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1 RELATÓRIO TÉCNICO PARCIAL IMPACTO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA, PARTICULARMENTE ANTA BRASILEIRA, EM RODOVIAS ESTADUAIS E FEDERAIS DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL, BRASIL INICIATIVA NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA ANTA BRASILEIRA (INCAB) INSTITUTO DE PESQUISAS ECOLÓGICAS (IPÊ) Medici, E.P.; Abra, F.D.; Fernandes-Santos, R.C.; Testa-José, C. Julho 2016

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RELATÓRIO TÉCNICO PARCIAL

IMPACTO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA,

PARTICULARMENTE ANTA BRASILEIRA, EM RODOVIAS

ESTADUAIS E FEDERAIS DO ESTADO DO MATO

GROSSO DO SUL, BRASIL

INICIATIVA NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA ANTA BRASILEIRA (INCAB)

INSTITUTO DE PESQUISAS ECOLÓGICAS (IPÊ)

Medici, E.P.; Abra, F.D.; Fernandes-Santos, R.C.; Testa-José, C.

Julho 2016

2

INDICE

1 Introdução 03

1.1 Impacto de Estradas e Rodovias sobre o Meio Ambiente Natural 03

1.2 Colisões com Fauna e a Segurança dos Usuários 04

1.3 Sobre a Anta Brasileira (Tapirus terrestris) 06

1.4 Sobre a Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira

(INCAB), Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ)

09

2 Área de Estudo 12

3 Atropelamentos Documentados na Área de Estudo 13

3.1 Monitoramento Sistemático para Mamíferos de Médio e Grande

Porte

13

3.2 Monitoramento de Atropelamentos de Anta Brasileira 18

3.3 Estudos de Saúde e Genética da Anta Brasileira 41

3.4 Acidentes Rodoviários Documentados Envolvendo Anta Brasileira 44

4 Base Jurídica de Proteção à Fauna Silvestre Brasileira 49

5 Medidas de Mitigação 50

6 Considerações Finais 51

7 Referências Bibliográficas 51

3

1- Introdução

1.1. Impacto de Estradas e Rodovias sobre o Meio Ambiente Natural

O desenvolvimento urbano e a construção de ferrovias, rodovias e estradas - chamados

empreendimentos lineares - estão entre as alterações ambientais que causaram os maiores

impactos nas paisagens naturais no século XX em todo o mundo, incluindo grandes mudanças

nas populações animais (LODÉ, 2000; BERGALLO et al., 2001; BOND & JONES, 2008). De

maneira geral, os projetos viários (e.g. rodovias, ferrovias, linhões e adutoras) são

considerados obras que representam benefício social e econômico para a região e melhoram

a qualidade de vida de seus habitantes, constituindo assim um elemento importante do

processo de desenvolvimento (CAIN et al., 2003; ARROYAVE & GÓMEZ, 2006).

Há algumas décadas atrás, não se fazia qualquer menção a impacto ambiental negativo dessas

construções e tampouco durante sua operação (PRADA, 2004). No entanto, a construção de

novas rodovias, particularmente intensa no último século nos países desenvolvidos e em

desenvolvimento, permitiu a expansão da rede viária até as mais remotas áreas naturais

remanescentes, resultando muitas vezes na disjunção das relações ecológicas nos

ecossistemas por elas cortados (TROCME, 2003).

A maior conscientização sobre os danos das ações humanas ao meio ambiente e a busca de

formas mais racionais de uso dos recursos fortaleceu-se a partir dos anos de 1970-80 nos

países desenvolvidos e seguiu-se no restante do mundo em desenvolvimento. As exigências

de estudos sobre os impactos causados por grandes obras, dentre elas, as rodovias, abriu um

novo campo de estudo, a Ecologia de Estradas. Essa nova área de conhecimento firmou-se

como uma disciplina a partir de 2003, quando foi publicado o livro “Road Ecology: Science and

Solutions” de Richard Forman (BECKMANN et al., 2010) com o propósito de explorar a ampla

relação entre o ambiente natural e o sistema rodoviário.

Vários impactos negativos causados por estradas e rodovias afetam direta ou indiretamente

a integridade biótica, causando danos significativos, como por exemplo: facilitação da

dispersão de espécies exóticas por meio dos corredores lineares, alterações de ciclos

hidrológicos devido a interrupções na drenagem, mudanças microclimáticas devido à

pavimentação – a qual tende a aumentar as temperaturas locais e diminuir a umidade do ar,

poluição atmosférica devida à produção de gases tóxicos e material particulado, produção de

4

ruído, contaminação das águas e do solo, perda e degradação de habitats, fragmentação de

ambientes naturais (FORMAN & ALEXANDER, 1998; TROMBULAK & FRISSELL, 2000; FORMAN

et al., 2003; IUELL et al., 2003; ARROYAVE & GÓMEZ, 2006; GOOSEM, 2007). Para a fauna

silvestre, dois impactos principais estão associados, a perda de indivíduos por atropelamentos

e o efeito barreira (BECKMANN et al., 2010).

Apesar da problemática de acidentes rodoviários com animais silvestres ser antiga (DEVOS,

1949; DICKERSON, 1939; JAHN, 1959; STONER, 1925; WASHBURN, 1927), ela tem aumentado

consideravelmente durante o século 20 por conta do aumento de número de veículos, de

rodovias e das velocidades permitidas (CLEVENGER & KOCIOLEK, 2006).

Estima-se que um milhão de vertebrados são mortos diariamente por atropelamento nas

rodovias dos Estados Unidos (FORMAN & ALEXANDER, 1998; BECKMANN et al., 2010). No

Brasil, existem algumas estimativas do número de atropelamentos de vertebrados terrestres

para a malha rodoviária: DORNAS et al. (2012) estimam que a partir da taxa de atropelamento

de 8,65 animais/km (±26,37) de 47 trabalhos analisados, multiplicado pelos 1,7 milhões de

quilômetros, dos quais 6% a 10% são pavimentados, a representação numérica dos

atropelamentos chegaria em 14,7 (± 44,8) milhões de atropelamentos/ano nas rodovias do

território brasileiro.

O Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas (CBEE, 2016) estima que no Brasil, a cada segundo

quinze animais são mortos por atropelamento, rendendo por ano uma estimativa de 465

milhões de indivíduos mortos.

1.2. Colisões com Fauna e a Segurança dos Usuários

Sobre as questões envolvendo a segurança do usuário, vários estudos foram realizados em

diversos países, principalmente da América do Norte e Europa. De acordo com o

Departamento de Transportes do Canadá, somente no ano 2000 houve 30.000 colisões

envolvendo veículos automotores e animais nas rodovias do país, sendo que 23 foram fatais,

1.887 causaram ferimentos nos usuários e 28.826 acidentes causaram apenas prejuízos

financeiros aos condutores (CLEVENGER & KOCIOLEK, 2006). Estima-se que a cada 4-8 horas

algum animal de grande porte adentra as rodovias dos pais, causando grandes preocupações

(CLEVENGER & KOCIOLEK, 2006).

5

Em 2007, quase dois milhões de acidentes envolvendo veículos automotores e mamíferos de

grande porte foram contabilizados nos Estados Unidos, causando um prejuízo da ordem de

US$ 8,3 bilhões (HUIJSER et al., 2007). Na França, a média de pessoas mortas em acidentes

envolvendo ungulados é de aproximadamente 50 por ano e quase 2500 pessoas feridas nesse

tipo de colisão (BRUINDERINK & HAZEBROEK, 1996). Somente na Europa (exceto a Rússia), foi

estimado mais de 500.000 colisões por ano, resultando em 300 acidentes fatais e gastos

maiores que 1 bilhão de dólares em prejuízos financeiros (DANIELSON & HUBBARS, 1998).

No Brasil, além de animais domésticos como bovinos, equinos, asininos e muares, uma

espécie silvestre que é intimamente ligada à segurança do usuário é a capivara (Hydrochoerus

hydrochaeris), podendo causar desde prejuízos financeiros até vítimas fatais. De acordo com

Huijser et al. (2013), em sete rodovias paulistas concessionadas monitoradas por cinco anos,

totalizando 786 km, foram amostrados 1627 animais atropelados, sendo que as capivaras

representaram 28% deste total (N = 462), sendo, portanto, o mamífero de grande porte mais

atropelado no estudo. Em função de sua massa corporal e abundância de indivíduos, a colisão

da espécie com veículos automotores causa sérios acidentes, resultando em prejuízos

financeiros e até mesmo vítimas fatais (UOL Notícias 2011). De acordo com os dados da Polícia

Militar Rodoviária do Estado de São Paulo, de 2005 a 2013 ocorreram 23858 acidentes

envolvendo animais em rodovias, totalizando 194 mortes de pessoas (Polícia Militar

Rodoviária do Estado de São Paulo, 2015).

Entre diversas categorias de acidentes rodoviários, como por exemplo colisão frontal, lateral,

transversal, traseira, atropelamento de pedestres, capotamento e engavetamento, os

acidentes provocados por animais em rodovias representam a única categoria de acidente

que demanda a indenização do usuário por parte do administrador rodoviário. Apesar de

acidentes envolvendo animais representarem apenas 3,58 % do total de acidentes do Estado

de São Paulo, milhões de reais são gastos anualmente a fim de indenizar usuários por danos

materiais, morais e estéticos, além dos lucros cessantes. A análise de tais custos públicos e

privados expendidos em indenizações aos usuários pode demonstrar que seria mais

estratégico mitigar acidentes específicos envolvendo a fauna, instalando medidas eficientes

como passagens inferiores e superiores de fauna, cercas e sinalização adequada do que pagar

indenizações. Tais indenizações estão previstas em Leis Federais como o Código de Defesa do

Consumidor (Lei nº 8078/1990) e a própria Constituição Federal (1988).

