003).

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Figura 2. Número de espécies vegetais das famílias botânicas mais representativas. O acrônimos correspondem às quatro iniciais do nome das famílias (compare Tabela 1).

Para a micota liquenizada foram identificados 28 táxons distribuídos em nove famílias.

Destes 75% são representados pelos liquens de hábito foliosos, incluindo os gelatinosos, os

esquamulosos e filamentosos, 14,3% pelos liquens crostosos e 10,7% pelos fruticosos (Tabela 2).

Para áreas urbanas ainda são poucos os trabalhos existentes com liquens. Os primeiros

trabalhos para o Estado datam do século 19 por Malme (1902, 1925, 1926, 1928 e 1934) e Redinger

(1934 e 1935) que incluíram coletas de liquens em áreas de Porto Alegre. Para a região metropolitana

de Porto Alegre temos a contribuição dos trabalhos realizados por Fleig (1985), Osório & Fleig

(1988) e de Osório et al. (1997), além do trabalho de Martins-Mazzitelli et al. (1999) onde

registraram 72 espécies para a cidade de Porto Alegre.

A baixa riqueza e diversidade de espécies liquênicas registradas para a área do Parque podem

ser devido ao tipo de vegetação, ou seja, constituída de árvores de grande porte, com dossel bem

desenvolvido o que dificulta a incidência de luz, assim como pelo grande número de espécies de

Mirtáceas que possuem a superfície do tronco lisa. Tanto a luminosidade como o tipo de casca são

alguns dos fatores limitantes para a ocorrência de liquens (Brodo 1973, Marcelli 1996, Hawksworth

1975).

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Tabela 2. Lista de táxons liquênicos registrados para no Parque Municipal Dr. Tancredo Neves.

Famílias Táxons Hábito Rocellaceae Cryptothecia sp. crostoso Parmeliaceae Canoparmelia texana (Tuck.) Elix & Hale folioso Cladoniaceae Cladonia sp. esquamuloso Biatoraceae Coenogonium sp. 1 filamentoso Biatoraceae Coenogonium sp. 2 crostoso Rocellaceae Cryptothecia rubrocincta (Ehrenb.) G. Thor crostoso Physciaceae Dirinaria applanata (Fée) Awas. folioso Physciaceae Dirinaria confluens (Fr.) Awas. folioso Physciaceae Dirinaria picta (Sw.) Clem. & Shear folioso Graphidaceae Graphis sp. 1 crostoso Physciaceae Heterodermia albicans (Pers.) Sw. & Krog folioso Physciaceae Heterodermia speciosa (Wulf.) Trev. folioso Physciaceae Hyperphyscia sp. folioso Collemataceae Leptogium austroamericanum (Malme) Dodge folioso Lobariaceae Lobaria sp. folioso Parmeliaceae Myelochroa lindmanii (Lynge) Elix & Hale folioso Parmeliaceae Parmelinopsis minarum (Vainio) Elix & Hale folioso Parmeliaceae Parmotrema austrosinense (Zahlbr.) Hale folioso Parmeliaceae Parmotrema tinctorum (Nyl.) Hale folioso Biatoraceae Phyllopsora sp. esquamuloso Physciaceae Physcia aff. caesia folioso Physciaceae Physcia aff. poncinsii folioso Physciaceae Physcia aipolia (Ehrenb. ex Humb.) Fürnrohr fruticoso Physciaceae Physcia sp. 1 folioso Parmeliaceae Punctelia graminicola (B. de Lesd.) Egan folioso Parmeliaceae Punctelia riograndensis (Lynge) Krog folioso Teloschistaceae Teloschistes exilis (Michaux) Vainio fruticoso Parmeliaceae Usnea sp. fruticoso

4.2 Levantamento fitossociológico do estrato arbóreo Nos 67 pontos do estrato arbóreo foram amostrados 268 indivíduos, dentre estes, 16 foram

enquadrados na categoria de mortos em pé. Os vivos distribuem-se em 54 espécies, pertencentes a 24

famílias. A densidade total de árvores (DTA) foi estimada em 718,68 ind.ha-1. Valor considerado

baixo se comparado com a média da densidade para Florestas Estacionais Semideciduais do RS, que

é de 929 ind.ha-1 (Rio Grande do Sul, 2002). Entretanto, o índice de diversidade de Shannon (H')

calculado para a comunidade de arbóreas foi de 3,53 nats, e a equabilidade foi de 0,882.

Contrastando com a média para este tipo de floresta no RS que é de 2,63 nats (Rio Grande do Sul,

2002). Isto pode ser explicado pela grande influência antrópica deste fragmento que introduziu neste,

diversas espécies nativas e exóticas através de plantio, além da alta equabilidade de participação

entre as espécies (E= 0,88), que também eleva o valor de diversidade de Shannon.

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Na Tabela 3 são apresentados os parâmetros fitossociológicos calculados para as espécies do

componente arbóreo.

As famílias com maior riqueza de espécies foram Myrtaceae (14,8%), seguida das Lauraceae

(13%), Moraceae e Salicaceae (9,2% cada) e Euphorbiaceae (7,4%), corroborando em parte com as

famílias mais representativas no levantamento florístico total da vegetação (Fig. 2). As exceções

foram Fabaceae e Rubiaceae, sendo que a primeira apresentou espécies arbóreas representadas por

alguns poucos indivíduos, porém notórios devido ao porte, enquanto que a segunda é mais

representativa do componente arbustivo. No restante, a similaridade se deve ao fato de que o estrato

arbóreo foi o que mais contribuiu em número de espécies para este total.

Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos calculados para o componente arbóreo amostrado no Parque Municipal Dr. Tancredo Neves, em ordem decrescente de índice de valor de importância (IVI), onde: (ni) = nº de indivíduos, (DA) = densidade absoluta, estimada em n° de indivíduos por ha, (DR) = densidade relativa, (FA) = freqüência absoluta, (FR) = freqüência relativa e (CR) = cobertura relativa.

ni DA DR FA FR CR IVI Espécie

(ind.ha-1) (%) (%) (%) (%) Eugenia rostrifolia 29 82,71 11,51 38,81 11,11 7,52 10,05 Myrcianthes pungens 20 57,04 7,94 20,90 5,98 10,65 8,19 Luehea divaricata 9 25,67 3,57 13,43 3,85 11,11 6,18 Eugenia schuechiana 19 54,19 7,54 23,88 6,84 1,82 5,40 Campomanesia xanthocarpa 11 31,37 4,37 14,93 4,27 6,21 4,95 Ficus cestrifolia 3 8,56 1,19 2,99 0,85 12,26 4,77 Cabralea canjerana 8 22,82 3,17 11,94 3,42 7,48 4,69 Cordia americana 8 22,82 3,17 11,94 3,42 6,30 4,30 Casearia sylvestris 13 37,07 5,16 19,40 5,56 1,64 4,12 Allophylus edulis 10 28,52 3,97 13,43 3,85 0,56 2,79 Nectandra megapotamica 8 22,82 3,17 10,45 2,99 1,49 2,55 Nectandra oppositifolia 4 11,41 1,59 16,42 4,70 0,90 2,39 Guapira opposita 5 14,26 1,98 5,97 1,71 3,22 2,30 Gymnanthes concolor 8 22,82 3,17 10,45 2,99 0,48 2,22 Trichilia claussenii 6 17,11 2,38 8,96 2,56 1,32 2,09 Machaerium stipitatum 6 17,11 2,38 7,46 2,14 0,88 1,80 Diospyrus inconstans 4 11,41 1,59 4,48 1,28 2,42 1,76 Sebastiania serrata 6 17,11 2,38 4,48 2,14 0,51 1,68 Enterolobium contortisiliquum 3 8,56 1,19 7,46 1,28 2,54 1,67 Jacaranda micrantha 3 8,56 1,19 4,48 1,28 2,13 1,53 Ficus adhatodifolia 2 5,70 0,79 2,99 0,85 2,87 1,51 Eugenia bacopari 6 17,11 2,38 4,48 1,28 0,73 1,46

continua

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Tabela 3. cont. Espécie ni DA DR FA FR CR IVI Prunus myrtifolia 3 8,56 1,19 4,48 1,28 1,79 1,42 Trema micrantha 4 11,41 1,59 5,97 1,71 0,70 1,33 Endlicheria paniculata 5 14,26 1,98 5,97 1,71 0,25 1,31 Ocotea puberula 3 8,56 1,19 4,48 1,28 1,42 1,30 Ouratea parviflora 3 8,56 1,19 4,48 1,28 1,28 1,25 Sorocea bomplandii 4 11,41 1,59 5,97 1,71 0,23 1,18 Ocotea indecora 3 8,56 1,19 4,48 1,28 1,00 1,16 Aegiphila sellowiana 3 8,56 1,19 4,48 1,28 0,17 0,88 Brosinum glazioni 2 5,70 0,79 2,99 0,85 0,77 0,81 Myrcia glabra 2 5,70 0,79 2,99 0,85 0,75 0,80 Hennecartia omphalandra 2 5,70 0,79 2,99 0,85 0,57 0,74 Maclura tinctoria 2 5,70 0,79 2,99 0,85 0,35 0,67 Garcinia gardneriana 2 5,70 0,79 2,99 0,85 0,30 0,65 Cedrella fissilis 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,98 0,60 Aiouea saligna 2 5,70 0,79 2,99 0,85 0,13 0,59 Tetrorchidium rubrivenium 2 5,70 0,79 2,99 0,85 0,12 0,59 Xylosma pseudosalzsmanii 2 5,70 0,79 2,99 0,85 0,11 0,59 Sp.1 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,67 0,50 Ruprechtia laxiflora 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,57 0,47 Myrsine guianensis 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,54 0,45 Banara parvifolia 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,49 0,44 Chrysophilum gonocarpa 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,49 0,44 Eugenia involucrata 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,25 0,36 Calyptranthes grandifolia 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,22 0,35 Casearia decandra 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,17 0,33 Juglans regia 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,17 0,33 Alchornea triplinervia 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,15 0,33 Bauhinia forficata 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,11 0,31 Xylosma ciliatifolia 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,07 0,30 Ligustrum sp. 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,05 0,29 Myrsine laetevirens 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,04 0,29 Tabebuia chrysotricha 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,04 0,29 Guettarda uruguensis 1 2,85 0,40 1,49 0,43 0,03 0,29

As espécies com maior IVI foram Eugenia rostrifolia, Myrcianthes pungens, Luehea

divaricata, Eugenia schuechiana, Campomanesia xanthocarpa, sendo a soma de seus respectivos IVI

34,77%. Quatro destas cinco espécies pertencem à família Myrtaceae, que se destacou

principalmente pela alta densidade e freqüência de seus representantes, corroborando com

levantamentos fitossociológicos nas diferentes formações florestais no Rio Grande do Sul (Jarenkow

& Baptista 1987, Dillenburg et al. 1992, Jarenkow 1994, Waechter & Jarenkow 1998, Waechter et

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al.2000). Cabe salientar que espécies como Luehea divaricata, Ficus cestrifolia, Cabralea canjerana

e Cordia trichotoma, ao contrário das demais que tiveram alto valor de IVI devido à densidade ou

freqüência, apresentaram destaque devido ao tamanho, elevada cobertura basal, ou seja, devem ser

indivíduos bastante antigos da comunidade.

