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1 Relatório do Projeto

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Relatório do Projeto

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O período que antecedeu o início efetivo do projeto, entre o depósito dos valores – dia 13 de setembro – e a data de início dos trabalhos – dia 13 de dezembro, foi utilizado para as buscas e negociações com as instituições que dispunham de patrimônio edificado que se prestasse ao desenvolvimento do projeto. Na ocasião, foram consultados a Secretaria de Esta-do de Turismo, a Secretaria Municipal de Turismo, o IPHAN, entre muitos outros.

A indicação final foi dada por Técnicos da CDURP (Companhia para o Desen-volvimento Urbano da Região Portu-ária) que sugeriram o antigo Palácio Arquiepiscopal do Rio de Janeiro, no Morro da Conceição, Zona Portuária.

Aquela região encontra-se no centro das atenções da Prefeitura, sendo a área es-colhida para o desenvolvimento e o cres-cimento da cidade nos próximos anos.

Atualmente, o referido Palácio da Con-ceição faz parte da Fortaleza da Con-ceição, e ambos pertencem ao Exército

Brasileiro. Esses espaços abrigam a 5ª Divisão de Levantamento General Alfredo Vidal, dedicada à produção e comercialização de cartas topográficas da Região Sudeste do país. No Palácio, além da parte administrativa, encon-tra-se também o Museu Cartográfico

Primeiros passos

do Exército que contêm antigas peças e equipamentos utilizados historicamen-te para o levantamento cartográfico.

O primeiro contato com o Comandan-te Chefe da 5ª DL foi realizado em 15 de dezembro. Há muitos anos, o Palá-

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cio recebe visitantes, mas essas visitas são esporádicas e em pequeno núme-ro. De acordo com o Comandante da fortificação àquela ocasião, o desen-volvimento do projeto Palácios do Rio em suas dependências poderia ajudar a divulgar o espaço e intensificar as vi-sitas, o que estava dentro de seus pla-nos e incumbências administrativas.

Confiantes na receptividade do Co-mandante, nós marcamos o início dos trabalhos de levantamento histórico e inventário turístico do Palácio e seu en-torno logo após os festejos natalinos.

Antes, porém, realizamos algumas reu-

niões internas com os participantes do projeto para deliberarmos sobre algu-mas necessárias adequações quanto a a nova localização, sobre as mudanças previstas para o traçado ou do desenho urbano na região, sobre a possibilida-de de utilização de pesquisas anterio-res e dados já existentes. Perguntamo-nos qual seria o público alvo daquela região, que material deveríamos pro-duzir para a divulgação do projeto, se seriam necessárias alterações de cro-nograma, ajustes no orçamento etc.

Vale observar que, desde a elaboração do projeto para a submissão à FAPERJ, já imaginávamos serem necessárias

as adequações do que foi planejado ao Palácio em que fosse executado, uma vez que ele não havia sido escrito com o espaço físico definido a priori.

No caso do antigo Palácio Arquiepis-copal, além do próprio palácio, enten-demos que seria importante incluir a Fortaleza, as casas da vizinhança, os moradores, ateliês, comerciantes e as instituições do seu entorno, ampliando e enriquecendo as visitas ao Palácio.

Entretanto, para nós, o mais importan-te era a manutenção da metodologia e dos objetivos íntegros, apesar da am-pliação. A metodologia adotada pelo

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LTDS tem como principal eixo a cons-trução de relações dialogais e a pro-moção da participação ativa dos in-teressados nos processos de decisão.

Nas reuniões realizadas interna-mente ficaram evidentes o desejo de tomar parte das discussões so-bre a turistificação do Morro im-plementada pela Prefeitura e a in-tenção de articular nosso projeto a outros existentes na região. Além disso, tínhamos interesse em divul-gar o Curso de Formação Profissional em Turismo, já que é o único curso público para a formação de guias de turismo. E questões tais como a possibilidade de formação de Guia de Atrativo (para os soldados envol-vidos na visitação e para moradores interessados) dentro do conceito de Anfitriões e que tipo de contribuição / retribuição os visitantes do Palácio poderiam legar à comunidade local.

