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Título do Projeto: Módulos Demonstrativos de Campo com a Semeadura do Milheto e Braquiária Ruziziensis em Sucessão à Cultura da Soja na Região Sudoeste Paulista. Relatório Relativo ao Dia de Campo PROGRAMA BOA COBERTURA Apoiado pela FUNDAÇÃO AGRICULTURA SUSTENTÁVEL-AGRISUS Local: Fazenda Experimental em Capão Bonito (SP), sede da APTA SUDOESTE PAULISTA Pesquisador Responsável: Eng. Agr. Dr. Sandro Roberto Brancalião (IAC) Instituto Agronômico (IAC) Novembro de 2011

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Título do Projeto: Módulos Demonstrativos de Campo com a Semeadura do Milheto e Braquiária Ruziziensis em Sucessão à Cultura da Soja na Região Sudoeste Paulista.

Relatório Relativo ao Dia de Campo PROGRAMA BOA COBERTURA

Apoiado pela FUNDAÇÃO AGRICULTURA SUSTENTÁVEL-AGRISUS

Local: Fazenda Experimental em Capão Bonito (SP), sede da APTA SUDOESTE PAULISTA

Pesquisador Responsável: Eng. Agr. Dr. Sandro Roberto Brancalião (IAC)

Instituto Agronômico (IAC)

Novembro de 2011

1. INTRODUÇÃO

O dia de campo foi realizado em Capão Bonito (região Sudoeste Paulista), no dia 18/11/2011, e teve o intuito de promover a divulgação para técnicos, produtores e estudantes, a importância de uma boa cobertura do solo, ou seja, disseminar a idéia de desenvolvimento e eficiência do Sistema Plantio Direto sobre uma boa cobertura do solo. É de senso comum da maioria das pessoas envolvidas com desenvolvimento de trabalhos e estudos em sistema plantio direto na palha, que para uma semeadura ser bem sucedida necessita-se de o produtor ou o técnico responsável preconizar semeadura, com qualidade, e sobre um bom aporte de fitomassa.

A qualidade de semeadura é melhorada quando utilizamos implementos e técnicas adequadas às condições edafoclimáticas de cada região. O Sudoeste paulista é tradicionalmente focado no cultivo do feijoeiro, sendo responsável por 20 % da produção desta leguminosa em nível nacional.Entretanto a Cultura da soja, principalmente após o surgimento de cultivares transgênicos evoluiu fortemente na região , atingindo patamares de 4 t/ha.

Desta forma a utilização de módulos cultivados com forrageiras foi de substancial importância para demonstrar aos produtores como se obter boa quantidade de palha após o cultivo de soja e ter condições de oferecer forragem ao animal.Isto pode ser desenvolvido e apresentado na região com a utilização de duas forrageiras, implantadas após a cultura da soja da seguinte forma:

A) Milheto BRS 1501 Exclusivo (Solteiro);

B) Braquiária Ruziziensis Cultivada Consorciada com Milheto;

C) Braquiária Ruziziensis Exclusiva (Solteira).

Figura 1. Área onde foram instalados os módulos demonstrativos.

Área demonstrativa

O objetivo do presente projeto foi demonstrar a Agricultores e Pecuaristas que a Gramínea desenvolve-se plenamente posteriormente ao cultivo da soja, devido ao aumento do nitrogênio total proporcionado pela leguminosa. Além de verificar ‘in situ’ a preferência animal pelas forrageiras e sobretudo os benefícios de uma boa cobertura do solo.

2. ATIVIDADES EXECUTADAS

2.1. Desenvolvimento das Atividades Preparatórias ao Dia de Campo

Realizou-se a caracterização física do solo, um Latossolo Vermelho Distrófico predominante na região, com 35 % de argila. A porosidade total, a micro e a macroporosidade que pode ser obtida por diferença entre a porosidade total e a micro que constam no Quadro 1, permite inferir, que após o cultivo de soja, a utilização de forrageiras dentro de um esquema de rotação de cultura foi muito oportuna para melhora a qualidade física do solo.