6

1.3. Sobre a Anta Brasileira (Tapirus terrestris)

A anta brasileira é também conhecida como anta sul-americana ou anta de terras baixas.

Pertence à Família Tapiridae da Ordem Perissodáctila e é aparentada de equinos e

rinocerontes.

A espécie tem uma imensa distribuição geográfica desde o Norte da Colômbia a Leste dos

Andes seguindo através de toda a América do Sul tropical por 11 países incluindo Argentina,

Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e

Venezuela. A espécie ocorre primordialmente em florestas tropicais baixas e ambientes

ripários (próximos à água), mas pode também ser encontrada em habitats mais secos tais

como o Chaco Boliviano e Paraguaio. No Brasil, a anta ocorre principalmente nos biomas

Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal.

A anta brasileira é o maior mamífero terrestre da América do Sul. Adultos chegam a pesar 300

quilos, com cerca de 1,10 m de altura e em alguns casos mais de 2 m de comprimento. As

fêmeas são, em geral, maiores do que os machos. Possui uma crina curta e estreita ao longo

de todo o pescoço, pelagem acinzentada, curta e áspera, e orelhas com pontas brancas.

Possui uma 'tromba' ou probóscide, que utiliza para a alimentação (Figura 1).

Figura 1 – Indivíduo adulto, macho, de anta brasileira, Tapirus terrestris.

7

A anta é um animal solitário, embora seja relativamente comum avistar mais de um indivíduo,

nestes casos sendo macho e fêmea em época de reprodução ou uma fêmea com seu filhote.

É noturna/crepuscular e realiza boa parte de suas atividades de alimentação durante o

amanhecer, nas primeiras horas do dia, descansando durante as horas mais quentes do dia

escondida em algum local protegido na floresta, e retomando suas atividades ao entardecer.

É um animal de floresta, sobretudo florestas de beira de água, entretanto, utiliza-se de outros

tipos de habitat para buscar alimentos e viajar entre diferentes partes de seu habitat. Sua

área de uso é imensa, em média de 560 hectares. Outro aspecto importante de sua ecologia

espacial é que a anta compartilha grandes partes de sua área de uso com outras antas

vizinhas, não apresentando defesa de território.

A anta se movimenta muito dentro de sua área de uso e entre fragmentos de habitat, desta

forma conectando esses fragmentos. Por esta razão, a anta é conhecida como DETETIVE

ECOLÓGICO ou ESPÉCIE PAISAGEM. É um animal que nos ajuda a compreender as inter-

relações entre esse mosaico de habitats.

Sua reprodução é bastante lenta. A gestação dura cerca de 13-14 meses e a fêmea dá à luz a

um único filhote. Após dar à luz, a fêmea demora cerca de 4-5 meses para entrar no cio

novamente. Desta forma, uma fêmea deve produzir um filhote a cada um ano e meio ou até

mesmo dois anos. A taxa de mortalidade de filhotes na natureza é alta, sendo que estes estão

mais susceptíveis a predadores. Machos e fêmeas de anta atingem sua maturidade sexual a

cerca de quatro anos de idade e vivem cerca de 22-24 anos na natureza. Devido às grandes

áreas de uso e reprodução lenta, o impacto de ameaças atuando sobre populações de anta é

de maneira geral enorme.

A anta é um animal herbívoro, alimentando-se sobretudo de frutos, brotos e folhas. Os frutos

consumidos pela anta são engolidos inteiros, juntamente com suas sementes. Quando

passam pelo trato digestivo do animal, essas sementes têm sua capacidade de germinação

potencializada. Desta forma, a anta tem um papel fundamental na dispersão de sementes

pela floresta, transportando essas sementes em seu estômago para locais diferentes dentro

de suas áreas de uso. Por esta razão, a anta é conhecida como a JARDINEIRA DA FLORESTA.

A anta brasileira está globalmente classificada pela Lista Vermelha da IUCN - International

Union for Conservation of Nature - como VULNERÁVEL À EXTINÇÃO (IUCN Red List of

8

Threatened Species, http://www.iucnredlist.org/details/21474/0). A Lista Vermelha Nacional

do ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Medici et al., 2017) -

classifica o estado de conservação da espécie separadamente por biomas:

Amazônia - QUASE AMEAÇADA - Principais ameaças: Caça, em geral de subsistência,

realizada em grande escala pelas comunidades locais de forma não sustentável;

desmatamento.

Caatinga - LOCALMENTE EXTINTA

Cerrado - AMEAÇADA - Principais ameaças: Desmatamento/fragmentação para fins de

produção agropecuária; atropelamentos em rodovias.

Mata Atlântica - AMEAÇADA - Principais ameaças: Fragmentação já existente no bioma,

causando o isolamento de populações de Anta Brasileira pela falta de conectividade da

paisagem; atropelamentos em rodovias.

Pantanal - QUASE AMEAÇADA - Principais ameaças: Transformação do sistema

tradicional pantaneiro de pecuária extensiva em formas mais intensivas de produção,

envolvendo substituição de pastagens nativas por pastagens exóticas e impacto de

maiores quantidades de gado nas florestas; doenças infecciosas provenientes de animais

domésticos, sobretudo equinos e bovinos.

Devido aos efeitos do pequeno tamanho populacional da anta e taxas reprodutivas

intrinsicamente baixas, a recuperação de uma população impactada é bastante lenta.

Quaisquer impactos sofridos, sejam eles desmatamento, fragmentação, caça, atropelamento

em rodovias e fogo dentre outros, têm efeitos drásticos nas populações. Conforme

mencionado acima, a anta desempenha um papel de extrema importância nos processos de

formação e manutenção da biodiversidade, atuando de forma crítica para processos

ecológicos chave tais como a dispersão de sementes.

Declínios populacionais e extinções locais podem desencadear efeitos adversos nos

ecossistemas, afetando os processos ecológicos e eventualmente comprometendo a

integridade e biodiversidade desses ecossistemas. Por todas essas razões, é necessário que

tenhamos em vista a necessidade urgente de estabelecer esforços conservacionistas focados

na anta brasileira visando a implementação de programas de pesquisa, conservação e manejo

da espécie em todos os biomas e países de ocorrência.

9

1.4. Sobre a Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB),

Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ)

Em junho de 1996, a pesquisadora e conservacionista Patrícia Medici, uma das fundadoras do

IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas - estabeleceu um programa de pesquisa e conservação

focado na anta brasileira na Mata Atlântica da região do Pontal do Paranapanema, Município

de Teodoro Sampaio, Estado de São Paulo. A região inclui duas áreas protegidas, o Parque

Estadual Morro do Diabo com 35.000 hectares, um dos últimos remanescentes significativos

de Mata Atlântica do Interior, a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto com 5.500 hectares, e

diversos outros fragmentos de floresta no entorno dessas áreas perfazendo um total adicional

de cerca de 6.000 hectares de florestas. A Mata Atlântica Brasileira é um dos biomas mais

ameaçados do planeta. A área original coberta por esse bioma era de 1.300.000km² (12% do

território brasileiro) que hoje está reduzido a cerca de 7% do seu tamanho original.

Entre 1996 e 2007, o Programa Anta Mata Atlântica teve como foco principal a obtenção de

dados e informações básicas sobre as populações de anta brasileira na região do Pontal do

Paranapanema. Trinta e cinco (35) antas foram capturadas, sendo que 25 delas (13 fêmeas e

12 machos) foram equipadas com transmissores de rádio telemetria e monitoradas ao longo

de 12 anos. Resultados deste monitoramento de longo prazo incluem tamanho de área de

uso, tamanhos de áreas de maior intensidade de uso, sobreposição de área de uso, aspectos

de organização social e reprodução, uso sazonal de diferentes tipos de habitat, padrões de

atividade e padrões de movimentação pela paisagem fragmentada. Centenas de amostras de

material biológico foram coletadas, gerando informação sobre o estado genético e

epidemiológico da espécie, bem como aspectos de ecologia alimentar e dispersão de

sementes.

O Programa Anta Mata Atlântica do IPÊ foi a primeira iniciativa de longo-prazo para a pesquisa

e conservação da anta brasileira no Brasil e no mundo, o que nos permitiu o estabelecimento

de uma enorme base de dados sobre o status de conservação da espécie na Mata Atlântica.

A abordagem principal do programa foi a pesquisa das antas no contexto da paisagem,

usando esses animais como 'detetives ecológicos' no processo de identificação e

mapeamento das principais rotas de movimentação pela paisagem, e consequentemente as

áreas potenciais para o estabelecimento de corredores e/ou trampolins ecológicos como

10

ferramentas de restabelecimento de conectividade do habitat. Como consequência, o IPÊ

vem utilizando estas informações para influenciar o processo de restauração de áreas

importantes para a anta na região, bem como promover a criação de novas áreas protegidas.

Adicionalmente, essas informações foram utilizadas para o desenvolvimento de um Plano de

Ação Regional para a Pesquisa, Conservação e Manejo da Anta Brasileira na Mata Atlântica

no Pontal do Paranapanema, plano este que está em processo de implementação.

Em 2008, a equipe considerou ter chegado o momento de usar a experiência adquirida na

Mata Atlântica para expandir seus esforços de pesquisa e conservação da espécie para outros

biomas brasileiros e foi então estabelecida a Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta

Brasileira (INCAB). A primeira parada após a Mata Atlântica foi o Pantanal, onde as ameaças

e problemáticas de conservação para a espécie são bastante diversas e onde nunca havia sido

realizado um estudo de longo-prazo sobre a anta. A meta primordial do Programa Anta

Pantanal, estabelecido na Fazenda Baía das Pedras, na Nhecolândia, Estado do Mato Grosso

do Sul, é obter dados de demografia, genética e saúde das antas, bem como informações de

uso de habitat e do mosaico de fragmentos naturais característicos do Pantanal, visando

estabelecer um programa de pesquisa e conservação de longo-prazo e subsidiar a formulação

de recomendações para a conservação da espécie na região.

