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RELATÓRIO FINAL DE AUXÍLIO DE PARTICIPAÇÃO EM EVENTO Projeto Agrisus Nº: Projeto AGRISUS 1452/15 Nome do evento: VII Congresso Brasileiro de Soja – MERCOSOJA 2015 Interessado: Luiz Tadeu Jordão Instituição: FCA-UNESP/Botucatu Local do evento: Florianópolis - SC Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 640,00 Vigência: 22/04/25 a 25/08/15 ______________________________________________________________________ RESUMO A importância econômica da sojicultura no Brasil, e a ampla gama de mercados que o sistema produtivo desta leguminosa abraça, sem dúvida tornam as pesquisas e os avanços tecnológicos no tema, de representatividade ímpar dentro do cenário agronômico atual. Os resultados observados nos pôsteres, e apresentados nas palestras dos participantes, cada vez mais buscam aperfeiçoar as práticas que vem sendo feitas a campo.Alguns temas como a adubação nitrogenada da soja e a utilização de microrganismos simbióticos durante o cultivo foram constantes nos estudos vistos. Os trabalhos apresentados pelo grupo do Portal Ciência do Solo tiveram boa repercussão dentro do evento e foram debatidos com veemência entre os autores e diversos profissionais da cadeia produtiva da soja (Glycinemax L.). Mais do que um meio de aprender, eventos como este reforçam os elos entre pesquisadores, onde pela interação de experiências, nascem muitas ideias de cunho científico. RELATÓRIO DA PARTICIPAÇÃO 1. INTRODUÇÃO O Congresso Brasileiro de Soja/Mercosoja representa o principal evento técnico- científico do complexo produtivo desta cultura no Cone Sul. Em sua sétima edição, o evento foi marcado pela interface entre os principais problemas da cadeia produtiva e suas possíveis soluções, em um forte intercâmbio entre a pesquisa e a realidade do campo. O tema central girou em torno das perspectivas para a cultura em um cenário de necessidade de expansão da produção pautada no aumento de produtividade, que no

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RELATÓRIO FINAL DE AUXÍLIO DE PARTICIPAÇÃO EM EVENTO

Projeto Agrisus Nº: Projeto AGRISUS 1452/15

Nome do evento: VII Congresso Brasileiro de Soja – MERCOSOJA 2015

Interessado: Luiz Tadeu Jordão

Instituição: FCA-UNESP/Botucatu

Local do evento: Florianópolis - SC

Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 640,00

Vigência: 22/04/25 a 25/08/15

______________________________________________________________________

RESUMO

A importância econômica da sojicultura no Brasil, e a ampla gama de mercados que o

sistema produtivo desta leguminosa abraça, sem dúvida tornam as pesquisas e os

avanços tecnológicos no tema, de representatividade ímpar dentro do cenário

agronômico atual. Os resultados observados nos pôsteres, e apresentados nas palestras

dos participantes, cada vez mais buscam aperfeiçoar as práticas que vem sendo feitas a

campo.Alguns temas como a adubação nitrogenada da soja e a utilização de

microrganismos simbióticos durante o cultivo foram constantes nos estudos vistos. Os

trabalhos apresentados pelo grupo do Portal Ciência do Solo tiveram boa repercussão

dentro do evento e foram debatidos com veemência entre os autores e diversos

profissionais da cadeia produtiva da soja (Glycinemax L.). Mais do que um meio de

aprender, eventos como este reforçam os elos entre pesquisadores, onde pela interação

de experiências, nascem muitas ideias de cunho científico.

RELATÓRIO DA PARTICIPAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

O Congresso Brasileiro de Soja/Mercosoja representa o principal evento técnico-científico do complexo produtivo desta cultura no Cone Sul. Em sua sétima edição, oevento foi marcado pela interface entre os principais problemas da cadeia produtiva esuas possíveis soluções, em um forte intercâmbio entre a pesquisa e a realidade docampo.

O tema central girou em torno das perspectivas para a cultura em um cenário denecessidade de expansão da produção pautada no aumento de produtividade, que no

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Brasil se encontra estagnada há alguns anos. Neste sentido, foram tratados os principaisgargalose suas possíveis soluções nas diferentes áreas agronômicas relacionadas àprodução de soja.

O principal foco da participação foi na sustentabilidade dos sistemas produtivosenvolvendo a soja, com destaque para o manejo sustentável do solo e de nutrientes eadiversificação representada pela iLP (Integração Lavoura-Pecuária). Com isso, foramapresentados trabalhos relacionados ao cenário atual da cadeia produtiva de soja(Expedição Safra), além do manejo do fornecimento de nitrogênio e potássio para sojade crescimento indeterminado e uso de plantas de cobertura.

Ainda, a presença de palestrantes e participantes de diversos países sul-americanos reforçou a troca de experiências que é de fundamental importância para oenriquecimento do conhecimento. Foi possível debater com técnicos e pesquisadores dediferentes localidades sobre os resultados que vem sendo obtidos em nossos trabalhos e,com isso, direcionar futuras estratégias de pesquisa.

Por fim, a Fundação Agrisus se fez presente no evento por meio da divulgação nospôsteres dos trabalhos apresentados, o que demonstra a preocupação da instituição coma sustentabilidade do agronegócio brasileiro, tendo em vista o foco do evento neste viésdo sistema produtivo da soja, principal cultura produtora de grãos que impulsiona aeconomia do país e, assim, necessariamente precisa estar alinhada aos princípios dasustentabilidade.

2. PROGRAMAÇÃO DO EVENTO

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3. TRABALHOS APRESENTADOS

A PRODUÇÃO DE SOJA EM REGIÕES DE DESTAQUE NO BRASIL COM FOCONA CIÊNCIA DO SOLO: A EXPERIÊNCIA DA EXPEDIÇÃO SAFRA

JORDÃO, L. T.1; OLIVEIRA JUNIOR, A.2; CASTRO, C.2; CHAVES, D. P.3; LIMA, F. F.4;FERREIRA, G.5; ROCHER, J.6

1Doutorando, Departamento de Produção e Melhoramento Vegetal, FCA-UNESP/Botucatu,Botucatu-SP, [email protected]; 2Pesquisador - Fertilidade do Solo e Nutrição dePlantas, Embrapa Soja, Londrina-PR; 3Consultor, Solo Center Consultoria, Nova Mutum-MT;4Analista de Custo de Produção, CEPEA-ESALQ/USP, Piracicaba-SP; 5Coordenador daExpedição Safra Gazeta do Povo, Curitiba-PR; 6Editor de Agronegócio do Jornal Gazeta doPovo, Curitiba-PR.

1. A Expedição Safra Gazeta do Povo

Coordenada pelo Núcleo de Agronegócio do Jornal Gazeta do Povo,pertencente ao Grupo Paranaense de Comunicação e afiliado a Rede Globo, o projetoda Expedição Safra Gazeta do Povo teve início em 2006/2007 com um roteiro restritoapenas ao Estado do Paraná. Atualmente, é considerada a maior expedição agrícolado mundo, abrangendo 16 estados brasileiros, além de países como a Argentina, oParaguai, o Uruguai e os Estados Unidos, realizando ainda viagens extraordinárias aoutros continentes como Europa, Ásia e África.

A equipe da Expedição Safra Gazeta do Povo é composta porjornalistasespecializados em agronegócio, e possui apoio técnico de engenheirosagrônomos e economistas que participam de roteiros específicos no Brasil e em outrospaíses.

O projeto, que tem como foco a cadeia produtiva da soja, objetiva-se realizaranálises técnicas das lavouras do plantio à colheita, bem como diagnosticar variáveisque influenciam o agronegócio mundial da soja como a oferta e a demanda mundial dealimentos, a logística e a infraestrutura de armazéns, rodovias, ferrovias e portos, e ovalor do dólar influenciando o preço de insumos. Essas informações são coletadasregionalmente durante os roteiros da expedição a partir de reuniões técnicas emcooperativas, trading de grãos, instituições agropecuárias regionais de caráter públicoe privado, e principalmente, por meio do contato direto com o produtor rural emfazendas, gerando informações detalhadas de cada região agrícola.