A presença de espécies como Eugenia rostrifolia no estrato superior e de Gymnantes concolor no

estrato médio, além da altitude média de 45m, sugerem que, de acordo com o Projeto RADAM Brasil

(1986), essa formação florestal caracteriza-se como uma Floresta Estacional Semidecidual Submontana.

As espécies que apresentaram baixa densidade e freqüência (Tabela 3) podem ser

consideradas raras para este fragmento. Porém, não necessariamente são raras do ponto de vista

biológico, pois podem ocorrer em maior densidade em áreas próximas (Figueiredo 1993).

A distribuição do número de indivíduos por classes de diâmetro evidenciou a concentração

destes na primeira classe considerada (Fig. 3). As quatro primeiras classes de diâmetros tratadas

conjuntamente revelaram que 67,5% dos indivíduos amostrados tinham o DAP entre 9 e 29 cm. O

maior diâmetro encontrado foi de 140 cm, de um indivíduo de Ficus cestrifolia, seguido de outro da

mesma espécie (119 cm) e então por um indivíduo de Luehea divaricata, com 118 cm de diâmetro. A

quantidade de indivíduos com classe de diâmetro entre 44,1 e 49 cm foi maior que o padrão de

distribuição das demais classes, fazendo com que a curva da Fig. 3, diferentemente do esperado, não

apresentasse uma distribuição normal (Jurinitz & Jarenkow 2003). Isto pode ter ocorrido devido a um

corte seletivo tipo raleio de espécies arbóreas em determinada época, sendo provavelmente dada

preferência à manutenção de alguns indivíduos de maior porte e que tivessem algum interesse para a

comunidade. A presença de espécies como Cabralea canjerana (canjerana), Eugenia rostrifolia

(batinga) e Myrcianthes pungens (guabijú), sugerem que estas podem ter sido preservadas devido a

características como beleza cênica, atrativo para fauna, por fornecerem sombra ou frutos para a

população que costumava freqüentar o local para churrasco e lazer (relatos locais). Outra hipótese, é

que tais espécies ou outras podem ter sido preservadas por não serem de interesse madeireiro, como

por exemplo, por não apresentar fuste reto.

Page 24: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

24

Figura 3 Número de indivíduos do estrato arbóreo amostrados no Parque Municipal Dr. Tancredo Neves, em cada classe de diâmetro (cm).

Quanto à distribuição dos indivíduos em classes de altura (Fig. 4), podem-se observar dois

estratos nítidos, um arbóreo inferior com indivíduos entre 6,1 e 12,0m e outro arbóreo superior com

indivíduos entre 14,1 e 18m. As principais espécies emergentes foram Ficus cestrifolia, Eugenia

rostrifolia, Cabralea canjerana, estas com 22 a 24m de altura, além da contribuição de Guapira

oposita, Enterolobium contortisiliquum e Luehea divaricata na porção superior do dossel, com

indivíduos com 22m de altura estimada.

Page 25: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

25

Figura 4. Distribuição vertical dos componentes arbóreo (em linha) e arbustivo (em barras) amostrados no Parque Municipal Dr. Tancredo Neves, considerando-se o número total de indivíduos (ou ocorrências para o arbustivo) para cada intervalo de classes de altura estimada.

4.3 Levantamento fitossociológico do estrato arbustivo

Para o levantamento fitossociológico do estrato arbustivo foram registradas 45 espécies

pertencentes a 26 famílias. O índice de diversidade de Shannon (H') para espécies foi de 2,97 nats,

enquanto que a eqüabilidade foi de 0,78. A eqüabilidade foi menor que para o estrato arbóreo, uma

vez que a espécie dominante, Psychotria leiocarpa, apresenta valores de cobertura

consideravelmente maiores que todas as demais, ou seja, a distribuição dos valores de performance

das espécies do estrato arbustivo não foi tão eqüitativa quanto para o arbóreo.

Na tabela 4 são apresentados os parâmetros fitossociológicos calculados para o componente

arbustivo. Considerando o valor de importância, as cinco primeiras espécies somam mais da metade

(51,9%) de toda a comunidade de arbustos, quais sejam Psychotria leiocarpa, Faramea

montevidensis, Gymnanthes concolor, Piper gaudichaudianum e Eugenia schuechiana. Esta elevada

proporção subdividida entre apenas cinco espécies revela o quão pouco eqüitativa é a participação

entre as espécies do sub-bosque, conforme também observado em outros estudos em florestas do RS

(Diesel 1991, Müller & Waechter 2001). A alta freqüência de P. leiocarpa corrobora com outros

trabalhos realizados com o componente arbóreo em fragmentos florestais do RS (Sobrinho &

Oliveira, 2005, Azambuja et al. 2008, Silva-Júnior et al. 2008).

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26

Tabela 4. Parâmetros fitossociológicos calculados para o componente arbustivo amostrado no Parque Municipal Dr. Tancredo Neves, em ordem decrescente de índice de valor de importância (IVI) e onde: (np) = nº de parcelas onde a espécie esteve presente, (FA) =freqüência absoluta (FR) = freqüência relativa e (CR) = cobertura relativa.

Espécie ni

FA (%) FR (%) CR (%) IVI (%)

Psychotria leiocarpa 22 64,71 15,49 24,80 20,15 Faramea montevidensis 17 50,00 11,97 12,80 12,39 Gymnanthes concolor 10 29,41 7,04 6,80 6,92 Piper gaudichaudianum 8 23,53 5,63 6,80 6,22 Eugenia schuechiana 8 23,53 5,63 5,60 5,62 Psychotria brachyceras 8 23,53 5,63 5,20 5,42 Trichilia claussenii 6 17,65 4,23 4,00 4,11 Guapira opposita 5 14,71 3,52 2,40 2,96 Trichilia elegans 4 11,76 2,82 2,00 2,41 Piper amalago 4 11,76 2,82 1,60 2,21 Nectandra megapotamica 3 8,82 2,11 2,00 2,06 Sorocea bonplandii 3 8,82 2,11 2,00 2,06 Eugenia rostrifolia 2 5,88 1,41 1,60 1,50 Ouratea parviflora 2 5,88 1,41 1,60 1,50 Campomanesia xanthocarpa 2 5,88 1,41 1,20 1,30 Guarea macrophylla 2 5,88 1,41 1,20 1,30 Justicia brasiliana 2 5,88 1,41 1,20 1,30 Mollinedia elegans 2 5,88 1,41 1,20 1,30 Aioeua saligna 2 5,88 1,41 0,80 1,10 Allophylus edulis 2 5,88 1,41 0,80 1,10 Cordia americana 2 5,88 1,41 0,80 1,10 Nectandra oppositifolia 2 5,88 1,41 0,80 1,10 Cabralea canjerana 1 2,94 0,70 0,80 0,75 Piptocarpha sellowii 1 2,94 0,70 0,80 0,75 Diospyros inconstans 1 2,94 0,70 0,80 0,75 Endlicheria paniculata 1 2,94 0,70 0,80 0,75 Garcinia gardneriana 1 2,94 0,70 0,80 0,75 Picrasma crenata 1 2,94 0,70 0,80 0,75 Trema micrantha 1 2,94 0,70 0,80 0,75 Triumfetta semitriloba 1 2,94 0,70 0,80 0,75 Banara parviflora 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Banara sp 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Cestrum strigilatum 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Chrysophyllum marginatum 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Citronella paniculata 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Cryptocarya moschata 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Myrcianthes pungens 1 2,94 0,70 0,40 0,55

continua

Page 27: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

27

Tabela 4. cont.

Espécie ni

FA FR (%) CR (%) IVI (%)

Miconia sellowiana 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Myrcia glabra 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Myrsine umbellata 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Ocotea indecora 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Pavonia sepium 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Sp 2 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Roupala brasiliensis 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Xylosma cf. ciliatifolia 1 2,94 0,70 0,40 0,55 Xylosma pseudosalzsmanii 1 2,94 0,70 0,40 0,55

As famílias com maior riqueza em espécies foram Lauraceae (15,5%), seguida das Myrtaceae

(11,1%), Meliaceae (8,9%), Salicaceae (8,9%), Rubiaceae (6,7%) e das Piperaceae (4,5%) (Fig. 5).

As demais famílias apresentaram apenas uma espécie.

Figura 5. Número de espécies vegetais arbustivas das famílias botânicas mais representativas.

A presença de espécies de hábito arbóreo no estrato arbustivo, como por exemplo, Aioeua

saligna, Eugenia schuechiana, Guapira opposita, Nectandra megapotamica e Trichilia claussenii,

indicam que está havendo uma regeneração destas espécies, ou seja, provavelmente estes indivíduos

permanecerão temporariamente nestes estratos, pois ou serão sucumbidos ou passarm para o estrato

superior (arbóreo). Da mesma forma, o fato de não encontrarmos algumas espécies de hábito arbóreo

Page 28: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

28

no estrato arbustivo, como por exemplo, Casearia sylvestris, Eugenia bacopari, Luehea divaricata,

Sebastiania serrata e Myrcianthes pungens (sendo que desta última foi encontrado apenas um

indivíduo no estrato arbustivo) pode indicar que não está ocorrendo regeneração destas espécies.

4.4 Levantamento da artropofauna

No total foram coletados 864 indivíduos pertencentes ao Filo Arthropoda nas seis transecções

realizadas no Parque abrangendo as classes Arachnida, Insecta, Entognatha e Malacostraca. Dentro

da classe Arachnida foram encontradas três ordens: Acarina, Araneae e Pseudoscorpiones. Na classe

Insecta foram encontradas nove ordens, sendo elas: Archaeognatha, Blatodea, Coleoptera, Diptera,

Hemiptera, Hymenoptera, Lepdoptera, Orthoptera e Psocoptera. A ordem Collembola é representante

da classe Entognatha; e a ordem Isopoda pertence à classe Malacostraca.

