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RELATÓRIO FINAL DAS ATIVIDADES DA COMISSÃO ESPECIAL DE HABITAÇÃO POPULAR E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA Presidente: Deputado Raul Carrion - PCdoB Vice-Presidente: Deputado Jurandir Maciel - PTB Relatora: Deputada Ana Affonso - PT MARÇO-JUNHO 2011

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RELATÓRIO FINAL DAS ATIVIDADES DA

COMISSÃO ESPECIAL DE HABITAÇÃO POPULAR

E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

Presidente: Deputado Raul Carrion - PCdoB

Vice-Presidente: Deputado Jurandir Maciel - PTB

Relatora: Deputada Ana Affonso - PT

MARÇO-JUNHO 2011

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO SUL COMISSÃO ESPECIAL DE HABITAÇÃO POPULAR E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

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ÍNDICE

Mesa Diretora da Assembleia Legislativa - 03

Composição da Comissão - 04

Equipe Técnica da Comissão - 05

Introdução - 06

Apresentação - 12

1 - A Questão da Habitação e as Cidades - 15

2 - Pedidos de Informações da Comissão - 17

3 - Resumo das Atividades da Comissão - 21

4 - Constituição da Comissão - 23

5 - Audiências Públicas - 26

5.1 - São Judas Tadeu, São Pedro e Vila Salvador França - 26

5.2 - Área da Fase no Morro Santa Teresa - 28

5.3 - Impacto das Obras da Copa do Mundo nas comunidades - 32

5.4 - Túnel Verde - 34

5.5 – Regularização Fundiária em Áreas da União - 36

5.6 - Comunidade Resistência e Luta, em Campo Bom - 39

5.7 - Vila Nova - 41

5.8 - Ilhas do Delta do Jacuí - 43

6 - Outras Atividades - 46

6.1 - Comunidade Pica-Pau, de Novo Hamburgo - 46

6.2 - Seminário sobre o Plano Estadual de Habitação de Interesse Social - 47

6.3 - 2º Seminário Estadual Sobre a Função Social da Propriedade do Solo Urbano

e os 10 Anos do Estatuto da Cidade - 47

7 – Conclusões e Encaminhamentos - 52

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MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

2011

Presidente:

Dep. Adão Villaverde (PT)

1º Vice- Presidente:

Dep. José Sperotto(PTB)

2º Vice- Presidente:

Dep. Frederico Antunes(PP)

1ºSecretário:

Dep. Alexandre Postal (PMDB)

2ºSecretário:

Dep. Alceu Barbosa (PDT)

3ºSecretário:

Dep. Zilá Breitenbach (PSDB)

4ºSecretário:

Dep. Catarina Paladini (PSB)

1º Suplente de Secretário – Dep. Valdeci Oliveira (PT)

2º Suplente de Secretário – Dep. Luciano Azevedo (PPS)

3º Suplente de Secretário – Dep. Raul Carrion (PC do B)

4º Suplente de Secretario – Dep. Paulo Borges (DEM)

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COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO ESPECIAL DE HABITAÇÃO POPULAR E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

Presidente: Raul Carrion - PC do B

Vice-Presidente: Jurandir Maciel - PTB

Relator: Ana Affonso – PT

Titulares

Alexandre Lindenmeyer - PT

Nelsinho Metalúrgico - PT

Álvaro Boessio - PMDB

Marco Alba - PMDB

João Fischer -PP

Mano Changes - PP

Alceu Barbosa - PDT

Marlon Santos - PDT

Jorge Pozzobom- PSDB

Suplentes

Luis Lauermann - PT

Marisa Formolo - PT

Valdeci Oliveira - PT

Giovani Feltes - PMDB

Maria Helena Sartori - PMDB

Pedro Westphalen - PP

Silvana Covatti - PP

Adroaldo Loureiro - PDT

Dr. Basegio - PDT

José Sperotto - PTB

Lucas Redecker – PSDB

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EQUIPE TÉCNICA DA COMISSÃO ESPECIAL DE

HABITAÇÃO POPULAR E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

João Augusto Moojen

Assessor Superior

Alessandro Minuscoli

Secretário

Apoio:

Departamento de Comissões Parlamentares

Departamento de Taquigrafia

Departamento de Tecnologia da Informação

Departamento de Logística

Departamento de Jornalismo

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INTRODUÇÃO

A questão habitacional, no Brasil e no nosso Estado, necessita de uma abordagem que leve em conta os novos instrumentos legais e institucionais relativos a essa temática.

Para responder às demandas habitacionais, o Governo Olívio Dutra criou, em 1999, a Secretaria Especial de Habitação, hoje Secretaria de Habitação e Saneamento. Da mesma forma, em âmbito federal, o Governo Lula criou o Ministério das Cidades, com a finalidade principal de enfrentar a problemática habitacional – compreendida na sua integralidade, incluindo o planejamento territorial urbano, o saneamento e a mobilidade urbana. A própria legislação federal avançou muito, constituindo novos marcos legais, fundos, conselhos e todo um sistema nacional para regular a matéria.

Por óbvio, o Poder Legislativo gaúcho não pode deixar de acompanhar, estudar e propor questões referentes ao tema, tendo em conta a sua importância. Nesta Casa, as diversas comissões especiais de habitação que precederam a presente – desde 1998 até 2007 – são uníssonas em concluir em seus relatórios que existe a necessidade de que esta pauta seja abordada pelos Senhores Deputados de forma permanente, apontando para a inclusão do tema da habitação em uma de suas comissões permanentes.

No Rio Grande do Sul - segundo o Relatório Final da Comissão Especial de Habitação Popular e Regularização Fundiária, de agosto de 2007, com base nos dados da Fundação João Pinheiro e do Censo Demográfico de 2000 – o déficit habitacional quantitativo (falta absoluta de moradias) era de mais de 250 mil unidades; já o déficit qualitativo (moradias sem infraestrutura, ausência de banheiros, coberturas inadequadas), sem considerar as inadequações fundiárias (moradias sem a posse legal dos terrenos), ultrapassava as 150 mil unidades. Por fim, as moradias em situação fundiária irregular totalizavam 250 mil. Esses dados dão a dimensão do problema a enfrentar.

Como resultado da ausência, durante anos, de políticas públicas que enfrentassem de forma efetiva essa questão, multiplicaram-se as ocupações e os loteamentos clandestinos, onde milhares de famílias vivem em glebas – públicas ou privadas – não regularizadas, carentes de todo tipo de serviços e em situação de alta vulnerabilidade.

Para enfrentar o problema da moradia no Brasil, impõe-se uma forte atuação dos poderes públicos, regulando o mercado fundiário e imobiliário, destinando recursos orçamentários subsidiados para as camadas mais empobrecidas da população e exigindo o cumprimento da função social da propriedade, definida no artigo 182 da nossa Constituição e regulamentada pelo Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.257/2001). Este, em vigor desde 2001, prevê, para as terras urbanas que não estejam cumprindo a sua função social, o parcelamento e a edificação compulsórias, o

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IPTU progressivo no tempo e a desapropriação pelo seu preço venal, com títulos da dívida pública. No mesmo sentido, a criação de ZEIS (zona especial de interesse social) ou similares, permite ao poder público regular o mercado de terras urbanas, evitando a especulação imobiliária em áreas destinadas à moradia de interesse social.

Fica cada vez mais claro que a solução para a crescente deterioração dos grandes centros urbanos no Brasil é política, mais do que técnica ou administrativa. O que se impõe é a aplicação de políticas urbanas que enfrentem a especulação imobiliária, exijam o cumprimento da função social da terra urbana, priorizem o transporte coletivo frente ao individual e combatam a degradação ambiental. Enfim, que se coloque na ordem do dia a realização no Brasil de uma profunda REFORMA URBANA.

ENCAMINHAMENTOS DA COMISSÃO

Neste contexto, foram várias as questões que a Comissão Especial de Habitação Popular e Regularização Fundiária (CEHPRF) encaminhou:

A promoção de um amplo debate acerca dessa problemática, envolvendo a União, o Estado e os Municípios, o Ministério Público e a sociedade civil organizada, visando um diagnóstico da realidade para a construção de políticas públicas integradas, que enfrentem da forma mais adequada possível o déficit habitacional existente no nosso Estado.

O exame da legislação urbanística estadual, visando o seu aperfeiçoamento e a sua eventual adequação ao Estatuto da Cidade, ao Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, ao Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e a outros marcos legais elaborados nos últimos anos.

A identificação de áreas de potencial tensão em relação à posse da terra para fins de moradia, buscando antecipar-se aos conflitos e construir soluções mediadas pelos poderes públicos.

- O encaminhamento de recomendações aos executivos – nos diversos níveis da federação – para a efetivação da regularização fundiária nas áreas públicas com ocupações consolidadas (beneficiando milhares de famílias) e para a elaboração de projetos habitacionais de interesse social.

Assim, em face das necessidades prementes que envolvem a problemática da moradia, bem como a relevância das tarefas a que se propôs esta Comissão Especial, concluímos que a Assembleia Legislativa necessita aparelhar-se para uma intervenção mais objetiva, direta e decisiva na área, como forma de atender as demandas sociais, bem como melhor utilizar os instrumentos institucionais disponíveis.

LEGISLAÇÃO EXISTENTE

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Trabalhar a questão legal é questão precípua do parlamento. Uma comissão de habitação popular e de regularização fundiária na Assembleia Legislativa deve se debruçar sobre a legislação pertinente, em todas as esferas.

De forma sintética, cabe ressaltar os instrumentos legais mais importantes, tanto na esfera federal, quanto na esfera estadual:

Legislação Federal

A Constituição da República é a Carta Magna. A partir dela é construída toda legislação infraconstitucional que a torna aplicável na sua plenitude. Assim temos, como ordenamento constitucional referente à matéria, o art. 6º, que declara – no título que rege os direitos e garantias fundamentais – que a moradia é um direito social. Ainda no corpo da Lei Maior, os artigos 182 e 183 regram a Política Urbana, estabelecendo a função social da cidade e da propriedade do solo urbano.

Como decorrência do ordenamento constitucional, a legislação infraconstitucional passou a regulamentá-la. Assim, temos o Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.257/2001), que estabelece as diretrizes gerais e inúmeros instrumentos urbanísticos que, se aplicados, podem viabilizar o desenvolvimento das cidades de forma mais equilibrada, mais justa socialmente, e ambientalmente sustentável.

A seguir, foi editada a MP 2.220/01, em vigor até hoje, que regrou a concessão especial de uso para fins de moradia. Em 2005, foi aprovada a Lei Federal 11.124/05 – o primeiro projeto de lei de iniciativa popular do país, com mais de um milhão de assinaturas – que criou o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) e o seu Conselho Gestor. Essa lei facilitou o acesso à terra urbanizada e à habitação digna para milhões de famílias. Regulamentando-a, o Decreto 5.796/06 condicionou o acesso aos recursos federais, na área da habitação, à adesão – por parte dos Estados, DF e Municípios – ao SNHIS, à constituição de Fundos e Conselhos Estaduais e Municipais de Habitação de Interesse Social e à elaboração dos Planos Estaduais e dos Planos Locais de Habitação de Interesse Social.

Além da MP 2.220, deve-se destacar também as Leis 11.481/07 e 11.483/07, que normatizaram a regularização fundiária de interesse social em imóveis da União e da extinta RFFSA e transferiram para o Patrimônio da União as áreas não operacionais da extinta RFFSA, facilitando a concessão de direito real de uso às famílias de baixa renda que as ocupam.

Grande importância tem, ainda, a Lei 11.445/07, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, e o Decreto 6.025/07, que instituiu o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que destinou R$ 106,3 bilhões somente para habitação, até 2010. A promulgação da Lei 11.977/09, que criou o Programa Minha Casa Minha Vida, além de viabilizar a construção de mais de 1 milhão de moradias populares, criou as condições para a regularização fundiária de assentamentos

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irregulares, em condições especiais. No último dia 16 de junho de 2011, a Presidenta Dilma Roussef sancionou a Lei 12.424/11, Minha Casa Minha Vida 2, aperfeiçoando e ampliando o seu alcance.

Legislação estadual

No Rio Grande do Sul, a Constituição Estadual registra em seus artigos 173, 174 e 175 – do “Capítulo Da Habitação” – e nos artigos 14, 16 e 27 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), os direitos habitacionais dos gaúchos.

Disciplinando o “Capítulo da Habitação”, foi elaborada a lei 9.828/93, que criou o Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), prevendo a destinação de recursos para construção de habitações populares e/ou lotes urbanizados às populações urbana e rural, com renda familiar de até cinco salários mínimos.

Regrando o art. 27 do ADCT, foi sancionada a Lei Complementar 9.752/92, que instituiu a doação para fins de moradia das terras urbanas de domínio do Estado ocupadas por populações de baixa renda.

Regulamentando os artigos 14 e 16 do mesmo ADCT, foi promulgada a Lei 10.851/96, que destinou as áreas urbanas devolutas e as áreas urbanas não-utilizadas ou subutilizadas, de propriedade do Estado, a projetos de construção de moradias populares.

Em 1995, inspirando-se no projeto de lei que tramitava no Congresso Nacional e que instituía o Sistema e o Conselho Nacionais de HIS, a Assembleia Legislativa aprovou a Lei 10.529/95, constituindo o Sistema Estadual de Habitação de Interesse Social, alterando o FDS e criando o Conselho Estadual de Habitação.

Em 2008, a Lei 13.017/08 dispôs sobre o Sistema Estadual de Habitação de Interesse Social (SEHIS), o Fundo Estadual de Habitação de Interesse Social (FEHIS) e seu Conselho Gestor, além do Conselho Estadual das Cidades, adequando o antigo Sistema Estadual de Habitação ao novo Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social.

PRINCIPAIS AÇÕES DA COMISSÃO

A Comissão Especial de Habitação Popular e Regularização Fundiária desenvolveu uma intensa atividade durante os quatro meses do seu funcionamento. Foram oito audiências públicas, e inúmeras reuniões e encontros, tanto nesta Casa legislativa como nas comunidades e órgãos públicos – em Porto Alegre e em outros municípios do Estado – culminando com o 2º Seminário Estadual Sobre a Função Social do Solo Urbano e os 10 Anos do Estatuto da Cidade.

De início, foram encaminhados pedidos de informações à SPU, à SEHADUR e às prefeituras da região metropolitana, a fim de elaborar um diagnóstico mais atualizado sobre a questão habitacional.

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Logo, tendo em vista as limitações de tempo da Comissão, foi aprovado um plano de trabalho centrado nas situações mais conflitivas existentes na região metropolitana e no litoral gaúcho. Da mesma forma, focamos na regularização das áreas públicas estaduais e federais ocupadas por famílias de baixa renda. Nos debruçamos, ainda, sobre casos “exemplares”, que podem servir de paradigma para situações similares.