Neste trabalho, os engenheiros agrônomos participantes de roteiros daExpedição Safra Gazeta do Povo, juntamente com a experiência dos pesquisadoresda Embrapa Soja, apresentarão informações técnicas atuais com foco na ciência dosolo referente às lavouras de soja em importantes regiões do Brasil, tais como o norte(N) e noroeste (NO) do Paraná (PR), Mato Grosso do Sul (MS), Mato Grosso (MT),Goiás (GO), e ainda o Estado de Rondônia (RO), o qual destaca-se por meio de altasprodutividades e crescente expansão em área plantada (CONAB, 2015).

2. A qualidade do solo nos ambientes de produção de soja

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Durante os roteiros da Expedição Safra Gazeta do Povo nos estados emdestaque neste trabalho, foram coletadas informações quanto à nutrição e adubaçãoda soja, a compactação dos solos e as condições edafoclimáticas, que possuem forteinfluência no desenvolvimento dos microorganismos do solo.

2.1. Nutrição e adubação da soja:

Primeiramente, em áreas de abertura, a calagem é realizada de formaincorporada com doses que podem chegar até 10 t ha-1 de calcário, e posteriormente,é realizada a fosfatagem aplicando-se altas doses de fósforo (P) como forma deadubação de correção, uma vez que solos do Cerrado naturalmente possuem baixosteores de P e alta capacidade de fixação deste nutriente. Após a instalação da culturada soja, há casos em que a aplicação de calcário ocorre a cada 2 anos com doses deaté 2 t ha-1, ou ainda, anualmente, com doses em torno de 500 kg ha-1, associadas ounão com gesso agrícola como forma de neutralização de alumínio tóxico (Al3+) esuprimento de cálcio (Ca2+) e enxofre (SO4

2-), favorecendo do desenvolvimentoradicular em profundidade. No entanto, os grandes problemas atuais da prática dacalagem estão relacionados à má distribuição do calcário na lavoura, bem como odesequilíbrio da relação Ca/Mg a partir do uso inadequado de fontes de calcáriocalcítico e dolomítico.

De modo geral, a prática da inoculação das sementes de soja com bactérias dogênero Bradyrhizobium é realizada de inúmeras formas, e está condicionada muitomais em função de aspectos operacionais à aspectos técnicos. A inoculação éindispensável para os processos de aquisição do nitrogênio atmosférico (N2) por meioda fixação biológica de nitrogênio (FBN) Além dos locais em que não ocorre a práticada inoculação, há casos em que a inoculação é realizada por meio de altas doses nacaixa de sementes da plantadeira utilizando inoculante turfoso, por meio de jatodirigido no sulco de semeadura e também por meio de aplicação foliar. A aplicaçãoconvencional a partir do tratamento antecipado das sementes no barracão dasfazendas ainda é bastante utilizada, no entanto, devido à fatores operacionais, vemsendo substituído pelas formas acima descritas. Já o fornecimento de cobalto (Co) emolibdênio (Mo), nutrientes que atuam nos processos de FBN, ocorre na grandemaioria via tratamento de sementes.

Associado a FBN está a aplicação de N via fertilizante mineral. Nos últimosanos, inúmeros estudos desenvolvidos em diferentes ambientes edafoclimáticos noBrasil revelaram que o fornecimento de N via fertilizante na soja não aumenta aprodutividade desta oleaginosa e ainda não trás retorno econômico aos agricultores(HUNGRIA, et al., 2006; OLIVEIRA JUNIOR, et al., 2013; BALBINOT JUNIOR, et al.,2014), e que a aplicação de doses até 20 kg ha-1 N não prejudica os processos daFBN. No entanto, observa-se que em algumas regiões ocorre a aplicação de 50 a 100kg ha-1 N em diferentes estádios de desenvolvimento da cultura como V4, R1, R2 e atémesmo em R5 e como consequência, verifica-se o aumento no custo de produção e aredução de lucros ao produtor rural.

A adubação com P em superfície também é um assunto que deve serabordado com bastante critério. Um estudo de Oliveira Junior e Castro (2013)relacionado a aplicação de P à lanço na superfície do solo com diferentes doses(Figura 1), revelou que a obtenção de altas produtividade de soja está coordenada àmaior disponibilidade de P na camada subsuperficial do solo (10 a 20 cm),independente do teor de P na camada superficial de 0 a 10 cm. Isto porque, o P possui

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baixa mobilidade no solo e a maior concentração desse nutriente na superfíciefavorece o desenvolvimento do sistema radicular nesta região, reduzindo a capacidadedas raízes em explorar maior volume de solo e consequentemente, diminui a absorçãode água e nutrientes, que sob eventual limitação hídrica, fatalmente reduziráconsideravelmente a produtividade da cultura. Durante os roteiros, foi verificado queesta prática vem sendo adotada de forma generalizada em diversas propriedadesdevido à necessidade de aumento no rendimento operacional de plantio da soja. NosEstados de MS, MT, GO e RO há um consenso em aplicar P na superfície à lanço emsolos com teores de argila mais elevados, e em solos arenosos, aplica-se o P deforma localizada, ou seja, no sulco de semeadura. É importante destacar que estecritério é utilizado sem avaliação da qualidade do perfil do solo e dos teores de P emsubsuperfície do solo, e ainda, não apresenta respaldo técnico.

Por outro lado, a adubação potássica à lanço em superfície é uma práticaadotada na maioria das áreas cultivadas com soja no Centro-Oeste. Diferentementeao verificado para o P, o potássio (K) possui mobilidade no perfil do solo e pode ser

aplicado em superfície. No entanto, omanejo deste nutriente em solos arenososdeve ser realizado com atenção. Porexemplo, no município de Nova Mutum-MTfoi encontrado uma área com solo de texturamuito arenosa e com apenas 10% de argila,a qual possui baixo teor de matéria orgânicae consequentemente, baixa capacidade deretenção de cátions (CTC) como o K. Nestaárea, a aplicação de K ocorreu de formatardia devido a problemas operacionais e

como consequência, a soja apresentousevera deficiência do nutriente, conformeverificado na Figura 2. Sugere-se nestescasos, a adubação com K em pré-semeadura e/ou até 20 dias apósemergência das plantas (DAE), próximo aoestádio V4, e ainda, a utilização de milhetoe braquiárias na entressafra por possuíremalta capacidade de reciclar K emprofundidade no solo.

2.2. Compactação e erosão dos solos:

A compactação dos solos e os processosde erosão ocorrem de forma conjunta nasregiões norte e noroeste do PR,caracterizadas na sua maioria por solos detextura muito argilosa. Primeiramente, o

predomínio do sistema de produção soja-milho 2ª safra favorece a compactação dosolo, pois colhe-se a soja e planta-se o milho 2ª safra em época chuvosa que,associado ao tráfego de máquinas e a falta de diversificação de sistema radicular,potencializa o aumento da resistência do solo à penetração das raízes (Figura 3), aredução da porosidade do solo e o armazenamento de oxigênio, de água e denutrientes na solução do solo, e como consequência, reduz consideravelmente o

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volume de solo a ser explorado pelas raízes da soja.Adicionalmente, com a retirada de terraços em boaparte das lavouras no PR, observa-se com freqüênciasáreas cultivadas com soja, milho e trigo apresentandosérios problemas de erosão de solo. Problemas comcompactação do solo também são verificados nosestados de MS, MT, GO e RO, em solos de texturaargilosa nos quais ocorre o cultivo da sucessão soja-milho 2ª safra.

Durante as viagens evidenciou-se, em todos osestados, um consenso generalista em retornar arevolver o solo com forma de descompactá-lo,principalmente em locais onde há incidência denematóides. Apesar disso, também foi verificado áreasem que a descompactação do solo é realizada naentressafra a partir do cultivo de plantas de cobertura como o milheto e braquiária, e ocontrole de nematóides com o cultivo de crotaláriaspectabilis.

2.3. A matéria orgânica do solo (MOS):

Sabe-se que a qualidade de um solo está relacionada ao teor da fraçãoorgânica presente neste solo. Além disso, a MOS é fator chave para a produtividadedas culturas, e o carbono (C) e o N, associados à ação de microorganismos, sãonutrientes fundamentais para a formação da fração orgânica do solo.

No entanto, em todos os Estados visitados e na grande maioria das áreas deprodução de soja no Brasil, é evidente a presença de pouca palhada na superfície dosolo. Comumente, verifica-se altas temperaturas e solo descoberto (Figura 4A) e comoconsequência, ocorre redução no peso de grãos (Figura 4B) e senescência precoce deplantas de soja (Figura 4C) decorrente principalmente de estresse hídrico.