A densidade média total de artrópodes nas parcelas, distribuídas nas seis transecções, foi de

6,25 indivíduos/m2, enquanto que o índice de diversidade de Shannon, estimado a partir da densidade

de indivíduos por ordem considerada, foi de 1,17 nats. Esta diversidade pode ser considerada como

funcional, pois as ordens indicam características morfológicas e, conseqüentemente, funções,

“papéis” distintos dentro da comunidade como um todo.

Os resultados de densidade e riqueza de Ordens nas parcelas foram relacionados à riqueza e

cobertura do estrato arbustivo, cujas amostragens foram nas mesmas unidades amostrais. Tanto a

cobertura do estrato arbustivo quanto a riqueza de espécies vegetais não demonstraram nenhuma

correlação com a densidade de artrópodes ou mesmo a riqueza de Ordens, conforme apresentamos na

Figura 6. Esta ausência de relação estatisticamente demonstra que, para o nível de identificação

considerado (classificação em ordens), não há um padrão de distribuição das ordens de artrópodes

associados ao estrato arbustivo, seja pelas diferentes riquezas de espécies vegetais ou pelas

coberturas nas parcelas estudadas. Aparentemente, as ordens de artrópodes se distribuem

regularmente no sub-bosque das áreas do Parque.

Page 29: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

29

Figura 6. Correlação entre densidade absoluta de artrópodes e cobertura arbustiva absoluta no Parque Municipal Doutor Tancredo Neves, Cachoeirinha, RS.

Na comparação das unidades amostrais (u.a.) mais próximas à borda com as do interior do

Parque, através de análise de variância via, teste de aleatorização, não encontramos diferenças

significativas, tanto em relação à riqueza de Ordens, quanto em relação à abundância total de

artrópodes (Fig. 7). Entretanto, podemos observar uma tendência à maior abundância de artrópodes

na borda da floresta (Parruco et al. 2007, Montenegro et al. 1996) podendo não ter sido significativa

devido à insuficiência amostral. Estes resultados corroboram os estudos realizados por Parruco et al.

(2007) e Montenegro et al. (1996).

Page 30: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

30

0

5

10

15

20

25

30

borda interior

Posição das u.a.

RIQUEZA

ABUNDÂNCIA

Figura 7. Médias da riqueza de ordens e da abundância total de artrópodes das u.a. localizadas na borda e interior da floresta do Parque Municipal Doutor Tancredo Neves, Cachoeirinha, RS.

Os artrópodes, principalmente os insetos, vêm sendo utilizados com sucesso em estudos de

bioindicação em ambientes terrestres (Freitas et al.2003; Lewinsohn et al. 2005). Da mesma forma

que a fauna de solo, coletadas através de Berlese-Tullgren ou armadilhas de pit fall tem sido utilizado

na análise de impacto ambiental. Dentre estes destacam-se, principalmente, os táxons: Acari,

Collembola, Isopoda e Hymenoptera (Sydow, 2007). Segundo New (1995) a indicação dos níveis de

perturbação ou mudança de um sistema é o papel principal dos artrópodes na avaliação da

conservação biológica ou na recuperação de áreas degradadas. Essa indicação pode se dar pelo

declínio da diversidade de espécies especialistas, aumento da abundância de outros taxa, ou de forma

mais genérica, alguma mudança na composição faunística a partir de um estado não perturbado.

Sendo assim, os artrópodes desempenham um importante papel como indicadores da

qualidade ambiental do Parque Dr. Tancredo Neves. Entretanto, para que essa análise seja efetiva,

faz-se necessário um maior número de coletas, incluindo fatores como a sazonalidade

(preferencialmente a longo prazo, abrangendo no mínimo réplicas das quatro estações) e com

transecções que incluam a maior parte possível da diversidade de ambientes presentes no parque,

além de uma identificação em menor nível taxonômico.

.

4.5 Levantamento da avifauna Foram identificadas 56 espécies de aves distribuídas em 56 famílias com 49 gêneros. A

seguir é apresentada a lista de espécies registradas no Parque Municipal Doutor Tancredo Neves.

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31

Tabela 5. Lista das espécies da avifauna registradas no Parque Municipal Dr. Tancrqedo Neves. (Habitat: AU=Área Umida, AA=Área Aberta, V=Vários, FL=Floresta e U=Área Urbana. MicroHabitat: S=superior, M=médio e I=inferior. Categoria Trófica: C=carnívoro, I=insetívoro, D=detritívoro, O=omnívoro, F=frugívoro e G=granívoro. Permanência: M=migratório e R=residente.)

N. científico N. popular Habitat MicroHabitatCateg. trófica Permanência

Butorides striatus socozinho AU * C-I M Sirigma sibilatrix maria-faceira AA * C-I R Phimosus infuscatus maçarico-da-cara-pelada AU * C-I R Cathartes aura urubu-da-cabeça-vermelha V * D R Coragyps atratus urubu-da-cabeça-preta V * D R Buteo magnorostris gavião-carijó V * C-I R Mivalgo chimachima gavião-carrapateiro AA-Ma S O R Amazonetta brasiliensis marreca-pé-vermelho AU * C R Ortalis guttata aracuã Ma M F-H R Aramides saracura saracura-do-brejo Ma I O R Vanellus chilensis quero-quero AA * I R Columba livia pomba-doméstica U * O R Columba picazuro asa-branca Ma I F-G R Columbina picui rolinha AA * F-G R Colombina talpacotti rolinha-roxa AA * F R Leptotila verreauxi juriti-pupu Ma I F-G R Zenaida auriculata pomba-de-bando AA * F-G R Guira guira anu-branco V * C-I R Streptoprocne zonaris andorinhão-coleira V * I R Chlorostilbon aureoventris besourinho-bico-vermelho V * N R Stephanoxis lalandi beija-flor-de-topete Ma I N R Celeus flavescens joão-velho Ma M I R Colaptes campestris pica-pau-do-campo AA * I R Lepidocolaptes falcinellus arapaçú-escamoso Ma M I R Sittasomus griseicapillus arapaçú-verde Ma M I R Furnarius rufus joão-de-barro AA * F-I R Lochmias nematura joão-porca FL-AU I I R Synallaxis spixi joão-teneném AA * I R Synallaxis cinerascens pi-puí Ma I I R Syndactyla rufosuperciliata trepador-quiete Ma S I R Tamnophilus caerulescens choca-da-mata Ma I I R Camptostoma obsoletum risadinha V * I R Elaenia mesoleuca tuque FL I-M F-I M Pitangus sulphuratus bem-te-vi V * O R Todirostrum plumbeiceps tororó FL-AU I I R Tyrannus melancholicus suiriri V * F-I M Tyrannus savana tesourinha-do-campo AA * F-I M

continua

Page 32: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

32

Tabela 5. cont.

N. científico N. popular Habitat MicroHabitatCateg. trófica Permanência

Chiroxiphia caudata dançador Ma I-M F-I R Troglodytes musculus corruíra V * O R Pheoprogne tapera andorinha-do-campo AA I-M I M Turdus albicolis sabiá-coleira Ma I-M F R Turdus amaurochalinus sabiá-poca Ma I-M F-I R Turdus rufiventris sabiá-laranjeira V x F-I R Cyclarhis gujanensis pitiguari AA-Ma I-M-S F-I R Coeraba flaveola cambacica V * F-N R Euphonia chlorotica fim-fim V * F R Pipraeidea melanonota saíra-vivúva Ma S I R Thraupis sayaca sannhaçú-cinzento V * F R Molothrus bonariensis vira-bosta AA * O R Poospiza lateralis quete Ma M-S F-G R Zonotrichia capensis tico-tico V x F-I R Saltator similis trinca-ferro-verdadeiro Ma S F R Basileuterus culicivorus pula-pula Ma I-M I R Basileuterus leucoblepharus pula-pula-assobiador Ma I-M I R Parula pitiayumi mariquita V * I R Passer domesticus pardal U * O R

4.5.1 Habitat

Em relação ao habitat destacam-se as ocorrências de espécies de floresta (48%), de vários

habitats (27%) e de área aberta (20%). Juntas representam 88% das espécies (Fig. 8). Se

considerarmos a característica de tamanho do fragmento e sua matriz (ambiente urbano), estes dados

expressam estas características. O fragmento é pequeno, porém predominantemente florestal, e está

circundado por áreas de campo úmido com maricazal (predomínio da espécie Mimosa bimucronata)

associado à vegetação ciliar e pela periferia da zona urbana.

Page 33: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

33

Figura 8. Distribuição de freqüências das espécies da avifauna por hábitat, onde: AU = Área Úmida, AA = Área Aberta, V = Vários, U = Área Urbana e FL = Floresta.

4.5.2 Microhabitat

Em relação ao microhabitat, a maioria das espécies ocorre preferencialmente no estrato

inferior (55%), em seguida no estrato superior (22%) e no inferior (14%.) Apenas uma espécie tende

a ocorrer em médio e superior e uma em inferior, médio e superior (Fig. 9).

Estes resultados podem estar relacionados ao fato de o sub-bosque estar bem desenvolvido,

com elevada cobertura e apresentando várias espécies arbóreas regenerando, ao mesmo tempo que o

estrato médio é pouco representativo e no estrato superior predominam espécies de grande porte.

Figura 9. Distribuição de freqüências das espécies da avifauna por microhabitat, onde: S = estrato superior, M = estrato médio e I = estrato inferior.

AA20%

AU8%

V27%

U3%

FL42%

S

22%

M15%

I29%

I-M26%

M-S4%

I-M-S4%

Page 34: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

34

4.5.3 Categoria Trófica

Em relação à categoria trófica, observaram-se maiores valores para ocorrência de espécies

com hábito tipicamente insetívoro (47%) e frugívoro (30%) (Fig. 10) relacionadas às características

da estrutura da vegetação citadas anteriormente além da presença da artropofauna. Tal situação é

conseqüência da elevada quantidade de biomassa de artrópodes disponíveis em florestas, bem como

de quantidade de espécies de plantas que produzem frutos atrativos à avifauna.

Figura 10. Distribuição de freqüências das espécies da avifauna por categoria trófica, onde: C = carnívoro, I = insetívoro, D = detritívoro, O = omnívoro, F = frugívoro e G = granívoro.

