relatório mensal de economia - julho 2010

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Edição da Associação Empresarial de Portugal Julho 2010 N.181

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O Relatório Mensal de Economia é uma publicação mensal da AEP de análise económica nacional e internacional abordando, igualmente, aspectos relevantes da envolvente política e social.

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Page 1: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

Edição da Associação Empresarial de Portugal

Junho 2010 N.180

Julho 2010 N.181

Page 2: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010
Page 3: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

1

S U M Á R I O

DESTAQUE ...................................................................... 2

ECONOMIA INTERNACIONAL 1. União Europeia / Zona do Euro ................................................................................ 5

2. Estados Unidos da América .............................................................................. 11

3. Japão .............................................................................. 15

4. Mercados e Organizações Internacionais .............................................................................. 17

ECONOMIA NACIONAL

1. Envolvente Política, Social e Económica .............................................................................. 25

2. Economia Monetária e Financeira .............................................................................. 38

3. Economia Real .............................................................................. 41

FICHA TÉCNICA

Propriedade

AEP - Associação Empresarial

de Portugal

Edifício de Serviços

Av. Dr. António Macedo

4450-617 LEÇA DA PALMEIRA

Director

José António Barros

Edição

AEP/ Gabinete de Estudos

Redacção

AEP/ Gabinete de Estudos

António Queiroz Menezes

Maria do Céu Filipe

Maria de Lurdes Fonseca

Nuno Torres

Pedro Capucho

Sede de Redacção

AEP - Associação Empresarial

de Portugal

Edifício de Serviços

Av. Dr. António Macedo

4450-617 LEÇA DA PALMEIRA

NIPC 500971315

Publicidade

AEP – Associação Empresarial

de Portugal

Telef.: 22 998 1500

Design Gráfico

Designarte® - Comunicação

Periodicidade

Mensal

ISSN: 0871-9365

Depósito Legal

N.o 28804

Registo no ICS: 117830

É autorizada a reprodução dos

trabalhos publicados, desde

que

citada a fonte e informada

a direcção da revista.

Page 4: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

2 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

D E S T A Q U E

Economia Internacional

O Conselho ECOFIN adoptou uma recomendação que estabelece novas orientações

de política económica para a União Europeia e os seus Estados-membros. (pág. 5)

Os dados de Maio do Eurostat indicam uma evolução positiva no desempenho

industrial (…) (pág. 8)

O Congresso [norte-americano] deu aprovação final à reforma do sistema financeiro

(…) (pág. 12)

(…) a informação mais recente do Instituto Conference Board revelou-se

desfavorável, apontando para um abrandamento da retoma económica dos Estados

Unidos nos próximos meses. (pág. 15)

Em Junho, o euro voltou a registar uma depreciação nos principais câmbios,

reflectindo sobretudo rumores de um pedido de ajuda da Espanha ao FMI no início do

mês. A moeda recuperou depois parte do seu valor (…) (pág. 17)

(…) os principais índices accionistas internacionais recuaram pelo segundo mês

consecutivo (…) (pág. 19)

Os preços médios das matérias-primas recuaram pelo segundo mês consecutivo em

Junho, traduzindo as dúvidas crescentes sobre a robustez da retoma económica

global (…) (pág. 21)

(…) o comércio mundial cresceu cerca de 28% em valor no primeiro trimestre de

2010, em termos homólogos, mas inverteu a sua evolução em cadeia, reduzindo-se

3% face ao último trimestre de 2009. (pág. 22)

Page 5: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

3

Economia Nacional

(…) a procura interna deverá abrandar ao longo de 2010 e diminuir em 2011 (…). O

ligeiro aumento previsto para o PIB em 2011 (0,2%) decorrerá assim exclusivamente

da procura externa líquida. (pág. 26)

Em Julho, foi apresentada no Europarque (…) a Estratégia para a Aceleração da

Execução de Projectos Empresariais, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico

Nacional (…) (pág. 31)

As taxas de juro do mercado monetário europeu aumentaram em Junho, embora de

forma ligeira (…) (pág. 38)

Espera-se (…) uma diminuição dos depósitos junto do Banco Central (…), que têm

vindo a subir para valores muito elevados, significando uma quase paragem do

mercado interbancário por falta de confiança entre os bancos. (pág. 38)

(…) o Governo português (…) teve sucesso nas emissões de dívida que decorreram

em Junho, mas, à semelhança de Espanha, teve de pagar taxas de remuneração

superiores às das emissores anteriores para as mesmas maturidades (…) (pág. 39)

Em Junho, o índice de referência da bolsa portuguesa manteve-se praticamente

inalterado, para o que terá contribuído atenuação dos receios em torno da dívida

soberana (…) (pág. 40)

Na indústria, o índice de produção recuperou algum dinamismo em Maio, tendo-se

registado um crescimento homólogo de 3,3% (…) (pág. 45)

Mantém-se, desde Novembro de 2009, a tendência de aumento ligeiro mas

persistente da taxa de inflação (…) (pág. 50)

Page 6: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

4 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Page 7: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

5

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

1. União Europeia / Zona Euro

1.1. Envolvente

O Conselho ECOFIN adoptou uma recomendação que estabelece novas

orientações de política económica para a União Europeia e os seus Estados-

membros.

Juntamente com um projecto de decisão relativa às políticas de emprego, a

recomendação define as dez linhas directrizes para as reformas estruturais que

deverão ser implementadas nos próximos anos, no quadro da nova estratégia Europa

2020, apresentada em Março deste ano e que sucede à designada Estratégia de

Lisboa.

Com base nestas linhas directrizes integradas, os Estados-membros estabelecerão

programas nacionais de reforma.

No final de negociações entre o Conselho e o Parlamento Europeu foi aprovada, no

início de Julho, uma directiva sobre os bónus dos banqueiros. A directiva

estabelece ainda novas exigências relativas aos fundos próprios dos bancos. As

novas regras sobre a limitação dos bónus serão aplicáveis a partir de Janeiro de 2011

e as normas relativas aos fundos próprios dos bancos no final desse ano.

A directiva impõe limites aos montantes dos bónus que podem ser pagos em dinheiro

e à cabeça. Os bónus não deverão ser desproporcionais em relação aos salários e

uma parte substancial, entre 40% a 60%, será diferida por pelo menos três anos.

No caso das instituições de crédito que beneficiem da intervenção excepcional dos

respectivos governos, haverá regras mais apertadas.

Page 8: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

6 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

1.2. Política Monetária

Indicadores monetários e financeiros – zona euro

09: II 09: III 09: IV 10: I Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10

Agregado Monetário M3 (1)

4,10 2,50 -0,10 -0,20 -0,20 -0,20 -0,20 -0,20 -

Taxas de Juro Mercado Monetário

- taxa overnight 0,77 0,36 0,36 0,34 0,34 0,35 0,35 0,34 0,35

- Euribor a 3 meses 1,31 0,87 0,72 0,66 0,66 0,64 0,64 0,69 0,73

Yields Obrig. Estado a 10 anos (2)

3,99 3,69 3,67 3,54 3,49 3,46 3,40 3,00 3,03

Taxas de Juro Bancárias

- Depósitos a prazo até 1 ano 1,92 1,73 1,67 1,80 1,75 1,90 2,02 2.04 -

- Emprést. até 1 ano a empresas(3)

3,73 3,45 3,32 3,25 3,25 3,24 3,19 3,25 -

Fonte: Banco Central Europeu; valores médios do período, em percentagem; (1)

Taxa de variação homóloga em média móvel de três meses, em percentagem. Valores corrigidos de todas as

detenções de instrumentos negociáveis por agentes residentes fora da área do euro. (2)

Obrigações com notação AAA. (3)

Taxas de juro para empréstimos a taxa variável até 1 milhão de euros.

O Banco Central Europeu (BCE) voltou a manter as suas taxas de juro

directoras em mínimos históricos no início de Julho (1%, no caso da taxa

aplicável às operações principais de refinanciamento, valor que foi fixado em 13 de

Maio de 2009), ante a perspectiva de continuação de uma retoma económica

moderada (mas desigual e talvez irregular, dada a elevada incerteza) na área do

euro e de baixas pressões sobre os preços, conforme as análises económica e

monetária regulares.

O BCE reiterou ainda que todas as medidas não convencionais tomadas

durante o período de fortes tensões nos mercados financeiros, classificadas

como “de maior apoio ao crédito”, e o programa dos mercados de títulos de dívida

(Securities Markets Programme), estão em plena consonância com o mandato do

Conselho do BCE e são, por definição, de natureza temporária. O Conselho do

BCE permanece firmemente empenhado na estabilidade de preços a médio e a

mais longo prazo, e irá ajustar a orientação da política monetária e a cedência

global de liquidez conforme apropriado, continuando a “acompanhar muito

atentamente todos os desenvolvimentos no período que se avizinha”.

A análise monetária confirma que as pressões inflacionistas a médio prazo

permanecem contidas, como sugerido pelo crescimento fraco da moeda e do

crédito.

No que respeita à análise económica, após um período de queda acentuada, a

actividade económica na área do euro tem vindo a expandir-se desde meados de

Page 9: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

7

2009. A recuperação em curso a nível mundial e o seu impacto na procura de

exportações da área do euro, conjuntamente com a orientação acomodatícia da

política monetária e as medidas adoptadas para restabelecer o funcionamento do

sistema financeiro, deverão apoiar a economia da área do euro. No entanto,

espera-se que a retoma da actividade seja atenuada pelo processo de correcção

de balanços em vários sectores e pelas perspectivas para o mercado de trabalho.

De acordo com a avaliação do Conselho do BCE, os riscos para as perspectivas

económicas encontram-se, no geral, equilibrados, num contexto de elevada

incerteza. Do lado ascendente, a recuperação da economia mundial e do

comércio externo poderá ser mais forte do que o projectado, apoiando as

exportações da área do euro. Do lado descendente, mantêm-se as preocupações

associadas a uma renovação das tensões nos mercados financeiros, com

possíveis novos efeitos adversos sobre as condições de financiamento e a

confiança. Além disso, uma espiral de reacções negativas entre a economia real e o

sector financeiro mais fortes do que o esperado, aumentos renovados dos preços do

petróleo e de outras matérias-primas, assim como pressões proteccionistas e a

possibilidade de uma correcção desordenada dos desequilíbrios mundiais, podem ter

impacto do lado descendente.

Na sequência da fixação da taxa de conversão da coroa estónia pelo Conselho,

em 13 de Julho de 2010 (através de uma alteração ao Regulamento (CE) N.º

2866/98, que deverá entrar em vigor a partir de 1 de Janeiro de 2011), o Banco

Central Europeu e o Banco Central da Estónia (Eesti Pank) acompanharão a

evolução da taxa de câmbio de mercado da coroa estónia face ao euro no

contexto do acordo do MTC II.

1.3. Economia Real

Relativamente ao comércio externo, os dados do Eurostat apontam para um

défice da balança comercial da zona do euro de 3,4 mil milhões de euros em

Maio (primeiras estimativas) contra excedentes de 2,2 mil milhões de euros em

igual mês de 2009 e de 0,3 mil milhões em Abril. Estes números decorrem de um

aumento de 1,6% nas exportações, entre Abril e Maio, e de 4,2% nas importações

(valores ajustados da sazonalidade).

O conjunto da União Europeia apresentou em Maio um défice de 15,1 mil milhões de

euros na balança comercial contra défices de 7,8 mil milhões de euros em Maio de

2009 e 11,0 mil milhões de euros em Abril de 2010. Entre Abril e Maio, as

exportações da UE subiram 0,9% e as importações 4,1%.

Page 10: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

8 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Fonte: Eurostat, em milhões de euros, valores mensais

Os dados de Maio do Eurostat indicam uma evolução positiva no desempenho

industrial, tendo a produção aumentado, em termos mensais, 0,9% na zona do euro

e 1,0% no conjunto da UE. Em termos homólogos, registou-se, também, uma subida

deste indicador (9,4% na zona do euro e 8,7% no conjunto da União), confirmando os

sinais de melhoria na evolução, que já eram visíveis nos últimos meses. No entanto,

estes números representam uma ligeira desaceleração relativamente ao mês anterior

em termos de variação anual.

Da análise do desempenho dos agrupamentos de bens, destacam-se, pela positiva,

os bens intermédios e os bens de capital.

Produção Industrial

Dez-09 Jan-10 Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10

Total da Indústria -3,7 2,1 4,4 7,8 9,6 9,4

Bens Intermédios 0,0 4,9 7,3 12,0 15,8 14,7

Energia -1,6 0,8 2,4 5,8 5,6 5,7

Bens de capital -11,0 0,1 3,1 4,7 9,2 8,6

Bens de consumo duradouro -7,2 -2,5 1,0 1,6 1,1 6,3

Bens de consumo não duradouro 0,0 2,3 2,9 6,5 3,2 3,7

Fonte: Eurostat; tvh em %, valores revistos

Ao nível dos Estados-membros, e em termos homólogos, saliente-se, pela positiva, o

crescimento da produção industrial na Alemanha e na Suécia (13,1% e 13,4%,

respectivamente). Em Espanha, a produção industrial aumentou em 3,3% contra

2,3% em Abril. Fora da zona do euro, a produção industrial do Reino Unido passou de

uma tvh de 1,1% em Abril para 3,9% no mês de Maio.

Evolução recente da Balança Comercial UE-27 e Zona do

euro

-20000

-15000

-10000

-5000

0

5000

10000

2009

M06

2009

M07

2009

M08

2009

M09

2009

M10

2009

M11

2009

M12

2010

M01

2010

M02

2010

M03

2010

M04

2010

M05

Euro area (16 countries) EU (27 countries)

Page 11: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

9

Em relação aos indicadores de procura interna final, os dados do Eurostat mostram

que o volume de negócios do comércio a retalho em Maio aumentou 0,2%, na

zona do euro e 0,4% no conjunto da União Europeia. Em termos homólogos,

verificou-se aumento de 0,3% e de 0,5%, respectivamente. Estes valores

representaram uma recuperação relativamente à situação de Abril.

Volume de Negócios no Comércio a Retalho

Dez-09 Jan-10 Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10

União Europeia 0,0 -1,4 0,0 1,6 -1,0 0,5

Zona do euro 0,1 -0,7 0,1 1,6 -0,5 0,3

Fonte: Eurostat, tvh em %, valores corrigidos

Em Junho, a taxa de variação homóloga dos preços na zona do euro baixou

para 1,4%, menos 0,2 p.p. do que em Maio. No conjunto da União Europeia, os

preços aumentaram 1,9%, menos 0,1 p.p. que em Maio.

