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REPÚBLICA DA GUINÉ- BISSAU MINISTERIO DA AGRICULTURA E DO DESENVOLVIMENTO RURAL (MADR) PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD) Projeto de Reforço das Capacidades para a Gestão Sustentável das Terras e Luta Contra a Desertificação Relatório Plano de Ação da Estratégia Financeira Integrada Denise Lima 1

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REPÚBLICA DA GUINÉ- BISSAUMINISTERIO DA AGRICULTURA E DO DESENVOLVIMENTO RURAL (MADR)

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO(PNUD)

Projeto de Reforço das Capacidades para a Gestão Sustentável das Terras e Luta Contra a Desertificação

Relatório Plano de Ação da

Estratégia Financeira Integrada

Denise Lima

Bissau, Junho de 2012

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RESUMO EXECUTIVO

PLANO DE AÇÃO DA ESTRATÉGIA FINANCEIRA INTEGRADA

Fontes, Instrumentos e mecanismos internos de financiamento

As principais fontes de receitas internas da Guiné-Bissau proveem de recursos das licenças de pesca e da taxação da exportação do caju. Nos últimos três anos essas receitas cresceram em mais de 30% com resultado do esforço do Governo na gestão financeira. Apesar disso, 50% das despesas do Governo são financiadas com recursos externos (MEPIR, 2011). Por esse motivo, os investimentos públicos andam num ritmo inferior ao que seria necessário.

A principal fonte de receitas é a agricultura e a pecuária, que são também as atividades mais impactante do ponto de vista da GDT. O setor de minas, que dialoga diretamente com a questão da Gestão Durável das Terras, é ainda incipiente, mas poderia ser um setor a gerar fundos para as ações de GDT. O Banco Mundial e o FMI trabalham para apoiar o governo a estruturar uma gestão transparente que permita a exploração sustentável desses recursos, em consonância com o respeito e cuidado com as comunidades das áreas de exploração, gerando renda e emprego para o país.

A Gestão Durável das Terras é, portanto, uma condição para a manutenção e crescimento da produção e, consequentemente, da economia nacional. Caso não se adote uma ação imediata, as queimadas e a desmatação descontroladas podem ocasionar a perda de fertilidade dos solos com prejuízos incalculáveis. Da mesma forma a desmatação no Planalto e das beiras de rios estão a sedimentar as áreas de bas-fond inviabilizando no médio prazo a produção de arroz. A exploração mineira também não pode ocorrer de forma sustentável em um ambiente sem organização social e sem tecnologias apropriadas. Dessa forma, a incapacidade do Estado em estancar o processo de degradação de terras e de promover uma exploração mineira sustentável pode gerar um agravamento do quadro de pobreza da população e do país.

Do ponto de vista da EFI, a tendência é de que a destinação de recursos internos para a GDT dependa do fortalecimento do setor privado nacional e da criação de uma política fiscal que favoreça as atividades sustentáveis e penalize a exploração predatória. As receitas dessa política poderiam então financiar ações de GDT.

Fontes, Instrumentos e mecanismos externos de financiamento

A situação política da Guiné-Bissau e o fato de o país estar inscrito na lista dos países altamente endividados, dificulta o acesso a vários mecanismos de financiamento externo.

Em março de 2012 as principais fontes de financiamento estavam circunscritas a fundos da União Européia, do FMI e do Banco Mundial. No nível regional, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e o Banco de Desenvolvimento da África do Oeste (BOAD) são os principais financiadores.

Dois novos mecanismos multilaterias estão presentes em Guiné-Bissau financiando projetos. O Fundo IBAS que reúne recursos do Brasil, India e Africa do Sul tem financiado projetos de desenvolvimento rural desde 2005, e o Banco Islâmico de Desenvolvimento (BID) que inicia um projeto de desenvolvimento rural implementado pela FAO.

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As cooperações bilaterais mais importantes em março de 2012, segundo informações do GAPLA/MADR, são as cooperações prestadas pela China, Japão, Portugal, Brasil e Espanha.

Plano de Ação

O Plano de Ação foi construído a partir de um processo de consulta e de sistematização de informações. Em meio a sua elaboração ocorreu um Golpe de Estado que dificultou a visualização de um processo consistente de desenvolvimento e implementação da EFI no curto prazo. Assim, todas as análises e propostas fazem referência ao período até março de 2012.

Portas de Entrada para a EFI na Guiné Bissau

De alguma forma os projetos e programas do Governo inserem ações de GDT, tal a importância da Agricultura e dos recursos florestais na vida e na economia do país. A grande dificuldade que se apresenta é de coordenação e de continuidade das ações que ficam sempre adstritas ao universo dos projetos de curto prazo.

Embora a sucessão de projetos esteja referenciada num diagnóstico que considera os principais vetores da degradação de terras, a descontinuidade e a falta de consolidação dos resultados, reduzem o impacto e a eficácia das ações.

Preliminarmente, visualizamos três portas de entrada para a EFI:

a) O Plano Nacional de Investimentos Agrários (PNIA)b) Política de compensações ambientaisc) A Fundação Bio Guinéd) Fontes Inovadoras: mercado de carbono e certificação florestal

Objetivos da EFI

Os objetivos da Estratégia Financeira Integrada de Guiné-Bissau são:

Elaborar um Quadro de financiamento integrado para a Gestão Durável das Terras em Guiné-Bissau e fortalecer capacidades nacionais para a negociação, mobilização e gestão de recursos para a GDT.

Para tanto, estabeleceram-se três grandes metas:

1. Melhoria do ambiente institucional para a mobilização de recursos1.1. Programa de Desenvolvimento de Capacidades dos Ministérios das Finanças, das

Direções de Administração Financeira e dos Gabinetes de Estudos e Planificação dos Ministérios envolvidos na GDT

1.2. Abordagem de Orçamento sensível a Gênero inserido no Orçamento do Estado e da Gestão Durável das Terras.

1.3. Melhorar a integração das temáticas ambientais nas políticas sectorial, sobretudo em Agricultura, pesca e florestas e minas;

2. Melhoria das Políticas setoriais e da gestão dos recursos Internos

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2.1. Política de Ordenamento Territorial e Zoneamento Ecológico Econômico para servir de marco orientador da GDT e de Monitoria e Avaliação dos processos de degradação de terras;

2.2. Programa Nacional de parceria para GDT, constituído e em funcionamento2.3. Sistema de Informação sobre a GDT criado e no país que permita avaliar o avanço da

degradação de terras e da ameaça de desertificação e também quantificar economicamente as perdas econômicas geradas por esse processo.

3. Melhoria da Coordenação para Mobilização dos Recursos Internos e Externos3.1. Estratégia de Comunicação para a GDT desenvolvida3.2. Sistema de Informação sobre Doadores disponível e atualizado3.3. Programa Nacional de parceria sobre GDT criado e em funcionamento3.4. Programa de Cooperação Sul-Sul para a Gestão Durável das Terras desenvolvido e em

implementação 3.5. Programa de Pequenos Projetos Comunitários desenvolvido e em funcionamento3.6. Fundo de Compensações Ambientais e do Setor Produtivo Mineiro e Agropecuário criado para

financiar ações de capacitação e desenvolvimento tecnológico em GDT

Recomendações

As ações de Gestão Durável das Terras estão pulverizadas em diversos órgãos de governo e da sociedade civil. Por força da participação da agricultura e da exploração de recursos naturais na economia nacional, é praticamente impossível falar de desenvolvimento rural sem referir ações de GDT.

Entretanto, faltam mecanismos de gestão e coordenação eficientes. O MADR tem uma estrutura de planeamento frágil, sem recursos humanos e materiais para acompanhar e executar ações. Por outro lado, tem uma visão restrita sobre o papel das ONGs. Embora não cumpra com a tarefa de prestar assessoria técnica às comuniddes no que concerne è agricultura, pesca e pecuária, o MADR não tem buscado construir parcerias efetivas com as ONGs que o fazem, adotando uma postura fiscalizatória, na maioria das vezes.

A SEADD é um órgão recente e dispõe de poucos técnicos à frente de projetos com financiamento internacional. Tem clareza do seu papel normativo e político, mas encotnra dificuldades na integração com as outras pastas. É importante destacar que essa dificuldade não está no nível do diálogo entre as Direções Nacionais, mas na execução. A fragilidade do Estado fez com que algumas pessoas assumissem determinados temas, de forma individualizada. Foram atitudes vitais em determinados momentos de crise que permitiram que o país não se paralisasse. Entretanto, reverter esse quadro para um cenário atual de maior institucionalização é um dos grandes desafios. Considerando o conjunto de problemas e propostas de soluções levantados pelos diversos parceiros, recomenda-se:

Elaborar uma Política de fundiária que considere a ocupação e uso do solo em função da sua vocação e aptidão (agrícola, pastoral e florestal) , conforme prevê a zonagem ecológico econômica;

Elaborar e implementar um Programa de Desenvolvimento Organizacional e Reforço das Capacidades individuais dos técnicos das Direções do Plano e das Finanças, assim como do GAPLA e dos DAF, no nível dos ministérios setoriais.

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Síntese do PAN-LCD: O documento revisado do PAN tentou manter a estrutura do documento anterior agregando novas informações e as propostas de projetos. Com isso o documento ficou muito rico, mas também muito extenso. Ocorre que documentos muito extensos dificultam a sua assimilação e discussão enquanto política pública. Por essa razão, recomendamos que o documento seja sintetizado em um Resumo Executivo, que considere as grandes linhas de ação, gerando um documento de até 30 páginas que poderia ser então submetido ao Conselho de Ministros.

Inserção do enfoque de Género: O PAN-LCD, assim como as demais políticas do governo, precisa dar maior ênfase à questão de gênero. Algumas propostas podem ser construídas pela observação de como as ONGs vêm trabalhando essa questão, em especial a KAFO e a Tininguena. A ausência de componentes de gênero fragiliza as estratégias propostas visto que há uma relação desigual de poderes e nas formas de uso da terra entre mulheres que cultivam nos bas-fonds e os homens que cultivam no Planalto. Esse poder desigual faz reduz o impacto das ações de recuperação dos bas-fonds. Sem estabelecer relações de parceria para a Gestão Durável das Terras, sensibilizando os homens para os riscos do desmatamento do Planalto, e sem envolvê-los no apoio à implantação de infraestruturas que permitem o cultivo dos bas-fonds pelas mulheres, fica um vácuo de ação que prejudica a sustentabilidade das ações.

Estabelecimento de Parcerias com as ONGs: As ONGs de Guiné-Bissau reúnem quadros especializados estão a desenvolver experiências exitosas no campo da Gestão Ambiental. Essas experiências precisam ser valorizadas como subsídios para a formulação de políticas públicas e as atuais competências existentes precisam ser reforçadas no campo da GDT, mobilizando apoio de projetos internacionais para o desenvolvimento ações no terreno pelas ONGs, especialmente na vulgarização de técnicas de conservação de solo e água.

Sinergia das Convenções: Grande parte das ações de GDT são executadas por outros órgãos, com especial destaque para o Instituto de Biodiversidade e Áresas Protegidas, que é responsável pela implementação da Convenção de Conservação da Biodiversidade. Outro projeto que assume diversas ações de GDT é o recente projeto da SEAD, com apoio do PNUD/GEF “Aumento da Resiliência às Mudanças Climáticas no Leste do país”. Especialmente em países pequenos com extensas áreas de florestas e ecossistemas únicos como é o caso da Guiné-Bissau, as três convenções ambientais precisam ser trabalhadas de forma conjunta e sinergica, sob pena de grandes desperdícios de recursos humanos e financeiros. A concertação ao nível dos pontos focais das convenções e o ponto focal do GEF, que é o maior financiador da área ambiental, é de vital importância para a ampliação do escopo das ações de GDT no país.

Foco no fortalecimento e responsabilização do setor privado: apesar de todas as dificuldades enfrentadas pela Guiné-Bissau, a Estratégia Financeira não pode estar circunscrita apenas ao apoio externo, pelo fato de que, se as comunidades e o incipiente setor privado do país não conseguem perceber a terra como um patrimônio e se não conseguem perceber o processo de degradação ocasionado pelas queimadas e pelo desmatamento do Planalto e das beiras de rios, não será possível desenvolver a Gestão Durável das Terras. Porque a cada Franco investido em prevenção e recuperação de terras, outros dez estão estarão sendo perdidos. Assim, a recomendação é de que o setor privado,

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principalmente os produtores de caju e os agricultores que desmatam o Planalto e as beiras de rio sejam envolvidos em um processo de discussão sobre o ordenamento do território. E, no médio prazo, uma vez que haja um Zoneamento Ecológico assumido como marco legal da GDT, os agricultores que não se adequarem às normas de uso da terra sejam responsabilizados. Quando se fala em responsabilizar não se trata de punição, mas de envolvê-los em ações compensatórios de reflorestamento e acordos para redução dos incêndios florestais.

Fortalecimento da Cooperação Sul-Sul: Há novos atores na cooperação internacional, especialmente na cooperação técnica que podem trazer abordagens mais apropriadas ao nível organizacional de países como a Guiné-Bissau. Assim, tanto no nível da sub-região, quanto no âmbito da cooperação sul-sul com Índia, Brasil, África do Sul e China (dentre outros) podem ser buscados recursos.

Reforço das ações de comando e controle: essas ações são necessárias para consolidar as ações de gestão e de incentivos ao uso sustentável dos recursos naturais.

Proposta de Mecanismo de Gestão, Acompanhamento e Avaliação

Como qualquer outro plano, a EFI somente se concretizará se houver uma liderança legítima e comprometida. Entretanto, há dúvidas e duas visões divergentes entre os técnicos sobre o tema da institucionalidade de um Órgão Nacional de Coordenação (ONC):

a) Um grupo de técnicos acredita que a melhor opção é que a Comissão Nacional de Gestão Fundiária, que é um órgão previsto para gerir a Lei de Terras, assuma o PAN/LCD (GDT) dentre as suas atribuições. Considerando que a Lei de Terra também prevê Comissões Regionais e Secções ao nível das comunidades, esse seria um caminho já pré-institucionalizado.

b) O segundo grupo de técnicos entende que o Orgão/Programa Nacional de parceria recém criado para GDT com vista ao seguimento da implementação do PAN/LCD, necessita de um órgão proprio mais ao nível dos técnicos e que seja dirigido por um Comitê de Pilotagem e uma Unidade Gestão do Programa Nacional de parceria para a GDT que contemple os diversos projetos já propostos.

Diante dessa dificuldade, a consultoria propôs que fosse criado o Programa Nacional de paceria para mobilizar o debate sobre a GDT e um comitê de pilotagem para os projetos com atuação nesse domínio. Ao final de uma primeira experiência com o Programa Nacional de parceria, os atores chaves estariam mais aptos a decidirem pela adoção de um orgão proprio para seguimento e avaliaçao da implementação de cada um dos dois documentos: a Lei Fundiaria (Comissão Nacional de Gestão Fundiária) e o PAN/LCD (Comité de pilotagem e uma unidade de gestão do programa sobre a GDT.

O Programa Nacional de parceria para a GDT teria então a responsabilidade de estabelecer diretrizes para a execução do Plano da EFI, reunindo-se a cada dois meses para identificar as tarefas e responsabilidades. .

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SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ADPP Ajuda do Desenvolvimento do Povo para Povo

AMAE Associação de mulheres cm Actividade Económica

ANAG Associação Nacional dos Agricultores da Guiné-Bissau

ANP Assembleia Nacional Popular

BAD Banco Africano de Desenvolvimento

BID Banco Islâmico de Desenvolvimento

BM Banco Mundial

BOAD Banco Oeste Africano de Desenvolvimento

CCD Convenção de Combate contra DesertificaçãoCEDEAO Comunidade Económica dos Estados da Africa Ocidental

CILSS Comité Nacional de Luta contra a Seca no Shael

CONACILSS Comité Nacional do CILSS

DENARP Documento de Estratégia Nacional de Redução da Pobreza

DGA Direcção Geral da Agricultura

DGP Direcção Geral da Pecuária

DGFF Direcção Geral das Florestas e Fauna

DGM Direcção Geral da Meteorologia

DGPIP Direcção Geral da Promoção do Investimento Privado

DGPIP Direcção Geral da Planificação do Investimento Publico

DHAS Departamento de Hidráulica, Agrícola a e Solos

DPA Direcção da Pesca Artesanal

DPV Direcção de Protecção Vegetal

DSPV Direcção dos Serviços de Protecção VegetalFAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

FIDA Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola

FUNUAP Fundo das Nações Unidas para assuntos da População

GAPLA Gabinete de Planificação Agrícola

GEF Fundo Mundial Para o Ambiente

GST Gestão Sustentável das Terras

GTP-IE Grupo de Trabalho sobre Petróleo e outras Indústrias Extrativas

IBAP Instituto da Biodiversidade e das Áreas ProtegidasIMVF Instituto Marques de Vale e FlorINE Instituto Nacional de Estatísticas

INPA Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola

ITIE Iniciativa para a Transparência na Indústria Extrativa

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LCD Luta contra a Desertificação

MADR Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural

MEPIR Ministério da Economia, Plano e Integração Regional

MF Ministério das Finanças

MRNE Ministério dos Recursos Naturais e Energia

NEPAD Nova Parceria para o Desenvolvimento da África

OMD Objectivos do Milénio para o DesenvolvimentoONG Organizações não Governamentais

OC Organizações Camponesas

PAM Programa Alimentar MundialPIB Produto Interno Bruto

PLACON GB Plataforma das ONG

PNIA Programa Nacional de Investimento Agrícola

PNUA Programa das Nações Unidas para o Ambiente

PNUD Programa das Nações Unidas Para o DesenvolvimentoU E União EuropeiaUEMOA União Económica e Monetária Oeste Africana

UICN União Internacional para a Conservação da Natureza

Observação: Quando da finalização deste relatório tivemos a notícia da mudança de nomes dos Ministérios da Agricultura e Desenvolvimento Rural, que passou a chamar-se Ministério da Agricultura e das Pescas e da Secretaria de Estado do Ambiente e Desenvolvimento Durável que passou a denominar-se Secretaria de Estado do Ambiente e Turismo. Entretanto, como todos os documentos ainda estão adotando a nomenclatura anterior, optamos por também manter a nomenclatura do momento da coleta de dados.

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LISTA DE FIGURASFigura 1 - Carta das zonas eco-geográficas da Guiné-Bissau (Fonte: PAN-LCD)..........................24

Figura 2 – Distribuição de Recursos por Agências da UN, para o periodo 2013-2017................52

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1 - Quadro de Causas, Consequências e Ações Potenciais do PAN/LCD.........................27

Tabela 2 – Quadro de Projetos Propostos no âmbito do PAN-LCD............................................86

Tabela 3 - Subprogramas e Componentes do PNIA....................................................................38

Tabela 4 - Matriz de Recursos da UN para o periodo 2013-2017...............................................52

Tabela 5 – Fontes de Financiamento Externo – Cooperação Bilateral.......................................53

Tabela 6 – Fontes de Financiamento Externo – Cooperação Multilateral..................................54

Tabela 7 - Plano de Ação da Estratégia Financeira Integrada.....................................................76

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SUMÁRIO

SumárioRESUMO EXECUTIVO 2LISTA DE FIGURAS 9LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS 9SUMÁRIO 101. INTRODUÇÃO 12

1.1. Definição dos Conceitos e dos seus elementos..........................................................12

1.2. Metas e Objetivos Estratégicos..................................................................................15

1.3. Metodologia Adotada no trabalho.............................................................................16

1.4. Resultados Esperados da EFI/ Quadro Integrado de Investimentos..........................17

2. CONTEXTO NACIONAL 182.1. Informação sobre o país: situação do avanço do PAN e da Degradação das Terras...18

2.1.1. Situação do país..................................................................................................18

2.1.2. A Economia Nacional..........................................................................................20

2.2. Avanços do PAN e Marco Institucional da Convenção de Combate à Desertificação.22

2.3. Situação da Degradação de Terras em Guiné Bissau..................................................23

2.3.1. Causas da Degradação de Terras na Guiné-Bissau..............................................24

2.3.2. Soluções Potenciais Identificadas no PAN/LCD...................................................27

2.4. Fluxos Financeiros em favor da GDT...........................................................................28

2.5. Quadro da Planificação e Elaboração de Políticas......................................................31

2.6. Quadro Institucional e legal existente para o financiamento da GDT........................33

2.6.1. O Documento de Estratégia Nacional de Redução de Pobreza DNARP II...........34

2.6.2. O Programa de Investimento Público (PIP).........................................................35

2.6.3. O Programa Nacional de Investimento Agrário - PNIA........................................36

2.7. Recursos Humanos e Reforço de Capacidades Nacionais pra a GDT..........................39

2.8. Recomendações.........................................................................................................40

2.8.1. Programa de Reforço de Capacidades em Planeamento e Gestão de Projetos..40

2.8.2. Necessidade de um Fórum de Diálogo...............................................................40

2.8.3. Marco Legal para a GDT complementar à Lei da Terra: Ordenamento Territorial40

2.8.4. Síntese do PAN-LCD............................................................................................41

2.8.5. Estabelecimento de Parcerias Estratégicas com as ONGs...................................41

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2.8.6. Aproximação entre o PAN e o PNIA....................................................................42

3. ANÁLISE DAS FONTES, INSTRUMENTOS E MECANISMOS DE FINANCIAMENTO 423.1. Fontes, Instrumentos e mecanismos de financiamento internos...............................42

3.1.1. Gestão dos Fundos Públicos e Processo orçamentário.......................................43

3.1.2. Instrumentos Fiscais e Políticos..........................................................................43

3.1.3. Orçamento Local e Municipal.............................................................................43

3.1.4. Fundos Nacionais e Privados..............................................................................44

3.1.5. Recomendações Específicas...............................................................................44

3.2. Fontes, Instrumentos e mecanismos externos de financiamento..............................45

3.2.1. Fontes: principais Doadores...............................................................................46

3.2.2. Modalidades e dispositivos de financiamento dos Doadores.............................46

3.2.3. Mecanismos de Coordenação de Doadores.......................................................51

3.2.4. O PNUD e o Componente Gestão e Proteção ao Meio Ambiente.....................59

3.2.5. Investimentos Estrangeiros Diretos e Indiretos..................................................62

3.2.6. Recomendações.................................................................................................64

3.3. Fontes, Instrumentos e Mecanismos de Financiamento Inovadores.........................65

3.3.1. Pagamentos por Serviços Ambientais.................................................................66

3.3.2. Mercados de Carbono e relacionados com as Mudanças Climáticas..................66

3.3.3. Acordos Privados e Certificação.........................................................................68

4. PLANO DE AÇÃO DA ESTRATÉGIA FINANCEIRA INTEGRADA 704.1. Portas de Entrada para a EFI na Guiné Bissau............................................................70

4.1.1. O Plano Nacional de Investimentos Agrários (PNIA)...........................................71

4.1.2. Política de compensações ambientais................................................................71

4.1.3. A Fundação Bio Guiné.........................................................................................72

4.1.4. Fontes Inovadoras: mercado de carbono e certificação.....................................72

4.2. Objetivos da EFI..........................................................................................................73

4.3. Proposta de Mecanismo de Gestão, Acompanhamento e Avaliação.........................81

5. BIBLIOGRAFIA 826. ANEXOS 83

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1. INTRODUÇÃOO desenvolvimento da Estratégia Financeira Integrada de Guiné-Bissau iniciou-se em agosto de 2010 com o apoio de uma missão conjunta do PNUD, FAO e Mecanismo Mundial que coordenou um Atelier para capacitação de técnicos e construção de uma Agenda para elaboração da EFI. Aproximadamente 20 técnicos e dirigentes de várias instituições do Governo e Sociedade Civil participaram do atelier concebendo um roteiro para o desenvolvimento da Estratégia.

Ao final da referida missão, uma reunião dos atores envolvidos resultou em uma série de recomendações sobre a elaboração da EFI, apontando as seguintes ações a serem desenvolvidas assim como os seus responsáveis1:

Realização de um estudo institucional sobre o funcionamento e mandato do Programa Nacional de Parceria para a GDT (em substituição da ex-ONC)

Incorporar ao PAN / CCD os aspectos do Plano Decenal 2008-2018 da CCD e, como anexos, os demais documentos (estudo do PNP-GDT (ONC) e documento da EFI), que reforçam a implementação do PAN / CCD.

Implementar as recomendações feitas pelos participantes do Atelier para construção da Agenda da EFI e da reunião de concertação da Missão Conjunta;

Reforçar os mecanismos de consulta para assegurar a comunicação eficaz e a cooperação entre os envolvidos no GDT;

Buscar sinergias entre as iniciativas.

Uma análise da documentação disponível e ainda a partir das entrevistas realizadas, pode-se afirmar que as recomendações da missão foram atendidas em sua maior parte :

1) O estudo para a criação do PNP-GDT foi concluído em 2011.2) O PAN foi revisto com base nas novas diretrizes da CCD, entretanto ainda se encontra

em fase de validação política. 3) As recomendações da reunião de concertação interinstitucional e do atelier para

elaboração da Agenda da EFI estão sendo incorporadas ao Plano de Ação proposto neste documento;

4) Foi desenvolvida uma consultora nacional para levantar subsídios para a elaboração da EFI e uma consultoria internacional para levar a cabo a elaboração do Plano de Ação da EFI.

Este relatório toma como referência tanto os resultados do atelier como as recomendações da Missão Conjunta, além de buscar cumprir os passos sugeridos pelo Manual de Desenho de Estratégias Financeiras Integradas desenvolvido pelo Global Mechanism.

O presente documento foi submetido a um atelier, em 21 de Junho de 2012, para sua análise e validação técnica.

1.1. Definição dos Conceitos e dos seus elementosO termo desertificação não se refere apenas à expansão dos desertos existentes, mas também à vulnerabilidade dos ecossistemas de terras áridas susceptíveis à sobre-exploração e ao uso inadequado da terra. A ampliação do conceito foi necessária para enfatizar o risco de 1 Aide Memoir Missão Conjunta FAO/PUND/Global Mechanism, Agosto/2010.

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degradação do solo e a necessidade de promover uma gestão durável das terras que dialogue diretamente com a proteção das florestas e das comunidades que dela dependem.

O fenômeno da degradação de terras costuma afetar de maneira mais direta e intensa as camadas mais vulneráveis da população do planeta, onde se associam a pobreza, a instabilidade política e a desflorestação, e, ainda, com muita frequência, o pastoreio excessivo e as práticas inadequadas de irrigação.

A falta de acesso a técnicas de gestão e conservação de solos e de água e de técnicas sustentáveis de produção agrícola e pecuária acabam por gerar a dilapidação do maior e, na maioria das vezes, único patrimônio das comunidades rurais, que é a fertilidade das suas terras.

TerrAfrica2 definiu a Gestão Durável das Terras (GDT) como a adoção de sistemas de uso da terra que, através de práticas de gestão adequadas, permite maximizar os benefícios econômicos e sociais da terra, enquanto mantém ou melhora as funções de suporte ecológico dos recursos da terra.

A degradação da terra resultante da ausência de uma gestão durável impede o desenvolvimento de uma agricultura sustentável e causa impactos especialmente gravosos para os meios de subsistência das populações menos favorecidas. Não se trata apenas de um impacto econômico direto, pois a degradação do solo pode contribuir para aumentar as tensões sociais, para intensificar o uso de outros recursos naturais, forçar o desmatamento para abertura de novas áreas de exploração, tudo isso afetando a gestão da água e da biodiversidade, além de contribuir para a liberação de carbono para a atmosfera.

Por Gestão Durável das Terras entende-se o conjunto de ações que promovam:

A agricultura com práticas de conservação de solo e água; A proteção das Bacias Hidrográficas; A exploração sustentável e o acesso aos recursos minerais; O manejo durável das floretas e a proteção das zonas tampão no entorno das Áreas

Protegidas e das zonas suscetíveis à desertificação; O ordenamento territorial e o zonemento econômico ecológico; A capacitação dos técnicos e das comunidades em técnicas de produção que

mantenham a estrutura física e a fertilidade dos solos; O equilíbrio de géneros, considerando o importante papel da mulher na economia

rural e especialmente na agricultura; O diálogo interinstitucional e intersetorial, dentre outros.