4.5.4 Permanência

Por fim, em relação à permanência identifica-se que 50 espécies (90%) representam à

categoria de residentes. Ou seja, a maioria das espécies identificadas é residente, com exceção de

algumas espécies migradoras como o Socozinho (Butorides striatus), Suiriri (Tyrannus

melancholicus), Tesourinha-do-Campo (Tyrannus savana), Tuque (Elaenia mesoleuca) e Andorinha-

do-Campo (Pheoprogne tapera).

4.6 Qualidade da Água Os parâmetros obtidos para a água do lago existente no Parque Municipal Dr. Tancredo

Neves foram comparados com a Resolução CONAMA Nº. 357/2005, a qual trata da classificação das

águas e suas qualidades (Tab. 5) e com a PORTARIA SSMA Nº. 02/98, a qual aprova o

enquadramento do Rio Gravataí, segundo a Resolução CONAMA Nº. 20/86. Apesar de realizarmos

C9%

I47%

D3%

O10%

F30%

G1%

Page 35: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

35

apenas uma coleta de água em uma determinada data é possível fazermos algumas observações e

recomendações.

De acordo com os dados obtidos de Nitrato, Nitrito, Sólidos Totais e Escherichia coli (Tab.

5), estes se enquadram na Classe 1. Segundo a Resolução CONAMA Nº. 357/2005, esta condição

caracteriza a qualidade da água ao abastecimento doméstico, após tratamento simplificado, e à

proteção das comunidades aquáticas.

Os parâmetros de Oxigênio Dissolvido (OD) e Turbidez (Tab. 5) se enquadram na Classe 2,

na qual entre outras características são águas destinadas ao abastecimento doméstico, após

tratamento convencional.

A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) foi enquadrada em Classe 3. Entre outras

características, nesta classe as águas podem ser destinadas ao abastecimento doméstico, após

tratamento convencional e à dessedentação de animais.

De acordo com os valores de pH, considerados para avaliar as condições do Nitrogênio Total,

este se enquadra na Classe 3. Dentre outras características, destaca-se o fato de ser destinada a

recreação de contato secundário e à dessedentação de animais.

No que diz respeito aos Coliformes Totais, os resultados permitiram enquadrar a água em

Classe 4, caracterizada principalmente por usos menos exigentes. Assim, conclui-se que a partir desta

variável que não é possível fazer qualquer uso humano deste corpo hídrico.

Em relação ao enquadramento deste corpo hídrico a partir da PORTARIA SSMA Nº. 02/98, a

qual enquadra este trecho em Classe 2, este não se enquadra em relação aos parâmetros DBO,

Nitrogênio Total e Coliformes Totais.

A partir dos dados apresentados não recomendamos o uso deste corpo hídrico para nenhum

uso humano. A utilização deste recurso seria possível a partir de tratamentos simples empregado

comumente em estações de tratamento de água realizado por especialistas.

Destaca-se, porém, a importância deste recurso por se tratar de uma nascente, sua qualidade

para proteção da comunidade aquática local e dessedentação de espécies da fauna presentes no

Parque.

Outro fato de suma importância é o seu uso para atividades de Educação Ambiental, pois

além de questões ecológicas, apresenta grande relevância paisagística tornando-se um local propício

para o desenvolvimento de intervenções educativas (Fig. 11).

Page 36: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

36

Tabela 5. Relação das variáveis ambientais da água coletada na lagoa do Parque Municipal Dr.

Tancredo Neves.

Parâmetros Classe 2* Concentração

Temperatura ( oC) - 17,6 pH 6 a 9 5,8 Condutividade (µS/cm) - 230 Oxigênio dissolvido ≥ 5 5,3 Demanda bioquímica de oxigênio ≤ 5 6,02 Fósforo total (mg/L) 0,03 0,72 Nitrogênio amoniacal total (mg/L) 3,7 5,28 Nitrito (mg/L) 1 0,014 Nitrato (mg/L) 10 2,25 Sólidos dissolvidos totais (mg/L) 500 266 Turbidez (UNT) 100 42,8 Esclerichia coli (NMP/100mL)** 200 10 Coliformes termotolerantes (NMP/100mL)*** 1.000 24.196

*Classe 2 da Resolução do CONAMA 357/2005. **Esclerichia coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes *** não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis) amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral.

Figura 11. Vista geral da lagoa existente no Parque Municipal Dr. Tancredo Neves. Destaque na foto para o predomínio da espécie herbácea maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana) às margens do corpo d’água, uma espécie exótica invasora.

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37

4.7 Caracterização e Determinação da Capacidade de Carga Turística das Trilhas 4.7.1 Trilha do Lago

Caracteriza-se por ser circular, com extensão de 800 m, a qual leva a um lago formado a

partir de uma nascente. Esta trilha cobre grande parte do Parque e sua largura é variável, de acordo

com o trecho percorrido, variando de menos de 1m a pouco mais de 5m (Fig. 12).

É caracterizada por apresentar predomínio de vegetação secundária, onde se destaca o sub-

bosque e o estrato superior. Em relação ao sub-bosque destaca-se a presença de Psychotria leiocarpa

(cafeeiro-do-mato), Casearia sylvestris (chá-de-bugre), Cabralea canjerana (canjerana) e Piper

gaudichaudianum (pariparoba), além de indivíduos de grande porte nativos como Cordia americana

(guajuvira), Guapira opposita (maria-mole), C. canjerana, Ficus cestrifolia (figueira-de-folha-

miúda), Eugenia rostrifolia (batinga), Jacaranda micrantha (caroba), entre outras. Ainda, é possível

observar algumas espécies exóticas como Hovenia dulcis (uva-do-Japão). Algumas espécies de

epífitas são observadas como bromeliáceas apoiadas em Ficus cestrifolia (figueira) e lianas como

Pyrostegia venusta (cipó-são-joão).

De acordo com o cálculo de determinação da Capacidade de Carga das Trilhas, para esta é

permitida 65,7 visitas/dia (Tab. 6) e sugere-se em grupos de no máximo 15 indivíduos. O fator de

correção social e de fauna foram os itens que mais restringiram o número de visitas.

Figura 12. Vista parcial da trilha do lago, onde (a) trecho com erosão e (b) vista do lago.

Page 38: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

38

4.7.2 Trilha da Vovó

Esta trilha é uma variação da trilha do lago apresentando o mesmo percurso, sendo que no

ponto 580m inicia-se um trajeto de ida e volta até uma figueira-de-folha-miúda (F. cestrifolia)

centenária (Fig. 13).

Neste trajeto é possível observar a presença de indivíduos de Calyptranthes grandifolia

(guamirim), Piper gaudichaudianum (pariparoba), Sorocea bonplandii (cincho), Psychotria

leiocarpa (cafeeiro-do-mato), Myrsine umbellata (capororoca), Guarea macrophylla (pau–d’-arco),

Myrcianthes pungens (guabijú). A presença de lianas como Pyrostegia venusta (cipó-são-joão)

podem ser visualizadas, assim como no estrato herbáceo indivíduos de Pharus lappulaceus

(bambuzinho) e Doryopteris multipartita (samambaia-mão). No final do trajeto de ida, onde se

encontra a figueira centenária há ainda a presença de Guapira opposita, Piper gaudichaudianum,

Pavonia sepium (carrapicho), Solanum mauritianum (fumo-brabo), cf. Juglans regia (nogueira) e

Citrus limon (limoeiro).

Devido a esta variação, a CCT para esta trilha ficou em 60,21 visitas/dia (Tab. 6), sendo que

o fator de correção social e da fauna foram os fatores que mais influenciaram para este resultado.

Figura 13. Aspectos da trilha da vovó, onde (a) presença do tronco da figueira centenária e (b) vista parcial da trilha, numa área mais aberta.

Page 39: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

39

4.7.3 Trilha da Ginástica

É uma trilha com extensão de 315m, sendo a menor de todas (Fig. 14), de forma circular e

num único sentido. Apresenta um sub-bosque pouco desenvolvido, sendo caracterizada pela presença

de espécies plantadas como Ceiba sp. (paineira), Hovenia dulcis (uva-do-Japão), entre outras. Ainda

ao longo da trilha observamos a presença de Eugenia rostrifolia (batinga), Cedrela fissilis (cedro),

Hovenia dulcis, Campomanesia xanthocarpa (guabiroba), Cordia americana (guajuvira), Trema

micrantha (grandiúva), Nectandra megapotamica (canela-preta), Myrsine coriacea (capororoquinha)

e Cestrum strigilatum. No estrato herbáceo há ocorrência de Impatiens walleriana (maria-sem-

vergonha), Tradescantia zebrina (onda-do-mar) e Elephantopus mollis (erva-grossa).

Ao final da trilha ainda observa-se indivíduos jovens de Erythroxylum argentinum (cocão) e

de porte arbustivo, espécimes de Casearia sylvestris (chá-de-bugre), Cestrum strigilatum, Cordia

americana (guajuvira), Myrsine coriacea (capororoquinha), Allophylus edulis (chal-chal) e Grevillea

robusta (grevílea), além de epífitas como Peperonia pereskiaefolia (erva-de-vidro).

Para esta trilha foi calculada a capacidade de carga turística de 16,79 indivíduos/dia (Tab. 6)

devido as suas característica peculiares como: tamanho, fator de correção para alagamentos e fauna.

Assim, sugere um grupo de 15 pessoas para cada visita.

Figura 14. Vista geral da trilha da ginástica.

Page 40: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

40

Tabela 6. Cálculos para determinação da Capacidade de Carga Turística (CCT) de três trilhas existentes no Parque Municipal Dr. Tancredo Neves.