Em 2015, a INCAB expandiu suas atividades uma vez mais, através do estabelecimento do

Programa Anta Cerrado, também no Estado do Mato Grosso do Sul, cujo objetivo principal é

avaliar o impacto de diferentes ameaças nas populações de anta brasileira na região. Essas

ameaças incluem atropelamentos em rodovias, desmatamento e fragmentação, expansão do

agronegócio, particularmente cana de açúcar e soja, intoxicação por agrotóxicos, grandes

plantios de espécies arbóreas exóticas tais como o Eucalipto, fogo, caça, poluição de corpos

de água dentre outras. O foco principal do Programa Anta Cerrado é investigar como a anta

vive na paisagem antrópica da região, avaliando o efeito de diferentes usos da terra nas

populações. A meta principal é mitigar essas ameaças.

Através do estabelecimento de iniciativas de pesquisa e conservação da anta em diferentes

biomas brasileiros, a INCAB espera criar uma perspectiva comparativa para a conservação da

espécie. Com isto, será possibilitado um maior entendimento sobre este animal em diferentes

biomas, com diferentes matrizes de paisagem e sob diferentes níveis de distúrbio ambiental.

Assim, será possível compreender profundamente a ecologia do animal e suas necessidades

11

em termos de conservação, bem como avaliar a importância e magnitude dos fatores

ecológicos afetando as diferentes populações existentes no país. Finalmente, teremos todas

as ferramentas necessárias para promover o desenvolvimento e efetiva implementação de

estratégias de conservação e manejo para populações específicas de anta brasileira por toda

a sua área de distribuição na América do Sul.

12

2- Área de Estudo

O estado do Mato Grosso do Sul possui 54.628 quilômetros de estradas e 7.962 quilômetros

de rodovias1. Os biomas contidos no estado são Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal.

A área de estudo na qual foram conduzidos estudos de atropelamento inclui seis (6) trechos

de rodovias (Quadro 1).

Quadro 1 – Trechos de rodovias monitoradas no estado do Mato Grosso do Sul.

Rodovia Trecho Federal

Estadual

Órgão

responsável

Extensão

(km)

BR-262 Campo Grande – Três

Lagoas

Federal DNIT 315

BR-262 Campo Grande – Ponte

Rio Paraguai (sentido

Corumbá)

Federal DNIT 335

BR-267 Nova Alvorada do Sul –

Nova Casa Verde

Federal DNIT 125

MS-040 Campo Grande – Santa

Rita do Pardo

Estadual SEINFRA 230

MS-134 Nova Casa Verde – 30

quilômetros sentido

Nova Andradina

Estadual SEINFRA 30

MS-145 Agrovila PANA – 30

quilômetros sentido

Deodápolis

Estadual SEINFRA 30

TOTAL

1.065

1 O Código Brasileiro de Trânsito (2006) diferencia estradas e rodovias, sendo as estradas as vias rurais não pavimentadas e rodovias as vias rurais pavimentadas.

13

3 - Atropelamentos Documentados na Área de Estudo

3.1. Monitoramento Sistemático para Mamíferos de Médio e Grande Porte

Três dos trechos de rodovias mencionados acima (BR-262 - Campo Grande a Três Lagoas,

extensão de 315 quilômetros; BR-262 - Campo Grande a Ponte Rio Paraguai (sentido

Corumbá), extensão de 335 quilômetros; e, BR-267 - Nova Alvorada do Sul a Nova Casa Verde,

extensão de 125 quilômetros) foram monitorados sistematicamente para atropelamentos de

mamíferos de médio e grande porte, dentre eles a anta brasileira, entre abril de 2013 e março

de 2014 (período de 12 meses). Este monitoramento sistemático foi realizado por uma ação

conjunta dos projetos Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB),

coordenado por Patrícia Medici, e Projeto Tatu Canastra, coordenado por Arnaud Desbiez,

ambos projetos do IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas.

Os três trechos eram percorridos a cada 15 dias (um trecho por dia, coletando dados somente

na viagem de ida, para um total de três dias de coletas de dados a cada 15 dias) através do

uso de um veículo conduzido a cerca de 60-70 km/hora. Para cada carcaça encontrada eram

registradas as seguintes informações: RODOVIA, KM NA RODOVIA, DISTÂNCIA DO PONTO DE

PARTIDA, ESPÉCIE, SEXO, CLASSE DE IDADE, DATA, HORÁRIO, COORDENADAS GEOGRÁFICAS

(em UTM), IDADE DA CARCAÇA (muito velha, velha, fresca, muito fresca), HABITAT EM

AMBOS OS LADOS DA RODOVIA (mata, corpo d'água, brejo, eucalipto, cana de açúcar, campo,

campo sujo, campo alagado etc.), e LOCALIZAÇÃO DA CARCAÇA (pista, acostamento, faixa

lateral etc.). Sempre que possível, foram coletadas amostras de tecido (pele) para estudos

genéticos. Todas as carcaças foram devidamente fotografadas. Animais de menor porte eram

removidos da rodovia. Carcaças de anta brasileira eram marcadas com spray de tinta escura

de forma a não serem registradas novamente em coletas de dados posteriores.

Durante o monitoramento, foram registradas 1.152 carcaças de animais atropelados,

incluindo 24 espécies de animais silvestres (N = 1.144), três espécies de animais domésticos

(cavalo, gato doméstico e coelho) (N=5), uma espécie introduzida (porco monteiro) (N=1) e

duas carcaças não identificadas (N=2) (Quadro 2, Figuras 2-15, ANEXO 3. MONITORAMENTO

SISTEMÁTICO 2013-2014 - Dados Brutos.xlsx).

14

Quadro 2 – Espécies registradas durante monitoramento sistemático de três trechos de

rodovias no estado do Mato Grosso do Sul, entre abril de 2013 e março de 2014, incluindo

número de carcaças registradas por espécie. Fonte: Iniciativa Nacional para a Conservação

da Anta Brasileira (INCAB) e Projeto Tatu Canastra, IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas.

Nome Comum Nome Científico Número de Carcaças

Cachorro do mato Cerdocyon thous 286

Tatu peba Euphractus sexcinctus 252

Tamanduá bandeira Myrmecophaga tridactyla 136

Tamanduá mirim Tamandua tetradactyla 120

Capivara Hydrochoerus hydrochaeris 108

Tatu galinha Dasypus novemcinctus 82

Anta brasileira Tapirus terrestris 36

Mão pelada Procyon cancrivorus 30

Veado Mazama sp. 16

Quati Nasua nasua 14

Cateto Pecari tajacu 12

Tatu de rabo mole Cabassous unicinctus 9

Lobo guará Chrysocyon brachyurus 8

Jaguatirica Leopardus pardalis 7

Cutia Dasyprocta sp. 5

Gambá de orelha branca Didelphis albiventris 5

Raposa do campo Lycalopex vetulus 5

Gato palheiro Leopardus colocolo 3

Ouriço caixeiro Coendou prehensilis 3

Furão Galitics cuja 2

Macaco prego Sapajus sp. 2

Bugio Alouatta sp. 1

Irara Eira barbara 1

Lontra Lutra longicaudis 1

TOTAL

1.144

15

Registros Fotográficos de Animais Silvestres Atropelados

Figura 2. Tatu peba (Euphractus sexcinctus), 06/04/2013.

Fonte: INCAB e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

Figura 3. Cachorro do mato (Cerdocyon thous), 20/04/2013.

Fonte: INCAB e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

Figura 4. Mão pelada (Procyon cancrivorous), 02/04/2013.

Fonte: INCAB e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

Figura 5. Tamanduá bandeira (Mymercophaga tridactyla),

04/04/2013. Fonte: INCAB e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

Figura 6. Tatu galinha (Dasypus novemcinctus),

14/05/2013. Fonte: INCAB e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

Figura 7. Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), 18/05/2013.

Fonte: INCAB e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

16

Registros Fotográficos de Animais Silvestres Atropelados

Figura 8. Gato palheiro (Leopardus colocolo), 18/05/2013.

Fonte: INCAB e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

Figura 9. Tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla),

28/05/2013. Fonte: INCAB e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

Figura 10. Raposa do campo (Pseudalopex vetulus),

13/06/2013. Fonte: INCAB e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

Figura 11. Lobo guará (Crysocyon brachyurus), 15/06/2013.

Fonte: INCAB e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

Figura 12. Irara (Eira barbara), 09/01/2014. Fonte: INCAB

e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

Figura 13. Jaguatirica (Leopardus pardalis), 29/06/2013. Fonte:

INCAB e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

17

Registros Fotográficos de Animais Silvestres Atropelados

Figura 14. Furão (Galictis cuja), 06/09/2013. Fonte: INCAB

e Projeto Tatu Canastra, IPÊ

Figura 15. Quati (Nasua nasua), 30/11/2013. Fonte: INCAB e

Projeto Tatu Canastra, IPÊ

18

3.2. Monitoramento de Atropelamentos de Anta Brasileira

A partir de março de 2014, uma vez finalizado o monitoramento sistemático de 12 meses para

todo o conjunto de espécies de mamíferos de médio e grande porte, a Iniciativa Nacional para

a Conservação da Anta Brasileira (INCAB) deu continuidade ao monitoramento focado

somente na anta brasileira.

