relatorio oficinas - resex

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Educomunicação no Parna Descobrimento e Resex Corumbau Produto 3 Relatório sobre oficinas de capacitação Resex Corumbau Projeto para a Conservação e Manejo dos Ecossistemas Brasileiros (PROECOS) Projeto PNUD BRA/00/009 Edital 02/09 – cód. 327

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Page 1: Relatorio Oficinas - Resex

Educomunicação no Parna Descobrimento e Resex Corumbau

Produto 3Relatório sobre oficinas de capacitação Resex Corumbau

Projeto para a Conservação e Manejo dos Ecossistemas Brasileiros (PROECOS)

Projeto PNUD BRA/00/009Edital 02/09 – cód. 327

Débora MenezesJornalista e educomunicadora

(73) [email protected]

Page 2: Relatorio Oficinas - Resex
Page 3: Relatorio Oficinas - Resex

Apresentação

Este relatório tem como objetivo apresentar uma síntese do que foi trabalhado

nas oficinas de educomunicação junto às comunidades indicadas pela Reserva

Extrativista do Corumbau.

A proposta dessas oficinas foi a de trabalhar temas como cidadania,

mobilização coletiva, educação ambiental e técnicas de jornalismo comunitário,

para incentivar o grupo de alunos a produzir um jornal impresso que tenha “a

cara” de suas comunidades e desperte para a busca de informações – que serão

utilizadas não apenas para a produção do jornal, mas para seu dia-a-dia como

cidadãos.

O processo de produção do jornal e o acompanhamento dos beneficiários da

capacitação serão melhor detalhados no relatório final, que será entregue em

dezembro/2009. A consultoria optou ainda por realizar uma avaliação coletiva

com os alunos posteriormente, conforme o Plano de Trabalho proposto no início

da contratação. Essa avaliação final está prevista para novembro de 2009.

Page 4: Relatorio Oficinas - Resex

O processo de mobilização para as oficinas

A orientação do gestor da UC foi a de procurar algumas lideranças locais que

mantêm contato constante com a instituição Resex para iniciar o planejamento

coletivo das oficinas, e propôr a eles um trabalho de mobilização para trazer

participantes.

O gestor já havia conversado com essas lideranças sobre a consultoria em

educomunicação, idéia bem aceita pelo grupo apontado, pois parte das pessoas

indicadas já havia passado por oficina de produção de jornal, em 2008. Após uma

conversa inicial com essas lideranças, optou-se por não divulgar o curso por meio

de cartazes ou folhetos, por exemplo, mas contar com sua mobilização para

chamar participantes.

Foi realizada uma primeira reunião na escola local, com a presença de oito

pessoas. A proposta básica das oficinas foi apresentada (40 horas de jornalismo

comunitário e noções básicas de cidadania e educação ambiental, 20

participantes), sendo que o grupo se comprometeu a comunicar os moradores

locais sobre a realização dessas oficinas. Apesar de a Resex se extender até

Caraíva, por questões de logística nesse primeiro momento optou-se por

preencher a maioria das 20 vagas com moradores de Cumuruxatiba, distrito com

acesso mais fácil.

Nessa reunião foi combinado novamente que nos próximos 15 dias cada um

se comprometeria a mobilizar e comunicar sobre as oficinas que seriam

realizadas a partir de agosto e indicar participantes, reunindo as pessoas para

explicar sobre a importância de participar do jornal comunitário.

Nas comunidades de Veleiro e de Corumbau não houve reunião inicial, apenas

conversas com as lideranças locais – Zeca do Valeiro, Içara Conceição do Carmo e

Gileno, e foi solicitado que entrassem em contato com possíveis participantes

para a formação em jornal comunitário.

Uma segunda reunião foi feita aproximadamente 15 dias depois da primeira,

para se ter uma idéia do interesse de participantes e desenvolver melhor a

logística das oficinas, apresentando o Plano de Trabalho resumido com as

atividades propostas. Foi aproveitado o momento de um curso denominado

Juristas Leigos1 – que conta com a participação de várias lideranças dentro da

Resex, Os primeiros problemas de articulação e de comunicação começaram

1 Curso promovido pela Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia – AATR, que está sendo realizado nas comunidades da Resex em módulos que percorrem as localidades. A previsão de término desse curso é final de 2009.

Page 5: Relatorio Oficinas - Resex

aqui. Os presentes questionaram porque não sabiam da proposta das oficinas e

porque haveriam poucas vagas para participantes fora de Cumuruxatiba.

Uma das lideranças apontadas, Elisabete da Cruz Marinho (mobilizadora do

Plano de Manejo da Resex), questionou o fato de Ufrédes Nascimento de Matos

(conhecido como Teta), ter indicado 14 alunos sem dar espaço a presença de

outras pessoas. Já Teta apontou grande preocupação em não abrir a oficina para

quem não fosse nativo – embora tenha indicado dois participantes que vieram de

outros estados e que moram em Cumuruxatiba há alguns anos.

Percebe-se a falta de articulação e de comunicação entre as lideranças

apontadas e outros representantes da comunidade. Isso ficou claro também

quando da confusão entre horários para marcar reuniões.

Com o grupo presente (lideranças de Veleiro, Bete de Cumuru, Iracema-

Corumbau, entre outros), então, foi definido que haveriam duas vagas para cada

uma das comunidades da Resex, o restante seria ocupado por Cumuruxatiba. Foi

decidida ainda a formatação do curso, em três finais de semana e em localidades

diferentes (Cumuruxatiba, Corumbau e posteriormente Imbassuaba), conforme

descrito no Plano de Trabalho. O grupo também combinou a forma de

hospedagem (por conta da localidade que receberia a oficina), a alimentação

(sete reais por pessoa para compras) e os locais (escola em Cumuruxatiba,

associações de pescadores nas outras comunidades)

Foi também solicitado apoio da Resex para o transporte de participantes mais

distantes, que se deslocariam até a comunidade de Corumbau para então seguir

aos locais das oficinas – que inicialmente eram Cumuruxatiba, Corumbau e

Veleiro, sendo que no decorrer do curso foi necessário concentrar em

Cumuruxativa e na comunidade de Imbassuaba, por questão de logística – como

o período de oficinas coincidiu com uma época de chuvas fortes, não foi possível

seguir o que as lideranças propuseram, de realizar uma oficina em cada

comunidade para promover uma troca entre as localidades.