Em países de economia fortemente agrícola e de baixo Índice de Desenvolvimento Humano, como é o caso da Guiné-Bissau, a Gestão Durável das Terras se constitui como um dos pilares para a redução da pobreza.

A Convenção de Combate à Desertificação estabelece como um dos compromissos dos países signatários a elaboração de um Plano de Ação Nacional de Luta contra a Desertificação (PAN-LCD). Esse Plano deveria ser o instrumento estratégico por excelência para direcionar as ações relacionadas com a Gestão Durável das Terras. Entretanto, os estudos demonstraram que o PAN revelou-se um instrumento de limitada eficácia. De forma geral, os PANs têm sido desenvolvidos de forma independente de outros planos de ação e não têm sido efetivamente inscritos nos marcos gerais do desenvolvimento nacional3.

2 Global Mechanism (2009)Manual de Desenho de Estratégias Financeiras Integradas. Lisboa.3 Global Mechanism, 2009, Manual de Desenho de Estratégias Financeiras Integradas. Lisboa.

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Esse isolamento dos PANs se contrapõe à natureza transversal e intersetorial da Gestão Durável das Terras, uma vez que a degradação dos solos e a desertificação afetam o meio natural e socioeconômico em múltiplos aspectos. Passando pela conservação da biodiversidade (variedade de espécies, populações, habitats e ecossistemas) à manutenção do Capital Natural (abastecimento de solo produtivo, água, bosques, ar limpo e outros recursos renováveis que sustentam a sobrevivência, a saúde e a prosperidade das comunidades humanas) a terra e a água são os sustentáculos da saúde dos ecossistemas.

Os estudos sobre a elaboração e implementação dos PANs revelaram também que, de forma geral, o “processo” de elaboração do PAN é tão importante quanto o documento em si. Além da necessidade de congruência entre a análise das causas subjacentes da degradação da terra e as soluções que são propostas, a compreensão dos atores sobre o problema da degradação das terras, suas implicações e, principalmente suas interrelações com os outros setores é que faz a diferença no sucesso das iniciativas.

Diante dessas constatações, o Mecanismo Mundial elaborou o conceito das Estratégia Financeira Integrada (EFI). A EFI é mais que um instrumento para apoiar os governos na mobilização de recursos financeiros para a implementação da convenção. É também uma oportunidade para analisar a necessidade de reformas dos marcos políticos, legislativos e institucionais e de incentivos para que as comunidades e proprietários das terras ponham em prática a gestão durável das terras.

Portanto, ao mesmo tempo em que apoia a identificação de um quadro de investimentos e de recursos internos, externos e inovadores para a Gestão Durável das Terras, a estratégia revela as barreiras potenciais na identificação, destinação e desembolso dos recursos e recomenda ações para superar essas limitações.

A Estratégia Financeira Integrada tem como um dos seus objetivos constituir um quadro estratégico que busca promover o investimento integrado na Gestão Durável das Terras. O caminho percorrido para chegar a esse Quadro Estratégico considera os principais desafios identificados na maioria dos países, os quais se situam em quatro niveis:

1. Político è a Luta contra a Desertificação/GDT não é uma prioridade, logo o apoio político é fraco.

2. Institucional è o quadro institucional não é suficientemente sólido para tratar de um tema tão trans-sectorial .

3. Técnico è capacidade dos actores e experiêsncia algumas vezes insuficientes.

1.2. Metas e Objetivos Estratégicos

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A elaboração de uma estratégia financeira para combater a desertificação depende de uma análise das circunstâncias que identifique os meios ótimos de mobilização de recursos dentro de um enfoque integrado e necessariamente participativo.

A Estratégia deve ser orientada a atuar sobre quatro áreas estratégicas convertidas metas de desenvolvimento e aprimoramento :

Politicas e Planificação Quadro Institucional Marcos Legal e Regulatório Mecanismos de Coordenação

A partir do desenvolvimento dessas quatro áreas ou metas estratégicas, desenvolve-se o objetivo da EFI que é “mobilizar recursos internos, externos e inovadores construindo um mapa ou uma rota ótima e participativa para alcançar um Quadro Integrado de Investimentos que dê suporte à Gestao Sustentavel das Terras”.

Os Componentes da EFI definidos pela metodologia proposta pelo Global Mechanism são

Contexto Nacional1. Análise do Contexto Nacional2. Integração da GST nos quadros de planificação

Fontes de Financiamento1. Mobilização de Fontes Internas2. Mobilização de Fontes Externas3. Mobilização de Fontes Inovadoras

Alianças ou Mecanismos de Coordenação1. Desenvolvimento de alianças

Plano de Acção 1. Plano de Acção para a EFI

O Plano de Acção da EFI, que é o foco deste relatório, resume as principais áreas de ação para implementar a estratégia e tem por objetivo apresentar em um quadro lógico que contemple:

As actividades que apoiam o desenvolvimento de um ambiente propício à mobilização de recursos e que reduza as barreiras a esse mesmo objetivo;

As actividades que apoiam a mobilização de uma variedade de recursos financeiros.

Conforme o Global Mechanism, o Sucesso da Estratégia depende de:

Um “campeão”, ou seja uma organização que lidere o processo e que consiga dirigir a preparação da estrategia com envolvimento de todos os atores em campo;

Existência de mecanismos de coordenação/consulta que apoiem o desenvolvimneto de alianças;

Capacidade das instituições para implementar a estrategia; e Que a EFI seja elaborada a partir de um processo participativo

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Os Indicadores de Sucesso da Estratégia são, portanto, os níveis de cooperação e coordenação entre os diversos actores no desenvolvimento de programas e mobilização de recursos e a diversidade desses recursos, que são a base para o monitoramento do sucesso da estratégia.

Considerando as orientações metodológicas do GM, o presente Plano busca:

1. Analisar o contexto nacional e identificar, a partir da análise dos documentos orientadores da política pública e de desenvolvimento agrícola da Guiné-Bissau, as portas de entrada potenciais para a GDT;

2. Identificar as barreiras à mobilização de recursos para a GDT;3. Propor ações que possam melhorar a mobilização de recursos e reverter as barreiras

identificadas

1.3. Metodologia Adotada no trabalho

O desenvolvimento deste Plano de Ação da EFI segue as orientações do Manual de Desenho de Estratégias Financeiras Integradas elaborado pelo Global Mechanism e ainda as orientações estratégicas construídas durante o Atelier para capacitação de técnicos e construção de uma Agenda para elaboração da EFI, realizado em agosto de 2010. Esse atelier foi coordenado por uma missão conjunta do PNUD, FAO e Mecanismo Mundial, da qual a Consultora responsável por este relatório tomou parte.

Considera-se, portanto, que a elaboração desta Estratégia iniciou-se naquele atelier cujo relatório consta dos Anexos.

A EFI considera pelo menos três fases, conforme descrito abaixo:

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A primeira fase consiste num levantamento de informações sobre o contexto nacional, a dinâmica do planeamento e financiamento das ações governamentais e da sociedade civil, arcabouço jurídico e legal e também mecanismos de coordenação de políticas. Diante desse quadro, pode-se então desenvolver um enfoque específico e apropriado ao país. Nenhuma EFI será igual a outra, uma vez que não há uma receita única, mas deve adaptar-se aos desafios e potencialidades de cada país. Definido o enfoque da EFI, faz-se necessário estabelecer uma equipe nacional que vai se ocupar do desenvolvimento da Estratégia.

Esta primeira fase contou com o apoio de uma Consultoria Nacional para levantar os primeiros subsídios, na forma de quadros de doadores e parceiros potenciais e ainda de alguns projetos e programas que contribuem para a GDT.

A segunda fase consiste na Análise dos Elementos chaves da EFI, mais especificamente, o contexto de financiamento da GDT, principais financiadores e seus mecanismos. Não se trata apenas de olhar para o financiamento externo, mas para as condições que permitem o aprimoramento da mobilização e aplicação dos recursos internos. E, tanto quanto possível, identificar os mecanismos inovadores que dialoguem com os novos mercados, como o mercado de carbono, os impostos ecológicos, as compensações ambientais e outros mecanismos. Esta segunda fase se encerra com este relatório que será apresentado em atelier nacional para complementações e ajustes.

A metodologia proposta para o atelier nacional consta do Anexo.

A terceira fase se concentra em incorporar as contribuições do atelier nacional e gerar recomendações para o desenvolvimento de acordos e alianças estratégicas para a implementação da Estratégia. Espera-se que no atelier de apresentação do presente relatório seja possível confirmar algumas das alianças e acordos que foram discutidos no processo de construção do Plano de Ação.

1.4. Resultados Esperados da EFI/ Quadro Integrado de Investimentos

A partir do desenvolvimento da EFI, em conjunto com os atores nacionais em Guiné-Bissau, nomeadamente os responsáveis pelas políticas econômicas, de planificação e de desenvolvimento rural, a sociedade civil e os parceiros da cooperação internacional, desenvolver um plano de ação que permita:

1. Reunir um conjunto de recomendações para melhorar a mobilização e aplicação de recursos em benefício da Gestão Durável das Terras;

2. Propor um marco legal a ser desenvolvido para servir de base para as ações de GDT;3. Propor ações estratégicas para a melhoria do ambiente organizacional e financeiro

para a mobilização de recursos e implementação de um a política de GDT.

2. CONTEXTO NACIONAL

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2.1. Informação sobre o país: situação do avanço do PAN e da Degradação das Terras 2.1.1. Situação do país A Guiné Bissau é um país da África Ocidental que faz fronteira com o Senegal e a Guiné Conacri. O país divide-se em duas zonas, uma continental e uma insular, e também em 8 Regiões (Bafatá, Biombo, Bolama, Cacheu, Gabu, Oio, Quinara e Tombali) e um setor autônomo que é a Capital Bissau. A população é de aproximadamente um milhão e meio de habitantes, com 25% residindo na Capital4.

Trata-se de um país de população predominantemente rural (65,5%, conforme dados do PANA, 2006), sendo a Agricultura a maior fonte de ingressos para o país (especialmente a fileira do caju). A exploração dos recursos naturais constitui uma das bases da segurança alimentar e fonte de ocupação e renda para a população5. Pode-se afirmar que a Biodiversidade da Guiné-Bissau é a principal fonte de sustento e manutenção da sua população.

Apesar de rica em recursos naturais, e da sua proximidade com a Europa que poderia representar uma vantagem comparativa, a Guiné Bissau está entre os países com população mais pobres da África. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Guiné-Bissau é de 0,289, colocando o país dentre os cinco piores indicadores em um total de 169 países avaliados. Conforme dados do DNARP, entre 2000 e 2010, a Guiné-Bissau registrou uma taxa de crescimento médio anual do IDH de 0,9%, contra uma média de 2,1% na África subsaariana.

Contribuem para o baixo IDH a pobreza generalizada, com muito baixo rendimento monetário e a esperança de vida (48,6 anos) resultante das dificuldades do acesso e da qualidade dos serviços de saúde.

Em termos de realização dos ODM, o Governo considera que a Guiné-Bissau dificilmente conseguirá atingi-los, com exceção do sector da educação que tem registrado progressos. Os maiores entraves ao desenvolvimento do país são as constantes crises políticas e o desrespeito aos princípios básicos do Estado de Direito.

Entre 2002 e 2010 verificou-se o agravamento dos indicadores de pobreza, de forma que 69,3% dos guineenses são considerados pobres e 33% são extremamente pobres. A pobreza generalizada impacta especialmente as mulheres e as crianças. Dados de 2010 indicam que 57% das crianças de 5-14 anos são trabalhadoras, com uma forte proporção nas zonas rurais (65%) em relação ao meio urbano (45 %). O índice da desigualdade de géneros é também muito elevado na Guiné-Bissau, (0,381 em 2007), colocando o país no 148º dos 155 países considerados.

A desigualdade de géneros em Guiné-Bissau tem diversos aspectos a serem considerados, desde os relacionados às estratégias de redução da pobreza às questões ligadas aos Direitos Humanos. Apesar da relevante contribuição das mulheres guineenses nas atividades económicas, especialmente na produção rural familiar, no comércio e outros setores informais

4 Instituto Nacional de Estatísticas (2009). Terceiro Recenseamento Geral da População e Habitação – Resultados Definitivos.5 Ministério da Economia do Plano e Integração Regional (2011). Segundo Documento de Estratégia Nacional de Redução da Pobreza (DENARP II 2011-2015).

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das zonas urbanas, as disparidades e a falta de oportunidades das mulheres são observadas em todos os domínios e sectores6.

As mulheres são mais afetadas por um estado de saúde deficiente, de subescolarização e subalfabetização e de falta de competências. Em matéria de informação, as mulheres continuam a ter um acesso limitado em razão do seu nível de alfabetização e de rendimento. Em 2010, a taxa de alfabetização das mulheres de 15 a 24 anos é de 40% ao nível nacional, 50% em Bissau e apenas 10% no meio rural.

No plano do exercício de direitos, o número de mulheres que recorrem à justiça, é pouco significativo em relação aos homens. No campo dos Direitos Humanos, os dados apontam que 44,5% das mulheres com idades compreendidas entre 15 e 49 anos foram sujeitas à prática de excisão, e a prevalência afeta aproximadamente 40% das meninas entre 0 e 14 anos de idade. Os casamentos precoces e forçados são uma das formas mais frequentes de negação dos direitos das mulheres, com uma taxa de 27% a nível nacional para as menores de 18 anos.

O desemprego afeta os jovens de ambos os sexos, mas a discriminação, a baixa escolaridade e a falta de acesso a qualificação profissional penaliza sobretudo as jovens.

Quanto às capacidades nacionais, a avaliação do DNARP 1 aponta para um fraco desempenho das estruturas de gestão em todos os setores, em grade parte devido a uma fraca apropriação dos programas, das capacidades profissionais existentes e dos apoios requeridos. A necessidade de reforço das capacidades é reconhecida e citada em todas as análises da situação nacional, mas este desafio não se limita apenas à educação formal e formação em aspectos técnicos. Conforme registra o documento do DENARP II, o desenvolvimento de capacidades nacionais precisa ser tratado de forma holística, integrando a dimensão institucional e elementos como a formação, atitudes e práticas profissionais, logística e motivação.

Em termos de ocupação dos solos, os dados são antigos e pouco confiáveis. Mas, conforme estimativas do Departamento de Estatística Agrícola do Ministério da Agricultura7 o país dispõe de 1.410.000 ha de terras com potencial agrícola, sendo 200.000 ha de terras baixas continentais (bolanhas bas-fonds), 106.000ha de terras baixas costeiras (bolanhas de mangal) e 1.10.000 ha de ecologia de planalto, onde estão também as florestas. São cultivados efetivamente 200.000 ha, cerca de 18% da área. Entretanto, verifica-se no país uma expansão crescente da pecuária bovina e da cultura do caju, com ocorrência de queimadas descontroladas que podem estar a alterar sensivelmente esses dados.

A questão da exploração dos recursos minerais é um capítulo à parte. Há uma inegável riqueza na Guiné-Bissau em termos de minérios e petróleo. Entretanto, esse assunto vinha sendo tratado como segredo de Estado até que um movimento das ONGs denominado “Iniciativa para a Transparência na Indústria Extrativa” (ITIE) levou à abertura do diálogo com o Governo e parceiros internacionais.

6 Ministério da Economia do Plano e Integração Regional (2011). Segundo Documento de Estratégia Nacional de Redução da Pobreza (DENARP II 2011-2015). 7 PANA, 2006.

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Como esse tema não está suficientemente explorado no PAN, dedicamos uma seção para esse assunto no capitulo II.

2.1.2. A Economia Nacional

Os curtos períodos de estabilidade política da Guiné-Bissau tiveram reflexos significativos no crescimento do PIB. Após um longo período de recessão no início da década 2000, a economia da Guiné-Bissau voltou a crescer a partir de 2008, registrando crescimento de 3,1% entre e 2009 (Dados do FMI e do DNARP II).

O setor agrário é responsável pela ocupação de 80% da população de Guiné-Bissau e a agricultura foi o motor do crescimento econômico, marcadamente a cadeia de produção e exportação da castanha de cajú. Embora o preço de exportação do cajú tenha sofrido contração de quase 30% em 2009, na sequência da crise económica mundial, o impacto nas receitas de exportação foi compensado por um aumento notável no volume de exportação 8. Esse fato teve um impacto sobre a Balança de Pagamentos que saiu de um déicit de 5,1% do PIB em 2005, para um excedente de 1,6% em 2009.

A produção da castanha de cajú passou de 10.000 toneladas em meados dos anos 80 para 135.500 toneladas em 20099. Segundo o Governo, essa fileira emprega um grande número de famílias em todo o país, sendo raro encontrar um agricultor que não cultive, pelo menos, alguns pés de caju. O Governo pretende investir no fortalecimento da fileira priorizando a transformação local. Atualmente há 20 unidades de processamento praticamente paralisadas, sendo o maior problema a falta de capacidade financeira para constituição de estoques de matéria-prima. Parcerias internacionais permitiram a implantação de três novas unidades de processamento em 2011. O Governo criou a Comissão Nacional de Cajú, e pretende criar um Instituto Nacional de Cajú, os quais, com a colaboração do Instituto Nacional de Investigação Agrícola (INPA) coordenarão as ações relativas ao desenvolvimento da fileira do cajú.

A agricultura itinerante é a técnica de cultivo tradicional em áreas de sequeiro, com uso generalizado do fogo para abertura de novas áreas e para renovação de pastagem. Com o aumento da área cultivada e do rebanho bovino, têm-se verificado enormes danos socio-ambientais, com sensível redução da capacidade de suporte dos ecossistemas para essa prática.

A produção de arroz é assegurada pelos agricultores familiares, estimados em 90.000, e que respondem por 90%da produção. Utilizam técnicas rudimentares de produção, com baixo rendimento (1,7 t / ha). As mulheres são as principais responsáveis por essa produção, cujas condições e tempo de trabalho impactam a saúde materna e familiar, a alfabetização e a escolarização das jovens raparigas (DENARP II).

Há também um grupo de produtores denominados “ponteiros” (cerca de 1.200 instalados) que dispõem de concessões de terras significativas (variando de 20 a 2.500 ha), fornecidas pelo Estado, que cobre 27% das terras aráveis (9% da superfície total do país). Segundo o DNARP esses agricultores pouco utilizam essas terras para o cultivo de arroz, apesar da sua aptidão para a cultura.8 Ministério da Economia do Plano e Integração Regional (2011). Segundo Documento de Estratégia Nacional de Redução da Pobreza (DENARP II 2011-2015). 9 Ibid. Dados de Comissão Nacional de Caju – CNC,

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Os reduzidos ou quase inexistentes investimentos na pesquisa e vulgarização das práticas de produção sustentável, na produção de sementes melhoradas, e em técnicas de fertilização, além da preferência pelas culturas com maior retorno econômico, como o caju, associado a falta de Mao-de-obra no campo são os principais problemas da rizicultura. Considerando a importância dessa cultura para a segurança e soberania alimentar, o governo pretende investir na cultura para satisfazer pelo menos 80% da demanda nacional em 2015. Atualmente a produção nacional cobre apenas 45% da demanda interna.

A Pecuária é uma atividade integrada ao sistema de produção agrícola em todo o país tendo assistido a um crescimento de 400 mil bovinos para um milhão nos últimos dez anos. A criação de bovinos concentra-se tradicionalmente nas regiões de Gabu e Bafatá, que abrigam dois terços do rebanho. A criação extensiva, de baixa produtividade e forte impacto ambiental contribui com 17,0% do PIB nacional e 32% do PIB agrícola.

A reprodução de animais pequenos de ciclo curto (aves, caprinos, ovinos e suínos) é assegurada principalmente pelas mulheres, como estratégia de geração alternativa de renda. Há pequenas unidades de produção semi-industrial de ovos e frangos, apenas na capital e as importações cobrem a maior parte da demanda urbana de carnes, aves e produtos lácteos.

O setor florestal tem uma grande importância para a economia formal e informal, a segurança alimentar e a qualidade de vida de grande parte da população rural. Apesar disso, o país não dispõe de um Inventário Florestal atualizado, nem de dados fiáveis sobre a extração de produtos florestais madeireiros e não-madeireiros. Os últimos inventários datam de 1978 e 1985. Depois disso alguns estudos utilizando dados de satélite são utilizados para estimar a cobertura florestal do país. Segundo estudos do Projeto Quantificação do Carbono armazenado e da Capacidade de Sumidouro da Vegetação Florestal da Guiné-Bissau de 2007, a área de floresta densa e aberta do país é de aproximadamente 786.215 ha.

A falta de inventário florestal e a prática de licenciamento de desmate às escuras, somado à ausência de políticas de manejo sustentado e de valorização dos produtos da floresta causam enormes prejuízos ao Patrimônio Natural de Guiné-Bissau. O fato do manejo florestal não constar nas estratégias de redução da pobreza com mais ênfase, representa a perda de uma grande oportunidade de melhoria sensível da qualidade de vida e redução da pobreza não-monetária das populações.

Outro setor de grande importância é o pesqueiro. A privilegiada localização e biodiversidade de Guiné-Bissau gera enorme quantidade de recursos pesqueiros. Segundo o DNARP 2, o potencial de captura anual atinge 250-350 mil toneladas (incluindo o camarão). Bem gerido e melhor valorizado, o sector poderia constituir uma fonte importante para o crescimento económico, a criação de empregos, a melhoria da dieta alimentar e para o aumento e a diversificação das exportações e receita fiscais. Os constrangimentos ao setor são de várias ordens, mas especialmente políticas, institucionais, infraestruturais e de gestão. Os fracos meios de fiscalização e controlo das embarcações de pesca e de combate as actividades ilícitas na Zona de Exploração Exclusiva gera também perdas econômicas expressivas ao país. O setor das pescas é reconhecidamente o setor que poderia ter maiores impactos sobre a redução da pobreza e a segurança alimentar.

De forma geral, o ambiente macroeconômico de Guiné-Bissau tem respondido às reformas empreendidas, com o défice orçamental sendo reduzido de 10% em 2007 para 3,0% em 2009. A melhoria das finanças, com maior mobilização de receitas internas e o controlo das despesas

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contribuíram fortemente para esse resultado. Os salários dos funcionários públicos, que representam mais de 75% das receitas públicas foram regularizados e o Governo iniciou programa de relançamento dos investimentos públicos e o pagamento parcial da dívida interna ao sector privado.

Em abril de 2012 o setor público passava por um processo de reformas estruturais para modernizar a administração pública. Um recenseamento biométrico dos funcionários públicos identificou quatro mil fantasmas, foi adotada nomenclatura orçamental harmonizada com as diretivas da UEMOA, instalado um Sistema Integrado de Gestão das Finanças Públicas - SIGFIP) e adotadas medidas para melhoria do ambiente de negócio.

2.2. Avanços do PAN e Marco Institucional da Convenção de Combate à Desertificação

A Guiné-Bissau assinou a Convenção das Nações Unidas de Combate a Desertificação (UNCCD), em 1994, ratificando-a um ano depois. Em 2003 foi instalado um Órgão Nacional de Coordenaçao para apoiar a elaboração do PAN-LCD, o qual foi concluído em 2006, após a realização de um Fórum nacional em 2004 que reuniu mais de uma centena de técnicos e representantes da sociedade civil.

Até o ano de 2001 a Convenção estava sediada no Ministério que tutelava o Ambiente quando passou a ser coordenada pelo Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADR). Em 2009 foi criada a Secretaria de Estado do Ambiente e do Desenvolvimento Durável (SEADD), com a missão de definir, executar e coordenar a política e ação ambientais e do desenvolvimento durável a nível nacional.

A Guiné-Bissau, apesar de todas as dificuldades recentes, tem demonstrado um grande esforço para avançar na implementação das três convenções ambientais. Isto se deve principalmente às parcerias estratégicas desenvolvidas nos últimos 20 anos e à existência de uma sociedade civil organizada e muito atuante.

Especialmente a Convenção de Diversidade Biológica foi incorporada na política nacional, através do Instituto de Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP). Com avanços significativos em termos de produção de informação qualificada sobre a biodiversidade do país e também a criação e gestão de Áreas Protegidas, o IBAP é uma instituição de referência dentro do Governo.

No marco da Convenção Quadro de Mudanças Climáticas, a Guiné-Bissau apresentou a 2ª. Comunicação Nacional em 2011, já tem elaborado o Programa de Ação Nacional de Adaptação (PANA) e inicia a implementação do primeiro projeto de aumento da resiliência às mudanças climáticas.

A partir de 2007, a Guiné-Bissau participou ativamente do processo de elaboração e coordenação de um Projeto de Cooperação Técnica com a FAO que promoveu o debate sobre o fortalecimento de capacidades para a implementação da Convenção de Combate a Desertificação nos países lusófonos. O Plano de Ação de Luta contra a Desertificação – PAN-LCD, elaborado em 2006, foi revisto no ano de 2010, com apoio do Projeto GDT PNUD/GEF.

Em 2009 a Guiné-Bissau recebeu o apoio do GEF e do PNUD para implementação do Projeto de Gestão Durável das Terras dentro da linha SLM LDC-SIDS. O projeto encerra-se em 2012 e tem como um dos resultados esperados a elaboração da Estratégia Financeira Integrada (EFI).

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Nesse ano, com apoio do PNUD, da FAO, do Mecanismo Mundial e Governo de Portugal, atores do governo e sociedade civil de Guiné Bissau participaram de uma formação em Desenho de Estratégias Financeiras Integradas em Portugal numa primeira fase e na Guiné-Bissau numa segunda fase.

2.3. Situação da Degradação de Terras em Guiné Bissau

Resgatamos nesta seção algumas informações fundamentais do PAN, que é a principal referência para a Estratégia Financeira Integrada. Essas informações se destinam a orientar os atores que tomam contato com a Convenção e problemática da luta contra a desertificação em Guiné-Bissau.

Para efeito das análises das causas da degradação de terras e propostas de ações, foram consideradas quatro zonas-ecogeográficas, conforme as características ecológicas e humanas, assim descritas:

Zona 1: Noroeste do país, com um clima marítimo, pluviosidade inferior a 2000 mm, densidade populacional elevada, com importante perda da cobertura vegetal e elevada degradação ambiental. Está situada ao norte do país junto da fronteira com o Senegal. Administrativamente esta zona esta dividida em três regiões: região de Oio (Bissorã, Farim, Mansaba, Mansoa e Nhacra); região de Cacheu ( Bigene, Bula, Cacheu, Caio, Cantchungo e São Domingo) e região de Biombo (Biombo, Prabis e Safim). Sistema de produção: arroz de bolanha de água salgada nas zonas costeiras, cultura de arroz pluvial no planalto. Pecuária, principalmente porcinos e presença de monoculturas de caju.

Zona 2: Leste do país, clima guineense interior a sudano-guineense, pluviometria na ordem de 1200 mm em média, densidade populacional média, cobertura florestal mais clara e degradada, culturas itinerantes, degradação do meio médio a elevada. Corresponde às regiões do Leste do país, limita-se ao norte pelo Senegal, a Leste e ao Sul pela Guiné-Conakry ao noroeste pela zona I e ao sudoeste pelo Rio Corubal. Integra as regiões de Gabú (Gabú, Pirada, Pitche, Sonaco, e Boé) e de Bafatá (Bafatá, Contubuel, Bambadinca, Galomaro, Gã-Mamudo e Xitole). Sistema de produção: sistema agro-pastoril extensivo e pequenos ruminantes e culturas pluviais (milho, sorgo, amendoim no planalto e arroz no bas-fonds), ocorrência de monoculturas de caju.