Embora a regularidade do monitoramento não tenha sido mantida a cada 15 dias, o estudo

foi ampliado para outros trechos de rodovias incluindo três (3) rodovias estaduais

administradas pela SEINFRA (MS-040 – Campo Grande a Santa Rita do Pardo, extensão de 230

quilômetros; MS-134 – trecho de 30 quilômetros saindo de Nova Casa Verde em direção à

Nova Andradina; MS-145 – trecho de 30 quilômetros saindo da Agrovila PANA em direção a

Deodápolis).

Este monitoramento posterior ao monitoramento sistemático conta com viagens mensais da

equipe INCAB-IPÊ pelas rodovias monitoradas e avisos de antas atropeladas através de uma

Rede de Informantes via WhatsApp. A Rede de Informantes conta com a participação de

profissionais da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar de diversos municípios

bem como membros das comunidades locais.

Durante o monitoramento sistemático realizado entre abril de 2013 a março de 2014, foram

registradas 36 carcaças de anta brasileira. Entre abril de 2014 e julho de 2016, outras 100

carcaças de anta foram registradas. ATÉ A DATA DA FINALIZAÇÃO DESTE RELATÓRIO

TÉCNICO PARCIAL (4/08/2016) FOI REGISTRADO UM TOTAL DE 136 ANTAS ATROPELADAS E

MORTAS: SEXO - 28 fêmeas, 43 machos, 65 sexo não determinado; CLASSE DE IDADE - 72

adultas, 27 sub-adultas, 8 filhotes/juvenis, 29 classe de idade não determinada; RODOVIA -

50 na BR-267, 44 na MS-040, 27 na BR-262 sentido Três Lagoas, oito (8) na BR-262 sentido

Corumbá, quatro (4) na MS-080 sentido Rio Negro (registros esporádicos, não sistemáticos),

duas (2) na MS-145 sentido Deodápolis e uma (1) na MS-134 sentido Nova Andradina

(Quadro 3, Figuras 16-33). NOTA: Importante mencionar que seis (6) das carcaças de anta

encontradas haviam sido 'carneadas' antes que a equipe da INCAB-IPÊ chegasse até elas,

muito provavelmente para consumo da carne, que parece ser apreciada na região.

19

Quadro 3 – Registros de antas atropeladas em seis trechos de rodovias no estado do Mato Grosso do Sul, entre abril de 2013 e julho de 2016, incluindo as seguintes informações de cada registro: RODOVIA/TRECHO, DATA (AAMMDD), LONGITUDE, LATITUDE, ESTADO/IDADE DA CARCAÇA, AMBIENTE, SEXO, IDADE. Fonte: Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB), IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas. ND = Não Determinado. CG = Campo Grande

Estrada/Trecho

Data (AAMMDD)

LONGITUDE

LATITUDE

Estado/Idade Carcaça

Ambiente em ambos os lados da rodovia

Sexo

Classe Idade

1 BR-262 - CG-TrêsLagoas 130404 226522 7734072 Muito velha (seca) Mata/Campo ND ND

2 BR-262 - CG-TrêsLagoas 130404 256205 7736667 Muito velha (seca) Eucalipto/Mata/Brejo ND ND

3 BR-262 - CG-TrêsLagoas 130404 337581 7727778 Velha Mata/Mata ND ND

4 BR-262 - CG-TrêsLagoas 130404 348328 7723151 Muito velha (seca) Mata/Mata ND ND

5 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 130430 249877 7601553 Velha Campo/Mata ND ND

6 BR-262 - CG-TrêsLagoas 130503 793655 7731800 Velha Mata/Campo ND ND

20

7 BR-262 - CG-PonteRioParaguai 130504 509653 7808526 Muito velha (seca) Mata/Campo ND ND

8 BR-262 - CG-TrêsLagoas 130516 789664 7730979 Fresca Campo/Campo Macho Sub-adulta

9 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 130528 241836 7604748 Velha Mata/Campo ND ND

10 BR-262 - CG-TrêsLagoas 130530 793387 7731754 Fresca Campo/Campo Fêmea Sub-adulta

11 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 130709 213775 7607889 Fresca Campo/Campo Macho Adulta

12 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 130709 223220 7606798 Fresca Campo/Campo Macho Adulta

13 BR-262 - CG-PonteRioParaguai 130713 518277 7789740 Muito velha (seca) Mata/Campo ND Juvenil

14 BR-262 - CG-TrêsLagoas 130808 256956 7736326 Velha Eucalipto/Mata Macho Adulta

21

15 BR-262 - CG-TrêsLagoas 130808 328623 7731001 Velha Eucalipto/Campo Macho Adulta

16 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 130809 190680 7609620 Muito velha (seca) Campo/Campo ND Adulta

17 BR-262 - CG-TrêsLagoas 130822 802244 7733382 Fresca Campo Arbóreo/Mata Macho Adulta

18 BR-262 - CG-TrêsLagoas 130822 333090 7729794 Fresca Campo/Eucalipto ND Adulta

19 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 130823 200975 7608972 Velha Mata/Campo Macho Adulta

20 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 130906 797443 7612633 Muito velha (seca) Campo/Campo ND ND

21 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 130906 240361 7604926 Velha Campo/Campo Macho ND

22 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 130906 241409 7604819 Velha Campo/Campo Arbóreo ND ND

22

23 BR-262 - CG-PonteRioParaguai 130907 558279 7766687 Fresca Mata/Mata Macho Sub-adulta

24 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 130919 214004 7607864 Fresca Campo Arbóreo/Campo ND Juvenil

25 BR-262 - CG-PonteRioParaguai 130921 653403 7726893 Fresca Campo/Campo Fêmea Sub-adulta

26 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 131017 213719 7607896 Muito velha (seca) Campo/Campo ND Adulta

27 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 131114 211410 7608158 Velha Campo/Campo ND Sub-adulta

28 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 131114 242728 7604619 Muito velha (seca) Campo Arbóreo/Campo ND ND

29 BR-262 - CG-TrêsLagoas 131115 351066 7722136 Velha Campo/Campo/Córrego ND Adulta

30 BR-262 - CG-TrêsLagoas 131129 797565 7732521 Fresca Campo/Campo Macho Sub-adulta

23

31 BR-262 - CG-TrêsLagoas 131129 336004 7728514 Fresca Mata/Mata Fêmea Juvenil

32 BR-262 - CG-PonteRioParaguai 131225 522100 7783813 Muito velha (seca) Mata/Campo ND ND

33 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 140123 246998 7603096 Muito velha (seca) Mata/Campo ND Adulta

34 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 140220 208245 7608427 Velha Mata/Mata Fêmea Adulta

35 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 140220 249468 7601768 Fresca Mata/Campo Macho Adulta

36 BR-262 - CG-TrêsLagoas 140308 800607 7733081 Velha Campo/Campo ND Sub-adulta

37 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 140827 248164 7602444 Velha Mata/Campo Sujo/Acampamento Sem Terra (KM145)

ND Sub-adulta

38 BR-262 - CG-TrêsLagoas 140828 225727 7734013 Muito velha (seca) Mata/Eucalipto (KM223) ND Adulta

24

39 BR-262 - CG-TrêsLagoas 140828 242518 7735048 Fresca Mata Ruim/Eucalipto (KM206) Fêmea Sub-adulta

40 BR-262 - CG-TrêsLagoas 140828 325378 7731612 Muito velha (seca) Eucalipto/Eucalipto (KM120) ND Adulta

41 BR-262 - CG-TrêsLagoas 140828 328512 7731034 Velha Eucalipto/Campo Sujo/Lagoa (KM115) Macho Adulta

42 BR-262 - CG-TrêsLagoas 140828 338864 7727188 Muito velha (seca) Mata/Mata ND ND

43 MS-080 - CG-RioNegro 141030 709072 7827510 Fresca KM118 Macho Sub-adulta

44 MS-080 - CG-RioNegro 141125 720849 7795575 Fresca KM89 Macho Adulta

45 BR-262 - CG-TrêsLagoas 150309 Fresca Macho Sub-adulta

46 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 150319 245777 7603773 Em processo de decomposição, muitas larvas

Mata/Campo Sujo (KM148) ND Adulta

25

47 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 150319 246760 7603227 Muito velha (seca) Mata/Campo Sujo (KM147) ND Sub-adulta

48 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150322 228621 7662413 Velha Brejo/Brejo (KM133) ND Sub-adulta

49 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150322 207722 7663276 Velha Mata/Mata (KM111) ND Sub-adulta

50 MS-134 - CVerde-30KMsentidoNovaAndradina

150415 260861 7554394 Muito velha (seca) Mata/Cana ND Adulta

51 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150419 262184 7655073 Velha Milho/Eucalipto/Soja/Mata (KM170) Macho Sub-adulta

52 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150419 799371 7681687 Velha KM74 ND Sub-adulta

53 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150625 241193 7660537 Em processo de decomposição, muitas larvas

Campo Sujo/Campo Sujo/ Mata próxima (KM146)

Fêmea Adulta

54 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150625 219917 7664288 Muito velha (seca) Mata/Mata (KM124) ND ND

26

55 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150626 198800 7666386 Velha Campo Sujo/Campo Sujo (KM102) ND ND

56 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150626 798302 7684878 Velha Campo Sujo/Eucalipto (KM71) ND ND

57 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150626 780346 7709048 Em processo de decomposição, muitas larvas

Eucalipto/Mata/Água (KM37) Fêmea Adulta

58 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150626 771346 7711079 Velha Mata/Mata (KM28) ND ND

59 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 150803 790696 7615801 Fresca, da noite anterior KM205 Fêmea Adulta