Em todas as reuniões a instituição Resex foi questionada sobre que tipo de

ajuda daria para a realização dessas oficinas. Mesmo com o apoio do transporte e

a realização do curso, o grupo queria contar com a UC para as despesas de

alimentação, embora tenha sido claro desde esse primeiro dia que a idéia era que

o grupo se articulasse e promovesse autonomia também por esse tipo de

organização comunitária da oficina. É interessante destacar que a comunidade se

organiza para outras iniciativas de cursos e oficinas. No curso de Juristas Leigos,

por exemplo, os participantes se mobilizaram para organizar refeições e

hospedagem do grupo.

Page 6: Relatorio Oficinas - Resex

Sobre os participantes: Caraíva não manifestou interesse no curso. Barra

Velha enviou duas representantes, assim como Veleiro e Corumbau. E embora

tenha havido a participação de uma diretora e uma coordenadora pedagógica de

escola, não houve a participação de alunos. O grupo de participantes das oficinas

ficou restrito aos próprios mobilizadores da primeira reunião, na maioria ligados

aos grupos culturais que atuam em Cumuruxatiba.

No primeiro dia de oficina houve uma pequena avaliação do grupo sobre os

critérios de participação e chamamento para essas oficinas, detalhado no item

Metodologia das oficinas.

A seguir, os participantes do curso – um total de 16 pessoas:

Barra Velha

Maria Braz Bonfim

Renata Ferreira Nascimento

Corumbau

Jaqueline Conceição do Carmo

Issara Conceição do Carmo

Curumuxatiba

Marciel Ferreira de Souza

Ufredes Nascimento (Teta)

Emerson Nascimento Matos Neves*

Shaldson de Jesus*

Juliana Sakagawa Prataviera

Welton Reis de Souza

Fernanda Azevedo*

Elisabete da Cruz Marinho (Bete) **

Naruan Liro Saraiva Pinto

Alcione Pereira Simão*

Pedro Fidel Batista Leão Cangussu

Ana Carolina C. Neves

Veleiro

Sérgio de Jesus**

Zeca do Veleiro

Page 7: Relatorio Oficinas - Resex

* Só participaram um ou dois dias, não participaram do restante das oficinas, mas

contribuíram com a produção do jornal.

** Não participaram da produção do jornal.

Page 8: Relatorio Oficinas - Resex

Metodologia das oficinas

A sequência da metodologia descrita no Plano de Trabalho sofreu alterações

no decorrer dos encontros realizados com o grupo de participantes. Optou-se por

diminuir alguns conteúdos para adequar ao ritmo desse grupo. Além disso, alguns

conteúdos previstos, por exemplo, não puderam ser trabalhados, pois as

atividades começavam com bastante atraso, especialmente em um dos finais de

semana que o grupo de Corumbau, Barra Velha e Veleiro chegaram atrasados por

problemas com o carro, e que parte dos participantes das oficinas ocuparam-se

com a produção do almoço coletivo. A última oficina, realizada na comunidade de

Imbassuaba, também teve uma atividade prejudicada – a de fotografia, pois o

grupo de Cumuruxatiba chegou atrasado e não pôde participar.

A seguir, um breve roteiro do que foi trabalhado em cada encontro:

Primeiro e segundo encontro – Cumuruxatiba

As oficinas transcorreram com tranquilidade. Mas embora tenha sido acordado

que sábado e domingo seriam os melhores dias, e não apenas o sábado, parte

dos participantes não compareceram no domingo por compromissos com uma

faculdade local.

Dinâmica do ouvir e ser ouvido

Iniciamos o dia em duplas: um fala enquanto o outro fica em silêncio durante três

minutos; em seguida, a dupla troca de função. Depois as pessoas se

apresentaram uns aos outros. Além de “quebrar o gelo”, essa dinâmica ajuda a

despertar para a proposta de uma comunicação que não seja apenas a de falar,

mas ainda a de escutar.

Conhecendo os participantes

Após a apresentação dinâmica, cada participante preencheu uma ficha para

contar “porque está participando das oficinas de comunicação” e contar um

pouco sobre “o que lhe motiva, quais são as suas preocupações e as suas

relações com a comunidade”. O objetivo foi o de conhecer um pouco como os

participantes se expressam na linguagem escrita.

Page 9: Relatorio Oficinas - Resex

A qualidade dos textos merece ser destacada, assim como a proximidade dos

participantes com a identidade “Resex”. Percebe-se a preocupação em mobilizar

e coletivizar os problemas socioambientais comuns a todos que pertencem à

reserva.

Outro momento a destacar foi a emoção de Zeca do Veleiro, que chorou ao

escutar os relatos das pessoas e disse se sentir motivado com as oficinas. Ele

citou: “a minha família não é só a que está em casa, vocês também são a minha

família”.

Diagnóstico coletivo sobre comunicação

Os participantes foram convidados a refletir, sistematizando problemas e

soluções em uma folha de cartolina: o que é comunicação? Como as comunidades

se comunicam e que dificuldades apontam? Quem fala, quem escuta de verdade?

A princípio a atividade era pra ser uma sondagem sobre a percepção acerca

do tema comunicação. O foco entretanto, acabou sendo uma avaliação geral

sobre o processo de “chamamento” de participantes das oficinas, e sobre os

problemas de comunicação entre as comunidades da Resex.

Um dos pontos colocados pelo grupo foi a presença de “filtros” para selecionar

as pessoas. Teta comentou a preocupação em buscar pessoas ativas para

participar das oficinas, e novamente Elisabete comentou sobre a falta de

representantes dos pescadores nas mesmas – reclamação que foi feita com

frequência durante todo o curso e ainda durante o lançamento do jornal2.

O primeiro problema apontado e mais frequentemente citado é o a falta de

uso do rádio pelas comunidades. A reclamação geral é a é que o equipamento

não fica disponível para todos e nem existe uma organização de horário para as

pessoas se comunicarem.