Evolução da Inflação

tvh Taxas

médias

de 12

meses

Taxa

mensal

Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jun 10-09 Jun-10

União Europeia 1,9 2,0 2,0 1,9 1,3 0,0

Zona do euro 1,4 1,5 1,6 1,4 0,7 0,0

Fonte: Eurostat, % variação HCPI

Entre os países da zona do euro, as taxas homólogas de inflação mais baixas

verificaram-se novamente na Irlanda (-2,0%), nos Países Baixos (0,2%, valor

provisório), e na Eslováquia (0,7%) e as mais elevadas na Grécia e na Bélgica (5,2%

e 2,7%, respectivamente). Na Espanha, os preços subiram, também em termos

homólogos, 1,5%.

A inflação subjacente na zona do euro foi de 0,9% (valor provisório).

De acordo com dados do Eurostat (ajustados de sazonalidade), a taxa de

desemprego da zona do euro fixou-se em 10,0% no mês de Maio, o mesmo valor

verificado em Março e Abril. O Eurostat estima assim que 15,79 milhões de

pessoas na zona do euro (mais 35 000 que em Março e mais um milhão que no

mesmo mês de 2009) se encontrassem em situação de desemprego no mês em

Page 12: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

10 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

destaque. Considerando o cômputo geral da UE, a taxa de desemprego manteve-se

nos 9,6%, com cerca de 23,1 milhões de desempregados.

Taxa de Desemprego

Dez-09 Jan-10 Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10

União Europeia 9,4 9,5 9,6 9,6 9,6 9,6

Zona do euro 9,9 9,9 9,9 10,0 10,0 10,0

Fonte: Eurostat; % da população activa, ajustada de sazonalidade. Valores revistos.

Os países da zona do euro (com dados disponíveis) com taxas de desemprego mais

baixas eram, em Maio, os Países Baixos (4,3%) e a Áustria (4,0%). Por outro lado, o

país com taxa mais alta de desemprego era a Espanha (19,9%). A taxa de

desemprego subiu ligeiramente ou estabilizou na maioria dos países da zona do euro.

Os últimos resultados fornecidos pelos inquéritos aos consumidores e às

empresas (compilados pela Comissão Europeia) apontam para ligeira deterioração

do clima de confiança dos agentes económicos na zona do euro e na UE.

Indicador de Confiança na União Europeia

Dez-09 Jan-10 Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10

Indústria -16 -13 -12 -9 -7 -5 -6

Construção -33 -34 -32 -29 -28 -30 -32

Comércio a retalho -6 -3 -5 -4 0 -4 -4

Serviços -2 -2 0 1 4 2 4

Consumidores -14 -13 -13 -14 -12 -15 -15

Indicador do Clima

Económico (ESI)

95,0 97,2 97,6 99,8 101,9 100,2 100,1

Fonte: Comissão Europeia. Poderá ter ocorrido uma quebra de série em Maio devido à utilização de novos fornecedores

de informação.

No mês de Junho, este indicador na zona do euro subiu ligeiramente para os 98,7

pontos (melhoria de 0,3 pontos). O indicador de clima na UE apresentou uma

evolução inversa baixando ligeiramente. A grande maioria dos países da União

Europeia registou alterações positivas neste indicador, com as excepções mais

perceptíveis, e que influenciaram o índice, na Bélgica, nos Países Baixos, Portugal e

Reino Unido.

Page 13: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

11

Chama-se a atenção para a leitura deste gráfico ter de ter em conta a possível quebra de série em Maio: apenas números relativos a meses subsequentes poderão dar uma ideia correcta de se essa quebra influiu significativamente na informação que se pretende mostrar.

2. Estados Unidos da América

2.1. Envolvente Política, Social e Económica

Em Junho, a Reserva Federal manteve a principal taxa de juro de referência num

mínimo histórico (intervalo de 0 a 0,25%) e a perspectiva de um nível

excepcionalmente baixo durante bastante tempo, em face da retoma gradual dos

baixos níveis de utilização da capacidade produtiva, que limitam as pressões

inflacionistas. No que se refere aos dados económicos, foi salientada a retoma

gradual do emprego e a deterioração das condições de financiamento, devido,

em larga medida, aos desenvolvimentos no estrangeiro, condicionando o

consumo e o investimento.

Nas minutas da reunião, entretanto divulgadas, ficou a saber-se que a Reserva

Federal reduziu as suas previsões de crescimento económico para 2010 para

um intervalo de 3% a 3,5% (3,2% a 3,7% em Abril, valores referentes à variação

homóloga do PIB no quarto trimestre). O ritmo de crescimento da actividade está

condicionado por uma série de factores, como a incerteza dos consumidores e

Índice de Clima Económico (ESI) - UE e zona euro

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

110,0

120,0

Jan

-07

Fev

-07

Mar

-07

Ab

r-0

7

Mai

-07

Jun

-07

Jul-

07

Ag

o-0

7

Set

-07

Ou

t-0

7

No

v-0

7

Dez

-07

Jan

-08

Fev

-08

Mar

-08

Ab

r-0

8

Mai

-08

Jun

-08

Jul-

08

Ag

o-0

8

Set

-08

Ou

t-0

8

No

v-0

8

Dez

-08

Jan

-09

Fev

-09

Mar

-09

Ab

r-0

9

Mai

-09

Jun

-09

Jul-

09

Ag

o-0

9

Set

-09

Ou

t-0

9

No

v-0

9

Dez

-09

Jan

-10

Fev

-10

Mar

-10

Ab

r-1

0

Mai

-10

Jun

-10

Series1 Series2Fonte: Comissão Europeia

Page 14: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

12 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

empresas, a fraqueza do mercado residencial, a melhoria apenas gradual do

emprego, o fim do estímulo orçamental e a lenta melhoria das condições de

concessão de crédito bancário. A maioria dos membros do Conselho de Política

Monetária considerou que, dada a severidade da recente recessão, demorará

cinco ou seis anos até a economia convergir para uma trajectória de longo

prazo com valores sustentáveis de crescimento económico, taxa de

desemprego e inflação compatíveis com o objectivo dual da Reserva Federal

(máximo de emprego com estabilidade de preços).

Já em Julho, o FMI considerou que a retoma da economia norte-americana,

embora ainda modesta em termos históricos, tem sido mais rápida do que o

esperado, muito por causa da forte e efectiva actuação das autoridades do país.

Contudo, o FMI alertou para o risco de contágio da crise de crédito soberano na

Europa por via dos mercados financeiros e do comércio externo.

O Gabinete orçamental do Congresso alertou, no início de Julho, para a

urgência de reduzir a dívida pública dos Estados Unidos. Num cenário sem

grandes alterações à actual legislação, a dívida passaria de 62% do PIB em 2010

para 80% em 2035, reflectindo, em larga medida, o crescimento da despesa social

associada ao envelhecimento da população (mesmo contando com a recente reforma

do sistema de saúde, que permite alguma atenuação destes custos, a prazo). No

entanto, num cenário alternativo de alterações legislativas possíveis, com destaque

para a extensão dos cortes de impostos da anterior Administração, a dívida atingiria

185% do PIB em 2035. Acresce ainda, segundo o Director do CBO, que as

projecções podem subestimar a severidade dos altos níveis de dívida no longo prazo,

dado que podem conduzir a taxas de juro mais elevadas e a um menor crescimento

económico.

O anterior Presidente da Reserva Federal norte-americana, Alan Geenspan,

defendeu, em Julho, a expiração dos cortes de impostos decididos em 2001 pela

Administração Bush, a que ele também deu o seu aval, de modo a reduzir o

elevado défice orçamental.

O Congresso deu aprovação final à reforma do sistema financeiro (designada Lei

Dodd-Frank), faltando agora definir quem será o responsável pela agência de

protecção dos consumidores de produtos financeiros, que será criada no âmbito

da nova legislação. Entre as principais medidas, destaca-se a imposição de

restrições aos sistemas proprietários de trading dos bancos, o novo

mecanismo para a liquidação de instituições financeiras, até agora consideradas

Page 15: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

13

demasiado grandes para deixar falir, o reforço da vigilância dos riscos

económicos e financeiros por um conselho de reguladores, e as restrições à

comercialização bancária de produtos derivados. Outra das medidas, até agora

pouco difundida, é a obrigação das companhias norte-americanas passarem a

divulgar os detalhes das taxas, royalties e outras comissões pagas nos países

em que operam. Esta medida, aclamada pelos militantes anti-corrupção, obrigará,

nomeadamente, as empresas petrolíferas e mineiras a divulgar os biliões de

dólares que pagam aos governos dos países onde estão presentes.

Pela mesma altura, a British Petroleum (BP) anunciou que conseguiu estancar a

fuga de petróleo da plataforma que explodiu a 20 de Abril no Golfo do México,

provocando o maior desastre ambiental de sempre nos Estados Unidos. O

Presidente Obama considerou a notícia muito positiva, mas pediu cautela pois ainda

existe o risco de novas fugas, sendo que a situação só ficará resolvida com a

perfuração de um novo poço ao lado para intersecção com o original, de modo a

fechá-lo permanentemente. A fuga poderá custar à BP entre 30 e 100 mil milhões

de dólares, conforme as estimativas. A petrolífera britânica já pagou 200 milhões a

32 mil queixosos, e há outros 17 mil em avaliação para elegibilidade de pagamento,

mais 61 mil em fase de recolha de dados. O desastre terá levado já à falência de

um terço da indústria da pesca na costa local.

Também pela mesma altura, a Goldman Sachs acordou o pagamento de uma

multa de 550 milhões de dólares para terminar o processo movido pelo

regulador financeiro (Securities and Exchange Comission, SEC) por induzir em

erro os investidores em produtos financeiros relacionados com crédito

hipotecário. Apesar de esta ter sido a maior multa já aplicada a um banco norte-

americano, corresponde a apenas uma semana de receitas de trading da

empresa e a cerca de metade do montante de fraude que a SEC alegou em Abril.

2.2. Economia Real

De acordo com dados revistos das contas nacionais dos Estados Unidos, o PIB

cresceu apenas 2,7% no primeiro trimestre (variação em cadeia anualizada, com

ajustamento de sazonalidade), face a 3,2% nas primeiras estimativas.

O mais recente relatório de conjuntura da Reserva Federal (Livro Bege), com

informação até metade de Julho, deu conta de um crescimento ligeiramente mais

forte da actividade económica, com destaque para o bom desempenho da

produção industrial e uma melhoria do andamento nos serviços. Pelo contrário,

Page 16: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

14 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

as despesas de consumo perderam dinamismo na maior parte dos distritos, mas

os relatórios apontaram um maior optimismo nas perspectivas económicas. No

que concerne o comportamento dos salários e dos preços dos bens finais, não foram

reportadas pressões significativas.

Em Junho, a taxa de inflação homóloga medida pelo índice de preços no

consumidor reduziu-se para 1,1% (menos 0,9 p.p. que em Maio), o mínimo desde

Outubro. O indicador de inflação subjacente, que retira as componentes voláteis

de energia e alimentação, manteve-se, pelo terceiro mês consecutivo, em 0,9%, o

nível mais baixo desde 1961.

As despesas de consumo recuperaram uma trajectória de crescimento em Maio

(variação real em cadeia de 0,3%, após uma estagnação em Abril), mas que não

deverá ser suficiente para evitar um abrandamento no segundo trimestre. O

rendimento disponível voltou a aumentar mais do que o consumo (0,5%,

também em termos reais, menos 0,1 p.p. que em Abril), elevando a taxa de

poupança para 4% (mais 0,2 p.p. que em Abril).

No lado da oferta, os dados sectoriais revelaram um reforço do dinamismo na

indústria, um ligeiro abrandamento nos serviços e a continuação do

desagravamento das quebras na construção:

- o crescimento homólogo da produção industrial aumentou para 7,9% em Junho

(mais 2,5 p.p. que no mês precedente), tendo passado de 2,7% para 7,2% do

primeiro para o segundo trimestre;

- o índice ISM não industrial recuou para 53,8 pontos em Junho (55,4 pontos em

Maio), traduzindo um menor crescimento da actividade;

- as despesas de construção registaram uma quebra homóloga de 8% em Maio,

inferior à descida homóloga de Janeiro a Maio, de 12% (variações nominais),

confirmando que a tendência de desagravamento se mantém.

Em Junho, a taxa de desemprego reduziu-se para o mínimo de quase um ano

(9,5%, menos 0,2 p.p. que em Maio), mas em resultado da passagem de

desempregados para inactivos. Nos dados por estabelecimento, o número de

postos de trabalho não agrícolas diminuiu pela primeira vez desde Dezembro

(em 125 mil), mas em resultado da descida no sector público (provavelmente

associada ao fim da contratação para os censos). O emprego diminuiu a menor

ritmo na construção e acelerou nos serviços privados, ainda que se tenha registado

um abrandamento na indústria.

Page 17: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

15

Em termos de indicadores avançados, a informação mais recente do Instituto

Conference Board revelou-se desfavorável, apontando para um abrandamento

da retoma económica dos Estados Unidos nos próximos meses. Em Junho, o

índice de confiança dos consumidores recuou de forma significativa, após três

meses de subida, reflectindo a incerteza sobre a evolução no mercado de trabalho . O

índice dos indicadores avançados do mesmo Instituto confirmou a tendência

recente de desaceleração em Maio (subida de 0,4%, após 0% e 1,4% nos dois

meses anteriores), esperando-se uma evolução semelhante da actividade económica

nos próximos meses.

3. Japão

3.1. Envolvente Política, Social e Económica

Em Julho, o Banco do Japão manteve a sua taxa de juro inalterada em 0,1%

(valor fixado em Dezembro de 2008). A actividade económica continuou a

recuperar moderadamente, assente sobretudo na melhoria da procura externa,

reflectindo o elevado crescimento dos países emergentes e o aumento da procura

global de bens ligados às tecnologias de informação e comunicação. O investimento

começa a dar sinais de retoma, com a melhoria dos resultados e da confiança dos

empresários, e o consumo privado tem vindo a recuperar devido às medidas de

estímulo do Governo, já que as condições de emprego e rendimento se mantêm

difíceis. Dado o nível ainda baixo de utilização da capacidade produtiva, o IPC

continuou a exibir uma tendência de queda, embora o ritmo de descida tenha vindo a

atenuar-se.