60 MS-080 - CG-RioNegro 150804 710675 7824848 Em processo de decomposição, muitas larvas

KM113 Macho Adulta

61 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 150903 790640 7615817

Fresca, da noite anterior, carbonizada durante explosão dos veículos envolvidos

Cana/Cana ND Adulta

62 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 150905 218721 7607340 Muito velha (seca) Mata/Campo-Mata (KM173) Macho Adulta

27

63 MS-145 - PANA-30KMsentidoDeodápolis 150905 190545 7586070 Fresca, provavelmente da madrugada (NECROPSIA 1)

Mata/Córrego/Brejo/Cana (KM57) Fêmea Sub-adulta

64 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150906 261121 7655034 Muito velha (seca) Campo Sujo/Eucalipto/Mata ao longe (KM169)

ND ND

65 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150906 266598 7657624 Muito velha (seca) Campo/Eucalipto/Mata ao longe (KM175)

Macho Adulta

66 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150906 283853 7659429 Em processo de decomposição, muitas larvas

Mata/Campo Sujo (KM194) Macho Adulta

67 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150906 283906 7659419 Muito velha (seca) Mata/Campo Sujo (KM194) ND Sub-adulta

68 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150906 225875 7663001 Em processo de decomposição

Mata/Mata (KM130) Macho Adulta

69 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150906 803735 7678424 Velha Mata/Campo Sujo (KM80) Macho Adulta

70 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150906 780226 7709032 Em processo de decomposição

Eucalipto/Mata/Água (KM37) ND ND

28

71 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 150906 777283 7708819 Velha Mata/Mata (KM34) Macho Adulta

72 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 151025 232296 7661637 Fresca, mas já em decomposição

Mata/Campo Sujo (KM137) Fêmea Adulta

73 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 151025 224291 7663341 Fresca, mas já em decomposição

Mata/Mata (KM129) ND Juvenil

74 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 151025 222580 7663706 Fresca, mas já em decomposição

Mata/Mata (KM127) ND Adulta

75 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 151025 215006 7663448 Velha (seca) Mata/Mata (KM119) ND Juvenil

76 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 151121 204493 7608705 Em processo de decomposição

Assentamento/Eucalipto/Pasto (KM190)

Fêmea Adulta

77 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 151121 205082 7608662 Em processo de decomposição

Assentamento/Pasto/Mata (KM189) Macho Adulta

78 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 151123 284571 7659178 Fresca, ~48 horas, mas já em decomposição

Mata/Campo Sujo (KM195) Fêmea Adulta

29

79 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 151123 208831 7663282 Em processo de decomposição

Mata/Campo Sujo (KM113) Macho Sub-adulta

80 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 151215 214112 7607852 Fresca, ~48 horas (NECROPSIA 2)

Sentido NAS-CV, DIR (mata) / ESQ (campo sujo) / acampamento sem-terra próximo (KM180)

Fêmea Adulta

81 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 151215 214112 7607852 Fresca, ~48 horas (NECROPSIA 3)

Sentido NAS-CV, DIR (mata) / ESQ (campo sujo) / acampamento sem-terra próximo (KM180)

Fêmea Filhote no útero

82 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 151217 218108 7664674 Fresca, da noite anterior (NECROPSIA 4)

Mata/Mata (KM123) Fêmea Adulta

83 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160112 800092 7610126 Em processo de decomposição

Cana/Pasto/Mata/Lagoa (KM216) ND ND

84 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160113 243257 7604539 Velha (seca) Pasto/Mata (KM150) Macho Adulta

85 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160113 266764 7657737 Velha (seca) Eucalipto/Pasto (KM175) ND Adulta

86 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160113 209655 7663285 Fresca, inchada, 2-3 noites

Sentido CG-SRP, DIR (mata) / ESQ (mata/campo sujo com árvores) (KM114)

Macho Adulta

30

87 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160113 188163 7672960 Em processo de decomposição

Eucalipto/Córrego/Mata (KM90) ND Sub-adulta

88 BR-262 - CG-TrêsLagoas 160115 257876 7737030 Muito velha (somente a ossada)

Eucalipto/Mata (KM191) ND ND

89 BR-262 - CG-TrêsLagoas 160115 274991 7741034 Muito velha (somente a ossada)

Eucalipto/Pasto (KM172) ND ND

90 BR-262 - CG-TrêsLagoas 160115 337066 7728001 Muito velha (seca, pele e ossos)

Mata/Mata (KM106) ND ND

91 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160125 214206 7663295 Fresca, ~48 horas, mas já em decomposição

Sentido CG-SRP, Campo Sujo/Campo Sujo (KM119)

Macho Adulta

92 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160125 777317 7708834 Velha (seca) Mata/Mata (KM35) ND Juvenil

93 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160208 211607 7663283 Em processo de decomposição

Pasto/Campo Sujo (KM116) ND Sub-adulta

94 BR-262 - CG-PonteRioParaguai 160210 651626 7726804 Fresca, ~48 horas, mas já em decomposição

Bambuzal/Pasto (KM458) Fêmea Adulta

31

95 BR-262 - CG-PonteRioParaguai 160210 696399 7738608 Fresca, provavelmente da madrugada (NECROPSIA 5)

Mata/Pasto Sujo (KM410) Fêmea Adulta

96 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160222 201236 7608929 Fresca, atropelada às 03:00hrs da madrugada (NECROPSIA 6)

Sentido NAS-CV, DIR (mata, água próxima) / ESQ (urucum, mata próxima, água próxima) (KM193)

Fêmea Adulta

97 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160223 803746 7678405 Velha (seca) Sentido CG-SRP, DIR (Pasto/Água) / ESQ (Mata) (KM80)

Macho Adulta

98 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160310 797073 7612957 Fresca, provavelmente da madrugada (NECROPSIA 7)

Sentido NAS-CV, DIR (cana, matas próximas) / ESQ (cana) (KM219)

Fêmea Sub-adulta

99 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160328 218706 7607339 Fresca, do dia anterior, pouco menos de 24 horas (NECROPSIA 8)

Sentido NAS-CV, DIR (mata) / ESQ (pasto/corpo água) / acampamento sem-terra próximo (KM175)

Fêmea Adulta

100 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160328 787627 7617011 Fresca, atropelada às 20:00hrs da noite anterior

Sentido NAS-CV, DIR (cana) / ESQ (mata) (KM230)

ND ND

101 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160401 214823 7607783 Fresca, da noite/madrugada anterior

Sentido NAS-CV, (mata) / ESQ (pasto/árvores próximas acostamento) / acampamento sem-terra próximo (KM179)

Macho Adulta

102 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160404 209798 7663276 Velha (seca, toda quebrada, destruída)

Sentido CG-SRP, DIR (mata) / ESQ (mata/campo sujo com árvores) (KM114)

ND Adulta

32

103 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160404 227092 7662749 Fresca, ~48 horas, mas já em decomposição

Sentido CG-SRP, DIR (mata) / ESQ (mata) (KM132)

Macho Adulta

104 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160404 260606 7655028 Fresca, mas já em decomposição

Sentido CG-SRP, DIR (pasto) / ESQ (pasto sujo/represa/eucalipto) (KM168)

Macho Adulta

105 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160408 264143 7593560 Velha (seca, pele e ossos)

Sentido NAS-CV, DIR (mata/pasto/eucalipto/casas) / ESQ (pasto) (KM127)

ND Adulta

106 BR-262 - CG-PonteRioParaguai 160408 557750 7767073 Fresca, da noite/madrugada anterior

KM565 Fêmea ND

107 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160409 208944 7608371 Fresca, da noite anterior, ~21:00hrs (NECROPSIA 9)

Sentido NAS-CV, DIR (mata) / ESQ (mata) (KM185)

Fêmea Sub-adulta

108 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160415 250010 7601466 Relativamente fresca, 2-3 dias, em decomposição

Sentido NAS-CV, DIR (campo sujo) / ESQ (mata) (KM143)

Macho Adulta

109 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160422 194705 7609990 Relativamente fresca, 2-3 dias, em decomposição

Sentido NAS-CV, DIR (mata) / ESQ (pasto) (KM200)

Macho Adulta

110 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160425 236402 7605321 Relativamente fresca, 4 dias, em decomposição

Sentido NAS-CV, DIR (eucalipto) / ESQ (pasto/mata ao fundo) (KM157)

Fêmea Adulta

33

111 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160517 726502 7617888 Em processo de decomposição

Sentido NAS-CV, DIR (cana/fragmento de mata ao lado do canavial) / ESQ (mata) (KM232)

ND Sub-adulta

112 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160523 192962 7609826 Fresca, da noite anterior, ~20:00hrs (NECROPSIA 10)

Sentido NAS-CV, DIR (mata e cana ao fundo) / ESQ (mata e pasto ao fundo) (KM201)

Macho Juvenil

113 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160524 249473 7659393 Em decomposição, inchada, muitas larvas, cerca de 4 noites

Sentido CG-SRP, DIR (pasto) / ESQ (pasto/mata na borda e no fundo) (KM155)

Macho Adulta

114 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160524 207699 7663280 Muito velha (seca) Sentido CG-SRP, DIR (mata com poça de água na borda) / ESQ (mata) (KM112)

ND Adulta

115 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160526 209679 7608315 Fresca, da noite anterior, ~20:30hrs (NECROPSIA 11)

Sentido NAS-CV, DIR (mata) / ESQ (pasto) (KM185)

Macho Adulta

116 MS-145 - PANA-30KMsentidoDeodápolis 160530 200182 7590966 Fresca, da noite anterior (NECROPSIA 12)

Sentido PANA-Deodápolis, DIR (mata) / ESQ (cana) (KM71)

Macho Adulta

117 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160628 811632 7673111

Em decomposição, inchada, presença de muitas moscas e larvas (NECROPSIA 13)