Zona 3: Sudeste do país, clima guineense marítimo, pluviosidade superior a 2500m, densidade populacional baixa, cobertura florestal importante, seleiro do arroz do país, fraca deterioração do meio. Situa-se ao Sul do canal do rio Geba, a Oeste do Oceano Atlântico e ao Este na margem esquerda do rio Corubal. No extremo sudeste faz fronteira com a zona II e ao sul com a Guiné-Conakry. Composta pelas Regiões de Quinará (Fulacunda, Tite, Buba e Empada) e Tombali (Catio, Cacine, Quebo e Bedanda). Sistema de produção: predominância da rizicultura de bolanha de água salgada nas zonas costeiras e do planalto no interior, cultura pluvial de arroz (pam-pam) com sistema de corte e queimada das florestas, a rizicultura de bas-fonds e a fruticultura (cola, banana, cajú, citrinos). Pecuária bovina e porcina. Ocorrência de monoculturas de caju.

Zona 4: Sudoeste do país, integra o arquipélago dos Bijagós, Bolama e São João que se encontra na parte continental do país, com densidade populacional fraca, características

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ecológicas próximas da Zona 3, degradação do meio fraca ou média e riscos elevados. Sistema de produção: baseada sobretudo nos recursos pesqueiros e de palmares naturais e horticultura.

2.3.1. Causas da Degradação de Terras na Guiné-Bissau

Desde o processo de elaboração do PAN/LCD, em 2004, as causas da degradação de Terras em Guiné-Bissau vêm sendo discutidas, com relativo consenso sobre os problemas principais, que podem ser considerados como vetores da degradação da terra10.

Conforme o PAN, a degradação de terras no país derivam principalmente de ações de ordem sócio-econômicas ou antrópicas e climáticas.

Figura 1 - Carta das zonas eco-geográficas da Guiné-Bissau (Fonte: PAN-LCD)

Fonte: PAN-LCD

Fatores Socio-Econômicos ou Antrópicos

Dentre os vetores antrópicos, a produção de lenha e de carvão vegetal para as necessidades energéticas domésticas, o pastoreio extensivo, a exploração madeireira, a prática tradicional da agricultura com base nas derrubas e queimadas constituem as principais causas da degradação florestal a nível do país. Segundo o PAN, estima-se que por ano são queimados entre 50.000 e 80.000 ha de florestas para a prática de agricultura e caça.

Os recursos florestais constituem mais de 85% das necessidades energéticas domésticas do país. A lenha é o recurso mais usado pelas populações. A crescente procura dos produtos lenhosos e carvão vegetal (para uso doméstico como fonte de energia), cibes (para construção de habitação) e madeira (para a indústria de mobiliário) no mercado urbano e afins, têm incentivado mais pessoas a explorar desenfreadamente esses recursos para fins comerciais, causando danos irreparáveis nas florestas e a biodiversidade.

10 Lançamento do processo do PAN, em 2004, atelier de discussão do PAN em 2006, atelier de validação do PAN em 2007, processo de consulta nacional do TCP CPLP/FAO em 2010, entre outros.

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A exploração madeireira para construção é realizada de forma ineficiente e inadequada. Há pouco controle sobre essa atividade no país e o licenciamento é feito às escuras, sem tomar por base um inventário florestal atualizado. Os inventários realizados nos anos 1978 e 1985 demonstram que a área florestal do país teria decrescido em cerca de 31500 ha ao longo deste período, ou seja, em média, cerca de 45000 ha/ano. Três três espécies arbóreas são mais procuradas: Afzelia africana, Khaya senegalensis Pterocarpus erinaceus.

Guiné-Bissau é o 5º produtor mundial da castanha de caju in natura que tem grande importância econômica. Por consequência, a proliferação das monoculturas de caju nas terras mais férteis pressiona as florestas, a segurança alimentar pela substituição de outras cerealíferas, leguminosas e culturas perenes. As queimadas e a desflorestação para a implantação da cultura do caju constituem fatores de ameaça à gestão durável das terras.

O corte dos mangais para construção e fumagem de peixes nas zonas norte e sul também constituem um dos fatores de desflorestação deste ecossistema muito valioso sob o ponto de vista de biodiversidade e de sequestração do carbono e que pode provocar a erosão costeira e a regressão das praias. Associadas aos mangais, encontram-se atividades económicas importantes, como a rizicultura (bolanha de água salgada) e a pesca artesanal.

A Pecuária é outro vetor da degradação de terras. Conforme a Direção Geral de Pecuária, o rebanho bovino passou de quatrocentos mil para um milhão em dez anos. Os produtores constituem unidades familiares, com máximo de 200 a 300 cabeças de gado. O aumento do rebanho tem provocado conflitos entre pastores e agricultores, por conta da transumância, um fenômeno que sempre existiu, mas que se intensificou nos últimos anos. A Lei da Terra prevê o estabelecimento de áreas de passagem para o gado, mas falta uma ação de ordenamento do território e normas claras e divulgadas.

Outro problema é que a utilização de fogos descontrolados por parte dos criadores animais para a renovação do coberto do solo durante o período de insuficiência de pastos provoca danos florestais em centenas de hectares.

A pobreza e os movimentos populacionais constituem outro fator de degradação ambiental e dos solos. A grande maioria da população da Guiné-Bissau é pobre e nos últimos anos tem-se assistido o movimento de migrantes procedentes das vizinhas Repúblicas de Guiné, Senegal, Libéria e Serra Leoa.

Com o crescimento da população há uma tendência para a abertura de novas áreas e decréscimo no tempo de pousio que, anteriormente, permitia a recuperação dos ecossistemas. A solução é complexa, mas demanda sobretudo novas tecnologias de produção que impactem menos o ambiente e o ordenamento do território.

Fatores Climáticos

Conforme o documento do PAN, a auscultação das populações para a elaboração do PANA captou testemunhos sobre alteração das chuvas, temperatura, humidade relativa, nível do mar e recursos hídricos. As populações têm constatado especialmente11:

11 PANA, 2006.

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(i) início tardio da época chuvosa (meados de Junho) comparativamente ao que é habitual (início de Maio) e distribuição da precipitação menos regular que no passado

(ii) encurtamento do período de temperaturas amenas, o chamado "tempo de frio", de três meses (Dezembro a Fevereiro) para dois meses apenas (Dezembro a Janeiro),

(iii) ambiente mais quente e seco e vagas frequentes de nuvens de poeira,

(iv) ocorrência mais frequente de marés-altas, de maior amplitude, destruindo diques e arrozais

(v) diminuição da qualidade de água, por intrusão de água salina e infestação do ponto de água por plantas aquáticas,

(vi) redução das superfícies de zonas húmidas, por ressentimento devidos à seca.

Destaca ainda o PAN12 que as inundações na zona costeira provocadas por marés-altas ou chuvas torrenciais (nos anos 2003, 2004 e 2005), afetaram a Região Leste do País (Bafatá e Gabú), causando danos de infraestruturas (pontes e habitações precárias), perda de 63 ha de culturas alimentares e transtornos a centenas de pessoas obrigadas a abandonar temporária ou definitivamente as suas aldeias. Em 2005, cinco comunidades do sector de Bedanda/Cubucaré, ficaram sem os arrozais instalados por força da intrusão das águas salinas na sequência das marés altas do mês de Setembro que destruíram os diques de proteção. Foram avaliadas pelos serviços de engenharia rural que um potencial de 3.015 ha ficaram sem aproveitamento para a cultura rizícola, tendo sido reportado como a causa direta de fome de arroz instalada entre as populações.

O PANA (2006)13 destaca também que:

“Nos chamados solos de mangal e de alguns pequenos vales, a insuficiência e má distribuição das chuvas, tem facilitado a subida dos níveis de salinidade e acidez dos solos ao ponto de inviabilizar a cultura de arroz; em consequência, o número de casos de arrozais de mangais deteriorados tem-se aumentado, obrigando o seu abandono; é o que aconteceu, por exemplo em cinco aldeias de Cubucaré, Sul do país, que se viram impedidos de agricultar 3.015 ha de bolanhas (campos) devido à destruição dos seus diques de cintura e consequente perda de arrozais instalados por queima causada pelas águas salinas que entretanto entraram nas parcelas de cultura; a procura de novas terras, mais orizicultores vão desmatando e queimando florestas para instalarem os seus novos campos de arrozais. Ou, como acontece no litoral sul, agricultores migrarem para o Norte da República de Guiné; também na zona leste, extremo nordeste e em algumas localidades do sul do país - regiões mais afetadas pela deterioração do quadro pluviométrico -, também se registam migrações do planalto para as terras baixas (pequenos vales) ou vice-versa.

Na zona leste, as vagas de poeiras vindas do deserto de Sahara, a seca e o aumento de temperatura poderão prejudicar as culturas de cereais, principalmente do milho bacil, milho cavalo e sorgo.

12 Informações da Direcção Geral dos Serviços Hídricos13 Citado no PAN-LCD

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As chuvas, quando concentradas num período muito curto do ano, fazem com que as atividades agrícolas se pratiquem uma única vez no ano, reduzindo as disponibilidades em resíduos e subprodutos da agricultura com interesse para a alimentação do gado. A diminuição de pastos naturais, como consequência da diminuição de pluviometria, provocará o sobre pastoreio que por sua vez destruirá a vegetação herbácea, favorecendo o desenvolvimento de arbustos.

Nos períodos de seca prolongada acompanhados do aumento da temperatura e de períodos de estiagem, da modificação ou da deterioração do coberto vegetal, levaram a mutações na composição de grande parte de essências florestais, ou mesmo a extinção de algumas espécies de plantas e migrações de animais (PANA, 2006).

2.3.2. Soluções Potenciais Identificadas no PAN/LCD Na tabela que segue estão apresentadas as principais causas e consequências da degradação de terras na Guiné-Bissau, que resultou no exercício de atelier de validação de Dezembro de 2007. Na primeira coluna estão listadas as causas da degradação das terras. Na segunda coluna são informadas as consequências ou impactos relacionados com a primeira coluna, e, na terceira coluna soluções potenciais recomendadas pelo atelier.

Tabela 1 - Quadro de Causas, Consequências e Ações Potenciais do PAN/LCD

CAUSAS CONSEQUÊNCIAS/IMPACTOS SOLUÇÕES POSSIVEIS / ACÇÕES

Monocultura de cajú - Desflorestação- Pressão fundiária

Ordenamento agro-ecológico

Agricultura itinerante - Empobrecimento do solo Intensificação da produção agrícola/gestão integrada do sistema Agro-silvo-Pastoris

Construção de barragens anti-sal

- Degradação do mangal- Acidificação- Salinização

Reabilitação de bolanhas de mangrove

Desmatamento das vertentes

- Erosão/Sedimentação Repovoamento e ordenamento de vertentes de bacias

Imigração sazonal e permanente

- Desbravamento florestal Intensificação da produção agrícola/gestão integrada do sistema Agro-silvo-Pastoris

Queimadas (caça, apicultura tradicional, pastagens)

- Desbravamento da cobertura vegetal e solos

Introdução da gestão de florestas comunitárias (GFC)

Alterações Climáticas - Diminuição das precipitações- Aumento das temperaturas- Aumento da Lingua Salina- Aumento da força das marés

GFC e GITT (Gestão Integrada de territórios das tabancas.Repovoamento florestal

Exploração florestal descontrolada

- Redução/perda da Biodiversidade

Inventário e ordenamento florestalInterdição de atribuição de licenças de corte nas zonas e espécies ameaçadas/regulamentação

Má gestão dos recursos florestais

- Destruição da cobertura vegetal

Inventário e ordenamento florestalAplicação da lei a sua totalidadeHarmonização das leis

Indústrias Ineficientes e com tecnologias ultrapassadas

- Destruição da cobertura vegetal

Modernizar as serrações/capacidades instaladasTransformação local de tourosControlo rigoroso de madeireiros clandestinos

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CAUSAS CONSEQUÊNCIAS/IMPACTOS SOLUÇÕES POSSIVEIS / ACÇÕES

(tradicionais)Uso excessivo dos solos - Destruição da cobertura

vegetal e textura do soloInterditar a utilização das máquinas pesadas na época das chuvas.

Cultura de renda extensiva (algodão, mancarra)

- Desflorestação e empobrecimento do solo

Introdução de novas técnicas/tecnologias adaptáveisRotação de culturas

Produção de lenha e carvão de lenha de forma descontrolada(Acampamentos)

- Destruição da cobertura vegetal (ameaça do desaparecimento de certas espécies)

Utilização de técnicas melhoradas de produção e organização da fileira

Má politica de distribuição da terra

- Proliferação de ponteiros- Pressão fundiária

Aplicação da lei da terra, Política de Ordenamento Territorial

Corte do mangal

- Erosão da zona costeira- Desaparecimento das zonas de reprodução dos recursos haliêuticos- Diminuição da zona tampão

Promover uma política de restauração do mangal

Exploração irracional de cibes

- Destruição da cobertura vegetal e solos

Aplicar os regulamentos da lei florestalProteger zonas vulneráveisPropor alternativas de substituição de cibes na construção

Obras de grande envergadura

- Desbravamento da cobertura vegetal- Degradação dos solos

Realizar estudos de avaliação de impactes ambientais e sua aplicação

Aparecimento de novas tabancas

- Desbravamento da cobertura vegetal- Degradação dos solos

Regulamentar a criação de novas tabancas nas zonas rurais (Ordenamento Territorial)

Utilização Produtos químicos (pestícidas-adubos)

- Diminuição da polinização- Desaparecimento dos micros organismos humidificadores dos solos- Poluição dos aquíferos.

Reforçar a capacidade de instituições beneficiárias na utilização racional de produtos químicosPromover a utilização de produtos alternativos

Fonte: PAN-LCD

Percebemos nesse quadro que o Ordenamento Territorial é uma premissa para o desenvolvimento de ações de GDT, conectado com a Lei da Terra. Outra questão legal de suma importância diz respeito à aplicação da Lei Florestal. Além do plano regulatório, as recomendações destacam as alternativas produtivas com busca de sustentabilidade ambiental. Mais adiante retomaremos esses pontos nas Recomendações e Plano de Ação.

2.4. Fluxos Financeiros em favor da GDT

O quadro de deficiente organização política e de debilidade nas estatísticas e informações oficiais faz com que o levantamento de fluxos financeiros a favor da GDT sejam estimativas com base, principalmente, nos investimentos de projetos de cooperação internacional. É importante destacar que esse levantamento foi feito a partir de um conceito amplo de GDT que contempla ações multisetoriais. Embora existam várias ações que se encaixam nesse

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conceito mais amplo, não podemos perder de vista que essas ações não são coordenadas e também não atendem a estratégias de complementaridades e relações sinérgicas.

Uma análise dos investimentos previstos no Plano de Investimentos Públicos (PIP) nos levou a identificar 17 Ações em projetos e programas, em execução no ano de 2012 e seguintes, que estão relacionadas com a Gestão Durável das Terras, direta ou indiretamente. Esse dado não deve ser visto apenas como uma quantificação de ações e valores financeiros, mas como ações onde a abordagem da GDT poderia ser transversalizada apoiando uma visão de largo prazo da Gestão da Terra.

A previsão do PIP é de que em 2012, os investimentos com os recursos do Governo situem-se em cerca de 13% das despesas globais programadas, contra 3,31% do ano 2011.Essa contribuição dá-se principalmente na forma de isenções fiscais para os projetos do governo e da sociedade civil. O financiamento externo cobre cerca de 80% das despesas totais programadas.

Os maiores financiadores do PIP, em termos de Donativos, são14:

União Europeia (11,30% dos donativos e 10% do PIP/2012); Sistema das Nações Unidas (9,13% de total dos donativos e 8,38% do PIP/2012); UEMOA (8,55% do global dos donativos e 7,59% do PIP/2012);

Tabela 2. Projetos, Ações e Programas relacionadas com a GDT constantes do Plano de Investimento Público – PIP – Ano 2012.

PIP TOTALUSD/2012

1. PROJECTO SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE INVESTIMENTO PÚBLICO 100.000,002. PROJECTO ELABORAÇÃO, EXECUÇÃO E SEGUIMENTO DO ORÇAMENTO GERAL DO

ESTADO "OGE"35.000,00

3. UNIDADE DE ACOMPANHAMENTO, MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO FUNDO DE IMPACTO RÁPIDO

35.510,00

4. CONTRIBUIÇÃO NA PROMOÇÃO DO FOMENTO DA CULTURA DO SESAMO 63.888,005. PROJECTO DE CENTRO DE PESQUISA E FOMENTO HORTO-FRUTICOLA DE QUEBO 10.000,006. PROJECTO DE CAMPO AGRO-PECUÁRIO DE FÁ MANDINGA 30.600,007. PROJECTO DE CAMPO AGRO-INDUSTRIAL SOLATÓ 25.400,008. PROJECTO DO CENTRO AVISUINO DE ILONDÉ 20.000,009. REABILITAÇÃO/MANUTENÇÃO CORRENTE DA REDE RODOVIARIA 380.000,0010. PLANO NACIONAL DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO 20.000,0011. REABILITAÇÃO E INSTALAÇÃO DAS REDES DE OBSERVAÇÃO METEOROLÓGICA 361.090,7912. UNIVERSIDADE AMILCAR CABRAL 100.000,0013. ISENÇÕES AOS PROJECTOS DE AGRICULTURA 150.900,0014. ISENÇÕES AOS PROJECTOS DE RECURSOS HIDRICOS E ÁGUA 171.100,0015. ISENÇÕES AOS PROJECTOS DE PESCAS 50.000,0016. ISENÇÕES AOS PROJECTOS DE AMBIENTE E SANEAMENTO 10.500,0017. ISENÇÕES AOS PROJECTOS DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO 80.550,00TOTAL 1.644.538,

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14 MEPIR (2012). Nota Técnica do PIP.

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Os empréstimos no quadro das relações multilaterais representam 9% do PIP/2012. O Banco de Desenvolvimento Oeste Africano (BOAD) é o parceiro mais forte do atual Programa de Investimento, com uma participação estimada de 73% do total dos empréstimos e doações (8% dos investimentos), seguido do Banco Africano de Desenvolvimento responsável por 27% do total das contribuições (2,49% em relação ao total dos investimentos).

Em síntese, o financiamento do PIP é composto 9% por empréstimos, 11% por Financiamento Interno e 80% por donativos.

O Instituto de Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP) é o órgão do Governo que apresenta uma estratégia de financiamentos internos e externos e mobiliza fluxos financeiros indiretos para a GDT.

O IBAP tem por missão a criação e gestão de Áreas Protegidas, ações que têm reflexos sobre toda a gestão ambiental no país e por consequência, sobre a GDT. O IBAP dissemina uma cultura de valorização dos recursos naturais e trabalha com as comunidades promovendo a gestão compartilhada na busca da harmonização de dois desafios: a conservação ambiental e a melhoria da qualidade de vida das comunidades.

Embora tenha como missão a implementação da Convenção da Biodiversidade, o IBAP tem uma ação complementar e altamente sinérgica com o que se compreende como Gestão Durável das Terras. Exemplo disso é o fato do IBAP não apoiar atividades produtivas no Planalto como forma de combater a desflorestação e seus impactos associados.

O projeto PRESAR que atuou de 2009 até meados de 2012 apoiando diversas ações de recuperação de terras agrícolas, implantação de infra-estruturas rurais e apoio a comercialização foi um do principais projetos articuladores da GDT no país. O encerramento desse projeto, em junho de 2012, causa preocupação entre os beneficiários e técnicos que atuam no setor agrário, muito embora, tenha sido destacada a necessidade de uma revisão profunda da sua estratégia de implementação e da abordagem tecnológica assumida pelo projeto.

No âmbito da Sociedade Civil várias organizações assumem o papel da Assessoria às comunidades rurais, desenvolvendo localmente ações de gestão de florestas comunitárias, de educação ambiental, de reflorestamento, de organização social e reforço de capacidades em meios de vida sustentáveis.

Recentemente o Instituto Marques Valle Flor, com apoio da UE, tem executado um projeto de Reforço de Capacidades das ONGs guineenses, tendo identificado menos 50 atuantes ONGs atuantes nas diversas regiões do país. O IMVF apoiará por mais dois anos projetos para formação de redes de ONGs. Há aqui um enorme potencial de conexão com a GDT.

Para referir algumas ONGs de atuação mais abrangente e com parcerias internacionais, cito, no campo da Gestão Florestal Comunitária, a KAFO (Confederação Camponesa) que atua em um território bastante amplo. No campo da formação, disseminação de novas tecnologias e gestão ambiental a Ação para o Desenvolvimento (AD) tem avançado muito, envolvendo o público jovem e as mulheres. A Tininguena atua tanto na Gestão Ambiental, quanto no apoio a valorização da cultura e promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades. A DUVUTEC apoia a disseminação do micro-crédito e a assistência técnica a produção. A COAJOQ

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presta serviços de assessoria técnica a produção agrícola e comercialização de produtos, atuando também como agente de desenvolvimento comunitário. A ADPP mantém uma escola de formação profissional para jovens, sendo a agricultura uma das áreas atendidas.

Além dessas, inúmeras outras ONGs constituem os pilares da Assistência Técnica e Extensão Rural em Guiné-Bissau, com apoio externo e reduzido apoio governamental. Considerando a sua capilaridade e potencial de geração de recomendações para o aprimoramento de políticas públicas, uma Estratégia Financeira Integrada não pode prescindir de um componente focado na contribuição da sociedade civil.

2.5. Quadro da Planificação e Elaboração de Políticas

Até pouco tempo a planificação governamental de Guiné Bissau era realizada pelo Ministério do Plano que indicava as linhas gerais de ação, com objetivos e metas traçados para cinco anos. Em cada região, havia Gabinetes Regionais do Plano para facilitar a interligação entre as regiões e o Governo central. Mas esse procedimento não foi efetivo por falta de recursos humanos com formação necessária e também problemas de logística. Mais recentemente deixou de existir a coordenação centralizada e neste momento a coordenação é setorial.

O Ministério da Economia, Plano e Integração Regional (MEPIR), um dos principais responsáveis pela planificação governamental em Guiné Bissau está organizado em cinco Departamentos:

Departamento, de Programas e Projetos de Gestão Econômica, para reformas e modernização do Estado e do setor privado, equipamentos administrativos e reforço de capacidades institucionais e promoção do setor privado.

Departamento de Programas e Projetos do Sector Social : hidráulica, urbanismo e saneamento, cultura, juventude e desportos, saúde educação e desenvolvimento social.

Departamento do Setor produtivo , com seções agricultura, pecuária, pesca, indústria, artesanato, minas, turismo.

Departamento de Programas e Projetos do Sector das Infraestruturas e Equipamentos Coletivos: transportes, comunicações e novas TIC e energia

Departamento de base de dados (informática): responsável pela programação orçamentária, integração , análise e tratamento dos dados. Recolhe a informação dos outros Departamentos e dos Ministérios e organiza os quadros do Orçamento Geral do Estado.

O processo de elaboração do Orçamento Geral do Estado (OGE) envolve, além do MEPIR e Ministério das Finanças, todos os ministérios setoriais, sob a coordenação do Primeiro Ministro. O processo inicia-se nos Ministérios da Economia e das Finanças que elaboram conjuntamente uma Nota Técnica de orientação para o Orçamento. Esse documento inclui a previsão de receitas, os apoios financeiros e empréstimos recebidos, os limites previstos para o aumento das despesas com pessoal e de investimentos. Essa nota Técnica é analisada e enviada pelo Primeiro Ministro aos ministérios setoriais.

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No âmbito dos ministérios setoriais, o ciclo do planeamento envolve as Direções Gerais, os Gabinetes de Estudos e Planificação (GAPLA) e as Diretorias de Administração Financeira (DAF). O GAPLA tem um papel de coordenação como um gabinete ligado ao Gabinete do Ministro, sua função é de planeamento e acompanhamento da execução das políticas.

As DAF preparam o documento com as necessidades financeiras baseadas nos orçamentos e enviar com uma justificativa, baseada na análise da política e da estratégia e respectivo orçamento.

As Direções Gerais, a partir do Programa Indicativo do Governo, discriminam as atividades a realizar, as quais são levadas ao Conselho Diretivo do Ministério, que é presidido pelo Ministro. Uma vez aprovado pelo Conselho Diretivo, esse documento é enviado ao Ministério do Planeamento que reúne o conjunto de informações que são discutidas em uma reunião geral.

O Ministério das Finanças, por sua vez, solicita a cada Ministério que envie o plano aprovado no Conselho Diretivo. Mas, como as disponibilidades financeiras são insuficientes para todas as demandas e normalmente contemplam apenas os salários, toda a parte de investimentos fica praticamente sem recursos, a cargo das cooperações bi e multilaterais.

Uma vez concluído o plano de execução, cada DG e cada região recebem então o seu capítulo específico.

No caso do Ministério da Agricultura que tem a tutela da Convenção de Combate a Desertificação, o GAPLA é constituído por um Serviço de Estudos Planificação e Seguimento de Política e outro de Estatística. O grande problema identificado é a falta de recursos humanos, de equipamentos e meios de deslocação. O último censo agrícola é muito antigo, não há profissionais estatísticos no GAPLA e, portanto, não existem dados fiáveis sobre os quais desenvolver uma boa planificação.

A Direção Geral do Orçamento do Ministério das Finanças participa do processo de planeamento e execução financeira com apenas 6 técnicos. No momento da elaboração do orçamento, precisam recrutar servidores de outros serviços do Ministério para apoiar, o que agrava ainda mais o quadro da falta de pessoal capacitado.

Inexiste no Ministério um plano de formação e reciclagens para o pessoal. Os equipamentos são insuficientes e inadequados, e faltam softwares para digitalizar todo o processo de cálculos e consolidação do orçamento.

Outro problema é a deficiência em termos de profissionais com conhecimentos da Língua Francesa. Como a Guiné-Bissau faz parte da UEMOA e da CEDEAO, tem a necessidade de acessar e interpretar os documentos, além de adaptar seus procedimentos às diretivas das duas organizações. Esse processo que poderia ser simples, torna-se muito complexo e demorado.

Há um apoio técnico do Banco Africano de Desenvolvimento e da Direção de Finanças de Portugal, porém com limitados recursos e ainda sem impactos significativos sobre a formação e qualificação dos trabalhos desse setor.

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Um agravante para o reduzido quadro de recursos humanos, é que no âmbito setorial os GAPLA e DAFs não contam com pessoal especializado e os documentos orçamentários setoriais, via de regra, não atendem ao formato indicado pelo Ministério das Finanças. Esse fato amplia a carga de trabalho dos dois Ministérios encarregados do Planeamento. A inexistência de um manual de procedimentos é um dos constrangimentos para a normatização e a capacitação das equipes dos Gabinetes de Planificação e Diretorias de Administração Financeira.

2.6. Quadro Institucional e legal existente para o financiamento da GDT

Como assinalado anteriormente, o órgão de coordenação nacional da GDT não está em funcionamento desde a finalização da primeira versão do PAN-LCD. Além disso, nenhum órgão do MADR, Ministério que detém a tutela da Convenção de Luta contra a Desertificação, assume a GDT como uma política a ser seguida. A SEAD, por seu caráter normativo e estratégico tampouco assume a GDT como uma linha de atuação.

Diante desse quadro, a GDT se referencia no principal documento que norteia as políticas públicas governamentais da Guiné-Bissau – o DENARP – e, do lado do setor agrário, o Plano Nacional de Investimentos Agrícolas.

O Programa de Investimento Público (PIP), que é um documento elaborado pelo Ministério da Economia, nada mais é do que a compilação de todos os projetos e programas desenvolvidos principalmente pela cooperação internacional em diversas áreas do País.

O DENARP elaborado com apoio do Banco Mundial e do PNUD, está numa fase de finalização do seu Plano de Ações Prioritárias (PAP) com apoio do PNUD e BAD. Esse Plano, como o nome indica, reúne todas as prioridades do governo e dentre elas, encontram-se ações, metas e objetivos relacionados diretamente à GDT, porém descoordenados.

Cabe destacar também que, em 2010, a Guiné-Bissau assinou um programa de médio prazo para o período 2010-2012 com o Fundo Monetário Internacional, apoiado pela Facilidade de Crédito Alargado (ECF) e atingiu o ponto de conclusão da iniciativa dos Países Pobres Altamente Endividados (HIPC). Tais medidas visam a implementação das reformas necessárias para o saneamento das Finanças Públicas, melhor atratividade aos investimentos, progressos no funcionamento da administração e a solução de problemas de defesa e segurança. É esse o cenário económico, político e de segurança em que o Governo pretende implementar o DENARP II.

