relatorio supremo em numeros - o supremo e o tempo

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2014 em números Apoio: III Relatório Supremo em Números O Supremo e o Tempo Joaquim Falcão Ivar A. Hartmann Vitor P. Chaves NOVAS IDEIAS EM DIREITO RESULTADOS DE PESQUISA em números

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A morosidade é problema crônico do Judiciário brasileiro, tendo já sido objeto de incontáveis estudos. igualmente numerosas são as medidas adotadas para atacar o problema, incluindo o reconhecimento do direito fundamental à razoável duração do processo e metas de diversos órgãos judiciais. oSupremo Tribunal Federal não é exceção: os ministros convivem constantemente com a morosidade e já adotaram diversas medidas para vencê-la ou ao menos mitigá-la. A FGV Direito rio reconhece o valor de tais iniciativas e, como forma de apoio incondicional ao STF, produziu o presente relatório, o terceiro do projeto Supremo em Números. oobjetivo é dar aos ministros as informações necessárias para viabilizar as iniciativas mencionadas de combate à morosidade. otempo é um fator crucial para qualquer Tribunal. Nesse relatório mostramos em detalhes o que o tempo significa para o Supremo.

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  • 2014

    em nmerosApoio:

    III Relatrio Supremo em Nmeros

    O Supremo e o Tempo

    III Relat

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    em nmeros

  • III Relatrio Supremo em Nmeros O Supremo e o Tempo

  • Todos os direitos desta edio reservados FGV DireiTo rio

    Praia de Botafogo, 190 | 13 andar

    rio de Janeiro | rJ | Brasil | CeP: 22250-900

    Tel.: (55 21) 3799-5445 | Fax: (55 21) 3799-5335

    www.fgv.br/direitorio

  • III Relatrio Supremo em Nmeros O Supremo e o Tempo

    Joaquim Falco

    ivar A. Hartmann

    Vitor P. Chaves

  • eDio FGV DireiTo rio

    obra Licenciada em Creative Commons

    Atribuio Uso No Comercial No a obras Derivadas

    Fechamento da 1 edio em setembro de 2014

    Site do projeto: supremoemnumeros.fgv.br

    este livro consta na Diviso de Depsito Legal da Biblioteca Nacional.

    Os conceitos emitidos neste livro so de inteira responsabilidade dos autores.

    Coordenao: Sacha Mofreita Leite, Thas Teixeira Mesquita e rodrigo Vianna

    Capa: FGV DireiTo rio

    Diagramao: Cristiana ribas

    Reviso: Vnia Maria Castro de Azevedo

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV

    iii relatrio Supremo em Nmeros : o Supremo e o tempo / Joaquim Falco, ivar A. Hartmann, Vitor P. Chaves. - rio de Janeiro : escola de Direito do rio de Janeiro da Fundao Getulio Vargas, 2014. 151 p. : il.

    iSBN: 978-85-63265-34-0 1. Brasil. Supremo Tribunal Federal. 2. Poder judicirio Brasil. i. Falco, Joaquim, 1943- ii. Hartmann, ivar Alberto Martins. iii. Chaves, Vitor Pinto. iV. escola de Direito do rio de Janeiro da Fundao Getulio Vargas.

    CDD 341.419

  • Equipe

    Joaquim Falco

    Diretor da FGV DIREITO RIO

    Daniel Vargas

    Coordenador do Centro de Justia e Sociedade (CJUS)

    e Professor da FGV DIREITO RIO

    ivar A. Hartmann

    Coordenador do Projeto e Professor da FGV DIREITO RIO

    Daniel Chada

    Engenheiro Chefe

    Felipe Arajo

    Pesquisador

    Pedro Delfino

    Pesquisador

    Bianca Dutra

    Pesquisadora

    David Schechtman

    Pesquisador

    Gabriel Dias

    Pesquisador

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    .fg

    v.b

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  • Agradecimentos

    A pesquisa que viabilizou esse relatrio comeou ainda no final de 2012.

    Desde ento a equipe do projeto Supremo em Nmeros trabalhou duro,

    em frentes diferentes e paralelas, para processar, levantar, analisar, corrigir,

    testar, reavaliar e relatar os dados aqui publicados. os autores agradecem

    especialmente ao engenheiro chefe do projeto, Daniel Chada, e aos pesqui-

    sadores Gabriel Monteiro Dias Maciel, Felipe Arajo Silva, Bianca Dutra da

    Silva rego, Pedro Delfino e David Schechtman.

    Uma primeira verso do relatrio foi submetida inicialmente ao crivo

    rigoroso dos professores e pesquisadores do Centro de Justia e Sociedade

    da FGV Direito rio. Pela anlise cuidadosa e preciosos comentrios agrade-

    cemos especialmente aos professores Diego Werneck Arguelhes e Daniel

    Vargas e pesquisadora Adriana Lacombe Coiro.

    em um segundo momento, o relatrio foi ento apresentado a acad-

    micos e profissionais com conhecimento profundo de direito constitucional

    e processual e larga experincia. Seus conselhos foram de enorme valor e

    influenciaram muito a verso final do trabalho. Agradecemos ao ex-ministro

    do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim; ao ministro do Supremo Tribunal

    Federal Lus roberto Barroso; ao juiz e ex-conselheiro do Conselho Nacional

    de Justia Jos Guilherme Vasi Werner; aos advogados eduardo Ferro e

    Jos rollemberg Leite Neto; equipe de dirigentes da Secretaria-Geral de

    Contencioso da Advocacia Geral da Unio; ao Procurador-Geral Federal Mar-

    celo de Siqueira Freitas; na pessoa de Janana Penalva, aos pesquisadores

    do Departamento de Pesquisas Judicirias do Conselho Nacional de Justia;

    aos professores e alunos do grupo de pesquisa Direitos Fundamentais do

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s8

    professor ingo W. Sarlet e do grupo de pesquisa Processos Coletivos do

    professor Jos Maria Tesheiner, ambos do Programa de Ps-Graduao em

    Direito da PUC-rS; e, na pessoa do professor rubens Glezer, aos professo-

    res e alunos do Programa de Ps-Graduao em Direito da FGV Direito SP.

  • Sumrio

    Sumrio Executivo 11

    Introduo 23

    As Liminares 29

    O Art. 12 da Lei 9.868/99 e a ausncia

    das liminares no controle concentrado 53

    A Publicao de Acrdos 67

    O Tempo at o Trnsito em Julgado 79

    Os Pedidos de Vista dos Ministros do Supremo 89

    Processo Concluso ao Relator 101

    Concluso 111

    Anexo I Descrio dos Processos nas Listas de Top 10 119

    Anexo II Glossrio de Classes Processuais 143

  • Sumrio Executivo

    I. Introduo. A morosidade problema crnico do Judicirio brasileiro, tendo

    j sido objeto de incontveis estudos. igualmente numerosas so as medidas

    adotadas para atacar o problema, incluindo o reconhecimento do direito fun-

    damental razovel durao do processo e metas de diversos rgos judiciais.

    o Supremo Tribunal Federal no exceo: os ministros convivem constan-

    temente com a morosidade e j adotaram diversas medidas para venc-la ou

    ao menos mitig-la. A FGV Direito rio reconhece o valor de tais iniciativas e,

    como forma de apoio incondicional ao STF, produziu o presente relatrio, o

    terceiro do projeto Supremo em Nmeros. o objetivo dar aos ministros as

    informaes necessrias para viabilizar as iniciativas mencionadas de com-

    bate morosidade. o tempo um fator crucial para qualquer Tribunal. Nesse

    relatrio mostramos em detalhes o que o tempo significa para o Supremo.

    Com o fulcro em nossa base de dados, produzimos os seguintes indi-

    cadores temporais da atuao do STF: i) o tempo at uma deciso liminar;

    o tempo entre a tomada de uma deciso liminar e a deciso definitiva de

    mrito; ii) o reflexo da adoo do art. 12 da Lei 9.868/99 para a celeridade

    de tramitao das aes de controle abstrato de constitucionalidade; iii) a

    expectativa, a partir da respectiva sesso de julgamento, para a publicao

    de acrdos; iV) o prazo, a contar do incio do processo no Supremo, para o

    efetivo trnsito em julgado; V) o impacto temporal dos pedidos de vistas dos

    ministros; e Vi) o tempo pelo qual os processos ficam conclusos ao relator.

    esses indicadores, caso a caso, foram desdobrados a partir de classes

    processuais, temas relevantes, evoluo anual, a atuao dos ministros da

    Corte e os dez casos limite.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s1 2

    II. As Liminares. o termo liminares refere-se, de maneira geral, a deci-

    ses que, por natureza, possuem carter provisrio e de urgncia. Sua fun-

    o, via de regra, evitar que a demora na prestao jurisdicional ocasione

    perecimento de direitos. Decises liminares deveriam, portanto, ser instru-

    mentos processuais voltados a assegurar a efetividade do sistema judicial.

    Todavia, essa viso normativa encontra-se bastante dissociada da realidade.

    embora no haja formalmente prazos para a tomada de deciso defi-

    nitiva aps o deferimento de uma liminar, a sua provisoriedade representa,

    por um lado, uma garantia, mas, em perodos longos de vigncia, fonte

    de insegurana. nesse contexto que o indicador ora apresentado assume

    relevncia como parmetro de eficincia da atuao do STF.

    Na anlise emprica do uso de decises liminares no Supremo, h duas

    perguntas gerais que foram adotadas:

    a) Quanto tempo decorre entre o incio do processo e a deciso liminar?

    Constatou-se que a mdia de tempo que decorre entre o incio do pro-

    cesso e a deciso liminar de 44 dias. A mdia no controle concentrado de

    constitucionalidade mais alta do que nas demais aes, ficando na faixa

    de 150 dias em ADi e ADPF. Abaixo da mdia esto os rHCs e SS, ambos

    com 30 dias, e os HCs, com 27 dias.

    A classificao em razo do assunto traz direito penal e processual penal

    como os assuntos de liminares mais rapidamente decididas. Algo esperado,

    pois so os assuntos dos milhares de HCs que o Supremo julga. J as limina-

    res em direito do consumidor e direito civil so aquelas que mais demoram

    a sair: 94 e 82 dias, respectivamente.

    enquanto o Min. Fux leva em mdia 72 dias para decidir sobre pedidos

    de liminar, o Min. Teori Zavascki, com tempo de corte parecido e atuando na

    mesma poca, leva 15 dias. entre os ministros com vrios anos de Tribunal e

    que atuaram nos ltimos anos, de nmero gigantesco de processos, o Min.

    eros Grau aquele com menor mdia, 16 dias, seguido do Min. Lewando-

    wski, com 17 dias.

    A evoluo, nos ltimos 10 anos, entre os ministros atuais e aqueles que

    saram h pouco tempo do Supremo, permite uma avaliao mais detalhada.

    Primeiro, possvel notar que a partir de 2004 no h um padro de dimi-

    nuio na durao mdia das liminares, muito embora tenha sido includo

    na Constituio o direito fundamental durao razovel do processo. Tam-

    bm fica claro que no h um padro no tempo para julgar a liminar entre

    os ministros. em 2012, enquanto o Min. Joaquim Barbosa levou em mdia

  • S u m r i o e x e c u t i v o 1 3

    15 dias, o Min. Marco Aurlio levou 64 dias mais do que o qudruplo de

    tempo. em 2010, a heterogeneidade no tratamento das liminares de acordo

    com cada ministro ainda mais evidente.

    curioso que, mesmo aps o fenomenal salto no nmero de decises

    liminares a partir de 2002, a mdia de tempo necessrio para produz-las

    tenha ficado apenas estvel e depois, inclusive, cado. A mdia de dias nunca

    chegou a 100, ficando entre 25 e 60 dias nos ltimos 10 anos.

    b) Quanto tempo permanecem vigentes as liminares que foram conce-

    didas ou parcialmente concedidas?

