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UNIVERSIDADE DA INTEGRAÇÃO INTERNACIONAL DA LUSOFONIA AFRO- BRASILEIRA – UNILAB INSTITUTO DE ENGENHARIAS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ENGENHARIA DE ENERGIAS FRANCISCA VALDENUZA ALMEIDA SILVA FRANCISCO THÁLYSSON TAVARES CAVALCANTE JOSE NILSON OLIVEIRA DA COSTA BIODIESEL DE MICROALGAS

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relatório biodiesel de microgalgas

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UNIVERSIDADE DA INTEGRAO INTERNACIONAL DA LUSOFONIA AFRO-BRASILEIRA UNILABINSTITUTO DE ENGENHARIAS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTVELENGENHARIA DE ENERGIAS

FRANCISCA VALDENUZA ALMEIDA SILVAFRANCISCO THLYSSON TAVARES CAVALCANTEJOSE NILSON OLIVEIRA DA COSTA

BIODIESEL DE MICROALGAS

ACARAPE - CE Novembro de 2014.INTRODUOA expectativa da reduo das reservas de petrleo, bem como a crescente preocupao com a preservao ambiental vem incentivando a substituio do petrleo por combustveis auternativos. Isto ocorre em virtude do aumento do nvel dos poluentes, principalmente os causadores do efeito estuda, em sua maioria provenientes das emisses de veculos que utilizam combustveis fsseis.Neste contexto surgem alternativas para usar combustveis renovveis no intuito de amenizar o impacto causado pelo uso de combustveis de origem fssil. Dentre essas alternativas, aponta-se para matrizes vegetais para processos de converso em biocombustveis. A viabilidade dessa proposta frequentemente questionada, principalmente no que diz respeito ao custeamento de produo e valor final frente aos combustveis fsseis e a possvel competitividade desses recursos para consumo alimentcio.Dentre as principais matrizes vegetais com grande potencial energtico esto a soja, o leo extrado do crtamo, da Mamona, do Girassol e Algodoeiro. Alm dessas espcies, existem outras fontes bioenergticas que vem sendo exploradas na atualidade, como por exemplo o Pinho-manso e o Dendezeiro ou Palma no Estado do Rio Grande do Norte (MEDEIROS, 2014).A utilizao de biodiesel pode oferecer diversas vantagens, entre estas, sociais e econmicas. Atualmente a produo mundial de biodiesel se concentra em utilizar apenas leos vegetais de plantas superiores e ou gorduras de animais. Porm, a crescente projeo para o consumo de biodiesel no mundo eleva o interesse por novas fontes oleaginosas, na qual, associadas com as tecnologias existentes auxiliaro a viabilizar esta demanda. Dentro disso preciso avaliar as extenses de terras agricultveis disponveis, sob pena de haver conflito com a produo de alimentos, escassez de gua e adubo.A produo de biodiesel a partir de microalgas uma alternativa atual produo de biocombustveis a partir de plantas superiores. As microalgas podem ser a soluo ideal, tendo em vista duas de suas principais funes: maior taxa de sequestro de CO2 quando comparado a plantas superiores, sendo esta fonte de carbono utilizada na biosntese de lipdios, os quais sero convertidos em biodiesel; e, ainda no competem com terras arveis, sendo o espao para o cultivo das microalgas destinado apenas como suporte. Apresenta tambm um potencial de produo de leo de 7 a 30 vezes superior ao das oleaginosas tpicas, como girassol, mamona, palma e soja; possibilidade de produo contnua, sem perodo de plantio e entressafra (Biodieselbr, 2013). A grande dificuldade nesse processo est por conta da separao da biomassa por meio de cultivo e a extrao eficiente do leo produzido, isto , de forma economicamente vivel (CARVALHO 2010).Breve hisrico do cenrio do biodiesel brasileiroO Brasil tem se destacado com relao a potencialidade da produo de biodiesel a partir de matrizes vegetais energticas e isso se deve, inclusive, a caractersticas intrnsecas de sua localizao geogrfica. Por ser um pas localizado nos trpicos, recebe maior incidncia de raios solares, apresenta recursos hdricos naturais e uma temperatura mdia anual favorvel para cultivo de espcimes vegetais intencionado a obteno de leos para produzir biodiesel.Esses fatores climticos e geogrficos favorecem o metabolismo de plantas e principalmente microalgas, que necessitam de alta incidncia solar durante todo o ano, facilitando, dessa maneira, o cultivo de diversos espcimes.Os primeiros estudos concretos para a criao de uma poltica do biodiesel no Brasil tiveram incio em 2003 e, em dezembro de 2004, o governo lanou o Programa Nacional de Produo e Uso do Biodiesel (PNPB), cuja gesto realizada pela Comisso Executiva Interministerial do Biodiesel (CEIB), coordenada pela Casa Civil da Presidncia da Repblica e pelo Ministrio de Minas e Energia (MME). O foco principal do programa promover a introduo do biodiesel na matriz energtica brasileira, visando a gerao de empregos no setor primrio, visto que no Brasil de fundamental importncia para o desenvolvimento social e regional. Dessa forma, ocorre reduo na migrao de trabalhadores do campo para grandes cidades favorecendo o ciclo da economia auto-sustentvel importante para a independncia do pas.Desde o lanamento do PNPB, grandes expectativas voltadas para a produo de