Em que pese o pouco tempo, conseguimos avanços significativos em diversas situações, como o reconhecimento formal pelo Governador Tarso Genro do direito das cerca de 1500 famílias que há décadas vivem na área da FASE, no morro Santa Teresa, em Porto Alegre, a permanecerem onde se encontram e a terem a sua situação regularizada. Essas ocupações foram, através do Decreto Estadual 48.029, de 17 de maio de 2011, reconhecidas e integradas ao Programa de Regularização Fundiária de Interesse Social da Secretaria Estadual de Habitação e Saneamento.

Ainda em Porto Alegre, foi finalmente solucionada a situação das mais de 200 famílias da Vila dos Ferroviários, que ocupam áreas não operacionais da antiga RFFSA. Após vários anos de lutas e negociações – que exigiram, por diversas vezes, nossa ida à Brasília para contatos com o Ministério do Planejamento e com a Secretaria de Patrimônio da União – enfim a Ministra do Planejamento assinou Portaria autorizando a transferência dessa área para o Município de Porto Alegre, que agora poderá regularizá-la e conceder os títulos a seus moradores.

A CEHPRF também obteve uma importante vitória em relação a mais de 80 famílias da comunidade Resistência e Luta, no Município de Campo Bom, que, por decisão judicial, estavam por ser despejadas de suas moradias no dia 23 de maio deste ano. Em função de uma audiência pública da CEHPRF e do início de tratativas com a Prefeitura Municipal, Governo do Estado e União para buscar uma alternativa, a Juíza do feito acatou o pedido da CEHPRF de suspensão do despejo por 180 dias, para que se encaminhe junto aos órgãos públicos alternativas para reassentamento dos moradores.

Podemos fazer referência a outras importantes audiências e encaminhamentos em relação às mais de 10 mil famílias que vivem no Parque e nas Áreas de Preservação Ambiental do Delta do Jacuí; às cerca de 2.000 famílias que terão que ser reassentadas na Grande Cruzeiro, por conta das obras da Copa do Mundo; às centenas de famílias da comunidade do Túnel Verde, que há anos aguardam a execução por parte da Prefeitura das obras de infraestrutura; às dezenas de comunidades que vivem em áreas públicas estaduais e federais e que – apesar de toda legislação que lhes garante o direito – até hoje não tiveram sua situação regularizada; às centenas de famílias da Vila Nova que necessitam ter suas habitações regularizadas e clamam por uma infraestrutura adequada.

Todas essas ações da Comissão serão melhor detalhadas no decorrer deste relatório, e ressaltam a necessidade de se dar continuidade a esse trabalho, bem como

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de ampliar as ações para novas comunidades que reclamam o apoio desse parlamento.

Deputado Raul Carrion – PC do B

Presidente da CEHPRF

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APRESENTAÇÃO

O direito à moradia é um direito humano.

O papel do parlamento é o de sempre estar presente nos momentos e nos movimentos que a sociedade faz em busca de melhores condições de vida e de sua afirmação. A ação parlamentar se expressa na formulação e aprovação de leis, nos debates que decorrem dos temas que afluem para esta casa legislativa, na apresentação de sugestões a governos na defesa de temas importantes para a sociedade. O tema da habitação popular e da regularização urbana se incluem neste rol de temas nos quais o parlamento deve estar sempre atento utilizando seus instrumentos regimentais e seus fóruns para que seja exercido seu papel constitucional de fiscalizador da ação pública e de proponente de idéias e ações para a afirmação do tema.

Nestes 120 dias de funcionamento da Comissão Especial de Habitação Popular e Regularização Fundiária proposta pelo Deputado Estadual Raul Carrion (PCdoB), aprovada pelo Plenário em 22 de fevereiro do corrente ano e instalada num ato solene realizado no dia 1º de março, tivemos uma intensa vivência com diversas realidades da região metropolitana que demonstram o quanto devemos manter nossa atenção voltada a este tema. Mesmo que destaquemos as muitas iniciativas articuladas a partir do Governo do Presidente Lula, no qual houve um verdadeiro restabelecimento de uma política habitacional para o país, principalmente voltada a famílias de baixa renda e às mulheres chefes de famílias que se multiplicam aos milhares no Brasil. Salientamos também o fato de ter sido criada em 1999 uma secretaria especial de Habitação que em governos seguintes ganhou outras nomenclaturas. Mas que passou a colocar este tema como prioridade de Estado nos últimos anos. No entanto, fica um alerta para a realidade brasileira em relação às políticas públicas, visto que a marca é da descontinuidade. Esta situação tem atrasado o cumprimento de uma grandiosa dívida social que o Estado brasileiro possui com sua nação.

Destacamos que segundo o regimento interno da Assembléia Legislativa cabe às comissões especiais analisar matéria relevante não prevista entre as competências das comissões permanentes. Aprovada em plenário o órgão técnico tem 120 dias para funcionar, contados a partir da sua instalação.

O propósito inicial da Comissão Especial era o de analisar situações de áreas de risco e de áreas públicas ocupadas e buscar formas de implantar no Rio Grande do Sul o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social.

As cidades infelizmente foram construídas na contramão da distribuição de terras e da democratização do espaço urbano. O resultado desta política foi a concentração da propriedade, a apropriação do solo urbano como um produto de mercado e um processo de exclusão brutal da maioria da população no seu direito à cidade. Destaque-se também que estas ações levaram a uma precarização das

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habitações urbanas e há um déficit habitacional gigantesco. Na verdade, temos na história do Brasil uma política habitacional recente e marcada pela descontinuidade. Embora haja avanços nos últimos anos precisamos de mais para que a habitação se torne efetivamente uma política de estado.

Além disto, devemos salientar também a ocupação desordenada do solo, visto que o crescimento populacional dos últimos 40 anos, nos quais em torno de 40 milhões de pessoas migraram do campo para as cidades se deu à parte de um planejamento público adequado no qual fossem pelo menos discutidas as responsabilidades dos setores públicos e privados no tema. Foi a perversa lógica de mercado que imperou e gerou o esgotamento que vivemos hoje.

Como este contingente foi sendo jogado para as periferias das grandes cidades, sem nenhum equipamento público, inchando-as e ocupando áreas que deveriam ser preservadas ou, então terem seu acesso de forma planejada, observamos uma série de problemas ambientais que se tornam visíveis para nós nos alagamentos, nos desmoronamentos de morros e de beiras de arroios nos quais se multiplicam as vítimas. Em São Leopoldo, por exemplo, temos projetos do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento que estão devolvendo dignidade a mais de 1.300 famílias que residiam há mais de 30 anos em beiras de arroios na cidade. Estes exemplos se multiplicaram pelo Estado e pelo país, mas infelizmente ainda são insuficientes face ao tamanho do problema.

Hoje precisamos atualizar a questão urbana brasileira e sua tradução em novos modelos de planejamento e gestão das nossas cidades visto nos últimos anos, com a crise do capitalismo financeiro, o Brasil se tornou uma atrativa fronteira urbana em função de um ciclo de prosperidade e estabilidade que vivemos.

Destaque-se também que, embora nos últimos anos, tenham se disseminado um sem número de cooperativas habitacionais pelos pais, há ainda um baixo índice de associativismo. As ações dos movimentos sociais ligados à habitação têm sido muito pródigas na proposição de políticas afirmativas, algumas das quais incorporadas pelas últimas gestões do governo federal. Mas também devemos destacar a resistência e manutenção deste tema na agenda do país pelas quais estes setores também foram responsáveis.

Quero destacar também a importância de forças comprometidas com a constituição de uma verdadeira esfera pública local quando assumem o comando de prefeituras e passam a estabelecer um diálogo privilegiado com os movimentos sociais abrindo as portas desta parcela do Estado brasileiro para discussões democráticas e afirmativas das políticas habitacionais, que, a bem da verdade, são feitas com todos os setores interessados no tema, mas com um diálogo no qual todos são ouvidos. Novamente quero destacar o exemplo de São Leopoldo, visto que em seis anos foram construídas mais de 6 mil moradias, devendo chegar a 10 mil, se formos contar de 2005 a 2012. Mesmo que não seja com esta intensidade somos sabedores de muitos

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bons exemplos locais que se abriram a partir da aplicação da política habitacional do governo federal.

Finalizo com as palavras do professor Orlando Alves Santos da UFRJ: “ Em síntese, apesar de avanços no discurso relativo ao direito à cidade, este não se traduz na definição de metas e estratégias efetivas para o enfretamento da problemática urbana. Para enfrentar o novo contexto de mercantilização da cidade contemporânea cremos que é necessário antes de tudo, avaliar do direito à cidade como parte de uma nova utopia dialética em construção emancipatória e pós capitalista materializada em um novo projeto de cidade e de uma organização da vida social que precisa se expressar também na utilização do programa e da agenda de reforma urbana e na promoção de práticas políticas e sócio territoriais de afirmação do direito à cidade”. (extraído do site www.unmp.org.br)

Deputada Ana Affonso - PT

Relatora da CEHPRF

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1. A QUESTÃO DA HABITAÇÃO E AS CIDADES

No início do ano 2000, 82,5% da população brasileira vivia em centros urbanos. Resultado do modelo econômico excludente que caracterizou o desenvolvimento brasileiro e se agravou nas últimas décadas do século XX, as cidades brasileiras configuram-se como o espaço da exclusão.

As áreas urbanas centrais, ao mesmo tempo em que se qualificaram, com dotação de infraestrutura e equipamentos urbanos, se valorizaram no mercado imobiliário, de forma a expulsar para as periferias as populações de menor renda. Entre 1959 e 1990, o preço dos terrenos urbanos aumentou 8 vezes mais do que o salário-mínimo. Como consequência, a maioria dessa população vive de forma irregular, na periferia das cidades, em condições precárias de habitabilidade.

As periferias são, por excelência, o local onde proliferam os assentamentos irregulares, com carência de infraestrutura (energia elétrica, água, saneamento), equipamentos de saúde, de educação, de lazer e transporte público. Por outro lado, a expansão horizontal das cidades, ocupando terras ociosas, inclusive áreas de preservação, nascentes dos rios e áreas de risco, comprometem não apenas as condições de vida da população, mas também a qualidade ambiental. Durante os anos 90, nas nove maiores regiões metropolitanas brasileiras, a periferia cresceu 30% enquanto suas áreas centrais cresceram 5%.

No período de 1991 a 2002, o IBGE estimou que as áreas de favelas – aquelas constituídas de moradias precárias, erigidas pela própria população, em áreas públicas ou privadas, ocupadas individual ou coletivamente – cresceram 22%.

As irregularidades, no entanto, estão presentes em inúmeras situações e não apenas nas favelas, ou nas periferias. São constituídas por ocupações individuais ou coletivas em prédios públicos, em espaços sob pontes e viadutos; por cortiços, instalados em prédios velhos, em geral deteriorados e com adaptações precárias; por loteamentos clandestinos, em áreas de risco ou de preservação ambiental, ou são conjuntos habitacionais e/ou loteamentos implantados irregularmente por associações comunitárias, empresas ou imobiliárias, com ou sem a conivência dos proprietários, sem aprovação junto aos órgãos competentes.

Em consequência, o déficit habitacional quantitativo (falta absoluta de moradias) do país – segundo dados de 2008, da Fundação João Pinheiro – alcança 5,57 milhões de moradias, sem considerar o déficit qualitativo (inadequações de moradias e irregularidades fundiárias), estando concentrado nas famílias com renda de até 5 salários mínimos (96,6%). No Rio Grande do Sul encontram-se 4,11% desse déficit. Mais de 2 milhões do déficit considerado, qualitativo, referem-se unicamente a situações de irregularidades fundiárias, sendo 8,35% localizados no Rio Grande do Sul (FJP,2007). Em contrapartida, existem mais de 7,2 milhões de domicílios no País que

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encontram-se desocupados, e dentre esses, mais de 5,3 milhões localizam-se em áreas urbanas.

Finalizando, contabilizam-se, no Estado, mais de 200 mil famílias que não têm um lugar digno para morar, das quais aproximadamente 100 mil localizam-se na Região Metropolitana de Porto Alegre – considerando-se apenas o déficit quantitativo. São populações que exigem dos poderes públicos cada vez mais, e com brevidade, ações efetivas, garantindo o direito à habitação e à cidade, conforme o que prevê a Constituição Federal e outros instrumentos legais que subsidiam as atuais políticas públicas, na busca de soluções para a questão da moradia.

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2. PEDIDOS DE INFORMAÇÃO DA COMISSÃO ESPECIAL

Com a aprovação pelo plenário da Comissão Especial, nos termos dos artigos 196 e 197 do Regimento Interno da Assembleia Legislativa, foi solicitado à Presidência da Casa que enviasse pedidos de informações à Secretaria de Patrimônio da União no Rio Grande do Sul, à Infraero, à Secretaria Estadual de Habitação e Saneamento e às Prefeituras dos municípios integrantes da Região Metropolitana de Porto Alegre.

A Comissão recebeu resposta da Secretaria de Habitação e Saneamento, da Secretaria de Patrimônio da União e de 11 municípios. As informações apresentadas reafirmam a importância desse tema ser tratado como prioridade e acompanhado permanentemente pela Assembleia Legislativa.

RESUMO DAS INFORMAÇÕES APRESENTADAS:

Secretaria de Estado de Habitação e Saneamento:

Quanto ao déficit habitacional do Estado, afirma que a informação disponível é a do Censo de 2000, portanto, desatualizada. Um diagnóstico será apresentado no Plano Estadual de Habitação de Interesse Social (PEHIS), em elaboração. Pretende constituir um Banco de Terras, com a identificação das áreas públicas passíveis de uso para fins habitacionais, nas quais devem ser desenvolvidos projetos dentro do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Informa que manterá a política de parceria com municípios e cooperativas e que está em discussão a abertura de linhas de crédito no Sistema Financeiro Estadual (Banrisul, Badesul e BRDE) para a execução de projetos habitacionais, com prioridade para o reassentamento de famílias em áreas de risco, áreas de preservação permanente e urbanização de comunidades de baixa renda. Apresentará projetos ao Governo Federal para captar recursos para urbanização e regularização fundiária de áreas públicas estaduais ocupadas irregularmente. Pretende estabelecer parceria com diferentes Secretarias de Estado para a resolução de problemas específicos e o desenvolvimento de projetos e pesquisas, como a aplicação de inovações tecnológicas em projetos habitacionais e a constituição de novos módulos habitacionais de referência, em parceria com a Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico.

Informa que das 39 áreas do Estado ocupadas por populações de baixa renda, 22 encontram-se na Capital e 17 no interior. Muitas dessas moradias encontram-se em áreas de risco, junto às margens de arroios, encostas, embaixo de linhas de alta tensão, entre outras situações. Informa ações da Secretaria em áreas como a Vila Juliano Moreira, em Porto Alegre, Loteamento Morada Nobre, em Araricá, e Loteamentos Pedro Simon e Santa Luzia, em Sapucaia do Sul, as quais já se encontram na etapa de titulação.