No dia 12 de janeiro foi realizada a

visita inicial de pesquisadores e es-pecialistas integrantes da equipe do projeto ao Palácio e Fortaleza da Con-ceição, com a finalidade de recolhi-mento de dados. Estes tinham como objetivo fotografar, filmar, desenhar, levantar documentação já sistemati-zada, perscrutar interesses turísticos e apresentar as propostas iniciais.

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Nos dias 14 e 17 de janeiro, além da pesquisa interna, o entor-no do Palácio e Fortaleza foi ex-plorado, filmado e fotografado.

Das visitas iniciais, foram observadas alguns pontos: dificuldade de adapta-

ção específica quanto à acessibilidade de portadores de dificuldades de loco-moção; a precariedade da sinalização urbana; se deveria ser utilizado o tradi-cional meio de apresentação da histó-ria local (pranchas desenhadas à mão pela Srª. Margaret Pellizzaro, Relações

Conhecendo o palácio e seu entorno

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Públicas da 5ª DL); dificuldades quan-to à inclusão do entorno pela falta de infraestrutura local para receber turis-tas; as questões de segurança militar que impediriam a circulação plena e a qualquer hora pelo espaço da For-taleza; quais os critérios a serem uti-lizados para a participação dos guias no projeto, dentre outros. Além disso, foi estabelecido o novo limite para o alcance do projeto, já que optamos por ultrapassar os limites físicos do Palácio: as abas do Morro da Concei-

ção, marcado pelas Ruas Camerino, Sa-cadura Cabral, do Acre e Praça Mauá.

Desse conjunto de questões, foram apontadas algumas soluções ou enca-minhamentos: verificar a possibilida-de de “vitaminar” o Museu sem gerar custos; utilizar os espaços internos para realização de feiras ou de exposi-ção das obras dos artistas locais; iden-tificação dos portadores da memó-ria local e incluí-los como contadores de histórias; pensar a visitação como

cartografia viva. De todas, somente a última ideia, foi ampliada e desen-volvida, como será visto a seguir.).

Para melhor conhecer o sítio em que es-taríamos realizando o projeto, aplicamos uma pesquisa qualitativa com os mora-dores do Morro da Conceição, procuran-do saber sua opinião quanto ao investi-mento no turismo (tanto pela Prefeitura, como este feito pela Universidade). Esse documento serviria futuramente como marco zero para avaliar o impacto das

Levantamento de dados, análise do potencial turístico e planejamento

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visitas. Também por meio dela, procu-ramos identificar o administrador pú-blico responsável pela região do Morro da Conceição e as lideranças comunitá-rias. Para o levantamento do Inventário Turístico, optou-se pela utilização dos formulários padronizados pelo Minis-tério do Turismo, acrescidos dos dados subjetivos observados localmente ou colhidos pelas pesquisas de opinião.

É importante ressaltar que este levanta-mento histórico e turístico foi realizado pela equipe de pesquisadores do LTDS, auxiliada por um grupo de 8 guias de tu-rismo recém-formados pelo Curso de Tu-rismo do Colégio Estadual Antônio Pra-do Junior. Esses pequeno grupo de guias se interessou em participar dessa fase

do projeto, ainda que não tivéssemos nenhuma rubrica destinada a este fim.

Uma vez decidido quem seriam as pessoas a serem entrevistadas, fo-mos ao campo e conversamos com um professor de História da UFF, um Antropólogo, um Guia de Turismo for-mado pelo Curso de Turismo do Colé-gio Antônio Prado Júnior, todos estes moradores do Morro da Conceição.

Ouvimos e registramos a opinião de dois especialistas em Arquitetura e História do Rio acerca das mudanças que es-tavam por ocorrer naquela região. A partir desses, outros foram indicados e entrevistados: a Venerável Ordem Ter-ceira de São Francisco da Penitência,

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proprietária de grande parte dos imó-veis do lugar e responsável pela manu-tenção da capela setecentista de São Francisco da Prainha; a Diretora Geral e a Adjunta do centenário Colégio Pa-dre Doutor Francisco da Motta (Ensi-no Fundamental) e Colégio Sonja Kill (Ensino Médio), ambos ligados à VOT; um especialista do INEPAC; a Secreta-ria de Saúde (que atua na região); co-merciantes locais; professores e a co-ordenação do Curso de Astronomia do Observatório do Valongo (UFRJ), situ-ado no cume do Morro da Conceição.