biodiesel no Brasil foram intensificadas e direcionadas ao desenvolvimento de novas tcnicas de produo e aplicaes deste combustvel.Alm disso, as iniciativas privadas vem investindo fortemente na pesquisa e procura de matrias-primas que promovam maior sustentabilidade ambiental, social e econmica.A mistura de biodiesel ao diesel fssil teve incio em 2004, em carter autorizativo. Em janeiro de 2008, entrou em vigor a mistura legalmente obrigatria de 2% (B2), em todo o territrio nacional. Com o perceptvel amadurecimento do mercado brasileiro, esse percentual foi ampliado pelo Conselho Nacional de Poltica Energtica (CNPE) sucessivamente at atingir 5% (B5) em janeiro de 2010, antecipando em trs anos a meta estabelecida pela Lei n 11.097, de 13 de janeiro de 2005. A mistura obrigatria atual de 7% (MEDEIROS 2014).Breve histrico das iniciativas de produo de biodiesel de microalgasDe 1978 a 1996, o Escritrio de Desenvolvimento de Combustveis do Departamento de Energia norte-americano financiou o Aquatic Species Program (ASP) para desenvolver combustveis de transporte renovveis a partir de microalgas. Apesar dos avanos das tcnicas utilizadas na produo, esta no era ainda economicamente vivel.No Japo foi desenvolvido um programa com objetivo semelhante pelo Research Institute of Innovative Technology (RITE), porm substituindo o sistema aberto pelo cultivo em fotobiorreatores, mais intensivo, com maiores possibilidades de controle e uma maior produtividade de biomassa por rea quando comparado ao sistema aberto. Neste programa tambm no se alcanou uma viabilidade econmico-financeira para a produo da biomassa microalgal.No Brasil, o Ministrio da Cincia, Tecnologia e Inovao (MCTI), em parceria com a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP/PR), lanou em 2008, atravs do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), edital de pesquisa com o objetivo de selecionar projetos voltados para a aquicultura e uso de microalgas para a produo de biodiesel, no valor total de R$ 4,5 milhes. Foram apresentadas 63 propostas de projetos de PD&I, os quais abordaram, dentre outros aspectos, desenvolvimento de tcnicas de cultivo; maximizao da produtividade em leo;avaliao da viabilidade econmica do processo global, do cultivo obteno de biodiesel; processos mais econmicos e eficientes para a coleta da biomassa algal e a extrao da frao lipdica; avaliao das propriedades fsico-qumicas de biodiesel de microalgas e adoo de estratgias, visando garantir com que atendam s especificaes de qualidade definidas nas resolues da ANP.Outra ao do MCTI teve incio em novembro de 2010, com a aprovao do Projeto MCT/FINEP de Produo de biodiesel derivado de leos de microalgas. Com concluso prevista para o final de 2012 e investimento de R$ 6 milhes, o projeto, que tem apoio da Rede Brasileira de Tecnologia do Biodiesel, rene diferentes institutos de pesquisa e universidades do Pas com atuao na rea de aquicultura e biodiesel. Estes dados mostram que existem esforos em PD&I no Brasil, o que pode resultar em avanos significativos nesta temtica a curto e a mdio prazo (FRANCO et al., 2012).Sistemas de cultivo das microalgasCultivo abertoGrande parte dos cultivos de microalgas tem sido realizada em lagoas e tanques abertos que utilizam a luz solar e o CO2 da atmosfera. Os tanques podem ser construdos e explorados a baixos custos e, portanto, oferecem muitas vantagens, desde que sejam utilizadas espcies adequadas para este tipo de cultivo. Os tanques tm uma variedade de formas e tamanhos possveis, sendo o tipo comumente usado o raceway (tipo pista de corrida). Pelo fato de nenhum material transparente ser necessrio na construo de tanques abertos, uma gama muito ampla de materiais pode ser empregada. Esses tanques so tambm de manuteno relativamente fcil, uma vez que se tem acesso livre para realizar a limpeza do biofilme que se acumula sobre as superfcies. A principal desvantagem dos sistemas abertos que ocorre evaporao da gua a uma taxa similar s culturas terrestres e, tambm, so mais suscetveis contaminao por espcies indesejveis. Inicia-se o cultivo com uma espcie que inoculada no tanque, mas ao longo do tempo espcies indesejveis so inevitavelmente introduzidas e podem reduzir severamente o rendimento e at mesmo superar as espcies inoculadas, pois, uma vez que um concorrente importante tiver estabelecido residncia no tanque, torna-se extremamente difcil erradic-lo. No entanto, um cultivo sustentvel e confivel de uma nica espcie em sistemas abertos pode ser incentivado atravs do cultivo de espcies extremfilas, que toleram condies extremas de temperatura, pH ou salinidade. Spirulina platensis e Spirulina mxima, por exemplo, sobrevivem e crescem bem em pH alto (9 a 11,5), tornando-se geralmente espcie dominante nestes ambientes. Dunaliella salina cresce muito bem em guas altamente salinas, devido a seu alto contedo de glicerol intracelular, que assegura uma proteo contra a presso osmtica. Assim, estas microalgas so cultivadas com xito em escala comercial em sistemas abertos.Figura 1: tanque do tipo raceway para sistema de cultivo aberto.