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Secretaria de Patrimônio da União:

A) SITUAÇÕES DE CONFLITO EM ÁREAS OCUPADAS:

1 - Rio Grande – Pontal da Mangueira, estão localizados dutos de amônia (utilizados pelo Porto de Rio Grande) no terreno ocupado, sendo que está densamente ocupada e as famílias que ali se instalaram recusam-se a serem transferidas para o local definido pela Prefeitura;

2 – Porto Alegre – Vila Chocolatão: a maioria dos ocupantes foi transferida para o novo loteamento construído pela Prefeitura de Porto Alegre, em terreno cedido pela União; outros aguardam moradias do Programa Minha Casa Minha Vida;

3 – Porto Alegre – Avenida Protásio Alves: área de 1.751,94 metros, densamente ocupada por cerca de 40 famílias, na qual o órgão não consegue inserção, devido a dificuldade de encontrar parceiros para ajudar a solucionar o problema, pois não há condições destas famílias residirem nas condições atuais;

4 – Porto Alegre – Rua Barros Cassal esquina Farrapos: imóvel da União ocupado por diversas famílias. A CONAM e os movimentos sociais elaboraram projeto para a construção de moradias no referido terreno, entretanto, o projeto carece de aprovação da Prefeitura de Porto Alegre, no que tange a uma área de recuo proposta e não aprovada pela Prefeitura.

5 – Pinhal – área da União (terreno de Marinha) ocupada, sem loteamento aprovado pelo município por tratar-se de área de preservação permanente.

B) CONCESSÕES DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA (CUEM):

1. Porto Alegre: na Rua Silva Paes, Rua Gomes Carneiro e Rua São Miguel, e a área cedida para a transferência da Vila Chocolatão, que deverá beneficiar cerca de 180 famílias;

2. Rio Grande: Concessões de Direito Real de Uso (CDRU) no Loteamento Getúlio Vargas (milhares de famílias);

3. Santa Maria: idem no KM 3, beneficiando 382 famílias;

4. Quaraí (beneficiando 80 famílias);

C) DOAÇÃO FEITAS A MUNICÍPIOS:

1. Esteio e São Borja

D) CESSÕES PROVISÓRIAS:

1. Cerro Largo, Montenegro e Santa Maria.

E) CONCESSÕES EM PROCESSO DE FINALIZAÇÃO:

1. Porto Alegre: Vila dos Ferroviários;

2. Rio Grande: área denominada 4ª Seção da Barra, aguardando manifestação do órgão ambiental para conclusão.

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Informações dos Municípios:

1 - Eldorado do Sul: possui déficit de 2.659 moradias. O Município aprovou seu Plano Local de Habitação de Interesse Social no final de 2010. Segundo a Prefeitura, existem 189 sobrados em construção e estão identificadas moradias em áreas de risco ou de proteção ambiental, para posterior regularização.

2 - Araricá: O déficit habitacional quantitativo é de 65 unidades habitacionais na área rural. Há, ainda, 137 inadequações fundiárias e 148 habitações com carência de infraestrutura, como banheiro. O Município está engajado no programa More Legal e tem por meta, até 2012, regular 90% dos assentamentos irregulares na zona urbana

3 - Taquara: o Município possui Plano Local de Habitação de Interesse Social, com planejamento para o setor de habitação nos próximos 10 anos e levantamento das áreas com problemas habitacionais na área urbana. Informa a execução de três programas de inclusão habitacional, regularização fundiária e urbanização de assentamentos, com financiamento do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) e do Ministério das Cidades, totalizando mais de R$ 6,2 milhões.

4 - Alvorada: apresenta déficit habitacional quantitativo de 4.500 habitações e qualitativo de, aproximadamente, 3.700. Ressalva que não há dados sobre co-habitação, o que pode elevar o déficit. Informa o planejamento e execução de três projetos de reassentamento e regularização, com a participação da Caixa Econômica Federal (CEF), do Ministério das Cidades, da Secretaria de Habitação e Saneamento e da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) e investimentos que somam mais de R$ 42 milhões, e do programa Minha Casa, Minha Vida, com 500 undades.

5 - Cachoeirinha: apresenta dados da Fundação João Pinheiro, segundo os quais a demanda por novas habitações é de 2.801 unidades e há inadequação fundiária em 18,97% das moradias, adensamento excessivo em 4,75%, domicílio sem banheiro, 3,55% e carência de infraestrutura em 16,32% das moradias. Está em fase de finalização do Plano Local de Habitação de Interesse Social. Informa o reassentamento de 427 famílias no Loteamento Chico Mendes, a regularização dos Jardins Betânia e Conquista, beneficiando 624 famílias, a construção de 1.200 moradias pelo programa Minha Casa, Minha Vida e a elaboração de projeto para a regularização da Vila Anair. Registra que 19,29% do território é ocupado informalmente, totalizando 6.793 domicílios. Há moradias em Áreas de Proteção Permanente (APP).

6 - Dois Irmãos: possui déficit de 1.041 moradias, considerando as famílias de baixa renda que pagam aluguel. Existe Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS). Informou ações para regularização fundiária em duas áreas, totalizando 247 famílias, por meio do More Legal, a construção de 240 apartamentos dentro do programa Minha Casa, Minha Vida e a existência da Associação Habitacional, com o objetivo de garantir o acesso à moradia por meio da organização das famílias. Registra o investimento, médio, de 0,53% das despesas orçamentárias em habitação, valor considerado pequeno.

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7 - Montenegro: há Plano Local de Habitação de Interesse Social e a Secretaria Municipal de Habitação foi criada em março de 2010. O déficit habitacional é calculado em 1.224 domicílios, apesar de existirem 2.745 famílias cadastradas na Diretoria de Habitação. Os problemas habitacionais concentram-se nas áreas de abrangência do Leito Férreo. Ressalta a situação de famílias residentes em áreas atingidas por enchentes. Registra a realização de 13 ações de produção de unidades habitacionais, regularização fundiária, urbanização e reassentamentos, com a previsão de recursos federal, estadual e municipal. Há famílias em áreas de risco ou de proteção ambiental. Quatro projetos específicos envolvem regularização fundiária e urbanística.

8 - Gravataí: possui Plano Local de Habitação de Interesse Social. O déficit habitacional básico é calculado em 6.641 moradias. Há inadequação fundiária em 15,67%, adensamento excesivo em 4,02%, ausência de banheiro em 4,8% e carência de infraestrutura em 27,24%. Existem no município 148 assentamentos informais, 75 destes em áreas públicas, englobando 12.040 domicílios. Desde 2005, foram produzidas 1.886 unidades habitacionais, e em 2011 iniciará o PAC Rincão, com mais 200 unidades. Há 1.415 domicílios com necessidade de remoção, por encontrarem-se em 46 áreas de risco (áreas de proteção permanente, sob redes de alta tensão, às margens de rodovia e em áreas alagadiças). Existe a previsão de regularização de 3.337 domicílios em 2011, localizados em 20 áreas.

9 - Triunfo: o déficit habitacional qualitativo é de 621 unidades, mapeados em oito localidades. Há a previsão de construção de 192 apartamentos pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

10 - Santo Antônio da Patrulha: possui Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS). Informa a existência de déficit habitacional quantitativo de 461 domicílios urbanos e 97 rurais. Quanto ao déficit qualitativo, há 33 residências sem banheiro na área urbana e 485 na área rural. Está sendo realizada a regularização fundiária de um bairro do município e, por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida, estão sendo construídas 240 unidades habitacionais. O Município identifica 25 áreas, entre públicas e privadas, totalizando 2411 habitações, com ocupações irregulares, localizadas em faixa de domínio de estrada, em área rochosa, sob rede de alta tensão e em área de preservação permanente.

11 - Novo Hamburgo: enviou cópia do Plano Municipal de Habitação de Interesse Social.

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3. RESUMO DAS ATIVIDADES DA COMISSÃO

01/03 – Solenidade de instalação da Comissão Especial de Habitação Popular e Regularização Fundiária.

16/03 – Reunião para apresentação de Plano de Trabalho e votação de requerimentos para a realização de audiências públicas.

25/03 – Audiência Pública para debater a regularização fundiária e urbanística das residências localizadas nas áreas das comunidades São Judas Tadeu, Salvador França e Vila São Pedro.

25/03 – Acompanhamento de Audiência Pública promovida pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF) sobre os impactos da Copa do Mundo de 2014 no direito à moradia.

08/04 – Audiência pública para debater a regularização fundiária e urbanística das residências localizadas no Morro Santa Teresa, na área de propriedade da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (FASE), em Porto Alegre.

12/04 – Acompanhamento de visita de técnicos da CEEE às comunidades do Morro Santa Teresa, como encaminhamento da audiência do dia 08 de abril.

15/04 – Audiência Pública para debater os impactos urbanos e fundiários das obras da Copa sobre as comunidades de Porto Alegre.

18/04 – Audiência Pública para debater a regularização fundiária e serviços essenciais para a comunidade do Túnel Verde, zona sul de Porto Alegre.

18/04 – Acompanhamento de reunião do Secretário de Habitação e Saneamento com as comunidades do Morro Santa Teresa, como encaminhamento da audiência do dia 08 de abril.

06/05 – Audiência Pública para tratar da regularização fundiária para fins de moradia de interesse social em áreas da União situadas no Estado do Rio Grande do Sul.

11/05 – Audiência Pública para debater a situação da comunidade Resistência e Luta, do município de Campo Bom, buscando seu reassentamento.

11/05 – Visita técnica ao Loteamento Residencial Nova Chocolatão, como encaminhamento da audiência pública do dia 06 de maio.

16/05 – Audiência Pública para debater a regularização fundiária e demandas de infraestrutura de comunidades da Vila Nova, na zona sul de Porto Alegre.

17/05 – Participação em solenidade do aniversário da Secretaria de Habitação e Saneamento e assinatura de decreto sobre as moradias na área da FASE.

18/05 – Entrega de documento à Juíza da 1ª Vara da Comarca de Campo Bom, como encaminhamento da audiência do dia 11 de maio.

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19/05 – Reunião da assessoria da Comissão com o juiz responsável pela Ação Civil Pública sobre a questão das obras do Túnel Verde.

20/05 – Participação em solenidade de assinatura de portaria de doação de área da extinta RFFSA para regularização fundiária, com a presença da Ministra do Planejamento Miriam Belchior.

23/05 – Participação em reunião no DEMHAB sobre a situação do Loteamento Cristiano Kraemmer, conforme encaminhamento da audiência pública do dia 16 de maio.

24/05 – Participação no Seminário do Plano Estadual de Habitação de Interesse Social, realizado no Teatro Dante Barone e promovido pela Secretaria de Habitação e Saneamento.

01/06 – Reunião Preparatória ao 2º Seminário Estadual sobre a Função Social da Propriedade do Solo Urbano e os 10 anos do Estatuto da Cidade.

02/06 – Visita às ilhas do Delta do Jacuí e à área do Retorno do Esso, em Eldorado do Sul, em preparação à audiência pública do dia 06 de junho.

03/06 – Reunião do Grupo de Trabalho (GT) sobre a comunidade „Resistência e Luta‟, de Campo Bom, realizada na Prefeitura Municipal.

03/06 – Reunião com o Secretário de Habitação de Novo Hamburgo, a respeito da situação da comunidade „Pica-Pau‟, daquele município.

06/06 – Audiência Pública para debater a situação dos moradores do Parque Estadual do Delta do Jacuí.

09/06 – Visita à área ocupada pelas famílias da comunidade “Pica-Pau”.

27/06 – 2º Seminário Estadual sobre a Função Social da Propriedade do Solo Urbano e os 10 anos do Estatuto da Cidade.

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4. CONSTITUIÇÃO DA CEHPRF

A Comissão Especial de Habitação Popular e Regularização Fundiária foi instituída a partir de requerimento do Deputado Raul Carrion aprovado pelo Plenário da Assembleia Legislativa na Sessão do dia 22 de fevereiro de 2011.

O requerimento aprovado afirma que “está claro que muito se deve e pode ser feito para enfrentar o problema da moradia no Brasil e no Estado. Para tanto, impõe-se uma atuação forte dos poderes públicos, articulando esforços, investimentos e políticas integradas, ao lado da população organizada e de empreendedores interessados. Projetos habitacionais de qualidade, efetivas ações de regularização fundiária e urbanística e de combate à degradação ambiental são premissas inadiáveis para que se cumpra a função social da cidade, conforme previsto na Constituição Federal.

Enfim, para que se alcance os objetivos de uma real Reforma Urbana em nosso país, é preciso organizar ações, criar soluções e buscar permanentemente a solução de conflitos que ocorrem nessa área e, nesse sentido, a instalação de uma nova Comissão Especial de Habitação Popular e Regularização Fundiária se faz premente, para que se dê continuidade ao trabalho, agregando experiências, avanços e buscando o aperfeiçoamento das ações da Assembleia Legislativa.”

Instalação FOTO: MARCO COUTO/AL

No dia 01 de março de 2011, foi instalada a Comissão Especial de Habitação Popular e Regularização Fundiária para a posse de seus integrantes. A presidência da

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Comissão coube ao Deputado Raul Carrion, primeiro signatário do requerimento. Como Vice-Presidente foi empossado o Deputado Jurandir Maciel e como relatora a Deputada Ana Affonso.

Prestigiaram a cerimônia o Secretário do Gabinete de Prefeitos, Afonso Motta, representando o Governador do Estado; representando o Tribunal de Justiça, Dr. Rinez da Trindade; representando a Defensoria Pública-Geral do Estado, Dr. Marcelo Nadal; o Secretário de Estado da Habitação e Saneamento, Marcel Frison; o Sub-Chefe da Casa Civil, César Martins; representado o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, Rose Carla Silva Correia; representando da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Vereador Engenheiro Comassetto; representando a Procuradoria-Geral do Município de Porto Alegre, Drª. Simone Somensi; o Prefeito do Município de São Martinho da Serra, Gilson de Almeida; o Prefeito de Santa Cecília do Sul, Rober Girardi; o Prefeito de Eugênio de Castro, Roberto Bruisma; representando a Prefeitura de Sarandi, Secretário Vladimir Maier; o representante do DEMHAB, Luiz Severo; Senhoras e Senhores representantes de entidades: OAB/RS, Drª. Maria Helena Camargo Dornelles; Associação dos Procuradores do Estado, Dr. Telmo Lemos Filho; CREA/RS, Lélio Falcão; FAMURS, Keila Bernardi; UABV-União das Associações de Bairros e Vilas de Campo Bom-, João Flávio da Rosa; Associação de Moradores Resitência e Luta de Campo Bom, Valdir Assunção; Sindicato dos Engenheiros, Fernando Silva; UAMPA, Sandro Chimendes; FEGAM, Pedro da Hora Dias; CONAM, Getúlio Vargas Júnior; MNLM, Beto Aguiar; e inúmeras outras lideranças comunitárias.