Outro documento a ser considerado é o Programa Nacional de Investimento Agrário – PNIA, elaborado pelo Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, no contexto do Programa Detalhado para o Desenvolvimento da Agricultura Africana. O programa tem horizonte de implementação até 2025, em três fases, e está em fase de negociação com os parceiros e potenciais financiadores.

2.6.1. O Documento de Estratégia Nacional de Redução de Pobreza DENARP II

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O DENARP II abrange o período 2011-2015 e tem por objetivos específicos reduzir a pobreza e a insegurança alimentar, ampliar a taxa de crescimento econômico, estabilizar a segurança do país uma reforma harmonizada das forças da defesa e segurança e reduzir as desigualdades de género. Os pilares do DENARP II espelham os principais desafios do país que são a promoção do Estado de Direito, do desenvolvimento económico e do capital humano. Esses pilares estão traduzidos em quatro eixos ou linhas de ação do DENARP:

Eixo1: Fortalecer o Estado de Direito e as instituições republicanas. Este eixo compreende as agendas ligadas a melhoria da situação dos direitos humanos e dos mecanismos de prevenção e gestão de crises.

Eixo2: Assegurar um ambiente econômicômico estável e incitativo. A melhoria da gestão das finanças públicas e da política macroecomica do país, e ainda a o desenvolvimento do sector privado e atração de investimentos estrangeiros são os focos principais desse eixo.

Eixo 3: Promover o desenvolvimento econômico durável. Aposta nos setores produtivos, susceptíveis de criar empregos e diversificar as bases de produção. A estratégia passa pelo apoio ao desenvolvimento das fileiras promissoras no sector agrícola (agricultura, pesca, pecuária) e turismo. Além disso, o desenvolvimento das infraestruturas básicas, em especial a geração e distribuição de energia e os transportes. Outra importante prioridade desse eixo é o desenvolvimento das capacidades institucionais, técnicas e financeiras.

Eixo 4: Elevar o nível de desenvolvimento do capital humano. Busca o aumento do nível de desenvolvimento do capital humano, a partir da melhoria dos sistemas de educação, saúde e alfabetização, acesso à água potável e saneamento. A redução das desigualdades de gênero aparece neste eixo e transversal a todas as áreas.

O Sistema de Seguimento e Avaliação proposto para o DENARP prevê uma estrutura composta por três comitês:

Comité de Pilotagem: estrutura de orientação e de diálogo político; Comité técnico: uma estrutura de seguimento técnico e administrativo; Comités Setoriais de programação e seguimento: estruturados em torno dos gabinetes de

estudos e planificação setoriais (GEP ou GAPLAs) e dos dispositivos existentes (ou a criar), de seguimento de estratégias e planos de ação.

Um sistema de informação será estruturado para o seguimento de dois componentes: o componente de seguimento da pobreza e o componente de seguimento da implementação, este último coordenado pela Direcção-Geral do Plano.

2.6.2. O Programa de Investimento Público (PIP)

Participaram da elaboração do PIP os serviços técnicos do MEPIR/Direcção Geral do Plano em colaboração com os demais serviços dos Ministérios e Secretarias de Estado bem como os organismos financiadores. O Programa Trienal de Investimento engloba uma série de projetos em desenvolvimento nos ministérios setoriais, a grande maioria com apoio de recursos da cooperação internacional.

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A importância do PIP está principalmente no esforço de sistematização e agrupamento dos projetos por setores e associando-os aos objetivos estratégicos do DENARP. Esse esforço possibilita uma maior clareza sobre as diversas ações desenvolvidas no país. Considerando a situação do País frente a comunidade internacional, o PIP considerou sobretudo as possibilidades de viabilização do mesmo. As perspectivas de financiamento externo do PIP/2012 são modestas, em virtude da crise financeira mundial ainda que o País esteja a beneficiar de vantagens na sua condição de Estado Frágil.

São as seguintes as áreas estratégicas em que o PIP agrupou o conjunto de projetos e programas:

a) Geração de Riquezas e Desenvolvimento de Infraestruturas: criar condições para o crescimento da produção agrícola, transformações de produtos agrícolas e pesqueira, mediante a recuperação de bolanhas, o fornecimento de sementes e insumos, atribuição de créditos para as atividades de rendimentos, reabilitação e construção de novas infraestruturas, aquisição de equipamentos, formação dos atores do mundo rural, apoio as organizações camponesas de base, entre outros.

b) Aumento das Possibilidades de Acesso aos Bens Sociais Fundamentais: Na área da Educação o reforço do capital humano com vista ao aumento de acesso e melhoria da qualidade da educação, construção, reabilitação e equipamento de salas de aulas, erradicação gradual de escolas de “Barracas”, assistência técnica para a reforma curricular, formação de professores, implementação dos programas de formação profissionais e de apoio as associações profissionais. Na área da Saúde, consolidação dos cuidados primários de saúde e melhoria do funcionamento e da qualidade de prestação dos serviços de saúde, construção, reabilitação e equipamento de centros de saúde, criação do Fundo de prevenção de epidemias (aquisição de vacinas), plano de luta contra o paludismo, a tuberculose e o VIH/SIDA, regulamentação das aditividades farmacêuticas.

c) Alívio da Pobreza: Projetos de Agricultura e Ambiente que promovem as atividades geradoras de rendimento tais como o micro-créditos e apoio as organizações camponesas, participação dos grupos mais vulneráveis, mediante o apoio as organizações e estruturas de reinserção social, a concessão de ajuda alimentar em troca de recuperação de infraestruturas sociais (food for work) previsto nos Projetos PASA, PEASA e PRESAR; a construção de habitações sociais, o fomento do associativismo juvenil, a elaboração de legislação sobre o direito da mulher e a sua divulgação.

d) Promoção da Boa Governação: melhoria das capacidades institucionais, acesso a justiça, reforço do aparelho judicial, descentralização e o apoio às ONG’s, aos sindicatos e as associações de base.

2.6.3. O Programa Nacional de Investimento Agrário - PNIA

A formulação do Programa Nacional de Investimento Agrário, que teve sua elaboração iniciada em 2009, com apoio da FAO e da CEDEAO, pretende ser uma ferramenta para contribuir para a implementação da Política Agrícola Comum da CEDEAO, na Guiné-Bissau. A sua formulação envolveu especialistas de todos os setores-chave da economia: Agricultura, Silvicultura,

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Pecuária, Pesquisa, Economia e Comércio) além dos agricultores e suas organizações, parceiros de desenvolvimento e a Assembleia Nacional Popular.

Trata-se, de um programa bastante ambicioso, mas que enfoca os vários aspectos envolvidos na questão agrícola de Guiné – Bissau. O custo total estimado em 152 530 750 000 FCFA (equivalentes a 320 milhões de dólares à cotação de $1 USD = 476,32 FCFA) deveria ser aplicado num período de 15 anos, em tese, de 2010 a 2025, mas ainda aguarda financiamento.

Para sensibilizar os financiadores foi realizada uma mesa redonda com Ministério da Economia e Doadores e, conforme informações da Direção Geral de Agricultura, está sendo planejado um business meeting após a rodada de negociações do DENARP. Conforme informações do GAPLA, o BOAD se propôs a participar com 20 milhões FCFA, sendo 4 milhões por ano, mas esse apoio ainda está em fase de negociação.

O MADR percebe a necessidade de buscar novas fontes de financiamentos, especialmente em países emergentes como Brasil, Índia, África do Sul, China. Os financiadores tradicionais têm regras que a GB não consegue ultrapassar.

Também conforme informações do GAPLA, neste momento o Ministério da Agricultura dispõe de poucos financiamentos. Há poucos projetos financiados pelos doadores tradicionais UE, FIDA e BAD.

De forma geral os parceiros do MADR concentram-se nas seguintes atividades: a China na formação e demonstração para a intensificação da produção de arroz; O FIDA em um projeto de desenvolvimento rural localizado no sul (Quinari e Tombali), com possibilidades de extensão para mais 3 ou 4 anos, o Fundo global para segurança alimentar – previsão de apoio aos Países CEDEAO – com financiamento para produção de arroz. Este último, se for viabilizado, terá o BAD ou o BM como agencias de execução.

O programa tem perspectivas de longo prazo, dividido em três fases de cinco anos cada:

- Fase 1 (2010-2015): criação ou reabilitação de estruturas e infraestrutura de apoio à produção. Um plano geral dos sistemas de irrigação, intensificação e diversificação da produção, bem como programas o apoio aos fatores de produção, formação, e fortalecimento das organizações.

- Fase 2 (2016-2021): fortalecimento e consolidação do investimento privado, desenvolvimento de cooperativas e Consolidação de Organizações Camponesas e Instituições de Microfinanças para revitalização da economia rural, dos mecanismos de gestão inter-cadeia, para efetivamente combater a pobreza e insegurança alimentar.

- Fase 3 (2021-2025): fortalecer e consolidar a integração no comércio regional, sub-regional e internacional, que terá como alvo os novos mercados e fluidez do comércio. No final desta fase, as fontes de renda dos agricultores serão diversificada com exportação de produtos alimentares.

O PNIA está dividido em seis subprogramas:

Promoção das fileiras de produção vegetal;

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Promoção da Produção Animal; Promoção da produção pesqueira; Gestão sustentável dos recursos naturais (água, solo, florestas); Pesquisa e Conselhos Agrícolas; Fortalecimento Institucional e Coordenação Setorial.

O PNIA dedica, portanto, um subprograma a gestão dos recursos naturais com ações específicas para a Gestão da fertilidade dos solos. Esse componente precisa ser considerado como um conjunto de ações de implementação do PAN-LCD. Outras ações do PNIA também respondem aos problemas e desafios colocados pelo PAN e pelos atores entrevistados no contexto da elaboração da EFI. Pela sua importância, inserimos as ações relacionadas com a GDT no Anexo II.

São essas as ações que destacamos do PNIA, que nos parecem estar relacionadas com o conjunto de problemas e soluções identificadas no PAN-LCD. É importante destacar que é necessário um exercício de harmonização entre os projetos do PAN-LCD e as ações propostas pelo PNIA.

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Tabela 2 - Subprogramas e Componentes do PNIA

Subprograma 1 Subprograma 2 Subprograma 3 Subprograma 4 Subprograma 5 Subprograma 6Promoção das Fileiras de Produção Vegetal

Promoção da Produção Animal

Promoção da Produção Halieutica

Gestão Durável dos Recursos Naturais (água, solos e florestas)

Pesquisa e Desenvolvimento Agrícolas

Reforço Institucional e Coordenação Sectorial

COMPONENTES COMPONENTES COMPONENTES COMPONENTES COMPONENTES COMPONENTES1.Infrastruturas rurais 1. Desenvolvimento das

fileiras de pecuária1. Promoção da pesca artesanal e da aquacultura

1.Gestão integrada dos recursos hídricos

1. Reforço dos serviços de suporte aos produtores

1. Melhoria do ambiente institucional do sector agrícola

2. Desenvolvimento das fileiras alimentares

2. Promoção de pequenas e médias empresas de criação animal

2. Reforço dos mecanismos de gestão dos recursos haliéuticos

2. Gestão durável da fertilidade dos solos

2. Apoio ao desenvolvimento das inovações tecnológicas

2. Reforço das capacidades dos actores do sector agrícola

3. Promoção das culturas de exportação

3. Reforço dos serviços pecuários

3. Gestão durável dos recursos florestais

3. Prevenção e gestão das crises alimentares4. Melhoria do ambiente comercial

Fonte: MADR, 2010 (Programa Nacional de Investimento Agrário – PNIA).

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2.7. Recursos Humanos e Reforço de Capacidades Nacionais p ara a GDT

As ações de Gestão Durável das Terras estão pulverizadas em diversos órgãos de governo e da sociedade civil. Por força da participação da agricultura e da exploração de recursos naturais na economia nacional, é praticamente impossível falar de desenvolvimento rural sem referir ações de GDT.

Entretanto, faltam mecanismos de gestão e coordenação eficientes. O MADR tem uma estrutura de planeamento frágil, sem recursos humanos e materiais para acompanhar e executar ações. Por outro lado, tem uma visão restrita sobre o papel das ONGs. Embora não cumpra com a tarefa de prestar assessoria técnica às comunidades no que concerne è agricultura, pesca e pecuária, o MADR não tem buscado construir parcerias efetivas com as ONGs que o fazem, adotando uma postura crítica mas não cooperativa.

A SEADD é um órgão recente e dispõe de poucos técnicos à frente de projetos com financiamento internacional. Tem clareza do seu papel normativo e político, mas encontra dificuldades na integração com as outras pastas. É importante destacar que essa dificuldade não está no nível do diálogo entre as Direções Nacionais, mas na execução. A fragilidade do Estado fez com que algumas pessoas assumissem determinados temas, de forma individualizada. Foram atitudes vitais em determinados momentos de crise que permitiram que o país não paralisasse. Entretanto, reverter esse quadro para um cenário atual de maior institucionalização é um dos grandes desafios.

Percebe-se, pelas entrevistas e demais documentos analisados, que desde o processo de elaboração do PAN em 2004, não houve evolução significativa quanto a busca de soluções para os problemas de ordem administrativa a seguir descritos, que foram identificados naquele momento:

Falta de política de uso e ordenamento do solo que promova o uso sustentável e o melhor aproveitamento das vocações econômicas;

Inventário florestal desatualizado, desconhecimento e desvalorização do patrimônio natural nacional;

Descontinuidade das políticas e programas, escassez de recursos humanos qualificados em domínios específicos e de meios materiais e financeiros em nível do país e fragilidade das estruturas de concertação e coordenação das ações ;

Ausência de orientações estratégicas que considerem: programas e políticas setoriais existentes; envolvimento dos diferentes atores; ações da sociedade civil; complementaridade e de transferência de competências e consideração das especificidades das regiões agro-ecológicas.

Além dos problemas acima identificados, a desigualdade de gênero aparece como uma questão social e também de Direitos Humanos a ser resolvida. Mas sem nenhuma estratégia clara de como enfrentar o problema.

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2.8. Recomendações

2.8.1. Programa de Reforço de Capacidades em Planeamento e Gestão de ProjetosElaborar e implementar um Programa de Desenvolvimento Organizacional e Reforço das Capacidades individuais dos técnicos das Direções do Plano e das Finanças, assim como dos GAPLA e dos DAF, no nível dos ministérios setoriais.

2.8.2. Necessidade de um Programa Nacional de Parceria para a GDT Apesar do envolvimento de diversas organizações nas ações de GDT, a Guiné-Bissau não conseguiu consolidar um Órgão Nacional de Coordenação. A fragilidade do Estado, as crises de instabilidade política, a concentração das atividades relacionadas à Convenção no MADR, os baixos salários que desmotivam os técnicos a participarem ativamente dos Grupos de Trabalho que representam tarefas adicionais no seu dia-a-dia, além da falta de metodologias de trabalho em grupo e de liderança estão na raiz desse problema.

Uma consultoria foi desenvolvida nesse âmbito, com esforços significativos de análise de diferentes cenários organizacionais e discussões com técnicos das instituições envolvidas. No entanto, a pesar de todos os esforços ao longo da consultoria, não se conseguiu avançar muito para além do atual quadro: concentração das atividades no MADR, uma lista de organizações potencialmente envolvidas com papéis definidos que engessam o grupo antes mesmo de sua efetivação, uma reduzida lista de ONGs que não correspondem à realidade do terreno e falta de estratégia de implementação efetiva.

Diante desse quadro, é importante ter uma posição política de alto nível que envolvesse o MADR e SEAD, no sentido de constituir um Grupo de Trabalho num primeiro momento, constituído pelas organizações que mais atuam no âmbito da GDT, envolvendo o IBAP, a Direção Geral de Agricultura, a Direção Geral do Ambiente, a Direção Geral das Minas e as ONGs AD, Tininguena, IMVF, Guiarroz, KAFO, ADS, as Redes de ONGs das regiões mais afetadas. Esse Grupo de Trabalho, mediado pelo PNUD, criaria um Pacto pela Gestão Durável das Terras, comprometendo-se a, anualmente, reunirem-se, atendendo a convocação do MADR, que tem a responsabilidade perante a Convenção, para fazer um balanço do estado da Gestão Durável das Terras em Guiné-Bissau. Esse balanço incluiria o relato das ações no terreno e as dificuldades encontradas, áreas suscetíveis a desertificação ou em estágio avançado de degradação que ameacem a sustentabilidade das comunidades, avanço das queimadas, das áreas desmatadas, dentro outros temas que afetam a Guiné-Bissau no campo da GDT. Esse balanço constituirá o principal elemento dos Relatórios e Comunicações à Convenção.

A partir do desenvolvimento dessa dinâmica e discutindo-se com todos esses elementos, seria criado um primeiro esboço de um Fórum de Diálogo para a GDT, buscando corrigir os aspectos negativos da sua implementação e reforçar os aspectos positivos.

2.8.3. Marco Legal para a GDT complementar à Lei da Terra: Ordenamento TerritorialSegundo o Boletim do Grupo de Trabalho sobre Petróleo e outras Indústrias Extrativas, tanto o governo quanto a sociedade civil têm conhecimento do alto risco de impacto social e ambiental da exploração mineral e dos casos de insucesso experienciados por países africanos.

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Esse é um dos motivos pelos quais é altamente recomendável que se insira no Plano da EFI ações de relacionadas com o setor de exploração mineral.

Considerando os temas acima citados, este relatório recomenda fortemente:

Elaborar uma Política de Uso e Ordenamento Territorial que considere a ocupação do solo em função da aptidão agrícola, dos usos múltiplos como o agrosilvopastoril, conforme prevê a Zonagem Ecológica Econômica;

Fortalecer grupos de mulheres para que participem das discussões da Zonagem Ecológica Econômica e expressem as suas preocupações e necessidades;

2.8.4. Síntese do PAN-LCD

O documento revisado do PAN tentou manter a estrutura do documento anterior agregando novas informações e as propostas de projetos. Com isso o documento ficou muito rico, mas também muito extenso. Ocorre que documentos muito extensos dificultam a sua assimilação e discussão enquanto política pública. Por essa razão, recomendamos que o documento seja sintetizado em um Resumo Executivo, que considere as grandes linhas de ação, gerando um documento de até 30 páginas que poderia ser então submetido ao Conselho de Ministros.

2.8.5. Estabelecimento de Parcerias Estratégicas com as ONGs

Há um grupo pequeno, porém expressivo de ONGs de Guiné-Bissau que reúnem quadros especializados estão a desenvolver experiências exitosas no campo da Gestão Ambiental. Essas experiências precisam ser valorizadas como subsídios para a formulação de políticas públicas e as atuais competências existentes precisam ser reforçadas no campo da GDT, mobilizando apoio de projetos internacionais para o desenvolvimento ações no terreno pelas ONGs, especialmente na vulgarização de técnicas de conservação de solo e água.

Há ainda outro grupo de pequenas ONGs, especialmente no interior do país que carecem de todos os tipos de reforço institucional e de capacidades. Nesse sentido, a ONG Instituto Marques Valle Flor, vem executando projetos de reforço de capacidades das ONGs nacionais com recursos da UE, poderia ser um parceiro na formação para essa matéria e ainda no apoio à formulação de projetos específicos para a União Européia, para promoção da Gestão Durável das Terras, aumento da produtividade agrícola e comercialização.

Outras ONGS nacionais poderiam ser uma base para o financiamento de pequenos projetos, como o fundo de pequenos projetos do GEF, para desenvolver ações comunitárias. Nesse sentido, a experiência do Brasil com o Projeto PPP Ecos, gerido por uma ONG e que financia associações comunitárias e ONGs de assessoria com pequenos projetos. Para tanto, faz-se necessário, do lado do Governo ampliar a visão sobre o papel das ONGs, observando o caso de países onde as ONGs apoiam o desenvolvimento de políticas públicas a partir das suas experiências locais. Não se trata de implementar “projetos piloto” ou como laboratórios, mas de experiências concretas e objetivas de sustentabilidade, que uma vez sistematizadas e avaliadas, podem ser ampliadas assumindo o escopo de Política Pública. O caso das Florestas comunitárias em Guiné-Bissau cabe neste conceito.

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2.8.6. Aproximação entre o PAN e o PNIAA Guiné-Bissau demonstra um avanço na implementação da Convenção de Combate à Desertificação, uma vez que assume como uma das prioridades do Plano Nacional de Investimentos Agrícolas o componente de Gestão de Recursos Naturais, com forte ênfase para a Gestão de Solos e Água.

Entretanto, o PNIA não considera no seu exercício de programação todas ações propostas no PAN. Da mesma forma que o PAN poderia ser complementado com as ações propostas no PNIA. Em síntese, é necessário haver um exercício de harmonização entre os dois planos. O PAN precisa estar integrado no PNIA, uma vez que não faria muito sentido uma mobilização de recursos internos e externos para dois programas em superposição de ações.

Por outro lado, considerando o elevado montante de recursos necessários para a implementação do PNIA, uma estratégia que talvez tornasse mais viável esse processo seria considerar os diferentes componentes do PNIA e as fases previstas como blocos de projetos a serem negociados separadamente, mas formando um corpo, sob a coordenação do MADR.

O risco dessa estratégia é de perder-se a coordenação e acompanhamento das diferentes iniciativas para forma o corpo de uma política ou plano de investimentos setorial. Razão pela qual o reforço de capacidades dos diferentes ministérios envolvidos com a GDT precisa ser levada em consideração.

3. ANÁLISE DAS FONTES, INSTRUMENTOS E MECANISMOS DE FINANCIAMENTO

A Guiné-Bissau, além de ser um país jovem, está em constante reconstrução. A recorrência de golpes e turbulências internas dificulta a organização do Estado, o fortalecimento da economia e, por consequência, o desenvolvimento do setor privado. Com isso, as fontes de financiamento internas são praticamente inexistentes.

A desorganização interna também desfavorece a captação de recursos externos. Mas, a condição de extrema pobreza coloca a Guiné-Bissau como país elegível e prioritário para as agências de cooperação da ONU. Entretanto, o Governo vê-se, até o momento, impossibilitado de acessar diversos fundos, ora por se encaixar na categoria de países altamente endividado, ora por não conseguir atender às condições de governabilidade e de Estado de Direito exigidos pelas organizações multilaterais.

Durante o processo de elaboração deste relatório, a Guiné-Bissau passa por mais um golpe de Estado. Esse quadro é muito desfavorável para a elaboração de uma Estratégia Financeira Integrada que pressupõe antes de tudo, a melhoria do ambiente de captação e gestão de recursos e uma liderança interna para os assuntos de Gestão Durável das Terras.

Dessa forma, a análise a seguir considera a situação até março de 2012, quando foram coletados os dados para este relatório, enquanto a Guiné-Bissau caminhava para uma reestruturação econômica, social e uma profunda reforma administrativa.

3.1. Fontes, Instrumentos e mecanismos de financiamento internos

As receitas do país provêm de três fontes principais:

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Fiscais – alfândegas e impostos. A maior parte vem de cobrança à exportação da castanha de caju. Inclui contribuição industrial, e imposto sobre lucros.

Licenças de Pescas - acordo anual de 7,5 milhões de euros que em 2012 passará a 9 milhões, com a União Europeia

Importações

Com reduzidas receitas, grande parte proveniente da produção do caju, o país depende fortemente da Ajuda Internacional, embora tenha potencial para se estabelecer como polo produtor de alimentos.

3.1.1. Gestão dos Fundos Públicos e Processo orçamentário

Até março de 2012, o Governo vinha aprimorando a Gestão pública com resultados significativos. De 2009 a 2011, as receitas internas passaram de 37 bilhões de Fcfa para 48 bilhões Fcfa. Para 2012 a previsão das receitas era de 61,7 bilhões, antes do Golpe Militar de Abril. Do lado das despesas do governo, estas sofreram uma redução de 146 bilhões, em 2009, para 102 bilhões em 2011, com previsão de atingir 116 bilhões em 2012 (todos os valores em Fcfa).

Esses dados revelam o esforço do Governo na redução do gasto público e uma sensível melhora nas receitas internas, fato que permitiu ao Governo honrar o pagamento dos salários dos servidores da Administração Pública ( 75% das despesas).

Um dos maiores desafios da gestão dos fundos públicos é o combate à corrupção. A Guiné-Bissau situa-se entre os vinte países com maior índice de percepção de corrupção (IPC, segundo relatório da ONG Transparency Internacional).

Esse fato reduz a credibilidade do país frente aos parceiros do desenvolvimento, agrava a situação de pobreza e compromete as perspectivas de desenvolvimento económico e social do País.

Conforme descrito na seção sobre o Orçamento público há enormes deficiências de recursos humanos e a planificação no país é absolutamente frágil, principalmente diante das recorrentes crises políticas.

3.1.2. Instrumentos Fiscais e Políticos

Esta é uma das áreas mais frágeis do país. Não há uma política fiscal consistente que dê suporte a um quadro de investimentos, ou de taxação do setor privado. A extrema pobreza financeira da população é o grande dificultador. Como pressionar ainda mais os comerciantes e raros empresários que sustentam pequenos negócios?

À exceção da produção do caju de onde se retira quase a totalidade das receitas de impostos, não foram identificadas outras fontes.

3.1.3. Orçamento Local e Municipal

Grande parte da população se concentra em Bissau e Bafatá que representam também os polos econômicos mais dinâmicos. Recentemente o PNUD deu início a um esforço de

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elaboração de Planos Municipais de Desenvolvimento com o propósito de iniciar um processo de descentralização, no entanto, este processo ainda é incipiente e demanda muito investimento.

Este ponto deve ser considerado como um dos pilares de qualquer estratégia de desenvolvimento e sustentabilidade, porém reconhecendo a sua enorme fragilidade e necessidade de investimentos.

3.1.4. Fundos Nacionais e Privados

Não há fundos nacionais e privados operando no país. Há um grande potencial representado pelo setor Mineiro e do Petróleo.

A Fundação Bio-Guiné, recém criada, está em fase de negociação de um fundo fiduciário para apoiar a Gestão das Áreas Protegidas. Essa proposta tem enorme potencial, principalmente porque conta com apoio de grandes ONGs internacionais, como a UICN e outras. Com sede na Inglaterra, a Fundação Bio-Guiné poderá promover também o desenvolvimento de recursos inovadores, como o pagamento por serviços ambientais e desenvolver o mecanismo do REED.

3.1.5. Recomendações Específicas

O quadro da mobilização e utilização dos recursos nacionais é reflexo do longo período de instabilidade política e de frágil governação.

- Recomendações do DENARP sobre a gestão pública e legal que são reforçadas pela EFI

No âmbito do DNARP estão referidas as seguintes medidas para ampliar a eficácia da gestão pública e o controle social, que este relatório incorpora pela sua relevância:

i) reforço de capacidades para a formulação de políticas e de planificação estratégica

Em todos os níveis de governação, com ações de descentralização administrativa com reforço das capacidades nas regiões e não apenas no nível central de Bissau.

i) reforma do quadro jurídico e institucional do sistema de planificação estratégica;

A menos que o GAPLA e as DAF disponham de pessoal capacitado e empoderado para desenvolver planos participativos e consistentes, os Minsitério das Finanças e do Plano não conseguirão cumprir com as suas missões institucionais.

ii) adoção um mecanismo permanente de concertação com os parceiros de desenvolvimento para melhoria da gestão e coordenação da ajuda internacional;

Vários parceiros internacionais têm como meta apoiar a reforma administrativa e desenvolver capacidades para a planificação e gestão pública. Faz-se necessário que uma dessas organizações assuma a liderança de uma Plataforma de Diálogo e Capacitação, otimizando os recursos e ampliando o impacto das ações de fortalecimento de capacidades.

iii) reorganização e o reforço do sistema estatístico nacional;

Sem informação consistente, não se faz uma planificação coerente. Sem um Censo Agrícola e um Inventario Florestal que dê conta dos ativos naturais do país, não se

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pode monitorar e avaliar ações que considerem a Gestão Durável das Terras. E dessa forma as ações perdem em eficiência e eficácia.

iv) capacitação dos deputados da ANP no domínio de gestão das finanças públicas;

Os parlamentares precisam ampliar a sua compreensão sobre o impacto futuro das políticas públicas e principalmente sobre o custo da NÃO-AÇÃO. Quanto custa a Guiné-Bissau permitir a desflorestação sem controle, a erosão das terras, o assoreamento das bolanhas, enfim, quanto custa a degradação das terras e da qualidade da água.