No que se refere a perspectivas, o Banco do Japão espera a continuação da

retoma moderada da actividade, tendo revisto em alta a projecção de

crescimento para o ano fiscal de 2010 (2,6%, o valor mais alto da década, mais 0,8

p.p. que em Abril, considerando os pontos medianos dos intervalos de previsão),

devido à aceleração da procura nas economias emergentes. No ano fiscal de

2011, que terá início em Abril, o crescimento deverá reduzir-se para 1,9%, valor

ligeiramente inferior à anterior projecção (menos 0,1 p.p.). A previsão dos

preços manteve-se praticamente inalterada (descida de 0,4% em 2010 e aumento

de 0,1% em 2011, referentes à variação homóloga do IPC sem a componente de

bens alimentares frescos).

No início de Julho, a coligação governamental perdeu a maioria na Câmara Alta

do Parlamento japonês, numas eleições cuja campanha foi centrada na

Page 18: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

16 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

proposta do novo primeiro-ministro, Naoto Kan, de aumento do imposto sobre

o consumo (actualmente de 5%, muito abaixo da generalidade dos países

desenvolvidos). O resultado poderá adiar os esforços para restaurar a

sustentabilidade fiscal da segunda maior economia mundial e travar o impulso

reformista do novo Governo, já que o primeiro-ministro Naoto Kan (o quinto em

menos de 4 anos) ficou vulnerável perante os parceiros de coligação e vê-se sujeito a

adiamentos e bloqueios de medidas na Câmara Alta. Kan admitiu que a questão do

aumento do imposto poderá ter sido decisiva para o resultado, mas afastou a

possibilidade de demissão e considerou que o resultado não podia ser

interpretado como uma rejeição da medida pelos eleitores, mas como um sinal

de que as reformas devem ser mais discutidas. No entanto, pouco depois, e de

forma súbita, Kan prometeu não voltar a insistir no aumento do imposto sobre o

consumo antes das próximas eleições gerais, que só terão lugar em 2013.

Passados alguns dias, no âmbito da sua análise anual à economia nipónica, o FMI

defendeu que o aumento do imposto sobre o consumo deverá ser parte da

estratégia para estabilizar a emissão de dívida e alcançar um saldo primário

equilibrado em 2020. O Fundo preconizou uma subida anunciada da taxa de

imposto de 5% para 15%, ao longo de vários anos, de modo a inverter o actual

adiamento de despesa dos consumidores devido à deflação, em combinação

com a redução do imposto sobre o rendimento singular e uma reforma dos impostos

sobre as empresas, para estimular o investimento. No combate à deflação, o FMI

considera que o Banco do Japão pode comprometer-se mais fortemente com a

política monetária acomodatícia até que a inflação subjacente atinja 1% ou mais.

3.2. Economia Real

Em Maio, o índice de preços no consumidor registou uma descida homóloga

menos acentuada (0,9%, menos 0,3 p.p. que no mês anterior), mas a quebra do

índice subjacente, que exclui alimentação e energia, manteve-se bastante

significativa (1,6%).

A despesa de consumo das famílias trabalhadoras agravou o ritmo de quebra

homóloga em Maio (1,1 p.p., para 3,4%, em termos reais), após uma subida de

0,5% no primeiro trimestre. O rendimento disponível passou também a

apresentar um comportamento negativo (variação homóloga de -5,3%, após 0,8%

em Abril).

Page 19: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

17

A taxa de desemprego do Japão aumentou pelo terceiro mês consecutivo em

Maio, situando-se em 5,2% (mais 0,1 p.p. que em Abril), o nível mais alto desde

Dezembro.

Os indicadores avançados disponíveis sugerem a continuação da retoma

económica nos próximos meses. O inquérito Tankan do Banco do Japão mostrou

uma melhoria da confiança dos empresários nipónicos no segundo trimestre,

com o indicador a tornar-se positivo nas grandes empresas industriais, pela

primeira vez em dois anos. O índice de confiança dos consumidores continuou a

aumentar em Junho, atingindo um máximo de quase três anos, em claro

contraste com a recente quebra das despesas de consumo.

4. Mercados e Organizações Internacionais

4.1. Mercado de Câmbios

Cross rates das principais divisas internacionais

(fecho das sessões de início e fim das semanas de Junho)

Dólares por

Euro

Libras por

Euro

Ienes por

Euro

Libras por

Dólar

Ienes por

Dólar

Terça, 1 1,216 0,835 110,650 0,687 91,032

Sexta, 4 1,206 0,827 111,730 0,686 92,645

Segunda, 7 1,196 0,825 109,860 0,690 91,864

Sexta, 11 1,213 0,829 111,130 0,684 91,638

Segunda, 14 1,225 0,831 112,430 0,678 91,787

Sexta, 18 1,237 0,836 112,120 0,675 90,624

Segunda, 21 1,239 0,834 113,100 0,673 91,276

Sexta, 25 1,229 0,824 109,990 0,670 89,466

Segunda, 28 1,234 0,820 110,250 0,665 89,351

Quarta, 30 1,227 0,817 108,790 0,666 88,656

Variação (1) -0,29% -3,67% -3,40% -3,39% -3,12%

(1) Variação registada entre a última cotação do(s) mês(es) em análise e a última cotação do mês anterior.

Nota: cálculo com base no ´fixing’ do Banco Central Europeu

Em Junho, o euro voltou a registar uma depreciação nos principais câmbios,

reflectindo sobretudo rumores de um pedido de ajuda da Espanha ao FMI no

início do mês. A moeda recuperou depois parte do seu valor (em especial face ao

dólar), com o sucesso de colocação de dívida espanhola, o menor recurso a uma das

facilidades de financiamento do BCE e o anúncio de divulgação dos testes de stress

aos bancos europeus a atenuarem os receios em torno da zona euro. Salienta-se

ainda o anúncio de manutenção da posição em euros do fundo com maior exposição

Page 20: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

18 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

(chinês), e a rejeição, pelo tribunal constitucional alemão, de uma injunção que

poderia impedir o país de participar no pacote de estabilização financeira da zona

euro. No decurso do mês, o euro atingiu mínimos de quase 9 anos face ao iene,

de 4 anos em relação ao dólar, e de 20 meses na cotação com a libra

Ao longo do mês, as preocupações foram passando do risco de crédito

soberano na Europa para a possibilidade de uma recaída da economia norte-

americana face ao esgotamento dos programas de estímulo orçamental (e um

provável prolongamento das baixas taxas da Reserva Federal), na sequência de

divulgação de dados desfavoráveis nos EUA. Esta perspectiva enfraqueceu o dólar

também na perspectiva de moeda de refúgio, tornando o iene mais procurado

nos períodos de maior aversão ao risco. Este comportamento explicou a

apreciação mensal do iene nos principais câmbios, após uma breve descida no

início de Junho, com rumores de que o novo primeiro-ministro, Naoto Kan, tentará

depreciar a moeda com intervenções cambais, tendo em conta a sua posição sobre a

matéria no passado, como ministro das Finanças.

No caso da libra, o anúncio de cortes profundos de despesa pública pelo novo

governo britânico reduziu a preocupação com a situação orçamental do Reino

Unido e o risco de uma descida acentuada do rating da dívida, traduzindo-se numa

apreciação significativa da moeda face ao euro e ao dólar. A libra situou-se num

máximo de 20 meses face ao euro e recuperou de um mínimo de 14 meses face ao

dólar.

A variação das principais taxas de câmbio em Junho (no primeiro semestre) foi a

seguinte: depreciação do euro relativamente à libra, ao iene e ao dólar em 3,67%,

3,4% e 0,29%, respectivamente (7,96%, 18,3% e 14,82%) e do dólar face à libra

(apreciação de 8,06%); recuo de 3,12% (4,09%) do dólar na cotação com o iene.

Finalmente, destaca-se o anúncio de flexibilização do regime cambial chinês em

Junho, após dois anos de ligação ao dólar. As autoridades chinesas consideraram

que a maior estabilidade das condições económicas permite retomar a reforma

do sistema de câmbio com referência a um cabaz de moedas, mas com uma

banda diária de variação face ao dólar bastante estreita e vigiada, permitindo

apenas uma apreciação lenta e controlada. O anúncio levou a uma subida das

moedas de outros exportadores asiáticos (que poderão assim acomodar uma

apreciação das suas moedas sem perda de competitividade face à concorrência

chinesa) e a um breve período de euforia dos mercados financeiros, que retirou

Page 21: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

19

procura como moeda refúgio ao dólar e iene, mas este movimento inverteu-se logo a

seguir com a divulgação de dados económicos menos favoráveis.

4.2. Mercados Bolsistas Internacionais

Em Junho, os principais índices accionistas internacionais recuaram pelo

segundo mês consecutivo, na maioria dos casos, traduzindo os receios de

abrandamento da retoma económica global, que prevaleceram à medida que as

preocupações com o risco de crédito soberano na Europa se foram atenuando.

O anúncio de flexibilização do regime cambial chinês e a perspectiva de

divulgação dos resultados dos testes de stress financeiro aos bancos europeus

proporcionaram alguma recuperação das bolsas em meados dos mês, que

rapidamente se desvaneceu com a divulgação de dados económicos desfavoráveis

nos EUA e China.

No caso dos índices norte-americanos de referência, o Dow Jones industrials

(representativo dos 30 títulos mais tradicionais) registou uma perda mensal de

3,6%, enquanto o índice tecnológico Nasdaq Composite recuou 6,6%. O saldo

do primeiro semestre foi negativo em ambos os casos, com quebras de 6,3% no

Dow e de 7,1% no Nasdaq.

Os receios de abrandamento da actividade económica provocaram uma descida

da yield das obrigações do Tesouro norte-americano a 10 anos abaixo dos 3%

(2,97%, no dia 30, após 3,27% no dia 1 de Junho), pela primeira vez em 14 meses.

6547,05

11205,03

9816,49

5000,00

6000,00

7000,00

8000,00

9000,00

10000,00

11000,00

12000,00

13000,00

14000,00

15000,00

01

/01

/09

20

/01

/09

06

/02

/09

25

/02

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16

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02

/04

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21

/04

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08

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/09

27

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15

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02

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21

/07

/09

07

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/09

26

/08

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14

/09

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01

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/09

20

/10

/09

06

/11

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25

/11

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14

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31

/12

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19

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/10

05

/02

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24

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/10

15

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/10

01

/04

/10

20

/04

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07

/05

/10

26

/05

/10

14

/06

/10

Índ

ice (em

po

nto

s)

Estados Unidos - índice Dow Jones Industrials

Fonte: Yahoo Finance

Page 22: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

20 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Na Europa, os índices representativos das duas principais praças financeiras

evidenciaram comportamentos distintos. Em Frankfurt, o índice alemão Dax Xetra

registou uma variação nula, travando as perdas graças à atenuação da crise de

dívida soberana europeia, enquanto o índice inglês Ftse-100 perdeu 5,2% em

face das medidas de austeridade do novo Governo britânico. No cômputo do

primeiro semestre, o Ftse recuou 9,2%, um desempenho contrastante com a

subida de 0,1% do Dax, que reflecte, em grande medida, a capacidade de

resistência da economia alemã à crise internacional.

O índice japonês Nikkei-225 perdeu cerca de 4% em Junho, traduzindo os

receios de abrandamento da economia global e a apreciação do iene, que

penaliza o sector exportador. O primeiro semestre saldou-se por uma descida de 11%

do índice.

3000,00

3600,00

4200,00

4800,00

5400,00

6000,00

6600,00

7200,00

7800,00

8400,00

01

/01

/09

20

/01

/09

06

/02

/09

25

/02

/09

16

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/09

02

/04

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21

/04

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/05

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27

/05

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15

/06

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02

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21

/07

/09

07

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/09

26

/08

/09

14

/09

/09

01

/10

/09

20

/10

/09

06

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/09

25

/11

/09

14

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31

/12

/09

19

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/10

05

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24

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15

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20

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07

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/10

26

/05

/10

14

/06

/10

Índ

ice (em

po

nto

s)

Alemanha e Reino Unido

Alemanha

índice Dax Xetra

Reino Unido

índice Footsie 100

Fonte: Yahoo Finance

Page 23: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

21

4.3. Mercados de Matérias-Primas

2008 2009 1T 10 2T 10 Mai-10 Jun-10

Brent (Mar do Norte) 98 62 76,7 78,7 76,3 74,8

Algodão 71 63 81 90 90 92

Alumínio (99,7% pureza) 2578 1699 2165 2096 2045 1929

Cobre 6963 5165 7234 7025 6843 6502

Chumbo 2093 1719 2214 1952 1877 1707

Níquel 21141 14672 19978 22457 21930 19411

Estanho 18467 13603 17190 17819 17565 17258

Zinco 1885 1658 2284 2028 1970 1747

Minério de Ferro (Fe) (1)

141 101 101 167 167 167

Fonte: Fundo Monetário Internacional

Cotações Spot; média das cotações diárias, excepto no caso do algodão (média das cotações semanais).

Unidades: brent: dólares por barril; algodão: cêntimos de dólar (cts USD) por libra de peso (1 libra de peso equivale a

453,6 gramas); alumínio (grau de pureza mínimo de 99,5%), cobre, chumbo, níquel, estanho, zinco: dólares por

tonelada; minério de ferro: cts USD por 1% Fe DMTU (Dry Metric Ton Unit), tendo o minério Carajas Fines (Brasil) um

conteúdo de 67,55% Fe DMTU – por exemplo, uma cotação de 77 cts USD / DMTU (Carajas) equivale a 52,01 USD /

tonelada. (1)

os preços do Minério de ferro são fixados trimestralmente (anualmente, antes de Abril de 2010) pelas três principais

empresas a nível mundial (Rio Tinto, BHP Militon e Vale), constituindo a referência para os restantes produtores.