Emerson Nascimento Matos Neves, o “Diferente”, comentou que a

comunidade de Cumuruxatiba precisa de uma base-sede para se comunicar. Zeca

afirmou que a “comunicação não é só você ficar atrás da pessoa, é a pessoa

também retornar”.

A Resex foi bastante comentada no quesito comunicação. Reclamam que

informações e pesquisas feitas na região não circulam de forma apropriada entre

as comunidades. Comentaram sobre a presença de pesquisadores e consultores,

2 O processo de produção do jornal, o lançamento e os encaminhamentos serão detalhados no relatório final, que será produzido em dezembro/2009.

Page 10: Relatorio Oficinas - Resex

e sobre promessas de instituições que prometeram melhorias, mas nunca

retornaram para as comunidades trazendo os resultados de forma concreta.

É importante destacar que todos os problemas levantados existiram durante

as oficinas e durante o processo de produção do jornal. Colocá-los no papel

ajudou o grupo a perceber como é possível trabalhar esses problemas para

melhorá-los, embora a maioria deles tenha raízes mais profundas, nas relações

sociais que se estabelecem nas comunidades da Resex e que já foram apontadas

por consultores que elaboraram projetos para a UC, como Ronaldo Lobão3.

A seguir, os problemas e soluções apontados pelo grupo:

Problemas de comunicação Propostas de solução

Faltou compartilhar o rádio. Manter o rádio ligado 24 horas em

local acessível.

Rádio não é usado como deveria. Usar várias formas de comunicação

para divulgar novos cursos

(telefone, impressos, cartazes).

Falta de compromisso dos

envolvidos.

Maior compromisso dos envolvidos.

Falta de articulação. Encontrar formas de agregar mais

pessoas aos grupos de mobilização.

Falta de informação. Jornal como forma de

conscientização da comunidade.

Filtro como instrumento de seleção.

Não há retorno dos trabalhos de

pesquisa realizados na Resex.

Propôr para os pesquisadores

formas de envolver a comunidade

em seus trabalhos. Exemplo: um

grupo da comunidade poderia ser

convidado a participar da pesquisa.

Roda de causos e músicas

3 Lobão, Ronaldo. Relatório Parcial – Junho 2005 - Projeto: Fortalecimento da Gestão Participativa do Uso dos Recursos Pesqueiros na Resex Marinha de Corumbau. O autor faz uma revisão histórica da Resex e apresenta indícios para entender as relações entre as comunidades presentes na reserva.

Page 11: Relatorio Oficinas - Resex

Dinâmica realizada após o almoço, que reuniu os participantes em roda para

contar histórias e cantar músicas tradicionais. Destaque para a presença do

senhor Cosme Ferreira da Silva, que participou do primeiro encontro.

Biomapa: o que é bom e o que é ruim no meu pedaço

Essa etapa é uma das mais importantes dentro da proposta de oficinas de

educomunicação. É por meio do desenho de um mapa da comunidade, feito

coletivamente e com referências importantes apontadas pelo grupo (rios,

pessoas, igrejas, curiosidades, pontos negativos e pontos positivos), que se inicia

o processo de despertar sobre o que é importante destacar e melhorar nas

comunidades – e que geram temas para a produção dos jornais.

Os grupos se dividiram em dois mapas, o de Cumuruxatiba, e um segundo

com os participantes de Barra Velha, Corumbau e Veleiro – que também

apontaram alguns pontos positivos e negativos de Caraíva, comunidade que não

participou das oficinas.

Nota-se que a privatização das praias é assunto comum a todas as

comunidades, e que o grupo de Cumuruxatiba foi mais detalhista em apontar

problemas e coisas boas em seu lugar.

Meu pedaço de Cumuruxatiba

Pontos Negativos

Meu pedaço de Cumuruxatiba

Pontos positivos

Monocultura de eucalipto e sua

relação com os rios e o solo.

Ponte do Japara Grande – estrada

Cumuru a Prado.

Especulação imobiliária na Areia

Preta/privatização da praia.

Contaminação da represa pela

cultura do mamão.

Poluição do rio da Barrinha e

desmatamento da Mata Ciliar, no

centro da vila.

Extração de areia e desmatamento

provocado pela Comsempe.

Desmatamento e especulação

Meninas do bordado na Areia Preta

Espaço cultural informal na vila.

Seu Odemir no Cantagalo.

Dona Zabelê Pataxó, na Aldeia Tibá.

Aldeia Pequi.

Memória dos trabalhadores da

Comsempe.

Morro da Fumaça com mata de

mussurunga (muita biriba pra fazer

berimbau).

Cocadas de dona Lucinha e dona

Neuza.

Nema Cumuru.

Page 12: Relatorio Oficinas - Resex

imobiliária no Morro da Fumaça.

Falta de planejamento territorial

para o crescimento da vila.

Lixão que vai mudando de lugar.

Desmatamento do mangue na

Pousada Rio do Peixe.

Privatização do acesso às praias –

problema da Barra do Cahy.

Rio Imbassuaba poluído pela

monocultura do eucalipto.

Seu Cosme, morador antigo.

Baleias.

Associação de Pescadores em

Imbassuaba.

Assentamento Modelo.

Dona Jovita da Aldeia Cahy.

Meu pedaço de Corumbau

Pontos Negativos

Meu pedaço de Corumbau

Pontos positivos

Posto de saúde construído por um

empresário local

Casa do Poeta Honorato

Especulação imobiliária.

Expulsão dos moradores do Bugigão.

Defumador de camarão cuja fumaça

incomoda moradores em volta (um

deles está doente).

Esgoto no mangue.

Meu pedaço de Barra Velha

Pontos Negativos

Meu pedaço de Barra Velha

Pontos positivos

Biblioteca queimada e ainda não

reconstruída.

Viveiro do Sebrae abandonado.

Lideranças locais (Pajé, Cacique

Romildo)

Uso da biblioteca, mesmo queimada.

Centro Cultural Indígena, que atua

como ponto de cultura.

Turismo organizado pelos locais.

Meu pedaço de Veleiro

Pontos Negativos

Meu pedaço de Veleiro

Pontos positivos

Resex como fator de

empoderamento.

Privatização das praias – falta de

Igrejas evangélicas desmobilizam a

luta comunitária.