Capacidade de Carga Física Lago Vovó Ginástica

Tamanho da Trilha 800m 1022m 315m

Tempo necessário para percorrer a trilha 1h 1h30mim 45mim

Visitas / dia / visitante (NV) 9 6 12

CCF - cálculo (800/2)*9 (1022/2)*6 (315/2)*12

CCF 3600 visitas / dia 3066 visitas / dia 1890 visitas / dia

REALNG = 5,71 NG = 7,3 NG = 2,25P = 114,2 P = 146 P = 45ml = 685,8 ml = 876 ml = 270

0,142 0,142 0,142ad = 28 m ad = 28 ad = 0

md = 0 md = 0 md = 00,96 0,97 1

hc = 540 h hc = 540 h hc = 540 hht = 3.285 h ht = 3.285 h ht = 3.285 h

0,84 0,84 0,84ma = 180 m ma = 180 m ma = 200mt = 800 m mt = 1022 mt = 315

0,77 0,82 0,36Fcfau1 - pr = 2 Fcfau1 - pr = 2 Fcfau1 - pr = 2FCfau2 - pr = 1 FCfau2 - pr = 1 FCfau2 - pr = 1Fcfau3 - pr = 3 Fcfau3 - pr = 3 Fcfau3 - pr = 3

0,46 0,46 0,46hf = 2340 hf = 2340 hf = 2340ht = 936 ht = 936 ht = 936

1,5 1,5 1,5CCR 219,01 200,71 55,99

EFETIVA

CM 0,3 0,3 0,3

CCE = CCR x CM 65.7 visitas dia 60.21 visitas dia 16.79 visitas dia

CCR = CCF (FCsoc * FCdecliv * FCpre * FCalag * FCfau * FCitemp)

CCE = CCR * CM

FCsoc

FCdecliv

FCpre

FCalag

FCfau

FCitemp

Além das características descritivas, como a estrutura da vegetação, as trilhas apresentam

uma grande beleza cênica e elementos possíveis para se desenvolver a Educação Ambiental. Dentre

estas, destacam-se questões ecológicas como dossel desenvolvido, presença de epífitos, de aves e

árvores cujos troncos apresentam insetos; a presença de uma nascente, seu estado de poluição e suas

origens, relacionado ao seu uso e a presença humana em Unidades de Conservação; conflitos sócio-

ambientais, com as comunidades do entorno e usuários, entre outros.

Page 41: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

41

4.8 Diagnóstico Sócio-ambiental

O Parque Tancredo Neves é uma Unidade Conservação Municipal de Proteção Integral que

se insere na categoria de uso indireto. Tem como objetivo preservar os ecossistemas naturais de

relevância cientifica e desenvolver atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação

em contato com a natureza e de turismo ecológico (Sistema Nacional Unidades de Conservação,

2000).

Em 1995, em parceria com o Instituto Unibanco, foi instalado o Centro de Educação

Ambiental Francisco de Medeiros no Parque. No Centro são desenvolvidas atividades com o objetivo

de sensibilizar a comunidade e proporcionar conhecimento da relação entre os seres e seu meio.

O público que participa das atividades são alunos de escolas municipais, estaduais e

particulares, pessoas encaminhadas pelo Posto de Saúde de atendimento médico do SUS da

comunidade vizinha ou e de outros bairros de Cachoeirinha. As pessoas procuram o Parque para

realizar atividades porque esse espaço foi indicado por conhecidos ou através da leitura dos anúncios

dos jornais da cidade. As atividades são direcionadas para a comunidade em geral e não existe uma

proposta voltada especificamente para a comunidade do entorno.

No Parque são desenvolvidos projetos que levam em consideração os diferentes participantes

e suas necessidades, tais como: Ginástica no Parque que utiliza o ar livre para prática de atividades

físicas, integrando as pessoas ao ambiente natural (como exemplo, a ginástica para diabéticos e

hipertensos); Oficina Verde onde os alunos participam da produção de mudas de árvores nativas,

jogos e técnicas para despertar a responsabilidade de cuidar do ambiente através de atividades

práticas; Oficina de Xadrez como o objetivo de melhorar a concentração e o raciocínio dos

participantes; Curso de Jardinagem e Paisagismo em Harmonia com a Natureza, a arte de projetar

um jardim com espécies nativas; Curso de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares:

manipulação e a utilização das plantas; Oficina musical para a sensibilização musical (Teclado,

Técnica Vocal); Grupo de Danças Circulares Sagradas e Grupo de Meditação, Relaxamento e

Mandalas: técnicas de relaxamento e vivencias; Exposições realizadas em datas e eventos

comemorativos (semana do índio e etc.); Palestras adaptadas as diferentes faixas etárias abordando

questões relacionadas aos agrotóxicos, ervas medicinais, resíduos sólidos, água, mudanças

climáticas, desenvolvimento sustentável, vídeo "Agressão ao Homem" e Trilhas Ecológicas

realizadas no interior da mata.

De acordo com um cronograma organizado pela coordenação, as atividades podem ser

realizadas no Parque no turno da manhã (8h30min ás 11 horas) e/ou no turno da tarde (14h ás 17h).

Para que o Parque possa funcionar estão envolvidos 14 trabalhadores direta e indiretamente na

Page 42: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

42

organização e no desenvolvimento das atividades. Os profissionais desempenham as funções de

serviços gerais (3), de técnica agrícola (1), de coordenação (1), de administrativo (1), de educadora

ambiental (1), professores de música (2), de estagiário de educação física (1), de auxiliar de

enfermagem (1) e guardas noturnos (4).

Segundo a coordenadora, o Parque enfrenta problemas de ordem social (prostituição no seu

interior e arredores, falta de segurança) e econômica (manutenção, falta pessoal como educadores e

guardas florestais). A manutenção nem sempre é realizada, pois o orçamento da Secretaria de Meio

Ambiente é direcionado para o desenvolvimento de atividades no Centro de Educação Ambiental.

Sócio Econômico Demográfico

A cidade de Cachoeirinha possui uma população estimada 121.880 habitantes. As atividades

de produção estão voltadas para a indústria com mais de mil indústrias instaladas e um intenso

comércio com 3.800 estabelecimentos. O município tem uma área voltada para agricultura com uma

Estação Experimental do Instituto Riograndense do Arroz (IRGA) que desenvolve pesquisa com o

arroz (Plano Ambiental de Cachoeirinha, 2007).

Na década de 80, com a implantação de grandes loteamentos e conjuntos habitacionais

destinados à população de menor poder aquisitivo e com a implantação do Distrito Industrial pela

Companhia de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Rio Grande do Sul (CEDIC – extinta em

1995) mudou o perfil das pessoas que buscam fixar residência no município de Cachoeirinha. Esse

espaço urbano se constitui por pessoas oriundas de diferentes municípios do estado. As pessoas

entrevistadas, que moram no entorno do Parque, na sua maioria (77%), vieram de outros municípios

do Estado, 21% se deslocaram internamente no município de Cachoeirinha para o bairro do Parque e

somente 2% é proveniente de outro Estado.

Os usuários do Parque são originários das regiões sudoeste, leste, oeste, central e norte do

estado do Rio Grande do Sul, também vieram do estado de Santa Catarina e Goiás. O que chama

atenção para os usuários do Parque é que nem todos moram na cidade de Cachoeirinha. Das 63

pessoas que responderam o questionário, 44 são moradores do município de Cachoeirinha, 11

residem em Gravataí, 5 na cidade de Porto Alegre, 2 de Canoas e 1 de Alvorada.

As pessoas que moram no entorno do Parque trabalham nas áreas humanas, artes, saúde,

ciências agrárias e segurança. A renda familiar dessas pessoas varia de três salários chegando a mais

de 8 salários. As famílias que recebem mais de 3 salários representam 43% do percentual das

famílias, 14% recebem até cinco salários, 5% recebem mais de oito salários e 4% restante do

percentual das famílias estão desempregados.

Page 43: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

43

Composição Social da Casa, Faixa Etária, Educação e Saúde

O fato da existência de moradores ao redor do Parque que é uma Unidades de Conservação

Municipal de Proteção Integral que se insere na categoria de uso indireto, significa que é preciso

conhecer a realidade dos habitantes nos seus diferentes aspectos para o planejamento de atividades de

educação e interpretação ambiental envolvendo estes atores sociais na preservação e conservação do

Parque.

Os moradores (87%) do entorno do Parque têm na sua composição familiar duas a cinco

pessoas e 13% dos moradores têm cinco a dez pessoas na sua composição. As famílias são formadas

por 50% do sexo masculino, entendendo que existe uma variação de porcentagem no número de

homens, tal como: 45% das famílias têm dois homens, 30% três homens, 14% um homem, 11%

quatro homens. A composição das famílias quanto ao sexo feminino é de 50%, sendo que há uma

variação de porcentagem no número de mulheres, 35% das famílias têm duas mulheres, 23% uma

mulher, 20% três mulheres, 11% seis mulheres, 7% sete mulheres e 4% quatro mulheres.

As idades das pessoas que compõem as famílias foram organizadas por quatro faixas etárias:

primeira faixa etária, 19% das famílias têm filhos de até 9 anos; segunda faixa etária, 19% têm

filhos de 10 à 20 anos; terceira faixa etária, 60% das famílias têm de 21 à 59 anos e estão inseridos

pais e filhos, por isso é a maior porcentagem de todas as faixas etárias; e quarta faixa etária, apenas

2% possui mais de 60 anos, estando inseridas os avós que moram com os filhos.

Nas proximidades do Parque existe uma escola municipal, uma escola particular e uma

escola estadual. Podemos observar, Página: 43

a partir do número total de pessoas na composição das famílias que são 220 pessoas, e que existe

um investimento na educação, ou seja, 52% cursaram ou estão cursando o Ensino Fundamental,

29% cursaram ou estão cursando Ensino Médio, 32% estão na faixa etária de Educação Infantil,

porém não são todas as crianças que freqüentam um espaço educativo, provavelmente isso

aconteça pelo pequeno número de escolas infantis disponibilizadas para a população, 2% Ensino

Superior e 2% não freqüentaram a escola.

A Rede Municipal de Ensino de Cachoeirinha é composta por sete escolas de Educação

Infantil e 20 de Ensino Fundamental, sendo uma na modalidade de Educação Especial, onze de

Ensino Fundamental incompleto; 6 atendem a modalidade Educação de Jovens e Adultos – EJA e

nessa modalidade, desenvolve-se o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA) e

convênio com sete creches comunitárias. O índice de analfabetismo e o número de crianças em idade

escolar que estão fora da escola são considerados baixo. O número de analfabetos é de 1.754 (Plano

Ambiental de Cachoeirinha, 2007).

Page 44: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

44

No município de Cachoeirinha, segundo o levantamento informado pela Vigilância

Epidemiológica e Ambiental do Departamento de Vigilância em Saúde, há um coeficiente de

mortalidade por doenças respiratórias superior ao coeficiente da 1ª Regional de Saúde. A forte

degradação sócio-ambiental das regiões metropolitanas, os impactos ambientais das atividades

agrárias extensivas e intensivas que causam desmatamento e perda da biodiversidade têm uma inter-

relação entre saúde e meio ambiente. Como exemplo disso está à queimada, poluição do ar, a perda

da fertilidade do solo, a crescente erosão e contaminação dos solos e dos recursos hídricos.