Os preços médios das matérias-primas recuaram pelo segundo mês

consecutivo em Junho, traduzindo as dúvidas crescentes sobre a robustez da

retoma económica global, em particular devido às medidas de austeridade na

Europa. A quebra das cotações concentrou-se no final do mês, com a

divulgação de alguns dados menos favoráveis nos EUA e China a reacender os

receios de abrandamento económico, invertendo a trajectória de recuperação

observada no início do mês. Esta recuperação esteve associada ao anúncio de

maior flexibilidade do yuan pelas autoridades chinesas e ao recuo da

preocupação com a dívida soberana na Europa.

No caso do brent, a cotação média diminuiu 2% em Junho (para 74,8 dólares por

barril), após uma quebra de 10% no mês anterior. A aproximação da época de

furacões no Atlântico e a diminuição da aversão ao risco provocou uma subida do

preço durante alguns períodos de Junho, mas a tendência mensal voltou a ser

negativa. No cômputo do segundo semestre, no entanto, a cotação média

aumentou 2,7%, registando-se uma subida de 33,2% em termos homólogos.

O preço médio do algodão continuou a aumentar em Junho (2,3%, para 92

cêntimos de dólar por libra de peso, o nível mais elevado desde 1995), em contra-

ciclo com as restantes matérias-primas, reflectindo a perspectiva de

insuficiência de oferta. A evolução no segundo trimestre caracterizou-se por uma

subida em cadeia de 11,1% e homóloga de 50%.

Page 24: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

22 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Nos metais de base, as cotações diminuíram de forma generalizada em Junho

(com destaque para a quebra de 16,8% no zinco), conseguindo manter, em alguns

casos, uma variação trimestral positiva - subidas de 12,4% no níquel, de 3,7% no

estanho e de 65,3% no minério de ferro (que passou a ter uma fixação trimestral, em

vez de anual), face a quedas entre 2,9% (cobre) e 11,8% (chumbo) nos restantes. As

variações homólogas continuaram a ser bastante acentuadas, tendo oscilado

entre 29,8% (chumbo) e 72,5% (níquel) no segundo trimestre.

4.4. Comércio Internacional / Organização Mundial do Comércio (OMC)

Segundo dados coligidos pela OMC, o comércio mundial cresceu cerca de 28%

em valor no primeiro trimestre de 2010, em termos homólogos, mas inverteu a

sua evolução em cadeia, reduzindo-se 3% face ao último trimestre de 2009.

Fonte: OMC

O FMI divulgou uma actualização para o seu World Economic Outlook em que prevê

um crescimento, em volume, do comércio mundial de 9,0% em 2010 (mais 2p.p. que

na previsão anterior) e de 6,3% em 2011 (mais 0,2p.p. que na previsão anterior).

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

4000000

4500000

20

07

Q1

20

07

Q2

20

07

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20

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20

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20

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20

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Q4

20

09

Q1

20

09

Q2

20

09

Q3

20

09

Q4

20

10

Q1

Comércio Mundial

Page 25: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

23

4.5. Organizações Económicas Internacionais

Em informação divulgada no início do mês de Maio, a OCDE considera que os seus

Indicadores Compostos Avançados – CLI continuam a evidenciar sinais de expansão

na maioria das economias da OCDE. Com excepção da Alemanha nota-se, no

entanto, que o ritmo de expansão diminuiu claramente de ritmo na generalidade

dos países.

Fonte: OCDE, indicadores ajustados de amplitude

No princípio de Julho o FMI reviu em alta as suas previsões para o PIB dos principais

países. Essas previsões constam do quadro seguinte:

Indicadores Avançados da OCDE

85

90

95

100

105

110

Jul-

07

Ag

o-0

7

Set

-07

Ou

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7

No

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7

Dez

-07

Jan

-08

Fev

-08

Mar

-08

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00

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May

-20

08

Jun

-20

08

Jul-

20

08

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8

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-20

08

Oct

-20

08

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00

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-20

08

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-20

09

Feb

-20

09

Mar

-20

09

Ap

r-2

00

9

May

-20

09

Jun

-20

09

Jul-

20

09

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00

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-20

09

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-20

09

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-20

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-20

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-20

10

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-20

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r-1

0

May

-20

10

Portugal United States Euro area

OECD - Total United Kingdom Germany

Page 26: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

24 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Previsões do FMI

Previsões de Julho Diferença em relação às previsões

de Primavera (p.p.)

2010 2011 2010 2011

PIB

Mundo 4,6 4,3 0,4 0,0

EUA 3,3 2,9 0,2 0,3

Zona do Euro 1,0 1,3 0,0 -0,2

Japão 2,4 1,8 0,5 -0,2

Reino Unido 1,2 2,1 -0,1 -0,4

China 10,5 9,6 0,5 -0,3

Brasil 7,1 4,2 1,6 0,1

Taxas de juro

LIBOR (euros) 0,8 1,2 -0,1 -0,4

LIBOR (dólares) 0,6 0,9 0,1 -0,8

Fonte: FMI, valores em tvh excepto LIBOR (taxas de depósitos a seis meses)

As diferenças de taxas LIBOR em dólares e euros acima levam a crer que a OCDE

preveja, a prazo, que o euro se possa depreciar relativamente ao dólar.

Page 27: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

25

E C O N O M I A N A C I O N A L

1. Envolvente Política, Social e Económica

Projecções Macroeconómicas

Foram publicadas pelo Banco de Portugal, no Boletim Económico de Verão, novas

projecções para a evolução da economia portuguesa.

Previsões de Verão Diferença em relação às

previsões de Primavera (p.p.)

2009 2010 2011 2010 2011

PIB -2,7 0,9 0,2 +0,5 -0,6

Consumo privado -0,8 1,3 -0,9 +0,2 -1,2

Consumo público 3,5 -0,9 -1,4 -0,2 -1,6

FBCF -11,1 -3,3 -1,6 +3,0 -1,9

Procura Interna -2,5 0,0 -1,1 +0,5 -1,3

Exportações -11,6 5,2 3,7 +1,6 0,0

Importações -9,2 1,7 -0,7 +1,5 -2,1

Contribuições para o PIB

Procura Interna -2,8 0,1 -1,2 +0,9 -1,0

Exportações Líquidas 0,1 0,9 1,3 0,0 +0,7

Fonte: BdP, Boletim Económico de Verão, valores em tvh, excepto contribuições para o PIB (em p.p.).

As projecções agora apresentadas forma revistas em alta para 2010, como seria de

esperar tendo em conta o desempenho da economia portuguesa durante o primeiro

trimestre do ano. No entanto, o BdP afirmou que o cenário subjacente às

projecções aponta para um crescimento limitado e para uma forte

desaceleração da actividade na segunda metade do ano e ao longo do ano de

2011, em resultado de um mais visível ajustamento da economia portuguesa, uma

vez que o dinamismo revelado pela procura interna deixará de ser sustentável.

A queda do investimento (-3,3% em 2010) deverá prolongar-se ainda em 2011,

embora de forma menos pronunciada (-1,6%). O consumo público deverá reduzir-se

durante os dois anos, em resultado das medidas de consolidação orçamental

incluídas no Orçamento do Estado e no Programa de Estabilidade e Crescimento

2010-2013. O consumo privado, que se prevê aumentar 1,3% em 2010, sofrerá em

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26 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

2011 uma queda de 0,9%, em linha com as limitações impostas pelas condições de

solvabilidade decorrentes das restrições orçamentais das famílias.

Desta forma, a procura interna deverá abrandar ao longo de 2010 e diminuir em

2011, reflectindo, entre outros factores, o impacto das medidas de consolidação

orçamental, a manutenção de condições adversas no mercado de trabalho, o

aumento da incerteza quanto ao rendimento das famílias e as condições mais

restritivas de acesso ao crédito.

O ligeiro aumento previsto para o PIB em 2011 (0,2%) decorrerá assim

exclusivamente da procura externa líquida.

De facto, a única componente da despesa cuja evolução não é revista em baixa para

2011 são as exportações, enquanto as importações permanecerão contidas devido

ao comportamento da procura interna, podendo mesmo evoluir negativamente em

2011.

O BdP sublinha que estas suas previsões estão sujeitas a um alto grau de incerteza,

associado ao enquadramento financeiro internacional e à fragilidade da actual

recuperação da economia mundial, bem como ao actual processo de consolidação

orçamental em Portugal, admitindo mesmo a possibilidade de ocorrência de uma

nova recessão.

O Banco de Portugal continua a chamar a atenção para a necessidade de se

prosseguir uma estratégia de consolidação orçamental credível, de modo a

diminuir os riscos de que a percepção dos mercados internacionais sobre as

condições de financiamento externo da economia portuguesa se deteriore.

Os pressupostos das actuais previsões do BdP incluem a possibilidade de um ligeiro

crescimento dos níveis das taxas de juro, tanto de curto como de longo prazo, uma

depreciação efectiva do euro e um preço médio do barril de petróleo de 76 dólares

em 2010 e de 80 dólares em 2011.

Contas Públicas

Em Julho, a agência de rating Moody’s reviu em baixa a notação da dívida

portuguesa em dois níveis (de Aa2 para A1), mas com perspectiva estável,

salientando a deterioração crescente dos números da dívida do país, que

“enfraquece a força financeira do Governo português a médio prazo”. Em

reacção à decisão, o Ministério das Finanças referiu, em comunicado, que ela

Page 29: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

27

“decorre da crise financeira internacional que se faz sentir desde há mais de dois

anos e que, na primeira metade de 2010, se tem manifestado sobretudo numa forte

pressão” sobre a dívida soberana. O Ministério das Finanças sublinhou que,

apesar do corte no rating da dívida pública portuguesa, a perspectiva estável da

Moody's dá um sinal de confiança na estratégia de política económica do

Governo português. Ainda segundo o comunicado do Ministério, “será de

sublinhar que, no actual contexto de incerteza, a prioridade de consolidação

orçamental, ainda que não garanta uma rápida recuperação da economia

portuguesa, é uma condição necessária para o seu crescimento sustentado”. O

ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, disse que a decisão da agência de

notação financeira já era esperada porque há 12 anos que a empresa não revia o

rating português, e apenas surpreende por ser tardia, já que segue as outras

agências de notação.

Em Julho, o Governo apresentou o Relatório de Orientação e Política

Orçamental, que actualiza as metas do Programa de Estabilidade e Crescimento

de 2010 a 2013 (em que se destaca a redução do défice orçamental para 7,3% do

PIB em 2010 e 4,6% em 2011, substituindo as anteriores metas de 8,3% e 6,6%) em

face das medidas de consolidação orçamental entretanto decididas. Não foram

previstas quaisquer receitas com a introdução e portagens nas anteriores SCUT

em 2010, numa altura em que o modelo de cobrança ainda se encontra em discussão

no Parlamento, tendo sido inscrito um valor anual de 0,11% do PIB de 2011 a

2013.

Em Junho, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, admitiu que nos

próximos anos não haverá condições para pagar prémios e progressões na

carreira aos funcionários públicos. Segundo Teixeira dos Santos, em 2010 foi

necessário cativar 40% das verbas para esses fins e não há margem de manobra nos

próximos anos, apenas estando garantidas as progressões obrigatórias.

Page 30: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

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E C O N O M I A N A C I O N A L

Estimativa de Execução Orçamental do Estado

Junho 2009 Junho 2010 Variação homóloga

Receita corrente 15821,5 16334,8 3,2%

Despesa corrente 22080,0 23214,6 5,1%

Saldo corrente -6258,5 -6879,8 9,9%

Receita de capital 288,5 331,1 14,8%

Despesa de capital 1330,7 1214,3 -8,7%

Saldo de capital -1042,2 -883,2 -15,3%

Saldo de execução orçamental -7300,8 -7763,0 6,3%

Saldo primário -4384,0 -4782,5 9,1%

valores em milhões de euros (m.e.); óptica da Contabilidade Pública; s.s. – sem significado

Nota: os valores de despesa excluem gastos de anos anteriores, activos financeiros, passivos financeiros e a

transferência para o Fundo de Regularização da Dívida Pública.

Fonte: Direcção-geral do Orçamento (DGO) - Boletim de Execução Orçamental

A mais recente síntese de execução orçamental da DGO, referente ao primeiro

semestre de 2010, revelou um défice de 7763 m.e. no subsector Estado,

correspondendo a uma subida de 6,3% em termos homólogos, em resultado de

um crescimento mais forte da despesa (4,3%, face a uma meta de 1,9% no

Orçamento de Estado de 2010) do que da receita (3,5%, mais 0,2 p.p. que o

previsto).

No que se refere à evolução da receita no primeiro semestre, destaca-se a

subida homóloga de 6% na receita fiscal (menos 0,3 p.p. que no acumulado até

Maio), em termos homólogos, mais do que compensando a quebra de 12,2% na

receita não fiscal (com um peso de apenas 12% na receita total), relacionada

sobretudo com a quebra dos rendimentos de propriedade.

A progressão da receita fiscal teve origem nos impostos indirectos (subida

homóloga de 13,2%), que contrariaram a quebra de 3,8% nos impostos directos,

onde a descida de 13,5% no IRS, associada à antecipação de reembolsos, mais do

que compensou o acréscimo de 11,8% no IRC, explicado pelo aumento das

liquidações e a diminuição dos reembolsos. Nos impostos indirectos, salienta-se o

crescimento de 16,3% da cobrança de IVA (18,2% até Maio), a traduzir o aumento

da receita bruta com o crescimento da actividade económica, assim como um efeito

de base associado à diminuição do prazo médio de reembolso. Outro contributo

importante para o aumento da receita fiscal veio da subida de 59,7% no Imposto

sobre o Tabaco, devido ao forte crescimento da introdução ao consumo (i.e.,

taxação do produto antes de distribuição e venda). Destaca-se ainda o aumento de

21,3% no Imposto sobre Veículos e de 13,8% no Imposto Único de Circulação,

muito provavelmente a reflectir a antecipação de compras de automóveis antes

do aumento da taxa de IVA, em Julho. Pela negativa, destaca-se a quebra do

Page 31: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

29

Imposto de Selo (7,8%), explicada fundamentalmente pela diminuição das operações

financeiras, tendo-se registado uma quebra menos significativa (0,8%) no ISP.

Na despesa do Estado, a subida homóloga de 4,3% no primeiro semestre (1,3%

até Maio) foi influenciada pelo acréscimo de 5,1% dos gastos correntes, que se

sobrepôs ao recuo de 8,7% das despesas de capital, com origem nas

transferências (devido a um efeito de base, associado ao programa orçamental

Iniciativa para o Investimento e o Emprego de 2009).