O Presidente da Comissão Especial de Habitação Popular, Deputado Raul Carrion, afirmou que a Comissão tem como objetivos identificar e diagnosticar os conflitos fundiários urbanos, examinar as situações de ocupação de espaços públicos e de áreas de risco e solucionar os casos emblemáticos no intuito de abrir novos caminhos para a resolução desses problemas. Além disso, a Comissão buscará maneiras de implantar o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social no Rio Grande do Sul. O Presidente em exercício da Assembleia Legislativa, Deputado José Sperotto, destacou a importância da Comissão Especial que naquele momento se instalava e colocou a Presidência à disposição para o que fosse necessário.

Reunião de Planejamento

No dia 16 de março de 2011, a Comissão Especial realizou reunião com o objetivo de apresentar seu Plano de Trabalho e votar requerimentos para a realização de audiências públicas. Estiveram presentes os Deputados Alexandre Lindenmeyer, Ana Affonso, Nelsinho Metalúrgico, Álvaro Boessio, Jurandir Maciel, Raul Carrion, Valdeci Oliveira e Dr.Basegio.

Na reunião, foi deliberada a realização do 2º Seminário Estadual sobre a Função

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Social da Propriedade do Solo Urbano e os 10 anos do Estatuto da Cidade.

O Plano de Atividades apresentado constitui-se dos seguintes tópicos: 1 – Identificação, diagnóstico e ações de apoio à regularização Fundiária e Urbanística de áreas públicas do Estado ocupadas por populações de baixa renda, amparadas pela MP 2220/2001 e pela Lei Estadual 9.752/1992. Audiências públicas

para tratar da situação dessas comunidades (entre as quais a área da FASE, no Morro Santa Teresa, Porto Alegre; Nova Santa Marta, em Santa Maria; São Judas Tadeu e Vila São Pedro, também em Porto Alegre). 2 – Identificação, diagnóstico e ações de apoio à Regularização Fundiária e Urbanística de áreas públicas da União ocupadas por populações de baixa renda, amparadas pela MP 2220/2001 e pelas Leis Federais 11.481/2007, 11.483/2007 e 11.977/2009 (MCMV). Audiências públicas para tratar das questões referentes a essas comunidades (áreas da extinta Rede Ferroviária Federal, do INSS, da SPU, de Marinha, etc.). 3 – Identificação, diagnóstico e ações de apoio à Regularização Fundiária e Urbanística de áreas públicas municipais ocupadas por populações de baixa renda, amparadas pela MP 2220/2001 e leis municipais pertinentes. Audiências públicas para tratar das questões referentes a essas comunidades. 4 – Identificação, diagnóstico e mediação de situações de conflito em áreas privadas, ocupadas por populações de baixa renda, buscando sua regularização fundiária e urbanística ou – se isso for totalmente impossível – o seu reassentamento em condições dignas e negociadas. Audiências públicas para tratar das questões referentes a essas comunidades. 5 – Identificação e diagnóstico de áreas de risco ocupadas por populações de baixa renda, buscando uma solução para as mesmas. Audiências públicas para tratar das questões referentes a essas comunidades. 6 – Identificação e diagnóstico de áreas de preservação ambiental ocupadas por populações de baixa renda, buscando uma solução para as mesmas. Audiências públicas para tratar das questões referentes a essas comunidades. 7 – Realização de um Seminário Estadual sobre a Função Social da Propriedade e os dez anos do Estatuto da Cidade. 8 – Audiência pública sobre o PAC no que se refere à Habitação de Interesse Social e o Programa „Minha Casa, Minha Vida‟. 9 – Audiência pública sobre o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, os Fundos de Habitação de Interesse Social e os Planos de Habitação de Interesse Social.

Na Ordem do Dia foram aprovados 12 requerimentos para a realização de audiências públicas.

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5. AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

5.1 – São Judas Tadeu, São Pedro e Salvador França FOTOS: DIVULGAÇÃO

Data: 25 de março de 2011.

Local: Sede da Associação de Moradores da Vila São Judas Tadeu (Rua Nelson Duarte Brochado, nº 24) – Porto Alegre

Horário: 09h

Tema: Debater a regularização fundiária e urbanística das residências localizadas nas áreas das comunidades São Judas Tadeu, São Pedro e Vila Salvador França, no bairro Partenon, em Porto Alegre

Presenças: o Presidente da Comissão, Deputado Raul Carrion; Eduardo Andreis, diretor do Departamento de Regularização Fundiária e Reassentamento da Secretaria de Habitação e Saneamento do Estado; Francisco Dornelles, Secretário Adjunto de Planejamento Municipal; a Procuradora Simone Moretto, representando a Procuradoria-Geral do Município; o Vereador Aldacir Oliboni, representando a Câmara Municipal de Porto Alegre; Pedro da Hora Dias, vice-presidente da Federação Gaúcha das Associações de Moradores (Fegam); Getúlio Vargas de Moura Junior, diretor da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam); Roberto Oliveira, presidente da Associação de Moradores da Vila São Judas Tadeu; Carlos Saldanha, representante da Associação de Moradores da Vila Salvador França; Carlos Ben-Hur, representante da Associação de Moradores da Vila São Pedro; Cristiano Müller, advogado das associações de moradores; Ubiratan de Souza, representante do Deputado Raul Pont; Janquiel Papini, representante dos Deputados Jeferson Fernandes e Elvino Bohn Gass; Darciolei Volpato, representante da Deputada Marisa

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Formolo; Agenor Basso, representante do Deputado Alceu Barbosa e Paulo Ramires, da Coordenação Leste da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC); moradores e lideranças das comunidades.

Relato:

As três comunidades vivem nas respectivas áreas há mais de 30 anos. Na São Judas Tadeu vivem em torno de 300 a 500 famílias há mais de 60 anos, que aguardam a regularização urbanística e a concessão especial de uso para fins de moradia, em alguns casos individualizada e em outros coletivamente, existindo ação civil pública (ACP) na qual o Ministério Público solicita a condenação do Estado para que realize a regularização. Na Vila São Pedro, constituída por mais de 300 famílias, já ocorreu a concessão especial de uso para fins de moradia, coletiva, sendo reivindicada agora a realização de intervenções urbanísticas urgentes e o debate sobre a individualização da concessão. A situação da Vila Salvador França é similar à da São Judas Tadeu, mas o processo está mais lento. O direito à regularização fundiária das comunidades é garantido por inúmeros diplomas legais, como o Estatuto da Cidade e a chamada Lei Carlos Araujo (Lei Estadual 9752/1992).

Os representantes das Associações de Moradores expuseram que a luta das comunidades vem de anos, muitas vezes enfrentando a má vontade de governos. Acrescentaram a reivindicação de que o processo seja agilizado. As comunidades, com financiamento do Ministério das Cidades, contrataram assessoria e foi realizado cadastro socioeconômico, levantamento topográfico e memorial descritivo da área, o que permite ao Estado a realização da regularização. Na Vila São Pedro é necessário executar Estudo de Viabilidade Urbanística, além da revisão de outros estudos para atender exigências cartoriais. Os representantes das Associações disseram que as comunidades querem a concessão especial de uso para fins de moradia.

Segundo os representantes da Prefeitura Municipal o papel do Município é de coadjuvante, necessitando de decisões do Estado, que é o proprietário da área. Após a regularização, o Município poderá atuar nas áreas.

Houve a garantia, por parte do representante da Secretaria de Habitação e Saneamento, de que será realizada a concessão de uso, sem ônus para os moradores. Acrescentou que poderá ser discutida, posteriormente, opção de compra, para os que quiserem. Registrou que o Município é fundamental para o processo de urbanização e que as situações específicas de cada uma das comunidades precisam ser tratadas individualmente em reuniões técnicas. Quanto à creche na Vila São Judas Tadeu, informou que falta apenas a anuência da Prefeitura. Comprometeu-se a levar as reivindicações das comunidades ao Secretário Estadual.

Como encaminhamento foi definido a necessidade de: 1 – reunião com a Secretaria do Planejamento Municipal para discutir a emissão de Declaração Municipal (DM) solicitada pelo Estado. 2 – reunião com a Secretaria de Habitação e Saneamento para definir termos de acordo a ser levado à juíza responsável pela ACP. 3 – reunião

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com a juíza para apresentação do acordo e solicitando a interrupção da ACP até que a regularização seja concluída. 4 – Formação de Grupo de Trabalho Técnico, com a participação de representantes das comunidades, do Governo do Estado, da Prefeitura e da Caixa Econômica Federal (CEF), para a implementação das ações.

5.2 – Área da FASE, no Morro Santa Teresa FOTOS: MARCELO BERTANI/AL

Data: 08 de abril de 2011.

Local: Sala de Reuniões do Fórum Democrático – Espaço da Convergência – Térreo da Assembleia Legislativa – Porto Alegre

Horário: 14h

Tema: Debater a regularização fundiária e urbanística das residências localizadas no Morro Santa Teresa, na área de propriedade da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (FASE), em Porto Alegre

Presenças: Presentes os Deputados Raul Carrion, Presidente da Comissão, Raul Pont e Ana Affonso, relatora da Comissão. Compondo a Mesa de Trabalhos os Senhores Marcel Frison, Secretário de Estado de Habitação e Saneamento; Miguel Velasquez, Secretário de Estado Adjunto da Justiça e dos Direitos Humanos; Rodrigo Schnitzer, assessor especial da Secretaria de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano; Mauricio Scherer, chefe da Divisão de Unidades de Conservação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente; Gustavo Cassel, representando a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE); Paulo Moura Jardim, coordenador adjunto da Procuradoria do Domínio Público Estadual da Procuradoria-Geral do Estado (PGE); Newton Baggio, Secretário Municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico; Gustavo Fontana, representando a Secretaria Municipal do Meio Ambiente; Liamara Libermann, representando a Secretaria do Planejamento Municipal; Luis Eduardo Colvara, representando o Departamento Municipal de Habitação (DEMHAB); José Atilio Cherubini, representando a Caixa Econômica Federal (CEF); Luciano Brasil, promotor

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de Justiça, representando a Promotoria de Justiça de Habitação e Defesa da Ordem Urbanística do Ministério Público Estadual; Marcelo Dadalt, coordenador do Núcleo de Regularização Fundiária da Defensoria Pública do Estado; Vereador Engenheiro Comassetto, representando a Câmara Municipal de Porto Alegre; Vereador Elias Vidal, representando a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (CUTHAB) da Câmara de Vereadores; Angélica Celeste Miranhã, Presidenta do Conselho Municipal de Acesso à Terra e à Habitação; Mara Verlaine do Canto, representante da União das Associações de Moradores de Porto Alegre (UAMPA); Getúlio Vargas Jr., diretor da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam); Pedro Dias, vice-presidente da Federação Gaúcha das Associações de Moradores (Fegam); Juçara Waengertner, representando a Metroplan; Eduardo Andreis, diretor do Departamento de Regularização Fundiária e Reassentamento da Secretaria de Habitação e Saneamento; Janquiel Papini, representante do Deputado Jeferson Fernandes; Ubiratan de Souza, chefe de gabinete do Deputado Raul Pont; Gládis Oliveira, representando o Deputado Nelsinho Metalúrgico; Felipe Amaral, representando a Fundação Zoobotânica; Osorio Queiroz Jr. e Eduíno de Mattos, do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA); Luiz Carlos Domingues Soares, Presidente da Associação de Moradores da Vila Padre Cacique; Darci dos Santos, Presidente da Associações de Moradores da Vila Gaúcha; Teresinha Pinheiro, Presidente da Associação de Moradores da Vila Ecológica; Cristina Silva, Presidente da Associação de Moradores da Vila Figueira e Alex Sandro Souza da Silva, Presidente da Associação de Moradores da Vila União Santa Teresa/Prisma; moradores e lideranças das comunidades.

Relato:

Em 2010, o Governo do Estado à época apresentou Projeto de Lei autorizando a permuta ou alienação do imóvel onde situa-se a FASE, na Avenida Padre Cacique, em Porto Alegre. O projeto desconsiderava a situação dos moradores da área e era justificado pela necessidade de descentralizar a atuação da Fundação, apesar de não prever ações nesse sentido. A iniciativa provocou enorme mobilização dos moradores das comunidades que residem na área, que buscaram apoio do Ministério Público e da Assembleia Legislativa. Em protestos nas ruas da Capital e com articulação junto aos Deputados Estaduais, conseguiu-se que o projeto não fosse apreciado pelo Legislativo. A partir desse momento, teve início o debate sobre a situação dos moradores do terreno e seu direito à moradia, a necessária preservação ambiental da área e a garantia de dignidade aos internos da FASE.

No segundo semestre de 2010 a Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa debateu a regularização fundiária das moradias localizadas na área da FASE, processo que apresentou a necessidade de realização de: 1 – cadastro atualizado dos moradores; 2 – levantamento topográfico e 3 – identificação das famílias residentes em áreas de risco ou de preservação ambiental, para reassentamento na própria área.

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Para a resolução do problema é necessário a elaboração de um projeto de urbanização, posterior às ações iniciais, e uma das alternativas para solucionar a situação das famílias é o desmembramento da área com moradias e repasse à Secretaria de Habitação e Saneamento para regularização, proposta do Ministério Público constante em Ação Civil Pública (ACP) que cobra do Estado a realização da regularização fundiária. Segundo o promotor Luciano Brasil, como a maioria das famílias estava na área há mais de cinco anos, contados anteriormente a 2001, possuem o direito de concessão de uso especial para fins de moradia, conforme prevê a legislação.

O Secretário Adjunto da Justiça e dos Direitos Humanos, Miguel Velasquez, disse que parte do terreno pertence à FASE e que a Fundação necessita de recursos. Ressaltou que, apesar de complexa, alternativas estão sendo discutidas para a situação. Afirmou que ocorrerá a descentralização da FASE. O Secretário de Habitação e Saneamento, Marcel Frison, garantiu aos moradores o direito à moradia, e que ele será preservado. Afirmou que não existe possibilidade de reintegração de posse e que será editado decreto afirmando que não haverá despejo, com o objetivo de garantir segurança jurídica às famílias. Disse que será um processo longo e que o Governo ainda não tem definido o que pretende fazer com a área. O representante da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) disse que existe ideia de utilização de parte da área para preservação ambiental, com a estruturação de um parque.

Os representantes das associações de moradores registraram sua preocupação e a cobrança por uma solução definitiva. Relataram que a região é atendida com péssimos serviços públicos, como água, luz e esgoto. Disseram ser favoráveis à descentralização da FASE, à regularização fundiária e à preservação ambiental. Acrescentaram que é preciso fiscalização para evitar novas ocupações na área.