Na região de Maracaju-MS, foi verificado temperatura de 30,5ºC (Figura 4A) nacamada de 0 a 5 cm às 17h20min em um dia nublado. Temperaturas elevadasfatalmente prejudicam o desenvolvimento de microorganismos do solo como osBradyrhizobium, os quais atuam nos processos de FBN, bem como outros organismosbenéficos que atuam em sinergismo com o sistema radicular da soja.

Nesta mesma região foram encontradas duas lavouras distintas de soja nas

quais ocorreram períodos de seca na fase de enchimento de grãos: na primeira, haviaocorrido o cultivo de milho 2ª safra e na segunda, o cultivo de milho 2ª safra

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consorciado com braquiária ruziziensis. Na lavoura representada pela sucessão milho2ª safra-soja notou-se que o tamanho e a massa dos grãos de soja eram menores(Figura 4B) e que muitas plantas já havia senescido precocemente (Figura 4C), muitoprovavelmente pela limitação hídrica do solo, uma vez que solos com pouca ounenhuma palhada possuem menor estoque de água quando comparados com soloscobertos por palhada e cultivados com a mesma espécie de plantas.

Agradecimentos

À Fundação Agrisus (PA 1556/15), pelo suporte financeiro ao primeiro autor.

Referências CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de grãos. v. 2 Safra 2014/15, n. 7 Sétimolevantamento. Brasília, DF, 2015. 100 p.

BALBINOT JUNIOR., A. A.; FRANCHINI, J. C.; DEBIASI, H.; FERREIRA, A. S.; WERNER, F.;IWASAKI, G. S. Interação entre densidade de semeadura e adubação nitrogenada nocrescimento e produtividade da soja. In: XXXIV Reunião de Pesquisa de Soja, 2014, Londrina,Resumos expandidos... Brasília, DF: Embrapa, 2014. p. 33-35.

HUNGRIA, M.; FRANCHINI, J. C.; CAMPO, R. J.; CRISPINO, C. C.; MORAES, J. Z.;SIBALDELLI, R. N. R; MENDES, I. C. Nitrogennutritionofsoybean in Brazil:contributionsofbiological N2 fixationand N fertilizertograinyield. CanadianJournalofPlantScience, v. 86, n.4, p. 927-939, 2006.

OLIVEIRA JUNIOR, A. de; CASTRO, C. de; OLIVEIRA, F. A. de; PEREIRA, J. V.; CHICARELI,R.; CECCATTO, S. EL K. Produtividade de soja em resposta ao arranjo espacial de plantas e àadubação nitrogenada associada a fertilização foliar. In: XXXIII Reunião de Pesquisa de Sojada Região Central do Brasil, 2013, Londrina. Resumos expandidos... Brasília, DF: Embrapa,2013. p. 28-33.

OLIVEIRA JUNIOR, A.; CASTRO, C. Manejo da adubação fosfatada em solos de cerrado: qualé o custo agronômico da operacionalidade da aplicação a lanço? In: WORKSHOP CTCAGRICULTURA, 12., 2013. Rio Verde, GO. (Comigo, Resultados 2013).

A SOJA INSERIDA EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO EM REGIÕES DE DESTAQUENO BRASIL: A EXPERIÊNCIA DA EXPEDIÇÃO SAFRA

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JORDÃO, L. T.1; OLIVEIRA JUNIOR, A.2; CASTRO, C.2; CHAVES, D. P.3; LIMA, F. F.4;FERREIRA, G.5; ROCHER, J.6

1Doutorando, Departamento de Produção e Melhoramento Vegetal, FCA-UNESP/Botucatu,Botucatu-SP, [email protected]; 2Pesquisador - Fertilidade do Solo e Nutrição dePlantas, Embrapa Soja, Londrina-PR; 3Consultor, Solo Center Consultoria, Nova Mutum-MT;4Analista de Custo de Produção, CEPEA-ESALQ/USP, Piracicaba-SP; 5Coordenador daExpedição Safra Gazeta do Povo, Curitiba-PR; 6Editor de Agronegócio do Jornal Gazeta doPovo, Curitiba-PR.

1. A Expedição Safra Gazeta do Povo

Coordenada pelo Núcleo de Agronegócio do Jornal Gazeta do Povo,pertencente ao Grupo Paranaense de Comunicação e afiliado a Rede Globo, o projetoda Expedição Safra Gazeta do Povo teve início em 2006/2007 com um roteiro restritoapenas ao Estado do Paraná. Atualmente, é considerada a maior expedição agrícolado mundo, abrangendo 16 estados brasileiros, além de países como a Argentina, oParaguai, o Uruguai e os Estados Unidos, realizando ainda viagens extraordinárias aoutros continentes como Europa, Ásia e África.

A equipe da Expedição Safra Gazeta do Povo é composta porjornalistasespecializados em agronegócio, e possui apoio técnico de engenheirosagrônomos e economistas que participam de roteiros específicos no Brasil e em outrospaíses.

O projeto, que tem como foco a cadeia produtiva da soja, objetiva-se realizaranálises técnicas das lavouras do plantio à colheita, bem como diagnosticar variáveisque influenciam o agronegócio mundial da soja como a oferta e a demanda mundial dealimentos, a logística e a infraestrutura de armazéns, rodovias, ferrovias e portos, e ovalor do dólar influenciando o preço de insumos. Essas informações são coletadasregionalmente durante os roteiros da expedição a partir de reuniões técnicas emcooperativas, trading de grãos, instituições agropecuárias regionais de caráter públicoe privado, e principalmente, por meio do contato direto com o produtor rural emfazendas, gerando informações detalhadas de cada região agrícola.

Neste trabalho, os engenheiros agrônomos participantes de roteiros daExpedição Safra Gazeta do Povo, juntamente com a experiência dos pesquisadoresda Embrapa Soja, apresentarão informações técnicas atuais referentes aos sistemasde produção que envolvem a cultura da soja, bem como a expansão das lavouras emimportantes regiões do Brasil, tais como o norte (N) e noroeste (NO) do Paraná (PR),Mato Grosso do Sul (MS), Mato Grosso (MT), Goiás (GO), e ainda o Estado deRondônia (RO), o qual destaca-se por meio de altas produtividades e crescenteexpansão em área plantada (CONAB, 2015).

2. Sistemas de produção com a cultura da soja

Na safra 2014/2015 foram semeados em todo o Brasil aproximadamente 31,5milhões de hectares de soja, representando um aumento de 35% na última década(EXPEDIÇÃO SAFRA, 2015). Estima-se que em sucessão à soja ocorre o cultivo

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principalmente do milho 2ª safra e de plantas de cobertura, com destaque para omilheto e espécies de crotalárias e braquiárias (EXPEDIÇÃO SAFRA, 2015; CONAB,2015; IBGE, 2013; FIESP, 2014; SEAB; DERAL, 2015) (Tabela 1).

Nas regiões norte e noroeste do PR predominam a sucessão soja-milho 2ªsafra, e o cultivo do sistema soja-trigo, ocorre na região norte principalmente nosmunicípios com maiores altitudes e temperaturas amenas. A semeadura de plantaspara cobertura do solo e outras culturas de grãos em rotação com a soja ocorre deforma isolada, com destaque para o cultivo de braquiária ruziziensis e braquiáriabrizantha solteiras ou consorciadas com o milho 2ª safra (Figura 1A).

Tabela 1. Estimativa de área plantada com culturas em sucessão à soja (em milhõesde hectares)1.

Regiões eEstados

Soja1ª

Soja2ª

Milho2ª

Trigo Feijão2ª e 3ª

Algodão2ª Safra

OutrasCulturas

Plantas deCobertura

Pousio

PR (N,NO) 1,650 0,005 0,9000,57

00,030 0,001 0,120 0,024 0,000

MS 2,301 0,100 1,5480,01

20,016 0,014 0,025 0,471 0,115

MT 8,805 0,300 3,1720,00

00,313 0,253 0,200 4,127 0,440

GO 3,241 0,150 0,9980,01

00,089 0,015 0,117 1,700 0,162

RO 0,229 0,023 0,0700,00

00,025 0,000 0,000 0,088 0,023

O MS assemelha-se à região noroeste do PR quanto ao predomínio dasucessão soja-milho 2ª safra, e com alta adoção do consórcio milho 2ª safra ebraquiária ruziziensis, resultado este do esforço de pesquisa e transferência detecnologias de unidades da Embrapa, Fundação MS e outras instituições de pesquisapública e privada. Por outro lado, em regiões de inverno muito seco nas quais o cultivode milho 2ª safra não é recomendado, cultiva-se milheto e braquiárias com finalidadede cobertura de solo, e em áreas com incidência de nematóides, opta-se pelasemeadura de crotaláriaspectabilis. Já o cultivo de algodão de 2ª safra, feijão de 2ª e3ª safra e outras culturas em sistema irrigado concentra-se na região de Chapadão doSul, próximo a divisa com GO e MT.