Segundo nos foi indicado, conversa-mos com artistas contemporâneos que mantém seus ateliês no Morro e que seriam os responsáveis pela edição do “Projeto Mauá”, em 2011 (a importân-

cia desse projeto para o projeto Palácios do Rio será detalhada mais adiante).

Além desses, alguns moradores que voluntariamente responderam aos questionários.

Foram também levantados dados a partir de um Filme Documentário chamado “Morro da Conceição...”, com roteiro e direção de Cristiana Grumbach (http://www.crisisproduti-vas.com/filmes/morro-da-conceicao).

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A maior modificação requerida ao pro-jeto para a sua adequação ao espaço físico e ao funcionamento da institui-ção foi o inesperado fato de não haver possibilidade de ampliar o expediente do quartel para a visitação durante os fins de semana, justamente quando há maior circulação turística nas cidades.

O período para circulação de visitan-tes deveria se adequar às funções do espaço escolhido, no horário de segunda a quinta, de 9 às 16 horas.

Para nos adequarmos às condições locais, foram pensadas algumas al-ternativas de compactação das visi-tas de maneira que se mantivessem as 64 visitas idealizadas inicialmente.

Do espaço ideal ao espaço real

Ficou acordado entre as par-tes que as visitas seriam organi-zadas em dois turnos, no período de 3 de outubro a 8 de dezembro.

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Parceiros importantes

No dia 24 de maio, fizemos uma reu-nião com os representantes da Dire-toria do Patrimônio Histórico e Cultu-ral do Exército (DPHCEx), órgão ligado ao comando central. Essa diretoria é responsável pelo planejamento, coordenação e fiscalização das ativi-

dades culturais, pela preservação do patrimônio histórico, pela divulgação da História Militar e pelo estímulo ao estudo e à pesquisa das tradições mi-litares. Busca em suas diretrizes coa-dunar-se com a política nacional de cultura, valorizando tanto o patrimô-

nio material, quanto o imaterial pre-sentes em suas tradições, suas expres-sões orais e artísticas e suas práticas castrenses. Por conta de sua ligação simbiótica entre a história militar e do Brasil, muitas das unidades militares do exército encontram-se em impor-

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tantes sítios históricos espalhados por todo o país. Esse é o caso parti-cular da 5ª Divisão de Levantamento.

Em função de nossos objetivos co-muns, eles consideraram a parceria com o LTDS como bem vinda aos seus propósitos, propondo-se a auxiliar-nos quanto aos procedimentos neces-sários para a execução do projeto nas instalações da Fortaleza da Conceição.

Vale ressaltar que, logo na primei-ra reunião, a equipe da DPHCEx de-monstrou forte interesse em estender o projeto Palácios do Rio para outras unidades militares que estão sob sua responsabilidade e são igualmente patrimônios significativos para o país.

Na ocasião, foram combinadas e as-sinaladas três zonas de circulação tu-rística dentro do Palácio e Fortaleza da Conceição, para que não causás-semos problemas internos em rela-ção à segurança ou ao operacional.

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Esse material constou do “Guia para Guias” criado especialmente para subsidiar o trabalho dos guias de tu-rismo que atuariam no projeto. Além do conteúdo histórico, o livreto con-tinha informações sobre os partidos arquitetônicos recorrentes no Morro, nomenclatura de alguns dos elemen-tos de arquitetura, glossário dos ter-mos cartográficos, condições físicas de acesso nas ruas do entorno, possi-bilidades de roteiros alternativos, no-mes, telefones e capacidade de carga dos restaurantes, bares e ateliês do entorno; eventos e festas locais; mapa

Tratamento historio-gráfico

Quanto ao formato da historiografia que serviria de base para as pesquisas dos guias, foi escolhida a divisão em três períodos que retratam o relacio-namento da cidade com seus morros: Século XVI – a fundação da cidade e a proteção que os morros ofereciam aos seus moradores; Século XVII a XX – a va-lorização dos baixios e a desvalorização dos morros como lugar de habitação ou mesmo de defesa; Século XXI – a reva-lorização dos morros com a instalação das UPPs e outras medidas de urbani-zação. Este trabalho de levantamento historiográfico contou com a colabo-ração especial de uma das professoras do Curso de Formação Profissional de Turismo do Colégio Estadual Antônio Prado Júnior, que estabeleceu as li-nhas de pesquisa histórica consideran-do especialmente o interesse turístico.