Inserção do Enfoque de Gênero nas políticas e projetos

Para a inclusão do enfoque de gênero nos planos, projetos e políticas públicas faz-se necessário um esforço de capacitação e mobilização social. É um processo de transição que levará anos, mas sem o qual o país não conseguirá vencer as barreiras ao desenvolvimento e à GDT.

Algumas propostas de ações com impacto sobre a qualidade de vida das mulheres podem ser construídas pela observação de como as ONGs vêm trabalhando essa questão, em especial a KAFO, a AD e a Tininguena. A ausência de componentes de gênero fragiliza as estratégias propostas visto que há uma relação desigual de poderes e nas formas de uso da terra entre mulheres que cultivam nos bas-fonds e os homens que cultivam no Planalto. Esse poder desigual faz reduzir o impacto das ações de recuperação dos bas-fonds. Sem estabelecer relações de parceria para a Gestão Durável das Terras, sensibilizando os homens para os riscos do desmatação do Planalto, e sem envolvê-los no apoio à implantação de infraestruturas que permitem o cultivo dos bas-fonds pelas mulheres, fica um vácuo de ação que prejudica a sustentabilidade das ações.

Fortalecimento do setor privado e desenvolvimento de um quadro de Política Fiscal

O fortalecimento do setor privado é uma decorrência do desenvolvimento econômico do país. Como setor privado deve-se compreender todos os agentes empreendedores da sociedade, inclusive as mulheres que realizam o comércio de hortaliças e de pescados nas cidades.

Todos os setores da economia em expansão, como a pecuária e a produção de caju poderiam ser foco de um programa de capacitação empreendedora e de estabelecimento de condições mínimas de funcionamento.

Quando a primeira lição de casa fosse concluída, o governo poderia desenvolver uma política fiscal de responsabilização e de co-participação da sociedade.

Mas uma coisa depende da outra.

3.2. Fontes, Instrumentos e mecanismos externos de financiamento

Estima-se que as despesas do Governo são financiadas em aproximadamente 50% por recursos externos (MEPIR, 2011). Os investimentos públicos são muito aquém do necessário para manter a infraestrutura remanescente do período colonial e os novos investimentos que permitiriam desenvolver a economia.

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3.2.1. Fontes: principais DoadoresA situação política da Guiné-Bissau e o fato de o país estar inscrito na lista dos países altamente endividados, dificulta o acesso a vários mecanismos de financiamento externo. Em março de 2012 as principais fontes de financiamento estavam circunscritas a um fundo da União Europeia, Ajuda proveniente de acordos com o FMI, o Banco Mundial, e, no nível regional, do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e o Banco de Desenvolvimento da África do Oeste (BOAD).

As cooperações bilaterais mais importantes no setor agrário, em março de 2012, segundo informações do GAPLA/MADR, eram as cooperações prestadas pela China, Japão, Portugal, Brasil e Espanha.

3.2.2. Modalidades e dispositivos de financiamento dos DoadoresAlém dos doadores tradicionais da Guiné-Bissau citados acima, dois novos mecanismos multilaterias estão presentes no País financiando projetos. São eles o Fundo IBAS que reúne recursos do Brasil, Índia e África do Sul e o Banco Islâmico de Desenvolvimento (BID) que inicia um projeto de desenvolvimento rural executado em parceria com a FAO.

A União Africana (UA), enquanto organização política dos Estados africanos, apoia a Guiné-Bissau a sensibilizar financiadores e encontrar parceiros para os investimentos necessários ao desenvolvimento econômico do país. A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) também mobiliza apoios através do BAD e do BOAD.

É importante destacar que, embora o Governo da Guiné-Bissau não possa aceder a alguns fundos pelos condicionantes em termos de respeito a convenções e tratados internacionais, a sociedade civil nacional não sofre as mesmas restrições e tem sido um canal muito importante de prestação da Ajuda Internacional. Todas as áreas sócias têm sido beneficiadas, mas particularmente o desenvolvimento comunitário, a proteção ambiental e educação. A seguir, os principais mecanismos de financiamento identificados:

a) Banco Africano de Desenvolvimento (BAD):

O documento estratégico que define a intervenção do BAD na Guiné-Bissau para os próximos 5 anos (2012-2016) já foi assinado com o Governo, estabelecendo as áreas de prioridade nacional. Esse Documento será submetido ao Conselho de Administração do BAD para aprovação oficial. Na Guiné-Bissau o BAD tem o Governo como único parceiro. Recebe o apoio do FAD - Fundo Africano de Desenvolvimento, que faz empréstimos e doações, mas, dada a situação de alto endividamento do país foram suspensos os empréstimos e toda a intervenção dá-se através de doações.

Os apoios do BAD neste momento focalizam:

1° pilar - Governação econômica e financeira – coordenação da ajuda do Ministério da Economia. Ajuda o Governo a coordenar a ajuda externa, dos diferentes fundos. Assistência do PNUD.

2° pilar – Desenvolvimento de infra estruturas – construção de estrada em Buba entre 2012 e 2016 e a barragem no rio Gambia para energia elétrica.

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Fora do envelope destinado à Guiné Bissau, o BAD trabalha para encontrar fundos fiduciários para outros projetos. Se o BAD não pode financiar algumas das ações que o Governo identifica como uma intervenção pertinente, o BAD busca parcerias na UE, Países Árabes, China, entre outros. Caso esses parceiros assinem uma carta de intenções de financiamento, o BAD avança com a verba ao Governo e depois recebe dos doadores que prometeram os recursos. Se, por acaso o doador desistir, então esse recurso transforma-se em dívida do Pais frente ao BAD. O BAD elabora o projeto com o Governo e vai desbloqueando as verbas com a intervenção, e é o BAD que justifica perante os doadores a execução dos fundos.

b) União Europeia:

A União Européia está presente na Guiné-Bissau como um dos principais parceiros do desenvolvimento. O Fundo Europeu para o Desenvolvimento –FED é o mecanismo mais utilizado. Em março de 2012, a disponibilização de recursos do FED para o país encontrava-se parcialmente suspenso por questões políticas e de não atendimento pelo país aos critérios mínimos de respeito a Direitos.

As prioridades atuais do Governo da Guiné-Bissau para o FED são as infraestruturas, nomeadamente energia e água, apoio a atores não-estatais e atores locais, o setor econômico e a democracia e boa governação. Os Fundos para as ONG’s tem priorizado a segurança alimentar, o ambiente e os direitos humanos. Há vários projetos de assistência à agricultura, em parcerias com diversas ONGs, como a KAFO, LVIA, IMVF, AD, APRODEL, PROAGRI, entre outras. O próximo será aprovado para o período de 2013-2017.

c) Banco Mundial (BM)

O foco principal da ação do BM na Guiné-Bissau é a conservação do ambiente. O BM tem dois tipos de intervenção, dependendo da capacidade de cada Pais:

i. IBRD International Bank Reconstruction Development

Criado depois da 2ª Guerra Mundial, para a Europa. Consiste em empréstimos com pagamento em 15 anos, e com 5 anos de carência, a taxas de juro de mercado. Neste momento 11%.

ii. IDA International Development Assistance

Criado em 1956, para assistência aos Países com menos rendimento. Inclui 60% de doação e 40% de empréstimo para pagamento em 20 anos, com 5 anos de carência, a juros reduzidos. Neste momento a 2,5%.

Projetos sendo apoiados atualmente:

Programa de Segurança Alimentar – 1ª fase e 2ª fase, BM e UE, para 4 mil ha de arroz, dentro do programa de emergência – 2012/2015

Projeto de desenvolvimento da organização da participação comunitária, com planos de ação locais para cada tabanca, a realizar de 2009 a 2014, em todo o Pais.

Financia o IBAP para melhoria da capacidade institucional, a partir de um acordo entre o GEF e o BM.

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PRAO – Programa Regional para a África do Oeste - Sector das pescas – em parceria com GEF – aprovado em 2011 e início em Janeiro 2012. Tem sede em Dakar, mas com uma componente na Guiné-Bissau. As três áreas prioritárias no país são: pesca ilegal, controle da costa e preservação sustentável dos recursos. Inclui todo o ciclo da pesca, desde o pescador, à transformação e à exportação do peixe.

Indústria extrativa – assistência técnica. Projeto de 3,2 milhões de dólares para o desenvolvimento das capacidades para uma melhor gestão dos recursos do petróleo e das minas.

d) Banco Islâmico de Desenvolvimento (BID)

O Banco Islâmico de Desenvolvimento é uma instituição financeira internacional criada em 1975, a partir de Declaração de Intenções emitida pela Conferência dos Ministros das Finanças dos países muçulmanos. O Banco opera com fundos especiais para assistência às comunidades muçulmanas em países não-membros, além de criação de fundos fiduciários.

Em 2009, uma reunião da FAO e BID resultou numa proposta de desenvolvimento de projetos com procedimentos de aplicação simplificados. Nesse rol, inseriu-se um projeto de apoio a Guiné-Bissau no valor de US $ 2 milhões para apoiar a capacitação de pequenos produtores em áreas suburbanas, fortalecendo a fileira e as organizações dos produtores.

A zona de intervenção circunscreve-se às áreas suburbanas das cidades de Bissau, Gabu e Bafatá. O projeto irá afetar especialmente mulheres e jovens, que estão entre os mais vulneráveis à insegurança alimentar. Pelo menos 1160 unidades familiares de produção (arroz e vegetais, serão envolvidos no projeto. Outros beneficiários serão (i) as estruturas descentralizadas do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MARD) e os Centros de Pesquisa Agrícola, (ii) as autoridades locais, (iii) os parceiros e prestadores de serviços locais (escritórios locais das ONGs, artesãos locais, entre outros).

Os resultados do projeto envolvem a intensificação e diversificação da produção agrícola sustentável em 100 ha de várzea e 18 hectares de hortas, formação de agricultores pela implantação de escolas do camponês (Farm School), acesso a insumos e tecnologias (sementes melhoradas e fertilizantes), além da organização social e formação dos grupos de atores intervenientes.

e) Fundo IBAS

O fundo está baseado no PNUD em Nova Iorque e tem como foco a cooperação Sul-Sul. Foram desenvolvidas a primeira e segunda fases de apoio a Guiné-Bissau entre 2005 e 2011. A terceira fase deve iniciar-se em 2012, concentrando ações nas mesmas aldeias (8 aldeias de cada Região - Bafafá, Ohio e Biombo).

Neste momento há 3 projetos em execução na Guiné-Bissau no campo do desenvolvimento rural. Têm como foco a produção do arroz, a gestão da água, o fornecimento de sementes melhoradas, distribuição de animais de raças melhoradas e mais adaptadas à região, além da eletrificação rural.

O mecanismo de financiamento dá-se através de uma solicitação direta do país beneficiária a uma das embaixadas dos países que constituem o fundo (Índia, Brasil e África do Sul). Anualmente, há uma reunião do fórum de dialogo da Unidade de Cooperação Sul-Sul do

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PNUD, onde são tomadas as decisões sobre que projetos a apoiar. O financiamento pode atender ONGs ou Governos, tendo o PNUD com agência implementadora.

f) União Africana

Apesar de ser uma instituição de caráter político, a União Africana tem um fundo para apoio a projetos de rápido impacto. Os projetos podem ser de até 200 mil dólares e têm um processo de aprovação rápido. Apesar da existência de fundo, ele não tem sido utilizado por falta de apresentação de propostas por parte da Guiné-Bissau. Esse fundo pode apoiar projetos governamentais e da Sociedade Civil.

g) Fundo Monetário Internacional (FMI):

Em 2010, O Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou Crédito equivalente a 33,3 milhões dólares, para para apoiar o programa económico de médio prazo de Guiné-Bissau. O Conselho Executivo aprovou também a segunda parcela da contribuição provisória para Países pobres altamente endividados (PPAE) de $ 1,5 milhão de dólares. Esse financiamento tinha por objetivo ajudar o país na gestão da dívida fiscal e retomada do crescimento económico e redução da pobreza.

O programa centra-se no reforço das finanças públicas, modernização da administração pública, e em elevar a qualidade dos serviços públicos. Também visa promover a criação de emprego através da remoção de impedimentos ao desenvolvimento do setor privado e melhorar a prestação de serviços financeiros.

h) CEDEAO: Comunidade Econômica dos Estados da África do Oeste

A CEDEAO tem como finalidade promover a integração econômica dos Estados Membro para elevar os padrões de vida de seus povos, manter e melhorar a estabilidade econômica, as relações entre os Estados-Membros. Não é um doador, mas atua com apoios pontuais em situações emergenciais.

Atualmente a CEDEAO está buscando formas para apoiar a estabilização do orçamento público da Guiné-Bissau. Emergencialmente, foram concedidos 10 milhões de dólares à Companhia de Eletricidade para compra de combustível. Para a reforma do setor de defesa e segurança foram destinados mais 63 milhões de dólares. São também concedidos pequenos apoios a escolas, ou para perfuração de poços para abastecimento de água das comunidades, no valor de até 200 mil dolares.

A CEDEAO também atua apoiando os países membros na negociação de empréstimos e outras ajudas junto a doadores.

i) Global Environmental Facility – GEF

O Global Environment Facility (GEF) é uma organização financeira independente dos governos, instituições financeiras, ONGs e setor privado que oferece doações e financiamento para os países em desenvolvimento e economias em transição, para projetos que beneficiem o

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ambiente global e promovam meios de vida sustentáveis nas comunidades locais. O GEF é um fundo catalizador que oferece em torno de um terço do valor necessário para financiar os projetos. O restante necessariamente deve ser mobilizado por co-financiamentos.

Os projetos do GEF estão direcionados a questão ambientais globais complexas, dentre elas a degradação da terra e o manejo sustentável das florestas. Os projectos financiados são classificados como Full-Sized (US $ 1 milhão ou mais) e Medium-sized (até US $ 1 milhão). Ambos os tipos de projetos podem ser financiados a governos, ONGs, comunidades, organizações da sociedade civil ou entidades do setor privado em geral.

O Programa de Pequenas Subvenções do GEF foi lançado em 1992 em parceria com o PNUD para apoiar o desenvolvimento pró-meio ambiente relacionados com as atividades implementadas pelas ONGs e organizações de base comunitária (OBC) nos países em desenvolvimento. A carteira atual do Programa de Pequenas Subvenções é operado de acordo com a seguinte composição: 60% para a biodiversidade, 20% para a mudança climática, 6% para águas internacionais e 14% questões para multi-focais. O montante total do fundo é de US $ 490 milhões. O GEF fornece um financiamento médio de USD 20.000 (e um máximo de USD 50.000) por projeto. O financiamento é directamente canalizado para ONGs e OCs, que são responsáveis pela implementação do projeto.

Além destas categorias de projectos, projectos relacionados com a área de Adaptação às Alterações Climáticas pode se candidatar ao financiamento de mecanismos especificamente designados:

- Fundo Especial para as Alterações Climáticas, especializando-se em medidas de adaptação e transferência de tecnologia em todos os países em desenvolvimento membros da UNFCCC. O foco é sobre as atividades relacionadas à terra sustentável, água e gestão integrada da zona costeira, a agricultura, saúde, desenvolvimento de infra-estrutura e os ecossistemas frágeis;

- Fundo de países menos desenvolvidos para ajudar esta categoria de países com a implementação de seus programas de Acção Nacionais de Adaptação (NAPA)

No período 1991-2010, o GEF forneceu US $ 9,5 bilhões em subvenções e gerou mais de USD 42 bilhões em co-financiamento de outros parceiros para projetos em países em desenvolvimento e países com economias em transição.

Em Guiné-Bissau o GEF apoia vários projetos ambientais, tendo como parceiro o PNUD. Também desenvolve um programa de pequenas subvenções para ONGs que iniciou em 2010 e ja financiou 6 projetos, correspondentes a 155 mil dólares. Neste momento, o GEF tem designado para a Gestão Durável das Terras em Guiné-Bissau um montante no valor de USD 1,1 milhão. Este recurso já foi objeto de um exercício nacional de eleição de prioridades, mas continua aguardando uma ação concreta do Governo de Guiné-Bissau para ser mobilizado em favor do país. Trata-se de uma carta de solicitação que deve ser enviada pelo Ponto Focal do GEF no país, que está localizado na Secretaria do Ambiente.

j) Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola - FIDA

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O Fundo International para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) é uma agência especializada das Nações Unidas dedicada a financiar o desenvolvimento agrícola e projectos de segurança alimentar nas áreas rurais dos países em desenvolvimento.

O FIDA trabalha em parceria e através de co-financiamento, com um amplo conjunto de atores, incluindo os governos nacionais, doadores bilaterais e multilaterais, bancos de desenvolvimento e ONGs. A agência oferece financiamento por meio de um sistema de bolsas e empréstimos a juros baixos com as dotações geridas através de um sistema baseado em desempenho.

As áreas temáticas abrangidas pelo trabalho do FIDA são: mudança climática e desertificação; segurança alimentar e nutricional, terra e manejo de animais; acesso ao mercado; microfinanças; gestão dos recursos naturais; desenvolvimento empresarial em áreas rurais; liberalização do comércio e gestão da água. Igualdade de gênero e direitos dos povos indígenas são temas transversais que o FIDA procura integrar em todas as iniciativas de financiamento.

Em Guiné-Bissau o FIDA apóia um projeto de Reabilitação rural e Desenvolvimento Comunitário (PRRDC) na Região de Quinara e Tombali.

3.2.3. Mecanismos de Coordenação de DoadoresNão há mecanismos de coordenação de doadores em Guiné Bissau, nem ao nível das instituições africanas, nem de outros doadores bi e multilaterais.

O único mecanismo de coordenação consiste da Matriz UNDAF, que reúne todas as contribuições do Sistema Nações Unidas no país, Há também um Grupo de Trabalho de Segurança Alimentar que congrega doadores bi e multilaterais e ainda Organizações da Sociedade Civil. Mas trata-se de um grupo temático, não tem uma característica de coordenação global.

O sistema Nações Unidas tem uma forte presença em Guiné-Bissau, a partir da independência, acompanhando, coordenando e dando suporte às ações desenvolvimento e garantia dos Direitos Humanos e da boa governação.

Para o período 2013-2017, o orçamento previsto das Nações Unidas em apoio ao pais é de aproximadamente 100 milhões de dólares, sendo que 42% desses recursos estão garantidos e outros 58% por mobilizar.

A distribuição dos recursos por grandes indicadores sinalizam que as prioridades do país nos próximos cinco anos ainda são a segurança, o controle do tráfico de drogas e a governabilidade. As agências que mais aportarão ajuda ao país são o PNUD, com 32% dos recursos, sendo 72% dos recursos já mobilizados, a UNIOGIBS (que praticamente não tem recursos mobilizados) e a UNODC que apresenta 1/3 dos recursos já mobilizados.

Este quadro confirma a atual situação em que o PNUD é o maior apoiador das ações de desenvolvimento rural, incluindo nas rubricas destinadas ao apoio às populações, as rubricas correspondentes a género e agricultura. Entretanto, considerando a grave situação de desigualdade de géneros, as questões relacionadas com género e direitos humanos e ainda o

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papel da agricultura na economia nacional segurança alimentar e redução da pobreza, percebe-se que, em termos absolutos e relativos, há uma reduzida participação esperada da FAO e da UNIFEM.

Tabela 3 - Matriz de Recursos da UN para o periodo 2013-2017 (USD)

AgênciasTotal Recursos Ordinários

Recursos a Mobilizar Total % sobre o total

BIT 945.661,00 5.253.920,00 6.199.581,00 6%FAO 1.514.550,00 3.400.000,00 4.914.550,00 5%UNIFEM 500.000,00 2.135.046,00 2.635.046,00 3%PNUD 24.209.509,00 7.746.000,00 31.955.509,00 32%UNIOGBIS 300.000,00 25.000.000,00 25.300.000,00 25%UNFPA 7.500.000,00 - 7.500.000,00 8%UNICEF 1.712.000,00 - 1.712.000,00 2%UNODC 4.702.277,00 14.837.409,00 19.539.686,00 20%Total 41.383.997,00 58.372.375,00 99.756.372,00

Fonte: Dados preliminares da Matriz UNDAF

Figura 2 – Distribuição de Recursos por Agências da UN, para o periodo 2013-2017

Fonte: Dados preliminares da Matriz UNDAF

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Tabela 4 – Fontes de Financiamento Externo – Cooperação Bilateral

Instituições Bilaterais Acções no Domínio de GST Período de execução

Instituições Executoras

Montante FCFA US$

Parceiros na implementação das acções de GST

Zona de Acção

CHINAFormação dos agricultores na produção de arroz. Vulgarização e fornecimento de equipamentos agrícolas

2010-2012MADR através do Centro Orizícola de Carantaba

797.031.048 1.594.062MADR - Centro Orizicola de Carantaba

Carantaba (Região de Gabu)

JAPÃO - Agencia Japonesa para a Cooperação Internacional (JICA)

Pesca artesanal (infraestruturas: porto de pesca artesanal, residência, fabrica de gelo, etc.

2011-2015 Secretaria das Pescas

4.500.000.000 9.000.000 Secretaria das

Pescas Nacional

PORTUGAL – IPAD Projecto de Valorização da Apicultura nas Regioes de Bafata e Gabu 2012/2015 UCCLA 145.615.356 222.314

PORTUGAL – IPAD Projecto de Apoio à Intensificação da Produçao Alimentar 2012/2015 VER PIP 170.550.734 260.383

PORTUGAL – IPAD Projecto Comunitário de Acesso a Energias Renováveis 2012/2015 VER PIP 124.449.162 189.999

ESPANHA Dados por levantar

BRASIL Dados por levantar

Fonte: Entrevistas, PIP, documentos de projeto.

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Tabela 5 – Fontes de Financiamento Externo – Cooperação Multilateral

Instituições Multilaterais

Ações no Domínio de GST Período de Execução

Instituições Executoras

Montante (FCFA)

US$ Zona de Acção

Parceiros na implementação das ações de GST

BAD PRESAR - Projecto de Reabilitaçao do Sector Agrario e Rural

2009-2012 VER PIP 139.515.000 213.000

BANCO MUNDIAL

Boa Governação e Gestão sustentável da pesca

2011-2015 Secretaria das Pescas

4.000.000.000 6.106.870 Nacional Secretaria das Pescas

BANCO MUNDIAL

Criaçao da Fundaçao Bio-Guiné 2011-2015 IBAP 1.264.150.000 1.930.000 areas protegidas

Fundaçao Bio-Guiné

BID - BANCO ISLAMICO DE DESENVOLVIMENTO

Projeto de reforço das capacidades dos pequenos produtores em zona périurbana

2011/2014 MADR/FAO 1.429.197.555 2.181.981

BM/BOAD/U.E. Projecto Multisectorial de Reabilitaçao de Infraestruturas Energia e Agua "PMRI"

2012/2015

VER PIP 272.587.420 416.164

BOAD Projecto de Apoio a Segurança Alimentar (PASA)

2010-2015 MADR 4.800.000.000 7.328.244 Biombo, Gabu e Tombali

Associações comunitárias, e Direcções Regionais de Agricultura

BOAD Projecto de Promoçao de Orizicultura para Jovens

2012/2015

VER PIP 1.647.765.009 2.515.672

FAO Promoção da Piscicultura 2011-2012 FAO 230.000.000 351.145 Região de Batafa e Gabu

SEP

FAO Garantir a protecção e uso racional dos recursos naturais do maciço, e melhorar os padrões de vida das pessoas que vivem nas terras altas do Fouta Djallon

2012 FAO 795.000.000 1.213.740 Futa Djalo

FAO Formação sobre as técnicas de produção e utilização de compostagens

2011-2015

CREPA/ FAO 58.000.000 88.550 Nacional

FAO GTFS/GBS/028/ITA - Diversificaçao, intensificaço e valorizaçao dos produtos agricolas locais (DIVA)

Dezembro 2011

MADR 982.500.000 1.500.000 Italia

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Instituições Multilaterais

Ações no Domínio de GST Período de Execução

Instituições Executoras

Montante (FCFA)

US$ Zona de Acção

Parceiros na implementação das ações de GST

FAO ORSO/RAF/101/SWE : Apoio à instalaçao de unidades de pecuaria de ciclo curto e hortas para agrupamentos de mulheres ou de familias com doenças invalidantes

Dezembro 2012

MADR/SNLS 257.742.500 393.500 Suécia

FAO UTF/UEM/002/UEM : Apoio à instalaçao e desenvolvimento do Sistema CountryStat na Guiné-Bissau, Niger, Togo e na Comissao do UEMOA

Março 2012

UEMOA 655.000.000 1.000.000 UEM

FENU (Fundo de Equipamento das Naçoes Unidas) SIST. NU

Apoio às Iniciativas de Desenvolvimento Regional e Local – Gabu

2012/2015

VER PIP 375.846.860 573.812

FIDA Projecto de Reabilitação rural e Desenvolvimento Comunitário (PRRDC)

2008-2012 (vai ser prorrogado)

MADR 2.115.000.000 4.700.000 Quinara e Tombali

ONG ADS, DIVUTEC, APROMODAC, AIFA PALOP, NIMBA, DDS-Igreja evangélica de Guiné-Bissau, COCEDECAS e Direcções Regionais de Agricultura

FIDA Projecto de Reabilitação rural e Desenvolvimento Comunitário (PRRDC)

2012/2015

VER PIP 244.315.000 373.000

Fundaçao MAVA Partilha de recursos, parceria para a proteção dos recursos naturais do rio Cacheu

2010-2013

UICN 422.500.000 650.000 Região de Cacheu

AD, IBAP, Tiniguena, Palmeirinha, GPC, Nantinyan, DGFF, ADS, CIPA, CEATA/INEP

GEF GEF 5 - Execuçao do Plano GST 2013/2017 PNUD 720.500.000 1.100.000 Nacional projecto a ser ainda apresentado - ong's, etc. a definir

GEF EP/INT/503/GEF : Projecto de gestao integrada dos recursos naturais do massiço do Fouta Djallon (GIRN-MFD)

2012 FAO 104.668.345 159.799 DG Recursos Hidricos

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Instituições Multilaterais

Ações no Domínio de GST Período de Execução

Instituições Executoras

Montante (FCFA)

US$ Zona de Acção

Parceiros na implementação das ações de GST

LIFE WEB Melhoria da vigilância nos Parques Nacional de João Vieira, Orango e Parque Natural do Rio Cacheu

2011-2013

UICN 505.245.000 777.300 Região de Bolama Bijagos e Região de Cacheu

AD, UICN, IBAP, Tiniguena, Palmeirinha, GPC, Nantinyan, DGFF, ADS, CIPA, CEATA/INEP

PAM Reabilitação de arrozais, repovoamento florestal

CONGAI, AD, FAO, UNICEF…

0 0 A nível nacional, exceto Bijagós

As ONGs Guiarroz, Apalcov, LVIA, Apromodac, Wluty, Jocum, Adic nafaia, Alternag, Agrupac, Alansar, Nimba

PAM Programa Mundial de Alimentos "Saude e Nutriçao, Cantina Esclar e Reabilitaçao Rural"

2012/2015

VER PIP 49.190.500 75.100

PNUD – GEF Apoio as Organizações Comunitárias de Base – OCB

2009-2012 MADR 177.108.390 354.217 Região de Gabu

MADR

PNUD – GEF Reforço da Resiliência e da capacidade de adaptação dos Sectores Agrário e Hídrico às Mudanças Climáticas na Guiné-Bissau