    Quanto ao tempo entre a deciso liminar e a posterior deciso de mrito

    que veio a confirmar ou derrubar a liminar, a mdia geral, quando considera-

    dos todos os tipos processuais, de 653 dias. Nas ADis a mdia de vigncia

    de uma deciso liminar de 6,2 anos. Dentre as classes processuais com

    nmero significativo de processos para contagem, aquela com a menor

    mdia de vigncia o Habeas Corpus: 286 dias.

    Ao considerar as liminares ainda vigentes, percebem-se mdias signi-

    ficativamente maiores. A mdia geral de 2.416 dias o equivalente a 6,6

    anos de durao at dezembro de 2013.

    entre as liminares j confirmadas ou derrubadas, aquelas de Direito

    Tributrio tm a mais longa durao mdia, 3,4 anos, acima dos 3,1 anos

    de Direito Civil. Na outra ponta, com durao mdia mais curta esto as

    liminares de Direito Penal e Direito Processual Penal, com 301 e 343 dias,

    respectivamente.

    o ministro cujas liminares sobrevivem mais tempo, em mdia, o Min.

    Sydney Sanches, j aposentado: 2,1 anos. em segundo lugar est o Min.

    Nelson Jobim, com cerca de 2 anos. As liminares do Min. Fux duram em

    mdia 1,2 ano. A mdia impressiona dado quo recente sua nomeao

    como ministro da Corte. J entre as liminares que ainda estavam em vigor

    no final de 2013, as mdias so ligeiramente maiores. A maior delas pertence

    ao Min. Joaquim Barbosa, com 8,3 anos.

    possvel perceber enorme diferena entre a vigncia das liminares de

    diferentes ministros, ainda que se trate de decises de um mesmo ano. As

    liminares emitidas pelo Min. Ayres Britto em 2006, por exemplo, perma-

    neceram vigentes em mdia 1.398 dias. J aquelas da Ministra ellen Gracie

    duraram apenas 46 dias.

    No detalhe dos ltimos 10 anos, com os ministros atuais e aqueles que

    saram do Supremo recentemente, possvel notar certa diminuio de

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s1 4

    algumas das mdias. No caso dos Mins. Celso de Mello, Joaquim Barbosa e

    Peluso a queda constante.

    III. O Art. 12 da Lei 9.868/99 e Ausncia de Liminar no Controle Concen-

    trado. A lentido entre decises liminares e definitiva de mrito, conforme

    apresentado no tpico anterior, no diagnstico novo. em resposta a

    esse cenrio, a Lei n 9.868, de 10 de novembro de 1999, traz ao relator

    do processo a possibilidade de escolha. Diante de um pedido de deciso

    liminar, se entender que a questo absolutamente urgente, o relator pode

    decidir abreviar o andamento do processo, deixando de julgar a liminar

    para imediatamente julgar o mrito da questo. A ideia que com isso o

    processo seria encurtado. Apesar de no estar presente expressamente

    na Lei n 9.882/1999, alm das ADis e ADCs, tal dispositivo aplicvel

    por analogia s arguies de descumprimento de preceitos fundamentais

    (ADPFs).

    o rito previsto no art. 12 foi adotado em 1.711 processos. Mais da metade

    das ADis a partir de 1999 passaram a transitar pelo rito acelerado do art.

    12 isto , 1.672 ADis. No caso das demais classes processuais a concen-

    trao muito menor. So apenas 17 ADPFs, ou 11% daquelas protocoladas

    desde o precedente que reconheceu a possibilidade de tal rito tambm

    nessa classe processual.

    Contabilizamos os dias decorridos entre a deciso do ministro relator

    do processo no sentido de passar ao rito do art. 12 e a posterior deciso de

    mrito (a data da sesso de julgamento, no caso de decises colegiadas),

    cuja urgncia havia justificado tal medida. A mdia geral de 929 dias ou

    2 anos e meio. Nos processos em que a deciso ainda no ocorreu, a con-

    tagem foi feita entre a data da adoo do rito e aquela do final do recorte

    temporal da base de dados 31 de dezembro de 2013. Nesses a mdia geral

    de 1.748 dias ou 4,8 anos.

    A mdia mais alta entre as ADis com deciso de mrito pendente

    1.763 dias, ou 4,8 anos. A mdia muito maior do que aquela das ADis j

    decididas, com 933 dias 2,6 anos. A segunda maior mdia aquela das

    ADPFs com deciso pendente: 1.063 dias ou 2,9 anos.

    entre os processos j decididos, a maior mdia daqueles que versam

    sobre Direito Penal: 5,5 anos. A segunda maior mdia a dos processos de

    Direito Tributrio, com 4,2 anos. As mdias mais curtas, de cerca de 2 anos

    e meio, so dos processos de Consumidor e Processo Civil e Trabalhista.

  • S u m r i o e x e c u t i v o 1 5

    Dos processos j decididos, a maior espera, em mdia, desde a adoo

    do rito daqueles processos em que o relator era o Min. Peluso. So em

    mdia 4,5 anos at o julgamento do processo. o ministro aposentado Sydney

    Sanches tem a mdia mais curta. Nos processos em que ele adotou o rito

    do art. 12 o julgamento ocorreu, em mdia, aps 39 dias.

    Ainda quando consideramos a mdia de cada ministro em um mesmo

    ano, existe enorme discrepncia entre a mdia de durao do rito do art.

    12 para cada relator. Dois anos depois da eC 45, nos processos de relatoria

    do Min. Lewandowski, o rito durou em mdia 75 dias. Mas, quando o Min.

    Peluso adotou o rito, a durao mdia foi de 1.308 dias. Ainda em 2011 essa

    grande disparidade se mantinha. A mdia do Min. Celso de Mello de 141

    dias e a do Min. Marco Aurlio de 898 dias.

    A mdia de dias transcorridos at o julgamento do processo aumen-

    tou at 2010, quando ento parece ter estabilizado em cerca de 1.500

    dias. Aqui, a queda do nmero de processos novos no parece ter sido

    acompanhada por uma queda no tempo mdio para julgar os processos

    do rito do art. 12.

    Quando se considera que o procedimento do art. 12 da Lei n 9.868/99

    foi criado h menos de 15 anos (novembro de 1999), possvel apontar

    tendncia de que o tempo estimado de julgamento das aes relevantes

    de controle de constitucionalidade no tem sofrido o efeito esperado. Com

    isso, da perspectiva estrutural, de se colocar em xeque a suficincia atual

    da medida legal para seus propsitos originrios.

    IV. A Publicao de Acrdos. os acrdos so o contedo escrito da

    deciso de um caso que foi julgado coletivamente, por um conjunto de juzes.

    o resultado da votao e, portanto, tambm a prpria deciso somente so

    oficializados com a publicao do acrdo em forma escrita.

    apenas com a publicao dos acrdos que as decises do tribunal

    podero consolidar-se como jurisprudncia. Sem a divulgao escrita e oficial

    dos fundamentos da deciso, as partes, os advogados e os interessados em

    geral no tm como dispor dos argumentos especficos que podero ser uti-

    lizados em situaes similares, seja no STF ou em outros tribunais brasileiros.

    o pargrafo nico do art. 95 do atual regimento interno do STF (riS-

    TF redao de 1980) dispe, de forma mais especfica, que salvo motivo

    justificado, a publicao no Dirio da Justia far-se- dentro do prazo de

    sessenta dias, a partir da sesso em que tenha sido proclamado o resultado

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s1 6

    do julgamento. Na realidade, constata-se que tal prazo sempre extrapo-

    lado pelas mdias encontradas.

    A mdia geral de 167 dias. A rvC, ou reviso criminal, o tipo de pro-

    cesso cujos acrdos demoram mais tempo para serem publicados: 1 ano e

    meio. em segundo lugar esto as ADCs, com 1,3 ano. Um j distante terceiro

    lugar ocupado pelas ADis, com 368 dias. As Crs, ou cartas rogatrias, tm

    a mdia mais rpida, em 100 dias, cerca de 0,3 ano.

    Nos processos de direito do consumidor a publicao feita de maneira

    mais rpida que em qualquer outro assunto: 75 dias. Direito penal o se-

    gundo assunto com mdia mais alta: 197 dias. em qualquer assunto a mdia

    est acima do prazo regimental.

    os Ministros Teori Zavascki e roberto Barroso, os mais novos membros

    do Supremo, tm as menores mdias: 23 e 32 dias, respectivamente. esto

    ainda com mdias dentro do prazo os Ministros Djaci Falco (34 dias), Luiz

    Fux (41 dias), Cezar Peluso (46 dias), rosa Weber (51 dias), ricardo Lewan-

    dowski (55 dias) e Dias Toffoli (59 dias). o Min. Celso de Mello tem mdia

    de 679 dias, mais de dez vezes o prazo regimental.

    os dados detalhados confirmam a excepcionalidade da performance do

    Min. Celso de Mello e identificam o pior ano. So os acrdos de decises

    colegiadas tomadas em 1998 que mais demoraram a sair: em mdia 3.082

    dias ou 8 anos e meio. Mas h alguns ministros cuja mdia de dias para pu-

    blicao dos acrdos de sua relatoria fica bem acima dos demais em anos

    isolados. o caso dos acrdos do Min. Nri da Silveira em 1989, do Min.

    Velloso em 2000, do Min. Jobim em 2001 e do Min. Ayres Britto em 2003.

    Ao longo dos anos a mdia geral de dias para publicao passou de mais

    de cerca de 200 dias nos anos 1990 para menos de 100 dias a partir de 2006.

    V. O Tempo at o Trnsito em Julgado. o tempo decorrido at o trnsito

    em julgado indicador que mensura o tempo que um processo demora entre

    sua entrada no Supremo e a ltima deciso, da qual no cabe mais recurso.

    Sua relevncia consiste em ser o nico indicador que espelha a completude

    da tarefa do STF. Trnsito em julgado a expresso usada para indicar que

    a deciso deve ser cumprida, pois no mais possvel mud-la com um recur-

    so. isso significa dizer que as variveis a seguir apresentadas representam,

    de forma mais direta, a partir de critrios como classe processual, assunto

    e relator, o tempo mdio que o Supremo demora a resolver os conflitos que

    lhes so trazidos. A mdia geral de 330 dias.

  • S u m r i o e x e c u t i v o 1 7

    A mdia de 5,3 anos da ADi alta, porm pode-se dizer que algo es-

    perado em funo da complexidade envolvida nos processos do controle

    concentrado. Por outro lado, isso no explicaria a grande diferena entre a

    mdia da ADi e aquela da Arguio de Descumprimento de Preceito Fun-

    damental (ADPF), que de 2,7 anos. Tambm a Ao Direta de Constitu-

    cionalidade (ADC) traz a complexidade envolvida na ADi e, no entanto, tem

    quase a metade da mdia desta 3 anos.