Fonte: Brasil escola.Cultivo fechado O termo fechado diz respeito ao menor contato com o ambiente externo que estes sistemas apresentam em relao aos tanques. Os sistemas fechados so comumente denominados fotobiorreatores e geralmente so utilizados para produo em larga escala, gerando produtos de alto valor comercial. A vantagem comparativa destes sistemas em relao aos sistemas abertos a obteno de maiores produtividades de biomassa microalgal, bem como a possibilidade de maior controle das condies de cultivo. Os fotobiorreatores so classificados em tubulares e planares, de acordo com a geometria do compartimento que encerra a cultura. Assim, so constitudos de tubos ou placas de material transparente luz visvel. Nestes sistemas, o controle das condies de cultivo mais fcil e o potencial de contaminao menor em comparao com os sistemas abertos, como resultado da menor exposio da cultura ao ambiente. As placas e os tubos so confeccionados de maneira que o caminho ptico seja menor em comparao quele dos tanques, promovendo uma melhor distribuio da luz e, por conseguinte, uma maior produtividade em biomassa. Contudo, os custos de implementao e de operao destes sistemas so superiores aos dos tanques. A Tabela 3 mostra vantagens e desvantagens dos sistemas de produo abertos e fechados para os principais parmetros (FRANCO et al., 2012).

Figura 2: fotobiorreator.

Fonte: Senac.

Ogbonna, J. C.; Masui, H.; Tanaka H.; J. Appl. Phycol. 1997, 9, 359.