No debate, surgiram propostas de ações. O Vereador Engenheiro Comassetto, representante da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, sugeriu a realização de gravame no Plano Diretor tornando as áreas ocupadas como Área Especial de Interesse Social (AEIS). O Deputado Raul Pont indicou a formação de um Comitê Gestor para dar andamento aos encaminhamentos necessários para a regularização fundiária e a transformação de parte da área em parque. A Deputada Ana Affonso registrou a importância da edição do decreto pelo Governo do Estado.

Durante a audiência, foi definida reunião de representantes dos moradores na Secretaria de Habitação e Saneamento e visita de técnicos da CEEE à comunidade para o estudo de soluções dos problemas enfrentados. A reunião destacou a necessidade de medidas emergenciais que garantam a melhoria dos serviços básicos oferecidos às comunidades.

Foram definidos os seguintes encaminhamentos: 1 – compromisso do Governo do Estado em editar decreto definindo a área como de Interesse Social para Fins de Habitação; 2 – constituição de Grupo de Trabalho, integrado por representantes da

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Secretaria de Habitação e Saneamento, da Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos, da Secretaria do Meio Ambiente, da Procuradoria-Geral do Município, da Secretaria do Planejamento Municipal, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, da Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre, da Assembleia Legislativa, da Caixa Econômica Federal, de um representante de cada comunidade, do movimento O Morro é Nosso e da Uampa, tendo por objetivo encaminhar: a) cadastro atualizado das famílias; b) levantamento topográfico das áreas ocupadas; c) identificação de áreas de risco ou de preservação ambiental para possíveis reassentamentos (garantindo que os mesmos sejam realizados na própria área); d) definição de arruamentos e das necessidades de equipamentos urbanos e) medidas buscando evitar novas ocupações.

4.2.1 - Visita da CEEE à área

Em 12 de abril de 2011 a Comissão acompanhou uma visita com técnicos da CEEE às comunidades, onde foi realizado um levantamento dos serviços a serem executados pela Companhia.

4.2.2 – Reunião na Secretaria de Habitação e Saneamento

No dia 17 de abril, a Comissão acompanhou reunião realizada na Secretaria de Habitação e Saneamento com a presença de representantes das associações de moradores, na qual o Secretário Marcel Frison reafirmou o compromisso do Governo em garantir o direito à moradia das famílias residentes na área da FASE.

4.2.3 – Assinatura do Decreto de reconhecimento dos moradores da área da FASE

FOTO: CACO ARGEMI/PALÁCIO PIRATINI

No dia 17 de maio de 2011, em ato solene no Palácio Piratini, foi assinado o

Decreto nº 48.029/2011 que reconheceu o direito fundamental social à moradia das famílias ocupantes da área da Fase e integrou as ocupações ao Programa de

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Regularização Fundiária de Interesse Social em execução pela Secretaria Estadual de Habitação e Saneamento.

5.3 – Impacto das obras da Copa do Mundo nas comunidades FOTOS: MARCOS EIFLER/AL

Data: 15 de abril de 2011.

Local: Sede da Associação de Moradores da Vila Tronco (Rua Caixa Econômica, nº 615) – Porto Alegre

Hora: 18h30min

Tema: Debater os impactos urbanos e fundiários das obras da Copa sobre as comunidades de Porto Alegre

Presenças: o Presidente da Comissão, Deputado Raul Carrion; Eduardo Andreis, Diretor do Departamento de Regularização Fundiária e Reassentamento da Secretaria de Estado de Habitação e Saneamento; o Senhor Ruben Danilo Pickrodt, Gerente Regional da Caixa Econômica Federal (CEF); o Senhor Francisco Dornelles, Secretário Adjunto de Planejamento Municipal; o Senhor Roni Marques Correa, Secretário Municipal Adjunto de Gestão e Acompanhamento Estratégico; o Senhor Humberto Goulart, Diretor-Geral do Departamento Municipal de Habitação (DEMHAB); a Senhora Simone Somensi, Procuradora-Geral Adjunta do Município; a Senhora Eunice Muniz, representando a Secretaria Municipal Extraordinária para a Copa 2014; o Senhor José Patrício Teixeira, Defensor Público, representando a Defensoria Pública do Estado (DPE); o Vereador Nelcir Tessaro, representando a Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre; o Senhor Beto Aguiar, representante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM); o Senhor Sandro Chimendes, Presidente da União das Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa); o Senhor Pedro da Hora Dias, Vice-Presidente da Federação Gaúcha de Associações de Moradores (Fegam); o Senhor Getulio Vargas Jr., Diretor da Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam); o Senhor Paulo Jorge Cardoso do Amaral, da Associação de

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Moradores da Vila Tronco; o Senhor Michael Santos, Coordenador Geral da Comissão de Habitação/SECOPA Grande Cuzeiro; a Senhora Bernadete Dorneles, da Comissão de Habitação/SECOPA Grande Cruzeiro; o Senhor Gilberto Dias, Diretor-Geral da Fundação Zoobotânica; o Senhor Waldir Bohn Gass, Diretor da Conam e integrante do Comitê da Copa/Cristal; a Senhora Sara Vargas, da Associação de Moradores da Vila Figueira; a Senhora Bruna Rodrigues, representando o Gabinete da Deputada Manuela Dávila; a Senhora Angélica Miranhã, Presidenta do Conselho Municipal de Acesso à Terra e à Habitação (Comathab); o Senhor Ubiratan de Souza, representante do Deputado Raul Pont; o Senhor Jeferson Pereira, da Uampa; e a Senhora Ariane Chagas Leitão, da Casa Civil do Governo do Estado; moradores e lideranças das comunidades.

Relato:

A realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil em 2014 deve trazer ao país em torno de 600 mil turistas, gerar 300 mil empregos diretos e 400 mil temporários. Os investimentos em infraestrutura, garantindo as condições para a realização do evento, são calculados em 33 bilhões de reais. Porto Alegre é uma das sedes da Copa no país e os investimentos na cidade são calculados em mais de R$ 480 milhões. Junto aos impactos positivos da realização da Copa, é preciso garantir que não ocorram prejuízos à população, especialmente pelo fato de que muitas obras ocorrerão em áreas consolidadas de ocupação e de habitação.

A Comissão Especial realizou audiência pública na Vila Tronco, que deverá ser impactada pela duplicação da Avenida Tronco, uma das obras viárias previstas na cidade. Segundo o Departamento Municipal de Habitação (DEMHAB), em torno de 1800 famílias terão que ser reassentadas com a realização da obra. A comunidade deseja tomar parte do debate e conhecer detalhadamente os projetos, colaborando para a sua construção.

Os principais questionamentos da audiência foram sobre o projeto viário, o levantamento socioeconômico, os projetos habitacionais e possíveis áreas para reassentamentos. Segundo a Prefeitura, os responsáveis pelo projeto viário, o Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (CIERGS), entregariam uma versão básica até 25 de abril. A partir desse momento, o esboço inicial do traçado da duplicação seria discutido com a comunidade e entregue à Caixa Econômica Federal (CEF) no mês de junho. O projeto deve seguir diretrizes previstas no Plano Diretor.

O levantamento socioeconômico está em elaboração, com previsão de conclusão para o mês de setembro, quando será apresentada a situação das famílias, permitindo a elaboração dos projetos habitacionais. Vinte terrenos estão em análise para os reassentamentos, sendo 18 deles na própria região. Uma área, na Avenida Silveiro, já foi adquirida. Está em andamento negociação a respeito de área de Exército, que permitiria a construção de 200 moradias. Representantes dos moradores reivindicaram a destinação, por parte do Estado, de áreas do Instituto Madre Pelletier e

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da FASE, estas no Morro Santa Teresa. Os projetos habitacionais devem ser realizados independentemente para cada uma das áreas, permitindo a transferência de famílias assim que as áreas forem sendo adquiridas.

Durante a reunião, os representantes da Prefeitura comprometeram-se em: discutir o projeto viário com a comunidade entre abril e junho; tomar decisões em parceria com lideranças da comunidade; garantir a permanência do máximo possível de pessoas na região; instalar um escritório na região para esclarecer dúvidas; evitar grandes mudanças para a população, garantindo serviços essenciais como escola, saúde e oportunidades de trabalho; analisar um valor justo para o bônus-moradia; que 20% dos empreendimentos do Programa Minha Casa, Minha Vida serão colocados à disposição dos moradores da região que desejarem; que desapropriações ocorrerão em casas maiores que as populares e discutir com a comunidade o formato e dimensões das residências.

Como encaminhamentos, a audiência deliberou pela necessidade de acelerar o ritmo do levantamento socioeconômico, com a contratação de mais pessoas; acelerar a conclusão do projeto viário; acelerar o início dos projetos habitacionais; oferecer maiores esclarecimentos sobre a negociação com o Exército; discutir o bônus-moradia e apresentar o estágio em que se encontra a análise dos 20 terrenos.

5.4 – Túnel Verde

Data: 18 de abril de 2011.

Local: Rua Retiro da Ponta Grosso, nº 1200 – bairro Ponta Grossa – Porto Alegre

Hora: 14h30min

Tema: Debater a regularização fundiária e serviços essenciais para a comunidade do Túnel Verde, na zona sul de Porto Alegre

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Presenças: o Deputado Raul Carrion, Presidente da Comissão; a Deputada Ana Affonso, relatora da Comissão; Aldemir Fogaça, representando a Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV); Luis Eduardo Colvara, representando o Departamento Municipal de Habitação (DEMHAB); a Senhora Tami Aso, representando a Procuradoria-Geral do Município (PGM); o Vereador Engenheiro Comassetto, representante da Câmara Municipal de Porto Alegre; Máximo Alfonso, representante da União das Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa) e coordenador regional do Orçamento Participativo; Pedro Dias, representando a Federação Gaúcha de Associações de Moradores (Fegam); a Senhora Maria José Silva da Silva, Presidente da Associação de Moradores do Túnel Verde; e o senhor Marino França, Secretário da Associação de Moradores do Túnel Verde; moradores e lideranças da comunidade.

Relato:

Trata-se de um loteamento irregular que teve início em 1988. A maioria dos moradores fixou residência no local no início dos anos 90. O loteador descumpriu a legislação e deixou de realizar obras de infraestrutura, como drenagem, esgotamento sanitário e arruamento. Em 2002, o loteador foi condenado judicialmente a realizar as obras de infraestrutura. Em um segundo momento, a Prefeitura Municipal foi condenada solidariamente. Em 2004, a Justiça determinou a realização das obras no prazo de dois anos. Passado o período, foi firmado Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) estendendo o prazo por mais dois anos. Até o momento, as obras não foram realizadas. A Justiça definiu a aplicação de multa diária pelo não cumprimento da decisão e a nomeação de administrador judicial, indicado pelo Ministério Público, para gerir os recursos e implementar as ações de urbanização necessárias. Recentemente, foi negado pedido de suspensão do prazo para cumprimento da decisão por seis meses. O Ministério Público classificou o pedido como „medida protelatória‟.

De acordo com representantes dos moradores, o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) já apresentou os projetos de drenagem para a comunidade, mas as obras não saem pelo fato de ser necessário projeto de pavimentação, sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Obras (SMOV), e que está inconcluso. Sem a apresentação de projetos de pavimentação não há a liberação de recursos do PAC para as obras de drenagem. Convidado, representante do DEP não compareceu à reunião. O representante da SMOV não soube informar sobre os andamentos dos projetos sob responsabilidade da Secretaria. A representante da PGM disse que está sendo ultimada a regularização registral do loteamento e o Demhab comunicou que foram retiradas 98 famílias que viviam sob risco na beira do arroio.

Diante da necessidade de respostas concretas, a audiência encaminhou a realização de reunião com o juiz responsável pelo processo judicial e com o Prefeito Municipal e solicitação de esclarecimentos à Prefeitura sobre os andamentos e as responsabilidades dos projetos. Em audiência com a assessoria da Comissão Especial, o juiz responsável pelo processo informou que o mesmo está em fase de escolha do

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administrador judicial e que os valores da multa ainda não estão sendo recolhidos pelo Município, dependendo para isso de solicitação de execução por parte do Ministério Público.

5.5 – Regularização fundiária em áreas da União FOTOS MARCO COUTO/AL

Data: 06 de maio de 2011.

Local: Sala João Neves da Fontoura – Plenarinho, 3º andar da Assembleia Legislativa – Porto Alegre.

Hora: 14h

Tema: Tratar da regularização fundiária para fins de moradia de interesse social em áreas da União situadas no Estado do Rio Grande do Sul

Presenças: o Deputado Raul Carrion, Presidente da Comissão; a Deputada Ana Affonso, relatora da Comissão; a Senhora Rose Carla Silva Correia, Superintendente da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) no Rio Grande do Sul; o Senhor José Atílio Cherubini, representando a Caixa Econômica Federal (CEF); o Senhor Délcio Black, representando o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS); o Senhor Roberto Albuquerque Guedes da Luz, representante da Inventariança da extinta RFFSA; o Senhor Alexandre Amaral Gavronski, Procurador Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF); o Senhor Vanir Fridriczeski, representando a Advocacia-Geral da União (AGU); a Senhora Ariane Chagas Leitão, representando a Casa Civil do Governo do Estado; o Senhor Jorge Nunes, representando a Secretaria de Estado de Habitação e Saneamento; a Senhora Maria Elisabete Aguiar, representando a Metroplan; a Senhora Beatriz Rosane Lang, assessora, representando o Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos do Ministério Público Estadual (MPE); o Senhor Sandro Ribeiro, representante da Secretaria de Coordenação Política e Governança Local da Prefeitura de Porto Alegre; o Vereador de Cidreira Matheus Jung, representante da União dos Vereadores do Rio Grande do Sul (UVERGS); a Senhora Patrícia Barreto, representante da Secretaria Estadual do Meio Ambiente

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(Sema); o Senhor Getúlio Vargas Jr., representante da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam); o Senhor Pedro da Hora Dias, representante da Federação Gaúcha das Associações de Moradores (Fegam); o Senhor Jeferson Pereira, representante da União das Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa); os Senhores Jair Maciel e Gilda Diniz, representantes da Associação de Moradores da Vila dos Ferroviários; o Senhor Aristoclides Vieira dos Santos, representante da Associação Comunitária de Moradores e Veranistas da Beira Mar de Cidreira; e o Senhor Jorge Luiz, da Associação de Moradores de Magistério; moradores e lideranças das comunidades.