    J as mdias de processos como o HC (310 dias), o MS (1,7 ano) e o

    Mandado de injuno (1,4 ano) so muito inferiores, porm altas se con-

    siderarmos o carter de urgncia na tutela de direitos individuais que

    comum a essas classes processuais. o re e o Ai, que at h pouco eram a

    principal via de entrada de recursos no Supremo, tm mdias de 379 e 281

    dias, respectivamente. o Agravo em recurso extraordinrio, a nova porta

    dos recursos no Supremo, tem mdia bem inferior: 133 dias.

    os processos que tratam de questes tributrias tm a maior durao

    mdia, de 1,3 ano. o assunto que resolvido mais rapidamente pelo Supremo

    Direito do Consumidor, com mdia de 188 dias.

    Apesar de no ser o nico ator a influenciar a durao do processo,

    o relator tem a responsabilidade central pelo seu adequado andamento,

    podendo exigir rapidez das partes, dos rgos cartorrios e similares e de-

    vendo sinalizar ao Presidente do colegiado quando um processo seu est

    aguardando pauta h tempo demais.

    No intervalo dos ltimos dez anos, analisamos a situao dos ministros

    atuais ou que deixaram o Tribunal recentemente. possvel notar que a

    eC45 no importou em diminuio generalizada das mdias, como inclusive

    atesta a linha mediana. Mais que isso, a mdia de durao dos processos de

    vrios ministros aumentou desde a reforma. Por outro lado no parece haver

    qualquer padro na maneira como cada gabinete processa as demandas.

    em 2010 a mdia do Min. Gilmar foi de 146 dias, a do Min. Ayres foi de 422

    e a do Min. Joaquim Barbosa foi 1.178.

    Ao longo dos 25 anos, as mdias parecem ficar sempre entre 100 e 600

    dias, com algumas excees. de certa forma contraintuitivo que a mdia

    dos ministros nos ltimos anos seja praticamente a mesma seno at infe-

    rior, em seu conjunto quela dos ministros na metade da dcada de 1990.

    Atualmente os ministros enfrentam uma carga de processos no mnimo trs

    vezes maior do que a dos seus colegas h 20 anos.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s1 8

    VI. Os Pedidos de Vista dos Ministros do Supremo. No Brasil, algumas

    decises judiciais so coletivas (colegiadas). Nesses casos, cada um dos

    juzes profere seu voto em uma ordem predefinida. Durante o julgamento

    coletivo, qualquer um dos juzes pode a qualquer momento decidir que

    precisa estudar melhor o processo, analisando-o com mais cuidado. A essa

    ao se d o nome de pedir vista. Quando um magistrado pede vista do

    processo, o julgamento interrompido e s ser retomado quando o juiz

    terminar de estudar o caso e fizer a devoluo do processo, que normalmente

    acompanhado de seu voto por escrito.

    o senso comum entre os operadores do Direito no Brasil o de que, em

    casos de grande impacto perante o Supremo Tribunal Federal, sempre h

    a formulao de pedidos de vista por parte dos ministros. existe tambm a

    impresso de que algumas vezes esse instituto pode ser utilizado de forma

    no recomendvel.

    o total de pedidos de vista formulados pelos ministros do Supremo

    Tribunal Federal de 2.987. Desses, 124 no haviam ainda sido devolvidos

    at 31 de dezembro de 2013. os outros 2.863 j haviam sido devolvidos. A

    mdia de durao daqueles ainda no devolvidos de 1.095 dias. entre os

    j devolvidos de 346 dias. H vrios processos com mltiplos pedidos,

    seja do mesmo ministro, seja de ministros diferentes. Se contarmos apenas

    aqueles processos que passaram por uma deciso colegiada no mesmo

    perodo 99.876 processos, ento os pedidos de vista foram feitos em 2,2%

    daqueles processos nos quais eram uma possibilidade.

    entre os pedidos de vista devolvidos, 2.215 foram fora do prazo. outros

    648 foram devolvidos dentro do prazo: 22,6% do total. entre aqueles em

    aberto, 117 j haviam passado do prazo em 31 de dezembro de 2013. os 7

    que ainda estavam no prazo perfazem 6% do total.

    os pedidos de vista nas aes do controle concentrado so geralmente

    os de maior impacto. os pedidos de vista devolvidos em ADi tomaram em

    mdia 1,2 ano, ao passo que aqueles em aberto j duravam 3,7 anos no final

    de 2013. os pedidos devolvidos em ADPFs alcanam mdia de 1,9 ano. J nos

    res e Ais, que so supostamente menos complexos, os pedidos devolvidos

    duram em mdia 1,3 e 3,4 anos, respectivamente.

    o assunto com maior nmero de pedidos de vista j devolvidos Direito

    Administrativo 950. Mas a maior mdia de durao ocorre nos processos

    de Direito do Trabalho, com 1,9 ano. H apenas 9 pedidos sobre Direito do

    Consumidor, mas eles duraram em mdia 1,2 ano. A durao menor em

  • S u m r i o e x e c u t i v o 1 9

    processos de Direito Penal e Processo Penal, com 209 e 163 dias, respec-

    tivamente.

    A ideia de que os pedidos de vista so feitos para melhor estudar e

    compreender o processo tambm no encontra confirmao quando so

    analisados os pedidos de cada ministro.

    o ministro aposentado Nelson Jobim tem a maior mdia de durao

    dos pedidos, seguido pela ministra Carmen Lcia e pelo ministro Peluso. em

    quantidade de pedidos por ms, o ministro Toffoli vem em primeiro lugar,

    seguido pelo ministro Fux. o ministro Jobim est em terceiro.

    VII. Processo Concluso ao Relator. Um processo judicial tem uma srie de

    passos ou etapas que devem ser percorridos at a deciso uma sucesso

    previsvel de eventos que ocorrem de maneira organizada visando resposta

    do Judicirio sobre um pedido feito por uma das partes (normalmente) em

    prejuzo da outra.

    Uma das etapas possveis aquela logo aps algum pedido ou mani-

    festao da parte. ou aps j estarem reunidos todos os documentos ou

    provas necessrios para que o juiz tome sua deciso. Quando por um desses

    motivos, ou outro qualquer, o juiz ou no caso do Supremo, o ministro relator

    do processo deve se manifestar, dar uma resposta, diz-se que o processo

    est concluso a ele. Concluso ao relator significa, portanto, aguardando

    uma resposta/ao/deciso do julgador.

    As ADis ficam em mdia 150 dias conclusas aguardando resposta ou enca-

    minhamento por parte do relator. No caso das ADPFs, a mdia de 98 dias, e

    nos Mis de 89 dias. No entanto, a mdia nas ADCs (64 dias) inferior quela

    nos Ares (76 dias) e os Ares so atualmente o principal tipo de recurso de

    massa no Supremo. outra comparao cujos resultados so contraintuitivos: o

    relator demora 38 dias para se manifestar nos HCs, um remdio constitucional

    rpido e de impacto apenas individual, mas leva 20 dias, praticamente a me-

    tade disso, quando os processos so intervenes federais (iF), que podem

    tratar do funcionamento geral de um estado brasileiro.

    Nos processos sobre Direito Tributrio o relator leva em mdia 182 dias

    para agir quando provocado. Naqueles de Direito Administrativo o tempo

    de 153 dias. Mas, por fora dos HCs, quando o tema Processo Penal, a

    mdia de 54 dias. e quando se trata de Direito Penal Material so 64 dias.

    entre os assuntos que no so afetados por HCs, Direito do Consumidor

    o mais rpido, com 77 dias.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s2 0

    o Min. Joaquim Barbosa leva em mdia 283 dias para decidir ou dar o

    necessrio encaminhamento ao processo. o Min. oscar Corra levava 13

    dias, o mais rpido. entre os atuais membros do Tribunal, o Min. Barroso

    tem a menor mdia: 40 dias.

    possvel perceber que entre 1997 e 2001 o Min. Seplveda Pertence

    alcanou sempre a maior mdia, acima de 400 dias em qualquer desses

    anos. o Min. Joaquim Barbosa teve um perodo parecido entre 2003 e 2006,

    porm no comparvel em valores, j que a sua mdia ficou normalmente

    na faixa de 300 dias.

    outro dado interessante que boa parte dos ministros termina com uma

    mdia menor do que comeou. As linhas normalmente vo aproximando-se

    do zero com o passar dos anos. isso sugere que os ministros aprendem a

    melhor administrar os processos e o gabinete com o tempo, o que por sua

    vez representaria uma oportunidade de melhora institucional.

    No perodo aps a eC45, possvel perceber que no h um impacto

    generalizado da consagrao do direito fundamental razovel durao do

    processo. Muito pelo contrrio, alguns dos ministros at apresentam aumento

    da mdia aps 2004, com posterior diminuio lenta ou rpida, dependen-

    do do caso. Como em outros indicadores, aqui tambm nota-se uma clara

    falta de padronizao no processamento das demandas pelos diferentes

    gabinetes. Tome-se, a ttulo de exemplo, o ano de 2008. H ministros com

    mdia prxima dos 300 dias (Marco Aurlio e Joaquim Barbosa), outra na

    faixa de 200 (ellen Gracie), dois perto dos 100 (Ayres Britto e Crmen Lcia),

    vrios prximos da mediana e, no outro extremo, dois com cerca de 40 dias

    (Gilmar Mendes e Celso de Mello).

    VIII. Concluso. A relao do Supremo com o tempo s vezes pro-

    dutiva, s vezes cruel, porm sempre decisiva. os dados comprovam a

    urgncia de que o Supremo repense sua relao com o tempo. No

    necessrio e nem recomendvel esperar a soluo do problema da carga

    de trabalho. Boa parte dos indicadores mostra que o tempo no neces-

    sariamente influenciado pela quantidade de processos que chegam

    para os ministros.

    H uma total falta de padronizao que cria grande discrepncia entre a

    durao da mesma etapa do processo sob a relatoria de ministros diferentes

    e faz com que processos de classes processuais ou assuntos muito similares

    tenham duraes totalmente diversas.

  • S u m r i o e x e c u t i v o 2 1

    preciso repensar a gesto dos processos do Supremo. A total auto-

    nomia de cada ministro sobre como decidir inalienvel, mas no pode ser

    confundida com uma total autonomia da gesto processual. os processos

    no pertencem a um ou outro ministro. So sempre, acima de tudo, processos

    do Supremo. A gesto processual precisa ser minimamente sistematizada,

    possivelmente pelo Presidente do Tribunal, a partir da criao de regras

    que estabeleam a racionalidade e a padronizao de critrios de gesto

    em todos os gabinetes. Somente assim possvel garantir um mnimo de

    segurana jurdica s partes sobre o tempo da tramitao de seu processo

    no Supremo. Da mesma forma, a racionalizao e sistematizao da gesto

    processual no Supremo necessariamente o primeiro passo para atacar a

    morosidade diagnosticada nesse relatrio.

    o tempo no Supremo acima de tudo uma questo de atitude. o presen-

    te relatrio oferece aos ministros um guia detalhado sobre quais dimenses

    dessa atitude precisam ser repensadas para permitir que o Tribunal venha

    a se tornar temporalmente vivel.

  • IIntroduo

    A todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a razovel du-

    rao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao.

    H quase 10 anos, esse dispositivo foi includo (emenda Constitucional n 45,

    de 30 de dezembro de 2004) como o inciso LXXViii do art. 5 da Constituio

    Federal. Desde ento, formalmente, cada cidado brasileiro tem a razovel

    durao do processo judicial como um direito fundamental explcito.

    Com efeito, a relao entre o Poder Judicirio e o tempo, sempre enfati-

    zada nos discursos acadmicos e polticos, especialmente pela morosidade

    nas tomadas de deciso, passou a ter a Constituio como elo positivado

    de ligao.

    em torno dessa nova referncia, por exemplo, os presidentes dos trs

    poderes celebraram dois pactos republicanos. o primeiro denominado

    Pacto de estado em Favor de um Judicirio mais rpido e republicano

    (exposio de Motivos n 204, de 15 de dezembro de 2004). e o segundo

    identificado como ii Pacto republicano de estado por um Sistema de Jus-

    tia mais Acessvel, gil e efetivo.

