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Relatrio Final de Estgio
Mestrado Integrado em Medicina Veterinria
Sindrome Metablica Equina
Doena Inflamatria Intestinal em Equinos
Sofia Cristiana dos Santos Lamas
Dr Luis Miguel Paiva Benites da Silva Atayde
Dr Tlio Prado
Dra Heidy Radke
Porto 2010
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Relatrio Final de Estgio
Mestrado Integrado em Medicina Veterinria
Sindrome Metablica Equina
Doena Inflamatria Intestinal em Equinos
Sofia Cristiana dos Santos Lamas
Dr Luis Miguel Paiva Benites da Silva Atayde
Dr Tlio Prado
Dra Heidy Radke
Porto 2010
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Lista de abreviaturas:
BSC Body condition Score
CNE Carbohidratos no estruturais
EE Enterite Eosinoflica
EG Enterite Granulomatosa
ELF Enterite Linfoctica Plasmoctica
FA Fosfatase alcalina
GGT gamma glutamil transferase
HVUT Hospital Veterinrio da Universidade do Tennessee
IBD Doena Inflamatria Intestinal
IL Interleucina
MEED Doena Epiteliotrpica Eosinoflica Multissistmica
RI Resistncia insulina
SME - Sndrome Metablica Equina
TCGI teste combinado de glicose insulina
TNF- Factor de necrose tumoral
TRC tempo de repleo capilar
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ndice:
Pgina
Lista de abreviaturas 3
Introduo 5
Casustica observada 5
Captulo I Sndrome Metablica Equina 5
Reviso bibliogrfica
Introduo 5
Epidemiologia e Factores de Risco 6
Formas e Sinais Clnicos 9
Patofisiologia 10
Diagnstico 14
Tratamento 16
Caso clnico nmero 1 20
Caso clnico nmero 2 21
Discusso 22
Captulo II Doena Inflamatria Intestinal 23
Reviso bibliogrfica
Introduo 23
Enterite Eosinoflica 23
Doena Epiteliotrfica Eosinoflica Multissistmica 25
Enterite Granulomatosa 26
Enterite Linfoctica-Plasmoctica 27
Diagnsticos diferenciais 28
Diagnstico 28
Tratamento e Prognstico 31
Caso clnico nmero 3 32
Discusso 33
Concluso 34
Bibliografia 35
Anexos 38
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Introduo
O presente relatrio descreve o perodo de 16 semanas de estgio compreendidas entre 28 de
Setembro a 20 de Dezembro de 2009 e de 4 a 30 de Janeiro de 2010. As primeiras 12 de
semanas de estgio decorreram no Hospital Veterinrio da Universidade do Tennessee e as 4
restantes semanas na Clnica Veterinria de Equinos da Universidade de Cambridge, ambos
em Medicina e Cirurgia de Equinos. Durante este perodo foi-me possvel obter alguma
experincia prtica nestas reas, assim como aumentar conhecimentos tericos atravs de
aulas tericas e discusses acerca das patologias observadas e outros temas. Na universidade
do Tennessee frequentei rotaes de medicina (5 semanas), cirurgia (4 semanas) e servio
ambulatrio (3 semanas). As 4 semanas realizadas na Universidade de Cambridge consistiram
na observao de casos de medicina e cirurgia, no havendo neste caso rotaes clnicas.
A casusta observada encontra-se descrita no grfico 1.
Grfico 1 Frequncia dos casos observados
Capitulo I - Sndrome Metablica Equina
Reviso bibliogrfica
Sndrome metablica equina uma patologia que tem vindo a desenvolver interesse crescente
dada a sua relao com laminite em cavalos obesos e com resistncia insulina.
Correntemente, o termo SME utilizado para descrever o aparecimento de laminite em cavalos
sujeitos ao consumo de pastagem e caracteriza-se por resistncia insulina, obesidade ou
depsitos regionais de gordura, laminite (episdios anteriores ou laminite recente)
hipertrigliceridmia e hiperleptinmia, alteraes reprodutivas e alteraes sazonais da presso
arterial (Frank 2009). A dieta destes animais parece desempenhar um papel fundamental no
desenvolvimento do SME, sobretudo aqueles alimentos que contm uma elevada quantidade
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de carbohidratos no estruturais (CNE) (Geor & Harris 2009). O maneio diettico assim parte
fundamental no controlo da SME e para a preveno do desenvolvimento de laminite. , no
entanto, extremamente difcil reduzir o peso destes animais atravs da restrio alimentar,
sendo por isso referidos como easy keepers (Reece 2005).