Falta de preparo para receber a

Page 13: Relatorio Oficinas - Resex

acesso fechado por fazendas.

Pesca artesanal a vela.

Aldeia Tauá.

Mobilização das comunidades

indígenas.

Sede da associação e escola.

Presença de igrejas evangélicas.

energia elétrica que chegará em

breve.

Tráfico de animais silvestres.

Desmatamento do Parque do

Descobrimento próximo dali e das

aldeias com problemas atrapalha a

identidade indígena.

Falta de fiscalização.

Meu pedaço de Caraíva

Pontos Negativos

Meu pedaço de Caraíva

Pontos positivos

Não foram apontados. Recifes.

Turismo organizado pelos locais.

Diagrama de proximidade com instituições

Essa ferramenta utilizada em atividades de Diagnóstico Rural Participativo

(DRP) foi adaptada para as oficinas de educomunicação, com o objetivo de fazer

com que o grupo reconhecesse as relações entre os atores sociais, as

comunidades e as instituições que fazem parte de seu meio.

Foi proposto aos participantes que inicialmente apontassem as instituições

que conheciam e que tinham relações com a comunidade; que indicassem o grau

de importância dessas instituições e o desenhassem em bolas de cartolina. O

grau de importância seria definido por pequeno, médio e grande. Em seguida,

deveriam apontar a distância dessas instituições em relação ao Nós, isto é, no

que diz respeito ao acesso a informações dessas instituições e a proximidade

delas com as comunides.

Como o grupo maior de participantes é de Cumuruxatiba, surgiram como

importantes e próximas à comunidade as instituições culturais locais, que não

necessariamente estão próximas das outras comunidades presentes na Resex –

caso da Acaic, por exemplo. Também apontaram que algumas instituições, como

a Aspav, só parece próxima às comunidades porque seu representante, Zeca do

Veleiro, é ativo no grupo.

A maioria dos órgãos federais e estaduais foram apontados como distantes. Os

participantes também não sabiam a função desses órgãos, e a diferença entre

eles. Daí nasceu o convite para que os participantes da oficina, à medida do

Page 14: Relatorio Oficinas - Resex

possível, visitarem essas instituições para conhecer melhor o que cada uma faz

para repassar aos colegas4, e quando da produção de pauta do jornal, pensar em

matérias que ajudem também a fazer essa aproximação.

Dinâmica do barco

Antes de iniciar as atividades do segundo encontro, os participantes ocuparam

cadeiras dispostas estrategicamente pela sala, ficando em pé sobre elas. A partir

daí, ninguém mais pode colocar os pés no chão. O objetivo da turma, dividida em

duas, é chegar do lado oposto da sala (o outro lado do oceano), unidos – afinal,

cada grupo é um barco único nessa travessia. O objetivo dessa brincadeira é

conversar sobre planejamento, colaboracionismo e organização.

Leitura crítica

Em grupos, os participantes fizeram uma análise de jornais impressos, para

refletir sobre a forma como eles são produzidos – qual o papel dessas mídias, qual

a mensagem que esses materiais querem transmitir, entre outros. Primeiramente,

fizeram uma análise geral do veículo (visual, apresentação das matérias), e

depois escolheram uma reportagem para aprofundar a reflexão.

4 Só foi possível realizar três visitas durante o período das oficinas, ao Instituto de Meio Ambiente da Bahia (IMA), em Teixeira de Freitas, ao Ministério Público, em Prado, e à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, em Prado.

Page 15: Relatorio Oficinas - Resex

As análises foram interessantes. Um dos grupos escolheu o jornal Aurora de

Rua, feito por moradores de rua em Salvador, e apontou que o veículo trabalha a

dignidade dessas pessoas, embora não concordassem com a venda desse jornal.

Outro grupo fez a leitura do jornal comunitário O Timoneiro, de Caravelas,

considerando que o veículo é bem focado nas comunidades locais.

Segundo e terceiro encontro – Cumuruxatiba

A princípio esses encontros seriam realizados em Corumbau. Por questões de

logística (excesso de chuvas e falta de transporte para levar todo o grupo), optou-

se por realizar as oficinas em Cumuruxatiba.

Direitos e deveres, e o acesso a informação

Relembrando o debate sobre a proximidade das instituições com as

comunidades, o grupo entendeu que parte dessa aproximação depende também

do interesse das próprias comunidades. Levantaram direitos e deveres, e

apontaram a relação entre eles. Leram coletivamente o trecho da apostila sobre

Direitos e Deveres na Comunicação, e o participante Welton de Souza relatou a

visita ao Instituto de Meio Ambiente da Bahia (IMA-BA).

Foi feita uma relação entre a leitura do diagrama anterior, o trecho da apostila

e as falas da entrevista com o diretor do IMA, Evaldo Luiz Martins Vieira, que

afirmou na ocasião que todas as leis e informações referentes ao IMA estão

disponíveis na internet – o grupo questionou essa posição, pois os moradores das

comunidades não têm acesso ou familiaridade com a ferramenta internet para

acessar informações.

Direitos da comunidade Deveres da comunidade

Informação. Ir atrás da informação.

Liberdade de expressão. Repassar a informação.

Saneamento básico. Minimizar os resíduos.

Ir e vir. Reivindicar melhorias.

Educação. Ser um educador e criar ações

educativas coletivas.

Saúde. Preservar e zelar pelo patrimônio

público.

Lazer. Ser exemplo.

Respeito à comunidade tradicional.

Page 16: Relatorio Oficinas - Resex

Usufruir de terras e patrimônio

público.

Direitos iguais entre homens e

mulheres.

Igualdade social.

Salário digno.

Pesquisa com o público local

Antes de iniciar o planejamento do jornal, o grupo realizou uma pesquisa com

aproximadamente 35 pessoas da comunidade de Cumuruxatiba para ter mais

subsídios que direcionassem a produção do impresso.

O grupo criou o roteiro da pesquisa coletivamente, conforme segue abaixo, e

ficou satisfeito em perceber que o que estavam pensando em realizar estava em

acordo com o que os pesquisados responderam. Entre as respostas destacadas:

“acho legal levar informação de uma maneira saudável, sem ofender o outro”; “é

importante para termos informações de comunidades vizinhas”.