2011-2015 Secretaria Estado Ambiente

131.000.000 200.000 Bissau, Gabu, Pitche e Pirada

Secretaria de Estado do Ambiente

PNUD – GEF Apoio para a Consolidação de um Sistema de Área Protegida na Faixa Florestal da Guiné-Bissau

4 anos IBAP 556.750.000 850.000 Nacional IBAP

PRCM - Programa Regional de Conservaçao Costeira e Marinha da Africa Oeste

Programa Regional da Educação Ambiental (PREE)

2008-2012

UICN 577.850.000 889.000 Nacional AD, IBAP, Tiniguena, Palmeirinha, GPC, Nantinyan, DGFF, ADS, CIPA, CEATA/INEP

U.E./FED Projecto de Apoio ao Sector de Agua e Hidraulica Rural Solar "PASA - HRS"

2012/2015

VER PIP 851.986.870 1.300.743

EU Promoção a pecuária na região de Gabu 2010-2014 IMVF 260.000.000 400.000 Regiao de Gabu

Criadores de Gado da Região

EU Processamento de caju 2010-2014 SNV 390.000.000 600.000 Nacional Produtores de caju

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Instituições Multilaterais

Ações no Domínio de GST Período de Execução

Instituições Executoras

Montante (FCFA)

US$ Zona de Acção

Parceiros na implementação das ações de GST

EU Mineração Sustentável de Buaxite Boe 2010-2013 DARIDIBO 325.000.000 500.000 Boé ONGs Locais e DARIDIBO

EU Desenvolvimento do turismo ecológico nas áreas históricas de Iemberem (Parque de Cantanhez)

2011-2013 AD 455.000.000 700.000 Parque de Cantanhez

AD e Associações locais

EU Projeto de conservação e auxilio a moradores das ilhas de Urok

2011-2013 IMVF 325.000.000 500.000 Ilhas de Orok

Tiniguena

EU Ajudar os produtores a garantir e soberania alimentar através da revitalização do mercado de produtos locais

2008-2015 Tiniguena e CIDAC

390.000.000 600.000 Sectores de Quinará, Tombali, Bolama e Bissau

Tiniguena

EU Capacitação dos agricultores 2008-2015 TINIGUENA 195.000.000 300.000 Bissau e Bolama Bijagos

Tiniguena

EU Valorização, comercialização e exportação de produtos locais

2008-2015 ARTISSAL 130.000.000 200.000 Artissal

EU Sistema de Informação sobre a Segurança Alimentar (SISA)

CILSS Nacional MADR

EU Projecto de Promoção da transformação local do caju

2011-2013

SNV 373.090.250 573.985 Região de Cacheu e Bafata

UPAI, PROAGRI e COAJOQ

UE - 10° FED No Pintcha Pa Dizinvolvimentu (formaçao de Actores nao-Estatais, micro-investimentos)

2012-2014 IMVF - CESO CI

2.620.000.000 4.000.000 Nacional Actores Nao Estatais

UE IPAD Urok Osheni! Conservação, Desenvolvimento e Soberania nas Ilhas Urok

2009-2012

IMVF 458.597.100 705.534 Ilhas Urok, Arquipélago dos Bijagós

UE IPAD Desenvolvimento de condições favoráveis para o aumento da produção e produtividade das culturas alimentares básicas e de rendimento

2009-2012

IMVF 603.495.100 928.454 Bigene, Ingoré, São Domingos e Barro

UE IPAD BALAL GAINAKO - Projecto de Dinamização dos Sistemas de Produção Pecuários nos

2011-2015

IMVF 618.946.250 952.225 Pitche e Gabu

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Instituições Multilaterais

Ações no Domínio de GST Período de Execução

Instituições Executoras

Montante (FCFA)

US$ Zona de Acção

Parceiros na implementação das ações de GST

Sectores de Pitche e GabuUEMOA/CEDEAO Programa Hidraulico Rural 2ª Fase 012/2015 VER PIP 279.704.650 427.030UNICEF Formação de animadores e gestores de

pontos de água, Furos, Poços e gestão de pontos de água, construção de latrinas e apoio a mulheres horticultoras

2011-2015

CREPA - WSA - Water and Sanitation for Africa

133.100.000 203.206 Nacional WLUTI, NADEL, MON NA TERRA, BATULEN , GOLLDEN, DIVUTEC, AJUD, AGRUJUATA

TOTAL 30.920.351.799 48.832.272

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O Grupo de Trabalho de Segurança Alimentar tem atuado como órgão de concertação e aconselhamento. A iniciativa mais recente do Grupo foi a criação de um banco de dados com todos os projetos e ações envolvendo segurança alimentar no país. Em virtude do processo eleitoral que coincidiu com a missão da EFI, não foi possível levantar maiores detalhes sobre o seu funcionamento.

3.2.4. O PNUD e o Componente Gestão e Proteção ao Meio Ambiente

Em março de 2012, o PNUD contava com 35 projetos em carteira. Alguns desses projetos já sendo finalizados ou em fase de finalização. Identificamos nesse rol 8 projetos que relacionam-se com a Gestão Ambiental e as convenções de luta contra a desertificação, de mudanças climáticas e Biodiversidade.

Já, no planejamento das ações de Gestão e Proteção ao Meio Ambiente no período 2013-2015, estão previstas várias ações que devem compor novos projetos e novas parcerias de financiamento. Considerando o caráter transversal da GDT, selecionamos as seguintes ações previstas que dialogam ou contribuem com a Gestão Durável das Terras :

Revisão e atualização do Plano Nacional de Gestão Ambiental; Elaboração do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas de Longo Prazo Promoção das energias renováreis, reduzindo a pressão sobre os recursos florestais

(lenha) Criação de um sistema de informação ambiental Desenvolvimento da pesquisa no domínio do meio ambiente, incluindo economia e

contabilidade ambientais Proteção das zonas húmidas para atenuar ou reverter a degradação dos recursos

naturais, particularmente terras agrícolas, florestas e bacias hidrográficas Desenvolvimento do Plano de Investimento Estratégico em gestão durável de terras Elaboração de uma Estratégia Nacional de Desenvolvimento Durável que tome em

conta as dimensões de gênero Introdução de Mudanças Climáticas nas Políticas Econômicas Elaboração da estratégia de gestão de resíduos sólidos urbanos; Estudos de viabilidade técnico econômica de aterros controlados

No atual universo de projetos do PNUD, destacam-se três projetos recém-iniciados com forte potencial de contribuírem para a Gestão Durável das Terras: Projeto de apoio a criação da Fundação Bio-Guiné, Projeto de Resiliência às Mudanças Climáticas; e Projeto de criação de Áreas Protegidas Terrestres Complexo de Dulombi – Boé – Tchétché que abriga 3 corredores de fauna. O primeiro projeto é implementado pelo IBAP e o segundo pela SEADD. Esses dois projetos incidem sobre áreas severamente ameaçadas pelo processo de degradação de terras.

- Projeto de Apoio à Criação da Fundação Bio-Guiné

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(US$1.9 Milhão para 3 anos )

O projeto apoiou a criação da Fundação Biodiversidade, para captar fundos para a gestão das Áreas Protegidas e seu entorno. Essa Fundação encaixa-se na estratégia de sustentabilidade do IBAP, a organização guineense que reúne um conjunto de condições privilegiadas no país. Além de um quadro de técnicos experientes e bem formados, o IBAP construiu uma rede de parcerias que permite uma execução flexível ágil e eficiente.

A Fundação pode ter um papel muito importante no âmbito desta Estratégia Financeira, uma vez que se construam parcerias consistentes entre a Conservação da Biodiversidade e a Gestão Durável das Terras. Como ressaltado anteriormente, o IBAP desenvolve várias ações de Gestão de Terras. Da organização das comunidades, à busca de soluções para a convivência das atividades produtivas e a proteção da fauna, além da utilização das Escolas de Verificação Ambiental que têm um papel de extrema importância no desenvolvimento de uma estratégia de Educação Ambiental.

Pela importância da Fundação Bio Guiné, o PNUD, o GEF e o Banco Mundial tornaram-se parceiros nessa iniciativa, somando-se à UICN que acompanha o IBAP desde a sua criação.

A Fundação tem sede na Inglaterra, onde deve-se beneficiar do estatuto de instituição de caridade. A partir da sua estruturação, deverá ser constituído um Fundo Fiduciário que permita a gestão das Áreas Protegidas de forma durável e ainda a captação de fundos para outras ações da política de gestão ambiental da Guiné-Bissau, dentre elas a Gestão Durável das Terras.

- Projeto de Criação de Áreas Protegidas Terrestres.

(US$1 710 000 para três anos)

O projeto financiado pelo PNUD e o GEF enquadra-se na Estratégia Nacional das Áreas Protegidas, a partir do qual serão criadas cinco Áreas Protegidas que irão acrescentar 319.000 ha ao sistema nacional de áreas protegidas, representando mais 8,8% do território nacional e quase 40% da totalidade da expansão do SNAP.

Nas proximidades à área do projeto, há uma concessão mineira concedida pelo Governo da Guiné-Bissau para extração de bauxite, cobrindo aproximadamente 12.700 ha (Cis-Fefiné e Trans-Fefiné). Este projeto será, portanto, de grande importância para a conciliação da exploração mineira com a conservação da biodiversidade e a gestão da terra. Serão as seguintes as novas Áreas de Proteção criadas:

a. Parque Nacional do Boé: Localizada no extremo sudoeste do país, junto à Guiné-Conacri, estende-se por 95.280 hectares de savanas de vegetação alta e arborizadas, florestas de galeria e pântanos que se tornam refúgios cruciais na estação seca. Os problemas recorrentes dessa área são as queimadas que incidem principalmente sobre as savana, incêndios esses atiçados por pastores nómadas vindos do sul. A população da área é de menos de 5.000 pessoas, em pequenas aldeias (tabancas), dedicando-se à agricultura de subsistência, caça e extração de produtos florestais. Vários tipos de antílopes (Cephalophus dorsalis) e Oribis (Ourebia ourebi), bem como pequenos

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predadores tais como o texugo do mel (Mellivora capensis), o lince africano (Felis caracal), o serval (Felis serval), cães selvagens (Lycaon pictus), este último ameaçado de extinção, e uma população de chimpanzé ocidental, encontram nessa área seu habitat.

b. Parque Nacional de Dulombi: Com área de 98.951 hectares, esta AP é caracterizada por zonas de floresta húmida densa e semi-densa intercaladas por savanas, florestas de galeria, palmeiras e terras arborizadas. É uma Zona Importante para as Aves, onde foram registadas 164 espécies, incluindo espécies ameaçadas. Nesta área habita uma fauna selvagem muito variada, pelo menos temporariamente, incluindo mamíferos de grande porte como o elefante, o búfalo aquático, o elande e outros tipos de antílopes e gazelas. Estão presentes nesta área oito espécies de primatas. No passado, foram avistados predadores como leões e leopardos enquanto que colónias significativas de Hippopotamus amphibius habitam as margens dos rios, as ilhas dos rios e as lagoas. Os rios são ricos em variedades de peixes e as suas margens são habitadas por vários répteis, incluindo o crocodilo anão, Osteolaemus tetraspis.

c. Corredor Faunístico de Tchétché: Este corredor com área de 33.604 ha irá ligar estrategicamente os Parques Nacionais de Boé e de Dulombi. Constitui um elo essencial nas rotas migratórias do elefante africano e ungulados, tais como o búfalo e, possivelmente, o Eland Derby. É uma área escassamente povoada, onde a proteção e a restauração do habitat poderia facilmente melhorar a sua função de ligação e a viabilidade ecológica de Dulombi e Boé como o cerne de áreas protegidas de não-consumo.

d. Corredor Faunístico de Cuntambane-Quebo : A savana arborizada e a zona florestal, com uma área de 55.003 ha, irá ligar o futuro Parque Nacional de Dulombi com o Parque Nacional de Cantanhez, já existente, mais a sul, criando uma crucial ligação ecológica através de toda a região sul da Guiné-Bissau e da zona noroeste da Guiné-Conacri. Esta ligação irá beneficiar tanto o Complexo DBT como as áreas protegidas do sul da Guiné-Bissau, que estão ameaçadas pelo desenvolvimento das infraestruturas, pela atividade mineira e pelas plantações de cajú. As estratégias de conservação e as medidas de gestão neste corredor envolverão não só as comunidades locais mas também os interesses industriais e da agricultura na região

e. Corredor Faunístico de Tchétché : este corredor irá fornecer uma ligação crucial entre os Parques Nacionais de Lagoas de Cufada, já existente, e o futuro Parque Nacional de Dulombi. Estende-se por 36.162 ha de zonas de floresta húmida, agricultura de subsistência, pecuária e savanas arborizadas. Esta reserva irá facilitar o movimento de grandes felinos como o leão e o leopardo (aumentando substancialmente a área de alcance e distribuição), bem como a passagem temporária de elandes, búfalos e elefantes. Tal como no corredor anteriormente referido, as alianças estratégicas para a gestão dos recursos e proteção irão envolver uma variedade de actores, com vista à otimização dos resultados de conservação.

Considerando o trabalho que o IBAP já vem desenvolvendo com as comunidades das Áreas Protegidas, a expectativa é que as populações da área do projeto e do seu entorno se beneficiem das estratégias de gestão participativa das Áreas Protegidas e de outras ações de melhoria da qualidade de vida. Da mesma forma o envolvimento da sociedade civil e a

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concertação com outros órgãos do governo deverão criar uma nova dinâmica de gestão ambiental que impactará positivamente a Gestão Durável das Terras.

- Projeto de Fortalecimento da capacidade de adaptação e resiliência às alterações climáticas nos sectores Agrárias e Recursos Hídricos na Guiné-Bissau

(US$ 4,200,000 para quatro anos, com início em 2012)

O projeto tem como foco aumentar a capacidade adaptativa para enfrentar os riscos adicionais colocados pelas alterações climáticas para os setores agrários e água na Guiné-Bissau. Tem dois diferenciais importantes: o primeiro é o envolvimento dos diferentes níveis de governo (central, regional e distrital) e a parceria com as ONGs.

Para atingir o objetivo central do projeto foram propostos três resultados que se referem a adaptações no campo da agricultura, criação de animais e água, mainstreaming, e disseminação de boas práticas através de iniciativas piloto e de desenvolvimento de capacidades.

O projeto pretende ampliar a capacidade das comunidades locais e das administrações regionais para lidar com um clima cada vez mais variável. A gestão dos recursos hídricos, a produtividade agrícola, com a melhoria do armazenamento e o aprimoramento da atividade pecuária são as prioridades do projeto. Também serão capacitados agentes governamentais em planejamento, gestão e implementação de atividades de adaptação rurais, em colaboração com as ONGs envolvidas. As ONGs DIVUTEC, ADIC-NAFAYA e APRODEL trabalharão em estreita colaboração com o projeto e o Governo ao nível distrital, e executarão as atividades locais.

A região abrangida pelo projeto inclui aldeias nos setores de Pitche e Pirada, no leste da Guiné-Bissau. Ao nível local, o projeto irá considerar as mulheres quanto à sua reconhecida maior vulnerabilidade das às alterações climáticas mas também como fortes agentes na promoção de uma maior resiliência nas comunidades.

3.2.5. Investimentos Estrangeiros Diretos e IndiretosNão foram disponibilizadas informações sobre investimentos estrangeiros diretos e indiretos. Entretanto, há algumas informações de fontes cruzadas sobre os investimentos previstos do setor do Petróleo e Minas. Devido à sua posição estratégica na captação de fundos futuros e porque dialoga diretamente com GDT, inserimos aqui uma seção específica para tratar do assunto.

A questão das Minas e do Petróleo

O Grupo de Trabalho sobre Petróleo e outras Indústrias Extrativas (GTP/IE), composto por organizações não governamentais, nacionais e internacionais, e organizações governamentais foi criado para favorecer a informação e formação de recursos humanos e de atores ligados ao setor, informando sobre experiências exitosas no campo da exploração de recursos minerais e também de ameaças e potenciais impactos negativos.

O GTP/IE publicou em outubro de 2011 um boletim informativo que faz um ponto de situação dos principais recursos em exploração da Guiné-Bissau, quais sejam: o Fosfato, a Bauxite, o Petróleo e o Zircão.

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O Fosfato é um dos principais insumos da indústria de fertilizantes. Há mais de 20 anos foi confirmada a existência de um jazigo em Farim. O projeto de exploração iniciou e 1987, pela empresa Phosphates Mining Ltd. Em 2006, foi assinado um adendo às licenças de arrendamentos de mineração com duração de 8 anos, período em que a empresa pretende investir 300 milhões de dólares na extração do minério. Em Abril de 2011, a empresa GB Minerals anunciou uma segunda fase do projeto de prospecção em Farim, em sociedade com mais 5 empresas canadianas e uma chinesa.No entanto a reserva tem potencial para ser explorada por um período de 35 a 40 anos.

Os impactos potenciais dessa exploração, à exemplo de outros países da região, são: destruição de habitats naturais, baixa do nível do lençol freático, poluição das águas dos rios pelos dejetos e tratamentos químicos, poluição atmosférica, perda de terras agrícolas, deslocação de aldeias, entre outros. As comunidades da região de Farim já se ressentem de algumas ameaças, nomeadamente a falta de acesso a áreas de dessedentação de animais.

Esse fato faz com que seja necessário um acompanhamento e ações efetivas para criar sistemas de fiscalização e canais de diálogo com as comunidades, prevendo um sistema de prevenção,mitigação e de compensação por danos ambientais. Já existe uma comissão denominada “População, Fosfato e Desenvolvimento Local” que busca criar canais de diálogo, mas necessita da assessoria e apoio das demais organizações para viabilizar seu trabalho.

A fase atual de exploração prevê o investimento de 300 milhões de dólares, criação de 600 empregos diretos e subcontratação de 20 empresas locais, com a construção de uma cidade mineira.

A bauxite é um mineral usado na produção de alumínio. Atualmente a empresa Bauxite Angola S/A é responsável pela prospecção do minério e foi criado um ramo guineense chamado Sociedade Mineira de Boé, na qual o Estado Angolano detém 20%, o Estado Guineense 10% e o restante é formado por capital privado.

As estimativas apontam para a exploração por um período de 56 anos, envolvendo 700 trabalhadores. Para viabilizar a exploração será construído um Porto Regional de Águas Profundas no Rio Grande de Buba que dará acesso ao mar inclusive da bauxite produvida no Mali, Burkina Faso, Níger entre outros)

O potencial de danos ambientais são altos e vão desde a destruição de habitats de grandes mamíferos, a poluição atmosférica e das águas. O Parque Natural Dulombi-Boé-Tchétché, em fase de criação, terá que se relacionar com a área de exploração de bauxite. O petróleo está situado na região do Arquipélago Bolama Bijagós e na zona comum entre o Senegal e a Guiné-Bissau. Por esse motivo os dois países assinaram um acordo de exploração e cooperação, criando uma agência denominada Agência de Gestão Comum (AGC). Tanto o Banco Mundial quanto o FMI pretendem apoiar o país no desenvolvimento de uma política de exploração mineral, com transparência e participação social.

Em síntese, observa-se que Guiné-Bissau é um país de enorme patrimônio natural que pode ser explorado de forma sustentável e em benefício das suas comunidades. Mas, o desenvolvimento econômico e social esbarra em várias entraves. Para além da falta de uma estratégia educacional de formação de profissionais que possam assumir a gestão dos recursos naturais, a falência das infraestruturas nacionais de abastecimento de energia e acesso a água

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potável estão entre os problemas estruturais mais graves de Guiné-Bissau. Dados de 1994 registravam que o consumo final de energia elétrica correspondia a pouco mais de 1% do consumo final de todas as formas de energia do país15. Apesar de alguns progressos com a instalação de painéis de energia solar e a diretriz estratégica de investir na energia hidroelétrica, a população depende fortemente da lenha para o uso doméstico16 e dos geradores a base de óleo diesel para o abastecimento de energia elétrica. Essa situação pressiona sobremaneira as florestas e os manguezais do país.

O quadro geral do país, as constantes crises, as instituições deficientes e a falta de políticas de desenvolvimento econômico estruturadas e de largo prazo resultam num setor privado reduzido a pequenos empreendedores e baixa capacidade de atração de investimentos internacionais.

3.2.6. Recomendações

Todos os diagnósticos elaborados nos diversos projetos e programas têm em comum o alerta para o rápido processo de degradação dos recursos naturais em Guiné-Bissau. Diferentes vetores pressionam as florestas, a fauna, os recursos marinhos e, por consequência, terra e água. Se pudessem ser quantificados, com certeza se perceberia que é expressivo o volume de recursos perdidos anualmente por Guiné-Bissau em solos férteis, recursos florestais, água e biodiversidade.

Uma forma de impedir esse vazamento de recursos e a dilapidação do principal patrimônio das comunidades rurais, que é a terra, seria promover uma mudança radical na forma como os recursos naturais vêm sendo vistos e explorados em Guiné-Bissau. Trata-se de um desafio geracional, pois demanda mudanças culturais, superação das tecnológicas, inclusão das mulheres e dos jovens nos processos de desenvolvimento e investimento em educação e pesquisa. Há um gap enorme, que é ampliado cada vez que o país retrocede no seu processo de construção enquanto Nação assentado no Estado de Direito.

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pela Guiné-Bissau, a Estratégia Financeira não pode estar circunscrita apenas ao apoio externo, pelo fato de que, se as comunidades e o incipiente setor privado do país não conseguem perceber a terra como um patrimônio e se não conseguem perceber o processo de degradação ocasionado pelas queimadas e pelo desmatamento do Planalto e das beiras de rios, não será possível desenvolver a Gestão Durável das Terras. Simplesmente porque a cada Franco investido em prevenção e recuperação de terras, outros dez estão estarão sendo perdidos.

Assim, a recomendação é de que o setor privado, principalmente os produtores de caju e os agricultores que desmatam o Planalto e as beiras de rio sejam envolvidos em todo o processo num primeiro momento, em um processo de discussão sobre o ordenamento do território. E, no médio prazo, uma vez que haja um Zoneamento Ecológico assumido como marco legal da GDT, os agricultores que não se adequarem sejam responsabilizados. Quando se fala em

15 Secretaria de Estado do Ambiente do Desenvolvimento Durável (2011). Segunda Comunicação da Guiné-Bissau sobre as Mudanças Climáticas: Relatório Final.16 Dados de 1986 indicavam que 90% do consumo energético provinha da lenda e do carvão lenhoso, e dados de 1992 apontavam um consumo per capita de lenha por dia de 2kg.

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responsabilizar não se trata de punir, mas de envolvê-los em ações compensatórios de reflorestamento e acordos para redução dos incêndios florestais.

Os parceiros internacionais devem ser convidados a se somarem a esse esforço nacional de Gestão das Terras, que começa com o envolvimento das ONGs, das rádios comunitárias e das lideranças tradicionais. Para tanto, os atuais projetos em implementação pela SEAD em parceria com o PNUD, GEF e outros parceiros precisam estar sensibilizados para a Estratégia Financeira Integrada, e a transetorialidade do desafio da gestão de terras.

Outro elemento a ser considerado fortemente na EFI é a Cooperação Sul-Sul. Há novos atores na cooperação internacional, especialmente na cooperação técnica que podem trazer abordagens mais apropriadas ao nível organizacional de países como a Guiné-Bissau. Assim, tanto no nível da subregião, quanto no âmbito da cooperação sul-sul com Índia, Brasil, África do Sul e China (dentre outros) podem ser buscados recursos.

Há um enorme esforço de criação de Áreas Protegidas e da sua gestão. Mas a Gestão de Recursos Naturais não pode ser feita apenas pela criação de Áreas Protegidas. Novas alternativas e tecnologias de produção precisam ser oferecidas às comunidades para que elas possam reverter o quadro de degradação de terras.

Ações de comando e controle são necessárias pari-passu com a apropriação de novas tecnologias e nova consciência ambienta. Nesse campo, Guiné-Bissau tem várias experiências que podem ser ampliadas e assumidas como política pública, como é o caso das Escolas de Verificação Ambiental (EVA). As EVAs assumem o desafio de inserir a questão ambiental na educação formal e na vida das comunidades. Trata-se de uma proposta que vai além do enfoque educacional, apropriando-se do contexto e do entorno da escola, envolvendo alunos e famílias num diálogo de planeamento e avaliação das ações desenvolvidas sobre o ambiente.

Outras ações da sociedade civil de desenvolvimento de fogões melhorados e de fornos mais eficientes para a defumação dos pescados precisam ser valorizadas e disseminadas. As estratégias de gestão comunitária também precisam ser sistematizadas, catalogadas e disponibilizadas em uma dinâmica de desenvolvimento de capacidades que reconheça os enormes avanços realizados em projetos isolados. Há vários exemplos em Guiné-Bissau. As dificuldades e adversidades enfrentadas desde sempre gerou pessoas criativas e com conhecimentos tradicionais importantes.

3.3. Fontes, Instrumentos e Mecanismos de Financiamento InovadoresPreliminarmente deve-se ressaltar que nem todos os mecanismos citados são recentes ou inovadores no senso estrito. O caráter inovador dialoga diretamente com a falta de conhecimento e de efetiva implantação dos mecanismos no país.

O Mecanismo Mundial destaca como mecanismos e instrumentos inovadores de potenciais financiamentos:

Troca de dívida por natureza Esquemas de compensação por serviços ambientais Pagamento por Serviços Ambientais Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL)

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Mercados voluntários de carbono Fundos de Adaptação às Alterações Climáticas e Incentivos de políticas fiscais através de:

o Encargoso Multas o Impostos o Subsídios eo Tarifas.

Outros possíveis mecanismos de financiamento variam de acordo com o contexto ecológico, economico, social e político.

3.3.1. Pagamentos por Serviços Ambientais Pode-se adotar esse mecanismo com esquemas de pagamento público, onde o governo oferece o respaldo institucional para um programa e aplica os fundos recebidosdirectamente nele. Como por exemplo:

i.Disponibilização permanente de terras para a conservação

ii. Contrato de terra para a agricultura destinada a conservação

iii. Programas para co-financiar aplicações em reflorestamento ou o manejo sustentável das florestas

iv. Pagamentos para a conservação de espécies ameaçadas de extinção

Pode também ser adotado diretamente com as organizações camponesas, quando essas organizações se comprometem a manejar uma floresta ou um conjunto de recursos naturais de forma sustentável, preservando os serviços ambientais daquele ecossistema. Então os doadores ou o proprio governo repassa os recursos aos produtos que comprovam por meios cientificos e inquestionáveis que estão mantendo o ecossistema em equilíbrio.

3.3.2. Mercados de Carbono e relacionados com as Mudanças ClimáticasO Mercado de Carbono surgiu durante a ECO-92, no Rio de Janeiro com a criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática.

Em 1997, em Kioto, Japão, foi decidido que os países signatários deveriam assumir compromissos para a redução das emissões de gases de efeito estufa

O Protocolo de Kioto deveria reunir 55% dos países, que representassem 55% das emissões globais de gases de efeito estufa. Isso só aconteceu em Novembro de 2004, quando a Rússia ratificou o Protocolo.

Com a obrigação dos paises de reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa. Por isso, a redução das emissões passaram a ser valorizadas em um mercado aberto que evolui dia a dia.

Como explica o texto elaborado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazonia (IPAM)17:

“Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional. A redução da emissão de

17 http://www.ipam.org.br/saiba-mais/O-que-e-e-como-funciona-o-Mercado-de-Carbono-/4

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outros gases, igualmente geradores do efeito estufa, também pode ser convertida em créditos de carbono, utilizando-se o conceito de Carbono Equivalente.

Para ajudar os países a alcançar suas metas de emissões e para encorajar o setor privado e os países em desenvolvimento a contribuir nos esforços de redução das emissões, os negociadores do Protocolo incluíram três mecanismos de mercado, além das ações de caráter nacional ou esforços de redução individuais:

a) Comércio de emissões:

Países do Anexo I 18 que tiverem limites de emissões sobrando (emissões permitidas, mas não usadas), podem vender esse excesso para outras nações do Anexo I que estão emitindo acima dos limites.

b) Implementação Conjunta:

Mecanismo onde os países do Anexo I podem agir em conjunto para atingir suas metas. Assim, se um país não vai conseguir reduzir suficientemente suas emissões, mas o outro vai, eles podem firmar um acordo para se ajudar.