    Porm, talvez o maior aliado do direito durao razovel do processo

    tenha sido criado pela mesma eC 45/2004: o Conselho Nacional de Justia

    (CNJ).

    o CNJ rgo de controle da atuao administrativa, financeira e dis-

    ciplinar do Poder Judicirio tem sido instituio importante na tentativa

    de dar concretude ao princpio da durao razovel do processo. No exer-

    ccio de sua competncia constitucional (art. 103-B, 3 e 4), o CNJ tem

    produzido relatrios anuais Justia em Nmeros com estatsticas sobre

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s2 4

    os rgos do Poder Judicirio brasileiro. Alm disso, desde o 2 encontro

    Nacional do Judicirio, ocorrido em 2009, os tribunais brasileiros, coorde-

    nados pelo CNJ, passaram a traar metas de nivelamento. Dentre essas a

    mais famosa a denominada Meta 2.

    A Meta 2 trouxe um indicativo para que os tribunais (da justia estadual

    ao Superior Tribunal de Justia) identificassem e julgassem os processos

    mais antigos, estabelecidos a partir de um recorte temporal. Com o passar

    do tempo, foram estabelecidas metas especficas, determinadas a cada

    segmento do Poder Judicirio1.

    A nica exceo o Supremo Tribunal Federal. Consoante entendimento

    jurisprudencial da Corte, o CNJ no tem nenhuma competncia sobre o STF

    e seus ministros, sendo esse rgo mximo do Poder Judicirio nacional, a

    que aquele est sujeito (ADi 3.367, rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em

    13/04/2005, Plenrio, DJ de 22/09/2006).

    em que pese a ausncia de competncias do CNJ em relao ao STF,

    isso no se traduz na impossibilidade de se utilizar de instrumentos de

    transparncia e accountability para melhor se compreender o Supremo. Ao

    contrrio, justamente por se tratar da mais alta corte judicial brasileira, cuja

    competncia a guarda da Constituio, a produo de dados e indicadores

    assume relevncia diferenciada.

    nesse contexto que se insere o Projeto Supremo em Nmeros, cujo

    objetivo fundamentar quantitativa e estatisticamente discusses sobre a

    1 A ttulo exemplificativo destacam-se as metas nacionais estabelecidas para este ano de 2014, aprovadas no Vii encontro Nacional do Judicirio. Vejamos:

    Identificar e julgar, at 31/12/2014, pelo menos: - No Superior Tribunal de Justia, 100% dos processos distribudos at 31/12/2008 e 80%

    dos distribudos em 2009;

    - Na Justia Militar da Unio, 90% dos processos distribudos at 31/12/2012, no 1 grau, e

    95% dos processos distribudos at 31/12/2012, no STM;

    - Na Justia Federal, 100% dos processos distribudos at 31/12/2008 e 80% dos distri-

    budos em 2009, no 1 e no 2 graus, e 100% dos processos distribudos at 31/12/2010, e

    80% dos distribudos em 2011, nos Juizados especiais e Turmas recursais Federais;

    - Na Justia do Trabalho, 90% dos processos distribudos at 31/12/2011 e 80% dos processos

    distribudos at 2012, nos 1 e 2 graus, e 80% dos processos distribudos at 31/12/2011,

    no TST;

    - Na Justia eleitoral, 90% dos processos distribudos at 31/12/2011;

    - Nos Tribunais de Justia Militar estaduais, 95% dos processos distribudos at 31/12/2012,

    no 1 grau, e at 31/12/2013, no 2 grau;

    - Na Justia estadual, 80% dos processos distribudos at 31/12/2010, no 1 grau, e at

    31/12/2011, no 2 grau, e 100% dos processos distribudos at 31/12/2011, nos Juizados

    especiais e nas Turmas recursais estaduais.

  • I n t r o d u o 2 5

    natureza, a funo e o impacto da atuao do STF na democracia brasileira2.

    o Projeto Supremo em Nmeros tem como instrumento banco de dados

    atualmente com 1.524.060 processos. Trata-se de todos os processos que

    chegaram ao Tribunal depois da entrada em vigor da Constituio de 1988

    e at 31 de dezembro de 20133.

    pblico e notrio que o Supremo est atento aos problemas da moro-

    sidade. Seus ministros j executaram iniciativas no passado visando atacar

    diferentes dimenses da morosidade. o Min. Peluso apoiou uma proposta

    de emenda Constituio para que a avalanche de recursos fosse defini-

    tivamente contida, dando prestgio s decises dos tribunais estaduais e

    regionais. Seria o fim do 4 grau de jurisdio, singular no mundo. o Min.

    Lewandowski adotou padro de eficincia na gesto administrativa e pro-

    cessual em seu gabinete, obtendo o rigoroso certificado iSo 9001:2008. e

    as iniciativas continuam, inclusive com os ministros que passaram a fazer

    parte do Tribunal h pouco tempo, mas que j reconheceram a seriedade

    do problema. o Min. Barroso est criando uma agenda de solues para a

    questo da repercusso geral, que hoje mantm mais de meio milho de

    processos represados nos tribunais estaduais e regionais.

    A FGV Direito rio reconhece o valor de tais iniciativas e, como forma

    de apoio incondicional ao Supremo e ao projeto Supremo em Nmeros, tra-

    balha para produzir dados empricos que viabilizem uma viso privilegiada

    do todo, ao invs de informaes sobre situaes ou processos isolados.

    Nesse contexto, o dilogo entre o Supremo em Nmeros e o Tribunal tem

    sido extremamente importante. Desde 2011, dois relatrios do projeto foram

    lanados no prprio Supremo com a presena do Presidente do Tribunal.

    Visando desempenhar seu papel de apoio na produo de conhecimento

    indito sobre o funcionamento do Supremo, a FGV Direito rio produziu o

    presente relatrio. o objetivo dar aos ministros as informaes necess-

    rias para viabilizar as iniciativas mencionadas de combate morosidade. o

    tempo um fator crucial para qualquer Tribunal. Nesse relatrio mostramos

    em detalhes o que o tempo significa para o Supremo.

    Com o fulcro em nossa base de dados produzimos os seguintes indica-

    dores temporais da atuao do STF:

    2 eSCoLA De DireiTo DA FUNDAo GeTULio VArGAS - rio De JANeiro. Centro de

    Justia e Sociedade. i relatrio Supremo em Nmeros o Mltiplo Supremo. rio de Janeiro,

    2011.

    3 excludos, claro, os processos que correm em segredo de justia.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s2 6

    i) o tempo at uma deciso liminar; o tempo entre a tomada de uma deciso

    liminar e a deciso definitiva de mrito;

    II) o reflexo da adoo do art. Art. 12 da Lei 9.868/99 para a celeridade de

    tramitao das aes de controle abstrato de constitucionalidade;

    iii) a expectativa, a partir da respectiva sesso de julgamento, para a publi-

    cao de acrdos;

    iV) o prazo, a contar no incio do processo no Supremo, para o efetivo trnsito

    em julgado;

    V) o impacto temporal dos pedidos de vistas dos ministros; e

    VI) o tempo pelo qual os processos ficam conclusos ao relator.

    esses indicadores, caso a caso, foram desdobrados a partir de classes

    processuais, temas relevantes, evoluo anual, a atuao dos ministros da

    Corte e os dez casos limite.

    H duas informaes importantes sobre os dados. Primeiro, no trabalha-

    mos com amostras para traar projees sobre o todo. Analisamos sempre

    o todo. No caso dos dados sobre liminares, por exemplo, buscamos todas

    as liminares ao longo dos 25 anos. A nica exceo so os processos sob

    sigilo, que no fazem parte da base de dados. Segundo, os levantamentos e

    anlises so apenas to confiveis quanto a prpria base do Tribunal. Como

    qualquer base de dados de tribunal, ela criada e atualizada por servidores

    que preenchem formulrios, digitam nomes, selecionam andamentos para

    inserir no sistema e assim por diante. o erro humano inevitvel, ainda mais

    ao longo de tanto tempo e com tantas pessoas inserindo dados4. isso traz

    tambm problemas de padronizao. em determinada poca os servidores

    registravam uma informao ou tipo de deciso de um jeito. Alguns anos

    depois outros servidores registravam o mesmo tipo de informao de outra

    maneira. Quando levantamos todos os processos com trnsito em julgado,

    sabemos que a lista no est completa porque h processos nos quais o

    andamento de trnsito em julgado no foi includo ou foi registrado de uma

    maneira excepcional.

    H dezenas de caractersticas sobre o padro de registros na base do

    Supremo que conhecemos e aprendemos a levar em conta nos levantamen-

    4 A ttulo ilustrativo, como exemplo, basta visitar a pgina de acompanhamento processual

    do Ai 478722 no site do Supremo. outros erros no preenchimento na base do Tribunal,

    como a informao do rgo judicial de origem do re, foram descritos j no i relatrio

    Supremo em Nmeros.

  • I n t r o d u o 2 7

    tos desde 2010, quando o projeto foi iniciado. A experincia nos permite

    corrigir boa parte desses problemas. De outro lado, no temos razes para

    acreditar que falhas de registro ou padres peculiares em casos isolados

    tenham quantidade significativa de modo a inviabilizar a pesquisa. encon-

    tramos 32.109 andamentos registrados incorretamente em um universo de

    quase 15 milhes de andamentos. esses andamentos errneos ocorrem em

    28.296 processos diferentes, do total de cerca de 1,5 milhes. Tambm no

    acreditamos que os erros sigam algum padro especfico. Por esse motivo

    podemos tambm considerar, para efeitos estatsticos, que o levantamen-

    to feito com uma amostra aleatria que se aproxima muito de 100% do

    universo analisado. Mas possvel, por exemplo, que nas listas de 10 casos

    limite esteja faltando um processo em razo de um erro de preenchimento

    da base ou porque um tipo de andamento foi registrado de maneira abso-

    lutamente incomum, ainda que no tecnicamente errada.

    Dito isso, importa enfatizar que os seis indicadores de tempo des-

    se relatrio representam porta de entrada para terreno at agora pouco

    habitado. Fomentam a elaborao de diagnsticos sobre as dificuldades

    enfrentadas pelo STF para dar celeridade s suas decises. Permitem, com

    efeito, identificar percalos no adstritos a aspectos relacionados a reformas

    processuais. Possibilitam enxergar o Supremo de um ngulo diferenciado:

    o da gesto processual interna.

  • IIAs Liminares

    o termo liminares refere-se, de maneira geral, a decises que, por natu-

    reza, possuem carter provisrio e de urgncia. Sua funo, via de regra,

    evitar que a demora na prestao jurisdicional ocasione perecimento de

    direitos. Decises liminares deveriam, portanto, ser instrumentos proces-

    suais voltados a assegurar a efetividade do sistema judicial. So requisitos

    para a concesso do pedido liminar o perigo na demora da deciso, com a

    possibilidade de ocorrncia de graves danos ou prejuzos a uma das partes

    no processo, e a existncia de fundamentos jurdicos aceitveis e potencial-

    mente verdadeiros.