A maciça maioria dos pesquisados respondeu que fica sabendo do que

acontece na comunidade por meio de conversas, e que gostaria que o jornal

tivesse espaço para reclamações, deníncias e história e cultural do local. Também

apontaram a necessidade de ter entretenimento no jornal.

Ficha de pesquisa

Nome Idade Onde mora

1. Como você fica sabendo das coisas que acontecem em sua comunidade?

( ) Jornal ou impresso ( ) Conversas ( ) Rádio ( ) Internet

2. O que você acha da comunidade ter o seu próprio jornal?

3. O que você gostaria de ler nesse jornal?

( ) Reclamações e denúncias ( ) História e cultural do local

( ) Meio ambiente (..) divulgação de atividades e eventos da comunidade

4. Qual é o acesso que você tem a órgãos públicos?

Page 17: Relatorio Oficinas - Resex

O planejamento do jornal

O quarto encontro foi voltado para o início do planejamento do jornal. O grupo

escolheu o nome do impresso, e decidiu coletivamente como seria o jornal, quais

seus objetivos, como seria distribuído, e para quem, que recursos seriam

necessários para sua produção e quais os grupos

Esse planejamento do jornal servirá de base, futuramente, para um projeto de

continuidade desse trabalho coletivo.

JORNAL TANARA

O que é (descrição do jornal)

Jornal no formato A4 (papel comum), dobrado ao meio, com 12 páginas,

colorido.

Jornal-mural no formato A3, colorido, com o resumo do jornal maior.

Textos, fotos e desenhos (quadrinhos, charges) sobre temas importantes

para as comunidades da Resex.

Número de exemplares: 500 inicialmente

Conteúdo

Página 1 – Capa.

Página 2 – Expediente, editorial, charge.

Página 3 – Meio Ambiente (dicas de educação ambiental, quadrinhos).

Página 4 – Denúncias e Reclamações.

Páginas 5 e 6 – Reportagem Principal.

Página 7 – Complemento da Reportagem Principal/outros.

Página 8 – Eventos culturais.

Página 9 – Voz da Comunidade – Perfil com a memória de um morador antigo.

Page 18: Relatorio Oficinas - Resex

Página 10 – Cultura Pataxó.

Página 11 – A decidir.

Página 12 – A decidir.

Para quem (público leitor do jornal)

Comunidades da Resex – de Cumuruxatiba a Caraíva.

Comunidades do entorno (rurais, indígenas).

Turistas que frequentam a região da Resex (em geral, e mergulhadores

que não permanecem muito tempo e não interagem com a comunidade)

Frequentadores de Teixeira e Itamaraju

Porque/ para que (objetivos do jornal)

Fortalecer a comunicação/o fluxo de informações entre as comunidades.

Conscientizar para o exercício da cidadania.

Esclarecer o papel da Resex.

Como o jornal será distribuído

Festa da Resex – 19 e 20 de setembro.

Lideranças das comunidades se comunicarão por rádio para organizar a

distribuição ao longo da costa a partir de Cumuruxatiba (contato em

Cumuru: Bete).

Escunas de passeio podem levar a Corumbau e distribuir aos turistas e as

comunidades de lá.

Exemplares em pousadas e restaurantes de Cumuruxatiba e Corumbau.

Pontos estratégicos em Teixeira de Freitas e Itamaraju.

Instituições (ongs, governo).

Page 19: Relatorio Oficinas - Resex

Recursos que temos para produzir o jornal/como buscar

Máquina fotográfica: Ronaldo (solicitar – está com Débora); Bete (Cumuru),

Veleiro (Zeca), Corumbau (Içara). Meninas de Barra Velha solicitarão ao

cacique.

Computadores para digitação dos textos: em Cumuru, há um no Jandinho,

outro no Nema, e ainda na escola (precisa de autorização). Não há

computador em Corumbau (precisa combinar com as meninas usar quando

vierem a Prado ou a Cumuru na semana da diagramação). Em Barra Velha

as meninas precisam de autorização.

Para viabilizar um curso de diagramação

- escrever ofício para solicitar o uso do infocentro para o curso e entregar

para a Prefeitura (Zeca);

- verificar local para hospedagem dos dois instrutores do curso e

alimentação;

- escrever ofício solicitando a presença dos instrutores (Débora).

- Jaqueline, Renata e Penha precisarão de apoio – local para ficar e

alimentação/ajuda durante os dias do curso. Quem se habilita?

Impressão do jornal:

- escrever ofício solicitando apoio para a impressão de 500 a 1000 exemplares

do jornal e 50 jornais-murais, seguindo o descritivo acima, avisando que o

jornal terá espaço para anúncio da gráfica e de anunciantes que derem o

apoio.5

- escrever ofício contando sobre a produção do jornal, sua importância para a

educação ambiental, estimativa de valor necessário para a impressão, etc.,

para levar a reunião do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Condema) esta

semana, via representante de Cumuru (Nema).6

5 Veja o folheto no anexo.6 Essa ação foi realizada, mas a produção do jornal não foi discutida na reunião do Condema por falta de tempo para a pauta.

Page 20: Relatorio Oficinas - Resex

- checar junto ao MP a possibilidade de usar recurso de transação penal para a

produção do jornal (terá que ter uma associação comunitária parceira).7

Para o futuro... recursos necessários para viabilizar os próximos jornais

Tinta para impressora e papel sulfite.

Apoio do telecentro para a produção do jornal.

Máquina fotográfica para o grupo.

Transporte para a produção de reportagens, idas a gráficas, etc. Na forma

de passagem de ônibus ou ajuda com combustível.

Alimentação para a ida de produção de matérias.

Diagramação e impressão.

Observação: quando escreverem um projeto para o jornal, pensar um

“valor-caixa” mensal para despesas com transporte, alimentação,

materiais (pilha para a máquina, por exemplo), etc.

7 Essa possibilidade foi descartada para o primeiro número pois o grupo não teve tempo para fazer essa articulação.

Page 21: Relatorio Oficinas - Resex

Quinto encontro - Imbassuaba

Estava prevista uma vivência de fotografia com o grupo, que só foi possível

com os participantes de Corumbau, Veleiro e Barra Velha por questões de atraso.

O restante do dia foi ocupado com a produção de pauta.