Sentido CG-SRP, DIR (mata com pequeno córrego) / ESQ (mata) (KM89)

Fêmea Adulta

118 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160701 256580 7597860 Em processo de decomposição

Sentido NAS-CV, DIR (pasto) / ESQ (mata com eucalipto ao lado) (KM135)

ND Adulta

34

119 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160701 246543 7603359 Fresca, provavelmente da madrugada

Sentido NAS-CV, DIR (pasto) / ESQ (mata) (KM147)

Fêmea Adulta

120 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160701 788703 7616180 Em processo de decomposição

Sentido NAS-CV, DIR (mata) / ESQ (mata) (KM229)

Fêmea Adulta

121 BR-262 - CG-TrêsLagoas 160701 278527 7740457 Em processo de decomposição

Sentido CG-TrêsLagoas, DIR (eucalipto) / ESQ (eucalipto) (KM169)

ND Adulta

122 BR-262 - CG-TrêsLagoas 160701 359685 7718140 Velha (em estado avançado de decomposição)

Sentido CG-TrêsLagoas, DIR (pasto) / ESQ (pasto) (KM80)

Macho Adulta

123 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160701 201807 7664525 Velha (seca) Sentido CG-SRP, DIR (mata) / ESQ (campo sujo) (KM106)

ND Adulta

124 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160701 206534 7663280 Velha (seca) Sentido CG-SRP, DIR (pasto na frente e mata ao fundo) / ESQ (pasto) (KM110)

ND Sub-adulta

125 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160701 221956 7663842

Em processo de decomposição, muitas larvas por todo o corpo, 4-5 noites

Sentido CG-SRP, DIR (mata) / ESQ (mata) (KM126)

ND Adulta

126 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160701 224000 7663413 Em processo de decomposição

Sentido CG-SRP, DIR (pasto com segmento de mata ao fundo) / ESQ (campo sujo) (KM129)

ND Sub-adulta

35

127 BR-262 - CG-TrêsLagoas 160702 276869 7740865 Não avistado KM167 ND ND

128 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160705 218486 7607380 Fresca, atropelamento na noite anterior

KM176 Fêmea ND

129 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160710 209679 7608315 Fresca, da noite anterior, ~20:30hrs (NECROPSIA 14)

Sentido NAS-CV, DIR (faixa mata na frente, cana ao fundo) / ESQ (faixa mata na frente, cana ao fundo) (KM202)

Fêmea Adulta

130 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160720 198418 7666635 Fresca, da madrugada (NECROPSIA 15)

Sentido CG-SRP, DIR (pasto com mata ao fundo) / ESQ (campo sujo) (KM102)

Macho Adulta

131 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160725 194623 7609994 Fresca, da madrugada (NECROPSIA 16)

Sentido NAS-CV, DIR (mata) / ESQ (pasto) (KM199)

Macho Adulta

132 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160725 796466 7613414 Fresca, da madrugada (NECROPSIA 17)

Sentido NAS-CV, DIR (cana) / ESQ (cana) (KM220)

Macho Adulta

133 MS-080 - CG-RioNegro 160728 722759 7811374 Fresca ND Adulta

134 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160728 203137 7608838 Fresca, 06:00hrs da mesma manhã

Sentido NAS-CV, DIR (mata) / ESQ (mata) (KM190)

ND Sub-adulta

36

135 BR-267 - NovaAlvoradaDoSul-CasaVerde 160729 219912 7607222 Fresca, ~08:00hrs da mesma manhã (NECROPSIA 18)

Sentido NAS-CV, DIR (mata) / ESQ (pasto) (KM177)

Macho Adulta

136 MS-040 - CG-SantaRitaPardo 160729 777283 7708819 Fresca (2-3 noites) KM34 ND Adulta

37

Registros Fotográficos de ANTAS atropeladas

Figura 16. BR-262 – CG - Três Lagoas 04/04/2013. Fonte:

INCAB, IPÊ

Figura 17. BR-262 – CG - Três Lagoas 16/05/2013. Fonte:

INCAB, IPÊ

Figura 18. BR-262 – CG - Três Lagoas 30/05/2013. Fonte:

INCAB, IPÊ

Figura 19. BR-267 – Nova Alvorada do Sul - Casa Verde

09/07/2013. Fonte: INCAB, IPÊ

Figura 20. BR-267 – Nova Alvorada do Sul - Casa Verde

19/09/2013. Nota: Indivíduo juvenil, menos de um ano de

idade. Fonte: INCAB, IPÊ

Figura 21. BR-262 – CG - Três Lagoas 29/11/2013. Nota:

Indivíduo juvenil, menos de um ano de idade. Fonte: INCAB,

IPÊ

38

Registros Fotográficos de ANTAS atropeladas

Figura 22. BR-267 – Nova Alvorada do Sul - Casa Verde

19/03/2015. Nota: Equipe INCAB realizando monitoramento

e coletas de material biológico. Fonte: INCAB, IPÊ

Figura 23. MS-145 – PANA - Deodápolis 05/09/2015. Fonte:

INCAB, IPÊ

Figura 24. BR-267 – Nova Alvorada do Sul - Casa Verde

15/12/2015. Nota: Indivíduo encontrado carneado, foi

realizada necropsia. Fonte: INCAB, IPÊ

Figura 25. BR-267 – Nova Alvorada do Sul - Casa Verde

15/12/2015. Nota: Filhote encontrado no útero da fêmea

anterior durante necropsia. Fonte: INCAB, IPÊ

Figura 26. BR-267 – Nova Alvorada do Sul - Casa Verde

10/03/2016. Fonte: INCAB, IPÊ

Figura 27. BR-267 – Nova Alvorada do Sul - Casa Verde

01/04/2016. Fonte: INCAB, IPÊ

39

Registros Fotográficos de ANTAS atropeladas

Figura 28. MS-040 – CG - Santa Rita do Pardo 04/04/2016.

Nota: Equipe INCAB realizando monitoramento e coletas de

material biológico. Fonte: INCAB, IPÊ

Figura 29. BR-267 – Nova Alvorada do Sul - Casa Verde

28/06/2016. Nota: Equipe INCAB realizando necropsia.

Fonte: INCAB, IPÊ

Figura 30. MS-040 – CG - Santa Rita do Pardo 01/07/2016.

Fonte: INCAB, IPÊ

Figura 31. BR-267 – Nova Alvorada do Sul - Casa Verde

20/07/2016. Fonte: INCAB, IPÊ

Figura 32. BR-267 – Nova Alvorada do Sul - Casa Verde

25/07/2016. Fonte: INCAB, IPÊ

Figura 33. BR-267 – Nova Alvorada do Sul - Casa Verde

20/07/2016. Fonte: INCAB, IPÊ

40

Análises dos dados coletados pela INCAB-IPÊ demonstram que alguns trechos das rodovias

amostradas possuem situações mais críticas de atropelamentos, trechos estes chamados de

hotspots (Figura 34). É provável que a estrutura da paisagem (e.g. presença de corpos d’água,

fragmentos florestais, oferta de recursos alimentares etc.) seja determinante para que os

animais utilizem mais ou menos certos trechos da rodovia. Consequentemente, demonstra-

se maior necessidade de mitigação nesses pontos previamente identificados.

Figura 34 – Mapa dos pontos críticos, hotspots de atropelamento de anta brasileira na BR-267 (3 hotspots), BR-262 sentido Campo Grande – Três Lagoas (3 hotspots) e MS-040 (4 hotspots).

41

3.3. Estudos de Saúde e Genética da Anta Brasileira

Sempre que possível, as carcaças de anta encontradas e registradas pela equipe da INCAB-IPÊ

foram submetidas a coletas de amostras biológicas para estudos de genética e saúde.

Carcaças velhas, secas ou em processo avançado de decomposição foram amostradas para

tecido (fragmento de 1cm² de pele) para extração de DNA e análises de genética populacional

(N=118) e fragmentos de coxim de pata e ponta de probóscide para estudos de toxicologia

por contato direto (N=75). A partir de julho de 2015, carcaças encontradas frescas (com no

máximo 48 horas desde o atropelamento) foram submetidas a procedimentos de necropsia,

novamente no intuito de coletar amostras biológicas para diversos estudos de saúde, dentre

eles, análises de toxicologia (amostras de coxim de pata e ponta de probóscide, osso, unha,

sangue intracardíaco, fígado e conteúdo estomacal). Os estudos de toxicologia são focados

na investigação de presença de agrotóxicos provindos de culturas agrícolas, particularmente

cana de açúcar e soja, no organismo das antas.

ATÉ A DATA DA FINALIZAÇÃO DESTE RELATÓRIO TÉCNICO PARCIAL (04/08/2016), JÁ

FORAM REALIZADOS 18 PROCEDIMENTOS DE NECROPSIA DE ANTA: SEXO - 11 fêmeas, 7

machos; CLASSE DE IDADE - 14 adultas, 2 sub-adultas, 2 filhotes/juvenis; NOTA - Aqui vale

ressaltar que duas (2) das fêmeas submetidas a necropsia estavam prenhes (fetos em

diferentes idades gestacionais foram encontrados em seus úteros); RODOVIA - 12

necropsias na BR-267, entre Nova Alvorada do Sul e Casa Verde; três (3) na MS-040, entre

Campo Grande e Santa Rita do Pardo; dois (2) na MS-145, entre a Agrovila PANA e

Deodápolis; e, um (1) na BR-262, entre Campo Grande e Aquidauana.

42

Como adendo a este documento, é importante mencionar que, até o momento, os exames

de toxicologia já detectaram a presença de resíduos de ORGANOFOSFORADOS,

CARBAMATOS, METAIS PESADOS (chumbo, cobre, manganês, cádmio) e PIRETRÓIDES2, em

diversos tipos de amostras biológicas de antas (Quadro 4). A detecção de agentes tóxicos em

amostras de coxim e probóscide confirma que as antas estão expostas a estas substâncias no

ambiente que habitam por contato direto com as plantas e/ou solo e/ou água contaminados.