Entre as componentes da despesa corrente, destaca-se a subida de 7,1% das

transferências (para a Segurança Social, o SNS e a CGA, nomeadamente) e de

1,7% da despesa com pessoal. Salienta-se ainda a progressão de 2,2% da

despesa com juros, que inverteu o movimento de quebra (de 25,1%, até Maio)

em face da crise de crédito soberano na Europa e do aumento do risco da dívida

nacional percebido pelos mercados. O crescimento da despesa com subsídios

(16,6%) foi influenciado por um efeito de base relacionado com a maior expressão

orçamental dos apoios à instalação de painéis solares térmicos na segunda metade

de 2009. O recuo das aquisições de bens (4,3%) foi também explicado por um efeito

de base, designadamente o pagamento de dívidas vencidas a credores privados em

2009.

Em termos de taxas de execução, os valores até Junho foram de 46,4% na

receita (47,3% no caso das receita fiscal) e de 48,7% na despesa, situando-se, nos

dois casos, abaixo do padrão de execução uniforme ao longo do ano (50%).

Sistema Fiscal

Foi publicada a Lei n.º 11/2010, de 15 de Junho, que introduz uma nova taxa, de

45%, de IRS para sujeitos passivos ou agregados familiares que obtenham

rendimentos anuais superiores a 150.000 euros, aplicável aos rendimentos obtidos

entre os anos de 2010 e 2013, inclusive.

Através do Decreto-Lei n.º 73/2010, de 21 de Junho, foi aprovado o novo Código

dos Impostos Especiais de Consumo (CIEC), que clarifica diversos conceitos

relativos à situação de exigibilidade do imposto, ao momento da introdução no

consumo e às regras relativas aos reembolsos.

O CIEC adopta um sistema informatizado dos movimentos e dos controlos dos

produtos sujeitos a impostos especiais de consumo que permitirá a cobrança e o

pagamento deste imposto de forma mais simples e rápida.

Page 32: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

30 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Foram publicadas as medidas adicionais de reforço e aceleração da estratégia

de consolidação orçamental prevista no PEC 2010-2013, de modo a atingir as

novas metas de redução do défice e o controlo do crescimento da dívida pública.

Em matéria fiscal regista-se:

O aumento, em 1 ponto percentual, de cada uma das taxas do IVA, a normal, a

intermédia e a reduzida, que passam a ser, respectivamente, de 6%, 13% e 21%;

Uma tributação adicional em sede de IRS, mediante um aumento,

correspondente a 1 ponto percentual, das taxas gerais deste imposto aplicáveis

até ao 3.º escalão de rendimentos e a 1,5 pontos percentuais a partir do 4.º

escalão, bem como um aumento equivalente nas taxas liberatórias de IRS que

passam a ser de 21,5%;

Uma tributação adicional em sede de IRC, aplicando uma sobretaxa

correspondente a uma derrama estadual de 2,5 pontos percentuais às empresas

cujo lucro tributável seja superior a 2 milhões de euros; e

O agravamento da tributação em sede de Imposto do Selo na concessão de

crédito ao consumo.

No que respeita a medidas relativas à despesa, prevê-se uma redução das

transferências para o Sector Empresarial do Estado, reforçando a adopção de

medidas de racionalização e sustentabilidade financeira, bem como a redução em 5%

das remunerações de titulares de cargos políticos, gestores públicos e equiparados.

O reforço da redução da despesa passará, ainda, pelo controlo estrito do

recrutamento de trabalhadores em funções públicas, nas diferentes administrações

públicas.

O Presidente da República, Cavaco e Silva, decidiu que, após a publicação e

entrada em vigor do diploma que prevê medidas fiscais adicionais ao PEC (Lei n.º 12-

A/2010, de 30 de Junho), irá pedir a fiscalização sucessiva junto do Tribunal

Constitucional relativamente a algumas normas de natureza fiscal nela

previstas.

Foi publicado o Despacho normativo n.º 18-A/2010, de 1 de Julho, que regulamenta

os pedidos de reembolso do IVA, bem como, os termos e condições de acesso e

inscrição no regime de reembolso mensal. A partir de 2 de Julho de 2010, os

sujeitos passivos podem requerer a inscrição neste regime.

De acordo com as conclusões da auditoria da Inspecção-Geral de Finanças

(IGF) ao sistema de controlo das manifestações de fortuna, que constam do

relatório de combate à fraude e evasão fiscais referente a 2009, 62% dos

recursos resultaram em decisões total ou parcialmente favoráveis ao sujeito

Page 33: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

31

passivo. Os principais constrangimentos identificados prendem-se com as áreas de

informação e sistemas informáticos disponíveis, bem como, ao nível do quadro legal.

Nas conclusões desta auditoria a IGF considera a avaliação indirecta da matéria

tributável em sede de IRS essencial na luta contra a evasão e fraude fiscais e sugere

à DGCI a divulgação de instruções administrativas actualizadas, bem como a

alteração do regime legal no sentido da simplificação deste procedimento.

Do relatório de combate à fraude e evasão fiscais, do Ministério das Finanças,

consta ainda que, no final de 2009, as dívidas fiscais acumuladas ascendiam a

14,1 mil milhões de euros.

No ano passado, a Direcção-Geral dos Impostos concluiu e remeteu para o Ministério

Público 5023 processos de inquérito, mais do dobro de 2008 (2455 processos). A

maioria dos processos respeita ao crime de abuso de confiança fiscal (não entrega de

IRS retido na fonte, IVA e Imposto do Selo de valor superior a 7500 euros por

declaração).

Como prioridades ao combate à fraude e evasão fiscais para 2010, o relatório

refere: facturação falsa, reembolsos de IVA, planeamento fiscal agressivo,

manifestações de fortuna, sector da construção civil, obras públicas e

subempreiteiros, actividades artísticas e de espectáculos, restauração, organização

de eventos e outros negócios associados, actividades de saúde, comércio de

equipamentos informáticos e telemóveis, relojoarias e ourivesarias, fraude ao IVA nas

aquisições intracomunitárias.

Foi regulamentada a certificação prévia dos programas informáticos de

facturação do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas

e determinado que os programas informáticos, utilizados por sujeitos passivos de IRS

ou de IRC, para emissão de facturas ou documentos equivalentes e talões de venda,

devem ser objecto de prévia certificação pela Direcção-Geral dos Impostos.

A partir de 1 de Janeiro de 2011 a utilização de programas certificados é obrigatória

para os sujeitos passivos que tenham um volume de negócios superior a 250.000 € e

a partir de 1 de Janeiro de 2012, para aqueles cujo volume de negócios seja superior

a 150.000 €.

Política Industrial e Comercial e de Investimentos Públicos

Em Julho, foi apresentada no Europarque, com a presença do Primeiro-ministro e

do Ministro da Economia, a Estratégia para a Aceleração da Execução de

Projectos Empresariais, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional

Page 34: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

32 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

(QREN), a qual se desdobra em 12 medidas, algumas das quais com objectivos de

simplificação e eficiência de procedimentos administrativos.

De particular importância, reveste-se a linha de crédito QREN-Investe, no valor

de 800 milhões de euros, para financiamento de projectos aprovados no âmbito

dos sistemas de incentivo do QREN, tendo sido assinados protocolos com diversas

instituições financeiras com vista à operacionalização desta linha de crédito, que

funcionará em moldes semelhantes às linhas PME Investe.

Foram também assinados contratos com diversas sociedades de capital de

risco, relativos ao reforço de 24 fundos, que beneficiarão de um apoio total de 124

milhões de euros, bem como com sociedades de Business Angels que contarão

com um apoio de 27 milhões de euros do QREN.

Entre as medidas anunciadas, conta-se ainda um mecanismo excepcional de

ajuste que permite a recalendarização e/ou redimensionamento de projectos

aprovados no âmbito do QREN, sem penalidades para os promotores, de modo a

possibilitar a sua adequação à actual conjuntura económica. Por outro lado, os

projectos aprovados há mais de 40 dias úteis sem contrato integrarão uma

“bolsa de descativação”, dispondo os respectivos promotores de um prazo de 20

dias para proceder à celebração dos contratos ou demonstrar que a situação não lhes

é imputável.

Encontra-se aberto até 15 de Outubro próximo um concurso para apoiar as

Pequenas e Médias Empresas (PME) a concretizarem objectivos de eficiência

energética, uma iniciativa integrada no âmbito do "Sistema de Incentivos à

Qualificação e Internacionalização de PME” do QREN. Podem ser apoiados projectos

empresariais, com um limite de despesa elegível entre 10 mil e 500 mil euros, que

incluam investimentos na instalação de sistemas solares térmicos para

aquecimento de águas sanitárias ou climatização, bem como investimentos

relacionados com a envolvente passiva, como sejam a instalação de isolamentos

térmicos ou a correcção de factores solares em vãos envidraçados (Aviso para

Apresentação de Candidaturas n.º 03/SI/2010).

No dia 16 de Junho foi protocolada com várias instituições de crédito a Linha

de Crédito PME Investe VI, que tem uma dotação global de 1250 milhões de

euros, tendo sido criadas duas Linhas Específicas:

i) “Micro e Pequenas Empresas”, no montante global de 350 milhões de

euros;

ii) “Geral”, no valor de 900 milhões de euros (a qual se desdobra numa

“Dotação Geral”, no valor de 450 milhões de euros, e numa “Dotação

Específica Empresas Exportadoras” de igual montante).

Page 35: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

33

Comparativamente às anteriores, a linha de crédito PME Investe VI envolve taxas de

juro mais altas, decorrentes de um spread a suportar pela empresa mais elevado

(http://www.iapmei.pt/iapmei-art-03.php?id=2573).

S. Pedro de Moel vai servir para zona de experiência piloto para a produção de

energia eléctrica a partir da energia das ondas do mar, uma decisão tomada na

reunião de Conselho de Ministros de 17 de Junho que atribuiu a concessão a uma

sociedade a constituir pela REN (Redes Energéticas Nacionais, SGPS), que deterá

integralmente o seu capital social inicial, o qual deverá ser sempre maioritariamente

público. Trata-se de uma concessão em regime de serviço público que pretende

regular a utilização privativa dos recursos hídricos do domínio público e promover o

desenvolvimento do aproveitamento das ondas marítimas para a produção de energia

eléctrica.

O Conselho de Ministros de 24 de Junho aprovou a Proposta de Lei de um regime

especial para as expropriações necessárias à realização de infra-estruturas de

projectos de investimento co-financiados por fundos comunitários ou de

plataformas logísticas. Este regime, a submeter à Assembleia da República,

pretende acelerar a execução do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN)

e de outros fundos comunitários e responder às necessidades do país em infra-

estruturas, designadamente as de abastecimento de água, de saneamento de águas

residuais, de valorização de resíduos sólidos urbanos e de áreas de acolhimento

empresarial, de forma a garantir o máximo aproveitamento dos fundos comunitários

disponíveis durante o período de programação.

Foram estabelecidos os requisitos técnicos e financeiros a que fica sujeita a

atribuição de licença para o exercício da actividade de comercialização de

electricidade para a mobilidade eléctrica, bem como algumas regras

procedimentais aplicáveis à instrução do respectivo requerimento (Portaria n.º

456/2010 – I Série n.º 126, de 01/07).

O Estado português usou a golden share (direitos especiais) que detém na

Portugal Telecom (PT) para vetar a compra da participação que a operadora tem

na brasileira Vivo, pela espanhola Telefónica, durante a assembleia-geral de

accionistas da PT, apesar da maioria (74%) ter dado luz verde ao negócio. O

Governo considerou que estavam em causa os interesses estratégicos de Portugal e

da PT.

Sabe-se já que o Tribunal de Justiça europeu deu a conhecer a sua decisão

sobre a detenção da golden share por parte do Estado português na Portugal

Page 36: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

34 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Telecom, concluindo que constitui uma restrição não justificada à livre

circulação de capitais, violando as regras comunitárias da concorrência e que por

isso deve ser extinta.

Política Social e Laboral

No âmbito da concretização de medidas adicionais do Programa de

Estabilidade e Crescimento 2010-2013 foram eliminados os seguintes regimes

de apoio temporários: redução do prazo de garantia para a atribuição do subsídio

de desemprego; prorrogação por um período de seis meses da atribuição de subsídio

social de desemprego; majoração do subsídio de desemprego a desempregados com

filhos a cargo; e pagamento do montante adicional do abono de família apenas para o

1.º escalão.

No âmbito do Programa Qualificação Emprego, o Governo revogou as

seguintes medidas transitórias e excepcionais instituídas para o ano de 2010:

Portaria n.º 126/2010, de 01/03, que estabelecia as normas de funcionamento e de

aplicação das medidas da nova geração de iniciativas sectoriais, no âmbito do

Programa Qualificação-Emprego (formação) nomeadamente as medidas «Gestão

dos ciclos de procura»; «Articulação dos contratos de trabalho intermitente com

formação»; «Medidas gerais de qualificação, aplicadas aos sectores» destinados

às empresas, trabalhadores e activos desempregados que integrem os sectores

do ramo automóvel, do comércio, da madeira e mobiliário, do têxtil e vestuário e

do turismo. Esta revogação entra em vigor no dia 1 de Julho de 2010.

Portaria n.º 274/2010, de 18/05, que alargava às empresas, trabalhadores e

activos desempregados que integram os sectores dos ramos da construção civil,

cerâmica e metalurgia e metalomecânica o âmbito de aplicação das medidas

disponibilizadas no quadro da nova geração de iniciativas sectoriais previstas na

Portaria n.º 126/2010, de 1 de Março.

A redução de três pontos percentuais da taxa contributiva relativa aos

trabalhadores que tenham 45 ou mais anos.

No âmbito do Programa Operacional Potencial Humano no que se refere ao «Apoio

ao empreendedorismo e à transição para a vida activa» foram definidos e

regulados os seguintes apoios:

«Qualificação-Emprego», com vista à manutenção do emprego e à qualificação

dos trabalhadores de empresas que são alvo de reduções momentâneas de

procura, em caso de redução temporária do período normal de trabalho ou

suspensão dos contratos de trabalho.

Page 37: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

35

«Apoio à inserção de desempregados», com vista à promoção da

empregabilidade os desempregados subsidiados, titulares do subsídio de

desemprego ou do subsídio social de desemprego, e os desempregados titulares

do rendimento social de inserção.