As pautas do primeiro jornal

Após as decisões sobre como o impresso seria feito, os grupos se dividiram

para produzir as pautas do jornal. A divisão foi feita pelas pessoas que ficariam

responsáveis por cada matéria ou tema sugerido.

Esse foi um dos momentos mais importantes da oficina, embora nem todo o

grupo do primeiro dia tenha participado. O debate sobre a aproximação com as

instituições e a preocupação em informar as comunidades com qualidade e

valorizar o seu espaço já se refletiram nos objetivos propostos pelo grupo para o

jornal, e transpareceram ainda mais no detalhamento da pauta abaixo.

É interessante destacar que os conflitos relacionados a articulação e

mobilização do grupo que apareceram desde as primeiras reuniões também

pontuaram as conversas sobre as pautas. Quando um grupo sugeriu falar da

situação das estradas de terra que ligam Prado a Cumuruxatiba e essa a

Corumbau, denunciando o descaso das instituições públicas, parte do grupo

manifestou preocupação em abordar o assunto criticando a Prefeitura, por receio

de contrariar interesses e criar problemas pessoais.

Esse exercício de reflexão e de debate sobre cada uma das pautas foi um dos

pontos positivos das oficinas. Conversando, negociando, o grupo entendeu que o

jornal comunitário é um trabalho coletivo, de posicionamento e de fortalecimento

de representantes da comunidade preocupados com a qualidade de vida, a

cultura e o ambiente locais, e que preocupações como a citada acima podem ser

superadas pela união do grupo.

Page 22: Relatorio Oficinas - Resex

Descritivo da pauta do primeiro jornal - Tanara

Capa

Página 2

Expediente: fazer no dia da diagramação.

Editorial: coletivo

Charge: Fernanda

Página 3

Responsáveis: Juliana, Fernanda

Tema: meio ambiente

Como será: dicas de educação ambiental voltadas para a região. A questão do

óleo de cozinha: porque é importante não jogar na pia?

Fonte: Juliana e Fernanda irão levantar. Se utilizarem dicas de um biólogo ou site,

citar, e trazer para a realidade local.

Página 4

Responsáveis: Fidel (fotos), Jaqueline e Içara (fotos da estrada de Corumbau),

Bete, Carol e Naruan.

Tema: a má conservação das estradas e pontes de Cumuruxatiba e Corumbau

(Antonio de Paula a Cumuru)

Como será: a partir das fotos e de entrevistas com moradores e outros usuários

(pousadeiros?) de Cumuru, Corumbau e outros, o texto vai mostrar a péssima

situação das duas estradas que ligam um bom pedaço do litoral da Resex. A

responsabilidade é um jogo de empurra: a prefeitura diz que o Ibama embargou a

obra da ponte do Japara, e por isso não toma a iniciativa de consertar a ponte –

mas há vários outros trechos precários sem essa desculpa. Vale lembrar que a

prefeitura apresentou ao Ministério Público e ao ICM-Bio ou Ibama um projeto

para a construção da nova ponte, em conjunto com a comunidade e plantadores

de eucalipto, mas não fornecem mais detalhes sobre isso. Os proprietários de

Page 23: Relatorio Oficinas - Resex

eucalipto têm sua parcela de responsabilidade sobre a estrada de Cumuru, pois a

utilizam e causam impactos com o transporte das toras. No caso de Corumbau, a

situação é ainda pior: o sr. Albino de Imbassuaba informou que há pelo menos

quatro anos não passa a patrola no trecho entre Antonio de Paula e Cumuru.

As entrevistas devem ser feitas de tal forma a entender de quem é a

responsabilidade por melhorar o acesso e buscar uma solução concreta para o

problema.

Fontes de entrevistas:

Secretaria de obras – para explicar como é feita a manutenção, critérios, de

quanto em quanto tempo, pq a estrada de Corumbau está sem

manutenção, etc.

Lideranças comunitárias: sr. Albino/Imbassuaba (identificar a associação),

sr. Milton ou Gileno/Corumbau. Para contar os problemas da comunidade

em relação as estradas.

Departamento de Estradas e Rodagem (Derba – para checar de quem é a

responsabilidade na manutenção, e se a prefeitura municipal recebe algum

tipo de financiamento/benefício para manter as estradas em boas

condições),

Secretário de convênios Clécio Ribeiro Santana: pode informar que tipo de

solução e parceria que a Prefeitura vai fazer para melhorar a situação das

estradas. Também pode mostrar o projeto

Secretaria de Educação: para relatar quantas crianças e de quantas

comunidades perdem aulas por falta de manutenção;

Ministério Público: para saber sobre as responsabilidades, o que deve ser

feito, prazos, e principalmente sobre como a comunidade pode cobrar das

autoridades. O projeto da prefeitura: foi enviado? Quem fez esse projeto?

ICM-Bio ou Ibama: sobre a responsabilidade dos produtores de eucalipto:

como funciona, como a comunidade pode acompanhar a respeito, quantas

toneladas de eucalipto passam mensalmente na estrada de Cumuruxatiba

e como se avalia o impacto deles sobre a estrada.

Page 24: Relatorio Oficinas - Resex

Prazo: entrevistas até dia 4 de setembro (tentaremos concentrar as

entrevistas nesse dia em Prado).

Páginas 5 e 6

Responsáveis: Fidel, Teta, Juliana, Zeca, Sérgio, Jaqueline e Içara trazem

depoimento de sr. Milton de Corumbau.

Carol contribui com a pesquisa de fotos. Pensem no que pode ilustrar sobre a

Resex: fotos de pescadores? É preciso também acessar um mapa da Resex

(Fernanda poderia fazer um mapa desenhado, com figuras, localizando todas as

comunidades)

Tema: Nove anos de Resex.

Como será: Sua comunidade realmente sabe o significado de estar no entorno da

Reserva Extrativista Marinha do Corumbau, a Resex? Qual o papel da Resex e das

pessoas que nela vivem?

Retomar o histórico da Resex. Como foi criada e para quê. Seu futuro: depende

do que? O que é uma unidade de conservação e para que serve? Há outras

unidades de conservação em nossa região? Para que servem?