Figura 1. Lavoura de soja sob palhada de milho e braquiária ruziziensis em Maringá, PR (A);Lavoura de milho 2ª safra (B) e girassol (C) após cultivo de soja em Campo Novo do Parecis,

1 Informações coletadas a campo durante roteiros da Expedição Safra Gazeta do Povo juntamente com informações oficiais de EXPEDIÇÃO SAFRA, 2015; CONAB, 2015; IBGE, 2013; FIESP, 2014; SEAB; DERAL, 2015, e comunicação pessoal em março de 2015 com o EngºAgrº e Diretor Comercial da Piraí Sementes, José Donizeti Carlos.

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MT; Início do desenvolvimento de plantas de milho cultivadas na 2ª safra sob palhada de sojaem Sorriso, MT (D). Fotos de Luiz Tadeu Jordão.

A diversificação de culturas após o cultivo da soja no MT e GO é bastanteexpressiva. Embora a área plantada com a sucessão soja-milho 2ª safra seja relevante(Figura 1B e 1D), atingindo 36% e 31%, respectivamente para o MT e GO, nessesestados ocorre o predomínio do sistema soja-plantas de cobertura, com 47% no MT e52% em GO. Em muitas áreas as chuvas encerram-se no mês de abril, inviabilizandoo cultivo da 2ª safra. Como alternativa, opta-se pelo cultivo de plantas para coberturade solo como o milheto e as braquiárias solteiras, ou ainda, a crotaláriaspectabilis emárea com incidência de nematóides. Adicionalmente, verifica-se também o cultivo dasoja em rotação com o feijão de 2ª e de 3ª safra, o algodão de 2ª safra e outrasplantas produtoras de grãos como o girassol (Figura 1C), inseridos muitas vezes emsistemas irrigados de alta tecnologia. Por fim, as áreas de soja 2ª safra e de pousioencontradas nestes estados são muito variáveis entre as safras, devido a aspectoseconômicos e de viabilidade operacional no campo.

Embora a área cultivada com soja em RO seja pequena se comparado aosdemais estados, analisando dados da CONAB (2015) e do IBGE (2013), nota-se quenas últimas 15 safras, RO obteve produtividades mais elevadas que a média brasileirae ainda, com rendimentos iguais ou superiores aos Estados do PR e MT. Comumente,o volume e a regularidade de chuvas nesta região são adequados para possibilitar opleno desenvolvimento das lavouras. Em sucessão à soja há o predomínio do cultivode milho 2ª safra e também do milheto.

3. A atual expansão da cultura da soja

Nas últimas 15 safras, a área semeada com soja no Brasil aumentou cerca de125%, passando de 14 milhões de hectares plantados na safra 2000/2001 para 31,5milhões de hectares na safra 2014/2015 (CONAB, 2015).

Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, a soja expande-seprincipalmente em áreas onde eram cultivados milho 1ª safra, cana-de-açúcar epastagens. Primeiramente, devido ao colapso atual do setor sucroalcooleiro, muitasáreas nos Estados do PR, São Paulo (SP), MS e GO cultivadas com cana-de-açúcarforam substituídas por lavouras de soja, que em função do cenário econômico atual,apresenta-se mais rentável ao produtor rural. Em seguida, a soja expande-se tambémem áreas de pastagens nos Estados do PR, MS (Figura 2A), MT e GO, no entanto, emritmo menor ao esperado, uma vez que o preço da carne bovina nos últimos anosencontra-se elevado e a atividade bastante lucrativa, favorecendo a manutenção daspastagens e reduzindo a velocidade de expansão da cultura da soja.

Figura 2. Pastejo do gado e lavoura de soja lado a lado em Camapuã, MS (A); Colheita da sojaem Vilhena, RO (B); Área de abertura de Floresta Amazônica cultivada com arroz emAriquemes, RO (C). Fotos de Luiz Tadeu Jordão.

A B C D

A B C

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Por outro lado, durante os roteiros foi verificado que especialmente na regiãonorte do MT, a partir do município de Comodoro, MT, e em todo o Estado de RO, asoja expande-se em área originalmente de Floresta Amazônia. Independentemente dalegalidade dessas áreas para o cultivo da soja com base no Código Florestalbrasileiro, nota-se que grandes áreas foram desmatadas principalmente nos últimos 5anos abrindo espaço para o cultivo da soja.

Durante visita ao Estado de RO, foram percorridas todas as regiões produtorasde soja, principalmente as regiões de Vilhena (Figura 2B), Chupinguaia, Cacoal,Ariquemes (Figura 2C) e Porto Velho, e em todas evidenciou-se a presença de áreasrecentemente desmatadas para o cultivo de arroz de primeiro ano e também de sojaem lavouras já consolidadas.

Agradecimentos

À Fundação Agrisus (PA 1556/15), pelo suporte financeiro ao primeiro autor.

Referências CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de grãos. v. 2 Safra 2014/15, n. 7 Sétimolevantamento. Brasília, DF, 2015. 100 p.

FIESP. Outlook FIESP 2024: projeções para o agronegócio brasileiro. São Paulo, 2014. 100 p.

EXPEDIÇÃO SAFRA GAZETA DO POVO. Relatório Técnico Safra 2013/2014. Curitiba, PR,2015. Disponível em:<http://agro.gazetadopovo.com.br/relatorios/RelatorioTecExpSafra_13_14.pdf>. Acesso em: 05mar. 2015.

IBGE. Anuário Estatístico do Brasil 2013. Disponível em:<http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/20/aeb_2013.pdf>. Acesso em: 05 mar.2015.

SEAB; DERAL. Estimativa de safra. Curitiba, PR, 2015. Disponível em:<http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/deral/pss.xls> Acesso em: 05 mar. 2015.

DESENVOLVIMENTO DA PARTE AÉREA DE SOJA EM FUNÇÃO DOMANEJO COM PLANTAS DE COBERTURA E NITROGÊNIO NO

OUTONO/INVERNO

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JORDÃO, L. T.1; MELO, C. V. C. B.2; VERSARI, P. H. V.2; CONEGLIAN, C. F.2;RODRIGUERO, T. S.2; CHAVES, D. P.3; FIRMANO, R. F.4; BARZAN, R. R.5; MUNIZ, A.

S.2; OLIVEIRA JUNIOR, A.6; CRUSCIOL, C. A. C.1

1Departamento de Produção e Melhoramento Vegetal, Faculdade de Ciências Agronômicas,Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – FCA-UNESP/Botucatu, Botucatu-SP,[email protected]; 2Universidade Estadual de Maringá – UEM, Maringá-PR;3Consultor, Solo Center Consultoria, Nova Mutum-MT; 4LSO-ESALQ/USP, Piracicaba-SP;5Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina-PR;6Embrapa Soja, Londrina-PR.

A cultura da soja está inserida em diversos sistemas de produção, e dos 31,5milhões de hectares semeados na safra 2014/2015 (CONAB, 2015), estima-se que em55% e 40%, respecitvamente para as regiões norte e noroeste do Paraná, e para oCentro-Oeste (especificamente Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás), ocorra asemeadura do milho 2ª safra. Ainda, nas últimas 15 safras não houve aumento emprodutividade de soja nestas regiões em que ocorre a sucessão soja-milho 2ª safra, eé evidente a necessidade de melhorias na qualidade do solo para elevação daprodutividade da soja.