Quando 1. Caracterização das propriedades físicas do solo anteriormente à instalação dos módulos demonstrativos.

Camada (cm) Módulos de Forrageiras Porosidade Total Microporosidade Densidade

dm3 dm-3 dm-3.dm-3do solo

(Kg dm-3)

0-5 Milheto 0,48 0,36 1,37

5-10 Milheto 0,44 0,33 1,4210-20 Milheto 0,44 0,33 1,4120-40 Milheto 0,47 0,37 1,40

0-5 Braquiária Ruzi + Milheto 0,48 0,36 1,405-10 Braquiária Ruzi + Milheto 0,39 0,32 1,56

10-20 Braquiária Ruzi + Milheto 0,41 0,33 1,4520-40 Braquiária Ruzi + Milheto 0,44 0,35 1,40

0-5 Braquiária Ruziziensis 0,41 0,35 1,475-10 Braquiária Ruziziensis 0,43 0,36 1,53

10-20 Braquiária Ruziziensis 0,44 0,37 1,4320-40 Braquiária Ruziziensis 0,43 0,37 1,46

A cultivar de soja foi um material trangênico precoce e a data de semeadura foi 29/11/2010. Desta forma, a semeadura da braquiária ruzziziensis e do milheto, além do milheto sobre a braquiária foram seqüencialmente logo após a colheita da cultura de verão, realizada no dia 07 de abril. A Cultivar de soja semeada foi CODETEC-5909 e a adubação de verão para cultura da soja com base na recomendação do Boletim 100 do IAC foi de 350 kg/ha de 4-20-20 e a soja foi inoculada com bradyrhizobium japonicum turfoso, utilizando-se a dose recomendada.

Entretanto o estresse hídrico e geadas dificultaram a implantação dos módulos demonstrativos logo no mês de abril. Sendo realizada uma semeadura em maio e mais uma re-semeadura em agosto, com o objetivo de realizar o Dia de Campo em setembro, entretanto para setembro não teríamos cobertura vegetal suficiente para exibição dos módulos experimentais. Desta forma, optou-se para realização do evento em Novembro, onde a distribuição de chuvas para este ano de 2011 foi mais favorável. Em Capão Bonito, a distribuição de chuvas é melhor do que o restante do Estado, entretanto neste ano atípico, também não foi favorável para a região.

Cabe ressaltar que o produtor da região utiliza o cultivo de braquiárias a partir de novembro, portanto a tradição é de forrageira de verão. Por outro lado o seu desenvolvimento como recobrimento do solo para a região de Capão Bonito, foi satisfatória no outono-inverno. O milheto não sofreu com a geada, entretanto após o primeiro corte seu desenvolvimento foi prejudicado e optamos por fazer uma resemeadura sobre os módulos de milheto exclusivo e efetuou-se a semeadura no consorciamento de milheto BRS 1501 sobre a braquiária ruziziensis (30 dias após a semeadura da braquiária) que constam nas fotos em anexo.

2.1.2 Colheita da Soja

A colheita da cultura da soja foi realizada no dia 07/04/2011, com uma percentagem de perda de grãos ao redor de 5% da produtividade obtida.Dos 3.850 Kg /ha, acredita-se que pelo menos 3 sacas foram perdidas ao longo da colheita, isto refletiu num alto índice de reinfestação da soja, com vinte dias após a colheita.

A cultivar de soja CODETEC utilizada na uniformização da área demonstrativa para a instalação dos módulos foi muito promissora em todo seu desenvolvimento

fenológico e aportou uma fitomassa remanescente com um valor médio de 3,2 t/ha de massa seca anteriormente a instalação dos módulos demonstrativos.

2.1.3 Manejo com Herbicidas

Foi realizada dessecação química com 3,5 l/ha e área total após a colheita da soja.

Para o controle da tigüera da soja realizou-se duas aplicações, ambas com 0,8 l/ha de 2,4 D-amina em turbo atomizador, pulverizador com capacidade de 600 L.