CARACTERIZAO E IDENTIFICAO DOS COMPOSTOS ORGNICOS (MTODOS)

O Biodiesel de algas um combustvel de 3 Gerao em que se procura em plantas que no sejam destinadas a produo de alimentos fonte para produzir o combustvel. Biodiesel so steres de cidos graxos de longa cadeia, so extrados por converso de triglicerdeos em steres, via transesterificao, pirolise ou micro-emulsificao. Obtidos da reao de um leo em lcool para formar alkil-esteres de cidos graxos (biodiesel) e glicerol.

Procedimentos para a extrao do leo:

Assim como a extrao de leo de sementes vegetais, a microalgas passam por prensagem e extrao por solventes qumicos ou a combinao dos dois.

Mtodos que vem sendo avaliados:

Extrao com CO2 em estado supercrtico, extrao por enzimas, extrao assistida por ultrassom e por micro-ondas.

-Extrao com CO2 em estado supercrtico: caracterizada por possuir baixo rendimento global, alta variedade dos componentes de alto valor dos produtos finais.O dixido de carbono supercrtico (CO2) o solvente para extrao supercrtica, mais comumente usado, pois rene as condies ideais de solvente: ele inerte, atxico, gasoso em condies normais, de baixo custo, podendo ser facilmente separado do produto extrado e recuperado no processo.Extrao por enzimas:Por causa do acumulo de leo nas paredes celulares, o uso mais frequente de enzimas tem mostrado resultados mais satisfatrios. Os tratamentos mecnicos e trmico causam a ruptura das estruturas celulares, porm, no so suficientes, j que parte do leo permanece na clula, sem ser extrado. Atravs da hidrlise enzimtica, rompe-se a parede celular e h maior liberao de leo, ocorrendo tambm o rompimento do complexo molecular lipoprotena e lipopolissacarideo em molculas simples, liberando leo extra que por outro mtodo no seria extrado.

Extrao assistida por ultrassom:Esse tipo de extrator gera ondas sonoras que se propagam para o meio lquido, resultando em alta presso e baixa presso ciclos alternados. Durante o ciclo de baixa presso, alta intensidade pequenas bolhas de vcuo so criadas no lquido. Quando as bolhas atingem um certo tamanho, desmoronam violentamente durante um ciclo de alta presso. Isso chamado de cavitao. Durante a imploso muito altas presses e alta velocidade jatos de lquido so produzidos localmente. As foras de cisalhamento resultante quebrar a estrutura de clula mecanicamente e melhorar a transferncia de material. Este efeito suporta extrao de lipdios de algas.

Tipos de catalisadores para extrao dos leos (Qumica ou enzimaticamente):

Catalisadores heterogneos:Os principais catalisadores heterogneos so NaMgO e KOH.Com o uso de catalisadores heterogneos fazem com que ocorra um menor numero de etapas, facilidade na separao do glicerol, simplicidade na purificao dos produtos, diminuio dos custos de produo, processo continuo e reutilizao do catalisador. Os catalisadores heterogneos cidos promovem reaes simultneas de transesterificao e esterificao.Reduo das etapas de purificao dos produtos, pois permite a fcil separao dos produtos e ainda a reutilizao do catalisador.Devido a quantidade em cidos graxos livres, a catalise acida considerada vivel como rota da sntese para a converso a monoesteres alquilicos.

Catalise homognea:Esse tipo o catalisador e o substrato esto na mesma fase. Os principais catalisadores utilizados so o hidrxido de sdio (NaOH) e o potssio (KOH). altamente eficiente a transesterificao alcalina e ao seu baixo custo. Em contraposio apresenta desvantagens na fase de purificao dos produtos da reao, uma vez que a separao do catalisador constitui em uma etapa complexa e ambientalmente desfavorvel.