A detecção de agentes tóxicos em amostras de conteúdo estomacal demonstra que as antas

também estão predispostas à intoxicação por estas substâncias pela ingestão de itens das

culturas agrícolas como recurso alimentar. Além disso, a detecção de resíduos de agrotóxicos

em amostras de fígado e sangue reitera a hipótese de que ocorre a metabolização dos agentes

tóxicos pelo organismo do animal, o que o predispõe a processos patológicos capazes de

interferir na sua longevidade, estado de saúde ou em aspectos reprodutivos extremamente

relevantes para a viabilidade da espécie. Amostras de unha e osso nos permitem ainda avaliar

o acúmulo de substâncias tóxicas (especialmente de metais pesados) no organismo dos

animais ao longo dos anos. Todas as substâncias encontradas nas amostras apresentam

2 Organofosforados. Os inseticidas organofosforados são compostos orgânicos derivados do ácido fosfórico e seus homólogos (ácido fosfórico, tiofosfórico, ditiofosfórico e fosfônico). Os compostos organofosforados (OF) são, possivelmente, os inseticidas mais amplamente usados no mundo e os que mais causam intoxicações e grande número de mortes, com mais de 35.000 formulações diferentes em uso nos últimos 40 anos. Mais de 50.000 compostos OF são conhecidos pelo homem, mas, pouco mais de 40 são usados como praguicidas. O primeiro OF sintetizado foi o tetraetilpirofosfato (TEEP) em 1854. A partir de 1932 começou-se a investigar esses agentes, inicialmente como praguicidas e mais tarde para uso como agentes de guerra. Carbamatos. Os carbamatos (CARB) fazem parte de um grande grupo de praguicidas sintéticos, derivados de ésteres do ácido carbâmico. Foram desenvolvidos e usados em grande escala nos últimos 40 anos e mais de 50 carbamatos são conhecidos (WHO, 1986). Apresentam alta eficiência praguicida, principalmente, atividade inseticida, baixa ação residual e baixa toxicidade em longo prazo, com amplo espectro de uso. Atualmente, os carbamatos disponíveis no mercado são: Aldicarb (Temik®), Aminocarb (Metacil®), Carbaril (Sevin®), Carbofuran (Carboran®, Furadan®), Landrin (Landrin®), Metacalmato (Bux®), Metiocarb (Mesurol®), Metomil (Lannate®, Nudrin®), Mexacarbato (Zectran®), Propoxur (Baygon®, Unden®). Metais Pesados. O termo "metal pesado" costuma ser associado com contaminação e toxicidade e ecotoxicidade. Tais metais (e também os metalóides) são quimicamente muito reativos e bioacumuláveis, ou seja, os organismos não são capazes de eliminá-los. Chumbo: atinge o sistema nervoso, a medula óssea e os rins; Manganês: causa problemas respiratórios e efeitos neurotóxicos; Cobre: O cobre é um elemento que possui um papel fundamental no metabolismo dos organismos vivos, mas, em excesso, é muito tóxico. É considerado metal pesado por possuir a característica de se acumular no organismo e gerar possíveis reações tóxicas: bioacumulação. Piretróides. As piretrinas e piretróides são inseticidas seguros e raramente resultam em resíduos ou intoxicação e a baixa persistência no meio ambiente limita a probabilidade de resíduos tóxicos em plantas ou alimentos. Caso haja a exposição em quantidades adequadas eles são facilmente metabolizados pelo fígado e excretados pela urina, porém, em casos de grande exposição por via inalatória, cutânea ou digestiva pode trazer consequências e intoxicação. As piretrinas e piretróides são constantemente utilizadas no controle de pragas em lavouras, carrapatos e moscas em rebanhos pelo método de aspersão e podem se acumular no ambiente ou serem inalados.

43

elevada toxicidade, e os resultados obtidos até o momento (análises toxicológicas analisadas

juntamente com observações em procedimentos necroscópicos) sugerem um potencial risco

à saúde das antas, bem como de outras espécies que utilizam este ambiente antropizado.

Quadro 4 – Resultados de exames de toxicologia de amostras de material biológico coletado

durante procedimentos de necropsia de antas atropeladas em rodovias do Estado do Mato

Grosso do Sul. Fonte: Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB), IPÊ -

Instituto de Pesquisas Ecológicas.

CLASSE AGROTÓXICO AMOSTRA/QUANTIDADE MÍNIMA ENCONTRADA

AMOSTRA/QUANTIDADE MÁXIMA ENCONTRADA

Organofosforado MEVINFOS (PHOSDRIN) Coxim/probóscide

< 10 ppb Coxim/probóscide

301,90 ppb

Organofosforado MEVINFOS (PHOSDRIN) Fígado

< 10 ppb Fígado

69,60 ppb

Organofosforado MEVINFOS (PHOSDRIN) Sangue

< 10 ppb Sangue

73,20 ppb

Organofosforado MALATHION 500CE Coxim/probóscide

387,50 ppb Coxim/probóscide

462,2 ppb

Organofosforado MALATHION 500CE Fígado

< 10,0 ppb Fígado

< 70 ppb

Organofosforado MALATHION 500CE Sangue

< 10 ppb Sangue

92,90 ppb

Carbamato ALDICARB Conteúdo estomacal

0,13 μg/g Conteúdo estomacal

48,46 μg/g

Metais pesados CHUMBO Osso/unha 1,38 μg/g

Osso/unha 1,45 μg/g

Metais pesados COBRE Osso/unha 0,54 μg/g

Osso/unha 1,18 μg/g

Metais pesados COBRE Fígado

28,40 μg/g Fígado

91,5 μg/g

Metais pesados MANGANÊS Osso/unha 0,44 μg/g

Osso/unha 0,79 μg/g

Metais pesados MANGANÊS Fígado

1,10 μg/g Fígado

1,31 μg/g

Metais pesados CÁDMIO Fígado

0,51 μg/g Fígado

0,95 μg/g

Piretróides DELTAMETRINA Fígado

0,41 μg/g Fígado

0,85 μg/g

Piretróides PERMETRINA Fígado

0,26 μg/g Fígado

0,60 μg/g

44

3.4. Acidentes Rodoviários Documentados Envolvendo Anta Brasileira

Sendo a anta um animal de grande porte (adultos podem chegar a 300 quilogramas), toda e

qualquer colisão com este animal em rodovias pode resultar em acidente grave, com vítimas

feridas ou fatais (Figuras 35-44). Segundo a Polícia Rodoviária Federal, em 2014, cinco pessoas

morreram em 245 acidentes causados por animais em rodovias federais que cortam o Mato

Grosso do Sul. De janeiro a agosto de 2015, foram 160 acidentes causados por animais na pista e

uma pessoa morreu. No mesmo período em 2014, foram 153 acidentes com quatro mortes.

Inserções de mídia a respeito de colisões entre antas e usuários das rodovias do estado do

Mato Grosso do Sul são frequentes (Quadro 4).

Um breve levantamento de inserções de mídia online sobre colisões com antas e capivaras

gerou 16 matérias em canais de comunicação do estado do Mato Grosso do Sul entre março

de 2010 e junho de 2016, levando a 18 pessoas feridas e 18 que foram à óbito (Quadro 4,

Figuras 35-44). Destas, 11 envolveram colisões com anta, com 11 pessoas feridas e 15 que

foram à óbito, oito delas no mesmo acidente na BR-267 em 3 de setembro de 2015.

45

Quadro 4 – Inserções de mídia sobre colisões com animais silvestres, particularmente antas, em rodovias do Estado do Mato Grosso do Sul.

Data Rodovia Nº Feridos

Nº Mortos

Animal envolvido

Link

09/03/2010 BR-262 1 0 Capivara Capivara causa acidente na BR-262

http://www.correiodoestado.com.br/noticias/capivara-causa-acidente-na-br-

262/18743/

03/07/2011 BR-267 1 1 Capivara Homem morre em acidente causado por capivaras na BR-267

http://www.grandefm.com.br/arquivo/policial/homem-morre-em-acidente-

causado-por-capivaras-na-br-267-0c1b446222271df56651e4e794034daa

16/12/2012 MS-276 2 1 Capivara Passageira morre após carro atropelar capivara e bater em coqueiro

http://www.campograndenews.com.br/transito/passageira-morre-apos-carro-

atropelar-capivara-e-bater-em-coqueiro

19/01/2013 BR-262 0 4 Anta Quatro morrem após camionete atropelar anta e parar em ribanceira

http://www.campograndenews.com.br/transito/quatro-morrem-apos-camionete-

atropelar-anta-e-parar-em-ribanceira

01/05/2013 MS-276 1 1 Anta Bióloga, 27 anos e grávida de 7 meses, morre após acidente causado por anta

http://www.campograndenews.com.br/transito/biologa-27-anos-e-gravida-de-7-

meses-morre-apos-acidente-causado-por-anta

20/08/2013 BR-163 1 0 Anta Homem fica gravemente ferido após atropelar anta e capotar

http://idest.com.br/noticia-,homem-fica-gravemente-ferido-apos-atropelar-anta-e-

capotar,48065.htm

02/09/2013 Próximo

Pedro Gomes 0 1 Anta Motociclista morre ao atropelar anta em estrada de Pedro Gomes

http://www.correiodoestado.com.br/noticias/motociclista-morre-ao-atropelar-anta-

em-estrada-de-pedro-gomes/192620/

22/01/2014 MS-480 0 1 Capivara Homem atropela capivara, capota várias vezes e morre na MS-480

http://www.campograndenews.com.br/cidades/interior/homem-atropela-capivara-

capota-varias-vezes-e-morre-na-ms-480

46

Data Rodovia Nº Feridos

Nº Mortos

Animal envolvido

Link

18/08/2014 BR-262 3 0 Capivara Capivara entra na frente de veículo e causa acidente na BR-262

http://www.topmidianews.com.br/interior/noticia/capivara-entra-na-frente-de-

veiculo-e-causa-acidente-na-br-262

06/10/2014 BR-163 0 0 Anta Carro fica com frente destruída após acidente com anta em Caarapó

http://maracajunahora.com.br/carro-fica-com-frente-destruida-apos-acidente-com-

anta-em-caarap/

12/01/2015 MS-040 2 1 Anta Mulher morre e duas pessoas ficam feridas em acidente na MS-040