Relato:

Com a presença de representantes de mais de 30 municípios, a audiência pública discutiu a regularização fundiária, prevista na Lei Federal 11.481/2007, em áreas da União localizadas no Rio Grande do Sul, com destaque para a apresentação de tipologias e situações em que pode ser realizada, bem como apresentação dos procedimentos. Quanto às áreas da extinta RFFSA, a regularização é possível em áreas não-operacionais, conforme a Lei 11.483/2007. Em áreas do INSS, apesar de ser situação específica, já que as mesmas pertencem ao Fundo do Regime Próprio de Previdência, existe a possibilidade negociação. Alguns casos específicos foram debatidos na reunião, como de áreas de Marinha no Estado e da Vila Chocolatão, em Porto Alegre.

Moradores de Cidreira e Pinhal, no Litoral, relataram casos de abusos cometidos pelos Executivos municipais. Os casos, formalizados, deverão ser encaminhados à Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. Além disso, há Ação Civil Pública (ACP) movida pelo Ministério Público Federal (MPF) para a retirada de famílias, sob a justificativa de que residem em áreas de proteção permanente ou em áreas da União passíveis de retomada. Houve reclamações quanto a não inclusão de moradores em cadastramento realizado por empresa terceirizada para a Secretaria de Patrimônio da União (SPU). As associações farão contato direto com a SPU para a resolução desses problemas.

Localizada no centro de Porto Alegre, em área da União prevista no Plano Diretor para o Centro Administrativo Federal, a Vila Chocolatão abrigava mais de 180 famílias em situação de extrema precariedade social e insalubridade. Em terreno cedido pela União, foi construído loteamento para o reassentamento dos moradores, que ocorreu a partir do dia 12 de maio de 2011. Na audiência, foram relatados problemas em relação ao loteamento, especialmente a respeito do galpão de reciclagem, prometido para atender 150 pessoas e que não teria capacidade para mais do que 50 trabalhadores, e do esgotamento dos serviços de saúde e educação na região do novo loteamento, na Avenida Protásio Alves. Foi referido que a creche e a sede da associação de moradores não estarão concluídas na data da transferência. A Prefeitura de Porto Alegre contestou as reclamações, dizendo que o galpão poderia

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atender 50 pessoas por turno, funcionando em três turnos, e que a nova área contará com telecentro, creche, sede para a associação de moradores e cozinha comunitária.

O Ministério Público Federal (MPF) comunicou a assinatura de Termo de Compromisso com garantia dos direitos fundamentais dos moradores da Vila Chocolatão, especialmente moradia, saúde, educação, trabalho e lazer. O procurador Alexandre Gavronski disse que há prazo para que a praça esteja concluída e que se o posto de saúde não atender a demanda, a Prefeitura terá prazo para solucionar a situação. A Comissão deliberou pela realização de visita técnica ao Loteamento Nova Chocolatão para verificar as condições oferecidas aos moradores.

Na reunião, a Superintendente do Patrimônio da União no Rio Grande do Sul, Rose Carla Silva Correia, informou que processo para a doação de área da extinta RFFSA para a Prefeitura de Porto Alegre realizar a regularização fundiária da Vila dos Ferroviários aguardava apenas a assinatura da Ministra do Planejamento. Em 2010, o processo não foi finalizado em razão de impedimentos previstos na legislação eleitoral.

Visita à Nova Chocolatão

No dia 11 de maio, a Comissão realizou visita técnica no Loteamento Residencial Nova Chocolatão, localizado na Avenida Protásio Alves, em Porto Alegre, com o objetivo de verificar as condições de habitabilidade do mesmo e o oferecimento de serviços essenciais. Presentes à vista o Deputado Raul Carrion, Presidente da Comissão, Procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Alexandre Amaral Gavronski, o Procurador Rogério Fleischmann, do Ministério Público do Trabalho, os Vereadores Elias Vidal, Toni Proença e Fernanda Melchionna, a Senhora Vania Gonçalves de Souza, da Secretaria Municipal de Governança Local, o Senhor Pedro Dias, representante da Federação Gaúcha das Associações de Moradores (Fegam, a senhora Gladis Oliveira, representante do Deputado Nelsinho Metalúrgico, e os representantes dos moradores Fernanda Simões Pires, Lucia de Fatima da Rocha, Antonio lazaro Silva Oliveira, Fabiana Conceição dos Santos, Robson Falcão da Rosa e Francisco José Rezende Sampaio.

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Onze das famílias enfrentam problemas com a transferência, especialmente questões de trabalho. Conforme a Prefeitura, uma comissão do Demhab negociaria a situação, com o acompanhamento da Câmara de Vereadores e da Comissão Especial. Constatou-se que a maioria das famílias se sente contemplada com as condições do novo Loteamento.

Assinatura da Portaria de doação à Prefeitura de Porto Alegre de área da extinta RFFSA para regularização da Vila dos Ferroviários

FOTO: IVO GONÇALVES/PMPA

A Ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, assinou no dia 20 de maio portaria autorizando a doação de terreno da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) ao município. A área de 32 mil metros quadrados abriga a Vila dos Ferroviários. A área doada vai abrigar as famílias que já residem no local e cerca de

150 novas famílias descendentes dos moradores.

5.6 – Comunidade Resistência e Luta, de Campo Bom

Data: 11 de maio de 2011.

Local: Câmara de Vereadores de Campo Bom (Rua Lima e Silva, nº 68)

Hora: 19h

Tema: debater a situação da comunidade Resistência e Luta, buscando seu reassentamento

Presenças: o Deputado Raul Carrion, Presidente da Comissão; o Deputado Jurandir Maciel, Vice-Presidente da Comissão; os Senhores Eduardo Andreis, Diretor do Departamento de Regularização Fundiária da Secretaria de Estado de Habitação e Saneamento; Dércio Marchaski, Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Campo Bom; Maximiliano de Souza, Secretário Municipal de Desenvolvimento Social e

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Habitação; Cristine Dal Magro Monteiro, defensora pública, representando a Defensoria Pública do Estado (DPE); Pedro da Hora Dias, Vice-Presidente da Federação Gaúcha de Associações de Moradores (Fegam); Sandro Luiz dos Santos, Presidente da União das Associações de Bairros e Vilas de Campo Bom; Jair de Oliveira, Presidente da Associação de Moradores Resistência e Luta. Presentes o Deputado Jurandir Maciel, Vice-Presidente da Comissão; os Vereadores de Campo Bom Victor Souza; Sérgio Seibert e Ivo Alves de Souza; o Senhor Ivo Kunzler, Procurador da comunidade; e Jorge Moreira, representante do Deputado Federal Assis Melo; moradores e lideranças da comunidade.

Relato:

A história da luta da comunidade vem de 2007. Na época, conhecida como Vila Augusta. No final daquele ano, em razão de ação de reintegração de posse, os moradores sofreram ação de despejo da área que ocupavam. No início de 2008, como alternativa, a partir de negociação com a proprietária de outro terreno, foram residir no local que ocupam atualmente, em condições insalubres e em área na qual não é possível a regularização por estar próxima de aeródromo. No acordo com a proprietária foi definido o prazo de 15 meses para que uma solução definitiva fosse construída. O prazo passou e não surgiu a alternativa. Há um pedido de reintegração de posse e os moradores correm, novamente risco de despejo. Razão pela qual solicitaram a interferência da Comissão Especial.

No início de maio, houve decisão da Justiça de Campo Bom concedendo prazo de 15 dias para a desocupação da área. Na reunião discutiu-se uma alternativa capaz de evitar o despejo e encaminhou-se a solicitação à juíza da prorrogação do prazo para desocupação em 180 dias argumentando que o Município e o Governo do Estado iniciarão imediatamente o cadastramento socioeconômico das famílias e que será constituído Grupo de Trabalho, formado por representações dos moradores, da Prefeitura Municipal de Campo Bom, da Câmara de Vereadores, da Assembleia Legislativa e da Caixa Econômica Federal (CEF), tendo por objetivo a construção de uma alternativa definitiva à aflitiva situação enfrentada pelos moradores.

No dia 18 de maio foi protocolado na 1ª Vara da Justiça de Campo Bom documento assinado pelos Deputados integrantes da Comissão Especial, pelo Secretário de Estado de Habitação e Saneamento, pela Caixa Econômica Federal, pelos Vereadores de Campo Bom e pela Associação dos Moradores, requerendo a suspensão do despejo pelo prazo de 180 dias. No dia 20 de maio, a Juíza despachou concedendo o prazo solicitado.

Reunião do Grupo de Trabalho na Prefeitura de Campo Bom

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Como resultado de encaminhamento da audiência pública realizada no dia 11 de maio de 2011, reuniu-se o Grupo de Trabalho, na Secretaria de Habitação de Campo Bom, com a presença de representantes da Comissão Especial, da Secretaria de Estado de Habitação e Saneamento, da Prefeitura Municipal, da Câmara de Vereadores, da Caixa Econômica Federal (CEF).

Foram feitos os seguintes encaminhamentos: 1 – levantamento

sócioeconômico: a ser realizado no início junho, com a participação de dois servidores da Secretaria de Habitação e Saneamento, dois da Prefeitura e o apoio da comunidade; 2 – levantamento das áreas disponíveis: o Município deverá identificar áreas do município, estadual, federal ou privada que possam ser utilizadas para o reassentamento; 3 – reunião da Caixa Econômica Federal (CEF) com a Prefeitura de Campo Bom para apresentar programas e alternativas que podem ser utilizados, afim de que, ao termino do cadastramento, possa ser dada continuidade aos encaminhamentos; e 4 – documento ao Ministério das Cidades expondo a situação e solicitando apoio devido a emergência do caso, situação de risco e ameaça de despejo.

No dia 15 de junho foi realizado, por técnicos da Secretaria de Estado de Habitação e Saneamento e da Prefeitura de Campo Bom, o cadastramento das famílias e o levantamento socioeconômico.

5.7 – Vila Nova FOTOS: MARCELO BERTANI/AL

Data: 16 de maio de 2011.

Local: Salão da Igreja Católica (Rua do Paladino, nº 350 – bairro Aberta dos Morros) – Porto Alegre

Hora: 19h

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Tema: Debater a regularização fundiária e demandas de infraestrutura de comunidades da Vila Nova, zona sul de Porto Alegre

Presenças: o Presidente da Comissão, Deputado Raul Carrion; Osmar Goi, Coordenador do CAR Sul e Centro-Sul; Leonardo Ribeiro Cesar, representando a Secretaria do Planejamento Municipal (SPM); a Senhora Adriana Valer, representando a Secretaria da Coordenação Política e Governança Local; a Senhora Tami Aso, representando a Procuradoria-Geral do Município (PGM); a Senhora Rosane Soares, Supervisora Comunitária do Departamento de Fiscalização da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE); Jeferson Pereira, representando a União de Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa); Pedro da Hora Dias, Vice-Presidente da Federação Gaúcha de Associações de Moradores (Fegam); a Senhora Rosani Fátima da Silva, Presidente da Associação de Moradores Cristiano Kraemmer Centro-Sul; a Senhora Ana Paula Heerdt, Vice-Presidente da Associação de Moradores Cristiano Kraemmer Centro-Sul; Jair Souza de Campos, Presidente da Cooperativa de Moradores Núcleo Esperança do Campo Novo; a Senhora Regina Moura, Presidente da Associação de Moradores do Grande Campo Novo; a Senhora Rosa Maria Duarte Labandeira, Conselheira do Orçamento Participativo (OP) Região Centro-Sul; a Senhora Bruna Rodrigues, representando o Gabinete da Deputada Federal Manuela D‟Ávila; Fabiano Souza, do CAR Sul e Centro-Sul; e a Senhora Roselaine Marquês, Presidente da Associação de Moradores do Loteamento Cristiano Kraemmer; moradores e lideranças das comunidades.

Relato:

Duas situações foram discutidas: 1- do Loteamento Cristiano Kraemmer, no qual residem mais de 100 famílias em programa executado pelo Demhab. São moradias regulares e o local carece de uma série de equipamentos urbanos, como creche, área de praça, entre outros. Há, também, um conflito entre os moradores e o Demhab, que move ação demolitória em razão da construção de muro que avançou 60 cm em frente às casas. 2 – do Núcleo Esperança do Campo Novo, no qual residem 50 famílias há mais de 20 anos. Trata-se de área particular, com ação de reintegração de posse. A proprietária do terreno faleceu em 2010 e até o momento os herdeiros não se pronunciaram. Apesar de a ação de reintegração ter sido arquivada, o problema não está resolvido.

Os moradores apresentaram situações enfrentadas especialmente quanto a problemas nos serviços de esgoto e de energia elétrica. Na própria reunião, a representante da CEEE comprometeu-se em tratar da questão. Os moradores do Cristiano Kraemmer disseram que, quanto ao avanço dos muros, houve um acordo com a engenheira responsável pelas obras quando da construção do loteamento, permitindo a construção dos muros como compensação pelos problemas apresentados nas casas. O acordo não foi escrito. A comunidade deseja negociar a situação com o Demhab. Expuseram, também, a situação de 24 moradores que pagaram R$ 500 pelo

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direito de construir um segundo piso nas casas. Após estudos técnicos, o Demhab vetou as construções, mas os valores não foram devolvidos. A demanda é pela devolução do valor pago com as devidas correções.

Os representantes da Prefeitura informaram que um Grupo de Trabalho está cuidando das questões envolvendo o Loteamento Cristiano Kraemmer e foram agendadas duas reuniões com as comunidades, com a garantia de uma solução conjunta. Foi prometida a iluminação da praça e o início das obras da creche comunitária num prazo de 80 dias.

Como encaminhamentos, no que se refere ao Núcleo Esperança, há a necessidade de acompanhar e construir alternativas para a regularização da área, registrando-se o compromisso do representante do CAR Sul e Centro-Sul em visitar a comunidade para encaminhar a solução de problemas emergenciais e de serviços básico. Quanto ao Loteamento Cristiano Kraemmer, constatou-se falhas da Prefeitura na construção das casas e na infraestrutura do local. As duas reuniões agendadas devem ser espaços para a definição de soluções para os inúmeros problemas enfrentados, como o conflito quanto ao avanço dos muros, a necessidade de ressarcir os valores pagos pelos 24 moradores e o fornecimento de plantas elétricas e hidráulicas das moradias. Atenção especial deve ser dada aos problemas de fios de energia elétrica expostos e a casas ameaçadas de cair, principalmente às margens do Riacho Capivara.

Reunião no Demhab

No dia 23 de maio, ocorreu reunião no Demhab entre representantes da Prefeitura e das associações de moradores, com o acompanhamento da Comissão Especial.

5.8 – Ilhas do Delta do Jacuí FOTOS: MARCOS EIFLER/AL

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Data: 06 de junho de 2011.

Local: Sala João Neves da Fontoura – Plenarinho, 3º andar da Assembleia Legislativa – Porto Alegre.

Hora: 14h

Tema: tratar da situação de precariedade social e falta de infraestrutura básica para os moradores das ilhas do Delta do Jacuí, assim como de possíveis medidas para a sua regularização fundiária e urbanística, como uma forma de melhorar as condições ambientais da área.