    A liminar deferida produz efeitos jurdicos provisoriamente, podendo

    ser derrubada ou ter o pedido confirmado em julgamento de mrito. uma

    deciso pensada para ser precria, tomada rapidamente com conhecimento

    superficial das questes envolvidas no processo. em razo disso, sempre foi

    considerada uma medida excepcional, de uso em casos isolados. Todavia,

    essa viso normativa encontra-se bastante dissociada da realidade.

    Apesar de no haver formalmente prazos para a tomada de deciso

    definitiva aps o deferimento de uma liminar,5 e a sua provisoriedade ser

    por um lado uma garantia, se vier a ocorrer em perodos longos de vigncia,

    representa fonte de insegurana. Decises liminares podem criar situaes

    5 Uma exceo constante do regimento interno do STF o art. 204, que estabelece prazo

    de 90 dias de validade para liminares em mandados de segurana prazo que poderia ser

    prorrogado por 30 dias em caso de acmulo de servio. Tal artigo reproduzia dispositivo

    da Lei n 4.348/1964, revogada pela Lei n 12.016/2009, que no prev prazo especfico de validade das liminares em mandado de segurana.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s3 0

    fticas nas quais a deciso final (de mrito) torna-se prejudicada ou at

    mesmo intil. exemplos nesse sentido no faltam, sobretudo em matria

    de controle abstrato de constitucionalidade, em que o tempo mdio para a

    deciso de mrito, como veremos a seguir, superior a 6 anos, alm de um

    nmero significativo de casos em que, mesmo aps mais de uma dcada de

    vigncia de liminar, ainda no houve deciso definitiva. Leis so suspensas

    por medidas cautelares que alteram e consolidam novas relaes jurdicas.

    No alteram apenas a situao jurdica das partes, mas o direito brasileiro

    como um todo no que se refere norma jurdica atacada.

    nesse contexto que o indicador ora apresentado assume relevncia

    como parmetro de eficincia da atuao do STF.

    Na anlise emprica do uso de decises liminares no Supremo, h duas

    perguntas gerais que foram adotadas:

    a) Quanto tempo decorre entre o incio do processo e a deciso liminar?

    b) Quanto tempo permanecem vigentes as liminares que foram concedidas

    ou parcialmente concedidas?

    Para responder primeira pergunta, estamos computando todas as

    decises liminares, seja de concesso, concesso parcial ou no concesso.

    J para a segunda, selecionamos apenas aquelas deferidas ou parcialmen-

    te deferidas. ou seja, nosso universo geral composto por processos nos

    quais houve uma deciso em sede de liminar. esse subgrupo tambm foi

    analisado para responder primeira pergunta. No entanto, o subgrupo da

    segunda pergunta restringe-se queles processos nos quais a liminar trouxe

    uma alterao na situao jurdica das partes. Se a liminar no foi concedida,

    ento nada mudou antes da deciso de mrito.

    Primeiramente preciso mostrar os contornos desse universo geral e

    dos dois subgrupos recortados. Nem todos os processos no Supremo ini-

    ciam com algum pedido liminar e obviamente nem todos os pedidos desse

    tipo so deferidos ou parcialmente deferidos. o grfico a seguir mostra as

    classes processuais em funo de trs variveis: a concentrao de decises

    liminares (de qualquer tipo) no conjunto de processos daquela classe (eixo

    x), a taxa de concesso nessas decises (eixo y) e o nmero absoluto de

    processos com decises liminares (raio da esfera).

  • A s L i m i n a r e s 3 1

    Grf ico 1Liminares em processos no STF (1988-2013)

    110%

    100%

    90%

    80%

    70%

    60%

    50%

    40%

    30%

    20%

    10%

    0

    -10%

    Taxa

    de

    conc

    ess

    o da

    s lim

    inar

    es

    -10% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%Liminares no total de processos

    ACO

    HC

    MI

    RMS

    AO

    STAExt

    ADI Rcl

    AC

    MSPetADPF

    AICCRE

    RHC

    HC

    Inq

    SE

    AR

    ADC

    SSSL

    ARE ADO

    ELIF

    RvCAOE

    H uma quantidade relevante de liminares em HC, MS, Rcl e ADI.

    os dados que mapearam o grfico 1 constam na tabela abaixo. A primeira

    coluna lista as classes processuais em ordem alfabtica. A segunda mostra

    o percentual de processos daquela classe com decises em sede de liminar.

    A terceira mostra o percentual de liminares concedidas ou parcialmente

    concedidas, dentre aquelas decises que versaram sobre liminar. A quarta

    e ltima coluna lista o nmero total de decises com liminar em processos

    daquela classe processual.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s3 2

    % de Processos com Liminar

    % de concesso de Liminar

    ToTaL de decises com Liminar

    ac 40.2972 78.09111 1.383aco 9.599156 56.59341 182adc 34.375 63.63636 11adi 31.94444 64.84472 1.610ado 8.333333 100 2adPF 9.666667 51.72414 29ai 0.026593 37.62887 194ao 6.586169 34.16667 120aoe 2.564103 0 1ar 4.162812 31.11111 45are 0.000839 100 1cc 0.970874 33.33333 9eL 20 0 1exT 1.16129 55.55556 9Hc 33.07313 21.58243 16.481iF 0.235156 0 12inq 0.069037 50 2mi 7.764548 1.943844 463ms 50.19104 43.85705 4.729PeT 8.520865 47.69231 390rcL 38.93022 65.7928 6.332re 0.288386 32.42009 1.533rHc 13.87247 11.65919 446rms 2.920396 20.96774 62rvc 0.177936 0 1se 0.059536 66.66667 3sL 2.346041 81.25 16ss 6.075784 83.87097 279sTa 2.185792 56.25 16

    possvel notar que a classe processual na qual ocorrem decises limi-

    nares com maior frequncia o Mandado de Segurana (MS). Mas o nmero

    total de decises liminares maior nos processos de Habeas Corpus (HC).

    em termos do nmero total de decises liminares, so mais significativas

    as seguintes classes processuais: MS, HC, reclamao (rcl), Ao Direta

    de inconstitucionalidade (ADi) e Ao Cautelar (AC). Sob o ponto de vista

    da concentrao de decises liminares nos processos de uma determinada

  • A s L i m i n a r e s 3 3

    classe processual, essas so tambm as que mais se destacam, com con-

    centraes entre 30 e 50%.

    A taxa de concesso de liminares alta no Agravo em recurso extraordi-

    nrio e na Ao Direta de inconstitucionalidade por omisso, mas o nmero

    total de processos desse tipo nos quais houve alguma deciso liminar (de

    qualquer tipo) to baixo que qualquer dado sobre liminar nesses casos

    afigura-se estatisticamente irrelevante.

    a) Quanto tempo decorre entre o in c io do processo e a

    deciso l iminar?

    Para responder a essa pergunta categorizamos os resultados em funo de

    4 variveis: classe processual, assunto, ministro e ano. Ao final h tambm

    uma lista com os 10 casos de maior decurso de tempo nesse caso, maior

    tempo at a deciso liminar.

    A mdia geral de 44 dias, mas sob o ponto de vista da classe proces-

    sual h grande variao. As 4 classes com maior mdia de tempo contam

    na verdade com nmero irrisrio de processos, de modo que a mdia no

    parece ser estatisticamente relevante. A mdia no controle concentrado de

    constitucionalidade mais alta do que nas demais aes, ficando prxima

    de 150 dias em ADi e ADPF. A ADC tem mdia mais alta, de 249 dias. Abaixo

    da mdia esto os rHCs e SS, ambos com 30 dias, e os HCs, com 27 dias.

    Grf ico 2Mdia de dias at a deciso l iminar no STF (1988-2013)

    795

    563

    408318

    249162161158155

    10910391865755484746464443303028272110983

    EL

    AOE SL AC SS

    ARE Rcl

    Pet

    MS RE MI

    AO AR AI

    ADPF

    ADC

    RvC IF

    ADI

    Inq SE Ext

    RHC

    Geral

    STA

    RMS

    ACO

    ADO CC HC

    Em ADI e ADPF a espera pela liminar fica muito acima da mdia.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s3 4

    A segunda varivel o assunto do processo. Usamos a atribuio de

    assuntos feita pelo prprio Supremo e adotamos as 9 principais categorias

    gerais: 1) Direito Administrativo e outras matrias de Direito Pblico; 2) Di-

    reito Tributrio; 3) Direito do Trabalho; 4) Direito Previdencirio; 5) Direito

    Processual Civil e Trabalhista; 6) Direito Civil; 7) Direito Processual Penal;

    8) Direito do Consumidor; 9) Direito Penal. essa classificao de assuntos

    j havia sido usada no ii relatrio Supremo em Nmeros o Supremo e a

    Federao.

    A classificao em razo do assunto traz Direito Penal e Processual

    Penal como os assuntos de liminares mais rapidamente decididas. Algo es-

    perado, pois so os assuntos dos milhares de HCs que o Supremo julga. J

    as liminares em direito do consumidor e direito civil so aquelas que mais

    demoram a sair: 94 e 82 dias, respectivamente.

    Grf ico 3Mdia de dias at a L iminar no STF por Assunto (1988-2013)

    9482

    6963

    604847

    3230

    Direito do ConsumidorDireito Civil

    Direito TributrioDireito Previdencirio

    Direito AdministrativoDireito do Trabalho

    Dir. Processual Civil e TrabalhistaDir. Processual Penal

    Direito Penal

    As liminares mais rpidas so em HC, sobre direito penal material e processual.

    Ao classificarmos em funo do ministro responsvel pela liminar

    seja ela monocrtica, seja colegiada vemos novamente grande variao.

    Como so possveis trocas de relator antes da deciso liminar, no estamos

    contando os dias antes de o ministro assumir a relatoria do processo. esse

    perodo aps a protocolao e at a troca de relator no computado

    para nenhum ministro.

  • A s L i m i n a r e s 3 5

    Grf ico 4Mdia de Dias at a Deciso Liminar

    por Ministro no STF (1988-2013)

    Min. Aldir PassarinhoMin. Octavio GallottiMin. Maurcio Corra

    Min. Clio BorjaMin. Menezes Direito

    Min. Moreira AlvesMin. Teori Zavascki

    Min. Ilmar GalvoMin. Eros Grau

    Min. Ricardo LewandowskiMin. Carlos Velloso

    Min. Paulo BrossardMin. Nelson Jobim

    Min. Joaquim BarbosaMin. Francisco Rezek

    Min. Ellen GracieMin. Nri da Silveira

    Min. Ayres BrittoMin. Seplveda Pertence

    Min. Crmen LciaMin. Dias Tooli

    Min. Roberto BarrosoMin. Sydney Sanches

    Min. Cezar PelusoMin. Gilmar Mendes

    Min. Rosa WeberMin. Celso de MelloMin. Marco Aurlio

    Min. Luiz Fux 7258

    4543

    3736

    3331

    292929

    272626

    2321

    2019

    1817

    1616

    151313

    1111

    95

    O Min. Fux tem uma mdia alta considerando seu tempo de Supremo.

    o Min. Fux leva em mdia 72 dias para decidir sobre pedidos de limi-

    nar, ao passo que o Min. Teori Zavascki, com tempo de corte parecido e

    atuando na mesma poca, leva 15 dias. o Min. Passarinho, que atuou no

    Supremo em um perodo no qual o nmero de processos era menor, tem

    a menor mdia: 5 dias. entre os ministros com vrios anos de Tribunal e

    que atuaram nos ltimos anos, de nmero gigantesco de processos, o Min.

    eros Grau aquele com menor mdia, de 16 dias, seguido do Min. Lewan-

    dowski, com 17 dias.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s3 6

    os dados agregados por ministro mostram um quadro genrico de toda a

    carreira de cada um. Apesar de serem, em alguns casos, teis para efeitos de

    comparao, em outros os dados agregados acabam simplificando muito o

    que no deveria ser simplificado e escondendo variaes relevantes. Por essa

    razo, traamos tambm mdias anuais de cada ministro. Primeiro so mostra-

    dos todos os ministros, entre 1988 e 2013. No grfico 5, bem como em todos os

    demais que mostram dados de ministros ano a ano, foi adotado um padro. o

    ponteiro um tringulo para os ministros que atuaram no Supremo no final da

    dcada de 1980 e incio da dcada seguinte. J para os ministros que atuaram

    principalmente no final da dcada de 1990 e at mais recentemente, porm

    no estavam no Tribunal no final de 2013, o ponteiro um quadrado. e para os

    11 ministros que estavam no Supremo no final de 2013 o ponteiro um crculo.