Identificao da quantidade de leo das microalgas:

As caractersticas fsico-qumicas e qumicas dependem da depresso de nutrientes salinidade e pH do meio de cultura.As microalgas so ricas em triglicerdeos que podem ser covertidos em steres metlicos de cidos graxos. importante este processo para avaliar a qualidade do biodiesel atravs dos seguintes parmetros: viscosidade cinemtica, massa especifica, ponto de entupimento de filtro a frio e estabilidade oxidativa.Os cidos graxos ais comuns possuem entre 16 a 18 tomos de carbono na cadeia carboxila.Mtodos utilizados na determinao do teor de lipdeos totais: Mtodos gravimtricos utilizados so baseados na extrao com hexano em Soxhlet ou mtodo de Bligh Dyer (Extrao com mistura de clorofrmio/metanol). O melhor solvente o etanol, pois extrai os lipdeos totais. Para caracterizar os leos e gorduras usa-se o processo de cromatografia a gs.Embora os mtodos mecnicos tenham sido bem sucedidos, eles no so os nicos utilizados pelos cientistas solventes qumicos tambm costumam ser usados para extrair o leo das algas. Esses solventes so eficazes, mas podem ser um tanto perigosos para se lidar. O benzeno, por exemplo, um solvente barato, mas classificado como carcinognico.O hexano outro solvente qumico que pode ser usado sozinho, ou em combinao com o mtodo de prensagem, para separar o leo da alga. Quando usados em conjunto podem extrair cerca de 95% do leo das algas . Mas o hexano no para por aqui. Ele tambm pode ser misturado com a polpa que permanece aps a prensagem para extrair ainda mais leo. Outros mtodos qumicos incluem a extrao soxhlet, no qual um solvente orgnico usado para remover o leo da alga atravs de repetidas lavagens, e a extrao com fluido supercrtico, no qual o dixido de carbono lquido aquecido e usado como um solvente para a extrao do leo.No mtodo de Metodo de Bligh Dyer utilizam-se a mistura de trs solventes, clorofrmio-metanol-gua. A amostra misturada com o metanol e clorofrmio que esto numa proporo que formam uma s fase com a amostra. Adiciona-se mais clorofrmio e gua promovendo a formao de duas fases distintas, uma de clorofrmio, contendo lipdios, e outra metanol mais gua, contendo substncias no lipdicas.O leo extrado atravs desses mtodos conhecido como petrleo verde e no est pronto para ser usado como combustvel at que seja submetido a outro processo chamado transesterificao. Esta etapa adiciona mais substncias mistura, incluindo lcool e um catalisador qumico que faz com que o lcool reaja com o leo. Essa reao cria uma mistura de biodiesel e glicerol. A etapa final do processo separa o glicerol da mistura deixando um biodiesel que est pronto para ser usado como combustvel.

Comparao da eficincia energtica das fontes de biomassa

Scott et al. 2010. Comparao entre as espcies de microalgas testadas

Fonte: FRANCO, Andr Luiz Custdio et al. Biodiesel de Algas: Avanos e Desafios. Quim Nova, vol. 36. No 3, 2013.Produo de Biodiesel de microalgasOs processos mais comuns so esterificao, esterificao seguida de transesterificao, hidroesterificao em nica (transesterificao in situ).

Transesterificao:Pode ser conduzida na ausncia de catalisadores usando condies supercrticas de lcool.Reduz os processos de separao e purificao dos produtos, mas requer altas temperaturas e presso, aumentando custos de materiais e energticos.Em vrios estudos se observou que catalisadores convencionais ao eram adequados, por conta do elevado ndice de acidez do leo que conduz a reaes como a saponificao.

Representao esquemtica do processo:

Fonte: BRAGA, Valdeison Souza. LEITE, Oldair Donizeti. Esterificao e Transesterificao: Conhea as caractersticas dessas reaes. Disponvel em:< http:// ensinodematemtica.blogspot.com.br/2010/11/esterificacao-e-transesterificacao.html>. Acesso em: 17 de novembro de 2014.