Presenças: o Deputado Raul Carrion, Presidente da Comissão; o Deputado Jurandir Maciel, Vice-Presidente; os Senhores Eduardo Andreis, diretor do Departamento de Regularização Fundiária e Reassentamento da Secretaria de Habitação e Saneamento; Marco Mendonça, Chefe de Gabinete da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema); Fausto Loureiro, Chefe de Gabinete da Procuradoria-Geral do Estado (PGE); Pedro Lacerda, representante da Caixa Econômica Federal (CEF); João Augusto Teixeira Loureiro, Chefe de Engenharia do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT); Alfonso Willembring, Chefe da Seção de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF); Eduardo Bergmann, representante da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT); Simone Mirapalhet, Diretora do Museu de Ciências da Fundação Zoobotânica; Giovani Bruscatto, assessor da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF); Rosane Soares, representando a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE); Sandro Ribeiro, da Secretaria da Coordenação Política e Governança Local da Prefeitura de Porto Alegre; Maria Horácia Ribeiro, representando o Departamento Municipal de Habitação (Demhab); Marcelo Dadalt, coordenador do Núcleo de Regularização Fundiária da Defensoria Pública do Estado (DPE); Luciano Brasil, promotor de Justiça da Promotoria de Habitação e Defesa da Ordem Urbanística do Ministério Público Estadual (MPE); Annelise Monteiro Steigleder, promotora de Justiça da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente do MPE; Fábio Leal, Secretário do Planejamento de Eldorado do Sul; Luiz Devit, Secretário de Habitação de Eldorado do Sul; os Vereadores João Ferreira e Rogério Munhoz, de Eldorado do Sul; Getúlio Vargas Jr., representando a Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam); Pedro da Hora Dias, representando a Federação Gaúcha das Associações de Moradores (Fegam); Jeferson Pereira, representando a União das Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa); Rosélia Araujo Vianna, da Concepa; Heloisa Saldanha, da FASC; Daniela Tolfo, da ONG CAMP; Catia Aparecida Dias de Souza, da Pastoral da Criança; Mauricio Scherer, Chefe da Divisão de Unidades de Conservação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema); Seila Pedroso, do Conselho Comunitário de Inclusão Social; Irmão Laurindo Viacelli, do Centro dos Maristas; Ibanês Mariano, representando a Deputada Ana Affonso; Gladis de Oliveira, representando o Deputado Nelsinho Metalúrgico; Jair Maciel Morais, Presidente da Cooperativa Habitacional

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Diretor Pestana; Laci Hirsch, da Associação de Moradores das Ilhas e conselheira do Orçamento Participativo (OP); Patrícia Barreto, da Amilhas – Ilha Grande dos Marinheiros; Cândido Acosta, assessora da Secretaria do Meio Ambiente (Sema); Denise Costa, agente de governança da 17ª Região – Ilhas, Secretaria Municipal da Coordenação Política e Governança Local; Juramar Vargas, Presidente da Associação Ilhéus Ecológica; Catia Aparecida Dias de Souza, da Pastoral Ilha do Pavão; Nestor Luiz, da Ilha das Flores; moradores e lideranças das comunidades.

Relato:

O tema envolve questões ambientais e um grave problema habitacional, já que cerca de 20 mil pessoas vivem na região. São 30 ilhas, abrangendo 6 municípios: Porto Alegre, Eldorado do Sul, Triunfo, Charqueadas, Nova Santa Rita e Canoas. O Parque Estadual do Delta do Jacuí foi criado por lei em 1976, tendo sua área ampliada em 1979. Em 2005, através da Lei 12.371, ocorreu a separação entre o Parque, área destinada em sua totalidade para a preservação, e a Área de Proteção Ambiental (APA). A lei determinou o prazo de três anos para a elaboração do Plano de Manejo, o que ainda não ocorreu e prevê a garantia de regularização fundiária aos moradores, desde que compatibilizada com as necessidades ambientais. A audiência pública ouviu as autoridades presentes a respeito dos andamentos do Plano de Manejo, do cadastramento dos moradores, da situação do Plano de Ações Emergenciais e de cinco áreas disponibilizadas pelo Estado para a realização de reassentamentos e sobre a situação de famílias que residem em áreas de domínio da BR-290.

De acordo com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), a ordem de serviço para a elaboração do Plano de Manejo foi dada em janeiro de 2011. O do Parque, a cargo da Fundação Zoobotânica, deve estar concluído em março de 2012, e o da APA, ao encargo da empresa MRS Estudos Ambientais, tem conclusão prevista para janeiro de 2012. Durante a elaboração, estão previstas três oficinas participativas com as comunidades. Quanto ao Plano de Ações Emergenciais, a tendência é a sua renovação após avaliação jurídica. A Prefeitura de Porto Alegre, por sua vez, informou que está em andamento o cadastramento dos moradores, dentro do Programa das Carroças, com previsão de conclusão para o início de outubro. A respeito das cinco áreas, são terrenos previstos na lei 12.371 e classificados como APA, mas é necessária avaliação sobre quem são os proprietários. Segundo a Prefeitura, são áreas problemáticas porque necessitam de aterramento.

Os encaminhamentos apresentados foram: 1 – Plano de Manejo: garantir a finalização dentro do prazo. Até setembro será realizado zoneamento, permitindo a realização do cadastramento. Possibilidade de alterar a Lei, com base técnica, prevendo novos limites para o Parque e a APA; 2 – cadastramento: são 20 mil moradores, o cadastramento prevê 3 mil, necessidade de prever maior número de cadastramentos; 3 – necessidade de realizar levantamento fundiário; 4 – prorrogar ou

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elaborar novo Plano de Ações Emergenciais; 5 – realização de estudo geotécnico para análise das áreas propostas; 6 – possibilidade de inclusão de famílias no Programa Minha Casa, Minha Vida; e 7 – Retomar o funcionamento do Grupo de Trabalho, envolvendo Governo do Estado e prefeituras.

6 – OUTRAS ATIVIDADES

6.1 – Comunidade Pica-Pau, em Novo Hamburgo

No dia 3 de junho, a Comissão Especial deslocou-se até Novo Hamburgo para reunir-se com o Secretário de Habitação do Município e com a comunidade Pica-Pau. Devido a uma decisão judicial, os moradores da Pica-Pau terão de ser reassentados, pois residem em uma área de risco. Os moradores reclamam a falta de informações por parte da Prefeitura – que segundo a decisão judicial deverá removê-los para novas casas – que só exige que eles saiam imediatamente de suas casas em troca do pagamento de um “aluguel social”, sem que lhes seja entregue qualquer documento assegurando-lhes uma nova moradia, em um prazo determinado. Ao mesmo tempo, questionaram o fato do aluguel social não prever a fiança ou a caução exigida pelas imobiliárias, o que lhes dificultava alugar uma moradia. Questionaram se não era possível que o aluguel fosse feito diretamente pela Prefeitura. Outros propuseram que aguardassem em suas moradias até que as novas casas estivessem prontas.

O Secretário Juarez Kaiser, de Habitação, garantiu que a Prefeitura irá reassentar essas famílias e que já estão reservadas – em um dos empreendimentos que está sendo construído pelo município – casas em número suficiente para abrigar as famílias que terão que ser removidas. Que só não há uma definição final quanto a isso porque a Prefeitura ainda está tentando conseguir uma área mais próxima de onde eles vivem atualmente. Comprometeu-se, ainda, em estudar a possibilidade de fornecer um documento comprovando o recebimento do “aluguel social”, para facilitar

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que os moradores aluguem suas casas. Por fim, acatou a proposta do Deputado Carrion de fazer uma reunião na comunidade para informar todos os passos que serão dados para solucionar o problema.

6.2 – Seminário Estadual sobre o Plano Estadual de Habitação de Interesse Social

FOTO: MARCO COUTO/AL

No dia 24 de maio, o Presidente da Comissão Especial de Habitação Popular e Regularização Fundiária, Deputado Raul Carrion, representou a Assembleia Legislativa na abertura do Seminário sobre o Plano Estadual de Habitação de Interesse Social, fazendo um pronunciamento sobre o temaem nome da Presidência da Casa.

6.3 – 2º Seminário Estadual sobre a Função Social da Propriedade do Solo Urbano e os 10 anos do Estatuto da Cidade

FOTO: EDUARDO QUADROS/AL

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O 2º Seminário Estadual sobre a Função Social da Propriedade do Solo Urbano e os 10 anos do Estatuto da Cidade foi realizado no dia 27 de junho de 2011 no auditório da Caixa Econômica Federal (CEF), em Porto Alegre. Participaram da Cerimônia de Abertura o Senador Inácio Arruda; o Presidente da Assembleia Legislativa, Deputado Adão Villaverde; o Presidente da Comissão Especial, Deputado Raul Carrion; o Vice-Presidente, Deputado Jurandir Maciel; o Secretário Adjunto de Habitação e Saneamento Dioclécio Grippa; a Deputada Federal Manuela D‟Ávila, Presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados; o Promotor de Justiça Luciano Brasil , representando o Ministério Público Estadual (MPE); o defensor público Marcelo Dadalt, representando a Defensoria Pública do Estado (DPE); o gerente regional da Caixa Econômica Federal (CEF) Ruben Danilo Pickrodt; a procuradora Jucilene Pereira, representando a Procuradoria Geral do Estado (PGE); a procuradora Simone Somensi, representando a Procuradoria Geral do Município (PGM) e a Prefeitura de Porto Alegre; a Vereadora Sofia Cavedon, Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Drº João Ricardo dos Santos Costa, Presidente da AJURIS; a Presidenta da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam) Bartíria da Costa; Beto Aguiar, representando o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM); Maria Helena Dornelles, representando a OAB/RS; João Pedro Lamana Paiva, representando o Colégio Registral do Rio Grande do Sul; Telmo Lemos Filho, Presidente da Associação dos Procuradores do Rio Grande do Sul; o arquiteto Luiz Nei Rezende da Silva, representando o Sinduscon; entre outras autoridades e representantes de órgãos e entidades, além de inúmeros líderes comunitários, representantes de Prefeituras e Câmaras Municipais e do movimento social.

O primeiro painel, sobre „Moradia Digna como Direito Humano e a Função Social da Propriedade do Solo Urbano‟, contou com exposições da Deputada Manuela D‟Ávila, do Promotor de Justiça Luciano Brasil, do Defensor Público Marcelo Dadalt, do Coordenador do MNLM Beto Aguiar, do Presidente da Fegam Wilson Valério Lopes e da Procuradora Jucilene Pereira.

À tarde, o painel „Os 10 anos do Estatuto da Cidade‟ teve a participação do Senador Inácio Arruda, do Secretário de Habitação e Saneamento Marcel Frison, da Presidenta da Conam Bartíria da Costa, do representante da AJURIS Drº Antonio Clart Flores Ceccatto, do Prefeito de São Leopoldo Ary Vanazzi, da Drª Simone Somensi, representante da PGM e do Drº João Pedro Lamana Paiva.

Após, foi aprovada a 2ª Carta de Porto Alegre, nos seguintes termos:

“A habitação é um direito que figura na Declaração Universal dos Direitos do Homem desde 1948:

“Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação,

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vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis.” (art. 25)

Da mesma forma, a Conferência Habitat II, em Istambul, em 1996, estabeleceu o direito à moradia adequada como um direito humano, entendido como a garantia do acesso à terra, à habitação, à infraestrutura e aos recursos existentes na cidade.

Já a Constituição da República Federativa do Brasil, ao tratar da ordem econômica e social, estabelece a função social da propriedade (art. 170, inciso III) e coloca a moradia como um direito social:

“São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. (art. 6º)

E a mesma Constituição da República – no “Capítulo da Política Urbana” – afirma que “a política de desenvolvimento urbano (...) tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade” (art. 182) e que “A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências (...) expressas no plano diretor” (art. 182, § 2º)

A Função Social da Cidade e da Propriedade é entendida como a prevalência do interesse comum sobre o direito individual de propriedade, com o uso socialmente justo do espaço urbano, para que todos cidadãos possam dele usufruir, alcançar condições dignas de vida, exercitar plenamente a cidadania e os direitos humanos, participar da gestão e produção da cidade e viver com qualidade de vida.

Esses pressupostos foram incorporados à Constituição brasileira, fruto da luta de inúmeros setores sociais que há décadas manifestavam sua preocupação com as cidades brasileiras, que desenvolveram um modelo de exclusão e desigualdade social, degradaram o meio ambiente e reforçaram uma crescente irregularidade fundiária.

É uma realidade incontestável que grande parte da população brasileira vive segregada, em áreas irregulares e degradadas. De um lado, temos a cidade legal – que oferece a seus habitantes todos bens e serviços –, de outro, a cidade ilegal – sem acesso à terra urbanizada, com moradias precárias, sem infraestrutura, sem serviços, sem direitos. Ao mesmo tempo, a concentração de renda e da propriedade do solo urbano nas mãos de poucos, que utilizam o solo urbano como reserva de valor, impulsiona a especulação imobiliária e o incontrolável encarecimento dos terrenos urbanos.

Em 2001, com a promulgação do Estatuto da Cidade e da Medida Provisória 2220, foram criados instrumentos urbanísticos que, se aplicados, garantiriam o cumprimento da função social da propriedade do solo urbano, desenvolvendo cidades mais justas, mais equilibradas e ambientalmente sustentáveis. O Estatuto da Cidade – que regulamenta o “Capítulo da Política Urbana” da Constituição – é a base legal para que os gestores, junto com a sociedade organizada, possam incidir com eficácia sobre o desenvolvimento urbano, intervindo no uso, nas formas de ocupação e parcelamento

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do solo urbano, para regular o mercado de terras, incentivando um desenvolvimento que reverta o processo de exclusão que caracteriza as cidades brasileiras.

Entre seus instrumentos, está a possibilidade de induzir formas diferenciadas de ocupação do solo urbano, inibindo a especulação imobiliária e intervindo na lógica de formação de preços pelo mercado, evitando “a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização” (art. 2º, inciso VI, alínea e), através do “parcelamento, edificação ou utilização compulsórios” (art. 5º), do “IPTU progressivo no tempo” (art. 7º) e da “desapropriação com pagamento em títulos da dívida pública” (art. 8º).

Da mesma forma, o Estatuto da Cidade dispõe sobre a “justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização” (art. 2º, inciso IX) – através da utilização da “contribuição de melhoria” (art. 4º, inciso IV, alínea b) – e a “recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos” (art. 2º, inciso XI) – a chamada mais-valia fundiária.