com os limites de atuação do projeto; casas comerciais de interesse turístico; locais turísticos da região, com respec-tivos endereços, horários de visitação e números de contato. Constavam também informações sobre o acervo do Palácio e do entorno, do Obser-vatório do Valongo, do Jardim do Va-longo, da Capela de São Francisco da Prainha, entre outros. Esse guia infor-mava, também, sobre a metodologia utilizada no projeto, as sugestões de atividades lúdicas adotadas e indica-ções para roteiros de visitação dividi-dos em circuitos internos e externos.

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A divulgação

Com o apoio da Assessoria de Impren-sa da Coppe, o projeto foi divulgado na imprensa, rádio e televisão, além de constarem nas redes sociais dos guias e dos pesquisadores vinculados ao pro-jeto. Também foi construído um blog para fornecer outras informações aos interessados (www.palaciosdorio.blo-gspot.com.br). Com o apoio da DPHCEx, foram impressos folhetos em quatro idiomas para serem entregues às agên-cias de turismo, aos turistas na saída do terminal marítimo ou aeroviário e para serem distribuídos pelos guias, acompanhado ou não dos convites.

Além de servir de estudo de caso para a Tese de Doutoramento de uma das pesquisadoras do LTDS, o projeto foi tema de comunicação e palestra em sete encontros acadêmicos: Mesa de Abertura do Encontro Regional de Tu-rismo, História e Memória (UFF, Nite-rói, novembro 2010); Palestra na IX Semana de Museus (Museu Imperial/ Instituto Brasileiro de Museus/ MinC, Petrópolis, maio de 2011); Apresen-

tação de Trabalho no XXVI Simpósio Nacional de História (USP, São Paulo, julho de 2011); Comunicação no Semi-nário Internacional Espaços Culturais e Turísticos em países Lusófonos (Fórum de Ciência e Cultura, UFRJ, Rio de Janei-ro, novembro 2011); Apresentação de

Trabalho no 7º Seminário de Cidades Fortificadas e 2º Encontro Técnico de Gestores de Fortificações (Prefeitura de Bertioga, Santos, São Paulo, novembro de 2011); XV Jornada Técnica do Museu Histórico do Exército – Forte de Copa-cabana (Rio de Janeiro, abril de 2012).

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Vale ressaltar o destaque dado ao projeto na revista “Pesquisa” da FA-PERJ, que contribuiu para o aumen-to do número de pessoas interessa-das em visitar o Morro da Conceição.

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Do conjunto dos dados colhidos e dos limites existentes, tanto de cunho ma-terial como imaterial, de perfil insti-tucional ou popular, foi traçado um primeiro elenco de roteiros possíveis, internos e externos, para a visitação ao Palácio da Conceição. De posse dessa primeira ideia, retornamos ao Morro da Conceição para expô-lo aos moradores, comerciantes, artistas locais, instituições, etc. As críticas e sugestões advindas foram considera-das, alterando-se os roteiros, quando indicado. Depois de traçados os ro-teiros definitivos, voltamos mais uma vez às ruas para informar a todos os interessados diretos sobre o desen-volvimento do projeto: data de início e fim, objetivos, atividades desen-

Relações dialogais na criação de roteiros: uma metodologia em construção

volvidas, presença dos nossos guias pelas ruas, circuitos realizados, entre outros. Este comunicado em formato de carta, também tinha a função de convidar as famílias para realizarem as visitas e, caso quisessem participar de forma mais ativa, poderiam entrar em contato conosco para que fosse possí-vel organizar roteiros que expusessem sua produção ou criando espaço para a contação de histórias locais. Apenas uma senhora que participa de um gru-po de bordadeiras respondeu ao nosso convite, solicitando-nos que os guias levassem os visitantes ao ateliê de bordados. Segundo o relato dos guias, a experiência foi bastante exitosa.