Apresentar como os moradores da Resex podem realmente participar da

gestão/organização da mesma: como funciona o conselho? Para que realmente

serve o plano de manejo? Como esses instrumentos podem ficar realmente mais

próximos das comunidades? Qual o papel das instituições (prefeitura, ICMBio,

ongs) dentro desses instrumentos e como as comunidades podem cobrar a

participação?

Fontes de entrevista:

Sr. Milton, um dos primeiros a atuar na fundação da Resex.

Lideranças das comunidades.

CI/Rodrigo ou Guilherme (por telefone)

Ronaldo, chefe da Resex.

Page 25: Relatorio Oficinas - Resex

Comunidade: conversar com as pessoas nas ruas pra perguntar o que elas

sabem sobre a reserva; o que elas pensam sobre o que é plano de manejo,

conselho, o que acham, etc.

Instituições que têm cadeira fixa no conselho e não aparecem (prefeituras)

– por telefone.

Fontes de pesquisa: atas de reuniões do conselho, plano de manejo, fotos

antigas, lei SNUC, que fala do papel das unidades de conservação.

Prazo: até dia 10 de setembro. É preciso marcar algumas entrevistas antes.

Página 7

Responsáveis: Jaqueline e Içara.

Tema: Festas da Resex.

Como será: fazer um histórico contando desde a primeira festa, o significado das

festas, o que teve de interessante, e contar um pouco sobre a organização da

festa dos nove anos, indicando o nome de todos os parceiros e apoiadores para

agradedê-los.

Fontes de entrevista:

Lideranças das comunidades.

Fontes de pesquisa: fotos antigas.

Página 8

Responsáveis: Marciel, Carol e Naruan.

Tema: Eventos culturais – Histórico e descrição das festas tradicionais da região

da Resex.

Como será: apresentar as principais festas do calendário do segundo semestre,

curiosidades, há quanto tempo essas festas existem e qual sua origem. Checar se

existem fotos de festas antigas. Os eventos:

São Cosme e Damião (27/9), em Cumuruxatiba;

Page 26: Relatorio Oficinas - Resex

São Francisco (03 e 04/10), em Corumbau;

Boi Iáiá (6/12), em Barra Velha;

Nossa Senhora da Conceição (07 e 08/12), em Barra Velha.

Fontes de entrevista:

Comunidade e professores das escolas, que normalmente fazem trabalhos

sobre o folclore da região.

Checar com professores se existe algum historiador que pesquisa sobre o

tema e poderia falar sobre a origem das festas.

Fontes de pesquisa: fotos antigas, lideranças comunitárias (se necessário por

telefone e rádio), livros, internet (para verificar, por exemplo, pq se cultua Cosme

e Damião, e São Francisco, etc. Quem são esses santos e porque eles são

cultuados? Porque há festas religiosas na comunidade indígena?

Página 9

Responsáveis: Jaqueline e Içara.

Tema: Voz da Comunidade – Perfil com a memória de um morador antigo –

primeiro número: poeta de Corumbau.

Como será: contar a história do Poeta. Como é seu nome completo, idade? Como

ele é, o que faz no seu dia a dia? Onde ele nasceu? Qual sua história e sua

relação com a comunidade? Desde quando ele escreve?Quantos poemas já

escreveu? Qual é sua inspiração? Podemos colocar um de seus poemas preferidos

também na matéria.

Fontes de entrevista:

O poeta.

Fontes de pesquisa: fotos antigas, lideranças comunitárias (se necessário por

telefone e rádio), livros.

Página 10

Responsáveis: Renata e Maria da Penha – texto e fotos.

Page 27: Relatorio Oficinas - Resex

Tema: Cultura Pataxó - Artesanato

Como será: apresentar a cada número um aspecto da cultura pataxó. Nesse

primeiro explicar o que são os pataxós, onde estão concentrados, como é a aldeia

Barra Velha, o que significa o artesanato para a comunidade, quais são os

materiais utilizados e como são coletados, como os materiais são manejados (se

houver manejo). A matéria pode ter muitas fotos para mostrar os materiais e a

arte.

Fontes de entrevista:

Artesãos da comunidade

Cacique

Chefe do posto

As próprias autoras

Fontes de pesquisa: livros.

Página 11

Responsáveis: verificar na comunidade. Possivelmente a matéria da Resex ganha

uma página.

Página 12

Responsáveis: verificar na comunidade.

Page 28: Relatorio Oficinas - Resex

Uma breve avaliação do processo das oficinas

Como já foi relatado, o detalhamento da produção do jornal será descrito no

relatório final, e será um indicador de avaliação do processo iniciado nas oficinas.

Entretando, gostaria de pontuar algumas falas dos participantes durante a

reunião do Conselho da Resex, realizada no dia 30 de setembro. Convidados a

apresentar o trabalho que estava sendo realizado nas oficinas, alguns desses

participantes manifestaram sua própria avaliação do processo das oficinas:

“Esse curso fez abrir nossas mentes para a comunicação. Vamos

mostrar problemas e coisas positivas nesse jornal, apontar soluções.

Muitos veículos não divulgam o que há de bom em nossa comunidade”

(Zeca do Veleiro)

“Nós temos voz. E as oficinas foram um meio de interagir com outras

comunidades” (Jaqueline, Corumbau)

“Não vi filho de pescador nesse curso”. “Se a gente assumiu o

compromisso de fazer esse jornal, assumimos o compromisso de

comunicar”. (Elisabete, Cumuruxatiba)

“Espero que o Grupo Tanara se torne multiplicador da comunicação”

(Zeca do Veleiro)

A esperança é a de que esse grupo se torne realmente multiplicador, e não

somente de produtores de jornal. Tão importante quanto garantir o número 2 do

Tanara, ou partir para um video ou programa de rádio, é entender que o processo

de se pensar no jornal pontue também as relações entre os comunitários

presentes nessas oficinas. O mais positivo é que o grupo entendeu que a

mobilização é um desafio constante em várias atividades dentro da Resex, e a

comunicação pode ser tanto fator de motivação, quanto de conflitos. E

entenderam que esse ato de comunicar faz toda a diferença no processo de

reconhecimento do papel da Resex, das comunidades e das instituições que

fazem parte de seu cotidiano.