O Município possui em torno de 25% de sua área geográfica ocupada com estabelecimentos

industriais. Um acidente na Distribuidora de Produtos Químicos MBN provocou uma seqüência de

danos ambientais e sujeitou a população que mora no entorno da distribuidora a riscos diversos. A

explosão ocorreu em 2006 e mais de mil toneladas de 60 produtos entre inflamáveis e corrosivos

contaminaram a água, o solo e o ar (Plano Ambiental de Cachoeirinha, 2007).

Outro dado preocupante é o alto índice de internações por doenças respiratórias. De acordo

com a enfermeira chefe do Posto de Saúde próximo ao Parque, os problemas de saúde mais comum

nessa região são: respiratórios, diarréia, hipertensão, diabéticos e doenças transmitidas por contágio

sexual como: protozoários Trichomonas, bactéria Gardnerella e vírus da AIDS (HIV).

Os moradores entrevistados apontam que na família e/ou na comunidade existem problemas

respiratórios, de pele, alergias e verminose. Quatorze pessoas não sabiam informar quais seriam os

maiores problemas de saúde que a comunidade enfrentava.

A escola particular, a escola estadual e a prestadora de serviços afirmam que não têm

conhecimento dos problemas de saúde da comunidade.

Habitação, Infra-Estrutura e Produção de Resíduo

Os moradores do entorno do Parque habitam em casas de alvenaria ou de madeira e a maioria

residem em casa própria, sendo que 51% possuem a escritura e 38% ainda não possuem a mesma. Do

restante, 7% das casas são alugadas e 4% não informaram sobre a situação da moradia.

No bairro existe a Estação de Tratamento de Esgoto Granja Esperança, sendo que o bairro é

parcialmente atendido por este sistema, ocorrendo lançamento de esgoto sanitário sem tratamento na

rede pluvial em área verde (Parque) com risco de contaminação do solo e dos recursos hídricos

superficiais e subterrâneos.

Nas casas do entorno do Parque 42% do esgoto é público, 31% possuem fossas no próprio

terreno, 11% apresentam encanamento até o riacho, 5% não tem fossa e 11% não souberam informar.

A água utilizada da rede pública é de 77%, porém 23% das famílias utilizam a água retirada

de poço artesiano.

Page 45: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

45

O município de Cachoeirinha realiza coleta seletiva através de empresa terceirizada. O

resíduo reciclável recolhido é levado para a unidade de triagem, pertencente à Associação dos

Classificadores de Resíduos Recicláveis (ACRER). Esta foi fundada em 22 de dezembro de 1999,

por pessoas interessadas na conscientização ecológica através da reciclagem de resíduos. A entidade

recebe recursos financeiros da METROPLAN. Em 2006, foi lançado o Projeto Piloto do Movimento

dos Catadores que busca o recolhimento de resíduos recicláveis nos domicílios. Dentre os mais

graves problemas existentes no Município estão as inúmeras disposições clandestinas de lixo em

terrenos baldios e nos cursos d’água (Plano Ambiental de Cachoeirinha, 2007).

No Parque foi organizado um posto de entrega voluntária de resíduo. No entanto, a proposta

não está funcionando porque não foi mobilizado um número considerável de pessoas para entregar o

resíduo. Somente alguns funcionários e freqüentadores trazem o resíduo reciclável. O resíduo

orgânico é colocado diretamente nos canteiros ou na compostagem. O caminhão que transporta o

resíduo reciclável tem faltado constantemente em sua tarefa, ocasionando problemas ao Parque.

Quando os moradores foram indagados se realizavam a separação do lixo, 53% responderam

que faziam separação do lixo de forma indireta e justificaram que o fazem porque os Carroceiros e

Papeleiros fazem a coleta ou porque entregam o resíduo reciclável para a escola. Ficou evidenciado

que a separação do resíduo ocorre porque a coleta é realizada. Quanto à separação do resíduo é

importante salientar que a separação é vinculada de acordo com o tipo de coleta. Caso seja para o

Papeleiro, se restringem a separar o papel, se for para o carroceiro separam garrafas de plástico,

papel e vidro. Somente uma pessoa explicou que faz a separação porque não quer contribuir para o

aumento da poluição. Essa mesma pessoa destina o resíduo orgânico para a horta.

São 45% que não separam o resíduo e explicam os motivos da seguinte forma: por falta de

cuidado, falta de tempo, porque não existe reciclagem, porque não tem coleta seletiva e porque a

Prefeitura recolhe. Ainda, 2% afirmam que às vezes separam o resíduo.

Há um grande número de pessoas que acreditam que é importante fazer a separação dos

resíduos sólidos e assim estão contribuindo com o ambiente. Porém, é preciso resolver os problemas

do não recolhimento do resíduo. É necessário realizar um trabalho educativo para que as pessoas

possam entender o processo e a maneira de mobilizar os moradores para exigir do poder público

soluções com relação à eficiência dos serviços de coleta e sua ampliação.

O destino do lixo por 89% da comunidade do entorno é a coleta normal, 9,0% vai para a

coleta normal e seletiva e apenas 2,0% destinam para a compostagem o resíduo orgânico.

A Prefeitura faz a coleta três vezes por semana segundo 70% dos moradores, 21%

informaram que a coleta é duas vezes por semana, 2% uma vez por semana, 2% informaram que é

realizada diariamente e 5% não informaram.

Page 46: Relatorio UFRGS Parque Tancredo Neves 28-04-2008

46

O Posto de Saúde não recicla o resíduo seco comum. O lixo comum é coletado pela

Prefeitura três vezes por semana. E o lixo perfuro-cortante é coletado de 15 em 15 dias por uma

empresa terceirizada.

As escolas fazem à separação do resíduo seco e duas delas entregam para os carroceiros e

catadores e uma para uma cooperativa. O resíduo comum é coletado pela Prefeitura três vezes por

semana.

Os usuários, quando produzem o lixo no Parque, levam para casa ou usam a lixeira, mas se

for resíduo como cascas de frutas são colocadas nas plantas. Neste caso, é importante informa aos

usuários que o resíduo de matéria orgânica deve ser colocado em uma composteira que passa por um

processo de degradação até estar pronto para colocar nas plantas.

As escolas fazem à separação do resíduo seco e duas delas entregam para os carroceiros e

catadores e uma para uma cooperativa. O resíduo comum é coletado pela Prefeitura três vezes por

semana.

Para os diferentes tipos de resíduos é preciso adotar procedimentos de coleta,

acondicionamento, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. Por isso, as gestões

públicas das cidades necessitam de planejamento ambiental para evitar as repercussões sobre o meio

ambiente (solo, água, ar e paisagem) e sobre a saúde humana. O desenvolvimento do planejamento

ambiental contribui para diminuir os danos ao ambiente e deve proporcionar o engajamento da

comunidade nas questões ambientais.

Percepção Ambiental

No Parque, onde existe um Centro de Educação Ambiental, é fundamental que se conheça a

percepção dos moradores do entorno, dos usuários e da comunidade. A partir das questões indicadas

pelo público é possível organizar o trabalho educativo de acordo com as necessidades de

conhecimentos, de esclarecimentos de dúvidas e de novos conhecimentos, assim como desmistificar

saberes que foram transmitidos de geração em geração, mas que estão equivocados. A percepção é

importante para a compreensão das inter-relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas,

comportamento e julgamento. Isso contribuirá de forma significativa no trabalho educativo do Centro

de Educação Ambiental.

Os moradores do entorno (86%) afirmam que conhecem o Parque, porém 14% dizem que não

conhecem o mesmo. Ao serem indagadas se já visitaram o Parque, 79% responderam que sim e

dentre elas, 46% já estiveram lá mais de três vezes, 38% no mínimo três vezes e 21% nunca

estiveram no Parque.

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47

Ao realizarmos a pergunta se já estiveram no Parque, observamos uma diferença no

percentual de pessoas que nunca estiveram lá e dizem conhecer o parque, o que inferimos que elas

tenham entendido que conhecer significa saber da sua existência.

Os motivos que levam as pessoas a visitar o Parque são: 98% para passeio e recreação e

somente 2% educativo. Os usuários explicam os motivos que os levam ao Parque são para conhecer,

visitar, pesquisar, turismo, por ser educativo e para participar de alguma atividade como: ginástica,

trilha, exposição, curso, música, seminários, dança circular, mandalas, meditação, clube do bosque,

curso jardinagem, pinturas em tela, passeios e ecologia e liderança.

A maioria das pessoas entrevistadas (58%) não avistou animais no Parque e 42% já avistaram

animais, tais como: cachorros, pássaros, lagartos, cobras, gato do mato, azulão, esquilos, gambás,

aves, papagaios, tartarugas, serpentes, ouriços, cavalos, ratão, saracura, preá, capivaras, caturrita

verde e carcará.

Para os usuários em suas atividades, 78% já avistaram aves, animais e insetos (pássaros,

cachorro, gambá, raposa, cavalo, lagarto, cobra, gaviões, tartaruga, coruja, ratão, morcego, aranhas,

mosquitos e borboletas). E 22% não avistaram nenhum tipo de animal. O que chama atenção que as

pessoas indicam o cachorro como um animal no Parque, no entanto, animais domésticos não são

permitidos em Unidade de Proteção Integral.

Mais do que a metade (72%) das pessoas desconhecem as plantas que existem no Parque e

28% conhecem algumas plantas, tais como: peroba, canela, ipê-amarelo e roxo, guabiroba, pitanga,

cereja, chá, canela-do-mato, canela-doce, coquinho, cedro, angico, orquídea, bromélias, nozes,

quaresmeiras, rasteiras, cedro, guabijú, guabiroba, bromélia, guabiroba, cereja, angico, cambará,

figueira, jaca, batinga, pitanga e pingo-d’água.

Os usuários afirmam que não retiram nenhuma espécie de planta do Parque e somente 11%

deles levam mudas do viveiro, as quais são doadas pelo Parque.

Para os moradores do entorno e usuários o Parque representa um espaço onde buscam

vivenciar as lembranças da infância, as sensações e sentimento de bem estar, um lugar fresco no

verão para ficar, pela beleza das flores, um lugar para as crianças brincarem, um espaço de lazer e

encontro com a natureza e pessoas diferentes.

Falas que exemplificam os sentimentos e lembranças da infância: “Fui criada no interior e

gosto do mato”, “o cheiro da mata de manhã cedo”, “um lugar bonito que transmite tranqüilidade e

calma” (Entrevista, outubro de 2007). No entanto, também representa um espaço de violência, de

perigo de insegurança pela presença de prostituição e de tráfico de drogas.