A construção de um roteiro dialogado

deveria ser completada com a parti-cipação dos visitantes. Como um dos principais objetivos do projeto era incentivar a criação das redes de re-lacionamento profissional dos guias de turismo, a estratégia utilizada foi repassar a esses últimos a função de “dialogador” ou de “mediador” entre o projeto e os turistas, intermedia-dos ou não por agências de turismo, empresas ou instituições com poten-cial para contratá-los futuramente.

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Para isso, emitimos convites insti-tucionais chancelados pelo LTDS/COPPE/UFRJ, pela DPHCEx e pela FA-PERJ, com explicações sobre o proje-to e dos procedimentos para a visita, impressos em quatro idiomas. Esses convites deveriam ser entregues pe-los guias às instituições ou pessoas, acompanhados com o seu cartão de

visitas. Assim, mesmo que os visitan-tes não pudessem fazer a visita no pe-ríodo de realização do projeto, pode-riam a qualquer momento posterior, procurar o guia, ou mesmo, repassar o contato para outros interessados.

O convite aberto também supria outra demanda percebida: os interesses dos

guias não eram coincidentes. Ou seja, a uns interessava o trabalho com crian-ças e escolas, a outros, lhes pareciam melhor o turismo cultural com adul-tos, outros gostariam de se especiali-zar em turismo para pessoas idosas. O uso de convites abertos facultava aos guias a livre escolha dos segmen-tos de atuação no mercado turístico.

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Os guias de turismo convidados a traba-lhar no projeto eram recém-formados pelo único colégio da rede pública com formação profissional para guias de turis-mo na cidade do Rio de Janeiro. Essa prer-rogativa assentou-se na constatação de que, os alunos que não construíram suas redes de relacionamento profissional até o término do curso, dificilmente teriam oportunidade de exporem seus trabalhos às empresas ou às pessoas com potencial para contratá-los depois de formados.

Do primeiro grupo de guias que participou da fase exploratória, apenas uma guia se-guiu para a segunda fase. Os demais ter-minaram se afastando por razões pessoais ou profissionais. Embora não tenha sido declarado por nenhum deles, desconfia-mos que a falta de provisão financeira para essa fase afastou alguns que teriam se engajado apenas por curiosidade ou fal-ta de compromissos momentaneamente.

Em 19 de agosto foi realizada a primeira reunião com uma nova leva de guias que atuariam no projeto. Nesse encontro, fo-

Recrutamento e trei-namento dos guias

ram apresentados os objetivos do proje-to, além de sua motivação, expectativas e metodologia. Foi acordado, ainda, o cronograma de treinamento e de entre-ga de material. Nessa fase, salientou-se o estímulo aos encontros entre moradores e guias e as possibilidades de construção de futuros relacionamentos profissionais.

A fase de treinamento estendeu-se

por três dias, sendo um deles no inte-rior do Palácio e Fortaleza e os demais no entorno. Os guias foram apresen-tados aos artistas e moradores que se dispuseram a participar ativamente do projeto. Durante esse tempo, alguns guias desistiram e outros ingressaram, concluindo com um total de 9 guias.

No planejamento original, as 64 visitas deveriam ser realizadas por 16 guias, o que resultava em um total de 4 visitas por guia. Segundo a sugestão dos próprios guias engajados no projeto, ao invés de convidar outros 7 guias para completar os 16, seria mais produtivo e interessante para todos se aumentássemos o número de visitas realizadas por cada um deles.

Para tomarmos essa decisão, considera-mos que o material de estudo para o tra-balho era muito volumoso e o treinamen-to também era dispendioso para apenas 4 oportunidades de atuação prática. O au-mento de número de visitas por guia daria a estes mais chances de melhorarem seus desempenhos (relatada por todos os que acresceram a carga horária), bem como de aumentarem a autoconfiança no trato com os visitantes e moradores.

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O desenho do serviço

Por respeito ao limite de capacidade de carga (de pessoas circulando) no Palácio e Fortaleza, coube ao LTDS con-trolar o número de visitantes, agen-dando-os com antecedência mínima de 24 horas. Ou seja, o interessado ouvia a notícia, ligava para o Laborató-rio, agendava dia e horário, tomava ci-ência do lugar de encontro e do nome e telefone de seu guia. Na véspera,

todos eram confirmados e, atendendo às solicitações da 5ª DL, os nomes e os números de RG de todos os visitan-tes eram enviados para a instituição. Quem escolhia o ponto de encontro era o próprio guia que avisava ao LTDS com antecedência. O trajeto a ser per-

corrido era negociado com os visitan-tes. Na véspera, conforme combinado, os guias entravam em contato com os ateliês dos artistas, informando a pos-sibilidade de visita com seu grupo. No dia e horário marcados, guia e turistas se encontravam e davam início à visita.