Neste contexto, a utilização de plantas de cobertura e o aumaneto da entradade nitrogênio (N) no sistema produtivo são estratégias de manejo bastanteinteressantes que podem melhorar a qualidade do solo, a partir dos atributos químicos,físicos e biológicos. Com isso, espera-se que a cultura da soja, em sucesão ao cultivodessas plantas, possa explorar maior volume de solo e produzir maior quantidade debiomassa da parte aérea, e que consequentemente, eleve o rendimento de grãos.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção de massa de matéria seca daparte áerea (MMSPA) da soja em diferentes estádios de desenvolvimento em funçãoda utilização de plantas de cobertura e adubação nitrogenada no outono/inverno.Adicionalmente, a hipotese deste trabalho baseou-se em que o cultivo de plantas decobertura juntamente com a adubução nitrogenada no outono/inverno proporcionamaior produção de MMSPA da soja se comparado com o cultivo apenas de milho 2ªsafra.

O experimento foi realizado a campo na safra 2014/2015, no município deItambé, PR, na área experimental do Portal Ciência do Solo, em Nitossoo Vermelhoeutroférrico (EMBRAPA, 2013), de textura muito argilosa, com alto grau decompactação do solo e com baixo teor de carbono (C) e de nitrogênio total (N-total).Durante o desenvolvimento do experimento foi realizado o controle de plantasdaninhas, de pragas e de doenças em toda a área experimental, de forma que estesfatores não influenciassem a produtividade da soja. Ainda, não foi verificado períodosde estresse hídrico durante todo o ciclo da cultura e o volume e a regularidade daschuvas foram semelhantes aos dados históricos verificados para a região.

No outono/inverno foi cultivado 7 sistemas de produção com aplicação emsubparcelas de 100 kg ha-1 N, via nitrato de amônio, em cobertura 20 dias após aemergência das plantas (DAE), com 4 repetições, totalizando 56 parcelas. No verãocultivou-se exclusivamente soja em todos os tratamentos. Os tratamentos foramconstituidos por: milho solteiro, consórcio de milho com braquiária ruziziensis,consórcio de milho com braquiária brizantha, braquiária ruziziensis, braquiáriabrizantha, consórcio de nabo forrageiro e aveia preta, e milheto.

Os tratamentos com milho receberam adubação de base com 50 kg ha-1 N vianitrato de amônio, 60 kg ha-1 de P2O5 via superfosfato simples e 60 kg ha-1 de K2O viacloreto de potássio, além da aplicação de 100 kg ha-1 N via nitrato de amônio emcobertura na subparcela. Os demais tratamentos com plantas de cobertura receberamapenas 100 kg ha-1 N via nitrato de amônio em cobertura na subparcela. Já para asoja, realizou-se adubação de base com a aplicação de 60 kg ha-1 de P2O5 via

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superfosfato simples e 60 kg ha-1 de K2O via cloreto de potássio, além da inoculaçãodas sementes com Bradyrhizobium e aplicação de 20 kg ha-1 de K2O via cloreto depotássio em cobertura 20 DAE (EMBRAPA, 2011).

As plantas de soja foram avaliadas nos estádios de pré-florescimento, R2 eR5.1, por meio da coleta aleatória da parte aérea de 5 plantas por parcela.Posteriormente, o material foi acondicionado em sacos de papel devidamenteidentificados e colocados para secar em estufa a 65ºC, por período de 96 horas. Emseguida, aferiu-se a MMSPA das plantas de soja com auxílio de balança semi-anaítica.Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), teste F e as médiascomparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.

A Tabela 1 apresenta resultados referente ao efeito dos sistemas de produçãocultivados no outono/inverno e a Tabela 2 representa o efeito apenas da adubaçãonitrogenada de cobertura no outono/inverno.

Tabela 1. Produção de MMSPA de plantas de soja em diferente estádios dedesenvolvimento em função dos sistemas de produção cultivados no outono/inverno.

Tratamentos

Estádios de Desenvolvimento

MédiaPré-Florescimento R2 R5.1

-- g pl-1 -- -- g pl-1 -- -- g pl-1 -- -- g pl-1 --

Milho Solteiro 6,95 ab 12,52 bc 25,37 b 14,95

Milho + B. Ruziziensis 4,83 c 10,94 dc 23,73 b 13,17

Milho + B. Brizantha 4,60 c 9,69 d 24,82 b 12,04

B. Ruziziensis 7,07 ab 14,90 a 34,30 a 18,76

B. Brizantha 6,71 b 13,13 b 24,25 b 14,70

Nabo F. + Aveia P. 6,41 b 9,30 d 32,32 a 15,92

Milheto 7,76 a 11,87 bc 34,29 a 17,97

CV (%) 10,2 9,5 10,0

DMSTukey 5% 1,0 1,7 4,4

Tabela 2. Produção de MMSPA de plantas de soja em diferente estádios dedesenvolvimento em função da adubação nitrogenada de cobertura outono/inverno.

TratamentosEstádios de Desenvolvimento

MédiaPré-Florescimento R2 R5.1

------ g pl-1 ------ ------ g pl-1 ------ ------ g pl-1 ------ ------ g pl-1 ------

100 kg ha-1 N 6,46 a 11,98 a 28,87 a 15,77

0 kg ha-1 N 6,20 a 11,54 a 28,00 a 15,25

CV (%) 10,2 9,5 10,0

DMSTukey 5% 0,3 0,6 1,5

Para o estádio de pré-florescimento, notou-se que o sistema de produçãomilheto-soja obteve a maior produção de MMSPA, embora não tenha diferidoestatisticamente dos tratamentos de milho solteiro e braquiária ruziziensis. Já os

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tratamentos de milho consorciado com braquiária ruziziensis e com braquiáriabrizantha apresentaram os menores valores de MMSPA.

Por outro lado, para o estádio R2, o sistema de produção braquiáriaruziziensis-soja obteve maior valor de MMSPA, e novamente, os tratamentos de milhoconsorciado com braquiária ruziziensis e braquiária brizantha, juntamente com oconsórcio de nabo forrageiro e aveia preta, apresentaram os menores valores deMMSPA. Para esses tratamentos, os valores de MMSPA foi respectivamente, 26,6%,35% e 37,6% inferiores ao tratamento de braquiária ruziziensis.

No último estádio de avaliação, o R5.1, observou-se que os tratamentos commilheto e braquiária ruziziensis e o consórcio de nabo forrageiro e de aveia pretaapresentaram os maiores valores de MMSPA, e que similarmente ao verificado noestádio R2, os tratamentos de milho consorciados com braquiária ruziziensis ebraquiária brizantha apresentaram menor MMSPA.

Maiores valores de MMSPA podem ser referidos, principalmente, a capacidadeda planta de soja em explorar maior volume de solo e absorver água e nutrientes emquantidades adequadas para seu desenvolvimento, bem como apresentar maior taxafotossintética, e como consequência, poderá acumular quantidade maiores defotoassimilados na parte aérea das plantas, os quais serão redistribuídos de órgãos deresidência como folhas, caules e vagens para os grãos. Ainda, plantas de coberturacomo o milheto e a braquiária ruziziensis possuem sistema radicular bastanteagressivo e são conhecidas na literatura como espécies capazes de descompactar osolo, fato este que pode explicar a maior produção de MMSPA quando comparado aosdemais tratamentos, ambos cultivados em solo compactado.

Não foi verificado diferença estatística para o efeito da adubação nitrogenadade cobertura aplicada no outono/inverno nos valores de MMSPA de plantas de soja(Tabela 2). Embora tenha ocorrido efeito positivo da adubação nitrogenada de 100 kgha-1 nas plantas dos sistemas de produção no outono/inverno2, nota-se que não houveaproveitamento do fertilizante nitrogenado para aumentar a produção de MMSPA. Emmuitos casos, o N aplicado no outono/inverno é absorvido pelas plantas e que, após oinício da decomposição da palhada dessas plantas, há início de uma forte competiçãoentre os microorganismos do solo e as plantas de soja pelo N mineralizado dapalhada. Este processo de mineralização do N é influenciado por inúmeros fatores,como por exemplo, o teor de N-total do solo, que comumente, quanto menor é esteteor, maior será a taxa de imobilização do N pelos microorganismos do solo.

Portanto, conclui-se que os sistemas de produção milheto-soja e braquiáriaruziziensis-soja caracterizam-se como uma boa opção para produção de MMSPA, eque a adubação nitrogenada de cobertura aplicada no outono/inverno não influencia aMMSPA das plantas de soja.

Agradecimentos

À CAPES, ao Instituto Internacional de Nutrição de Plantas - Programa Brasil(IPNI Brasil), à Fundação Agrisus (PA 1452/15 e PA 1556/15), à Produquímica e à BioSoja pelo suporte financeiro.