Foi publicado o Decreto-Lei n.º 72/2010, de 18 de Junho, que, em cumprimento

do Programa de Estabilidade e Crescimento 2010-2013, estabelece medidas

para reforçar a empregabilidade dos beneficiários de prestações de

desemprego e o combate à fraude.

Destacam-se como principais alterações:

A possibilidade de acumular o subsídio de desemprego com o desempenho de

trabalho parcial por conta de outrem ou de trabalho independente que sejam

geradores de um baixo nível de rendimento.

A obrigatoriedade de o beneficiário aceitar, durante o primeiro ano em que recebe

a prestação, propostas de trabalho que garantam uma retribuição ilíquida igual ou

superior ao valor do subsídio acrescido de 10%. A partir do 13.º mês basta que a

oferta de trabalho seja igual ao subsídio para dever ser aceite.

A criação de limites ao montante mensal do subsídio de desemprego. Assim, para

os novos desempregados o valor do subsídio não poderá ser superior a 75 por

cento do salário ilíquido que recebiam e nas prestações mais baixas o montante

não pode ser inferior ao valor líquido da remuneração de referência.

Acaba o regime excepcional que permitia aceder ao subsídio de desemprego com

12 meses de descontos, voltando agora a ser necessários 15 meses de descontos

para ter direito a esta prestação social.

Com vista a reforçar as medidas enunciadas na Iniciativa Emprego 2010, o Governo

determinou que os desempregados beneficiários de subsídio de desemprego ou

subsídio social de desemprego e dos beneficiários de rendimento social de inserção

que desenvolvem trabalho socialmente necessário, ao abrigo das medidas «Contrato

emprego-inserção» e «Contrato emprego-inserção+», têm prioridade no acesso a

estas medidas desde que aufiram prestações iguais ou inferiores à remuneração

mínima mensal garantida.

O Governo procedeu à redefinição das condições de acesso aos apoios sociais

concedidos pelo Estado e estabeleceu novas regras para a determinação dos

rendimentos, composição do agregado familiar e capitação dos rendimentos do

agregado familiar para a verificação das condições de recursos a ter em conta no

reconhecimento e manutenção do direito às seguintes prestações dos subsistemas

de protecção familiar e de solidariedade: prestações por encargos familiares,

Page 38: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

36 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

rendimento social de inserção, subsídio social de desemprego e subsídios sociais no

âmbito da parentalidade.

A ministra do Trabalho e da Solidariedade Social já havia anunciado que estas

alterações permitirão poupar 90 milhões de euros em 2010 e 199 milhões de

euros em 2011.

A ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, Helena André, apresentou ao

Conselho de Ministros um balanço do Programa Mais Viável, programa de

recuperação das dívidas à Segurança Social, que visa a regularização das dívidas

dos contribuintes e das empresas de forma a manter a respectiva viabilidade

financeira.

De acordo com o balanço apresentado, entre 2004 e 2009, houve um acréscimo

médio anual de 63% da cobrança e em 2010 o acréscimo foi de 32,8% face ao

período homólogo de 2009.

Ao abrigo deste Programa, o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social

espera cobrar este ano 400 milhões de euros do total em dívida, que ronda os

três mil milhões de euros.

Teve início a primeira edição do Programa de Estágios Profissionais na

Administração Central. Inicialmente previsto para 5 mil estágios profissionais o

Programa envolve cerca de 3 mil candidatos, distribuídos por 51 áreas de

educação e formação e por todos os distritos do continente, bem como pelas Regiões

Autónomas dos Açores e da Madeira.

O PEPAC tem como principal objectivo possibilitar a jovens licenciados uma

experiência profissional que crie condições para uma mais rápida e fácil integração no

mercado de trabalho.

De acordo com o balanço das Novas Oportunidades apresentado na presença das

ministras do Trabalho e Solidariedade Social e da Educação, Helena André e Isabel

Alçada, 1,2 milhões de portugueses já se inscreveram nas Novas Oportunidades

e 400 mil já receberam os seus diplomas de conclusão de qualificação: pelo

reconhecimento e certificação de competências, pela conclusão de cursos de

formação de adultos ou pela aprovação em exames do ensino secundário.

O número de jovens em cursos profissionais passou de 30 mil, em 2005, para mais

de 120 mil, em 2010.

No âmbito desta Iniciativa está prevista a entrada em funcionamento, antes do

final do ano, de uma rede de Centros Novas Oportunidades que, em cooperação

com associações profissionais, institutos e empresas, assegurará uma rede de

certificação profissional para mais de 100 profissões.

Page 39: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

37

Sistema Monetário e Financeiro

Foi criado um novo instrumento representativo de dívida pública, designado

por Certificados do Tesouro, o qual, como instrumento de captação de poupança

familiar, tem por objectivo promover a poupança de longo prazo dos particulares e

dinamizar o mercado de dívida pública (Resolução do Conselho de Ministros n.º

40/2010 – I Série n.º 112, de 11/06). A respectiva remuneração tem por referência

a das Obrigações de Tesouro, para períodos de permanência iguais ou superiores a

cinco anos, ou a dos Bilhetes do Tesouro ou Euribor a doze meses, para períodos

de permanência inferiores.

Em Julho, o Presidente da Comissão de Mercados de Valores mobiliários

(CMVM), Carlos Tavares, foi eleito Presidente do Comité de Reguladores

Europeus (CESR), com efeito a partir de Agosto, tendo por missão assegurar uma

transição sem problemas desta entidade para a futura Autoridade Europeia para

os Mercados Financeiros, com poderes acrescidos.

No mesmo mês, a CMVM aplicou coimas a nove ex-administradores do BCP,

num valor total de 4,325 m.e., por prestação de informação falsa ao mercado,

tendo inibido da actividade bancária oito deles pelo máximo de cinco anos.

O secretário de Estado do Tesouro, Carlos Costa Pina, mostrou-se confiante

que os testes de resistência realizados aos bancos nacionais vão dissipar

muitos equívocos e provar que o sistema bancário português é sólido e bem

gerido, e sem problemas de capital por resolver, reforçando a confiança dos

investidores internacionais. Os resultados dos testes a 91 bancos europeus serão

publicados pelo BCE a partir de 23 de Julho. Entre as instituições financeiras

avaliadas estão a CGD, o BCP, o BPI e o Espírito Santo Financial Group.

O presidente do Millenium BCP garantiu serem infundados os rumores de que o

banco está falido, postos a correr com grande intensidade em meados de Julho. O

Banco de Portugal garantiu que está a monitorizar o BCP, no âmbito da

supervisão normal, e não comenta rumores, de acordo com a política habitual do

supervisor.

O Banco de Portugal informou que o Estado irá receber, a título de dividendos,

203,2 milhões de euros da instituição, que obteve um lucro de 254,03 m.e. em

2009.

Page 40: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

38 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Segundo a administradora do Banco de Portugal, Teodora Cardoso, a crise

financeira demonstrou que, no futuro, é necessário ter um conhecimento mais

detalhado sobre as actividades dos bancos e uma maior capacidade de

supervisão do sector.

2. Economia Monetária e Financeira

2.1. Taxas de Juro

Euribor Obrigações do Tesouro

6 meses 12 meses 5 anos 10 anos

09: II 1,313 1,504 3,38 4,41

09: III 1,016 1,236 2,93 3,86

09: IV 0,994 1,248 3,07 4,06

10: I 0,958 1,215 3,55 4,52

10: II 1,041 1,306 4,69 5,98

Abril 10 0,968 1,236 4,78 5,34

Maio 10 0,989 1,260 3,71 4,87

Junho 10 1,041 1,306 4,69 5,98

4 Junho 2010 0,997 1,268 3,97 5,29

11 Junho 2010 1,003 1,271 3,98 5,33

18 Junho 2010 1,015 1,285 4,60 5,75

27 Junho 2010 1,030 1,298 4,80 5,79

30 Junho 2010 1,041 1,306 4,69 5,98

Fonte: Banco de Portugal e Reuters; valores em percentagem; taxas anualizadas a 360 dias.

Nota: Valores de final de semana/mês/trimestre; os valores para as Obrigações do Tesouro referem-se às

yields do mercado secundário.

As taxas de juro do mercado monetário europeu aumentaram em Junho,

embora de forma ligeira, tendo-se registado, no decurso do mês, uma

atenuação da crise de crédito soberano e dos problemas de liquidez,

observando-se já valores abaixo do esperado nas operações de cedência de

fundos do BCE, que manteve as taxas directoras em mínimos históricos. Espera-se,

assim, uma diminuição dos depósitos junto do Banco Central (que atingiram, no

caso da banca portuguesa, um valor recorde de 40,2 mil milhões de euros em Junho,

12% acima do total de Abril), que têm vindo a subir para valores muito elevados,

significando uma quase paragem do mercado interbancário por falta de

confiança entre os bancos. O congelamento do mercado tem sido reconhecido

pelo próprio BCE, admitindo que a banca poderá ter dificuldade em se financiar, não

Page 41: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

39

só a curto mas também a médio e longo prazos (originando, eventualmente, um

aperto na concessão de crédito), com a capacidade de vender obrigações a poder ser

prejudicada pelo risco de dívida soberana. Destaca-se também o fim do programa de

compra de títulos ligados ao crédito hipotecário, lançado pelo BCE há um ano, que

permitiu a muitos bancos usar parte da sua carteira de crédito para se refinanciar

junto do Banco Central. As taxas Euribor a 1 e 12 meses aumentaram 6 e 5

pontos base (p.b.) em comparação de final de mês, respectivamente, passando para

0,49% e 1,31% (ainda perto de mínimos históricos), o que se traduziu numa

estabilização da curva de rendimentos do mercado monetário.

No que se refere à evolução das taxas de juro de longo prazo no mercado

secundário de dívida pública nacional, a tendência voltou a ser de subida em

Junho, apesar da atenuação da crise da dívida soberana europeia ao longo do

mês, com destaque para o sucesso de emissões de dívida espanhola, e para o

abrandamento na recompra de dívida dos países com mais problemas pelo BCE. Os

receios de abrandamento económico levaram os investidores a refugiar-se nos

bunds alemães, retirando procura às obrigações dos países de maior risco

orçamental, incluindo Portugal. A yield das obrigações do Tesouro português com

maturidade residual de 5 anos registou um acréscimo de 98 p.b. em

comparação de final de mês (para 4,69%), tendo-se verificado uma subida um

pouco superior nos 10 anos (111 p.b., para 5,98), embora não tenham atingido

os máximos mais de 13 anos observados no início de Maio (6,07% e 6,44%).

Este comportamento acentuou a inclinação da curva de rendimentos entre as

duas maturidades para o valor mais elevado desde 2004, considerando

diferenciais em final de mês.

No mercado primário, o Governo português também teve sucesso nas emissões

de dívida que decorreram em Junho, mas, à semelhança de Espanha, teve de

pagar taxas de remuneração superiores às das emissores anteriores para as

mesmas maturidades, em contraste com a diminuição das yields alemãs (para

2,5%, nos 10 anos). O elevado diferencial das yields entre os países em maiores

dificuldades orçamentais (Grécia, Espanha, Portugal e Itália) e o referencial

alemão poderá atenuar-se com a implementação da Facilidade Europeia de

Estabilidade Financeira, que garante a emissão até 440 mil m.e. aos países da

zona euro em maiores dificuldades de acesso ao mercado. Outro passo

importante foi o reforço dos poderes do Eurostat, passando os seus técnicos a ter

maior acesso às contas públicas de cada país.

Page 42: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

40 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

2.2. Mercado de Valores Mobiliários

Índice PSI-20

(valores de fecho das sessões de início e fim das semanas de Junho)

Terça, 1 Sexta, 4 Seg, 7 Sexta, 11 Seg, 14 Sexta, 18 Seg, 21 Sexta, 25 Seg, 28 Quarta, 30

7.101,05 6.974,43 6.947,15 7.145,10 7.192,28 7.411,32 7.487,74 7.219,10 7.214,37 7.065,65

Índice composto pelo cabaz das 20 acções mais importantes do mercado, sujeito a uma revisão semestral; 31-12-92=

3000.

Em Junho, o índice de referência da bolsa portuguesa manteve-se praticamente

inalterado, para o que terá contribuído atenuação dos receios em torno da

dívida soberana, num mês de recuo da maioria das principais praças

internacionais e que, a nível nacional, ficou marcado pela utilização da golden

share do Estado na PT para inviabilizar a compra da participada brasileira Vivo

pela espanhola Telefónica. O índice PSI-20 diminuiu 0,1% em variação de final de

mês, encerrando o primeiro semestre com uma perda de 16,5%, associada ao

contágio da crise orçamental grega a outros países, incluindo Portugal, que teve,

assim, de acelerar o processo de consolidação das contas públicas, penalizando as

cotações em bolsa.

O valor negociado em bolsa diminuiu em Junho (15,3%), pela primeira vez em

vários meses, mas o crescimento homólogo continuou a ser acentuado (73,8%),

tendo-se situado em 58,4% no conjunto do primeiro semestre.

O andamento do PSI-20 foi caracterizado por uma descida significativa no início

de Junho, seguido de duas semanas de recuperação e uma quebra muito

acentuada no final do mês, associada aos receios de abrandamento da retoma

económica global.

Entre os 20 títulos que integram o índice, a Soane.com foi a que mais se

valorizou em Junho (8,7%), animada pela perspectiva de que a PT poderá fazer

aquisições no mercado nacional se vender a participada brasileira Vivo à

Telefónica. Seguiu-se o ganho de 7,1% da Portucel, animada com a recomendação

de compra da UBS. No lado das perdas, a evolução mais desfavorável pertenceu

a dois títulos da banca, penalizados pela crise financeira europeia: o BCP

perdeu 3,7% e o BPI 4,1%, contrastando com a subida de 3,3% do BES, que

beneficiou do facto de ser accionista da PT e poder a vir beneficiar com a venda da

Vivo. A PT acabou por perder 2% no conjunto do mês, devido a uma

recomendação de venda do Santander e à rejeição da oferta da Telefónica pelo

Estado, no final do mês, depois de ter estado em alta durante a maior parte de

Junho.