2.1.4 Fertilidade do Solo

A seguir é apresentado um Quadro 2 com a análise de rotina relativa a caracterização das propriedades químicas do solo onde foram implantados os módulos experimentais. Não houve limitação química para instalação dos módulos.

Propriedades/

Camadas

pH MO

(g/dm3)

P

(mg/dm3)

K Ca Mg SB CTC V%

(mmolc/dm3)

0-20 cm 5,1 32 45 2,7 32 09 43,7 85 52

20-40 cm 4,8 30 35 1,8 27 12 40,8 74 47

2.1.5 Aporte de Fitomassa pelas Forrageiras

A cultura do milheto no primeiro corte produziu 4t /ha de matéria seca e 30 dias após a quantidade de resíduo no momento do dia de campo foi de 3 t/ha de matéria seca . Já a braquiária produziu seis toneladas de matéria seca em um único corte.

2.2. Ceifas nas Forrageiras e Manejo da Fitomassa.

Não foi realizado manejo químico, devido à utilização de pastoreio por bovinos na ocasião do dia de campo. Em relação ao cortes devido ao atrazo

e intercorrëncias climáticas foi realizado apenas um corte para o milheto e nenhum corte para a ruziziensis.

2.3. Cerca elétrica e pastoreio pelos bovinos

A cerca elétrica ficou como benfeitoria para o Polo Regional, e proporcionou no Dia do Evento um ótimo isolante do gado ao público permitindo uma boa dinâmica de Campo. Percebemos que a preferência dos bovinos foi pela braquiária ruziziensis.O que pode ser explicado pela chuva ocorrido no início de novembro, que aumentou o fechamento e perfilhamento da braquiária, consequentemente fornecendo uma boa palatabilidade para o gado.

2.4. Exibição da Palestras

As palestras foram de ótima qualidade e o público presente tinha um perfil diferente dos que vem na região, nos Eventos de Cereais, que ocorrem tradicionalmente em Capão Bonito. Alguns técnicos da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada) tomaram conhecimento da importância do trabalho da AGRISUS na divulgação dos conhecimentos já adquiridos sobre Sistema Plantio Direto na Palha (SPDP), e importância do manejo conservacionista em regiões com solos tropicais.

Abertura pelo Diretor do Pólo, o Dr. Edison Ulisses Ramos Jr, fazendo menção ao trabalho do IAC e da Agrisus na divulgação dos conhecimentos sobre manejo e a importância de uma boa cobertura do solo. A seguir a presentou o Dr Waldo Lara que fez uma apresentação discorrendo sobre o histórico do Plantio Direto e o quanto é importante para a Integração lavoura Pecuária um Plantio Direto bem conduzido “Só assim poderemos consolidar um sistema conservacionista como o SPDP: otimizando recursos naturais coma produtividade integrada de grãos”.

Logo a seguir, em função da Dra Cristina Pacheco ter cancelado sua apresentação, por motivos particulares; o Dr. Sandro Roberto Brancalião, apresentou resultados da pesquisadora Flávia Simili, da APTA-Ribeirão Preto, sobre bovinocultura leiteira (Obs: as Palestras foram disponibilizadas por todos os pesquisadores e encontram-se disponíveis para a Fundação Agrisus).

O Eng Agr. da empresa forrageira e de sementes Matsuda Sr Pedro discorreu muito abertamente sobre o trabalho da Matsuda na impermeabilização e incrustração de sementes de braquiárias, e aimportância da produção de sementes no Campo. Cabe ressaltar que

somente conseguimos eficiência na germinação e emergência da braquiária após a resemeadura com sementes incrustrada e com ótimo valor cultural (VC).

Na visita aos módulos o público interagiu prontamente com Dr. Waldo e com Eng. Henrique além de várias perguntas de ordem prática na instalação dos módulos experimentais que o pesquisador Sandro Roberto Brancalião esclareceu e o público pode tirar algumas dúvidas de seu dia-dia e do desenvolvimento das forrageiras como plantas subseqüentes a cultura da soja.