O mecanismo de Implementação Conjunta permite de maneira flexível e com eficiência em custo que um país possa atingir suas metas de redução, enquanto o país hospedeiro se beneficia de investimentos estrangeiros e transferência de tecnologia.

Um projeto desta natureza deve fornecer uma redução de emissões por fonte, ou um aumento das remoções por sumidouros, que seja adicional ao que ocorreria se nada fosse feito.

c) Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL):

Este mecanismo permite projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento, que não possuem metas de redução de emissões no âmbito do Protocolo de Quioto. Estes projetos podem se transformar em reduções certificadas de emissões (CER), que representam uma tonelada de CO2 equivalente, que podem ser negociados com países que tenham metas de redução de emissões dentro do Protocolo de Quioto.

Projetos MDL podem ser implementados nos setores energético, de transporte e florestal.

Este mecanismo estimula o desenvolvimento sustentável e a redução das emissões por dar flexibilidade aos países industrializados na forma de conseguir cumprir suas metas de redução, enquanto estimula a transferência de tecnologia e o envolvimento da sociedade nos países em desenvolvimento.

Os projetos devem ser qualificados perante um sistema de registro público e rigoroso, que foi desenvolvido para assegurar que os projetos sejam reais, verificáveis, reportáveis e adicionais ao que ocorreria sem a existência do projeto.

Para serem considerados elegíveis, os projetos devem primeiro ser aprovados pela Entidade Nacional Designada de cada país (DNA.

18 O Anexo I é a relação dos 40 países e a Comunidade Européia, listados na Convenção do Clima,que assumiram compromissos de reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE). São, basicamente, os países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDEOs países “não-Anexo I" (países em desenvolvimento) são aqueles que não se comprometeram em assumir metas obrigatórias de redução de emissão, apesar de alguns adotarem ações voluntárias nesse sentido.(NOTA DO IPAM)

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Funcionando desde 2006, este mecanismo já registrou mais de 1.000 projetos, representando mais de 2,7 bilhões de toneladas de CO2 equivalentes.

O Protocolo de Quioto, portanto, representa o “Mercado Regulado”, também chamado Compliance, onde os países possuem metas de reduções a serem cumpridas de forma obrigatória.

Existe, por sua vez, um Mercado Voluntário, onde empresas, ONGs, instituições, governos, ou mesmo cidadãos, tomam a iniciativa de reduzir as emissões voluntariamente. Os créditos de carbono (VERs - Verified Emission Reduction) podem ser gerados em qualquer lugar do mundo e são auditados por uma entidade independente do sistema das Nações Unidas.

Algumas características dos Mercados Voluntários são:

Créditos não valem como redução de metas dos países; A operação possui menos burocracia; Podem entrar projetos com estruturas não reconhecidas pelo mercado regulado, como

o REDD; O principal mercado voluntário é o Chicago Climate Exchange, nos EUA.

Além destes dois tipos de mercado, outra forma de financiar projetos de redução de emissões ou de seqüestro de carbono são os chamados Fundos Voluntários, cujas principais características são:

Não fazem parte do mecanismo de mercado (não geram crédito de carbono); O valor da doação não pode ser descontado da meta de redução dos países doadores; Podem entrar projetos com estruturas não reconhecidas pelo mercado regulado, como

o REDD; Os principais Fundos são o “Forest Carbon Partnership Facility” , do Banco Mundial e o

Fundo Amazônia, do governo brasileiro”;

3.3.3. Acordos Privados e Certificação

Os Acordos privados são transacções directas, normalmente realizados entre os beneficiários dos serviços florestais e donos de áreas florestais, responsáveis pelos serviços, Por exemplo:

i. Empresas hidroeléctricas que pagam aos proprietários de terras pelo manejo florestal em uma bacia hidrográfica específica

ii. Uma empres mineradora se associa a ONGs e comunidades locais para restaurar as áreas degradadas

iii. Uma empresa farmacêutica paga para ter acesso a certa área, ou paga a comunidade local pelo trabalho de colecta de organismos potencialmente valiosos

Certificação de produtos florestais ou agrícolas. Este processo também é manejado por actores privados; os pagamentos por serviços ambientais estão incluídos no produto. Por exemplo:

i. FSC (Forest Stewardship Council) certificação de madeira e produtos não madeireiros

ii. Produtos certificados com “Sem dano aos salmões” por agricultores do nordeste dos Estados Unidos

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(Fonte: Scherr, W., White, Al, Khare, A., 2004.)

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4. PLANO DE AÇÃO DA ESTRATÉGIA FINANCEIRA INTEGRADA

O presente Plano de Ação foi construído a partir de um processo de consulta e de sistematização de informações. Em meio a sua elaboração ocorreu um Golpe de Estado que dificultou o desenvolvimento de um atelier alargado, com a mobilização dos diversos atores intervenientes na questão da GDT. Este relatório foi submetido a um atelier nacional de revisão técnica que fez uma série de recomendações que constam do Anexo e que integram este relatório.

A implementação da estratégia é da responsabilidade do Governo e dos parceiros da GDT, assim, recomenda-se uma avaliação da alternativa de criação de um Programa Nacional de Parceria para a GDT e o reforço de um

O processo de elaboração dessa estratégia remonta ao workshop realizado com apoio da Missão Conjunta do PNUD, GM e FAO para a construção de um Roteiro para elaboração da Estratégia Financeira Integrada em agosto de 2010. Após o workshop, duas consultorias nacionais reuniram subsídios para a formulação da Estratégia. Uma consultoria concentrou-se sobre a questão do Programa Nacional de Parceria (PNP) e a outra forneceu dados preliminares que foram revisados e atualizados.

Uma extensa sistematização de informações buscou também identificar os conhecimentos acumulados em outros processos de avaliação de Políticas Públicas, Programas e Projetos. Destacam-se nesse campo, a avaliação do DENARP I, as considerações do PIP e o diagnóstico desenvolvido na elaboração do PNIA como documentos que expressam o conjunto de prioridades do governo. No âmbito da presente consultoria foram também ouvidas quase 50 pessoas, entre Autoridades, Técnicos e Assessores do Governo e da Sociedade Civil, da Cooperação Internacional e Universitária.

É importante salientar que buscou-se incorporar à estrutura do plano de ação o sistema de gestão de resultados e um quadro lógico relacionando as atividades recomendadas para superar as barreiras do ambiente institucional, tais como políticas, regulamentos, planos e quadros orçamentários. Entretanto, as dificuldades de participação e envolvimento dos atores no processo de construção do plano inviabilizam a formulação de indicadores consistentes. Assim, optamos por deixar o preenchimento dos indicadores para o seguimento deste trabalho.

4.1. Portas de Entrada para a EFI na Guiné Bissau

De alguma forma os projetos e programas do Governo inserem ações de GDT, tal a importância da Agricultura e dos recursos florestais na vida e na economia do país. A grande dificuldade que se apresenta é de coordenação e de continuidade das ações que ficam sempre adstritas ao universo dos projetos de curto prazo. Embora a sucessão de projetos esteja referenciada num diagnóstico que considera os principais vetores da degradação de terras, a

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descontinuidade e a falta de consolidação dos resultados reduzem o impacto e a eficácia das ações.

Considerando as informações e análises desenvolvidas no capítulo sobre o contexto nacional, visualizamos três portas de entrada par a EFI:

a) O Plano Nacional de Investimentos Agrários (PNIA)b) Política de Ordenamento Territorial e de compensações ambientaisc) A Fundação Bio Guinéd) Fontes Inovadoras: mercado de carbono e certificação florestal

4.1.1. O Plano Nacional de Investimentos Agrários (PNIA)

O PNIA traz no seu bojo um componente dedicado a Gestão Ambiental, com ênfase para a Gestão Durável das Terras e ainda componentes de melhoria da coordenação das políticas, reforço da assistência técnica aos agricultores e suas organizações. É o documento programático governamental que explicitamente assume o desafio da GDT, porém o faz no bojo de um mega programa para 15 anos, com orçamento muito elevado, proporcional ao desafio. Esse esforço aguarda as rodadas de negociações para angariar fundos ou, em outras palavras, precisa desenvolver uma estratégia financeira para captação de fundos. Pelas duas razões acima expostas, o PNIA parece ser a principal porta de entrada da EFI, ao mesmo tempo que a EFI pode ser uma importante ferramenta para o PNIA equacionar o problema dos financiadores externos.

4.1.2. Política de Ordenamento Territorial e de compensações ambientais

Uma política de Ordenamento Territorial poderia ser a base para o estabelecimento de mecanismos de incentivos e desincentivos, considerando um mapeamento das zonas suscetíveis a processos de degradação e de desertificação e as zonas propícias ao desenvolvimento das atividades econômicas. O Zoneamento Ecológico Econômico seria a ferramenta de trabalho para o Governo, Doadores, Sociedade Civil e o Setor Privado. Com base no zoneamento, seriam desenvolvidas estratégias de fomento a atividades produtivas, segundo a vocação produtiva e o grau de ameaça ambiental.

Os empreendimentos em áreas ameaçadas ou que estivessem a gerar danos ambientais seriam sujeitas a compensações ambientais em termos de ajustamento de conduta, um tipo de instrumento legal em que o empreendedor se compromete a desenvolver uma séria de ações para evitar ou mitigar os impactos ambientais. Essas ações podem constituir-se de iniciativas de reflorestamento de encostas e de beiras de rios, bolanhas de mangais e bas-fonds, de repartição de benefícios com comunidades atingidas, entre outros.

O setor da mineração é incipiente, mas tem enorme potencial no que concerne à GDT. Primeiro porque afeta diretamente a terra, tem impactos danosos conhecidos historicamente em vários países e tem na Guiné-Bissau o potencial de desenvolver-se de forma diferenciada e exemplar. Considerando os elevados montantes de recursos mobilizados por esse tipo de empreendimento e os lucros potenciais das empresas, a Gestão Durável das Terras pode assumir como porta de entrada a criação de um fundo de compensações ambientais para o

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desenvolvimento das comunidades e de ações de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico. A perspectiva de ter-se entre 30 e 50 anos de exploração de minerais diversos, justifica um investimento na formação de pessoal especializado nacional para gerir e dar suporte aos empreendimentos.

4.1.3. A Fundação Bio Guiné

A terceira porta de entrada da EFI é a Fundação Bioguiné, uma organização recém-criada para implementar a estratégia financeira para a conservação da biodiversidade, em apoio às ações já desenvolvidas pelo IBAP. O IBAP tem demonstrado ser a instituição com melhor nível organizacional da Guiné e tem sido apoiado por vários parceiros. Conseguiu desenvolver uma estratégia coerente e manter uma equipa coesa e competente, num processo de acúmulo de aprendizagem organizacional. E a missão do IBAP é clara e bem definida.

A Fundação Bioguiné está vocacionada para a captação de fundos para a gestão das Áreas Protegidas e assenta-se em vários princípios preconizados pela EFI, de mobilização de recursos, de coordenação entre parceiros, e sustentabilidade das ações. Mas ainda é uma organização muito recente e está trilhando os primeiros passos para a criação de um Fundo Fiduciário.

A Conservação Ambiental normalmente tem mais apelo para os financiadores que o Uso Sustentável dos Recursos Naturais. Entretanto, no contexto das sinergias das convenções, e considerando a dimensão territorial e ainda a interconexão das questões relacionadas com uma e outra convenção, não parece ser razoável falar de uma estratégia financeira para a Biodiversidade e outra para a Gestão Durável das Terras.

O IBAP vem desenvolvendo efetivamente algumas ações de GDT nas Áreas Protegidas, mas não é o seu foco principal. Com o crescimento do percentual de terras em Áreas Protegidas e a possibilidade de a Fundação Bioguiné vir a atuar também nas zonas de amortecimento (entorno das AP), ter-se-ia uma grande parcela do território ao abrigo de ações de gestão ambiental e de Gestão de Terras.

4.1.4. Fontes Inovadoras: mercado de carbono e certificação

A equipa responsável pela discussão sobre as mudanças climáticas está bem informada sobre a dinâmica da Convenção de Combate à Desertificação. Os desafios das duas convenções são coincidentes na maioria dos casos. Conciliar as duas convenções, num exercício de sinergias e complementaridades poderia ser altamente inovador para os doadores.

Os especialistas da UNFCC poderiam se aliar aos especialistas da GDT para construírem projetos melhores e com maior impacto, aproveitando as oportunidades dos mercados de carbono e das linhas de financiamento das mudanças climáticas.

Esse exercício não é simples, considerando a segmentação das ações, o desafio de ir além do discurso das sinergias e desenvolver ações concretas. Um bom exemplo inicia-se com o projeto de Aumento da Resiliência com apoio do PNUD e executado pela SEADD.

Outro campo com potencial é a certificação das florestas comunitárias, desenvolvendo planos de manejo sustentáveis e monitorados com apoio de parceiros internacionais. Outro desafio

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muito complexo para a realidade de Guiné-Bissau que tem o setor florestal como um dos mais frágeis em termos de governação.

4.2. Objetivos da EFI

Os objetivos da Estratégia Financeira Integrada de Guiné-Bissau são:

Elaborar um Quadro de financiamento integrado para a Gestão Durável das Terras em Guiné-Bissau e fortalecer capacidades nacionais para a negociação, mobilização e gestão de recursos para a GDT.

1. Melhoria do ambiente institucional para a mobilização de recursos1.1. Programa de Desenvolvimento de Capacidades dos Ministérios das Finanças, das

Direções de Administração Financeira e dos Gabinetes de Estudos e Planificação dos Ministérios envolvidos na GDT

1.2. Abordagem de Orçamento sensível a Gênero inserido no Orçamento do Estado e da Gestão Durável das Terras.

1.3. Melhorar a integração das temáticas ambientais nas políticas sectorial, sobretudo em Agricultura, pesca e florestas e minas;

2. Melhoria das Políticas e da gestão dos recursos Internos2.1. Política de Ordenamento Territorial e Zoneamento Ecológico Econômico para servir

de marco orientador da GDT e de Monitoria e Avaliação dos processos de degradação de terras;

2.2. Programa Nacional de Parceria para a GDT constituído e em funcionamento2.3. Sistema de Informação sobre a GDT criado e no país que permita avaliar o avanço da

degradação de terras e da ameaça de desertificação e também quantificar economicamente as perdas econômicas geradas por esse processo.

3. Melhoria da Coordenação para Mobilização dos Recursos Internos e Externos3.1. Estratégia de Comunicação para a GDT desenvolvida3.2. Sistema de Informação sobre Doadores disponível e atualizado3.3. Fórum de Diálogo sobre GDT criado e em funcionamento3.4. Programa de Cooperação Sul-Sul para a Gestão Durável das Terras desenvolvido e em

implementação 3.5. Programa de Pequenos Projetos do GEF fortalecido e ampliado3.6. Fundo de Compensações Ambientais e do Setor Produtivo Mineiro e Agropecuário

criado para financiar ações de capacitação e desenvolvimento tecnológico em GDT

- Melhoria do ambiente institucional para a mobilização de recursos internos e externos

A melhoria do ambiente institucional para a mobilização de recursos internos e externos e da alocação de recursos tem sido o grande desafio de gestão da Guiné-Bissau. Além dos problemas de segurança e constantes golpes, há o desafio do fortalecimento de capacidades dos Ministérios das Finanças e da Economia e Plano, sem o qual não se avança na mobilização e alocação eficiente de recursos.

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Esta meta vem sendo abraçada por parceiros como o BAD, o BOAD, o FMI, a CEDEAO e o Banco Mundial. Portanto, é de fundamental importância a harmonização dos esforços dessas quatro organizações, verificando os tipos de aportes que cada organização pode oferecer, em termos de formações, equipamentos e softwares. Também é necessário que os parceiros financeiros sejam sensibilizados para a necessidade de envolverem os Gabinetes de Estudos e Planos e as Direções de Administração Financeira dos Ministérios setoriais nos programas de formação e reforço institucional.

Essa formação precisa ser estruturada em um programa de capacitação continuada em elaboração de projetos, planeamento, monitoria, avaliação e políticas públicas e Orçamento Sensível a Gênero. Somente um esforço consistente e de largo prazo de formações em serviço, visitas de estudo, coach e intercâmbios de técnicos poderá reverter o quadro atual. Como programa de formação é muito importante ter em conta que o reforço em Línguas Estrangeiras, especialmente a língua francesa é de extrema importância. Sendo a Guiné Bissau parte da CEDEAO, os técnicos das Diretorias dos Ministérios das Finanças e Economia e Plano precisam dominar a língua francesa.

Um esforço conjunto dos parceiros financeiros acima citado, poderia levar à criação de uma Escola Superior de formação em Administração Financeira e Planeamento Governamental. Essa escola atenderia aos quadros em serviço e abriria vagas para jovens que possam vir a ser aproveitados futuramente nas organizações governamentais e não-governamentais.

O outro objetivo relacionado com o mapeamento e mobilização de recursos externos e inovadores depende dos avanços nos dois objetivos acima analisados. A mobilização de recursos externos não se realiza sem haver condições de governabilidade do país e sem uma demonstração de capacidade de aplicar os recursos com eficiência, eficácia e efetividade.

Para a mobilização de recursos inovadores visualizam-se pelo menos três portas de entrada. A primeira dialoga diretamente com as sinergias criadas com a Convenção de Mudanças Climáticas e a mobilização de recursos do Mercado de Carbono. Já estão sendo estudadas essas alternativas pela SEAD.

A segunda porta poderia vir da Compensação Ambiental das atividades potencialmente impactantes e de Incentivos para o desenvolvimento de práticas de conservação de solo e água. Para tanto, precise ser constituído um marco legal de base para a GDT que não se limita à Lei da Terra, mas demanda uma legislação de Ordenamento Territorial abrangente que lance mão de ferramentas como a Zonagem Econômica Ecológica. A identificação das áreas suscetíveis e das zonas aptas às atividades econômicas serviriam então de base para enquadrar as atividades produtivas segundo o seu potencial de ameaça ambiental. A partir desse enquadramento, os proprietários privados e comunidades teriam que assinar termos de compromisso para adotar medidas de conservação do solo e da água, de controle das queimadas e de recuperação das áreas afetadas.

Trata-se de um desafio de largo prazo que demanda esforços de várias áreas, mas que pode gerar soluções para problemas recorrentes, tais como:

monitoramento e controle das queimadas

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incentivos ao reflorestamento das margens dos rios e cursos d´água

incentivos a atividades mais promissoras economicamente em áreas com aptidão identificada e com menor impacto ambiental

concertação social e responsabilização de todos os atores envolvidos

transparência nas tomadas de decisão por parte do Governo

planeamento estratégico com base em informações fidedignas, dentre outros

Para avançar nesse sentido, projetos de cooperação sul-sul podem constituir oportunidades para o país. Agências de Cooperação, como a Agência Alemã de Cooperação para o Desenvolvimento (GIZ) no Brasil tem apoiado iniciativas de ordenamento territorial em Estados da Amazônia que poderiam ser aplicados a Guiné-Bissau.

A terceira possibilidade de mobilização de recursos inovadores está no setor de Extração Mineral. Uma vez que o país se estabilize, não levará meia década para que Guiné-Bissau ingresse o conjunto de países exportadores de bauxite e zirconio, além do fosfato que já vem sendo explorado. O setor mineiro é um dos setores econômicos que apontam com potencial de crescimento no médio prazo, com perspectiva de exploração por pelo menos 4 décadas. Esse potencial, aliado ao conjunto de impactos ambientais potenciais e a relação direta com a Gestão Durável das Terras pode também constituir um mecanismo de mobilização de recursos. Trata-se de um setor de alto investimento com potencial para serem estabelecidos pactos sociais ou parcerias público privadas para o desenvolvimento de Fundos Fiduciários que possam gera desenvolvimento comunitários, recuperação de áreas degradadas, monitorização dos impactos e implantação de infraestruturas coletivas.

Outro potencial identificado diz respeito à criação de Universidades com cursos voltados para a atividade extrativa mineral. Poderia ser criado um pacto entre as empresas, o governo e a sociedade civil para a implantação de uma Universidade de Geologia, Petróleo e Minas em Guiné-Bissau para formar nos próximos 15 anos, pelo menos 500 jovens profissionais guineenses que constituirão a mão-de-obra das empresas no país.

A cooperação sul-sul joga um papel importantíssimo nesse cenário. Fortalecer as relações com as Universidades senegalesas, brasileiras, angolanas, indianas e de outros países parceiros para formar pessoal, mas principalmente para criar a infraestrutura nacional de educação superior é um passo importantíssimo para o desenvolvimento do país.

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Tabela 6 - Plano de Ação da Estratégia Financeira Integrada

Objetivos /Produtos

Atividades Responsabilidade

Indicador Fonte de Verificação

Prioridade

Custo (USD) Período de Execução

Riscos e Pressupostos

1. Objetivo: Melhoria do ambiente institucional para a mobilização de recursos

1.1 Capacida-des desenvolvi-das nos Ministérios das Finanças, das Direções de Administração Financeira e dos Gabinetes de Estudos e Planificação dos Ministérios envolvidos na GDT

1.1.1 Elaboração de um programa de capacitação continuada em elaboração de projetos, planeamento, monitoria, avaliação e políticas públicas e Orçamento Sensível a Gênero

1.1.2 Harmonização do Quadro de cooperação do BAD, BOAD, BM e FMI para o desenvolvimento de capacidades dos Ministérios setoriais, das Finanças e MEPIR

1.1.3 Desenvolvimento de um programa de formação em Francês e Inglês instrumentais com foco em temos técnicos financeiros

1.1.4 Desenvolvimento de visitas de intercâmbio aos países da CEDEAO e da CPLP

1.1.5 Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior (Publicas e Privadas)

Ministério da Economia e das Finanças

Ministério dos Negócios Estrangeiros (Secretaria de Estado da Cooperação Internacional); Ministério da Educação Nacional

30% do pessoal das Diretorias de Plano e de Finanças, e dos GAPLA e DAFs dos Ministérios envolvidos são beneficiados pelos programa de capacitação continuada

Relação de técnicos que concluem o curso vis-á-vis o quadro dos ministérios

1 80,000 2 anos

1.2 Abordagem de Orçamento sensível a Gênero inserido no Orçamento do Estado e da GDT

1.2.1 Formação em Orçamento Sensível a Gênero

1.2.2 Elaboração dos Projetos e Programas de GDT com a abordagem do Orçamento Sensível a Gênero

PNUDMEPIRMADRSEAD

50% dos Projetos de GDT concebidos com a abordagem do orçamento sensível a gênero

Documentos de Projeto

1 30,000 continuada Não apropria- cão da abordagem pelos técnicos e pelas Direções

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Objetivos /Produtos

Atividades Responsabilidade

Indicador Fonte de Verificação

Prioridade

Custo (USD) Período de Execução

Riscos e Pressupostos

1.3 Melhorar a integração das temáticas ambientais nas políticas sectorial, sobretudo em Agricultura, pesca e florestas e minas;

1.3.1 Atualização das políticas setoriais com base em Gênero e ambiente

1.3.2 Análise critica das politicas sectorial a luz do ambiente do Gênero;

SEADD; MADR; Ministério de Recursos Naturais, Secretaria de estado das Pescas, DG Turismo

10,000

2. Objetivo Melhoria das Políticas e da Gestão dos recursos Internos

2.1 Política de Ordenamento Territorial e Zoneamento Ecológico Econômico criada e servindo de marco orientador da GDT e da Monitoria e Avaliação dos processos de degradação de terras.

2.1.1- Capacitação de um Quadro de Técnicos do MADR, SEAD, Recursos Hídricos, INPA,INEP IBAP, Ministério da Administração, das Minas, da Economia e do Plano em Ordenamento Territorial 2.1.2– Elaboração de projeto para o desenvolvimento de uma Política de Ordenamento Territorial para a parte continental do país2.1.3 – Elaboração de projeto para o Zonemento Ecológico Econômico2.1.4 – Implementação de um Sistema de Monitoria dos processo de degração das terras e2.1.5 – Identificação das Agências parceiras potenciais para apoiar a elaboração da Política

SEAD e Ministério da Economia, CAIA

4 técnicos de cada instituição envolvida capacitados em Ordenamento Territorial2 projetos elaborados pelos técnicos capacitados com assistência técnica dos parceiros

Relação de técnicos que concluem o curso vis-á-vis o quadro dos ministérios Projeto ElaboradoProjeto Elaborado

1 1,000,000 4 anos

2.2 Programa de Parcerias sobre a GDT constituído e

2.2.1 Constituição do Fórum de Diálogo da GDT

SEAD e MADR Fórum de Diálogo em funcionamento

1 20,000 1 ano

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Objetivos /Produtos

Atividades Responsabilidade

Indicador Fonte de Verificação

Prioridade

Custo (USD) Período de Execução

Riscos e Pressupostos

atuando de forma transversal e independente.

2.2.2 Criação das Direções de GDT no MADR e de Ordenamento Territorial na SEAD

Direções criadas

2.3 Sistema de Informação sobre a degradação de terras e perdas econômicas associadas criado e em funcionamento

2.3.1 Desenvolvimento do Sistema de Monitoria (indicadores, fontes de verificação)2.3.2 Arquitetura e Desenvolvimento do Sistema2.3.3 Contratação e formação de equipe nacional para manutenção do sistema

INPA, INEP e Fórum de Diálogo

Sistema em funcionamento

2 25,000 1 ano

Objetivo 3: Melhoria da Coordenação para Mobilização de Recursos Internos e Externos

3.1 Estratégia de Comunicação para a GDT implementada

3.1.1. Aprimorar a Estratégia de Comunicação criada no âmbito do Projeto SLM/PNUD/GEF3.1.2 Desenvolver estudo para determinar os custos ambientais, sociais e econômicos da Degradação da Terra em Guiné Bissau3.1.3Elaborar materiais de comunicação diferenciados, para diferentes atores, inclusive doadores, parceiros financeiros e ONGs

3.1.4. Estabelecer uma Dinâmica encontros entre doadores e comunidades para tomarem contacto com acções concretas3.15 Disseminar informações sobre as fontes de financiamento para ONGs, Governos e parceiros.3.1.6.Fazer documentários para divulgar e sensibilizar os doadores

MADR, SEAD, IBAP e Fundação BioGuiné

MEPIR, Secretaria de estado de Cooperação, MADR,SEADD

Xx Programas de radio veiculadosXx notícias de jornais veiculadasXx Folders distribuídosXx encontros trimestrais realizados Xx informações novas postadasXx acessos a página da internet

Diversa 2 25,000 contínua

3.2 Sistema de Informação sobre Doadores

3.2.1.Mapeamento das fontes de financiamento e atualização sobre os mecanismos de funcionamento das

MADR, Fórum de Diálogo, SEAD, Fundação Bio-

Mapa elaborado

Xx mesas de

1 10,000 Contínua

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Objetivos /Produtos

Atividades Responsabilidade

Indicador Fonte de Verificação

Prioridade

Custo (USD) Período de Execução

Riscos e Pressupostos

disponível e atualizado

diferentes agências3.2.1.Preparar um portefólio de projeto para apresentar a vários doadores;3.2.2 Traçar o perfil dos doadores e do ciclo de financiamento3.2.3 Realização de mesas de debates com doadores, ONGs e outros órgãos do governo 3.2.4 Atualizar a Matriz de Convergência das acções e financiamentos em curso3.2.5 Capacitar organizações camponesas, técnicos e ONGs em elaboração de projetos e captação de fundos

Guiné, MEPIR, Ministério de negócios estrangeiros e cooperação internacional

debates realizadas

Matriz atualizada

Xx pessoas capacitadas de diferentes organizações

3.3 Fórum de Diálogo sobre GDT criado e em funcionamento

3.3.1. Discussoes com envolvimento da Rede dos parlamentares;3.3.2 Inserir a GDT na pauta de discussões do Grupo Temático de Segurança Alimentar, do Grupo de Trabalho sobre Petróleo e Minas e na Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Nacional3.3.3 Desenvolver dinâmica de Registro e Sistematização dos debates

ANP,Secretaria de estado das Pescas, Ministério das Infra-estruturas e DG Recursos Naturais e Minas, MADR e SEAD

GDT aparece como tema dos Grupos de Trabalho em 30% das reuniõesReuniões e debates registrados e sistematizados

1 20,000 contínua

3.4 Programa de Cooperação Sul-sul para a GDT criado e implementado

3.4.2 Elaboração do programa de cooperação com as Universidades brasileiras, moçambicanas, angolana e... para desenvolver pesquisas, intercâmbios e desenvolvimento de tecnologias adaptadas a Guiné-Bissau.3.4.2 Desenvolvimento do Plano de Cooperação Universitária

INEP,ONGs e MADR

Programa criado e em funcionamento

2 200,000 3 anos

3.5 Fundo de 3.5.1 Estudo para criação do fundo SEAD, MADR e Estudo realizado 2 50,000 2 anos

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Objetivos /Produtos

Atividades Responsabilidade

Indicador Fonte de Verificação

Prioridade

Custo (USD) Período de Execução

Riscos e Pressupostos

Compensações Ambientais e do Setor Produtivo Mineiro e Agropecuário criado para financiar ações de capacitação e desenvolvimento tecnológico em GDT

desenvolvido3.5.2 Parceiros Identificados3.5.3 Fundo criado3.5.4 Estudo sobre potenciais pagadores por degradação de terras elaborado3.5.5 Construção de uma Universidade de Geologia, Petróleo e Minas com os fundos da mineração3.5.6.Formaçao de técnicos Nacionais com graus de mestres e Doutores em Geologia, petróleo e minas.