Transesterificao in situ

Utiliza-se solventes como o clorofrmio, hexano ou ter de petrleo.Obtido a partir de algas produzido pelos processos de transesterificao convencional e transesterificao in situ. O processo in situ consiste na transesterificao a partir das algas trituradas, sem a necessidade da extrao do leo das algas reduzindo assim os custos na produo e os riscos na prtica industrial, uma vez que elimina a utilizao de solventes, os quais causam danos ao meio ambiente e sade do trabalhador.APECTOS AMBIENTAS, POLTICOS E ECONMICOS. Um dos mais importantes apelos para produo de biodiesel a partir de microalgas que este tipo de cultivo no deslocar as tradicionais reas de cultivo voltadas para a alimentao humana uma das principais crticas produo de biodiesel a partir de plantas oleaginosas. Atualmente o processo utilizado para a produo de biodiesel a partir de microalgas a transesterificao do leo extrado via catlise cida ou bsica na presena de um lcool. A fim de reduzir o custo da produo de biodiesel de microalgas e aumentar o rendimento, para essa biomassa se utiliza a transesterificao direta (TD), na qual a extrao e transesterificao ocorrem simultaneamente numa nica etapa.Vrios aspectos ambientais tm sido propostos nos ltimos anos para avaliar o desempenho ambiental dos biocombustveis, com destaque para: o balano energtico, o consumo de recursos naturais no renovveis, o consumo de gua, o impacto sobre os solos e a biodiversidade, a emisso de gases provocadores do efeito estufa (GEE) e a emisso de diversos outros poluentes para a atmosfera, o solo e a gua. Dentre as metodologias utilizadas para avaliao do desempenho ambiental de processos e produtos tem se destacado, nos ltimos anos, a avaliao do ciclo de vida (ACV), uma ferramenta especificada pelas normas ISO 14040 e 14044. A ACV uma ferramenta de gesto ambiental que se enquadra no mbito da ecologia industrial, sendo definida como uma tcnica quantitativa para determinar os potenciais impactos ambientais associados a um produto ou servio, compreendendo etapas que vo desde a extrao de matria-prima da natureza, que entra no sistema, disposio final de resduos. Esta quantificao realizada a partir de um inventrio das intervenes ambientais relevantes em todo o ciclo de vida desse produto ou servio.

No caso especfico de tecnologias novas em processo de desenvolvimento, como os biocombustveis produzidos a partir de microalgas, a ACV possibilita a identificao de gargalos tecnolgicos e oferece um suporte no desenvolvimento de produtos, processos e servios que apresentem caractersticas eficientes do ponto de vista energtico e favorveis do ponto de vista ambiental, caracterizando o que tem sido denominado internacionalmente por ecodesign (consiste na reduo dos impactos ambientais de todo o ciclo de vida atravs de melhorias na concepo de produtos).

Os dados comparativos de produtividade em (bep/ha.ano) , esto expressos na tabela seguir.Fonte de biomassaTipo de combustvel produzidoProdutividade (bep/ha.ano)

MilhoEtanol20

Cana de acarEtanol210-250

SojaBiodiesel13-22

GirassolBiodiesel8,7-16

MicroalgasBiodiesel390-700

Fonte: Scott et al. (2010)

partir da tabela podemos perceber o quanto as microalgas levam vantagem nesse aspecto em relao aos seus concorrentes na produo de biodiesel. Com relao aos custos de produo, temos o seguinte cenrio:MATRIA PRIMACUSTO DE PRODUO DA BIOMASSSA(U$/ha.ano) CUSTO DE PRODUO DO LEO(U$/t)

Soja 7221.204

Mamona361502-1504

Dend1166265

Microalga21.370 - 32.320147-222

70000481

Fonte: Agronegcio de plantas oleaginosas:matrias primas para o Biodiesel(2006); Benemann & Oswald(1996); Duer (1997)