Os moradores e os usuários identificam que o poder público está relacionado à administração

do Parque, em relação à falta de cuidado, ao lixo, à existência de animais mortos, mau cheiro, má

conservação e preservação, um lugar bagunçado e à falta de funcionários.

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48

Apontam que os moradores do entorno deveriam ser incentivados a participar mais de

atividades no Parque, e por fim, de que ao redor do mesmo deveria ter um caminho onde as pessoas

pudessem realizar caminhadas.

Quanto à importância da preservação deste espaço, 70% dos moradores consideram que é

muito importante, 24% importante e 6% não consideram importante. Justificam que o Parque deve

ser preservado para as futuras gerações afirmando que “se não cuidar dos bichos as crianças não

irão conhecê-los, que os seres humanos não podem sobreviver sem o meio ambiente e que é o único

espaço na região para levar as crianças”.

Na questão sobre como a comunidade se relaciona com o Parque, 67% dos moradores aponta

que ajuda na preservação e 33% considera que a comunidade prejudica-o quando jogam lixo,

derrubam árvores, não contribuem para melhorar as áreas devastadas, quando ocorrem roubos, com a

presença de prostituição e que o descaso da Prefeitura também é uma forma de prejudicá-lo.

As pessoas que utilizam o Parque apontam que o ambiente do mesmo é prejudicado quando

os carros passam pela frente emitindo gases e poluição sonora.

Para a coordenadora do Parque, a comunidade ainda o vê como uma área de lazer que foi

abandonada pelo município. Afirma que estão trabalhando para modificar essa imagem. As pessoas

que participam das atividades acabam compreendendo a importância de uma área de preservação.

Problemas Ambientais

A comunidade de Cachoeirinha aponta os seguintes problemas ambientais: fumaça, fogo

em lixo, poluição dos rios e arroios com lixo e esgoto, ocupação e construção irregulares nas

margens dos arroios, urbanização nas margens e APP, desvio do rio Gravataí para a irrigação,

assoreamento do rio, instalação de indústrias na planície de inundação, risco de especulação

imobiliária, ocupação desordenada, falta de aproveitamento social e coletivo, falta de

conhecimento da mata nativa, falta de reciclagem, falta de recicladores, podas indiscriminadas,

falta de local para descarte, despejos irregulares de materiais de construção. Dentre os mais

graves problemas existentes no Município, estão as inúmeras disposições clandestinas de lixo,

tanto em terrenos baldios como nos cursos d’água. Este problema está relacionado com a baixa

eficiência dos serviços de coleta e com fatores culturais e econômicos (Plano Ambiental, 2006).

No Parque Tancredo Neves os problemas ambientais estão relacionados com o abandono, a

falta de manutenção, fiscalização, regulamentação do uso. Foi observado ao longo do levantamento

ambiental, realizado em 2007 pela equipe da UFRGS/Ecologia que, em toda a extensão do Parque

tem a presença de resíduos domésticos (Fig. 15) e, ao longo das trilhas, restos de oferendas aos

orixás, árvores queimadas e descarte de roubo (agenda, carteira de identidade, carteira de estudante,

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49

bolsa) e indícios da prostituição dentro do parque – como camisinhas, papel higiênico, etc. A

depreciação do meio-ambiente faz com que atividades depreciativas também sejam estimuladas e

com isto tanto administração pública ou privada, usuários e moradores do entorno são responsáveis

por tais práticas.

Figura 15. Resíduos no Parque e na parte interna do tronco da árvore.

Os problemas da região indicados pelos moradores são: a violência (33%), o lixo (33%) e

falta de infra-estrutura (12%), rua alagada, calçamento, assistência médica, venda de drogas,

prostituição, poluição da água (8%) e fogo (8%).

Os representantes do Posto e de duas escolas do entorno consideram que os problemas são a

falta de assistência médica, de infra-estrutura, alagamento, iluminação, poluição da água, violência,

fogo, lixo, esgoto, prostituição e falta de segurança.

Conhecimento das Questões Ambientais

Ao serem indagadas se conheciam alguma campanha relacionada às questões ambientais 34%

dos moradores do entorno responderam que existiam (Projeto Semear, Mudas no Horto, Semear

mudas no Parque, recolhimento de lixo no Parque e plantio, Educação Ambiental, distribuição de

mudas, feira agroecológica), 48% informaram que não existem campanhas e 18% não sabia informar.

As escolas realizam projetos e campanhas com seus alunos, tais como: plantio de árvores,

projeto horta, projetos meio ambiente, agroecologia, água, alimentação saudável e trilha na mata e a

escola municipal realiza feira agroecológica todas as 4ª feira. A escola particular, apesar de estar

localizada ao lado do Parque, não faz nenhuma atividade no mesmo e seu projeto sobre o lixo é

desvinculado do mesmo. As escolas da rede pública realizam visitas educativas no Parque.

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Dos entrevistados, 60% indicam como um lugar bonito na região as praças e parques (da

Brigada, Citypark, da Matriz, próximo ao Hospital de Cachoeirinha e espaços do próprio Parque

Tancredo). Menos da metade (40%) não apontam nenhum lugar bonito na região.

Os moradores (70%) já ouviram falar sobre Unidade de Conservação e 30% ainda não

ouviram falar. Nas entrevistas e questionários realizados, o Parque Tancredo Neves, não foi citado

em nenhum momento como uma Unidade de Conservação.

Nas entrevistas realizadas com as escolas e a prestadora de serviço todos ouviram falar sobre

Unidade de Conservação. A imprensa foi indicada como um meio de informação sobre preservação e

conservação, assim como o local de trabalho, neste caso, a prestadora de serviço. O Parque Estadual

de Itapuã foi citado, na entrevista com o Posto de Saúde, como exemplo de Unidade de Conservação.

Desejo de Transformação da Realidade

As pessoas consultadas indicam algumas sugestões para modificar a realidade atual do

Parque e da região, com um desejo profundo que suas contribuições sejam valoradas a ponto de

serem observadas pela administração da Prefeitura. As sugestões foram organizadas em dois tópicos

que são: Conflitos Ambientais e Laços com a Comunidade.

Estabelecer Laços com a Comunidade através de reuniões com escolas e comunidade para

auxiliar nos cuidados com o Parque. A própria comunidade aponta para a necessidade de uma maior

proximidade entre o Parque e a população para que haja um engajamento da mesma no processo de

transformação da realidade atual de destruição e falta de cuidado com o ambiente do Parque. O

envolvimento da população nos projetos em áreas protegidas é fundamental, pois se tornam aliados

na proteção desse espaço. Para Diegues (2000), o envolvimento das comunidades do entorno de áreas

naturais podem contribuir de forma significativa para que essas áreas estejam melhor protegidas. De

acordo com Quintas (2005) no processo de transformação do meio ambiente são criadas e recriadas

diferentes maneiras de relação da sociedade com o meio natural.

Os Conflitos Ambientais apontados estão relacionados à gestão do poder público na

organização e manutenção do Parque. Foram indicadas soluções para as questões administrativas, e

de infra-estrutura. Para as questões administrativas apontam que seja solicitado apoio da brigada,

contratar mais pessoal, maior organização e planejamento do Parque, denunciar para não deixar

acumular o lixo, fazer campanhas, não permitir oferendas, não ter a presença de cachorros, que

houvesse maior divulgação das atividades, que o trabalho fosse mais dinâmico, mais trilhas a serem

feitas e trilha orientada, atividades nos finais de semana, realização de plantio de plantas, não tirar

terra, não permitir que joguem lixo, o prefeito deve pagar para limpar o Parque, mais segurança,

vigilância 24h, a existência de uma portaria no Parque, a polícia deve ser chamada quando alguém vê

irregularidades, a população deveria pressionar os governantes para as modificações necessárias.

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Quanto ás questões de infra-estrutura: a colocação de tela, fechar e cuidar para as pessoas não pular

e jogar lixo, a entrada deve ser sinalizada, embelezamento do espaço, melhoria na pracinha, mais

bancos, reforma das dependências, o espaço do prédio deve ser ampliado para as atividades, mais

cursos direcionados para a Educação Infantil, mais banheiros com filtro anaeróbio e cisternas para

captação de água para usar nos banheiros, infra-estrutura para receber turmas de crianças nos finais

de semana, melhoria nos banheiros, uma pista de caminhada em volta do Parque.

O diagnóstico sócio-ambiental é uma contribuição importante para o planejamento do

trabalho do Centro de Educação Ambiental, pois no Parque deveria ser organizada uma proposta de

Educação Ambiental, que considerasse as questões indicadas pelos moradores do entorno, usuários,

entidades educativas, de saúde e comercial. Nesse levantamento estão apontadas informações nos

diferentes aspectos culturais, sócio-econômico, percepção, as concepções, as necessidades dos

grupos do entorno e elementos significativos que podem se transformar em problematizações no

desenvolvimento do trabalho educativo (Brugger,1994).

Os projetos de Educação Ambiental devem ser planejados, a partir da realidade de cada

grupo, o que significa que, anterior ao desenvolvimento de atividades é preciso conhecer as

concepções de meio ambiente das pessoas envolvidas (Reigota, 1991). O conhecimento das

concepções dos saberes das pessoas envolvidas no projeto de Educação Ambiental permite pensar

nos processos educativos a serem desencadeados de uma forma crítica para as mudanças na relação

da comunidade com o Parque e um comprometimento com ações para a vida não somente no meio

em que se vive, mas com relação à vida do planeta.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A manutenção e/ou preservação de áreas verdes urbanas é uma das principais particularidades

dos ecossistemas urbanos, sendo que a redução da sua diversidade biológica se deve principalmente

pela eliminação gradativa da cobertura vegetal e biota associada.

A vegetação pode assumir diversas funções e em diferentes níveis de atuação no meio

urbano. Sabe-se da influência no microclima, por exercer ação moderadora sobre a temperatura

produzindo conforto térmico nas vias de transporte; melhorar as condições do solo retendo as chuvas

e controlando a erosão; reduzir a poluição atmosférica; efetuar trocas gasosas, além de qualificar

ambiental e paisagisticamente o entorno, embelezando e valorizando a região (Menegat 1998).

Em específico para a área e entorno do Parque Municipal Dr. Tancredo Neves, podemos

considerar que a presença da vegetação florestal do parque, com sua diversidade de espécies,

propicia alimento, abrigo e local para reprodução de animais, principalmente da avifauna,

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promovendo uma opção de contato entre outras populações da fauna e flora local ou oriunda de

outras áreas próxima ao parque, o que estimula o fluxo gênico entre as espécies. Outro fator

importante da presença de espaços verdes em área urbana, como na cidade de Cachoeirinha é o

conforto térmico ambiental que direta e indiretamente contribui para o equilíbrio psicossocial do

homem, proporcionando lazer, repouso e aproximando-o do meio natural.