2.4.1. Principais Fatos do Evento

-Geadas: nos meses de maio e agosto, que atrasaram o Evento;

-a % de Cobertura do Solo na Ocasião do Evento foi de 100% para todos os módulos demonstrativos;

-Público: 90 pessoas;

-Interesse: alto;

-Perfil: variado;

-Pesquisadores: nenhum, com exceção de organizadores e Palestrantes;

-Agrônomos: Dez;

-Estudantes: 30/UNESP Registro;

-Produtores: com maior tradição em grãos do que em Pecuária;

-Distribuição de revista comemorativa da AGRISUS e alocação de banners no local do evento;

-Não foi possível realizar a análise bromatológica em função da ausência de cortes devido às intempéries climáticas;

-Distribuição de bonés com o logo do Programa , da AGRISUS e do IAC, a todos os participantes;

3. Visita aos Módulos Experimentais pelos Participantes

Na visita aos módulos experimentais todos ficaram surpresos com a qualidade e visual tanto do milheto como da ruzizensis, sendo que a adubação de base , não passou de 200 kg/ha de 4-20-20 e não foi feita nenhuma

adubação de cobertura. Isto muito provavelmente pode ser atribuído ao clima mais ameno da região de Capão Bonito e densidade de semeadura utilizada. Onde utilizamos 30 kg/ha para o milheto e 12 Kg /ha para braquiária ruzizienis.

Cabe ressaltar que o milheto exclusivo e consorciado foi semeado em linha com espaçamento de 30 cm entre-linhas.Já a braquiária na primeira tentativa de semeadura foi realizada a lanço com a próprio máquina quando a semente não estava incrustrada e depois em linha com uma semente com nível tecnológico maior, com maior pureza , valor cultura e técnicas de tratamento.

4. Conclusões

O objetivo do Evento foi atingido com a divulgação da mensagem da AGRISUS da importância de uma boa cobertura do solo, a técnicos, produtores e estudantes.

O milheto pode ser utilizado no outono-inverno preferencialmente com boas condições de precipitação na rebrota e a braquiária ruzizensis deve ser utilizada com pacote tecnológico mais elevada.

Ambas as forrageiras são promissoras, entretanto a maior palatabilidade para o gado ficou por conta da braquiária ruzizensis, nos módulos demonstrativos.

O Sistema Plantio Direto (SPD) é a melhor tecnologia para a difusão da Integração Lavoura Pecuária no Sudoeste Paulista.

5. Considerações Finais

O manejo conservacionista tem um apelo muito forte na região que tem forte potencial de formação de palha devido a boa distribuição de chuvas e enorme tradição de produtores no cultivo, especialmente de feijão, milho e soja.

Devido à intercorrências com geada (duas no período), com todo o esforço do grupo para realização do Evento considera-se excelente a divulgação do Programa Boa Cobertura, financiado pela Fundação Agrisus para o Sudoeste Paulista. Os módulos ficaram permanentes possibilitando outros eventos com Agricultura Sustentável.

6. Principais Fotos do Evento (a critério da AGRISUS, poderão ser disponibilizadas outras fotos e também as Palestras).

Fig 2A e 2B, Colheita e palhada da soja

Fig 3. Consórcio milheto e Ruziziensis e o pastejo dos bovinos

Fig 4. Transporte dos Bovinos

Figura 5. Vista da Ruziziensis e da Cerca elétrica

Figura 6. Dr Waldo Lara visualizando o desenvolvimento das forrageiras

Fig 7. Alguns dos Participantes do Evento (Primeiro Grupo de Visitação aos Módulos).

Fig 8. Café da manhã de recepção

Fig 9. Módulo do Milheto, bem uniforme após a Rebrota

Fig. 10 Palestra sobre Plantio Direto e Integração:Lavoura-Pecuária: Início 9: 00 horas

7. Equipe:

Edison Ulisses Ramos Jr.(Diretor do Pólo-facilitador)

Lúcia Helena Signori de Castro (Divulgação)

Sandro Roberto Brancalião (Organização)

Sonia Carmela Falci Dechen (Organização)

Waldo Lara Cabezas (Palestrante)