Nesse aspecto vemos o quanto despendioso o processo de produo da biomassa partir de microalgas. Tratando-se de balano energtico, os estudos apontaram que no melhor cenrio, com otimizao do uso da energia e contedo de lipdeos na biomassa algal, pode-se alcanar uma reduo no consumo de energia para 1,3 MJ por MJ de biodiesel, mas que ainda desvantajosa. Em concordncia, Jorquera e colaboradores encontraram valores de consumo de energia elevados e, portanto, desfavorveis para a produo de biomassa algal em tanques do tipo raceway e fotobiorreatores tubulares e de placas planas, ressaltando a necessidade de aumentar o contedo lipdico da biomassa algal para aumentar a eficincia energtica do processo.O Brasil apontado como um campo frtil para a produo de biodiesel atravs de microalgas, pois possui clima favorvel e terras disponveis para o desenvolvimento desta cultura. Apesar das numerosas aplicaes possveis, das iniciativas e dos testes que j esto mudando o pensamento da indstria, o uso das microalgas em biocombustvel ainda est limitado ao campo das pesquisas. O maior desafio a obteno de alta produtividade. Referncias mostram que quem realmente atinge bons resultados de produtividade quem no tem medo de investir.A Petrobras iniciou parcerias com universidades federais brasileiras para o desenvolvimento de uma planta piloto para a obtno de biodiesel atravs de microalgas. Segundo o Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos e Programas (FINEP), nos ltimos anos foram invetidos no Brasil R$ 126 milhes em pesquisa sobre biocombustves. Aps a iniciativa da Petrobras o FINEP lanou um segundo projeto de financiamento e posteriormente a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (Embrapa) tambm iniciou investimentos em pesquisas. No mbito social, podemos ressaltar a possibilidade de desenvolvimento das regies semi-ridas do Brasil atravs de investimentos, pois, as microalgas precisam de muita energia solar para a fotossntese e essa regio abundante desse recurso.

CONCLUSO

Em comparao s demais matrizes vegetais energticas, o biodiesel proveniente de microalgas apresenta destaque para a sntese de uma mistura mais eficiente, uma vez que, alm das variadas vantagens em termos ambientais, possui alta compatibilidade com as caractersticas observadas no diesel derivado do petrleo, com possibilidade de utilizao nos motores destinados a este ltimo, sem a necessidade de adaptaes adicionais, que gerariam custos mais elevados.

Alm disso, as melhores condies de cultivo dessas matrizes necessitam de investimento hdrico maior. Atualmente, o custo final do biodiesel para o consumidor cerca de trs vezes mais elevado devido aos altos custos de produo, entretanto, o crescente investimento governamental na rea de inovao tecnolgica da produo de biodiesel oriundo de matrizes vegetais, principalmente microlagas, pode tornar vivel diminuio dos custos de cultivo/produo e consequente reduo do custo final de mercado.

Diante do exposto, a anlise de literaturas mais recentes relacionadas produo de biodiesel permite-se inferir que o biodiesel oriundo de microalgas frente outras matrizes vegetais mostra-se mais vivel no que diz respeito mltiplos aspectos discutidos, apesar da constante necessidade de mais pesquisas inovadoras para que haja a implementao do cultivo de microalgas como principal matria prima para produo em larga escala.

FRANCO, A. L. C.; LBO, I. P.; CRUZ, R. S.; TEIXEIRA, C. M. L. L.; ALMEIDA, J. A. Neto; MENEZES, R. S..Biodiesel de microalgas: avanos e desafios. Quim. Nova, Vol. 36, No. 3, 2012.

CARVALHO, Rui Miguel de. Desenvolvimento e anlise energtica do processo de obteno do biodiesel de microalga por metanlise in situ. Curitiba, 2010.

MEDEIROS, Alanderson Rafael dos Santos. Anlise da viabilidade ambiental, econmica e operacional da produo de biodiesel a partir de microalgas. Natal, 2014.Ogbonna, J. C.; Masui, H.; Tanaka H.; J. Appl. Phycol. 1997, 9, 359.

BRAGA, Valdeison Souza. LEITE, Oldair Donizzeti. Esterificao e Transesterificao: Conhea caractersticas dessas reaes. Disponvel em:. Acesso em: 17 de novembro de 2014.

Scott, S. A.; Davey, M. P.; Dennis, J. S.; Horst, I.; Howe, C. J.; LeaSmith, D. J.; Smith, A. G.; Curr. Opin. Biotechnol. 2010, 21, 277..