Page 43: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

41

No saldo do primeiro semestre, apenas quatro títulos tiveram um

comportamento positivo (subidas de 8,7% da Portucel, de 7% da Jerónimo Martins,

de 2,9% da Altri e de 1% da Galp Energia), salientando-se, como evolução mais

negativa, o recuo de 44,6% na cotação da Mota Engil, na sequência da redução e

reescalonamento do programa de obras públicas.

3. Economia Real

3.1. Actividade Económica Global

O indicador de clima económico do INE – síntese da informação de carácter

qualitativo relacionada com as principais actividades económicas – continuou em

Junho a evolução positiva reiniciada em Fevereiro e atingiu o valor mais

elevado desde Setembro de 2008.

No entanto, a apreciação individual dos diversos indicadores fornecem sinais mistos

acerca da conjuntura nacional, com o indicador de confiança dos consumidores a

variar em sentido oposto ao indicador global de conjuntura. Apenas os indicadores

relativos à construção e obras públicas e ao comércio tiveram evolução positiva,

embora suficiente para induzir um acréscimo, ainda que ténue, no indicador global.

O indicador de confiança da indústria transformadora deteriorou-se relativamente a

Maio em 0,3 pontos (de -12,4 nesse mês para -12,7) interrompendo a trajectória

Índice de Clima Económico - Portugal

-3,5

-3

-2,5

-2

-1,5

-1

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

Fev

-07

Mar

-07

Ab

r-0

7

Mai

-07

Jun

-07

Jul-

07

Ag

o-0

7

Set

-07

Ou

t-0

7

No

v-0

7

Dez

-07

Jan

-08

Fev

-08

Mar

-08

Ab

r-0

8

Mai

-08

Jun

-08

Jul-

08

Ag

o-0

8

Set

-08

Ou

t-0

8

No

v-0

8

Dez

-08

Jan

-09

Fev

-09

Mar

-09

Ab

r-0

9

Mai

-09

Jun

-09

Jul-

09

Ag

o-0

9

Set

-09

Ou

t-0

9

No

v-0

9

Dez

-09

Jan

-10

Fev

-10

Mar

-10

Ab

r-1

0

Mai

-10

Jun

-10

Fonte: INE

Page 44: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

42 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

positiva iniciada em Março de 2009. Esta evolução deveu-se, fundamentalmente, a

uma evolução negativa nas opiniões acerca dos “stocks” de produtos acabados.

O indicador de confiança do comércio melhorou 0,3 pontos atingindo o ponto mais

elevado desde Março de 2008. No que diz respeito ao comércio por grosso o

indicador manteve o valor de -3,2 de Maio, e no caso do comércio a retalho o

indicador melhorou 0,7 pontos, de -1,7 em Maio para -1,0 em Junho.

O indicador de confiança dos serviços agravou-se, pelo terceiro mês consecutivo,

passando de -7,4 pontos em Maio para -8,7 pontos em Junho. É de destacar que o

saldo das respostas piorou em todos os sub indicadores.

O indicador de confiança da construção e obras públicas teve uma evolução favorável

passando de -42,2 pontos para -41,4 pontos, a melhoria no saldo das respostas

acerca da carteira de encomendas foi o contributo decisivo para esta melhoria.

O indicador de confiança dos consumidores teve novamente uma evolução negativa

em Junho, para -40,1, relativamente aos -38,3 verificados em Maio. Esta deterioração

ficou a dever-se à deterioração de todos os sub indicadores que o compõem.

3.2. Procura Interna

3.2.1. Consumo

Fonte 09:IV 10:I 10:II Fev 10 Mar 10 Abr 10 Mai 10 Jun 10

Indic. Coincidente do Consumo Privado BdP 1,2 2,5 2,8 2,5 2,8 2,9 2,8 2,6

Indic. Confiança dos Consumidores (1) INE -30,0 -35,4 -40,1 -34,4 -35,4 -36,7 -38,3 -40,1

Venda de automóveis não comerciais ACAP -6,0 69,1 48,9 53,1 86,8 33,1 46,8 62,5

Importações de bens de consumo (2)

INE 1,3 -0,5 -2,8 7,0 4,9

Vol. de neg. do comércio a retalho (3)

INE -0,2 0,8 0,8 1,5 -0,1 1,2

Crédito ao consumo (4)

BdP 2,3 2,3 2,3 2,4

Taxas de variação face ao período homólogo do ano anterior, em percentagem (salvo indicação em contrário);

(1) Inquéritos de Conjuntura aos Consumidores e à Indústria Transformadora; saldo de respostas extremas (média

móvel de 3 meses); (2) Taxa de variação homóloga em temos nominais. (3) Taxa de variação em termos reais; índices

de sazonalidade e dos dias úteis; (4) Valores corrigidos de reclassificações e de operações de titularização de crédito.

No que toca a despesa das famílias em bens de consumo, os dados disponíveis

mais recentes indicam alguma melhoria, apesar do indicador coincidente do

BdP mostrar um pequeno abrandamento em Junho, relativamente aos meses

anteriores.

Page 45: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

43

Em Maio (valores rectificados), o volume de negócios do comércio a retalho

aumentou 1,2% em termos homólogos registando uma aceleração relativamente ao

crescimento no mês anterior. A despesa em bens alimentares registou, em Maio, uma

tvh de 3,8%, acima do ritmo de Abril (valor revisto). A despesa em bens não

alimentares, registou uma tvh de -1,1%, contra -2,7% em Abril (note-se contudo que,

retirando os combustíveis, a evolução é positiva em 1,3%.). A venda de automóveis

não comerciais voltou a acelerar fortemente em termos homólogos. O crédito ao

consumo cresceu em Maio a uma taxa ligeiramente superior à verificada nos meses

anteriores.

3.2.2. Investimento

Fonte 09:IV 10:I 10:II Fev 10 Mar 10 Abr 10 Mai 10 Jun 10

Indicador de FBCF INE -8,7 -2,7 -6,1 -2,7 -3,1 -2,2

Vendas de veículos comerciais ligeiros ACAP -16,8 19,6 29,0 13,7 20,5 20,0 30,5 37,0

Importações bens de investimento INE -3,9 -0,1 -7,2 0,0 -21,5

Índice produção bens de investimento INE -18,8 -1,4 1,3 2,8 -2,1 -4,3

Vendas de cimento BdP -15,6 -9,4 -6.1 -8,4 -11,6 -11,4 -2,2 -4,6

Índice de Produção na Construção INE -9,2 -8,2 -8,4 -6,8 -9,1 -5,5

Crédito para compra de habitação (1)

BdP 2,9 3,0 3,1

Crédito às sociedades não financeiras (1)

BdP 2,7 1,8 0,4

Taxas de variação face ao período homólogo do ano anterior, em percentagem (salvo indicação em contrário); Índices

de produção de bens de investimento corrigidos.

(1) Valores corrigidos de reclassificações e de operações de titularização de crédito.

As revisões efectuadas aos valores de diversos indicadores dão agora uma

imagem bastante mais negativa da evolução do investimento nos últimos

meses. Com efeito, ao contrário do que tinha sido anteriormente divulgado, o

indicador de FBCF permaneceu em terreno negativo nos meses de Março e Abril,

prolongando-se a sua queda em Maio, embora um pouco atenuada.

O índice de produção de bens de investimento, que voltou a ter uma evolução

desfavorável em Maio, e a forte queda das importações de bens de investimento

em Abril apontam para uma deterioração da situação e a quase estagnação do

crédito às sociedades não financeiras em Maio concorre igualmente para algum

pessimismo no que respeita à evolução futura do investimento privado em Portugal.

Os indicadores relativos à construção continuam em terreno negativo, registando

alguns sinais de abrandamento da deterioração em termos de produção.

Page 46: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

44 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

3.3. Comércio Internacional

Resultados Globais preliminares

Mar 09-Mai 09 Mar 10-Mai 10 Variação

Total

Saída (Fob) 7 740.7 9 168.4 18.4%

Entrada (Cif) 12 391.5 14 012.7 13.1%

Saldo -4 650.8 -4 844.3 -4,2%

Taxa de Cobertura 62.5% 65.4% -

União Europeia a 27

Expedição 5 899.9 6 848.5 16.1%

Chegada 9 759.5 10 572.6 8.3%

Saldo -3 859.6 -3 724.1 3.5%

Taxa de Cobertura 60.5% 64.8% -

Países Terceiros

Exportação 1 840.9 2 319.9 26.0%

Importação 2 632.0 3 440.1 30.7%

Saldo -791.2 -1 120.1 -41,6%

Taxa de Cobertura 69.9% 67.4% -

em milhões de euros; Fonte: INE

No trimestre em análise (Março a Maio de 2010), as saídas aumentaram de novo

fortemente, em termos homólogos, e as entradas continuaram a registar uma

evolução que, apesar de continuar a significativa – em linha com a retoma do

comércio mundial, permanece inferior à das saídas, conduzindo a uma melhoria da

taxa de cobertura em 2,9 p.p. face ao mesmo período de 2009. Apesar desta

evolução favorável, o défice comercial agravou-se em cerca de 4,2% em relação ao

mesmo período de 2009 e em 1,0% face ao trimestre anterior de Fevereiro a Abril de

2010.

Relativamente aos países terceiros, se excluirmos os combustíveis, a taxa de

cobertura foi de 106,9% (104,1% no período anterior) contra 112,9% no mesmo

período do ano de 2009. O défice energético foi, neste trimestre, de 1,319 milhões de

euros, mais 286 milhões que o verificado em igual trimestre de 2009 e mais 190

milhões que no trimestre anterior.

Em termos de variações, relativamente a igual trimestre de 2009, destacam-se,

nas saídas, o aumento de 24,7% nos fornecimentos industriais (com destaque

para os produtos primários) e de 23,6% nas máquinas e outros bens de capital

e, nas entradas, o aumento de 24,3% nesta mesma última rubrica e de 49,3%

nos combustíveis e lubrificantes.

Page 47: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

45

3.4. Conjuntura na Indústria

Na indústria, o índice de produção recuperou algum dinamismo em Maio, tendo-

se registado um crescimento homólogo de 3,3%, após 0,8% e 4,8% nos dois

meses precedentes. A aceleração teve origem na indústria transformadora (tvh

de 3,9%, mais 3,3 p.p. que em Abril), que contrariou o abrandamento no ramo de

electricidade, gás, vapor, água e ar frio (de 4,5% para 2%). Em média anual, registou-

se numa redução da quebra do índice geral de produção para 2,7% (2,4% na

indústria transformadora, o ramo com maior peso), face a 3,7% em Abril.

Ao nível dos agrupamentos industriais, a melhoria do andamento homólogo foi

generalizada, mas com perfis evolutivos diferenciados, tendo-se observado uma

retoma do crescimento nos bens de consumo e da energia (tvh de 2% e 1,7%,

respectivamente, após -2,3% e -0,7% em Abril), a aceleração nos bens intermédios

(de 5,2% para 6,5%) e uma atenuação da descida nos bens de capital (de -2,9% para

-1%). A variação média anual manteve-se positiva nas indústrias da energia, embora

em abrandamento (0,5 p.p., para 1,3%), e negativa nos demais agrupamentos,

registando-se em todos os casos uma atenuação do ritmo de perda face a Abril.

-22,0

-20,0

-18,0

-16,0

-14,0

-12,0

-10,0

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

Ma

i-0

8

Jun

-08

Jul-

08

Ago

-08

Set-

08

Ou

t-0

8

No

v-0

8

Dez-0

8

Jan

-09

Fev

-09

Ma

r-0

9

Ab

r-0

9

Ma

i-0

9

Jun

-09

Jul-

09

Ago

-09

Set-

09

Ou

t-0

9

No

v-0

9

Dez-0

9

Jan

-10

Fev

-10

Ma

r-1

0

Ab

r-1

0

Ma

i-1

0

Índice de Produção industrial

(Variação homóloga, %)

INDÚSTRIATRANSFORMADORA

INDÚSTRIA GERAL

Fonte: INE

Page 48: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

46 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Índice de produção industrial

09: I 09: II 09: III 09: IV 10: I Mar-10 Abr-10 Mai-10

TVH TVM 12m

Índice Geral -12,1 -9,5 -7,1 -4,4 3,7 4,8 0,8 3,3 -2,7

Industrias Extractiva -21,3 -16,2 -26,7 -11,9 -28,5 -35,2 -11,2 -5,8 -21,4

Ind. Transformadora -16,4 -12,3 -7,4 -3,9 6,0 7,2 0,6 3,9 -2,4

Elect., Gás, Vapor, Água, Ar 16,0 12,2 -0,7 -5,6 -0,3 1,2 4,5 2,0 -0,7

Águas, saneamento, outros -1,7 -3,5 0,1 6,1 4,0 7,0 4,2 6,4 3,2

Por grandes agrupamentos:

Bens de Consumo -9,2 -6,8 -1,3 -0,5 2,4 4,5 -2,3 2,0 -0,7

Bens Intermédios e outros* -19,0 -15,1 -12,2 -2,8 3,7 2,5 5,2 6,5 -3,7

Bens de Capital -18,4 -16,6 -18,2 -17,7 0,7 3,2 -2,9 -1,0 -11,4

Energia 4,3 5,7 1,2 -3,0 7,8 11,4 -0,7 1,7 1,3

Fonte: INE; dados com correcção de efeitos de calendário; Base: 2005=100; CAE Rev.3; Taxas de variação percentual

homóloga (tvh), excepto na última coluna (taxa de variação média de 12 meses – tvm 12m); * Inclui a recolha,

tratamento e eliminação de resíduos.

Atendendo à divisão da indústria transformadora em subsectores, os dados

actuais permitem destacar, quanto a comportamentos negativos:

(i) a manutenção da contracção nas indústrias de máquinas e aparelhos eléctricos

(tvm 12 m de -3,3% em Maio), do vestuário (-2,1%), de couro (-6,8%), de madeira e

cortiça (-3%), de minerais não metálicos (-7,7%), de mobiliário e colchões (-7,7%), de

produtos metálicos (-1,9%), têxteis (-0,4%), de impressão (-6,4%), de equipamento

eléctrico (-3%), de produtos farmacêuticos (-0,9%) e de veículos automóveis (tvm

12m de -30,7% em Março);

(ii) o abrandamento da produção nas indústrias de bens alimentares (de uma tvm

12m de 3,8 %, em Abril, para 3,5% em Maio) e do tabaco (de 2,5% para 1,1%).