Referências

2Jordão et. al (2015) - Dados não publicados e serão apresentados resumidamente no XIII Seminário Nacional de Milho Safrinha, nos dias 24 a 26 de novembro de 2015 em Maringá-PR.

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CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de grãos. v. 2 Safra 2014/15, n. 7Sétimo levantamento. Brasília, DF, 2015. 100 p.

EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3. ed. Rio de Janeiro:Embrapa Solos, 2013. 353 p.

Tecnologias de produção de soja – região central do Brasil 2012 e 2013. Londrina:Embrapa Soja, 2011. 261 p. (Sistemas de Produção, 15).

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NÍVEL CRÍTICO DE POTÁSSIO EM FOLHAS DE SOJA COM TIPO DECRESCIMENTO INDETERMINADO

JORDÃO, L. T.1; BARZAN, R. R.2; OLIVEIRA JUNIOR, A.3; CASTRO, C.3; LAVRESJUNIOR, J.4

1Departamento de Produção e Melhoramento Vegetal, Faculdade de Ciências Agronômicas,Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – FCA-UNESP/Botucatu, Botucatu-SP,[email protected]; 2Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina-PR;3Embrapa Soja, Londrina-PR; 4Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de SãoPaulo – CENA/USP, Piracicaba-SP.

O potássio (K) é o macronutriente exigido em grandes quantidades pela soja,sendo esta exigência inferior apenas à do nitrogênio em termos de absorção eexportação pelos grãos (OLIVEIRA JUNIOR et al., 2014). Na planta, o K atua emdiversos processos fisiológicos, dentre eles a regulação osmótica (responsável pelaabertura/fechamento estomático), síntese protéica, ativação enzimática e transporte deaçúcares, ácidos orgânicos e outros nutrientes (MALAVOLTA, 2006; EPSTEIN &BLOOM, 2006; MARSCHNER, 1995).

A avaliação do estado nutricional de uma cultura quanto a determinadonutriente se dá, principalmente, através da obtenção do seu teor, por análise químicade tecido vegetal, comparando-o com valores de referência. Estes últimos sãoestabelecidos em experimentos de calibração, onde se relaciona o teor do nutrienteem determinado tecido da planta (folha-índice, principalmente) com a suaprodutividade relativa, obtendo-se o denominado nível crítico, que é aquele queproporciona, geralmente, 90% da máxima produtividade obtida. Acima do nível crítico,tem-se que o incremento em produtividade proporcionado pelo aumento no teor donutriente deixa de ser eficiente em termos econômicos (MALAVOLTA, VITTI &OLIVEIRA, 1997; MALAVOLTA, 2006).

Na cultura da soja, os valores de nível crítico de K em folhas-índice utilizadosatualmente são baseados em trabalhos realizados com cultivares antigas, de tipo decrescimento determinado (TCD), potencial produtivo bastante inferior e ciclo maislongo, como o desenvolvido por Borkert, Sfredo e Silva (1993), necessitando-se obtervalores de referência mais adequados para as condições de cultivo atuais, em que osmateriais utilizados apresentam, geralmente, tipo de crescimento indeterminado (TCI),elevado potencial produtivo e ciclo precoce. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foiestabelecer níveis críticos de potássio em folhas de cultivares de sojacom estascaracterísticas.

O experimento foi desenvolvidoem condições de campo naFazendaExperimentaldaEmbrapa Soja, em Londrina, PR, durante o período deoutubro de 2010 a março de 2013. O solo da área foi classificado como LatossoloVermelho distroférrico (EMBRAPA, 2013), de textura muito argilosa (780 g kg-1 deargila). Foram coletadas amostras do solo nas camadas de 0,0-20,0 cm e 20,0-40,0cm, em setembro de 2010, para caracterização dos atributos químicos, cujosresultados são apresentados na Tabela 1.

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Tabela 1. Resultado da análise dos atributos químicos do solo coletado em setembrode 2010.

Camada dosolo (cm)

pH -

H2O

Al3+ (1) H+Al(2) Ca2+ (1) Mg2+ (1) K+ (3) P (3) S(4) C(5)

cmolc dm-3 mg dm-3 g dm-3

0,0-20,0 4,8 0,1 5,8 3,8 1,5 0,46 14,5 15,0 15,2

20,0-40,0 4,7 0,2 6,0 3,5 1,2 0,38 10,7 22,0 9,8

(1) Extrator: KCl 1 mol L-1. (2)Método: SMP. (3) Extrator: Mehlich-1. (4) Método: Fosfato monocálcico. (5)Método: Walkley&Black.

O delineamento experimental foi de blocos ao acaso em parcelas subdivididas,com seis doses de K (0, 40, 80, 120, 160 e 200 kg ha-1 de K2O), duas cultivares desoja TCI (V-MAX RR e BRS-360RR, grupo de maturação 6.2) e quatro repetições. O Kfoi aplicado anualmente a lanço, na forma de cloreto de potássio (60 % K2O), até asafra agrícola de 2007/08, quando as aplicações foram interrompidas e se deu início aum ciclo de efeito residual das doses aplicadas.

Durante as safras em que o experimento foi avaliado (2010/11, 2011/12 e2012/13), o esquema de sucessão de culturas utilizado foi o seguinte: soja no verão etrigo (cultivar BRS 208) no inverno. As subparcelas foram constituídas de cinco linhasde 8,0m de comprimento espaçadas em 0,5 m, totalizando 40 m2, com área útil de 9m2 (três linhas de 6 m de comprimento, na área central).

A semeadura foi realizada mecanicamente, com 15 sementes m-1 linear, sendoestas tratadas com os fungicidas carboxina e tiram, na dose de 2,5 mL kg -1, oinseticida fipronil, na dose de 2 mL kg-1, além de inoculação com bactérias dogênereoBradyrhizobium e aplicação de 2 g ha-1 de cobalto (Co) e 20 g ha-1 demolibdênio (Mo). A adubação de base foi realizada a lanço, simultaneamente àsemeadura, com aplicação de 40 kg ha-1 de P2O5 (via superfosfato simples) nas safrasde verão, e nas safras de inverno, 50 kg ha-1 de P2O5 (via superfosfato simples) mais20 kg ha-1 de N (via sulfato de amônio).Ademais, anteriormente à semeadura da sojana safra 2010/11, aplicou-se 1,0 Mg ha-1 de calcário (PRNT 100%). O controlefitossanitário foi efetuado quando necessário, conforme as recomendações para acultura.

No estádio de florescimento pleno (R2), foram coletadas 15 folhas-índice(terceiro trifólio completamente expandido a partir do ápice caulinar) por subparcela,os quais foram secos em estufa de circulação forçada de ar (65º C, 96 h), processadosem moinho tipo Wiley, submetidos à digestão via úmida em forno de micro-ondas(HNO3 + H2O2, 170º C durante 40 min.), segundo metodologia adaptada de AOAC(2000), e analisados quanto ao teor de K por espectrometria de emissão atômica porplasma acoplado indutivamente (ICP-OES).

A produtividade de grãos foi obtidapela colheita das plantas da área útil daparcela, através do corte e trilha, com posterior pesagem dos grãos, conversão dosdados para kg ha-1 e correção da umidade para13%. O nível crítico (NC) de K paraambas cultivares foi obtido através do ajuste de equações de regressão no softwareSigmaPlot v.10., relacionando-se a produtividade relativa (%, em relação à máximaprodutividade) em função do respectivo teor de potássio na folha-índice,estabelecendo-se como NC a concentração de K no tecido que proporciona 90% de

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produtividade relativa. Para tal, foram utilizados dados obtidos apenas nas safras2010/11 e 2012/13.

O modelo de regressão que melhor explicou a relação entre as variáveis, comP< 0,01 e R2 de 0,79 e 0,83 para VMAX RR e BRS 360 RR, respectivamente, foi opolinomial inverso de primeira ordem, através da equação y = y0 + (a/x), em que “y” éa produtividade relativa de grãos e “x” o teor de K na folha-índice. O nível críticoencontrado para o genótipo VMAX RR foi superior em cerca de 20% daquele obtidopara BRS 360 RR, com valores de 25,4 e 21,3 g kg-1, respectivamente (Figura 1).Contudo,ambos estão acima do nível crítico sugerido por Borkert, Silva e Sfredo(1993), que é de 17 g kg-1. São superiores também aos níveis críticos encontrados poroutros autores, com valores de 17 a 20 g kg-1, entre os estádios de início doflorescimento (R1) e início de formação de vagens (R3) (SMALL& OHLROGGE, 1973;PLANK, 1979; SARTAIN et al., 1979).