    Grf ico 5Mdia de Dias at Liminar por Ministro (1988-2013)

    0

    200

    400

    600

    800

    1.000

    1.200

    1988

    1990

    1992

    1994

    1996

    1998 20

    0020

    0220

    0420

    0620

    0820

    1020

    12

    Direito

    Mediana

    Carlos MadeiraDjaci Falco

    H alguma regularidade ao longo das duas dcadas, com poucos ministros destoando do grupo.

  • A s L i m i n a r e s 3 7

    A despeito da grande quantidade de dados possvel perceber que h

    bastante regularidade aps 1991. isso surpreendente porque a partir de

    1998 o nmero de processos que os ministros tm para julgar radicalmente

    diferente daquele nos primeiros anos. Alm disso, entre 2002 e 2008, o

    nmero de liminares julgadas mais que triplica. e ainda assim, as mdias de

    dias para decidir a liminar continuam em patamares muito parecidos. As

    altas mdias nos primeiros anos so dos ministros Velloso, Moreira Alves,

    Pertence e Marco Aurlio.

    Grf ico 6Mdia de Dias at a L iminar por Ministro (2003-2013)

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    180

    200

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012

    2013 Mediana

    Direito

    No h um esforo organizado aps 2004 para decidir mais rapidamente sobre as liminares. Alguns ministros inclusive aumentaram a mdia, como o Min. Marco Aurlio.

    A evoluo nos ltimos 10 anos, entre os ministros atuais e aqueles que

    saram h pouco tempo do Supremo, permite uma avaliao mais detalhada.

    Primeiro, possvel notar que a partir de 2004 no h um padro de dimi-

    nuio na durao mdia das liminares, muito embora tenha sido includo na

    Constituio o direito fundamental durao razovel do processo. Muito

    pelo contrrio: alguns ministros como Marco Aurlio e Celso de Mello tiveram

    aumento significativo nas mdias aps 2004. Tambm fica claro que no h

    um padro no tempo para julgar a liminar entre os ministros. em 2012, en-

    quanto o Min. Joaquim Barbosa levou em mdia 15 dias, o Min. Marco Aurlio

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s3 8

    levou 64 dias mais do que o qudruplo de tempo. o Min. Ayres Britto teve

    mdia de 176 dias naquele ano, mas estava exercendo a presidncia a maior

    parte do tempo. em 2010, a heterogeneidade no tratamento das liminares

    de acordo com cada ministro ainda mais evidente.

    Ao analisarmos as mdias em funo do ano e a partir da comparao

    com a quantidade de decises liminares, a diferena entre atuar no incio

    dos anos 1990 e a partir de 2002 fica muito clara.

    Grf ico 7Mdia de Dias at Deciso Liminar vs . Quant idade

    de LIminares vs . Processos Novos no STF (1980-2013)

    1990

    1992

    1993

    1994

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2011

    2013

    2010

    2012

    Processos Novos

    Mdia de Dias at a Deciso LiminarNmero de Decises Liminares (Normalizado)

    400

    300

    200

    100

    0

    130.000

    100.000

    70.000

    40.000

    10.000

    Md

    ia D

    ias

    at

    Lim

    inar

    Proc

    esso

    s N

    ovos

    Nm

    ero

    de D

    ecis

    es

    Lim

    inar

    es (N

    orm

    aliz

    ado)

    1991

    O grande crescimento no nmero de liminares no parece afetar o tempo mdio para produz-las.

    A linha vermelha mostra a mdia de dias at o julgamento da liminar a cada

    ano. A amarela mostra a quantidade de liminares decididas. e a barra azul serve

    como um indicador de carga de trabalho, revelando o nmero de processos

    novos recebidos pelo Supremo. A escala da linha amarela no a mesma das

    barras azuis. ela foi normalizada para permitir a comparao. ou seja, o pico

    de liminares em 2008 no foi de 100.000 liminares, mas sim de 3.219.

    curioso que, mesmo aps o fenomenal salto no nmero de de-

    cises liminares a partir de 2002, a mdia de tempo necessrio para

    produz-las tenha apenas ficado estvel e depois inclusive cado. A

  • A s L i m i n a r e s 3 9

    mdia de dias nunca chegou a 100, ficando entre 25 e 60 dias nos

    ltimos 10 anos.

    Por ltimo, levantamos os 10 processos cuja deciso liminar demorou

    mais tempo a chegar. Na ADi 1229, o pedido de liminar foi indeferido pelo

    Plenrio aps terem se passado mais de 18 anos da data em que a ao

    comeou. No caso da ADi 183, a dcima colocada, foram cerca de 7 anos e

    meio. Todas as liminares na lista levaram mais de 7 anos.

    Grf ico 810 Processos com Maior Tempo em Anos

    at a Deciso Liminar no STF (1998-2013)

    18,2

    13,411,4

    10,5 10,0 10,0 9,3 9,2 8,77,6

    ADI1229

    ADI2077

    ADI1945

    ADI1924

    ADI2356

    ADI2362

    ADI2139

    ADI2160

    ADI1923

    ADI183

    Uma liminar que tardou vrios anos no pode ser considerada uma deciso precria e de urgncia.

    b) Quanto tempo permanecem vigentes as l iminares que

    foram concedidas ou parcialmente concedidas?

    Nesse subgrupo de processos, nos quais a liminar foi deferida ou par-

    cialmente deferida, estamos contando o tempo entre a deciso liminar e a

    posterior deciso de mrito que veio a confirmar ou derrubar a liminar. H os

    processos nos quais tal deciso de mrito j ocorreu e outros nos quais, at

    31 de dezembro de 2013, data final de nossa base de dados, o mrito ainda

    no havia sido julgado. Separamos os resultados dessas duas situaes,

    ou seja, consideramos que h liminares com posterior deciso de mrito e

    liminares ainda (at final de 2013) vigentes.

    o primeiro levantamento do tempo mdio de vigncia de decises

    liminares quando houve uma posterior deciso de mrito que encerrasse a

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s4 0

    eficcia da liminar. Ao classificarmos em razo da classe processual, nova-

    mente grande variao percebida.

    Grf ico 9Mdia de Anos de Durao de Liminares no STF,

    por Classe Processual ( 1998-2013)

    6,2 6,1

    5,2

    3,9 3,8 3,63,2

    2,6 2,5 2,32,0 1,8 1,6 1,5

    1,31,0 1,0 0,8 0,7 0,5

    0,2 0,1

    AR

    ADI

    ADC

    AO

    Pet

    ACO RMS

    AC SL

    ADPF MS

    Geral Rcl

    SS CC MI

    RHC

    HC RE AI

    STA

    Ext

    Decises liminares, por vezes individuais, chegam a durar mais de 6 anos no controle concentrado de constitucionalidade.

    A mdia geral, quando considerados todos os tipos processuais, de

    653 dias. Consequentemente, o tempo durante o qual uma deciso liminar

    do Supremo produz efeitos jurdicos antes de ser confirmada ou derrubada

    por uma deciso de mrito de quase 2 anos.

    As liminares em Ao rescisria tm durao mdia de 6,2 anos. em

    segundo lugar, esto as Aes Diretas de inconstitucionalidade. Nas ADis,

    a mdia de vigncia de uma deciso liminar de 6,2 anos. As extradies

    tm a mdia mais baixa, como se depreende do grfico 1. entretanto, h um

    nmero total muito pequeno de Ars e exts. Dentre as classes processuais

    com nmero significativo de processos6 para contagem, aquela com a menor

    mdia de vigncia o Habeas Corpus: 286 dias, com pouco menos de um ano.

    6 As classes processuais SS (suspenso de segurana), SL (suspenso de liminar) e STA

    (suspenso de tutela antecipada), embora constantes da base de dados do STF para fins de liminares, no bastasse o quantitativo pouco representativo, devem ser desconsideradas.

    isso porque, tecnicamente, a deciso do Presidente do Tribunal (art. 297 do regimento

    Interno do Tribunal) embora se refira a decises provisrias, no ela em si provisria, mas definitiva, sendo cabvel recurso, e no confirmao da deciso por rgo colegiado.

  • A s L i m i n a r e s 4 1

    Grf ico 10Nmero Mdio de Anos de Durao de Liminares a inda Vigentes

    no STF, por Classe Processual ( 1988-2013)

    16,516,2

    14,313,513,012,6

    7,7 7,3 6,7 6,6 6,2 6,1 5,1 4,9 4,5 4,4 4,4 4,2 3,8 3,5 3,1 2,31,6 1,6 0,7

    SS MI

    Pet

    ADI

    AO SE AI

    RE Inq

    Geral AC

    ADC AR

    Rcl

    HC

    ADPF

    RHC

    MS

    ACO SL

    STA

    RMS

    CC ARE

    ADO

    Quando so deixadas em aberto a mdia salta para 13,5 anos em ADI.

    entre as liminares ainda vigentes percebem-se mdias significativamente

    maiores. A mdia geral de 2.416 dias o equivalente a 6,6 anos. A quarta

    colocada ADi tem mdia de 13,5 anos e um nmero relevante de proces-

    sos. Dentre as classes com nmero significativo de liminares, aquela com

    menor mdia de durao o Mandado de Segurana: 4,2 anos.

    A segunda classificao feita pelo assunto do processo.

    Grf ico 1 1Nmero Mdio de Anos de Durao de Liminares no STF,

    por Assunto (1988-2013)

    3,4

    3,1

    2,2

    1,7

    1,5

    1,0

    1,0

    0,9

    0,8

    Tributrio

    Civil

    Administrativo

    Consumidor

    Proc. Civil e Trabalho

    Previdencirio

    Trabalho

    Proc. Penal

    Penal

    Aps a liminar, as decises de mrito sobre questes fiscais demora mais tempo.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s4 2

    entre as liminares j confirmadas ou derrubadas, aquelas de Direito

    Tributrio tm a mais longa durao mdia: 3,4 anos, acima dos 3,1 anos

    de Direito Civil. Na outra ponta, com durao mdia mais curta, esto as

    liminares de Direito Penal e Direito Processual Penal, com 301 e 343 dias,

    respectivamente. isso se deve baixa mdia de durao em HCs, conforme

    j mostrado anteriormente.

    Grf ico 12Nmero Mdio de Anos de Durao de Liminares a inda Vigentes no STF, por Assunto (1988-2013)

    7,76,4

    5,65,4

    4,9

    4,53,6

    2,5

    1,8

    TributrioPrevidencirio

    Administrativo

    Proc. Civil e TrabalhoCivil

    Consumidor

    Proc. PenalPenal

    Trabalho

    As liminares ainda em aberto de direito tributrio so tambm as mais duradouras.

    entre as liminares ainda vigentes em 31 de dezembro de 2013, novamente

    aquelas versando sobre Direito Tributrio alcanam a maior mdia: 2.797

    dias ou 7,7 anos. em segundo lugar esto as liminares de Direito Previden-

    cirio, com 6,4 anos em mdia. o assunto com a menor mdia Direito do

    Trabalho, com 1,8 ano. A segunda menor mdia nos processos de Direito

    Penal, 2,5 anos.