Fórum de Diálogo

M.E.N

M.E.N

Fundo CriadoEstudo realizado

3.6 Programa de Pequenos Projetos do GEEF fortalecido e ampliado

3.6.1 Levantamento dos Programas de Pequenos Projetos GEF em funcionamento 3.6.2 Elaboração do Programa de Promoção da GDT junto a Sociedade Civil de Guiné Bissau desenvolvido e em funcionamento

Fundação Bio-Guiné e Foruns de ONGs

Programa elaborado e em desenvolvimento

1 500,000 4 anos

TOTAL 1,970,000

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4.3. Proposta de Mecanismo de Gestão, Acompanhamento e Avaliação

Como qualquer outro plano, a EFI somente se concretizará se houver uma liderança legítima e comprometida com o seu desenvolvimento. Entretanto, há dúvidas e duas visões divergentes entre os técnicos sobre o tema da institucionalidade de um Órgão Nacional de Coordenação (ONC):

c) Um grupo de técnicos acredita que a melhor opção é que a Comissão Nacional de Gestão Fundiária, que é um órgão previsto na Lei de Terras, assuma a GDT dentre as suas atribuições. Considerando que a Lei de Terra também prevê Comissões Regionais e Secções ao nível das comunidades, esse seria um caminho já pré-institucionalizado.

d) O segundo grupo de técnicos entende que a GDT necessita de um órgão de concertação ao nível dos técnicos e que possa se constituir em um Comité de Pilotagem para um Programa de GDT que contemple os diversos projetos já propostos.

Diante dessa dificuldade, a consultoria propôs que fosse constituído um Forum de Diálogo para mobilizar o debate sobre a GDT um comitê de pilotagem para os projetos com atuação nesse domínio. Esse Fórum de diálogo seria mobilizado pelo Programa de Parcerias em matéria da GDT. Ao final de uma primeira experiência com o Fórum de Diálogo, os atores estariam mais aptos a decidirem pela adoção da Comissão Nacional de Gestão Fundiária como responsável por mobilizar a GDT internamente, ou por outro órgão.

O Fórum de Diálogo teria então a responsabilidade de estabelecer diretrizes para a execução do Plano da EFI, reunindo-se a cada dois meses para dividir as tarefas e responsabilidades entre os órgãos engajados no esforço da GDT.

O acompanhamento e avaliação ficariam a cargo de um ator externo ao Fórum de Diálogo. A consultoria recomenda que se crie uma comissão liderada pela Célula de Avaliação de Impacto Ambiental (CAIA), considerando seu papel estratégico na política ambiental, e composta por 2 doadores multilaterais (BAD, BOAD, BM, FAO, PNUD, UE) e as Plataformas de ONGs. Essa Comissão de Acompanhamento e Avaliação se reuniria uma vez por ano, quando o Fórum de Diálogo apresentaria os resultados alcançados, problemas e ameaças, assim como as readequações do Plano da EFI. A comissão teria a responsabilidade de apresentar recomendações ao Fórum de Diálogo quanto à implementação do Plano da EFI de outras ações relacionadas com a GDT.

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5. BIBLIOGRAFIA

FAO (2011) Liste dês Projets ET programmes 2010-2011

FAO (2012) Relatório Preliminar Lançamento do CPF.

FAO/PUND/Global Mechanism ( 2010) Aide Memoir Missão Conjunta, Agosto/2010, Bissau.

Global Mechanism (2009)Manual de Desenho de Estratégias Financeiras Integradas. Lisboa.Global Mechanism and Terrafrica (2011) Finance Action Box.

IBAP( 2010)Relatório Anual

INE (2008) Contas Nacionais

Instituto Nacional de Estatísticas (2009). Terceiro Recenseamento Geral da População e Habitação – Resultados Definitivos.MADR (2009)Programa Nacional de Investimento Agrário. Bissau.

MADR (2010) Programme d’Action National de Lutte Contre la Désertification en Guinée-Bissau (PAN/LCD). Bissau.

Ministério da Economia do Plano e Integração Regional (2011). Segundo Documento de Estratégia Nacional de Redução da Pobreza (DENARP II 2011-2015). Ministério da Economia do Plano e Integração Regional (2012). Nota Técnica do PIP.

Ministério da Economia, do Plano e da Integração Regional (2012) Plano de Acções Prioritarias (PAP) 2011-2015, Documento de Estratégia Nacional de Redução da Pobreza – DENARP II, versão preliminar. Bissau

PNUD (2012) Plan Cadre des Nations Unies pour l’Aide au Développement (UNDAF) 2013-2017

PNUD (2012). Relatório Dados Preliminares para Elaboração da “Estratégia Nacional para a Mobilização dos Recursos Financeiros” Destinados a Gestão Sustentável das Terras na Guiné-Bissau, Novembro 2011. Bissau.

République de Guinée Bissau Preliminaire. Bissau

Secretaria de Estado do Ambiente do Desenvolvimento Durável (2011). Segunda Comunicação da Guiné-Bissau sobre as Mudanças Climáticas: Relatório Final.

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6. ANEXOS

Anexo I: Projetos Propostos pelo PAN-LCD

Anexo II: Ações propostas pelo PNIA relacionadas com a GDT

Anexo III: Recomendações do Atelier de discussão e validação do Relatório do Plano da EFI

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Anexo I - Projetos propostos no âmbito do PAN-LCD

Considerando o quadro de problemas e propostas para impedir o avanço da degradação de terras em Guiné-Bissau, o PAN-LCD elencou um rol de 11 projetos:

1. Realização da zonagem agro-ecológica2. Programa de desenvolvimento integrado nas zonas mais desfavorecidas da Região Norte.3. Programa de reforço estrutural da Segurança Alimentar4. Aproveitamento dos vales nas margens do rio Corubal para a promoção de pequena

irrigação5. Programa de apoio à gestão integrada da zona costeira e ecossistemas húmidos6. Repovoamento florestal7. Promoção de energia alternativa e estruturação da fileira lenha e carvão8. Apoio Institucional e reforço de capacidades da DGFC e demais atores9. Reforço de capacidades técnicas, institucionais e humanas em matéria de GST/LCD

10. Educação, Informação, Sensibilização e Formação das populações sobre a necessidade de gestão e de proteção dos recursos naturais.

11. Apoio ao Jardim EscolarAs propostas de projetos abrangem os temas do Ordenamento Territorial pela ferramenta da zonagem agroecológica, a gestão integrada de zonas costeiras e ecossistemas húmidos, Segurança Alimentar, Desenvolvimento da Zona Norte e Leste, Sensibilização e Educação Ambiental, dentre outros.

Os projetos são de forma geral muito pertinentes nas suas justificativas, objetivos e zonas de intervenção. Entretanto, à despeito de os diagnósticos enfatizarem a necessidade de diminuição das desigualdades entre gêneros, os projetos raramente inserem esse componente. Quanto à responsabilidade pela execução dos projetos, essa recai quase sempre sobre o MADR, sem considerar a institucionalização do Fórum de Diálogo e o potencial de engajamento das ONGs nacionais.

O Projeto de número 9 “Reforço de capacidades técnicas, institucionais e humanas em matéria de GST/LCD” tem resultados que coincidem com os objetivos dos demais projetos.. Por exemplo, realizar a zonagem agro-ecológica; formação, sensibilização e educação, estudos do solo e sócio-econonômicos. Nesse caso, os resultados deveriam apontar para a melhoria da coordenação dessas ações, seu monitoramento e avaliação.

Os projetos envolvendo a Direção Geral de Florestas também parecem pouco consistentes, refletindo a situação pouco clara da Direção quanto a sua composição, forma de atuar e atribuições. O caráter pára-militar da Direção é marcadamente um empecilho ao seu desenvolvimento organizacional e acesso a recursos de projetos internacionais. Uma profunda revisão da sua estrutura, ou a assimilação de parte de suas atribuições por outros órgãos poderia ser uma forma de solucionar o problema no curto prazo, porém sem deixar de considerar a necessidade de revisão de toda a estrutura.

A questão florestal na Guiné-Bissau assume enorme relevância, porque é base para o desenvolvimento do país e segurança das comunidades. Enquanto não se encontrarem

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soluções concretas para a reorganização da Direção Geral de Florestas, esse tema também não avança. A inclusão dos antigos combatentes como Guardas Florestais, ao que parece, não soluciona o conflito entre as Forças Armadas e o Governo Civil e agrava a questão florestal, que continua sem ações claras e eficazes de comando e controle. E, portanto, não há outra alternativa para enfrentar a questão dos desmatamentos e queimadas criminosas, senão pelas ações de sensibilização e apoio a alternativas sustentáveis de exploração florestal. Certamente esse é um caminho necessário, mas não soluciona o problema no curto prazo.

No campo dos projetos de sensibilização e Educação Ambiental, parece-nos que as ONGs Guineenses estariam mais aptas a desenvolver as atividades. Por exemplo, a parceria entre o IBAP e a AD tem gerado bons frutos no desenvolvimento das Escolas de Verificação Ambiental. A Tininguena tem um trabalho muito interessante com jovens e Rádios Comunitárias, incluindo a questão urbana. A COAJOQ tem desenvolvido debates entre diferentes atores ligados à Gestão do Lixo nas comunidades e zonas urbanas e que poderiam ser reforçadas, também utilizando as Rádios Comunitárias. Na vertente da Gestão Florestal Comunitária, a KAFO desempenha ações de responsabilização e de gênero com sensibilização ambiental que poderiam ser disseminadas para outras áreas do País. Assim sendo, no campo da sensibilização ambiental há muita capacidade instalada nas ONGs e que poderiam ser melhor aproveitadas.

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Tabela 7 – Quadro de Projetos Propostos no âmbito do PAN-LCD

Projeto Proposto Objetivos Zona de Intervenção/ Período de Implementação/ Instituição Responsável

Valor

1. Realização da zonagem agro-ecológica

Objectivo global: Contribuir para uma utilização racional dos recursos solo, água e terraObjectivos específicos: Definição de zonas de culturas em função de características agro ecológicas.Actualização de dados sobre os recursos terra, pecuária e agricultura e população camponesa.

Nacional Duração: 5 anosExecutor: MADR

3 Milhões de USD

2. Programa de desenvolvimento integrado nas zonas mais desfavorecidas da Região Norte.

Objectivo globalContribuir para a utilização racional dos recursos agro-silvo-pastorís.Objectivos específicos:Domínio das técnicas de gestão integrada do território e do espaço pelo agricultor. Integração agricultura-pecuária-floresta.

Regiões de Oio, e Cacheu Duração: 6 anosExecutor: MADR, (Direcção Geral da Agricultura e Direcção Geral de Floresta e Caça).

3 Milhões de USD

3. Programa de reforço estrutural da Segurança Alimentar

Objectivo Global:Contribuir para a redução do défice dos principais produtos alimentares.Objectivos específicos: Aumento de produtividade e de rendimento das principais produções alimentares;Facilitar o acesso às principais zonas de produção e consequentemente a comercialização;Apoio às iniciativas locais de desenvolvimento e geradores de rendimento.

Nacional Duração: 5 anos Executor: DGA, INPA, Delegacias Regionais, ONGs, Associações Camponesas, Produtores.

5,0 Milhões USD

4. Aproveitamento dos vales nas margens do rio Corubal para a promoção de pequena irrigação

Objectivo Global: Aumento da Segurança Alimentar.Objectivo específico: Aumentar a produção agrícola através do emprego das técnicas eficientes de controlo e gestão de água.

Bafata e Gabu. Margens e afluentes do rio Corubal e Geba Executor: Direcção Geral Agricultura e Direcção Geral

5,0 Milhões USD

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Projeto Proposto Objetivos Zona de Intervenção/ Período de Implementação/ Instituição Responsável

Valor

dos Recursos HídricosDuração: 5 anos

5. Programa de apoio à gestão integrada da zona costeira e ecossistemas húmidos

Objetivos Globais: Contribuir para o estancamento da degradação da zona costeira e renaturalizar o litoral;Garantir a durabilidade e a adaptabilidade dos diferentes ecossistemas aos efeitos da erosão.Objetivos específicos: Recuperar zonas degradadas de mangais e pequenos vales e suas reconversões em zonas de produção;Securizar os sistemas de produção de mangrove e pequenos valesProtecção de zonas húmidas continentais.

Nacional, com ênfase na faixa do litoral e zonas húmidas continentais.Executor: MADR e IBAP (Comité de Pilotagem composto por MRNA, DGFC, Planificação Costeira, ONG, entre outras).Duração: 5 anos

1 500 000 USD

6. Repovoamento florestal

Objetivo GlobalContribuir para a preservação dos recursos agro silvo pastoris.

Objetivo Especifico: Aumentar o coberto florestal nas zonas degradadas.

Região de Bafata, Gabu, Oio e CacheuExecutor: MADR - Direção Geral das Florestas e Fauna.Duração: 5 anos.

2 000 000 USD

7. Promoção de energia alternativa e estruturação da fileira lenha e carvão

Objectivo GlobalAumentar a preservação e conservação dos recursos naturais e da biodiversidade. Objetivos específicos:Incentivar uso de fogões e fornos melhorados.Reduzir o uso excessivo de energia lenhosa

NacionalExecutor: MADR (Direcção G. Florestas e Fauna) Instituto Nacional de Investigação e Tecnologia Aplicada – INITADuração: 3 anos

2 000.000 USD

8. Apoio Institucional e reforço de capacidades da DGFC e demais actores

Objetivo GlobalReforço de capacidade técnica e operacional do MADR, das organizações camponesas e ONG, implicados na problemática da defesa e protecção do

NacionalExecutor: MADR (Direcção G. Florestas e Fauna)

3 000 000 USD

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Projeto Proposto Objetivos Zona de Intervenção/ Período de Implementação/ Instituição Responsável

Valor

ambiente. Objetivos específicos:Reforço de capacidade de intervenção dos serviços centrais e regionais da DGFC e do Ambiente, assim como das organizações camponesas e ONG.Desconcentração dos serviços técnicos

Duração: 3 anos

9. Reforço de capacidades técnicas, institucionais e humanas em matéria de GST/LCD

Objetivos gerais:Reforçar as capacidades técnicas, institucionais, humanas e financeiras em matéria de gestão durável dos solos e de luta contra a desertificação.Objetivos específicos: Elaborar um plano de acção nacional de luta contra a desertificação;Obtenção de uma estratégia operacional de LCD;Melhoramento dos conhecimentos sobre o estado dos solos e reforço de capacidades de intervenção (institucionais, técnicas, organizacionais) em matéria de gestão durável dos solos.

Quinara, Bafata, Gabu e CacheuExecutor: MADR/DGFCDuração: 5 Anos

USD 2 700 000

10. Educação, Informação, Sensibilização e Formação das populações sobre a necessidade de gestão e de protecção dos recursos naturais.

Objetivo global: Contribuir na protecção do meio ambienteObjetivo específico: Levar as populações à mudança de atitude e tomada de consciência do perigo que a degradação do ambiente encarna.

NacionalExecutor: INA em colaboração com a DGFCDuração: 3 (três) anos

USD 750 000

11. Apoio ao Jardim Escolar

Objetivo global: Contribuir na preservação dos recursos naturais e do ambiente em particular.Objetivos específicos: Desenvolver a consciência ambiental da sociedade a partir da idade escolar;Criar gosto à prática e atividades de protecção do ambiente na sociedade de

NacionalExecutor: MENDuração: 3 anos (renováveis)

USD 750 000

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Projeto Proposto Objetivos Zona de Intervenção/ Período de Implementação/ Instituição Responsável

Valor

amanhã.

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Anexo II: Ações propostas pelo PNIA relacionadas com a GDT

- Subprograma “Gestão Durável dos Recursos Naturais” do PNIA

O Subprograma Gestão Durável dos Recursos Naturais (água, solos e florestas) do PNIA está organizado em três componentes:

1. Gestão integrada dos recursos hídricos 2. Gestão durável da fertilidade dos solos 3. Gestão durável dos recursos florestais

Gestão durável da fertilidade dos solos

O PNIA descreve os mesmos problemas destacados no PAN, em especial a questão dos baixos retornos da agricultura e o uso excessivo de queimadas e outras técnicas tradicionais que degradam os solos. O PNIA descrê os três ecossistemas onde deverá atuar, elencando suas prioridades de ação:

Ecossistema de mangroves. Considerando as limitações técnicas desse sistema de produção, que é onde residem os maiores problemas de falta de resposta aos desafios da degradaçao dos solos e insegurança alimentar. A qualidade das infraestrutras até aqui desenvolvidas não correspondem aos padroes técnicos adaptados aos ecossistemas. Elas não são tecnicamente duráveis e nem viáveis do ponto de vista econômico, apesar de vultosas somas de dinherio despendido nesta area. O modelo mais usual é a HIMO (modelo tradicional cuja permanência é de apenas dois anos no máximo, e que dependeria da mão de obra juvenil já ausente pelo processo continuo de êxodo rural. O mesmo problema ocorre ao nível dos bas-fonds. Os Diante disso, o PNIA propõe:

promover e melhorar o sistema de conservação de água da chuva através da construção de infraestruturas hídricas (barragens, micro-anti-sal barragens, canais de drenagem adequados),e gestão criteriosa das parcelas periféricas;

A promoção, sensibilização e formação dos agricultores sobre a importância da conservação da bacia hidrográfica, através da construção de barragens de controle de erosão, e necessidade de manter a cobertura vegetal das encostas;

Formação dos agricultores sobre melhores práticas agronômicas e o uso de sementes melhoradas (resistente à salinidade e acidez);

Melhor planejamento e uso de apoio à produção, e serviços de consultoria à criação, e funcionamento dos comités de gestão;

A instalação de monitoramento hidrológico.

Ecossistema de bas-fonds. Este ecossistema oferece as vantagens de ser capaz de absorver uma grande quantidade trabalho feminino, mecanização e instalações para a gestão da água. No entanto, a maximização deste potencial, necessariamente envolve a construção de grandes e pequenos barragens, conforme a drenagem apropriada, melhorando o desenvolvimento de pequena irrigação, desenvolvimento de tracção animal e fornecimento de insumos para a sua intensificação , uso racional de fertilizantes e pesticidas, com base em critérios técnicos e científicos, a fim de minimizar os efeitos da contaminação da superfície e das águas subterrâneas, preservando a saúde humana e animal.

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Ecologia de Planaltos. No ecossistema de Planaltos, a agricultura e a pecuária extensiva são desenvolvidas à custa da retirada da cobertura florestal. Os incêndios resultam em degradação do solo e perda de fertilidade do solo e de biodiversidade. No entanto, dada a importância fundamental deste sistema para a produção vegetal (cereais secos, raízes e tubérculos, leguminosas, legumes e comercial) e para a pecuária, o PNIA propõe a sua intensificação, com base nos seguintes princípios:

Sensibilização e formação dos agricultores sobre as melhores práticas para a preparação, utilização e conservação dos pastos naturais e seu ambiente;

Melhoria de técnicas de preparação do sistémaagropastoral e/ou silvopastoral , com base dos aspectos topográficos, para minimizar os efeitos do coberto vegetal e os bebedouros naturais dos animais tanto domestico assim como selvagem;

Melhor integração lavoura-pecuária-floresta.

O PNIA pretende dar especial atenção à formação dos agricultores na gestão integrada da fertilidade do solo, associado a técnicas de mais modernas que aumente o rendimento das áreas cultivadas, reduzindo assim a necessidade de abertura de novas áreas.

A Componente Gestão Durável da Fertilidade dos Solos tem custo estimado em 2,742.5 milhões de francos CFA, sendo 29% para a Gestão Integrada da Fertilidade do Solo (GIFS) e 71% para a Recuperação e correção de terras. Está organizado em duas grandes ações:

Ação 1: A Gestão Integrada da Fertilidade do Solo (GIFS), que apoiará as seguintes atividades:a) investigação e experimentação;b) inventariação, estudo e mapeamento dos solos segundo a sua vocação e aptidão;c) Formação e Educação;d) o zoneamento agro-ecológico.

Ação 2: Recuperação e correção de terras degradadas, incluindo as seguintes atividades:a) Recuperação de terras de bas-fonds e de mangrove degradadas;b) Promoção de sistemas de produção sustentáveis;c) A proteção e conservação das zonas húmidas;d) Melhores técnicas agronômicas e culturais.

Gestão durável dos recursos florestais

Para melhorar a gestão dos recursos naturais, e particuarmente das florestas, o PNIA propôs:

Finalizar a revisão da Lei da Terra e aplicar os seus regulamentos da Legislação comunitária em matéria da gestão dos recursos florestais. Neste âmbito, a Lei da Terra já foi finalizada e aprovada pela ANP, aguarda apenas a aprovação do seu regulamento de aplicação. Outros marcos legais importantes foram desenvolvidos no âmbito Projeto de Gestão Durável das Terras, nomeadamente o Documento da Politica Florestal Nacional e o Plano Director Florestal onde estao descritas vias importantes para a resoluçao dos problemas actuais das florestas da Guiné-Bissau.

Simplificar a exploração florsetal através de: i) inventário e gestão de recursos florestais, ii) a aplicação efectiva de impostos, multas e fortalecimento dos mecanismos de controle, iii) uma melhor gestão do fundo de floresta, e iv) o controle dos incêndios florestais;

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Envolver e fortalecer a participação dos agricultores e outras partes interessadas, incluindo mulheres e jovens nas discussões sobre a definição e / ou reformulação de políticas de Gestão de Recursos Naturais;

Implementar as diretrizes da Carta de Política de Desenvolvimento Agrícola em particular em relação à privatização de alguns serviços e, portanto, apoiar o setor privado e ONGs;

Promover e aumentar a sensibilização e a formação de atores; Reforço das capacidades técnicas e organizacionais e instituições para a formulação de

planos de ação relacionados com as convenções ambientais (UNCCD, CBD, CCC) e seu acompanhamento e avaliação.

Os objectivos gerais do componente se voltam para a capacitação técnica, operacional e organização das instituições em causa; e, em segundo lugar, o reforço do papel das comunidades rurais para melhorar a conservação e a utilização sustentável dos recursos florestais e naturais. Os resultados são destinados a proteger os direitos de apropriação local e que serão mobilizados para a proteção de acesso, e gestão sustentável dos seus recursos florestais e naturais.

O PNIA orienta que o DGFF deve reorientar a sua estratégia de intervenção para as prioridades do setor, ou seja, técnicas de gerenciamento e manejo comunitário das florestas naturais no país, tendo em conta as experiências das comunidades e das ONGs na gestão de florestas comunitárias e áreas protegidas. E que sejam reforçadas as ções do acções IBAP (Instituto de Biodiversidade e Áreas Protegidas).

Os objetivos específicos do componente são:

i) Recuperação de 5.000 hectares / ano de área de floresta, contra 29.000 hectares perdidos anualmente,

ii) redução de 75% na exportação de toros de madeira, em bruto, até ao final do programa,iii) aumento no número de florestas comunitárias de 15% e 20% de áreas protegidas; e iv) Centro de Reabilitação de viveiros B'bunhe

As ações propostas pelo PNIA para o setor florestal terão um custo de 10.200.000 milhões de francos CFA, para beneficiar direta e indiretamente pelo menos 25% das comunidades rurais do país. São as seguintes as ações propostas:

Ação 1: Inventário Florestal

a) Fornecimento de equipamentos e materiais;b) Recolha de dados secundários;c) Inventário, análise e processamento de dados florestais.

Ação 2: Reflorestação

a) a coleta de sementes de Instalação / reabilitação de viveiros, e processamento de espécies florestais;

b) Reflorestamento;c) Manutenção e conservação.

Ação 3: Gestão de Recursos Florestais

a) Luta contra as queimadas;b) Gestão de florestas comunitárias;c) Recrutar, treinar e equipar o corpo de guardas florestais.

Ação 4: Herbarium Nacional

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a) A investigação aplicada;b) Instalação de um herbário e jardim botânico;c) Instalações de equipamento.

Ação 5: Apoio Institucional

a) Capacitação de DGFF técnica e operacional, especialmente para melhorar a monitorização da evolução do sub-sector;

b) O fortalecimento das comunidades rurais e outros intervenientes no subsector, para um desenvolvimento e gestão de recursos florestais racionais e comunidade;

c) Apoio a IBAP e do Gabinete de Planificação Costeira;d) Apoio as ONG e OSC intervenientes no Sector.

- Subprograma Pesquisa e Desenvolvimento Agrícolas

O Subprograma Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola está organizado em dois componentes:

1. Reforço dos serviços de suporte aos produtores2. Apoio ao desenvolvimento das inovações tecnológicas

O Subprograma pretende revitalizar a Pesquisa Agrícola e Tecnológica, reforçando a relação pesquisador-agricultor e promovendo novas formas de produção. Também enfatiza a importância de um sistema de extensão agrícola eficaz, que é uma das condições de realização do PNIA e destaca os seguintes objetivos a alcançar:

i) a implementação de uma rede de meios compatíveis com os agentes de extensão e adequada para cumprir as tarefas,

ii) envolvimento dos beneficiários no processo de extensão, iii) desenvolvimento de parcerias com os operadores privados, organizações de

produtores e ONGs envolvidas no setor agrícola

As seguintes ações estão previstas no Componente Fortalecimento dos serviços de apoio aos produtores:

Ação 1: Apoio a parcerias Pesquisadores- produtores

a) Capacitação e demonstração aos agricultores ( escolas de campo);b) O renascimento da formação profissional no sector agrícola (estabelecimento

de uma escola técnica agrícolas e um instituto universitário);c) O desenvolvimento do sub-sector das semente.

Ação 2: Capacitação de Serviços Agrícolas e das organizações de agricultores

a) abordagens metodológicas para a extensão rural;b) As atividades de investigação aplicada agrícola.c) O custo deste primeiro componente é estimado em 1,987.5 milhões

de francos O Componente Apoio ao desenvolvimento de inovações tecnológicas prê duas grandes ações:

Ação 1: Apoio à Pesquisa e difusão de novas tecnologias

a) manejo das culturas na agricultura e pecuária;b) transformação de cereais e produtos pecuários;c) a conservação e armazenamento de frutas e legumes.

Ação 2: Apoio Institucional

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a) a reabilitação das estações de pesquisa especializados do INPA;b) capacitação de pesquisadores.

O custo deste componente é estimado em 2,032.5 milhões de francos CFA.

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