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Na intenção de associar o percurso de subida do Morro da Conceição com o que seria visto internamente no Palá-cio, criamos uma série de atividades lúdicas. Uma delas se utilizava de frag-mentos de imagens das edificações ou

de elementos de arquitetura na forma de cartões, que eram entregues pelos guias aos visitantes, na intenção de que estes conseguissem identificar de onde as imagens teriam sido foto-grafadas. O tom era de desafio, o que tornava a brincadeira mais excitante. Essa atividade tinha a vantagem de levar os visitantes a observarem com

Atividades lúdicas programadas

atenção os partidos arquitetônicos do Morro da Conceição e de distrair o peso da subida das íngremes ladeiras. Conforme os visitantes encontravam os pontos, deveriam marcá-los em um mapa cego do Morro da Conceição, o que lhes remetia à dificuldade da localização em mapas ou importân-cia da leitura de cartas topográficas.

Uma segunda atividade lúdica con-sistia em cartelas idênticas às ante-riores, mas cuja referência era frag-mentos da arquitetura e objetos do interior do Palácio e Fortaleza. Com esses, a atividade se assemelhava a um jogo da memória onde os visitan-tes deveriam olhar as imagens antes de circularem com o guia. Contariam pontos aqueles que conseguissem lembrar-se de maior número de ima-gens vistas. Esse jogo tinha a mesma finalidade que o anterior, ou seja, au-mentar a percepção do partido arqui-tetônico da construção portuguesa, dos objetos e dos ornatos utilizados.

A terceira atividade planejada, Mapa do Tesouro, deveria ser rea-lizada na rua, mas terminou sendo incorporada à primeira e a história da invasão de corsários foi conta-da durante a subida das ladeiras.

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Na intenção de identificar os guias, foram encomendadas camisetas com o logotipo de projeto e com uma ilus-tração do Palácio da Conceição feita com base no desenho da Sra. Margaret Pelizzaro, Relações Públicas da 5ª DL.

A propósito desse assunto, foi utilizada uma montagem a partir das pranchas que contam a história do Palácio e Forta-leza – com o consentimento da autora – nos folders, uniformes e convites, enri-quecendo e caracterizando a folheteria.

Identificação Uso de imagens

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Realização de visitas acompanhadas pelos guias

Em pouco mais de dois meses, foram realizadas as 64 visitas, conduzidas e interpretadas por 9 guias. Durante este período, eles percorreram o Mor-ro da Conceição em diferentes rotei-ros, sempre objetivando a visitação ao Palácio da Conceição. Foram montadas opções que sugeriam a circulação por instituições, como o Observatório do Valongo, Pedra do Sal, Capela de São Francisco da Prainha, dentre outros.

Dentro do Palácio e Fortaleza, os guias utilizaram aparelhos rádio-transmis-sores enquanto os visitantes utili-zavam aparelhos áudio-receptores. Esse cuidado se justifica em função do combinado anterior de não inco-modarem os funcionários em suas funções administrativas e técnicas.

Os guias reportaram que esse cuida-do foi aceito ludicamente pelos visi-tantes, dinamizando a visita interna.

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Diferenças entre teo-ria e prática

Durante o período de execução do Pro-jeto Palácios do Rio, alguns fatos mo-dificaram os planos previstos inicial-mente. Um deles foi ter sido realizado no período de chuvas. Cerca de 25% das visitas agendadas foram cancela-das ou adiadas por conta do clima des-confortável para caminhadas na rua.

Nessas ocasiões, o combinado com os guias era de que eles deveriam estar a postos sempre que os visitantes agen-dados se mostrassem interessados, independente do clima. Caso o agen-damento fosse cancelado até a véspe-ra, os guias estariam liberados daque-la visita e não seriam pagos por ela.

Para diminuir a possibilidade de perda de tempo e valores, as visitas eram sem-pre confirmadas no dia anterior. Ape-sar de todo esse cuidado, ainda foram computados dois casos de no-show.