  • A s L i m i n a r e s 4 3

    A terceira varivel a partir da qual medida a vigncia das liminares

    o relator do processo ainda que a posterior deciso de mrito seja cole-

    giada (uma parte muito pequena dos casos). So consideradas liminares

    e decises de mrito tanto monocrticas quanto julgadas pelas turmas

    ou plenrio.

    Grf ico 13Nmero Mdio de Anos de Durao de Liminares a inda Vigentes no STF, por Ministro (1988-2013)

    0,20,3

    0,50,60,6

    0,70,7

    0,80,90,90,9

    1,01,01,11,11,21,21,21,21,3

    1,41,4

    1,51,7

    1,81,9

    2,02,1

    Min. Clio BorjaMin. Roberto Barroso

    Min. Teori ZavasckiMin. Menezes DireitoMin. Francisco Rezek

    Min. Rosa WeberMin. Eros Grau

    Min. Octavio GallottiMin. Gilmar Mendes

    Min. Ricardo LewandowskiMin. Ellen Gracie

    Min. Seplveda PertenceMin. Dias Tooli

    Min. Crmen LciaMin. Carlos Velloso

    Min. Ayres BrittoMin. Celso de Mello

    Min. Cezar PelusoMin. Luiz Fux

    Min. Marco AurlioMin. Nri da SilveiraMin. Paulo Brossard

    Min. Ilmar GalvoMin. Joaquim Barbosa

    Min. Maurcio CorraMin. Moreira AlvesMin. Nelson Jobim

    Min. Sydney Sanches

    A maioria dos ministros produzem liminares que duram perto de um ano.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s4 4

    Nos processos em que aps a deciso liminar e antes da deciso de

    mrito houve troca de relator, no so contados para o relator final os

    dias decorridos antes de ele assumir a funo. Da mesma forma o tempo

    at a deciso liminar, ou seja, os dias que antecedem a ltima substituio

    de relator antes da deciso de mrito no so contados para nenhum

    ministro.

    o ministro cujas liminares sobrevivem mais tempo, em mdia, o Min.

    Sydney Sanches, j aposentado: 2,1 anos. em segundo lugar est o Min.

    Nelson Jobim, com cerca de 2 anos. J as liminares do Min. Fux duram em

    mdia 1,2 ano. A mdia impressiona, dado quo recente sua nomeao

    como ministro da Corte. mais difcil para ele, que entrou em 2011, alcanar

    uma mdia de cerca de 1,2 ano do que para Marco Aurlio, com mais de 20

    anos de Tribunal. Para efeitos de comparao, a Min. rosa Weber, que foi

    nomeada pouco tempo depois do Min. Fux, tem mdia de durao de suas

    liminares em 0,7 ano. entre aqueles atualmente no Supremo, os ministros

    Barroso e Zavascki tm as mdias mais baixas, como seria de se esperar (121

    e 185 dias, respectivamente).

    H dois tipos de deciso de mrito aps liminar: aquelas nas quais o

    relator do processo no momento de decidir o mrito o mesmo que havia

    relatado a liminar e aquelas nas quais o relator do mrito herdou o processo

    de um colega. Comparamos as mdias de cada ministro nos dois tipos de

    situao.

  • A s L i m i n a r e s 4 5

    Grf ico 14Variao do Tempo Mdio para Julgar L iminares

    no STF (1988-2013)

    -67-58

    -37-35

    -13-13

    -3461114

    21323335

    4445475157

    6988

    113137142149155

    Min. Paulo BrossardMin. Nri da Silveira

    Min. Moreira AlvesMin. Sydney SanchesMin. Francisco Rezek

    Min. Carlos VellosoMin. Ilmar Galvo

    Min. Nelson JobimMin. Octavio Gallotti

    Min. Luiz FuxMin. Dias Tooli

    Min. Maurcio CorraMin. Menezes Direito

    Min. Crmen LciaMin. Marco Aurlio

    Min. Roberto BarrosoMin. Gilmar Mendes

    Min. Ayres BrittoMin. Teori Zavascki

    Min. Eros GrauMin. Seplveda Pertence

    Min. Cezar PelusoMin. Joaquim Barbosa

    Min. Ricardo LewandowskiMin. Celso de Mello

    Min. Ellen GracieMin. Rosa Weber

    A grande maioria dos ministros trata de maneira diferente as liminares em processos herdados de colegas.

    A Min. rosa Weber chega ao julgamento de mrito dos processos cuja

    liminar foi dada por outro colega muito mais devagar do que quando a limi-

    nar foi de sua prpria autoria. o tempo mdio 155% maior. Praticamente o

    mesmo ocorre com a Min. ellen Gracie. Por outro lado, o Min. Paulo Brossard

    demorava 67% menos tempo para alcanar o julgamento de mrito dos

    processos cuja relatoria herdou em comparao com aqueles nos quais ele

    prprio havia emitido a liminar. em segundo lugar nesse quesito figura o

    Min. Nri da Silveira.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s4 6

    Grf ico 15Mdia de Anos de Durao de Liminares a inda Vigentes

    no STF, por Ministro Relator (1988-2013)

    0,5

    0,8

    1,7

    1,9

    2,4

    2,4

    2,7

    2,8

    2,8

    5,3

    5,6

    6,5

    7,7

    8,3

    Min. Roberto Barroso

    Min. Teori Zavascki

    Min. Rosa Weber

    Min. Luiz Fux

    Min. Ricardo Lewandowski

    Min. Dias Tooli

    Min. Gilmar Mendes

    Min. Marco Aurlio

    Min. Crmen Lcia

    Min. Cezar Peluso

    Min. Celso de Mello

    Min. Ayres Britto

    Min. Eros Grau

    Min. Joaquim Barbosa

    Nas liminares ainda vigentes as mdias de todos os ministros com tempo razovel de casa so altas.

    J entre as liminares que ainda estavam em vigor no final de 2013, as

    mdias so ligeiramente maiores. A maior delas pertence ao Min. Joaquim

    Barbosa, com 8,3 anos. em segundo lugar est o Min. eros Grau, com 7,7

    anos. Apesar de no estarem mais no Supremo na data final de contagem

    (31 de dezembro de 2013), h processos cuja relatoria, segundo o sistema

    do Tribunal, ainda est com os Mins. Peluso, Ayres Britto e eros Grau, por

    isso os dias ainda so contados para eles. Com a menor mdia, de meio ano,

    figura o Min. Barroso o que seria de se esperar dado que aquele que est

    h menos tempo no Supremo.

    Assim como no levantamento anterior, quando h trocas de relatoria,

    so contados apenas os dias do ltimo ministro relator. isso no permite

    medir praticamente nenhum dos casos nos quais o ministro responsvel

    pela deciso liminar j saiu do Supremo e ela continua vigente. o caso das

    liminares do falecido ministro Direito. Suas liminares ainda vigentes alcanam

    mdia de 1.934 dias 5,3 anos, quando computamos para ele o tempo de-

    corrido aps seus processos terem sido redistribudos. Min. Menezes Direito

  • A s L i m i n a r e s 4 7

    faleceu em 2009 e muitas de suas liminares monocrticas ainda continuam

    produzindo efeitos, inclusive em ADins. em segundo lugar est o ministro

    aposentado eros Grau, com 1.786 dias.

    Assim como no caso do tempo mdio at a deciso liminar, aqui tambm

    os dados agregados de cada ministro so complementados pelo levanta-

    mento ano a ano.

    Grf ico 16Mdia de Vigncia de Liminares por MInistro (1990-2013)

    0

    500

    1.000

    1.500

    2.000

    2.500

    3.000

    3.500

    1988

    19901992199419961998

    2000200220042006

    200820102012

    Direito

    MedianaH durao da liminar varia muito conforme o ministro, ainda que em um mesmo ano.

    No incio dos anos noventa, as mdias dos Mins. Moreira Alves, Marco

    Aurlio e ilmar Galvo ficaram acima de 5 anos. No perodo compreendi-

    do entre a metade e o final da dcada, as mdias mais altas so do Min.

    Sydney Sanches. e nos ltimos anos o Min. Marco Aurlio tem ficado com

    mdia alta de forma consistente. Tambm possvel perceber enorme

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s4 8

    diferena entre a vigncia das liminares de diferentes ministros, ainda que

    se trate de decises de um mesmo ano. As liminares emitidas pelo Min.

    Ayres Britto em 2006, por exemplo, permaneceram vigentes em mdia

    1.398 dias. J aquelas da Min. ellen Gracie duraram apenas 46 dias.

    Grf ico 17Mdia de Vigncia de Liminares por Ministro (2003-2013)

    0

    200

    400

    600

    800

    1.000

    1.200

    1.400

    1.600

    2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

    Direito

    MedianaA queda das linhas nos ltimos anos no necessariamente indica que as liminares esto durando menos tempo.

    No detalhe dos ltimos 10 anos, com os ministros atuais e aqueles que

    saram do Supremo recentemente, possvel notar certa diminuio de

    algumas das mdias. No caso dos Mins. Celso de Mello, Joaquim Barbosa e

    Peluso a queda constante. A grande diferena entre as mdias dos minis-

    tros parece diminuir nos dois ltimos anos. No entanto, isso pode ser devido

    ao fato de o grfico mostrar apenas as liminares cuja vigncia j encerrou.

    enquanto em 2006, por exemplo, compem a mdia liminares que duraram

    at 7 anos, em 2012 e 2013 nenhum das liminares da mdia poderia possi-

    velmente ter durado mais de 2 anos.

    em seguida, so mostradas as mdias em funo do ano da deciso de

    mrito que encerrou a eficcia da liminar. No grfico a seguir, as barras azuis

    representam a quantidade de processos novos recebidos pelo Supremo a

  • A s L i m i n a r e s 4 9

    cada ano. J a linha vermelha mostra a mdia em dias de durao das limi-

    nares encerradas naquele ano.

    Grf ico 18Anos para Deciso de Mrito aps Liminar vs .

    Processos Novos no STF (1990-2013)

    0,00

    1,00

    2,00

    3,00

    4,00

    020.00040.00060.00080.000

    100.000120.000140.000160.000

    1990

    1991

    1992

    1993

    1994

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012

    2013

    Processos NovosTempo Mdia em Anos para a Deciso de Mrito

    Proc

    esso

    s N

    ovos

    Tem

    po M

    dia

    em

    Ano

    s pa

    ra a

    Dec

    iso

    de

    Mr

    ito

    Parece haver uma relao a carga de trabalho e a durao das liminares, mas ela no clara.

    A mdia traada pela linha vermelha permite algumas inferncias. H

    um pico de durao das liminares decididas em 2002. No incio dos anos

    noventa, a mdia figurava abaixo de 1 ano. J na ltima dcada, a mdia se

    manteve mais prxima de 2 anos, ficando acima de 2,2 anos em 2012 e 2013.

    claro que as liminares mais antigas tendem a puxar a mdia para cima a

    cada ano, de modo que esse perceptvel aumento da mdia ao longo de 20

    anos no foge do esperado.