Precisa melhorar...

Page 29: Relatorio Oficinas - Resex

O tempo foi muito curto para mobilizar a comunidade para a

participação nas oficinas. É necessário pelo menos um mês antes de

contato do consultor para conhecer a comunidade e fazer convites,

articulando melhor a participação das pessoas.

Fazer convites por meio de cartazes e folhetos para avisar sobre a

oficina. Embora isso não garanta a participação concreta das pessoas,

ajuda a abrir mais espaço para quem se sente excluído do círculo de

amizades das lideranças apontadas.

É preciso maior espaço de tempo entre as oficinas. Embora tenha

sido uma opção apontada pelas próprias lideranças fazer as oficinas aos

sábados e domingos, o conteúdo foi muito corrido, assim como a pressão

para produzir o jornal a tempo para o lançamento na festa – apenas duas

semanas entre produção, busca de patrocínio e impressão. Embora o grupo

tenha conseguido com sucesso, muitas etapas ficaram em cima da hora.

Não houve tempo suficiente para trabalhar elementos práticos

relacionados a produção gráfica do jornal. Para preencher essa lacuna

foi realizado um contato com faculdade de jornalismo da região, a fim de

que oferecesse um curso de diagramação. O mesmo não foi possível

realizar antes do fechamento do jornal por falta de agenda da própria

faculdade, e foi reagendado para o final de outubro. Uma sugestão é

extender o número de horas das oficinas e oferecer um módulo só sobre o

tema de produção gráfica.

Considerações importantes sobre a logística das oficinas

A distância entre as comunidades da Resex foi um fator limitante –e

determinante – para a participação efetiva e coletiva dos moradores da região

nas oficinas.

Embora a idéia inicial tenha sido a de concentrar essa primeira formação com

os moradores de Cumuruxatiba, quando lideranças de outras comunidades

souberam dessa opção sentiram-se excluídas. A opção de trazer pessoas de

locais mais distantes deveria ter sido prevista muito antes da contratação da

consultoria – ou então, as comunidades que não participariam do processo,

poderiam ter sido comunicadas com antecedência para não criar nenhum mal-

estar como o que foi gerado.

Page 30: Relatorio Oficinas - Resex

Foi trabalhoso lidar com a falta de estrutura referente a transporte,

alimentação e hospedagem dos participantes de outras comunidades, que se

hospedaram em Cumuruxatiba para a realização das oficinas. Não foi possível

contar 100% com a organização das lideranças locais em relação a organização

dessa logística, sem muita experiência na organização coletiva, e ainda com

problemas de comunicação entre os os mobilizadores-participantes.

O outro motivo para essa falta de organização local é que houve muito

questionamento sobre a instituição Resex não ter oferecido apoio para a

alimentação (embora já tivessem acordado nas primeiras reuniões que a

responsabilidade sobre a alimentação do grupo seria do próprio grupo, decisão

essa definida por escrito).

Talvez seja importante para a realização de novas oficinas incluir no termo de

referência valores referentes a itens de alimentação, deixando por conta dos

participantes a organização para buscar cozinheira, espaços adequados para a

realização de oficinas, entre outros.

É importante também que o contratante avise a consultoria sobre a

disponibilização de equipamentos de equipamentos de informática (computador e

impressora) para a realização das oficinas, equipamentos esses que são

essenciais não apenas para a produção de material didático, mas ainda para a

produção do jornal. Avisando a consultoria e incluindo um item sobre isso, é

possível se preparar com antecedência a respeito desses materiais.

Também é importante que a Resex, no caso de contratação de novas

formações, se preocupe em realizar termos de referência somente para a área de

sua unidade de conservação, ou que o termo de referência seja aberto a dois

consultores atuando na região. A logística para a elaboração dessa consultoria

também foi complicada pela disponibilização de uma única consultora se

deslocando, ao mesmo tempo, entre duas UCs, que foi a própria Resex Corumbau

e o Parque Nacional do Descobrimento.

Oferecer uma oficina de “fazer jornal” sem ter a garantia de que ele seria

produzido e publicado foi contornado pelas tentativas positivas do grupo em

conseguir patrocínio para a produção do primeiro número, e pela disponibilidade

da consultora em diagramar o jornal para que ele pudesse ser publicado.

Para novas oficinas, a sugestão é que se inclua no Termo de Referência uma

verba específica para a diagramação e impressão desse jornal-piloto, a exemplo

do que ocorre em outras unidades de conservação que trabalham com jornal

comunitário - como é o caso do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, que

subsidia o jornal O Timoneiro, em Caravelas.

Page 31: Relatorio Oficinas - Resex

Próximos passos...

A seguir, um cronograma de atividades que serão realizadas pós-capacitação,

até novembro/2009, bem como as propostas de articulação para garantir a

continuidade do projeto de jornal impresso. Os participantes das oficinas serão

convidados a participar do processo de cada atividade, contribuindo com idéias e

mobilização para garantir cada etapa. Um exemplo: para viabilizar o curso de

diagramação, cujo parceiro já foi articulado, ainda será necessário viabilizar a ida

dos alunos para o local do curso, em Teixeira de Freitas. Essa articulação será

feita pela consultoria, com apoio, na medida do possível, dos oficineiros.

Atividade Quando Quem será parceiro

Curso de diagramação 26, 27 e 28 de outubro

(3 dias)

FASB – Teixeira de

Freitas

Curso de jornalismo

comunitário/video

comunitário

Outubro/novembro Cineclube Caravelas

Encontro-oficina de

avaliação, com a

construção de proposta

para a continuidade

dos jornais e

apresentação do

projeto para parceiros

Primeira/segunda

semana de novembro

(3 a 4 dias)

Cineclube Caravelas,

Parque Nacional

Marinho de Abrolhos,

Parque Nacional do

Descobrimento, Resex

Corumbau

Page 32: Relatorio Oficinas - Resex

Anexo 1 – Materiais coletivos para a divulgação do jornal

Folheto utilizado pelo grupo de participantes das oficinas para conseguir

patrocínio para o jornal. Esse trabalho foi

realizado junto aos comerciantes de Cumuruxatiba.

Page 33: Relatorio Oficinas - Resex

Anexo 2 – Jornal Impresso