O termo SME foi introduzido pela primeira vez em 2002 para melhor definir uma condio que
era inicialmente atribuda ao hipotiroidismo. Os cavalos com hipotiroidismo caracterizam-se
pelo fcil ganho de peso que conduz obesidade e por depsitos de gordura regionais,
localizados sobretudo no pescoo e na base da cauda (Frank 2009). Alguns dos cavalos com
SME apresentam baixos nveis de tiroxina total (T4). As hormonas da tiride desempenham
uma importante funo na produo de calor interno e estimulam actividades metablicas em
quase todos os tecidos do organismo, excepto crebro, pulmes, retina, testculos e bao
(Reece 2005), pelo que o fentipo de cavalos com SME era associado ao hipotiroidismo. No
entanto, cavalos tiroidectomizados no desenvolveram SME e responderam de forma normal
aos testes realizados para avaliao da funo tiride pelo que esta associao no foi
suportada (Frank 2009). A presena de baixos nveis de tiroxina em cavalos com SME parece
ser assim uma consequncia desta sndrome (Frank 2009).
Foi tambm ponderada a hiptese de cavalos com SME produzirem cortisol acima dos valores
normais para a espcie atravs do tecido adiposo visceral, semelhana do que acontece em
humanos com sndrome de Cushing perifrico (Frank 2009). No existe evidncia cientfica
desta hiptese mas cavalos com SME esto mais predispostos a desenvolver Sndrome de
Cushing ou Disfuno da Pars Intermedia da Hipfise (Frank 2009). Cavalos obesos e
laminticos testados para o Sindrome de Cushing atravs de testes de supresso com
dexametasona e/ ou teste de estimulao com TRH/ACTH revelaram resultados negativos
(Johnson 2002). Cavalos que desenvolvem Sndrome de Cushing so, geralmente cavalos
mais velhos, em mdia apresentam 20 anos, e podem desenvolver hirsutismo, poliria,
polidipsia, hiperhidrose, debilidade progressiva, laminite, falhas na cicatrizao e infeces
crnicas, assim como perda de peso, depsitos de gordura excessivos, cegueira, convulses,
pseudolactao, diabetes mellitus, diabetes insipidus, alteraes comportamentais e problemas
reprodutivos (McCue 2002).
Epidemiologia e Factores de Risco
A SME ocorre sobretudo em cavalos e pneis jovens a meia-idade, tendo a maioria entre 5 e
15 anos de idade (Robinson & Sprayberry 2009). Trata-se de uma patologia mais comum em
pneis e cavalos Morgan, Paso Fino e Norwegian Fjord, tendo tambm sido diagnosticada em
cavalos rabes, Quarter Horses, Saddlebreds, Tennessee Walking Horses, Thoroughbreds e
Warmbloods (Robinson & Sprayberry 2009).
Cavalos com risco acrescido de desenvolverem SME apresentam alteraes metablicas que
os predispem ao mesmo, nomeadamente a resistncia insulina e hiperinsulinmia, a
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obesidade e a hipertrigliceridmia (Geor 2009). Por outro lado, factores genticos e nutricionais
desempenham tambm uma funo importante na expresso deste fentipo. Variabilidade
individual na resposta dos tecidos aos factores chave ou na resposta da flora bacteriana do
clon maior aos substratos da dieta, assim como alteraes no apetite e no consumo de
forragem parecem ter alguma influncia no desenvolvimento da sndrome (Geor 2009).
Segundo estudos recentes, cavalos com hiperinsulinmia e resistncia insulina tm um risco
de desenvolvimento de laminite associada ao consumo de pastagem cerca de 10 vezes
superior quando comparados com cavalos no insulino resistentes (Geor & Harris 2009, Geor
2009). Foi ainda reportado que a obesidade e a hiperinsulinmia (insulina superior a 32 um/L,
valor obtido associado ao consumo de pastagem de Inverno) so factores preditivos para a
ocorrncia de laminite em pneis expostos pastagem de primavera (Geor 2009). A baixa
sensibilidade insulina encontrada em pneis, quando comparados com cavalos, poder
explicar a maior susceptibilidade dos pneis para o desenvolvimento de laminite associada ao
consumo de pastagem (Geor 2009).
A obesidade ou os depsitos de gordura regionais predispem cavalos e pneis para o
desenvolvimento de laminite. Dados obtidos pelo National Animal Health Monitoring System
apontam para que 4,5% da populao de cavalos nos Estados Unidos sejam obesos ou
tenham excesso de peso (Geor & Harris 2009). No entanto, outro estudo prospectivo realizado
com 300 cavalos revelou que 19% destes eram obesos (score de condio corporal (BSC)
entre 7 a 9/9), uma prevalncia bastante superior [Geor & Harris 2009, Geor 2008]. Na Esccia,
dados acerca de cavalos de lazer, revelaram que 32% de um total de 319 cavalos eram obesos
(BCS 6, escala de 1 a 6) e que 35% tinham excesso de peso (BCS 5) (Geor & Harris 2009).
Pneis com risco acrescido de lam