    Por fim, listamos os 10 processos com as liminares mais longas nos dois

    grupos aquelas j decididas e aquelas ainda vigentes em 31/12/2013.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s5 0

    Grf ico 1910 Liminares com Maior Durao no STF, em Anos (1988-2013)

    0,0

    5,0

    10,0

    15,0

    20,0

    25,0

    ADI491

    ADI374

    ADI917

    MS21863

    ADI468

    ADI828

    ADI494

    MS22138

    ADI874

    ADI932

    22,5 21,420,0

    18,5 18,3 18,3 18,3 17,7 17,7 17,2

    Em muitos processos a liminar acaba se tornando a deciso final.

    A ADi 491 foi ajuizada pelo governador do estado do Amazonas em

    1991. em 13 de junho de 1991, o Pleno deferiu em parte o pedido de liminar,

    suspendendo a eficcia de dispositivo da legislao estadual. o processo

    passou pela relatoria dos Mins. Moreira Alves e Joaquim Barbosa, chegando

    ao Min. Barroso, que, em 19 de novembro de 2013, julgou a ADi prejudicada.

    A liminar nesse processo permaneceu em vigor por 22 anos e meio.

    Grf ico 2010 Liminares a inda Vigentes com Maior Durao no STF,

    em Anos (1998-2013)

    21,0

    21,5

    22,0

    22,5

    23,0

    23,5

    24,0

    24,5

    ADI144

    ADI145

    ADI351

    ADI310

    ADI429

    ADI439

    ADI509

    ADI558

    ADI570

    ADI290

    24,123,9

    23,423,2

    22,822,6 22,5 22,4

    22,2 22,2

    H vrios casos de decises liminares que duraram mais de 20 anos.

  • A s L i m i n a r e s 5 1

    entre as liminares ainda vigentes no final de 2013, a mais antiga na

    ADi 144. Ajuizada em 1989 pelo governador do rio Grande do Norte con-

    tra dispositivos da Constituio estadual, teve pedido liminar deferido em

    parte pelo Plenrio no mesmo ano. Passou pela relatoria dos Mins. octavio

    Gallotti, Sydney Sanches e Cezar Peluso at chegar ao Min. Gilmar Mendes.

    em 19 de fevereiro de 2014, foi julgada procedente em parte pelo Tribunal

    Pleno. A liminar da ADi 144 durou mais de 24 anos.

  • IIIO Art. 12 da Lei 9.868/99 e a ausncia das liminares no controle concentrado

    A lentido entre as decises liminares e a definitiva de mrito, conforme

    apresentado no tpico anterior, no diagnstico novo. Ainda que sem

    a preciso de anlises quantitativas, intuitivamente, o problema j era

    enxergado h mais de uma dcada por juristas e polticos, especialmente

    em relao s aes de controle concentrado de constitucionalidade. isso

    porque, j na dcada de 1990, era possvel identificar volume elevado de

    liminares que suspendiam provisoriamente a validade de leis e outros atos

    normativos cuja deciso definitiva demorava anos a ser tomada, gerando

    insegurana nas relaes jurdicas.

    em resposta a esse cenrio, a Lei n 9.868, de 10 de novembro de 1999,

    que regula a forma de processar e julgar as aes nas quais o Supremo (e

    apenas ele) avalia se uma lei viola a Constituio Federal, traz a possibilidade

    de escolha ao relator do processo. Diante de um pedido de deciso liminar,

    se entender que a questo absolutamente urgente, o relator pode decidir

    abreviar o andamento do processo, deixando de julgar a liminar, para imedia-

    tamente julgar o mrito da questo. A ideia que com isso o processo seria

    encurtado. o indicador nesse captulo mede o nmero de dias entre essa

    deciso do relator de deixar de julgar a liminar para abreviar o andamento

    do processo e o efetivo julgamento de mrito.

    Tecnicamente, o artigo 12 da Lei n 9.868/99 trouxe inovao no controle

    abstrato de normas brasileiro. o dispositivo passou a permitir que o relator sub-

    metesse diretamente ao Plenrio do Tribunal, aps procedimento abreviado, ao

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s5 4

    de controle abstrato com pedido de medida cautelar, desde que haja relevncia

    da matria e especial significado para a ordem social e a segurana jurdica.

    em linhas gerais, tal procedimento abreviado significa: a) prazo de 10

    dias para a prestao de informaes dos rgos ou autoridades dos quais

    emanou a lei ou o ato normativo impugnado (o prazo comum previsto no

    art. 6 da Lei de 30 dias); b) 5 dias para manifestao do Advogado-Geral

    da Unio (ordinariamente, consoante o art. 8 da Lei, o prazo de 15 dias);

    e c) tambm 5 dias para o Procurador-Geral da repblica (igualmente, o

    prazo regular de 15 dias). Aps tais procedimentos, a ao poder ser

    encaminhada pelo relator para julgamento pelo colegiado mximo do STF.

    Normativamente, a diferena, portanto, entre os prazos ordinrio e

    abreviado de somente 40 dias. Nesse sentido, importante destacar que

    a adoo do procedimento previsto no art. 12 no afasta a possibilidade de

    o relator submeter apreciao de medida cautelar ao Plenrio, conforme

    previsto no art. 10 da Lei, admitir amici curiae ou fixar audincia pblica.

    Da perspectiva histrica, esse artigo adveio, a partir do diagnstico

    supramencionado, da necessidade de aumentar a celeridade na tramita-

    o de aes diretas de inconstitucionalidade, inclusive por omisso, e de

    aes declaratrias de constitucionalidade que passam por crivo especial

    de relevncia7. exemplo constantemente utilizado nos debates prvios Lei

    era o julgamento de aes referentes a medidas provisrias. isso porque,

    pelo entendimento da Corte, uma vez convertida, ao cujo objeto era MP

    perde seu objeto.

    Atualmente, embora no presente expressamente na Lei n 9.882/1999,

    alm das ADis e ADCs, tal dispositivo aplicvel por analogia s arguies

    de descumprimento de preceitos fundamentais (ADPFs). Com efeito, dife-

    rentemente dos outros indicadores deste relatrio, o indicador deste tpico

    7 o ministro Gilmar Mendes, que participou da redao da referida lei compunha Comisso

    de Juristas criada (Portaria n 634, de 23/10/96, do Ministro de estado da Justia) para,

    dentre outras finalidades, propor projetos de lei sobre aes constitucionais de controle de constitucionalidade escreveu o seguinte: A medida parece-me salutar, visto que,

    hoje, mais da metade das aes diretas de inconstitucionalidade ajuizadas no foi julgada,

    estando esquecida nos gabinetes da Procuradoria-Geral da repblica, assoberbada pelo

    excesso de trabalho e escassez de procuradores, o que torna, em verdade, demorada a

    tramitao para o julgamento definitivo, hoje levando em torno de trs a quatro anos entre a apreciao da liminar e a deciso final. (MENDES, Gilmar Ferreira; MARTINS, Ives Gandra da Silva. Controle concentrado de constitucionalidade: comentrios Lei n. 9.868,

    de 1999, p. 216. 1 ed. So Paulo: Saraiva, 2001.)

  • O A r t . 1 2 d a L e i 9 . 8 6 8 / 9 9 5 5

    permite aferir a efetividade de alternativa j existente, pensada para dar

    celeridade ao julgamento de matrias relevantes e de especial significado

    para ordem social e segurana jurdica.

    Nesse contexto, observa-se que o rito previsto no art. 12 foi adotado em

    1.711 processos. Aps identificar cada um deles, calculamos a concentrao

    de processos nos quais foi adotado o rito em cada classe processual. ou

    seja: qual a porcentagem de ADis e ADCs nas quais foi adotado o rito dentre

    aquelas protocoladas desde a entrada em vigor da lei? Da mesma forma,

    qual a porcentagem de ADPFs e ADos com o rito do art. 12 dentre aquelas

    protocoladas aps o precedente do Supremo que determinou tal possibili-

    dade? No caso das ADPFs, a contagem a partir do dia 24 de outubro de

    2008 (deciso na ADPF 137), e, no caso das ADos, a partir do dia 7 de

    abril de 2009 (deciso na ADo 7). o resultado consta no grfico a seguir.

    Grf ico 21Concentrao de Processos com Adoo do Rito

    do Art . 12 por Classe Processual ( 1999-2013)

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    ADI ADO ADPF ADC

    57%

    18%

    11%

    4%

    O rito do art. 12 utilizado sobretudo nas ADIs.

    Mais da metade das ADis a partir de 1999 passaram a transitar pelo rito

    acelerado do art. 12 isto , 1.672 ADis. Nas demais classes processuais, a

    concentrao muito menor. So apenas 17 ADPFs, ou 11% daquelas pro-

    tocoladas desde o precedente que reconheceu a possibilidade de tal rito

    tambm nessa classe processual.

  • I I I R e l a t r i o S u p r e m o e m N m e r o s5 6

    Foram contabilizados os dias decorridos entre a deciso do ministro

    relator do processo no sentido de passar ao rito do art. 12 e a posterior

    deciso de mrito (a data da sesso de julgamento, no caso de decises

    colegiadas), cuja urgncia havia justificado tal medida. A mdia geral

    de 929 dias ou 2 anos e meio. Nos processos em que a deciso ainda no

    ocorreu, a contagem foi feita entre a data da adoo do rito e aquela do

    final do recorte temporal da base de dados 31 de dezembro de 2013.

    Nesses casos, a mdia geral de 1.748 dias ou 4,8 anos.

    Grf ico 22Mdia de Anos desde a Adoo do Rito do Art . 12

    por Classe Processual no STF (1999-2013)

    Ainda sem deciso de mritoCom posterior deciso de mrito

    2,6

    4,8

    0,8

    2,9

    4,8

    2,6

    1,2

    1,8

    2,5

    0,0

    1,0

    2,0

    3,0

    4,0

    5,0

    6,0

    ADC ADI ADI ADO ADO ADPF ADPF Geral Geral

    Nas ADIs, o rito supostamente sumrio leva em mdia 2,5 anos nos melhores casos e quase 5 anos nos piores casos.

    fcil perceber que a mdia tende a ser maior entre os processos nos

    quais j ocorreu a deciso de mrito em comparao com aqueles nos quais

    essa ainda no foi tomada. entre as ADCs com adoo do rito nenhuma teve

    tal deciso posterior.

  • O A r t . 1 2 d a L e i 9 . 8 6 8 / 9 9 5 7

    A mdia mais alta entre as ADis com deciso de mrito pendente

    1.763 dias, ou 4,8 anos. A mdia muito maior do que aquela das ADis j

    decididas, com 933 dias 2,6 anos. A segunda maior mdia a das ADPFs

    com deciso pendente: 1.063 dias ou 2,9 anos.

    A segunda varivel a de assunto dos processos. A partir daqui sepa-

    ramos a apresentao dos dados entre os dois grupos: o de processos com

    a deciso de mrito j tomada e o de processos com a deciso pendente

    em 31 de dezembro de 2013.

    Grf ico 23Nmero Mdio de Anos de Durao entre Adoo do Rito do Art .

    12 e Deciso de Processos no STF, por Assunto (1988-2013)

    2,5

    2,5

    2,7

    2,8

    3,3

    3,4

    3,5

    4,2

    5,5

    Proc. Civil e Trabalho

    Consumidor

    Proc. Penal

    Civil

    Administrativo

    Trabalho

    Previdencirio

    Tributrio

    Penal

    As ocorrncias do rito sumrio j concludas levaram mais tempo nos processos de direito penal, com direito tributrio em segundo.

    entre os processos j decididos, a maior mdia daqueles q