Teor de K (g kg-1)

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Pro

du

tivi

dad

e R

elat

iva

(%)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

VMAX RRBRS 360 RR

YVMAX RR = 107,62 + (- 447,70/X) P < 0,01 R

2 = 0,79

YBRS 360 RR = 109,59 + (- 416,48/X) P < 0,01 R

2 = 0,83

NCBRS 360 RR = 21,3 g kg-1

NCVMAX RR = 25,4 g kg-1

Figura 1. Produtividade relativa de grãos de soja em função do teor de K foliar erespectivos níveis críticos (NC) de K para os cultivares de soja com TCI, VMAX RR (○)e BRS 360 RR (●). Média das safras 2010/2011 e 2012/2013.

Os resultados sugerem maior exigência em potássio das variedades utilizadasatualmente, possivelmente pelo maior potencial produtivo somado à precocidade dociclo, o que eleva a demanda pelo nutriente a fim de potencializar os processosfisiológicos dependentes do mesmo e que irão resultar em maior produtividade. Taisresultados indicam a necessidade de revisão dos valores de referência do nível críticode K para a interpretação da análise foliar em cultivares de soja no Brasil.

AgradecimentosÀ Fundação Agrisus (PA 1556/15), pelo suporte financeiro ao primeiro autor.

ReferênciasASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMIST - AOAC. Official methods of analysis.OfficialMethod 999.10.Washington, DC: AOAC International, 2000.

BORKERT, C. M.; SILVA, D. N.; SFREDO, G. J. Calibração de potássio nas folhas de soja emLatossolo Roxo distrófico. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 17, p. 227-230,1993.

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EMBRAPA – Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação desolos. 3. ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2013. 353 p.

EPSTEIN, E.; BLOOM, A. J. Nutrição mineral de plantas: princípios e perspectivas. 2. ed.Londrina: Planta, 2006. 403 p.

MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Agronômica Ceres,2006. 638 p.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: POTAFOS, 1997. 319p.

MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. 2. ed. London: Academic Press, 1995.889 p.

OLIVEIRA JUNIOR, A.; CASTRO, C.; OLIVEIRA, F.A.; FOLONI, J.S.S. Marcha de absorção eacúmulo de macronutrientes em soja com tipo de crescimento indeterminado. In: Reunião dePesquisa de Soja, 34., 2014, Londrina. Anais... Londrina: Embrapa Soja, 2014. p. 133-136.

PLANK, O. C. Plant analysis handbook for Georgia. Athens: University of Georgia,Cooperative Extension Service, 1979. 735 p.

SARTAIN, J. B.; FORBES, R. B.; USHERWOOD, N. R. Yield response of soybeans to P andK fertilization as correlated with soil extractable and tissue nutrient levels.Communications in Soil Science and Plant Analysis, New York, v. 10, p. 1219–1232, 1979.

SMALL, H. G.; OHLROGGE, A. J. Plant analysis as an aid in fertilizing soybeans andpeanuts. In: WALSH, L. M.; BEATON, J.D. (Ed.). Soil testing and plant analysis. Madison, WI:SSSA, 1973. p. 315–327.

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NÍVEL CRÍTICO DE POTÁSSIO EM LATOSSOLO VERMELHO DISTROFÉRRICOPARA SOJA COM TIPO DE CRESCIMENTO INDETERMINADO

JORDÃO, L. T.1; BARZAN, R. R.2; OLIVEIRA JUNIOR, A.3; CASTRO, C.3; LAVRESJUNIOR, J.4

1Departamento de Produção e Melhoramento Vegetal, Faculdade de Ciências Agronômicas,Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – FCA-UNESP/Botucatu, Botucatu-SP,[email protected]; 2Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina-PR;3Embrapa Soja, Londrina-PR; 4Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de SãoPaulo – CENA/USP, Piracicaba-SP.

No solo, o potássio (K) está presente em diversas formas as quais encontram-se em equilíbrio químico de maneira particular. Além do K presente na solução do solona forma iônica K+, há o K-trocável o qual está ligado às cargas negativas das argilas,o K-não trocável fixado nas camadas dos minerais do tipo 2:1, e o K-estrutural que fazparte da constituição dos minerais do solo (RAIJ, 2011). As plantas absorvem o K+ apartir da solução do solo, o qual está em equilíbrio direto com o K-trocável. Dessaforma, é possível predizer a disponibilidade do nutriente às plantas a partir dos teoresde K-trocável no solo, sendo o Mehlich-1 um dos principais extratores dessa forma deK utilizado na análise química do solo pelos laboratórios no Brasil (MEURER, 2006).

A interpretação da disponibilidade do nutriente às plantas é específica paracada cultura em função da exigência nutricional e dependendo ainda de característicasrelativas à região de cultivo e especialmente quanto às propriedades físico-químicasdo solo. Por meio de experimentos de calibração, estabelece-se o nível crítico (NC) donutriente para a cultura em determinada região, definido como o teor no solo em quese obtém 80 a 90% de produtividade relativa (à máxima encontrada), a partir do qual oincremento no fornecimento do elemento se torna ineficiente em termos econômicos(CANTARUTTI et al., 2007; RAIJ, 2011).

Na cultura da soja, o potássio ocupa a segunda posição dentre osmacronutrientes em termos de absorção e exportação pelos grãos, comaproximadamente 105 kg ha-1 e 20 kg t-1, respectivamente, apresentando umaexigência bastante elevada (OLIVEIRA JUNIOR et al., 2014). Porém, o nível crítico donutriente indicado para a soja em solos argilosos no Paraná, de 0,18 cmolc dm-3

(EMBRAPA, 2013), provém de estudos antigos quando os cultivares tinham menorespotencial produtivo e, consequentemente, demanda nutricional, além deapresentarem, geralmente, tipo de crescimento determinado (TCD), enquantoatualmente, os principais genótipos em uso na região são de tipo de crescimentoindeterminado (TCI), elevado potencial produtivo e de ciclo precoce.

Diante do exposto, há a necessidade de se estabelecerem novos valores dereferência para nível crítico de K na cultura da soja, mais adequados às condições decultivo atuais no Paraná, pela qual se objetivou a realização do presente trabalho.

O experimento foi realizado em condições de campo na Fazenda Experimentalda Embrapa Soja, em Londrina, PR, durante o período de outubro de 2010 a março de2013. O solo da área foi classificado como Latossolo Vermelho distroférrico(EMBRAPA, 2013), de textura muito argilosa (760 g kg-1 de argila). Foram coletadasamostras do solo nas camadas de 0,0-20,0 cm e 20,0-40,0 cm, em setembro de 2010,

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para caracterização dos atributos químicos, cujos resultados são apresentados naTabela 1.

Tabela 1. Resultado da análise química do solo coletado em setembro de 2010.

Camadado solo

(cm)

pH -

CaCl2

Al3+ (1) H+Al(2) Ca2+

(1)

Mg2+

(1)

K+ (3) P (3) S (4) C (5)

cmolc dm-3 mg dm-3 g dm-3

0,0-20,0 4,8 0,1 5,8 3,8 1,5 0,46 14,5 15,0 15,2

20,0-40,0 4,7 0,2 6,0 3,5 1,2 0,38 10,7 22,0 9,8

(1) Extrator: KCl 1 mol L-1. (2) Método: SMP. (3) Extrator: Mehlich-1. (4) Método: Fosfato monocálcico. (5)

Método: Walkley& Black.

O delineamento experimental foi de blocos ao acaso em parcelas subdivididas,com seis doses de K (0, 40, 80, 120, 160 e 200 kg ha-1 de K2O), dois cultivares de sojaTCI (V-MAX RR e BRS-360RR, grupo de maturação 6.2) e quatro repetições. O K foiaplicado anualmente a lanço, na forma de cloreto de potássio (60 % K2O), até a safraagrícola de 2007/08, quando as aplicações foram interrompidas e se deu início a umciclo de efeito residual das doses aplicadas. Durante as safras em que o experimentofoi avaliado (2010/11, 2011/12 e 2012/13), utilizou-se o esquema de rotação deculturas com soja no verão e trigo (cultivar BRS 208) no inverno. As subparcelas foramconstituídas de cinco linhas de 8,0 m de comprimento espaçadas em 0,5 m,totalizando 40 m2, com área útil de 9 m2 (três linhas de 6 m de comprimento, na áreacentral).