Inovadoras, também, são as possibilidades abertas pelo Estatuto da Cidade para a regularização fundiária e urbanística das áreas ocupadas por populações de baixa renda, permitindo gravá-las como áreas para habitação de interesse social, através da “instituição de zonas especiais de interesse social” (art. 4º, inciso V, alínea f), realizando a “concessão do direito real de uso”, a “concessão de uso especial para fins de moradia” (art. 4º, inciso V, alíneas g, h, e MP 2220/01) e o “usucapião especial de imóvel urbano” (idem, alínea j, e art. 9º a 14)

A Constituição exige a existência de Plano Diretor para que um município possa aplicar – nas áreas urbanas que não cumprem sua função social – instrumentos como o parcelamento e a edificação compulsórios, o IPTU progressivo no tempo e a desapropriação com títulos da dívida pública. Embora boa parte dos municípios – especialmente aqueles com mais de 20.000 habitantes – tenham elaborado seus planos diretores e incluído neles os instrumentos urbanísticos previstos no Estatuto da Cidade, na verdade quase nada tem sido feito para aplicá-los. Mesmo a utilização das Zonas Especiais de Interesse Social, pouco tem conseguido reduzir os preços especulativos da terra, uma vez que as áreas definidas como ZEIS são em geral áreas periféricas e já ocupadas.

Passados dez anos da promulgação do Estatuto da Cidade, são raríssimos os casos em que o poder público cobra o IPTU progressivo no tempo, exige o parcelamento ou a edificação compulsória, realiza desapropriações com títulos da dívida pública ou usa recursos advindos do instituto do Solo Criado para habitação de interesse social. O que mostra quão poderosos são os interesses que enfrentamos para avançar no rumo de um efetiva Reforma Urbana em nosso país.

Ao mesmo tempo, porém, é preciso considerar outros avanços legais e institucionais que vieram a reforçar o Estatuto da Cidade – como a criação do Ministério das Cidades, as Conferências Nacionais das Cidades e o Conselho das Cidades.

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Novos programas foram lançados pelo Governo federal, focados na população de baixa renda, como o PAC I e II e o Minha Casa Minha Vida I e II, viabilizando a construção de milhões de moradias para as famílias de baixa renda.

Da mesma forma, as leis do Saneamento Básico e Ambiental, da Assistência Técnica Pública e Gratuita, de regularização das áreas da União ocupadas por famílias de baixa renda, entre outras, são importantes avanços.

A aprovação, em 2005, do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS) e do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), disponibilizou recursos consideráveis para investimentos subsidiados em habitação social, com controle social. Sua expansão para todos os níveis da Federação – em combinação com os planos nacional, estaduais e municipais de habitação de interesse social – são essenciais para enfrentarmos com uma política de Estado os problemas da moradia popular em nosso país.

Infelizmente, o fato dos vultuosos recursos do PAC e do Minha Casa Minha Vida não serem alocados no SNHIS e no FNHIS e não passarem pelo controle social dos Conselhos das Cidades, nos diversos níveis da federação, tem sido um obstáculo para a estruturação e consolidação do Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano e do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social.

O 2º Seminário Estadual Sobre a Função Social da Propriedade do Solo Urbano e os 10 Anos do Estatuto da Cidade, realizado em Porto Alegre em 27 de junho de 2011, reconhece as importantes conquistas alcançadas nos últimos dez anos no âmbito da questão urbana, seja no terreno da legislação – com destaque para a aprovação do Estatuto da Cidade e da MP 2220 –, seja no âmbito institucional, mas registra o quanto ainda temos que avançar na efetivação da Reforma Urbana no Brasil, construindo cidades mais justas, que respeitem a função social da propriedade e os direitos de todos os seus cidadãos.”

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7 – CONCLUSÕES E ENCAMINHAMENTOS

No decorrer do trabalho desenvolvido por esta Comissão Especial de Habitação Popular e Regularização Fundiária, constatamos a necessidade de várias ações que precisam ser implementadas, nas quais este parlamento deve ter um papel protagonista.

Do diagnóstico

Em primeiro lugar, destaca-se a necessidade de um diagnóstico mais preciso sobre a realidade do déficit habitacional e das moradias em situação irregular no Rio Grande do Sul. Com esse objetivo, a Comissão formulou um questionário e o enviou aos municípios da região metropolitana, tendo recebido um retorno parcial (somente 11 dos 32 municípios responderam ao questionário). Urge realizar – com a parceria da SEHADUR, FAMURS e outras instituições – um levantamento habitacional do conjunto dos municípios do Estado

Da mesma forma, foi encaminhado um Pedido de Informações ao Governo do Estado, o que nos permitiu perceber que a SEHADUR trabalha com dados sobre o déficit habitacional bastante defasados, visto que as informações disponíveis estão atualizadas apenas até 2003. Salta aos olhos a necessidade de suprir essa deficiência. Talvez, o Plano Estadual de Habitação de Interesse Social, em elaboração, consiga sanar essa deficiência.

Também foi encaminhado Pedido de Informações à Secretaria de Patrimônio da União, que nos encaminhou dados resumidos sobre diversas áreas da União no nosso Estado. É necessário detalhar essas informações.

Na busca desse diagnóstico, frente às informações extremamente limitadas que esta Comissão obteve, cabe concluir pela importância de que o trabalho realizado pela CEHPRF tenha continuidade, pelo que entendemos que o mais viável, a curto prazo, será a inclusão dessa pauta em alguma das Comissões Permanentes da Casa.

Adequação dos municípios à legislação federal

Quanto aos municípios, ressaltamos que é tarefa deste Parlamento assessorar e auxiliar as Prefeituras e Câmaras Municipais, para que adequem as suas legislações ao Estatuto da Cidade, providenciem sua adesão ao Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), criem seus Sistemas, Fundos e Conselhos Municipais e elaborem seus Planos Locais de Habitação, condição indispensável para que possam acessar os importantes recursos subsidiados, do FNHIS.

Igualmente, a atualização de seus Planos Diretores, a criação de legislações municipais que incorporem os avanços legais ocorridos em nível federal – como a Lei da Assistência Técnica Pública e Gratuita às famílias de baixa renda – podem e devem contar com o apoio desta Casa legislativa

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Legislação Urbanística Estadual

No que diz respeito à legislação estadual, cabe aqui ressaltar que a mesma encontra-se defasada em relação à legislação federal. As leis estaduais 9.752/92 e 10.851/96, feitas para auxiliar na regularização fundiária no Estado, são anteriores a todos os institutos legais federais acima mencionados, exigindo sua atualização e adaptação aos novos instrumentos legais.

Nesse sentido, tramitam atualmente nesta Casa os projetos de lei 337/07 e 338/07 – ainda não apreciados – que buscam atualizar as leis 9.752/92 e 10.851/96, adequando-as ao Estatuto da Cidade e às legislações posteriores. Esses projetos, firmados por mais de uma dezena de deputados, foram propostos pela Comissão Especial de Habitação que funcionou nesta Casa no ano de 2007 e contam com o apoio da atual Comissão Especial de Habitação Popular e Regularização Fundiária. Esperamos que – com o reforço do apoio desta Comissão – possamos aprová-los o mais rapidamente possível.

Regularizações em áreas públicas estaduais

Os próprios dados fornecidos pela Secretaria de Habitação e Saneamento dão conta de 39 áreas do Estado ocupados por famílias de baixa renda, à espera de sua regularização. Destas, 22 em Porto Alegre e 17 no interior do Estado. Aqui, a solução exige menos recursos, posto que a questão da terra já está resolvida.

Tendo em vista que existe base legal para a sua regularização e que abundam recursos federais para isso, urge que seja criado um Programa especial para essas áreas, de forma a efetivar o mais rápido possível esse direito essencial para milhares de famílias que se encontram nessa situação. Podemos citar, entre outras, as comunidades que vivem nas áreas da FASE do Morro Santa Teresa e da Avenida Edgar Pires de Castro; as vilas São Judas Tadeu, São Pedro, Salvador França, Juliano Moreira – todas em Porto Alegre –, assim como a Ocupação Santa Marta, em Santa Maria, esta em fase adiantada de solução.

Ao Parlamento Gaúcho cabe abrir espaço para que essas comunidades exerçam seu legítimo direito de pressão para que as coisas aconteçam com a rapidez possível. Nesses casos, as audiências públicas e a criação de grupos de trabalho de caráter técnico, com a participação das prefeituras afetas ao caso e da Caixa Federal, são um bom caminho para agilizar a regularização fundiária e urbanística desses assentamentos precários.

Uso das terras públicas estaduais devolutas, subutilizadas ou não utilizadas

Diante da amplitude e gravidade do déficit habitacional em nosso Estado, impõe-se a efetiva aplicação dos artigos 14 e 16 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da nossa Constituição Estadual – regulamentados pela Lei 10.851/96 – que determina que as áreas devolutas, subutilizadas e não utilizadas de propriedade do

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Estado, ou de empresas sob seu controle, quando situadas em áreas urbanas sejam usadas para projetos habitacionais para famílias de baixa renda.

Temos notícia de que a Secretaria de Habitação e Saneamento vem conduzindo negociações com a Secretaria de Administração do Estado no sentido de que essas áreas sejam disponibilizadas e repassadas para um Banco de Terras, com a finalidade de serem utilizadas para a construção de moradias para famílias de baixa renda, o que aprovamos integralmente e sugerimos que esta Casa aprove, caso seja necessário alterar em lei a sua destinação

Regularizações em áreas públicas federais

Como já foi relatado, são muitas as áreas da União ocupadas por famílias de baixa renda em nosso Estado, sejam elas áreas do INSS, da extinta RFFSA, da Secretaria do Patrimônio da União, áreas de Marinha (no nosso litoral) ou áreas anteriormente reservadas para expansão portuária (como em Rio Grande). Na sua imensa maioria, essas áreas são passíveis de regularização, através da MP 2220/01 e das leis 11.481/07 (terras da União), 11.483/07 (RFFSA), 11.977/09 (MCMV 1) e 12.424/11 (MCMV 2).

Ocorre, porém, que a SPU não dispõe de estrutura nos Estados para realizar essa regularização, dependendo de parcerias com os governos estaduais e municipais para efetivá-las. Impõe-se, portanto, que o nosso Estado estabeleça parcerias com a União – nos casos mais significativos e complexos – e ajude os municípios a assumirem essa tarefa nas situações mais simples, em seu território.

Regularizações em áreas públicas municipais

Também aqui existe uma enorme quantidade de áreas públicas ocupadas por famílias de baixa renda, passíveis de regularização pela aplicação da MP 2220/01, combinada com as legislações municipais pertinentes. Mais uma vez, a dificuldade corre por conta da pequena capacidade técnica e operacional de muitas prefeituras, principalmente dos municípios menores. Mais uma vez, é necessário o apoio técnico e a parcerias com o Estado e com a União para viabilizar a efetivação do processo de regularização fundiária e urbanística.

Regularizações em áreas privadas

Tendo em vista que o acesso a uma moradia digna é um direito constitucional de todo cidadão, descabe o argumento de que, frente à ocupação de uma área privada, não há qualquer responsabilidade do Poder público. Compete, sim, aos Poderes públicos – em todos os níveis federativos – buscar uma solução para aquelas famílias que, por necessidade absoluta, ocupam uma área para ter um teto sob o qual abrigar-se e se encontram ameaçadas de despejo.

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A experiência demonstra que a conjunção de esforços entre a União, o Estado e a respectiva prefeitura tem obtido bons resultados nas situações emergenciais, inclusive conseguindo a compreensão do Poder Judiciário, sensível a conceder um prazo nas reintegrações de posse, para que seja construída uma alternativa para essas famílias.

Exemplo disso são os encaminhamentos da CEHPRF em relação à comunidade Resistência e Luta, de Campo Bom, que obteve o prazo de 180 dias para que Prefeitura, Governo do Estado e União encaminhem uma solução para o seu reassentamento. Na anterior Comissão Especial de Habitação, podemos citar a ocupação de cerca de 500 famílias no Castelinho, em Viamão, solucionada através da parceria entre a Prefeitura, o Estado e a União. Da mesma forma, a situação das mais de 1000 famílias do Parque dos Maias, há muitos anos, solucionada através de uma parceria entre o governo do Estado e a Prefeitura de Porto Alegre.

Continuidade dos trabalhos da Comissão

Por certo, o trabalho até aqui desenvolvido – e nos consideramos continuadores das Comissões Especiais pretéritas, que abordaram o mesmo tema – não pode ser encerrado, sendo necessário dar-lhe continuidade para que possamos alcançar os objetivos almejados.

A dinâmica legislativa demonstra a necessidade de modernizar de forma contínua nossos instrumentos legais. Para isso, a ação desse Legislativo frente às questões habitacionais e urbanas, extremamente complexas e diversas, não pode restringir-se às atividades de eventuais comissões temporárias, com duração de apenas quatro meses. Ao contrário, deve ser desenvolvida de forma permanente, atentando às realidades sociais e legais.

Tratando-se de questões habitacionais e de regularização fundiária, a solução pode demorar anos, o que reforça a necessidade desta Casa tratar do tema permanentemente. Exemplo disso é a problemática das ocupações irregulares nas Ilhas do Delta do Jacuí, onde a questão social da habitação se entrelaça intensamente com as questões ambientais. O mesmo pode ser dito em relação à situação da área da FASE, no Morro Santa Teresa, onde a questão habitacional convive com a problemática dos jovens e adolescentes aí abrigados e com a temática ambiental. Situações que esta Comissão procurou abordar, mas que não teve condições de resolver definitivamente, devido à exiguidade do tempo.

Os parlamentares gaúchos encontram, em suas múltiplas atividades, limitações de horário, diante do expressivo número de comissões em que atuam. Atualmente funcionam doze comissões permanentes, sendo que cada comissão possui horário fixo de reunião, sendo composta por 12 deputados titulares e 12 suplentes. Além disso, os deputados precisam atuar em comissões temporárias, subcomissões, etc.

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Assim, apesar de considerarmos inaceitável que o tema da Habitação não conste de nenhuma Comissão Permanente, não consideramos factível propor a criação de mais uma Comissão Permanente para tratar do assunto. Entendemos que a solução possível é a incorporação da temática habitacional a uma Comissão Permanente já existente. Cabe examinar qual delas pode absorver essa temática sem prejuízo de suas atuais atividades. De toda forma, concluímos pela necessidade de uma mudança no Regimento Interno da Casa para incluir esse tema entre as atribuições de uma das suas Comissões Permanentes.

Porto Alegre, 27 de junho de 2011.

Deputada Ana Affonso – Relatora

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Apreciaram o relatório final da Comissão Especial de Habitação Popular e

Regularização Fundiária:

Deputado Raul Carrion

Presidente

Deputado Jurandir Maciel

Vice-Presidente

Deputada Ana Affonso

Relatora

Deputado Alexandre Lindenmeyer

Deputado Álvaro Boessio

Deputado Alceu Barbosa

Deputado João Fischer

Deputado Jorge Pozzobom

Deputado Mano Changes

Deputado Marco Alba

Deputado Marlon Santos

Deputado Nelsinho Metalúrgico