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2015/01/mulher-morre-e-duas-

pessoas-ficam-feridas-em-acidente-na-ms-040.html

03/09/2015 BR-267 2 8 Anta Van atropela anta, bate em carreta, pega fogo e 8 pessoas morrem

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2015/09/van-atropela-anta-bate-

em-carreta-pega-fogo-e-7-pessoas-morrem.html

21/10/2015 BR-267 1 0 Anta Família sofre acidente após motorista atropelar anta na BR-267

http://www.midiamax.com.br/transito/familia-sofre-acidente-motorista-atropelar-

anta-br-267-277995

21/11/2015 MS-040 1 0 Anta Causado por anta, acidente entre duas carretas fere motorista

http://bonitonet.com.br/artigo/18955/causado-por-anta--acidente-entre-duas-

carretas-fere-motorista

25/06/2016 BR-267 1 0 Anta Condutor fica ferido e anta morre em acidente com carro e carreta

http://www.correiodoestado.com.br/cidades/condutor-fica-ferido-e-anta-morre-

em-acidente-com-carro-e-carreta/280832/

26/06/2016 BR-359 2 0 Anta Carro capota depois de condutor desviar de anta e dois ficam feridos

http://www.correiodoestado.com.br/cidades/carro-capota-depois-de-condutor-

desviar-de-anta-e-dois-ficam-feridos/280884/

18 18

47

Registros Fotográficos de Acidentes com antas envolvendo usuários

Figura 35. Camionete após acidente com anta na BR-262 em 19/01/2013. Fonte: Campo Grande News - Quatro morrem após camionete atropelar anta e parar em ribanceira

Figura 36. Carro após acidente com anta na MS-276 com duas vítimas fatais em 01/05/2013. Fonte: Campo Grande News - Bióloga, 27 anos e grávida de 7 meses, morre após acidente causado por anta

Figura 37. Bióloga, grávida de 7 meses faleceu em acidente com anta na MS-276 em 01/05/2013. Fonte: Campo Grande News - Bióloga, 27 anos e grávida de 7 meses, morre após acidente causado por anta

Figura 38. Carro após acidente com anta na BR-163 em 20/08/2013. Fonte: Idest - Homem fica gravemente ferido após atropelar anta e capotar

Figura 39. Carro após acidente com anta na MS-040 em 12/01/2015. Fonte: G1 - Mulher morre e duas pessoas ficam feridas em acidente na MS-040

Figura 40. Acidente com van e caminhão carregado de glifosato provocado por anta em 03/09/2015 na BR-267, Nova Alvorada do Sul. Foto: INCAB, IPÊ. Fonte: G1 - Van atropela anta, bate em carreta, pega fogo e 8 pessoas morrem

48

Registros Fotográficos de Acidentes com antas envolvendo usuários

Figura 41. Acidente com van e caminhão carregado de glifosato provocado por anta em 03/09/2015 na BR-267, Nova Alvorada do Sul. Foto: INCAB, IPÊ. Fonte: G1 - Van atropela anta, bate em carreta, pega fogo e 8 pessoas morrem

Figura 42. Acidente com van e caminhão carregado de glifosato provocado por anta em 03/09/2015 na BR-267, Nova Alvorada do Sul. Foto: INCAB, IPÊ. Fonte: G1 - Van atropela anta, bate em carreta, pega fogo e 8 pessoas morrem

Figura 43. Acidente com van e caminhão carregado de glifosato provocado por anta em 03/09/2015 na BR-267, Nova Alvorada do Sul. Foto: INCAB, IPÊ. Fonte: G1 - Van atropela anta, bate em carreta, pega fogo e 8 pessoas morrem

Figura 44. Carro após acidente com anta na BR-267 em 21/10/2015. Fonte: Midiamax - Família sofre acidente após motorista atropelar anta na BR-267

49

4- Base Jurídica de Proteção à Fauna Silvestre Brasileira

O Brasil é signatário de importantes acordos e convenções internacionais, tanto no que diz

respeito à conservação de espécies quanto de habitats ameaçados. Adicionalmente,

legislações e normas nacionais também foram criadas, visando a conservação da

biodiversidade brasileira e proteção dos ecossistemas naturais.

No âmbito internacional, três Convenções fornecem o arcabouço legal para o tratamento

diferenciado das espécies consideradas ameaçadas de extinção: Convenção para a Proteção

da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América; Convenção de

Washington sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em

Perigo de Extinção (CITES), e Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB.

A Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da

América, ratificada pelo Decreto Legislativo nº 3, de 1948, em vigor no Brasil desde 26 de

novembro de 1965, foi promulgada pelo Decreto nº 58.054, de 23 de março de 1966. A

Convenção estabelece, por meio de seu artigo VII, que os países adotarão medidas

apropriadas "para evitar a extinção de uma espécie determinada". No artigo IX, define que os

países tomarão as medidas necessárias para a superintendência e regulamentação das

importações, exportações e trânsito de espécies protegidas de flora e fauna.

A Convenção de Washington sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna

Selvagens em Perigo de Extinção (CITES), da qual o Brasil é signatário, foi ratificada pelo Brasil

por meio do Decreto Lei nº 54/75 e promulgada pelo Decreto nº 76.623, de novembro de

1975. A CITES estabelece proteção para um conjunto de plantas e animais, por meio da

regulação e monitoramento de seu comércio internacional, particularmente aquelas

ameaçadas de extinção, de modo a impedir que este atinja níveis insustentáveis.

A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), por sua vez, foi ratificada pelo Brasil por meio

do Decreto Legislativo nº 2, de 8 de fevereiro de 1994. Em seu artigo 8º (alínea f), a CDB define

que os países devem "recuperar e restaurar ecossistemas degradados e promover a

recuperação de espécies ameaçadas por meio da elaboração e da implementação de planos

e outras estratégias de gestão".

50

No âmbito nacional, a Lei de Proteção da Fauna (nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967), como o

próprio nome estipula, dispõe sobre a proteção dos animais. Em seu artigo 1º, estabelece que

"os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem

naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos

e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização,

perseguição, destruição caça ou apanha".

A atual Constituição Brasileira, promulgada em 1988, também inclui um importante

instrumento legal para a proteção das espécies que compõem a nossa biodiversidade. Em seu

Capítulo VI, Art. 225, parágrafo 1º, inciso VII, determina como responsabilidade do Poder

Público "proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em

risco sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou submetam os animais à

crueldade".

Na prática, o Art. 225, parágrafo 1º, inciso VII da Constituição Federal começou a ser melhor

implementado por meio da Lei dos Crimes Ambientais, nº 9.605 (também conhecida como

Lei da Vida), de fevereiro de 1998, posteriormente regulamentada pelo Decreto nº 3.179, de

setembro de 1999. Esta Lei dispõe sobre as especificações das sanções penais e

administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Cabe ressaltar

que as sanções aplicáveis às infrações cometidas contra as espécies são ampliadas no caso

destas serem ameaçadas de extinção.

5- Medidas de Mitigação

A problemática do atropelamento de animais silvestre nas rodovias do Estado do Mato Grosso

do Sul consiste em um grave impacto à biodiversidade e não deve ser ignorado. Medidas de

mitigação como passagens de fauna inferiores, superiores, adaptações de drenagens fluvio-

pluviais para fauna, cercas, sinalização, redutores físicos e eletrônicos de velocidade, bem

como sistemas de detecção animal são implementadas em diversos países do mundo e

podem reduzir substancialmente o atropelamento de animais, conservando espécies e

aumentando a segurança dos usuários.

51

6- Considerações Finais

O Brasil é o país mais biodiverso do mundo e as espécies da fauna brasileira além de

representarem parte da riqueza biológica do país também desempenham papel fundamental

para manutenção e equilíbrio dos ecossistemas, prestando diversos serviços ecossistêmicos

à população.

Indiscutivelmente, as rodovias apresentam impactos crônicos à fauna silvestre e tais impactos

perduram por todo o tempo de operação do empreendimento. O atropelamento da fauna é

um impacto visível e mensurável que deve ser mitigado e compensado com urgência.

Profissionais capacitados, diversas técnicas e métodos, equipamentos e tecnologias estão

acessíveis para que os órgãos competentes do Estado se mobilizem em adquiri-los, aplica-los

como medidas de mitigação a fim de que tanto a biodiversidade faunística do Estado seja

protegida tanto a segurança do usuário seja aumentada.

As rodovias do Mato Grosso do Sul funcionam como verdadeiros drenos de indivíduos da

fauna silvestre e a continuação das perdas de espécimes não podem mais ser tolerada, desta

forma é urgente que sejam tomadas medidas para prevenção, mitigação das colisões em

rodovias envolvendo fauna silvestre bem como, inclusive, a compensação dos indivíduos

perdidos nestes eventos de atropelamento.

52

7- Referências Bibliográficas

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