Apesar de o Parque pertencer a uma Unidade de Conservação, este continua a sofrer

intervenções antrópicas, provocando danos às populações vegetais e animais como um todo,

principalmente nas zonas do entorno. Evitar que efeitos de perturbações antrópicas atinjam a área do

parque é de suma importância para a manutenção da integridade estrutural e diversidade das

comunidades naturais locais, evitando assim o avanço e dominância das espécies exóticas e

oportunistas, tanto da flora como da fauna. Quando tais espécies dominam áreas verdes urbanas,

normalmente há desequilíbrio ambiental associado com epidemias e surtos que acabam atingindo a

população humana. A partir do trabalho realizado na área do Parque e seu entorno tecemos as

seguintes considerações:

Através da avaliação da composição florística do Parque foram identificadas 128 espécies

entre árvores, arbustos, epífitas e herbáceas e 28 táxons de liquens. A família com maior riqueza de

espécies foi Myrtaceae, a família da popular pitanga (Eugenia uniflora), sendo que as duas espécies

mais representativas foram Eugenia rostrifolia (batinga) e Myrcianthes pungens (guabijú), entre

outras. Trabalhos de florística que vêm sendo realizados no Brasil têm citado esta família pelo

número relevante de espécies encontradas em diversos tipos de ambientes florestais. A mesma possui

grande importância ecológica nas diferentes formações florestais (Battilani et al. 2005), pela

dominância nas comunidades arbóreas, especialmente da Floresta Atlântica (Scherer et al. 2005) e

algumas espécies terem valor ecológico e até econômico pelo grande número de frutos comestíveis

(Gressler et al. 2006). Além das mirtáceas, destacamos a presença de espécies com caráter decidual,

ou seja, que perdem suas folhas durante o inverno, entre elas Luehea divaricata (açoita-cavalo),

Machaerium stipitatum (canela-de-veado ou farinha-seca), Enterolobium contortisiliquum

(timbaúva) e Jacaranda micrantha (caroba), que vêm caracterizar as formações de Floresta

Estacional. Outros aspectos a salientar da área do Parque, são as espécies que se destacaram pela

dominância devido ao porte de seus indivíduos, entre as quais tivemos Cabralea canjerana

(canjerana), Cordia americana (guajuvira) e Ficus cestrifolia (figueira), e as espécies que tiveram

elevada densidade, onde destacamos Casearia sylvestris (chá-de-bugre) e Allophylus edulis (olho-de-

pombo ou chal-chal), que corroboram com o caráter secundário do remanescente estudado, pois são

espécies secundárias iniciais.

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No estrato arbustivo, a maior riqueza de espécies foi da família Lauraceae (canelas) que

inclui espécies valiosas, tanto pela qualidade de madeira, como pela produção de frutos, óleos e

especiarias (Marchiori 1997). A maior riqueza de lauráceas, uma família tipicamente arbórea, no

estrato arbustivo, indica o potencial de regeneração deste remanescente florestal, ou seja, as espécies

de laurácea presentes no local correspondem a indivíduos jovens de árvores que futuramente estarão

compondo o dossel da floresta. Myrtaceae também se destacou neste estrato representado também o

componente regenerante arbóreo da floresta. Além destas, a família Rubiaceae (terceira em maior

número de espécies neste estrato) compreende especificamente espécies arbustivas ou arvoretas, ou

seja, espécies que caracterizam florística e fisionomicamente este estrato. Dentre seus representantes,

destacamos a espécie Psychotria leiocarpa (cafeeiro-do-mato) que obteve o maior índice de valor de

importância no estrato arbustivo. Esta espécie, juntamente com Faramea montevidensis (Rubiaceae)

e Gymnanthes concolor e outras espécies do gênero Psychotria são comumente encontradas como

típicas dominantes do estrato inferior das florestas desta região do sul do Brasil.

Do levantamento florístico, ressaltamos que quatro das espécies encontradas no Parque são

citadas na Lista Oficial da Flora Ameaçada de Extinção do RS: Tillandsia gemniflora; T. usneoides,

Picrasma crenata e Solanum arenarium. Além destas, detectamos a ocorrência de Ficus cestrifolia

(figueira-de-folha-miúda) e Ficus adhatodifolia Shott (figueira), que são espécies protegidas pela

legislação estadual, ou seja, imunes ao corte.

Na avaliação da avifauna detectamos uma seletividade de espécies de aves, provavelmente

em função dos diferentes estratos vegetais que são bem diferenciados na área do Parque. Estes

estratos: herbáceos, médios e superiores tornaram-se diferenciados em várias trilhas abandonadas e

que são recolonizadas especialmente por espécies invasoras. A fim de avaliar melhor a avifauna seria

de suma importância estudos mais abrangentes, em diferentes estações do ano. Quanto a artropofauna

recomendamos ampliar o esforço amostral identificando até níveis taxonômicos mais específicos e

contemplando variações sazonais, pois os artrópodos vêm sendo utilizados em estudos de

bioindicação em ambientes terrestres e podem, portanto, ser utilizados como uma ferramenta

importante na indicação de níveis de perturbações ou de mudanças em um sistema florestal.

Quando investigamos a qualidade da água da nascente verificamos que a mesma se encontra

alterada, não sendo possível sua utilização para consumo humano, restringindo-se apenas para

dessedentação de espécies da fauna presentes no Parque. No entanto, o próprio corpo hídrico e a sua

área característica de entorno poderiam ser utilizados como instrumentos didáticos em atividades de

Educação Ambiental dentro do Parque. A limpeza diária – retirada de lixo sólido - e os cuidados de

manutenção com este manancial deve ser encarado como prioridade para a administração do Parque,

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54

antes de qualquer atividade. O cercamento da área e a utilização de placas de advertência e cuidados

devem ser utilizadas. Fatos e eventos danosos ao parque devem ser denunciados e expostos a opinião

pública – como forma interpretativa do descaso com a UC. Parece que “ocultar” os acontecimentos

no Parque é uma prática comum, com intuito de não desvalorizá-lo.

Na avaliação da capacidade de carga foram eleitas três trilhas que vêm sendo mais utilizadas:

trilha do lago, da vovó e da ginástica. Em todas levamos em consideração a Capacidade de Carga das

Trilhas que variou de 65,7 a 16,79 visitas/dia, que é uma estimativa do número máximo de visitas

que uma área protegida é capaz de receber a partir de suas condições físicas e biológicas. O que mais

contribuiu para avaliação foram os fatores de correção social (melhor qualidade na visitação de cada

trilha) e de fauna (presença de espécies vulneráveis).

Recomendamos que a partir deste estudo sejam utilizadas apenas estas três trilhas para

visitação, deixando as demais, que eventualmente são usadas, para que a vegetação possa se

reconstituir naturalmente. Outro fator importante seria de realizar a manutenção das referidas trilhas,

como por exemplo, a retirada de galhos, troncos caídos, podas orientadas da vegetação que

sobressaem na trilha, além do recolhimento periódico do lixo seco encontrado ao longo de todo o

percurso e no entorno.

Quanto às análises das entrevistas e dos questionários, estas mostram que são necessárias

medidas mitigatórias para a gestão administrativa e ambiental do Parque, trazendo benefícios para a

região com um todo. Medidas fundamentais, tais como:

• Plano de infra-estrutura

• Estratégias de inclusão da população do entorno

• Propostas direcionadas às instituições educativas e de saúde do entorno para que

tenham uma participação efetiva no Parque

6. SUGESTÕES

Diante das considerações anteriormente apresentadas e pela importância da manutenção de

remanescentes de vegetação em áreas urbanas, apresentamos a seguir algumas sugestões que visam

contribuir e embasar um planejamento para a área do Parque, assim como apontar possíveis

melhorias das condições existentes, possibilitando uma aproximação da população como um todo,

sendo estas:

Implantação das três trilhas (do lago, da vovó e da ginástica) como prioritárias para visitação

possibilitando o acompanhamento e reavaliação das capacidades de cargas das mesmas;

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Manutenção das trilhas (do lago, da vovó e da ginástica) quanto à vegetação através da poda

orientada dos galhos e ramos que se sobressaem no trajeto; retirada de galhos e/ou troncos caídos que

possam impedir o transcurso seguro dos visitantes, assim como a implantação de piso permeável ao

longo das trilhas com destaque aos locais que apresentam problemas de alagamento, erosão ou

declividade acentuada;

Não utilizar as outras trilhas existentes no Parque, possibilitando a regeneração da vegetação;

Implantar sinalizações ao longo das trilhas, que poderiam contemplar informações relevantes das

espécies vegetais de grande porte e/ou protegidas pela legislação;

Retirada periódica do lixo seco, principalmente das trilhas e junto ao lago. Esta atividade poderia

ser realizada em conjunto com escolas e/ou comunidade visitante através de campanhas orientadas de

educação ambiental;

Colocação de lixeiras visíveis em pontos estratégicos na área do Parque;

Os resíduos orgânicos poderiam ser destinados para uma grande composteira a ser construída no

próprio Parque, sendo o produto final utilizado em canteiros de ajardinamento na entrada do Parque

e/ou como substrato para produção de mudas nativas;

Cercamento do Parque com estruturas que permitem o acesso e livre trânsito de indivíduos da

fauna de pequeno porte (por exemplo, muro vazado);

Ampliar os estudos sobre a fauna para outros grupos não contemplados neste estudo, como os

pequenos mamíferos e, no caso da artropofauna e da avifauna, obter dados de amplitude sazonal e

uma maior especificidade, principalmente, para a artropofauna;

Recuperação e melhoria da qualidade da água da nascente e do lago;

Utilização da área junto ao lago para atividades de Educação Ambiental devido sua importância

na área do Parque;

Elaboração de folhetos informativos e ilustrativos para distribuição aos visitantes, ressaltando a

importância da preservação do Parque a ser distribuído aos visitantes;

Abranger atividades e/ou orientações sobre o Parque junto à comunidade do entorno e nas escolas;

Elaboração de guias ilustrativos com representantes da fauna e flora do Parque;

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56

Implantar um sistema mais efetivo e abrangente de fiscalização na área do Parque;

Construir um Plano de Educação Ambiental considerando as questões apontadas no diagnóstico

sócio-ambiental.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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