Outro caso em que precisamos ajustar as visitas a uma situação não previs-

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Palácios do Rio. Na penúltima semana de realização do Projeto, os artistas do Morro da Conceição realizaram uma nova versão do Projeto Mauá. O obje-tivo desse projeto é abrir as portas dos ateliês de arte do Morro da Conceição para receber visitantes, a exemplo do que é feito em outros lugares do Rio de Janeiro, como Santa Teresa ou Jardim Botânico. No ano de 2011, o Projeto Mauá foi coordenado pelo professor do Curso de Astronomia, que, ten-do visito a qualidade do trabalho dos guias, convidou-os para participarem.

Para nós, coordenadores do Projeto, esse convite soou como uma avalia-ção positiva dos serviços prestados, ou seja, em relação às lideranças locais, consideramos que atingimos nossos objetivos.

ta foi a pequena capacidade de carga do Museu Cartográfico do Exército.

Inicialmente, o número considerado ideal para a circulação foi de 25 pes-soas. Como as turmas escolares costu-mam ter entre 35 e 40 alunos, o limite impedia o agendamento de turmas de estudantes. A solução criada para dar conta desse problema foi dividir os grupos com mais de 25 pessoas em dois. Considerando a impaciên-cia natural das crianças, buscamos a parceria do Observatório do Valongo.

As visitas internas no Observatório do Valongo foram acompanhadas por um professor que nos ajudou no que chamamos de “visitas casadas”: me-tade do grupo de estudantes seguia para o Palácio e Fortaleza da Concei-ção, enquanto a outra metade se-guia para o Observatório do Valongo. Depois, trocavam. Nesses casos, foi contratada uma dupla de guias, reali-zando, cada um, uma visita completa.

A parceria com o Observatório do Va-longo rendeu bons frutos ao projeto

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Avaliação

Ao final dos percursos, os visitantes foram estimulados a responderem um questionário de avaliação simples e rá-pido, embora com perguntas abertas e de cunho subjetivo (em anexo). No total, recebemos 180 questionários respondidos. Desses, são destaques as respostas que valorizam a apren-dizagem sobre a História do Rio de

11%1%

16%

15%11%

19%

14%

1%12%

GuiasAlexandra Andreza Anderson

Eliana Eliane Miriam

Mirena Moisés Vitória

36%

22%

21%

21%

Faixas etárias15 a 2526 a 4546 a 55acima 55

64%

6%

6%

8%9% 7%

Motivação da visita

cultural

lazer

trabalho

cult/lazer

cult/trab

2%

36%

33%

29%

Escolaridadefundam

médio

univers

pós grad

32%

68%

Visitantes: sexo

m

f

5%4%

10% 4%

10%

26%

10%4%

11%

6%10%

Pontos positivos (espontâneo) Interessante

duração ótima

Tudo ótimo

lugares lindos

percurso bom

aprendizado

mudança do olhar

organização ótima

memória, patrimônio

jogo

sem resposta

68%

1%

2%3%

3%2% 7%

2% 1%7%

3% 1%

Pontos negativos (espontâneo)

Sem respostas

Divulgação

Esperava outra coisa

Não houve

Patrimônio

Pouco tempo

Subida ruim

Infraestrutura

Falta de informação

Janeiro. Quanto a atuação dos guias, poucas foram as avaliações que des-qualificaram suas atuações (99% afir-maram que contratariam seus guias).

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Resultados alcançados

A forma como o projeto foi concebido levou-nos a alcançarmos os objetivos gradualmente e, na maioria dos casos, a ultrapassá-los com sucesso. No perí-odo inicial, por exemplo, foi realizado o levantamento histórico e o inventá-rio turístico, construindo uma histo-riografia de base para a interpretação turística com acento na valorização do patrimônio material e imaterial. Esse material forneceu suporte objetivo e subjetivo para a criação de rotei-ros dialogais e para a sistematização dessa ação como uma metodologia. Entendemos que a criação de uma metodologia de roteirização aberta à participação dos diversos agentes so-ciais ultrapassou os objetivos iniciais.