A semeadura foi realizada mecanicamente, com 15 sementes m-1 linear, sendoestas tratadas com os fungicidas carboxina e tiram, na dose de 2,5 mL kg -1, oinseticida fipronil, na dose de 2 mL kg-1, além de inoculação com bactérias do gêneroBradyrhizobium e aplicação de 2 g ha-1 de cobalto (Co) e 20 g ha-1 de molibdênio (Mo).A adubação de base foi realizada a lanço, simultaneamente à semeadura, comaplicação de 40 kg ha-1 de P2O5 (via superfosfato simples) nas safras de verão, e nassafras de inverno, 50 kg ha-1 de P2O5 (via superfosfato simples) mais 20 kg ha-1 de N(via sulfato de amônio). Ademais, anteriormente à semeadura da soja na safra2010/11, aplicou-se 1,0 Mg ha-1 de calcário (PRNT 100%). O controle fitossanitário foiefetuado quando necessário, conforme as recomendações para a cultura.

Coletou-se uma amostra de solo composta – de duas amostras simples nalinha de semeadura e três na entrelinha – por subparcela, na camada de 0,0-20,0 cm,para determinação do teor trocável de K. As amostras compostas foram secas emestufa (50º C, 72 h), moídas, peneiradas (2 mm) e analisadas por meio da extraçãocom Mehlich-1 e quantificação do K em fotômetro de chama (SILVA, 2009).

A produtividade de grãos foi obtida pela colheita das plantas da área útil daparcela, através do corte e trilha, com posterior pesagem dos grãos, conversão dosdados para kg ha-1 e correção da umidade para 13%. O nível crítico de K para ambascultivares foi obtido através do ajuste de equações de regressão no softwareSigmaPlot v.10., relacionando-se a produtividade relativa (%, em relação à máximaprodutividade) em função do respectivo teor trocável de K no solo, estabelecendo-secomo NC a concentração de K que proporcionasse 90% de produtividade relativa.Para tal, foram utilizados dados obtidos apenas nas safras 2011/12 e 2012/13.

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O modelo de regressão que melhor explicou a relação entre as variáveis, comP< 0,01 e R2 de 0,59 e 0,53 para VMAX RR e BRS 360 RR, respectivamente, foi opolinomial inverso de primeira ordem, através da equação y = y0 + (a/x), em que “y” éa produtividade relativa de grãos e “x” o teor de K trocável no solo. O nível críticoencontrado para o genótipo VMAX RR foi superior àquele obtido para BRS 360 RR,com valores de 0,38 e 0,29 cmolc dm-3, respectivamente (Figura 1), sugerindo maiorexigência do primeiro. Contudo, ambos são maiores do que o recomendado parainterpretação da análise química de solos com teor de argila > 40% no estado doParaná (EMBRAPA, 2013). Da mesma forma, os valores encontrados neste trabalhoestão bem acima do observado por Scherer (1998), que utilizou a cultivar de sojaBragg, de crescimento determinado, em Latossolo Húmico de Santa Catarina.

Por outro lado, o NC de K obtido neste estudo é semelhante àquele encontradopor Schlindwein, Bortolon e Gianello (2011), de 0,3 cmolc dm-3, em sistema de plantiodireto (SPD) no Rio Grande do Sul, porém, com profundidade de amostragem de 0,0-10,0 cm. Considerando a estratificação do nutriente em SPD, com maioresconcentrações em superfície (SCHLINDWEIN; ANGHINONI, 2000), os valoresencontrados no presente trabalho são então relativamente superiores, uma vez que seutilizou maior profundidade de amostragem (0,0-20,0 cm).

Ainda, observa-se na Figura 1 que, mesmo em baixos teores de K trocável (0,1cmolc dm-3), a produtividade relativa atingiu valores próximos a 70%, o que implica napossibilidade de contribuição de K não-trocável na nutrição da cultura. Sugere-se, porfim, a revisão dos valores de nível crítico utilizados atualmente para a interpretação dadisponibilidade de K no solo para a cultura da soja no Brasil.

Teor de K (cmolc dm-3)

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60

Pro

du

tivi

dad

e R

elat

iva

(%)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

VMAX RRBRS 360 RR

YVMAX RR = 98,46 + ( -3,24/X) P < 0,01 R

2 = 0,59

YBRS 360 RR = 101,23 + ( - 3,27/X) P < 0,01 R

2 = 0,53

NCBRS 360 RR = 0,29 cmolc dm-3

NCVMAX RR = 0,38 cmolc dm-3

Figura 1. Produtividade relativa de grãos de soja em função do teor de K trocável nosolo e respectivos níveis críticos de K (NC) para os cultivares de soja com TCI, VMAXRR (○) e BRS 360 RR (●). Média das safras 2011/2012 e 2012/2013.

AgradecimentosÀ Fundação Agrisus (PA 1556/15), pelo suporte financeiro ao primeiro autor.

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ReferênciasCANTARUTTI, R. B.; BARROS, N. F.; PRIETO, H. E.; NOVAIS, R. F. Avaliação da fertilidade dosolo e recomendação de fertilizantes. In: NOVAIS, R. F.; ALVAREZ, V. H.; BARROS, N. F.;FONTES, R. L. F.; CANTARUTTI, R. B.; NEVES, J. C. L. (Ed.). Fertilidade do solo. Viçosa:SBCS, 2007. p. 759-850.

EMBRAPA – Centro Nacional de Pesquisa de Soja. Tecnologias de produção de soja: RegiãoCentral do Brasil 2014. Londrina: Embrapa Soja, 2013. 265 p.

EMBRAPA – Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação desolos. 3. ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2013. 353 p.

MEURER, E. J. Potássio. In: FERNANDES, M. S. (Ed.). Nutrição mineral de plantas. Viçosa:SBCS, 2006. cap. 11, p. 281-298.

OLIVEIRA JUNIOR, A.; CASTRO, C.; OLIVEIRA, F.A.; FOLONI, J.S.S. Marcha de absorção eacúmulo de macronutrientes em soja com tipo de crescimento indeterminado. In: Reunião dePesquisa de Soja, 34., 2014, Londrina. Anais... Londrina: Embrapa Soja, 2014. p. 133-136.

RAIJ, B. Fertilidade do solo e manejo de nutrientes. Piracicaba: International Plant NutritionInstitute, 2011. 420 p.

SCHERER, E. E. Níveis críticos de potássio para a soja em Latossolo Húmico de SantaCatarina. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 22, p. 57-62, 1998.

SILVA, F. C. (Org.). Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. 2. ed.Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. 627 p.

SCHLINDWEIN, J. A.; ANGHINONI, I. Variabilidade vertical de fósforo e potássio disponíveis eprofundidade de amostragem do solo no sistema plantio direto. Ciência Rural, Santa Maria, v.30, p. 611-617, 2000.

SCHLINDWEIN, J. A.; BORTOLON, L.; GIANELLO, C. Calibração de métodos de extração depotássio em solos cultivados sob sistema plantio direto. Revista Brasileira de Ciência doSolo, Viçosa, v. 35, p. 1669-1677, 2011.

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4. CONCLUSÕES

As palestras técnicas-científicas, as apresentações dos trabalhos na forma depôster e o intercâmbio de ideias realizado durante o evento foram de extremaimportância para, de nossa parte, impulsionar o debate sobre o manejo sustentável dosolo e fornecimento de nutrientes na cultura da soja, enriquecer e atualizar osconhecimentos sobre a cadeia produtiva desta oleaginosa. O apoio da Fundação Agrisusfoi crucial para que estes objetivos fossem alcançados.

5. DESPESADAS E RECURSOS

QUADRO 1. Descrição das despesas financeiras enviadas a Agrisus.

ATIVIDADE VALOR (R$)Inscrição no eventoHospedagem 640,00Impressão de pôsteres AlimentaçãoPassagem aérea

TOTAL 640,00

_____________________________________Luiz Tadeu Jordão

22 de Julho de 2015

ANEXOS

i. FOTOGRAFIAS

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