Quanto a comportamentos positivos, salienta-se:

(i) a aceleração da produção nas indústrias de pasta e papel (de uma tvm 12m de

6,6% em Abril, para 6,7% em Maio), de bebidas (de 0,9% para 2%), de borracha e

plásticos (de 10,8% para 12,7%), de recolha e tratamento de resíduos (de 2,3% para

3,2%), de produtos petrolíferos (de 11,3% para 11,5%), de produtos químicos (de

1,6% para 4,7%) e metalúrgicas de base (de 20,2%, em Março, para 23,1% em Abril).

Page 49: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

47

Já em Junho, o inquérito à indústria transformadora evidenciou uma melhoria

significativa das avaliações da produção corrente (para o máximo de três anos,

situando-se num nível positivo pela primeira vez em dois anos), apontando para um

maior dinamismo da actividade no ramo. As apreciações da procura

estabilizaram na componente interna e subiram ligeiramente na externa. No

caso dos stocks de produtos acabados, as indicações dos industriais sugerem

uma subida significativa em Junho, após um período de estabilização, o que

poderá significar uma reconstituição do nível de existências, tendo em conta as

indicações da produção.

Em Maio, o índice de volume de negócios da indústria também recuperou um

ritmo de crescimento mais elevado (tvh nominal de 13,8%, após 11,2% e 16,8%

nos dois meses anteriores), com a aceleração a revelar-se mais forte no mercado

doméstico (tvh de 9,8%, após 6,7% em Abril, passando de 19,9% para 21,6% no

caso do mercado externo), continuando a redução da perda média anual (para 4,6%,

no índice geral).

A melhoria do andamento homólogo das vendas cingiu-se aos agrupamentos

de bens intermédios e de consumo (tvh de 17% e 6,4%, respectivamente, após

11,3% e -1,9% em Abril), tendo-se assistido a um abrandamento nos restantes

(de uma de 10,6% para 5,3% nos bens de investimento, e de 32% para 24,4% na

-80,00

-70,00

-60,00

-50,00

-40,00

-30,00

-20,00

-10,00

0,00

10,00

20,00

Jun

-06

Ago

-06

Ou

t-0

6

Dez-0

6

Fev

-07

Ab

r-0

7

Jun

-07

Ago

-07

Ou

t-0

7

Dez-0

7

Fev

-08

Ab

r-0

8

Jun

-08

Ago

-08

Ou

t-0

8

Dez-0

8

Fev

-09

Ab

r-0

9

Jun

-09

Ago

-09

Ou

t-0

9

Dez-0

9

Fev

-10

Ab

r-1

0

Jun

-10

Produção e Procura na Indústria Transformadora

Média Móvel de 3 meses - s.r.e.

PRODUÇÃO

PROCURA EXTERNA

PROCURA INTERNA

Fonte: INE

Page 50: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

48 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

energia). O comportamento em média anual caracterizou-se por uma redução das

perdas em todos os agrupamentos, oscilando entre 0,9% (energia) e 8% (bens

intermédios).

Em termos de informação avançada, do inquérito à indústria transformadora de

Junho, as perspectivas dos empresários sugerem uma aceleração ligeira da

produção e um menor crescimento dos preços nos próximos meses.

Em Maio, o índice de emprego industrial voltou a atenuar o ritmo de descida,

tanto em termos homólogos (tvh de -2,9%, face a -3,3% em Abril), como em média

anual (quebra de 5,2%, menos 0,3 p.p.). A evolução do índice de horas trabalhadas

foi semelhante à do emprego, em média anual, mantendo-se, assim, uma quebra

ligeira da ocupação laboral na indústria.

-7,0

-6,0

-5,0

-4,0

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

Ab

r-0

8

Ma

i-0

8

Jun

-08

Jul-

08

Ago

-08

Set-

08

Ou

t-0

8

No

v-0

8

Dez-0

8

Jan

-09

Fev

-09

Ma

r-0

9

Ab

r-0

9

Ma

i-0

9

Jun

-09

Jul-

09

Ago

-09

Set-

09

Ou

t-0

9

No

v-0

9

Dez-0

9

Jan

-10

Fev

-10

Ma

r-1

0

Ab

r-1

0

Índice de Emprego industrial

(Variação homóloga, %)

Fonte: INE

Page 51: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

49

3.5. Emprego e Desemprego

Nov 09 Dez 09 Jan 09 Fev 10 Mar 09 Abr 10 Mai 10

Taxa de Desemprego 10,1 10,2 10,4 10,4 10,6 10,8 10,9

Fonte: Eurostat, dados ajustados de sazonalidade, valores revistos.

Uma vez que os dados fornecidos pelo INE têm carácter trimestral, apresentam-se

as estimativas do Eurostat, que apontam para um ligeiro aumento da taxa de

desemprego em Maio.

De acordo com as estatísticas do Instituto de Emprego e Formação Profissional, no

final do mês de Maio, estavam registados nos Centros de Emprego cerca de

560,7 mil desempregados, uma redução de 1,8% em relação a Abril.

Relativamente ao mesmo período de 2009 este número representa um acréscimo de

14,6%. O número de desempregados de longa duração (mais de um ano) aumentou,

em termos anuais, 38,5%, representando 38,4% dos inscritos. Em termos das

diversas situações de desemprego, as mulheres representavam 53,2% dos inscritos

(mais 0,2 p.p. do que em Abril), os maiores de 25 anos, 87,9% e as pessoas à

procura de primeiro emprego, 7,1%.

Fonte: BdP

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

1998

:1

1998

:4

1999

:3

2000

:2

2001

:1

2001

:4

2002

:3

2003

:2

2004

:1

2004

:4

2005

:3

2006

:2

2007

:1

2007

:4

2008

:3

2009

:2

2010

:1

Portugal Área Euro

Page 52: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

50 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

3.6. Preços

09:IV 10:I 10:II Fev 10 Mar 10 Abr 10 Mai 10 Jun 10 Tvm 12

m

IPC Total -0,7 0,2 0,2 0,5 0,7 1,1 1,2 -0,2

IPC bens -1,9 -0,1 -0,3 0,4 0,8 1,2 1,5 -1,1

IPC serviços 1,2 0,9 1,0 0,8 0,6 0,8 0,8 1,0

Fonte: INE

Mantém-se, desde Novembro de 2009, a tendência de aumento ligeiro mas

persistente da taxa de inflação sob o efeito dos preços dos bens, enquanto a

evolução dos preços dos serviços continua particularmente estável. Em Maio

de 2010, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) apresentou uma taxa de

variação homóloga de 1,1%, mais 0,1 p.p. que em Maio. A variação média dos

últimos doze meses aumentou em 0,3 p.p. para -0,2%.

A tvh do IPC foi superior em 1,0 p.p. à do indicador da inflação subjacente (medido

pelo índice total excepto produtos alimentares não transformados e industriais

energéticos), que teve uma variação homóloga de -0,2%, 0,3 p.p. superior à

verificada em Maio.

No mês de Maio, são de destacar descidas de preços (em termos homólogos) nas

comunicações (-2,6%), no vestuário e calçado (-1,7%), e no lazer (-0,7%). Por outro

lado, as maiores subidas verificaram-se nos na habitação, água, gás, etc. (4,2%),

transportes (3.3%), nas bebidas alcoólicas e tabaco (2,9%), e na educação (3,0%).

Evolução do IHPC (tvh em %)

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

Jan

-97

Ab

r-9

7

Jul-

97

Ou

t-9

7

Jan

-98

Ab

r-9

8

Jul-

98

Ou

t-9

8

Jan

-99

Ab

r-9

9

Jul-

99

Ou

t-9

9

Jan

-00

Ab

r-0

0

Jul-

00

Ou

t-0

0

Jan

-01

Ab

r-0

1

Jul-

01

Ou

t-0

1

Jan

-02

Ab

r-0

2

Jul-

02

Ou

t-0

2

Jan

-03

Ab

r-0

3

Jul-

03

Ou

t-0

3

Jan

-04

Ab

r-0

4

Jul-

04

Ou

t-0

4

Jan

-05

Ab

r-0

5

Jul-

05

Ou

t-0

5

Jan

-06

Ab

r-0

6

Jul-

06

Ou

t-0

6

Jan

-07

Ab

r-0

7

Jul-

07

Ou

t-0

7

Jan

-08

Ab

r-0

8

Jul-

08

Ou

t-0

8

Jan

-09

Ab

r-0

9

Jul-

09

Ou

t-0

9

Jan

-10

Ab

r-1

0

Portugal Área EuroFonte: Banco de Portugal

ùltimos dados: Junho 2010

Page 53: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

51

A evolução recente dos preços medidos pelo IHPC mostra que a inflação em Portugal

continua visivelmente abaixo da observada na zona do euro.

3.7. Conjuntura de Pagamentos com o Exterior

2007 2008 2009 Mai-09 Mai-10 Var.%

Balança Corrente -17.074 -21.699 -17.262 -7.791 -7.203 -7,5%

Mercadorias -19.206 -22.985 -17.496 -6.828 -6.897 1,0%

Serviços 6.533 6.602 5.983 1.826 1.972 8,0%

Rendimentos -7.004 -7.781 -7.883 -3.564 -2.916 -18,2%

Transferências Correntes 2.603 2.464 2.135 775 638 -17,7%

Balança de Capital 2.097 2.650 1.393 760 438 -42,4%

Balança Financeira 14.424 19.121 15.424 7.351 7.923 7,8%

Investimento Directo -1.775 1.313 1.136 1.143 925 -19,1%

De Portugal no exterior -4.013 -1.872 -931 -740 -440 -40,5%

Do exterior em Portugal 2.238 3.185 2.067 1.883 1.365 -27,5%

Investimento de Carteira 10.043 14.662 13.261 6.147 -15.527 s.s.

Activos -7.988 -12.178 -16.451 -9.217 -9.308 1,0%

Passivos 18.031 26.840 29.712 15.364 -6.219 s.s.

Outro Investimento 5.271 2.974 827 -227 22.852 s.s.

Activos -11.647 11.916 172 3.549 -2.183 s.s.

Passivos 16.918 -8.942 655 -3.776 25.035 s.s.

Derivados Financeiros 173 251 120 147 454 208,8%

Activos de Reserva 713 -79 80 141 -781 s.s.

Erros e Omissões 554 -70 445 -320 -1.157 261,6%

Dados provisórios expressos em milhões de euros (m.e.); s.s. – sem significado.

Fonte: Banco de Portugal.

Notas prévias: i) a análise evolutiva das várias rubricas da Balança de Pagamentos deve ser feita com especial cautela,

atendendo ao carácter provisório dos dados e à disparidade de valores da componente “erros e omissões” nos períodos

em confronto, esperando-se a sua redução e redistribuição pelas outras componentes da Balança de Pagamento.

Os dados mais recentes da Balança Corrente nacional (do Banco de Portugal),

evidenciaram saldo deficitário de 7203 m.e. no período de Janeiro a Maio,

traduzindo uma redução de 7,5% em termos homólogos. A melhoria do saldo

corrente teve origem nas balanças de rendimentos (redução do défice em 648 m.e.) e

de serviços (aumento do excedente em 146 m.e.), mais do que compensando a

deterioração das restantes componentes (redução de 137 m.e. no excedente de

transferências e agravamento ligeiro, de 69 m.e., do défice da balança de

mercadorias).

Page 54: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

52 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Ao nível da Balança de Capital, os dados mostraram uma descida homóloga de

42,4% no saldo positivo (para 438 m.e.), que traduz a evolução aproximada dos

fluxos líquidos de fundos comunitários. No conjunto das balanças corrente e de

capital, o défice agregado reduziu-se 3,8%, em termos homólogos, passando para

6765 m.e..

O recuo das necessidades de financiamento não ficou expresso no saldo da

Balança Financeira (que aumentou), mas na rubrica de erros e omissões, o que

enfatiza o carácter provisório dos dados. A redistribuição da referida rubrica de

ajustamento pelas restantes componentes em posteriores revisões de dados

fornecerá um quadro mais fiável sobre a evolução da Balança de Pagamento, em

particular nas rubricas da Balança Financeira.

Page 55: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010

53

Principais sítios da Internet consultados na elaboração do Relatório Mensal de

Economia:

Economia Internacional: www.boj.or.jp/en (Banco do Japão)

www.ecb.int (Banco Central Europeu)

www.bloomberg.com (agência noticiosa Bloomberg)

www.bea.doc.gov (Bureau of Economic Analysis - EUA)

www.bls.gov (Bureau of Labor Statistics - EUA)

www.census.gov (Census Bureau - EUA)

http://europa.eu.int/comm/index_en.htm (Comissão Europeia)

www.conference-board.org (Instituto Conference Board - EUA)

www.cbo.gov (Congress Budget Office - EUA)

www.esri.cao.go.jp/en (Economic and Social Research Institute - Japão)

www.euronext.com (Euronext – cotações do PSI-20)

http://epp.eurostat.cec.eu.int/portal/ (Eurostat)

www.federalreserve.gov (Federal Reserve - EUA)

www.ft.com (Financial Times)

www.imf.org (Fundo Monetário Internacional)

www.stat.go.jp/english (Gabinete de Estatística japonês)

www.mof.go.jp (Ministério das Finanças japonês)

http://metalsplace.com (notícias sobre metais)

www.oecd.org (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Económico)

http://europa.eu.int/index_pt.htm (Portal da União Europeia)

http://finance.yahoo.com (Secção Financeira do Yahoo)

http://metalsplace.com (sítio especializado em notícias sobre metais de base)

Economia Nacional: www.bportugal.pt (Banco de Portugal)

http://europa.eu.int/comm/index_en.htm (Comissão Europeia)

www.cmvm.pt (Comissão de Mercados de Valores Mobiliários)

www.dre.pt (Diário da República Electrónico)

www.dgo.pt (Direcção-Geral do Orçamento – Ministério das Finanças)

www.imf.org (Fundo Monetário Internacional)

www.gpeari.min-financas.pt (Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações

Internacionais – Ministério das Finanças)

www.iapmei.pt (IAPMEI)

www.ine.pt (Instituto Nacional de Estatística)

www.oecd.org (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Económico)

www.portugal.gov.pt/ (Portal do Governo)

www.incentivos.qren.pt (Sistemas de incentivos – QREN)

Page 56: Relatório Mensal de Economia - Julho 2010