Nossa presença e a metodologia pau-tada no diálogo ajudou a evidenciar a necessidade da criação de uma cultura receptiva local própria dessa comunida-de. Esta foi sendo percebida a partir de encontros comunitários que visavam à superação de algumas querelas locais em favor do turismo organizado. Dessa forma, entendemos que o projeto ul-trapassou os objetivos iniciais uma vez que valorizou, enriqueceu e dinamizou a rotina, não só dos trabalhadores do Palácio, mas também dos moradores do entorno, colaborando para a per-cepção da necessidade de organização para a participação nos benefícios so-cioeconômicos do turismo.

Ao final do projeto, recebemos das li-deranças locais, um convite para a cria-ção de uma oficina com o tema “Patri-mônio e Turismo”, onde deverão ser discutidas questões ligadas à recepti-vidade turística tais como a importân-cia da preservação patrimonial ou téc-nicas do turismo receptivo. Mais uma vez, consideramos esse convite como uma avaliação positiva do Projeto Pa-lácios do Rio.

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A divulgação do projeto em diversas mídias levou à ampliação do acervo cultural do carioca e dos visitantes com a oferta de atrativos turísticos e a intensificação do acesso público a es-paços urbanos que são bens patrimo-niais. Consideramos que ultrapassa-mos os objetivos iniciais uma vez que além de realizarmos a visita no interior de um Palácio - como descrito no pro-jeto -, conduzimos e interpretamos em um patrimônio físico e culturalmente muito mais amplo.

Avaliamos, ainda, que o projeto pro-porcionou aos guias novatos diversas oportunidades de exposição do seus trabalhos. A tabulação dos relatórios dos guias sobre a experiência vivida, ainda não foi encerrado, mas pelos relatos informais, observamos que, embora a avaliação geral tenha sido positiva em numerosos aspectos, esse tipo de inserção provocou um número reduzido de contratações imediatas.

Além dos objetivos previstos inicial-mente no projeto, consideramos positi-vas os seguntes desdobramentos:

. a parceria com a DPHCEx, que já pro-porcionou a criação de pelo menos um projeto conjunto de desenvolvimento turístico, também apoiado pela FA-PERJ, (Edital PensaRio 2011).

. o interesse das mídias sobre a cultura local, desmitificando o cotidiano das famílias no Morro da Conceição, valo-rizando o modus vivendi daquela po-pulação e elevando sua autoestima.

. a (re)inclusão de antigos/novos sítios

simbólicos no mapa da cidade e a res-significação da história do Rio por par-te dos visitantes que declararam des-conhecer aquela parte da cidade.

. o convite feito aos Guias do Projeto Palácios do Rio para participarem do Projeto Mauá. Como já foi dito, esse convite foi entendido pela equipe do LTDS como uma avaliação positiva da metodologia calcada no diálogo e na valorização do patrimônio e da cultura local.

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Outras fotos do arquivo do projeto

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Ficha Técnica

Coordenação Geral: Roberto Bartholo

Coordenação Executiva: Marisa Egrejas

Inventário Turístico: Ana Elizabeth Queiroz, Edilaine Moraes, Fernanda Barcelos, Luiz Eduardo Baptista.

Planejamento estratégico para a visitação: Marisa Egrejas, André da Paz e os interessados diretos.

Treinamento de Guias: Ana Elizabeth Queiroz, Lucia Miranda Boaventura, Maria Martha Maciel Alencastro de Souza e Equipe Técnica do Tear

Levantamento histórico: Lucia Miranda Boaventura e Beatriz Yumi Watanabe

Conteudista: Lucia Miranda Boaventura, Marisa Egrejas e Mariana Aleixo

Revisão: Maria Martha Maciel Alencastro de Souza e Alice Maiolino

Guias participantes da 1ª fase: Danúbia Faria, Elizabeth Guichard, Heloísa Santos, Márcia Maciel, Maria Amélia Vieira, Vitória M.Nascimento e Viviane Paiva

Guias participantes da 2ª fase: Alexandra Gama, Anderson Paes, Andreza de An-drade, Eliana Carvalheira, Eliane da Silva, Mirena Voll, Míriam Bandeira, Moisés Caitano e Vitória M. Nascimento

Programação Visual: Marisa Egrejas e Beto Tameirão

Fotos: Marisa Egrejas

Desenhos: Margaret Rose Bazilio Pellizzaro